LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS
NO DOMÍNIODO CERRADO NA REGIÃO DO ALTO
RIO GRANDE –MINAS GERAIS1
VALÉRIA EVANGELISTA GOMES RODRIGUES2
DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO3
RESUMO Levantaram-se junto às comunidades
rurais do sul do Estado de Minas Gerais, microrregião
do Alto Rio Grande, municípios de Lavras, Carrancas,
Ingaí, Itumirim e Itutinga, quais, como e para que fins
as espécies nativas de algumas formações vegetais
(cerrados sensu stricto, campos sujos, campos limpos,
campos rupestres, bordas de matas de galeria e de
encosta) e as plantas colonizadoras dessas formações
são utilizadas na medicina popular. Contou-se com a
colaboração de 13 raizeiros em campo.
Foram
levantadas em 37 áreas de amostragens, 527
indivíduos, pertencentes a 55 famílias, 115 gêneros e
167 espécies. As espécies mais utilizadas na medicina
popular,
são:
Baccharis
trimera
(carqueja),
Banisteriopsis argyrophylla (cipó-prata), Bauhinia
holophylla (unha-de-vaca), Bidens pilosa (picão),
Brosimum gaudichaudii (mamacadela), Cayaponia
tayuya (taiuiá), Caryocar brasiliense (pequi), Croton
antisyphiliticus
(canela-de-perdiz),
Dorstenia
brasiliensis
(carapiá),
Herreria
salsaparilha
(salsaparilha), Heteropteris anceps (guiné-do-campo),
Jacaranda decurrens (carobinha), Lychnophora
pinaster (arnica), Mikania smilacina (guaco), Rudgea
viburnoides (bugre), Smilax campestris (japecanga),
Strychnos brasiliensis (quina-cruzeiro), Strychnos
pseudo-quina
(quina-mineira),
Stryphnodendron
adstringens (barbatimão) e Vernonia polyanthes (assapeixe). As plantas são utilizadas principalmente para:
afecções dos rins, reumatismo, facilitar a secreção
urinária, diabetes, má circulação do sangue,
arteriosclerose, depurativo do sangue, inflamações,
sífilis, colesterol alto, hemorragias, hemorróidas, dores
estomacais, cicatrização, paralisias, dores lombares,
úlceras, afecções do aparelho respiratório,
hematomas, contusões, pancadas, anestesiar,
moléstias do fígado, doenças venéreas, afecções do
aparelho urinário, diarréias, febres, regular regras
menstruais, afecções da pele e vermes.
As
principais formas de utilização das plantas na região
são os chás, em decocto ou infuso.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Espécies nativas, formações vegetais, plantas colonizadoras, medicina popular,
espécies utilizadas, utilizadas principalmente para, formas de utilização.
ETNOBOTANICAL SURVEY OF MEDICINAL PLANTS IN THE
DOMINION OF MEADOWS IN THE REGION OF THE ALTO RIO
GRANDE - MINAS GERAIS
ABSTRACT - A survey was carried out next rural
commnunities, in the south of Minas Gerais State,
microregion of Alto Rio Grande, cities of Lavras,
Carrancas, Ingaí, Ituimirim and Itutinga, in order to
know which and for what purpose, the native species of
some vegetation formation ( sensu stricto meadow,
scrubland, savanna, rupestrian, borders of riverside
forest and of hillside) and of colonizer plants of that
formation , are used in the popular medicine. The
survey counted with collaboration of 13 herb doctors on
field level. The investigation was carried out in 37
sampling areas, 527 individuals, belonging to 55
families, 115 genuses and 167 species. The most
applied species in the popular medicine, are: Baccharis
trimera (carqueja), Banisteriopsis argyrophylla (cipóprata), Bauhinia holophylla (unha-de-vaca), Bidens
1. Parte da tese de Mestrado do primeiro autor, apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA).
2. Professora do Departamento de Biologia/UFLA, Caixa Postal 37, 37200.000 – Lavras, MG.
3. Professor do Departamento de Biologia/UFLA
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pilosa (picão), Brosimum gaudichaudii (manacá-docampo), Cayaponia tayuya (yaiuiá), Caryocar
brasiliense (pequi), Croton antisyphiliticus (canela-deperdiz), Dorsteniabrasiliensis (carapiá), Herreria
salsaparilha (sasaparilha), Heteropteris anceps (guinédo-campo),
Jacaranda
decurrens
(carobinha),
Lychnophora pinaster (arnica), Mikania smilacina
(guaco), Rudgea viburnoides (bugre), Smilax
campestris (japecanga), Strychnos brasiliensis (quinacruzeiro), Strychnos pseudo-quina (quina-mineira),
Stryphnodendron adstringens (barbatimão) and
Vernonia polyanthes (assa-peixe). The plants are used
mainly for: kidney affections, rheumatism, to facilitate
the urinary secretion, diabetes, bad blood circulation,
arteriosclerosis, blood depurative, stomach aches,
cicatrization, paralysis, back pains, ulcers, respiratory
system affections, hematomas, contusions, blows,
anesthetize, liver affections, venereal disease, urinary
system affections, diarrhea, fevers, irregular
menstruation, skin affections and worms. The main
methods of application in the region are through the
teas, by boiling or infusion.
INDEX TERMS: native species, vegetation formation, colonizer plants, popular medicine, most used species,
used mainly for, methos of application.
INTRODUÇÃO
A exploração de recursos genéticos de plantas
medicinais no Brasil está relacionada, em grande parte,
à coleta extensiva e extrativa do material silvestre.
Apesar do volume considerável da exportação de várias
espécies medicinais na forma bruta ou de seus
subprodutos, pouquíssimas espécies chegaram ao nível
de ser cultivadas, mesmo em pequena escala. O fato
torna-se mais marcante quando consideramos as
espécies nativas, cujas pesquisas básicas ainda são
incipientes (Vieira, 1994).
Vários são os exemplos de espécies medicinais
nativas do nosso país, em que
laboratórios
internacionais possuem total domínio da tecnologia
agrícola e de produção, como no caso do jaborandibrasileiro (Pilocarpus pinnatifolius Engl.), do qual se
extraem os sais de policarpina, desde 1876, pela Merck.
Atualmente, através da Vegetex, exporta para América,
Ásia e Europa, além de atender às necessidades
nacionais.
Considerando ainda a grande biodiversidade
que detém o nosso país e a dificuldade de se colocar em
prática o Capítulo do Meio Ambiente do Título VIII da
Constituição Brasileira, que trata da conservação da
natureza e a estratégia mundial para conservação dos
recursos vivos para um desenvolvimento sustentado.
Torna-se também necessária a realização de estudos que
relatem a diversidade biológica de cada complexo
vegetacional, as interrelações e a qualidade de vida dos
seres vivos ali presentes.
A Etnobotânica inclui todos os estudos
concernentes à relação mútua entre populações
tradicionais e as plantas (Cotton, 1996). Apresenta
como característica básica de estudo o contato direto
com as populações tradicionais, procurando uma
aproximação e vivência que permitam conquistar a
confiança das mesmas, resgatando, assim, todo
conhecimento possível sobre a relação de afinidade
entre o homem e as plantas de uma comunidade.
Portanto, o estudo etnobotânico é o primeiro passo para
um trabalho multidisciplinar envolvendo botânicos,
engenheiros florestais, engenheiros agrônomos,
antropólogos, médicos, químicos, entre outros, para se
estabelecer quais são as espécies vegetais promissoras
para pesquisas agropecuárias e florestais, justificando
assim seu uso e sua conservação. Ainda, por ser o
Bioma Cerrado um complexo vegetacional que detém
grande diversidade biológica, que ocupa extensa área
territorial nas regiões centrais do nosso país, e com
maior concentração populacional, é que se justifica a
importância deste estudo. Nesse contexto, este trabalho
tem como objetivo: levantar junto às comunidades
rurais, raizeiros e ou curandeiros da região do Alto Rio
Grande, nos municípios de Lavras, Itumirim, Ingaí,
Itutinga e Carrancas/MG, quais, como e para que fins
as espécies nativas e colonizadoras desse complexo
vegetacional e de outros que compõem a região são
utilizadas na medicina popular.
