Academia.eduAcademia.edu
BIODIVERSIDADE DO MUNICÍPIO DE SOROCABA Organizadores Welber Senteio Smith Vidal Dias da Mota Junior Jussara de Lima Carvalho 1ª Edição Secretaria do Meio Ambiente Prefeitura Municipal de Sorocaba Sorocaba 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação B512 Biodiversidade do Município de Sorocaba / Organizadores: Welber Senteio Smith, Vidal Dias da Mota Junior, Jussara de Lima Carvalho. - Sorocaba, SP: Prefeitura Municipal de Sorocaba, Secretaria do Meio Ambiente, 2014. 272 p. ISBN: 978-85-89017-02-2 1. Biodiversidade - Conservação - Brasil. I. Smith, Welber Senteio. II. Mota Junior, Vidal Dias da. III. Carvalho, Jussara de Lima. CDD - 333.950981 Ficha catalográfica elaborada por Flávia S. Tamborra – crb-8 6496 O conteúdo dos capítulos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores. 4 Ficha técnica Este livro foi organizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), com o apoio do Serviço de Comunicação (Secom) do Gabinete do Poder Executivo (GPE). CRÉDITOS Coordenador do Projeto de Inventariamento da Biodiversidade do Município de Sorocaba Welber Senteio Smith Editores Welber Senteio Smith Vidal Dias da Mota Junior Jussara de Lima Carvalho Revisão Técnica Aldo José Bittencourt Lopes Teixeira Camila de Paula Alvares Cristiane Crispim Carolina Barisson M. O. Sodré José Carmelo de Freitas Reis Júnior Margarida de Oliveira Santos Rafael Ramos Castellari Renata Cassemiro Biagioni Rodrigo Herrera Viviane Aparecida Rachid Garcia Revisão Geral Carolina Barisson Marques de Oliveira Sodré Mariana Antunes de Campos Valdecir Rocha Pinto Diagramação Marcelo Antonio Claro Fotos da Capa Foto maior Pequi (Caryocar brasiliense). Autora: Ingrid Koch De cima para baixo: Jequitibá-rosa (Cariniana legalis). Autora: Denise Mandowsky Pediastrum simplex Meyen. Técnica: micrografia em microscópio fotônico, aumento de 1000x. Autores: iconografia particular dos autores (Borghi & Magrin) 5 Morcego (Sturnira lilium). Autor: Roberto Tiocci Junior Araticum (Duguetia furfuracea). Autora: Ingrid Koch Chironomidae. Autor: Ricardo Hideo Taniwaki Libélula (Orthemis discolor). Autor: Bosco Accetti Perereca (Hypsiboas prasinus). Autor: Caio Vinicius Mira Mendes Anodontites patagonicus. Autora: Viviane Aparecida Rachid Garcia Da esquerda para direita Colhereiro (Platalea ajaja). Autor: Augusto João Piratelli, com retoques de André Guilherme Cará (Geophagus brasiliensis). Autor: Welber Senteio Smith Rio Sorocaba. Autor: Gui Urban (arquivo da Secom Prefeitura de Sorocaba) Universidades e Instituições Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP Câmpus Sorocaba Universidade de Sorocaba - UNISO Universidade Paulista – UNIP Câmpus Sorocaba Universidade Estadual Paulista – UNESP Câmpus Sorocaba Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Câmpus Sorocaba Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC University of St. Andrews Universidade de Coimbra 6 Pesquisadores Albano G. E. Magrin (UFSCar Câmpus Sorocaba - albano@ufscar.br) Alessandra Rocha Kortz (UFSCar Câmpus Sorocaba. Endereço atual: University of St Andrews, Scotland, United Kingdom ark4@st-andrews.ac.uk) Aline Karen Santana Giron (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC – Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - li.giron.bio@hotmail.com) Ana Carolina Devides Castello (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - carol.dcastello@gmail.com) Ana Rita de Cássia Leite (Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP - anarcleite@bol.com.br) Anderson Teixeira Tsukada (PUC-SP Câmpus Sorocaba - andersonteixeira_91@hotmail.com) André Guilherme (ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Colaborador Eventual andre.guilherme@icmbio.gov.br; a.guilherme73@gmail.com) André Cordeiro Alves Dos Santos (UFSCar Câmpus Sorocaba - andrecas@ufscar.br) Augusto João Piratelli (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - piratelli@ufscar.br) Caio Vinicius de Mira Mendes (UESC, Departamento de Ciências Biológicas - caio_vina@yahoo.com.br) Cecília Maria de Paula (UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - ceci_mdpa@hotmail.com) Cecília Pessutti (Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - pzmqb0@yahoo.com.br) Cintia Zaparoli Rosa Grosso (OAB Sorocaba - cintia.zaparoli@terra.com.br) Cristina Canhoto (University of Coimbra, IMAR-CMA & Department of Life Sciences, Coimbra, Portugal - ccanhoto@ ci.uc.pt) 7 Darllan Collins da Cunha e Silva (UNESP Câmpus Sorocaba - darllanamb@yahoo.com.br) Denise Mandowsky (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - demandowsky@gmail.com) Edna Maria Cardoso de Oliveira (UNIP Câmpus Sorocaba, Curso de Ciências Biológicas - edna-mi@hotmail.com) Eliana Cardoso-Leite (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação, PPGSGA- Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão - cardosoleite@ yahoo.com.br) Eric Yasuo Kataoka (UFSCar Câmpus Sorocaba, Bacharelado em Ciências Biológicas) Fatima C. M. Piña-Rodrigues (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - fpina@ufscar.br) Fernando Monteiro Costa (UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - fermalk@hotmail.com) Fernando Rodrigues da Silva (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - fernandors@ufscar.br) Fiorella Fernanda Mazine Capelo (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - fiorella@ufscar.br) Gabriele Cunha Crespo (UNESP Câmpus Sorocaba - gabrielecrespo@yahoo.com.br) Gabriela Rosa Lopes (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - gabi.rosalopes@gmail.com) Gabriela Rodrigues Favoretto (UFSCar Câmpus Sorocaba - PPGC-Fau - Programa de Pós Graduação em Conservação da Fauna gabifavoretto@yahoo.com.br) Heitor Zochio Fischer (PUC-SP Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências do Ambiente - hfischer@pucsp.br) Ingrid Koch (UFSCar Câmpus Sorocaba - PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - ingrid.koch@gmail.com) Jomil Costa Abreu Sales (UNESP Câmpus Sorocaba - jomilc@gmail.com) 8 Kaline de Mello (ESALQ-USP - Câmpus Piracicaba – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas Agrícolas - kaline.mello@gmail.com) Larissa Campos Ferreira (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - campos.larissa88@gmail.com) Luana Longon (Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - luana_longon@hotmail.com) Lucas Andrei Campos Silva (UFSCar Câmpus Sorocaba - andrei.10@hotmail.com) Luciano Mendes Castanho (PUC-SP Câmpus Sorocaba, Departamento de Morfologia e Patologia - lmcastanho@pucsp.br) Luciano Bonatti Regalado (ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Floresta Nacional de Ipanema - luciano.regalado@icmbio.gov.br) Luis Gustavo Moreli Tauhyl (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e Conservação - luistauhyl@hotmail.com) Maria Virgínia Urso Guimarães (UFSCar Câmpus Sorocaba, Laboratório de Diversidade Animal, Departamento de Biologia virginia@ufscar.br) Mariana Grimaldi (UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - grimaldi.mariana@gmail.com) Maurício Tavares Mota (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental) Nelson Silva Pinto (UFG, Laboratório de Ecologia Teórica e Síntese - LETS, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução - nelsonsilvapinto@gmail.com) Nobel Penteado de Freitas (UNISO - Coordenador do Curso de Gestão Ambiental - nobel.freitas@uniso.br) Paulo Camargo (Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - patamaca@gmail.com) Renata Cassemiro Biagioni (Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP- renata_biagioni@hotmail.com) Ricardo Hideo Taniwaki (USP/ESALQ/CENA - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada - rht.bio@gmail.com) 9 Roberto Tiocci Junior (UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - robertotiocci@bol.com.br) Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira (Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - rhftzoo@hotmail.com) Roberto Wagner Lourenço (UNESP Câmpus Sorocaba - robertow@sorocaba.unesp.br) Rogério Hartung Toppa (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de pós-graduação em Sustentabilidade na Gestão – rhtoppa@gmail.com) Samuel Coelho (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental - samucabeca@hotmail.com) Sílvio Yuji Onary Alves (UFSCar Câmpus Sorocaba - silvioyuji@gmail.com) Simone Maria Ribeiro (UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - sisamr1@hotmail.com) Tatiana Cintra Borghi (UFSCar Câmpus Sorocaba - tatianacborghi@gmail.com) Vanessa Senteio Smith Souza (OAB Sorocaba - vanessaadvo@hotmail.com) Victor Satoru Saito (UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGERN - Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais) Vidal Dias da Mota Junior (Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP e UNISO - vidal.mota@gmail.com) Vilma Palazetti de Almeida (PUC-SP Câmpus Sorocaba - vpalazetti@pucsp.br) Viviane Aparecida Rachid Garcia (Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP - vivi.a.rachid@gmail.com) Walter Barrella (PUC-SP Câmpus Sorocaba, UNIP Câmpus Sorocaba - vbarrella@pucsp.br) Welber Senteio Smith (Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP. UNISO, Programa de Mestrado em Processos Tecnológicos e Ambientais. UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - welber_smith@uol.com.br) 10 Apresentação Com o objetivo de subsidiar e dar diretrizes às ações ambientais no âmbito do município de Sorocaba, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizou nos dias 5 e 6 de junho de 2013 o I Workshop “Biodiversidade no Município de Sorocaba”. Participaram professores, pesquisadores e representantes de órgãos ambientais responsáveis pelo desenvolvimento de projetos de levantamento da biodiversidade em diversas áreas do município. O conhecimento sobre a flora e a fauna silvestres é o ponto de partida para a elaboração de planos de manejo e conservação de áreas verdes, além de representar uma importante ferramenta para o monitoramento ambiental e subsídio de ações de manejo e educação ambiental. A criação da Secretaria do Meio Ambiente e a crescente realização de pesquisas pelas universidades promoveram em Sorocaba o início de um processo indutor de discussões, reflexões e implementação de políticas locais de proteção da biodiversidade. Também contribui com este processo a presença da maior concentração de fragmentos florestais do Estado de São Paulo, além da presença de unidades de conservação representativas. A vegetação típica de ecótono com interseção de diferentes tipologias florestais contribui para o papel estratégico de Sorocaba no cenário da conservação da biodiversidade. À luz do novo Código Florestal, da Convenção sobre a Diversidade Biológica e do Protocolo de Nagoya, bem como da necessidade de diversos empreendimentos e exploração da biodiversidade para o desenvolvimento, torna-se imperativa a definição e a operacionalização constante de políticas públicas para a conservação da biodiversidade. Além disso, a pesquisa e o monitoramento da biodiversidade representam fontes de informações vitais para garantir a proteção da biodiversidade sendo, dessa forma, a avaliação do estado da biodiversidade do município um desafio importante para Sorocaba. É preciso haver mais informações disponíveis sobre a situação dos habitats, ecossistemas, status de conservação, entre outros, para garantir a preservação do equilíbrio biológico. As informações foram obtidas a partir de estudos realizados pelos pesquisadores, englobando trabalhos de iniciação científica, dissertações e teses, além de livros e artigos publicados. Considerando a competência da Secretaria do Meio Ambiente para estabelecer instrumentos legais, diretrizes e normas de procedimentos para a gestão e o manejo da biodiversidade sorocabana, além da necessidade de instaurar em nível local as atividades que refletem os objetivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica, a publicação desse livro, bem como a interação entre o poder público, as universidades e pesquisadores, se constituem numa estratégia que consolida o tema no município. A obra, com a lista das 1.218 espécies encontradas no município, facilitará o acesso dos cidadãos a este tipo de informação, criando um instrumento de pesquisa de referência. Outro aspecto será o de fornecer diretrizes para políticas públicas na questão da biodiversidade. 11 Município de Sorocaba Número total de espécies: 1218 Número total de espécies vegetais: 555 Número total de espécies animais: 612 Número total de espécies vegetais (Angiospermas): 441 Número total de espécies de fitoplâncton: 158 Número total de espécies de zooplânton: 21 Número de espécies da Classe Arachnida: 58 Número de espécies da Classe Insecta: 75 Número de espécies da Classe Chilopoda: 03 Número de espécies da Classe Gastrópoda: 02 Número de espécies da Classe Bivalva:06 Número de espécies da Classe Osteichthyes (peixes): 53 Número de espécies da Classe Amphibia: 23 Número de espécies da Classe Reptilia: 49 Número de espécies da Classe Aves: 280 Número de espécies da Classe Mammalia: 49 Número de nativas: 1.182 Número de exóticas introduzidas: 36 Os editores 12 Isso daria um livro! Em junho de 2013, a Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), realizou um workshop sobre a biodiversidade no município de Sorocaba. O encontro reuniu 48 profissionais da área, ligados a universidades e a órgãos públicos, como professores e pesquisadores. O número de especialistas presentes surpreendeu. Melhor ainda foram os resultados do encontro. Tabuladas as informações, foram identificadas no território sorocabano 1.218 espécies vegetais e animais, das quais 1.182 nativas e 36 exóticas introduzidas. As plantas totalizam 555, das quais 441 Angiospermas, ou seja, com sementes contidas num envoltório protetor, e 158 filoplânctons, minúsculas formas de vida aquática encontradas em rios e lagoas, com capacidade de promoverem a fotossíntese. Entre as formas de vida animal, as 612 espécies identificadas variam de zooplânctons a mamíferos. Há 58 tipos de aracnídeos, 75 de insetos, três de centopeias, oito de moluscos, 53 de peixes, 23 de anfíbios, 49 de répteis e 280 de aves, das quais oito são beija-flores. Os pesquisadores concluíram que Sorocaba perderia uma excelente oportunidade de incentivar vocações científicas no campo da Biologia e de motivar sua população para a causa da preservação da natureza, caso mantivesse a existência da riqueza de formas de vida que então se mapeou encerrada em artigos, obras especializadas, teses, dissertações e trabalhos de iniciação científica – de onde provieram os dados e números sintetizados no workshop. Era importante reunir esses preciosos dados num único volume que facilitasse a consulta pelos interessados e encorajasse jovens cientistas a pesquisas destinadas a detalhar e a aprofundar as informações ali reunidas e, principalmente, a buscar outras espécies que podem até agora haver escapado aos olhos dos especialistas. Isso bem que daria um livro – concluíram. Estavam certos mais uma vez. E, por isso, com o apoio da Prefeitura de Sorocaba, o livro aqui está. Antonio Carlos Pannunzio Prefeito Municipal de Sorocaba 13 A Biodiversidade e o Município de Sorocaba A iniciativa de organizar este livro parte da vontade da Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, de colocar a conservação da biodiversidade como elemento chave na política ambiental do município. Esta obra cumpre o dever não só de garantir a transparência e o conhecimento sobre a biodiversidade na cidade de Sorocaba e região, mas também o de socializar este conhecimento, muitas vezes restrito às universidades e instituições de pesquisa, fazendo uma articulação com o poder público municipal no instigante processo de conhecer para proteger e conservar os recursos naturais. Neste sentido cabe um agradecimento especial a todas as universidades atuantes em Sorocaba que, por meio de seus pesquisadores, tornou esse projeto possível. O Brasil é reconhecidamente um dos países com a maior diversidade biológica do planeta, abrigando entre 15 e 20% do número total de espécies. Parte dessa riqueza tem sido perdida de forma inexorável, portanto, mais do que nunca precisamos conhecer com mais profundidade nosso patrimônio natural, identificar os principais fatores que os ameaçam e estabelecer prioridades de ação. O conhecimento, respaldado no rigor científico, constitui instrumento poderoso para envolver de forma definitiva a ação do poder público no processo de planejamento urbano e conservação dos recursos naturais que, assim, pode instituir instrumentos de controle, fiscalização e proteção mais eficazes. Hoje, na cidade de Sorocaba, mais de 90% da população vive em áreas urbanas consolidadas. Embora muitos acreditem que a cidade tenha destruído completamente seus sistemas naturais, eles continuam vivos, mas em estado fragmentado e muitas vezes altamente fragilizados. Do ponto de vista ambiental, nossa Sorocaba só será sustentável se a integridade dos ecossistemas e o cuidado com os serviços ecossistêmicos forem assegurados. Os capítulos que compõem esse livro fornecem, de forma clara e objetiva, um panorama sobre a biodiversidade do município de Sorocaba, abordando os principais temas como: embasamento legal, remanescentes florestais com identificação de áreas de alto valor ambiental, criteriosos levantamentos de flora e fauna, políticas públicas municipais e as atividades do Parque Zoológico “Quinzinho de Barros” na conservação da biodiversidade faunística da região. Cumprem também o papel de identificar lacunas de conhecimento, onde deverão se concentrar esforços maiores em próximos trabalhos de pesquisa. A existência de cobertura vegetal nativa é a principal responsável pela conservação da biodiversidade e pelo equilíbrio e manutenção de processos ecológicos essenciais, por isso a ênfase na identificação e caracterização dos fragmentos florestais. Os trabalhos apresentados mostram que, apesar do elevado índice de crescimento do município de Sorocaba, ainda existem vários fragmentos com grande importância ambiental. Em relação à arborização urbana, matas ciliares e nascentes, o município tem metas ousadas anuais a cumprir e, para tanto, conta com produção própria com viveiros conveniados (presídios locais, ONG e universidades) de 300.000 mudas de árvores nativas por ano. Esta obra também contribui com os programas de Educação Ambiental de Sorocaba cujo conceito vem sendo ampliado, no sentido de orientar a educação do cidadão, independente de sua faixa etária, dentro do contexto social e da realidade ecológica e cultural onde vive. Isto implica a formação de consciências, saberes e responsabilidades que vão sendo moldados a partir da experiência concreta com o meio físico e social, buscando soluções para os problemas ambientais locais. 14 Há ainda que se realçar o caráter de ineditismo dessa obra uma vez que reuniu vários pesquisadores, de várias entidades, em torno de temas únicos. Experiência esta que enriqueceu não só a discussão dos temas dessa obra, mas também o trabalho desses especialistas que puderam compartilhar com seus colegas metodologias, resultados e o conhecimento acumulado em suas vidas profissionais. Isto por si só já é digno da mais alta qualificação e notoriedade. Esperamos que este valoroso trabalho desperte ainda mais o interesse da comunidade como um todo às questões ambientais do nosso município, provocando reflexões, induzindo à mudança de atitudes e (re)criando uma nova, desejável e urgente consciência ambiental. Jussara de Lima Carvalho Secretária do Meio Ambiente 15 Sumário Capítulo 1 - Políticas públicas e proteção da biodiversidade em Sorocaba 17 Capítulo 2 - A proteção legal da biodiversidade de Sorocaba 29 Capítulo 3 - Remanescentes florestais: Identificação de áreas de alto valor para a conservação da diversidade vegetal no Município de Sorocaba 37 Capítulo 4 - Geoprocessamento como ferramenta de gestão e planejamento ambiental: O caso da cobertura 65 Capítulo 5 - Plantas com flores e frutos das áreas de vegetação remanescente do Município de Sorocaba 79 Capítulo 6 - Invertebrados terrestres do Município de Sorocaba 125 Capítulo 7 - Comunidades fito e zooplanctônica do Município de Sorocaba 135 Capítulo 8 - Macroinvertebrados bentônicos do Município de Sorocaba 149 Capítulo 9 - Ictiofauna do Município de Sorocaba 158 Capítulo 10 - Herpetofauna do Município de Sorocaba 173 Capítulo 11 - Avifauna do Município de Sorocaba 181 Capítulo 12 - Mastofauna do Município de Sorocaba 201 Capítulo 13 - Relações entre o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” e a biodiversidade faunística de Sorocaba 211 Anexo 237 Capítulo 14 - Proposta de corredor ecológico para o Município de Sorocaba 227 16 Capítulo 1 Políticas públicas e proteção da biodiversidade em Sorocaba Vidal Dias da Mota Junior Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar como o município de Sorocaba tornou-se um caso de sucesso na indução de implementação de políticas locais de gestão ambiental e, consequentemente, de proteção da biodiversidade. Para tanto, busca-se mostrar como o processo de descentralização das políticas públicas ambientais podem trazer significativos avanços na proteção do meio ambiente e que o Programa Município Verde Azul, da Secretaria do Estado do Meio Ambiente, foi um importante instrumento para dar indução, suporte e diretrizes para as políticas ambientais e proteção da biodiversidade no município. 17 Introdução Embora algumas iniciativas de conservação da biodiversidade tenham ocorrido no Brasil desde o final do século XIX, com caráter geralmente pontual e predominantemente utilitarista, pode-se dizer que as políticas públicas voltaram sua atenção para esse tema de forma sistemática apenas a partir da segunda metade do século passado. Historicamente, a atribuição de controle da conservação da biodiversidade esteve em geral centralizada na esfera federal de governo, com iniciativas esparsas no sentido inverso, mas a tendência descentralizadora vem se acentuando nos últimos anos, principalmente a partir do advento da Constituição Federal de 1988. Além da Carta Magna, o período que compreende o fim da década de 1980 é marcado pela emergência do conceito de Desenvolvimento Sustentável. Originado inicialmente na Conferência de Estocolmo (1972) e consolidado em 1987 com o Relatório Brundtland, propunha novos conceitos e instrumentos metodológicos para diferentes campos de ação e investigação que discutissem a relação “ser humano-ambiente” ou “homemnatureza”. Segundo Sachs (1994), o Desenvolvimento Sustentável apresenta, basicamente, seis aspectos prioritários: 1 – a satisfação das necessidades básicas; 2 – a solidariedade com as gerações futuras; 3 – a participação da população envolvida; 4 – a preservação dos recursos naturais; 5 – a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; 6 – a efetivação de programas educativos. Existem outras diferentes definições na literatura, mas a principal contribuição para esse debate, todavia, parece ser a conjunção desses parâmetros que possibilitem uma melhor relação homem-natureza. Nesse contexto, a implementação e execução do Desenvolvimento Sustentável ficam sob a responsabilidade de um conjunto de atores e instituições. E, entre esses, busca-se frisar o papel do governo local, que no caso brasileiro é representado pelo município detentor de autonomia para a implementação de projetos de cunho socioambiental que visem à promoção do bem-estar de sua população. Para isso, os governos locais contam hoje com uma série de instrumentos para a consolidação de uma política ambiental de forma sustentada e eficiente. A exigência de que os governos locais devem cuidar do meio ambiente, já não é tão recente. Na União Europeia, desde 1986, a Conferência Permanente dos Poderes Locais e Regionais solicita aos municípios a criação de departamentos de meio ambiente com pessoal qualificado, em consonância com a tendência das questões ambientais serem trabalhadas por meio de decisões e 18 ações cada vez mais adaptadas às realidades locais. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 dispõe sobre meio ambiente de forma inédita e abrangente. Inédita, pois é a primeira vez que o ordenamento jurídico brasileiro considera o meio ambiente como um direito de todos e bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida. Assim, legislar sobre direito urbanístico, florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, controle da poluição e responsabilidade por dano ao meio ambiente é competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal. Cabe à União dispor sobre normas gerais e aos Estados suplementá-las. A norma será geral quando for possível ser aplicada em todo o território brasileiro para atender ao interesse geral. A competência concorrente do Estado, em matéria ambiental, é de suplementar as normas gerais da União, ou, na falta delas, a competência legislativa será plena para atender as peculiaridades regionais. Ao município, como ente autônomo da federação, foi atribuída, entre outras, a competência exclusiva para legislar sobre assuntos de interesse local, e suplementar à legislação federal e estadual quando couber. Conforme Machado (2012), a competência natural dos municípios é a de legislar sobre assunto de interesse local e, nesses assuntos, o meio ambiente pode ser incluído toda vez que a questão ambiental não for geral e/ou nacional/regional. Conservação da biodiversidade e políticas públicas no Brasil No Brasil a coordenação dos diferentes entes federativos quanto à política ambiental e, em especial, à conservação da biodiversidade, continua regulada pelas normas sobre o Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, constantes na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81). Todavia, diversos problemas têm sido apontados com relação a esse sistema. É que, mesmo tendo sido instituído há quase três décadas, o Sisnama, na prática, ainda não se encontra estruturado e articulado como um verdadeiro sistema nacional. Apesar desse percalço, o aperfeiçoamento da cooperação entre os entes da Federação para o exercício da competência comum em termos de políticas públicas de meio ambiente tem sido objeto de alguma atenção do Poder Executivo. No final da década de 1990, por exemplo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, começou a firmar convênios com os governos estaduais, intitulados “pactos federativos”, direcionados basicamente à delimitação de campos de atuação para as esferas federal e estadual. Entre as medidas descentralizadoras insertas nesses convênios, estava a estadualização de parte do controle da questão florestal. Outra iniciativa foi a criação, através da Portaria MMA nº 189/2001, da Comissão Técnica Tripartite Nacional, composta por representantes do MMA, da Associação Brasileira de Entidades 19 Estaduais de Meio Ambiente - Abema e da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente - Anamma, voltada à discussão de temas relevantes para o fortalecimento da gestão solidária e compartilhada do meio ambiente. É importante perceber que a descentralização, por si só, não implica resultados positivos em termos de controle da conservação da biodiversidade e da política ambiental de forma ampla. Em determinadas situações, ela pode ter efeitos bastantes negativos, especialmente se concretizada sem o suporte de regras nacionais que assegurem padrões de sustentabilidade ambiental ou para órgãos estaduais e municipais que não disponham de condições mínimas de operação. No Estado de São Paulo, por exemplo, as atividades voltadas à conservação da biodiversidade são de concepção e aplicação da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN, por meio do Departamento de Biodiversidade - DB da Secretaria do Meio Ambiente. Estas atividades estão se concretizando por diversos meios, dentre eles a reabilitação de áreas degradadas, restauração de paisagens fragmentadas e incremento de sua conectividade, projetos de uso sustentável dos elementos de biodiversidade, controle e manejo de espécies exóticas invasoras e ações para a implantação e/ou compensação de reservas legais. Além do CBRN, algumas ações como o PROBIO-SP marcaram iniciativas do Governo do Estado no sentido de buscar assegurar a proteção da biodiversidade paulista, principalmente, as dos remanescentes de Mata Atlântica. Dentro desse cenário o processo de se descentralizar as políticas ambientais, e no caso da esfera estadual para a municipal, vem ganhando forças a cada dia. Desde 2011, por exemplo, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental – Cetesb, vem realizando convênios com municípios para capacitá-los e municipalizar o licenciamento ambiental. Nesse sentido, em janeiro de 2011, a Cetesb estabeleceu convênio com o município de Sorocaba para realizar o licenciamento ambiental de atividades de baixo impacto local. O município e as políticas públicas ambientais Cada vez mais os municípios brasileiros vêm assumindo novas responsabilidades para a proteção e conservação do meio ambiente e consequentemente das questões ligadas à biodiversidade. Para a execução dessa atribuição o município pode dispor de diversos instrumentos, como a Lei Orgânica Municipal, a Política Municipal do Meio Ambiente ou o Plano Diretor de Desenvolvimento Físico Territorial. A Lei Orgânica Municipal tem um caráter eminentemente organizador do governo local e dispõe sobre a estrutura, funcionamento e atribuições dos poderes Executivo e Legislativo; a organização e o planejamento municipal; o processo legislativo e outros. A política municipal de meio ambiente deve fundar-se em princípios norteadores; alguns podem ser destacados nos textos constitucionais e adaptados às especificidades locais, outros podem surgir do debate entre os vários agentes do processo de gestão ambiental no município. Dentre esses princípios estão: 20 • • • • • O meio ambiente como bem de uso comum do povo; A prevalência do interesse público; O acesso à informação; A efetiva participação da população na defesa e preservação do meio ambiente; A priorização das políticas sociais; • A compatibilização entre as várias políticas ambientais em âmbito nacional, estadual e municipal; • A compatibilização das diversas políticas – econômica, de saúde, social, educativa – nos diferentes níveis de governo. Nesse sentido com o propósito de estimular a adesão dos municípios paulistas à gestão ambiental, a Fundação Prefeito Faria Lima - Centro de Estudos e Pesquisas em Administração Municipal (FPFL/Cepam) lançou em 1992 um conjunto de propostas gerais para adoção de medidas efetivas de proteção ambiental no âmbito local (Cepam, 1992): - Administração dos recursos municipais, com previsão no orçamento, visando às políticas públicas de desenvolvimento e meio ambiente; - Política de desenvolvimento local voltada às condições ambientais e aos recursos naturais do município; - Promoção de programas intersetoriais com diferentes esferas de governo (União, Estado e Município) e/ou com a iniciativa privada; - Previsão, revisão ou adequação de legislação urbanística do município, especialmente do Plano Diretor, Plano Plurianual, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Código de Obras etc.; - Políticas setoriais (habitação, saúde, educação, saneamento) com enfoque ambiental; - Ação fiscalizadora direta por órgãos municipais e/ou por meio de convênios com órgãos federais e estaduais; - Formação de consórcio intermunicipal, objetivando a solução de problemas comuns relativos à proteção ambiental; - Promoção de estudos que indiquem alternativas de menor custo e maior benefício, apontando soluções tecnicamente adequadas às situações peculiares regionais e locais; - Estabelecimento de mecanismos tributários para incentivar a preservação, conservação e recuperação do meio ambiente, que constituirão um fundo municipal para gerir as ações em meio ambiente no município; - Localização e mapeamento de áreas críticas em que se desenvolvam atividades potencial ou 21 efetivamente poluidoras; - Estabelecimento de normas técnicas municipais de controle e manutenção da qualidade do meio ambiente; - Estimulo à educação ambiental em todos os níveis de ensino e por meio de campanhas, programas, concursos etc.; - Preservação dos ecossistemas naturais como bancos genéticos; Em suma, os municípios hoje no Brasil dispõem de diversas possibilidades de instrumentos de proteção de seu meio ambiente e de sua biodiversidade. No item abaixo se apresenta a experiência de Sorocaba, um município de grande porte populacional do Estado de São Paulo e que vem evoluindo nas suas políticas públicas ambientais e, consequentemente, apresentando esforços significativos para a proteção da biodiversidade. As políticas públicas de proteção de biodiversidade em Sorocaba O município de Sorocaba possui uma área territorial de 449,12 km² e uma população de 586.625 habitantes, sendo que 98% na zona urbana. Por sua vez, dessa área total, 81,5% se constitui em área urbana e 18,5%, em área rural, revelando uma densidade demográfica elevada. A densidade demográfica em Sorocaba é de 1.356,98 hab./km², sendo que a do Estado é de 169,76 hab./km² (IBGE, 2013). É um município antigo e que passou por diversos ciclos econômicos1, os quais impactaram profundamente o seu ambiente natural, mas que por outro lado, oportunizou o florescimento de uma dinâmica e diversificada sociedade no que tange os seus aspectos sociais e culturais. É importante destacar que Sorocaba tem uma taxa de crescimento populacional anual de 2,16%. Esse índice é bem maior que a do Estado que é de 1,32%. Destaca-se também o processo de metropolização e a característica de polo que a cidade desempenha perante a Região Administrativa de Sorocaba, que é a maior em extensão territorial no Estado de São Paulo. Sorocaba está entre as dez maiores economias do Estado, decorrente de seu amplo parque industrial e de um forte setor de serviços. Participam dos vínculos empregatícios 35,92% na indústria, 35,93% nos serviços, 21,91% no comércio e 6,02% na construção civil. (SEADE, 2013). Atualmente, conforme a Fundação Florestal (2009), apenas 12,6%, ou seja, 5.661,43 hectares da vegetação original do município de Sorocaba ainda se mantém pouco alterada, concentradas principalmente nas regiões rurais do município e Áreas de Preservação Permanente. O território do município é marcado por uma densa e perene malha hídrica composta por cerca de 2.880 nascentes e, além disso, conta com dezenas de córregos, e alguns rios, no qual o rio Sorocaba e o rio Pirajibu se destacam por suas maiores vazões. 1 Vale a pena ver a obra de DEAN (1995). em que o autor cita e analisa os impactos das atividades agrícolas e de siderurgia no Século XIX na região de Sorocaba como fator de redução significativa do bioma nativo da região da Mata Atlântica. 22 Nesse cenário de crescimento econômico e pressão sobre seus recursos naturais, Sorocaba vem também desenvolvendo nas últimas décadas importantes programas de conservação da biodiversidade. Um desses programas já tradicionalmente conhecido é aquele realizado pelo Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, nas suas ações de conservação da vida selvagem confinada e com reprodução de importantes espécies nativas ameaçadas de extinção em seu plantel. Além disso, Sorocaba teve, desde o final da década de 1970, ações no sentido de se criar áreas protegidas como foi o caso da implantação dos Parques da Biquinha, Água Vermelha e “Chico Mendes”. Na última década houve significativo avanço na criação de novos parques e praças, e a maioria deles com importante papel de conservação de recursos naturais e biodiversidade. Conforme pode se ver no quadro a seguir de Mota (2013), o município dispõe de dezenas de áreas protegidas legalmente como parques. No entanto, nem todos estão devidamente implantados, consolidados ou com uso público, no entanto, já impactam positivamente a paisagem e apresentam possibilidades interessantes de efetivação de conectividade biológica, proteção de recursos hídricos e de fauna e flora da região, bem como o uso público para lazer e educação ambiental. 23 Tabela 1: Parques de Sorocaba Parque Área (ha) Pq. Natural Dr. Bráulio Guedes da Silva (Lei n. 4.934/95; Lei n. 4043/92) Pq. Linear - Armando Pannunzio (Lei. N. 8.521/08 - Decreto n. 19.518/11) Pq. Maestro Nilson Lombardi (Lei n. 8.449/08) Pq. Flávio Trettel - Vila Formosa (Lei n. 8.446/08) Pq. Natural Antônio Latorre (Lei n. 7.985/06) Pq. Natural Juracy Antônio Boaro (Lei n. 7.940/06) Pq. Maria Barbosa Silva - (Lei n. 7.855/06 - Decreto n. 17.887/09) Pq. Kasato Maru (Lei n. 7.845/06) Pq. Santi Pegoretti Maria Eugênia (Lei n. 7.807/06) Pq. Natural João Pellegrini (Lei n. 7.665/06) Pq. Yves Ota (Lei n. 7.405/06) Pq. Natural da Cachoeira - Dr. Eduardo Alvarenga (Lei n. 7.379/05) Pq. Raul de Moura Bittencourt (Lei n. 7.301/04) Pq. Natural Chico Mendes (Lei n. 3.034/89) Pq. Quinzinho de Barros - Zoológico (Lei n. 1.087/63) Pq. Municipal Mário Covas (Lei n. 6.416/01) Pq. dos Espanhóis (Lei n. 8.536/08) Pq. João Câncio Pereira - Pq. Água Vermelha (Lei n. 3.403/90) Pq. Pedro Paes de Almeida - Horto Municipal (Lei n. 2.815/88) Pq. Natural Municipal Corredores da Biodiversidade (Lei n. 10.071/12) Pq. Carlos Alberto de Souza (Decreto n. 14.418/05; Lei n. 5.963/99) Pq. Brigadeiro Tobias (Decreto n. 19.372/11; Lei n. 9.889/11) Pq. Jd. Botânico (Decreto n. 18.567/10; Lei n. 9.918/12) Pq. do Éden (Decreto n. 18.468/10) Pq. Walter Grillo (Lei n. 8.506/08 - Decreto n. 18.287/10) Parque da Cidade (Decreto n. 17.883/09 - 17.902/09) Pq. Pirajibu (Decreto n. 16.432/09) Pq. da Biquinha (Lei n. 9.956/12) Pq. Ouro Fino (Lei n. 9.963/12) Pq. Antônio Amaro Mendes - Jd. Brasilândia (Lei n. 8.440/08) Pq. Municipal Profa. Margarida L. Camargo (Lei n. 7.155/04) Pq. Miguel Gregório de Oliveira (Lei n. 6.443/01) Pq. Steven Paul Jobs (Lei n. 10.070/12)* Total (hectares) 9,38 1074 7,31 11,95 4,45 1,87 16,39 0,94 20,56 2,59 12,03 15,82 20,58 15,17 13,15 52,67 4,74 2,02 21,75 62,47 10,43 4,56 6,51 0,81 1,56 120 46,8 2,88 9,69 3,35 1,91 15,25 0,28 1.593,87 Fonte: Mota (2013) 24 Também na década de 1990 deu-se início à despoluição do rio Sorocaba e à recuperação de áreas degradadas. Para a recuperação de áreas degradadas a Secretaria do Meio Ambiente, por meio de convênio com a Universidade de Sorocaba, o SOS e a Funap, desenvolveu viveiros consorciados com a capacidade de produção de 300 mil mudas nativas por ano. Com o plano de arborização elaborado em 2009 foram plantadas desde então mais de 500 mil mudas de árvores, principalmente na recuperação de áreas de preservação permanente nas mais diversas regiões do município. Mas o marco institucional em termos de efetivação de uma política de conservação de biodiversidade no município se deu com a criação da Secretaria do Meio Ambiente em 2008 e sua implantação em 2009, bem como a criação da Política Municipal de Meio Ambiente (Lei nº 10.060/2012). Com a criação da Secretaria do Meio Ambiente é possível verificar a consolidação de ações de gestão, controle, fiscalização, licenciamento e educação ambiental, principalmente pelo respaldo da Lei nº 10.060, que estabeleceu os princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos para a proteção do meio ambiente no município. Entre os anos de 2010 e 2011, a Secretaria do Meio Ambiente realizou o diagnóstico ambiental georreferenciado, com apoio da Corporação Andina de Fomento - CAF. Por meio desse estudo tem sido possível para a Prefeitura de Sorocaba identificar as fragilidades e potencialidades de conservação da biodiversidade do município, bem como elementos para se ampliar medidas de conservação e preservação ambiental no município. Fundamental ressaltar a importância do Projeto Município Verde1 da Secretaria do Meio Ambiente, do Governo do Estado de São Paulo, na consolidação das políticas ambientais no município de Sorocaba. Esse programa visa certificar as melhores práticas municipais em dez diretivas: arborização, biodiversidade, lixo mínimo, estrutura ambiental, educação ambiental, uso racional da água, conselho de meio ambiente, esgoto tratado e habitação sustentável. De 2008 até 2012, e principalmente, a partir de 2009, com a Secretaria do Meio Ambiente, a Prefeitura de Sorocaba apresentou, por meio do Programa Município Verde Azul, significativa evolução em seu desempenho ambiental e, consequentemente, nas ações de restauração, conservação e proteção da biodiversidade. Conforme a Tabela 1, ao participar do programa, Sorocaba teve um salto significativo nos seus indicadores de desempenho ambiental. 1 Hoje chamado de Programa Município Verde Azul: Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/o-projeto/. Acesso em 02/07/2013. 25 Tabela 2: Evolução Certificação Ambiental MVA– Sorocaba 2008/2013 Município Classif. 2008 Classif. 2009 Classif. 2010 Classif. 2011 Classif. 2012 Classif. 2013 Sorocaba 118 33 7 3 2 1 Fonte: Município Verde Azul. Da 118ª colocação no ranking estadual em 2008, Sorocaba passou para a 1ª posição em 2013. Além de conseguir avanços institucionais, reconhecimento público e uma boa aceitação da agenda ambiental na política municipal, o Município Verde Azul trouxe para Sorocaba a perspectiva de atuar de forma integrada e intersetorial nas questões ambientais, dentre as quais a biodiversidade. Por exemplo: na diretiva do esgoto tratado foi possível integrar ações da Prefeitura com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto; no uso de Madeira Sustentável foi possível integrar as ações da Secretaria de Habitação e de Administração com a Secretaria de Meio Ambiente; nos planos de arborização e recuperação de mata ciliar verificou-se a elaboração de planos específicos para as temáticas que se tornaram norteadoras das ações de recuperação ambiental, principalmente das áreas públicas degradadas. Nas áreas de Educação Ambiental têm sido possível integrar ações das Secretarias de Meio Ambiente, destacando os programas de Educação Ambiental no Parque Zoológico Municipal e nos demais parques ecológicos e ações com a Secretaria da Educação, Secretaria de Desenvolvimento Social e Serviço Autônomo de Água e Esgoto. Assim, a implementação do Programa Município Verde Azul na Prefeitura de Sorocaba a partir de 2008, tem sido um dos importantes fatores na implementação de uma agenda ambiental pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por ela já “nascer” com uma agenda pré-estabelecida, principalmente, porque o Programa Município Verde Azul tem sido considerado projeto prioritário de governo. Nesse sentido, houve ganhos para todos, pois a Secretaria do Meio Ambiente desenvolveu vários instrumentos de gestão ambiental que passaram a ser monitorados por meio de cronogramas com metas estabelecidas; o governo local passou a reconhecer a importância da gestão ambiental e passou a priorizar o melhor desempenho ambiental como indicador de boa gestão pública; e a Secretaria do Meio Ambiente do Estado conseguiu que um processo com baixos esforços indutivos fossem eficientes para que Sorocaba implementasse o projeto e elaborasse seus relatórios de gestão ambiental (RGA), visando alcançar metas cada ano mais avançadas no sentido de conservação da biodiversidade do município. Sabe-se que o município de Sorocaba tem um longo caminho a ser trilhado no que tange à 26 proteção e recuperação de sua biodiversidade, mas ao menos alguns caminhos já estão sendo trilhados e que, em longo prazo, poderão trazer importantes benefícios ambientais. Um exemplo disso, a inauguração do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade no dia 7 de junho de 2013. Essa área passou a se constituir na primeira unidade de conservação do município, conforme os critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Com 63 hectares constitui-se na maior área natural protegida do município. Conforme o diagnóstico ambiental da área apresentado pelo Plano de Manejo, na unidade de conservação foram identificadas espécies raras, como a cuíca-de-três-listras, dezenas de outros mamíferos, mais de uma centena de espécies de pássaros e fragmentos significativos de vegetação nativa em estágio médio e avançado de regeneração. Estudos recentes, como Mello (2012), apontam as possibilidades de que os corredores de biodiversidade iniciados na área do parque poderão ser integrados em um corredor regional integrando a Zona de Conservação dos rios Sorocaba e Pirajibu com a Área de Proteção Ambiental – APA de Itupararanga até a Floresta Nacional de Ipanema em Iperó. Verifica-se, portanto, que Sorocaba vem trilhando um caminho significativo e com resultados efetivos na proteção da biodiversidade em suas diferentes dimensões. Mas para que isso persista é preciso investir em qualificação permanente dos quadros técnicos da Prefeitura em sustentabilidade, promover encontros técnicos científicos, reforçar as ações de educação ambiental em todos os espaços e, fundamentalmente, para que as políticas públicas ambientais tenham cada vez mais êxito é essencial que o poder público possa estimular a participação dos diferentes setores da sociedade, no sentido de que possam efetivamente fazer parte do processo e, consequentemente, poder cumprir um dos ideais da descentralização de políticas públicas, que é o de torná-las mais próximas do cidadão e, consequentemente, dar respostas mais rápidas para a promoção da proteção do meio ambiente, da biodiversidade e da qualidade de vida. 27 Referências bibliográficas DEAN, W. (1995) A ferro e fogo. A história e a devastação da Mata Atlântica. São Paulo: Cia das Letras; FERREIRA. L. C. (2002). Política ambiental brasileira. São Paulo, Boitempo; IBGE. Cidades. Sorocaba. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidades>. Acesso em 05 de Junho 2013; IBGE. Perfil dos municípios brasileiros. Meio Ambiente – 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/meio_ambiente_2002/meio_ ambiente2002.pdf>. Acesso em 04 de junho de 2013; MELLO, K. (2012). Análise espacial de remanescentes florestais como subsídio para o estabelecimento de Unidades de Conservação. Dissertação de Mestrado. Pós – Graduação em Diversidade Biológica e Conservação. Ufscar, Sorocaba; MACHADO. P. A. L. (2012) Direito ambiental brasileiro. 15ª. Ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda; MOTA, M. T. (2013). “Parques” em paisagem urbana, proposta de um sistema municipal integrando de áreas verdes e áreas protegidas - estudo de caso no Sudeste do Brasil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental. Ufscar, Sorocaba; MOTA JUNIOR, V. D. (2006). Atores, estratégias e motivações na criação de municípios paulistas nos períodos democráticos pós-1946: um estudo na Região Administrativa de Sorocaba / IFCH/ UNICAMP; SACHS, I. (1994) “The environmental challenge”. In Salomon, J.J. et al. (eds). The uncertain question: Science, Tecnology and Development. Tokyo, The United Nations University Press; SÃO PAULO (Estado) (1992). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Política Municipal de Meio Ambiente: orientação para os municípios. 2a. Ed. São Paulo: A Secretaria: FPFL/CEPAM; SÃO PAULO. (Estado). Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Programa Município Verde Azul. Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/ Acesso em 02 de Julho de 2013; FUNDAÇÃO SEADE. Disponível em: < http://www.seade.gov.br>. Acesso em 08 de Abril de 2013; SOROCABA. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Projetos. Disponível em: <http://www. meioambiente.sorocaba.sp.gov.br>. Acesso em 03 de Maio de 2013; 28 Capítulo 2 A proteção legal da biodiversidade de Sorocaba Vanessa Senteio Smith Souza, Cintia Zaparoli Rosa Grosso Resumo Este capítulo é destinado ao breve estudo da evolução da proteção legal da biodiversidade, partindo da Constituição Federal de 1988 e especialmente da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), traçando-se um panorama geral sobre a legislação federal e estadual com o objetivo final de estabelecer um diagnóstico municipal da cidade de Sorocaba no tocante à legislação e à tutela da biodiversidade, pontuando as políticas públicas e as ações que fomentam e viabilizam a efetiva proteção da diversidade biológica local. 29 Introdução Estabelecida na ECO-92, a Convenção sobre Diversidade Biológica entrou em vigor em dezembro de 1993 e é considerada um dos mais relevantes instrumentos internacionais sobre o meio ambiente, tendo sido ratificada por mais de 160 países. No Brasil, a ratificação da Convenção sobre Diversidade Biológica ocorreu em 28/02/1994, quando o governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da convenção, passando a mesma a vigorar em nosso país em 29/05/1994 e, por fim, o decreto n° 2.519 de 16/03/1998 promulgou a Convenção sobre Diversidade Biológica assinada no Rio de Janeiro. A Convenção sobre Diversidade Biológica divide a biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos; e tem como pilares a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dessa biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios advindos dos recursos genéticos. Por abarcar tudo o que se refere à biodiversidade, direta ou indiretamente, a Convenção sobre Diversidade Biológica é considerada uma rica fonte de informações para subsidiar outras convenções e acordos ambientais mais específicos, como o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança; o Tratado Internacional sobre Recursos Fitoterápicos para a Alimentação e a Agricultura; as Diretrizes de Bonn; as Diretrizes para o Turismo Sustentável e a Biodiversidade; os Princípios de Addis Abeba para a Utilização Sustentável da Biodiversidade; as Diretrizes para a Prevenção, Controle e Erradicação das Espécies Exóticas Invasoras e os Princípios e Diretrizes da Abordagem Ecossistêmica para a Gestão da Biodiversidade, dentre outras iniciativas transversais. Legislação federal decorrente da Convenção da Biodiversidade - Fauna e Flora A Convenção da Diversidade Biológica está em vigência no Brasil, pois foi promulgada pelo Decreto nº 2.159 de 16 de março de 1998, após a sua aprovação pelo Congresso Nacional, mediante a expedição do Decreto Legislativo nº 2, de 3 de fevereiro de 1994. O art. 6º da Convenção da Biodiversidade exige que as partes criem estratégias e programas nacionais para o uso sustentável da diversidade biológica. O Brasil atendendo a esse artigo criou o Programa Nacional da Diversidade Biológica (Pronabio), instituído pelo Decreto nº 1.354 de dezembro de 1994, para coordenar a implementação dos compromissos da CDB. Foi também estabelecida uma comissão coordenadora do programa, com a finalidade de coordenar, acompanhar e avaliar suas ações. A aplicação da Convenção da Biodiversidade foi ampliada, ainda, com a criação da Política Nacional da Biodiversidade, através do Decreto n 4.339 de 22 de agosto de 2002. O objetivo geral desta política é promover a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, de componentes do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais associados a esses recursos. 30 Em face disso, o Decreto nº 4.703 de 21 de maio de 2003 alterou o Pronabio, adequando-o aos princípios e diretrizes para implementação da Política Nacional da Biodiversidade. Além disso, revogou o Decreto nº 1.354/1994 e estabeleceu a Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio). Para a identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, foi criado o Decreto nº 5.092/ 2004, onde dispõe regras para a identificação. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, § 1º, inciso II e artigo 4º, apesar de ser anterior à Convenção da Diversidade Biológica, iniciou a preocupação sobre o tema da preservação da diversidade. A Medida Provisória nº 2.186/2001 veio para regulamentar o artigo 225, § 1º, inciso II e artigo 4º da Constituição Federal, onde dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para a sua conservação e utilização, e dá outras providências. Legislação estadual decorrente da Convenção da Biodiversidade – Fauna e Flora A legislação paulista é uma das mais avançadas do Brasil, fato este em que no ano de 1997, por meio da Lei nº 9.509, foi criada a Política Estadual de Meio Ambiente, onde dispõe sobre a Biodiversidade. O Estado de São Paulo, entendendo a importância do tema da Biodiversidade, acrescentou novas atribuições para a CETESB, com a criação de uma Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, por meio da Lei nº 13.542/2009, em seu art. 8º. Além disso, foi instituído pelo Decreto nº 57.637/2011, um grupo de trabalho, o qual demonstra o comprometimento do Governo do Estado com o cumprimento das metas estabelecidas pela Rio-92. Ainda em 2011, foi instituída a Comissão Paulista de Biodiversidade, com a finalidade de coordenar a elaboração e implantação de estratégias para que se alcance a conservação da diversidade biológica do Estado de São Paulo e para o acompanhamento e implantação de metas e planos de ação, em conformidade com o Protocolo de Nagoya, pactuadas no âmbito da Conservação da Diversidade Biológica. A estratégia para o desenvolvimento sustentável do Estado de São Paulo é pautada pelos principais tema da Rio+20, ou seja, a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. O Decreto nº 58.107 de 05 de junho de 2012 institui uma estratégia que visa estabelecer uma agenda para o desenvolvimento sustentável do Estado, apresentando metas setoriais que definirão a ação do Governo do Estado de São Paulo até 2020. 31 Legislação municipal decorrente da Convenção da Biodiversidade – Fauna e Flora No município de Sorocaba já existem leis sobre a biodiversidade que estão sendo regulamentadas, mas ainda há a necessidade de implantar mais atividades que transmitam os três objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica, utilizando mecanismos como as Estratégias e Planos de Ações Locais pela Biodiversidade, em conformidade com os princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. No município foi criada a Política Municipal de Meio Ambiente, por meio da Lei nº 10.060/2012, que é regulamentada pelo Decreto nº 20.366/2012, onde consta a proteção da biodiversidade em diversos artigos. O Artigo 54 da Política Municipal dispõe que “caberá à Prefeitura Municipal de Sorocaba, em conjunto com universidades e demais instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais, organizações não governamentais, além de outras instituições de pesquisa congêneres, elaborar e divulgar o levantamento de espécies silvestres de ocorrência nos segmentos dos ecossistemas naturais e artificiais do Município”. Este artigo está sendo cumprido por meio da presente publicação sobre a biodiversidade do município. Há uma grande preocupação com a biodiversidade em Sorocaba, motivo pelo qual foi criado o Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, por meio do Decreto nº 19.424/2011. Ainda sobre este parque, foi criada a Lei Ordinária nº 10.240/2012, que dispõe sobre a criação do Conselho do Parque, denominado CPNMCBIO, sendo um órgão colegiado local, de composição paritária, com caráter consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Sorocaba. Outra maneira que o município de Sorocaba demonstra a preocupação com a proteção e preservação da biodiversidade é por meio da valorização da educação ambiental, já que a sensibilização da população sobre as questões relacionadas à biodiversidade e o meio ambiente é de extrema importância, pois a construção do amanhã exige novas atitudes de cidadania voltadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. Sorocaba está à frente de muitos municípios, visto que já possui uma Política Municipal de Educação Ambiental, por meio da Lei nº 7.854/2006. Para assegurar a proteção da biodiversidade, além da legislação, o município deverá investir em ações para a democratização da educação ambiental, por meio de programas de educação ambiental, lembrando-se que a educação da população é um requisito frequente nos acordos internacionais, como dispõe o documento internacional intitulado Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidades, que surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Além do trabalho educativo, as pesquisas e monitoramentos deverão ser intensificados para a proteção da biodiversidade. 32 Efetividade das leis A Convenção da Diversidade Biológica, em seu artigo 1º, estabelece expressamente seus objetivos: “Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as disposições pertinentes, são a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos [...]”. Tais objetivos são complexos pois abarcam tudo o que se refere à diversidade biológica em termos de conservação, sustentabilidade e repartição dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos. Cada governo enfrenta suas próprias dificuldades e entraves para definir sua prioridade. Anos após a adoção da Convenção da Biodiversidade Biológica, foram diagnosticados progressos, mas há necessidade de medidas efetivas que promovam ações de cooperação entre os países e as instituições internacionais e, principalmente, que possibilitem a efetividade dos instrumentos já existentes. Em Sorocaba podemos destacar como exemplo de efetividade da proteção legal da biodiversidade o Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade, primeira unidade de conservação inscrita no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), localizado em área anexa ao Parque Tecnológico, na Zona Norte da cidade. Com mais de 600 mil m², a unidade tem como uma das principais funções a proteção integral da fauna e da flora típicas da região, não sendo permitida qualquer atividade que degrade o local. Tornar efetivos os instrumentos constantes no arcabouço da Convenção da Diversidade Biológica significa trazer à realidade os ideais ali constantes. Na falta de políticas públicas que viabilizem progressos na defesa do bem difuso “meio ambiente”, é possível aos legalmente legitimados socorrerem-se ao princípio da efetividade das leis, decorrente do princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, LIV, da CF/88, que anuncia que os direitos devem ser efetivados, implementados, realizados e não apenas reconhecidos. Quem possui um direito, tem o direito de efetivá-lo. Dessa forma, nota-se que o princípio da efetividade está implícito no nosso ordenamento jurídico, sendo de inegável importância, uma vez que sua inobservância torna o direito reconhecido apenas letra morta. A efetividade ocorrerá quando for possível se reproduzir os resultados previstos em lei. Em consonância com o ordenamento jurídico, os agentes do Direito devem buscar os meios mais seguros e eficazes para que a finalidade da prestação jurisdicional, tutelada pelo Estado, seja obtida em sua completude. Por meio do Princípio da Efetividade o Direito se envolve dos meios necessários e legais para que seja conquistada a finalidade que a Lei prevê e deseja para o mundo dos fatos. O ambiente equilibrado é bem jurídico autônomo, cuja titularidade transcende a esfera do direito público e do privado, sendo o bem tutelado o difuso, apresentando desafios completamente novos às instituições jurídicas e ao processo civil tradicional, mas cujo tema é apaixonante e passível de resultados de impossível mensuração, dada sua relevância e alcance. 