BIODIVERSIDADE DO
MUNICÍPIO DE SOROCABA
Organizadores
Welber Senteio Smith
Vidal Dias da Mota Junior
Jussara de Lima Carvalho
1ª Edição
Secretaria do Meio Ambiente
Prefeitura Municipal de Sorocaba
Sorocaba 2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
B512 Biodiversidade do Município de Sorocaba / Organizadores:
Welber Senteio Smith, Vidal Dias da Mota Junior, Jussara de
Lima Carvalho. - Sorocaba, SP: Prefeitura Municipal de
Sorocaba, Secretaria do Meio Ambiente, 2014.
272 p.
ISBN: 978-85-89017-02-2
1. Biodiversidade - Conservação - Brasil. I. Smith, Welber
Senteio. II. Mota Junior, Vidal Dias da. III. Carvalho, Jussara de
Lima.
CDD - 333.950981
Ficha catalográfica elaborada por
Flávia S. Tamborra – crb-8 6496
O conteúdo dos capítulos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores.
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Ficha técnica
Este livro foi organizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), com o apoio do
Serviço de Comunicação (Secom) do Gabinete do Poder Executivo (GPE).
CRÉDITOS
Coordenador do Projeto de Inventariamento da Biodiversidade do Município de Sorocaba
Welber Senteio Smith
Editores
Welber Senteio Smith
Vidal Dias da Mota Junior
Jussara de Lima Carvalho
Revisão Técnica
Aldo José Bittencourt Lopes Teixeira
Camila de Paula Alvares
Cristiane Crispim
Carolina Barisson M. O. Sodré
José Carmelo de Freitas Reis Júnior
Margarida de Oliveira Santos
Rafael Ramos Castellari
Renata Cassemiro Biagioni
Rodrigo Herrera
Viviane Aparecida Rachid Garcia
Revisão Geral
Carolina Barisson Marques de Oliveira Sodré
Mariana Antunes de Campos
Valdecir Rocha Pinto
Diagramação
Marcelo Antonio Claro
Fotos da Capa
Foto maior
Pequi (Caryocar brasiliense). Autora: Ingrid Koch
De cima para baixo:
Jequitibá-rosa (Cariniana legalis). Autora: Denise Mandowsky
Pediastrum simplex Meyen. Técnica: micrografia em microscópio fotônico, aumento de 1000x.
Autores: iconografia particular dos autores (Borghi & Magrin)
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Morcego (Sturnira lilium). Autor: Roberto Tiocci Junior
Araticum (Duguetia furfuracea). Autora: Ingrid Koch
Chironomidae. Autor: Ricardo Hideo Taniwaki
Libélula (Orthemis discolor). Autor: Bosco Accetti
Perereca (Hypsiboas prasinus). Autor: Caio Vinicius Mira Mendes
Anodontites patagonicus. Autora: Viviane Aparecida Rachid Garcia
Da esquerda para direita
Colhereiro (Platalea ajaja). Autor: Augusto João Piratelli, com retoques de André Guilherme
Cará (Geophagus brasiliensis). Autor: Welber Senteio Smith
Rio Sorocaba. Autor: Gui Urban (arquivo da Secom Prefeitura de Sorocaba)
Universidades e Instituições
Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP Câmpus Sorocaba
Universidade de Sorocaba - UNISO
Universidade Paulista – UNIP Câmpus Sorocaba
Universidade Estadual Paulista – UNESP Câmpus Sorocaba
Universidade Federal de São Carlos – UFSCar Câmpus Sorocaba
Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
University of St. Andrews
Universidade de Coimbra
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Pesquisadores
Albano G. E. Magrin
(UFSCar Câmpus Sorocaba - albano@ufscar.br)
Alessandra Rocha Kortz
(UFSCar Câmpus Sorocaba. Endereço atual: University of St Andrews, Scotland, United Kingdom ark4@st-andrews.ac.uk)
Aline Karen Santana Giron
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC – Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - li.giron.bio@hotmail.com)
Ana Carolina Devides Castello
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - carol.dcastello@gmail.com)
Ana Rita de Cássia Leite
(Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP - anarcleite@bol.com.br)
Anderson Teixeira Tsukada
(PUC-SP Câmpus Sorocaba - andersonteixeira_91@hotmail.com)
André Guilherme
(ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Colaborador Eventual andre.guilherme@icmbio.gov.br; a.guilherme73@gmail.com)
André Cordeiro Alves Dos Santos
(UFSCar Câmpus Sorocaba - andrecas@ufscar.br)
Augusto João Piratelli
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - piratelli@ufscar.br)
Caio Vinicius de Mira Mendes
(UESC, Departamento de Ciências Biológicas - caio_vina@yahoo.com.br)
Cecília Maria de Paula
(UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - ceci_mdpa@hotmail.com)
Cecília Pessutti
(Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - pzmqb0@yahoo.com.br)
Cintia Zaparoli Rosa Grosso
(OAB Sorocaba - cintia.zaparoli@terra.com.br)
Cristina Canhoto
(University of Coimbra, IMAR-CMA & Department of Life Sciences, Coimbra, Portugal - ccanhoto@
ci.uc.pt)
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Darllan Collins da Cunha e Silva
(UNESP Câmpus Sorocaba - darllanamb@yahoo.com.br)
Denise Mandowsky
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - demandowsky@gmail.com)
Edna Maria Cardoso de Oliveira
(UNIP Câmpus Sorocaba, Curso de Ciências Biológicas - edna-mi@hotmail.com)
Eliana Cardoso-Leite
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação, PPGSGA- Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão - cardosoleite@
yahoo.com.br)
Eric Yasuo Kataoka
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Bacharelado em Ciências Biológicas)
Fatima C. M. Piña-Rodrigues
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - fpina@ufscar.br)
Fernando Monteiro Costa
(UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - fermalk@hotmail.com)
Fernando Rodrigues da Silva
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - fernandors@ufscar.br)
Fiorella Fernanda Mazine Capelo
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - fiorella@ufscar.br)
Gabriele Cunha Crespo
(UNESP Câmpus Sorocaba - gabrielecrespo@yahoo.com.br)
Gabriela Rosa Lopes
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - gabi.rosalopes@gmail.com)
Gabriela Rodrigues Favoretto
(UFSCar Câmpus Sorocaba - PPGC-Fau - Programa de Pós Graduação em Conservação da Fauna gabifavoretto@yahoo.com.br)
Heitor Zochio Fischer
(PUC-SP Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências do Ambiente - hfischer@pucsp.br)
Ingrid Koch
(UFSCar Câmpus Sorocaba - PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - ingrid.koch@gmail.com)
Jomil Costa Abreu Sales
(UNESP Câmpus Sorocaba - jomilc@gmail.com)
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Kaline de Mello
(ESALQ-USP - Câmpus Piracicaba – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Sistemas
Agrícolas - kaline.mello@gmail.com)
Larissa Campos Ferreira
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - campos.larissa88@gmail.com)
Luana Longon
(Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - luana_longon@hotmail.com)
Lucas Andrei Campos Silva
(UFSCar Câmpus Sorocaba - andrei.10@hotmail.com)
Luciano Mendes Castanho
(PUC-SP Câmpus Sorocaba, Departamento de Morfologia e Patologia - lmcastanho@pucsp.br)
Luciano Bonatti Regalado
(ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Floresta Nacional de Ipanema
- luciano.regalado@icmbio.gov.br)
Luis Gustavo Moreli Tauhyl
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGDBC - Programa de Pós-Graduação em Diversidade Biológica e
Conservação - luistauhyl@hotmail.com)
Maria Virgínia Urso Guimarães
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Laboratório de Diversidade Animal, Departamento de Biologia virginia@ufscar.br)
Mariana Grimaldi
(UFSCar Câmpus Sorocaba, Departamento de Ciências Ambientais - grimaldi.mariana@gmail.com)
Maurício Tavares Mota
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão
Ambiental)
Nelson Silva Pinto
(UFG, Laboratório de Ecologia Teórica e Síntese - LETS, Programa de Pós-Graduação em Ecologia
e Evolução - nelsonsilvapinto@gmail.com)
Nobel Penteado de Freitas
(UNISO - Coordenador do Curso de Gestão Ambiental - nobel.freitas@uniso.br)
Paulo Camargo
(Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - patamaca@gmail.com)
Renata Cassemiro Biagioni
(Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP- renata_biagioni@hotmail.com)
Ricardo Hideo Taniwaki
(USP/ESALQ/CENA - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Aplicada - rht.bio@gmail.com)
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Roberto Tiocci Junior
(UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - robertotiocci@bol.com.br)
Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira
(Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” - rhftzoo@hotmail.com)
Roberto Wagner Lourenço
(UNESP Câmpus Sorocaba - robertow@sorocaba.unesp.br)
Rogério Hartung Toppa
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de pós-graduação em Sustentabilidade na Gestão
– rhtoppa@gmail.com)
Samuel Coelho
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGSGA - Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade na Gestão
Ambiental - samucabeca@hotmail.com)
Sílvio Yuji Onary Alves
(UFSCar Câmpus Sorocaba - silvioyuji@gmail.com)
Simone Maria Ribeiro
(UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional - sisamr1@hotmail.com)
Tatiana Cintra Borghi
(UFSCar Câmpus Sorocaba - tatianacborghi@gmail.com)
Vanessa Senteio Smith Souza
(OAB Sorocaba - vanessaadvo@hotmail.com)
Victor Satoru Saito
(UFSCar Câmpus Sorocaba, PPGERN - Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos
Naturais)
Vidal Dias da Mota Junior
(Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP e UNISO - vidal.mota@gmail.com)
Vilma Palazetti de Almeida
(PUC-SP Câmpus Sorocaba - vpalazetti@pucsp.br)
Viviane Aparecida Rachid Garcia
(Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP - vivi.a.rachid@gmail.com)
Walter Barrella
(PUC-SP Câmpus Sorocaba, UNIP Câmpus Sorocaba - vbarrella@pucsp.br)
Welber Senteio Smith
(Secretaria do Meio Ambiente de Sorocaba/SP. UNISO, Programa de Mestrado em Processos
Tecnológicos e Ambientais. UNIP Câmpus Sorocaba, Laboratório de Ecologia Estrutural e Funcional
- welber_smith@uol.com.br)
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Apresentação
Com o objetivo de subsidiar e dar diretrizes às ações ambientais no âmbito do município de
Sorocaba, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizou nos dias 5 e 6 de junho de 2013 o I
Workshop “Biodiversidade no Município de Sorocaba”. Participaram professores, pesquisadores
e representantes de órgãos ambientais responsáveis pelo desenvolvimento de projetos de
levantamento da biodiversidade em diversas áreas do município. O conhecimento sobre a flora
e a fauna silvestres é o ponto de partida para a elaboração de planos de manejo e conservação de
áreas verdes, além de representar uma importante ferramenta para o monitoramento ambiental
e subsídio de ações de manejo e educação ambiental.
A criação da Secretaria do Meio Ambiente e a crescente realização de pesquisas pelas
universidades promoveram em Sorocaba o início de um processo indutor de discussões,
reflexões e implementação de políticas locais de proteção da biodiversidade. Também contribui
com este processo a presença da maior concentração de fragmentos florestais do Estado de
São Paulo, além da presença de unidades de conservação representativas. A vegetação típica
de ecótono com interseção de diferentes tipologias florestais contribui para o papel estratégico
de Sorocaba no cenário da conservação da biodiversidade. À luz do novo Código Florestal, da
Convenção sobre a Diversidade Biológica e do Protocolo de Nagoya, bem como da necessidade
de diversos empreendimentos e exploração da biodiversidade para o desenvolvimento, torna-se
imperativa a definição e a operacionalização constante de políticas públicas para a conservação
da biodiversidade.
Além disso, a pesquisa e o monitoramento da biodiversidade representam fontes de
informações vitais para garantir a proteção da biodiversidade sendo, dessa forma, a avaliação do
estado da biodiversidade do município um desafio importante para Sorocaba. É preciso haver
mais informações disponíveis sobre a situação dos habitats, ecossistemas, status de conservação,
entre outros, para garantir a preservação do equilíbrio biológico.
As informações foram obtidas a partir de estudos realizados pelos pesquisadores, englobando
trabalhos de iniciação científica, dissertações e teses, além de livros e artigos publicados.
Considerando a competência da Secretaria do Meio Ambiente para estabelecer instrumentos legais,
diretrizes e normas de procedimentos para a gestão e o manejo da biodiversidade sorocabana,
além da necessidade de instaurar em nível local as atividades que refletem os objetivos da
Convenção sobre a Diversidade Biológica, a publicação desse livro, bem como a interação entre o
poder público, as universidades e pesquisadores, se constituem numa estratégia que consolida o
tema no município.
A obra, com a lista das 1.218 espécies encontradas no município, facilitará o acesso dos cidadãos
a este tipo de informação, criando um instrumento de pesquisa de referência. Outro aspecto será o
de fornecer diretrizes para políticas públicas na questão da biodiversidade.
11
Município de Sorocaba
Número total de espécies: 1218
Número total de espécies vegetais: 555
Número total de espécies animais: 612
Número total de espécies vegetais (Angiospermas): 441
Número total de espécies de fitoplâncton: 158
Número total de espécies de zooplânton: 21
Número de espécies da Classe Arachnida: 58
Número de espécies da Classe Insecta: 75
Número de espécies da Classe Chilopoda: 03
Número de espécies da Classe Gastrópoda: 02
Número de espécies da Classe Bivalva:06
Número de espécies da Classe Osteichthyes (peixes): 53
Número de espécies da Classe Amphibia: 23
Número de espécies da Classe Reptilia: 49
Número de espécies da Classe Aves: 280
Número de espécies da Classe Mammalia: 49
Número de nativas: 1.182
Número de exóticas introduzidas: 36
Os editores
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Isso daria um livro!
Em junho de 2013, a Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema),
realizou um workshop sobre a biodiversidade no município de Sorocaba. O encontro reuniu 48 profissionais da área, ligados a universidades e a órgãos públicos, como professores e pesquisadores.
O número de especialistas presentes surpreendeu. Melhor ainda foram os resultados do encontro. Tabuladas as informações, foram identificadas no território sorocabano 1.218 espécies
vegetais e animais, das quais 1.182 nativas e 36 exóticas introduzidas.
As plantas totalizam 555, das quais 441 Angiospermas, ou seja, com sementes contidas num
envoltório protetor, e 158 filoplânctons, minúsculas formas de vida aquática encontradas em rios
e lagoas, com capacidade de promoverem a fotossíntese.
Entre as formas de vida animal, as 612 espécies identificadas variam de zooplânctons a mamíferos. Há 58 tipos de aracnídeos, 75 de insetos, três de centopeias, oito de moluscos, 53 de peixes,
23 de anfíbios, 49 de répteis e 280 de aves, das quais oito são beija-flores.
Os pesquisadores concluíram que Sorocaba perderia uma excelente oportunidade de incentivar vocações científicas no campo da Biologia e de motivar sua população para a causa da preservação da natureza, caso mantivesse a existência da riqueza de formas de vida que então se mapeou
encerrada em artigos, obras especializadas, teses, dissertações e trabalhos de iniciação científica
– de onde provieram os dados e números sintetizados no workshop.
Era importante reunir esses preciosos dados num único volume que facilitasse a consulta pelos
interessados e encorajasse jovens cientistas a pesquisas destinadas a detalhar e a aprofundar as
informações ali reunidas e, principalmente, a buscar outras espécies que podem até agora haver
escapado aos olhos dos especialistas.
Isso bem que daria um livro – concluíram.
Estavam certos mais uma vez. E, por isso, com o apoio da Prefeitura de Sorocaba, o livro aqui está.
Antonio Carlos Pannunzio
Prefeito Municipal de Sorocaba
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A Biodiversidade e o Município de Sorocaba
A iniciativa de organizar este livro parte da vontade da Prefeitura de Sorocaba, por meio da
Secretaria de Meio Ambiente, de colocar a conservação da biodiversidade como elemento chave
na política ambiental do município.
Esta obra cumpre o dever não só de garantir a transparência e o conhecimento sobre a
biodiversidade na cidade de Sorocaba e região, mas também o de socializar este conhecimento,
muitas vezes restrito às universidades e instituições de pesquisa, fazendo uma articulação com o
poder público municipal no instigante processo de conhecer para proteger e conservar os recursos
naturais. Neste sentido cabe um agradecimento especial a todas as universidades atuantes em
Sorocaba que, por meio de seus pesquisadores, tornou esse projeto possível.
O Brasil é reconhecidamente um dos países com a maior diversidade biológica do planeta, abrigando
entre 15 e 20% do número total de espécies. Parte dessa riqueza tem sido perdida de forma inexorável,
portanto, mais do que nunca precisamos conhecer com mais profundidade nosso patrimônio natural,
identificar os principais fatores que os ameaçam e estabelecer prioridades de ação. O conhecimento,
respaldado no rigor científico, constitui instrumento poderoso para envolver de forma definitiva a ação
do poder público no processo de planejamento urbano e conservação dos recursos naturais que, assim,
pode instituir instrumentos de controle, fiscalização e proteção mais eficazes.
Hoje, na cidade de Sorocaba, mais de 90% da população vive em áreas urbanas consolidadas.
Embora muitos acreditem que a cidade tenha destruído completamente seus sistemas naturais,
eles continuam vivos, mas em estado fragmentado e muitas vezes altamente fragilizados. Do
ponto de vista ambiental, nossa Sorocaba só será sustentável se a integridade dos ecossistemas e
o cuidado com os serviços ecossistêmicos forem assegurados.
Os capítulos que compõem esse livro fornecem, de forma clara e objetiva, um panorama sobre
a biodiversidade do município de Sorocaba, abordando os principais temas como: embasamento
legal, remanescentes florestais com identificação de áreas de alto valor ambiental, criteriosos
levantamentos de flora e fauna, políticas públicas municipais e as atividades do Parque Zoológico
“Quinzinho de Barros” na conservação da biodiversidade faunística da região. Cumprem também
o papel de identificar lacunas de conhecimento, onde deverão se concentrar esforços maiores em
próximos trabalhos de pesquisa.