MATERIAL E MÉTODOS
Os estudos foram realizados em áreas de
cerrado sensu stricto, campo sujo, campo limpo, campo
rupestre, bordas de matas de galeria e de encosta, e em
áreas de transição cerrado/mata, do Sul do Estado de
Minas Gerais, microrregião do Alto Rio Grande, nos
municípios de Lavras (537 Km2), Itumirim (238 Km2),
Ingaí (305 km2), Itutinga (360 Km2) e Carrancas (702
Km2).
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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Essa microrregião é constituída de superfícies
planas e onduladas, de onde sobressai a elevação da
Serra da Bocaina, com uma altitude aproximada de
1200m. Destacam-se entre os vários mananciais, com
suas nascentes, o Rio Capivari e o Rio Grande, este
último formando as Represas de Camargos e Itutinga,
cujas águas banham, entre outros, dois dos municípios
estudados: Itutinga e Carrancas.
O clima dominante na região é tropical de
altitude, com temperatura média anual variando de 1921oC e de precipitação média anual entre 1.200-1.500
m (Queiroz et al., 1980).
Dentre os solos que ocorrem na
microrregião, predominam em cada um dos
municípios, as seguintes classes de solos:
- Lavras (das partes mais elevadas em direção
aos rios): Solos Litóticos, Cambissolos, Podzólicos
Vermelho-Amarelos, Latossolos Vermelho-Amarelos,
Solos Hidromórficos e Solos Aluviais (Curi et al.,
1990).
- Carrancas: Latossolos Variação UNA,
Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuros e Solos
Litólicos (EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Itumirim: Latossolos Vermelho-Escuros,
Latossolos
Vermelho-Amarelos
e
Cambissolos
(EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Ingaí: Latossolos Vermelho-Amarelos,
Cambissolos,
Latossolos
Vermelho-Escuros
(EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
- Itutinga: Latossolos Variação UNA,
Cambissolos, Latossolos Vermelho-Escuros e Solos
Litólicos (EMBRAPA, 1981; Giarola et al., 1997).
A paisagem vegetacional nativa é composta
pelos cerrados, campos cerrados, matas de galeria,
matas de encosta e campos rupestres (Queiroz et al.,
1980). Atualmente, a vegetação nativa forma um
mosaico com as pastagens e culturas diversas. Os
campos cerrados constituem a fisionomia vegetal
predominante na região nas cotas até 900 m de altitude,
dando lugar aos campos rupestres, no intervalo de 900
e 1.100m de altitude, que ocorrem em grande extensão
da Serra da Bocaina.
As matas de galerias
acompanham os cursos d’água; as matas de encosta
normalmente ocorrem nas depressões e em ondulações
com solo de melhor qualidade (Carvalho, 1992).
A atividade agropecuária na região é
moderada em virtude da má qualidade do solo e/ou
topografia. O controle da erosão deve ser intensivo;
só equipamentos mais leves devem ser utilizados na
mecanização e são limitantes para plantas de raízes
mais sensíveis (Queiroz et al., 1980); e, segundo a
potencialidade agrícola do solo, é classificado como
área atualmente desaconselhável à utilização agrícola,
por ter limitações muito fortes de solos e/ou topografia
(Anuário..., 1992).
O uso atual da maior parte das terras da região
sob influência dos reservatórios das hidrelétricas de
Itutinga/Camargos (MG) encontra-se em desarmonia
com a aptidão agrícola, o que contribui em muito para
os problemas socioeconômicos e ambientais,
atualmente muito evidentes nessa região. Mesmo com
os avanços tecnológicos significativos na agricultura,
isso não se aplica às condições das propriedades
localizadas na região, pois a adaptação de tecnologia
para essas condições caminha lentamente, ao passo que
o processo de degradação do solo avança a passos
largos (Giarola et al., 1997).
As áreas a serem amostradas foram escolhidas
mediante referências levantadas junto à população rural
e raizeiros da região. Tendo como guia 13 raizeiros da
região, foram amostradas 37 áreas, assim distribuídas
nos municípios de: Carrancas - 9; Ingaí - 8; Itumirim 7; Itutinga - 7 e Lavras - 6. Com um mesmo raizeiro
foram percorridas de 3-4 áreas distintas com relação a
algumas das formações do bioma cerrado (cerrado
sensu stricto, campos sujos e campos limpos), das
formações vegetais de campo rupestre, matas de galeria
e de encosta (bordas) e áreas de transição cerrado/mata.
E visando a possibilitar algumas comparações do
conhecimento da relação homem-planta entre raizeiros,
no mínimo dois raizeiros percorreram a mesma área.
Na maioria das vezes as formações vegetais das
áreas amostradas encontram-se perturbadas pela ação
antrópica, em intensidades que variam de pouco
perturbadas a bem perturbadas. Entre as que sofrem
hoje perturbações antrópicas, estão em maior escala as
ocupadas pela pecuária de leite e de corte, em que
praticamente o único manejo realizado é cortar os
subarbustos e arbustos antes de se colocar o gado.
Quanto ao manejo por queimadas, pode-se observar que
está sendo pouco utilizado; apenas 5 das 37 áreas
amostradas apresentam vestígios de queimadas recentes
e programadas por meio do aceiramento. Nenhum tipo
de estratégia conservacionista foi observada nas áreas
amostradas.
Nota-se, contudo, que há necessidade de um
esforço maior, com uma mudança substancial na
política e na ação conservacionista pública e privada,
principalmente de conscientização, para que seja
garantida a conservação do solo e da biodiversidade,
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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entre os quais está a preservação dos recursos genéticos
das plantas medicinais nas formações vegetais
amostradas na microrregião do Alto Rio Grande.
Coletaram-se o material botânico e os dados
etnobotânicos em visitas semanais, quinzenais ou
mensais, de acordo com a disponibilidade dos raizeiros.
Estes, num total de 13, foram disponibilizados nos
municípios de Carrancas (3), Ingaí (2), Itumirim (2),
Itutinga (3) e Lavras (3).
As visitas para coletas de dados foram realizadas
em quatro etapas:
1ª etapa - realizadas em cada município,
com a finalidade de levantar junto à população
urbana e rural, por meio de indagações, quais os
raizeiros e/ou curandeiros mais procurados para a
cura de enfermidades.
2ª etapa - realizadas para contactar os raizeiros
e/ou curandeiros levantados na primeira visita, e
verificar a disponibilidade de cada um em transmitir
seus conhecimentos sobre a cura de enfermidades pelas
plantas.
3ª etapa - realizadas, junto aos raizeiros, com a
finalidade de se escolherem as áreas a serem amostradas.
4ª etapa - realizadas, junto a cada raizeiro, nas
áreas amostradas, com a finalidade de se levantarem:
quais, como e para que fins as plantas nativas e
colonizadoras das formações vegetais em estudo são
utilizadas na medicina popular, seguindo a ficha de
informações (anexo 1).
Pela característica peculiar de o estudo ter um
enfoque qualitativo, utilizou-se o método de
questionamento proposto por Ribeiro (1987), segundo o
qual não impõem, inadvertidamente, as próprias idéias
e categorias culturais a seus “informantes” ou
“consultores culturais”, mas estabelece o tom necessário a
um relacionamento compartilhado entre iguais, questiona
com perguntas mais abertas, dando liberdade ao
informante para responder segundo sua própria lógica e
conceitos, e seleciona palavras empregadas pelo
informante, com base nas respostas iniciais, para obter e
completar os dados.