33 Educação ambiental Em que pese tratar-se de tema que vem sendo depurado desde 1976, foi durante a Eco-92 que surgiu um documento internacional intitulado Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade, que firmou a Educação Ambiental como um instrumento de transformação social e política voltado para a sustentabilidade e preservação ambiental, promovendo uma mudança de foco que era antes totalmente voltado para o desenvolvimento desenfreado e então passa a receber um novo olhar. A Década da Educação Ambiental (2005-2014), iniciativa da UNESCO, teve como escopo potencializar as políticas, programas e ações que já existiam no âmbito da educação ambiental. No Brasil, ao órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, composto pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Educação, cumpre o papel de coordenar o Programa Nacional de Educação Ambiental, o ProNEA, cuja regulamentação fortalece o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), que, por sua vez, viabiliza a execução da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 9.795/1999) conjuntamente e de forma sincronizada com as demais políticas federais, estaduais e municipais de governo. Em Sorocaba, a Lei nº 7.854/2006 dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Municipal de Educação Ambiental, trazendo, em seu artigo 1°, como conceito de educação ambiental “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e de sua sustentabilidade”. Já em seu Capítulo II, além de instituir a Política Municipal de Educação Ambiental, dispõe que as atividades vinculadas a ela devem ser desenvolvidas na educação formal e não formal. O Decreto nº 18.553/2010 regulamenta a Lei nº 7.854/2006, visando ao cumprimento das diretrizes do Programa “Município Verde Azul”, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, ao qual o município de Sorocaba aderiu em 2008, fortalecendo a necessidade de se promover a educação ambiental no âmbito municipal, conferindo aos órgãos da Administração Pública Municipal o dever de designar dois interlocutores responsáveis pela execução da Política Municipal de Educação Ambiental, sendo um representante da Secretaria do Meio Ambiente e um representante da Secretaria da Educação, estabelecendo também que as duas secretarias, em parceria, fomentariam ações educativas, viabilizando a formação dos profissionais da rede municipal de ensino. Na sequência, o Decreto nº 19.957/2012 dispõe sobre a criação da Comissão Intersetorial de Educação Ambiental (CISEA), com a finalidade de promover a discussão; elaboração; acompanhamento; avaliação e implementação da Política Municipal e do Programa Municipal de Educação Ambiental. Este decreto dispõe que a CISEA será composta por um representante de cada secretaria, elencando as Secretarias de Obras e Infraestrutura Urbana; Cidadania; Educação; Habitação e Urbanismo; SAAE; Saúde; Meio Ambiente; Cultura e Lazer; Urbes; Relações de Trabalho; e Parcerias. À própria CISEA, observados os limites de suas competências, foi autorizada a expedição de instruções normativas ou operacionais, visando orientar suas atividades e seu funcionamento, conferindo uma certa liberdade para que os fins sejam alcançados sem muitos entraves burocráticos. Sorocaba vem obtendo destaque no âmbito ambiental, com consecutivas conquistas do selo do Programa “Município Verde Azul”, o que indica um crescimento com qualidade de vida e conscientização ambiental da população. 34 Diagnóstico e conclusão na esfera municipal À luz do novo Código Florestal, da Convenção sobre a Diversidade Biológica e do Protocolo de Nagoya, bem como da necessidade de diversos empreendimentos e exploração da biodiversidade para o desenvolvimento, torna-se imperativa a definição e operacionalização constante de políticas públicas para a conservação da biodiversidade brasileira. Foi aprovado na COP 10, em Nagoya, por meio de um Protocolo, que as comunidades locais têm posse do conhecimento tradicional para a conservação da diversidade biológica e para o uso sustentável de seus componentes e para a vida sustentável dessas comunidades, então o Protocolo de Nagoya aprovou o Plano Estratégico de Ação pela Biodiversidade para Autoridades Locais. Considerando a competência da Secretaria do Meio Ambiente para estabelecer instrumentos legais, diretrizes e normas de procedimentos para a gestão e o manejo da biodiversidade sorocabana, e a necessidade de implementar em nível local as atividades que reflitam os objetivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica, poderá, inicialmente, por meio de uma portaria, criar um Grupo de Trabalho sobre Biodiversidade, conferindo-lhe a atribuição de elaborar e propor ações para a proteção da biodiversidade de Sorocaba, sendo que uma das atribuições é formular o Plano Municipal de Estratégias e Ações Locais pela Biodiversidade, em conformidade com os princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, norteada pela Convenção sobre a Diversidade Biológica. Um exemplo disso, o município de São Paulo, que é pioneiro nas Ações sobre a Biodiversidade, criou um Grupo de Trabalho sobre Biodiversidade, por meio da Portaria 057/SVMA-G/2009, que conferiu a atribuição de propor e implementar ações voltadas à conservação da biodiversidade na cidade de São Paulo. Além disso, a pesquisa e o monitoramento são essenciais para proteger a biodiversidade, sendo necessário aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a biodiversidade, seu valor e as ameaças que enfrenta. Então a avaliação do estado da biodiversidade, genes, espécies e ecossistemas é um desafio importante para Sorocaba. É preciso que haja mais informações disponíveis sobre a situação dos habitats, ecossistemas, a mudança das situações das espécies ameaçadas ou não de extinção, entre outros, para preservar o equilíbrio biológico. 35 Referências bibliográficas PACHECO FIORILLO, C. A. (2009). Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo. Editora Saraiva. MILARÉ, ÉDIS (2009). Direito do Ambiente. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. ANTUNES, P. B. (2010). Direito Ambiental. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris MARINONI, L. G. (2000). Tutela Específica (arts. 461, CPC e 84, CDC). São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. www.mma.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013. www.senado.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013. www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/, consultado em 27 de Junho de 2013. www.meioambiente.sorocaba.sp.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013. 36 Capítulo 3 Remanescentes florestais: identificação de áreas de alto valor para a conservação da diversidade vegetal no Município de Sorocaba Fatima C. M. Piña-Rodrigues, Vilma Palazetti de Almeida, Nobel Penteado de Freitas, Roberto Wagner Lourenço, Denise Mandowsky, Gabriela Rosa Lopes, Mariana Grimaldi, Darllan Collins da Cunha Silva Resumo A região de Sorocaba se caracteriza por apresentar a maior concentração de fragmentos do Estado de São Paulo e sua vegetação típica de ecótono com intersecção de diferentes tipologias florestais contribui para o seu papel estratégico no cenário da conservação da biodiversidade. No presente estudo o município foi dividido em quatro zonas (NW, NE, SW, SE), efetuando-se a classificação de cada área de estudo em relação a sua localização urbana, periurbana e rural. A partir da consolidação de banco de dados com informações oriundas de revisão bibliográfica, levantamentos locais, resultados de inventários e bases de dados de projetos anteriores, foram realizadas análises para identificar as espécies ameaçadas, vulneráveis e raras localmente. Foram obtidos 959 registros de ocorrências de indivíduos dos quais foram identificadas 429 espécies, 93,3% catalogadas em algum nível taxonômico. As zonas NE e SE foram as de maior riqueza de espécies, com concentração de fragmentos maiores do que 80 hectares. A região Norte, em especial a zona NE foi a que apresentou a maior proporção de espécies ameaçadas, vulneráveis e localmente raras. As espécies mais frequentes foram Copaifera langsdorffii, Platypodium elegans e Trema micrantha e as vulneráveis observadas na zona NE-NW foram Brosimum glaziovii, Machaerium stipitatum e Zeyheria tuberculosa. Com base nos levantamentos de campo, nos fatores de raridade local e vulnerabilidade obtidos nos estudos efetuados recomenda-se para a conservação dos remanescentes a criação de um conjunto de corredores de diversidade concentrados nas zonas SE, NE e NW, denominado de Corredor de Biodiversidade Norte-Sul e um corredor Urbano-paisagístico nas zonas SE-SW. 37 Introdução No Estado de São Paulo, a cobertura primitiva de 81,8% reduziu-se a apenas 3%, onde a maioria dela se concentra em áreas protegidas com predomínio da formação de Floresta Ombrófila (ESTADO DE SÃO PAULO, 2006). Porém, esta se encontra distribuída em áreas de relevos mais acidentados, como é o caso da Floresta Ombrófila (BRITO et al., 2008) ou em fragmentos de Floresta Decidual e Cerrado, espalhados pelo interior do Estado. Em função disto, a conservação dos remanescentes florestais é fundamental, pois são fontes de propágulos de plantas e animais que recolonizam áreas onde estas podem estar localmente extintas (VIANA & TABANEZ, 1996). A bacia dos rios Sorocaba e Médio Tietê é a 12ª em maior extensão no Estado, com 33 municípios ocupando 4,86% do território, dos quais apenas 11% apresentam cobertura florestal, sendo a 8ª região em termos de cobertura florestal (NALON et al., 2008). Nesta bacia, Sorocaba detém a segunda maior concentração de fragmentos florestais do Estado (KRONKA et al., 2005). Estes fragmentos se inserem em uma zona ecotonal, com intersecção de Floresta Estacional, Ombrófila Mista e Densa com áreas de Cerrado (ALBUQUERQUE & RODRIGUES, 2000), denotando assim grande relevância no cenário da conservação florestal. A despeito da importância da bacia no cenário estadual, das 18 unidades de conservação, estaduais e federais, apenas duas situam-se próximas aos limites do município, a Área de Preservação Ambiental (APA) de Itupararanga (93.356,7 hectares), na Zona Sudeste (FREITAS, 2008), e a Floresta Nacional de Ipanema (5.179,93 hectares), na Zona Noroeste (XAVIER et al., 2008). Dada a importância ambiental da região, o presente capítulo tem por objetivo caracterizar e avaliar os principais remanescentes florestais de Sorocaba visando fornecer subsídios para o estabelecimento de políticas públicas que contribuam para a conservação da diversidade na região. 38 Diagnóstico da cobertura vegetal de fragmentos florestais Procedimentos metodológicos Para a análise dos fragmentos florestais foram utilizadas quatro fontes distintas, sendo: (a) revisão bibliográfica, (b) levantamentos florísticos em campo com seus dados originais, (c) bancos de dados oriundos de projetos realizados na região, cedidos pelos seus responsáveis e (d) a base de dados do Plano Diretor Ambiental de Sorocaba – PDA (PMS, 2011). Na revisão bibliográfica foram incluídos estudos florísticos, fitossociológicos e levantamentos no município, incluindo trabalhos acadêmicos não publicados. Em relação aos dados originais de levantamentos florísticos, foram obtidas listagens e dados de ocorrência de espécies cedidas por pesquisadores da região. Todo material foi referendado pela presença de exemplares depositados em coleções didáticas e/ou herbários. Os levantamentos florísticos efetuados nos parques da cidade - Parque Natural “Chico Mendes”, Parque Ouro Fino, Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (MORAES & ALMEIDA, 2009) e Jardim Botânico - e no remanescente de mata localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, próximo ao Casarão de Brigadeiro Tobias, tinham como objetivo inventariar a flora dos fragmentos florestais existentes nestes parques ao longo de trilhas utilizadas para educação ambiental. Todos os indivíduos arbóreos com diâmetro na altura do peito acima de 5 cm ao longo de trilhas foram coletados e identificados com placas de alumínio numeradas e o material botânico foi herborizado e consta do acervo do Herbário Regional PUC-SP, câmpus Sorocaba. Além destes levantamentos, foram feitos estudos fitossociológicos no Parque Natural “Chico Mendes” (SANTOS, 2012; SANTOS, 2012a) e em área de Cerrado no bairro do Éden (MOTTA & ALMEIDA, 2001). A outra fonte de dados foi o levantamento da vegetação realizado de 2008 a 2011 no Projeto Verde1, com apoio do Núcleo de Planejamento (NUPLAN) da Prefeitura Municipal de Sorocaba (LOURENÇO et al. 2009; PIÑA-RODRIGUES et al. 2011). No Projeto Verde foram selecionados remanescentes situados nas zonas de expansão urbana com base no artigo 13º da Lei Municipal nº 8.181 de 5 de junho de 2007. Na Zona Nordeste (NE) foram selecionados quatro fragmentos onde foram instalados 9 transectos de 200 m² obtendo-se dados de todos indivíduos de CAP> 15 cm (MANDOWSKY, 2012). Na Zona Noroeste (NW) foram estudadas três áreas empregandose a metodologia ponto quadrante (COTTAM & CURTIS, 1956) marcados a partir de 20 metros da borda do fragmento, estabelecidos a cada 20 metros de distância entre si. Além deste, foram utilizados os dados do Projeto ApoiAr/CNPq2, da atividade “Marcação de matrizes”, no qual foram marcadas e identificadas árvores para colheita de sementes nos fragmentos florestais localizados a 23º34’41,00” S e 47º31’04,89” W, nas proximidades do rio Ipaneminha, integrante da bacia do rio Sorocaba e Médio Tietê, utilizando os mesmos critérios do Projeto Verde. De cada árvore matriz foram coletadas exsicatas comparadas com exemplares existentes no Herbário do Projeto Matrizes, no Laboratório de Ecologia da Restauração (LERF) da Escola Superior de Agricultura 1 Projeto desenvolvido em parceria entre a UFSCar, UNISO e UNESP, com recursos da Prefeitura Municipal de Sorocaba. Relatório disponibilizado em: http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projeto-verde.html 2 CNPq- Edital 26/2010- Processo nº 591607-2010-2. Acesso em: http://projetoapoiar.blogspot.com.br/ 39 Luiz de Queiróz (ESALQ-USP), atendendo ao disposto no Decreto nº 5.153 de 23 de julho de 2004, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). E por último, foram utilizados os mapas dos remanescentes de fragmentos florestais e da cobertura vegetal, das curvas de nível, cobertura do solo, declividade e rede hidrográfica elaborados por Lourenço et al. (2009) e do Plano Diretor Ambiental da Prefeitura Municipal de SorocabaPDA (PMS, 2011) e sua respectiva base de dados. A vegetação foi analisada sobre fotografias aéreas ortorretificas na escala de 1:2.000 (2004) atualizadas através de imagens de satélite do sensor Landsat 5 TM órbita ponto 220/076 de 31/08/2010, obtidas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Os fragmentos dos remanescentes florestais foram classificados em estádios inicial, médio e avançado, segundo Lourenço et al. (2014). A partir do conjunto de informações coletadas foi consolidado um banco de dados que serviu de base para as análises efetuadas. Cada dado de ocorrência de uma espécie em uma área foi considerada como “registro de ocorrência” e cada referência consultada foi considerada como “fonte”. O banco de dados foi complementado com informações sobre a vulnerabilidade das espécies (IUCN, 2012; IBAMA, 2013), síndromes de dispersão, classe sucessional e categoria de ameaça com base no Anexo da Resolução SMA nº 08 de 31 de janeiro de 2012 e outras fontes, bem como síndromes de polinização e hábito obtido a partir de revisão bibliográfica em artigos publicados e incluídos nas listagens elaboradas. O conceito de hábito adotado foi o proposto por Backes & Nardino (2003). As espécies foram classificadas como nativa ou exótica e potencial invasora com base em consulta ao banco de dados da FAO (2013) sobre espécies florestais invasoras, naturalizadas e introduzidas. Todos os nomes científicos foram conferidos pelo Missouri Botanical Garden (TROPICOS, 2013). Para a definição da zona de registro de ocorrência de cada espécie, foram considerados os quadrantes entre as direções norte e leste (NE), sul e leste (SE), norte e oeste (NW) e sul e oeste (SW). Cada registro também foi classificado em relação a sua inserção em área urbana, periurbana e rural. Para tanto, com uso de ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG) foi obtida a mediana da região urbanizada de Sorocaba, denominada de “Ponto Central Urbano” (PCU) situado a 47º27’15.55”O; 23º30’29.42”S. Na classe urbana foram inseridos todos os registros situados em um raio de 9 km do PCU; como periurbana foram incluídos os localizados entre 9 e 12 quilômetros do PCU e como rural, aqueles a partir de 12 quilômetros do PCU. O tipo de área foi estabelecido como sendo “fragmento” para áreas naturais de vegetação e “fragmentos urbanos” para locais totalmente inseridos na matriz urbana, sem características definidas de tipologia. A partir dos dados de levantamentos de campo, para cada área de estudo foi calculada a riqueza (S), representada pelo número de espécies registradas por área, e a riqueza relativa (Sr), calculada como Sr= S/n onde n foi o número de áreas amostradas. A identificação das zonas e fragmentos de alto valor para a conservação da diversidade foi obtida a partir da aplicação de um conjunto de critérios e indicadores que visou estabelecer as regiões com maior risco para os remanescentes florestais baseado nos conceitos de ocorrência das espécies e análise das características dos fragmentos. Para classificar as zonas em relação ao nível de prioridade de conservação das espécies foram utilizados também os parâmetros de vulnerabilidade das espécies e raridade (número de vezes que a espécie ocorreu em cada local de coleta), calculada como r= 1/ni onde ni é o número de locais onde a espécie ocorreu. Para analisar o estado de conservação dos fragmentos, estes foram comparados com os dados de levantamentos florísticos realizados no Ribeirão do Ferro, na Floresta Nacional de Ipanema-FLONA (N.P. FREITAS, dados não publicados), considerada como referencial regional de área conservada. A similaridade entre os locais de amostragem e o 40 referencial de conservação foram obtidos por meio de análise de agrupamento com os dados de presença e ausência de espécies pelo método de Ward´s empregando-se o pacote PAST 2.1. As diferenças entre as regiões, zonas e classes de urbanização foram obtidas utilizando-se os dados relativos calculados como d/ni onde d é o valor absoluto de cada dado obtido e ni é o número de locais estudados. Com estes dados relativos foram empregados os testes de Mann-Whitney e Monte Carlo e a análise não paramétrica de Kruskall-Wallis. Caracterização geral dos remanescentes florestais Os remanescentes florestais de Sorocaba em estádio médio e avançado de conservação ocupam 1999,8 hectares que representam apenas 4,46% do município3, onde 749,9 hectares (37,5%) são de fragmentos com tamanho menores do que 5 hectares. Estudos sobre fragmentação mostram que áreas inferiores a 10 hectares apresentam alta taxa de mortalidade, redução do número de espécies e efeitos de borda (RANKIN-DE-MERONA & ACKERLY, 1987). Assim, considerando estes dados, pode-se sugerir que uma parte representativa da área ocupada pelos remanescentes florestais de Sorocaba está em condições que levam a sua degradação e ameaçam a conservação da biodiversidade local. Além disto, os fragmentos menores do que 20 hectares (n= 2475) representam 97,6% do total de remanescentes presentes em Sorocaba (n= 2537) e estão predominantemente localizados nas zonas SE e NE, com uma distribuição homogênea e contínua (Figura 1 - anexo). Por outro lado, os fragmentos maiores do que 20 hectares (n= 62) representam apenas 2,4% do total, sendo estes valores inferiores aos constatados no restante do Estado de São Paulo, no qual 19,8% dos remanescentes apresentam área maior do que 20 hectares (NALON et al., 2008). Os fragmentos maiores do que 5 hectares representam 95 áreas, sendo 17 (17,9%) em estádio avançado de sucessão e 78 (82%) em estádio médio, enquanto os menores do que 5 hectares representam 631 áreas (LOURENÇO et al. 2014). Com base nos dados destes autores contata-se que apenas 13,1% dos fragmentos da região apresentam tamanho superior a 5 hectares. Estes valores obtidos são inferiores aos constatados no Estado, no qual 19,8% dos fragmentos apresentam área maior do que 20 hectares (NALON et al., 2008). Contudo, a maioria dos remanescentes florestais existentes está concentrada nas Zonas Sudeste (SE) e Nordeste (NE) (PMS, 2011; pg. 54). Analisando a distribuição dos fragmentos na paisagem, a Zona NW se caracteriza pela quase ausência de remanescentes maiores do que 80 hectares e por poucos fragmentos entre 20 e 80 hectares (Figura 1). Embora com ausência de fragmentos grandes (> 80 hectares), a Região Oeste de Sorocaba (Zona NW) é uma das maiores do município e abrange 7.906,5 hectares, dos quais 1.395,97 hectares (17,7%) são cobertos por vegetação, predominantemente de Floresta Estacional com encraves de Cerrado (PIÑA-RODRIGUES et al. 2011; MANDOWSKY, 2012). Estes remanescentes florestais são estratégicos para a manutenção da conectividade entre fragmentos, pois se concentram na região vizinha, nas cidades de Salto de Pirapora e Iperó, onde se situa a FLONA Ipanema, maior cobertura vegetal do Município de Sorocaba. Segundo dados de Mandowsky (2012), na região NW ocorrem 36 fragmentos (60%; NTOTAL= 60) 3 Ver dados completos e originais na Tabela 2- Capítulo 4 (LOURENÇO et al, 2014). 41 com índice de forma superior a 3,0, o que representa o predomínio do formato mais alongado4, com maior extensão do que largura. Esta característica é considerada indesejável, pois favorece o “efeito de borda” causando mortalidade de indivíduos, condição que propicia o estabelecimento de invasoras e aumento do risco de queimadas. No total, esta zona apresentou 60 fragmentos, sendo que 26 (43%) deles apresentaram área menor do que 10 hectares. Com índice de forma médio de 3,26 e dominância de fragmentos alongados são suscetíveis aos fatores relatados (Figura 1). Os maiores fragmentos (> 20 hectares) foram os que apresentaram o formato mais alongado (índice > 3,0) mostrando que, apesar de sua extensão e tamanho, estão suscetíveis à degradação ambiental (PIÑA-RODRIGUES et al. 2011; MANDOWSKY, 2012). Caracterização da vegetação Na região Norte, foram analisadas 11 áreas, sendo a maioria na Zona NE (n= 8), enquanto na Sul, as amostragens foram realizadas em quatro áreas (Tabelas 1 e 2). Apesar do maior número de levantamentos ter ocorrido na região Norte, não houve diferença significativa (p=0,3417) nos registros obtidos entre as regiões Norte (Zonas NE e NW) e Sul (Zonas SE e SW), podendo as diferenças entre eles serem atribuídas à composição florística e não ao esforço amostral efetuado. Tabela 1: Localização dos fragmentos amostrados para estudos da vegetação em remanescentes florestais nas Zonas Nordeste (NE) e Noroeste (NW) de Sorocaba. Dados coletados de 2008 a 2010 (PIÑA-RODRIGUES et al., 2010; MANDOWSKY, 2012) Região Zona Industrial NE Zona Oeste NW Nome do fragmento Fragmento 1 (GM) Fragmento 2 (GM) Fragmento 3 (GM) Fragmento 4 (GM) Laranjal UFSCar Raposo Localização do ponto de referência 23º30'21"S e 47º27'21"O 23º24'55"S e 47º26'58"O 23º25'19"S e 47º21'04"O 23º29'09"S e 47º22'47"O 23º34'13"S e 47º30'53"O 23º34'53"S e 47º32'12"O 23º30'80"S e 47º32'12"O 4 O índice de forma varia de 1 (área mais circular) a 7,4 (áreas compridas). 42 No município de Sorocaba foram amostrados até o presente 15 áreas, ou seja, menos de 1% dos remanescentes existentes com base nos levantamentos do PDA (PMS, 2011) e de Lourenço et al. (2014). A maioria dos locais estudados situa-se na Zona NE e está concentrada nas classes urbanas (n= 7; 47%) e periurbanas (n= 5; 33%), com poucas amostragens na rural (n= 3; 2%). Na Zona SE, onde se concentram os maiores remanescentes, foram realizados estudos em apenas três fragmentos sendo considerada como uma zona onde ainda existem lacunas de conhecimento (Tabela 2). No total foram efetuados 959 registros, com 61±35,4 por zona. A região com maior número de registros foi a NE (50,5%), com média de 72±32 por fragmento, seguida da NW (34,2%), com 59±35,6 por área amostrada. Por outro lado, a menor foi a SW, com apenas 28 registros, porém oriundo de um único remanescente urbano. Embora a maior quantidade de registros tenha sido constatada na região periurbana (344 registros; µ= 69±41), o maior número relativo ocorreu na área rural, com 223 anotações, mas com média de 74±40 registros por área estudada (Figura 2 - anexo). Apesar das diferenças nos dados absolutos entre as classes de urbanização, estas não apresentaram diferença significativa (p= 0,57) no número relativo de registros. Isto mostra que os fragmentos urbanos contribuem para a presença de espécies florestais tanto quanto as periurbanas e rurais, enfatizando a importância dos fragmentos urbanos na biodiversidade local. Do total de 959 registros, foram identificadas 429 espécies, das quais 93,3% foram catalogadas em algum nível taxonômico, sendo 276 (64,3%) em nível de espécie, 73 (17%) em nível de gênero e 50 (11,5%) apenas por família. Na região houve um esforço amostral de 1: 2,4, ou seja, a cada 2 a 3 materiais botânicos coletados e registrados, uma nova espécie foi catalogada enfatizando a diversidade encontrada na região. Entre os registros efetuados, as espécies arbóreas e arbustivas foram dominantes (71,1%), enquanto outros hábitos representaram apenas 5,9%. Isso mostra o acúmulo de conhecimento adquirido pelas instituições locais sobre a vegetação, porém também ressalta o maior foco na coleta de espécies arbóreas e arbustivas e a lacuna de estudos sobre outros hábitos. 43 Tabela 2: Número de registros de ocorrência de espécies por local e zona de levantamento florístico em remanescenetes florestais amostrados no município de Sorocaba. NE= quadrante Nordeste; NW= quadrante Noroeste; SE= quadrante Sudeste; SW= quadrante Sudoeste. Lista completa de espécies disponível em: http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projetoverde.html. Local Avenida Armando Pannunzio Avenida Ipanema Castelinho - Itu Éden - Rolamentos Schaeffler Fragmentos UFSCar Parque da Biodiversidade Parque Natural “Chico Mendes” Parque Ouro Fino Parque Zoológico Quinzinho de Barros Parque Mário Covas Prox Clube Recreativo UNIP Zona Industrial- GM Zona Oeste - Laranjal Zona Oeste - Raposo Total geral Nº de áreas amostradas 86 Total geral 28 28 31 54 55 86 68 68 NE NW SE SW 28 28 31 54 55 195 195 37 37 38 27 14 130 449 8 120 48 223 3 259 3 28 1 38 27 14 130 120 48 959 15 44 Figura 2: Número médio e total de registros de espécies nos fragmentos amostrados nas classes urbana, periurbana e rural de diferentes zonas do município de Sorocaba. NE = quadrante norte e Leste; NW= quadrante Norte e Oeste; SE= quadrante Sul e Leste; SW= quadrante sul e oeste. As espécies com maior número de ocorrências nos levantamentos foram Copaifera langsdorffii Desf., Platypodium elegans Vogel, Trema micrantha (L.) Blume e Machaerium sp .Pers, podendo ser consideradas como frequentes nos fragmentos da região de Sorocaba (Tabela 3). Apesar de T. micrantha ter sido abundante, foi menos comum do que as demais, uma vez que ocorreram registros dela em apenas quatro das 15 áreas estudadas. Entre as espécies mais comuns, a maioria é característica da Floresta Estacional Decidual (SMA, 2008; VIBRANS et al., 2008; OLIVEIRA FILHO et al., 2008), excetuando-se Qualea grandiflora Mart. e Caryocar brasiliense Cambess., classificadas como do Cerrado (SMA, 2008). É importante destacar que, tanto C. langsdorffii quanto P. elegans estão na lista da IUCN, porém classificadas como pouco preocupantes (LC), indicando que, nestes fragmentos estão ocorrendo condições que propiciam a reprodução e o estabelecimento destas espécies. Por sua 45 vez, T. micrantha, Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera , Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. e Cecropia pachistachia Trécul são pioneiras, com rápido crescimento e reprodução precoce (< 3 anos) e sua presença abundante nos fragmentos estudados indica a ocorrência de clareiras e distúrbios nestas áreas que propiciam a germinação das sementes e estabelecimento da regeneração natural. Isto se baseia em pesquisas demonstrando que as pioneiras tem sua germinação promovida pelas condições de luz e temperatura que ocorrem na abertura de clareiras após distúrbios nas florestas tropicais (VÁSQUEZ-YANES & ORÓZCO-SEGOVIA, 1982; GODOI & TAKAKI, 2005). Tabela 3: Lista de espécies com maior número de registros de coleta e ocorrência nas áreas amostradas de remanescentes florestais do município de Sorocaba. Espécie Copaifera langsdorffii Desf. Machaerium sp Pers Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera Casearia sylvestris Sw. Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Platypodium elegans Vogel Guazuma ulmifolia Lam. Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. Cecropia pachystachya Trécul Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch. Luehea divaricata Mart. Qualea grandiflora Mart. Croton floribundus Spreng. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Caryocar brasiliense Cambess. Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. Tapirira guianensis Aubl. Cupania vernalis Cambess. Trema micrantha (L.) Blume Anadenanthera peregrina (L.) Speg. Nº de registros de ocorrência 28 20 13 12 14 24 11 10 8 10 9 9 7 7 6 13 6 5 21 9 Nº de áreas 13 10 10 10 9 8 8 8 7 6 6 6 6 6 6 5 5 5 4 4 46 A Zona NE foi a que apresentou a maior riqueza (S), seguida da SE que foi também a de maior riqueza relativa de espécies (Figura 3). Em ambas as zonas, Copaifera langsdorffii e Platypodium elegans foram as espécies mais comuns. Além da riqueza de espécies na Zona NE, esta também foi a que apresentou nos remanescentes a maior quantidade de espécies vulneráveis e ameaçadas (Figura 4), sendo elas Cedrela fissilis Vell., classificada como ameaçada, e as vulneráveis Cariniana legalis (Mart.) Kuntze, Cedrela odorata L.,, Dalbergia nigra (Vell.) Allemão exFr. All. Ex Benth., , Esenbeckia leiocarpa Engl. e Brosimum glaziovii Taub.. A região Norte de Sorocaba, contudo destaca-se como contendo a maior quantidade de registros de espécies na lista da IUCN, onde a Zona NW foi a segunda de maior destaque, com a presença das espécies vulneráveis Brosimum glaziovii Taub., Machaerium stipitatum (DC.) Vogel e Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau. ex Verl.. A despeito da riqueza relativa de espécies da Zona SE (Figura 3), nos levantamentos efetuados não foram constatadas espécies ameaçadas ou vulneráveis, apesar de registros de espécies do gênero Machaerium, considerado importante para a conservação. Por outro lado, esta também é uma das zonas consideradas com lacunas de conhecimento sobre sua diversidade vegetal (PMS, 2011). Na classificação das espécies quanto a sua raridade local, 54% (n= 154) das espécies identificadas foram registradas em apenas um dos fragmentos amostrados. A importância da região Norte para a diversidade vegetal é destacada com a concentração do maior número de espécies raras (n= 80) na Zona NE, ou seja, que ocorrem apenas nesta zona do município (Figura 5). Nas Zonas NE e NW destaca-se a presença da espécie Cariniana legalis, inserida na lista de espécies-alvo de São Paulo (RODRIGUES et al., 2008), e Zeyheria tuberculosa, ambas classificadas como vulneráveis pela IUCN (IUCN, 2012). Em termos de raridade relativa, não houve diferença significativa (p<0,05) na quantidade de espécies classificadas como raras nos fragmentos para as Zonas Norte e sul. O percentual de espécies com raridade local enfatiza a importância dos remanescentes na conservação, em especial das espécies ameaçadas. Figura 3: Riqueza absoluta e relativa de espécies dos remanescentes florestais das diferentes regiões do município de Sorocaba. 47 Figura 4: Número de espécies ameaçadas (EN), vulneráveis (V), ocorrentes nos remanescentes florestais de diferentes zonas do município de Sorocaba. Critérios de vulnerabilidade baseados em IUCN (2012). Além das espécies raras e ameaçadas, nos fragmentos estudados foram amostradas espécies exóticas e invasoras, embora em baixa proporção em relação ao número total de registros efetuados (0,81 e 2,3% respectivamente). A proporção de espécies invasoras (4,1%) foi maior do que a de exóticas (2,0%), mostrando que a sua presença pode ser mais preocupante para o manejo dos fragmentos do que as exóticas. Dentre as exóticas destacam-se também Eucalyptus sp., Mangifera indica L., Melia azedarach L., Morus nigra L.,. , Laurea nobilis L., Bunchosia armeniaca (Cav.)A. DC., Heliocarpus americanus L. e Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.. A maior proporção de registros de especies invasoras e exóticas ocorreu na Zona SE, onde se insere o Zoológico Municipal, um importante fragmento urbano de Sorocaba (Tabela 4). Entre as espécies, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. e Schinus terebinthifolia Raddi foram consideradas como potencialmente invasoras, baseadas em experiências anteriores de restauração da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (F.C.M. Piña-Rodrigues, informação pessoal). Além disso, S. terebinthifolia apresenta efeito alelopático impedindo a germinação de sementes de outras espécies (MORGAN & OBERHOLT, 2005). Estas espécies foram frequentes na maioria das áreas estudadas, denotando a importância do seu controle. Outras espécies como Leucaena leucocephalla (Lam.), Artocarpus heterophyllus Lam. e Pinus sp. configuram-se como exóticas e invasoras, com alto potencial de propagação e disseminação para outras áreas, requerendo ações de controle de sua ocorrência nos fragmentos estudados. 48 Figura 5: Número de espécies classificadas como de raridade local, ocorrendo em apenas uma das áreas amostradas nos fragmentos estudados (n= 15) em Sorocaba (R<1,0). Raridade= 1/ni, onde ni é o número de áreas onde a espécie ocorreu. Artocarpus heterophyllus Lam. Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze E Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. N 1 Schinus terebinthifolia Raddi N 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 2 1 1 Total geral 1 N E Prox Clube Recreativo Parque Zoológico Quinzinho de Barros Parque da Biodiversidade Jardim Botânico Fragmentos UFSCar Éden - Rolamentos Schaeffler 1 E Pinus sp. Total geral Casarão Brigadeiro Tobias Av Armando Pannunzio Espécie Classificação Tabela 4: Relação de espécies consideradas como invasoras e potencialmente invasoras observadas em diferentes remanescentes florestais do município de Sorocaba. E= exótica; N= nativa. 1 2 1 1 2 2 2 6 1 3 2 15 49 Caracterização ecológica dos fragmentos Do total de registros, a maioria foi classificada como Floresta Estacional (55,3%) e Cerrado (16,2%), enquanto os fragmentos urbanos concentraram 20,3% dos registros efetuados (Figura 6). Dentre as áreas de Cerrado, destacam-se o Parque Chico Mendes e o Éden (Tabela 2) com 44% e 35%, respectivamente dos registros de espécies do Cerrado (n= 155). Para a Floresta Estacional, os fragmentos GM, na Zona NE, e Raposo, na Zona NW, representaram 25% e 23% dos registros de espécies desta tipologia. Este conjunto de dados evidencia a importância da Zona NE, onde tanto o Cerrado do Éden, quanto o fragmento-GM concentraram uma parcela representativa das tipologias florestais ocorrentes na região. Além da análise da vegetação dos remanescentes florestais, é importante a interpretação de suas características ecológicas. De maneira geral, os fragmentos apresentaram predominância de espécies dispersas por animais (Figura 6), onde a zoocoria foi identificada para 63,5% das espécies. Apesar da expressiva dominância da zoocoria, estes valores estão abaixo do esperado para áreas de Floresta Atlântica e mesmo de Floresta Estacional Decidual. Em florestas maduras e conservadas a zoocoria, em especial por vertebrados, predomina em 80-90% das espécies (TABARELLI et al., 1999; WEBB & PEART, 2001), podendo encontrar-se taxas de 60-70% em áreas mais degradadas (MORELLATO & LEITÃO FILHO, 1992; PIVELLO et al. 2006). Por outro lado, a taxa de anemocoria (24,1%) se assemelha à encontrada em locais mais abertos (PIÑA-RODRIGUES & AGUIAR, 1993; TALORA & MORELLATO, 2000) e no Cerrado, entre 20 e 40% (PIRATELLI, 1999; VIEIRA et al. 2002). A presença de altas taxas de anemocoria nas áreas estudadas pode ser reflexo de uma fisionomia florestal mais aberta, onde a falta de um dossel contínuo favorece as espécies dispersas pelo vento (OLIVEIRA & MOREIRA, 1992; VIEIRA et al. 2002). Em relação às zonas estudadas, a anemocoria esteve mais presente nas áreas de Cerrado e de fragmentos urbanos, enquanto as áreas ao Norte (NE e NW) foram as que concentraram a maior proporção de espécies zoocóricas em relação as que se situam ao Sul (SE e SW) (Figura 6). Isso indica a importância destas áreas tanto em termos de conservação como de atração e manutenção da fauna. Nestas zonas, os remanescentes situados próximos a GM (11,2%), na região Norte (Tabela 1), e os denominados Fragmento-Laranjal (11,2%) e Fragmento-Raposo (10,4%), ambos na região Oeste, foram os que apresentaram a maior proporção de registros de zoocoria. Contudo, considerando apenas as espécies zoocóricas, a Avenida Ipanema (66,7%), o Parque Ouro Fino (65%), a região do Clube Recreativo (50%) e a Zona Industrial-GM (52,6%) foram os fragmentos como maior proporção de registros de espécies ornitocóricas. Estas áreas integram o cinturão verde do município, situadas nas áreas urbana e periurbana. Não houve diferença estatística entre as classes de urbanização para os registros de síndrome (p= 0,6959), reforçando mais uma vez a contribuição dos fragmentos urbanos na conservação da biodiversidade e, em especial, os situados na Zona Norte. 50 Figura 6: Classificação dos fragmentos em relação às síndromes de dispersão. (A) Percentual de espécies por síndrome de dispersão nas áreas de remanescentes florestais (n= 15), (B) percentual de registros de síndromes por zona, (C) percentual de registros por classe de urbanização, (D) percentual de registros por tipos de vegetação no município de Sorocaba. NE= Zona Nordeste; NW= Zona Noroeste, SE= Zona Sudeste; SW= Zona Sudoeste. FESD= Floresta Estacional Decidual; FRAG-U= fragmentos urbanos. 51 Avaliação do estágio de conservação dos fragmentos A comparação dos fragmentos florestais estudados mostrou que houve similaridade na composição florística entre a área referencial de conservação, o Ribeirão do Ferro (RF) na FLONA de Ipanema com o Parque da Biodiversidade (Pbio). O parque apresentou 15% dos registros de raridade dos fragmentos amostrados, ressaltando sua importância no contexto do município. Estas áreas formam o grupo “A” (Figura 7) cuja similaridade se dá pela composição florística, sendo ambas as áreas de vegetação típica da Floresta Estacional. Por outro lado, as áreas do entorno do Clube Ipanema (CI), Av. Armando Pannunzio (AvAP), região da Rodovia Castelinho-Itu (CI), Parque Governador Mário Covas (PMC), Zona Industrial-GM (ZI) e Avenida Ipanema (AvIp) formaram o grupo “B” que inclui desde fragmentos urbanos a áreas de arborização, podendo ser considerados como ambientes mais antropizados. O fato do fragmento da Zona Industrial-GM estar neste grupo, apesar do elevado registro de espécies (Tabela 1), pode estar relacionado a sua maior degradação evidenciada pela presença de grande quantidade de espécies pioneiras típicas de áreas antropizadas e com dispersão anemocórica conforme constatado por Piña-Rodrigues et al. (2011) e Mandowsky (2012). Também se destacaram dos demais o grupo “C” que inclui os Fragmentos Florestais da UFSCar (Frag-U) e o “D” formado pelo Parque Natural Chico Mendes (PNCM) e o Parque Ouro Fino (POF). Conforme a análise das características florísticas e ecológicas destas áreas (Tabela 5; Figura 8), o grupo “C” apresenta áreas em estágio inicial de regeneração, porém com a presença de muitas espécies pioneiras e anemocóricas, indicando a ocorrência de fatores geradores de degradação. Realce deve ser dado ao fato de que, entre as áreas antropizadas do grupo “C”, se encontram duas áreas de conservação municipais: o Jardim Botânico e o Parque Governador Mário Covas. Particularmente este último, apesar de seu tamanho (50 hectares), os levantamentos de campo indicaram que o remanescente encontra-se bastante degradado, com apenas 5% de espécies de raridade local, superior apenas ao valor obtido nas áreas antropizadas e urbanas da Av. Ipanema (2%). Pelos resultados obtidos sugere-se que, tanto o Jardim Botânico quanto o Parque Mário Covas, sejam alvo de restauração e recomposição de sua vegetação, pois não estão, no presente, cumprindo sua função de proteção da diversidade das espécies florestais locais. Tão grave quanto estes é a área do Éden (grupo “E”) cuja vegetação típica de Cerrado apresentou-se distinta das demais, enfatizando a importância deste trecho para a conservação. Além disto, segundo o Plano Diretor Ambiental (PMS, 2011), este fragmento ocorre em uma área de alta industrialização e expansão da cidade, tornando-o ainda mais vulnerável. De maneira geral, estudos geográficos de comunidades e de paisagem apontam características como tamanho, forma e conectividade, entre outras, para determinar áreas prioritárias de conservação (MATERSEEN et al., 2008). Como visto nos presentes dados, a análise de fatores qualitativos, vegetacionais e ecológicos contribuiu decisivamente para a tomada de decisões. Isto porque, conforme constatou Santos (2003), tanto áreas dentro dos próprios fragmentos quanto entre fragmentos de mesmo tamanho podem ser heterogêneas, indicando que as variações observadas não estariam relacionadas apenas ao tamanho, forma ou conectividade, mas associadas à heterogeneidade ambiental e à ocorrência de fatores de perturbação como as queimadas. Este fato também foi constatado por Piña-Rodrigues et al. (2011) e Mandowsky (2012) em fragmentos nas Zonas Norte e Oeste de Sorocaba, onde fatores como a proporção de espécies por grupos ecológicos, síndromes e as características de aporte de biomassa e abertura do dossel foram decisivas para a avaliação do estado de degradação e/ou conservação dos fragmentos estudados. 52 Com base nisso, para contribuir com uma análise mais global agregando o conjunto de dados apresentados até o presente, foi elaborada a Tabela 5 que sistematiza as informações e os dados sobre a análise da vegetação e ecológica dos remanescentes florestais e das zonas em que estes se inserem e sugere as propostas de ação a serem adotadas para a conservação dos remanescentes florestais. 53 Tabela 5: Características das zonas de ocorrência de remanescentes florestais e das áreas públicas de conservação baseado na análise florística e ecológica e propostas de ação. 1 LOURENÇO et al. (2009); 2 MANDOWSKY (2012); 3 PMS (2011); LOURENÇO et al. (2014) e dados dos autores;. Alta= maior ou igual a 2/3 da média; Média= entre 1/3 e 2/3 da média e Baixa= menor do que 1/3 da média. Zona Características da vegetação NE Presença de fragmentos maiores do que 20 ha 1,2, 3 Baixa presença de fragmentos maiores do que 80 ha 1,2, 3 Alta riqueza de espécies Alta presença de espécies vulnerável, ameaçada e próxima da extinção Alta presença de espécies raras Taxa média de espécies invasoras NW Dominância de fragmentos < 20 ha 2, 3 Baixa presença de fragmentos maiores do que 80 ha 2, 3 Dominância de formato alongado dos fragmentos2 Média riqueza de espécies Alta presença de espécies vulneráveis e ameaçadas Baixa presença de espécies raras Taxa média de espécies invasoras SE SW Alta presença de fragmentos maiores do que 40 ha3 Média riqueza de espécies Baixa presença de espécies vulneráveis Média a baixa presença de espécies raras Alta presença de espécies invasoras e exóticas Dominância de fragmentos de <20 ha3 Presença de fragmentos maiores do que 40 ha3 Baixa riqueza de espécies Baixa presença de espécie ameaçada Baixa presença de espécies raras Baixa presença de espécies exóticas e invasoras Características ecológicas Alta taxa de zoocoria e anemocoria Dominância de espécies pioneiras Áreas amostradas Propostas de ação Avenida Ipanema Castelinho - Itu Éden - Rolamentos Schefler Parque da Biodiversidade Parque Natural “Chico Mendes” Parque Municipal Mário Covas UNIP Zona Industrial- GM Criação do Corredor Norte-Sul de Diversidade Inclusão desta zona como prioridade no corredor de biodiversidade Ampliação do Parque da Biodiversidade devido a sua importância na riqueza local de espécies e sua posição estratégica na interligação dos fragmentos maiores da zona SE com a NE. Ampliação, enriquecimento e restauração do Parque Mário Covas para inclusão desta zona no Corredor de Biodiversidade Norte-Sul Maiores taxas de zoocoria do município Fragmentos UFSCar Dominância de espécies secundárias Zona Oeste - Raposo Medidas de conservação para a proteção dos fragmentos maaiores do que 10 ha presentes na área. Parque Ouro Fino Inclusão na área no Corredor Norte-Sul de Biodiversidade Fragmentos UFSCar Controle de espécies invasoras Parque Zoológico Quinzinho de Barros Zona de lacuna de conhecimento sobre a flora Baixa taxa de zoocoria Dominância de espécies pioneiras Baixa taxa de zoocoria Dominância de espécies pioneiras Zona Oeste - Laranjal Prox Clube Recreativo Avenida Armando Pannunzio Realização de estudos de florística e fitossociologia Devido à proximidade de áreas urbanas, inclusão desta zona em programa de restauração urbana com ações de paisagismo, arborização, revitalização de praças públicas e incentivo à manutenção de quintais urbanos com o uso de espécies nativas Formação de Corredor UrbanoPaisagístico para aumento da conexão entre fragmentos 54 Figura 7: Dendrograma resultante da análise de agrupamento pelo método de Ward´s considerando a presença e ausência de espécies nos fragmentos florestais amostrados (n= 15) e os usados como referenciais (n= 2), no município de Sorocaba. Eden= Fragmento Éden; POF= Parque Ouro Fino; PNCM= Parque Natural Chico Mendes; ZOL= Zona Oeste-Fragmento Laranjal; ZOR- Zona OesteFragmento Raposo; Frag-U= Fragmento Florestal UFSCar; PZQB= Parque Municipal Zoológico Quinzinho de Barros; PCR= Proximidade Clube Recreativo; AvAP= Avenida Armando Panunzio; CI= Rodovia Castelinho-Itu; PMC= Parque Municipal Mário Covas; ZI= Zona industrial; AvIP= Avenida Ipanema; JBSor= Jardim Botânico de Sorocaba; CBT= Casarão Brigadeiro Tobias; Pbio= Parque da Biodiversidade; RF= Ribeirão do Ferro-Iperó-SP. 55 Identificação de corredores prioritários para a interligação de fragmentos florestais (CPIF) Como apresentado por Kawakubo et al. (2008), o rio Sorocaba ainda conta com 45% de suas áreas de APP com vegetação arbórea, atravessando o município de sul à norte. Este fato indica a possibilidade destas áreas protegidas serem utilizadas para a formação de um corredor de biodiversidade, mediante a adoção de políticas públicas de manutenção, proteção e recuperação ambiental destas áreas. Os resultados deste estudo e os debates e conclusões obtidos nesta publicação sobre a diversidade da vegetação dos fragmentos estudados em Sorocaba vêm também complementar e contribuir com o PDA (PMS, 2011) para a proposição de ações do poder público, no sentido na promoção da conservação da diversidade dos remanescentes florestais visando a sua proteção, conservação, manejo e recupeção. Por isto, uma das propostas é que, como primeiro passo, se deva eleger os remanescentes mais significativos e, por meio de um instrumento legal, declarálos de utilidade pública, evitando assim conflitos com os usos futuros destas glebas. É importante destacar que este também foi um dos pontos destacados no PDA; contudo, conforme ressaltaram os elaboradores do plano, faltavam dados de vegetação como os produzidos no presente capítulo, que embasassem essas recomendações. Neste contexto, a Zona NE apresenta um conjunto de fragmentos com a ocorrência de espécies ameaçadas e vulneráveis e alta proporção de espécies atrativas à fauna, com a presença de fragmentos de maior tamanho (Tabela 5; Figura 1). Este conjunto de características pode lhes proporcionar maior resiliência aos impactos tornando a região prioritária para ações de implantação de áreas de conservação. Por seu posicionamento na paisagem, em conjunto com a Zona SE, formam uma área indicada para o estabelecimento de unidades de conservação municipais ou em parceria com empresas locais, já que inclui a Zona Industrial. Acrescente-se a isto o fato da Zona SE ser considerada ainda como uma área de lacuna (PMS, 2011) requerendo estudos mais detalhados sobre a flora. A concentração de fragmentos maiores do que 80 hectares (Figura 1) em estádio médio a avançado de sucessão (Figura 8) se junta à riqueza de espécies (Figura 3) e à presença de espécies ameaçadas e vulneráveis (Figura 4), o que permite que se sugira para as Zonas NE-SE a formação de um Corredor de Diversidade Norte-Sul, com a proteção destes remanescentes florestais conforme ilustra a Figura 8. Zona NW com ações que visem à proteção de remanescentes maiores de importância local, tais como alguns dos identificados no presente estudo. O conjunto de ações de conservação interligando a Zona NW ao Corredor de Diversidade Norte-Sul formaria o Corredor de Diversidade Regional. 56 Este tipo de ação tem uma série de inconvenientes do ponto de vista político para o governo municipal, pois interfere em interesses econômicos de particulares e de empresas, que pretendem implantar e desenvolver novos negócios nestes locais. Ainda mais considerando a situação atual de Sorocaba, onde a escassez de terrenos devido à alta demanda já é uma realidade. Porém, não se tem como desenvolver um projeto consistente e de qualidade para a conservação da diversidade vegetal local se medidas como estas não forem tomadas. A viabilização técnica destas ações pode ser buscada por meio de parcerias com as universidades locais; e a questão financeira poderia ser viabilizada pela criação de mecanismos de compensação ambiental, em que tanto as licenças municipais, expedidas pela Secretaria do Meio Ambiente, como as licenças ligadas à Agenda Verde da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) para empreendimentos com área de abrangência no município, fossem convertidas em recursos para os processos de desapropriação das áreas com remanescentes e restauração de áreas para a interligação dos remanescentes, estabelecendo assim os corredores ecológicos. A melhoria da qualidade e quantidade da arborização urbana nos bairros que rodeiam as áreas prioritárias de corredores ecológicos deve ser alvo de um programa publico especial para sua implantação. O uso de espécies nativas e o aumento da densidade desta arborização são fundamentais para se formar uma zona tampão aos corredores. Este programa pode não fornecer um impacto numérico de plantio ao município, mas será capaz de melhorar muito o aspecto de contribuição à conexão de fragmentos urbanos, bem como paisagístico e microclimático das áreas onde foi implantado. Como observado no presente estudo, os fragmentos urbanos também contribuem para a diversidade local. A introdução na arborização de espécies nativas atrativas à fauna, tanto de polinizadores quanto de dispersores, em especial ornitocóricas, pode contribuir na restauração da conectividade entre fragmentos. Esta proposta se caracteriza na formação do Corredor Urbano-Paisagístico e do Corredor de Biodiversidade Sudoeste que podem vir a contribuir na conexão entre os parques públicos e fragmentos florestais urbanos quanto periurbanos situados na região Centro-Sul de Sorocaba (Figura 8). Deve-se enfatizar também a contribuição dos quintais situados nestas regiões que, em geral, deixam de ser avaliados em levantamentos da arborização, mas que contribuem para a diversidade urbana. Neste sentido, ações como a implantação do IPTU-Verde, nos moldes como vem sendo realizado em várias cidades brasileiras, pode aumentar a presença de áreas verdes nas zonas urbanas, contribuindo com a conexão entre fragmentos. Propostas prioritárias de restauração e conservação Analisando o município de Sorocaba com uma visão um pouco mais regionalizada, podemos observar importantes questões prioritárias para a interligação de fragmentos e a formação de corredores ecológicos para promover a conservação da diversidade. São elas: (a) Lacunas de pesquisa – Os levantamentos realizados mostraram que a Zona SE, apesar de conter os fragmentos maiores e mais conservados (Figuras 1 e 8), foi também a com menor número de estudos de levantamento da vegetação, o que a coloca esta região como foco prioritário de novos estudos. (b) Manejo e conservação- As áreas do Cerrado situadas na Zona NE encontram-se ameaçadas pela presença de espécies invasoras (Pinus sp.) e gramíneas tornando-os vulneráveis à ocor57 rência de incêndios florestais (Tabela 5). Nestas áreas as ações devem enfatizar a revegetação de seu entorno, o cercamento e a construção de aceiros. Por sua expressiva contribuição com espécies de Cerrado, esta zona, em especial alguns dos locais estudados, como o fragmento do Éden (Tabela 2), é recomendada a implantação do “Parque do Cerrado”. (c) Restauração das áreas de preservação permanente do rio Ipanema – É de grande importância para a conservação da diversidade local e liga a Zona SW da cidade com os remanescentes de vegetação da Fazenda Ipanema, reconhecida como um dos maiores fragmentos de Floresta Estacional do interior do Estado de São Paulo. Conservação de espécies – Do conjunto de espécies classificadas como ameaçadas, vulneráveis e raras, constatadas nos fragmentos amostrados foi elaborada uma listagem das espécies consideradas como prioritárias localmente para a conservação, podendo ser protegidas pela legislação municipal. Nesta estratégia se propõe a criação de mecanismos de compensação ambiental, tais como as citadas no Plano Diretor Ambiental de Sorocaba (PMS, 2011) que evitem a degradação das áreas onde estas espécies ocorrem e o fomento ao seu plantio, com sua inclusão nos programas de arborização e restauração. Estas são também são também sugeridas para programas de conservação no Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas” recentemente criado em Sorocaba. A lista de espécies potenciais para a conservação pode ser acessada em http://sementeflorestaltropical. blogspot.com.br/p/projeto-verde.html Formação de corredores • Corredor Urbano Paisagístico e Zona de Intervenção Urbanística- Os estudos dos remanescentes florestais complementaram e reforçaram a proposta apresentada no Plano Diretor Ambiental de Sorocaba (PMS, 2011), o qual ressaltava a falta de dados sobre a vegetação local para subsidiar as propostas de formação de corredores. Assim sendo, propõe-se que na direção sul, no sentido da barragem da represa de Itupararanga, na direção SE-SW, estes corredores devam ter como um dos guias principais o rio Sorocaba. Esta interligação, bem como a proposta na Zona SW (Tabela 5; Figura 8), deve ter características de Corredor Urbano Paisagístico, com o qual se devem aliar ações de manejo e de plantio de espécies nativas inseridas na arborização urbana (praças, ruas e avenidas), substituição de espécies exóticas invasoras, como é o caso da Leucaena leucocephalla ao longo do rio Sorocaba, e o fomento aos quintais para restabelecer a permeabilidade da paisagem por ações de educação ambiental. Estas práticas contribuem para a conexão entre fragmentos urbanos e periurbanos. Esta proposta também é reforçada por Macedo et al. (2012), que sugeriram a inclusão dos espaços livres urbanos na conservação com “a criação de um continnum de tipologias do espaço livre (praças, parques, ciclovias) que promovam o desenvolvimento de atividades voltadas às práticas esportivas, recreativas e de lazer” (sic). • Corredor de Biodiversidade Norte-Sul - A região apresenta espécies ameaçadas, vulneráveis (Figura 4) e localmente raras (Figura 5) em seus fragmentos, predominantes na região Norte, em especial na Zona NE. Nesta região as ações de conservação devem focar a implantação de unidades de conservação devido ao predomínio de fragmentos maiores (Figura 1) e conservados (Figura 8). Sugere-se como ação imediata a ampliação do Parque da Biodiversidade devido a sua importância em relação à conservação. Na Zona NE se verifica a carência de áreas protegidas e que, associada à expansão urbana, aumentam o risco de exclusão local de espécies ameaçadas. 58 Propõe-se com base nos resultados obtidos, a criação do Corredor de Biodiversidade Norte-Sul, integrando as Zonas NE com a SE, onde se constatou a lacuna de pesquisa. Na direção SE, onde se concentram as áreas reconhecidas pelo Plano Diretor Ambiental –PDA (PMS, 2011) como zona de conservação, a proposta de criação do Corredor Norte-Sul pode se estabelecer nas imediações do Parque Governador Mário Covas, se dirigindo à NE tendo como eixo principal o rio Pirajibu, conforme sugerido no PDA. Esta proposta baseia-se nos resultados obtidos para os fragmentos analisados e dá suporte técnico com base em estudos da vegetação aos resultados obtidos no mapa de fragilidade ambiental e áreas de risco elaboradas no macrozoneamento no PDA (PMS, 2011). Desta forma, o fomento ao estabelecimento de unidades de conservação (p.ex. RPPN ou AMPAS – Áreas Municipais de Proteção Ambiental) criaria fluxo de interligação destes fragmentos, inclusive com a Floresta Nacional de Ipanema situada na fronteira com a Zona NW. Restauração da área de preservação permanente: A lista de espécies potenciais para a conservação pode ser acessada em http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projeto-verde.html. Agradecimentos Os autores agradecem aos inúmeros estagiários que atuaram nas coletas de dados, levantamentos de campo e elaboração de mapas e referências. Agradecemos em especial à Secretaria de Meio Ambiente pelo uso do material relativo ao Plano Diretor Ambiental. 59 Referências bibliográficas ALBUQUERQUE, G.B.; RODRIGUES, R.R. A vegetação do morro de Araçoiaba, Floresta Nacional Ipanema, Iperó-SP. Scientia Forestalis, n. 58, p.145-159, 2000. ALMEIDA, A.F. CAMPOS, A. G. P.; ALBIERI, E.; SOUZA, M. B.; ALBUQUERQUE, G. B.; SEABRA, M. P.; PIRES, V. R. O.; TANIWAKI, R. H.; SILVA, J. H. Plano de Manejo do Parque da biodiversidade. Sorocaba: Prefeitura Municipal de Sorocaba- Secretaria de Meio Ambiente. 2013. ALMEIDA, V.P. Levantamentos florísticos nos parques de Sorocaba. Dados não publicados. 2013. BACKES, A.; NARDINO, M. Árvores, arbustos e algumas lianas nativas no Rio Grande do Sul. Editora Unisinos, São Leopoldo, 202p., 2003. ESTADO DE SÃO PAULO. Desmatamento e recuperação ambiental. Coordenadoria de Planejamento Ambiental, Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo, SMA. 2006. 36p. FAO, Food and Agriculture Organization of United Nations. Invasive and introduced tree species database. http://www.fao.org/forestry/24107/en/<Acesso em 10 de novembro de 2013>. FAPESP/BIOTA. Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo. http://www.biota-fapesp.net/estado.html <Acesso em 22 de janeiro de 2014>. FREITAS, N.P. Levantamentos da vegetação na região de Sorocaba. Dados não publicados. 2013. FREITAS, N.P.; GARCIA, J.P.M.; KAWAKUBO, F.S.; LUCHIARI, A.; SILVA FILHO, N.L.; ARGOUD, L.; MORATO, R.G.; PEÇANHA, M.P.; TAKAKI, M. Sistema de informações ambientais da bacia hidrográfica da represa de Itupararanga como suporte à implantação de uma área de proteção ambiental no estado de São Paulo. Revista Geografia e Pesquisa, v.2 - n.1, 2008. GODOI, S.. TAKAKI, M. Efeito da temperatura e a participação do fitocromo no controle da germinação de sementes de embaúba. Revista Brasileira de Sementes, vol.27, n.2, pp. 87-90, 2005. IBAMA. Lista de espécies da flora ameaçadas de extinção. Acesso em: 29/05/2013. Diponível em: http://www.ibama.gov.br/flora/extincao.htm IUCN. Red List of threatened species. Acesso em 29/05/2013. Disponível em: http://www.iucnredlist.org/static/categories_criteria_2_3. JORDANO, P.; M. GALETTI; M.A: PIZO; SILVA, W.R. Ligando frugivoria e dispersão de sementes à biologia da conservação. Pages 41. 1-436, In: DUARTE, C.F. , BERGALLO, H.G.; DOS SANTOS, M.A. (eds.). Biologia da conservação: essências. Editorial Rima, São Paulo, Brasil. 2006. KAWAKUBO, F. S. ; FREITAS, N. P. ; RIBEIRO, Clebson Aparecido ; PEÇANHA, M. P. . Mapeamento do uso da terra e cobertura vegetal utilizando imagem NDVI, fotografias aéreas e modelo de elevação digital: estudo de caso aplicado a projeto de desassoreamento ao longo de um trecho do rio Sorocaba. Geografia (Rio Claro), v. 33, p. 89-102, 2008. KORTZ, A. Composição florística dos fragmentos do câmpus da UFSCAR. Monografia. Sorocaba, UFSCar (Trabalho de Conclusão de Curso). 2009. 60 KRONKA, F.J.N.; NALON, M.A.; MATSUKUMA, C.K.; KANASHIRO, M.M.; YWANE, M.S.S.; PAVÃO, M.; DURIGAN, G.: LIMA, L.P.R.; GUILLAUMON, J.R.; BAITELLO, J.B.; BORGO, S.C.; MANETTI, L. A.; BARRADAS, A.M.F; FUKUDA, J.C.; SHIDA, C.N.; MONTEIRO, C.H.B.; PONTINHAS, A.A.S.; ANDRADE, G.G.; BARBOSA, O.; SOARES, A.P.; JOLY, C.A.; COUTO, H.T.Z.; 2005. Inventário florestal da vegetação nativa do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente, Instituto Florestal, 200p. LOURENÇO, R.O.; SANTOS, A.L.B.; GARCIA, N.M.; ROCHA, P.O.; EHLERS, R.B. Relatório Projeto Verde: digitalização de imagens. Sorocaba, Prefeitura Municipal de Sorocaba-Secretaria de Obras- NUPLAN, 20p., 2009. MACEDO, S.S.; SOUZA, C.B.; GALENDER, F. APPs urbanas e o sistema de espaços livres de Sorocaba-SP. Anais... Seminário de Áreas de Preservação Permanente Urbanas, Belém do Pará, 2012. Revista Brasileira de Estudos Urbanos Regionais, n.2. 