A existência de cobertura vegetal nativa é a principal responsável pela conservação da
biodiversidade e pelo equilíbrio e manutenção de processos ecológicos essenciais, por isso a
ênfase na identificação e caracterização dos fragmentos florestais. Os trabalhos apresentados
mostram que, apesar do elevado índice de crescimento do município de Sorocaba, ainda existem
vários fragmentos com grande importância ambiental.
Em relação à arborização urbana, matas ciliares e nascentes, o município tem metas ousadas
anuais a cumprir e, para tanto, conta com produção própria com viveiros conveniados (presídios
locais, ONG e universidades) de 300.000 mudas de árvores nativas por ano.
Esta obra também contribui com os programas de Educação Ambiental de Sorocaba cujo conceito
vem sendo ampliado, no sentido de orientar a educação do cidadão, independente de sua faixa etária,
dentro do contexto social e da realidade ecológica e cultural onde vive. Isto implica a formação de
consciências, saberes e responsabilidades que vão sendo moldados a partir da experiência concreta
com o meio físico e social, buscando soluções para os problemas ambientais locais.
14
Há ainda que se realçar o caráter de ineditismo dessa obra uma vez que reuniu vários
pesquisadores, de várias entidades, em torno de temas únicos. Experiência esta que enriqueceu
não só a discussão dos temas dessa obra, mas também o trabalho desses especialistas que puderam
compartilhar com seus colegas metodologias, resultados e o conhecimento acumulado em suas
vidas profissionais. Isto por si só já é digno da mais alta qualificação e notoriedade.
Esperamos que este valoroso trabalho desperte ainda mais o interesse da comunidade como
um todo às questões ambientais do nosso município, provocando reflexões, induzindo à mudança
de atitudes e (re)criando uma nova, desejável e urgente consciência ambiental.
Jussara de Lima Carvalho
Secretária do Meio Ambiente
15
Sumário
Capítulo 1 - Políticas públicas e proteção da biodiversidade em Sorocaba
17
Capítulo 2 - A proteção legal da biodiversidade de Sorocaba
29
Capítulo 3 - Remanescentes florestais: Identificação de áreas de alto valor para
a conservação da diversidade vegetal no Município de Sorocaba
37
Capítulo 4 - Geoprocessamento como ferramenta de gestão e planejamento
ambiental: O caso da cobertura
65
Capítulo 5 - Plantas com flores e frutos das áreas de vegetação remanescente
do Município de Sorocaba
79
Capítulo 6 - Invertebrados terrestres do Município de Sorocaba
125
Capítulo 7 - Comunidades fito e zooplanctônica do Município de Sorocaba
135
Capítulo 8 - Macroinvertebrados bentônicos do Município de Sorocaba
149
Capítulo 9 - Ictiofauna do Município de Sorocaba
158
Capítulo 10 - Herpetofauna do Município de Sorocaba
173
Capítulo 11 - Avifauna do Município de Sorocaba
181
Capítulo 12 - Mastofauna do Município de Sorocaba
201
Capítulo 13 - Relações entre o Parque Zoológico Municipal
“Quinzinho de Barros” e a biodiversidade faunística de Sorocaba
211
Anexo
237
Capítulo 14 - Proposta de corredor ecológico para o Município de Sorocaba
227
16
Capítulo 1
Políticas públicas e proteção
da biodiversidade em Sorocaba
Vidal Dias da Mota Junior
Resumo
O objetivo deste trabalho é apresentar como o município de Sorocaba tornou-se um caso de
sucesso na indução de implementação de políticas locais de gestão ambiental e, consequentemente,
de proteção da biodiversidade. Para tanto, busca-se mostrar como o processo de descentralização
das políticas públicas ambientais podem trazer significativos avanços na proteção do meio
ambiente e que o Programa Município Verde Azul, da Secretaria do Estado do Meio Ambiente, foi
um importante instrumento para dar indução, suporte e diretrizes para as políticas ambientais e
proteção da biodiversidade no município.
17
Introdução
Embora algumas iniciativas de conservação da biodiversidade tenham ocorrido no Brasil desde
o final do século XIX, com caráter geralmente pontual e predominantemente utilitarista, pode-se
dizer que as políticas públicas voltaram sua atenção para esse tema de forma sistemática apenas
a partir da segunda metade do século passado.
Historicamente, a atribuição de controle da conservação da biodiversidade esteve em geral
centralizada na esfera federal de governo, com iniciativas esparsas no sentido inverso, mas a
tendência descentralizadora vem se acentuando nos últimos anos, principalmente a partir do
advento da Constituição Federal de 1988.
Além da Carta Magna, o período que compreende o fim da década de 1980 é marcado pela
emergência do conceito de Desenvolvimento Sustentável.
Originado inicialmente na Conferência de Estocolmo (1972) e consolidado em 1987 com o
Relatório Brundtland, propunha novos conceitos e instrumentos metodológicos para diferentes
campos de ação e investigação que discutissem a relação “ser humano-ambiente” ou “homemnatureza”. Segundo Sachs (1994), o Desenvolvimento Sustentável apresenta, basicamente, seis
aspectos prioritários:
1 – a satisfação das necessidades básicas;
2 – a solidariedade com as gerações futuras;
3 – a participação da população envolvida;
4 – a preservação dos recursos naturais;
5 – a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras
culturas;
6 – a efetivação de programas educativos.
Existem outras diferentes definições na literatura, mas a principal contribuição para esse
debate, todavia, parece ser a conjunção desses parâmetros que possibilitem uma melhor relação
homem-natureza.
Nesse contexto, a implementação e execução do Desenvolvimento Sustentável ficam sob a
responsabilidade de um conjunto de atores e instituições. E, entre esses, busca-se frisar o papel do
governo local, que no caso brasileiro é representado pelo município detentor de autonomia para a
implementação de projetos de cunho socioambiental que visem à promoção do bem-estar de sua
população.
Para isso, os governos locais contam hoje com uma série de instrumentos para a consolidação
de uma política ambiental de forma sustentada e eficiente.
A exigência de que os governos locais devem cuidar do meio ambiente, já não é tão recente.
Na União Europeia, desde 1986, a Conferência Permanente dos Poderes Locais e Regionais solicita
aos municípios a criação de departamentos de meio ambiente com pessoal qualificado, em
consonância com a tendência das questões ambientais serem trabalhadas por meio de decisões e
18
ações cada vez mais adaptadas às realidades locais.
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 dispõe sobre meio ambiente de forma inédita e
abrangente. Inédita, pois é a primeira vez que o ordenamento jurídico brasileiro considera o meio
ambiente como um direito de todos e bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida.
Assim, legislar sobre direito urbanístico, florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
controle da poluição e responsabilidade por dano ao meio ambiente é competência concorrente
da União, dos Estados e do Distrito Federal. Cabe à União dispor sobre normas gerais e aos Estados
suplementá-las. A norma será geral quando for possível ser aplicada em todo o território brasileiro
para atender ao interesse geral.
A competência concorrente do Estado, em matéria ambiental, é de suplementar as normas gerais
da União, ou, na falta delas, a competência legislativa será plena para atender as peculiaridades
regionais.
Ao município, como ente autônomo da federação, foi atribuída, entre outras, a competência
exclusiva para legislar sobre assuntos de interesse local, e suplementar à legislação federal e
estadual quando couber.
Conforme Machado (2012), a competência natural dos municípios é a de legislar sobre assunto
de interesse local e, nesses assuntos, o meio ambiente pode ser incluído toda vez que a questão
ambiental não for geral e/ou nacional/regional.
Conservação da biodiversidade
e políticas públicas no Brasil
No Brasil a coordenação dos diferentes entes federativos quanto à política ambiental e, em
especial, à conservação da biodiversidade, continua regulada pelas normas sobre o Sistema
Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, constantes na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
nº 6.938/81).
Todavia, diversos problemas têm sido apontados com relação a esse sistema. É que, mesmo tendo
sido instituído há quase três décadas, o Sisnama, na prática, ainda não se encontra estruturado e
articulado como um verdadeiro sistema nacional.
Apesar desse percalço, o aperfeiçoamento da cooperação entre os entes da Federação para
o exercício da competência comum em termos de políticas públicas de meio ambiente tem sido
objeto de alguma atenção do Poder Executivo. No final da década de 1990, por exemplo, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, começou a firmar
convênios com os governos estaduais, intitulados “pactos federativos”, direcionados basicamente
à delimitação de campos de atuação para as esferas federal e estadual. Entre as medidas
descentralizadoras insertas nesses convênios, estava a estadualização de parte do controle da
questão florestal.
Outra iniciativa foi a criação, através da Portaria MMA nº 189/2001, da Comissão Técnica
Tripartite Nacional, composta por representantes do MMA, da Associação Brasileira de Entidades
19
Estaduais de Meio Ambiente - Abema e da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio
Ambiente - Anamma, voltada à discussão de temas relevantes para o fortalecimento da gestão
solidária e compartilhada do meio ambiente.
É importante perceber que a descentralização, por si só, não implica resultados positivos em termos
de controle da conservação da biodiversidade e da política ambiental de forma ampla. Em determinadas
situações, ela pode ter efeitos bastantes negativos, especialmente se concretizada sem o suporte de
regras nacionais que assegurem padrões de sustentabilidade ambiental ou para órgãos estaduais e
municipais que não disponham de condições mínimas de operação.
No Estado de São Paulo, por exemplo, as atividades voltadas à conservação da biodiversidade
são de concepção e aplicação da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais – CBRN, por
meio do Departamento de Biodiversidade - DB da Secretaria do Meio Ambiente. Estas atividades
estão se concretizando por diversos meios, dentre eles a reabilitação de áreas degradadas,
restauração de paisagens fragmentadas e incremento de sua conectividade, projetos de uso
sustentável dos elementos de biodiversidade, controle e manejo de espécies exóticas invasoras e
ações para a implantação e/ou compensação de reservas legais.
Além do CBRN, algumas ações como o PROBIO-SP marcaram iniciativas do Governo do
Estado no sentido de buscar assegurar a proteção da biodiversidade paulista, principalmente,
as dos remanescentes de Mata Atlântica. Dentro desse cenário o processo de se descentralizar
as políticas ambientais, e no caso da esfera estadual para a municipal, vem ganhando forças a
cada dia.
Desde 2011, por exemplo, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Companhia de
Tecnologia e Saneamento Ambiental – Cetesb, vem realizando convênios com municípios para
capacitá-los e municipalizar o licenciamento ambiental. Nesse sentido, em janeiro de 2011, a
Cetesb estabeleceu convênio com o município de Sorocaba para realizar o licenciamento ambiental
de atividades de baixo impacto local.
O município e as políticas públicas ambientais
Cada vez mais os municípios brasileiros vêm assumindo novas responsabilidades para a proteção
e conservação do meio ambiente e consequentemente das questões ligadas à biodiversidade.
Para a execução dessa atribuição o município pode dispor de diversos instrumentos, como a Lei
Orgânica Municipal, a Política Municipal do Meio Ambiente ou o Plano Diretor de Desenvolvimento
Físico Territorial.
A Lei Orgânica Municipal tem um caráter eminentemente organizador do governo local e dispõe
sobre a estrutura, funcionamento e atribuições dos poderes Executivo e Legislativo; a organização
e o planejamento municipal; o processo legislativo e outros.
A política municipal de meio ambiente deve fundar-se em princípios norteadores; alguns
podem ser destacados nos textos constitucionais e adaptados às especificidades locais, outros
podem surgir do debate entre os vários agentes do processo de gestão ambiental no município.
Dentre esses princípios estão:
20
•
•
•
•
•
O meio ambiente como bem de uso comum do povo;
A prevalência do interesse público;
O acesso à informação;
A efetiva participação da população na defesa e preservação do meio ambiente;
A priorização das políticas sociais;
•
A compatibilização entre as várias políticas ambientais em âmbito nacional, estadual e
municipal;
•
A compatibilização das diversas políticas – econômica, de saúde, social, educativa – nos
diferentes níveis de governo.
Nesse sentido com o propósito de estimular a adesão dos municípios paulistas à gestão
ambiental, a Fundação Prefeito Faria Lima - Centro de Estudos e Pesquisas em Administração
Municipal (FPFL/Cepam) lançou em 1992 um conjunto de propostas gerais para adoção de
medidas efetivas de proteção ambiental no âmbito local (Cepam, 1992):
- Administração dos recursos municipais, com previsão no orçamento, visando às políticas
públicas de desenvolvimento e meio ambiente;
- Política de desenvolvimento local voltada às condições ambientais e aos recursos naturais do
município;
- Promoção de programas intersetoriais com diferentes esferas de governo (União, Estado e
Município) e/ou com a iniciativa privada;
- Previsão, revisão ou adequação de legislação urbanística do município, especialmente do
Plano Diretor, Plano Plurianual, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, Lei de Uso e Ocupação do
Solo, Código de Obras etc.;
- Políticas setoriais (habitação, saúde, educação, saneamento) com enfoque ambiental;
- Ação fiscalizadora direta por órgãos municipais e/ou por meio de convênios com órgãos
federais e estaduais;
- Formação de consórcio intermunicipal, objetivando a solução de problemas comuns relativos
à proteção ambiental;
- Promoção de estudos que indiquem alternativas de menor custo e maior benefício, apontando
soluções tecnicamente adequadas às situações peculiares regionais e locais;
- Estabelecimento de mecanismos tributários para incentivar a preservação, conservação e
recuperação do meio ambiente, que constituirão um fundo municipal para gerir as ações em meio
ambiente no município;
- Localização e mapeamento de áreas críticas em que se desenvolvam atividades potencial ou
21
efetivamente poluidoras;
- Estabelecimento de normas técnicas municipais de controle e manutenção da qualidade do
meio ambiente;
- Estimulo à educação ambiental em todos os níveis de ensino e por meio de campanhas,
programas, concursos etc.;
- Preservação dos ecossistemas naturais como bancos genéticos;
Em suma, os municípios hoje no Brasil dispõem de diversas possibilidades de instrumentos de
proteção de seu meio ambiente e de sua biodiversidade.
No item abaixo se apresenta a experiência de Sorocaba, um município de grande porte
populacional do Estado de São Paulo e que vem evoluindo nas suas políticas públicas ambientais
e, consequentemente, apresentando esforços significativos para a proteção da biodiversidade.
As políticas públicas de proteção
de biodiversidade em Sorocaba
O município de Sorocaba possui uma área territorial de 449,12 km² e uma população de 586.625
habitantes, sendo que 98% na zona urbana. Por sua vez, dessa área total, 81,5% se constitui em
área urbana e 18,5%, em área rural, revelando uma densidade demográfica elevada. A densidade
demográfica em Sorocaba é de 1.356,98 hab./km², sendo que a do Estado é de 169,76 hab./km² (IBGE,
2013). É um município antigo e que passou por diversos ciclos econômicos1, os quais impactaram
profundamente o seu ambiente natural, mas que por outro lado, oportunizou o florescimento de
uma dinâmica e diversificada sociedade no que tange os seus aspectos sociais e culturais.
É importante destacar que Sorocaba tem uma taxa de crescimento populacional anual de
2,16%. Esse índice é bem maior que a do Estado que é de 1,32%. Destaca-se também o processo
de metropolização e a característica de polo que a cidade desempenha perante a Região
Administrativa de Sorocaba, que é a maior em extensão territorial no Estado de São Paulo.
Sorocaba está entre as dez maiores economias do Estado, decorrente de seu amplo parque
industrial e de um forte setor de serviços. Participam dos vínculos empregatícios 35,92% na
indústria, 35,93% nos serviços, 21,91% no comércio e 6,02% na construção civil. (SEADE, 2013).
Atualmente, conforme a Fundação Florestal (2009), apenas 12,6%, ou seja, 5.661,43 hectares
da vegetação original do município de Sorocaba ainda se mantém pouco alterada, concentradas
principalmente nas regiões rurais do município e Áreas de Preservação Permanente.
O território do município é marcado por uma densa e perene malha hídrica composta por cerca
de 2.880 nascentes e, além disso, conta com dezenas de córregos, e alguns rios, no qual o rio
Sorocaba e o rio Pirajibu se destacam por suas maiores vazões.
1 Vale a pena ver a obra de DEAN (1995). em que o autor cita e analisa os impactos das atividades agrícolas e de siderurgia no Século XIX na região de
Sorocaba como fator de redução significativa do bioma nativo da região da Mata Atlântica.
22
Nesse cenário de crescimento econômico e pressão sobre seus recursos naturais, Sorocaba
vem também desenvolvendo nas últimas décadas importantes programas de conservação da
biodiversidade.
Um desses programas já tradicionalmente conhecido é aquele realizado pelo Parque Zoológico
Municipal “Quinzinho de Barros”, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, nas suas ações de
conservação da vida selvagem confinada e com reprodução de importantes espécies nativas
ameaçadas de extinção em seu plantel.
Além disso, Sorocaba teve, desde o final da década de 1970, ações no sentido de se criar áreas
protegidas como foi o caso da implantação dos Parques da Biquinha, Água Vermelha e “Chico Mendes”.
Na última década houve significativo avanço na criação de novos parques e praças, e a maioria deles
com importante papel de conservação de recursos naturais e biodiversidade. Conforme pode se ver no
quadro a seguir de Mota (2013), o município dispõe de dezenas de áreas protegidas legalmente como
parques. No entanto, nem todos estão devidamente implantados, consolidados ou com uso público,
no entanto, já impactam positivamente a paisagem e apresentam possibilidades interessantes de
efetivação de conectividade biológica, proteção de recursos hídricos e de fauna e flora da região, bem
como o uso público para lazer e educação ambiental.