A coleta e análise de informações basearam-se
no método de Triviños (1987), o qual sustenta que o
ideal é que a análise esteja presente durante os vários
estágios da pesquisa e que o tipo de técnica que se
emprega não admita visões isoladas, parceladas ou
estanques, já que a coleta e análise dos dados obedecem
a um processo unitário integral, por meio do qual
ambas se retroalimentam constantemente e podem
influenciar todo o processo de pesquisa.
As espécies de plantas medicinais levantadas
foram identificadas e incluídas em famílias de acordo
com o sistema de Cronquist (1981).
Os espécimes coletados foram numerados e
acondiconados em sacos plásticos no campo e
posteriormente levados ao Laboratório do Herbário
ESAL, do Departamento de Biologia da Universidade
Federal de Lavras - UFLA (Lavras - MG), onde foram
prensados, secos, montados, etiquetados, registrados e
incorporados ao mesmo.
As identificações dos espécimes foram feitas por
meio de comparações com exsicatas no Herbário ESAL
e de consultas a especialistas e a obras clássicas.
Visando, ainda, à identificação de alguns espécimes,
foram levadas duplicatas aos Herbários SP (Instituto de
Botânica de São Paulo- São Paulo/SP) e UEC
(Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da
Universidade Estadual de Campinas - Campinas/SP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os raizeiros levantados são descendentes
de avós indígenas, africanos ou ambos, e de faixa etária
entre 56-72 anos. Entre os treze, onze são do sexo
masculino e apenas dois deles não constituíram família;
os dois do sexo feminino constituíram família. Dos que
constituíram família, apenas três transmitiram seus
conhecimentos sobre a utilização, dosagem e preparo
das plantas medicinais a alguns de seus filhos. Os
motivos apresentados pelos raizeiros, por não terem
passado a todos os filhos seus conhecimentos sobre as
plantas medicinais, são, sobretudo:
- falta de tempo ocasionada ora pelo trabalho dos
filhos para ajudar na renda familiar (na maioria dos
casos), ora ocasionada pelo estudo dos mesmos;
- falta de interesse por parte dos filhos,
principalmente após terem entrado na idade escolar;
- e, em alguns casos, porque os filhos
constituíram família ainda jovens, distanciando-se dos
pais, dificultando, assim , o ensino - aprendizagem.
Apenas três raizeiros freqüentaram a escola;
assim mesmo, apenas o 1º grau incompleto. Portanto,
possuem uma linguagem terapêutica popular quase que
própria de cada um no que se refere às enfermidades e
aplicações das plantas, com algumas expressões bem
particulares, como por exemplo: “esta planta é da
mesma família desta”, o que significa que podem ser
misturadas para se fazer um chá para a cura de uma
determinada doença, ou “esta planta é utilizada quando
o homem está acabrunhado”, o que significa que é para
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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cura da impotência sexual. Isso ocasionou uma série de
entrevistas e indagações com um mesmo raizeiro,
visto
que a maioria deles apresenta uma maneira particular
de se expressar, principalmente quando se trata de
doenças venéreas, das afecções do aparelho reprodutor
feminino e masculino e da impotência sexual,
justamente por não utilizarem uma linguagem
terapêutica científica. Todos os raizeiros acreditam, sem
sombra de dúvida, nos efeitos das plantas medicinais
para a cura das enfermidades e se orgulham do que
fazem. A maioria salienta que a dosagem utilizada é
fundamental para a cura das doenças, que o excesso
pode provocar intoxicação ou danos no organismo e que
o tempo de utilização das plantas medicinais não deve
ser muito prolongado, ou seja, mencionam que, mesmo
no caso de doenças de cura demorada ou incuráveis, há
necessidade de intervalos de tempo sem o uso dos
medicamentos à base de plantas. Esse tempo é chamado
por alguns raizeiros de repouso e por outros de
restabelecimento.
Verificou-se que nenhum tipo de desperdício
“consciente” ocorreu por parte dos raizeiros nas coletas
das plantas medicinais, ou seja, colhem exatamente o
que precisam. Geralmente não se preocupam com os
danos causados pelas coletas na planta e não aparentam
ter alguma consciência sobre a conservação desses
recursos vivos para um desenvolvimento sustentado.
Nota-se então o enorme risco de desaparecimento, até
mesmo rápido, de algumas espécies medicinais das
formações vegetais estudadas na região, como
conseqüência de um manejo inadequado das áreas
pelos proprietários rurais, ou pela retirada das mesmas
para uso medicinal.
Segundo a maioria dos raizeiros, eles eram
muito procurados em décadas passadas para a cura de
doenças utilizando-se plantas medicinais. Ocorreu um
declínio na procura entre as décadas de 70- 80,
retomou por volta de 1985 e intensificou-se cada vez
mais até os dias de hoje.
Verifica-se, assim, que o papel dos raizeiros de
hoje, em alguns aspectos, se assemelha aos dos
curandeiros antecedentes, ou seja, indivíduos que
dentro das suas comunidades detêm a sabedoria
passada por seus ancestrais de preservar e utilizar as
plantas do meio ambiente onde vivem, e em outros se
assemelha aos dos indivíduos que formavam as famílias
camponesas da região: pessoas simples e fraternas, e
mesmo em função da sabedoria que detêm para
aliviar as dores e o mal-estar provocados pelas
doenças, através das plantas da região, vivem sem
ocupar qualquer posição de destaque ou privilégios
nas sociedades das quais fazem parte. Nenhum
deles utiliza-se de seus conhecimentos para fins
lucrativos, mesmo precisando de aumentar a renda
familiar. Entretanto, aceitam qualquer tipo de ajuda
dada pelas pessoas que os procuram, pois a maioria
é de classe social de renda baixa.
Também
desconhecem, nas suas comunidades, qualquer tipo
de retirada de plantas medicinais na região para efeito
de comercialização, a não ser aquelas que são por eles
utilizadas
As espécies que correm mais risco são aquelas
cujas partes utilizadas para o preparo dos
medicamentos são raízes, caule ou casca do caule,
pois, muitas vezes o dano causado à planta pode
levar à morte. Como exemplos, podem ser citados:
raiz-preta (Senna rugosa), da qual se usa a raiz
como vermífugo e nas mordeduras de cobra; velamebranco (Macrosyphonia velame) em que a raiz é
utilizada como depurativa do sangue, e a planta toda
como depurativa do sangue, anti-reumática e nas
úlceras pécticas; (conseqüentemente, na maioria das
vezes essas plantas, quando de porte menor, são
arrancadas inteiras).
Segundo os raizeiros, vários são os fatores que
influenciam na demanda diferenciada de plantas para
cura de enfermidades. E entre eles, em ordem
decrescente de ocorrência, têm-se:
- o preço elevado de certos medicamentos
sintéticos;
- anseio no bem-estar e na cura mais rápida,
fazendo uso dos dois tipos de medicamentos
(quimioterápicos e fitoterápicos);
- e as irritações causadas no organismo dos
indivíduos pelo uso constante dos medicamentos
sintéticos.
Foi identificado, nos cinco municípios, um total
de 167 espécies de plantas medicinais nas formações
vegetais amostradas; dessas, 118 são das formações
vegetais de cerrado e campos cerrados, listadas segundo
indicações de uso, parte utilizada e forma de preparo
(Tabela 1). Esse resultado é bastante expressivo se
comparado aos estudos de Siqueira (1982), segundo o
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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qual foram apresentadas 81 espécies de cerrado de uso
medicamentoso.
TABELA 1 - Espécies de plantas medicinais no domínio do cerrado, nos municípios de Carrancas, Ingaí,
Itumirim, Itutinga e Lavras- MG, com seus respectivos habitat, indicações de uso*, parte usada* e preparo*.