2012. Disponível em: http://www.anpur.org.br/revista/rbeur/index.php/APP/index. MANDOWSKY, D. Análise dos remanescentes florestais da região norte e oeste de Sorocaba-SP visando à proposição de estratégias para sua conservação e manejo. Sorocaba, UFSCar (Trabalho de Conclusão de Curso). 2012, 99p. MARTENSEN, A.C.; PIMENTEL, R.G.; METZGER, J.P. Relative effects of fragment size and connectivity on bird communities in the Atlantic Rain Forest: implications for conservation. Biological Conservation, v.141, n.9, p.2184-2192, 2008. MORAES, A.P. Levantamento florístico de uma trilha em um fragmento florestal urbano do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, Sorocaba (SP). Sorocaba, Pontifícia Universidade Católica – PUC (Trabalho de conclusão de curso). 2009. MORELLATO, L.P.C. & LEITÃO FILHO, H.F. Padrões de frutificação e dispersão na serra do Japi. In: MORELLATO, L.P.C. (org.) História natural da serra do Japi: ecologia e preservação de uma área florestal no sudeste do Brasil. Editora da UNICAMP, Campinas, p.112-140. 1992. MORGAN, E.C.; W.A. OVERHOLT. Potential allelopathic effects of Brazilian pepper (Schinus terebinthifolius Raddi, Anacardiaceae) aqueous extracts upon germination and growth of selected Florida native plants. J. Torr. Bot. Soc., v.132, p.11–15, 2005. NALON, M.A.; MATTOS, I.F.A.; FRANCO, G.A.D.C. Demografia, Divisão Política e Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos. In: RODRIGUES, R. R.; BONONI, V.L. R. (org.). Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente, Estado de São Paulo/FAPESP, p. 16-21, 2008. OLIVEIRA FILHO, A. T. FILHO, A. T. O.; BERG, E. V. D.; SOBRAL, M. E. G.; PIFANO, D. S.; SANTOS, R. M.; VALENTE, A. S. M.; MACHADO E. L. M.; MARTINS, J. C.; SILVA, C. P. C. Espécies de ocorrência do domínio atlântico e do cerrado. In: OLIVEIRA FILHO, A. T.; SCOLFORO, J. R.(Ed.). Inventário Florestal de Minas Gerais: Espécies Arbóreas da Flora Nativa. UFLA, Lavras, p.217-418, 2008. OLIVEIRA, P.E.A.M.; MOREIRA, A.G. Anemocoria em espécies do cerrado e mata de galeria de Braslia, DF. Revista Brasileira de Botânica, v.15, p.163-174, 1992. PIÑA-RODRIGUES, F. C. M.; LOPES, B.. M. Potencial alelopático de Mimosa Caesalpinaefolia Benth sobre sementes de Tabebuia alba (Cham.) Sandw. Floresta e Ambiente. V. 8, n.1, p.130 - 136, jan./dez. 2001. PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; AGUIAR, I.B. Maturação e dispersão de sementes. p.215-274. in: : AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Eds.), Sementes Florestais Tropicais. Brasília, Abrates, 1993. 61 PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FREITAS, N.P.; MANDOWSKY, D.; SILVA, T. A.; NICACIO, F. A. Aplicação de indicadores de restauração florestal para a proposição de estratégias de conservação de fragmentos florestais em Sorocaba, SP. Sorocaba, Prefeitura Municipal de Sorocaba – Núcleo de Planejamento. (Relatório Técnico), 94p, 2011. Disponível em: http://sementeflorestaltropical.blogspot.com. br/p/projeto-verde.html. PIRATELLI, A.J. Comunidades de aves de sub-bosque na região leste de Mato Grosso do sul. Campinas, UNICAMP (Tese de Doutorado), 1999. 228p. PIVELLO, V.R.; PETENON, D.; JESUS, F. M.; MEIRELLES, S. T.; VIDAL, M.M.; SOARES, R.A.; FRANCO, G.A.D.C.; METZGER, J.P. Chuva de sementes em fragmentos de Floresta Atlântica (São Paulo, SP, Brasil), sob diferentes situações de conectividade, estrutura florestal e proximidade da borda. Acta Botanica Brasilica., v.20, n.4, p.845-859, 2006. PMS, PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA. Plano Diretor Ambiental de Sorocaba. Produto 5 – Macrozoneamento e Propostas. 58p. 2011. RANKIN-DE-MERONA, J. M.; ACKERLY, D. D. Estudos populacionais de árvores em florestas fragmentadas e as implicações para conservação in situ das mesmas na floresta tropical da Amazônia Central. Revista IPEF, n. 35, p. 47- 59, 1987. RODRIGUES, R. R.; BONONI, V.L. R. (org.). Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente, Estado de São Paulo/FAPESP. 248p. 2008. Acesso em: 28/05/2013. Disponível em: http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/ sigam2/Repositorio/222/Documentos/Diretrizes_conservacao_restauracao_biodiversidade.pdf. SANTOS, J. F. Levantamento florístico de um fragmento florestal no parque natural dos esportes Chico Mendes de Sorocaba – SP. Sorocaba, Pontifícia Universidade Católica – PUC (Trabalho de conclusão de curso). 2012. SANTOS, K. Caracterização florística e estrutural de onze fragmentos de mata estacional decídua da Área de Proteção Ambiental do Município de Campinas-SP. Campinas, UNICAMP (Tese de Doutorado). 2003. SANTOS, L. Fitossociologia em um fragmento florestal de mata ciliar no Parque Natural Chico Mendes em Sorocaba-SP. Sorocaba, Pontifícia Universidade Católica – PUC (Trabalho de conclusão de curso). 2012. SCIARRA, C. Estudo de modelo de recuperação florestal funcional em floresta implantada de Eucalyptus sp., como alternativa de estímulo para reflorestamento de reserva legal. Sorocaba, UFSCar (Monografia de graduação). 76p. 2013. SMA- Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Resolução nº 08 de 31 de janeiro de 2008. Consulta:http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/Sigam2/repositorio/222/documentos/ FEHIDRO/2008Res_SMA8_anexo.pdf. em 20/06/2013. TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.; PERES, C.A. Effects of habitat fragmentation on plant guild structure in the montane Atlantic forest of southeastern Brazil. Biological Conservation, v. 91, p.119-127, 1999. TALORA, D.C.; MORELLATO, P.C. Fenologia de espécies arbóreas em floresta de planície litorânea do sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 23, p.13-26, 2000. TROPICOS, MISSOURI BOTANICAL GARDEN. Disponivel em: http://www.tropicos.org/. Acesso em: 01 de julho de 2013. 62 VAZQUEZ-YANES, C.; OROZCO-SEGOVIA, A. Seed germination of a tropical rainforest pioneer tree (Heliocarpus donnel-smithii) in response to diurnal fluctuation of temperature. Physiologia Plantarum, v. 56, p.295-298, 1982. VIANA, V.M.; TABANEZ, A.J.A. Biology and conservation of forest fragments in the Brazilian Atlântic mois forest. In: SCHELHAS, J.; GREENBERG, R. (Ed.). Forest patches, tropical landscapes. Washington, D.C.: Island Press, 1996. p.151-167. VIEIRA, D.L.M.; AQUINO, F.G.; BRITO, M.A.; FERNANDES-BULHÃO, C.; HENRIQUES, R. P. B.. Síndromes de dispersão de espécies arbustivo-arbóreas em cerrado sensu stricto do Brasil Central e savanas amazônicas. Revista Brasileira de Botânica, V.25, n.2, p.215-220, jun. 2002. WEBB, C.O.; PEART, D.R. High seed dispersal rates in faunally intact tropical rain forest: theoretical and conservation implications. Ecology Letters, v.4, p.91-499, 2001. XAVIER, A.F.; BOLZANI, B.M; JORDÃO, S. Unidades de conservação da natureza no Estado de São Paulo. In: RODRIGUES, R. R.; BONONI, V.L. R. (org.). Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria de Meio Ambiente, Estado de São Paulo/FAPESP, p. 24-42. 2008. 63 64 Capítulo 4 Geoprocessamento como ferramenta de gestão e planejamento ambiental: O caso da cobertura vegetal em áreas urbanas Roberto Wagner Lourenço, Darllan Collins da Cunha e Silva, Jomil Costa Abreu Sales, Gabriele Cunha Crespo, Fatima C.M. Piña-Rodrigues. Resumo A partir de um mapeamento prévio, onde foram identificados fragmentos classificados em estágio médio e avançado de sucessão ecológica como áreas de interesse, foram realizados estudos que tiveram como objetivo classificar esses fragmentos, gerando índices baseados no estudo do uso do solo e cobertura vegetal do seu entorno e índices geométricos como de Circularidade (IC) e Efeito de Borda (IEB), e a partir destes, com o auxílio de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, foi possível gerar um Indicador de Exposição Antrópico (IEA) do município. O IC é utilizado para demonstrar a característica da forma, circular ou alongada, de um fragmento de vegetação. Os resultados obtidos mostraram que 62,9% dos fragmentos se apresentaram com características alongadas, o que demonstra sua maior vulnerabilidade a ações do homem. Com relação ao IEB, onde foi analisado quanto aos efeitos de borda causado pela vizinhança limítrofe ao fragmento, foi demonstrado que cerca de 22,2% dos fragmentos encontram-se sob alto efeito de intervenção do homem. A partir desses resultados foi construído um indicador ambiental denominado IEA, calculado pela média ponderada dos valores do IC e IEB, onde 37,5% e 12,5% dos fragmentos, sofrem respectivamente, média e alta exposição antrópica. Espera-se que os estudos realizados possam contribuir para o entendimento do comportamento do estado dos atuais fragmentos florestais e que os resultados colaborem na elaboração de novas políticas públicas para a preservação ambiental da cidade. 65 Introdução A maioria das grandes cidades apresenta um intenso processo de urbanização que vem ocorrendo de maneira cada vez mais acelerada, com desdobramentos físicos, sociais e econômicos, com forte impacto no meio ambiente e na saúde da população. Hoje em dia com o aumento da supressão da vegetação natural, as cidades deixaram de assegurar uma boa qualidade de vida e se políticas de gestão e planejamento voltadas para a manutenção dos fragmentos florestais remanescentes restantes não forem providenciadas, o futuro projeta condições pouco promissoras do ponto de vista ambiental. Sorocaba é considerada uma região de grande importância econômica desde o século XVIII (Figura 1 - anexo). Está localizada na região Sudoeste do Estado de São Paulo na chamada borda da Depressão Periférica Paulista, situada no limite entre as Bacias Sedimentares do Paraná e as rochas do Embasamento Cristalino. Neste cenário encontra-se cortando a área urbana o rio Sorocaba, o mais importante afluente da margem esquerda do rio Tietê (MCT, 2011). Apresenta um clima com temperaturas médias anuais de aproximadamente 20° Celsius, com predomínio de cobertura vegetal de fragmentos florestais remanescentes de uma zona de grande importância ecológica entre os biomas de Mata Atlântica e Cerrado, com presença de Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e Cerrados (MCT, 2011). Atualmente, a localização geográfica e o histórico de intensas atividades econômicas fez de Sorocaba um dos principais centros industriais do interior do Estado de São Paulo, com infraestrutura de estradas e transportes públicos com rotas de fácil acesso à capital do Estado de São Paulo, que elevaram o município ao status de um dos principais centros industriais do Estado, contando hoje com um parque industrial de mais de 1.450 empresas de diferentes áreas de atuação. Esse desenvolvimento ao longo dos anos, acompanhado da expansão imobiliária e agrícola, causou grandes impactos ao meio ambiente (PORTAL SOROCABA, 2012). 66 Variação temporal do uso do solo e da cobertura vegetal de Sorocaba Um dos principais efeitos do aumento das cidades pode ser notado na mudança e na variação temporal do uso do solo e da cobertura vegetal. Estudos utilizando imagens de satélites com intervalos de 5 anos, ou seja, dos anos de 1990, 1995, 2000, 2005 e 2010 demonstram que Sorocaba vem apresentando importantes variações no uso do solo e da cobertura vegetal (Tabela 1). Tabela 1: Variação temporal do uso do solo entre os anos de 1990 e 2010. Ano Uso do solo Vegetação Uso Agrícola Pastagem Solo degradado Ferrovia Hidrografia Área Urbana Rodovias Total 1990 1995 3905,91 15099,12 14810,58 1929,24 126,09 3591,45 5048,46 321,48 44832,33 6683,85 4525,29 21118,32 3417,39 126,09 3591,45 5048,46 321,48 44832,33 2000 Área (ha) 14984,24 8054,27 8035,69 3874,91 126,09 3591,45 5844,2 321,48 44832,33 2005 2010 6091,38 9301,68 13380,12 3556,62 126,09 3591,45 8463,51 325,60 44832,33 5924,43 12421,35 10143 3841,02 126,09 3591,45 8463,51 336,26 44832,33 Fonte: Elaborado pelos autores (2013). As principais observações a partir da Tabela 1 estão no fato que, de 1990 a 2000 ocorreu um aumento gradativo das áreas verdes, enquanto que a partir de 2000 essa tendência é invertida, demonstrando expressiva perda de cobertura vegetal até 2010. As áreas de uso agrícola tiveram um expressivo aumento em 1995. Em 2000 houve uma queda drástica que ocorreu devido ao período de entressafras e até 2010 essas áreas aumentaram gradativamente novamente. Já as áreas de pastagem oscilaram bastante durante o período em análise. Isso pode ter ocorrido porque as áreas agrícolas e de pastagem tendem a se alternarem em práticas de uso do solo, principalmente em período de entressafra. Essa afirmação é bastante evidente no ano de 1995. As áreas de solo degradado permaneceram praticamente constantes enquanto que as áreas urbanas expandiram, indicando o crescimento da cidade. A implantação da Rodovia Dr. Celso Charuri (SP-91/270) e a ampliação da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) também causaram um aumento significativo na malha viária do município. O aumento dessas áreas, consequentemente, foi um dos principais responsáveis pela retirada de cobertura vegetal. Tais mudanças acarretaram na perda da biodiversidade, fragmentação dos remanescentes 67 florestais do município e provavelmente no aumento da emissão de CO2 , tanto pelas indústrias como pelo crescimento da população e o consequente aumento da frota de veículos. Embora a fragmentação florestal também seja um fenômeno recorrente em todo o mundo, assim como a emissão de CO2, as florestas tropicais têm sofrido especialmente seus efeitos, levando uma grande parte da vasta biodiversidade das florestas a ser ameaçada de extinção (RANTA et al., 1998). Portanto, além do desmatamento, os efeitos secundários da fragmentação dos remanescentes, em consequência do crescimento desordenado do município nas últimas décadas, causam a diminuição dos maciços florestais fundamentais para que ocorra o sequestro de carbono e para que ocorra a renovação e purificação dos gases poluentes e, consequentemente, causando perda da biodiversidade animal e vegetal. A paisagem atual da região de Sorocaba é composta de um mosaico de grandes áreas de monoculturas e um grande centro urbano e industrial, com algumas pequenas manchas de vegetação natural, as quais em termos socioambientais vêm sofrendo diversos impactos negativos sejam nas áreas urbanas como nas áreas rurais, havendo grande comprometimento de sua diversidade e estabilidade. A cartografia digital como ferramenta de gestão e planejamento ambiental De acordo com Burel e Baudray (2002), a ciência que estuda a estrutura, a função e as alterações dos ecossistemas é a ecologia da paisagem. Trata-se da interação entre os elementos espaciais, isto é, o fluxo de energia, materiais e espécies entre os componentes ecossistêmicos. A alteração se refere à mudança na estrutura e na função do mosaico ecológico, considerando que a dinâmica paisagística depende das relações entre as sociedades e seu ambiente, criando estruturas modificadas no espaço e no tempo, e que essa heterogeneidade controla numerosos movimentos e fluxos de organismos, matéria e energia. Na atualidade, ecologia da paisagem é uma perspectiva científica multidisciplinar consolidada, que compreende e ajuda a resolver alguns dos principais desafios ambientais contemporâneos na conservação da diversidade biológica, baseado na hipótese de que as interações entre os componentes bióticos e abióticos são espacialmente mensuráveis (MARENZI e RODERJAN, 2005). Segundo Watrinet et al. (2005), as muitas medidas quantitativas de composição da paisagem, conhecidas como métricas ou indicadores de paisagem ganham cada vez mais atenção, na medida em que ajudam a compreender a estrutura complexa da paisagem e a forma como esta influencia determinadas relações ecológicas. Os métodos quantitativos em ecologia da paisagem são aplicados em três níveis: o primeiro nível trata-se do Fragmento, o qual os cálculos quantitativos se aplicam a cada fragmento individual, sendo adequado para determinar qual é o fragmento de maior superfície entre todos os representados em um mosaico de paisagem; o segundo trata-se da Classe, onde os cálculos se aplicam a cada conjunto de fragmentos da mesma classe, isto é, aqueles que têm o mesmo valor ou que representam o mesmo tipo de uso do solo, habitat, etc., é apropriado para calcular a superfície que ocupa um determinado tipo de uso do solo, ou a extensão média ocupada pelos fragmentos; o terceiro é a Paisagem, onde os cálculos se aplicam ao conjunto de paisagem, isto é, 68 a todos os fragmentos e classes de cada vez. O resultado informa o grau de heterogeneidade ou homogeneidade de toda a área analisada (MCGARIGAL e MARKS, 1994). Várias dessas métricas têm sido desenvolvidas para descrever padrões espaciais, a partir de produtos temáticos obtidos através do uso integrado de técnicas de Sensoriamento Remoto (SR) e Geoprocessamento. Desta forma, tais técnicas são importantes como subsídios para tomada de decisões no tocante ao ambiente natural e às políticas públicas (WATRIN e VENTURIERI, 2005). O conceito de SR pode ser entendido como um conjunto de técnicas destinado à obtenção de informações sobre objetos, sem que haja contato físico entre eles (STEFFEN, 2001). A aquisição das informações se dá através da captação e registro da radiação eletromagnética (REM) refletida ou emitida pela superfície da terra e captada por meio de satélites (NOVO, 1995). Florenzano (2002) explica que os componentes da superfície terrestre como a vegetação, a água e o solo, refletem, absorvem e transmitem radiação eletromagnética em proporções que variam com o comprimento de onda, assim sensores remotos captam e registram a energia refletida ou emitida pelos elementos da superfície terrestre diferenciando os elementos da paisagem, possibilitando assim uma análise detalhada. Associando os métodos quantitativos à tecnologia, o geoprocessamento é um instrumento fundamental para o auxílio na interpretação dos dados obtidos através da paisagem (DOS SANTOS e PENA, 2011), seja por meio de informação a distância produzidas pelo SR ou por meio de técnicas matemáticas e computacionais (CAMARA e MEDEIROS, 1998). A distribuição espacial e estrutural dos ecossistemas assim como os parâmetros bióticos, e abióticos podem ser analisados com o uso do SR, permitindo uma análise ambiental mais rica, aumentando a compreensão do ambiente e incorporando informações antes não incorporáveis (CARDOSO e FARIA, 2010). Desta forma, a análise de dados espaciais de diferentes fontes permite extrair conhecimento adicional como resposta, incluindo a manipulação de mapas, imagens de satélite, aerofotos e a produção de dados estatísticos e matemáticos visando melhorar o entendimento do fenômeno e a possibilidade de se fazer predições para uso em gestão e planejamento ambiental. Importância da cobertura vegetal em diferentes estágios sucessionais Segundo Ricklefs (2003), a sequência de mudanças iniciada por uma perturbação no meio ambiente é chamada de sucessão ecológica. A oportunidade ideal para se observar a sucessão apresenta-se, convenientemente, em campos abandonados de várias idades. Depois do corte raso da vegetação ou de queimada muito intensa, as primeiras plantas que se estabelecem são as de pequeno porte, chamadas pioneiras, que favorecem o aparecimento de outras espécies vegetais maiores, que por sua vez, sombreiam e eliminam as anteriores. Essas espécies são chamadas de secundárias e caracterizam-se por serem mais exigentes em termos de nutrientes e condições microclimáticas. Um solo mais rico ou mais pobre em nutrientes exercerá um papel fundamental no processo de sucessão da vegetação. Se no entorno houver fragmentos de vegetação, o processo poderá ser acelerado devido à presença de sementes que podem ser transportadas por agentes dispersores. As florestas primárias são também chamadas de “climáxicas”. O Clímax é o ponto final da 69 sucessão, que é considerada como a vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos a ponto de não afetar significativamente suas características originais. Há vários tipos de estágios clímax, entre os quais, o clímax edáfico, onde a comunidade se encontra sobre um solo em equilíbrio com as condições climáticas. As florestas secundárias são as resultantes de um processo natural de regeneração da vegetação e se enquadram nessa categoria os estágios de sucessão médio e avançado. A Resolução CONAMA nº 10 de Outubro de 1993, convalidada pela Resolução CONAMA nº388 de Fevereiro de 2007 (BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1993) define: (...) Artigo 2º - Com base nos parâmetros indicados no artigo 1º desta Resolução, ficam definidos os seguintes conceitos: I - Vegetação Primária - vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies; II - Vegetação Secundária ou em Regeneração - vegetação resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária. Artigo 3º - Os estágios de regeneração da vegetação secundária a que se refere o artigo 6º do Decreto 750/93, passam a ser assim definidos: I - Estágio Inicial: a) fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta; b) espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude; II - Estágio Médio: a) fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando sobre a herbácea, podendo constituir estratos diferenciados; b) cobertura arbórea, variando de aberta a fechada, com a ocorrência eventualde indivíduos emergentes; III - Estágio Avançado: a) fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes; b) espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus de intensidade; c) copas superiores, horizontalmente amplas; Visto que as áreas de maior representatividade do ponto de vista ecológico são os fragmentos em estágios médio e avançado, devido ao grande potencial de resiliência, considerando que os fragmentos classificados como pioneiro ainda encontram-se em um estágio frágil, suscetível a ações antrópicas e que o estágio primário encontra-se no clímax da sucessão, este trabalho apresenta um estudo aplicado a fragmentos florestais pré-selecionados em estágio médio e avançado de regeneração de sucessão com vistas à geração de um indicador de qualidade de conservação dos fragmentos remanescentes no município de Sorocaba através de técnicas de SR e geoprocessamento. 70 Seleção e mapeamento dos fragmentos de vegetação Os fragmentos de vegetação constantes no município de Sorocaba e de relevante interesse quanto aos estágios sucessionais em que se encontram (avançado e médio) são mostrados no mapa da Figura 2 (anexo). No mapa apresentam-se os fragmentos isolados e classificados como avançado e médio, desconsiderando-se os fragmentos localizados em área de proteção ambiental, ou seja, os fragmentos isolados. Na Figura 2 é possível verificar que os rios são presença constante como limitante entre os fragmentos. Isso é relevante visto que a legislação vigente em todo o país estabelece a obrigatoriedade da presença de mata ciliar ao longo da extensão de corpos hídricos e a manutenção de fragmentos de vegetação garante a sustentabilidade dos recursos hídricos. O município de Sorocaba apresenta 1998,8 hectares de fragmentos de vegetação em estágio sucessional médio e avançado isolados, sendo 285,6 hectares em estágio sucessional avançado e 1713,2 hectares em estágio sucessional médio. A Tabela 2 relaciona a área dos fragmentos com a área do município, classificando-os em maiores e menores que 5ha. Tabela 2: Dados dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional avançado e médio. Estágio sucessional Área total Área menor ou igual a 5ha Área maior que 5ha % da área do fragmento no município Avançado (ha) 285.6 38.5 247.1 Médio (ha) 1713.2 711.4 1001.8 0.64% 3.82% N0 de Fragmentos Avançado Médio 56 670 39 592 17 78 Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 71 Esses fragmentos (726 no total) ocupam apenas 4,46% da área total do município, sendo que a maioria concentra-se na porção leste e sudeste do município. Esses dados demonstram a necessidade de preservação e conservação desses fragmentos, visto a importância deles para a sustentabilidade do município. Assim, o uso de indicadores ou índices se mostra uma alternativa de baixo custo e eficiente no controle e tomada de decisão visando à proteção desses fragmentos. Com o auxilio de Sistemas de Informações Geográficas, foi construído um Indicador de Exposição Antrópico (IEA) visando identificar a pressão antrópica sobre esses fragmentos e sua sustentabilidade por meio do cálculo dos Índices de Circularidade (IC) e Efeito de Borda (IEB). Índice de Circularidade O índice de Circularidade (IC) é utilizado para demonstrar a característica da forma, circular ou alongada, de um fragmento de vegetação (VIANA e PINHEIRO, 1998). Nesse índice não se considera a importância ecológica do fragmento, apenas classifica-o quanto a sua forma. A equação utilizada é: onde, IC = Índice de Circularidade A = Área do fragmento P = Perímetro do fragmento 72 Os valores de IC possuem intervalo entre 0 e 1, sendo que os valores que se aproximam de 1 indicam fragmentos com tendência a uma forma circular, e a medida que este valor torna-se menor, o fragmento apresenta uma forma mais alongada. Segundo Viana e Pinheiro (1998), quando esse índice é menor que 0,6 os fragmentos são considerados “muito alongados”; entre 0,6 e 0,8, “alongados”; e maiores que 0,8, “arredondados”. Consequentemente, fragmentos muito alongados são mais sujeitos aos efeitos de borda prejudiciais à conservação ambiental do fragmento. Foi observado que 62,9% do total dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional médio e avançado do município apresentam uma característica de forma mais alongada, tornando-os mais vulneráveis às atividades antrópicas desenvolvidas em seu entorno. Esses valores encontram-se proporcionalmente divididos entre os dois estágios sucessionais de vegetação avaliados como pode ser visto na Tabela 3. Tabela 3: Valores de IC para os estágios sucessionais avançado e médio. Índice de Circularidade Estágio Sucessional Avançado Estágio Sucessional Médio <=0.6 63.22% 62.89% >0.6 e <=0.8 21.08% 20.97% >0.8 15.70% 16.14% Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 73 É importante analisar o entorno dos fragmentos, pois o que determinará a fragilidade de um fragmento não é somente a sua característica geométrica, mas também as atividades desenvolvidas no seu entorno, que são mais importantes para determinar a fragilidade do fragmento do que sua forma geométrica. Assim foi desenvolvido um Índice de Efeito de Borda para avaliar a pressão das atividades antrópicas no fragmento. Índice de Efeito de Borda Para avaliar as atividades antrópicas desenvolvidas entorno do fragmento foi gerado o Índice de Efeito de Borda (IEB). O IEB é resultante da fragmentação e causa a redução de habitats e perda de espécies locais em função do aumento do isolamento dos remanescentes florestais (SAUNDERS, HOBBS e MARGULES, 1991; LAURENCE e YENSEM, 1991). O efeito de borda causado pelo isolamento também é capaz de afetar o microclima local e as interações abióticas, como mudanças na incidência solar, padrões de umidade e vento nas bordas dos fragmentos (BARRERA, 2004). Assim, cada fragmento estudado foi analisado quanto ao efeito de borda causado pela sua vizinhança limítrofe, estabelecida em quatro grupos de usos do solo: solo exposto, pastagem, edificações urbanas e/ou comerciais e edificações industriais e áreas agrícolas. O aspecto de pastagem e/ou solo exposto foi entendido como de menor restrição, quanto a barreiras físicas impostas pelo meio externo, pois permite que o fragmento se expanda. Quanto aos aspectos de edificações urbanas e/ou comerciais e edificações industriais e áreas agrícolas, além de imporem barreiras físicas, elas podem prejudicar os fragmentos adjacentes através da poluição que emitem. A esses quatro aspectos foram atribuídos pesos distintos de acordo com seu grau de importância e de prejuízo para o fragmento (Tabela 4). Tabela 4: Valores atribuídos aos aspectos considerados. Uso do Solo Valores Solo exposto 0.1 Pastagem 0.2 Residencial 0.3 Industrial e agrícola 0.4 Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 74 A partir desses pesos foi construído o Índice de Efeito de Borda (IEB), o qual é resultado do cálculo da soma dos quatro aspectos, sendo que a soma total do valor desses aspectos tem um valor máximo igual a 1, que oferece maior restrição a manutenção e conservação do fragmento de vegetação. A Tabela 5 mostra a distribuição, em porcentagem, dos valores de IEB para três classes pressão antrópica (baixa, média e alta pressão) sobre fragmentos de vegetação avaliados. Tabela 5: Distribuição por classes, em porcentagem, dos valores do Índice de Efeito de Borda dos fragmentos em estágio avançado e médio. Índice de Efeito de Borda Estágio Sucessional Avançado e Médio <=0.4 Baixa Pressão 38.90% >0.4 e <=0.7 Média Pressão 38.90% >0.7 Alta Pressão 22.20% Fonte: Elaborado pelos autores (2013). Os valores do Índice de Efeito de Borda, isoladamente, representam a contribuição das paisagens do entorno para o seu desenvolvimento ou para a sua estagnação e até mesmo para o seu desaparecimento. Como o IEB apresenta variação de 0 (baixa pressão) a 1 (alta pressão), e a maioria dos valores apresentados encontra-se abaixo de 0,7 (baixa e média pressão – 77,8%), apresentam-se em condições de regeneração e manutenção da qualidade ambiental dos fragmentos; entretanto, 22,2% dos fragmentos encontram-se acima de 0,7, os quais são limitados e pressionados de forma intensa por diferentes tipos de aspectos afetando o seu entorno ou limitando o seu crescimento e mudança de estágio sucessional. Indicador de Exposição Antrópico O Indicador de Exposição Antrópico (IEA) foi gerado a partir dos Índices de Circularidade e de Efeito de Borda. A esses índices, foram estipulados pesos referentes à importância de cada um no fator de sustentabilidade dos fragmentos frente à exposição às atividades antrópicas desenvolvidas no seu entorno. O IC recebeu peso 1, enquanto que, o Efeito de Borda recebeu peso 2. Como o valor de IC varia de 0 a 1 sendo 1 a condição de maior proteção, será subtraído 1 do valor do IC, assim o IEA variará de 0 a 1, sendo que 1 representa o pior cenário de exposição aos efeitos das atividades antrópicas sobre o fragmento e 0 o cenário de menor pressão das atividades antrópicas. Portanto, o IEA é a média ponderada dos valores do IC e IEB como mostrado a seguir: 75 onde, IC = Índice de Circularidade IEB = Índice de Efeito de Borda IEA = Indicador de Exposição Antrópico A Figura 3 (anexo) mostra o mapa do Indicador de Exposição Antrópico para os fragmentos de vegetação analisados no município de Sorocaba, bem como a porcentagem de fragmentos de vegetação verificados em cada classe que varia de 0 a 0,4 (baixa exposição), 0,4 a 07 (média exposição) e acima de 0,7 (alta exposição). O mapa do Indicador de Exposição Antrópico mostra que 50% dos fragmentos obtiveram valor de até 0,4, demonstrando que esses fragmentos são poucos pressionados pelos usos do solo no seu entorno, enquanto 37,5% apresentaram valores entre 0,4 a 0,7 e 12,55% maior que 0,7, que somados alcançam 50% dos demais fragmentos, e que neste caso essas áreas merecem atenção especial por estarem limitados e pressionados de forma intensa por diferentes tipos de usos de solo que afetam o seu entorno limitando o seu crescimento, mudança de estágio sucessional e a criação de corredores ecológicos, consequentemente, sua manutenção. A Figura 4 (anexo) mostra um fragmento com valor de IEA acima de 0,7 sobre uma imagem (foto aérea) na qual é possível observar a presença de mineração, pastagem e área residencial, além da forte irregularidade na forma do fragmento que tende a ser mais alongado que circular, características essas que certamente influenciaram no valor de IEA atribuído a esse fragmento, demonstrando sua validade. 76 Considerações finais Espera-se que este trabalho possa contribuir efetivamente junto a setores de gestão e planejamento no âmbito do município na discussão de políticas para a manutenção de importantes maciços florestais de Sorocaba. A elaboração do Indicador de Exposição Antrópico, que permitiu classificar a atual situação dos fragmentos florestais em estágio avançado e médio de regeneração, é um instrumento de fácil compreensão e que pode ser replicado para diferentes áreas e fisionomias florestais. Sendo assim, os resultados obtidos apontam para a importância de elaboração de novas políticas públicas para a preservação dos ambientes florestais da cidade, assim como a definição de novas áreas específicas de conservação da vegetação e restauração de áreas degradadas, aproveitando a presença constante dos rios nas áreas dos fragmentos e assim ampliar as áreas de mata ciliar, consequentemente ampliando a conectividade entre os fragmentos e implantando práticas de restauração e recuperação das Áreas de Preservação Permanente não só dos rios, como dos lagos e represas e outras áreas com maior fragilidade. Por fim, este trabalho procurou demonstrar entre outras as possibilidades de aplicação das técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento em estudos focados no auxilio da gestão e planejamento de políticas públicas voltadas ao meio ambiente. Referências bibliográficas BARRERA, L. F. Estructura y Función en Bordes de Bosques. Ecossistemas, v. 12, n. 1, p. 67-77, Enero 2004. BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA, 1993. Disponivel em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/>. Acesso em: 16 Julho 2013. BUREL, F.; BAUDRAY, J. Ecologia del Paisaje: Conceptos, Métodos y aplicaciones. Madrid: MundiPrensa, 2002. 353 p. CAMARA, G.; MEDEIROS, J. S. GIS para Meio Ambiente. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. São José dos Campos. 1998. CARDOSO, C. A. L.; FARIA, F. S. R. O Uso do Geoprocessamento na Análise Ambiental como Subsídio para a Indicação de Áreas Favoráveis a Criaçao de Unidades de Conservação para o Uso Sustentável do Minhocuçu Rhinodrilus alatus. E-Scientia, v. 3, n. 1, 2010. DOS SANTOS, J. T. S.; PENA, H. W. A. Geoprocessamento Aplicado a Ecologia de Paisagem: Uma Análise da Dinâmica da Ilha do Papagaio - PA, Amazonia-Brasil. Revista OIDLES, v. 5, n. 11, 2011. Disponivel em: <http://www.eumed.net/rev/oidles/11/ssap.html>. Acesso em: 19 Abril 2013. FLORENZANO, T. G. Imagens de Satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. 77 MCT, Ministério da Ciência e Tecnologia. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atântica: Período de 2008-2010. FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA E INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. São Paulo, p. 122. 2011. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic. Cidades, 2010. Disponivel em: <http://www. ibge.gov.br/cidadesat>. Acesso em: 16 Julho 2013. LAURENCE, W. F.; YENSEM, E. Predicting the impacts of edge effects in fragmented habitats. Biological Conservation, v. 55, p. 77-92, 1991. MARENZI, R. C.; RODERJAN, C. V. Estrutura Espacial da Paisagem da Morraria da Praia Vermelha (SC): Subsídio à Ecologia da Paisagem. FLORESTA, Curitiba/PR, v. 35, n. 2, 2005. MCGARIGAL, K.; MARKS, B. J. FRAGSTATS: spatial pattern analysis program for quantifying landscape struture. Oregon State University. Corvallis, p. 67. 1994. NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto. Princípios e Aplicações. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1995. PORTAL SOROCABA. Conheça Sorocaba. Portal Sorocaba.com, 2012. Disponivel em: <http://www. sorocaba.com.br>. Acesso em: 16 Julho 2013. RANTA, P.; BLOM, T.; NIEMALÃ, J.; JOENSUU, E.; SIITONEN, M. The Fragmented Atlantic Rain Forest of Brazil: Size, Shape and Distribution of forest fragments. Biodiversity and Conservation, n. 7, p. 385-403, 1998. RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan, 2003. p. 368-442. RODRIGUES, M. Geoprocessamento: Um Retrato Atual. Revista Fato GIS, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 20-23, 1993. SAUNDERS, D. A.; HOBBS, R. J.; MARGULES, C. R. Biological Consequences of Ecosystem Fragmentation: a review. Conservation Biology, v. 5, n. 1, p. 18-32, 1991. STEFFEN, C. A. Introdução ao Sensoriamento Remoto. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2001. Disponivel em: <http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/apostila. html>. Acesso em: 19 Abril 2013. VIANA, V. M.; PINHEIRO, L. A. V. Conservação da biodiversidade em fragmentos florestais. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo. Piracicaba. 1998. WATRIN, O. S.; VENTURIERI, A. I. Métricas de paisagem na avaliação da dinâmica do uso da terra em projetos de assentamentos no Sudeste Paraense. Anais XII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Goiania: INPE. 2005. p. 4333-3440. 78 Capítulo 5 Plantas com flores e frutos das áreas de vegetação remanescente do Município de Sorocaba Ingrid Koch, Eliana Cardoso-Leite, Vilma Palazetti de Almeida, Fiorella Fernanda Mazine Capelo, Ana Carolina Devides Castello, Larissa Campos Ferreira, Alessandra Rocha Kortz, Eric Yasuo Kataoka, Samuel Coelho e Maurício Tavares Mota Resumo Neste capítulo foram reunidas as informações sobre a ocorrência de espécies de angiospermas no município de Sorocaba, a partir de fontes diversas, a fim de elaborar uma lista das espécies que compõem a flora dos remanescentes de vegetação do município, com informações sobre o hábito, fitofisionomia de ocorrência, região de abrangência e nome popular, indicando também as espécies nativas que são utilizadas na arborização de ruas, àquelas que constam em listas de espécies ameaçadas e listando as espécies exóticas presentes nos fragmentos de vegetação remanescente. Os dados de ocorrência das espécies foram obtidos em estudos florísticos e fitossociológicos realizados no município e dados sobre espécimes depositados em coleções de herbário. Para cada espécie considerada na lista final foi relacionado um material testemunho (voucher) e a informação sobre a coleção em que está depositado. Foram inventariadas 441 espécies, distribuídas em 256 gêneros e 84 famílias no município e as dez famílias mais representativas foram: Fabaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Lauraceae, Malvaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Apocynaceae, que juntas somaram 52% do total de espécies. A maioria das espécies relacionadas é arbustiva e/ou arbórea (cerca de 70% dos registros de espécies), seguida pelas herbáceas ou subarbustivas (22%) e pelas escandentes (8%). Entre as espécies inventariadas para o município, a maioria ocorre em fitofisionomias variadas (75%) e são amplamente distribuídas no Brasil (63%), 14% delas são, entretanto, relacionadas somente para o Cerrado (lato sensu), 11 % para a 79 Mata Atlântica, e 11% do total de espécies ocorrem somente nas regiões Sudeste e Sul do país. Do total de espécies nativas relacionadas, 29 constam em listas de espécies ameaçadas de extinção e 40 foram encontradas em lista de arborização de ruas. Em lista adicional foram indicadas 20 espécies exóticas, sendo 12 delas consideradas “invasoras”. Apesar de haver um grande número de espécies no município foi ressaltado que a lista ainda poderá ser aumentada a partir do incremento de coletas e da inclusão de outros hábitos, além dos arbustivos-arbóreos, nos estudos da flora. Também foi ressaltada a importância da inclusão das espécies exóticas nos estudos da flora. Introdução As plantas com flores e frutos – as angiospermas - são caracterizadas por possuírem óvulos encerrados em carpelos, que constituem os ovários, e que se desenvolvem em sementes e frutos, respectivamente. As angiospermas constituem o grupo mais representativo entre as plantas, com 95% de um total de 270.000 espécies estimadas para o globo (JUDD et al., 2009). Especificamente para o Brasil são relacionadas atualmente 31.944 espécies de angiospermas na Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013) e no Estado de São Paulo foram contabilizadas 7.305 espécies, em 1.476 gêneros e 195 famílias em checklist realizado recentemente (WANDERLEY et al., 2011). Especificamente para o município de Sorocaba não havia, até então, uma estimativa do número de espécies, pois o conhecimento sobre a flora se encontrava disperso em fontes diversas, muitas vezes não publicadas e de circulação bastante restrita. Estas fontes de informação são principalmente estudos de composição da flora de fragmentos produzidos por pesquisadores ou alunos das diferentes universidades do município, além de coletas eventuais de espécimes depositadas em coleções de plantas (herbários) diversas. Entre as coletas depositadas em herbários existem dados históricos, como as coletas realizadas por integrantes da “Comissão Geográfica e Geológica” (formada para estudar aspectos do ambiente físico e da biodiversidade no Estado de São Paulo no período de 1886 a 1931) e por outros botânicos de grande expressão, como do Instituto de Botânica e do Instituto Florestal que estiveram no município no passado. Sorocaba localiza-se na região Sudeste do Estado de São Paulo e possui remanescentes de vegetação de Cerrado e de Floresta Estacional Semidecidual, além de áreas de transição entre estas duas formações e elementos de Floresta Ombrófila Densa (KRONKA et al., 2005). É considerada uma zona de tensão entre os biomas “Cerrado” e “Mata Atlântica” (ALBUQUERQUE; RODRIGUES, 2000) e marcada pela heterogeneidade ambiental, principalmente relacionada ao clima e aos diferentes tipos de solos (VILLELA, 2011), evidenciada pelo encontro entre as diferentes fisionomias vegetacionais. O clima da região é uma transição de Cwb a Cwa, sendo tropical de altitude com verão moderadamente quente (KöPEN, 1948) e com temperatura média anual de aproximadamente 22ºC (CEPAGRI, 2013). A formação pedológica predominante é de Latossolos Vermelhos, com textura argilosa, e Argissolos Vermelho-Amarelos, de textura argilosa a médiaargilosa (IAC, 1999). Acredita-se, por estas características heterogêneas, que a região seja marcada por uma biodiversidade bastante elevada. Neste capítulo objetivamos reunir os dados de ocorrência comprovada de espécies de angiospermas nas áreas de vegetação remanescentes do município a fim de produzir uma lista de espécies atualizada, com informações adicionais sobre o tipo de vegetação em que estas ocorrem, 80 a área de abrangência, o hábito, os nomes populares e dados sobre a presença destas espécies em listas de espécies ameaçadas. Também foram incluídos dados adicionais sobre a utilização dessas espécies na arborização urbana do município. O enfoque principal do inventário são as espécies nativas, porém estão relacionadas também as espécies exóticas, invasoras ou não, comumente encontradas nos fragmentos de vegetação remanescente do município. Metodologia Para reunir os dados foram pesquisados os estudos de florística e de fitossociologia realizados no município, os dados históricos abordando a flora da região, além de avaliados os espécimes depositados em coleções de herbário diversas, encontrados por meio do site do speciesLink (2013), que permite a busca de dados distribuídos em coleções. Além disso, foram examinadas as coleções de herbário do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade da UFSCar, câmpus Sorocaba (CCTS) e do câmpus de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (HRPUC-SP). Para cada espécie considerada na lista final é relacionado um material testemunho (voucher) e a informação sobre a coleção em que está depositada. Na lista geral foram tratadas as espécies nativas (aquelas que ocorrem na região e lá chegaram sem a interferência humana) e em lista adicional foram disponibilizadas informações sobre as espécies exóticas (aquelas que ocorrem na região, porém são originárias de outras regiões e lá chegaram por interferência humana). As espécies exóticas podem ser classificadas ainda como ocasionais, naturalizadas ou invasoras, termos estes relacionados à capacidade de reprodução e manutenção de populações destas plantas no local de introdução sem a interferência humana, da capacidade de se dispersar para áreas distintas do local em que originalmente foram introduzidas, da capacidade de ampliação da área de ocupação e do tempo relacionado a estes eventos. Assim, uma espécie exótica ocasional é capaz de se reproduzir na área em que foi introduzida, porém tende a desaparecer por não ser capaz de manter novas populações sem interferência humana contínua; a espécie exótica naturalizada é capaz de se reproduzir e manter populações viáveis na área em que foi introduzida (por pelo menos 10 anos), sem interferência humana, por recrutamento de sementes ou propagação vegetativa, no entanto, não é capaz de se dispersar para longe destas áreas; e uma espécie exótica é considerada invasora quando ocorre em ambiente natural ou perturbado e lá desenvolve altas taxas de crescimento, reprodução e dispersão, ocorrendo sua colonização em distâncias consideráveis do local de introdução e com capacidade para ocupação de amplas áreas (RICHARDSON et al., 2000; PYSÉK et al., 2004; MORO et al. 2011). Para obter dados sobre a origem de uma determinada espécie exótica e avaliar se esta espécie era ou não considerada invasora foram consultados Richardson e Rejmánek (2011), Carvalho e Jacobson (2013), Lorenzi (2008) e a base de dados de espécies invasoras do Instituto Hórus (2013). Quando as espécies não possuíam registro como “invasoras” nestas fontes, porém eram exóticas, citadas como “daninhas” e comumente observadas ocupando amplas áreas por longo tempo, foram registradas como “provavelmente invasoras”. Aquelas espécies conhecidas como “plantas daninhas” não foram abordadas nesta listagem por este termo estar relacionado a um conceito antropocêntrico, que considera plantas nativas ou 81 exóticas que ocorrem em áreas onde não são desejáveis, geralmente por questões econômicas (RICHARDSON et al., 2000; PYSÉK et al., 2004; MORO et al., 2011), abordagem que foge ao objetivo deste estudo. Espécies nativas que iniciam o processo de sucessão ecológica em áreas degradadas, por exemplo, são tratadas aqui como colonizadoras (MORO et al., 2011) e tratadas para exemplos específicos. Tanto as espécies exóticas como as espécies colonizadoras de pequeno porte são usualmente ignoradas em estudos florísticos por duas razões principais: 1) nestes estudos são consideradas somente as espécies nativas; 2) os critérios de inclusão para estes estudos desconsideram os hábitos herbáceo ou subarbustivo (frequentemente espécies lenhosas com circunferência mínima, definida a altura do peito, entre 10 e 15 cm). Assim sendo, no município de Sorocaba a maioria das espécies exóticas e colonizadoras de pequeno porte não está representada nos herbários por material testemunho. Foram então listadas aquelas frequentemente observadas no campo pelos autores, sem referência ao material testemunho no caso das invasoras, e citadas as colonizadoras comuns que não possuíam registros em coleções. Depois de elaborada a lista de espécies, os nomes foram conferidos e atualizados segundo bibliografia pertinente ao grupo taxonômico considerado ou a partir da base de dados do Missouri Botanical Garden (TROPICOS, 2013), da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013) e do Checklist das Spermatophyta do Estado de São Paulo (WANDERLEY et al., 2011). Os dados estão apresentados de acordo com a classificação proposta no APG III (2009), disponível no Angiosperm Phylogeny Website (STEVENS, 2013). Para caracterizar o hábito (porte) de cada espécie foram consultadas as descrições em tratamentos taxonômicos ou as anotações em etiquetas de coletas e utilizados os termos definidos a seguir, adaptados de Simpson (2006) e Judd e colaboradores (2009). Herbáceas: plantas geralmente de pequeno porte, que não possuem lenho (madeira) e comumente perdem as partes aéreas após uma estação reprodutiva ou podem ser perenes; Subarbustivas: plantas de porte geralmente pequeno, que possuem estruturas lenhosas subterrâneas ou na base de suas partes aéreas, partes estas que podem desaparecer após estação reprodutiva; Arbustivas: plantas perenes e lenhosas, com vários caules de circunferências similares, ramificados desde a base (nível do solo); Arbóreas: plantas perenes e lenhosas, com um caule principal ramificando somente a partir de certa distância do solo (fuste distinto); Escandentes: englobam as plantas com caules delgados e delicados ou robustos, que se apóiam e se prendem a suportes pelo enrolamento do próprio caule ou com a ajuda de estruturas especializadas como gavinhas ou raízes, podendo ser perenes ou anuais, herbáceas ou lenhosas (trepadeiras e lianas). Para identificar a espécie quanto a seu ambiente preferencial e região de abrangência foram utilizadas as informações da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013), além da Lista de Espécies do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Os nomes das fitofisionomias vegetacionais seguem o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012). Foram consideradas espécies ameaçadas de extinção aquelas citadas como tal na Lista de Espécies do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, 2008), na Lista de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção do Brasil (BRASIL, 2008) e na Lista Vermelha de Espécies da Flora 82 Ameaçadas de Extinção da IUCN (IUCN, 2013). As espécies que são utilizadas para arborização urbana foram indicadas a partir da comparação com a lista gerada pelo estudo da composição florística da arborização urbana de Sorocaba realizado por Cardoso-Leite e colaboradores (artigo submetido). Resultados e discussão A lista de espécies foi elaborada a partir de nove estudos florísticos e fitossociológicos (MOTA, 2001; COELHO, 2008; KORTZ, 2009; MORAES, 2009; SANTOS, 2009; CORRÊA, 2011; SANTOS, 2012; COELHO, 2013; BELANTONI; VIEIRA, dados não publicados), e o material testemunho destes estudos está depositado prioritariamente nos herbários da UFSCar – Sorocaba (CCTS) e da PUC - Sorocaba (HRPUC-SP). Além disso, foram encontrados registros de coleta nos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ_RB), da Universidade Estadual de Campinas (UEC), do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP (ESA), do Instituto de Botânica (SP), da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), da Universidade Estadual de Londrina (FUEL), da Universidade Federal de Pernambuco (UFP), Museu Botânico Municipal de Curitiba (MBM) e do New York Botanical Garden (NYBG_BR). A partir dos dados reunidos foram contabilizadas 441 espécies de angiospermas no município, distribuídas em 256 gêneros e 84 famílias (Tabela 1), número que corresponde a cerca de 6% do número de espécies inventariadas para o Estado de São Paulo, (WANDERLEY et al. 2011). Considerando que o município de Sorocaba possui 2.463 hectares de vegetação remanescente (5,6% do território do município), segundo Kronka e colaboradoes (2005), e que este número corresponde a 0,07% da vegetação remanescente do Estado de São Paulo (3.457.301 hectares, segundo RODRIGUES et al., 2008), o valor encontrado é representativo, porém deve-se considerar que existem grupos subamostrados e áreas ainda pouco conhecidas tanto no Estado quanto no município, e o direcionamento de ações para suprir estas lacunas é essencial. Como esperado pelos dados conhecidos sobre a biodiversidade de angiospermas, as famílias mais representativas para o município foram Fabaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Lauraceae, Malvaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Apocynaceae (Figura 1), que juntas somam 52% das espécies. 83 Figura 1: Famílias mais representativas em número de espécies ocorrentes no município de Sorocaba. Pela natureza dos estudos realizados existe uma maior disponibilidade de dados sobre plantas arbustivas e/ou arbóreas (cerca de 70% dos registros de espécies, 50% deles especificamente para arbóreas), enquanto os esforços de coleta direcionados a plantas herbáceas ou subarbustivas (22%) e plantas escandentes (8%) são ainda incipientes. Entre as espécies inventariadas para o município, 25% são relacionadas como exclusivas a uma determinada formação vegetacional, mesmo assim geralmente em sentido amplo, como formações de Cerrado (14%) e de Mata Atlântica (11%) (Figura 2). Muito frequentemente não são encontradas informações referentes às fitofisionomias e são relacionados apenas os domínios fitogeográficos em que as espécies ocorrem. Consideramos que as espécies encontradas em mais do que um domínio se encaixam na categoria de fitofisionomias “variadas”. Considerando estas espécies e aquelas que sabidamente ocorrem em formações diversas, a maioria das espécies que ocorrem no município enquadrou-se na categoria “fitofisionomia = várias” (75%, Figura 2). Da mesma maneira, a maior parte das espécies que ocorre no município é amplamente distribuída no Brasil (63%, Figura 3), ocorrendo em todas as regiões geográficas do país (Tabela 1). Logo a seguir estão representadas as espécies que ocorrem nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país (13%), somente no Sudeste e no Sul (11%) e aquelas que ocorrem do Nordeste até o Sul (6%), concentradas a Leste do país. Os demais tipos foram pouco representativos e são colocados em uma categoria única (Figura 3). 84 Mata Atlânica (Lato sensu) Cerrado (Lanto sensu) Várias Figura 2 – Espécies encontradas no município de Sorocaba (SP) e sua representatividade por fitofisionomia. Apesar de a maior parte das espécies estar classificada como amplamente distribuída e ser comum a várias fitofisionomias, os dados mostram que há espécies que ocorrem exclusivamente na região Sudeste ou Sudeste e Sul (11%), que ao menos uma delas é exclusiva do Estado de São Paulo (Ormosia minor, Tabela 1), e que várias destas espécies do Sudeste e Sul ocorrem em formações de Mata Atlântica (24 spp., Tabela 1). Outros Dados Deicientes SE e S NE ao S (Leste) CO, SE, S Ampla Figura 3 – Espécies encontradas no município de Sorocaba e sua representatividade por região do Brasil. 85 Do total de espécies nativas relacionadas, 31 constam em listas de espécies ameaçadas de extinção, sendo 13 delas citadas exclusivamente pela IUCN (IUCN, 2013), uma citada somente na Lista de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira (BRASIL, 2008), 12 apenas na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO 2008) e 5 citadas em mais de uma das listas de espécies ameaçadas consultadas (Tabela 1). Seis das espécies listadas foram classificadas em alguma categoria de ameaça em ao menos uma das listas: Maytenus ilicifolia (Espinheira-santaverdadeira) foi considerada como “presumivelmente extinta” e Myroxylon peruiferum (Bálsamo) como “Vulnerável” na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO 2008); Cariniana legalis (Jequitibá-vermelho) e Machaerium villosum (Jacaranda-paulista) foram consideradas “Vulneráveis” e Cedrela fissilis (Cedro) e Brosimum glaziovii “ameaçadas” pela IUCN (IUCN, 2013). A principal ameaça para essas espécies é a perda de habitat devido à expansão da agricultura (AMERICAS REGIONAL WORKSHOP, 1998a; AMERICAS REGIONAL WORKSHOP, 1998b; WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE, 1998, FARIA et al., 2009). Entre as demais espécies relacionadas nas listas, 10 são consideradas “quase ameaçadas” na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo, classificação esta atribuída a espécies que, embora não apresentem ainda as características consideradas para serem classificadas como “criticamente em perigo”, “em perigo” ou “vulnerável”, deverão ser incluídas nestas categorias em futuro próximo pelo que indicam as informações já reunidas (ESTADO DE SÃO PAULO 2008). Hyptis carpinifolia, única espécie citada somente na Lista de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira, foi considerada como “deficiente de dados”, o que não a inclui em categoria de ameaça e nem a exclui por falta de informações que permitam a classificação da espécie (BRASIL, 2008). As 12 espécies classificadas na categoria “menos preocupante” (Least concern) pela IUCN não devem ser consideradas como ameaçadas, mas sim como avaliadas e consideradas como “não ameaçados” (IUCN, 2013). As duas espécies restantes, citadas em mais do que uma das listas, são classificadas como “quase ameaçadas” na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo, uma delas considerada como “menos preocupante” pela IUCN (Copaifera langsdorffii) e a outra como “deficiente de dados” na Lista de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira (Brosimum gaudichaudii). É interessante ressaltar que do total de espécies nativas registradas, 40 são comumente utilizadas na arborização urbana (CARDOSO-LEITE et al., submetido) e 6 destas estão em alguma categoria de ameaça (Tabela 1). São elas: Copaifera langsdorfii, Machaerium villosum, Myroxylon peruiferum, Cariniana estrellensis, Cariniana legalis e Cedrella fissilis. Estes dados ressaltam a importância de se realizar um planejamento criterioso que inclua espécies nativas nos projetos de arborização urbana das cidades, pois a arborização urbana pode fornecer micro-habitats para a avifauna, além de servir como “trampolins ecológicos” entre o meio urbano e manchas de vegetação nativa (SUAREZ-RUBIO; THOMLINSON, 2009). Foram inventariadas 20 espécies exóticas entre herbáceas e lenhosas, 12 delas consideradas “invasoras”, 4 como “prováveis invasoras” e 6 como “prováveis naturalizadas” (Tabela 2), várias delas registradas como invasoras principalmente em ambientes abertos ou antropizados. Entre as espécies listadas como invasoras ou prováveis invasoras estão incluídos os famosos capins “braquiária”, “capim-colonião”, “capim-gordura” e as “tiriricas”, introduzidos para serem utilizados para forrageio ou de forma acidental, mas também espécies frutíferas como “mangueiras”, “ameixeiras”, “jaqueiras” e “goiabeiras”, trazidas inicialmente para o consumo humano e posteriormente dispersas para áreas nativas. Também entre as espécies exóticas que ocorrem espontaneamente em áreas naturais estão relacionadas espécies de “eucaliptos” e “leucena”, de hábito arbóreo, cultivadas inicialmente para a produção de madeira, celulose e lenha 86 e para forragem e arborização urbana, respectivamente, e a amplamente distribuída “mamona”, inicialmente utilizada para a extração de óleo de rícino e para a produção de biodiesel. Entre as espécies consideradas colonizadoras e sem registros de coleta é importante relacionar aquelas conhecidas como “picão-preto” (Bidens pilosa L.) e “picão-vermelho” (B. gardneri Baker), o “gravatá” (Bromelia antiacantha Bertol.), o cipó-urtiga ou cipó-fogo (Dalechampia scandens L.) e a “taboa” (Typha angustifolia L.). Os dados apresentados para as espécies exóticas e colonizadoras, porém certamente subestimam o real número de espécies, e estudos futuros deverão ser direcionados para suprir estas lacunas de conhecimento. MORO et al. (2011) destacam a importância da inclusão e distinção de espécies exóticas em estudos de flora, tanto para embasar programas de controle de exóticas quanto para fornecer dados que permitam análises ecológicas e biogeográficas elaboradas, considerando que há uma preocupação cada vez maior com a perda da biodiversidade causada por estas espécies. Os autores chamam a atenção também para o fato de que listas florísticas que não destacam as espécies exóticas tendem a “inflar” os resultados sobre o número de espécies de determinada região. Considerações finais A partir dos resultados encontrados é possível verificar que há no município um grande número de espécies, porém há ainda potencial para o aumento desta lista com o direcionamento de estudos, incluindo hábitos distintos dos arbustivo-arbóreos. Também é importante ressaltar que informações sobre o ambiente de ocorrência natural das espécies são essenciais para uma melhor compreensão das suas estratégias de colonização e para contextualizar a representatividade de cada uma destas espécies para a região, dados estes que poderão auxiliar na seleção de espécies para projetos de restauração da vegetação. Foi observado também que algumas das espécies inventariadas constam em listas de espécies ameaçadas e ocorrem naturalmente no município, sendo inclusive utilizadas em arborização urbana, em alguns casos, o que pode viabilizar a permanência destas espécies no município a longo prazo. É recomendável conduzir estudos mais detalhados sobre as espécies exóticas nas áreas de ocorrência conhecidas a fim de avaliar o status ou potencial de invasão dessas espécies no município. Tabela 1. Lista de espécies de plantas com flores e frutos ocorrentes no município de Sorocaba, Estado de São Paulo. CA: Categoria de Ameaça; AA: Área Antrópica; CA: Campo Aberto; CL: Campo Limpo; CER: Cerrado; FES: Floresta Estacional Semidecidual; FOD: Floresta Ombrófila Densa; FEP; MA: Mata Atlântica; AD: Amplamente distribuída; Herbários - CCTS: UFSCar – Sorocaba, HRPUC-SP: PUC-SP câmpus Sorocaba, JBRJ_RB: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, UEC: Universidade Estadual de Campinas, IAC: Instituto Agronômico de Campinas; ESA: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP; SP: Instituto de Botânica, IPA: Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, FUEL: Universidade Estadual de Londrina, UFP: Universidade Federal de Pernambuco, MBM: Museu Botânico Municipal de Curitiba, NYBG_BR: New York Botanical Garden.; *espécies utilizadas na arborização urbana; BR: Brasil; SE: Sudeste; S: Sul; NE: Nordeste; CO: Centro-oeste; N: Norte; LE: Leste; RJ: Rio de Janeiro; SP: São Paulo; Dados insuficientes. 