23
Tabela 1: Parques de Sorocaba
Parque
Área (ha)
Pq. Natural Dr. Bráulio Guedes da Silva (Lei n. 4.934/95; Lei n. 4043/92)
Pq. Linear - Armando Pannunzio (Lei. N. 8.521/08 - Decreto n. 19.518/11)
Pq. Maestro Nilson Lombardi (Lei n. 8.449/08)
Pq. Flávio Trettel - Vila Formosa (Lei n. 8.446/08)
Pq. Natural Antônio Latorre (Lei n. 7.985/06)
Pq. Natural Juracy Antônio Boaro (Lei n. 7.940/06)
Pq. Maria Barbosa Silva - (Lei n. 7.855/06 - Decreto n. 17.887/09)
Pq. Kasato Maru (Lei n. 7.845/06)
Pq. Santi Pegoretti Maria Eugênia (Lei n. 7.807/06)
Pq. Natural João Pellegrini (Lei n. 7.665/06)
Pq. Yves Ota (Lei n. 7.405/06)
Pq. Natural da Cachoeira - Dr. Eduardo Alvarenga (Lei n. 7.379/05)
Pq. Raul de Moura Bittencourt (Lei n. 7.301/04)
Pq. Natural Chico Mendes (Lei n. 3.034/89)
Pq. Quinzinho de Barros - Zoológico (Lei n. 1.087/63)
Pq. Municipal Mário Covas (Lei n. 6.416/01)
Pq. dos Espanhóis (Lei n. 8.536/08)
Pq. João Câncio Pereira - Pq. Água Vermelha (Lei n. 3.403/90)
Pq. Pedro Paes de Almeida - Horto Municipal (Lei n. 2.815/88)
Pq. Natural Municipal Corredores da Biodiversidade (Lei n. 10.071/12)
Pq. Carlos Alberto de Souza (Decreto n. 14.418/05; Lei n. 5.963/99)
Pq. Brigadeiro Tobias (Decreto n. 19.372/11; Lei n. 9.889/11)
Pq. Jd. Botânico (Decreto n. 18.567/10; Lei n. 9.918/12)
Pq. do Éden (Decreto n. 18.468/10)
Pq. Walter Grillo (Lei n. 8.506/08 - Decreto n. 18.287/10)
Parque da Cidade (Decreto n. 17.883/09 - 17.902/09)
Pq. Pirajibu (Decreto n. 16.432/09)
Pq. da Biquinha (Lei n. 9.956/12)
Pq. Ouro Fino (Lei n. 9.963/12)
Pq. Antônio Amaro Mendes - Jd. Brasilândia (Lei n. 8.440/08)
Pq. Municipal Profa. Margarida L. Camargo (Lei n. 7.155/04)
Pq. Miguel Gregório de Oliveira (Lei n. 6.443/01)
Pq. Steven Paul Jobs (Lei n. 10.070/12)*
Total (hectares)
9,38
1074
7,31
11,95
4,45
1,87
16,39
0,94
20,56
2,59
12,03
15,82
20,58
15,17
13,15
52,67
4,74
2,02
21,75
62,47
10,43
4,56
6,51
0,81
1,56
120
46,8
2,88
9,69
3,35
1,91
15,25
0,28
1.593,87
Fonte: Mota (2013)
24
Também na década de 1990 deu-se início à despoluição do rio Sorocaba e à recuperação
de áreas degradadas. Para a recuperação de áreas degradadas a Secretaria do Meio Ambiente,
por meio de convênio com a Universidade de Sorocaba, o SOS e a Funap, desenvolveu viveiros
consorciados com a capacidade de produção de 300 mil mudas nativas por ano. Com o plano de
arborização elaborado em 2009 foram plantadas desde então mais de 500 mil mudas de árvores,
principalmente na recuperação de áreas de preservação permanente nas mais diversas regiões do
município.
Mas o marco institucional em termos de efetivação de uma política de conservação de
biodiversidade no município se deu com a criação da Secretaria do Meio Ambiente em 2008 e
sua implantação em 2009, bem como a criação da Política Municipal de Meio Ambiente (Lei nº
10.060/2012).
Com a criação da Secretaria do Meio Ambiente é possível verificar a consolidação de ações de
gestão, controle, fiscalização, licenciamento e educação ambiental, principalmente pelo respaldo
da Lei nº 10.060, que estabeleceu os princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos para a proteção
do meio ambiente no município.
Entre os anos de 2010 e 2011, a Secretaria do Meio Ambiente realizou o diagnóstico ambiental
georreferenciado, com apoio da Corporação Andina de Fomento - CAF. Por meio desse estudo
tem sido possível para a Prefeitura de Sorocaba identificar as fragilidades e potencialidades de
conservação da biodiversidade do município, bem como elementos para se ampliar medidas de
conservação e preservação ambiental no município.
Fundamental ressaltar a importância do Projeto Município Verde1 da Secretaria do Meio
Ambiente, do Governo do Estado de São Paulo, na consolidação das políticas ambientais no
município de Sorocaba.
Esse programa visa certificar as melhores práticas municipais em dez diretivas: arborização,
biodiversidade, lixo mínimo, estrutura ambiental, educação ambiental, uso racional da água,
conselho de meio ambiente, esgoto tratado e habitação sustentável.
De 2008 até 2012, e principalmente, a partir de 2009, com a Secretaria do Meio Ambiente,
a Prefeitura de Sorocaba apresentou, por meio do Programa Município Verde Azul, significativa
evolução em seu desempenho ambiental e, consequentemente, nas ações de restauração,
conservação e proteção da biodiversidade.
Conforme a Tabela 1, ao participar do programa, Sorocaba teve um salto significativo nos seus
indicadores de desempenho ambiental.
1 Hoje chamado de Programa Município Verde Azul: Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/o-projeto/.
Acesso em 02/07/2013.
25
Tabela 2: Evolução Certificação Ambiental MVA– Sorocaba 2008/2013
Município
Classif.
2008
Classif.
2009
Classif.
2010
Classif.
2011
Classif.
2012
Classif.
2013
Sorocaba
118
33
7
3
2
1
Fonte: Município Verde Azul.
Da 118ª colocação no ranking estadual em 2008, Sorocaba passou para a 1ª posição em 2013.
Além de conseguir avanços institucionais, reconhecimento público e uma boa aceitação
da agenda ambiental na política municipal, o Município Verde Azul trouxe para Sorocaba a
perspectiva de atuar de forma integrada e intersetorial nas questões ambientais, dentre as quais
a biodiversidade.
Por exemplo: na diretiva do esgoto tratado foi possível integrar ações da Prefeitura com o
Serviço Autônomo de Água e Esgoto; no uso de Madeira Sustentável foi possível integrar as ações
da Secretaria de Habitação e de Administração com a Secretaria de Meio Ambiente; nos planos de
arborização e recuperação de mata ciliar verificou-se a elaboração de planos específicos para as
temáticas que se tornaram norteadoras das ações de recuperação ambiental, principalmente das
áreas públicas degradadas.
Nas áreas de Educação Ambiental têm sido possível integrar ações das Secretarias de Meio
Ambiente, destacando os programas de Educação Ambiental no Parque Zoológico Municipal e nos
demais parques ecológicos e ações com a Secretaria da Educação, Secretaria de Desenvolvimento
Social e Serviço Autônomo de Água e Esgoto.
Assim, a implementação do Programa Município Verde Azul na Prefeitura de Sorocaba
a partir de 2008, tem sido um dos importantes fatores na implementação de uma agenda
ambiental pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por ela já “nascer” com uma agenda
pré-estabelecida, principalmente, porque o Programa Município Verde Azul tem sido
considerado projeto prioritário de governo.
Nesse sentido, houve ganhos para todos, pois a Secretaria do Meio Ambiente desenvolveu vários
instrumentos de gestão ambiental que passaram a ser monitorados por meio de cronogramas com
metas estabelecidas; o governo local passou a reconhecer a importância da gestão ambiental e
passou a priorizar o melhor desempenho ambiental como indicador de boa gestão pública; e a
Secretaria do Meio Ambiente do Estado conseguiu que um processo com baixos esforços indutivos
fossem eficientes para que Sorocaba implementasse o projeto e elaborasse seus relatórios de gestão
ambiental (RGA), visando alcançar metas cada ano mais avançadas no sentido de conservação da
biodiversidade do município.
Sabe-se que o município de Sorocaba tem um longo caminho a ser trilhado no que tange à
26
proteção e recuperação de sua biodiversidade, mas ao menos alguns caminhos já estão sendo
trilhados e que, em longo prazo, poderão trazer importantes benefícios ambientais.
Um exemplo disso, a inauguração do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade
no dia 7 de junho de 2013. Essa área passou a se constituir na primeira unidade de conservação
do município, conforme os critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC).
Com 63 hectares constitui-se na maior área natural protegida do município. Conforme o
diagnóstico ambiental da área apresentado pelo Plano de Manejo, na unidade de conservação
foram identificadas espécies raras, como a cuíca-de-três-listras, dezenas de outros mamíferos,
mais de uma centena de espécies de pássaros e fragmentos significativos de vegetação nativa em
estágio médio e avançado de regeneração.
Estudos recentes, como Mello (2012), apontam as possibilidades de que os corredores de
biodiversidade iniciados na área do parque poderão ser integrados em um corredor regional
integrando a Zona de Conservação dos rios Sorocaba e Pirajibu com a Área de Proteção Ambiental
– APA de Itupararanga até a Floresta Nacional de Ipanema em Iperó.
Verifica-se, portanto, que Sorocaba vem trilhando um caminho significativo e com resultados
efetivos na proteção da biodiversidade em suas diferentes dimensões.
Mas para que isso persista é preciso investir em qualificação permanente dos quadros
técnicos da Prefeitura em sustentabilidade, promover encontros técnicos científicos, reforçar as
ações de educação ambiental em todos os espaços e, fundamentalmente, para que as políticas
públicas ambientais tenham cada vez mais êxito é essencial que o poder público possa estimular
a participação dos diferentes setores da sociedade, no sentido de que possam efetivamente
fazer parte do processo e, consequentemente, poder cumprir um dos ideais da descentralização
de políticas públicas, que é o de torná-las mais próximas do cidadão e, consequentemente, dar
respostas mais rápidas para a promoção da proteção do meio ambiente, da biodiversidade e da
qualidade de vida.
27
Referências bibliográficas
DEAN, W. (1995) A ferro e fogo. A história e a devastação da Mata Atlântica. São Paulo: Cia das
Letras;
FERREIRA. L. C. (2002). Política ambiental brasileira. São Paulo, Boitempo;
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Junho 2013;
IBGE. Perfil dos municípios brasileiros. Meio Ambiente – 2002. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/meio_ambiente_2002/meio_
ambiente2002.pdf>. Acesso em 04 de junho de 2013;
MELLO, K. (2012). Análise espacial de remanescentes florestais como subsídio para o estabelecimento
de Unidades de Conservação. Dissertação de Mestrado. Pós – Graduação em Diversidade Biológica
e Conservação. Ufscar, Sorocaba;
MACHADO. P. A. L. (2012) Direito ambiental brasileiro. 15ª. Ed. São Paulo: Malheiros Editores Ltda;
MOTA, M. T. (2013). “Parques” em paisagem urbana, proposta de um sistema municipal integrando
de áreas verdes e áreas protegidas - estudo de caso no Sudeste do Brasil. Dissertação de Mestrado.
Programa de Pós-graduação em Sustentabilidade na Gestão Ambiental. Ufscar, Sorocaba;
MOTA JUNIOR, V. D. (2006). Atores, estratégias e motivações na criação de municípios paulistas
nos períodos democráticos pós-1946: um estudo na Região Administrativa de Sorocaba / IFCH/
UNICAMP;
SACHS, I. (1994) “The environmental challenge”. In Salomon, J.J. et al. (eds). The uncertain question:
Science, Tecnology and Development. Tokyo, The United Nations University Press;
SÃO PAULO (Estado) (1992). Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Política Municipal de Meio
Ambiente: orientação para os municípios. 2a. Ed. São Paulo: A Secretaria: FPFL/CEPAM;
SÃO PAULO. (Estado). Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Programa Município Verde Azul.
Disponível em http://www.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/ Acesso em 02 de Julho de 2013;
FUNDAÇÃO SEADE. Disponível em: < http://www.seade.gov.br>. Acesso em 08 de Abril de 2013;
SOROCABA. Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Projetos. Disponível em: <http://www.
meioambiente.sorocaba.sp.gov.br>. Acesso em 03 de Maio de 2013;
28
Capítulo 2
A proteção legal
da biodiversidade de Sorocaba
Vanessa Senteio Smith Souza, Cintia Zaparoli Rosa Grosso
Resumo
Este capítulo é destinado ao breve estudo da evolução da proteção legal da biodiversidade, partindo
da Constituição Federal de 1988 e especialmente da Convenção da Diversidade Biológica (CDB),
traçando-se um panorama geral sobre a legislação federal e estadual com o objetivo final de estabelecer
um diagnóstico municipal da cidade de Sorocaba no tocante à legislação e à tutela da biodiversidade,
pontuando as políticas públicas e as ações que fomentam e viabilizam a efetiva proteção da diversidade
biológica local.
29
Introdução
Estabelecida na ECO-92, a Convenção sobre Diversidade Biológica entrou em vigor em
dezembro de 1993 e é considerada um dos mais relevantes instrumentos internacionais sobre o
meio ambiente, tendo sido ratificada por mais de 160 países.
No Brasil, a ratificação da Convenção sobre Diversidade Biológica ocorreu em 28/02/1994,
quando o governo brasileiro depositou o instrumento de ratificação da convenção, passando a
mesma a vigorar em nosso país em 29/05/1994 e, por fim, o decreto n° 2.519 de 16/03/1998
promulgou a Convenção sobre Diversidade Biológica assinada no Rio de Janeiro.
A Convenção sobre Diversidade Biológica divide a biodiversidade em três níveis: ecossistemas,
espécies e recursos genéticos; e tem como pilares a conservação da biodiversidade, o uso
sustentável dessa biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios advindos dos
recursos genéticos.
Por abarcar tudo o que se refere à biodiversidade, direta ou indiretamente, a Convenção
sobre Diversidade Biológica é considerada uma rica fonte de informações para subsidiar outras
convenções e acordos ambientais mais específicos, como o Protocolo de Cartagena sobre
Biossegurança; o Tratado Internacional sobre Recursos Fitoterápicos para a Alimentação e a
Agricultura; as Diretrizes de Bonn; as Diretrizes para o Turismo Sustentável e a Biodiversidade;
os Princípios de Addis Abeba para a Utilização Sustentável da Biodiversidade; as Diretrizes para a
Prevenção, Controle e Erradicação das Espécies Exóticas Invasoras e os Princípios e Diretrizes da
Abordagem Ecossistêmica para a Gestão da Biodiversidade, dentre outras iniciativas transversais.
Legislação federal decorrente da Convenção
da Biodiversidade - Fauna e Flora
A Convenção da Diversidade Biológica está em vigência no Brasil, pois foi promulgada pelo
Decreto nº 2.159 de 16 de março de 1998, após a sua aprovação pelo Congresso Nacional, mediante
a expedição do Decreto Legislativo nº 2, de 3 de fevereiro de 1994.
O art. 6º da Convenção da Biodiversidade exige que as partes criem estratégias e programas
nacionais para o uso sustentável da diversidade biológica. O Brasil atendendo a esse artigo
criou o Programa Nacional da Diversidade Biológica (Pronabio), instituído pelo Decreto nº
1.354 de dezembro de 1994, para coordenar a implementação dos compromissos da CDB. Foi
também estabelecida uma comissão coordenadora do programa, com a finalidade de coordenar,
acompanhar e avaliar suas ações.
A aplicação da Convenção da Biodiversidade foi ampliada, ainda, com a criação da Política
Nacional da Biodiversidade, através do Decreto n 4.339 de 22 de agosto de 2002. O objetivo
geral desta política é promover a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável de
seus componentes, com a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos
recursos genéticos, de componentes do patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais
associados a esses recursos.
30
Em face disso, o Decreto nº 4.703 de 21 de maio de 2003 alterou o Pronabio, adequando-o aos
princípios e diretrizes para implementação da Política Nacional da Biodiversidade. Além disso,
revogou o Decreto nº 1.354/1994 e estabeleceu a Comissão Nacional da Biodiversidade (Conabio).
Para a identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição
dos benefícios da biodiversidade, foi criado o Decreto nº 5.092/ 2004, onde dispõe regras para a
identificação.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, § 1º, inciso II e artigo 4º, apesar de ser
anterior à Convenção da Diversidade Biológica, iniciou a preocupação sobre o tema da preservação
da diversidade.
A Medida Provisória nº 2.186/2001 veio para regulamentar o artigo 225, § 1º, inciso II e artigo
4º da Constituição Federal, onde dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o
acesso ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e acesso à tecnologia e
transferência de tecnologia para a sua conservação e utilização, e dá outras providências.
Legislação estadual decorrente da Convenção da
Biodiversidade – Fauna e Flora
A legislação paulista é uma das mais avançadas do Brasil, fato este em que no ano de 1997, por meio
da Lei nº 9.509, foi criada a Política Estadual de Meio Ambiente, onde dispõe sobre a Biodiversidade.
O Estado de São Paulo, entendendo a importância do tema da Biodiversidade, acrescentou novas
atribuições para a CETESB, com a criação de uma Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos
Naturais, por meio da Lei nº 13.542/2009, em seu art. 8º. Além disso, foi instituído pelo Decreto nº
57.637/2011, um grupo de trabalho, o qual demonstra o comprometimento do Governo do Estado com
o cumprimento das metas estabelecidas pela Rio-92. Ainda em 2011, foi instituída a Comissão Paulista
de Biodiversidade, com a finalidade de coordenar a elaboração e implantação de estratégias para que
se alcance a conservação da diversidade biológica do Estado de São Paulo e para o acompanhamento
e implantação de metas e planos de ação, em conformidade com o Protocolo de Nagoya, pactuadas no
âmbito da Conservação da Diversidade Biológica.
A estratégia para o desenvolvimento sustentável do Estado de São Paulo é pautada pelos
principais tema da Rio+20, ou seja, a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável
e da erradicação da pobreza e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável.