Habitat: Cerrado = cer.
Área de transição = á. tr.
Família/Nome Científico/ Nome
Vulgar/Habitat
Agavaceae
Agave americana L.
(pita, piteira) / col.
Amaranthaceae
Alternanthera brasiliana (L.) O.
Kuntze
(perpétua- do- mato) / á. tr., b. ma.
Anacardiaceae
Anacardium humile St. Hil.
(cajuzinho) / cer.
Campo rupestre = c. r.
Borda de mata = b. ma.
Colonizadora = col.
Parasita = par.
Indicações
Parte Usada
Preparo
a. depurativo e estomacal
b. enfermidades dos rins e
fígado
c. sarna
d. diurética
a. folhas frescas
b. folhas secas em
forma de pó
c. folhas frescas
d. raiz
a. Infuso
b. Infuso
béquica
flores
Infuso
a. diarréia
a. folhas e casca do a. Tisana ou infuso
caule
b. Infuso
b. flores
c. Decocto
c. folhas e casca do
caule
b. béquica
c. diabetes
c. Cataplasma
d. Infuso
Schinus terebinthifolius Raddi
(aroeira-mansa) / b. ma.
a. hemoptises e diarréias
b. gota e reumatismo
c. afecções cutâneas
a. casca
b. casca
c. folhas
a. Decocto
b. Tisana
c. Decocto
Tapirira guianensis Aubl.
(peito-de-pombo) / cer.
a. dermatoses
b. sífilis e depurativo
a. casca e folhas
b. casca e folhas
a. Decocto
b. Infuso
a. diarréia crônica
b. emoliente
c. reumatismo
a. sementes
b. fruto
c. folhas
a Infuso
b. Cataplasma
c. Infuso ou tisana
Annona crassiflora Mart.
(marolo) / cer.
diarréia crônica
sementes
Decocto ou infuso
Duguetia furfuracea (St. Hil.)
Benth. & Hook
(araticum- seco) / cer.
Reumatismo
ramos com folhas
Infuso ou tisana
Xylopia aromatica ( Lam. ) Mart.
(pimenta-de-macaco) / cer.
a. digestivo
b. antinflamatório
a. frutos
b. folhas e casca
do caule
a. Decocto ou infuso
b. Infuso ou tisana
Annonaceae
Annona dioica St. Hil.
(araticum) / cer.
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
108
continua...
Continuação Tabela 1
Apiaceae
Eryngium pristis Cham.& Schlecht.
(língua-de-tucano) / cer., c. r.
a. diurética, emenagoga
b. nas altas, úlceras da
garganta e da boca
a. folhas
b. folhas
a. Infuso
b. Decocto ou infuso
Apocynaceae
Hancornia speciosa Gomes
(mangaba) / cer.
a. diabetes e obsidade
b. dermatoses
a. casca do caule
b. casca do caule
a. Decocto ou infuso
b. Ungüento
Macrosyphonia velame (St. Hil.)
Muel. Arg.
(velame-branco) / cer.
Araliaceae
Didymopanax macrocarpum (C.
& S.) Seem.
(cinco-folhas) / cer.
Aristolochiaceae
Aristolochia esperanzae O. Kuntze
Aristolochia gilbertti Hook
(papo-de-peru) / b. ma.
a. gripe, febres e
a. folhas
hemorragias
b. raiz
b. depurativo e antic. planta inteira
sifilítico
c. depurativo, anti-sifilítico,
anti-reumática e para
úlceras pécticas
analgésico
a. antisséptico, sedativo,
inapetência, dispepsia,
emenagoga, orquite,
antifebril, diurético,
clorose e contra veneno
de cobras
b. hipertensão arterial
c. reumatismo
a. Decocto
b. Decocto ou infuso
c. Decocto ou infuso
folhas
Banho ou compressa
a. raiz
a. Decocto
Obs.: não tomar mais do
que 3 xícaras de chá/
dia.
A planta é abortiva.
b. folhas
c. planta toda
b. Decocto
c. Infusão
raiz e folhas
Decocto
Aristolochia melastoma Manso ex.
Duchtra
(capitãozinho) / b. ma.
antifebril, antisséptico,
sedativo e emenagoga
Asteraceae
Acanthospermum australe (Loelf.)
O. Kuntze
(carrapicho- de- carneiro) / col.
antidiarrêico, anti-febril, ramos com folhas
tônico e vermífugo
Decocto ou infusão
anti-emética, estomática
e calmante
folhas e flores
frescas ou secas
Decocto ou infuso
antiespasmódica,
estomática, para cólicas
uterinas e emenagoga
toda planta
Decocto ou infuso
Achyrocline satureoides (Lam.)
DC.
(marcela) / cer.
Ageratum conyzoides L.
(erva-de-são-joão) / b. ma., á. tr.
continua..
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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Continuação Tabela 1
Baccharis dracunculifolia DC.
( alecrim-de-vassoura) / cer.
antifebril
ramos com folhas
Decocto
Baccharis lymanii G. M. Bar.
(alecrim-grande) / cer.
contusões, pancadas,
torções, reumatismo
ramos com folhas
e inflorescências
Cataplasma
compressa
Baccharis trimera (Less.) DC.
(carqueja) / cer.
a. antifebril, antireumática, cálculos
biliares, colagoga,
diabete, estomática,
obesidade e obstruções
do figado
anti-helmíntica
b. doenças do couro
cabeludo
a. planta toda,
fresca ou seca
a. Infuso
b. planta toda,
fresca ou seca
b. Decocto
Bidens brasiliensis Sherf.
(picão- grande) / cer., á. tr.
Bidens pilosa L.
(picão) / cer., á. tr.
desobstruções do fígado, planta toda
hepatite, icterícia e febre
a. desobstruções do
fígado, hepatite,
icterícia
b. hepatite, icterícia e
feridas
c. febres, afecções
da garganta, tosses
d. reumatismo articular e
gonorréia
Infuso
a. planta toda
a. Infuso
b. folhas
b. Banho ou compressa
c. planta toda
c. Infuso.
d. folhas
d. Infuso
Gochnatia barrosii Cabrera
(assa-peixe) / cer.
debilidade geral, tosse
ramos com folhas
Banho
Gochnatia velutina (Bong.) Cabrera
(assa-peixe-branco) / cer.
debilidade geral, tosse
ramos com folhas
Banho
Eupatorium maximilianii Schrad.
(picão-roxo) / col.
cura de feridas
folhas
Compressa
Lychnophora pinaster Mart.
(arnica) / c. r.
a.
contusões, pancadas,
torções e hematomas
b. contusões, pancadas,
torções, hematomas
desinfecção de picadas
de insetos
ou
ramos com folhas a. Cataplasma ou
e ou inflorescência
compressa
b. ramos com
folhas e ou
inflorescências,
frescos ou secos
b. Alcoolatura
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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continua...
Continuação Tabela 1
Mikania hirsutissima DC.
(cipó-cabeludo) / b. ma.
Mikania sessilifolia DC.
(orelha-de-onça) / cer.
Mikania smilacina DC.
(guaco; sete-sangrias) / cer. c. r.
Trixis divaricata (H.B.K.) Spreng.
(solidônia) / b. ma.
a. calmante, paralisias,
nevralgias, diurética,
nefrites, anti-reumática
e diarréia crônica
antifebril, tônica, contra
tosses e resfriados
a. toda planta
a. Decocto ou infuso
ramos com folhas
Infuso
a. febre, paludismo, gota,
reumatismo e sífilis
b. tosses rebeldes,
bronquites e coqueluche
a. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. caule e folhas
b. Xarope
a. conjuntivite, lavagem
ocular, oftalmia
a. folhas e ramos
jovens
a. Decocto
Vernonia barbata Less.