87 Táxon Nome popular Hábito CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Herbáceo várias 2732 (CCTS) BR Acanthaceae Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice (=Geissomeria pubescens Nees) Alliaceae Nothoscordum gracile (Aiton) Stearn Alho-bravo, Cebolinha-decheiro Herbáceo várias 36882 (FUEL) SE, S Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze Carrapichinho Herbáceo várias 2688 (HRPUC-SP) BR Amaranthaceae Alternanthera pungens Kunth Pfaffia jubata Mart. Anacardiaceae Lithrea molleoides (Vell.) Engl.* Schinus terebinthifolius Raddi (=Schinus terebinthifolia Raddi*) Tapirira guianensis Aubl. Periquito-deespinho Aroeira-branca, Aroeira-brava Aroeirapimenteira Aroeirapimenteira Herbáceo várias 65781 (SP) NE, SE, CO, S NE, SE, CO, S Herbáceo/ Subarbustivo CER (lato sensu) Arbóreo várias 248 (CCTS) várias 494 (CCTS) Arbóreo Arbóreo várias 17843 (SP) BR 8 (CCTS) NE, SE, CO, S BR 10 88 Táxon Nome popular Hábito CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Peito-depombo Arbóreo Marolo Arbóreo Araticum-damata Arbustivo MA (lato sensu) 185 (CCTS) NE, SE, CO, S Arbóreo 1159 MA (lato sensu) (CCTS), 208 (CCTS) NE, SE, CO, S Annonaceae Annona cacans Warm.* Annona coriacea Mart.* Araticum-cagão Annona dioica A.St.-Hil. Anona-dioica Annona crassiflora Mart. Annona sylvatica A.St.-Hil. (=Rollinia sylvatica (A. St.Hil.) Mart.) Duguetia furfuracea (A.St.-Hil.) Saff. Duguetia Guatteria australis A.St.Hil. (=Guatteria nigrescens Pindaúva-preta Mart.) Apiaceae Gravatá-falso, Eryngium elegans Cham. e LínguadeSchltdl. tucano eros Eryngium horridum Malme Apocynaceae Asclepias aequicornu E.Fourn. Asclepias candida Vell. Asclepias curassavica L. Aspidosperma cylindrocarpon Müll.Arg. Aspidosperma olivaceum Müll.Arg. Gravatá-dobanhado Falsa-erva-derato Peroba-poca, Peroba-rosa Guatambu, Guatambumirim Arbóreo Arbóreo Arbóreo várias CER (lato sensu) CER (lato sensu) CER (lato sensu) CER (lato sensu) 2089 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 861 (HRPUC-SP) 4 (HRPUCSP) 1132 (CCTS) 1408 (CCTS) BR BR BR Herbáceo várias Herbáceo várias 2771 (HRPUC-SP) NE, SE, S Arbustivo várias 15756 (SP) NE, SE várias 482 (HRPUC-SP) BR Arbustivo Herbáceo Arbóreo Arbóreo várias várias 15982 (SP) BR 6709 (SP) 277 (CCTS) MA (lato sensu) 1386 (CCTS) CO, SE, S CO, SE BR NE, SE, S 11 89 Táxon Aspidosperma tomentosum Mart. Forsteronia velloziana (A. DC.) Woodson Hemipogon irwinii Fontella e Paixao Mandevilla pohliana (Stadelm.) A.H. Gentry Prestonia coalita (Vell.) Woodson Prestonia erecta (Vell.) Woodson Tabernaemontana catharinensis A.DC.* Tabernaemontana hystrix Steud. Araliaceae Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. e Planch. Schefflera vinosa (Cham. e Schltdl.) Frodin e Fiaschi (=Didymopanax vinosus (Cham. e Schltdl.) Marchal ) Nome popular Hábito CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Peroba do campo Arbóreo QA (SP) várias 842 (HRPUC-SP) BR Jalapavermelha Leiteiro, Matapasto Maria-mole Escandente Escandente Subarbustivo Escandente Escandente Arbustivo/ Arbóreo várias CER (lato sensu) CER (lato sensu) várias CER (lato sensu) várias 11144 (SP) 6707 (SP) N, CO 184 (CCTS) BR 995 (HRPUC-SP) 6664 (SP) 483 (CCTS) NE, SE, CO, S BR MA (lato sensu) 2138 (HRPUC-SP) Arbóreo várias 492 (CCTS) CER (lato sensu) BR BR Arbustivo Arbustivo SE, S NE, SE 1343 (CCTS) NE, SE, CO, S Arecaceae (Palmae) Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. Allagoptera campestris (Mart.) Kuntze (=Diplothemium campestre Mart.) Macaúba, Palmeiramacaúba Arbóreo várias 795 (HRPUC-SP) BR Arbóreo várias 63 (HRPUCSP) NE, SE, CO, S 12 90 Táxon Nome popular Hábito Jerivá, Syagrus oleracea (Mart.) Palmeira-jerivá, Becc. Cocogerivá, (=Syagrus flexuosa (Mart.) Baba-de-boi, Becc.) Jaruvá Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo várias 1045 (HRPUC-SP) BR Arbóreo várias - NE, SE, CO, S Aristolochia arcuata Mast. Escandente várias CO, SE, S Aristolochia labiata Willd. Escandente várias 223512 (JBRJ_RB) 16779 (SP) CO, SE, S 6168 (SP) CO, SE, S Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman* Aristolochiaceae Jerivá Asteraceae (Compositae) Acmella bellidioides (Smith in Rees) R.K. Jansen Baccharis dracunculifolia DC. Baccharis erigeroides DC. Calea mediterranea (Velloso) Pruski Chresta sphaerocephala DC. (=Eremanthus sphaerocephalus (DC.) Baker) Chrysolaena desertorum (Mart. ex DC.) Dematt. (=Vernonia desertorum Mart. ex DC.) Chrysolaena obovata (Less.) Dematt. (=Vernonia herbacea (Vell.) Rusby) Alecrim Herbáceo Arbustivo Subarbustivo Herbáceo Arbustivo Subarbustivo Subarbustivo CA CER (lato sensu) várias várias CER (lato sensu) CER (lato sensu) CER (lato sensu) CER (lato sensu) 1215 (HRPUC-SP) 20 (CCTS) BR (LE) CO, SE, S 19609 (IAC) CO, SE, S 562 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 26036 (IAC) BR 20790 (IAC) BR 13 91 Táxon Nome popular Chrysolaena simplex (Less.) Dematt. (=Vernonia simplex Less.) Herbáceo Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera Escandente Echinocoryne holosericea (Mart. ex DC.) H.Rob. (=Vernonia holosericea Mart.) Gamochaeta pensylvanica (Willd.) Cabrera Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera* Gyptis lanigera (Hook. e Arn.) R.M.King e H.Rob. (=Eupatorium lanigerum Hook. e Arn.) Lessingianthus bardanoides (Less.) H. Rob. (=Vernonia bardanoides Less.) Lessingianthus brevifolius (Less.) H.Rob. (=Vernonia brevifolia Less.) Lessingianthus elegans (Gardner) H.Rob. (=Vernonia elegans Gardner) Lucilia acutifolia (Poir.) Cass. Mikania microcephala DC. Hábito Arbustivo Cambará CA Fitofisionomia CER (lato sensu) várias CER (lato sensu) Voucher Abrangência 20039 (IAC) NE, SE, CO, S 1161 (CCTS) NE, SE, CO, S 20799 (IAC) NE, SE, CO BR Herbáceo várias 1133 (ESA) Arbustivo várias 644 (HRPUC-SP) Arbóreo Subarbustivo Herbáceo Subarbustivo Herbáceo Escandente várias 180 (CCTS) CO, SE, S SE, S CER (lato sensu) 1037 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) CER (lato sensu) 805020 (NYBG_BR) CER (lato sensu) várias várias CO, SE, S 20705 (IAC) NE, SE, CO, S 16728 (SP) SE, S 474 LeitãoFilho CO, SE, S 14 92 Táxon Parthenium hysterophorus L. Piptocarpha axillaris (Less.) Baker Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Praxelis kleinioides (Kunth) Sch. Bip. Senecio brasiliensis (Spreng.) Less. Nome popular Vassourãobranco Candeia Hábito Herbáceo Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 30859 (ESA) BR Arbóreo MA (lato sensu) Herbáceo várias Arbóreo Subarbustivo Stenocephalum tragiaefolium (DC.) Sch.Bip. (=Vernonia tragiaefolia DC.) CA CER (lato sensu) várias CO, SE 788722 (NYBG_BR) SE, S 2789 (HRPUC-SP) BR 60116 (SP) CO, SE CER (lato sensu) 254 (HRPUC-SP) CO, SE, S várias 245 (CCTS) NE, SE, CO, S Herbáceo várias Vernonanthura ferruginea (Less.) H. Rob. (=Vernonia ferruginea Less.) Arbustivo Vernonanthura phosphorica (Vell.) H.Rob. (=Vernonia polyanthes Less.) Subarbustivo Assa-peixe Subarbustivo BR 20263 (IAC) Trichocline speciosa Less. Vernonanthura oligactoides (Less.) H. Rob. (=Vernonia oligactoides Less.) 16274 (SP) 260 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) CO, SE, S CER (lato sensu) Arbustivo CO, SE, S 1353 (CCTS) Herbáceo/ Subarbustivo Vernonanthura ignobilis (Less.) H.Rob. (=Vernonia ignobilis Less.) 1123 (HRPUC-SP) CER (lato sensu) CER (lato sensu) Bignoniaceae 15 93 Táxon Nome popular Fridericia platyphylla (Cham.) L.G.Lohmann (=Arrabidaea brachypoda (DC.) Bureau) CA Escandente Fridericia pulchella (Cham.) L.G.Lohmann Voucher Abrangência várias 1062 (HRPUC-SP) BR 15043 (SP) CO, SE, S 1139 (CCTS) SE CER (lato sensu) Arbustivo Ipê amarelo Fitofisionomia CER (lato sensu) Escandente Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann (=Arrabidaea samydoides (Cham.) Sandwith) Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos* (=Tabebuia chrysotricha (Mart. ex A. DC.) Standl.) Hábito Arbóreo várias 1325 (CCTS) NE, SE, S Arbóreo várias 1165 (CCTS) BR Ipê roxo Arbóreo várias 1420 (CCTS) NE, SE, CO, S Jacaranda caroba (Vell.) A. DC. Caroba-docampo Arbóreo Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers Cipó-de-sãojoão Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos* (=Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.) Handroanthus umbellatus (Sond.) Mattos* (=Tabebuia umbellata (Sond.) Sandwith) Zeyheria montana Mart. Boraginaceae Cordia americana (L.) Gottschling e J.S. Mill. Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre CER (lato sensu) CER (lato sensu) Arbustivo Escandente Arbóreo Arbóreo várias QA (SP) 1112 (HRPUC-SP) NE, SE, CO 1445 (HRPUC-SP) BR 23 (CCTS) MA (lato sensu) 11267 (SP) MA (lato sensu) 2146 (HRPUC-SP) 16 BR SE, S NE, SE, S 94 Táxon Cordia sellowiana Cham. Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud. Tournefortia paniculata Cham. Bromeliaceae Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. (=Ananas microstachys Lindm.) Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Protium kleinii Cuatrec. Calophyllaceae Kielmeyera grandiflora (Wawra) Saddi Campanulaceae Lobelia exaltata Pohl Nome popular Hábito Chá-de-bugre Arbóreo Chá de bugre Breu-brancoverdadeiro Almecegabranca, Arméssica, Arméssicabranca, Pauterebentina Pau-santo, Para-tudo Cannabaceae Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 2209 (HRPUC-SP) BR várias 1425 (CCTS) NE, SE, CO, S 11251 (SP) BR Herbáceo várias 1022 (HRPUC-SP) BR Arbóreo várias 36 (CCTS) N, NE, SE, CO Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo CER (lato sensu) MA (lato sensu) 499 (CCTS) CER (lato sensu) SE, S 199 (CCTS) N, CO, SE Herbáceo MA (lato sensu) 18592 (IAC) MA (lato sensu) 1093 (CCTS) NE, SE, CO, S Celtis brasiliensis (Gardner) Planch. (=Celtis fluminensis Carauta) Grão-de-galo Arbóreo Trema micrantha (L.) Blume Capparaceae Jameri Pau-pólvora Arbóreo Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. CA Arbóreo várias várias 495 (CCTS) SE, S BR 469 (CCTS) BR 17 95 Táxon Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (=Cleome spinosa Jacq.) Cardiopteridaceae Citronella paniculata (Mart.) R.A. Howard Caryocaraceae Caryocar brasiliense Cambess.* Celastraceae Nome popular Hábito Mussambê Fitofisionomia Voucher Abrangência Herbáceo várias 18238 (SP) N, NE, SE, CO Falsacongonheira Arbóreo várias 1421 (CCTS) N, NE, SE, S Piqui, Pequi Arbóreo 232 (CCTS) N, CO, SE, S 1430 (CCTS) BR Hippocratea volubilis L. Maytenus gonoclada Mart. (=Maytenus robusta Reissek) Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek (=Maytenus aquifolium Mart.) Peritassa campestris (Cambess.) A.C.Sm. CA CER (lato sensu) Escandente várias Cafezinho Arbóreo várias EspinheiraSantaverdadeira Arbóreo Plenckia populnea Reissek (=Austroplenckia Marmeleiro-dopopulnea (Reissek) campo Lundell) Arbustivo Arbóreo EX (SP) MA (lato sensu) várias Arbóreo Clethraceae Clethra scabra Pers. Combretaceae Guaperô Arbóreo 2216 (HRPUC-SP) 229 (CCTS) NE, SE, S CO, SE, S BR CER (lato sensu) 1120 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) CER (lato sensu) 822 (HRPUC-SP) BR várias 190 (CCTS) SE, S Chrysobalanaceae Couepia grandiflora (Mart. e Zucc.) Benth. ex Hook. f. 2168 (HRPUC-SP), 660 (CCTS) 18 96 Táxon Nome popular Hábito Capitão-docerrado, Terminalia argentea Mart. Capitãodocampo, Capitão Convolvulaceae Ipomoea cairica (L.) Sweet Jacquemontia blanchetii Moric. Jacquemontia ferruginea Choisy Cyperaceae Kyllinga brevifolia Rottb. (=Cyperus brevifolius (Rottb.) Endl. ex Hassk.) Rhynchospora exaltata Kunth Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler Rhynchospora tenuis Willd. ex Link Dilleniaceae Davilla elliptica A. St.-Hil. Davilla rugosa Poir. Ebenaceae Voucher Abrangência Arbóreo várias 1086 (CCTS) BR Escandente várias 1162 (CCTS) NE, SE, CO, S Escandente várias várias CER (lato sensu) Escandente Guaperê, Canjiquinha Cyperus esculentus L. Cyperus reflexus Vahl Fitofisionomia Escandente Jacquemontia martii Choisy Cunoniaceae Lamanonia ternata Vell. CA Arbóreo Herbáceo Junquinho, Tiririca Herbáceo várias LC (IUCN) CER (lato sensu) CER (lato sensu) 072337 (UEC) 72336 (UEC) 72337 (UEC) BR NE, SE, S N, NE, SE, CO 657 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 36881 (FUEL) 16267 (UEC) DI DI várias 348 (HRPUC-SP) BR Herbáceo várias 997 (HRPUC-SP) 23171 (UFP) BR BR Escandente várias 8995 (SP) BR Herbáceo Herbáceo Arbóreo Escandente várias várias várias 112850 (ESA) 1163 (CCTS) BR N, NE, SE, S 19 97 Táxon Diospyros hispida A. DC. Nome popular Hábito Caqui-docerrado Arbóreo Diospyros inconstans Jacq. Fruta-de-boi Arbóreo Sloanea hirsuta (Schott) Planch. ex Benth. (=Sloanea monosperma Vell.) Marmelinho Arbóreo Fruta-depomba Arbustivo Fruta-depomba Subarbustivo Elaeocarpaceae Erythroxylaceae Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E. Schulz Erythroxylum daphnites Mart. Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. Euphorbiaceae Actinostemon concepcionis (Chodat e Hassl.) Hochr. Galinha-choca Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. Laranjeira-domato Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. Pau-jangada Actinostemon klotzschii (Didr.) Pax Croton antisyphiliticus Mart. Croton floribundus Spreng. Croton lundianus (Didr.) Müll. Arg. Branquilho Capixingui CA Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 1429 (CCTS) BR várias 507 (CCTS) MA (lato sensu) 1419 (CCTS) NE, SE, S 60 (CCTS) CO, SE, S várias 1102 (CCTS) BR Arbóreo várias 1357 (CCTS) NE, SE, CO, S Arbóreo MA (lato sensu) Subarbustivo várias Subarbustivo várias Arbóreo Arbustivo Arbóreo Arbóreo Arbóreo várias BR CER (lato sensu) CER (lato sensu) várias 1388 (CCTS) N, NE, SE, CO 1217 (HRPUC-SP) 656 (CCTS) BR N, NE, SE, S 2019 (HRPUC-SP) N, NE, SE, S 75932 (SP) BR 2793 (HRPUC-SP) BR várias 2101 (HRPUC-SP) várias 644 (CCTS) BR BR 20 98 Táxon Nome popular Hábito Croton urucurana Baill.* Sangra-d'água Euphorbia comosa Vell. Euphorbia potentilloides Boiss. Sapium glandulosum (L.) Morong Sebastiania brasiliensis Spreng. Pau-de-leite, Leiteira Leiteiro-defolha-fina Aeschynomene paniculata Willd. ex Vogel Sensitivamansa, Carrapicho Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart * Angico-branco, Farinha-seca Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. e Downs Fabaceae (Leguminosae) Aeschynomene parviflora Micheli Anadenanthera peregrina (L.) Speg.* (=Anadenanthera falcata (Benth.) Speg.) Andira fraxinifolia Benth. Bauhinia forficata Link Bauhinia longifolia (Bong.) Steud. Calliandra foliolosa Benth. Branquilho Angico-domorro, Angicodo-norte, Angicovermelho Jacarandá-domato, Angelimdoce Pata-de-vaca branca Pata-de-vaca CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo várias 425 (HRPUC-SP) BR Herbáceo várias 7142 (SP) Arbustivo várias Herbáceo várias Arbóreo Arbóreo 13296 (SP) 1356 (CCTS) várias 489 (CCTS) DI BR 2802 (HRPUC-SP) Arbóreo várias Arbóreo Arbóreo Arbóreo Subarbustivo LC (IUCN) BR 1355 (CCTS) NE, SE, CO, S várias Arbóreo NE, SE, CO, S várias Herbáceo Herbáceo NE, SE várias 13296 (SP) 333 (CCTS) CO, SE várias 297 (HRPUC-SP) BR várias 302 (CCTS) NE, SE, CO, S BR LC MA (lato sensu) 261 (CCTS) (IUCN) QA várias 1344 (CCTS) (SP) várias 472 (CCTS) NE, SE, S BR CO, SE, S 21 99 Táxon Camptosema spectabile (Tul.) Burkart (=Camptosema grandiflorum Benth.) Cassia leptophylla Vogel* Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. Centrosema plumieri (Turpin ex Pers.) Benth. Chamaecrista nictitans (L.) Moench Copaifera langsdorffii Desf.* Crotalaria micans Link (=Crotalaria anagyroides Kounth.) Dalbergia brasiliensis Vogel Dalbergia frutescens (Vell.) Britton Nome popular Falsobarbatimão Chuva-de-ouro Copaíba, Óleo de Copaíba Guiso-decascavel, Chocalho Caroba-brava Dalbergia, Assapuva Dalbergia miscolobium Benth. Caviúna-docerrado, Sapuvussu Desmodium incanum DC. Carrapichobeiço-de-boi, pega-pega Desmodium discolor Vogel Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong* Hábito CA Escandente Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 4441 (UEC) NE, SE MA (lato sensu) 157899 (SP) Arbóreo Arbóreo Escandente várias 2806 (HRPUC-SP) várias 01190 (SP) BR 27196 (SP) BR várias 309 (CCTS) BR Herbáceo várias 1081 (CCTS) BR Arbóreo várias 1346 (CCTS) Herbáceo/ LC Subarbustivo (IUCN) QA (SP) Arbóreo LC (IUCN) Arbóreo Arbóreo várias SE, S várias QA (SP) CER (lato sensu) Carrapichogrande Herbáceo Timburi, Orelha-denegro Herbáceo várias Arbóreo várias várias BR 1352 (CCTS) SE, S BR 1068 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 192 Campos, S.M. 53 (HRPUCSP) BR BR 1326 (CCTS) NE, SE, CO, S 22 100 Táxon Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F.Macbr. (=Enterolobium ellipticum Benth.) Holocalyx balansae Micheli Indigofera asperifolia Bong. ex Benth. Nome popular Hábito Timburi-docerrado Arbóreo Alecrim de Campinas Arbóreo Inga striata Benth. Ingá de folha peluda Inga vera Willd.* Ingá-quatroquinas, Ingádobrejo Inga subnuda Salzm. ex Benth. Leptolobium elegans Vogel (=Acosmium subelegans (Mohlenbr.) Yakovlev) Leucochloron incuriale (Vell.) Barneby e J.W. Grimes Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G. Azevedo e H.C. Lima Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth. Machaerium aculeatum Raddi Machaerium acutifolium Vogel Machaerium brasiliense Vogel Perobinha, Chapadinha, Sucupirabranco Chico Pires CA Fitofisionomia CER (lato sensu) várias 2228 (HRPUC-SP) BR várias 456 (CCTS) Arbóreo várias 467 (CCTS) CO, SE, S Arbóreo várias 275 (CCTS) SE, S Arbóreo várias 1327 (CCTS) BR Arbóreo Arbóreo LC (IUCN) LC (IUCN) Arbóreo várias MA (lato sensu) 1428 (CCTS) Bico-de-pato Arbóreo várias Arbóreo várias Arbóreo 20310 (IAC) MA (lato sensu) 1400 (CCTS) Arbóreo Pau-sangue 19463 (IAC) N, NE, SE, CO NE, SE, CO, S Timbó Bico-de-pato, Jacarandá-docampo Abrangência 30661 (SP) Herbáceo várias Voucher LC (IUCN) várias CO, SE, S NE, SE, S BR SE, S 2807 (HRPUC-SP) NE, SE, CO 191 (CCTS) BR 1092 (CCTS) BR 23 101 Táxon Machaerium hirtum (Vell.) Stellfeld* Nome popular Hábito Bico-de-pato Arbóreo CA Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 466 (CCTS) BR Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. Bico-de-pato Arbóreo várias 2242 (HRPUC-SP) Machaerium stipitatum (DC.) Vogel* Sapuvinea, sapuva Arbóreo várias Cateretê Arbóreo 2808 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) Machaerium villosum Vogel* Jacarandá paulista Arbóreo Machaerium paraguariense Hassl. Machaerium vestitum Vogel Macroptilium erythroloma (Mart. ex Benth.) Urb. Macroptilium lathyroides (L.) Urb. Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Mimosa dolens Vell. (=Mimosa callosa Benth.) Myroxylon peruiferum L.f* Ormosia minor Vogel Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan* Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr.* Cateretê Feijão-derolinha Maricá, Angicopreto, Espinheira-demaricá Bálsamo, Sucupirabranca Angico-amarelo Pau-jacaré Arbóreo Escandente várias QA (SP) VU (IUCN) herbácea Arbóreo Arbustivo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo 155 (CCTS) NE, SE, CO, S várias 2263 (HRPUC-SP) DD várias 454 (CCTS) NE, SE, CO, S várias 20381 (IAC) NE, SE, CO, S várias LC (IUCN) várias VU (SP) várias LC (IUCN) NE, SE, S várias MA (lato sensu) MA (lato sensu) várias 2809 (HRPUC-SP) BR 070401 (UEC) CO, SE, S 19700 (UEC) SP 2030 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 2251 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 2031 (HRPUC-SP) 292 (CCTS) SE, S NE, SE, CO, S 24 102 Táxon Plathymenia reticulata Benth. Platypodium elegans Vogel Tachigali vulgaris L.G.Silva e H.C.Lima (=Sclerolobium paniculatum Vogel) Senna macranthera (DC. ex Collad.) H.S.Irwin e Barneby Nome popular Hábito Vinhático, Vinhático-docampo Arbóreo Jacarandá-docampo, Amendoim-docampo Arbóreo Veludo Arbóreo Fedegoso, Manduirana Arbustivo/ Arbóreo Pau-cigarra, Aleluieiro, Aleluia Arbustivo/ Arbóreo Barbatimãoverdadeiro Arbóreo Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin e Barneby* Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin e Barneby CA LC (IUCN) LC (IUCN) Fitofisionomia Voucher Abrangência várias 1073 (HRPUC-SP) BR várias 299 (CCTS) BR várias 959 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) várias 54546 (ESA) BR várias 462 (CCTS) BR várias 249 (HRPUC-SP) 1157 (HRPUC-SP) BR Hypoxidaceae Herbáceo várias 2821 (HRPUC-SP) CO, SE, S Hypoxis decumbens L. Herbáceo várias 2828 (HRPUC-SP) BR Juncus tenuis Willd. Herbáceo várias 12425 (SP) DI Arbustivo várias 493 (CCTS) CO, SE, S Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Gesneriaceae Juncaceae Lacistemataceae Lacistema hasslerianum Chodat Lamiaceae Cefezinho Arbustivo CER (lato sensu) BR 25 103 Táxon Nome popular Aegiphila verticillata Vell. (=Aegiphila lhotskiana Cham.) Hyptis althaeifolia Pohl ex Benth. Hyptis carpinifolia Benth. Hábito Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbustivo/ Arbóreo várias 488 (CCTS) BR Arbustivo várias 499629 (NYBG_BR) CO, SE, S Arbustivo várias 500830 (NYBG_BR) N, NE, SE, CO Arbóreo várias 2830 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) Arbóreo Arbóreo Hyptis pulchella Briq. Arbustivo Vitex polygama Cham. Lauraceae Cryptocarya aschersoniana Mez Cryptocarya moschata Nees e Mart. Herbáceo Salva-limão, Erva-cidreira Tarumã-docerrado Canela-batalha, Canela-branc Canela Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F. Macbr. Canela-do-brejo Nectandra grandiflora Nees e Mart. ex Nees Canela-sebo, Canela-fedida Nectandra gardneri Meisn. Nectandra lanceolata Nees e Mart. Canela, Canelaamarela,Canelaanhuva CER (lato sensu) CER (lato sensu) N, NE, SE, CO Arbustivo Hyptis suaveolens Poit. DD (BR) 15519 (SP) Hyptis crinita Benth. Hyptis microphylla Pohl ex Benth. CA Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo CER (lato sensu) várias 15499 (SP) NE, SE, CO 500956 (NYBG_BR) CO, SE, S 160 (CCTS) BR MA (lato sensu) 2043 (HRPUC-SP) SE, S várias 272 (CCTS) BR várias várias várias várias 195 (CCTS) BR 2048 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) 1338 (CCTS) 491 (CCTS) SE, S CO, SE, S 26 104 Táxon Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Nectandra reticulata (Ruiz e Pav.) Mez (=Nectandra rigida (Kunth) Nees) Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez Ocotea elegans Mez Ocotea minarum (Nees e Mart.) Mez Nome popular Hábito Canela-louro, Canelinha, Canela-preta Canela-louro Canelasassafrás-docampo Canelavassoura Ocotea puberula (Rich.) Nees Canela-guaicá Ocotea silvestris Vattimo Canela-silvestre Ocotea pulchella (Nees e Mart.) Mez Ocotea velloziana (Meisn.) Mez Canelinha Persea venosa Nees e Mart. ex Nees Persea willdenovii Kosterm.* Laxmanniaceae Cordyline spectabilis Kunth e Bouché Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze* Cariniana legalis (Mart.) Kuntze* CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo várias 1345 (CCTS) CO, SE, S Arbóreo várias 202 (CCTS) N, NE, SE, S Arbóreo várias 2700 (HRPUC-SP) N, CO, SE, S várias 1410 (CCTS) N, CO, SE várias 1331 (CCTS) N, CO, SE, S várias 1342 (CCTS) BR várias 1334 (CCTS) NE, SE, S várias 12484 (SP) CO, SE, S várias 2302 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) MA (lato sensu) 1351 (CCTS) Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo LC (IUCN) Arbóreo MA (lato sensu) Arbóreo várias Arbóreo Arbóreo Arbóreo Jequitibábranco Jequitibávermelho várias Arbóreo Arbóreo QA (SP) QA (SP) VU (IUCN) várias 2053 (HRPUC-SP) 2703 (HRPUC-SP) 1409 (CCTS) 98 (CCTS) NE, SE, S BR SE, S SE, S NE, SE, CO, S 27 105 Táxon Nome popular Hábito Salta-martim CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo várias 1126 (HRPUC-SP) SE, S Arbustivo várias 14228 (SP) CO, SE, S Arbóreo várias Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. Lythraceae Cuphea polymorpha A.St.Hil. Diplusodon virgatus Pohl Lafoensia pacari A.St.-Hil.* Malpighiaceae Banisteriopsis argyrophylla (A.Juss.) B.Gates Banisteriopsis campestris (A. Juss.) Little Banisteriopsis oxyclada (A.Juss.) B.Gates Byrsonima coccolobifolia Kunth Byrsonima intermedia A.Juss. Byrsonima pachyphylla A.Juss. Byrsonimia verbascifolia (L.) DC. Dicella bracteosa (A.Juss.) Griseb. Galphimia australis Chodat Janusia guaranitica (A.St.Hil.) A.Juss. Mascagnia cordifolia (A.Juss.) Griseb. Peixotoa parviflora A.Juss. Dedaleiro Arbustivo Escandente Cipó-prata Escandente Semanera Arbóreo Murici Murici-rasteiro Escandente Arbóreo várias CER (lato sensu) várias várias CER (lato sensu) várias 953(HRPUCSP) N, NE, SE, S 502 (HRPUC-SP) BR 306489 (SP) BR 1113 (CCTS) BR várias 6023 (SP) várias Subarbustivo Arbustivo NE, SE, CO BR várias Escandente Subarbustivo 306500 (SP) 56 (CCTS) CO, SE, S várias Arbustivo N, CO, SE 226 (CCTS) Subarbustivo Arbóreo 1087 (CCTS) 36723 (SP) BR 12102 (SP) N, NE, SE, S várias 286000 (SP) CO, SE, S várias 57092 (MBM) várias 11982 (SP) BR N, NE, SE, CO SE, S 28 106 Táxon Nome popular Peixotoa reticulata Griseb. Tetrapterys phlomoides (Spreng.) Nied. Malvaceae Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna* Cienfuegosia affinis (Kunth) Hochr. Corchorus hirtus L. Guazuma ulmifolia Lam. Hábito Fitofisionomia Voucher Abrangência CER (lato sensu) 2834 (HRPUC-SP) 9780 (UEC) CO, SE, S NE, SE, CO, S várias 1090 (CCTS) BR Herbáceo várias 15022 (UEC) Arbustivo Escandente Painera Mutambo, Chico-magro Arbóreo Arbustivo Arbóreo CA várias várias 12201 (SP) NE, SE, CO várias 1341 (CCTS) BR 2835 (HRPUC-SP) BR Luehea candicans Mart. Açoita-cavalo Arbóreo várias Luehea divaricata Mart.* Açoita-cavalo Arbóreo várias 2083 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) várias 407048 (NYBG_BR) CO, SE, S várias 410696 (NYBG_BR) CO, SE, S Luehea grandiflora Mart.* Pavonia communis A.St.Hil. Pavonia hastata Cav. Peltaea polymorpha (A.St.Hil.) Karpov. e Cristóbal Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns Sida acrantha Link Sida cordifolia L. Sida tuberculata R.E.Fr. Açoita-cavalo Tira-estrepe, malva Embiruçu-damata, Embiruçu Malva-branca, vassourinha Arbóreo Herbáceo Herbáceo Herbáceo Arbóreo Herbáceo Arbustivo Herbáceo várias 471 (CCTS) BR MA (lato sensu) 12128 (SP) várias SE, S 1115 (CCTS) NE, SE, CO, S MA (lato sensu) 12157 (SP) várias várias BR 36884 (FUEL) 072308 (UEC) SE BR SE 29 107 Táxon Sterculia striata A.St.-Hil. e Naudin Triumfetta semitriloba Jacq. Melastomataceae Nome popular Fitofisionomia Voucher Abrangência Carrapicho-dacalçada, Subarbustivo Carrapicho-deboi várias 1871 (ESA) BR várias 13984 (SP) BR Subarbustivo várias 2841 (HRPUC-SP) BR Arbóreo Acisanthera alsinaefolia (DC.) Triana Cambessedesia espora (A.St.-Hil. ex Bonpl.) DC. Herbáceo Leandra aff. refracta Cogn. Miconia fasciculata Gardner Miconia ferruginata DC. várias 231 (CCTS) NE, SE, CO, S Subarbustivo várias 520899 (NYBG_BR) BR Arbóreo várias 1336 (CCTS) Arbóreo Marcetia taxifolia (A.St.Hil.) DC. Miconia discolor DC. CO, SE, S Arbóreo Macairea radula (Bonpl.) DC. Arbóreo Jacatirão Pixirica CA 11432 (SP) Herbáceo Leandra aurea (Cham.) Cogn. Leandra polystachya (Naudin) Cogn. Miconia albicans (Sw.) Steud. Miconia chamissois Naudin Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin Hábito Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo várias MA (lato sensu) 1119 (CCTS) várias várias várias 14383 (SP) SE, S CO, SE, S 29661 (SP) BR 29657 (SP) BR BR MA (lato sensu) 259 (CCTS) NE, SE, S MA (lato sensu) 1348 (CCTS) NE, SE, S MA (lato sensu) 1349 (CCTS) várias 2846 (HRPUC-SP) CO, SE, S BR 30 108 Táxon Miconia ligustroides (DC.) Naudin Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. Miconia pseudonervosa Cogn. Miconia rubiginosa (Bonpl.) DC. Nome popular Hábito Jacatirão-dobrejo Arbóreo Miconia Miconia stenostachya DC. Miconia theizans (Bonpl.) Cogn. Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn.* Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn. Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Cedrela fissilis Vell.* Guarea guidonia (L.) Sleumer Guarea kunthiana A.Juss. Abrangência 982 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) Arbóreo várias 1424 (CCTS) BR Arbóreo várias 909 (HRPUC-SP) BR 559 (CCTS) NE, SE, CO, S Arbóreo várias 2708 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) 1322 (CCTS) Manacá Arbóreo Arbóreo MA (lato sensu) várias 22 (CCTS) 209 (CCTS) N, CO, SE Canjerana Arbóreo várias 675 (CCTS) BR Cedro Arbóreo Quaresmeira Marinheiro, Cedrão Arbóreo Arbóreo Canjambo Arbóreo Alecrim-rosa Arbóreo Baga-demorcego Arbóreo Trichilia elegans A.Juss. Catinguazinho Monimiaceae várias Voucher várias Marinheira-dobrejo Trichilia pallida Sw. Fitofisionomia Arbóreo Guarea macrophylla Vahl Trichilia catigua A.Juss. CA Arbóreo Arbóreo várias QA (SP) EN (IUCN) QA (SP) QA (SP) QA (SP) BR SE (RJ) 2713 (HRPUC-SP) BR várias 1412 (CCTS) BR várias 1411 (CCTS) várias várias várias várias várias 1416 (CCTS) BR 1320 (CCTS) BR 25 (CCTS) 1324 (CCTS) BR BR BR 31 109 Táxon Mollinedia clavigera Tul. Mollinedia widgrenii A.DC. Moraceae Brosimum gaudichaudii Trécul Brosimum glaziovii Taub. Ficus enormis (Mart. ex Miq.) Miq. Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud. Myrtaceae Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg Calyptranthes grandifolia O.Berg Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg Campomanesia pubescens (DC.) O.Berg Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O. Berg* Eugenia bimarginata DC. Eugenia florida DC. Eugenia francavilleana O.Berg Eugenia hiemalis Cambess. Nome popular Capixim Maminhacadela Figueira-dapedra Amoreirabranca Maria-preta Sete-capotes, Araçá-do-mato Hábito Arbustivo/ Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo Gabiroba, Guabiroba Arbustivo Eugenia Arbustivo Guabiroba Pitanga-preta CA Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbustivo Fitofisionomia Voucher Abrangência MA (lato sensu) 1333 (CCTS) QA (SP) DD (BR) EN (IUCN) SE, S várias 1332 (CCTS) CO, SE, S várias 871 (HRPUC-SP) BR várias 55 (CCTS) SE, S várias 1339 (CCTS) várias 2721 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) várias 1329 (CCTS) NE, SE, S várias 699 (CCTS) NE, SE, CO, S várias 1415 (CCTS) BR várias 1413 (CCTS) várias 496 (CCTS) MA (lato sensu) 172 (CCTS) várias CER (lato sensu) 666 (CCTS) 252 (CCTS) MA (lato sensu) 674 (CCTS) NE, SE, CO BR SE, S BR NE, SE, CO, S NE, SE, CO CO, SE, S 32 110 Táxon Nome popular Hábito Eugenia involucrata* DC. Cereja-do-riogrande, Cereja, Cerejeira Arbóreo Eugenia livida O. Berg Eugenia paracatuana O.Berg Eugenia Eugenia pitanga (O. Berg) Nied. Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Eugenia pyriformis Cambess. Eugenia uniflora L.* Myrcia bella Cambess. Uvaia Pitanga Myrcia cf. venulosa DC. Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg Myrciaria tenella (DC.) O.Berg várias 329662 (SP) SE, S várias 663 (CCTS) CO, SE, S 1418 (CCTS) BR CER (lato sensu) várias MA (lato sensu) Arbustivo várias Arbustivo Arbóreo Cambuí Abrangência Arbóreo Arbóreo Arbóreo Goiaba-brava Voucher várias Arbóreo Myrcia hebepetala DC. Fitofisionomia Arbustivo Arbóreo Myrcia guianensis (Aubl.) DC. Myrcia uberavensis O.Berg Arbustivo Arbustivo Myrcia cf. selloi (Spreng.) N. Silveira Myrcia multiflora (Lam.) DC. Myrcia splendens (Sw.) DC. Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. Subarbustivo CA Arbóreo Arbóreo Arbustivo Arbóreo Arbóreo várias CER (lato sensu) 56689 (SP) CO, SE 901 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 329660 (SP) NE, SE, CO, S 1481 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) 1417 (CCTS) N, NE, SE, CO 1384 (CCTS) SE, S várias 1347 (CCTS) BR várias 1323 (CCTS) várias 1385 (CCTS) várias 1337 (CCTS) várias 1383 (CCTS) NE, SE, CO, S MA (lato sensu) 214 (CCTS) várias CER (lato sensu) várias 171 (CCTS) SE, S BR BR BR 230 (CCTS) CO, SE 664 (CCTS) N, NE, SE, S BR 33 111 Táxon Psidium grandifolium Mart. ex DC. Psidium guineense Sw. Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Ochnaceae Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. Onagraceae Ludwigia nervosa (Poir.) H.Hara Orchidaceae Anathallis linearifolia (Cogn.) Pridgeon e M.W.Chase Brasiliorchis consanguinea (Klotzsch) R.B.Singer et al. Bulbophyllum exaltatum Lindl Capanemia micromera Barb.Rodr. Cyrtopodium flavum Link e Otto ex Rchb. Epidendrum densiflorum Lindl. Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. Orobanchaceae Melasma stricta (Benth.) Hassl. Oxalidaceae Oxalis cytisoides Mart. ex Zucc. Passifloraceae Nome popular Fitofisionomia Voucher Abrangência Subarbustivo várias 681 (CCTS) NE, SE, CO, S Flor-de-pérola Arbóreo várias 1391 (CCTS) BR Folha-de-serra Arbóreo 651 (CCTS) CO, SE, S 12541 (UEC) BR Araçá Hábito Arbóreo Arbustivo CA várias CER (lato sensu) várias 662 (CCTS) BR Herbáceo MA (lato sensu) 22489 (SP) SE, S Herbáceo MA (lato sensu) 29991 (SP) SE Herbáceo MA (lato sensu) 27265 (SP) Herbáceo Herbáceo Herbáceo Herbáceo Escandente Herbáceo/ Subarbustivo CER (lato sensu) 30512 (SP) NE, SE, S várias 80631 (SP) NE, SE, S várias 2733 (HRPUC-SP) BR várias CER (lato sensu) várias SE, S 29825 (SP) BR 15108 (SP) N, CO, SE 6566 (SP) BR 34 112 Táxon Nome popular Passiflora foetida L. Passiflora misera Kunth Passiflora morifolia Mast. Passiflora organensis Gardner Maracujazinhocrespo Tamanqueiro Phytolaccaceae Piperacae Piper aduncum L. Piper amalago L. Piper arboreum Aubl. Piper mollicomum Kunth Piper ovatum Vahl Piper umbellatum L. Poaceae (Gramineae) Aristida megapotamica Spreng. Voucher Abrangência várias 19732 (IAC) BR várias 10655 (SP) CO, SE, S várias 10646 (SP) NE, SE, CO, S Arbóreo várias 15 (CCTS) BR Herbáceo/ Arbustivo várias 1666 (SP) BR Arbóreo várias 2280 (HRPUC-SP) NE, SE, S várias 1392 (CCTS) BR várias 1330 (CCTS) BR Escandente Escandente Escandente Escandente Phyllanthus tenellus Roxb. Seguieria langsdorffii Moq. Fitofisionomia Escandente Passiflora suberosa L. Peraceae Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.* Phyllantaceae Hábito Agulheiro, Limoeiro Pimenta-demacaco Arbustivo/ Subarbustivo Arbustivo/ Falso-jaborandi Subarbustivo Arbustivo/ Subarbustivo Arbustivo/ Subarbustivo Arbustivo CA várias 10621 (SP) MA (lato sensu) 19731 (IAC) várias várias várias 1393 (CCTS) 652 (CCTS) BR SE, S BR BR 1395 (CCTS) N, NE, SE, CO Arbustivo/ Subarbustivo várias 1394 (CCTS) BR Herbáceo várias 627743 (NYBG_BR) NE, SE, CO, S 35 113 Táxon Chusquea meyeriana Rupr. ex Döll Digitaria insularis (L.) Fedde Echinolaena inflexa (Poir.) Chase Nome popular Capimamargoso Eragrostis lugens Nees Eragrostis polytricha Nees Paspalum pectinatum Nees ex Trin. Polygalaceae Polygala cuspidata DC. Polygala hebeclada DC. Polygonum acuminatum Kunth Securidaca lanceolata A.St.-Hil. e Moq. Pontederiaceae Pontederia cordata L. Primulaceae Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. e Schult. Arbustivo Herbáceo Fitofisionomia várias Herbáceo várias Herbáceo Herbáceo Herbáceo Voucher Abrangência MA (lato sensu) 257776 (SP) várias Herbáceo Grama-daspedras CA Herbáceo Herbáceo Olyra glaberrima Raddi Panicum sellowii Ness Hábito 222851 (MBM) 1033 (HRPUC-SP) 2376 (JBRJ_RB) SE, S BR NE, SE, CO NE, SE, CO, S várias 10146 (SP) várias 1057 (HRPUC-SP) 9770 (SP) BR várias 13670 (SP) NE, SE, CO BR MA (lato sensu) 18593 (IAC) várias BR NE, SE, S BR Herbáceo várias 21964 (IAC) NE, SE, CO, S Arbustivo Escandente várias várias 454515 (NYBG_BR) 13576 (SP) NE, SE, S Herbáceo várias 12448 (SP) NE, SE, CO, S Arbóreo várias 1108 (CCTS) NE, SE, CO, S 36 114 Táxon Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze (=Rapanea guianensis Aubl.) Nome popular Hábito CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo várias 1242 (HRPUC-SP) BR Myrsine umbellata Mart. (=Rapanea umbellata (Mart.) Mez.) Proteaceae Capororoca Arbóreo várias 219 (CCTS) BR Roupala montana Aubl. Cajueiro-bravoda-serra Arbóreo várias 1127 (HRPUC-SP) BR Arbustivo/ Arbóreo várias 13952 (SP) NE, SE, CO, S Arbóreo várias 1404 (CCTS) BR Arbóreo várias BR Subarbustivo várias 879 (HRPUC-SP) Herbáceo várias BR Herbáceo várias 970 (HRPUC-SP) Rhamnaceae Rhamnus sphaerosperma Sw. Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. Rubus brasiliensis Mart. Pessegueirobravo, Marmelo Rubiaceae Amaioua guianensis Aubl. Borreria capitata (Ruiz e Pav.) DC. Carvoeiro Borreria tenella (Kunth) Cham. e Schltdl. Borreria verticillata (L.) G.Mey. Chomelia obtusa Cham. e Schltdl. Chomelia pohliana Müll.Arg. Chomelia Subarbustivo Arbustivo Arbustivo/ Arbóreo MA (lato sensu) 645 (CCTS) CER (lato sensu) CER (lato sensu) 502694 (NYBG_BR) 501748 (JBRJ_RB) 647 (CCTS) 2867 (HRPUC-SP) NE, SE, CO, S BR BR N, NE, SE, CO NE, SE, CO 37 115 Táxon Nome popular Coccocypselum lanceolatum (Ruiz e Pav.) Pers. Cordiera concolor (Cham.) Kuntze Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. Declieuxia cordigera Mart. e Zucc. ex Schult. e Schult.f. Falsa-quina Quineira Declieuxia fruticosa (Willd.) Kuntze Diodella teres (Walter) Small Hábito Fitofisionomia Voucher Abrangência Herbáceo MA (lato sensu) 545 (HRPUC-SP) BR Arbóreo várias 1123 (CCTS) BR Arbustivo CER (lato sensu) Arbóreo MA (lato sensu) Arbustivo/ Subarbustivo CER (lato sensu) Herbáceo Subarbustivo Galianthe brasiliensis (Spreng.) E.L.Cabral e Bacigalupo CA CER (lato sensu) várias 26252 (IAC) BR várias 11559 (SP) várias 275780 (SP) BR várias 65038 (SP) BR 11596 (SP) N, NE, SE Palicourea rigida Kunth Arbustivo Psychotria carthagenensis Jacq. Psychotria lupulina Benth. Psychotria mapourioides DC. Café-do-mato várias 546 (HRPUC-SP) Arbóreo várias 1335 (CCTS) Arbóreo várias 112855 (ESA) Arbustivo/ Subarbustivo BR NE, SE, CO, S Escandente Arbustivo 554 (HRPUC-SP) 396957 (NYBG_BR) Manettia cordifolia Mart. Palicourea marcgravii A.St.-Hil. BR N, CO, SE, S várias Arbustivo/ Arbóreo 2286 (HRPUC-SP) BR 64970 (SP) Herbáceo Ixora venulosa Benth. 1423 (CCTS) várias CO, SE, S BR BR N, SE (SP) 38 116 Táxon Randia ferox (Cham. e Schltdl.) DC. (=Randia armata (Sw.) DC.) Richardia pedicellata (K.Schum.) Kuntze Rudgea corymbulosa Benth. Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. Tocoyena brasiliensis Mart. Rutaceae Almeidea lilacina A. St.Hil. Nome popular Hábito Jasmim-domato Bugre Genipapinho Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. Esenbeckia febrifuga (A. St.-Hil.) A. Juss. ex Mart. Esenbeckia grandiflora Mart.* Mamoninha-domato Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. Mamica de porca Mamica de porca Helietta apiculata Benth. Zanthoxylum rhoifolium Lam.* Zanthoxylum riedelianum Engl. Salicaceae Casearia decandra Jacq. Pau-marfim Guaxupita Canela-deveado, Osso-deburro, Amarelinho Mamica-decadela, Mamica de porca CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbóreo MA (lato sensu) SE, S Herbáceo várias 2869 (HRPUC-SP) Arbustivo/ Arbóreo várias Arbustivo/ Arbóreo várias Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo várias 65002 (SP) 502694 (NYBG_BR) SE 1144 (CCTS) N, NE, SE, CO 573 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) MA (lato sensu) 1403 (CCTS) MA (lato sensu) 19835 (SP) várias CO, SE, S SE CO, SE, S 1427 (CCTS) NE, SE, CO, S Arbóreo várias 1146 (CCTS) BR Arbóreo Arbustivo/ Arbóreo várias 12105 (SP) CO, SE, S várias 1422 (CCTS) BR Arbóreo várias 1328 (CCTS) N, CO, SE, S 300 (CCTS) BR Arbóreo Arbóreo várias várias 1402 (CCTS) BR 39 117 Táxon Nome popular Casearia gossypiosperma Briq. Casearia obliqua Spreng. Casearia sylvestris Sw. Xylosma pseudosalzmannii Sleumer Allophylus sericeus (Cambess.) Radlk. CA Fitofisionomia Voucher Abrangência Arbustivo/ Arbóreo várias 646 (CCTS) BR Arbóreo várias várias 1401 (CCTS) N, NE, SE, S Arbustivo/ Arbóreo várias 1426 (CCTS) SE, S Arbóreo várias 1359 (CCTS) S, N Arbóreo várias Arco-depeneira, Camboatã, Camboatãvermelho Camboatãbranco, Camboatã Arbóreo Guaçatonga, Lagarteira Sapindaceae Allophylus edulis (A. St.Hil., A. Juss. e Cambess.) Hieron. ex Niederl. Hábito Napoleão Fruta-depomba Arbóreo 650 (CCTS) BR várias 332 (HRPUC-SP) 1358 (CCTS) NE, SE, CO Arbóreo várias 498 (CCTS) BR Correeiro, Corroeiro Arbóreo MA (lato sensu) várias 417 (HRPUC-SP) 1317 (CCTS) CO, SE, S Chrysophyllum gonocarpum (Mart. e Eichler ex Miq.) Engl. Guatambu-deleite, Perobabranca Arbóreo várias BR Pouteria torta (Mart.) Radlk. Aguaí Arbóreo 2275 (HRPUC-SP) Guapeva Arbóreo Cupania tenuivalvis Radlk. Cupania vernalis Cambess. Diatenopteryx sorbifolia Radlk. Matayba elaeagnoides Radlk. Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. e Arn.) Radlk. Camboatã-defolha-miúda Arbóreo QA (SP) várias várias 62 (CCTS) 2751 (HRPUC-SP) SE CO, SE, S NE, SE, CO, S BR 40 118 Táxon Siparunaceae Siparuna brasiliensis (Spreng.) A.DC. Siparuna guianensis Aubl. Nome popular Hábito Erva-de-limão Arbustivo Abrangência MA (lato sensu) 464 (CCTS) NE, SE, CO Escandente várias 327 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) Arbustivo várias 1399 (CCTS) BR ArrebentaCavalo Subarbustivo várias 24596 (IAC) SE, S Solanum variabile Mart. Styracaceae Jurubeba falsa Arbustivo MA (lato sensu) 250 (CCTS) SE, S Styrax camporum Pohl Cuia-do-brejo Arbóreo Solanaceae Cestrum schlechtendalii G.Don Cestrum strigilatum Ruiz e Pav. Solanum aculeatissimum Jacq. Solanum granulosoleprosum Dunal Styrax ferrugineus Nees e Mart. Styrax pohlii A. DC. Salsaparrilha, Japicanga Voucher 465 (CCTS) Smilax fluminensis Steud. Arbustivo Fitofisionomia várias Smilacaceae Limão-bravo CA Coerana Fumo-bravo, Fumeiro Laranjinha-docerrado, Benjoeiro Turneraceae Turnera orientalis (Urb.) Arbo Urticaceae Cecropia hololeuca Miq. Cecropia pachystachya Trécul* Embaúba Embaúbabranca Arbustivo várias Arbustivo várias várias CER (lato sensu) Arbóreo Arbustivo várias Escandente Arbóreo Arbóreo QA (SP) BR 1398 (CCTS) BR 365 N, NE, SE, CO (HRPUC-SP) 474 (CCTS) BR 649 (CCTS) N, CO, SE, S 525 (CCTS) N, NE, SE, CO várias 14117 (SP) BR várias 1321 (CCTS) NE, SE várias 2885 (HRPUC-SP) BR 41 119 Táxon Verbenaceae Aloysia virgata (Ruiz e Pav.) Pers. Lantana camara L. Nome popular Hábito Lixeira Arbóreo Lantana hypoleuca Briq. Arbustivo Lippia corymbosa Cham. Arbustivo Lippia sidoides Cham. Subarbustivo Lippia stachyoides Cham. Subarbustivo Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl Violaceae Hybanthus atropurpureus (A.St.-Hil.) Taub. Vitaceae Cissus sulcicaulis (Baker) Planch. Vochysiaceae Qualea cordata (Mart.) Spreng. Qualea dichotoma (Mart.) Warm. Dedaleira-preta Qualea grandiflora Mart. Pau-terra Vochysia tucanorum Mart. Pau-amarelo Qualea multiflora Mart. Arbustivo CA Fitofisionomia várias várias várias CER (lato sensu) várias CER (lato sensu) Voucher Abrangência 1318 (CCTS) NE, SE, CO, S 1319 (CCTS) 7825 (ESA) BR CO, SE 1396 (CCTS) CO, SE 573242 (NYBG_BR) CO, SE 15665 (SP) BR Herbáceo várias 960 (HRPUC-SP) Subarbustivo várias 14173 (SP) DI Escandente várias 13977 (SP) BR Arbóreo várias 537 (CCTS) NE, SE, S 505 (CCTS) BR Arbóreo Arbóreo Arbóreo Arbóreo BR várias 1020 (HRPUC-SP) várias 739 NE, SE, CO, S (HRPUC-SP) CER (lato sensu) várias CO, SE 1156 (CCTS) NE, SE, CO, S 42 120 Tabela 2. Espécies exóticas invasoras ocorrentes no município de Sorocaba. Táxon Anacardiaceae Mangifera indicaL. Asteraceae Emilia forsbergii Nicolson Bignoniaceae Tecomastans(L.) Juss. ExKunth Cucurbitaceae Momordica charantia L. Cyperaceae Cyperus rotundus L. Euphorbiaceae Ricinus communis L. Fabaceae Cajanus cajan (L.) Huth Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Lamiaceae Leonurusjaponicus Houtt. Meliaceae Melia azedarach L. Moraceae Artocarpus heterophyllus Lam. Myrtaceae Eucalyptus spp. Psidium guajava L. Nome Popular Origem Hábito Status Mangueira Índia Arbóreo invasora Amarelinh o América Central Arbustivo/ Arbóreo Ásia Escandente India Herbáceo Serralha, bela-emília Melão-desãocaetano Tiririca Mamona Feijãoguandú Leucena Rubim Ásia Ásia ou Africa Herbáceo Arbustivo Provável naturalizada invasora Provável naturalizada invasora invasora África Escandente Provável naturalizada Sibéria e China Arbustivo Provável invasora invasora América Central e México Arbóreo Cinamomo Leste da Ásia Índia Arbóreo Eucalipto Austrália Arbóreo Provável invasora Arbóreo invasora Jaca Goiabeira Entre o sul do México e o norte da América do Sul Arbóreo invasora invasora 43 121 Táxon Nome Popular Origem Hábito Status Capimfavorito África do Sul Herbáceo invasora Capimgordura África Herbáceo Poaceae Melinis repens (Willd.) Zizka Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K.Simon e S.W.L.Jacobs Capimcolonião Pennisetum glaucum (L.) R.Br. Milheto Ameixaamarela Melini sminutiflora P. Beauv. Urochloa decumbens (Stapf) R.D. Webster Rosaceae Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. Sapindaceae Dodonaea viscosa Jacq. Braquiária Vassouravermelha Herbáceo Provável invasora África Herbáceo Provável invasora Sudeste da China Arbóreo invasora África África África Herbáceo Arbustivo invasora invasora Provável naturalizada Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, G.B.; RODRIGUES, R.R. (2000). A vegetação do Morro de Araçoiaba, Floresta Nacional de Ipanema, Iperó (SP). Scientia Forestalis, n. 28, p.145-159. AMERICAS REGIONAL WORKSHOP (Conservation e Sustainable Management of Trees, Costa Rica, November (1996). (1998a). Cariniana legalis. In: Red List of Threatened Species, Version 2012.2. Disponível em: <www. iucnredlist.org>. Acesso em: 27 de junho de 2013. AMERICAS REGIONAL WORKSHOP (Conservation e Sustainable Management of Trees, Costa Rica, November (1996).(1998b). Cedrela fissilis.In: Red List of Threatened Species, Version 2012.2. Disponível em: <www. iucnredlist.org>. Acesso em: 27 de junho de 2013. APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants. Botanical Journal of the Linnean Society, v.161, n.2, p.105- 202, 2009. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa MMA 6, de 23 de setembro de 2008: Reconhece as 44 espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção no Brasil. CARVALHO, F.A.; JACOBSON, T.K.B. Invasão de Plantas Daninhas no Brasil – uma Abordagem Ecológica. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/estruturas/174/_arquivos/174_05122008112752.pdf>. Acesso em: 27 de junho de 2013. CEPAGRI - Centro de Pesquisas Metereológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura.Clima dos Municípios Paulistas.Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima_muni_584.html>. Acesso em: 05 de junho de 2013. 122 COELHO, S.(2013). Estudo da Vegetação do Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade (PNMCBio), Sorocaba/SP. 2013.Dissertação (Mestrado em Sustentabilidade na Gestão Ambiental). Universidade Federal de São Carlos - câmpus Sorocaba. Sorocaba, 2013. COELHO, S. (2008). Fitossociologia e estado de conservação dos fragmentos florestais do campus da UFSCar Sorocaba.(2008).26p. Relatório (Iniciação Científica, PIBIC/CNPq) - Universidade Federal de São Carlos - câmpus Sorocaba. Sorocaba, 2008. CORRÊA, L.S.(2011). Estudo do estrato regenerativo em trechos de Floresta Estacional Semidecidual no Sudeste do Brasil.(2011).72p. Dissertação (Mestrado em Diversidade Biológica e Conservação) - Universidade Federal de São Carlos - câmpus Sorocaba, Sorocaba, 2011. ESTADO DE SÃO PAULO. Res. SMA 8, de 31-1-2008. (Anexo). Listagem das espécies arbóreas e indicação de ocorrência natural nos biomas, ecossistemas e regiões ecológicas no Estado de São Paulo, com classificação sucessional e a categoria de ameaça de extinção. FARIA, R.A.P.G.; SILVA, A.N.; ALBUQUERQUE, M.C.F.;COELHO, M.F.B.(2009).Características biométricas e emergência de plântulas de Brosimum gaudichaudii Tréc. oriundas de diferentes procedências do cerrado matogrossense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais,vol.11, n.4, p. 414-421. GROOM, A. Copaifera langsdorffii. (2012). In: Red List of Threatened Species, Version 2012.2. Disponível em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 27 de junho de 2013. LISTA DE ESPÉCIES DA Lista de espécies da flora do brasil Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 05 de junho de 2013. IAC - INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS. Mapa Pedológico do Estado de São Paulo (relatório e mapa). 1: 500.000. Campinas: IAC, 1999. IBGE - INSTITUO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 2012, 271p. (Manuais Técnicos em Geociências, n. 1). INSTITUTO HÓRUS -Instituto Hórus de desenvolvimento e conservação ambiental. Espécies Exóticas invasoras: fichas técnicas. Disponível em: <http://www.institutohorus.org.br/inf_fichas. htm/.>. Acesso em: 27 de junho de 2013. IUCN - INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza. Disponível em: <http://www. iucnredlist.org>. Acesso em: 21 de maio de 2013. JUDD, W.S.; CAMPBEL, C.S.; KELLONGG, E.A.; STEENS P.F.; DONOGUE, M.J.(2009). Sistemática Vegetal: um enfoque filogenético. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 612p. KÖPPEN, W. (1948). Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. México: Fundo de Cultura Econômica, 478p. KORTZ, A.R. (2009). Composição florística dos fragmentos do câmpus da UFSCar Sorocaba.Monografia (Graduação) – Universidade Federal de São Carlos – Câmpus Sorocaba. Sorocaba, 52p. KRONKA, F.J.N.; NALON, M. A.;MATSUKUMA, C. K.; KANASHIRO, M. M.; YWANE, M. S. S.; PAVÃO, M.; DURIGAN, G.; LIMA, L. M. P. R.; GUILLAUMON, J. R.; BAITELLO, J. B.; BORGO, S. C.; MANETTI, L. A.; BARRADAS, A. M. F.; FUKUDA, J. C.; SHIDA, C. N.; MONTEIRO, C. H. B.; PONTINHA, A. A. S.; ANDRADE, G. G.; BARBOSA, O.;SOARES A. P.; COUTO, H. T. Z.; JOLY, C. A.Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005. 200p. LORENZI, H. (2008). Plantas daninhas do Brasil: terrestre, aquáticas, parasitas e tóxicas. 4 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 640p. 123 MORAES, A.P.; ALMEIDA, V.P. (2009). Levantamento Florístico de uma Trilha em um Fragmento Florestal Urbano do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, Sorocaba (SP). Revista Eletronica de Biologiav.2, n.1, p.5165.131 MORO, M.F.; SOUZA, V.C.; OLIVEIRA-FILHO, A.T.; QUEIROZ, L.P.; FRAGA, C.N.; RODAL, M.J.N.; ARAÚJO, F.S.; MARTINS, F.R. (2011) Alienígenas na sala: o que fazer com espécies exóticas em trabalhos de taxonomia, florística e fitossociologia? Acta Bot. Bras. v. 26 n.4, p. 991-999. MOTA, M. T. ;ALMEIDA, V. P. (2001). Florística do Cerrado de uma Reserva Legal, Município de Sorocaba, (SP). In: Congresso de Ecologia do Brasil, V, 2001, Porto Alegre: Sociedade de Ecologia do Brasil. PYSÉK, P.; RICHARDSON, D.M.; REJMÁNEK, M.; WEBSTER, G.L.; WILLIAMSON, M.; KIRSCHNER, J.(2004).Alien plants in checklists and floras: towards better communication between taxonomists and ecologists. Taxon, v. 53, n. 1, p. 131-143. RICHARDSON, D.M.; PYSÉK, P.; REJMÁNEK, M.; BARBOUR, M.G.; PANETTA, F.D.; WEST, C.J.(2000). Naturalization and invasion of alien plants: concepts and definitions. Diversity and Distributions, v.6, p. 93-107. RICHARDSON, D.M.; REJMÁNEK, M. (2011).Trees and shrubs as invasive alien species – a global review.Diversity and Distributions, v.17, p. 788-809. RODRIGUES; R.R.; JOLY, C.A.; BRITO, M.A.W.; PAESE, A.; METZGER, J.P.; CASATTI, L.; NALON, M.A.; MENEZES, N.; IVANAUSKAS, N.M.; BOLZANI, V.; BONONI, V.L.R.(2008). Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no estado de São Paulo.1ed. São Paulo: Instituto de Botânica, 248p. SANTOS, J.F. (2012). Levantamento florístico de um fragmento florestal no parque natural dos esportes Chico Mendes de Sorocaba – SP. Monografia (Graduação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - câmpus Sorocaba. SANTOS, L. (2009). Fitossociologia em um fragmento florestal de mata ciliar no parque natural Chico Mendes em Sorocaba-SP. (2009). Monografia (Graduação) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - câmpus Sorocaba. SIMPSON, M.G. (2006). Plant Systematics.1 ed. San Diego: Elsevier Academic Press, 590p. SUAREZ-RUBIO, M.; THOMLINSON, J.R. (2009).Landscape and patch-level factors influence bird communities in an urbanized tropical island. Biological Conservation, v. 142, p. 1311-1321. SPECIESLINK - Sistema de Informação Distribuído para Coleções Biológicas: a Integração do Species Analyst e do SinBiota (FAPESP).Disponível em:<http://splink.cria.org.br/>. Acesso em: 28 de junho de 2013. STEVENS, P. F. Angiosperm Phylogeny Website. Version 12. Disponível em:<http://www.mobot.org MOBOT/ research/APweb/>. Acesso em: 20 de maio de 2013. TROPICOS. Missouri Botanical Garden. Disponível em:<http://www.tropicos.org>. Acesso em: 20 de maio de 2013. VILLELA, F.N.J.(2011) Análise da relação revelo-rocha-solo no contato Planalto Atlântico-Depressão Periférica Paulista. 2011. 279p. Tese (Doutorado em Geografia Física) - Universidade de São Paulo, São Paulo. WANDERLEY, M.G.L.; SHEPHERD, G.J.; MARTINS, S.E.; ESTRADA, T.E.M.D.; ROMANINI, R.P.; KOCH, I.; PIRANI, J.R.; MELHEM, T.S.; HARLEY, AM.G.; KINHOSHITA, L.S.; MAGENTA, M.A.G.; WAGNER, H.M.L; BARROS, F.; LOHMANN, L.G.; AMARAL, M.C.E.; CORDEIRO, I.; ARAGAKI, S.; BIANCHINI, R.S.; ESTEVES, G.L.(2011). Checklist das Spermatophyta do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 11, p. 193-390. WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE 1998 .Machaerium villosum. In: IUCN 2011. IUCN Red List of Threatened Species.Version 2011.2. Disponível em: www.iucnredlist.org. Acesso em: 06 de dezembro de 2011. 124 Capítulo 6 Invertebrados terrestres do Município de Sorocaba Maria Virgínia Urso Guimarães, Heitor Zochio Fischer, Viviane Aparecida Rachid Garcia, Luis Gustavo Moreli Tauhyl, Anderson Teixeira Tsukada, Victor Satoru Saito, Simone Maria Ribeiro, Nelson Silva Pinto Resumo Os invertebrados terrestres compreendem 18 filos, dentre os quais Arthropoda, que possui mais de 1,5 milhão de espécies descritas e Mollusca, que também representa uma diversidade significativa. As listas vermelhas de espécies ameaçadas possuem uma defasagem de espécies de invertebrados, pois existe uma lacuna no conhecimento do grupo e, no Estado de São Paulo, especificamente no município de Sorocaba, essa situação não é diferente. Neste trabalho apresentamos os registros de espécies no município utilizando diversos bancos de dados. Os registros foram buscados em coleções científicas, na literatura e em trabalhos depositados nas bibliotecas universitárias. Foram encontrados apenas três artigos científicos com registros de espécies para o município e ao todo foram registradas 118 espécies do filo Arthropoda e duas espécies de Mollusca terrestres. Esses resultados evidenciam a necessidade de novos esforços para inventariar a fauna de invertebrados local. Introdução O ambiente terrestre é um sistema extremamente dinâmico, complexo e altamente heterogêneo, que permite o desenvolvimento de um grande número de habitats (GARDI e JEFFERY 2009). Tal ambiente sustenta 18 filos de invertebrados terrestres, 13 predominantemente terrestres e 5 predominantemente marinhos, dos quais os mais representativos pertencem ao filo Arthropoda (BANDÃO E CANCELLO, 1999), com cerca de 1,5 milhão de espécies descritas. Já o filo Mollusca, considerado o segundo maior filo com aproximadamente 50.000 espécies viventes (RUPPERT et al., 2005), é encontrados nos dois ambientes (terrestre e aquático). 125 O levantamento através de coleta também compõe parcela fundamental para obter informações relevantes sobre a riqueza e a diversidade de organismos em determinado local, como afirmam VANNOTE et al. (1980); GIANI et al. (1988), DE MARCO JR. et al. (2001). Em ambientes urbanos, nos quais há influência direta de antropização, a coleta permite obter informações sobre como e quais os organismos presentes e que, portanto, não são afetados tão diretamente por tais atividades. Em parques urbanos, há a presença de remanescentes de vegetação e de pequenos lagos, compondo ambientes propícios a diferentes espécies. Especificamente em lagos, os organismos mais conspícuos são os insetos que compõem a ordem Odonata. Estudos sugerem que mesmo ambientes aquáticos criados para outras finalidades podem abrigar uma diversidade grande destes insetos (De Marco, et al. 2013). Entretanto, para a região, não há levantamento de Odonata, o que reforça a necessidade de coletas de campo que propiciem, ao menos, uma visão inicial da diversidade da região. As atuais listas vermelhas de espécies ameaçadas, nacionais e regionais, incluem 130 espécies de invertebrados terrestres, dos quais 42% são borboletas. Tais listas são bastante dependentes do conhecimento disponível e muitos táxons omitidos certamente incluem espécies ameaçadas, especialmente no Estado de São Paulo, já reconhecido como uma lacuna de conhecimento para invertebrados (ACCACIO et al., 2008). No Estado de São Paulo, algumas coleções de referência destacam-se pela importância de seus acervos, que, no entanto, sempre são especializados em alguns táxons de invertebrados terrestres. As coleções mais significativas que abrigam acervos com maior quantidade e diversidade de táxons se encontram no Museu de Zoologia da USP (aracnídeos, insetos, gastrópodes, vermes e miriápodes), no Instituto Florestal (insetos em geral); na Coleção Entomológica “Adolph Hempel” do Instituto Biológico (insetos em geral); no Instituto Butantan (artrópodes terrestres, Coleção Acarológica); no Instituto de Biociências da UNESP/Botucatu (aranhas e insetos); Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure (DZUP); Coleção de Artrópodes Vetores Ápteros de Importância em Saúde das Comunidades (Fiocruz-CAVAISC) e na Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (FiocruzCEIOC). Algumas coleções possuem grande valor pela representatividade dos táxons específicos em seu acervo, são elas a coleção de Apoidea (Hymenoptera) da Coleção Camargo da FFCLRP da USP/ Ribeirão Preto, Coleção de Coleoptera do Museu de Zoologia da UNICAMP (ZUEC-COL) e as coleções de Ichneumonoidea (Hymenoptera) e Geometridae (Lepidoptera) na UFSCar/São Carlos. Para a cidade de Sorocaba serão apresentados os registros localizados em algumas das coleções citadas acima, o que vai evidenciar a necessidade de novos esforços para inventariar a fauna de invertebrados local. Metodologia Para a realização deste trabalho foram consultadas três bases de dados: 1. Coleções científicas utilizando a base de dados do Species link, com a palavra-chave “Sorocaba” no campo “Município”; 2. “ISI Web of Knowledge” e “Scielo” utilizando a palavra-chave “Sorocaba”, “invertebrados, Sorocaba”, “fauna, Sorocaba” para uma busca regional e integrada; 3. Trabalhos científicos publicados e não publicados (Conclusão de Curso, Iniciação 126 Científica, Mestrado e Doutorado) depositados nas bibliotecas da FCMS-PUC/SP, UNISO, UNIP (campus Sorocaba), UNESP (câmpus Sorocaba) e UFSCar (câmpus Sorocaba), cujo material coletado estivesse depositado em alguma coleção científica com número de voucher registrado. Resultados Os artigos encontrados nas buscas através das bases de dados do “Thomson IS database” e “Scielo” e que compõem o check-list são: Teixeira et al. (2008), Silva et al. (2009) e Viviani et al. (2010). A lista inicial continha 979 registros de fauna e flora com distribuição geográfica no município de Sorocaba. Após o primeiro filtro para listar somente os invertebrados, foram obtidos 249 registros do filo Arthropoda, coletados em diversas regiões da cidade listados no SinBiota (Sistema de Informação do Programa Biota/Fapesp) e depositados nas seguintes coleções: Coleção Acarológica do Instituto Butantan, Coleção Entomológica “Adolph Hempel” do Instituto Biológico (IB), Coleção Camargo – FFCLRP/USP, Coleção de Coleóptera do Museu de Zoologia da UNICAMP (ZUEC-COL), Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure (DZUP), Coleção de Artrópodes Vetores Ápteros de Importância em Saúde das Comunidades (Fiocruz-CAVAISC) e da Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz-CEIOC). Os 249 registros de artrópodes listados para Sorocaba se referem a 118 espécies (Tabela 1). 