O Decreto nº 58.107 de 05 de junho de 2012 institui uma estratégia que visa estabelecer uma
agenda para o desenvolvimento sustentável do Estado, apresentando metas setoriais que definirão a
ação do Governo do Estado de São Paulo até 2020.
31
Legislação municipal decorrente da Convenção da
Biodiversidade – Fauna e Flora
No município de Sorocaba já existem leis sobre a biodiversidade que estão sendo
regulamentadas, mas ainda há a necessidade de implantar mais atividades que transmitam os três
objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica, utilizando mecanismos como as Estratégias e
Planos de Ações Locais pela Biodiversidade, em conformidade com os princípios e diretrizes para
a implementação da Política Nacional da Biodiversidade.
No município foi criada a Política Municipal de Meio Ambiente, por meio da Lei nº
10.060/2012, que é regulamentada pelo Decreto nº 20.366/2012, onde consta a proteção da
biodiversidade em diversos artigos.
O Artigo 54 da Política Municipal dispõe que “caberá à Prefeitura Municipal de Sorocaba,
em conjunto com universidades e demais instituições de ensino e pesquisa, órgãos governamentais,
organizações não governamentais, além de outras instituições de pesquisa congêneres, elaborar
e divulgar o levantamento de espécies silvestres de ocorrência nos segmentos dos ecossistemas
naturais e artificiais do Município”. Este artigo está sendo cumprido por meio da presente publicação
sobre a biodiversidade do município.
Há uma grande preocupação com a biodiversidade em Sorocaba, motivo pelo qual foi criado
o Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, por meio do Decreto nº 19.424/2011.
Ainda sobre este parque, foi criada a Lei Ordinária nº 10.240/2012, que dispõe sobre a criação
do Conselho do Parque, denominado CPNMCBIO, sendo um órgão colegiado local, de composição
paritária, com caráter consultivo e de assessoramento da Prefeitura Municipal de Sorocaba.
Outra maneira que o município de Sorocaba demonstra a preocupação com a proteção
e preservação da biodiversidade é por meio da valorização da educação ambiental, já que a
sensibilização da população sobre as questões relacionadas à biodiversidade e o meio ambiente é
de extrema importância, pois a construção do amanhã exige novas atitudes de cidadania voltadas
à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. Sorocaba está à frente de muitos
municípios, visto que já possui uma Política Municipal de Educação Ambiental, por meio da Lei nº
7.854/2006.
Para assegurar a proteção da biodiversidade, além da legislação, o município deverá
investir em ações para a democratização da educação ambiental, por meio de programas de
educação ambiental, lembrando-se que a educação da população é um requisito frequente nos
acordos internacionais, como dispõe o documento internacional intitulado Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidades, que surgiu na Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Além do trabalho educativo, as pesquisas e monitoramentos deverão ser intensificados para a
proteção da biodiversidade.
32
Efetividade das leis
A Convenção da Diversidade Biológica, em seu artigo 1º, estabelece expressamente seus
objetivos:
“Os objetivos desta Convenção, a serem cumpridos de acordo com as disposições pertinentes,
são a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes e a
repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos [...]”.
Tais objetivos são complexos pois abarcam tudo o que se refere à diversidade biológica em
termos de conservação, sustentabilidade e repartição dos benefícios derivados da utilização dos
recursos genéticos. Cada governo enfrenta suas próprias dificuldades e entraves para definir sua
prioridade.
Anos após a adoção da Convenção da Biodiversidade Biológica, foram diagnosticados
progressos, mas há necessidade de medidas efetivas que promovam ações de cooperação entre
os países e as instituições internacionais e, principalmente, que possibilitem a efetividade dos
instrumentos já existentes.
Em Sorocaba podemos destacar como exemplo de efetividade da proteção legal da
biodiversidade o Parque Natural Municipal Corredores da Biodiversidade, primeira unidade de
conservação inscrita no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), localizado em área
anexa ao Parque Tecnológico, na Zona Norte da cidade. Com mais de 600 mil m², a unidade tem
como uma das principais funções a proteção integral da fauna e da flora típicas da região, não
sendo permitida qualquer atividade que degrade o local.
Tornar efetivos os instrumentos constantes no arcabouço da Convenção da Diversidade
Biológica significa trazer à realidade os ideais ali constantes. Na falta de políticas públicas que
viabilizem progressos na defesa do bem difuso “meio ambiente”, é possível aos legalmente
legitimados socorrerem-se ao princípio da efetividade das leis, decorrente do princípio do
devido processo legal, previsto no artigo 5º, LIV, da CF/88, que anuncia que os direitos devem ser
efetivados, implementados, realizados e não apenas reconhecidos. Quem possui um direito, tem o
direito de efetivá-lo.
Dessa forma, nota-se que o princípio da efetividade está implícito no nosso ordenamento
jurídico, sendo de inegável importância, uma vez que sua inobservância torna o direito reconhecido
apenas letra morta.
A efetividade ocorrerá quando for possível se reproduzir os resultados previstos em lei. Em
consonância com o ordenamento jurídico, os agentes do Direito devem buscar os meios mais
seguros e eficazes para que a finalidade da prestação jurisdicional, tutelada pelo Estado, seja
obtida em sua completude.
Por meio do Princípio da Efetividade o Direito se envolve dos meios necessários e legais para
que seja conquistada a finalidade que a Lei prevê e deseja para o mundo dos fatos.
O ambiente equilibrado é bem jurídico autônomo, cuja titularidade transcende a esfera do direito
público e do privado, sendo o bem tutelado o difuso, apresentando desafios completamente novos
às instituições jurídicas e ao processo civil tradicional, mas cujo tema é apaixonante e passível de
resultados de impossível mensuração, dada sua relevância e alcance.
33
Educação ambiental
Em que pese tratar-se de tema que vem sendo depurado desde 1976, foi durante a Eco-92 que
surgiu um documento internacional intitulado Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade, que firmou a Educação Ambiental como um instrumento
de transformação social e política voltado para a sustentabilidade e preservação ambiental,
promovendo uma mudança de foco que era antes totalmente voltado para o desenvolvimento
desenfreado e então passa a receber um novo olhar.
A Década da Educação Ambiental (2005-2014), iniciativa da UNESCO, teve como escopo
potencializar as políticas, programas e ações que já existiam no âmbito da educação ambiental.
No Brasil, ao órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, composto pelo Ministério
do Meio Ambiente e Ministério da Educação, cumpre o papel de coordenar o Programa Nacional de
Educação Ambiental, o ProNEA, cuja regulamentação fortalece o Sistema Nacional de Meio Ambiente
(Sisnama), que, por sua vez, viabiliza a execução da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei
Federal nº 9.795/1999) conjuntamente e de forma sincronizada com as demais políticas federais,
estaduais e municipais de governo.
Em Sorocaba, a Lei nº 7.854/2006 dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Municipal
de Educação Ambiental, trazendo, em seu artigo 1°, como conceito de educação ambiental “os processos
por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e de sua sustentabilidade”. Já em seu Capítulo II, além de instituir
a Política Municipal de Educação Ambiental, dispõe que as atividades vinculadas a ela devem ser
desenvolvidas na educação formal e não formal.
O Decreto nº 18.553/2010 regulamenta a Lei nº 7.854/2006, visando ao cumprimento das
diretrizes do Programa “Município Verde Azul”, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, ao qual
o município de Sorocaba aderiu em 2008, fortalecendo a necessidade de se promover a educação
ambiental no âmbito municipal, conferindo aos órgãos da Administração Pública Municipal o dever
de designar dois interlocutores responsáveis pela execução da Política Municipal de Educação
Ambiental, sendo um representante da Secretaria do Meio Ambiente e um representante da
Secretaria da Educação, estabelecendo também que as duas secretarias, em parceria, fomentariam
ações educativas, viabilizando a formação dos profissionais da rede municipal de ensino.
Na sequência, o Decreto nº 19.957/2012 dispõe sobre a criação da Comissão Intersetorial de
Educação Ambiental (CISEA), com a finalidade de promover a discussão; elaboração; acompanhamento;
avaliação e implementação da Política Municipal e do Programa Municipal de Educação Ambiental.
Este decreto dispõe que a CISEA será composta por um representante de cada secretaria, elencando
as Secretarias de Obras e Infraestrutura Urbana; Cidadania; Educação; Habitação e Urbanismo; SAAE;
Saúde; Meio Ambiente; Cultura e Lazer; Urbes; Relações de Trabalho; e Parcerias.
À própria CISEA, observados os limites de suas competências, foi autorizada a expedição de
instruções normativas ou operacionais, visando orientar suas atividades e seu funcionamento,
conferindo uma certa liberdade para que os fins sejam alcançados sem muitos entraves burocráticos.
Sorocaba vem obtendo destaque no âmbito ambiental, com consecutivas conquistas do selo do
Programa “Município Verde Azul”, o que indica um crescimento com qualidade de vida e conscientização
ambiental da população.
34
Diagnóstico e conclusão na esfera municipal
À luz do novo Código Florestal, da Convenção sobre a Diversidade Biológica e do Protocolo de
Nagoya, bem como da necessidade de diversos empreendimentos e exploração da biodiversidade para
o desenvolvimento, torna-se imperativa a definição e operacionalização constante de políticas públicas
para a conservação da biodiversidade brasileira.
Foi aprovado na COP 10, em Nagoya, por meio de um Protocolo, que as comunidades locais
têm posse do conhecimento tradicional para a conservação da diversidade biológica e para o uso
sustentável de seus componentes e para a vida sustentável dessas comunidades, então o Protocolo
de Nagoya aprovou o Plano Estratégico de Ação pela Biodiversidade para Autoridades Locais.
Considerando a competência da Secretaria do Meio Ambiente para estabelecer instrumentos
legais, diretrizes e normas de procedimentos para a gestão e o manejo da biodiversidade
sorocabana, e a necessidade de implementar em nível local as atividades que reflitam os objetivos
da Convenção sobre a Diversidade Biológica, poderá, inicialmente, por meio de uma portaria, criar
um Grupo de Trabalho sobre Biodiversidade, conferindo-lhe a atribuição de elaborar e propor
ações para a proteção da biodiversidade de Sorocaba, sendo que uma das atribuições é formular
o Plano Municipal de Estratégias e Ações Locais pela Biodiversidade, em conformidade com os
princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade, norteada
pela Convenção sobre a Diversidade Biológica.
Um exemplo disso, o município de São Paulo, que é pioneiro nas Ações sobre a Biodiversidade,
criou um Grupo de Trabalho sobre Biodiversidade, por meio da Portaria 057/SVMA-G/2009, que
conferiu a atribuição de propor e implementar ações voltadas à conservação da biodiversidade na
cidade de São Paulo.
Além disso, a pesquisa e o monitoramento são essenciais para proteger a biodiversidade,
sendo necessário aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a biodiversidade, seu valor
e as ameaças que enfrenta. Então a avaliação do estado da biodiversidade, genes, espécies e
ecossistemas é um desafio importante para Sorocaba. É preciso que haja mais informações
disponíveis sobre a situação dos habitats, ecossistemas, a mudança das situações das espécies
ameaçadas ou não de extinção, entre outros, para preservar o equilíbrio biológico.
35
Referências bibliográficas
PACHECO FIORILLO, C. A. (2009). Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo. Editora Saraiva.
MILARÉ, ÉDIS (2009). Direito do Ambiente. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais.
ANTUNES, P. B. (2010). Direito Ambiental. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris
MARINONI, L. G. (2000). Tutela Específica (arts. 461, CPC e 84, CDC). São Paulo. Editora Revista
dos Tribunais.
www.mma.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013.
www.senado.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013.
www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/, consultado em 27 de Junho de 2013.
www.meioambiente.sorocaba.sp.gov.br, consultado em 27 de Junho de 2013.
36
Capítulo 3
Remanescentes florestais: identificação
de áreas de alto valor para a conservação
da diversidade vegetal no Município
de Sorocaba
Fatima C. M. Piña-Rodrigues, Vilma Palazetti de Almeida, Nobel Penteado de Freitas,
Roberto Wagner Lourenço, Denise Mandowsky, Gabriela Rosa Lopes,
Mariana Grimaldi, Darllan Collins da Cunha Silva
Resumo
A região de Sorocaba se caracteriza por apresentar a maior concentração de fragmentos do Estado
de São Paulo e sua vegetação típica de ecótono com intersecção de diferentes tipologias florestais
contribui para o seu papel estratégico no cenário da conservação da biodiversidade. No presente
estudo o município foi dividido em quatro zonas (NW, NE, SW, SE), efetuando-se a classificação de
cada área de estudo em relação a sua localização urbana, periurbana e rural. A partir da consolidação
de banco de dados com informações oriundas de revisão bibliográfica, levantamentos locais,
resultados de inventários e bases de dados de projetos anteriores, foram realizadas análises para
identificar as espécies ameaçadas, vulneráveis e raras localmente. Foram obtidos 959 registros de
ocorrências de indivíduos dos quais foram identificadas 429 espécies, 93,3% catalogadas em algum
nível taxonômico. As zonas NE e SE foram as de maior riqueza de espécies, com concentração de
fragmentos maiores do que 80 hectares. A região Norte, em especial a zona NE foi a que apresentou a
maior proporção de espécies ameaçadas, vulneráveis e localmente raras. As espécies mais frequentes
foram Copaifera langsdorffii, Platypodium elegans e Trema micrantha e as vulneráveis observadas
na zona NE-NW foram Brosimum glaziovii, Machaerium stipitatum e Zeyheria tuberculosa. Com
base nos levantamentos de campo, nos fatores de raridade local e vulnerabilidade obtidos nos
estudos efetuados recomenda-se para a conservação dos remanescentes a criação de um conjunto
de corredores de diversidade concentrados nas zonas SE, NE e NW, denominado de Corredor de
Biodiversidade Norte-Sul e um corredor Urbano-paisagístico nas zonas SE-SW.
37
Introdução
No Estado de São Paulo, a cobertura primitiva de 81,8% reduziu-se a apenas 3%, onde a maioria
dela se concentra em áreas protegidas com predomínio da formação de Floresta Ombrófila (ESTADO
DE SÃO PAULO, 2006). Porém, esta se encontra distribuída em áreas de relevos mais acidentados,
como é o caso da Floresta Ombrófila (BRITO et al., 2008) ou em fragmentos de Floresta Decidual
e Cerrado, espalhados pelo interior do Estado. Em função disto, a conservação dos remanescentes
florestais é fundamental, pois são fontes de propágulos de plantas e animais que recolonizam
áreas onde estas podem estar localmente extintas (VIANA & TABANEZ, 1996).
A bacia dos rios Sorocaba e Médio Tietê é a 12ª em maior extensão no Estado, com 33 municípios
ocupando 4,86% do território, dos quais apenas 11% apresentam cobertura florestal, sendo a
8ª região em termos de cobertura florestal (NALON et al., 2008). Nesta bacia, Sorocaba detém
a segunda maior concentração de fragmentos florestais do Estado (KRONKA et al., 2005). Estes
fragmentos se inserem em uma zona ecotonal, com intersecção de Floresta Estacional, Ombrófila
Mista e Densa com áreas de Cerrado (ALBUQUERQUE & RODRIGUES, 2000), denotando assim
grande relevância no cenário da conservação florestal.
A despeito da importância da bacia no cenário estadual, das 18 unidades de conservação,
estaduais e federais, apenas duas situam-se próximas aos limites do município, a Área de
Preservação Ambiental (APA) de Itupararanga (93.356,7 hectares), na Zona Sudeste (FREITAS,
2008), e a Floresta Nacional de Ipanema (5.179,93 hectares), na Zona Noroeste (XAVIER
et al., 2008). Dada a importância ambiental da região, o presente capítulo tem por objetivo
caracterizar e avaliar os principais remanescentes florestais de Sorocaba visando fornecer
subsídios para o estabelecimento de políticas públicas que contribuam para a conservação da
diversidade na região.
38
Diagnóstico da cobertura vegetal
de fragmentos florestais
Procedimentos metodológicos
Para a análise dos fragmentos florestais foram utilizadas quatro fontes distintas, sendo: (a) revisão
bibliográfica, (b) levantamentos florísticos em campo com seus dados originais, (c) bancos de dados
oriundos de projetos realizados na região, cedidos pelos seus responsáveis e (d) a base de dados do
Plano Diretor Ambiental de Sorocaba – PDA (PMS, 2011). Na revisão bibliográfica foram incluídos
estudos florísticos, fitossociológicos e levantamentos no município, incluindo trabalhos acadêmicos
não publicados. Em relação aos dados originais de levantamentos florísticos, foram obtidas
listagens e dados de ocorrência de espécies cedidas por pesquisadores da região. Todo material foi
referendado pela presença de exemplares depositados em coleções didáticas e/ou herbários. Os
levantamentos florísticos efetuados nos parques da cidade - Parque Natural “Chico Mendes”, Parque
Ouro Fino, Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (MORAES & ALMEIDA, 2009) e Jardim
Botânico - e no remanescente de mata localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, próximo ao Casarão
de Brigadeiro Tobias, tinham como objetivo inventariar a flora dos fragmentos florestais existentes
nestes parques ao longo de trilhas utilizadas para educação ambiental. Todos os indivíduos arbóreos
com diâmetro na altura do peito acima de 5 cm ao longo de trilhas foram coletados e identificados
com placas de alumínio numeradas e o material botânico foi herborizado e consta do acervo do
Herbário Regional PUC-SP, câmpus Sorocaba. Além destes levantamentos, foram feitos estudos
fitossociológicos no Parque Natural “Chico Mendes” (SANTOS, 2012; SANTOS, 2012a) e em área de
Cerrado no bairro do Éden (MOTTA & ALMEIDA, 2001).