(orelha-de-onça) / cer.
bronquites, gripes e
resfriados
toda planta
Infuso
Vernonia ferruginea Less.
(assa-peixe) / cer.
depurativa, diurética
raiz
Infuso
Vernonia missionis Gardn.
(assa-peixe-preto) / cer.
torções, contusões e
luxações
folhas
Emplasto
Vernonia polyanthes Less.
(assa-peixe) / cer.
antifebril, nas
bronquites, pneumonias,
gripes, resfriados e
tosses
planta toda
Decocto ou infuso
a. adstringente, diurética,
anti-sifilítica.
b. anti-reumática, antisifilítica, nas coceiras e
doenças da pele, nas
inflamações e tônica
c. ação sudorífica
a. casca do caule
a. Infuso
b. folhas
b. Infuso
c. casca da raiz
c. Infuso
a. depurativo do sangue,
afecções cutâneas
b. úlceras externas
a. casca do caule e
folhas
b. folhas secas
a. Decocto ou infuso
antidiarréica, dores de
ventre, tônica e para
bronquites
ramos com folhas
e ou flores
Decocto ou infuso
Bignoniaceae
Jacaranda caroba (Vell.) DC.
(caroba) / cer.
Jacaranda decurrens Cham.
(carobinha) / cer.
Pyrostegia venusta Miers.
(cipó-de-são-joão) / á. tr.
Tabebuia aurea (Mart.)Bur.
(paratudo) / cer.
a. gripes, resfriados e tosses a. raízes
b. febrífuga e depurativo
b. casca do caule
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
b. Cataplasma
a. Decocto ou infuso,
e alcoolatura
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b. Decocto ou infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Tabebuia impetiginosa (Mart.)
Standl.
(ipê-roxo) / cer.
adstringente, impetigo
casca do caule
Decocto ou infuso
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.
(cinco-folhas) / cer.
anti-sifilítica e antiblenorrágica
folhas
Decocto ou infuso
Tynnanthus elegans Miers.
(cipó-cravo) / b. ma.
na impotência sexual,
tônico, anti-reumático e
na dispepsia
toda planta
Decocto ou infuso
a. casca da raiz
b. casca do caule
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
fruto
Decocto ou infuso
Suco:Adoçar com mel.
a. ramos com
folhas e flores
b. folhas frescas
a. Decocto ou infuso
c. toda planta
c. Banho
Zeyheria digitalis ( Vell.) Hoehne
& Kuhln.
(bolsa-de-pastor) / cer.
Bromeliaceae
Annanas microstachys Lind.
(ananás) / cer.
Buddlejaceae
Buddleja brasiliensis Jacq.
(verbasco) / col.
a. nas afecções da pele
b. anti-sifilítica
diurético e digestivo
a. calmante, béquica e
sudorífica
b. emoliente e antihemorroidal
c. nas artrites, contusões e
reumatismo
b. Cataplasma ou banho
Caesalpiniaceae
Bauhinia holophylla (Steud.) Bong.
Bauhinia rufa Steud.
(unha-de-vaca) / cer.
nas diabetes, diurética,
na obesidade e
adstringente
toda planta
Decocto ou infuso
Cassia rotundifolia Pers.
(quebra-pedra-do-cerrado) / col.
diurética, afecções dos
rins
toda planta
Decocto ou infuso
Copaifera langsdorffii Desf.
(copaíba) / cer.
afecções das vias
respiratórias,
cicatrizante, nas afecções
das vias urinárias, antiinflamatório
a. casca e ramos
mais velhos
b. casca e ramos
mais velhos
a. Decocto ou infuso
Xarope
b. Decocto ou infuso
Hymenaea stigonocarpa Mart.
(jatobá-do-cerrado) / cer.
a. bronquites, tosses,
coqueluche
b. adstringente, nas
afecções da bexiga e
próstata
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c. vermífugo
c. fruto
c. Infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Senna cathartica (L.) Irvin &
Barneby
(seno) / cer.
Senna occidentalis (L.) Irvin &
Barneby
(fedegoso) / col.
depurativo, nas
blenorragias e laxativo
ramos com folhas
e ou flores
Decocto ou infuso
a. folhas
b. raiz
c. raiz
d. ramos sem
folhas ou casca
do caule
e. toda planta
a. Infuso
b. Infuso
c. Decocto
d. Decocto
vermífugo
raiz
Decocto ou infuso
emenagoga
folhas
Infuso
antinflamatório
(principalmente
inflamação dos seios de
lactantes)
amos com folhas e Compressas
flores
a. emenagoga
b. diurética
c. moléstias do fígado
d. nas febres e nos
resfriados
e. vermífugo
Senna rugosa G. Don.
(raiz-preta) / cer.
Senna splendida (Vogel) Irvin
& Barneby
(fedegoso-grande) / b. ma.
Campanulaceae
Siphocampylus duplosserratus
Cham.
(bico-de-passarinho) / b. ma.
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense Camb.
(pequi) / cer., c. r.
Cecropiaceae
Cecropia pachystachya Tréc.
(embaúba) / á. tr., b. ma.
Celastraceae
Austroplenkia populnea (Reiss.) Lund.
(marmelinho-do-campo) /cer., c. r.
Maytenus salicifolia Reiss.
(cafezinho) / b. ma.
Clusiaceae
Kielmeyera coriacea Mart.
Kielmeyera corymbosa Mart.
e. Decocto
a. asma, bronquite,
coqueluche
b. asma, bronquite,
coqueluche e resfriados
c. afrodisíaco e tônico
a. óleo da castanha a. Nas refeições. Extraise o óleo das sementes
b. caroços
b. Nas refeições. Óleo
vegetal + caroços previac. caroços
mente aferventados
c. Alcoolatura
a. asma, bronquite, tosse e
coqueluche
b. diurética
c. antiblenorrágica
a. raiz
a. Decocto ou infuso
b. folhas frescas
c. brotos
b. Decocto ou infuso
c. Infuso
ramos com folhas
Banho
a. toda planta
b. folhas
a. Banho
b. Infuso
folhas
Compressa
alergias, feridas
a. alergias, feridas
b. úlceras
emoliente
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(pau-santo) / cer.
Continua...
Continuação Tabela 1
Convolvulaceae
Merremia tomentosa (Choisy) Hall.
(velame-do-campo) / cer.
Cucurbitaceae
Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn.
(taiuiá) / b. ma.
depurativo do sangue
ramos com folhas
e flores
Infuso
a. laxante, nevralgias, anti- a. raiz
sifilítica, depurativo ,
anti-reumática e nas
dermatoses
b. úlceras e dores diversas b. folhas
a. Decocto ou infuso
Melancium campestre Naud.
(melância-do-campo) / cer.
vermífugo e nas dores do
ventre
ramos com folhas
Infuso
Momordica charantia L.
(melão-de-são-caetano) / col.
a. antileucorrêica
emenagoga, vermífuga e nas
diabetes
b. nas dermatoses e sarnas
c. nas hemorróidas
a. folhas frescas ou a. Infuso
secas
b. folhas frescas
b. Compressa ou
c. fruto
cataplasma
c. Banho
Cunnoniaceae
Lamanonia ternata Vell.
(açoita-cavalo) / b. ma.
Dilleniaceae
Davilla elliptica St. Hil.
(pau-de-bugre) / cer.
Davilla rugosa Poir.
(cipó - caboclo) / cer.
b. Cataplasma
adstringente, nas feridas ou casca do caule
úlceras externas
Banho ou compressa
a. adstringente, tônico e
laxativo
b. sedativo
c. no linfatismo,
inchações e orquites
d. diurético
b. raiz
c. folhas frescas
a. Infuso
Obs.: é purgativo drástico
b. Banho
c. Banho
d. ramos jovens
d. Infuso
Doliocarpus dentatus (Aubl.)