127 Figura 1: Riqueza (número de espécies) de invertebrados terrestres por Família, com registro para o município de Sorocaba, SP. 128 Tabela 1: Invertebrados terrestres com registro para o município de Sorocaba, SP. Classe Ordem Família Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Acari Dermanyssidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Ixodidae Arachnida Acari Ixodidae Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Acari Acari Acari Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Ixodidae Macronyssidae Tetranychidae Clubionidae Corinnidae Ctenidae Ctenidae Linyphiidae Linyphiidae Linyphiidae Lycosidae Nome Científico Nome comum Ácaro Carrapato Carrapato Carrapato Estrela Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato-do-ouriço Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato-de-sapo Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato Carrapato-de-boi Carrapato-vermelhoRhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806) do-cão Micrathena swainsoni (Petrunkevitch, 1911) Carrapato Ornithonyssus sylviarum (Canestrini and Fanzago, 1877) Ácaro Tetranychus sp. Ácaro Elaver brevipes (Keyserling, 1891) Aranha Corinna sp. Aranha Ancylometes rufus (Walckenaer, 1837) Aranha Ctenus ornatos (Keyserling, 1877) Aranha Exocora sp. Aranha Meioneta sp. Aranha Sphecozone sp. Aranha Aglaoctenus lagotis (Holmberg 1876) Aranha-lobo Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778) Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772) Amblyomma auricularium (Conil, 1878) Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) Amblyomma calcaratum (Neumann, 1899) Amblyomma coelebs (Neumann, 1899) Amblyomma cooperi (Nuttal e Waburton, 1908) Amblyomma dissimile (Koch, 1844) Amblyomma dubitatum (Neumann, 1899) Amblyomma geayi (Neumann, 1899) Amblyomma goeldii (Neumann, 1899) Amblyomma incisum (Neumann, 1906) Amblyomma longirostre (Koch, 1844) Amblyomma maculatum (Koch, 1844) Amblyomma naponense (Packard, 1869) Amblyomma nodosum (Neumann, 1899) Amblyomma oblongoguttatum (Koch, 1844) Amblyomma ovale (Koch, 1844) Amblyomma pacae (Aragão, 1911) Amblyomma parvum (Aragão, 1908) Amblyomma pictum (Neumann, 1906) Amblyomma rotundatum (Koch, 1844) Amblyomma sp. Amblyomma varium (Koch, 1844) Anocentor nitens (Neumann, 1897) Aponomma decorosum (Koch, 1867) Haemaphysalis juxtakochi (Cooley, 1946) Haemaphysalis kohlsi (Aragão e Fonseca 1951) Haemaphysalis leporispalustris (Packard, 1869) Haemaphysalis sp. Ixodes aragaoi (Fonseca, 1935) Ixodes loricatus (Neumann, 1899) Ixodes luciae (Sénevet, 1940) Ixodides sp. Rhipicephalus microplus (Canestrini, 1888) 129 Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Arachnida Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Araneae Scorpiones Scorpiones Palpimanidae Salticidae Sicariidae Theraphosidae Theraphosidae Theraphosidae Theridiidae Theridiidae Zodariidae Bothriuridae Buthidae Chilopoda Chilopoda Chilopoda Insecta Insecta Insecta Scolopendromorpha Scolopendromorpha Scolopendromorpha Coleoptera Coleoptera Coleoptera Cryptopidae Scolopendridae Scolopocryptopidae Elateridae Elateridae Erotylidae Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Insecta Coleoptera Lampyridae Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Coleoptera Diptera Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Lampyridae Phengodidae Calliphoridae Insecta Diptera Calliphoridae Insecta Diptera Calliphoridae Insecta Diptera Calliphoridae Insecta Insecta Diptera Diptera Calliphoridae Calliphoridae Insecta Diptera Calliphoridae Insecta Insecta Hemiptera Hymenoptera Cimicidae Apidae Aranha Aranha Aranha-marrom Tarântula Tarântula Tarântula Aranha Aranha Aranha Escorpião Escorpião Marrom Cryptops sp. Centopéia Scolopendra viridicornis Newport, 1844 Centopéia Dinocryptops miersii (Newport, 1845) Centopéia Pyrearinus micatus Costa, 1978 Besouro Pyrophorus divergens Eschchotz, 1829 Besouro Brachysphaenus (Iphiclus) intersectus Besouro (Duponchel, 1825) Amydetes fanestratus Hoffmann Vagalume Amydetes sp. Vagalume Aspisoma lineatum Gyllendal, 1817 Vagalume Aspisoma physonotum Gorham, 1884 Vagalume Aspisoma sp. 2 Vagalume Aspisoma sp. 4 Vagalume Bicellonychia lividipennis Motschulsky Vagalume 1854 Bicellonychia ornaticollis Blanchard, Vagalume 1837 Cratomorphus concolor Perty, 1830 Vagalume Cratomorphus distinctus Oliver, 1895 Vagalume Cratomorphus gorhami Oliver, 1909 Vagalume Cratomorphus sp. Vagalume Lucidota discoidalis Laporte, 1833 Vagalume Photinus sp. Vagalume Pyrogaster moestus Germar, 1824 Vagalume Stenophrixohtrix sp. Besouro Chrysomyia albiceps (Wiedemann, Mosca Varejeira 1819) Chrysomyia megacephala (Fabricius, Mosca Varejeira 1794) Chrysomyia putoria (Wiedemann, Mosca Varejeira 1818) Hemilucilia segmentaria (Fabricius, Mosca Varejeira 1805) Lucilia cuprina (Wiedemann, 1830) Mosca Varejeira Lucilia eximia (Wiedemann, 1819) Mosca Varejeira Otiothops sp. Corythalia sp Loxosceles gaucho (Gerstch, 1967) Vitalius dubius (Mello-Leitão, 1923) Vitalius sorocabae (Mello-Leitão 1923) Vitalius vellutinus (Mello-Leitão 1923) Therídion sp. Thymoites sp. Epicratinus sp. Ananteris balzanii Thorell, 1891 Tityus bahiensis (Perty, 1833) Mesembrinella bellardiana Aldrich, 1922 Ornithocoris toledoi (Pinto, 1927) Partamona helleri (Friese,1900) Mosca Varejeira Percevejo Abelha bocade-sapo 130 Piolho Mastigador Insecta Phthiraptera Menoponidae Ciconiphilus pectiniventris (Harrison, 1916) Insecta Phthiraptera Menoponidae Colpocephalum cristatae Price, 1968 Insecta Phthiraptera Menoponidae Colpocephalum pectinatum Osborn, 1902 Piolho Mastigador Piolho Mastigador Insecta Phthiraptera Menoponidae Colpocephalum sp. Piolho Mastigador Insecta Phthiraptera Menoponidae Insecta Phthiraptera Philopteridae Insecta Phthiraptera Philopteridae Insecta Phthiraptera Philopteridae Goniocotes parviceps (Piaget, 1880) Insecta Phthiraptera Philopteridae Goniodes pavonis (Linnaeus, 1758) Insecta Phthiraptera Philopteridae Heptapsogaster sp. Insecta Phthiraptera Philopteridae Strigiphilus crucigerus Carriker, 1966 Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Thysanoptera Thysanoptera Thysanoptera Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Thripidae Thripidae Thripidae Aeshnidae Coenagrionidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Insecta Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Odonata Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Libellulidae Frankliniella condei John, 1928 Frankliniella sp. Frankliniella varipes John, 1928 Anax amazili (Burmeister, 1839) Ischnura capreolus (Hagen, 1861) Orthemis discolor (Burmeister, 1839) Miathyria marcela (Selys, 1857) Erythrodiplax basalis (Kirby, 1897) Perithemis mooma (Kirby, 1889) Diastatops intensa (Montgomery, 1940) Zenithoptera sp. Erythemis plebeja Erythrodiplax juliana (Ris, 1911) Micrathyria hesperis (Ris, 1911) Tramea binotata (Rambur, 1842) Erythrodiplax fusca (Rambur, 1842) Erythrodiplax castanea (Burmeister, 1839) Insecta Odonata Gastrópoda Mesogastropoda Gastrópoda Basommatophora Libellulidae Ampullariidae Biomphalaria Piolho Mastigador Austrophilopterus cancellosus (Carriker, Piolho Mastigador 1903) Degeeriella sp. Piolho Mastigador Kurodaia sp. Tramea cophysa (Hagen, 1867) Pomacea Canaliculata Biomphalaria sp Piolho Mastigador Piolho Mastigador Piolho Mastigador Piolho Mastigador Trips Trips Trips Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Libélula Caramujo Caramujo 131 Referências Bibliográficas ACCACIO, G.; FREITAS, A. V. L.; URSO-GUIMARAES, M. V. Invertebrados. In: Rodrigues, R.R.; Bononi, V.L.R. (Org.)(2008) Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. 1ed. São Paulo: Editora Oficial do Estado de São Paulo, p. 99-103. RUPPERT, E. E., FOX, R. S. E BARNES, R. D. (2005). Zoologia dos Invertebrados: uma abordagem funcional - evolutiva. 7° EDIÇÃO, ED. ROCA, SÃO PAULO. BRANDÃO, C. R. F.; CANCELLO, E. M. Invertebrados terrestres. In: JOLY, C. A.; BICUDO, C. E. M. (Org.).(1999). Biodiversidade do estado de São Paulo: Síntese do conhecimento ao final do século XX. São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), V. 5. DE MARCO JR, P. et al. (2013). Patterns in the organization of Cerrado pond biodiversity in Brazilian pasture landscapes. Springer Netherlands. Hydorbiologia - ISSN: 00188158, (Print) 1573-5117 (Online). GARDI C, JEFFERY S. (2009). Soil biodiversity. European Commission Joint Research Centre, Institute for Environment and Sustainability, Land Management and Natural Hazards Unit. Available online, DOI 10.2788/7831. GIANI, A., R. PINTO-COELHO, S. OLIVEIRA & A. PELLI. (1988). CicIo sazonal de parâmetros físico-químicos da água e distribuição hori zontal de nitrogêni o e fós foro no reservatório da Pampulha (Belo Horizonte, MG, Brasil). Cio Cult. 40 (I ): 69-77. SILVA-PINTO, N; DE MARCO. JR. et AL.(2013). Patterns in the organization of Cerrado pond biodiversity in Brazilian pasture landscapes. Hidrobiologia. VANNOTE. R.L.; G.W. MINSHALL; K.W. CUMMINS; J.R. SEDELL & C.E. CUSHING. (1980). The river continuum concept. Canadian Jour. Fish. Aquatic Sei. 37: 130- 137. Trabalhos depositados nas bibliotecas de universidades utilizados na confecção do Checklist BOTELHO, M. R. (2008). Pesquisa de carrapatos nas margens do rio Sorocaba- SP. Trabalho de Conclusão (Bacharelado em Ciências Biológicas). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba. FERRO, G. B. (2011). Entomofauna Necrófaga Associada à Decomposição de Carne Bovina em uma localidade de Sorocaba-SP. Trabalho de Conclusão (Bacharelado em Ciências Biológicas). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba, GARCIA, V. A. R, (1998). A Comunidade de Moluscos Aquáticos da Bacia do Rio Sorocaba (SP) Sistemática-Ecologia. In: 7° Congresso de Iniciação Científica - da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, . JOZALA P. (2006). Verificação da presença de Flebotomíneos no Parque Zoológico localizado no 132 município de Sorocaba. Trabalho de Conclusão (Bacharelado em Ciências Biológicas). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba. MADIA, F. A. R. (2008). Estudo da Mimercofauna em Área Verde do Condomínio Granja Olga e no Parque Municipal “Bráulio Guedes da Silva”, Município de Sorocaba – SP. Trabalho de Conclusão (Bacharelado em Ciências Biológicas). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba, . SAITO, V. S.; BRESCOVIT, A. D.; URSO-GUIMARÃES, M. V. (2009).Diversidade de aranhas (Arachnida, Araneae) de solo em fragmento florestal da UFSCar – campus Sorocaba. In: Congresso de Iniciação Científica - UFSCar, 2009, São Carlos. http://www.jornada2009.ufscar.br/ ZACARIAS, A. S. (2008). Formigas como agentes de propagação de microorganismos em ambiente hospitalar. Trabalho de Conclusão (Bacharelado em Ciências Biológicas). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sorocaba. Trabalhos depositados nas bibliotecas de universidades encontrados nas bases de dados utilizados na confecção do Checklist SILVA, Salete Oliveira da et al . Malófagos (Phthiraptera, Amblycera, Ischnocera) em aves cativas no sudeste do Brasil. Rev. Bras. entomol., São Paulo, v. 53, n. 3, (2009) . Available from <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0085-56262009000300030&lng=en&nrm=i so>. access on 05 June 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0085-56262009000300030. TEIXEIRA, R.H.F. et al.(2008) . Carrapatos em aves selvagens no Zoológico de Sorocaba - São Paulo, Brasil. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte, v. 60, n. 5, Oct. 2008 . Available from <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-09352008000500037&lng=en&nrm=i so>. access on 05 June 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-09352008000500037. VIVIANI, V. R.; ROCHA, M. Y. ; HAGEN, O. Fauna de besouros bioluminescentes (Coleoptera: Elateroidea: Lampyridae; Phengodidae, Elateridae) nos municípios de Campinas, SorocabaVotorantim e Rio Claro-Limeira (SP, Brasil): biodiversidade e influência da urbanização. Biota Neotrop. [online]. 2010, vol.10, n.2, pp. 103-116. ISSN 1676-0603. 133 134 Capítulo 7 Comunidades fito e zooplanctônica do Município de Sorocaba Aline Karen Santana Giron, Welber Senteio Smith, André Cordeiro Alves dos Santos, Tatiana Cintra Borghi, Albano Geraldo Emílio Magrin, Ana Rita de Cássia Leite Resumo O conhecimento da comunidade planctônica é fundamental para se entender o funcionamento dos ecossistemas aquáticos continentais. Poucos trabalhos foram realizados na área do município de Sorocaba para identificar esta comunidade, como pode ser observado no levantamento de dados com o objetivo de avaliar a riqueza das comunidades fito e zooplanctônica dos corpos de água do município de Sorocaba realizado neste trabalho. Este levantamento resultou em um total de 179 espécies, sendo 158 de fitoplâncton e 21 de zooplâncton. Esforços maiores devem ser feitos, tanto para melhorar as identificações infragenéricas como para a observação e identificação de componentes desconhecidos, como microzooplâncton e nanofitoplâncton, para conseguir uma melhor visão da biodiversidade destes organismos na cidade de Sorocaba. 135 Introdução Fitoplâncton O rio Sorocaba, afluente da margem esquerda do rio Tietê e um dos principais rios do Estado de São Paulo, é pouco estudado do ponto de vista ficoecológico. O estudo das comunidades algais é de grande importância para melhor entendimento da estrutura e funcionamento dos rios como ecossistemas fluviais, uma vez que estas são seus principais produtores primários e base das cadeias tróficas (ZALOCAR DE DOMITROVIC, 2005). Além disso, o estudo da diversidade ficológica de uma determinada região abre caminho para novas pesquisas e exploração, como, por exemplo, o potencial biotecnológico das espécies (ASSUNÇÃO et al., 2011), a possibilidade de seu uso em aquicultura (SIPAÚBA-TAVARES, ROCHA, 2001) e como bioindicadores ambientais (BELLINGER; SIGEE, 2010). Rios calmos ou em seus trechos finais próximos à foz em delta podem desenvolver o que se conhece como potamofitoplâncton (ROUND, 1983). Já em ambientes lênticos (águas paradas), o fitoplâncton tende a ser mais exuberante, visto que as condições físicas e químicas geralmente são mais constantes e sofrem mudanças menos bruscas. O conhecimento da biodiversidade em ambientes lóticos, acompanhado das condições físicas e químicas da água, torna-se cada vez mais necessário como base para o monitoramento da qualidade da água, pois são os sistemas mais afetados pelos efeitos antrópicos (RODRIGUES; TORGAN; SCHWARZBOLD, 2007). Em razão disso, muito se tem discutido sobre os mecanismos que controlam a dinâmica espacial e temporal do fitopâncton em rios. Reynolds (2000) enfatiza que a retenção do canal de escoamento é importante para o recrutamento populacional à jusante, o que poderia explicar o incremento de biomassa e riqueza ao longo do rio. Para isso, utiliza o conceito de aggregated dead-zone (ADZ), modelo que parece ser adequado principalmente nos trechos em que os rios são mais sinuosos e de menor gradiente. O fitoplâncton é uma comunidade formada pelos organismos fotossintetizantes mais antigos do planeta Terra com pelo menos clorofila-a, reunindo formas muito simples, unicelulares, coloniais e filamentosas, com capacidade de flutuar livremente na coluna d’água. Devido a sua capacidade fotossintética, absorvendo gás carbônico e produzindo oxigênio, é considerada a comunidade que transformou nossa atmosfera num ambiente propício à evolução das formas de vida mais complexas, aeróbias e heterotróficas (SCHOPF, 1999). As microalgas que compõem o fitoplâncton continental pertencem a grupos taxonômicos muito variados e muitas vezes não relacionados filogeneticamente, compartilhando, no entanto, estratégias de sobrevivência que as fazem ser consideradas uma comunidade biótica de grande importância ecológica, como já comentado. De acordo com Reviers (2007), os principais grupos taxonômicos que apresentam componentes fitoplanctônicos dulciaquícolas são Cyanobacteria (algas azul-esverdeadas procarióticas), Chlorophyta (algas verdes incluindo algumas carófitas), Euglenophyta (euglenóides flagelados), Dinophyta (dinoflagelados), Ochrophyta (crisófitas unicelulares com envoltório celular silicoso, incluindo as diatomáceas, e com envoltório celulósico como as tribofíceas), Cryptophyta (criptomônadas), além de grupos mais raros e ainda pouco conhecidos. A maioria destes grupos passa hoje por revisões na sua classificação e sistemática em função de novos conhecimentos sobre sua filogenia, principalmente em função de métodos biomoleculares de comparação genômica (CAVALIER-SMITH, 2010). 136 Dentre os fatores reguladores do crescimento do fitoplâncton em lagos estão a radiação solar, temperatura, micro e macronutrientes, concentração de oxigênio dissolvido, estabilidade física da coluna de água, competição e herbivoria pelo zooplâncton (REYNOLDS, 2006). A radiação solar fornece a luz e o calor que conduzem a vários processos bióticos e abióticos no ecossistema aquático, como processos de estratificação térmica e mistura da coluna de água, influenciando a distribuição e densidade do fitoplâncton ou ainda fornecendo a radiação fotossinteticamente ativa (RFA), que permite a realização da fotossíntese por estes organismos. A concentração de nutrientes, especialmente o nitrogênio, o fósforo e a sílica dissolvida, tem papel fundamental sobre a produtividade primária do fitoplâncton (REYNOLDS, 1997; ESTEVES, 2011; TUNDISI; MATSUMURA-TUNDISI, 2008). Zooplâncton A comunidade zooplanctônica possui um posicionamento crucial dentro das teias tróficas aquáticas, que permite seu forte vínculo tanto com os níveis tróficos inferiores (fitoplâncton) quanto com os superiores (peixes) (SORANNO, CARPENTER, HE, 1985). Este posicionamento faz do zooplâncton o principal elo de transferência de energia entre estes dois níveis tróficos (ZANATA E ESPÍNDOLA, 2004; ESKINAZI-SANT´ANNA et al., 2007) e importante recurso alimentar para outros invertebrados aquáticos e peixes (MELÃO, 1997). Outra característica que torna a comunidade zooplanctônica importante para a biota aquática é que, devido aos seus ciclos vitais rápidos, são capazes de sinalizar alterações no ecossistema aquático, inclusive as resultantes do processo de eutrofização (ESKINAZI-SANT´ANNA et al., op cit.). Desde a década de 80 discutia-se a possibilidade de utilizar o zooplâncton em programas de monitoramento da qualidade das águas (PINTO-COELHO, 1987). Segundo Rocha e Sipaúba-Tavares (1994), os principais representantes do zooplâncton de água doce são Protista, Rotifera e Crustacea. Este último é representado principalmente pelas classes Cladocera e Copepoda. Além destes, comumente são encontrados fazendo parte da comunidade zooplanctônica insetos em sua fase larval que são importantes predadores dos microcrustáceos (FEDORENKO, 1975; BEZERRA-NETO; PINTO-COELHO, 2002; PERTICARRARI; ARCIFA; RODRIGUES, 2004; CASTILHO-NOLL; ARCIFA, 2007). A composição e estrutura da comunidade zooplanctônica depende da combinação entre fatores bióticos e abióticos (SELLAMI, et al., 2010), mais especificamente de fatores climáticos (GEORGE E HARRIS, 1985; MELÃO, 1997), hidrológicos (ZANATA E ESPÍNDOLA, 2002; SANTOS-WISNIEWSKI E ROCHA, 2007; DONG-KYUN, K., et al., 2012), características físicas e químicas (MELÃO, 1997; VÉGAPEREZ E HERNANDES, 1997; FERRÃO-FILHO et al., 2002) da água, disponibilidade e qualidade de alimento (LE CREN E LOWE-MCCONNELL, 1980; MELÃO, 1997; FERRÃO-FILHO et al., 2003) e pressão predatória (CRISPIM E BOAVIDA, 2001; STEINER, 2003; CASTILHO-NOLL e ARCIFA, 2007). Segundo Almeida (2005), a maioria dos trabalhos realizados com a comunidade zooplanctônica de água doce está concentrada na região Sudeste do Brasil. Apesar disso, a comunidade zooplanctônica da cidade de Sorocaba era desconhecida até o momento. Pinese et al. (2012) afirmam que estudos descritivos realizados através da compilação de dados são necessários em ambientes de água doce para que não haja perda de informações acerca da diversidade da biota aquática em escala regional e global. 137 Objetivo Este estudo visa contribuir ao conhecimento da diversidade fito e zooplanctônica do município de Sorocaba, levando-se em conta ambientes aquáticos lênticos e lóticos, tanto da zona urbana como rural. Material e métodos Área de estudo O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) presente no município, em medições realizadas durante os anos de 2003 a 2007 registraram um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC e umidade relativa do ar com uma média mensal em torno de 75,4%. A região de Sorocaba, segundo Koeppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo caracterizado por um Clima Temperado Chuvoso e Quente com média pluviométrica inferior a 30 mm no mês mais seco, temperaturas médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a 18ºC nos meses mais frios. Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10) Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento, pastagens naturais e cultivadas na zona rural. Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do município de Sorocaba encontra-se reduzida e distribuída em pontos isolados, formando diversos fragmentos de pequeno porte. De acordo com os dados de Kronka, F. et al. (2005), o município de Sorocaba possui um total de 732.956 hectares de vegetação nativa, assim constituída: Mata (261.520 hectares), Capoeira (441.617 hectares), Cerrado (12.617 hectares), Cerradão (2.761 hectares), Campo Cerrado (669 hectares), Vegetação de Várzea (13.766 hectares) e vegetação não classificada (6 hectares). A área urbana de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido sul-norte e depois faz uma curva de quase 90° tomando direção e sentido aproximados de leste-oeste. O rio é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 quilômetros de extensão em linha reta e 227 quilômetros, considerando seu leito em seu trajeto natural. O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu, Sorocamirim e Una, na sub-bacia 06, do Alto Sorocaba. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi represado, dando origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio, Piedade e Votorantim. Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes, dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a porção centro-leste e sudeste do município, sendo responsável por suprir parte do abastecimento público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal, 138 é o rio Ipanema, e contempla a porção sudoeste do município. Existem ainda rios e córregos menores, inseridos de alguma forma na área urbana da cidade, como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari, e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes, Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá. O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento (SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários, formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando pelos municípios da sub-bacia 03 (Baixo Sorocaba), até chegar a Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê. 139 Levantamento de dados Foram reunidas informações disponíveis na literatura, bem como dados dos próprios autores referentes à composição de espécies de fitoplâncton e zooplâncton do município de Sorocaba, considerando diversos habitats, como o rio Sorocaba, seus afluentes e lagos de várzea. Foi realizado um levantamento de informações contidas em monografias e relatórios de iniciação científica nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba (Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal de São Carlos – UFSCarSorocaba), além de artigos em sites de busca Google Acadêmico, Scielo e AlgaeBase. Resultados e discussão Fitoplâncton Lista de espécies do fitoplâncton encontradas no rio Sorocaba no município O fitoplâncton do rio Sorocaba é composto por 114 espécies de algas, distribuídas em 10 grupos taxonômicos (Figura 2 - anexo). Em termos de riqueza, os 4 grupos taxonômicos que predominaram foram: Baccilariophyceae (28,07%), Chlorophyceae (20,18%), Cyanophyceae (13,16%) e Euglenophyceae (11,40%). A seguir, é apresentada a lista de espécies encontradas no levantamento realizado. 140 Tabela 1: Táxons de microalgas que fazem parte do fitoplâncton do rio Sorocaba, coletadas na estação da ponte do Pinga-Pinga, agrupadas de acordo com seus nomes vulgares, grupos taxonômicos e tipos de talo. U = unicelular. C = colonial. F = filamentoso. CC = colonial cenobial. cf. = conferatum. sp. = espécie não determinada. Fonte: BORGHI e MAGRIN (em preparação). Tipo de Talo Achnanthidium minutissimum (Kützing) Czarnecki, 1994 U Amphipleura cf. lindheimeri Grunow, 1862 U Amphora cf. ovalis (Kütz.) Kützing, 1928 U Amphora copulata (Kütz.) Schoem. e Archib., 1986 U Brachysira sp. Kützing, 1836 U Caloneis westii (Wm. Smith) Hendey, 1964 U Coconeis placentula Ehrenberg, 1838 U Craticula ambigua Ehrenberg, 1838 U Cymbella affinis Kützing, 1844 U Diploneis sp. Ehrenberg, 1894 U Encyonema minutum (Hilse ex Rabenh.) Mann. In Round et al., 1990 U Encyonema silesiacum (Bleisch in Rabh.) D. G. Mann In Round et al., 1990 U/C Bacillariophyceae Encyonema sp.2 Kützing, 1834 U Eunotia veneris (Kütz.) De Toni, 1892 U Diatomáceas Gomphonema brasiliense Grun., 1878 U/C Gomphonema parvulum (Kütz.) Kützing, 1849 U/C Gomphonema sp. Ehrenberg, 1832 U Gomphonema turris Ehrenberg, 1843 U/C Gyrosigma scalproides (Rabenh.) Cleve, 1894 U Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow in Cleve e Grunow, 1880 U Luticola mutica (Kütz.) Mann, In Round et al., 1990 U Navicula cryptotenella L. B., In Krammer e Lange-Bertalot, 1995 U Navicula rostellata Kützing, 1844 U Navicula sp. Bory, 1822 U Nitzschia palea (Kütz.) W. Smith, 1856 U/C Pinnularia cf. brauniana (Grun. ex A. Schm.) Krammer, 1992 U Pinnularia gibba Ehr., 1841 (1843) U Pinnularia neomajor Krammer, 1992 U Pinnularia sp. Ehrenberg, 1843 U Sellaphora pupula (Kütz.) Mereschk., 1902 U Stauroneis phoenicenteron (Nitzsch.) Ehrenberg, 1841 (1843) U Surirella tenera Gregory, 1856 U Aulacoseira agassizii (Ostenf.) Simonsen, 1979 F Aulacoseira ambigua var. ambígua (Grun.) Sim., 1979 F Aulacoseira ambigua var. ambigua f. spiralis (Sk.) Ludw., 1990 F Aulacoseira granulata var. granulata (Ehr.) Sim., 1979 F Coscinodiscophyceae Cyclotella meneghiniana Kützing, 1844 U/F Discostella pseudostelligera (Hustedt) Houk e Klee, 2004 U/F Discostella stelligera (Cleve e Grunow) Houk e Klee, 2004 U/F Orthoseira roeseana (Rabh.) O'Meara, 1876 U/F Asterionella formosa Hassall, 1855 C Diatomáceas Fragilariophyceae Fragilaria cf. delicatissima (W.Smith) Lange-Bertalot, 1980 U Nome vulgar Grupo Taxonômico Táxon 141 Clorófitas Chlorophyceae Cianobactérias Cyanophyceae Fragilaria sp. Lyngbye, 1819 Staurosirella pinnata (Ehr.) Williams e Round, 1987 Synedra acus Kützing, 1844 Synedra delicatissima W. Smith, 1853 Synedra cf. rumpens Kützing, 1844 Synedra sp. Ehrenberg, 1830 Ulnaria ulna (Nitz.) Compere, 2001 Ankistrodesmus sp. Corda, 1838 Chlamydomonas sp. Ehrenberg, 1833 Coelastrum cf. microporum Nägeli in A.Braun, 1855 Coelastrum cf. pulchrum Schmidle, 1892 Desmodesmus cf. opoliensis (P.G.Richter) E.Hegewald, 2000 Desmodesmus cf. spinosus (Chodat) E.Hegewald, 2000 Dictyosphaerium ehrenbergianum Nägeli, 1849 Dictyosphaerium pulchellum H.C.Wood, 1873 Franceia cf. javanica (Bernard) Hortobágyi, 1962 Micractinium bornhemiense (W.Conrad) Korshikov, 1953 Monoraphidium cf. longiusculum Hindák, 1984 C U/C U U U/C U/C U C U CC CC CC CC C C U C U Pandorina morum (O.F.Müller) Bory de Saint-Vincent in Lamouroux, Bory de Saint-Vincent e Deslongschamps, 1824 U Pediastrum duplex Meyen, 1829 Pediastrum simplex Meyen, 1829 Pediastrum tetras (Ehrenberg) Ralfs, 1845 Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat, 1902 Scenedesmus arcuatus (Lemmermann) Lemmermann, 1899 Scenedesmus cf. bernardii G.M.Smith, 1916 Scenedesmus cf. longispina R.Chodat, 1913 Scenedesmus javanensis Chodat, 1926 Selenastrum gracile Reinsch, 1866 Tetraedron trigonum (Nägeli) Hansgirg, 1888 Tetrallantos lagerheimii Teiling, 1916 Anabaena cf. planctonica Brunnthaler, 1903 Anabaena spiroides Klebahn, 1895 Aphanizomenon sp. A.Morren ex Bornet e Flahault, 1888 Aphanocapsa sp. Nägeli, 1849 Aphanothece sp. Nägeli, 1849 Cylindrospermopsis cf. raciborskii (Woloszynska) Seenayya e Subba Raju, 1972 Geitlerinema sp. (Anagnostidis e Komárek) Anagnostidis, 1989 Microcystis sp. Kützing ex Lemmermann, 1907 Leptolyngbya perelegans (Lemmermann) Anagnostidis e Komárek, 1988 Planktolyngbya cf. limnetica (Lemmermann) J.Komárková-Legnerová e G.Cronberg, 1992 Planktothrix sp. Anagnostidis e Komárek, 1988 Pseudanabaena cf. catenata Lauterborn, 1915 Pseudanabaena cf. galeata Böcher, 1949 Snowella cf. lacustris (Chodat) Komárek e Hindák, 1988 Spirulina cf. princeps West e G.S.West, 1902 CC CC CC CC CC CC CC CC C U C F F F C C F F C F F F F F C F 142 Crisófitas Chrysophyceae Dinoflagelados Dinophyceae Euglenóides Euglenophyceae Tribofíceas Xantophyceae Carófitas Zygnematophyceae Mallomonas sp. Perty, 1852 Synura sp. Ehrenberg, 1834 Ceratium cf. furcoides (Levander) Langhans, 1925 Gymnodinium sp. Stein, 1878 Peridinium sp.1 Ehrenberg, 1830 Peridinium sp.2 Ehrenberg, 1830 Euglena acus (O.F.Müller) Ehrenberg, 1830 Euglena sp. Ehrenberg, 1830 Lepocinclis cf. fusiformis (H.J.Carter) Lemmermann, 1901 Lepocinclis cf. ovum (Ehrenberg) Minkevich, 1899 Phacus cf. pleuronectes (O.F.Müller) Nitzsch ex Dujardin, 1841 Phacus cf. tortus (Lemmermann) Skvortzov, 1928 Phacus contortus Bourrelly, 1952 Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin, 1841 Phacus sp. Dujardin, 1841 Phacus triqueter (Ehrenberg) Perty, 1852 Trachelomonas cf. cervicula A.Stokes, 1890 Trachelomonas cf. raciborskii Woloszynska, 1912 Trachelomonas cf. hispida (Perty) F.Stein, 1878 Isthmochlorum gracile (Reinsch) Skuja, 1948 Tetraplektron sp. Fott, 1957 Cosmarium sp. Corda ex Ralfs, 1848 Staurastrum cf. rotula Nordstedt, 1869 Staurastrum cf. tetracerum Ralfs ex Ralfs, 1848 Staurastrum sp. Meyen ex Ralfs, 1848 Staurodesmus cf. dejectus (Brébisson) Teiling, 1967 Staurodesmus cf. phimus (W.B.Turner) Thomasson, 1959 U C U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U U 143 Lista de gêneros do fitoplâncton encontradas no córrego da Campininha O levantamento realizado resultou em 7 grupos taxonômicos, distribuídos em 8 táxons de Bacillariophyceae, 2 de Fragilariophyceae, 5 de Chlorophyceae, 2 de Cyanophyeceae, 1 de Chrysophyceae, 4 de Euglenophyceae e 1 de Zygnematophyceae. Tabela 2: Gêneros do fitoplâncton inventariados no córrego da Campininha, agrupadas de acordo com seus nomes vulgares, grupos taxonômicos e tipos de talo. U = unicelular. C = colonial. F = filamentoso. CC = colonial cenobial. cf. = conferatum. sp. = espécie não determinada. Fonte: SMITH, et. al. (em preparação). Nome vulgar Grupo Taxonômico Bacillariophyceae Diatomáceas Fragilariophyceae Clorófitas Chlorophyceae Cianobactérias Cyanophyceae Crisófitas Chrysophyceae Euglenóides Carófitas Euglenophyceae Zygnematophyceae Táxon Diadesmis sp. Kützing, 1844 Eunotia sp. Ehrenberg, 1837 Frustulia sp. Rabenhorst, 1853 Gomphonema sp. 1 Ehrenberg, 1832 Gomphonema sp. 2 Ehrenberg, 1832 Surirella sp. Turpin, 1828 Pinnularia sp. 1 Ehrenberg, 1843 Pinnularia sp. 2 Ehrenberg, 1843 Fragilaria sp. Lyngbye, 1819 Staurosira sp. Ehrenberg, 1843 Tetrallantos sp. Teiling, 1916 Monoraphidium sp. Komárková-Legnerová, 1969 Ankistrodesmus sp. Corda, 1838 Desmodesmus sp. (Chodat) S.S.An, Friedl e Hegewald, 1999 Tipo de Talo U U U U U U U U U U C U C CC Tetrallantos sp. Teiling, 1916 Pseudoanabaena sp. Lauterborn, 1915 Phormidium sp. Kützing ex Gomont, 1892 Ochromonas sp. Wysotzki, 1887 Euglena sp. Ehrenberg, 1830 Euglena sp.2 Ehrenberg, 1830 Trachelomonas sp. Ehrenberg, 1835 Strombomonas sp. Deflandre, 1930 Cosmarium subspeciosum Nordstedt, 1875 C F F U U U U U U Além destes, foi também considerado o registro de 21 táxons fitoplanctônicos no levantamento realizado no plano de Manejo do Parque da Biodiversidade de Sorocaba (SMITH et al., dados não publicados). 144 Zooplâncton Foi registrado um total de 21 espécies, sendo sete de Protista, oito de Rotifera, cinco de Cladocera e uma de Copepoda (Tabela 3). Exceto para Acanthocystis sp., para todas as espécies já havia registro de ocorrência para outros corpos de água do Estado de São Paulo (LUCINDA et al., 2004; NEGREIROS et al., 2009; REGALI-SELEGHIM et al., 2011; ROCHA et al., 2011; SILVA e MATSUMURA-TUNDISI, 2011). Tabela 3: Lista de espécies zooplanctônicas registradas para o município de Sorocaba. Fonte: Leite e Smith (dados não publicados); Plano de Manejo do Parque Natural Corredores de Biodiversidade de Sorocaba (2012). Eukaryota Amoebozoa Tubulinea Arcellinida Archamoebae Stramenopiles Centroheliozoa Opisthokonta Metazoa Rotifera Arcellina Arcellidae Difflugina Difflugiidae Arcella discoides Ehrenberg, 1843 Arcella sp. Ehrenberg, 1832 Difflugia pyriformis Perty, 1849 Difflugia sp. Leclerc, 1815 Pelomyxidae Pelomyxa sp. Greef, 1874 Actinophryidae Actinophrys sp. Ehrenberg, 1830 Acanthocystidae Acanthocystis sp. Carter, 1863 Flosculariacea Filinidae Ploimida Brachionidae Lecanidae Synchaetidae Trichotriidae Mytilinidae Arthropoda Cladocera Bosminidae Daphniidae Sididae Copepoda Cyclopidae Filinia sp. Bory de St. Vincent, 1824 Brachionus sp. Pallas, 1766 Keratella cochlearis Gosse, 1851 Keratella sp. Bory de St. Vincent, 1822 Lecane sp. Nitzsch, 1827 Polyarthra sp. Ehrenberg, 1834 Trichotria sp. Bory de St. Vincent, 1827 Mytilina sp. Cantraine, 1837 Bosmina sp. Baird, 1845 Ceriodaphnia sp. Dana, 1853 Daphnia sp. O. F. Müller, 1785 Simocephalus sp. Eschoedler, 1858 Diaphanosoma sp. Fischer, 1854 Eucyclops sp. Claus, 1893 145 Considerações finais Os estudos quanto à composição do fitoplâncton e do zooplâncton são escassos para os corpos hídricos do município de Sorocaba. Os estudos taxonômicos descritivos são base para se obter informações acerca da composição de espécies que, juntamente com outros dados, podem indicar o estado de desenvolvimento dos diferentes ambientes. Dados, como os que foram reunidos neste trabalho, se configuram como um primeiro passo para estudos sistêmicos a serem implementados posteriormente nesses sistemas fluviais, uma vez que uma boa base taxonômica é essencial e desejada para seu correto entendimento e caracterização ecológica. Desta forma, a realização de inventários deste cunho é base para o conhecimento integrado dos diferentes ecossistemas, que buscam orientar e dar subsídio para a tomada de decisões visando à conservação, ao manejo e ao uso adequado e racional da água, que são, em outras palavras, a tão almejada sustentabilidade dos recursos renováveis do nosso país. Referências bibliográficas ALMEIDA, V. L. S. Ecologia do zooplâncton do reservatório de Tapacurá, Pernambuco, Brasil. Dissertação de mestrado, Recife, Universidade Federal de Pernambuco, 106 p. ASSUNÇÃO, P. et al. (2011). Potencial biotecnológico de las algas. El periódico del Museo Elder, n 1, p. 45-46. BEZERRA-NETO, J. F.; PINTO-COELHO, R. M. (2002). A influência da larva de Chaoborus brasiliensis (Theobald, 1901) (Diptera, Chaoboridae) na distribuição vertical da comunidade zooplanctônica da lagoa do Nado, Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Acta Scientiarum, Maringá, v. 24, n.2, p. 337-344. CASTILLO-NOLL, M., S. M.; Arcifa, M. S. (2007). Chaoborus diet in a tropical lake and predation of microcrustaceans in laboratory experiments. Acta Liminologica Brasiliensia, v. 19, n. 2, p. 163-174. CAVALIER-SMITH, T. (2010) Deep phylogeny, ancestral groups and the four ages of life Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 365 (1537), pp. 111-132. CRISPIM, M. C.; BOAVIDA, M. J. (2001). Impacto da predação por peixes e copépodes na comunidade zooplanctônica do reservatório do Maranhão (Portugal). Revista Nordestina de Biologia. v. 15, p. 49-67. DONG-KYU, K. et al. (2012). Patterning zooplankton communities in accordance with annual climatic conditions in a regulated river system (Nakdong River, South Korea). Internat. Rev. Hydrobiol. v. 97, p. 55-72. ESKINAZI-SANT´ANNA, E. M. et al. (2007). Composição da comunidade zooplanctônica em reservatórios eutróficos do semi-árido do Rio Grande do Norte. Oecol. Bras., v. 11, n.3, p. 410-421. ESTEVES, F. A. (2011). Fundamentos de Limnologia. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: Interciência. 146 FEDORENKO, A. Y. (1975). Feeding characteristics and predation impact Chaoborus (Diptera, Chaoboridae) larvae in a small lake. Limnology and Oceanography. v. 20, p. 250-258. FERRÃO-FILHO, A. S.; DOMINGOS, P. e AZEVEDO, S. M. F. O. (2002). Influences of a Microcystis aeruginosa Kützing bloom on zooplankton populations in Jacarepaguá Lagoon (Rio de Janeiro, Brazil). Limnologica. v. 32, p. 295-308. FERRÃO-FILHO, A. S.; ARCIFA, M. S. e FILETO, C. (2003). Resource limitation and food quality for cladocerans in a tropical Brazilian lake. Hydrobiologia. v. 491, p. 201-210. GEORGE, D. G.; HARRIS, G. P. (1985). The effect of climate on long-term changes in the crustacean zooplankton biomass of Lake Windermere, Uk. Nature. v. 316, p. 536–539. KINNE, O. (1997) (Ed.) Excellence in ecology. Germany: Ecology Institute. 371 p. KRONKA, F. J. N.; NALON, M. A.;MATSUKUMA, C. K.; KANASHIRO, M. M.; YWANE, M. S. S.; PAVÃO, M.; DURIGAN, G.; LIMA, L. M. P. R.; GUILLAUMON, J. R.; BAITELLO, J. B.; BORGO, S. C.; MANETTI, L. A.; BARRADAS, A. M. F.; FUKUDA, J. C.; SHIDA, C. N.; MONTEIRO, C. H. B.; PONTINHA, A. A. S.; ANDRADE, G. G.; BARBOSA, O.; SOARES A. P.; COUTO, H. T. Z. do; JOLY, C. A. Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 2005. 200 p. LE CREN, E. D.; LOWE-MCCONNELL, R. H. (1980). The functioning of freshwater ecosystems. Cambridge, Cambridge University Press, 588p. LUCINDA, I.; MORENO, I. H.; MELÃO, M. G. G.; MATSUMURA-TUNDISI, T. (2004). Rotifers in freshwater habitats in the Upper Tietê River Basin, São Paulo State, Brazil. Acta Limnol. Bras., v. 16, n. 3, p. 203-224. MELÃO, M. G. G. (1997). Desenvolvimento e aspectos reprodutivos de cladóceros e copépodos de águas continentais brasileiras. In: Pompêo, M. L. M. Perspectivas na Limnologia do Brasil. São Carlos. NEGREIROS, N. F.; ROJAS, N. E.; ROCHA, O.; SANTOS-WISNIEWSKI, M. J. (2009). Composition, diversity and short-term temporal fluctuations of zooplankton communities in fish culture ponds (Pindamonhangaba) SP. Brazilian Journal Biology, v. 69, n. 3, p. 785-794. PERTICARRARI, A.; ARCIFA, M. S.; RODRIGUES, R. A.(2004). Diel vertical migration of copepods in a brazilian lake: a mechanism for decreasing risk of Chaoborus predation? Brazilian Journal Biology, v. 64, n. 2, p. 289-298. PINESE, O. P. et al. (2012). Metabolic theory of ecology and diversity of continental zooplankton in Brazil. Acta Scientiarum, v. 34, n. 1, p. 69-75. PINTO-COELHO, R. M. (1987). Flutuações sazonais e de curta duração na comunidade zooplanctônica do lago Paranoá, Brasília – DF. Brazilian Journal of Biology, v. 47, n. 1, p. 17-29. Plano de Manejo do Parque Natural Corredores de Biodiversidade de Sorocaba, PNMCBio, SP, Outubro de 2012. REGALI-SELEGHIM, M. H.; Godinho, M. J. L.; MATSUMURA-TUNDISI, T. (2011). Checklist dos “protozoários” de água doce do estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 11, n. 1, p. 389-426. REVIERS, B. de. (2006) Biologia e Filogenia das Algas. Porto Alegre: Artmed, 280p REYNOLDS, C. S. (2006) Ecology of phytoplankton. Cambridge University Press. 147 REYNOLDS, C.S.. Vegetation process in the pelagic: a model for ecosystem theory. In: ROCHA, O.; SIPAÚBA-TAVARES, L. H. (1994). Cultivo em larga escala de organismos planctônicos para alimentação de larvas e alevinos de peixes. Biotemas, v. 7, n.1, p. 94-109. ROCHA, O. et al. (2011). Checklist de Cladocera de água doce do estado de São Paulo. Biota Neotropica, v. 11, p. 592. RODRIGUES, S. C.; TORGAN, L. C.; SCHWARZBOLDS, A. (2007) Composição e variação sazonal da riqueza do fitoplâncton na foz de rios do delta do Jacuí, RS, Brasil. Acta bot. bras., n. 21, v. 3, p. 707-721. ROUND, F. E. Biologia das algas. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois. SANTOS-WISNIEWSKIS, M. J.; ROCHA, O. (2007). Spatial distribution and secondary production of copepoda in a tropical reservoir: Barra Bonita, SP, Brazil. Brazilian Journal Biology, v. 67, n. 2, p. 223-233. SELLAMI, I. et al. (2010). Seasonal dynamics of zooplankton community in four Mediterranean reservoirs in humid area (Beni Mtir: north of Tunisia) and semi arid area (Lakhmes, Nabhana and Sidi Saad: center of Tunisia). Journal of thermal biology. v. 35, p. 392-400. SCHOPF, J. W. (1999) Cradle of life. The discovery of Earth’s earliest fossil. New Jersey: Princeton University Press. SIPAÚBA-TAVARES, L. H.; ROCHA, O. (2001) Produção de plâncton (Fitoplâncton e Zooplâncton) para alimentação de organismos aquáticos. São Carlos: RiMA. SILVA, W. M.; MATSUMURA-TUNDISI, T. (2011). Checklist dos copepoda cyclopoida de vida livre do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, v. 11, n. 1, p. 1-11. SORANNO, P.A.; CARPENTER, S.R.; HE, X. (1985). Zooplankton biomass and body size. In: S.R. Carpenter; F. Jitchell. The Trophic Cascade in Lakes. London: Cambridge Pergamon Press, p. 172-188. STEINER, C.F. (2003). Variable dominance in pond communities: assessing spatiotemporal variation in competition and predation intensity. Ecology. v. 84, p.982-990. VEGA-PÉREZ, L. A.; HERNANDEZ, S. (1997). Composição e distribuição da família Paracalanidae (Copepoda: Calanoida) ao largo de São Sebastião, estado de São Paulo-Brasil, com ênfase em três espécies de Paracalanus. Rev. Bras. Oceanogr. v. 45, p. 61-75. TUNDISI, J. G.; MATSUMURA-TUNDISI (2008). T. Limnologia. São Paulo: Oficina de textos. ZALOCAR DE DOMITROVIC. Biodiversidad del fitoplancton en el eje fluvial Paraguay-Paraná. In: ACEÑOLAZA, F. G. (coord.). Temas de la Biodiversidad del Litoral Fluvial Argentino II, n. 14, p. 229242, 2005. ZANATA, L. H.; ESPINDOLA, E. L. G. (2004). Análise da comunidade zooplanctônica no Reservatório de Salto Grande (Americana, SP), com ênfase em Cladocera e sua relação com o estado trófico. In: Espíndola, E. L. G.; Leite, M. A.; Dornfeld, C. B. Reservatório de Salto Grande (Americana, SP): Caracterização, Impactos e Propostas de Manejo. São Carlos: RiMa, p. 180-198. ZANATA, L. H.; ESPINDOLA, E. L. G.(2002). Longitudinal processes in Salto Grande Reservoir (Americana, SP, Brazil) and its influence in the formation of compartment system. Brazilian Journal of Biology. v. 62. p. 347-361. 148 Capítulo 8 Macroinvertebrados bentônicos do Município de Sorocaba Welber Senteio Smith, Ricardo Hideo Taniwaki, Viviane Aparecida Rachid Garcia, Cristina Canhoto, Cecília Maria de Paula Resumo Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios autores referentes à composição de espécies de macroinvertebrados bentônicos do município de Sorocaba. Com base nos dados levantados, foi possível concluir que a fauna de macroinvertebrados bentônicos presentes no município de Sorocaba é composta principalmente por organismos com alta e média tolerância à poluição, evidenciando a influência da antropização na qualidade da água do município. A partir dos estudos realizados, a comunidade de macroinvertebrados bentônicos mostrou um grande potencial para o biomonitoramento dos recursos hídricos da região, sendo esta juntamente com a avaliação de parâmetros estruturais, uma alternativa viável para guiar programas estratégicos de conservação dos recursos hídricos do município de Sorocaba. 149 Introdução Os organismos que habitam os ecossistemas aquáticos apresentam diversas adaptações evolutivas e limites de tolerância a determinadas condições ambientais. Estes limites de tolerância variam de espécie para espécie, em que alguns organismos apresentam maior tolerância e outros são intolerantes às mais diversas alterações nos ecossistemas (ALBA-TERCEDOR, 1996). Dessa forma, é importante compreendermos o comportamento das espécies na sua seleção de habitats, sua interação com as outras espécies e a tolerância de cada população às variações físicas e químicas do ambiente (TUNDISI e MATSUMURA TUNDISI, 2008), para que, a partir desse conhecimento, seja possível verificar como as ações antrópicas interferem na estrutura e funcionamento dos ecossistemas e também identificar organismos que possam ser utilizados como bioindicadores das diversas condições ambientais. Os organismos mais comumente utilizados para avaliar impactos ambientais em ambientes aquáticos são os macroinvertebrados bentônicos, peixes e a comunidade perifítica. Dentre estes grupos, as comunidades de macroinvertebrados bentônicos têm sido utilizadas constantemente para a avaliação de impactos ambientais e no monitoramento biológico. Macroinvertebrados bentônicos são organismos que habitam o fundo de ecossistemas aquáticos durante parte ou a totalidade do seu ciclo de vida, associado aos mais diversos tipos de substratos, tanto orgânicos como inorgânicos (GOULART e CALLISTO, 2003). O uso de bioindicadores é sustentado pela legislação dos Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos), que tem como um de seus preceitos “considerar que a saúde e o bem-estar humanos, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados como consequência da deterioração da qualidade das águas”, justificando a necessidade da avaliação das comunidades biológicas para a manutenção da integridade dos ecossistemas aquáticos (SILVEIRA et al. 2004). Os macroinvertebrados bentônicos são encontrados em quase todos os tipos de habitats de água doce e, em diferentes condições ambientais (ESTEVES, 1988), são eficientes para o monitoramento e a avaliação de impactos ambientais e atividades antrópicas em ecossistemas aquáticos continentais, pois apresentam diferentes sensibilidades a vários poluentes reagindo rapidamente a sua presença em determinadas concentrações; constituem comunidades muito heterogêneas aumentando o espectro de respostas ao estresse ambiental; estão presentes na maioria dos habitats aquáticos, com ciclos de vida longos que permitem denotar alterações temporais causadas por perturbações externas; são largamente sésseis, caracterizando o efeito do poluente numa área relativamente restrita; são abundantes e a sua amostragem é relativamente fácil e pouco dispendiosa; e estão taxonomicamente bem definidos sendo relativamente fáceis de identificar através de chaves de identificação. No entanto, a utilização destes organismos na avaliação da qualidade da água apresenta algumas limitações: não respondem a concentrações muito baixas de poluentes e nem a todo tipo de alterações ambientais; nem sempre é possível estabelecer uma relação direta entre as alterações e as respostas dos organismos porque a ação de outros fatores como, por exemplo, a velocidade da corrente e a natureza do substrato, que também afetam a sua distribuição e abundância; por terem uma vasta distribuição, torna-se difícil determinar o número ideal de amostras para adquirir a precisão desejável na estimativa da abundância populacional e assim evitar a subjetividade associada a amostragem; o processamento das amostras e a identificação dos organismos pode 150 ser um processo demorado; a presença de alguns organismos em determinadas áreas por deriva pode conduzir a conclusões incorretas; e alguns grupos são particularmente difíceis de serem identificados, como as larvas dos grupos taxonômicos Chironomidae, Tricoptera e Oligochaeta. No município de Sorocaba poucos trabalhos tiveram objetivos de inventariar e caracterizar a comunidade bentônica. Entre eles podemos citar Fagundes e Shimizu (1997), avaliando o rio Sorocaba; o monitoramento realizado no córrego da Campininha, afluente do rio Sorocaba, (SMITH et al. em preparação); e o inventário feito no Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade (SMITH et al. em preparação). Considerando a crescente e rápida degradação da Floresta Atlântica observada no município e as suas importantes consequências na redução do sombreamento, aporte de matéria orgânica e maior carreamento de partículas sólidas para o interior dos corpos hídricos, causando assoreamento, o que pode mudar totalmente a superfície do substrato e o espaço intersticial entre as pedras, reduzindo os refúgios viáveis (SILVA, 2005), torna-se imperioso o estudo deste tipo de comunidade em locais não só degradados como em locais ainda não degradados. Estudos desta fauna são importantes no auxílio da compreensão da biologia de outras espécies. Esta avaliação permitirá a compreensão dos impactos das atividades humanas e auxiliará na elaboração de ações visando à conservação da biodiversidade, qualidade ambiental e aquicultura. Para facilitar a análise dos dados obtidos em um biomonitoramento, assim como auxiliar na caracterização da qualidade da água e do nível de poluição do meio, utilizam-se os índices biológicos que permitem avaliar as respostas da comunidade bentônica quanto às perturbações ocorridas no ecossistema aquático através de atributos indicadores da biota (BARBOUR et. al., 1995). Nos estudos acima relacionados foi utilizada a métrica BMWP – CETEC (Biological Monitoring Working Party) modificado para riachos brasileiros por Junqueira e Campos (1998). Este índice ordena as famílias de macroinvertebrados aquáticos em 9 grupos, seguindo um gradiente de menor a maior tolerância à poluição. Cada família corresponde a uma pontuação que começa em 1 e chega a 10, sendo que as famílias mais intolerantes à poluição recebem pontuações maiores, chegando em ordem decrescente até 1, onde estão aquelas mais tolerantes à poluição (LOYOLA, 2000). Dessa forma, o objetivo do presente capítulo foi caracterizar a fauna de macroinvertebrados bentônicos presentes no município de Sorocaba a partir de estudos já realizados, visando auxiliar futuros estudos de avaliação da qualidade dos recursos hídricos do município. Área de estudo O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). A região de Sorocaba, segundo Köppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo caracterizado por um Clima Temperado Chuvoso e Quente com média pluviométrica inferior a 30 mm no mês mais seco, temperaturas médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a 18ºC nos meses mais frios. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou-se nos últimos quatro anos um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC e uma umidade relativa do ar média mensal de 75,4%. Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10) 151 Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento, pastagens naturais e cultivadas na zona rural. Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do município de Sorocaba encontra-se reduzida e dispersa, formando diversos fragmentos de pequeno porte. De acordo com os dados de Kronka, F. et al. (2005), o município de Sorocaba possui um total de 732.956 hectares de vegetação nativa, assim constituída: Mata (261.520 hectares), Capoeira (441.617 hectares), Cerrado (12.617 hectares), Cerradão (2.761 hectares), Campo Cerrado (669 hectares), Vegetação de Várzea (13.766 hectares) e vegetação não classificada (6 hectares). A área urbana do município de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido sul-norte e depois faz uma curva de quase 90°, tomando direção e sentido aproximados de lesteoeste. O rio é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 km de extensão em linha reta e 227 km considerando seu leito em seu trajeto natural. O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu, Sorocamirim e Una. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi represado, dando origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio, Piedade e Votorantim. Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes, dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a porção centro-leste e sudeste do município sendo responsável por suprir parte do abastecimento público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal, é o rio Ipanema, que contempla a porção sudoeste do município. Existem ainda rios e córregos menores inseridos de alguma forma na área urbana da cidade, como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari; e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes, Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá. O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento (SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários, formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando por vários municípios da sub-bacia 03 (Baixo Sorocaba), até chegar a Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê. 152 Levantamento de dados Para a realização deste trabalho foram consultadas três bases de dados: 1. Coleções Científicas utilizando a base de dados do Species link, com a palavrachave “Sorocaba” no campo “Município”; 2. “Thomson IS database” e “Scielo” utilizando a palavra-chave “Sorocaba”, “invertebrados, Sorocaba”, “fauna, Sorocaba” para uma busca regional e integrada; 3. Trabalhos científicos publicados e não publicados (Conclusão de Curso, Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado) depositados nas bibliotecas da FCMS-PUC/SP, UNISO, UNIP (câmpus Sorocaba), UNESP (câmpus Sorocaba) e UFSCar (câmpus Sorocaba). 4. Monitoramentos e planos de manejo realizados no município. Os macroinvertebrados dos cursos de água do município de Sorocaba De acordo com os dados levantados, as amostragens existem apenas no córrego da Campininha (SMITH et al. em preparação), no Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade (SMITH et al. em preparação) e em algumas lagoas localizadas no município (GARCIA,1998), onde se pode observar 36 famílias de macroinvertebrados bentônicos, divididas em 11 ordens e 4 classes. Observa-se uma predominância da ordem Odonata, com um total de 9 famílias, seguida pela ordem Díptera, com um total de 7 famílias (Tabela 1). Tabela 1: Grupos taxonômicos de macroinvertebrados bentônicos encontrados no córrego da Campininha, no Parque da Biodiversidade e lagoas do município de Sorocaba e a tolerância à poluição das famílias, conforme o protocolo proposto por Junqueira e Campos (1998). TAXON Classe Bivalvia Ordem Eulamellibranchia Família Hyridae Gênero Castalia Castalia undosa martensi, Ihering,1891 Gênero Diplodon Diplodon rotundus gratus, Wagner, 1827 Família Mycetopodidae Gênero Anodontites TOLERÂNCIA *S.I. *S.I. 153 Anodontites patagonicus, Lamark, 1819 Anodontites trapesialis, Lamark, 1819 Anodontites tenebricosus, Lea, 1834 Gênero Monocondylaea Monocondylaea minuana, Orbing, 1835 Classe Clitellata Subclasse Oligochaeta Classe Gastrópoda Ordem Mesogastropoda Família Ampullariidae Gênero Pomacea Pomacea canaliculata, Lamarck, 1822 Ordem Basommatophora Família Planorbidae Gênero Biomphalaria sp Classe Insecta Ordem Coleoptera Família Haliplidae Família Hydrophilidae Ordem Diptera Família Ceratopogonidae Gênero Culicoides sp Família Chaoboridae Gênero Chaoborus sp Família Chironomidae Gênero Chironomus sp Família Culicidae Família Simuliidae Gênero Simulium sp Família Tabanidae Família Tipulidae *S.I. Alta *S.I. Alta *S.I. Média Baixa *S.I. Alta Alta Média Média Alta Ordem Ephemeroptera Família Leptophlebiidae Família Ephemeridae Família Caenidae Família Baetidae Baixa *S.I. Média Média Ordem Hemiptera Família Nepidae Média 154 Família Corixidae Família Gerridae Família Belostomatidae Ordem Megaloptera Família Corydalidae Gênero Coryladus sp Ordem Odonata Família Aeshnidae Gênero Triacanthagyna sp Família Calopterygidae Gênero Hetaerina sp Família Coenagrionidae Gênero Nehalennia sp Gênero Oxyagrion sp Família Corduliidae Gênero Neocordulia sp Família Gomphidae Gênero Aphyla sp Gênero Progomphus sp Família Libellulidae Gênero Elasmothemis sp Família Megapodagrionidae Gênero Heteragrion sp Família Perilestidae Gênero Perilestes sp Família Protoneuridae Gênero Idioneura sp Gênero Peristicta sp Ordem Plecoptera Família Gripopterygidae Ordem Trichoptera Família Calamoceratidae Gênero Phylloicus sp Família Hydropsychidae Família Leptoceridae Família Odontoceridae Média *S.I. Média Média *S.I. Baixa Média *S.I. Média Média *S.I. *S.I. *S.I. Baixa *S.I. Média Baixa Baixa *S.I. – Sem informações sobre a tolerância das famílias de macroinvertebrados bentônicos em relação à poluição. 155 Em relação à tolerância das espécies à poluição, com base no potencial bioindicador dos macroinvertebrados bentônicos, a maioria dos organismos encontrados no município de Sorocaba em cursos de água de pequena, média e elevada dimensão pertence a famílias que ocorrem principalmente em ambientes antropizados, segundo a classificação de Junqueira e Campos (1998). Vale a pena ressaltar que a classificação de Junqueira e Campos (1998) foi determinada para avaliação dos recursos hídricos do Estado de Minas Gerais. Apesar da maioria dos estudos encontrados serem já antigos, os resultados indicam que rios como o rio Sorocaba estavam já intensamente degradados em 1997. Nesta altura, um estudo de Fagundes e Shimizu (1997) indicava que este curso de água apresentava baixa riqueza de grupos taxonômicos na sua comunidade bentônica. Salientava-se o predomínio de Oligochaeta, Chironomidae e Hirudínea devido às baixas concentrações de oxigênio dissolvido e presença de poluentes. Avaliações realizadas em riachos impactados, como o córrego da Campininha, afluente do rio Sorocaba (SMITH et al. em preparação), e no inventário feito no Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade (SMITH et al. em preparação), apresentaram baixas pontuações dos índices bióticos que classificaram a qualidade da água como ruim, revelando também a perda da biodiversidade de macroinvertebrados bentônicos com o assoreamento do canal, assim como as concentrações de sólidos totais na água promovidos por movimentação de terra oriundo de terraplanagem. Cabe ainda salientar que nestes cursos de água existem espécies ameaçadas de extinção no município de Sorocaba, como por exemplo, as espécies Anodontites trapesialis, Anodontites tenebricosus, Castalia undosa e Diplodon rotundus, ameaçadas pela destruição de habitats e competição com espécies exóticas invasoras (KUHLMANN et al. 2012). Já no inventário realizado logo no início da implantação do Parque Municipal Corredores da Biodiversidade (2012), foram encontradas apenas espécies de alta tolerância à poluição. Estudos realizados próximos ao município de Sorocaba também encontraram grande predominância de macroinvertebrados pertencentes a famílias de alto grau de tolerância à poluição. Em um estudo realizado em curso de água de baixa ordem da bacia de drenagem do reservatório de Itupararanga, Taniwaki e Smith (2011) concluíram, com base no potencial bioindicador da comunidade de macroinvertebrados bentônicos, que o local apresenta algumas evidências de contaminação. Em outro estudo, realizado no próprio reservatório de Itupararanga, Beghelli et al. (2012) também encontraram predominância da família Chironomidae, indicador das más condições da qualidade da água no reservatório. Estes autores consideraram o biomonitoramento por intermédio de macroinvertebrados bentônicos uma boa ferramenta para a avaliação desse recurso hídrico. Conclusões O biomonitoramento realizado com invertebrados, apesar de escasso ainda no município, fornece informações relevantes (e muitas vezes preocupantes) acerca do estado ecológico dos cursos de água. Um monitoramento mais sistemático em termos temporais e espaciais e a utilização de índices bióticos apropriados parecem ser necessários para avaliar o estado real dos recursos hídricos do município. Sugere-se também que, além da avaliação dos parâmetros estruturais, a integridade funcional dos cursos de água seja também avaliada por meio de processos-chave, como a decomposição das folhas, processo no qual os invertebrados têm também um papel crucial (e.g. GESSNER e CHAUVET 2002; PASCOAL et al 2003; YOOUNG et al, 2008). 