A outra fonte de dados foi o levantamento da vegetação realizado de 2008 a 2011 no Projeto
Verde1, com apoio do Núcleo de Planejamento (NUPLAN) da Prefeitura Municipal de Sorocaba
(LOURENÇO et al. 2009; PIÑA-RODRIGUES et al. 2011). No Projeto Verde foram selecionados
remanescentes situados nas zonas de expansão urbana com base no artigo 13º da Lei Municipal
nº 8.181 de 5 de junho de 2007. Na Zona Nordeste (NE) foram selecionados quatro fragmentos
onde foram instalados 9 transectos de 200 m² obtendo-se dados de todos indivíduos de CAP>
15 cm (MANDOWSKY, 2012). Na Zona Noroeste (NW) foram estudadas três áreas empregandose a metodologia ponto quadrante (COTTAM & CURTIS, 1956) marcados a partir de 20 metros
da borda do fragmento, estabelecidos a cada 20 metros de distância entre si. Além deste, foram
utilizados os dados do Projeto ApoiAr/CNPq2, da atividade “Marcação de matrizes”, no qual foram
marcadas e identificadas árvores para colheita de sementes nos fragmentos florestais localizados
a 23º34’41,00” S e 47º31’04,89” W, nas proximidades do rio Ipaneminha, integrante da bacia
do rio Sorocaba e Médio Tietê, utilizando os mesmos critérios do Projeto Verde. De cada árvore
matriz foram coletadas exsicatas comparadas com exemplares existentes no Herbário do Projeto
Matrizes, no Laboratório de Ecologia da Restauração (LERF) da Escola Superior de Agricultura
1 Projeto desenvolvido em parceria entre a UFSCar, UNISO e UNESP, com recursos da Prefeitura Municipal de Sorocaba.
Relatório disponibilizado em:
http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projeto-verde.html
2 CNPq- Edital 26/2010- Processo nº 591607-2010-2.
Acesso em: http://projetoapoiar.blogspot.com.br/
39
Luiz de Queiróz (ESALQ-USP), atendendo ao disposto no Decreto nº 5.153 de 23 de julho de 2004,
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
E por último, foram utilizados os mapas dos remanescentes de fragmentos florestais e da
cobertura vegetal, das curvas de nível, cobertura do solo, declividade e rede hidrográfica elaborados
por Lourenço et al. (2009) e do Plano Diretor Ambiental da Prefeitura Municipal de SorocabaPDA (PMS, 2011) e sua respectiva base de dados. A vegetação foi analisada sobre fotografias
aéreas ortorretificas na escala de 1:2.000 (2004) atualizadas através de imagens de satélite do
sensor Landsat 5 TM órbita ponto 220/076 de 31/08/2010, obtidas junto ao Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). Os fragmentos dos remanescentes florestais foram classificados em
estádios inicial, médio e avançado, segundo Lourenço et al. (2014).
A partir do conjunto de informações coletadas foi consolidado um banco de dados que serviu
de base para as análises efetuadas. Cada dado de ocorrência de uma espécie em uma área foi
considerada como “registro de ocorrência” e cada referência consultada foi considerada como
“fonte”. O banco de dados foi complementado com informações sobre a vulnerabilidade das
espécies (IUCN, 2012; IBAMA, 2013), síndromes de dispersão, classe sucessional e categoria de
ameaça com base no Anexo da Resolução SMA nº 08 de 31 de janeiro de 2012 e outras fontes,
bem como síndromes de polinização e hábito obtido a partir de revisão bibliográfica em artigos
publicados e incluídos nas listagens elaboradas. O conceito de hábito adotado foi o proposto por
Backes & Nardino (2003). As espécies foram classificadas como nativa ou exótica e potencial
invasora com base em consulta ao banco de dados da FAO (2013) sobre espécies florestais
invasoras, naturalizadas e introduzidas. Todos os nomes científicos foram conferidos pelo Missouri
Botanical Garden (TROPICOS, 2013).
Para a definição da zona de registro de ocorrência de cada espécie, foram considerados os
quadrantes entre as direções norte e leste (NE), sul e leste (SE), norte e oeste (NW) e sul e oeste
(SW). Cada registro também foi classificado em relação a sua inserção em área urbana, periurbana
e rural. Para tanto, com uso de ferramentas de Sistema de Informação Geográfica (SIG) foi obtida a
mediana da região urbanizada de Sorocaba, denominada de “Ponto Central Urbano” (PCU) situado
a 47º27’15.55”O; 23º30’29.42”S. Na classe urbana foram inseridos todos os registros situados em
um raio de 9 km do PCU; como periurbana foram incluídos os localizados entre 9 e 12 quilômetros
do PCU e como rural, aqueles a partir de 12 quilômetros do PCU. O tipo de área foi estabelecido
como sendo “fragmento” para áreas naturais de vegetação e “fragmentos urbanos” para locais
totalmente inseridos na matriz urbana, sem características definidas de tipologia.
A partir dos dados de levantamentos de campo, para cada área de estudo foi calculada a riqueza
(S), representada pelo número de espécies registradas por área, e a riqueza relativa (Sr), calculada
como Sr= S/n onde n foi o número de áreas amostradas. A identificação das zonas e fragmentos
de alto valor para a conservação da diversidade foi obtida a partir da aplicação de um conjunto de
critérios e indicadores que visou estabelecer as regiões com maior risco para os remanescentes
florestais baseado nos conceitos de ocorrência das espécies e análise das características dos
fragmentos. Para classificar as zonas em relação ao nível de prioridade de conservação das
espécies foram utilizados também os parâmetros de vulnerabilidade das espécies e raridade
(número de vezes que a espécie ocorreu em cada local de coleta), calculada como r= 1/ni onde ni é
o número de locais onde a espécie ocorreu. Para analisar o estado de conservação dos fragmentos,
estes foram comparados com os dados de levantamentos florísticos realizados no Ribeirão do
Ferro, na Floresta Nacional de Ipanema-FLONA (N.P. FREITAS, dados não publicados), considerada
como referencial regional de área conservada. A similaridade entre os locais de amostragem e o
40
referencial de conservação foram obtidos por meio de análise de agrupamento com os dados de
presença e ausência de espécies pelo método de Ward´s empregando-se o pacote PAST 2.1. As
diferenças entre as regiões, zonas e classes de urbanização foram obtidas utilizando-se os dados
relativos calculados como d/ni onde d é o valor absoluto de cada dado obtido e ni é o número
de locais estudados. Com estes dados relativos foram empregados os testes de Mann-Whitney e
Monte Carlo e a análise não paramétrica de Kruskall-Wallis.
Caracterização geral dos remanescentes florestais
Os remanescentes florestais de Sorocaba em estádio médio e avançado de conservação ocupam
1999,8 hectares que representam apenas 4,46% do município3, onde 749,9 hectares (37,5%) são
de fragmentos com tamanho menores do que 5 hectares. Estudos sobre fragmentação mostram
que áreas inferiores a 10 hectares apresentam alta taxa de mortalidade, redução do número
de espécies e efeitos de borda (RANKIN-DE-MERONA & ACKERLY, 1987). Assim, considerando
estes dados, pode-se sugerir que uma parte representativa da área ocupada pelos remanescentes
florestais de Sorocaba está em condições que levam a sua degradação e ameaçam a conservação
da biodiversidade local.
Além disto, os fragmentos menores do que 20 hectares (n= 2475) representam 97,6% do total
de remanescentes presentes em Sorocaba (n= 2537) e estão predominantemente localizados nas
zonas SE e NE, com uma distribuição homogênea e contínua (Figura 1 - anexo). Por outro lado,
os fragmentos maiores do que 20 hectares (n= 62) representam apenas 2,4% do total, sendo
estes valores inferiores aos constatados no restante do Estado de São Paulo, no qual 19,8% dos
remanescentes apresentam área maior do que 20 hectares (NALON et al., 2008).
Os fragmentos maiores do que 5 hectares representam 95 áreas, sendo 17 (17,9%) em estádio
avançado de sucessão e 78 (82%) em estádio médio, enquanto os menores do que 5 hectares
representam 631 áreas (LOURENÇO et al. 2014). Com base nos dados destes autores contata-se que
apenas 13,1% dos fragmentos da região apresentam tamanho superior a 5 hectares. Estes valores
obtidos são inferiores aos constatados no Estado, no qual 19,8% dos fragmentos apresentam área
maior do que 20 hectares (NALON et al., 2008). Contudo, a maioria dos remanescentes florestais
existentes está concentrada nas Zonas Sudeste (SE) e Nordeste (NE) (PMS, 2011; pg. 54).
Analisando a distribuição dos fragmentos na paisagem, a Zona NW se caracteriza pela quase
ausência de remanescentes maiores do que 80 hectares e por poucos fragmentos entre 20 e
80 hectares (Figura 1). Embora com ausência de fragmentos grandes (> 80 hectares), a Região
Oeste de Sorocaba (Zona NW) é uma das maiores do município e abrange 7.906,5 hectares, dos
quais 1.395,97 hectares (17,7%) são cobertos por vegetação, predominantemente de Floresta
Estacional com encraves de Cerrado (PIÑA-RODRIGUES et al. 2011; MANDOWSKY, 2012). Estes
remanescentes florestais são estratégicos para a manutenção da conectividade entre fragmentos,
pois se concentram na região vizinha, nas cidades de Salto de Pirapora e Iperó, onde se situa a
FLONA Ipanema, maior cobertura vegetal do Município de Sorocaba.
Segundo dados de Mandowsky (2012), na região NW ocorrem 36 fragmentos (60%; NTOTAL= 60)
3 Ver dados completos e originais na Tabela 2- Capítulo 4 (LOURENÇO et al, 2014).
41
com índice de forma superior a 3,0, o que representa o predomínio do formato mais alongado4,
com maior extensão do que largura. Esta característica é considerada indesejável, pois favorece o
“efeito de borda” causando mortalidade de indivíduos, condição que propicia o estabelecimento
de invasoras e aumento do risco de queimadas. No total, esta zona apresentou 60 fragmentos,
sendo que 26 (43%) deles apresentaram área menor do que 10 hectares. Com índice de forma
médio de 3,26 e dominância de fragmentos alongados são suscetíveis aos fatores relatados (Figura
1). Os maiores fragmentos (> 20 hectares) foram os que apresentaram o formato mais alongado
(índice > 3,0) mostrando que, apesar de sua extensão e tamanho, estão suscetíveis à degradação
ambiental (PIÑA-RODRIGUES et al. 2011; MANDOWSKY, 2012).
Caracterização da vegetação
Na região Norte, foram analisadas 11 áreas, sendo a maioria na Zona NE (n= 8), enquanto na
Sul, as amostragens foram realizadas em quatro áreas (Tabelas 1 e 2). Apesar do maior número
de levantamentos ter ocorrido na região Norte, não houve diferença significativa (p=0,3417) nos
registros obtidos entre as regiões Norte (Zonas NE e NW) e Sul (Zonas SE e SW), podendo as
diferenças entre eles serem atribuídas à composição florística e não ao esforço amostral efetuado.
Tabela 1: Localização dos fragmentos amostrados para estudos da vegetação em remanescentes
florestais nas Zonas Nordeste (NE) e Noroeste (NW) de Sorocaba. Dados coletados de 2008 a 2010
(PIÑA-RODRIGUES et al., 2010; MANDOWSKY, 2012)
Região
Zona Industrial
NE
Zona Oeste
NW
Nome do fragmento
Fragmento 1 (GM)
Fragmento 2 (GM)
Fragmento 3 (GM)
Fragmento 4 (GM)
Laranjal
UFSCar
Raposo
Localização do ponto de referência
23º30'21"S e 47º27'21"O
23º24'55"S e 47º26'58"O
23º25'19"S e 47º21'04"O
23º29'09"S e 47º22'47"O
23º34'13"S e 47º30'53"O
23º34'53"S e 47º32'12"O
23º30'80"S e 47º32'12"O
4 O índice de forma varia de 1 (área mais circular) a 7,4 (áreas compridas).
42
No município de Sorocaba foram amostrados até o presente 15 áreas, ou seja, menos de 1%
dos remanescentes existentes com base nos levantamentos do PDA (PMS, 2011) e de Lourenço
et al. (2014). A maioria dos locais estudados situa-se na Zona NE e está concentrada nas classes
urbanas (n= 7; 47%) e periurbanas (n= 5; 33%), com poucas amostragens na rural (n= 3;
2%). Na Zona SE, onde se concentram os maiores remanescentes, foram realizados estudos
em apenas três fragmentos sendo considerada como uma zona onde ainda existem lacunas de
conhecimento (Tabela 2).
No total foram efetuados 959 registros, com 61±35,4 por zona. A região com maior número
de registros foi a NE (50,5%), com média de 72±32 por fragmento, seguida da NW (34,2%), com
59±35,6 por área amostrada. Por outro lado, a menor foi a SW, com apenas 28 registros, porém
oriundo de um único remanescente urbano. Embora a maior quantidade de registros tenha sido
constatada na região periurbana (344 registros; µ= 69±41), o maior número relativo ocorreu na
área rural, com 223 anotações, mas com média de 74±40 registros por área estudada (Figura
2 - anexo). Apesar das diferenças nos dados absolutos entre as classes de urbanização, estas
não apresentaram diferença significativa (p= 0,57) no número relativo de registros. Isto mostra
que os fragmentos urbanos contribuem para a presença de espécies florestais tanto quanto as
periurbanas e rurais, enfatizando a importância dos fragmentos urbanos na biodiversidade local.
Do total de 959 registros, foram identificadas 429 espécies, das quais 93,3% foram
catalogadas em algum nível taxonômico, sendo 276 (64,3%) em nível de espécie, 73 (17%)
em nível de gênero e 50 (11,5%) apenas por família. Na região houve um esforço amostral
de 1: 2,4, ou seja, a cada 2 a 3 materiais botânicos coletados e registrados, uma nova
espécie foi catalogada enfatizando a diversidade encontrada na região. Entre os registros
efetuados, as espécies arbóreas e arbustivas foram dominantes (71,1%), enquanto outros
hábitos representaram apenas 5,9%. Isso mostra o acúmulo de conhecimento adquirido
pelas instituições locais sobre a vegetação, porém também ressalta o maior foco na coleta de
espécies arbóreas e arbustivas e a lacuna de estudos sobre outros hábitos.
43
Tabela 2: Número de registros de ocorrência de espécies por local e zona de levantamento
florístico em remanescenetes florestais amostrados no município de Sorocaba. NE= quadrante
Nordeste; NW= quadrante Noroeste; SE= quadrante Sudeste; SW= quadrante Sudoeste. Lista
completa de espécies disponível em: http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projetoverde.html.
Local
Avenida Armando Pannunzio
Avenida Ipanema
Castelinho - Itu
Éden - Rolamentos Schaeffler
Fragmentos UFSCar
Parque da Biodiversidade
Parque Natural “Chico
Mendes”
Parque Ouro Fino
Parque Zoológico Quinzinho
de Barros
Parque Mário Covas
Prox Clube Recreativo
UNIP
Zona Industrial- GM
Zona Oeste - Laranjal
Zona Oeste - Raposo
Total geral
Nº de áreas amostradas
86
Total
geral
28
28
31
54
55
86
68
68
NE
NW
SE
SW
28
28
31
54
55
195
195
37
37
38
27
14
130
449
8
120
48
223
3
259
3
28
1
38
27
14
130
120
48
959
15
44
Figura 2: Número médio e total de registros de espécies nos fragmentos amostrados nas classes
urbana, periurbana e rural de diferentes zonas do município de Sorocaba. NE = quadrante norte
e Leste; NW= quadrante Norte e Oeste; SE= quadrante Sul e Leste; SW= quadrante sul e oeste.
As espécies com maior número de ocorrências nos levantamentos foram Copaifera langsdorffii
Desf., Platypodium elegans Vogel, Trema micrantha (L.) Blume e Machaerium sp .Pers, podendo
ser consideradas como frequentes nos fragmentos da região de Sorocaba (Tabela 3). Apesar de
T. micrantha ter sido abundante, foi menos comum do que as demais, uma vez que ocorreram
registros dela em apenas quatro das 15 áreas estudadas. Entre as espécies mais comuns, a maioria
é característica da Floresta Estacional Decidual (SMA, 2008; VIBRANS et al., 2008; OLIVEIRA FILHO
et al., 2008), excetuando-se Qualea grandiflora Mart. e Caryocar brasiliense Cambess., classificadas
como do Cerrado (SMA, 2008).
É importante destacar que, tanto C. langsdorffii quanto P. elegans estão na lista da IUCN,
porém classificadas como pouco preocupantes (LC), indicando que, nestes fragmentos estão
ocorrendo condições que propiciam a reprodução e o estabelecimento destas espécies. Por sua
45
vez, T. micrantha, Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera , Celtis iguanea (Jacq.) Sarg. e Cecropia
pachistachia Trécul são pioneiras, com rápido crescimento e reprodução precoce (< 3 anos) e sua
presença abundante nos fragmentos estudados indica a ocorrência de clareiras e distúrbios nestas
áreas que propiciam a germinação das sementes e estabelecimento da regeneração natural. Isto
se baseia em pesquisas demonstrando que as pioneiras tem sua germinação promovida pelas
condições de luz e temperatura que ocorrem na abertura de clareiras após distúrbios nas florestas
tropicais (VÁSQUEZ-YANES & ORÓZCO-SEGOVIA, 1982; GODOI & TAKAKI, 2005).
Tabela 3: Lista de espécies com maior número de registros de coleta e ocorrência nas áreas
amostradas de remanescentes florestais do município de Sorocaba.
Espécie
Copaifera langsdorffii Desf.
Machaerium sp Pers
Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera
Casearia sylvestris Sw.
Lithraea molleoides (Vell.) Engl.
Platypodium elegans Vogel
Guazuma ulmifolia Lam.
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
Cecropia pachystachya Trécul
Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch.
Luehea divaricata Mart.
Qualea grandiflora Mart.
Croton floribundus Spreng.
Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr.
Caryocar brasiliense Cambess.
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
Tapirira guianensis Aubl.
Cupania vernalis Cambess.
Trema micrantha (L.) Blume
Anadenanthera peregrina (L.) Speg.