Standl.
(cipó-caboclo-vermelho) / cer.,
á. tr., b. ma.
Erythroxylaceae
Erythroxylum campestre St. Hil.
(cabeça-de-negro) / cer.
diurético, laxante e nas
cistites
ramos jovens e
raiz
Infuso
laxante
raiz
Infuso
Erythroxylum tortuosum Mart.
(cabeça-de-negro) / cer.
a. laxante
b. adstringente( no caso
de hemorragias)
a. raiz
b. casca do caule
a. Decocto ou infuso
b. Infuso
depurativo, anti-sifilítico,
anti-inflamatório, nas
úlceras, eczemas ,
toda planta
Decocto ou infuso
Euphorbiaceae
Croton antisyphiliticus Muel. Arg.
(canela-de-perdiz) / cer.
a. raiz
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reumatismo e cancros
venéreos
Continua...
Continuação Tabela 1
Fabaceae
Bowdichia virgilioides Kunth
(sucupira-do-cerrado) / cer.
Clitoria guyanensis ( Aubl.) Benth.
(catuaba-falsa) / cer.
a. adstringente e na diabetes
a. casca da raiz
a.
b.
a. diurética, nas cistites e
uretrites
b. laxante
a. raiz
b. sementes
moídas
a. Infuso
b. Infuso
antidiarrêico,
antiespasmódico, na
urinação excessiva e nas
tosses.
planta toda
Decocto ou infuso
Desmodium incanum DC.
(carrapicho) / b. ma.
na blenorragia
planta toda
Decocto ou Infuso
Desmodium uncinatum DC.
(carrapicho) / cer.
nas afecções da pele
(feridas)
planta toda
Compressa ou banho
Eriosema glabrum Mart. ex. Benth.
(seno-verdadeiro) / cer.
Laxante
folhas
Decocto ou infuso
Obs.:
planta
considerada tóxica, não
tomar
doses elevadas.
sedativa, no combate à
insônia, convulsões e na
menopausa
folhas e casca do
caule.
Infuso
Banho
antiblenorrágica,
diurética, estomática,
febrífuga, sedativa e nas
uretrites
toda planta
Decocto ou infuso
Desmodium adscendens (Sw.) DC.
(carrapichinho) / col.
Erythrina falcata Benth.
(mulungu) / b. ma.
Indigofera suffruticosa Mill.
(anileira) / col.
Flacourtiaceae
Casearia sylvestris Sw.
(erva-de-lagarto) / cer.
Lamiaceae
Hyptis carpinifolia Benth.
(rosmaninho) / cer.
antidiarréica, antifebril, folhas e casca do
depurativo, anticaule
reumática, nas afecções
da pele e nas mordeduras
de cobras.
a. gripes, resfriados e
reumatismo
b. reumatismo
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Decocto ou infuso
Decocto ou infuso
a. folhas
a. Decocto ou infuso
b. folhas
b. Compressa
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Hyptis marrubioides Epling.
(hortelã-do-campo) / cer.
gripes, resfriados e
tosses
planta toda
Infuso. Compressa no
peito.
Keithia denudata Benth.
(poejo-do-campo) / cer.
expectorante, sudorífica e
para problemas cardíacos
flores e ramos
Infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Peltodon radicans Pohl.
(alevante) / cer.
Peltodon tomentosus Pohl.
(hortelã-do-campo) / cer.
Liliaceae
Herreria salsaparilha Mart.
(salsaparilha-verdadeira) / b. ma.
Loganiaceae
Strychnos brasiliensis (Spreng)
Mart.
(quina-cruzeiro) / cer.
Strychnos pseudo-quina St. Hil.
(quina-mineira) / cer.
Loranthaceae
Struthanthus flexicaulis Mart.
(erva-de-passarinho) / par.
Lythraceae
Cuphea carthagenensis (Jacq.)
Macbr.
(sete-sangrias) / col.
Malpighiaceae
Banisteriopsis argyrophylla (A.
Juss.) Gates
Banisteriopsis campestris (A. Juss.)
Little
Banisteriopsis laevifolia (A. .Juss.)
Gates
Banisteriopsis megaphylla (A.
Juss.) Gates
a. asma, bronquite,
coqueluche
b. diurético, nas
inflamações
dos rins e do figado
c. afecções da pele
d. vermífugo
a. planta toda
a. Decocto ou infuso
b. ramos com
folhas
c. folhas frescas
d. toda planta
b. Decocto ou infuso
a. béquico, nas gripes e
resfriados
b. vermífugo
a. ramos com
folhas
b. toda planta
a.
raiz
Decocto ou infuso
casca da raiz
Decocto
depurativo, antisifilítica, sudorífera,
estimulante
moléstias do estômago
a.. moléstias do estômago e a. casca da raiz
do fígado
b. tônica
b. casca da raiz
c. febrífuga
c. casca da raiz
c. Cataplasma
d. Infuso
Decocto ou infuso
b. Infuso
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
c. Infuso
antiblenorrágica, nas
folhas
bronquites e pneumonias
Decocto
depurativa do sangue,
afecções da pele, úlceras
e diaforética
toda planta
Decocto ou infuso
a. raízes
a. Decocto ou infuso
b. ramos com
folhas e flores
b. Decocto ou infuso
a. antiinflamatório, nas
hemorragias ovarianas,
nefrites, blenorréias
b. diurético, nos
problemas renais,
cálculos dos rins.
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(cipó-prata) / cer., c. r.
Byrsonima crassa Nied.
(murici) / cer., c. r.
a. antifebril, adstringente,
nas doenças pulmonares
b. diurético
c. laxante brando
a. casca do caule
b. ramos com
folhas
c. frutos
a.Infuso
b. Infuso
c. Infuso
Contunua...
Continuação Tabela 1
Byrsonima intermedia A. Juss.
(murici-pequeno) / cer.
adstringente, nas diarréias
e desinterias
casca do caule
Infuso
Byrsonima verbascifolia Rich. ex.
A. Juss.
(murici-cascudo) / cer., c. r.
a. antifebril e
adstringente
b. anti-sifilítica, diurética
laxante brando
a. casca do caule
a. Infuso
b. ramos com
folhas
c. frutos
b. Infuso
a. planta toda
b. planta toda
a. Infuso
b. Banho
raiz
Decocto, infuso ou “in
natura”
Heteropteris anceps Ndz.
(guiné-do-campo) / cer.
Malvaceae
Krapovichasia macrodon (DC.)
Fryxell
(amendoinzinho) / cer.
a. dores em geral
b. reumatismo
tônica (nas fraquezas e
inapetência)
c. Infuso ou “in natura”
Pavonia hastata Cav.
(erva-de-são-lucas) / b. ma.
a. emoliente
b. béquica
a. ramos com
folhas
b. flores
a. Cataplasma ou
compressa
b. Decocto ou infuso
Urena lobata L.
(carrapicho-de-cavalo) / col.
a. emoliente
b. diurética
c. béquica e expectorante
a. ramos com
folhas
b. raízes
c. flores
a. Cataplasma ou
compressa
b. Infuso
c. Infuso ou decocto
Melastomataceae
Miconia rubiginosa (Bompl.) DC.
(capiroroquinha) / cer.
Clidemia cf. rubra Mart.
(mexeriquinha) / cer., c. r.
Menispermaceae
Cissampelos glaberrima St. Hil.
(abutinha) / b. ma.
Cissampelos ovalifolia DC.