156 Referências bibliográficas ALBA-TERCEDOR, J. (1996). Macroinvertebrados acuaticos y calidad de las aguas de los rios. IV Simposio del Agua en Andalucia (SIAGA), Almeria, v.2, p.203-213. BARBOUR, M. T.; STRIBLING, J. B.; KARR, J. R. (1995). Multimetric approach for establishing biocriteria and measuring biological condition. In: DAVIS, W. S.; SIMONT. P. Biological assesment and criteria: tools for water resouce planning and decision-making. Boca Raton: CRC Press, p. 63 – 77. BEGHELLI, F. G. S., DOS SANTOS, A. C. A., URSO-GUIMARÃES, M. V. e CALIJURI, M. C. (2012). Relação entre a distribuição espacial da comunidade de macroinvertebrados bentônicos e o estado trófico em um reservatório Neotropical (Itupararanga, Brasil). Biota Neotropica, n. 12, v. 4. ESTEVES, F. A. (1998). Fundamentos de Limnologia. 2ª edição. Rio de Janeiro: editora Interciência, 602 p. FAGUNDES, R. C. e SHIMIZU, G. Y. (1997). Avaliação da qualidade da água do rio Sorocaba-SP, através da comunidade bentônica. Revista brasileira de ecologia, v. 1, p. 63-66. GARCIA, V. A. R, 1998. A Comunidade de Moluscos Aquáticos da Bacia do Rio Sorocaba (SP) SistemáticaEcologia. In: 7° Congresso de Iniciação Científica - da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1998. GOULART, M. e CALLISTO, M. (2003). Bioindicadores de qualidade de água como ferramenta em estudos de impacto ambiental. Revista da FAPAM, ano 2, nº1. JUNQUEIRA, V. M. e CAMPOS, S. C. M. (1998). Adaptation of the “BMWP” method for water quality evaluation to Rio das Velhas watershed (Minas Gerais, Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia, v.10, n.2, p.125-135. KRONKA, F. J. N. et al. (2005). Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 200 p. LOYOLA, R. G. N. (2000). Atual estágio do IAP de índices biológicos de qualidade. Anais. V Simpósio de ecossistemas brasileiros: Conservação. V. 1. Conservação e Duna. ACIESP, n. 109, p. 46-52. KUHLMANN, M. L.; JOHNSCHER-FORNASARO, G.; OGURA, L. L.; IMBIMBO, H. R. V. (2012). Protocolo para o biomonitoramento com as comunidades bentônicas de rios e reservatorios do estado de São Paulo. São Paulo. São Paulo: CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. 113 pp. SILVA, P. S. C. (2005). Revisão dos principais índices bióticos utilizados em monitoramento ambiental através de macroinvertebrados bentônicos. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil. SILVEIRA, M. P., QUEIROZ, J. F., BOEIRA, R. C. (2004). Protocolo de coleta e preparação de amostras de macroinvertebrados bentônicos em riachos. Jaguariúna: EMBRAPA, 7p. SMITH, W. S. (2003). Os peixes do rio Sorocaba: A história de uma bacia hidrográfica. Sorocaba, SP: Editora TCM – Comunicação. 160p. SOROCABA, PREFEITURA MUNICIPAL. (2012). Plano de Manejo do Parque Natural Corredores de Biodiversidade de Sorocaba, PNMCBio, Sorocaba. TANIWAKI, R. H.; SMITH, W. S. (2011). Utilização de macroinvertebrados bentônicos no biomonitoramento de atividades antrópicas da bacia de drenagem do reservatório de Itupararanga, Votorantim – SP, Brasil. Journal of Health Science Institute, n. 29, v. 1, p.7-10. TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. (2008). Limnologia. São Paulo: Oficina de Textos. 632p. 157 Capítulo 9 Ictiofauna do Município de Sorocaba Welber Senteio Smith, Renata Cassemiro Biagioni, Walter Barrella Resumo Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios autores referentes à composição de espécies de peixes do município de Sorocaba, evidenciando a sua distribuição em diversos habitats, como o rio principal, afluentes, represas, lagos e lagoas de várzea, as espécies migratórias, espécies não nativas e a influência da degradação ambiental. A lista das espécies foi feita por intermédio de informações contidas em monografias, relatórios de iniciação científica e artigos que tiveram pontos de amostragem localizados no município de Sorocaba. De acordo com os dados levantados, ocorrem em Sorocaba um total de 53 espécies de peixes pertencentes a 7 ordens e 19 famílias, sendo 44 espécies nativas e 9 não nativas. Estes dados nos permitem afirmar que o município detém uma rica fauna de peixes que ainda se mantém, mesmo com os crescentes impactos que sua bacia de drenagem vem sofrendo. Foi de extrema importância a quase totalidade do tratamento do esgoto pelo município e o saneamento de inúmeros córregos, na manutenção das espécies existentes, bem como é de vital importância a recuperação e preservação das Áreas de Proteção Permanente - APPs, restauração dos córregos existentes e a redução das intervenções nos corpos hídricos, diminuindo assim, os impactos sobre a ictiofauna. Além disso, deve ser ressaltado que as Unidades de Conservação e Parques Municipais, além da criação de AMPAS (Áreas Municipais de Proteção Ambiental), também são de extrema importância para proteção de áreas onde a fauna de peixes está presente e em diversidade relevante. 158 Introdução Os rios são sistemas lineares que escoam as águas que se precipitam sobre as massas continentais e seguem superficialmente para os oceanos. Ao longo de seus percursos ocorrem mudanças das condições dos ambientes aquáticos e, consequentemente, dos seres vivos que os habitam (BARRELA et al., 2000). A ictiofauna também apresenta variações desde as cabeceiras até sua foz. Nos riachos, que formam as cabeceiras dos rios, ocorrem espécies de peixes de pequeno porte, adaptados a viver em ambientes rasos e correntosos. Alguns pequenos bagres vivem no fundo sobre pedras e folhas que lhes conferem abrigo e locais de alimentação e reprodução. Várias espécies de poecilídeos, adaptados a nadar próximos à superfície, também conseguem colonizar os ambientes rasos e correntes dos riachos (LOWE-MCCONELL, 1987; SMITH, 2003). Rio abaixo, a profundidade aumenta pela maior vazão de água ou por poças que são formadas pelas depressões do relevo, onde são encontradas outras espécies, tais como lambaris (Characiformes) e carás (Cichlídeos), que começam a ocupar o ambiente formado pelo aumento da coluna d’água. Nas corredeiras, são freqüentes os cascudos (Loricariidae) e os canivetes (Characidae), que conseguem se abrigar e se alimentar sob as pedras (LOWE-MCCONELL, 1987; SMITH, 2003). Quando os rios começam a se tornar mais profundos e sinuosos, ocorrem espécies, com portes maiores, tais como piavas (Anostomidae), os mandis (Pimelodidae) e outros characídeos (saicanga, tabarana, peixe-cadela, etc.). À medida que os ambientes se tornam maiores e mais profundos, novas espécies invadem, competem por recursos e os partilham, predam e são predadas. Nos habitats localizados no trecho médio dos rios verifica-se a existência de comunidades de peixes mais complexas e diversificadas, enquanto que nos maiores habitats localizados no final dos rios, as comunidades são compostas por espécies mais abundantes, de maior porte, mais especializadas e com grandes biomassas incorporadas. Nas várzeas, os lagos marginais, alagados e remansos se comunicam com os rios, onde são encontradas várias espécies que realizam deslocamentos de um ambiente para outro (SMITH e BARRELA, 2000). A capacidade de deslocamento está relacionada com a necessidade de sincronizar seus ciclos de vida com o ciclo hidrológico sazonal (seca e cheia) do rio, imposto pelo clima, solo e topografia da região. Em maior ou menor grau, os peixes deslocam-se lateral e longitudinalmente para reproduzir, buscar alimento ou fugir de situação desfavorável. Movimentos migratórios de espécies de peixes estão relacionados às necessidades reprodutivas, alimentares, de crescimento corporal ou evitar situações estressantes, tais como o frio ou as quedas de oxigenação da água (MATHEWS, 1998). Os rios, entretanto, não são isolados. Na verdade são sistemas abertos que participam de todos os processos ecológicos que ocorrem nas bacias hidrográficas. Os principais sistemas de rios são de imenso significado ecológico devido a sua estreita relação com o crescimento econômico das suas regiões adjacentes. Como consequência desta relação, os rios vêm sofrendo modificações marcantes nas suas condições naturais. O crescimento populacional dos municípios e o desenvolvimento econômico da região localizada dentro de uma bacia hidrográfica incentivam atividades humanas que interferem direta ou indiretamente nas condições naturais das bacias. Dentre outras, destacam-se a destruição dos habitats e ecótonos, a retirada das matas ciliares, o reflorestamento com plantas exóticas, a urbanização, a industrialização, a agricultura, a construção de aterros, o represamento, a canalização dos rios e o lançamento de efluentes sem tratamento. 159 Estas atividades modificam as estruturas primárias dos sistemas lóticos e produzem variações na quantidade e qualidade de suas águas (SMITH e PETRERE, 2000). O tipo e a intensidade das mudanças podem favorecer algumas espécies, aumentando suas chances de sobreviver e se reproduzir. Outras espécies, entretanto, podem sofrer prejuízos e até serem extintas da bacia hidrográfica. As informações sobre a transição das condições naturais primitivas para um estado pós-industrial poderão servir de base para o desenvolvimento de técnicas adequadas para a sua conservação e manejo (BARRELA et al., 2000). A ampliação do conhecimento nesta área poderá contribuir de forma significativa no gerenciamento de ambientes aquáticos, direcionando medidas preservacionistas para a ictiofauna do município. Sendo assim, esta revisão, que reúne informações disponíveis na literatura durante 20 anos de pesquisas em ictiologia, atende uma necessidade crescente que é instaurar políticas públicas para a proteção da biodiversidade e o uso desse conhecimento em discursos de educação ambiental. No Brasil já foram catalogadas 2.587 espécies (BUCKUP e MENEZES 2007) e, segundo Langeani et al. (2007), o Alto Paraná abriga 310 espécies de peixes, distribuídas em 11 ordens e 38 famílias. Para o Estado de São Paulo, Castro e Menezes (1998) citam a ocorrência de 166 espécies. Porém, em artigo mais recente, Oyakawa e Menezes (2011) destacam para o Estado de São Paulo cerca de 391 espécies, o que corresponde a aproximadamente 15% do total estimado para todo o território brasileiro. Desse total, 260 espécies ocorrem no Alto Paraná, 97 no Ribeira de Iguape, 71 no Paraíba do Sul e 57 na Bacia Litorânea, sendo que algumas espécies podem ocorrer em duas ou mais bacias. As espécies estão distribuídas em 10 ordens e 39 famílias, verificando-se que Characidae (com 83) e Loricariidae (com 81) são as mais numerosas. Em relação à Bacia do rio Sorocaba, onde está inserido o município, já foram registradas até o presente momento 71 espécies, as quais se encontram distribuídas em 22 famílias e 7 ordens, destacando a ordem Characiformes (SMITH et al. 2007; SMITH et al. 2009). De forma a ampliar o conhecimento da ictiofauna e subsidiar ações de manejo e conservação, o presente capítulo teve como objetivo reunir informações disponíveis na literatura a respeito da composição de espécies de peixes, a distribuição em diversos habitats, como o rio principal, afluentes e lagos de várzea, e as espécies migratórias e invasoras com capturas comprovadas no município de Sorocaba. Área de estudo O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) presente no município, em medições realizadas durante os anos de 2003 a 2007, registrou um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC e umidade relativa do ar com uma média mensal em torno de 75,4%. A região de Sorocaba, segundo Koeppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo caracterizado por um Clima Temperado Chuvoso e Quente, com média pluviométrica inferior a 30 mm no mês mais seco, temperaturas médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a 18ºC nos meses mais frios. 160 Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10) Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento, pastagens naturais e cultivadas na zona rural. A área urbana do município de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido sulnorte e depois faz uma curva de quase 90°, tomando direção e sentido aproximados de leste-oeste. O rio é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 quilômetros de extensão em linha reta e 227 quilômetros, considerando seu leito em seu trajeto natural. O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu, Sorocamirim e Una. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi represado, dando origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio, Piedade e Votorantim. Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes, dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a porção centro-leste e sudeste do município sendo responsável por suprir parte do abastecimento público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal é o rio Ipanema, e contempla a porção sudoeste do município. Existem ainda rios e córregos menores, inseridos de alguma forma na área urbana da cidade, como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari, e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes, Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá. O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento (SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários, formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando por inúmeros municípios, até chegar a Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê. Levantamento de dados Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios autores referentes à composição de espécies de peixes do município de Sorocaba, evidenciando a distribuição das espécies em diversos habitats, como o rio principal, afluentes e lagos de várzea, as espécies migratórias, espécies não nativas e a influência da degradação ambiental. Foi realizada uma busca nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba (Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal de São Carlos – UFSCar-Sorocaba), a fim de buscar as informações contidas em monografias e relatórios de iniciação científica. Além disso, foram pesquisados os artigos que tiveram pontos de amostragem dentro do município de Sorocaba nos sites de busca Google Acadêmico e Scielo. 161 Estudos sobre a ictiofauna de Sorocaba Durante o século XIX, muitos naturalistas passaram pela região de Sorocaba coletando material botânico e faunístico. Dentre eles, destaca-se Johann Natterer, que coletou no Brasil por 18 anos (1818-1836). Os peixes por ele coletados foram estudados e descritos por Jacob Heckel, que publicou um artigo sobre as espécies de água doce, no qual apresentava uma análise de parte do material da expedição, incluindo descrições de 49 espécies tidas como novas, especialmente da família Cichlidae. Com base em exemplares coletados no rio Sorocaba, foram descritas algumas espécies como o cascudinho (Hisonotus depressicauda), coletado por E. Von Zeidler e descrito por Miranda-Ribeiro em 1918, e Pimelodella rudolphi, descrita por Ribeiro (1918) ao estudar as coleções do Museu Paulista (atualmente Museu de Zoologia da USP). Além das expedições naturalistas, realizadas no início do século XIX, três funcionários do Museu de Zoologia da USP (E. Von Zeidler, E. Garbe e J. Lima) realizaram coletas na região, principalmente nos rios Ipanema, Tatuí e Sorocaba, entre 1896 e 1907. Os exemplares estão depositados no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e há registro de três espécies coletadas no rio Sorocaba: o cascudinho Otocinclus depressicauda, a pirambeba Serrasalmus spilopleura e o guaru Phalloceros caudimaculatus, todos coletados por Zeidler em 1906. A nomenclatura utilizada na época foi substituída, como é o caso do Otocinclus depressicauda e do Phalloceros caudimaculatus, atualmente Hisonotus depressicauda e Phalloceros reisi, respectivamente. Após as expedições do Museu de Zoologia, passaram-se 86 anos sem que se coletasse ou se estudasse peixes na bacia, o que voltou a ocorrer em 1993. A fauna de peixes do municipio de Sorocaba foi estudada a partir da década de 90 do século XX. Entre 1993 e 1994 foi realizado um estudo das lagoas marginais do rio Sorocaba. Nesse estudo evidenciou-se que as lagoas marginais são importantes áreas de desenvolvimento de peixes, além de poderem servir de refúgios, pois apresentavam melhores condições que o rio Sorocaba, como por exemplo, maiores concentrações de oxigênio dissolvido (SMITH e BARRELA, 2000). Atualmente, o rio Sorocaba apresenta boas condições o que favorece a manutenção das espécies devido a sua despoluição iniciada em 2000. Entre 1995 e 1998 foi realizado um estudo mais detalhado compreendendo toda a bacia. Esse trabalho objetivou aprofundar o conhecimento da ictiofauna, tão pouco estudada, no que diz respeito à ecologia das comunidades de peixes e suas relações com a bacia hidrográfica. O trabalho foi desenvolvido pelo Prof. Dr. Welber Senteio Smith, em conjunto com o Prof. Dr. Walter Barrella da PUC-SP e Prof. Dr. Miguel Petrere Jr. da UNESP-Rio Claro. Cabe ressaltar que as amostragens foram realizadas em trechos do rio Sorocaba, Pirajibu e Ipanema, que cortam a cidade (SMITH, 1999; SMITH, 2003; SMITH et al., 2003; 2007; 2009). A partir disso, inúmeros trabalhos de disciplinas e iniciação científica foram realizados por alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Universidade Paulista (UNIP-Sorocaba). Desses trabalhos, destacam-se os desenvolvidos por Rosa Jr., Harris e Barrella (1995), Rosa Jr., Campos e Barrella (1996), Khamis e Barrella (1997), Silva e Barrella (2006) em lagos e açudes de Sorocaba; Canabarro et al. (2008) no rio Pirajibu; Tarcitani e Barrella (2009) com pescadores no rio Sorocaba e Pirajibu; Biagioni e Smith (2011) e Biagioni et al. (2013) com as espécies não nativas; Portella e Smith (2012) e Portella et al. (2013, no prelo) que estudou os parâmetros reprodutivos das espécies migradoras do rio Sorocaba; e Smith et al. (não publicado) em riachos 162 tributários do rio Sorocaba. Com relação aos parques municipais, foi realizado por Oliveira e Smith (não publicado) um amplo estudo nos ambientes aquáticos dos parques naturais do município, inclusive na primeira unidade de conservação do município, o Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, inaugurado em 2013. Os dados apresentados nesse capítulo são baseados em todos os trabalhos desenvolvidos até agora no município de Sorocaba. Inventário da ictiofauna Esta avaliação reúne informações contidas em estudos desenvolvidos no rio Sorocaba, seus afluentes, lagoas marginais, além de lagos e represas presentes no município. O inventário das espécies do rio Sorocaba no trecho pertencente ao município de Sorocaba foi baseado em Smith (1999, 2003), Smith et al. (2003, 2007, 2009), Tarcitani e Barrella (2009), Biagioni e Smith (2011), Biagioni et al. (2013), Plano de Manejo PNMCBio (2012) e Portella et al. (2013, no prelo). Os afluentes aqui relatados são os rios Pirajibu e Ipanema, córregos Lavapés e Água Vermelha, amostrados por Canabarro et al. (2008), Biagioni e Smith (2011), Biagioni et al. (2013) e Oliveira e Smith (2013). Com relação aos parques municipais e seus lagos e córregos, o inventário foi realizado por Oliveira e Smith (2013). Os dados referentes às lagoas marginais correspondem aos trabalhos de Rosa Jr., Harris e Barrella (1995), Rosa Jr., Campos e Barrella (1996), Khamis e Barrella (1997), Smith e Barrella (2000), Silva e Barrella (2006), Biagioni e Smith (2011), Plano de Manejo PNMCBio (2012) e Biagioni et al. (2013), com amostragens no Jardim Sandra, Jardim Iguatemi, FAÇO III, Parque das Águas, Parque Vitória Régia, Parque da Biodiversidade e Ana Paula Eleutério. De acordo com os trabalhos supracitados e dados dos próprios autores desse capítulo, ocorrem em Sorocaba um total de 53 espécies de peixes pertencentes a 7 ordens e 19 famílias, o que representa 74,65% do total de espécies já amostradas na bacia do rio Sorocaba. As espécies mais comuns são: Astyanax fasciatus, Astyanax altiparanae, Geophagus brasiliensis, Prochilodus lineatus, Hoplias malabaricus, Rhamdia quelen, Tilapia rendalli e Hypostomus ancistroides. As espécies mais comuns de pequeno porte, que vivem abrigadas na vegetação marginal, são: Phalloceros reisi, Poecilia vivipara, Poecilia reticulata, Serrapinnus notomelas, Hemigrammus marginatus e Hisonotus depressicauda. A Tabela 1 contém a lista taxônomica das espécies já capturadas em Sorocaba com os respectivos nomes populares. As ordens Characiformes (41,51%) e Siluriformes (30,19%) apresentam, a maior riqueza de espécies (Figura 2). Esse é o padrão esperado de acordo com Langeani et al. (2007) onde Characiformes e Siluriformes respondem por cerca de 80% das espécies e compõem os grupos dominantes do Alto Paraná. 163 Lagoas Marginais Riacho x x x Rio - Invasora Não nativa Nativa Carpa Carpa Carpa-comum Status (IUCN, CITES, MMAAmeaçada) CYPRINIFORMES Cyprinidae Aristichthys nobilis (Richardson, 1845) Ctenopharyngodon idella (Valenciennes, 1844) Cyprinus carpio Linnaeus, 1758 CHARACIFORMES Acestrorhynchidae Acestrorhynchus lacustris (Lütken, 1875) Anastomidae Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836) Characidae Astyanax altiparanae Garutti e Britski, 2000 Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Astyanax cf. scabripinnis Eigenmann, 1908 Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887) Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908 Hemigrammus marginatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882) Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887) Salminus hilarii Valenciennes, 1850 Serrapinnus notomelas (Eingenmann, 1915) Serrasalmus maculatus Kner, 1858 Triportheus nematurus (Kner, 1858) Crenuchidae Characidium fasciatum Reinhardt, 1866 Characidium zebra Eigenmann, 1909 Curimatidae Cyphocharax modestus (Fernández-Yépez, 1948) Steindachnerina insculpta (Fernández-Yépez, 1948) Erythrinidae Hoplias cf. malabaricus (Bloch, 1794) Parodontidae Apareiodon piracicabae (Eingenmann, 1907) Parodon nasus Kner, 1859 Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valenciannes, 1836) GYMNOTIFORMES Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Sternopygidae Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1847) SILURIFORMES Nome Popular Táxon Tabela 1: Espécies de peixes identificadas no município de Sorocaba. x x x x x x x Peixe-cadela x - x Piapara x - x Tambiú Lambari Lambari Lambari Pequira Piaba Mato-grosso Pacu Tabarana Pequira Pirambeba Sardinha x x x x x x x - x x x x x x Mocinha Canivete x x - x Saguiru x - x x Saguiru x - x x Traira x - x x Canivete Canivete x x - x x x Curimbatá x - x Tuvira x - x Sarapó x - x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 164 Callichthyidae Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) Corydoras aeneus (Gill, 1858) Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Heptapteridae Imparfinis mirini Haseman, 1911 Pimelodella sp. Pimelodella meeki Eigenmann, 1910 Rhamdia quelen (Quoy e Gaimard, 1824) Loricariidae Hisonotus depressicauda (Miranda-Ribeiro, 1918) Hypostomus ancistroides (Ihering, 1911) Hypostomus margaritifer (Regan, 1908) Neoplecostomus sp. Pterygoplichthys anisitsi Eingenmann e Kennedy, 1903 Pimelodidae Iheringichthys labrosus (Lütken, 1874) Pimelodus maculatus La Cèpede, 1803 Pseudoplatystoma corruscans (Spix e Agassiz, 1829) Trichomycteridae Trichomycterus iheringi (Eingenmann, 1917) CYPRINODONTIFORMES Poeciliidae Phalloceros reisi Lucinda, 2008 Poecilia reticulata Peters, 1859 Poecilia vivipara Bloch e Schneider, 1801 SYNBRANCHIFORMES Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 PERCIFORMES Cichlidae Cichlasoma paranaense Kullander, 1983 Crenicichla sp. Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824) Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) Satanoperca pappaterra (Heckel, 1840) Tilapia rendalli (Boulenger, 1897) Caborja Ronquinha Caborja x x x - x x x Mandizinho Mandi Mandi Bagre x x x x - x x x x Cascudinho x - Cascudo Cascudo Cascudinho x x x - Cascudo x x - Pintado x - Bagre-mole x - Guaru Lebiste Barrigudinho x - Mussum x - Acará Joaninha Cará Tilápia do Nilo Papaterra Tilápia x x x - x x x x x x Mandi Mandi x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x 165 Figura 2 – Representatividade das ordens de peixes que ocorrem em Sorocaba. Do total de espécies inventariadas no município de Sorocaba, nove não são nativas da bacia do rio Sorocaba (Tilapia rendalli, Oreochromis niloticus, Pterygoplichthys anisitsi, Piaractus mesopotamicus, Cyprinus carpio, Ctenopharyngodon idella, Hypophthalmichthys molitrix, Poecilia reticulata e Poecilia vivipara), o que representa 16,98% do total inventariado. De acordo com o trabalho desenvolvido por Tarcitani e Barrella (2009), a tilápia foi a espécie mais citada pelos pescadores encontrados ao longo do rio Sorocaba. Outra espécie não nativa citada foi a carpa comum (Cyprinus carpio), que junto com a tilápia e outras espécies de carpa (Ctenopharyngodon idella e Hypophthalmichthys molitrix) são comumente pescadas. Segundo Smith (2003), talvez a introdução da tilápia e da carpa na represa de Itupararanga tenha ocorrido em 1955 numa iniciativa de repovoamento e, a partir de então, foram amplamente distribuídas no rio Sorocaba, inclusive no trecho que corta o município. Biagioni et al. (2013) afirma que tal iniciativa é comum e já foi relatada na cidade de Maringá, onde órgãos ambientais da própria Prefeitura utilizaram a introdução de tilápias em riachos e parques da cidade. Essa iniciativa também ocorreu em Sorocaba, por meio de uma ação realizada pelo SAAE, e hoje, segundo Biagioni et al. (2013) a carpa, o pacu e principalmente a tilápia podem ser encontrados em trechos urbanos do rio Sorocaba, lagos e bacias de contenção de diversos parques naturais do município, como no Parque das Águas, Parque da Água Vermelha, Parque Campolim, Parque Natural “Chico Mendes” e inclusive no Paço Municipal. 166 No rio Sorocaba há pelo menos 12 espécies migradoras catalogadas. Entre as espécies capturadas, Prochilodus lineatus e Salminus hilarii são as migradoras mais importantes e comuns (PORTELLA et al., 2013 no prelo). A sua ocorrência deve estar ligada ao uso de tributários ou da fase rio (montante) da represa para a reprodução onde há corredeiras e trechos com maior hidrodinamismo. A presença e conservação dos tributários é importante para sustentar tais espécies (HOFFMANN et al., 2005; PORTELLA et al., 2013 no prelo). Quanto às lagoas marginais, foram registradas 33 espécies, sendo as mais comuns: Phalloceros reisi, Serrapinnus notomelas e Geophagus brasiliensis. Os peixes de maior porte são: Prochilodus lineatus e Hoplias malabaricus. Segundo Smith e Barrella (2000), as lagoas marginais do rio Sorocaba desempenham importantes funções para o ecossistema lótico que margeiam e para sua comunidade de peixes, fornecendo abrigo, alimentação e local para desenvolvimento dos alevinos. Servem também como refúgios da poluição encontrada no rio Sorocaba, já que as condições físico-químicas da água das lagoas são mais estáveis que as do rio. Atualmente o rio Sorocaba não apresenta grande problema em decorrência da poluição, tendo em vista o tratamento de quase a totalidade do esgoto gerado no município. Nos córregos do município foram inventariadas até o presente momento 24 espécies representadas principalmente por espécies de pequeno porte tais como: Phalloceros reisi, Astyanax fasciatus, Astyanax altiparanae e Geophagus brasiliensis (CANABARRO et al. 2008, BIAGIONI e SMITH 2011, Biagioni et al. 2013 e OLIVEIRA e SMITH (2013). Ocorrem ainda espécies não nativas, como Tilapia rendalli. De acordo com Oliveira e Smith (2013), nos parques do município foram identificadas 14 espécies, sendo a maioria espécies de pequeno porte e apenas Hoplias malabaricus detentora de porte maior. Deve ser ressaltado a presença de espécies não nativas, como Tilapia rendalli, bem como espécies de baixa densidade, tais como Cichlasoma paranaense e Crenicichla sp. 167 Espécies ameaçadas de extinção As listas de espécies ameaçadas de extinção (as chamadas Listas Vermelhas) são estratégias importantes para nortear o uso de recursos disponíveis para a conservação centrada nas espécies (MACHADO, 2008). As Instruções Normativas das Espécies Ameaçadas (IN) são documentos que dão base à publicação do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. São políticas públicas para a conservação, que permitem o planejamento e a priorização de recursos e ações para a conservação de espécies e ecossistemas. Além disso, subsidiam os processos de autorização e licenciamento (federal, estadual e municipal) das diversas atividades antrópicas e também priorizam a criação de Unidades de Conservação (UC) e seus Planos de Manejo. Nenhuma espécie de ocorrência registrada no município se encontra ameaçada ou em qualquer outro status. Também não há espécies citadas na lista do Estado de São Paulo (OYAKAWA et al., 2009). Contudo, apesar de não terem sido amostradas, as espécies Brycon orbignyanus, Prochilodus vimboides, Pseudotocinclus tietensis, Hemisorubim platyrhynchos e Pseudoplatystoma corruscans são citadas para a região e podem ocorrer no rio Sorocaba e tributários, segundo relatos de pescadores e informações publicadas em jornais da região. Segundo Smith (2003), a escassez dessas espécies pode ser atribuída à remoção da mata ciliar, à poluição pela qual o rio Sorocaba sofreu antes do projeto de despoluição iniciado em 2000 e aos represamentos existentes ao longo do rio que impedem a migração dos peixes rio acima. Hoje, a grande dificuldade para se afirmar se alguma espécie desapareceu ou se tornou rara ocorre porque o registro da fauna de peixes da bacia do rio Sorocaba era incipiente antes das grandes transformações sofridas por ela. Tal situação parece ser uma constante nas bacias hidrográficas brasileiras, uma vez que são raras aquelas que apresentam estudos, principalmente de levantamento anterior aos impactos que sofreram e sofrem e que determinam profundas alterações na composição das espécies de peixes. Conservação e preservação da ictiofauna Há uma extensa literatura de revisão sobre o tema, em que se destaca o papel e a necessidade de proteção das áreas florestais, em especial das florestas ripárias. Isso reflete na integridade dos sistemas aquáticos e a preservação dos peixes, sendo particularmente importante na medida em que essa relação de interface terra-água se intensifica, ou seja, em riachos e nascentes (BARRELLA et al. 2000). Inúmeros trabalhos apontam os impactos que podem afetar de forma negativa, direta ou indiretamente, a fauna de espécies nativas de peixes, entre eles podemos citar: • • • • • modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias receptoras; risco de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias receptoras; interferência sobre a pesca nos açudes receptores; modificação do regime fluvial das drenagens receptoras; comprometimento do conhecimento da história biogeográfica dos grupos biológicos aquáticos nativos; 168 • • • instabilidade de encostas marginais dos corpos d’água; início ou aceleração de processos erosivos e carreamento de sedimentos; alteração do comportamento hidrossedimentológico dos corpos d’água. Como medidas de prevenção e mitigação recomendam-se: • • • • • Monitoramento e conservação da ictiofauna - Realizar inventários e conhecer a diversidade biológica do município não é o bastante. Devem-se realizar monitoramentos periódicos, por meio de amostragens periódicas em diferentes pontos dentro do município, com a finalidade de acompanhar mudanças sazonais na ictiofauna, aumentar o conhecimento da ictiofauna, bem como detectar possíveis estressores, tais como a emissão de poluentes e a ocorrência de desmatamento, possibilitando a adoção de medidas que contribuam para a conservação da riqueza de peixes como a preservação da vegetação ciliar, controle dos efluentes, das atividades mineradoras e da introdução de espécies de peixes não nativos. Recuperação da mata ciliar - As funções desempenhadas pela floresta ripária com relação à biota aquática são muito diversas e podem variar ao longo dos gradientes ambientais que definem os diferentes biomas brasileiros, e também indica um assunto prioritário para a pesquisa científica. Na falta de conhecimento científico, é fundamental prezar pela ação mais cautelosa possível. Programa de proteção aos riachos e afluentes dos rios Sorocaba e Pirajibu - Recomenda-se que nessas áreas sejam implantadas medidas de proteção à vegetação ciliar, bem como a sua reconstituição, uma vez que a ictiofauna presente nesses tipos de ambiente é dependente dessa vegetação como fonte de alimento, entre outros recursos. A realocação de pessoas que ocupam áreas irregulares, nas margens dos rios e córregos, também é importante para a preservação das Áreas de Preservação Permanente. Tratamento de 100% do esgoto produzido na cidade - O Programa de Despoluição do Rio Sorocaba deu fim ao processo de degradação do rio e como já mencionado, melhorou a qualidade da água e se mostrou muito importante na manutenção da riqueza de espécies de peixes do rio Sorocaba. O tratamento do esgoto dos municípios a montante do rio Sorocaba e tributários, tais como Votorantim e Itu, é de vital importância para manutenção da integridade do ambiente. Programas de educação ambiental - De posse das informações da ictiofauna e da dinâmica e funcionamento dos ecossistemas aquáticos, podem ser realizadas visitas orientadas, como as que já são realizadas pela Prefeitura de Sorocaba, enfocando as espécies de peixes, sua distribuição e as relações com o meio físico, químico e biológico. Além disso, sugere-se que os pescadores sejam orientados quanto aos trechos do rio e períodos do ano que a pesca é permitida. Isso pode ser feito também por meio da instalação de placas informativas ao longo do rio e demais ambientes aquáticos. Unidades de conservação e áreas prioritárias para a conservação no município Até 2012 não havia nenhuma Unidade de Conservação de Proteção Integral no município dentro dos critérios e normas estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 169 Existiam apenas parques municipais que, de certa forma, cumprem o papel de preservação, mas não atendem as necessidades de conservação das espécies. A partir da criação do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, hoje, esse número tende a aumentar, pois a criação de Unidades de Conservação, seja de proteção integral, uso sustentável ou mananciais pode ser uma medida eficiente para a preservação de ecossistemas aquáticos e, como consequência, sua comunidade íctica. Outra forma eficiente é o respeito das áreas prioritárias para a conservação no município, nos processos de licenciamento de novos empreendimentos. Com relação ao novo código florestal, se atualmente já é notável o déficit de proteção nas áreas de proteção permanente e resevas legais, com a aprovação desta nova lei, esse déficit certamente será ampliado. Para proteger a biodiversidade aquática e garantir os processos ecológicos nestes ambientes, é necessário proteger as bacias hidrográficas, uma vez que somente a restauração de faixas ripárias adjacentes a riachos é insuficiente para melhorar a integridade do sistema como um todo (CASATTI, 2010). A situação é especialmente crítica quando considerado o grau de susceptibilidade do solo de bacias intensamente usadas para produção de alimentos, gerando um cenário de incremento de assoreamento e perda de importantes micro-hábitats aquáticos. Wantzen (2006), por exemplo, registrou no Cerrado brasileiro que uma única voçoroca pode carrear 60 toneladas de sedimentos/dia para o interior de um riacho. Assim, a diminuição das Áreas de Proteção Permanente e áreas florestais naturais das Reservas Legais, previsível diante das modificações propostas ao Código Florestal em vigência, terá um papel negativo à manutenção das comunidades aquáticas (CASATTI, 2010). Conclusões Os dados apresentados nesse capítulo nos permitem afirmar que o município detém uma rica fauna de peixes que ainda se mantém, mesmo com os crescentes impactos que sua bacia de drenagem vem sofrendo. Foi de extrema importância o investimento em saneamento ambiental, tratando quase totalmente o esgoto do município e o saneamento de inúmeros córregos. Essas ações contribuem para a manutenção das espécies existentes. Mas não são as únicas ações necessárias. A recuperação e preservação das Áreas de Proteção Permanente - APPs, a restauração dos córregos existentes e a redução das intervenções nos corpos hídricos são outros cuidados importantes para a conservação e preservação da comunidade íctica. Contudo, apesar dos esforços para a conservação da ictiofauna, as medidas de controle e manejo ainda são insuficientes. Alguns riachos e tributários do rio Sorocaba são pouco estudados. Outros, mesmo diante de ameaças de poluição e degradação, mostraram possuir fauna relevante em comparação com a bacia como um todo, ou seja, a ictiofauna ainda persiste. A conservação destas microbacias certamente está atrelada ao apoio a iniciativas e projetos que busquem o avanço de conhecimento da sua biodiversidade, assim como o desenvolvimento de novas estratégias de manejo. Além disso, deve ser ressaltado que as Unidades de Conservação e Parques Municipais, além das Áreas Municipais de Proteção Ambiental (AMPAS), podem ser de vital importância para proteção de áreas onde a fauna de peixes está presente e em diversidade relevante. 170 Referências Bibliográficas BARRELLA W., PETRERE JRM., SMITH W. S., MONTAG L. F. A. (2000). As relações entre as matas ciliares, os rios e os peixes. In: Rodrigues RR, Leitão Filho HS. (Ed.). Matas Ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP, p. 187-207. BIAGIONI, R. C e SMITH, W. S. (2010/2012). Espécies invasoras e potencialmente invasoras da bacia do rio Sorocaba, SP, Brasil. Relatório de Iniciação Científica – UNIP / PIBIC – CNPq. BIAGIONI, R. C.; RIBEIRO, A. R.; SMITH, W. S. (2013). Checklist of non-native fish species of Sorocaba River Basin, in the State of São Paulo, Brazil. Check List 9(2): 235-239. BUCKUP, P. A. E MENEZES, N.A. (2007). Catálogo dos Peixes Marinhos e de Água Doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de Janeiro. CANABARRO, L.; TOLEDO, M. T.; BARRELLA, W. (2008). Peixes do Rio Piragibu-Mirim em Sorocaba/ SP. Revista Eletrônica de Biologia. REB 1 (3): 31-49. CASATTI, L. (2010). Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna. Biota Neotropica 10(4): 31-34. CASTRO, R. M. C. E MENEZES, N. A. (1998). Estudo diagnóstico da diversidade de peixes do Estado de São Paulo. In Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: Síntese do conhecimento ao final do século XX, vertebrados (R.M.C. Castro, ed.). WinnerGraph, São Paulo. p .1-13. HOFFMANN, A. C., ORSI, M. L. e SHIBATTA, O. A. (2005). Diversidade de peixes do reservatório da UHE Escola Engenharia Mackenzie (Capivara), Rio Paranapanema. Bacia do alto rio Paraná, Brasil, e a importância dos grandes tributários na sua manutenção. Iheringia, Série Zoologia 95 (3): 319-325. KHAMIS, D. K. e BARRELLA, W. (1997). Reestudo comparativo entre comunidades de peixes em dois alagados no município de Sorocaba – SP. Relatório de Iniciação Científica – PUC. KRONKA, F. J. N. et al. (2005). Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial, 200 p. LANGEANI, F.; CORREA E CASTRO, R. M.; OYAKAWA, O. T.; SHIBATTA, O. S.; PAVANELLI, C. S.; CASATTI, L. (2007). Diversidade da ictiofauna do Alto Rio Paraná: composição atual e perspectivas futuras. Biota Neotropica 7 (3): 181-197. LOWE-McCONNELL, R. H. L. 1987. Ecological Studies in Tropical Fish Communities. Cambridge Univ. Press. Cambridge, 382 p. MACHADO, A. B. M; MARTINS, C. S.; DRUMMOND, G. M. (eds), (2005). Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Incluindo as Espécies Quase Ameaçadas e Deficientes em Dados. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 160 pp. MATTHEWS, W. J. (1998). Patterns in Freshwater Fish Ecology. Chapman and Hall, New York, NY. Second printing, Kluwer Academic Press. 757pp. OLIVEIRA, B. G e SMITH, W. S. (2013). Inventário ictiofaunístico dos Parques Municipais de Sorocaba, SP, Brasil. Relatório de Iniciação Científica – UNIP. OYAKAWA, O. T., et. al. (2009). Peixes de água doce. In: BRESSAN, P. M.; KIERULFF, M. C. M.; SUGIEDA, 171 A. M. (Org.). Fauna ameaçada de extinção no Estado de São Paulo. São Paulo: Fundação Parque Zoológico de São Paulo/Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, p. 349-424. OYAKAWA, O. T. E MENEZES, N. A. (2011). Checklist dos peixes de água doce do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica 11(1a). Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade de Sorocaba, PNMCBio, SP. Outubro de 2012. PORTELLA, A. C. e SMITH, W. S. (2012). Atividade Reprodutiva de Peixes Migradores do Rio Sorocaba, São Paulo, Brasil. Relatório de Iniciação Científica – UNIP / PIBIC – CNPq (2011/2012). PORTELLA, A. C.; ARSENTALES, A. D.; SMITH, W. S. Os peixes migradores do rio Sorocaba: sazonalidade e atividade reprodutiva. Boletim do Instituto de Pesca – no prelo. ROSA Jr., A.; HARRIS, V. L. Z.; BARRELLA, W. (1995). Levantamento Preliminar Ictiofauna de dois açudes no município de Sorocaba. Relatório de Iniciação Científica – PUC. ROSA Jr., A.; CAMPOS, R.; BARRELA, W. (1996). Estudos Comparativos das comunidades de peixes em 4 ambientes distintos (Rio, Riacho, Açude e Lagoas marginais) no bairro Itavuvu, Sorocaba (SP). Relatório de Iniciação Científica – PUC. SILVA, F. F. e BARRELLA, W. (2006). Composição da Ictiofauna do Lago do Condomínio Vivendas do Lago, Sorocaba (SP). Relatório de Iniciação Científica – PUC. SMITH, W. S.; BARRELLA, W; CETRA, M. (1997). Comunidades de peixes como indicadoras de poluição ambiental. Revista Brasileira de Ecologia, 1: 61-71. SMITH, W. S. e PETRERE Jr, M. (2000). Caracterização Limnológica da bacia de drenagem do rio Sorocaba, São Paulo, Brasil. Acta Limnológica Brasileira, 12: 15-27. SMITH, W. S. (2003). Os peixes do Rio Sorocaba: a história de uma bacia hidrográfica. Sorocaba-SP: Editora TCM – Comunicação, 160p. SMITH, W. S.; PETRERE Jr, M.; BARRELLA, W. (2003). The fish fauna in tropical rivers: The case of the Sorocaba river basin, SP, Brazil. Revista de Biologia Tropical, 51 (3): 769-782. SMITH, W. S., PETRERE Jr, M, BARRELLA, W. (2007). Fish, Sorocaba river sub-basin, state of São Paulo, Brazil. Check List, 3(3): 282-286. SMITH, W. S., PETRERE JR, M.; BARRELLA, W. (2009). The fish community of the Sorocaba River Basin in different habitats (State of São Paulo, Brazil). Brazilian Journal of Biology, 69(4): 1015-1025. SMITH, W. S. (1999) Estrutura da comunidade de peixes da Bacia do Rio Sorocaba-SP em diferentes situações ambientais. Dissertação (Mestrado) - CRHEA- USP, São Carlos. SMITH, W. S. e BARRELLA, W. (2000). The ichthyofauna of the marginal lagoons of the Sorocaba River, SP, Brazil: composition, abundance and effect of the anthropogenic actions. Revista Brasileira de Biologia, 60(4): 627-632. TARCITANI, F. C. e BARRELLA, W. (2009). Conhecimento Etnoictiológico dos Pescadores Desportivos do Trecho Superior da Bacia do Rio Sorocaba. Revista Eletrônica de Biologia, 2(2): 1-28. WANTZEN, K. M. (2006). Physical pollution: effects of gully erosion in a tropical clear-water stream. Aquatic Conservation 16:733-749. 172 Capítulo 10 Herpetofauna do Município de Sorocaba Luciano Mendes Castanho, Fernando Rodrigues da Silva, Paulo Camargo e Caio Vinicius de Mira Mendes Resumo Apesar da localização privilegiada do município de Sorocaba em relação às principais instituições de pesquisas do país, pouco se conhece sobre a diversidade de anfíbios e répteis dessa região. Assim, visando diminuir essa carência de conhecimento herpetológico, nosso objetivo foi compilar a primeira lista oficial de anfíbios e répteis para o município. No total foram registradas 23 espécies de anfíbios e 49 espécies de répteis em Sorocaba, sendo a maioria das informações restrita a serpentes e anuros. Salamandras estão ausentes na região e praticamente nenhuma informação científica está disponível para gimnofionas, anfisbenas, quelônios e crocodilianos. Esperamos que esses dados primários possam direcionar futuros estudos herpetológicos na região. Introdução O termo herpetofauna deriva em parte do grego herpetón e significa “tudo o que se arrasta ou rasteja” e tem sido tradicionalmente utilizado para se referir a duas classes distintas de animais vertebrados: os anfíbios e os répteis. Os anfíbios são divididos em três ordens: Gymnophiona (cecílias), Anura (sapos, rãs e pererecas) e Caudata (salamandras e tritões). Enquanto que os répteis são divididos em quatro ordens: Testudines ou Chelonia (jabutis, cágados e tartarugas), Crocodylia (crocodilos, jacarés e gaviais), Squamata (serpentes, lagartos e anfisbenas) e 173 Rincocephalia (tuataras). Apesar dessas classes não apresentarem parentesco próximo, muitos aspectos da biologia de anfíbios e répteis são complementares e permitem que pesquisadores os estudem usando as mesmas técnicas (ZUG et al. 2001). Nas últimas décadas, o conhecimento científico sobre a evolução dos seres vivos tem aumentado com enorme rapidez e isso tem alterado também a classificação dos animais. Por exemplo, atualmente sabemos que as aves descendem dos dinossauros e são, portanto, répteis! Mas essas alterações na classificação levam certo tempo para serem realizadas e, nesse capítulo, seguimos a chamada Sistemática Tradicional e não incluímos as aves no grupo dos répteis. Atualmente são reconhecidas 7.044 espécies de anfíbios (FROST et al. 2013) e 9.766 espécies de répteis (UETZ e HOŠEK, 2013) no mundo. O Brasil abriga a maior diversidade de anfíbios do planeta, com 947 espécies, das quais 913 são anuros, 2 salamandras e 32 cecílias (FROST et al. 2013, SEGALLA et al. 2012). A última lista de espécies do Estado de São Paulo registrou 236 espécies de anfíbios, das quais 230 são anuros e 6 são cecílias (ROSSA-FERES et al. 2011). Esse número representa 25% da riqueza de espécies do país. Para répteis, o Brasil ocupa a terceira posição na relação dos países com o maior número de espécies, com 784 espécies conhecidas (BÉRNILS e COSTA 2012), das quais 67 são anfisbenas, 256 são lagartos, 419 são serpentes, 36 são quelônios e 6 são crocodilianos. A última lista de espécies do Estado de São Paulo registrou 212 espécies de répteis, das quais 11 são anfisbenas, 44 são lagartos, 142 são serpentes, 12 são quelônios e 3 são crocodilianos. Este número representa 27% das espécies de répteis conhecidas do país (ZAHER et al. 2011). Um fator preocupante é que diversas populações de anfíbios e répteis estão sofrendo declínio ao redor do mundo, isto é, suas populações estão diminuindo ou, até mesmo, se extinguindo, inclusive em locais onde a influência direta do homem é pequena ou inexistente (CAREY et al. 2001; GARDNER 2001). As causas indicadas desse declínio são fragmentação e perda de habitats, mudanças climáticas, introdução de espécies exóticas e doenças emergentes, como o fungo Batrachochytrium dendrobatidis (ALFORD e RICHARDS 1999; GIBBONS et al. 2000; WHITFIELD et al. 2007). Em relação aos anfíbios e répteis brasileiros, a principal ameaça é a destruição, degradação e fragmentação de habitats, associada ao elevado grau de endemismo por parte das espécies (SILVANO e SEGALLA 2005; ROSSA-FERES et al. 2008). A região de Sorocaba localizase na bacia hidrográfica do Médio Tietê, abriga uma população de mais de 1.500.000 pessoas e apresenta 11% da sua superfície coberta com vegetação remanescente original (NALON et al. 2008). Sua vegetação nativa é composta por fragmentos de Cerrado e Floresta Atlântica e foi alterada principalmente devido ao movimento tropeiro, a citricultura e a expansão urbana. Contudo, apesar da sua localização privilegiada em relação às principais instituições de pesquisas do país, pouco se conhece sobre a diversidade de anfíbios e répteis nessa região. Assim, uma vez que os primeiros passos para a compreensão de como os impactos antrópicos podem afetar a biodiversidade são conhecer onde e como as espécies estão distribuídas na paisagem, nosso objetivo foi compilar a primeira lista oficial de anfíbios e répteis do município de Sorocaba. Dentro desse cenário, esperamos fornecer dados primários que poderão direcionar futuros estudos herpetológicos na região. 174 Metodologia Para compilar a lista oficial das espécies de anfíbios e répteis do município de Sorocaba, nós consideramos três metodologias diferentes: i) busca online (http://splink.cria.org.br/) nas principais coleções científicas do Estado de São Paulo considerando somente os exemplares depositados que foram coletados no município de Sorocaba. As coleções consultadas foram: Coleção “Célio F. B. Haddad”, UNESP/câmpus Rio Claro; Coleção de Anfíbios DZSJRP, UNESP/câmpus São José do Rio Preto; Coleção de Anfíbios do Museu de Zoologia da UNICAMP, UNICAMP/Campinas; Coleção Científica do Museu de Zoologia da USP, USP/ São Paulo e Coleção Herpetológica “Alphonse Richard Hoge”/Instituto Butantan; ii) listas de espécies que foram publicadas em artigos científicos ou trabalhos técnicos cuja área de estudo tenha sido dentro do município de Sorocaba; iii) espécies registradas por fotografias e/ou encontros ocasionais pelos autores deste capítulo dentro do município de Sorocaba. Resultados e discussão Foram registradas 23 espécies de anfíbios (Tabela 1) e 49 espécies de répteis (Tabela 2) no município de Sorocaba, sendo a maioria das informações restrita a serpentes e anuros. Salamandras estão ausentes na região e praticamente nenhuma informação científica está disponível para as cecílias, anfisbenas, quelônios e crocodilianos. A maior parte das espécies registradas apresenta uma ampla distribuição geográfica e não está inserida nas listas de espécies ameaçadas de extinção do Estado de São Paulo, com exceção das espécies Bothrops cotiara e B. itapetiningae que estão citatas como em perigo (EN) e vulnerável (VU) respectivamente, GARCIA et al. 2009, MARQUES et al. 2009, Tabelas 1 e 2. Nas Figuras 1, 2 e 3 (anexo) estão exemplos de anfíbios e répteis encontrados no município. Estudos recentes demonstraram que, a despeito do Estado de São Paulo ser a região brasileira onde os anfíbios e répteis foram mais estudados, o número de espécies conhecidas aumentou 31% para anfíbios (ROSSA-FERES et al. 2011) e 11% para répteis (ZAHER et al. 2011) em relação ao estimado para o Estado em 1998. Nossos dados mostram que os estudos focados em herpetofauna no município de Sorocaba ainda são escassos, Mendes et al. 2013, sendo que a maior parte das espécies registradas foi de exemplares depositados em coleções científicas. Contudo, essas ocorrências esparsas da distribuição das espécies são inadequadas para muitas aplicações ecológicas ou manejo conservacionista. Portanto, realçamos a importância da realização de estudos de longo prazo na região para que possamos ter dados consistentes sobre os efeitos das alterações antrópicas nesses grupos, e consequentemente, para obtermos uma lista futura de espécies de anfíbios e répteis mais robusta para a região. 175 Táxon Nome popular Ameaça SP Tabela 1: Anfíbios do município de Sorocaba. ZUEC-AMP = Coleção de Anfíbios do Museu de Zoologia da UNICAMP; CFBH = Coleção “Célio F. B. Haddad; PNMCBS = Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade de Sorocaba; Dados não publicados = espécies registradas por um dos autores do capítulo em encontros ocasionais. Ameaça = Categorias de ameaça às espécies presentes na lista de espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (Garcia et al. 2009). Fonte do resgitro GYMNOPHIONA Caeciliidae Siphonops paulensis Boettger, 1892 Cecília - Mendes et al. 2013 Sapo-cururuzinho - ZUEC-AMP 10662 Sapo-cururu-grande - Mendes et al. 2013 ANURA Bufonidae Rhinella ornata (Spix, 1824) Rhinella schneideri (Werner, 1894) Hylidae Aplastodiscus perviridis A. Lutz in B. Lutz, 1950 Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) Dendropsophus sanborni (Schmidt, 1944) Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925) Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824) Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856) Perereca-verde - CFBH 14687.0 Pererequinha-do-brejo - Mendes et al. 2013 Pererequinha-do-brejo - Mendes et al. 2013 Pererequinha-do-brejo - Mendes et al. 2013 Pererequinha-do-brejo - Mendes et al. 2013 Perereca-de-banheiro - Mendes et al. 2013 Perereca-cabrinha - PNMCBS Sapo-ferreiro - PNMCBS - - Caramaschi e Napoli 2004 Perereca - Mendes et al. 2013 Perereca-castanhola - PNMCBS Leptodactylus cf. bokermanni Heyer, 1973 Rãzinha - Mendes et al. 2013 Leptodactylus fuscus (wSchneider, 1799) Hypsiboas prasinus (Burmeister, 1856) Itapotihyla langsdorffii (Duméril e Bibron, 1841) Leptodactylidae Rã-assobiadora - ZUEC-AMP 17181 Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) Rã-manteiga - Mendes et al. 2013 Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) Rã-marrom - Toledo et al. 2005 Leptodactylus notoaktites Heyer, 1978 Rã - PNMCBS Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867) Rã-cachorro - PNMCBS Rãzinha - CFBH 14688.0 Sapo-guarda-de-duascores - Mendes et al. 2013 Sapo-escavador - ZUEC-AMP 16710 Microhylidae Elachistocleis cf. cessari (Miranda-Ribeiro, 1920) Odontophrynidae Odontophrynus americanus (Duméril e Bibron, 1841) 176 Táxon Nome popular Ameaça SP Tabela 2: Répteis do município de Sorocaba. IBSP-Herpeto = Coleção Herpetológica “Alphonse Richard Hoge”; Dados não publicados = espécies registradas por um dos autores do capítulo em encontros ocasionais. Ameaça = Categorias de ameaça às espécies presentes na lista de espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (Marques et al. 2009); EN: em perigo. VU: vulnerável. * Espécie invasora. Fonte do resgitro TESTUDINES Chelidae Hydromedusa tectifera Cope, 1869 Cágado-pescoço-de-cobra - Dados não publicados Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812) Cágado-de-barbicha - Dados não publicados Phrynops hilarii (Duméril e Bibron, 1835) Cágado-de-barbelas Tartaruga-de-orelhavermelha - Dados não publicados - Dados não publicados Trachemys scripta elegans (Wied-Neuwied, 1839)* CROCODILIA Alligatoridae Caiman latirostris (Daudin, 1802) Jacaré-de-papo-amarelo - Dados não publicados Jacaretinga - Dados não publicados Cobra-de-duas-cabeças - Dados não publicados Cobra-de-vidro - IBSP-Herpeto 53923 Lagartixa-doméstica-tropical - Mendes et al. 2013 Papa-vento - Mendes et al. 2013 Aspronema cf. dorsivittatum Cope, 1862 Lagartixa - Mendes et al. 2013 Notomabuya frenata (Cope, 1862) Lagartixa - Mendes et al. 2013 Lagarto-verde - Mendes et al. 2013 Teiú - Mendes et al. 2013 Calango - Dados não publicados Caiman yacare (Daudin, 1802) SQUAMATA – Amphisbaenia Amphisbaenidae Amphisbaena alba Linnaeus, 1758 SQUAMATA – Lacertilia Anguidae Ophiodes striatus (Spix, 1824) Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)* Polycrotidae Polychrus acutirostris Spix, 1825 Mabuyidae Teiidae Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Salvator merianae (Duméril e Bibron, 1839) Tropiduridae Tropidurus torquatus (Wied, 1820) SQUAMATA – Serpentes Anomalepididae 177 Liotyphlops beui (Amaral, 1924) Cobra-cega - Alegretti e Flynn 2012 Liotyphlops ternetzii (Boulenger, 1896) Cobra-cega - IBSP-Herpeto 44143 Jibóia - IBSP-Herpeto 1536 Salamanta - IBSP-Herpeto 1714 Cobra-cipó - IBSP-Herpeto 24586 Boidae Boa constrictor Linnaeus, 1758 Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) Colubridae Chironius flavolineatus (Boettger, 1885) Chironius quadricarinatus (Boie, 1827) Cobra-cipó-marrom - Dados não publicados - IBSP-Herpeto 52602 Falsa-coral - IBSP-Herpeto 6038 Caninana - ZUEC-REP 564 Cobra-de-cabeça-preta - IBSP-Herpeto 9802 Apostolepis assimilis (Reinhardt, 1861) Falsa-coral - IBSP-Herpeto 53971 Boiruna maculata (Boulenger, 1896) Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820) Simophis rhinostoma (Schlegel, 1837) Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) Jararacuçu-do-brejo Dipsadidae Mussurana - IBSP-Herpeto 62643 Echinanthera melanostigma (Wagler, 1824) - - IBSP-Herpeto 6425 Erythrolamprus aesculapii (Linnaeus, 1766) Falsa-coral - Dados não publicados Erythrolamprus almadensis (Wagler, 1824) Jararaquinha-do-campo - IBSP-Herpeto 5278 - - IBSP-Herpeto 6865 Erythrolamprus miliaris (Linnaeus, 1758) Cobra-d’água - Mendes et al. 2013 Erythrolamprus poecilogyrus (Wied, 1825) Cobra-de-capim - IBSP-Herpeto 56344 - - Alegretti e Flynn 2012 Erythrolamprus jaegeri (Günther, 1858) Mussurana quimi (Franco, Marques e Puorto, 1997) Oxyrhopus guibei Hoge e Romano, 1978 Philodryas aestiva Duméril, Bibron e Duméril, 1854) Falsa-coral - IBSP-Herpeto 61118 Cobra-verde - IBSP-Herpeto 7653 Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) Cobra-verde - IBSP-Herpeto 27419 Philodryas patagoniensis (Girard, 1857) Cobra-parelheira - Mendes et al. 2013 Sibynomorphus mikanii (Schlegel, 1837) Dormideira - IBSP-Herpeto 66785 Taeniophallus occipitalis (Jan, 1863) Tomodon dorsatus Duméril, Bibron e Duméril, 1854 Tropidodryas serra (Schlegel, 1837) Elapidae Cobra-cipó-de-chão - IBSP-Herpeto 31701 Corre-campo - IBSP-Herpeto 28232 Cobra-cipó - IBSP-Herpeto 27170 Micrurus corallinus (Merrem, 1820) Coral-verdadeira - IBSP-Herpeto 46309 Micrurus frontalis (Duméril, Bibron e Duméril,1854) Coral-verdadeira - IBSP-Herpeto 6095 Viperidae Bothrops cotiara (Gomes, 1913) Cotiara EN IBSP-Herpeto 4809 Jaraquinha-do-cerrado VU IBSP-Herpeto 51071 Jararaca - IBSP-Herpeto 19492 Bothrops neuwiedi (Wagler, 1824) Jararaca-do-rabo-branco - IBSP-Herpeto 6834 Crotalus durissus Linnaeus, 1758 Cascavel - IBSP-Herpeto 67286 Bothrops itapetiningae (Boulenger, 1907) Bothrops jararaca (Wied, 1824) 178 Agradecimentos Somos imensamente gratos ao Sr. José de Campos pela foto de Amphisbaena alba, ao João Burini pela foto de Tropidurus torquatus e ao Rafael Viana pela foto de Crotalus durissus. Referências Bibliográficas ALEGRETTI, L. e FLYNN, M. N. (2012). Levantamento secundário do estado atual da herpetofauna na região de Sorocaba, SP. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, 5(2): 122-134. ALFORD, R. A. e RICHARDS, S. J. (1999). Global amphibian declines: a problem in applied ecology. Annual Review of Ecology and Systematic, 30:133-165. BÉRNILS, R. S. e COSTA, H. C. (2012). Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.1. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessada em 06/06/2013. CARAMASCHI, U. e NAPOLI, M. F. (2004). Nomenclatural Status of the Synonyms of Hyla pardalis Spix, 1824, and taxonomic position of Hyla biobeba Bokermann and Sazima, 1974 (Anura: Hylidae). Journal of Herpetology, 38(4):501-509. CAREY, C.; HEYER, W. R.; WILKINSON, J.; ALFORD, R. A.; ARNTZEN, J. W.; HALLIDAY, T.; HUNGERFORD, L.; LIPS, K. R.; MIDDLETON, E. M.; ORCHARD, S. A. e RAND, A. S. (2001). Amphibian declines an environmental change: use of remote-sensing data to identify environmental correlates. Conservation Biology, 15:903-913. FROST, D. R. (2013). Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 5.6 (9 January 2013). Disponível em http://research.amnh.org/herpetology /amphibia/index.html. American Museum of Natural History, New York, USA. GARCIA, P. C. A.; SAWAYA, R. J.; MARTINS, I.A.; BRASILEIRO, C. A.; VERDADE, V. K.; JIM, J.; SEGALLA, M. V.; MARTINS, M.; ROSSA-FERES, D. C.; HADDAD, C. F. B.; TOLEDO, L. F.; PRADO, C. P. A.; BERNECK, B. M. e ARAÚJO, O. G. S. (2009). Anfíbios. In: Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo São Paulo: Vertebrados. (P.M. BRESSAN; M.C.M. KIERULFF. e A.M. SUGIEDA Orgs.), p. 330-347. SEMA. GIBBONS, J.; SCOTT, D.; RYAN, T.; BUHLMANN, K.; TUBERVILLE, T.; METTS, B.; GREENE, J.; MILLS, T.; LEIDEN, Y.; POPPY, S. e WINNE, R. (2000). The global decline of reptiles, déjà vu amphibians. BioScience, 50:653–666. MARQUES, O. A. V.; NOGUEIRA, C.; SAWAYA, R. J.; BÉRNILS, R. S.; MARTINS, M.; MOLINA, F.; FERRAREZZI, H.; FRANCO, F. L. e GERMANO, V. J. (2009). Répteis. In: Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo São Paulo: Vertebrados. (P.M. BRESSAN; M.C.M. KIERULFF. e A.M. SUGIEDA Orgs.), p. 285-327. SEMA. 179 MENDES, C. V. M.; CAMARGO, P. T. M.; FISCHER, H. Z.; SERAPICOS, E. O.; TONOLLI, F. A. S.; CASTANHO, L. M. CINTRA, L. A. C. E GONZALEZ, R. C. (2013). Herpetofauna do Parque Municipal Governador Mário Covas no município de Sorocaba, São Paulo, sudeste do Brasil. Revista do Instituto Florestal, 25(1):91-105. NALON, M. A.; MATTOS, I. F. A e FRANCO, G. A. D. C. (2008). Meio físico e aspectos da fragmentação da vegetação. In: RODRIGUES, R. R.; JOLY, C. A.; DE BRITO, M. C. W.; PAESE, A.; METZGER, J. P.; CASATTI, L.; NALON, M. A.; MENEZES, N.; IVANAUSKAS, N. M.; BOLZANI, V.; BONONI, V. L. R. (eds) Diretrizes para a restauração e conservação da biodiversidade no estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, São Paulo, pp 15-24. ROSSA-FERES, D. C.; MARTINS, M.; MARQUES, O. A. V.; MARTINS, I. A.; SAWAYA, R. J. e HADDAD, C. F. B. (2008). Herpetofauna. In Diretrizes para a conservação e restauração da biodiversidade no estado de São Paulo (R. R. RODRIGUES , C. A. JOLY , M. C. W. DE BRITO , A. PAESE , J. P. METZGER , L. CASATTI , M. A. NALON , N. MENEZES , N. M. IVANAUSKAS , V. BOLZANI , V. L. R. BONONI, coords.). Instituto de Botânica; Fapesp, São Paulo, p.83-94. ROSSA-FERES, D. C.; SAWAYA, R. J.; FAIVOVICH, J.; GIOVANELLI, J. G. R.; BRASILEIRO, C. A.; SCHIESARI, L.; ALEXANDRINO, J. e HADDAD, C. F. B. (2011). Anfíbios do Estado de São Paulo, Brasil: conhecimento atual e perspectivas. Biota Neotropica, 11 (1a): http://www. biotaneotropica.org. br/v11n1a/pt/abstract? inventory+bn0041101a2011 SEGALLA, M. V.; CARAMASCHI, U.; CRUZ, C. A. G.; GARCIA, P. C. A.; GRANT, T.; HADDAD, C. F.B e LANGONE, J. (2012). Brazilian amphibians – List of species. Disponível em http://www. sbherpetologia. org.br. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessada em 06/06/2013. TOLEDO, L. F.; CASTANHO, L. M. e HADDAD, C. F. B. (2005). Recognition and distribution of Leptodactylus mystaceus (Anura; Leptodactylidae) in the State of São Paulo, Southeastern Brazil. Biota Neotropica, 5(1): 57-62. UETZ, P. e HOŠEK, J. (2013). The Reptile Database, http://www.reptile-database.org. acessado em 07 de junho de 2013. WHITFIELD, S. M.; BELL,K. E.; PHILIPPI, T.; SASA, M.; BOLAÑOS, F.; CHAVES, G.; SAVAGE, J. M. e DONNELLY,M. A. (2007). Amphibian and reptile declines over 35 years at La Selva, Costa Rica. Proceedings of the National Academy of Sciences, 104(20): 8352-8356. ZAHER, H.; BARBO, F. E.; MARTÍNEZ, P. S.; NOGUEIRA, C.; RODRIGUES, M. T. e SAWAYA R. J. Reptiles from São Paulo State: current knowledge and perspectives. Biota Neotrop. 11(1a): disponível em http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1a/ en/ abstract?inventory+bn0051101a2011. ZUG, G. R.; VITT, L. J. e CALDWELL, J. P. (2001). Herpetology: an introductory biology of amphibians and reptiles. 2 ed. Academic Press, San Diego. 180 Capítulo 11 Avifauna do Município de Sorocaba Augusto João Piratelli, Luciano Bonatti Regalado, André Guilherme, Lucas Andrei Campos Silva, Sílvio Yuji Onary Alves e Gabriela Rodrigues Favoretto Resumo Nós buscamos dados sobre a avifauna de Sorocaba em documentos disponibilizados na internet, compreendendo artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos, dissertações, resumos de congressos, relatórios técnicos e livros, além de observações pessoais dos autores. No total, foram compilados registros confiáveis de 280 espécies, pertencentes a 23 ordens e 61 famílias. Isso representa 35,3% das aves do Estado de São Paulo e 15,3% da avifauna nacional. A fauna de aves de Sorocaba é principalmente formada por espécies com baixa ou média sensibilidade ambiental e poucas delas ameaçadas em algum grau, espelhando os efeitos globais do processo de urbanização. As informações sobre as aves da cidade ainda são esparsas, com poucas publicações de amplo acesso e carecendo de precisão geográfica. Introdução Um dos maiores desafios das grandes cidades é conciliar o desenvolvimento urbano com a manutenção da biodiversidade. As alterações de habitats inerentes a estes ambientes em geral provocam uma homogeneização das comunidades biológicas, geralmente substituindo as espécies características de uma região por outras mais cosmopolitas (MARZLUFF, 2001; MENDONÇA; ANJOS, 2005; MEFFERT; DZIOCK, 2013), podendo ser associadas à poluição (EEVA et al., 2000), alterações nas populações de predadores (SORACE, 2002), oferta de alimentos, doenças, condições climáticas (HAGGARD, 1990) e do aumento dos níveis de ruído ambiente (FULLER et al., 2007). Sendo as aves organismos conspícuos e carismáticos e tendo representantes de diversos níveis 181 tróficos com distintos níveis de especialização, tornam-se um grupo particularmente importante para estudos em ambientes urbanos, pois respondem rapidamente aos efeitos antrópicos e podem ser utilizados como bioindicadores e em programas de educação ambiental (PIRATELLI et al., 2008). Desta forma o estudo de aves urbanas tem crescido tanto nos países do hemisfério norte (e.g. KALINOWSK; JOHNSON, 2010; CLUCAS; MARZLUFF, 2011) como nas regiões tropicais. No Brasil, eles estão mais concentrados nas regiões Sul e Sudeste, destacando-se os Estados de São Paulo (REGALADO, 2007; RODRIGUES, 2010; CRUZ; PIRATELLI, 2011), Minas Gerais (FRANCHIN; MARÇAL JÚNIOR, 2004; VALADÃO et al., 2006; FUSCALDI; LOURES-RIBEIRO, 2008) e Rio Grande do Sul (TAMPSOM; PETRY, 2008). Para a elaboração da Lista Oficial das Aves do município de Sorocaba foram considerados dados sobre a avifauna de Sorocaba existentes em documentos disponibilizados na internet, trabalhos científicos publicados em revistas, trabalhos de conclusão de cursos, livros e relatórios técnicos. Adicionalmente, listagens dos autores oriundas de observações pessoais também foram incluídas. A nomenclatura utilizada na listagem das aves do município de Sorocaba segue a 10ª edição das Listas das Aves do Brasil, do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). Em relação ao grau de ameaça, foram consultadas a Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2012) - de abrangência mundial, a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003) e o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de São Paulo (BRESSAN et al., 2009). As espécies listadas também foram classificadas de acordo com a sensibilidade a distúrbios ambientais, conforme STOTZ et al. (1996). Foram identificadas 280 espécies, representantes de 23 ordens e 61 famílias (Figura 1 - anexo - e Tabela 1). A ordem com o maior número de espécies foi Passeriformes (n=146), seguida de Apodiformes (n=14) e Pelecaniformes (n=13). As famílias com mais espécies foram Tyrannidae (n=37), Thraupidae (n=17) e Emberizidae (n=14). Duas das espécies identificadas figuram na lista da IUCN - a araponga (Procnias nudicollis) / vulnerável e a águia cinzenta (Urubitinga coronata) / em perigo; uma na Lista Nacional - águia cinzenta / ameaçada) e 21 no Livro Vermelho do Estado de São Paulo, sendo três consideradas como criticamente em perigo - o socó-boi-escuro (Tigrisoma fasciatum), a maracanã-pequena (Diopsittaca nobilis) e a águia cinzenta. Em relação à sensibilidade a distúrbios, 171 (61%) espécies foram consideradas como tendo baixa sensibilidade, 101 (36%) como média e 8 (3%) como tendo alta sensibilidade a distúrbios ambientais (Tabela 1). A avifauna de Sorocaba é formada por espécies em sua maioria consideradas tendo baixa ou média sensibilidade ambiental, com poucas classificadas em algum grau de ameaça de extinção. As 280 espécies encontradas no município representam 35,3% das 793 registradas para o Estado de São Paulo (SILVEIRA; UEZU, 2011) e 15,3% das 1.832 brasileiras (CBRO, 2011). Apesar de as áreas verdes e parques urbanos serem sugeridos como estratégias viáveis para atrair uma maior diversidade de aves para Sorocaba, a conectividade e o incremento dos fragmentos de vegetação nativa nas áreas rurais e periurbanas podem ser considerados mais importantes para incentivar o afluxo de aves com maiores exigências ecológicas. As informações sobre as aves da cidade ainda são esparsas, com poucas publicações de amplo acesso e carecendo de precisão geográfica. É necessário um esforço conjunto para padronização de metodologias e publicação dos resultados existentes. 182 Tabela 1: Listagem das aves do município de Sorocaba. Fonte: Regalado (2007), Silva; Nakano (2008), Davanço (2009), Lopes (2009), Oliveira (2009), Camargo; Barrella (2010), Carvalho (2010), Freitas (2010), Krolikowski (2010), Oliveira (2010), Rodrigues (2010), Cruz; Piratelli (2011), Matos (2013), Silva; Francisco (2013), Wikiaves (2013), Guilherme (não publicado), Regalado (não publicado), Silva (não publicado). IUCN: PP = pouco preocupante; EN = em perigo; VU = vulnerável (IUCN 2012) MMA: AM = ameaçado; NA = não ameaçado (MMA, 2003) SP: NA = não ameaçado; QA = quase ameaçado, CP = criticamente em perigo; DD = dados deficientes; Vu = vulnerável; X* = exótica (BRESSAN et al., 2009). Sensibilidade: B= baixa; M = média; A = alta sensibilidade ambiental (STOTZ et al. 1996). NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P S e n s i b i l i d a d e Small-billed Tinamou PP NA NA B Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) Inhambu-chororó Inhambu-chintã Tataupa Tinamou PP NA NA B Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) Perdiz Red-winged Tinamou PP NA VU B Codorna-amarela Spotted Nothura PP NA NA B Marreca-caneleira Fulvous Whistling-Duck PP NA NA B Irerê White-faced WhistlingDuck PP NA NA B Asa-branca Black-bellied WhistlingDuck PP NA NA B Cairina moschata (Linnaeus, 1758) Pato-do-mato Muscovy Duck PP NA NA M Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) Pé-vermelho Brazilian Teal PP NA NA B TÁXON NOME COMUM Tinamiformes Huxley, 1872 Tinamidae Gray, 1840 Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Nothura maculosa (Temminck, 1815) Anseriformes Linnaeus, 1758 Anatidae Leach, 1820 Dendrocygna bicolor (Vieillot, 1816) Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Dendrocygna autumnalis (Linnaeus,1758) Galliformes Linnaeus, 1758 183 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A Jacupemba Rusty-margined Guan PP NA Jacuaçu Dusky-legged Guan PP Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) Mergulhão-pequeno Least Grebe Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) Mergulhão-caçador Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819) Mycteria americana Linnaeus, 1758 TÁXON Cracidae Rafinesque, 1815 S P S e n s i b i l i d a d e M NA QA QA M PP NA NA M Pied-billed Grebe PP NA NA M Tuiuiú Jabiru PP NA EP M Cabeça-seca Wood Stork PP NA QA B Biguá Neotropic Cormorant PP NA NA B Biguatinga Anhinga PP NA NA M Socó-boi Rufescent Tiger-Heron PP NA NA M Fasciated Tiger-Heron PP NA CP M Socó-boi-baio PP NA NA M PP NA NA B Socozinho Pinnated Bittern Black-crowned NightHeron Striated Heron PP NA NA B Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) Garça-vaqueira Cattle Egret PP NA B Ardea cocoi Linnaeus, 1766 Garça-moura Garça-brancaGrande Maria-faceira Cocoi Heron PP NA X* NA B Great Egret PP NA NA B Whistling Heron PP NA NA M Penelope superciliaris Temminck, 1815 Penelope obscura Temminck, 1815 Podicipediformes Fürbringer, 1888 Podicipedidae Bonaparte, 1831 Ciconiiformes Bonaparte, 1854 Ciconiidae Sundevall, 1836 Suliformes Sharpe, 1891 Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849 Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) Anhingidae Reichenbach, 1849 Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) Pelecaniformes Sharpe, 1891 Ardeidae Leach, 1820 Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) Tigrisoma fasciatum (Such, 1825) Botaurus pinnatus (Wagler, 1829) Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) Butorides striata (Linnaeus, 1758) Ardea alba Linnaeus, 1758 Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) Socó-boi-escuro Savacu 184 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Garça-brancapequena S e n s i b i l i d a d e Snowy Egret PP NA NA B Garça-azul Little Blue Heron PP NA NA M Curicaca Buff-necked Ibis PP NA NA B Colhereiro Roseate Spoonbill PP NA NA M Turkey Vulture PP NA NA B Black Vulture PP NA NA B Osprey PP NA NA M Gray-headed Kite PP NA M Pearl Kite PP NA QA NA B Gavião-peneira White-tailed Kite PP NA NA B Gavião-miudinho Tiny Hawk PP NA NA A Sovi Plumbeous Kite PP NA NA M Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) Urubitinga coronata (Vieillot, 1817) Gavião-caramujeiro Snail Kite PP NA NA B Gavião-caboclo Savanna Hawk PP NA NA B Crowned Eagle EN AM CP M Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Águia-cinzenta Gavião-carijó Roadside Hawk PP NA NA B White-tailed Hawk PP NA NA B Short-tailed Hawk PP NA NA M TÁXON Egretta thula (Molina, 1782) Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) Threskiornithidae Poche, 1904 Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) Platalea ajaja Linnaeus, 1758 Cathartiformes Seebohm, 1890 Cathartidae Lafresnaye, 1839 Cathartes aura (Linnaeus, 1758) Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Urubu-de-cabeçavermelha Urubu-de-cabeçapreta Accipitriformes Bonaparte, 1831 Pandionidae Bonaparte, 1854 Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) Accipitridae Vigors, 1824 Leptodon cayanensis (Latham, 1790) Gampsonyx swainsonii Vigors, 1825 Elanus leucurus (Vieillot, 1818) Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766) Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) Buteo brachyurus Vieillot, 1816 Águia-pescadora Gavião-de-cabeçacinza Gaviãozinho Gavião-de-rabobranco Gavião-de-caudacurta Falconiformes Bonaparte, 1831 185 TÁXON NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P S e n s i b i l i d a d e PP NA NA B Falconidae Leach, 1820 Caracara plancus (Miller, 1777) Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) Falco sparverius Linnaeus, 1758 Falco femoralis Temminck, 1822 Caracará PP NA NA B Acauã Southern Caracara Yellow-headed Caracara Laughing Falcon PP NA NA B Falcão-caburé Barred Forest-Falcon PP NA NA M Quiriquiri American Kestrel PP NA NA B Falcão-de-coleira Aplomado Falcon PP NA NA B Carão Limpkin PP NA NA M Saracura-três-potes Gray-necked Wood-Rail Slaty-breasted WoodRail Rufous-sided Crake PP NA NA A PP NA NA M PP NA NA B Ash-throated Crake PP NA NA M Carrapateiro Gruiformes Bonaparte, 1854 Aramidae Bonaparte, 1852 Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) Rallidae Rafinesque, 1815 Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Aramides saracura (Spix, 1825) Saracura-do-mato Laterallus melanophaius (Vieillot, 1819) Sanã-parda Porzana albicollis (Vieillot, 1819) Sanã-carijó Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) Gallinula galeata (Lichtenstein,1818) Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) Saracura-sanã Frango-d'águacomum Frango-d'água-azul Blackish Rail PP NA NA M Common Gallinule PP NA NA B Purple Gallinule PP NA NA B Seriema Red-legged Seriema PP NA NA M Quero-quero Southern Lapwing PP NA NA B Collared Plover PP NA NA A Cariamiformes Furbringer, 1888 Cariamidae Bonaparte, 1850 Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Charadriiformes Huxley, 1867 Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) Charadrius collaris Vieillot, 1818 Batuíra-de-coleira Recurvirostridae Bonaparte, 1831 186 TÁXON Himantopus melanurus Vieillot, 1817 Scolopacidae Rafinesque, 1815 Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Pernilongo-decostas-brancas White-backed Stilt PP NA NA S e n s i b i l i d a d e M South American Snipe PP NA NA B Narceja Tringa solitaria Wilson, 1813 Maçarico-solitário Solitary Sandpiper PP NA NA B Tringa flavipes (Gmelin, 1789) Maçarico-de-pernaamarela Lesser Yellowlegs PP NA NA B Jaçanã Wattled Jacana PP NA NA B Talha-mar Black Skimmer PP NA NA A Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Rolinha-roxa Ruddy Ground-Dove PP NA NA B Columbina squammata (Lesson, 1831) Fogo-apagou Scaled Dove PP NA NA B Pombo-doméstico Rock Pigeon PP NA B Pombão Picazuro Pigeon PP NA X* NA M Pomba-galega Pale-vented Pigeon PP NA NA M Pomba-de-bando Eared Dove PP NA NA B Juriti-pupu White-tipped Dove PP NA NA B Juriti-gemedeira Gray-fronted Dove PP NA NA M Pariri Ruddy Quail-Dove PP NA NA M Maracanã-pequena Red-shouldered Macaw PP NA CP M White-eyed Parakeet PP NA NA B Maroon-bellied Parakeet PP NA NA M Blue-winged Parrotlet PP NA NA B Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854 Jacana jacana (Linnaeus, 1766) Rynchopidae Bonaparte, 1838 Rynchops niger Linnaeus, 1758 Columbiformes Latham, 1790 Columbidae Leach, 1820 Columba livia Gmelin, 1789 Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) Psittaciformes Wagler, 1830 Psittacidae Rafinesque, 1815 Diopsittaca nobilis (Linnaeus, 1758) Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) Periquitãomaracanã Tiriba-de-testavermelha Tuim 187 Periquito-rico Periquito-deencontro-amarelo Maitaca-verde Papagaioverdadeiro Plain Parakeet Yellow-chevroned Parakeet Scaly-headed Parrot PP NA NA S e n s i b i l i d a d e B PP NA NA M PP NA NA M Blue-fronted Parrot PP NA QA M Alma-de-gato Papa-lagartaacanelado Anu-preto Squirrel Cuckoo PP NA NA B Dark-billed Cuckoo PP NA NA B Smooth-billed Ani PP NA NA B Anu-branco Guira Cuckoo PP NA NA B Saci Striped Cuckoo PP NA NA B Peixe-frito-pavonino Pavonine Cuckoo PP NA NA A Coruja-da-igreja Barn Owl PP NA NA B Megascops choliba (Vieillot, 1817) Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) Corujinha-do-mato Murucututu-debarriga-amarela Caburé Tropical Screech-Owl PP NA NA B Tawny-browed Owl PP NA DD A Ferruginous Pygmy-Owl PP NA NA B Athene cunicularia (Molina, 1782) Coruja-buraqueira Burrowing Owl PP NA NA M Striped Owl PP NA NA B Mocho-diabo Mocho-dosbanhados Stygian Owl PP NA NA M Short-eared Owl PP NA AM B Common Potoo PP NA NA B TÁXON Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Cuculiformes Wagler, 1830 Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Guira guira (Gmelin, 1788) Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Dromococcyx pavoninus Pelzeln, 1870 Strigiformes Wagler, 1830 Tytonidae Mathews, 1912 Tyto alba (Scopoli, 1769) Strigidae Leach, 1820 Asio clamator (Vieillot, 1808) Asio stygius (Wagler, 1832) Asio flammeus (Pontoppidan, 1763) Coruja-orelhuda Caprimulgiformes Ridgway, 1881 Nyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851 Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) Mãe-da-lua 188 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P S e n s i b i l i d a d e João-corta-pau Rufous Nightjar PP NA NA B Tuju Short-tailed Nighthawk PP NA NA M Bacurau Pauraque PP NA NA B Hydropsalis parvula (Gould, 1837) Bacurau-chintã Little Nightjar PP NA NA B Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) Bacurau-tesoura Scissor-tailed Nightjar PP NA NA B Corucão Nacunda Nighthawk PP NA NA B White-collared Swift PP NA NA B Sick's Swift PP NA NA B Planalto Hermit PP NA NA B Scale-throated Hermit PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B TÁXON Caprimulgidae Vigors, 1825 Antrostomus rufus (Boddaert, 1783) Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789) Chordeiles nacunda (Vieillot, 1817) Apodiformes Peters, 1940 Apodidae Olphe-Galliard, 1887 Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 Trochilidae Vigors, 1825 Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Taperuçu-decoleira-branca Andorinhão-dotemporal Rabo-brancoacanelado Rabo-branco-degarganta-rajada Beija-flor-tesoura Beija-flor-preto Swallow-tailed Hummingbird Black Jacobin Beija-flor-de-orelhaWhite-vented Violetear violeta Beija-flor-de-vesteBlack-throated Mango Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) preta Besourinho-de-bicoGlittering-bellied Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) vermelho Emerald Beija-flor-de-fronteViolet-capped Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) violeta Woodnymph Beija-flor-de-papoWhite-throated Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) branco Hummingbird Beija-flor-de-bandaVersicolored Emerald Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) branca Beija-flor-de-peitoSapphire-spangled Amazilia lactea (Lesson, 1832) azul Emerald Colibri serrirostris (Vieillot, 1816) 189 TÁXON Heliomaster longirostris (Audebert & Vieillot, 1801) Coraciiformes Forbes, 1844 Alcedinidae Rafinesque, 1815 Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) Chloroceryle amazona (Latham, 1790) Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Bico-reto-cinzento Long-billed Starthroat PP NA NA S e n s i b i l i d a d e M Martim-pescadorgrande Martim-pescadorverde Martim-pescadorpequeno Ringed Kingfisher PP NA NA B Amazon Kingfisher PP NA NA B Green Kingfisher PP NA NA B White-eared Puffbird Crescent-chested Puffbird PP NA NA M PP NA NA M Toco Toucan PP NA NA M Red-breasted Toucan PP NA NA M White-barred Piculet PP NA NA B Ochre-collared Piculet PP NA NA M White Woodpecker White-spotted Woodpecker Green-barred Woodpecker Campo Flicker Blond-crested Woodpecker Lineated Woodpecker PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B Star-throated Antwren PP NA NA M Plain Antvireo PP NA NA M Galbuliformes Fürbringer, 1888 Bucconidae Horsfield, 1821 Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) João-bobo Malacoptila striata (Spix, 1824) Barbudo-rajado Piciformes Meyer & Wolf, 1810 Ramphastidae Vigors, 1825 Ramphastos toco Statius Muller, 1776 Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766 Tucanuçu Tucano-de-bicoverde Picidae Leach, 1820 Picumnus cirratus Temminck, 1825 Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 Melanerpes candidus (Otto, 1796) Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Celeus flavescens (Gmelin, 1788) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Pica-pau-anãobarrado Pica-pau-anão-decoleira Pica-pau-branco Picapauzinho-verdecarijó Pica-pau-verdebarrado Pica-pau-do-campo Pica-pau-de-cabeçaamarela Pica-pau-de-bandabranca Passeriformes Linnaeus, 1758 Thamnophilidae Swainson, 1824 Myrmotherula gularis (Spix, 1825) Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Choquinha-degarganta-pintada Choquinha-lisa 190 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) Choca-barrada Barred Antshrike PP NA NA S e n s i b i l i d a d e B Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816 Choca-de-chapéuvermelho Rufous-capped Antshrike PP NA NA B Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Choca-da-mata Variable Antshrike PP NA NA B Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) Borralhara Tufted Antshrike White-shouldered Fireeye Dusky-tailed Antbird PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA M Rufous Gnateater PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA A TÁXON Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Papa-taoca-do-sul Drymophila malura (Temminck, 1825) Choquinha-carijó Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873 Conopophaga lineata (Wied, 1831) Chupa-dente Dendrocolaptidae Gray, 1840 Olivaceous Woodcreeper Lesser Woodcreeper Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Arapaçu-verde Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) Dendrocolaptes platyrostris Spix, 1825 Arapaçu-rajado Arapaçu-grande Planalto Woodcreeper PP NA NA M Xiphocolaptes albicollis (Vieillot, 1818) Arapaçu-degarganta-branca White-throated Woodcreeper PP NA NA M João-de-barro PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA M Pichororé Rufous Hornero Sharp-tailed Streamcreeper White-eyed Foliagegleaner Orange-breasted Thornbird Yellow-chinned Spinetail Rufous-capped Spinetail PP NA NA M Petrim Sooty-fronted Spinetail PP NA NA B Uí-pi Pale-breasted Spinetail PP NA B Synallaxis spixi Sclater, 1856 João-teneném Spix's Spinetail PP NA QA NA B Cranioleuca pallida (Wied, 1831) Arredio-pálido Pallid Spinetail PP NA NA M Tangará Swallow-tailed Manakin PP NA NA B Furnariidae Gray, 1840 Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Phacellodomus ferrugineigula (Pelzeln, 1858) Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Synallaxis albescens Temminck, 1823 Pipridae Rafinesque, 1815 Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) João-porca Barranqueiro-deolho-branco João-botina-dobrejo Curutié 191 TÁXON Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823) NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A Soldadinho Helmeted Manakin PP NA QA Black-tailed Tityra PP NA NA M Crested Becard PP NA NA M Araponga Bare-throated Bellbird VU NA VU M Pavó Red-ruffed Fruitcrow PP NA VU M White-throated Spadebill PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B Yellow-bellied Elaenia PP NA NA B Small-billed Elaenia PP NA NA B Olivaceous Elaenia PP NA NA B Highland Elaenia PP NA NA M Tityridae Gray, 1840 Tityra cayana (Linnaeus, 1766) Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) S e n s i b i l i d a d e M Anambé-branco-derabo-preto Caneleiro-dechapéu-preto S P Cotingidae Bonaparte, 1849 Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) Incertae sedis Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 Patinho Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907 Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Hemitriccus margaritaceiventer (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Abre-asa-de-cabeçaGray-hooded Flycatcher cinza Sepia-capped Cabeçudo Flycatcher Bico-chato-deYellow-olive Flycatcher orelha-preta Yellow-lored TodyTeque-teque Flycatcher Common TodyFerreirinho-relógio Flycatcher Ochre-faced TodyTororó Flycatcher Sebinho-de-olho-dePearly-vented Todyouro tyrant Tyrannidae Vigors, 1825 Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788) Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Gibão-de-couro Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Guaracava-debarriga-amarela Guaracava-de-bicocurto Tuque Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868 Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830) Elaenia obscura (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Risadinha Tucão Cliff Flycatcher Southern BeardlessTyrannulet 192 TÁXON Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817) Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823) NOME COMUM Guaracava-decrista-alaranjada Marianinha-amarela NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Greenish Elaenia PP NA NA S e n s i b i l i d a d e M Yellow Tyrannulet PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B Phyllomyias virescens (Temminck, 1824) Piolhinho-verdoso Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817) Alegrinho Attila rufus (Vieillot, 1819) Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Capitão-de-saíra Greenish Tyrannulet White-crested Tyrannulet Gray-hooded Attila Irré Swainson's Flycatcher Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) Maria-cavaleira-derabo-enferrujado Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Sirystes sibilator (Vieillot, 1818) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) Myiozetetes similis (Spix, 1825) Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Tyrannus savana Vieillot, 1808 Empidonomus varius (Vieillot, 1818) Colonia colonus (Vieillot, 1818) Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) Maria-cavaleira Short-crested Flycatcher Brown-crested Flycatcher Gritador Sirystes PP NA NA M Bem-te-vi Great Kiskadee PP NA NA B Suiriri-cavaleiro Cattle Tyrant PP NA NA B Bem-te-vi-rajado Streaked Flycatcher PP NA NA B Neinei Boat-billed Flycatcher PP NA NA B Bentevizinho-deasa-ferrugínea Rusty-margined Flycatcher PP NA NA B Bentevizinho-depenacho-vermelho Social Flycatcher PP NA NA B Suiriri Tropical Kingbird PP NA NA B Tesourinha Fork-tailed Flycatcher PP NA NA B Peitica Variegated Flycatcher PP NA NA B Viuvinha Long-tailed Tyrant PP NA NA B Filipe Bran-colored Flycatcher PP NA NA B Príncipe Lavadeiramascarada Freirinha Vermilion Flycatcher PP NA NA B Masked Water-Tyrant White-headed Marsh Tyrant Streamer-tailed Tyrant PP NA NA B PP NA NA M PP NA NA M Fuscous Flycatcher PP NA NA B Tesoura-do-brejo Guaracavuçu 193 TÁXON Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Contopus cinereus (Spix, 1825) Knipolegus lophotes Boie, 1828 Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) NOME COMUM Enferrujado NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Euler's Flycatcher PP NA NA S e n s i b i l i d a d e M Tropical Pewee PP NA NA B Papa-moscascinzento Maria-preta-depenacho Suiriri-pequeno Crested Black-Tyrant PP NA NA B Yellow-browed Tyrant PP NA NA B Primavera Gray Monjita PP NA NA B Noivinha-branca White-rumped Monjita PP NA NA M Vireonidae Swainson, 1837 Rufous-browed Peppershrike Red-eyed Vireo Rufous-crowned Greenlet PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA M Gralha-do-campo Curl-crested Jay PP NA NA M Andorinhapequena-de-casa Andorinhaserradora Andorinha-docampo Andorinhadoméstica-grande Blue-and-white Swallow Southern Rough-winged Swallow PP NA NA B PP NA NA B Brown-chested Martin PP NA NA B Gray-breasted Martin PP NA NA B Andorinha-do-rio White-winged Swallow PP NA NA B White-rumped Swallow PP NA NA B Bank Swallow PP NA NA B Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Pitiguari Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Juruviara Hylophilus poicilotis Temminck, 1822 Verdinho-coroado Corvidae Leach, 1820 Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) Hirundinidae Rafinesque, 1815 Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Progne tapera (Vieillot, 1817) Progne chalybea (Gmelin, 1789) Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783) Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) Riparia riparia (Linnaeus, 1758) Andorinha-desobre-branco Andorinha-dobarranco Troglodytidae Swainson, 1831 Troglodytes musculus Naumann, 1823 Corruíra Southern House Wren PP NA NA B Donacobiidae Aleixo & Pacheco, 2006 Japacanim Black-capped Donacobius PP NA NA M Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) Turdidae Rafinesque, 1815 194 TÁXON Turdus flavipes Vieillot, 1818 Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Turdus albicollis Vieillot, 1818 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Sabiá-una Yellow-legged Thrush PP NA NA S e n s i b i l i d a d e M Sabiá-laranjeira Rufous-bellied Thrush PP NA NA B Sabiá-barranco Pale-breasted Thrush PP NA NA B Sabiá-poca Creamy-bellied Thrush PP NA NA B Sabiá-coleira White-necked Thrush PP NA NA M Sabiá-do-campo Chalk-browed Mockingbird PP NA NA B Caminheirozumbidor Yellowish Pipit PP NA NA B Cambacica Bananaquit PP NA NA B Green-winged Saltator PP NA NA B Hooded Tanager PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA M Mimidae Bonaparte, 1853 Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Motacillidae Horsfield, 1821 Anthus lutescens Pucheran, 1855 Coerebidae d'Orbigny & Lafresnaye, 1838 Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Thraupidae Cabanis, 1847 Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye, 1837 Nemosia pileata (Boddaert, 1783) Thlypopsis sordida (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Trinca-ferroverdadeiro Saíra-de-chapéupreto Saí-canário Orange-headed Tanager Chestnut-headed Tanager Pyrrhocoma ruficeps (Strickland, 1844) Cabecinha-castanha Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Tiê-preto Ruby-crowned Tanager PP NA NA B Pipira-vermelha Silver-beaked Tanager PP NA NA B Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776) Tico-tico-rei Red-crested Finch PP NA NA B Lanio melanops (Vieillot, 1818) Tiê-de-topete Black-goggled Tanager PP NA NA M Sayaca Tanager PP NA NA B Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) Palm Tanager PP NA NA B Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Sanhaçu-cinzento Sanhaçu-docoqueiro Saíra-amarela Burnished-buff Tanager PP NA NA M Paroaria coronata (Miller, 1776) Cardeal Red-crested Cardinal PP NA NA B Sanhaçu-papalaranja Blue-and-yellow Tanager PP NA NA B Tangara palmarum (Wied, 1823) Pipraeidea bonariensis (Gmelin, 1789) 195 TÁXON Tersina viridis (Illiger, 1811) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) Emberizidae Vigors, 1825 Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Saí-andorinha Swallow Tanager PP NA NA S e n s i b i l i d a d e B Saí-azul Blue Dacnis PP NA NA B Saíra-ferrugem Rufous-headed Tanager PP NA NA B Figuinha-de-rabocastanho Chestnut-vented Conebill PP NA NA B PP NA NA B Tico-tico-do-campo Rufous-collared Sparrow Grassland Sparrow PP NA NA B Cigarra-bambu Uniform Finch PP NA NA M Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) Canário-da-terraverdadeiro Saffron Finch PP NA NA B Sicalis luteola (Sparrman, 1789) Tipio Grassland Yellow-Finch Wedge-tailed GrassFinch Blue-black Grassquit PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B Capped Seedeater Chestnut-bellied SeedFinch Half-collared Sparrow PP NA VU M PP NA VU B PP NA NA M Saffron-billed Sparrow PP NA NA M Hepatic Tanager Red-crowned AntTanager PP NA NA B PP NA NA A Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) Tico-tico Canário-do-campo Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiziu Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) Bigodinho Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) Coleirinho Sporophila leucoptera (Vieillot, 1817) Sporophila bouvreuil (Statius Muller, 1776) Sporophila angolensis (Linnaeus, 1766) Chorão Arremon semitorquatus Swainson, 1838 Arremon flavirostris Swainson, 1838 Caboclinho Curió Tico-tico-do-mato Tico-tico-de-bicoamarelo Lined Seedeater Double-collared Seedeater White-bellied Seedeater Cardinalidae Ridgway, 1901 Piranga flava (Vieillot, 1822) Sanhaçu-de-fogo Habia rubica (Vieillot, 1817) Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Tiê-do-mato-grosso Mariquita Tropical Parula PP NA NA M Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Pia-cobra Masked Yellowthroat PP NA NA B 196 NOME COMUM NOME EM INGLÊS I U C N M M A S P Pula-pula PP NA NA Pula-pula-debarriga-branca Golden-crowned Warbler S e n s i b i l i d a d e M White-bellied Warbler PP NA NA B Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Canário-do-mato Flavescent Warbler PP NA NA M Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) Pula-pulaassobiador White-browed Warbler PP NA NA M Cacicus chrysopterus (Vigors, 1825) Tecelão Golden-winged Cacique PP NA NA M Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) Inhapim Epaulet Oriole PP NA NA M Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Graúna PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B PP NA NA B TÁXON Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Basileuterus hypoleucus Bonaparte, 1830 Icteridae Vigors, 1825 Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) Garibaldi Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) Chopim-do-brejo Vira-bosta Chopi Blackbird Chestnut-capped Blackbird Yellow-rumped Marshbird Shiny Cowbird Polícia-inglesa-dosul White-browed Blackbird Sporagra magellanica (Vieillot, 1805) Pintassilgo Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Fim-fim Hooded Siskin Purple-throated Euphonia Golden-rumped Euphonia Bico-de-lacre Common Waxbill PP NA X* B Pardal House Sparrow PP NA X* B Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) Fringillidae Leach, 1820 Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818) Gaturamo-rei Estrildidae Bonaparte, 1850 Estrilda astrild (Linnaeus, 1758) Passeridae Rafinesque, 1815 Passer domesticus (Linnaeus, 1758) 197 Referências bibliográficas BRESSAN, P. M.; KIERULFF, M. C.; SUGIEDA, A. M. (Org.). (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo: Vertebrados. São Paulo: Fundação Parque Zoológico de São Paulo e Secretaria do Meio Ambiente. CAMARGO, P. H. S. A.; BARRELLA, W. (2010). Levantamento comparativo da avifauna de trechos urbanos de dois rios paulistas. Iniciação Científica, PUCSP- CNPq, São Paulo. Dados não publicados. CARVALHO, F. F. (2010). Comportamento Alimentar das Aves Piscívoras Aquáticas do Parque Natural “Chico Mendes”. Revista Eletrônica de Biologia, São Paulo, v. 3, n.2, p.11-19. COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS – CBRO. (2011). Listas das aves do Brasil. [S.I]: Editora CBRO. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em: 03 jun. 2013. CLUCAS, B.; MARZLUFF, J. M. (2011). Atitudes and actions toward birds in urban areas; human cultural differences influence bird behavior. The Auk, Washington, v. 129, n.1, p.1−9. CRUZ, B. B.; PIRATELLI, A. J. (2011). Avifauna associada a um trecho urbano do Rio Sorocaba, sudeste do Brasil. Biota Neotropica, São Paulo, v. 11, n. 4, p.255-264. DAVANÇO, P. V. (2009). Biologia reprodutiva do sabiá-barranco (Turdus leucomelas) na região sudeste do Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba. Disponível em: <http://www.sorocaba.ufscar.br/ufscar/mce/ arquivo/pagina49/tcc_paulo_davan%C3%A7o_texto.pdf>. Acesso em 12 jun. 2013. EEVA, T.; TANHUANPÄÄ, S.; RABERGH, C.; AIRAKSINEN, S.; NIKINMAA, M.; LEHIKOINEN, E. (2000). Biomarkers and fluctuating asymmetry as indicators of pollution-induced stress in two hole-nesting passerines. Functional Ecology, London, v. 14, p.235-243. FRANCHIN, A. G.; MARÇAL-JÚNIOR, (2004). A riqueza da avifauna no Parque Municipal do Sabiá, zona urbana de Uberlândia (MG). Biotemas, Santa Catarina, v. 17, p.179-202. FREITAS, M. S. (2010). Comportamento reprodutivo do caminheiro-zumbidor, Anthus lutescens Pucheran 1855 (Aves: Motacillidae), na região de Sorocaba, SP. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. FULLER, R. A.; WARREN, P. H.; GASTON, K. J. (2007). Daytime noise predicts nocturnal singing in urban robins. Biology Letters, Londres, n. 3, p. 368- 370. FUSCALDI, R. G.; LOURES-RIBEIRO, A. (2008). A avifauna de uma área urbana do município de Ipatinga, Minas Gerais, Brasil. Biotemas, Santa Catarina, v. 21, p. 125-133. HAGGARD, W. H. (1990). Urban weather. International Journal of Environmental Studies, London, v. 36, p. 73-82. 198 INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE – IUCN. (2012). The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012. 2. Disponível em <http://www.iucnredlist.org>. Acesso em: Jun. 2013. KALINOWSK, R. S.; MATTHEW, D.; JOHNSON, M. D. (2010). Influence of Suburban Habitat on a Wintering Bird Community in Coastal Northern California. The Condor, California, v. 112, n.2, p. 274– 282. KROLIKOWSKI, V. (2009). Atração de aves para áreas degradadas: poleiros artificiais x poleiros naturais. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. LOPES, L. M. (2009). Avifauna de duas áreas verdes urbanas no município de Sorocaba, SP. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. Disponível em: <http://www.sorocaba.ufscar.br/ufscar/mce/ arquivo/pagina49/tcc___larissa_martins_lopes.pdf>. Acesso em: 3 Jul. 2013. MARZLUFF, J. M. (2001). Worldwide urbanization and its effects on birds. In: MARZLUFF, J. M.; BOWMAN, R.; DONELLY, R. (Ed.). Avian Ecology and Conservation in an Urbanizing World. Kluwer, New York, p. 19-48. MATOS, V. P. V. (2013). Avifauna em áreas abertas, fragmentos e áreas em regeneração da UFScar câmpus Sorocaba – SP. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas)Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. MEFFERT, P. J., DZIOCK, F. (2013). The influence of urbanisation on diversity and trait composition of birds. Landscape Ecology, Arizona, v. 28, p.943–957. MENDONÇA, L. B.; ANJOS, L. (2005). Beija-flores (Aves, Trochilidae) e seus recursos florais em uma área urbana do Sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, Paraná, v. 22, p. 51–59. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA. (2003). Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Disponível em: <www.mma.gov.br>. Acesso em: 12 Jun. 2013. OLIVEIRA, E. M. (2010). Ecologia trófica das aves do campus da UFSCar Sorocaba. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. Disponível em: <http://www.sorocaba.ufscar.br/ufscar/mce/ arquivo/pagina58/cbbs2007_emily_miranda_oliveira.pdf.> Acesso em: 3 Jul. 2013. OLIVEIRA, L. S. (2009). Estudos sobre a biologia reprodutiva do bigodinho, Sporophila lineola (Aves: Emberizidae). Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas Universidade Federal de São Carlos, câmpus Sorocaba, Sorocaba, SP. 2009.. Disponível em: <http://www.sorocaba. ufscar.br/ufscar/mce/arquivo/pagina49/tcc_leonardo_scalon.pdf>. Acesso em 3 Jul. 2013. PIRATELLI, A.; SOUSA, S. D.; CORRÊA, J. S.; ANDRADE, V. A.; RIBEIRO, R. Y.; AVELAR, L. H.; OLIVEIRA, E. F. (2008). Searching for bioindicators of forest fragmentation: passerine birds in the Atlantic forest of southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, SP, v. 68, n. 2,p. 259-268. 199 REGALADO, L. B. (2007). Observando as aves nas áreas verdes de Sorocaba e região. Sorocaba, SP: Edição do Autor. 198p. Ilust. RODRIGUES, S. B. M. (2010). Frugivoria por aves em Zanthoxylum chiloperone (Rutaceae) numa área urbana do Estado de São Paulo, Sudeste do Brasil. Revista Eletrônica de Biologia, São Paulo, v. 3, n. 4, p.35-55. SILVA, L. A. C. ; NAKANO, C. A. (2008). Avifauna em uma Área de Cerrado no Bairro do Central Parque, município de Sorocaba, São Paulo, Brasil. Revista Eletrônica de Biologia, São Paulo, v. 1, n. 1,p. 36-61. SILVA, L. R.; FRANCISCO, M. R. (2013). Estudos dos parâmetros reprodutivos do tico-tico, Zonitrichia capensis (Aves, Emberizidae) numa área da região Sudeste do Brasil. XX Congresso de Iniciação Científica da UFSCar, São Carlos, SP. Anais de Eventos da UFSCar. SORACE, A. (2002). High density of bird and pest species in urban habitats and the role of predator abundance. Ornis Fennica, Helsinki, Finland, v. 79, p. 60-71. STOTZ, D. F.; J. W. FITZPATRICK; T. A. PARKER; MOSKOVITS, D. K. (1996). Neotropical birds: ecology and conservation. Chicago: University of Chicago Press. SILVEIRA, L. F.; UEZU, A. Checklist of birds from São Paulo State, Brazil. Biota Neotropica São Paulo v. 11, n.1a. Disponível em: <http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1a/en/abstract?inventory+bn0 061101a2011>. Acesso em: 18 Jun. 2013. TAMPSOM, V. E.; PETRY, M. V. (2008). Nidificação e análise das guildas alimentares de aves no Morro do Espelho, na zona urbana de São Leopoldo – RS. Revista FZVA, Uruguaiana, v. 6, p. 63-69. VALADÃO, R. M.; MARÇAL-JÚNIOR, O.; FRANCHIN, A. G. (2006). A avifauna no parque municipal Santa Luzia, zona urbana de Uberlândia, Minas Gerais. Revista Bioscence Journal, Uberlândia, MG, v. 20, n. 2,p. 97-108. WIKIAVES. Disponível em http://www.wikiaves.com.br/. Acesso em 20/06/2013. 200 Capítulo 12 Mastofauna do Município de Sorocaba Roberto Tiocci Junior, Fernando Monteiro Costa, Welber Senteio Smith e Edna Maria Cardoso de Oliveira Resumo Na produção deste capítulo foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios autores referentes à mastofauna do município de Sorocaba, evidenciando a distribuição das espécies em diversos habitats, como principais pontos de amostragem as áreas do Site da Toyota, Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade “Marco Flávio da Costa Chaves” (PNMCBio), incluindo também os corredores e fragmentos adjacentes ao redor da PNMCBio e do Parque Municipal Dr. Bráulio Guedes da Silva”. Por meio de levantamento bibliográfico referente às espécies amostradas no município de Sorocaba foi possível gerar uma lista contendo 48 espécies de mamíferos pertencentes a 8 ordens e 18 famílias. Introdução A mastofauna do interior paulista, embora bastante rica em diversidade e endemismos, devido aos contatos entre o Cerrado e a Floresta Estacional, encontrasse bastante alterada no que diz respeito à composição de espécies, principalmente em regiões onde o histórico de fragmentação foi mais intenso, atualmente é constituída por fragmentos florestais isolados de diversos tamanhos e em diferentes estágios de sucessão secundária, formando um mosaico de paisagens altamente modificadas (PAGLIA, et.al., 1995). As espécies de mamíferos sempre despertam interesses nas pessoas devido a sua diversidade, beleza, utilidade ou pelos problemas que podem causar (REIS, et al., 2010) os mais carismáticos vertebrados viventes, em decorrência de sua notável diversidade morfológica, ecológica e 201 comportamental (ROSE, 2006). São conhecidas, atualmente, cerca de 5.400 espécies de mamíferos no mundo (WILSON e REEDER, 2005), mas este número vem aumentando ano a ano com a descrição de novas espécies descobertas em inventários de áreas pouco conhecidas ou nas gavetas dos museus. A diversidade de mamíferos no Brasil atinge números expressivos, constituindo-se numa das maiores do mundo. Até pouco tempo, eram conhecidas 22 ordens de mamíferos no mundo, das quais 12 são encontradas no Brasil, representadas por 688 espécies (FONSECA et al.,1996 apud REIS et al. 2006). Para o Estado de São Paulo são listadas 231 espécies de mamíferos, 206 excluindo-se os cetáceos (DE VIVO et al., 2010), o que representa 36% da diversidade nacional, com representantes de todas as ordens de mamíferos presentes no Brasil. Contudo, atualmente essa biodiversidade se encontra ameaçada devido à fragmentação de florestas, entre outras causas, as antropogênicas. Em suma, são animais com biologia semelhante a dos humanos - a espécie de mamífero dominante no planeta. E por esta razão, encontram-se seriamente ameaçados ao redor do globo. Material e métodos Área de estudo O município de Sorocaba (Figura 01 - anexo) é o quarto mais populoso do interior do Estado de São Paulo (precedido por Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto), com uma população de mais de 600 mil habitantes sendo, portanto, uma capital regional. Porém, a microrregião de Sorocaba conta com 14 municípios, somando mais de 1.300.000 habitantes. Possui uma área de 456,0 km², sendo 349,2 km² de área urbana e 106,8 km² de área rural (PREFEITURA DE SOROCABA, 2012). A cidade é um importante polo industrial no interior do Estado de São Paulo e do Brasil. É o oitavo município brasileiro e o quarto mercado consumidor do Estado fora da região metropolitana da capital, com um potencial de consumo per capita anual estimado em 2.400 dólares estadunidenses para a população urbana, e 917 dólares estadunidenses para a rural (7.200 pessoas), sendo a 29ª cidade brasileira com maior potencial de consumo (PREFEITURA DE SOROCABA, 2012). Sorocaba faz limite com os seguintes municípios: Porto Feliz, Votorantim, Mairinque, Itu, Araçoiaba da Serra, Salto de Pirapora, Iperó, Alumínio, Capela do Alto, Boituva, Piedade, Ibiúna, Cabreúva e Tatuí (PREFEITURA DE SOROCABA, 2012). 202 A cobertura vegetal original da região de Sorocaba corresponde à Floresta Ombrófila Densa, segundo a terminologia adotada pelo IBGE, ou Complexo da Floresta Atlântica. De acordo com a delimitação das Regiões Ecológicas no Estado de São Paulo adotada pela Resolução SMA n°21 de 21.11.01, a área de estudo situa-se na região Sudeste do Estado de São Paulo, cuja matriz é composta por Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa e Cerrado lato sensu. Sorocaba está localizada na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-10 – Sorocaba e Médio Tietê - SMT. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento, pastagens naturais e cultivadas na zona rural. Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do município de Sorocaba, encontra-se reduzida e distribuída em pontos isolados, formando diversos fragmentos de pequeno porte. O município de Sorocaba possui um total de 45.007,85 hectares, dos quais 7.509,02 hectares apresentaram cobertura por remanescentes de vegetação natural para o ano de 2006 (ano da cobertura aerofotogramétrica utilizada no estudo), representando 16,68% do território (MELLO K., 2012). Utilizando como base para as descrições das fitofisionomias a classificação proposta por IBGE (1991), Projeto RADAM Brasil (1983) e Mapa de Uso o Solo do Estado de São Paulo (Secretaria do Meio Ambiente – Instituto Florestal, 2005), foi possível observar as seguintes tipologias: Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa - Estágio Inicial (Vegetação Estágio Inicial), Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa – Estágio Médio (Vegetação Estágio Médio), Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa – Estágio Avançado (Vegetação Estágio Avançado), Savana Arborizada (Cerrado), Savana gramíneo-lenhosa (Campo Cerrado), Vegetação Pioneira, Mata Ciliar (Mata de Várzea) e Campo Antrópico, cujas descrições seguem especializadas, apresentando-se abaixo como mosaicos a área de cada fitofisionomia presente no município de Sorocaba (Tabela 01). Tabela 1: Vegetação remanescente no município de Sorocaba – SP Uso do solo Vegetação Avançada Vegetação Média Vegetação Pioneira Vegetação Rupreste Campo Cerrado Cerrado Vegetação Inicial Mata Ciliar Vegetação de Várzea Área (Hectares) 285,73 1.713,75 893,84 26,69 501,14 319,14 1.466,73 3.471,30 644,94 203 Levantamento de dados Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios autores referentes à mastofauna do município de Sorocaba, evidenciando a distribuição das espécies em diversos habitats. Foi realizada uma consulta nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba (Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal de São Carlos – UFSCar-Sorocaba), a fim de buscar as informações contidas em monografias e relatórios de iniciação científica. Além disso, pesquisaram-se nos sites de busca Google Acadêmico e Scielo, os artigos que tiveram pontos de amostragem dentro do município de Sorocaba. Estudos sobre a mastofauna de Sorocaba Com base nos dados levantados através de revisões bibliográficas de monografias, relatórios de iniciação científica, Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA do Site da Toyota do Brasil, Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade “Marco Flávio da Costa Chaves” e alguns Trabalhos de Conclusão de Curso - TCCs da região do município de Sorocaba, foram catalogadas 48 espécies de mamíferos no total, pertencentes a 8 ordens e 18 famílias. Vale ressaltar que na área do empreendimento da Toyota do Brasil, foram catalogadas 34 espécies e na área da PNMCBio, foram catalogadas 12 espécies de mamíferos. Dos dados aqui compilados, destacam-se também os trabalhos de iniciação científica desenvolvidos entre 2010, 2011 e 2013 pelos alunos da Universidade Paulista (UNIP- Sorocaba), Fernando Monteiro Costa, Roberto Tiocci Junior e Edna Maria Cardoso de Oliveira, atuais autores do mesmo junto ao Dr. Prof. Welber Senteio Smith, da Universidade Paulista (UNIP-Sorocaba). Os dados apresentados nesse capítulo são baseados em todos os trabalhos desenvolvidos até agora no município de Sorocaba. Inventário da mastofauna De acordo com os trabalhos citados e dados dos próprios autores desse capítulo, ocorre em Sorocaba um total de 48 espécies de mamíferos pertencentes a 8 ordens (Didelphiomorphia, Cingulata, Primates, Chiroptera, Carnivora, Artiodactyla, Rodentia e Lagomorfa) e 18 famílias (Didelphidae, Dasupodidae, Cebidae, Phyllostomidae, Vespertilionidae, Felidae, Canidae, Mustelidae, Procyonidae, Tayassuidade, Suidae, Cervidae, Cricetidae, Caviidae, Erethiontidae, Scuridae, Myocastoridae e Leporidae). As ordens Rodentia e Chiroptera apresentam o maior número de espécies registradas, sendo Rodentia, 14 espécies; e Chiroptera, 9 espécies. As espécies mais comuns são: Didelphis albiventris (Figura 02 - anexo), Didelphis aurita, Dasypus novemcinctus, Gracilinanus agilis (Figura 03 - anexo), Desmodus rotundus, Anoura caudifer, Carollia perspicillata, Artibeus lituratus, Sturnira lilium (Figura 04 - anexo), Cerdocyon thous, Procyon cancrivorus (Figura 05 - anexo), Tayassu pecari, Mazama gouazoubira, Akodon sp, Necromys lasiurus (Figura 06 - anexo), Oligoryzomys sp, Myocastor coypus e Hydrochoerus hydrocaeris. 204 A espécie exótica de Javaporco foi registrada através de observação direta, essa espécie se prolifera rapidamente, dominando habitats florestais e prejudicando a manutenção da biodiversidade nativa (DEBERDT & SCHERER, 2007). A Tabela 2 apresenta as espécies inventariadas no município de Sorocaba com os respectivos nomes populares, status de conservação, ocorrência das espécies no município e tipo de metodologia utilizada para o levantamento das mesmas. A fauna catalogada através destas revisões bibliográficas é típica de ambientes antropizados, que se apresentam como espécies generalistas, que se adaptam bem a ambientes degradados. Dentre os animais registrados no município de Sorocaba, segundo a Lista de Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de São Paulo (2009), a espécie Tayassu pecari está na categoria Em Perigo (EN), ou seja, enfrenta um risco muito alto de extinção na natureza em virtude da caça e redução significativa de áreas preservadas no Estado de São Paulo. A espécie Monodelphis iheringi (Figura 7 - anexo), classificada na categoria Vulnerável (VU), encontra-se com alto risco de extinção na natureza. É um marsupial raro, sendo encontrado em florestas primárias e secundárias (REIS et al., 2011). As espécies do gênero Leopardus se encontram na categoria Vulnerável (VU) ou Em Perigo (EN). O Brasil apresenta 69 espécies de mamíferos oficialmente ameaçadas, o que representa 10,6% das 652 espécies nativas de mamíferos que ocorrem no país, segundo a mais recente compilação disponível (REIS et al., 2006). A grande maioria das espécies ameaçadas (40 espécies) está incluída na categoria Vulnerável (VU), quase um terço (18 espécies) está na categoria Criticamente em Perigo (CR) e as 11 espécies restantes situam-se na categoria Em Perigo (EN) , segundo critérios de avaliação adotados para a elaboração da lista em 2002 (UNIÃO MUNDIAL PARA A NATUREZA – IUCN, 2001) e publicados em Machado et al. (2005). Nenhuma espécie foi considerada Extinta ou Regionalmente Extinta. As espécies ameaçadas estão distribuídas em 10 das 12 ordens com representantes no Brasil, ou seja, apenas as ordens Perissodactyla e Lagomorpha (cada uma delas tem uma espécie no país) não possuem espécies ameaçadas. Segundo Burstim e Flynn (2012), para a região de Sorocaba e arredores foram encontradas 71 espécies de mamíferos. O número de espécies inventariadas através dos trabalhos realizados no Site da Toyota do Brasil, PNMCBio e Parque Municipal “Dr. Bráulio Guedes da Silva” correspondem a 67,6% do total identificado para a região. 205 Morcego x x Carollia perspicillata Morcego x Desmodus rotundus Morcego x Micronycteris microtis Morcego x Sturnira lilium Morcego x Myotis nigricans Morcego x Myotis sp Morcego x Akodon ssp Rato-do-chão x Oligoryzomys ssp Camundongo-do-mato x Oryzomys laticeps Rato-do-mato x Oxymycterus delator Rato-do-brejo x Táxon Nectomys squamipes Rato-d’água X x x x X X x x x x Rhipdomys mastacalis Rato-da-árvore x Calomys tener Rato-calunga x x Oecomys catherinae Rato-da-árvore x x Myocastor coypus Ratão do Banhado x Necromys lasiurus Pixuna x Oligoryzomys nigripes Camundongo-do-mato x Didelphis albiventris Gambá-de orelha-branca Didelphis aurita Gambá-de orelha-preta x Gracilinanus agilis Cuíca x Monodelphis kunsi Catita x X x x x X X X X X X X Observações Meio Periurbano Artibeus obscurus X X Invasora x x Não nativa x x Anoura caudifer Nativa Artibeus lituratus Morcego Morcego Nome Popular Meio Rural Meio Urbano Status (IUCN, CITES, MMAAmeaçada) Tabela 2: Espécies inventariadas no município de Sorocaba-SP. Captura Captura Captura Captura Captura Captura Captura Captura Captura X Captura X Captura X Captura X Captura X Captura X Captura X Captura X X X X X X X X Captura Pesq. Etnozoológica Captura Captura Captura Captura Captura Captura 206 Cuíca-três-litras x Onça-Parda x Felis wiiedi Gato-do-mato x Herpailurus yaguaroundi Gato- mourisco x Felis Pardalis Jaguatirica x Puma yagouaroundi Jaguarundi x Leopardus sp Gato-do-mato x Procyon cancrivorus Mão- pelada x Chrysocyon brachyurus Lobo-Guará x Cerdocyon thous Cachorro-do-mato x Sylvilagus brasiliensis Tapiti x Guerlinguetus ingrami Esquilo x Coendou prehensilis Ouriço caxeiro x Dasypus novemcinctus Tatu-Galinha x Mazama gouazoubira Veado catingueiro Monodelphis iheringi Puma concolor X Captura Vulnerável (IUCN) X Observação Direta X Observação Direta X Observação Direta X Observação Direta X Observação Direta X Pegadas Vulnerável (IUCN) X Ameaçada (IUCN) X X x Hydrochoerus hydrochoeris Capivara x Cavia aperea Preá x Nasua nasua Quati x X X x X Pegadas x X Observação Direta x X Observação Direta x X Observação Direta x X Observação Direta x X Pesq. Etnozoológica x X Pegadas x x X Observação Direta x Observação Direta x Observação Direta x x Observação Direta x x Observação Direta Callithrix penicillata Sagui-do-Cerrado Galictis vittata Furão x x x Captura Tayassu pecari Queixada x x x Observação Direta x x x x Observação Direta x x Observação Direta x x Observação Direta Felis catus Porco doméstico / Javali Gato-doméstico Canis lupus familiaris Cachorro-doméstico x Sus scrofa x X X 207 Distribuição da mastofauna A distribuição geográfica dos mamíferos é muito variada e a diversidade e a riqueza mastofauna são influenciadas por diversos fatores complexos combinados, entre eles, a história evolutiva, o grau de isolamento e a complexidade do habitat. A ampliação da distribuição de algumas espécies é discutida, assim como aspectos biogeográficos. Em relação aos mamíferos terrestres, a perda e a fragmentação dos habitats estão entre os fatores que mais afetam a sobrevivência de suas populações (CHIARELLO, 2000). Em fragmentos com áreas muito reduzidas, o equilíbrio na relação de interdependência das espécies não é mantido (CROOKS e SOULÉ, 1999; CROOKS, 2002). A fauna de um modo geral é afetada por essa fragmentação devido ao isolamento que impede a migração entre os fragmentos e a recolonização, provocando aumento do endocruzamento e diminuição da viabilidade genética dessas populações, podendo resultar em extinções locais (CASTRO e FERNANDEZ, 2004). Esses remanescentes florestais, segundo Viana et al. (1992), podem ser considerados os últimos depositários da biodiversidade nativa de boa parte de nossas florestas. 208 Conclusões O município de Sorocaba apresenta-se em um mosaico de fragmentos de habitats, sendo a fragmentação a ameaça mais séria para a maioria das espécies de vertebrados (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). A fauna é totalmente dependente da flora, qualquer distúrbio provocado na vegetação reflete negativamente na fauna local (SOUSA e GONÇALVES, 2.004). Diversos componentes estruturais de um habitat se inter-relacionam e são determinantes para a persistência ou não das espécies originais, o que pode interferir na abundância de mamíferos e de como estão distribuídos no ambiente (PAGLIA, et al., 2006). As espécies registradas são adaptadas a ambientes degradados e representam cerca de 13% da fauna do Estado de São Paulo. Mesmo essas espécies sendo adaptadas a alterações, não estão salvas da extinção. O ideal seria associar o tamanho dos fragmentos com a qualidade e disponibilidade de recursos, com pouco efeito de borda, obtendo assim um ambiente favorável à manutenção de riqueza de espécies por um longo período de tempo (REIS et. al, 2003). A realização de estudos em remanescentes de vegetação nativa é uma forma eficiente de avaliar o efeito da fragmentação sobre a biodiversidade, bem como o grau de perturbação desses fragmentos (D’ANDREA et al. 1999). Neste sentido, inventariar a fauna de um ecossistema é o primeiro passo para sua conservação. Priorizar a conservação dos fragmentos e possibilitar a conexão entre eles é de fundamental importância à manutenção da fauna, bem como à discussão da presença de cercas no entorno, se por um lado tende a proteger o fragmento de ações antrópicas, por outro, limita o deslocamento da fauna. Assim, é necessário priorizar investimentos na conservação dos fragmentos e viabilizar corredores de vegetação entre eles para aumentar as chances de sobrevivência da fauna regional, sem perder de vista que a presença das cercas ao redor dos fragmentos é um ponto ainda a ser estudado e resolvido. Referências bibliográficas BURSTIN, Bruno Assanu; FLYNN, Maurea Nicoletti(2012). Levantamento secundário do estado atual da mastofauna na região de Sorocaba, SP. RevInter Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v. 5, n. 2, p. 105-121, jun. CASTRO, E.B.V. de; FERNANDEZ, F.A.S. (2004). Determinants of differential extinction vulnerabilities of small mammals in Atlantic forest fragments in Brazil. Biological Conservation 119:73-80. CHIARELLO, A. G. (2001). Density and population size of mammals in remnants of Brazilian Atlantic forest. Conservation Biology 14(6):1649-1657 COSTA, F. M. (2013) Mamíferos Terrestres do Parque Municipal Dr. Bráulio Guedes da Silva, Sorocaba - SP. Relatório de Iniciação Científica – UNIP CROOKS, K. R. (2002). Relative sensitivities of mammalian carnivores to habitat fragmentation. Conservation Biology, v.16, n.2, p.488-502, 2002. D’ANDREA, P. S.; GENTILE R.; CERQUEIRA R.; GRELLE C. E.; HORTA C.; Rey L. (1999). Ecology of small mammals in a Brazilian rural area. Revista Brasileira de Zoologia 16(3): 611-620. DELBERD, A. J & SCHERER, S. B. 2007. O javali asselvajado: ocorrência e manejo da espécie no 209 Brasil. Natureza & Conservação - vol. 5 - nº2 - outubro 2007 - pp. 31-44. DE VIVO, M. (1996). Estudo da diversidade de espécies de mamíferos do Estado de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto. DE VIVO, M. et al. (2010). Checklist dos mamíferos do Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropical vol. 11, no. 1ª. FONSECA et al.