Nº de
registros de
ocorrência
28
20
13
12
14
24
11
10
8
10
9
9
7
7
6
13
6
5
21
9
Nº de
áreas
13
10
10
10
9
8
8
8
7
6
6
6
6
6
6
5
5
5
4
4
46
A Zona NE foi a que apresentou a maior riqueza (S), seguida da SE que foi também a de maior
riqueza relativa de espécies (Figura 3). Em ambas as zonas, Copaifera langsdorffii e Platypodium
elegans foram as espécies mais comuns. Além da riqueza de espécies na Zona NE, esta também foi
a que apresentou nos remanescentes a maior quantidade de espécies vulneráveis e ameaçadas
(Figura 4), sendo elas Cedrela fissilis Vell., classificada como ameaçada, e as vulneráveis Cariniana
legalis (Mart.) Kuntze, Cedrela odorata L.,, Dalbergia nigra (Vell.) Allemão exFr. All. Ex Benth., ,
Esenbeckia leiocarpa Engl. e Brosimum glaziovii Taub.. A região Norte de Sorocaba, contudo
destaca-se como contendo a maior quantidade de registros de espécies na lista da IUCN, onde a
Zona NW foi a segunda de maior destaque, com a presença das espécies vulneráveis Brosimum
glaziovii Taub., Machaerium stipitatum (DC.) Vogel e Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau. ex Verl..
A despeito da riqueza relativa de espécies da Zona SE (Figura 3), nos levantamentos efetuados não
foram constatadas espécies ameaçadas ou vulneráveis, apesar de registros de espécies do gênero
Machaerium, considerado importante para a conservação. Por outro lado, esta também é uma das
zonas consideradas com lacunas de conhecimento sobre sua diversidade vegetal (PMS, 2011).
Na classificação das espécies quanto a sua raridade local, 54% (n= 154) das espécies
identificadas foram registradas em apenas um dos fragmentos amostrados. A importância da
região Norte para a diversidade vegetal é destacada com a concentração do maior número de
espécies raras (n= 80) na Zona NE, ou seja, que ocorrem apenas nesta zona do município (Figura
5). Nas Zonas NE e NW destaca-se a presença da espécie Cariniana legalis, inserida na lista de
espécies-alvo de São Paulo (RODRIGUES et al., 2008), e Zeyheria tuberculosa, ambas classificadas
como vulneráveis pela IUCN (IUCN, 2012). Em termos de raridade relativa, não houve diferença
significativa (p<0,05) na quantidade de espécies classificadas como raras nos fragmentos para
as Zonas Norte e sul. O percentual de espécies com raridade local enfatiza a importância dos
remanescentes na conservação, em especial das espécies ameaçadas.
Figura 3: Riqueza absoluta e relativa de espécies dos remanescentes florestais das diferentes
regiões do município de Sorocaba.
47
Figura 4: Número de espécies ameaçadas (EN), vulneráveis (V), ocorrentes nos remanescentes
florestais de diferentes zonas do município de Sorocaba. Critérios de vulnerabilidade baseados
em IUCN (2012).
Além das espécies raras e ameaçadas, nos fragmentos estudados foram amostradas espécies
exóticas e invasoras, embora em baixa proporção em relação ao número total de registros efetuados
(0,81 e 2,3% respectivamente). A proporção de espécies invasoras (4,1%) foi maior do que a de
exóticas (2,0%), mostrando que a sua presença pode ser mais preocupante para o manejo dos
fragmentos do que as exóticas. Dentre as exóticas destacam-se também Eucalyptus sp., Mangifera
indica L., Melia azedarach L., Morus nigra L.,. , Laurea nobilis L., Bunchosia armeniaca (Cav.)A. DC.,
Heliocarpus americanus L. e Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl..
A maior proporção de registros de especies invasoras e exóticas ocorreu na Zona SE, onde
se insere o Zoológico Municipal, um importante fragmento urbano de Sorocaba (Tabela 4).
Entre as espécies, Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. e Schinus terebinthifolia Raddi
foram consideradas como potencialmente invasoras, baseadas em experiências anteriores de
restauração da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (F.C.M. Piña-Rodrigues, informação pessoal).
Além disso, S. terebinthifolia apresenta efeito alelopático impedindo a germinação de sementes
de outras espécies (MORGAN & OBERHOLT, 2005). Estas espécies foram frequentes na maioria
das áreas estudadas, denotando a importância do seu controle. Outras espécies como Leucaena
leucocephalla (Lam.), Artocarpus heterophyllus Lam. e Pinus sp. configuram-se como exóticas e
invasoras, com alto potencial de propagação e disseminação para outras áreas, requerendo ações
de controle de sua ocorrência nos fragmentos estudados.
48
Figura 5: Número de espécies classificadas como de raridade local, ocorrendo em apenas uma das
áreas amostradas nos fragmentos estudados (n= 15) em Sorocaba (R<1,0). Raridade= 1/ni, onde
ni é o número de áreas onde a espécie ocorreu.
Artocarpus heterophyllus Lam.
Leucaena leucocephala (Lam.)
de Wit
Mimosa bimucronata (DC.)
Kuntze
E
Piptadenia gonoacantha (Mart.)
J.F. Macbr.
N
1
Schinus terebinthifolia Raddi
N
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
1
2
1
1
Total geral
1
N
E
Prox Clube
Recreativo
Parque Zoológico
Quinzinho de
Barros
Parque da
Biodiversidade
Jardim Botânico
Fragmentos
UFSCar
Éden - Rolamentos
Schaeffler
1
E
Pinus sp.
Total geral
Casarão
Brigadeiro Tobias
Av Armando
Pannunzio
Espécie
Classificação
Tabela 4: Relação de espécies consideradas como invasoras e potencialmente invasoras observadas
em diferentes remanescentes florestais do município de Sorocaba. E= exótica; N= nativa.
1
2
1
1
2
2
2
6
1
3
2
15
49
Caracterização ecológica dos fragmentos
Do total de registros, a maioria foi classificada como Floresta Estacional (55,3%) e Cerrado
(16,2%), enquanto os fragmentos urbanos concentraram 20,3% dos registros efetuados (Figura
6). Dentre as áreas de Cerrado, destacam-se o Parque Chico Mendes e o Éden (Tabela 2) com 44%
e 35%, respectivamente dos registros de espécies do Cerrado (n= 155). Para a Floresta Estacional,
os fragmentos GM, na Zona NE, e Raposo, na Zona NW, representaram 25% e 23% dos registros
de espécies desta tipologia. Este conjunto de dados evidencia a importância da Zona NE, onde
tanto o Cerrado do Éden, quanto o fragmento-GM concentraram uma parcela representativa das
tipologias florestais ocorrentes na região.
Além da análise da vegetação dos remanescentes florestais, é importante a interpretação de
suas características ecológicas. De maneira geral, os fragmentos apresentaram predominância
de espécies dispersas por animais (Figura 6), onde a zoocoria foi identificada para 63,5% das
espécies. Apesar da expressiva dominância da zoocoria, estes valores estão abaixo do esperado
para áreas de Floresta Atlântica e mesmo de Floresta Estacional Decidual. Em florestas maduras
e conservadas a zoocoria, em especial por vertebrados, predomina em 80-90% das espécies
(TABARELLI et al., 1999; WEBB & PEART, 2001), podendo encontrar-se taxas de 60-70% em áreas
mais degradadas (MORELLATO & LEITÃO FILHO, 1992; PIVELLO et al. 2006). Por outro lado, a taxa
de anemocoria (24,1%) se assemelha à encontrada em locais mais abertos (PIÑA-RODRIGUES &
AGUIAR, 1993; TALORA & MORELLATO, 2000) e no Cerrado, entre 20 e 40% (PIRATELLI, 1999;
VIEIRA et al. 2002). A presença de altas taxas de anemocoria nas áreas estudadas pode ser reflexo
de uma fisionomia florestal mais aberta, onde a falta de um dossel contínuo favorece as espécies
dispersas pelo vento (OLIVEIRA & MOREIRA, 1992; VIEIRA et al. 2002).
Em relação às zonas estudadas, a anemocoria esteve mais presente nas áreas de Cerrado e de
fragmentos urbanos, enquanto as áreas ao Norte (NE e NW) foram as que concentraram a maior
proporção de espécies zoocóricas em relação as que se situam ao Sul (SE e SW) (Figura 6). Isso
indica a importância destas áreas tanto em termos de conservação como de atração e manutenção
da fauna. Nestas zonas, os remanescentes situados próximos a GM (11,2%), na região Norte
(Tabela 1), e os denominados Fragmento-Laranjal (11,2%) e Fragmento-Raposo (10,4%), ambos
na região Oeste, foram os que apresentaram a maior proporção de registros de zoocoria. Contudo,
considerando apenas as espécies zoocóricas, a Avenida Ipanema (66,7%), o Parque Ouro Fino
(65%), a região do Clube Recreativo (50%) e a Zona Industrial-GM (52,6%) foram os fragmentos
como maior proporção de registros de espécies ornitocóricas. Estas áreas integram o cinturão
verde do município, situadas nas áreas urbana e periurbana. Não houve diferença estatística entre
as classes de urbanização para os registros de síndrome (p= 0,6959), reforçando mais uma vez a
contribuição dos fragmentos urbanos na conservação da biodiversidade e, em especial, os situados
na Zona Norte.
50
Figura 6: Classificação dos fragmentos em relação às síndromes de dispersão. (A) Percentual de
espécies por síndrome de dispersão nas áreas de remanescentes florestais (n= 15), (B) percentual
de registros de síndromes por zona, (C) percentual de registros por classe de urbanização, (D)
percentual de registros por tipos de vegetação no município de Sorocaba. NE= Zona Nordeste;
NW= Zona Noroeste, SE= Zona Sudeste; SW= Zona Sudoeste. FESD= Floresta Estacional Decidual;
FRAG-U= fragmentos urbanos.
51
Avaliação do estágio de conservação dos fragmentos
A comparação dos fragmentos florestais estudados mostrou que houve similaridade na
composição florística entre a área referencial de conservação, o Ribeirão do Ferro (RF) na FLONA
de Ipanema com o Parque da Biodiversidade (Pbio). O parque apresentou 15% dos registros de
raridade dos fragmentos amostrados, ressaltando sua importância no contexto do município.
Estas áreas formam o grupo “A” (Figura 7) cuja similaridade se dá pela composição florística,
sendo ambas as áreas de vegetação típica da Floresta Estacional. Por outro lado, as áreas do
entorno do Clube Ipanema (CI), Av. Armando Pannunzio (AvAP), região da Rodovia Castelinho-Itu
(CI), Parque Governador Mário Covas (PMC), Zona Industrial-GM (ZI) e Avenida Ipanema (AvIp)
formaram o grupo “B” que inclui desde fragmentos urbanos a áreas de arborização, podendo ser
considerados como ambientes mais antropizados. O fato do fragmento da Zona Industrial-GM
estar neste grupo, apesar do elevado registro de espécies (Tabela 1), pode estar relacionado a sua
maior degradação evidenciada pela presença de grande quantidade de espécies pioneiras típicas
de áreas antropizadas e com dispersão anemocórica conforme constatado por Piña-Rodrigues et
al. (2011) e Mandowsky (2012).
Também se destacaram dos demais o grupo “C” que inclui os Fragmentos Florestais da UFSCar
(Frag-U) e o “D” formado pelo Parque Natural Chico Mendes (PNCM) e o Parque Ouro Fino (POF).
Conforme a análise das características florísticas e ecológicas destas áreas (Tabela 5; Figura 8),
o grupo “C” apresenta áreas em estágio inicial de regeneração, porém com a presença de muitas
espécies pioneiras e anemocóricas, indicando a ocorrência de fatores geradores de degradação.
Realce deve ser dado ao fato de que, entre as áreas antropizadas do grupo “C”, se encontram
duas áreas de conservação municipais: o Jardim Botânico e o Parque Governador Mário Covas.
Particularmente este último, apesar de seu tamanho (50 hectares), os levantamentos de campo
indicaram que o remanescente encontra-se bastante degradado, com apenas 5% de espécies de
raridade local, superior apenas ao valor obtido nas áreas antropizadas e urbanas da Av. Ipanema
(2%). Pelos resultados obtidos sugere-se que, tanto o Jardim Botânico quanto o Parque Mário
Covas, sejam alvo de restauração e recomposição de sua vegetação, pois não estão, no presente,
cumprindo sua função de proteção da diversidade das espécies florestais locais. Tão grave quanto
estes é a área do Éden (grupo “E”) cuja vegetação típica de Cerrado apresentou-se distinta das
demais, enfatizando a importância deste trecho para a conservação. Além disto, segundo o Plano
Diretor Ambiental (PMS, 2011), este fragmento ocorre em uma área de alta industrialização e
expansão da cidade, tornando-o ainda mais vulnerável.
De maneira geral, estudos geográficos de comunidades e de paisagem apontam características
como tamanho, forma e conectividade, entre outras, para determinar áreas prioritárias de
conservação (MATERSEEN et al., 2008). Como visto nos presentes dados, a análise de fatores
qualitativos, vegetacionais e ecológicos contribuiu decisivamente para a tomada de decisões. Isto
porque, conforme constatou Santos (2003), tanto áreas dentro dos próprios fragmentos quanto
entre fragmentos de mesmo tamanho podem ser heterogêneas, indicando que as variações
observadas não estariam relacionadas apenas ao tamanho, forma ou conectividade, mas associadas
à heterogeneidade ambiental e à ocorrência de fatores de perturbação como as queimadas. Este
fato também foi constatado por Piña-Rodrigues et al. (2011) e Mandowsky (2012) em fragmentos
nas Zonas Norte e Oeste de Sorocaba, onde fatores como a proporção de espécies por grupos
ecológicos, síndromes e as características de aporte de biomassa e abertura do dossel foram
decisivas para a avaliação do estado de degradação e/ou conservação dos fragmentos estudados.
52
Com base nisso, para contribuir com uma análise mais global agregando o conjunto de dados
apresentados até o presente, foi elaborada a Tabela 5 que sistematiza as informações e os dados
sobre a análise da vegetação e ecológica dos remanescentes florestais e das zonas em que estes se
inserem e sugere as propostas de ação a serem adotadas para a conservação dos remanescentes
florestais.
53
Tabela 5: Características das zonas de ocorrência de remanescentes florestais e das áreas públicas de conservação
baseado na análise florística e ecológica e propostas de ação. 1 LOURENÇO et al. (2009); 2 MANDOWSKY (2012); 3 PMS
(2011); LOURENÇO et al. (2014) e dados dos autores;. Alta= maior ou igual a 2/3 da média; Média= entre 1/3 e 2/3 da
média e Baixa= menor do que 1/3 da média.
Zona
Características da vegetação
NE
Presença de fragmentos maiores do
que 20 ha 1,2, 3
Baixa presença de fragmentos maiores
do que 80 ha 1,2, 3
Alta riqueza de espécies
Alta presença de espécies vulnerável,
ameaçada e próxima da extinção
Alta presença de espécies raras
Taxa média de espécies invasoras
NW
Dominância de fragmentos < 20 ha 2, 3
Baixa presença de fragmentos maiores
do que 80 ha 2, 3
Dominância de formato alongado dos
fragmentos2
Média riqueza de espécies
Alta presença de espécies vulneráveis
e ameaçadas
Baixa presença de espécies raras
Taxa média de espécies invasoras
SE
SW
Alta presença de fragmentos maiores
do que 40 ha3
Média riqueza de espécies
Baixa presença de espécies vulneráveis
Média a baixa presença de espécies
raras
Alta presença de espécies invasoras e
exóticas
Dominância de fragmentos de <20 ha3
Presença de fragmentos maiores do
que 40 ha3
Baixa riqueza de espécies
Baixa presença de espécie ameaçada
Baixa presença de espécies raras
Baixa presença de espécies exóticas e
invasoras
Características
ecológicas
Alta taxa de
zoocoria e
anemocoria
Dominância
de espécies
pioneiras
Áreas amostradas
Propostas de ação
Avenida Ipanema
Castelinho - Itu
Éden - Rolamentos
Schefler
Parque da
Biodiversidade
Parque Natural “Chico
Mendes”
Parque Municipal
Mário Covas
UNIP
Zona Industrial- GM
Criação do Corredor Norte-Sul
de Diversidade
Inclusão desta zona como
prioridade no corredor de
biodiversidade
Ampliação do Parque da
Biodiversidade devido a sua
importância na riqueza local
de espécies e sua posição
estratégica na interligação dos
fragmentos maiores da zona SE
com a NE.
Ampliação, enriquecimento e
restauração do Parque Mário
Covas para inclusão desta zona
no Corredor de Biodiversidade
Norte-Sul
Maiores taxas
de zoocoria do
município
Fragmentos UFSCar
Dominância
de espécies
secundárias
Zona Oeste - Raposo
Medidas de conservação para
a proteção dos fragmentos
maaiores do que 10 ha
presentes na área.
Parque Ouro Fino
Inclusão na área no Corredor
Norte-Sul de Biodiversidade
Fragmentos UFSCar
Controle de espécies invasoras
Parque Zoológico
Quinzinho de Barros
Zona de lacuna de
conhecimento sobre a flora
Baixa taxa de
zoocoria
Dominância
de espécies
pioneiras
Baixa taxa de
zoocoria
Dominância
de espécies
pioneiras
Zona Oeste - Laranjal
Prox Clube Recreativo
Avenida Armando
Pannunzio
Realização de estudos de
florística e fitossociologia
Devido à proximidade de áreas
urbanas, inclusão desta zona em
programa de restauração urbana
com ações de paisagismo,
arborização, revitalização de
praças públicas e incentivo à
manutenção de quintais urbanos
com o uso de espécies nativas
Formação de Corredor UrbanoPaisagístico para aumento da
conexão entre fragmentos
54
Figura 7: Dendrograma resultante da análise de agrupamento pelo método de Ward´s considerando
a presença e ausência de espécies nos fragmentos florestais amostrados (n= 15) e os usados como
referenciais (n= 2), no município de Sorocaba. Eden= Fragmento Éden; POF= Parque Ouro Fino;
PNCM= Parque Natural Chico Mendes; ZOL= Zona Oeste-Fragmento Laranjal; ZOR- Zona OesteFragmento Raposo; Frag-U= Fragmento Florestal UFSCar; PZQB= Parque Municipal Zoológico
Quinzinho de Barros; PCR= Proximidade Clube Recreativo; AvAP= Avenida Armando Panunzio;
CI= Rodovia Castelinho-Itu; PMC= Parque Municipal Mário Covas; ZI= Zona industrial; AvIP=
Avenida Ipanema; JBSor= Jardim Botânico de Sorocaba; CBT= Casarão Brigadeiro Tobias; Pbio=
Parque da Biodiversidade; RF= Ribeirão do Ferro-Iperó-SP.