(orelha-de-onça) / cer., c. r.
afecções da garganta
ramos com
folhas
Gargarejo
afecções da garganta
folhas
Gargarejo
a. nas afecções das vias
urinárias, na dispepsia,
diurético e sudorífica.
b. antiasmática
c. antifebril (também nas
febres intermitentes)
a. raiz
a. Decocto
b. raiz
c. raiz
b. Decocto
c. Decocto
a. diurética, sudorífica
b. antifebril
a. raiz (sem casca) a. Decocto ou infuso
b. raiz (sem casca) b. Decocto ou infuso
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Mimosaceae
Calliandra dysantha Benth.
(sucupira-do-campo) / cer.
contra inapetência
ramos com folhas
Decocto ou infuso
Continuação...
Continuação Tabela 1
Inga vera Willd. subsp. affinis
(DC.) T. E. Penn.
Inga subnuda Salzm. subsp.
luschnatiana (Benth.) T. E. Penn.
(ingá) / b. ma.
a. adstringente (na cura de
feridas)
b. contra aftas
a. casca do caule
b. casca do caule
a. Cataplasma ou
compressas
b. Gargarejo
Stryphnodendron adstringens
(Mart.) Coville
(barbatimão) / cer.
a. adstringente,
cicatrizante, na
blenorragia, na diarréia,
na hemorragia, nas
úlceras e uretrites
b. contra calvície
a. casca do caule
a. Decocto
b. casca do caule,
raiz e folhas
b. Aplicação cutânea
direta
Monimiaceae
Siparuna guyanensis Aubl.
(negramina) / b. ma.
a. antiinflamatória,
carminativa,
estimulante, na
cefalalgia, ,nas gripes,
resfriados e reumatismo
b. reumatismo
a. planta toda
a. Decocto ou infuso
b. toda planta
b.
a. manchas da pele,
vitiligo
b. depurativo, na
má circulação do
sangue.
c. gripes, resfriados e
bronquites
a. raiz e casca do
caule
b. ramos com
folhas
a. Decocto ou infuso
Moraceae
Brosimum gaudichaudii Tréc.
(mamacadela) / cer.
Dorstenia brasiliensis Lam.
(carapiá) / cer.
Myrsinaceae
Rapanea umbellata (Mart.) Mez.
(pororoca-do-mato) / á. tr., b. ma.
Rapanea guianensis Aubl.
(capiroroca) / cer.
Myrtaceae
Campomanesia pubescens (DC.)
c. toda planta
Cataplasma,
compressa ou banho.
b. Decocto, infuso, ou
no vinho (seco)
c. Infuso (no vinho ou
água)
Obs.: Quando preparado
com vinho, não é recomendado para crianças.
a. antiinflamatório,
anestésico, nas dores de
dentes
b. nas bronquites,
emenagoga e nas
cólicas uterinas
a. rizoma
a. Cataplasma ou uso
direto
b. rizoma
b. Decocto ou infuso
nas picadas de cobra,
tumores e feridas
ramos com folha
Cataplasma
direto
ou
uso
nas picadas de cobra,
tumores e feridas
ramos com folha
Cataplasma
direto
ou
uso
afecções do aparelho
folhas e casca do
Decocto ou infuso
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Berg.
(gabiroba) / cer.
Eugenia involucrata DC.
(pitanga-do-mato) / b. ma.
urinário e na diarréia
antidiarrêica, antireumática, diurética
caule
folhas
Decocto ou infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Eugenia kunthiana DC.
(aperta-guela-miúda) / cer., c. r.
adstringente, antidiarrêica
casca do caule e
folhas
Decocto ou infuso
Eugenia livida Berg.
(aperta-guela) / cer.
adstringente, antidiarrêica
casca do caule e
folhas
Decocto ou infuso
Eugenia punicifolia (Kunth.) DC.
(pitanga-de-folha-fina) / cer.
adstringente, antidiarrêica e diurética
casca do caule e
folhas
Decocto ou infuso
Myrcia variabilis DC.
(marmelinho- roxo) / cer.
Psidium araça Raddi
(araçá-do-campo) / cer.
na cicatrização de
feridas
diurético, antidiarrêico
folhas e ramos
Cataplasma ou
compressa
Decocto ou infuso
Oxalidaceae
Oxalis hirsutissima Mart. et. Zucc.
(trevinho-do-campo) / cer., c. r.
Passifloraceae
Passiflora miersii Mart.
(maracujazinho) / b. ma.
Piperaceae
Piper aduncum L.
(falso-jaborandi) / b. ma.
Poaceae
Andropogon bicornis L.
(rabo-de-burro) / cer., á. tr.
Eleusine indica (L.) Gaertn.
(capim-pé-de-galinha) / col.
raiz e casca do
caule
nas afecções do aparelho caule e folhas
bucal e inflamação da
garganta
Gargarejo
calmante, antiramos com folhas
depressiva, emenagoga e
nas tosses
Infuso
a. adstringente, antihemorrágica, antidiarrêico.
b. na queda de útero
c. nas feridas
a. folhas
a. nas afecções das vias
urinárias e do fígado,
diurético.
b. emoliente
a. raízes
a. Infuso
b. raízes
b. Cataplasma ou
compressa
b. folhas
c. frutos
a. diurético, nas afecções do a. toda planta
aparelho urinário e
pulmonares,
anticatarral.
b. raiz
b. adstringente e antidiarrêico
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
a. Decocto ou infuso
b.Uso interno: decocto
Uso externo: através
de banhos
c.
Cataplasma,
compressa ou banho
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
119
Imperata brasiliensis Trin.
(capim-sapê) / cer., á. tr.
Melinis minutiflora Beauv.
(capim-gordura) / cer.
diurético, nas afecções
das vias urinárias,
gonorréia e leucorréia
toda planta
Decocto ou infuso
antidesintérico e nas
infecções intestinais
toda planta
Decocto ou infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Polygalaceae
Bredemeyera laurifolia (St. Hil. &
Mog.) Kl. ex. Bernn.
(joão-da-costa) / cer.
Polygala paniculata L.
(barba-de-são-pedro) / col.
Rosaceae
Rubus brasiliensis Mart.
(amora-branca) / cer.
Rubiaceae
Alibertia sessilis (Vell.) Schum.
(marmelada-do-campo) / á. tr., cer.
Borreria cf. galianthes
Borreria latifolia (Aubl.) Schum.
(poaia-do-campo) / cer., á. tr.
nas afecções do figado
e dos rins, nas cólicas
uterinas
casca da raiz
raiz
nas afecções das vias
respiratórias,
expectorante, nas afecções
do útero e das vias
urinárias.
a. diurética e laxativa
b. diurética
c. antiespasmódica
d. tônica e antidiarrêica
afecções da pele
antidesintérica,
expectorante e
vominativa
Decocto ou infuso
Decocto ou infuso
a. raiz
b. folhas
c. brotos e flores
d. frutos
a. Infuso
b. Decocto ou infuso
c. Decocto ou infuso
d. “In natura” ou suco
folhas e ramos
Cataplasma, compressa
ou banho
raiz
Infuso
Borreria verticillata (L.) G.F.W. Meyer
(vassourinha) / cer., á. tr.
Palicourea rigida H.B. K.
(congonha-dourada) / cer.
depurativo, doenças
renais, nas inflamações
do aparelho feminino
raiz, casca do
caule e folhas
Decocto ou infuso
Psychotria coccinea Poit. ex. DC.
(roxinha) / b. ma.
inchações, dores no
fígado e nos rins
toda planta
Banho
Relburnium hirtum Scham.
(vassourinha) / á. tr., b. ma.
Rudgea viburnoides (Cham.)
Benth.
(bugre) / cer.
Sabicea cana Hook
(sangue-de-cristo) / cer., c. r.
problemas de estômago
ramos com folhas
Decocto
a. raiz
b. folhas
a. Decocto
b. Decocto
a. raiz
b. ramos com
folhas e flores
a. Decocto ou infuso
b. Decocto ou infuso
a. nas doenças venéreas
b. na prisão de ventre
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
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Sapindaceae
Cupania vernalis Camb.