(1996). Mamíferos do Brasil, Londrina, Paraná, 2ª Ed. IUCN. (2.010). The IUCN Red List Threatened Species. Disponível em: http://www.iucnredlist.org. (acessado 09/06/2013). PAGLIA, A.P.; et.al.(1995). Heterogeneidade estrutural e diversidade de pequenos mamíferos em um fragmento de mata secundária de Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia. 12 (1): 67-79 PARDINI, R.; DITT, E.H.; CULLEN JR., L.; BASSI, C.; RUDRAN, R.(2006) Levantamento rápido de mamíferos terrestres de médio e grande porte. In: CULLEN JR., L.; RUDRAN, R.; VALLADARESPADUA, C. (orgs.) Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Editora da UFPR, Curitiba. Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade de Sorocaba, PNMCBio, SP. Outubro de 2012 PRIMACK, R.B. e RODRIGUES, E.(2001). Biologia da conservação. Editora Planta. Londrina. 328 p. REIS, N.R.; A.L. PERACCHI; PEDRO, W. A. e I.P. LIMA.(2011). Mamíferos do Brasil, Londrina, Paraná, 2ª Ed. 439p REIS, N. R.; BARBIERI, M. L. S.; LIMA, I. P.; PERACCHI, A. L. 2003. O que é melhor para manter a riqueza de espécies de morcegos (Mammalia, Chiroptera): um fragmento florestal grande ou vários fragmentos de pequeno tamanho?. Revista Brasileira de Zoologia 20 (2): 225-230. ROSE, K. D.(2006). The beginning of the age of mammals. Baltimore. The Johns Hopkins University Press. SOUZA, M.A.N. e GONÇALVES, M.F. (2004).Mastofauna terrestre de algumas áreas sobre influência da linha de transmissão (LT) 230 KV PE/PB, Circuito 3. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Vol 4, N.2. TIOCCI, R. J. (2013). A Comunidade de Morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, Sorocaba - SP, Brasil. Relatório de Iniciação Científica – UNIP. VIANA , V. M.; AJ. A. TABANEZ e J. L. A. MARTINEZ. (1992). Restauração e manejo de fragmentos florestais. In: Anais 11 Congresso Nacional sobre Essências Nativas. Campos do Jordão, Instituto Florestal, p.400-406. WILSON, D. E. e REEDER, D. M.(2005). Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference (3rd ed). Johns Hopkins University Press, 2.142 pp . 210 Capítulo 13 Relações entre o Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” e a Biodiversidade Faunística de Sorocaba Cecília Pessutti, Luana Longon e Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira Resumo Ao contrário da visão antiquada de parques zoológicos com a exclusiva função de entretenimento do público, consolida-se gradualmente a interpretação de que essas instituições possuem diversos outros objetivos que incluem atividades de educação ambiental, pesquisas científicas e ação direta em programas de conservação da biodiversidade. O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (PZMQB), localizado na cidade de Sorocaba, foi fundado em 1968 e é uma instituição de referência nacional, classificada na categoria A definida pelo IBAMA, colabora junto aos órgãos oficiais dos Planos de Ação para Conservação de Espécies Ameaçadas e recebe cerca de 600.000 visitantes por ano. Devido à inexistência de Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) na região de Sorocaba, o Zoológico acaba por receber animais procedentes de seu entorno, provenientes de pessoas físicas e instituições como Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental. Foi realizado levantamento das entradas de animais no PZMQB no período de 2004 a 2012 (nove anos), com pelo menos uma ocorrência na cidade de Sorocaba, totalizando 3.537 animais de 179 espécies. Os resultados revelaram a preponderância da classe das aves tanto em riqueza (número de espécies), quanto em abundância (número de indivíduos), seguidas pelos répteis e pelos mamíferos. Os anfíbios foram excluídos da análise, pois foi registrada a retenção de apenas uma espécie (Rhinella icterica). Ressalta-se que muitos animais possuem origem de cativeiro no município, o que não significa necessariamente a distribuição geográfica natural da espécie. Isso deve ser observado com atenção, já que a introdução de espécies alóctones pode causar graves desequilíbrios nos ecossistemas. Por fim, pontua-se a importância dos estudos a serem realizados em cativeiro (ex situ) para que os conhecimentos adquiridos possam ser aplicados em programas de conservação in situ. 211 Introdução A Associação Internacional de Zoos e Aquários (WAZA) explicita em suas publicações o papel dos zoológicos e aquários, englobando lazer, educação, pesquisa e bem-estar animal, dando enfoque para a importância dos mesmos para a conservação da biodiversidade, muito embora ainda persista a visão de que os parques zoológicos são coleções de animais vivos com o objetivo exclusivo de entretenimento para seus visitantes. A acelerada expansão urbana, com a consequente perda de habitats naturais, faz com que a população das cidades possua cada vez menos contato com a natureza. Desse modo, espaços como parques zoológicos propiciam o conhecimento da biologia de diversos exemplares da fauna que não seriam possíveis de serem observados em vida livre. Os programas de educação ambiental desenvolvidos nesses espaços possuem então uma particular importância no envolvimento da comunidade visitante, visando à sensibilização e à conscientização acerca da biodiversidade existente, do impacto das ações antrópicas no ambiente e das medidas que devem ser tomadas para a conservação da vida no planeta. Quanto maior a efetividade e o alcance das medidas educativas, maiores são as chances de aumentar a influência das questões ambientais nas decisões políticas pertinentes. Outro princípio importante para os zoológicos em todo o mundo é a conservação integrada como parte principal de suas missões. Isso porque a manutenção de fauna em cativeiro (ex situ) permite que sejam realizados estudos científicos diversos em relação à biologia, medicina veterinária, ecologia e ao comportamento dos animais, conhecimento esse imprescindível para o sucesso dos programas de conservação dos animais em seus habitats originais (in situ). O zoológico atua em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação para Biodiversidade nos Planos de Ação para Espécies Ameaçadas de Extinção tais como: lobo-guará, ariranha, araraazul, cervo-do-pantanal e micos-leões. Destaca-se ainda a função dos zoológicos na formação e capacitação de profissionais de Biologia, Veterinária e de Educação Ambiental para desempenhar seus papéis a favor da conservação da biodiversidade animal. Nos zoos são desenvolvidos estágios, cursos de aperfeiçoamento, programas de residência de médicos veterinários, projetos de mestrado e doutorado, entre outras ações. Assim, devido às características citadas e por estarem inseridos em áreas urbanas, os zoológicos se tornam centros de referência para o recebimento, alojamento e tratamento, com a posterior destinação para outras instituições de animais silvestres provenientes de situações diversas, tais como: atropelamentos, apreensão de comércio ou cativeiro ilegais e conflitos com habitantes das cidades. É importante pontuar que essa atividade é responsabilidade primária de Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e de Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), porém muitas vezes com a inexistência de tais unidades, os zoológicos acabam absorvendo parte da demanda. 212 Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” O ano de 1916 marca o início da história do Zoológico de Sorocaba, onde se encontra hoje a Praça “Frei Baraúna”, conhecida como Fórum Velho. O Jardim dos Bichos, como era conhecido, continha animais comumente encontrados na região, como jacarés, bichos-preguiça, veados, macacos e serpentes, e era apenas voltado para a contemplação. Ele foi extinto em 1930. Em 1965, a Prefeitura Municipal de Sorocaba construiu uma área de lazer às margens do Rio Sorocaba e instalou alguns recintos com animais, que foram inaugurados no ano seguinte, em 1966. Nesse mesmo ano, a Prefeitura adquiriu uma chácara que pertencia à família Prestes Barros, onde se construiu o novo zoológico, o qual foi inaugurado em 20 de outubro de 1968. Daí por diante, trabalhos pioneiros foram desenvolvidos e consolidados ao longo do tempo, o que ocorre até os dias de hoje. No ano de 2004, o Zoológico de Sorocaba foi entregue à população após um período de reestruturação e reforma que durou cinco anos, no qual foram incorporadas técnicas modernas de exibição, como ampliação dos recintos e fossos para primatas; construção de um aviário com a concepção de recinto de imersão, que permite a entrada de visitantes; tanques com painéis de vidro para as lontras, ariranhas, répteis e ursos; além da criação de passarela sobre recinto de flamingos. O parque possui mais de 128 mil metros quadrados e a fauna nacional constitui a maioria do plantel, representando cerca de 70% da coleção. Existem também muitos animais de vida livre da região que habitam o espaço, que conta com lagos e fragmento de mata secundária mista, com características de transição entre Mata Atlântica e Cerradão. Os jardins zoológicos realizam entre si permutas de animais de seus plantéis. Essas trocas possuem objetivos diversos, desde a obtenção de variabilidade genética das populações em cativeiro até a possibilidade de agregar espécies novas ao plantel. O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” é um importante símbolo do município de Sorocaba e recebe anualmente 600.000 visitantes regulares, além de mais de 90.000 alunos das redes pública e particular de ensino. Enquadramento legal De acordo com a Instrução Normativa nº 04 de 04 de março de 2002 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, os jardins zoológicos são classificados em três categorias denominadas “C”, “B” e “A”. O PZMQB é classificado na categoria “A”, a mais abrangente, o que significa possuir infraestrutura básica e apresentar características diferenciais: laboratório próprio para análises clínicas e patológicas, auditório, programas de estágio supervisionado em diversas áreas de atuação, coleção de peças biológicas, promoção de intercâmbios técnicos em nível nacional e internacional, entre outras. Podemos inferir que a entrada de animais silvestres registradas pelo Zoológico de Sorocaba está diretamente relacionada ao crescente desenvolvimento urbano e industrial, o qual promove o desmatamento e a dispersão dos animais para as áreas urbanizadas. 213 Entrada de animais silvestres O Zoológico de Sorocaba recebe animais silvestres por meio de pessoas físicas e de instituições oficiais (15º Grupamento de Bombeiros e 3a CIA da Polícia Militar Ambiental, esta com maior frequência), os quais encaminham animais provenientes de diversas situações. Ao serem recebidos, os animais silvestres são registrados em documentos internos de movimentação e passam por uma avaliação clínica realizada por um médico veterinário. Quando não necessitam de tratamento médico, seguem para um espaço reservado à quarentena, onde são monitorados em relação ao comportamento e alimentação. Além disso, são realizados exames de fezes em busca de eventuais parasitoses. Nos casos de animais que chegam com lesões, eles permanecem no Setor Veterinário para tratamento antes de serem encaminhados à quarentena. Em casos muito graves, que demandem maior infraestrutura, eles são encaminhados para instituições especializadas, como universidades. Após a quarentena, os animais podem ser integrados ao plantel ou encaminhados para outras instituições, obedecendo às normais legais estabelecidas. Para o gerenciamento eficiente da coleção (incluindo os animais em exposição e os que são recebidos), o Zoológico de Sorocaba possui registros de todas as entradas de animais, além dos nascimentos, óbitos e saídas para outras instituições, em documentos internos oficiais denominados Relatórios Mensais (RM). Esses relatórios possuem dados como: identificação do animal (nome popular e nome científico), local de origem, características peculiares do indivíduo, número de exemplares e sexo. Metodologia Para este levantamento, foram analisados os dados relativos à retenção de animais silvestres (répteis, aves e mamíferos) pelo Zoológico de Sorocaba entre os anos de 2004 e 2012, totalizando nove anos de registros. Diante do interesse em se estudar a biodiversidade local, foram incluídos nos levantamentos apenas as espécies de animais que apresentaram no mínimo uma ocorrência no município de Sorocaba. Para este estudo, entende-se por ocorrência local aqueles animais cuja origem nos relatórios mensais foi registrada como Sorocaba. Ressalta-se que muitos dos animais viviam em cativeiro na cidade, portanto a origem refere-se muitas vezes ao cativeiro e não à distribuição geográfica natural da espécie. Foram excluídos das listas aqueles animais que apresentavam apenas o nome popular nos registros, aqueles com identificação duvidosa ou somente até o nível de gênero, as espécies exóticas (não brasileiras), as espécies domésticas e, por fim, os que não apresentaram nenhum exemplar com origem no município de Sorocaba. Os nomes científicos foram verificados e estão em conformidade com a Sociedade Brasileira de Herpetologia para os répteis, com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) para as aves e com a International Conservation (IC) para os mamíferos. O status de conservação das espécies foi consultado na Lista de Fauna Ameaçada do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e na Lista Vermelha elaborada pela International Union for Conservation of Nature – IUCN. 214 Resultados Entre os anos de 2004 e 2012 foram registradas as retenções de 3.537 animais, distribuídos em 179 espécies de vertebrados pertencentes aos grupos dos répteis, aves e mamíferos (figuras 1 e 2). Os anfíbios não estão representados juntamente com os demais grupos, pois nos registros consta apenas uma espécie com origem de Sorocaba, a Rhinella icterica, popularmente conhecida como sapo-cururu. 215 558 2764 Aves Répteis Mamíferos Fig. 1: Número de indivíduos (abundância) retidos pelo PZMQB entre os anos de 2004 e 2012. 38 28 113 Aves Répteis Mamíferos Fig. 2: Número de espécies retidas (riqueza) pelo PZMQB entre os anos de 2004 e 2012. 215 Como evidenciado pelos gráficos, tanto a riqueza quanto à abundância da classe das aves são maiores quando comparadas aos demais grupos. O total de 3.537 animais que entraram no Zoológico no período estudado está assim distribuído: 78% de aves, 16% de répteis e 6% de mamíferos. Quanto ao número de espécies, a distribuição seguiu a mesma tendência, com as aves representando 63% das entradas, os répteis 21% e os mamíferos 16%. Listas As figuras 3, 4 e 5 referem-se às listas das espécies de animais cujas entradas foram registradas pelo Zoológico de Sorocaba no período estudado. As tabelas trazem o nome popular, o nome científico e o status de conservação das espécies de acordo com a Lista Vermelha da IUCN e a Lista de Fauna Ameaçada do IBAMA. O status de conservação indica o grau de ameaça em que se encontram as espécies atualmente. Em ordem crescente de ameaça, os graus são assim distribuídos: pouco preocupante (LC), quase ameaçada (NT), vulnerável (VU), em perigo (EN) e em perigo crítico (CR). Existem também os status EW e EX, que significam espécie extinta na natureza e espécie extinta, respectivamente. Os animais não encontrados na Lista Vermelha e na Lista de Fauna Ameaçada foram assinalados com (-) e os que contam com dados insuficientes são representados pela sigla DD. 216 Aves Status (IUCN) Status (IBAMA) Codorna-amarela LC - Pato-selvagem Marreco-irerê LC LC - Jacuaçu Jacupemba LC LC - Biguatinga LC - Garça-branca-grande Garça-vaqueira Garça-branca-pequena LC LC LC - Curicaca LC - Urubu-de-cabeça-preta LC - Gavião-peneira Gavião-de-cabeça-cinza Gavião-carrapateiro Gavião-carijó LC LC LC LC - Carcará Falcão-de-coleira Quiriquiri Falcão-relógio LC LC LC LC - Táxon TINAMIFORMES TINAMIDAE Nothura maculosaw ANSERIFORMES ANATIDAE Cairina moschata Dendrocygna viduata GALLIFORMES CRACIDAE Penelope obscura Penelope superciliaris SULIFORMES ANHINGIDAE Anhinga anhinga PELECANIFORMES ARDEIDAE Ardea alba Bubulcus ibis Egretta thula THRESKIORNITHIDAE Theristicus caudatus CATHARTIFORMES CATHARTIDAE Coragyps atratus ACCIPITRIFORMES ACCIPITRIDAE Elanus leucurus Leptodon cayanensis Milvago chimachima Rupornis magnirostris FALCONIFORMES FALCONIDAE Caracara plancus Falco femoralis Falco sparverius Micrastur semitorquatus Nome Popular 217 GRUIFORMES RALLIDAE Gallinula galeata Porphyrio martinica CARIAMIFORMES CARIAMIDAE Cariama cristata CHARADRIIFORMES CHARADRIIDAE Vanellus chilensis COLUMBIFORMES COLUMBIDAE Columbina squammata Geotrygon montana PSITTACIFORMES PSITTACIDAE Amazona aestiva Amazona amazonica Amazona ochrocephala Amazona rhodocorytha Amazona vinacea Ara ararauna Aratinga aurea Aratinga cactorum Aratinga jandaya Aratinga leucophthalma Aratinga solstitialis Brotogeris chiriri Brotogeris tirica Diopsittaca nobilis Forpus xanthopterygius Orthopsittaca manilata Pionopsitta pileata Pionus maximiliani Pyrrhura frontalis Pyrrhura perlata STRIGIFORMES TYTONIDAE Tyto alba (anexo) STRIGIDAE Asio clamator Asio stygius Athene cunicularia Frango-d'água-comum Frango-d'água-azul LC LC - Seriema LC - Quero-quero LC - Fogo-apagou Pariri LC LC - Papagaio-verdadeiro Papagaio-do-mangue Papagaio-campeiro Chauá Papagaio-de-peito-roxo Arara-canindé Jandaia-coquinho Jandaia-vaqueira Jandaia-verdadeira Jandaia-maracanã Jandaia-sol Periquito-de-encontro-amarelo Periquito-rico Ararinha-nobre Tuim Ararinha-buriti Cuiú-cuiú Maitaca-verde Tiriba-de-testa-vermelha Tiriba-de-barriga-vermelha LC LC LC EN EN LC LC LC LC LC EN LC LC LC LC LC LC LC LC VU EN VU - Suindara LC - Coruja-orelhuda Mocho-diabo Coruja-buraqueira LC LC LC - 218 Megascops choliba CAPRIMULGIFORMES NYCTIBIIDAE Nyctibius aethereus CAPRIMULGIDAE Hydropsalis albicollis APODIFORMES TROCHILIDAE Eupetomena macroura CORACIIFORMES ALCEDINIDAE Chloroceryle amazona PICIFORMES RAMPHASTIDAE Ramphastos dicolorus Ramphastos toco (anexo) PICIDAE Celeus flavescens Colaptes campestris Colaptes melanochloros Dryocopus lineatus PASSERIFORMES CARDINALIDAE Cyanoloxia brissonii COTINGIDAE Carpornis cucullata Procnias nudicollis Pyroderus scutatus EMBERIZIDAE Sicalis flaveola Sporophila nigricollis Sporophila maximiliani Sporophila lineola Sporophila albogularis Sporophila minuta Sporophila bouvreuil Sporophila bouvronides Sporophila hypochroma Sporophila falcirostris Sporophila collaris Sporophila caerulescens Sporophila americana Sporophila ardesiaca Corujinha-do-mato LC - Mãe-da-lua-parda LC - Bacurau LC - Beija-flor-tesoura LC - Martim-pescador-verde LC - Tucano-de-bico-verde Tucano-toco LC LC - Pica-pau-de-cabeça-amarela Pica-pau-do-campo Pica-pau-verde-barrado Pica-pau-de-banda-branca LC LC LC LC - Azulão LC - Corocochó Araponga Pavó NT VU LC - LC LC NT LC LC LC LC LC NT VU LC LC LC LC CR VU - Canário-da-terra Baiano Bicudo-verdadeiro Bigodinho Brejal Caboclinho-lindo Caboclinho Estrela-do-norte Caboclinho-de-sobre-ferrugem Cigarra-verdadeira Coleiro-do-brejo Coleirinho Coleiro-do-norte Papa-capim-de-costas-cinzas 219 Sporophila leucoptera Sporophila plumbea Sporophila frontalis Sporophila angolensis Volatinia jacarina Zonotrichia capensis TYRANNIDAE Pitangus sulphuratus THRAUPIDAE Dacnis cayana Lanio cucullatus Lanio pileatus Paroaria coronata Paroaria dominicana Ramphocelus bresileus Saltatricula atricollis Saltator fuliginosus Saltator similis Tachyphonus coronatus Tangara sayaca FRINGILLIDAE Euphonia chlorotica Sporagra magellanica Sporagra yarrellii TURDIDAE Turdus flavipes Turdus leucops Turdus amaurochalinus Turdus rufiventris MIMIDAE Mimus saturninus ICTERIDAE Chrysomus ruficapillus Gnorimopsar chopi Icterus cayenensis Icterus jamacaii Pseudoleistes guirahuro Xanthopsar flavus CORVIDAE Cynocorax cristatellus Patativa Patativa Pixoxó Curió Tiziu Tico-tico LC LC VU LC LC LC - Bem-te-vi LC - Saí-azul Tico-tico-rei Tico-tico-rei-cinza Cardeal Galo-da-campina Tiê-sangue Bico-de-pimenta Bico-de-pimenta Trinca-ferro-verdadeiro Tiê-preto Sanhaço-cinzento LC LC LC LC LC LC LC LC LC LC LC - Vivi Pintassilgo Pintassilgo-do-nordeste LC LC VU VU Sabiá-una Sabiá-preto Sabiá-poca Sabiá-laranjeira LC LC LC LC - Sabiá-do-campo LC - Garibaldi Graúna Inhapim Corrupião Chopim-do-brejo Pássaro-preto-do-brejo LC LC LC LC LC VU VU LC - Gralha-de-topete Fig. 3: Lista das aves retidas entre 2004 e 2012 pelo PZMQB. 220 Mamíferos Táxon DIDELPHIMORPHIA DIDELPHIDAE Didelphis albiventris Didelphis marsupialis PILOSA BRADYPODIDAE Bradypus tridactylus MYRMECOPHAGIDAE Myrmecophaga tridactyla (anexo) Tamandua tetradactyla CINGULATA DASYPODIDAE Dasypus novemcinctus ARTIODACTYLA CERVIDAE Mazama gouazoubira PRIMATES ATELIDAE Alouatta fusca CALLITRICHIDAE Callithrix jacchus Callithrix penicillata CARNIVORA CANIDAE Cerdocyon thous Chrysocyon brachyurus Lycalopex vetulus FELIDAE Leopardus tigrinus Leopardus wiedii Puma concolor Puma yagouaroundi MUSTELIDAE Galictis cuja Lontra longicaudis PROCYONIDAE Status (IUCN) Status (IBAMA) Gambá-de-orelha-branca Gambá-de-orelha-preta LC LC - Preguiça-de-três-dedos LC - Tamanduá-bandeira Tamanduá-mirim VU LC VU - Tatu-galinha LC - Veado-catingueiro LC - Bugio LC - Sagui-de-tufo-branco Sagui-de-tufo-preto LC LC - Cachorro-do-mato Lobo-guará Raposinha-do-campo LC NT LC VU - Gato-do-mato-pequeno Gato-maracajá Onça-parda Gato-mourisco VU NT LC LC VU VU VU - Furão Lontra LC DD - Nome Popular 221 Nasua nasua Procyon cancrivorus LAGOMORPHA LEPORIDAE Sylvilagus brasiliensis RODENTIA CAVIIDAE Cavia aperea Hydrochoerus hydrochaeris CUNICULIDAE Cuniculus paca ECHIMYIDAE Myocastor coypus SCIURIDAE Guerlinguetus ingrami ERETHIZONTIDAE Sphiggurus villosus Quati Mão-pelada LC LC - Tapeti LC - Preá Capivara LC LC - Paca LC - Ratão-do-banhado LC - Esquilo LC - Ouriço-cacheiro LC - Fig. 4: Lista dos mamíferos retidos pelo PZMQB entre 2004 e 2012. 222 Répteis Táxon Nome Popular Status (IUCN) Status (IBAMA) Tigre-d'água - - Chelonoidis carbonaria Jabuti-piranga - - Chelonoidis denticulata Jabuti-tinga VU - NT - Hydromedusa tectifera - - Phrynops geoffroanus - - Jacaré-do-papo-amarelo LC - Mabuia LC - Iguana - - Lagarto-preto LC - Teiú LC - Cobra-de-duas-cabeças LC - Cobra-cega LC - - - TESTUDINES EMYDIDAE Trachemys dorbigni TESTUDINIDAE CHELIDAE Acanthochelys spixii CROCODYLIA ALLIGATORIDAE Caiman latirostris (anexo) SQUAMATA MABUYIDAE Copeoglossum nigropunctatum IGUANIDAE Iguana Iguana TROPIDURIDAE Tropidurus torquatus TEIIDAE Tupinambis merianae AMPHISBAENIDAE Amphisbaena alba ANOMALEPIDIDAE Liotyphlops beui BOIDAE Boa constrictor Epicrates cenchria COLUBRIDAE Jiboia Salamanta-do-sudeste 223 Chironius bicarinatus Mastigodryas bifossatus Spilotes pullatus (anexo) DIPSADIDAE Boiruna maculata Clelia clelia Erythrolamprus aesculapii Erythrolamprus miliaris Erythrolamprus poecilogyrus Erythrolamprus typlhus Imantodes cenchoa Oxyrhopus clathratus Oxyrhopus guibei Oxyrhopus rhombifer Philodryas olfersii Philodryas patagoniensis Sibynomorphus mikanii Tomodon dorsatus Xenodon merremii ELAPIDAE Micrurus frontalis VIPERIDAE Bothrops alternatus Bothrops jararaca Bothrops neuwiedi Crotalus durissus terrificus Cobra-cipó Jararacuçu-do-brejo Caninana - - Muçurana Muçurana Falsa-coral Cobra-d'água Cobra-corre-campo Cobra-verde Cobra-dormideira Falsa-coral Falsa-coral Falsa-coral Cobra-cipó Cobra-parelheira Cobra-dormideira Cobra-espada Boipeva - - Coral-verdadeira - - Urutu-cruzeiro Jararaca Jararaca-pintada Cascavel LC - 224 Conclusões Alguns dos animais apresentados nas listas possuem origem de cativeiro na cidade de Sorocaba, grande parte proveniente de apreensões de órgãos oficiais e pessoas físicas, porém a distribuição geográfica natural dessas espécies não inclui o município. É necessário ter atenção com tais espécies, já que a introdução das mesmas em determinados habitats pode gerar desequilíbrio nas comunidades do ecossistema, pois muitas vezes eles não possuem predadores naturais nesses locais, além de competir por recursos com as espécies autóctones. Desse modo, podem se tornar espécies invasoras, aumentando suas populações em detrimento às populações nativas. Outro ponto a se destacar diz respeito à importância de possuir em cativeiro espécies de animais de ocorrência no município. Com a manutenção desses indivíduos em instituições como os zoológicos, muitos projetos podem ser desenvolvidos ex situ para posterior aplicação dos conhecimentos adquiridos em projetos de conservação da biodiversidade in situ. Sorocaba tem se tornado um polo cultural e científico de referência, haja vista as diversas universidades instaladas na região. É possível que se alie essa ferramenta com o potencial oferecido pelo Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” a favor da manutenção da biodiversidade do município. Desse modo, a produção de conhecimento gerada por projetos de pesquisa voltados à fauna local é capaz de subsidiar ações eficientes em prol da natureza e, consequentemente, do bem-estar das populações. 225 Referências bibliográficas AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. 1ª Edição. São Paulo: Terra Brasilis, 1995. 168p. BÉRNILS, R. S. e COSTA, H. C. (org.). (2012). Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.1. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/. Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acessada em 28/05/2013. COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2011). Lista das aves do Brasil. 10ª Edição. Disponível em http://www.cbro.org.br. Acessada em 28/05/2013. DEVELEY, P. F. e ENDRIGO, E. (2004). Guia de Campo: Aves da Grande São Paulo. 1ª Edição. São Paulo: Editora Aves e Fotos. 295p. FRANCISCO, L. R. (1997). Répteis do Brasil: Manutenção em Cativeiro. 1ª Edição. São José dos Pinhais: Amaro. 208p. INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. (2012). Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN. Versão 2012.2. Disponível em http://www.iucnredlist.org/. Acessada em 28/05/2013. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. (2003). Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA - maio de 2003). Disponível em http://www.ibama.gov.br/ Acessada em 24/06/2013. PAGLIA, A. P. et al. (2012). Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. 2º Edição. Disponível em http:// www.conservation.org.br/. Conservation International. Acessada em 28/05/2013. PARQUE ZOOLÓGICO MUNICIPAL QUINZINHO DE BARROS. Disponível em http://zoo.sorocaba. sp.gov.br. Acessada em 21/05/2013. SIGRIST, T. (2009). Avifauna Brasileira: Guia de Campo Avis Brasilis. 1ª Edição. Vinhedo: Editora Avis Brasilis. 491 p. WAZA (2005): Construindo um Futuro para a Vida Selvagem: Estratégia Mundial dos Zoos e Aquários para a Conservação. ISBN 3-033-00427-X. Disponível em http://www.waza.org/ Acessada em 20/05/2013. 226 Capítulo 14 Proposta de corredor ecológico para o Município de Sorocaba Kaline de Mello, Eliana Cardoso Leite, Rogério Hartung Toppa Resumo Este capítulo apresenta uma proposta de um corredor ecológico municipal para subsidiar estratégias conservacionistas fundamentadas no Planejamento Ambiental, com a finalidade de integrar as demandas estabelecidas em políticas públicas ambientais e de expansão urbana do município de Sorocaba. Foi elaborada uma análise espacial do município com base na distribuição dos fragmentos florestais e com a aplicação de metodologias fundamentadas em Ecologia de Paisagens e, ao final do trabalho, foi proposta a criação de um Corredor Ecológico Municipal para conexão das Unidades de Conservação existentes na região. 227 Introdução A urbanização transformou profundamente muitas paisagens naturais em todo o mundo e contribuiu significantemente para a crise atual da perda de biodiversidade e degradação dos serviços ecossistêmicos (WU, 2008). Contudo, algumas áreas com vegetação nativa presentes nas cidades podem funcionar como locais de refúgio para plantas e animais não adaptados ao ambiente urbano (RODRIGUES et al., 1993; OLIVER, 2011). A sustentabilidade do ambiente urbano depende da manutenção dos processos ecológicos, que podem ser potencializados pela presença de elementos na paisagem que aumentem a conectividade funcional entre os remanescentes maiores de vegetação natural, como corredores ou trampolins ecológicos (CHETKIEWICZ et al., 2006; LUSSIER et al., 2006; CASTÉLON e SIEVING, 2007; ALBERTI, 2010; ZHOU et al., 2011). Com um alto grau de fragmentação de habitat relacionado às atividades agropecuárias, plantações de Eucalyptus spp e aos processos de industrialização e urbanização (São Paulo, 2010), Sorocaba não possui atualmente Unidades de Conservação (UC) estaduais ou federais dentro de seus limites territoriais, apresentando apenas uma UC municipal: o Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade. Isso faz aumentar a importância do estabelecimento de estratégias de conservação para o município. Na região, as UCs mais próximas do município são a Floresta Nacional de Ipanema, com 5.180 hectares, e a Área de Proteção Ambiental de Itupararanga, que abrange cerca de 2.000 hectares de vegetação natural (KRONKA, 2005). Os remanescentes de vegetação atuais em Sorocaba fazem parte dos biomas Mata Atlântica e Cerrado, com predomínio da formação vegetacional Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 2012). A Floresta Estacional Semidecidual (FES), uma floresta de interior localizada na transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, foi uma das formações mais devastadas em função de se localizar em topografias mais planas que favorecem a prática de atividades agropecuárias e à ocupação urbana (CAMPOS e DOLHNIKOFF, 1993). As florestas de interiores como é o caso da FES representam o segundo centro de endemismo de Mata Atlântica mais ameaçado do Brasil, com 7,1% de cobertura florestal remanescente (RIBEIRO et al., 2009). Apenas 8,8% dos remanescentes da FES estão em Unidades de Conservação de Proteção Integral (METZGER e RODRIGUES, 2008), destacando a necessidade do aumento da conservação dessa formação vegetacional. A priorização de áreas para a conservação é o primeiro passo para a elaboração de estratégias conservacionistas da biodiversidade (MARGULES e PRESSEY, 2000), pois permite o direcionamento dos esforços e recursos específicos para esse fim e subsidia a elaboração de políticas públicas de ordenamento territorial (TABARELLI e SILVA, 2002). As métricas ou indicadores da paisagem em ambiente SIG (Sistemas de Informações Geográficas) vêm sendo cada vez mais incorporados nestes estudos, por alcançarem resultados rápidos e confiáveis, muitas vezes mais simples e menos custosos do que o uso de espécies indicadoras (BANKS-LEITE et al., 2011). As métricas da paisagem são reconhecidas atualmente como bons indicadores de biodiversidade e usadas em diferentes etapas do planejamento em conservação (SCHINDLER et al., 2012). Com base em critérios como tamanho, conectividade e forma dos fragmentos florestais podemse priorizar áreas que sejam potencialmente mais diversas e representativas para a conservação das espécies. Sendo assim, o estabelecimento de uma visão para os processos de planejamento ambiental com base na Ecologia de Paisagens pode gerar informações importantes no que diz respeito ao entendimento das dinâmicas ecológicas e para a consolidação de propostas de manejo 228 de uma paisagem com fragmentos remanescentes de vegetação natural em meio a áreas ocupadas por atividades antrópicas, como é o caso do município de Sorocaba (METZGER, 1999). Com o objetivo de subsidiar o estabelecimento de estratégias conservacionistas para o município, este capítulo faz uma análise da distribuição espacial de fragmentos de floresta com base em critérios fundamentados em Ecologia de Paisagens para a determinação de um Corredor Ecológico para Sorocaba. Metodologia A proposta de criação de um Corredor Ecológico se baseia no trabalho executado por esse grupo de trabalho do ano de 2010 até o ano de 2012 (MELLO, 2012). A pesquisa teve como objetivo determinar Áreas Prioritárias para Conservação no município de Sorocaba com base em métricas na paisagem. Os produtos gerados em Mello (2012) foram cedidos à Secretaria de Meio Ambiente de Sorocaba para utilização na elaboração de políticas públicas ambientais. Mapeamento dos fragmentos florestais O mapa de fragmentos florestais foi gerado por classificação visual digital com escala de 1:2.000, por meio de vetorização em tela de ortofotos aéreas digitais do ano de 2006, fornecidas pela Secretaria de Meio Ambiente de Sorocaba, com escala de 1:20.000 e 0,4 m de resolução espacial. A escala refinada utilizada neste trabalho (1:2.000) permitiu o mapeamento de pequenos fragmentos (< 1 hectare) com precisão. Anteriormente ao mapeamento foi realizado um reconhecimento de campo com o auxílio de um receptor GPS para tomada de pontos de interesse para o estabelecimento de critérios para a fotointerpretação com a finalidade de diferenciar florestas nativas de plantações de eucalipto. Com base nesses pontos conhecidos do terreno e atributos da imagem como tonalidade, textura e forma, foi elaborada uma chave de classificação para facilitar a interpretação digital da imagem (TOPPA et al., 2006). Para obter a concordância entre a verdade terrestre e o mapa de fragmentos de vegetação natural produzido, foi estimada a exatidão do mapa por meio de matriz de erro e coeficiente de kappa (CONGALTON e GREEN, 1998). Para tanto, foram determinados 200 pontos na imagem para verificação em campo do uso do solo, comparando-se a classe adotada no mapa e a classe real a que pertence o ponto em campo, permitindo a determinação de erros de omissão (omissão no mapa de uma determinada feição constatada em campo) e erros de comissão (atribuição no mapa de determinada feição a uma classe à qual a mesma não pertence). O valor do índice de kappa indica a qualidade da classificação, variando de 0 a 1, sendo que quanto mais se aproxima de 1, mais a classificação se aproxima da realidade (MOREIRA, 2001). O índice de kappa obtido para este trabalho foi de 0,79, indicando que o resultado pode ser considerado excelente, segundo classificação de Rosner (2006), que avalia como excelente valor de kappa maior que 0,75. Os erros de comissão se deram principalmente devido à confusão com alguns estágios de crescimento de Eucalyptus spp., tendo sido encontrado apenas um erro de omissão. 229 Configuração dos fragmentos florestais A configuração dos fragmentos florestais foi obtida com base no cálculo de métricas da paisagem em um SIG, utilizando a extensão V-LATE 1.1. (Vector-based Landscape Analysis Tools) do software ArcGIS 9.2. Foram calculadas as seguintes métricas estruturais da paisagem para todos os fragmentos florestais: área, forma do fragmento e conectividade. A área do fragmento é o parâmetro mais importante em ecologia para explicar as variações de riqueza das espécies (METZGER, 1999) e está embasado na teoria da biogeografia de ilhas (MACARTHUR e WILSON, 1967). A forma de um fragmento de floresta está diretamente ligada à relação entre o perímetro e a sua área. Quanto menor for esta relação, menor também será a borda e vice-versa. Fragmentos de floresta mais próximos ao formato circular têm a razão borda-área minimizada e, portanto, o centro da área está equidistante das bordas. A forma dos fragmentos foi calculada com a métrica de forma (SHAPE), obtido pelo seguinte cálculo: P/√A/c, onde P = perímetro do fragmento; A = área de fragmento; c = constante. Para o cálculo matricial, o valor obtido teria seu mínimo no caso do círculo. Quanto mais recortado e com menos área, maior o valor desta métrica. Para análise da conectividade foi utilizada a métrica PROX, na qual se calcula a área de todos os fragmentos dentro de um raio centrado no fragmento alvo, dividida pelas distâncias a esse fragmento elevado ao quadrado, como mostra a fórmula: ∑A / (∑D)2 sendo que: A = Área dos fragmentos dentro do buffer, D = Distância dos fragmentos dentro do buffer até o fragmento alvo. Os valores de PROX variam de 0 (quando não existe nenhum outro fragmento no buffer estipulado), ao infinito, sendo que os valores aumentam à medida que aumentam as áreas dos fragmentos e diminuem as distâncias ao fragmento alvo (TAMBOSI, 2008). Para o cálculo de conectividade foi utilizada a distância de 100 metros, simulando o deslocamento de algumas espécies de aves e pequenos mamíferos nativos do bioma Mata Atlântica (BOSCOLO e METZGER, 2009; FOREROMEDINA e VIEIRA, 2009). Resultados e discussão O município de Sorocaba apresentou um total de 7.509,02 hectares de cobertura florestal, ou seja, 16,68% da paisagem é recoberta por formações florestais (Figura 1 - anexo). Os fragmentos de floresta concentram-se principalmente no Sudeste do município (Figura 1). Esta região apresenta relevo mais montanhoso (Figura 2 - anexo) e concentra grande parte dos mananciais (Figura 3 - anexo), inclusive utilizados para abastecimento público. Também nessa região encontram-se grande parte das propriedades rurais. As regiões Sul e Central do município não possuem fragmentos maiores que 10 hectares. Esses fragmentos se distribuem pelos espaços livres dentro da matriz urbana, com no máximo 300 metros de distância de cursos de água (MELLO, 2012). Além dos fragmentos da região Sudeste, destacam-se os remanescentes ao longo do rio Pirajibu, um dos principais afluentes do rio Sorocaba e importante manancial da região (Figura 3). Nota-se também fragmentos grandes na região Oeste do município no eixo Sorocaba-Salto de Pirapora, seguindo a Rodovia João Leme dos Santos (Fig. 1- observar canto inferior esquerdo da imagem). 230 O mapeamento da vegetação apresentou um total de 2.537 fragmentos, sendo 1.716 menores que 1 hectare. Esses pequenos fragmentos possuem 7,29% da área total de cobertura florestal. Do total de remanescentes, 94,84% possui áreas menores que 10 hectares. Paisagens como a do município de Sorocaba, com muitos fragmentos pequenos, em uma matriz heterogênea, variando no tipo de propriedade e atividade econômica, se caracterizam como um padrão típico na Mata Atlântica (PARDINI et al., 2009; RIBEIRO et al., 2009), no Cerrado (DURIGAN, 2006) e na maioria dos biomas fragmentados no mundo (BODIN et al., 2006). Por outro lado, os pequenos fragmentos apresentaram importância para a conexão entre os fragmentos de floresta maiores da paisagem, considerando os valores de PROX (Figura 4 - anexo). Segundo Metzger (1997), fragmentos com área superior a 0,72 hectare têm condições de assumir a função de trampolins ecológicos, facilitando a locomoção e dispersão de muitas espécies. O maior fragmento mapeado possui 314 hectares, localizado na região Sudeste, próximo à divisa com o município de Alumínio (Figura 1). Os valores de conectividade dos fragmentos mostraram que apesar de muitos fragmentos florestais apresentarem áreas pequenas (menores de 10 hectares), muitos deles possuem outros remanescentes próximos (Figura 4). Os fragmentos florestais maiores possuem valores de conectividade intermediários a altos, não apresentando-se isolados. Novamente para esta métrica, a maioria dos fragmentos mais conectados está localizada na região Sudeste do município, sendo que alguns também presentes ao Norte do município (Figura 4 - observar porção superior da imagem), às margens do rio Pirajibu e do rio Sorocaba (Figura 3). Quanto à métrica de forma, existe uma tendência dos maiores fragmentos apresentarem formas mais complexas e os fragmentos menores possuírem formas mais arredondadas (Figura 5). Essa tendência se deve ao fato destes fragmentos maiores estarem associados aos corredores de vegetação ciliar, padrão comum para a Mata Atlântica (Silva et al., 2007), tornando suas formas mais irregulares. Observaram-se alguns fragmentos de tamanho médio com formas bem arredondadas (Figura 5 – observar canto inferior direito da imagem) e em pontos isolados por todo o município (Figura 5). É interessante notar que além dos fragmentos da região Sudeste, que são os maiores e mais conectados (Figuras 1 e 4), um fragmento na região Oeste destacase na paisagem por seu tamanho (73 hectares) e por apresentar alta conectividade. Esta área corresponde a Fazenda Jequitibá, na rodovia João Leme dos Santos (SP-264), próxima ao câmpus da UFSCar. Esta área até poucos anos era propriedade rural e atualmente configura um loteamento urbano. Segundo Mello (2012), as áreas com maior prioridade para conservação no município de Sorocaba estão principalmente na região Sudeste, sendo que a maior parte localiza-se nas áreas rurais ainda existentes e onde se concentram rios e trechos com relevo mais acentuado (Figuras 4 e 5). O fragmento que margeia o rio Pirajibu, localizado na Zona Industrial do município, possui prioridade muito alta para conservação (MELLO, 2012). Este fragmento inclui uma área municipal, o Parque Municipal “Mário Covas”. A maior parte dos remanescentes encontra-se afastada do centro urbano, porém, alguns fragmentos importantes (com áreas relativamente grandes e valores de conectividade altos) encontram-se nas áreas periféricas ao Centro da cidade, ameaçados pelo processo de expansão urbana, principalmente devido à especulação imobiliária. A maioria desses fragmentos encontrase em propriedades particulares, gerando uma necessidade de ações em conjunto com os proprietários de terras a fim de se estabelecer melhores estratégias para a manutenção desses fragmentos florestais, como a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN – BRASIL, 2000). Além do incentivo para criação de RPPN, uma alternativa no município de Sorocaba 231 para a conservação de áreas em propriedades particulares é a criação de Área Municipal de Proteção Ambiental (AMPA), que segundo sua lei de criação (Lei nº 5.027 de dezembro de 1995), é uma área pública ou privada, independente de desapropriação, que contenha características de interesse público ambiental para o município. Segundo o decreto nº 18.148/2010, a área mínima para o estabelecimento de uma AMPA é de 0,5 hectare, coberta por vegetação significativa e de relevante interesse ecológico para o município. No entanto este instrumento não está previsto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) e, portanto, seria interessante rever sua nomenclatura adequando-a ao sistema nacional de modo a integrar a política municipal de conservação a objetivos mais amplos, regionais, nacionais e mundiais, como discutido também por Mota (2013). Por não apresentarem áreas muito extensas (no máximo 400 hectares) e grande parte estar sob influência de matriz urbana, os fragmentos florestais de Sorocaba podem não suportar algumas populações da flora e da fauna nativa mais especialistas, mas podem abrigar metapopulações, atuando como suportes para “áreas fontes”, como mostram as listas de espécies de fauna e flora apresentadas nos demais capítulos deste livro, nas quais podemos encontrar a presença de várias espécies nativas que ocorrem no município, inclusive muitas delas ameaçadas de extinção. Estudos realizados nos EUA mostraram que alguns parques com áreas entre 100 e 500 hectares, mesmo em áreas bastante urbanizadas, suportam alta riqueza de espécies de aves, e defendem que a inclusão dessas áreas naturais extensas nas paisagens urbanizadas pode ser a chave para a conservação da diversidade da avifauna local e migratória (OLIVER et al., 2011). No entanto, como este trabalho analisa somente métricas da paisagem, sem considerar dados de biodiversidade, estes resultados podem e devem ser rediscutidos com base na união dos dados de paisagem e de biodiversidade. Esta é uma análise necessária e muito relevante para ser realizada em trabalhos futuros. Nesse sentido, foi elaborada uma proposta de criação de um Corredor Ecológico Municipal de forma a conectar as duas maiores UCs da região próximas ao município: FLONA de Ipanema e APA de Itupararanga. A proposta é apresentada na Figura 6 e foi traçada com base nos mapas anteriores das métricas de paisagem e nos dados das Áreas Prioritárias para Conservação propostas por Mello (2012), de forma a incorporar os fragmentos maiores e mais conectados do município que pudessem fazer a ligação entre as UCs. Foram incorporados os fragmentos da porção Sudeste do município, as margens dos rios Pirajibu e Sorocaba até a porção Oeste do município, chegando próximo à FLONA de Ipanema. Alguns fragmentos pequenos foram considerados pela sua importância de conexão entre os fragmentos maiores. Não foram incluídos fragmentos com valores muito baixos de conexão, para evitar fragmentos muito isolados onde as espécies podem não conseguir utilizar, principalmente por se tratar de uma matriz predominantemente urbana, cujo deslocamento das espécies é dificultado. 232 Considerações finais A proposta do Corredor Ecológico para Sorocaba mostra um direcionamento para a implantação de ações de conservação para o município, e isso inclui iniciativas de proteção (criação de áreas protegidas) e de restauração ecológica, principalmente na porção oeste do corredor, onde os fragmentos são menores e mais distantes uns dos outros. É importante o estabelecimento de áreas de recomposição florestal de forma a conectar os fragmentos já existentes. Todas as ações de conservação e restauração devem ser acompanhadas por programas de educação e sensibilização ambiental, integrando a comunidade civil no planejamento, execução e monitoramento das atividades. O apoio da população nos projetos de conservação é fundamental para o sucesso dos mesmos, principalmente em ambientes mais urbanizados, onde as pessoas têm contato direto com essas áreas. Essa proposta pode ser complementada posteriormente a partir da junção de dados de biodiversidade coletados em campo, de diversos grupos de plantas e animais, juntamente com o mapeamento dos fragmentos de floresta dos municípios vizinhos, de forma a gerar um estudo regional mais abrangente sobre a biodiversidade e propostas de corredores ainda maiores para estabelecer a conexão entre as UCs do interior paulista. 233 Referências bibliográficas ALBERTI, M. Maintaining ecological integrity and sustaining ecosystem function in urban areas. Current Opinion in Environmental Sustainability, v. 2, n. 3, p. 178-184, 2010. BANKS-LEITE, C. et al. Comparing species and measures of landscape structure as indicators of conservation importance. Journal of Applied Ecology, London, v. 46, p. 706-714, 2011. BOSCOLO, D.; METZGER, J.P. Is bird incidence in Atlantic forest fragments influenced by landscape patterns at multiple scales? Landscape Ecology, Amsterdam, v. 24, p. 907-918, 2009. BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, Brasília, 200p., 2000. CAMPOS, F.; DOLHNIKOFF. Atlas: história do Brasil. São Paulo: Scipione, 1993. CASTÉLON, T.D.; SIEVING, K.E. An experimental test of matrix permeability and corridor use by an endemic understory bird. Conservation Biology, Washington, v. 20, p. 135-145, 2007. CHETKIEWICZ, C.L.B.; SAINT CLAIR, C.C.; BOYCE, M.S. Corridors for conservation: integrating pattern and process. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics, Palo Alto, v. 37, p. 317342, 2006. CONGALTON, R.G.; GREEN, K. Assessing the accuracy of remotely sensed data: principles and practices. New York: Lewis Publishers, 1998. DURIGAN, G., SIQUEIRA, M.F., FRANCO, G.A.D.C., RARRER, J.A. Seleção de fragmentos prioritários para a criação de unidades de conservação do Cerrado no Estado de São Paulo. Revista do Instituto Florestal, v. 18, p. 23-37, 2006. FORERO-MEDINA, G.; VIEIRA, M.V. Perception of a fragmented landscape by Neotropical marsupials: effects of body mass and environmental variables. Journal of Tropical Ecology, Cambridge, v. 25, p. 53-62, 2009. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. KRONKA, F. J. N. (Ed). Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente ; Instituto Florestal ; Imprensa Oficial, 2005. LUSSIER, S.M. et al. Effects of habitat disturbance from residential development on breeding bird communities in riparian corridor. Environmental Management, New York, v. 38, p. 504-521, 2006. MACARTHUR, R.H.; WILSON, E.O. The theory of island biogeography. Princepton: Princepton University Press, 1967. MARGULES, C.R.; PRESSEY, R.L. Systematic conservation planning. Nature, London, v. 405, p. 24353, 2000. 234 MELLO, K. Análise espacial de remanescentes florestais como subsídio para o estabelecimento de Unidades de Conservação. Dissertação (mestrado). Sorocaba: Universidade Federal de São Carlos, câmpus de Sorocaba, 2012. METZGER, J.P. Estrutura da Paisagem e Fragmentação: Análise Bibliográfica. Anais da Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, v. 71, p.445-462, 1999. METZGER, J.P. Relationships between landscape structure and tree species diversity in tropical forests of South-East Brazil. Landscape and Urban Planning, Amsterdam, v. 37, p. 29-35, 1997. METZGER, J.P.; RODRIGUES, R.R. Mapas-síntese das diretrizes para conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. In: SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Diretrizes para conservação e restauração da biodiversidade no Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2008. MOREIRA, M. A. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e metodologia de aplicação. São José dos Campos: Instituto de Pesquisas Espaciais, 2001. MOTA, M.T. “Parques” em paisagem urbana, proposta de um sistema municipal integrando áreas verdes e áreas protegidas – Estudo de caso no sudeste do Brasil. Dissertação (mestrado). Sorocaba: Universidade Federal de São Carlos, câmpus de Sorocaba, 2013. OLIVER, A.J. et al. Avifauna richness enhanced in large, isolated urban parks. Landscape and Urban Planning, Amsterdam, v. 102, p. 215-225, 2011. PARDINI, R. et al. The challenge of maintaining Atlantic forest biodiversity: a multi-taxa conservation assessment of specialist and generalist species in an agro-forestry mosaic in southern Bahia. Biological Conservation, Liverpool, v. 142, p. 1178-1190, 2009. RIBEIRO, C.R. et al. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, Liverpool, n. 142, p. 11411153, 2009. RODRIGUES, J.J.S.; BROWN Jr., K.S.; RUSZCZYK, A. Resources and conservation of neotropical butterflies in a urban Forest fragments. Biological Conservation, Liverpool, v.64, p.3-9, 1993. ROSNER, B. Fundamentals of Biostatistics. Boston: Duxbury Press, 2006. 876p. SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Coordenadoria de Planejamento Ambiental. Meio Ambiente Paulista: relatório de qualidade ambiental. São Paulo: SMA/CPLA, 2010. 224 p. SCHINDLER, S., WEHRDEN, H.V., POIRAZIDIS,K., WRBKA, T., KATI, V. Multiscale performance of landscape metrics as indicators of species richness of plants, insects and vertebrates. Ecological Indicators, 2012. SILVA, W.G.S. et al. Relief influence on the spatial distribution of the Atlantic Forest cover at the Ibiúna Plateau, SP. Brazilian Journal of Biology, São Carlos, v. 67, p. 403-411, 2007. 235 TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. Áreas e ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. In: ARAÚJO, A.F.B. (Ed.) et al. Biodiversidade, conservação e uso sustentável da flora do Brasil. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2002. TAMBOSI, L.R. Análise da paisagem no entorno de três unidades de conservação: subsídios para a criação da zona de amortecimento. 2008. 86f. Dissertação (Mestrado). Universidade de São Paulo, São Paulo. 2008. TOPPA, R.H. et al. Mapeamento e caracterização das fitofisionomias da Estação Ecológica de Jataí. In: SANTOS, J.E.; PIRES, J.S.R.; MOSCHINI, L.E. (Org.). Estudos integrados em Ecossistemas: Estação Ecológica de Jataí. São Carlos: EdUFSCar, 2006. ZHOU, Y.; SHI, T.; HU, Y.; GAO, C.; LIU, M.; FU, S.; WANG, S. Urban green space planning based on computational fluid dynamics model and landscape ecology principle: A case study of Liaoyang City, Northeast China. Chinese Geographical Science, v. 21, n. 4, p. 465-475, 2011. WU, J. (Org.). Ecology, Planning, and Management of Urban Forests: international perspectives. New York: Springer, 2008. 236 Anexo Capítulo 3 Figura 1: Distribuição dos fragmentos florestais por classe de tamanho no Município de Sorocaba, com base em dados gerados em 2010-2011 e atualizados em 2013-2014. Área assinalada indica a Zona Nordeste (NE) e sudeste (SE) de Sorocaba-SP, onde se concentram os fragmentos com tamanhos superiores a 20 hectares. Reproduzido, adaptado e organizado a partir de LOURENÇO et al. (2009) e do Plano Diretor Ambiental de Sorocaba (PMS, 2011). 237 Figura 8: Proposta de formação de áreas de corredores de vegetação para a conservação da diversidade: (A) Corredor de Biodiversidade Norte-Sul– integração dos fragmentos florestais da região Sudeste de Sorocaba, proximidade com a APA de Itupararanga com as Zonas Nordeste e Noroeste para interligação com a FLONA Ipanema-Iperó, com ações de restauração e inclusão das áreas públicas do Parque da Biodiversidade, Parque Amadeu Franciulli (2) e Parque Governador Mário Covas (3); (B) Corredor Urbano-Paisagístico de Biodiversidade: envolve áreas urbanas e bairros com o fortalecimento de ações combinadas de paisagismo (praças, ruas), arborização urbana e incentivo à formação e manutenção dos quintais urbanos, nas regiões do entorno das áreas públicas do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (12), Parque da Água Vermelha (14), Parque Kasato Maru (15), Parque da Biquinha (16), Parque Margarida Leão Camargo (17), Parque “Carlos Alberto de Souza” (18); (C) Corredor da Biodiversidade Sudoeste – Integração dos remanescentes florestais da região Sudeste com as áreas urbanas incluindo o Parque da Cachoeira (8), Parque Miguel Gregório (9), Parque Ouro Fino (10), Parque João Pelegrino (13). (D) Zona de Intervenção Paisagística – Zona urbana concentrada ao longo do rio Sorocaba que inclui o Horto Florestal (1); Parque Santi Pagoretti (4); Parque das Águas (5); Paço Municipal (6), Parque Municipal Chico Mendes (7); Parque Braúlio Mendes (11). Fonte e base de dados: LOURENÇO et al. (2009) e Plano Diretor Ambiental – Prefeitura Municipal de Sorocaba (PMS, 2011). 238 Capítulo 4 Figura 1: Localização do Município de Sorocaba no Estado de São Paulo. Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 239 Figura 2: Localização dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional médio e avançado. Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 240 Figura 3: Mapa do Indicador de Exposição antrópico dos fragmentos em estágios avançado e médio Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 241 Figura 4: Valor do IEA para um fragmento de vegetação em estágios sucessional médio com os usos no seu entorno. Fonte: Elaborado pelos autores (2013). 242 Capítulo 7 Figura 1: Localização do município de Sorocaba e sua bacia de drenagem. 243 K A B C D E F G H I J L M N O Q P S T U V W X Fig. 2. a. Ankistrodesmus sp.; b. Dictyosphaerium pulchellum; c. Pediastrum duplex; d. Pediastrum tetras; e. Scenedesmus javanensis; f. Isthmochlorum gracile; g. Tetraplektron sp; h. Cosmarium sp; i. Staurastrum cf rotula; j. Staurastrum sp.; k. Anabaena cf planctonica; l. Spirulina cf princeps; m. Ceratium cf furcoides; n. Peridinium sp.; o. Euglena acus; p. Phacus cf pleuronectes; q. Phacus longicauda; r. Trachelomonas cf. hispida; s. Discostella stelligera; t. Aulacoseira ambigua var. ambigua f. spiralis; u. Staurosirella pinatta; v. Cymbella affinis; w. Cocconeis placentula; x. Gomphonema parvulum. Fotos: Borghi e Magrin (em preparação). 244 A C B D E F Fig. 3. a,b. Exemplares do gênero Bosmina; c,d. Exemplares do gênero Diaphanosoma; e,f. Exemplares da classe Copepoda (estágios juvenis). Fotos: Giron e Dos Santos (em preparação). 245 246 Capítulo 8 Figura 1: Localização do município de Sorocaba e sua bacia de drenagem. 247 A B C D E F Figura 2. Algumas famílias de macroinvertebrados bentônicos que podem ser encontrados no município de Sorocaba pertencentes às famílias (a) Chironomidae; (b) Simuliidae; (c) Coenagrionidae; (d) Gomphidae; (e) Ceratopogonidae; (f) Coridalydae 248 Capítulo 9 Figura 1: A hidrografia do município de Sorocaba e seus principais rios e córregos. 249 A B C D E F G H Figura 3 – Representantes da ictiofauna do município de Sorocaba: (A) Phaloceros reisi; (B) Astyanax scabripinnis; (C) Astyanax altiparanae; (D) Astyanax fasciatus; (E) Hoplias malabaricus; (F) Parodon nasus; (G) Cyphocharax modestus; (H) Steidachnerina insculpa. 250 A B C D E F G H Figura 4 – Representantes da ictiofauna do município de Sorocaba: (A) Tilapia rendalli; (B) Geophagus brasiliensis; (C) Corydoras aeneus; (D) Characidium zebra ; (E) Prochilodus lineatus; (F) Salminus hilarii; (G) Hypostomus margaritifer; (H) Acestrorhynchus lacustris. 251 252 Capítulo 10 A B C D E F G H Figura 1 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A) Siphonops paulensis; (B) Rhinella ornata; (C) Rhinella schneideri; (D) Dendropsophus nanus; (E) Hypsiboas albopunctatus; (F) Hypsiboas faber; (G) Hypsiboas prasinus; (H) Scinax fuscovarius. 253 A B C D E F G H Figura 2 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A) Itapotihyla langsdorfii; (B) Leptodactylus latrans; (C) Leptodactylus fuscus; (D) Elachistocleis cf. cesarri; (E) Odontophrynus americanus; (F) Hydromedusa tectifera (jovem); (G) Phrynops geophroanus; (H) Amphisbaena alba semienterrada. 254 A B C D 8 F G H Figura 3 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A) Tropidurus torquatus; (B) Salvator merianae; (C) Aspronema cf. dorsivittata; (D) Ophiodes striatus; (E) Micrurus corallinus; (F) Erythrolamprus aesculapii; (G) Bothops jararaca; (H) Crotalus durissus. 255 256 Capítulo 11 A C B F E G H J I L D M N O Figura 1. Aves comuns em Sorocaba (SP). A - Aratinga leucophthalma, B - Crotophaga ani, C - Ardea cocoi, D - Ramphastus toco, E - Rupornis magnirostrus, F - Camptostoma obsoletum, G - Tyrannus melancholicus, H - Hirundinea ferruginea, I - Patagioenas picazuro, J - Vanellus chilensis, L - Platalea ajaja, M - Troglodytes musculus, N - Fluvicola nengeta, O - Cariama cristata. 257 258 Capítulo 12 Figura 1: Localização do município de Sorocaba, suas paisagens e hidrografia. 259 Figura 2: Didelphis albiventris Figura 3: Gracilinanus agilis Figura 4: Sturnira lilium Figura 5: Procyon cancrivorus Figura 6: Necromys lasiurus Figura 7: Monodelphis iheringi 260 Figura 8: Carollia perspicillata Figura 9: Cerdocyon thous Figura 10: Sus scrofa Figura 11: Mazama gouazoubira 261 262 Capítulo 13 Tyto alba (Suindara) Ramphastos toco (Tucano-toco) Myrmecophaga tridactyla (Tamanduá-bandeira) Caiman latirostris (Jacaré-de-papo-amarelo) Spilotes pullatus (Caninana) Autora das Fotos: Luana Longon 263 264 Capítulo 14 Figura 1: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de tamanho no município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. 265 Figura 2: Mapa de declividade do município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. 266 Figura 3: Hidrografia do município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. 267 Figura 4: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de valores de conectividade (PROX) no município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. 268 Figura 5: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de valores de forma (SHAPE) no município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil. 269 Figura 6: Corredor Ecológico Municipal de Sorocaba, interligando a APA de Itupararanga e a FLONA de Ipanema. 270