55
Identificação de corredores prioritários para a
interligação de fragmentos florestais (CPIF)
Como apresentado por Kawakubo et al. (2008), o rio Sorocaba ainda conta com 45% de suas
áreas de APP com vegetação arbórea, atravessando o município de sul à norte. Este fato indica
a possibilidade destas áreas protegidas serem utilizadas para a formação de um corredor de
biodiversidade, mediante a adoção de políticas públicas de manutenção, proteção e recuperação
ambiental destas áreas.
Os resultados deste estudo e os debates e conclusões obtidos nesta publicação sobre a
diversidade da vegetação dos fragmentos estudados em Sorocaba vêm também complementar
e contribuir com o PDA (PMS, 2011) para a proposição de ações do poder público, no sentido na
promoção da conservação da diversidade dos remanescentes florestais visando a sua proteção,
conservação, manejo e recupeção. Por isto, uma das propostas é que, como primeiro passo, se
deva eleger os remanescentes mais significativos e, por meio de um instrumento legal, declarálos de utilidade pública, evitando assim conflitos com os usos futuros destas glebas. É importante
destacar que este também foi um dos pontos destacados no PDA; contudo, conforme ressaltaram
os elaboradores do plano, faltavam dados de vegetação como os produzidos no presente capítulo,
que embasassem essas recomendações.
Neste contexto, a Zona NE apresenta um conjunto de fragmentos com a ocorrência de
espécies ameaçadas e vulneráveis e alta proporção de espécies atrativas à fauna, com a presença
de fragmentos de maior tamanho (Tabela 5; Figura 1). Este conjunto de características pode
lhes proporcionar maior resiliência aos impactos tornando a região prioritária para ações de
implantação de áreas de conservação. Por seu posicionamento na paisagem, em conjunto com a
Zona SE, formam uma área indicada para o estabelecimento de unidades de conservação municipais
ou em parceria com empresas locais, já que inclui a Zona Industrial. Acrescente-se a isto o fato da
Zona SE ser considerada ainda como uma área de lacuna (PMS, 2011) requerendo estudos mais
detalhados sobre a flora. A concentração de fragmentos maiores do que 80 hectares (Figura 1)
em estádio médio a avançado de sucessão (Figura 8) se junta à riqueza de espécies (Figura 3)
e à presença de espécies ameaçadas e vulneráveis (Figura 4), o que permite que se sugira para
as Zonas NE-SE a formação de um Corredor de Diversidade Norte-Sul, com a proteção destes
remanescentes florestais conforme ilustra a Figura 8. Zona NW com ações que visem à proteção
de remanescentes maiores de importância local, tais como alguns dos identificados no presente
estudo. O conjunto de ações de conservação interligando a Zona NW ao Corredor de Diversidade
Norte-Sul formaria o Corredor de Diversidade Regional.
56
Este tipo de ação tem uma série de inconvenientes do ponto de vista político para o governo
municipal, pois interfere em interesses econômicos de particulares e de empresas, que pretendem
implantar e desenvolver novos negócios nestes locais. Ainda mais considerando a situação atual
de Sorocaba, onde a escassez de terrenos devido à alta demanda já é uma realidade. Porém, não se
tem como desenvolver um projeto consistente e de qualidade para a conservação da diversidade
vegetal local se medidas como estas não forem tomadas. A viabilização técnica destas ações pode
ser buscada por meio de parcerias com as universidades locais; e a questão financeira poderia ser
viabilizada pela criação de mecanismos de compensação ambiental, em que tanto as licenças municipais, expedidas pela Secretaria do Meio Ambiente, como as licenças ligadas à Agenda Verde da
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) para empreendimentos com área
de abrangência no município, fossem convertidas em recursos para os processos de desapropriação das áreas com remanescentes e restauração de áreas para a interligação dos remanescentes,
estabelecendo assim os corredores ecológicos.
A melhoria da qualidade e quantidade da arborização urbana nos bairros que rodeiam as áreas prioritárias de corredores ecológicos deve ser alvo de um programa publico especial para sua
implantação. O uso de espécies nativas e o aumento da densidade desta arborização são fundamentais para se formar uma zona tampão aos corredores. Este programa pode não fornecer um
impacto numérico de plantio ao município, mas será capaz de melhorar muito o aspecto de contribuição à conexão de fragmentos urbanos, bem como paisagístico e microclimático das áreas onde
foi implantado. Como observado no presente estudo, os fragmentos urbanos também contribuem
para a diversidade local.
A introdução na arborização de espécies nativas atrativas à fauna, tanto de polinizadores quanto de dispersores, em especial ornitocóricas, pode contribuir na restauração da conectividade entre fragmentos. Esta proposta se caracteriza na formação do Corredor Urbano-Paisagístico e do
Corredor de Biodiversidade Sudoeste que podem vir a contribuir na conexão entre os parques
públicos e fragmentos florestais urbanos quanto periurbanos situados na região Centro-Sul de Sorocaba (Figura 8). Deve-se enfatizar também a contribuição dos quintais situados nestas regiões
que, em geral, deixam de ser avaliados em levantamentos da arborização, mas que contribuem
para a diversidade urbana. Neste sentido, ações como a implantação do IPTU-Verde, nos moldes
como vem sendo realizado em várias cidades brasileiras, pode aumentar a presença de áreas verdes nas zonas urbanas, contribuindo com a conexão entre fragmentos.
Propostas prioritárias de restauração e conservação
Analisando o município de Sorocaba com uma visão um pouco mais regionalizada, podemos
observar importantes questões prioritárias para a interligação de fragmentos e a formação de
corredores ecológicos para promover a conservação da diversidade. São elas:
(a) Lacunas de pesquisa – Os levantamentos realizados mostraram que a Zona SE, apesar de
conter os fragmentos maiores e mais conservados (Figuras 1 e 8), foi também a com menor número de estudos de levantamento da vegetação, o que a coloca esta região como foco prioritário
de novos estudos.
(b) Manejo e conservação- As áreas do Cerrado situadas na Zona NE encontram-se ameaçadas pela presença de espécies invasoras (Pinus sp.) e gramíneas tornando-os vulneráveis à ocor57
rência de incêndios florestais (Tabela 5). Nestas áreas as ações devem enfatizar a revegetação de
seu entorno, o cercamento e a construção de aceiros. Por sua expressiva contribuição com espécies de Cerrado, esta zona, em especial alguns dos locais estudados, como o fragmento do Éden
(Tabela 2), é recomendada a implantação do “Parque do Cerrado”.
(c) Restauração das áreas de preservação permanente do rio Ipanema – É de grande importância para a conservação da diversidade local e liga a Zona SW da cidade com os remanescentes de vegetação da Fazenda Ipanema, reconhecida como um dos maiores fragmentos de Floresta
Estacional do interior do Estado de São Paulo.
Conservação de espécies – Do conjunto de espécies classificadas como ameaçadas, vulneráveis e raras, constatadas nos fragmentos amostrados foi elaborada uma listagem das espécies
consideradas como prioritárias localmente para a conservação, podendo ser protegidas pela legislação municipal. Nesta estratégia se propõe a criação de mecanismos de compensação ambiental,
tais como as citadas no Plano Diretor Ambiental de Sorocaba (PMS, 2011) que evitem a degradação das áreas onde estas espécies ocorrem e o fomento ao seu plantio, com sua inclusão nos programas de arborização e restauração. Estas são também são também sugeridas para programas
de conservação no Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas” recentemente criado em Sorocaba. A lista
de espécies potenciais para a conservação pode ser acessada em http://sementeflorestaltropical.
blogspot.com.br/p/projeto-verde.html
Formação de corredores
• Corredor Urbano Paisagístico e Zona de Intervenção Urbanística- Os estudos dos remanescentes florestais complementaram e reforçaram a proposta apresentada no Plano Diretor
Ambiental de Sorocaba (PMS, 2011), o qual ressaltava a falta de dados sobre a vegetação local para
subsidiar as propostas de formação de corredores. Assim sendo, propõe-se que na direção sul, no
sentido da barragem da represa de Itupararanga, na direção SE-SW, estes corredores devam ter
como um dos guias principais o rio Sorocaba. Esta interligação, bem como a proposta na Zona SW
(Tabela 5; Figura 8), deve ter características de Corredor Urbano Paisagístico, com o qual se devem
aliar ações de manejo e de plantio de espécies nativas inseridas na arborização urbana (praças,
ruas e avenidas), substituição de espécies exóticas invasoras, como é o caso da Leucaena leucocephalla ao longo do rio Sorocaba, e o fomento aos quintais para restabelecer a permeabilidade da
paisagem por ações de educação ambiental. Estas práticas contribuem para a conexão entre fragmentos urbanos e periurbanos. Esta proposta também é reforçada por Macedo et al. (2012), que
sugeriram a inclusão dos espaços livres urbanos na conservação com “a criação de um continnum
de tipologias do espaço livre (praças, parques, ciclovias) que promovam o desenvolvimento de
atividades voltadas às práticas esportivas, recreativas e de lazer” (sic).
• Corredor de Biodiversidade Norte-Sul - A região apresenta espécies ameaçadas, vulneráveis (Figura 4) e localmente raras (Figura 5) em seus fragmentos, predominantes na região Norte, em especial na Zona NE. Nesta região as ações de conservação devem focar a implantação de
unidades de conservação devido ao predomínio de fragmentos maiores (Figura 1) e conservados
(Figura 8). Sugere-se como ação imediata a ampliação do Parque da Biodiversidade devido a sua
importância em relação à conservação. Na Zona NE se verifica a carência de áreas protegidas e
que, associada à expansão urbana, aumentam o risco de exclusão local de espécies ameaçadas.
58
Propõe-se com base nos resultados obtidos, a criação do Corredor de Biodiversidade Norte-Sul,
integrando as Zonas NE com a SE, onde se constatou a lacuna de pesquisa. Na direção SE, onde se
concentram as áreas reconhecidas pelo Plano Diretor Ambiental –PDA (PMS, 2011) como zona de
conservação, a proposta de criação do Corredor Norte-Sul pode se estabelecer nas imediações do
Parque Governador Mário Covas, se dirigindo à NE tendo como eixo principal o rio Pirajibu, conforme sugerido no PDA. Esta proposta baseia-se nos resultados obtidos para os fragmentos analisados e dá suporte técnico com base em estudos da vegetação aos resultados obtidos no mapa
de fragilidade ambiental e áreas de risco elaboradas no macrozoneamento no PDA (PMS, 2011).
Desta forma, o fomento ao estabelecimento de unidades de conservação (p.ex. RPPN ou AMPAS –
Áreas Municipais de Proteção Ambiental) criaria fluxo de interligação destes fragmentos, inclusive
com a Floresta Nacional de Ipanema situada na fronteira com a Zona NW.
Restauração da área de preservação permanente: A lista de espécies potenciais para a
conservação pode ser acessada em http://sementeflorestaltropical.blogspot.com.br/p/projeto-verde.html.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos inúmeros estagiários que atuaram nas coletas de dados, levantamentos de campo e elaboração de mapas e referências. Agradecemos em especial à Secretaria de
Meio Ambiente pelo uso do material relativo ao Plano Diretor Ambiental.
59
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63
64
Capítulo 4
Geoprocessamento como ferramenta de
gestão e planejamento ambiental: O caso
da cobertura vegetal em áreas urbanas
Roberto Wagner Lourenço, Darllan Collins da Cunha e Silva, Jomil Costa Abreu
Sales, Gabriele Cunha Crespo, Fatima C.M. Piña-Rodrigues.
Resumo
A partir de um mapeamento prévio, onde foram identificados fragmentos classificados em
estágio médio e avançado de sucessão ecológica como áreas de interesse, foram realizados estudos
que tiveram como objetivo classificar esses fragmentos, gerando índices baseados no estudo do
uso do solo e cobertura vegetal do seu entorno e índices geométricos como de Circularidade (IC)
e Efeito de Borda (IEB), e a partir destes, com o auxílio de técnicas de sensoriamento remoto e
geoprocessamento, foi possível gerar um Indicador de Exposição Antrópico (IEA) do município.
O IC é utilizado para demonstrar a característica da forma, circular ou alongada, de um fragmento
de vegetação. Os resultados obtidos mostraram que 62,9% dos fragmentos se apresentaram
com características alongadas, o que demonstra sua maior vulnerabilidade a ações do homem.
Com relação ao IEB, onde foi analisado quanto aos efeitos de borda causado pela vizinhança
limítrofe ao fragmento, foi demonstrado que cerca de 22,2% dos fragmentos encontram-se sob
alto efeito de intervenção do homem. A partir desses resultados foi construído um indicador
ambiental denominado IEA, calculado pela média ponderada dos valores do IC e IEB, onde 37,5%
e 12,5% dos fragmentos, sofrem respectivamente, média e alta exposição antrópica. Espera-se
que os estudos realizados possam contribuir para o entendimento do comportamento do estado
dos atuais fragmentos florestais e que os resultados colaborem na elaboração de novas políticas
públicas para a preservação ambiental da cidade.
65
Introdução
A maioria das grandes cidades apresenta um intenso processo de urbanização que vem
ocorrendo de maneira cada vez mais acelerada, com desdobramentos físicos, sociais e econômicos,
com forte impacto no meio ambiente e na saúde da população. Hoje em dia com o aumento da
supressão da vegetação natural, as cidades deixaram de assegurar uma boa qualidade de vida
e se políticas de gestão e planejamento voltadas para a manutenção dos fragmentos florestais
remanescentes restantes não forem providenciadas, o futuro projeta condições pouco promissoras
do ponto de vista ambiental.
Sorocaba é considerada uma região de grande importância econômica desde o século XVIII
(Figura 1 - anexo). Está localizada na região Sudoeste do Estado de São Paulo na chamada borda da
Depressão Periférica Paulista, situada no limite entre as Bacias Sedimentares do Paraná e as rochas
do Embasamento Cristalino. Neste cenário encontra-se cortando a área urbana o rio Sorocaba, o
mais importante afluente da margem esquerda do rio Tietê (MCT, 2011).
Apresenta um clima com temperaturas médias anuais de aproximadamente 20° Celsius, com
predomínio de cobertura vegetal de fragmentos florestais remanescentes de uma zona de grande
importância ecológica entre os biomas de Mata Atlântica e Cerrado, com presença de Floresta
Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e Cerrados (MCT, 2011).
Atualmente, a localização geográfica e o histórico de intensas atividades econômicas fez
de Sorocaba um dos principais centros industriais do interior do Estado de São Paulo, com
infraestrutura de estradas e transportes públicos com rotas de fácil acesso à capital do Estado
de São Paulo, que elevaram o município ao status de um dos principais centros industriais do
Estado, contando hoje com um parque industrial de mais de 1.450 empresas de diferentes áreas
de atuação. Esse desenvolvimento ao longo dos anos, acompanhado da expansão imobiliária e
agrícola, causou grandes impactos ao meio ambiente (PORTAL SOROCABA, 2012).
66
Variação temporal do uso do solo
e da cobertura vegetal de Sorocaba
Um dos principais efeitos do aumento das cidades pode ser notado na mudança e na variação
temporal do uso do solo e da cobertura vegetal.
Estudos utilizando imagens de satélites com intervalos de 5 anos, ou seja, dos anos de 1990,
1995, 2000, 2005 e 2010 demonstram que Sorocaba vem apresentando importantes variações no
uso do solo e da cobertura vegetal (Tabela 1).
Tabela 1: Variação temporal do uso do solo entre os anos de 1990 e 2010.
Ano
Uso do solo
Vegetação
Uso Agrícola
Pastagem
Solo degradado
Ferrovia
Hidrografia
Área Urbana
Rodovias
Total
1990
1995
3905,91
15099,12
14810,58
1929,24
126,09
3591,45
5048,46
321,48
44832,33
6683,85
4525,29
21118,32
3417,39
126,09
3591,45
5048,46
321,48
44832,33
2000
Área (ha)
14984,24
8054,27
8035,69
3874,91
126,09
3591,45
5844,2
321,48
44832,33
2005
2010
6091,38
9301,68
13380,12
3556,62
126,09
3591,45
8463,51
325,60
44832,33
5924,43
12421,35
10143
3841,02
126,09
3591,45
8463,51
336,26
44832,33
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
As principais observações a partir da Tabela 1 estão no fato que, de 1990 a 2000 ocorreu um
aumento gradativo das áreas verdes, enquanto que a partir de 2000 essa tendência é invertida,
demonstrando expressiva perda de cobertura vegetal até 2010. As áreas de uso agrícola tiveram
um expressivo aumento em 1995. Em 2000 houve uma queda drástica que ocorreu devido ao
período de entressafras e até 2010 essas áreas aumentaram gradativamente novamente.
Já as áreas de pastagem oscilaram bastante durante o período em análise. Isso pode ter ocorrido
porque as áreas agrícolas e de pastagem tendem a se alternarem em práticas de uso do solo,
principalmente em período de entressafra. Essa afirmação é bastante evidente no ano de 1995.
As áreas de solo degradado permaneceram praticamente constantes enquanto que as áreas
urbanas expandiram, indicando o crescimento da cidade. A implantação da Rodovia Dr. Celso
Charuri (SP-91/270) e a ampliação da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) também causaram um
aumento significativo na malha viária do município. O aumento dessas áreas, consequentemente,
foi um dos principais responsáveis pela retirada de cobertura vegetal.