(camboatã) / cer., b. ma., á. tr.
Smilacaceae
Smilax campestre Griseb.
Smilax brasiliensis Spreng.
Smilax cissoides Mart.
Smilax sp.1
Smilax sp. 2
Smilax sp. 3
(japecanga) / cer., c. r.
adstringente, contra
asma e tosse convulsiva
casca do caule
Decocto ou infuso
nas afecções da pele,
anti-sifilítica, antireumática, depurativo,
contra gota, diurética e
sudorífica
raiz
Decocto ou infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Solanaceae
Cestrum sendtnerianum Mart.
(guiné-do-campo) / cer.
Solanum aculeatissimum Jacq.
(juá-bravo) / cer., á tr.
Solanum americanum Mill.
(maria-pretinha) / b. ma.
Solanum cernuum Vell.
(panacéia) / b. ma.
Solanum lycocarpum St. Hil.
(lobeira) / cer.
Solanum paniculatum L.
(jurubeba) / cer.
Solanum subumbellatum Vell.
(velame-do-cupim) / cer.
a. sedativo, diurético
b. emoliente, sedativo
(principalmente nas
hemorróidas)
a. nas afecções cutâneas,
tuberculose e edemas
b. nas manchas da pele e
furúnculos
a. sedativa, expectorante,
analgésico, depurativo e
afrodisíaca
b. nas queimaduras,
dermatoses, eczemas e
furúnculos
a. anti- hemorrágica
b. nos males do fígado
c. sudorífica, depurativo,
nas blenorragias,
afecções da pele,
diurética e vermífugo
d. diurética, nas afecções
da pele e nas úlceras
a. emoliente, anti-reumática
b. contra asma, gripes e
resfriados.
c. tônica
a. na diabete. icterícia,
hepatite, febre e falta
de transpiração
b. cicatrizante
c. problemas de fígado e
de estômago, nas
inflamações do baço e
da bexiga, tônica.
d. contra tumores internos
utilizada para ser
adicionada a qualquer
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
a. folhas
b. folhas
a. Decocto ou infuso
b. Banho ou compressa
a. toda planta
a. Banho ou compressa
b. Compressa
b. fruto
a. toda planta
a. Decocto
b. toda planta
b. Cataplasma ou
compressa
a. raiz
b. ramos com
folhas e flores
c. folhas e flores
a. Decocto ou infuso
b. Decocto
c. Infuso
d. folhas secas
d. Infuso
a. folha
b. flores e frutos
a. Banho ou compressa
b. Infuso
c. Infuso
c. flores e frutos
a. raiz
a.
b. folhas
b. Pomada
c. fruto
c. Suco
d. raiz, folha e
fruto
d. Infuso
toda planta
Infuso
Xarope. Misturar aos
outros chás na hora
121
do uso, em
iguais.
outro chá de sabor
amargo, contra gripe,
resfriado, bronquite, asma
e diuréticos
Sterculiaceae
Waltheria indica L.
(malva-branca) / col.
Styracaceae
Styrax camporum Pohl.
Styrax ferrugineus Ness. et. Mart.
(laranjeirinha) / cer.
partes
a. anti-sifilítica
b. na cura de feridas
a. toda planta
b. toda planta
a. Decocto ou infuso
b. Compressa
Antifebril
ramos com
folhas
Infuso
Continua...
Continuação Tabela 1
Tiliaceae
Luehea grandiflora Mart. et. Zucc.
(açoita-cavalos) / cer., á tr.
Triumfetta bartramia L.
(carrapichão) / col.
Verbenaceae
Lantana camara L.
(cambará-vermelho) / cer., á. tr.
a. nas disenterias, antihemorrágica e antireumática
b. nas úlceras, feridas
gangrenosas e
queimaduras
adstringente, diurética
e antiblenorrágica
a. casca do caule
a. Banho
b. casca do caule
e caule
b. Infuso
planta toda
Infuso
sudorífera, febrífuga, nas folhas
infecções das vias
respiratórias, na
bronquite e rouquidão,
expectorante
Infuso
Lippia lupulina Cham.
(salva-do-campo) / cer.
nas infecções de
garganta e da boca
folhas e flores
Gargarejo
Stachytarphetta cayennensis (L. C.
Rich.) Vahl.
(gervão-azul) / col.
febrífuga, béquica,
vermífugo
toda planta
Decocto ou infuso
Vitex polygama Cham.
(maria-preta) / cer.
nas afecções dos rins,
diurética e antireumática
folhas
Decocto ou infuso
Vochysiaceae
Qualea grandiflora Mart.
(pau-terra) / cer.
nas diarréias com
sangue, cólicas
intestinais e contra
amebas
folhas
Decocto ou infuso
* Todas as indicações de uso, parte usada e preparo foram fornecidas pelos raizeiros da região.
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
122
CONCLUSÃO
Considerando os dados levantados neste estudo,
é surpreendente verificar que mesmo se tratando de
áreas de formações vegetacionais perturbadas pela ação
antrópica e sem nenhum tipo de atividade
conservacionista de solo ou da biodiversidade, ainda se
têm ecossistemas ricos em espécies de plantas
medicinais.
Observou-se que a fé depositada nos raizeiros
pela população rural e urbana vem sendo atualmente
resgatada e a procura por esses tem sido intensificada,
embora sejam poucos os que detêm a sabedoria dos
índios e caboclos antepassados de quais, como e para
que fins são utilizadas as espécies medicinais.
Diferentes raizeiros indicaram a mesma espécie
de planta medicinal, para o mesmo uso, com o mesmo
preparo e posologia. Isso parece mostrar que devem ser,
há muito tempo, utilizadas com eficácia na cura de
enfermidades. Conseqüentemente, há uma maior
probabilidade de elas conterem princípios ativos de
interesse medicinal e a raiz de origem desses
conhecimentos deve ser a mesma na região.
Também o retorno a um mesmo raizeiro e a
procura por uma mesma planta parecem mostrar a
capacidade desta em alterar o funcionamento do corpo,
recuperando a manutenção da boa saúde.
Tendo em vista que as espécies de plantas
medicinais mais procuradas são aquelas relacionadas à
cura de enfermidades que necessitam de doses diárias
de medicamentos e que na população de baixa renda os
remédios quimioterápicos estão sendo substituídos
pelos fitoterápicos para a cura dessas enfermidades,
pode-se ainda constatar não só a eficácia das mesmas,
como também que os medicamentos quimioterápicos
estão influenciando, em muito, nos gastos das famílias
mais carentes da região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Janeiro: FIBGE, 1975-1992. v.1/15.
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CARVALHO, D.A. Flora fanerogâmica de campos
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educação. São Paulo: Atlas, 1987. 175p.
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TERAPIAS NATURAIS, 1., 1994, Brasília.
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Paulo:
Instituto
Médico
Seraphis, 1994. p.44-49.
COTTON, C.M.
Ethnobotany: principles and
applications. New York: J. Wiley, 1996. 320p.
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
123
ANEXO 1
FICHA DE INFORMAÇÕES
Nº
1 - RAIZEIRO (INFORMANTE):
Nome:
Endereço:
Município:
Estado:
2 - ESPÉCIE MEDICINAL :
Nome Popular:
Nome científico:
Família:
Data da coleta:
Local da coleta:
Hábito:
Grau de Ocorrência:
Habitat:
r
o
f
a
d
3 - INDICAÇÕES DE USO:
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
124
4 – PREPARO:
5 – DOSAGEM:
6 - OBSERVAÇÃO:
7 - PROCURA:
Muita
Moderada
Ciênc. agrotec., Lavras, v.25, n.1, p.102-123, jan./fev., 2001
Pouca