Tais mudanças acarretaram na perda da biodiversidade, fragmentação dos remanescentes
67
florestais do município e provavelmente no aumento da emissão de CO2 , tanto pelas indústrias
como pelo crescimento da população e o consequente aumento da frota de veículos.
Embora a fragmentação florestal também seja um fenômeno recorrente em todo o mundo, assim
como a emissão de CO2, as florestas tropicais têm sofrido especialmente seus efeitos, levando uma
grande parte da vasta biodiversidade das florestas a ser ameaçada de extinção (RANTA et al., 1998).
Portanto, além do desmatamento, os efeitos secundários da fragmentação dos remanescentes,
em consequência do crescimento desordenado do município nas últimas décadas, causam a
diminuição dos maciços florestais fundamentais para que ocorra o sequestro de carbono e para
que ocorra a renovação e purificação dos gases poluentes e, consequentemente, causando perda
da biodiversidade animal e vegetal.
A paisagem atual da região de Sorocaba é composta de um mosaico de grandes áreas de
monoculturas e um grande centro urbano e industrial, com algumas pequenas manchas de
vegetação natural, as quais em termos socioambientais vêm sofrendo diversos impactos negativos
sejam nas áreas urbanas como nas áreas rurais, havendo grande comprometimento de sua
diversidade e estabilidade.
A cartografia digital como ferramenta de gestão
e planejamento ambiental
De acordo com Burel e Baudray (2002), a ciência que estuda a estrutura, a função e as
alterações dos ecossistemas é a ecologia da paisagem. Trata-se da interação entre os elementos
espaciais, isto é, o fluxo de energia, materiais e espécies entre os componentes ecossistêmicos.
A alteração se refere à mudança na estrutura e na função do mosaico ecológico, considerando
que a dinâmica paisagística depende das relações entre as sociedades e seu ambiente, criando
estruturas modificadas no espaço e no tempo, e que essa heterogeneidade controla numerosos
movimentos e fluxos de organismos, matéria e energia.
Na atualidade, ecologia da paisagem é uma perspectiva científica multidisciplinar consolidada,
que compreende e ajuda a resolver alguns dos principais desafios ambientais contemporâneos
na conservação da diversidade biológica, baseado na hipótese de que as interações entre os
componentes bióticos e abióticos são espacialmente mensuráveis (MARENZI e RODERJAN, 2005).
Segundo Watrinet et al. (2005), as muitas medidas quantitativas de composição da paisagem,
conhecidas como métricas ou indicadores de paisagem ganham cada vez mais atenção, na medida
em que ajudam a compreender a estrutura complexa da paisagem e a forma como esta influencia
determinadas relações ecológicas.
Os métodos quantitativos em ecologia da paisagem são aplicados em três níveis: o primeiro
nível trata-se do Fragmento, o qual os cálculos quantitativos se aplicam a cada fragmento
individual, sendo adequado para determinar qual é o fragmento de maior superfície entre todos
os representados em um mosaico de paisagem; o segundo trata-se da Classe, onde os cálculos
se aplicam a cada conjunto de fragmentos da mesma classe, isto é, aqueles que têm o mesmo
valor ou que representam o mesmo tipo de uso do solo, habitat, etc., é apropriado para calcular
a superfície que ocupa um determinado tipo de uso do solo, ou a extensão média ocupada pelos
fragmentos; o terceiro é a Paisagem, onde os cálculos se aplicam ao conjunto de paisagem, isto é,
68
a todos os fragmentos e classes de cada vez. O resultado informa o grau de heterogeneidade ou
homogeneidade de toda a área analisada (MCGARIGAL e MARKS, 1994).
Várias dessas métricas têm sido desenvolvidas para descrever padrões espaciais, a partir de
produtos temáticos obtidos através do uso integrado de técnicas de Sensoriamento Remoto (SR)
e Geoprocessamento. Desta forma, tais técnicas são importantes como subsídios para tomada de
decisões no tocante ao ambiente natural e às políticas públicas (WATRIN e VENTURIERI, 2005).
O conceito de SR pode ser entendido como um conjunto de técnicas destinado à obtenção de
informações sobre objetos, sem que haja contato físico entre eles (STEFFEN, 2001). A aquisição
das informações se dá através da captação e registro da radiação eletromagnética (REM) refletida
ou emitida pela superfície da terra e captada por meio de satélites (NOVO, 1995).
Florenzano (2002) explica que os componentes da superfície terrestre como a vegetação, a água
e o solo, refletem, absorvem e transmitem radiação eletromagnética em proporções que variam
com o comprimento de onda, assim sensores remotos captam e registram a energia refletida
ou emitida pelos elementos da superfície terrestre diferenciando os elementos da paisagem,
possibilitando assim uma análise detalhada.
Associando os métodos quantitativos à tecnologia, o geoprocessamento é um instrumento
fundamental para o auxílio na interpretação dos dados obtidos através da paisagem (DOS SANTOS
e PENA, 2011), seja por meio de informação a distância produzidas pelo SR ou por meio de técnicas
matemáticas e computacionais (CAMARA e MEDEIROS, 1998). A distribuição espacial e estrutural
dos ecossistemas assim como os parâmetros bióticos, e abióticos podem ser analisados com o uso
do SR, permitindo uma análise ambiental mais rica, aumentando a compreensão do ambiente e
incorporando informações antes não incorporáveis (CARDOSO e FARIA, 2010).
Desta forma, a análise de dados espaciais de diferentes fontes permite extrair conhecimento
adicional como resposta, incluindo a manipulação de mapas, imagens de satélite, aerofotos e a
produção de dados estatísticos e matemáticos visando melhorar o entendimento do fenômeno e a
possibilidade de se fazer predições para uso em gestão e planejamento ambiental.
Importância da cobertura vegetal
em diferentes estágios sucessionais
Segundo Ricklefs (2003), a sequência de mudanças iniciada por uma perturbação no meio
ambiente é chamada de sucessão ecológica. A oportunidade ideal para se observar a sucessão
apresenta-se, convenientemente, em campos abandonados de várias idades.
Depois do corte raso da vegetação ou de queimada muito intensa, as primeiras plantas que
se estabelecem são as de pequeno porte, chamadas pioneiras, que favorecem o aparecimento de
outras espécies vegetais maiores, que por sua vez, sombreiam e eliminam as anteriores. Essas
espécies são chamadas de secundárias e caracterizam-se por serem mais exigentes em termos de
nutrientes e condições microclimáticas.
Um solo mais rico ou mais pobre em nutrientes exercerá um papel fundamental no processo
de sucessão da vegetação. Se no entorno houver fragmentos de vegetação, o processo poderá ser
acelerado devido à presença de sementes que podem ser transportadas por agentes dispersores.
As florestas primárias são também chamadas de “climáxicas”. O Clímax é o ponto final da
69
sucessão, que é considerada como a vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade
biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos a ponto de não afetar significativamente
suas características originais. Há vários tipos de estágios clímax, entre os quais, o clímax edáfico,
onde a comunidade se encontra sobre um solo em equilíbrio com as condições climáticas.
As florestas secundárias são as resultantes de um processo natural de regeneração da vegetação
e se enquadram nessa categoria os estágios de sucessão médio e avançado. A Resolução CONAMA
nº 10 de Outubro de 1993, convalidada pela Resolução CONAMA nº388 de Fevereiro de 2007
(BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1993) define:
(...) Artigo 2º - Com base nos parâmetros indicados no artigo 1º desta Resolução, ficam definidos
os seguintes conceitos:
I - Vegetação Primária - vegetação de máxima expressão local, com grande diversidade
biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente
suas características originais de estrutura e de espécies;
II - Vegetação Secundária ou em Regeneração - vegetação resultante de processos naturais de
sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas
naturais podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.
Artigo 3º - Os estágios de regeneração da vegetação secundária a que se refere o artigo 6º do
Decreto 750/93, passam a ser assim definidos:
I - Estágio Inicial:
a) fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo, com cobertura vegetal variando de fechada
a aberta;
b) espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude;
II - Estágio Médio:
a) fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando sobre a herbácea, podendo constituir
estratos diferenciados;
b) cobertura arbórea, variando de aberta a fechada, com a ocorrência eventualde indivíduos
emergentes;
III - Estágio Avançado:
a) fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente
uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes;
b) espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus de intensidade;
c) copas superiores, horizontalmente amplas;
Visto que as áreas de maior representatividade do ponto de vista ecológico são os fragmentos em
estágios médio e avançado, devido ao grande potencial de resiliência, considerando que os fragmentos
classificados como pioneiro ainda encontram-se em um estágio frágil, suscetível a ações antrópicas e
que o estágio primário encontra-se no clímax da sucessão, este trabalho apresenta um estudo aplicado
a fragmentos florestais pré-selecionados em estágio médio e avançado de regeneração de sucessão
com vistas à geração de um indicador de qualidade de conservação dos fragmentos remanescentes no
município de Sorocaba através de técnicas de SR e geoprocessamento.
70
Seleção e mapeamento dos fragmentos de vegetação
Os fragmentos de vegetação constantes no município de Sorocaba e de relevante interesse
quanto aos estágios sucessionais em que se encontram (avançado e médio) são mostrados no
mapa da Figura 2 (anexo). No mapa apresentam-se os fragmentos isolados e classificados como
avançado e médio, desconsiderando-se os fragmentos localizados em área de proteção ambiental,
ou seja, os fragmentos isolados.
Na Figura 2 é possível verificar que os rios são presença constante como limitante entre
os fragmentos. Isso é relevante visto que a legislação vigente em todo o país estabelece a
obrigatoriedade da presença de mata ciliar ao longo da extensão de corpos hídricos e a manutenção
de fragmentos de vegetação garante a sustentabilidade dos recursos hídricos.
O município de Sorocaba apresenta 1998,8 hectares de fragmentos de vegetação em estágio
sucessional médio e avançado isolados, sendo 285,6 hectares em estágio sucessional avançado e
1713,2 hectares em estágio sucessional médio. A Tabela 2 relaciona a área dos fragmentos com a
área do município, classificando-os em maiores e menores que 5ha.
Tabela 2: Dados dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional avançado e médio.
Estágio sucessional
Área total
Área menor ou igual a 5ha
Área maior que 5ha
% da área do fragmento no município
Avançado (ha)
285.6
38.5
247.1
Médio (ha)
1713.2
711.4
1001.8
0.64%
3.82%
N0 de Fragmentos
Avançado Médio
56
670
39
592
17
78
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
71
Esses fragmentos (726 no total) ocupam apenas 4,46% da área total do município,
sendo que a maioria concentra-se na porção leste e sudeste do município. Esses dados
demonstram a necessidade de preservação e conservação desses fragmentos, visto a
importância deles para a sustentabilidade do município. Assim, o uso de indicadores
ou índices se mostra uma alternativa de baixo custo e eficiente no controle e tomada de
decisão visando à proteção desses fragmentos.
Com o auxilio de Sistemas de Informações Geográficas, foi construído um Indicador de
Exposição Antrópico (IEA) visando identificar a pressão antrópica sobre esses fragmentos
e sua sustentabilidade por meio do cálculo dos Índices de Circularidade (IC) e Efeito de
Borda (IEB).
Índice de Circularidade
O índice de Circularidade (IC) é utilizado para demonstrar a característica da forma,
circular ou alongada, de um fragmento de vegetação (VIANA e PINHEIRO, 1998). Nesse
índice não se considera a importância ecológica do fragmento, apenas classifica-o quanto
a sua forma. A equação utilizada é:
onde,
IC = Índice de Circularidade
A = Área do fragmento
P = Perímetro do fragmento
72
Os valores de IC possuem intervalo entre 0 e 1, sendo que os valores que se aproximam
de 1 indicam fragmentos com tendência a uma forma circular, e a medida que este
valor torna-se menor, o fragmento apresenta uma forma mais alongada. Segundo Viana
e Pinheiro (1998), quando esse índice é menor que 0,6 os fragmentos são considerados
“muito alongados”; entre 0,6 e 0,8, “alongados”; e maiores que 0,8, “arredondados”.
Consequentemente, fragmentos muito alongados são mais sujeitos aos efeitos de borda
prejudiciais à conservação ambiental do fragmento.
Foi observado que 62,9% do total dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional
médio e avançado do município apresentam uma característica de forma mais alongada,
tornando-os mais vulneráveis às atividades antrópicas desenvolvidas em seu entorno. Esses
valores encontram-se proporcionalmente divididos entre os dois estágios sucessionais de
vegetação avaliados como pode ser visto na Tabela 3.
Tabela 3: Valores de IC para os estágios sucessionais avançado e médio.
Índice de Circularidade
Estágio Sucessional Avançado
Estágio Sucessional Médio
<=0.6
63.22%
62.89%
>0.6 e <=0.8
21.08%
20.97%
>0.8
15.70%
16.14%
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
73
É importante analisar o entorno dos fragmentos, pois o que determinará a fragilidade
de um fragmento não é somente a sua característica geométrica, mas também as atividades
desenvolvidas no seu entorno, que são mais importantes para determinar a fragilidade do
fragmento do que sua forma geométrica. Assim foi desenvolvido um Índice de Efeito de
Borda para avaliar a pressão das atividades antrópicas no fragmento.
Índice de Efeito de Borda
Para avaliar as atividades antrópicas desenvolvidas entorno do fragmento foi gerado
o Índice de Efeito de Borda (IEB). O IEB é resultante da fragmentação e causa a redução
de habitats e perda de espécies locais em função do aumento do isolamento dos
remanescentes florestais (SAUNDERS, HOBBS e MARGULES, 1991; LAURENCE e YENSEM,
1991). O efeito de borda causado pelo isolamento também é capaz de afetar o microclima
local e as interações abióticas, como mudanças na incidência solar, padrões de umidade e
vento nas bordas dos fragmentos (BARRERA, 2004).
Assim, cada fragmento estudado foi analisado quanto ao efeito de borda causado pela
sua vizinhança limítrofe, estabelecida em quatro grupos de usos do solo: solo exposto,
pastagem, edificações urbanas e/ou comerciais e edificações industriais e áreas agrícolas.
O aspecto de pastagem e/ou solo exposto foi entendido como de menor restrição, quanto
a barreiras físicas impostas pelo meio externo, pois permite que o fragmento se expanda.
Quanto aos aspectos de edificações urbanas e/ou comerciais e edificações industriais e
áreas agrícolas, além de imporem barreiras físicas, elas podem prejudicar os fragmentos
adjacentes através da poluição que emitem.
A esses quatro aspectos foram atribuídos pesos distintos de acordo com seu grau de
importância e de prejuízo para o fragmento (Tabela 4).
Tabela 4: Valores atribuídos aos aspectos considerados.
Uso do Solo
Valores
Solo exposto
0.1
Pastagem
0.2
Residencial
0.3
Industrial e agrícola
0.4
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
74
A partir desses pesos foi construído o Índice de Efeito de Borda (IEB), o qual é resultado
do cálculo da soma dos quatro aspectos, sendo que a soma total do valor desses aspectos
tem um valor máximo igual a 1, que oferece maior restrição a manutenção e conservação
do fragmento de vegetação. A Tabela 5 mostra a distribuição, em porcentagem, dos valores
de IEB para três classes pressão antrópica (baixa, média e alta pressão) sobre fragmentos
de vegetação avaliados.
Tabela 5: Distribuição por classes, em porcentagem, dos valores do Índice de Efeito de Borda dos
fragmentos em estágio avançado e médio.
Índice de Efeito de Borda
Estágio Sucessional Avançado e Médio
<=0.4
Baixa Pressão
38.90%
>0.4 e <=0.7
Média
Pressão
38.90%
>0.7
Alta Pressão
22.20%
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
Os valores do Índice de Efeito de Borda, isoladamente, representam a contribuição das
paisagens do entorno para o seu desenvolvimento ou para a sua estagnação e até mesmo para
o seu desaparecimento. Como o IEB apresenta variação de 0 (baixa pressão) a 1 (alta pressão),
e a maioria dos valores apresentados encontra-se abaixo de 0,7 (baixa e média pressão –
77,8%), apresentam-se em condições de regeneração e manutenção da qualidade ambiental dos
fragmentos; entretanto, 22,2% dos fragmentos encontram-se acima de 0,7, os quais são limitados
e pressionados de forma intensa por diferentes tipos de aspectos afetando o seu entorno ou
limitando o seu crescimento e mudança de estágio sucessional.
Indicador de Exposição Antrópico
O Indicador de Exposição Antrópico (IEA) foi gerado a partir dos Índices de Circularidade e de
Efeito de Borda. A esses índices, foram estipulados pesos referentes à importância de cada um no
fator de sustentabilidade dos fragmentos frente à exposição às atividades antrópicas desenvolvidas
no seu entorno. O IC recebeu peso 1, enquanto que, o Efeito de Borda recebeu peso 2. Como o valor
de IC varia de 0 a 1 sendo 1 a condição de maior proteção, será subtraído 1 do valor do IC, assim o
IEA variará de 0 a 1, sendo que 1 representa o pior cenário de exposição aos efeitos das atividades
antrópicas sobre o fragmento e 0 o cenário de menor pressão das atividades antrópicas. Portanto,
o IEA é a média ponderada dos valores do IC e IEB como mostrado a seguir:
75
onde,
IC = Índice de Circularidade
IEB = Índice de Efeito de Borda
IEA = Indicador de Exposição Antrópico
A Figura 3 (anexo) mostra o mapa do Indicador de Exposição Antrópico para os fragmentos
de vegetação analisados no município de Sorocaba, bem como a porcentagem de fragmentos
de vegetação verificados em cada classe que varia de 0 a 0,4 (baixa exposição), 0,4 a 07 (média
exposição) e acima de 0,7 (alta exposição).
O mapa do Indicador de Exposição Antrópico mostra que 50% dos fragmentos obtiveram valor
de até 0,4, demonstrando que esses fragmentos são poucos pressionados pelos usos do solo no
seu entorno, enquanto 37,5% apresentaram valores entre 0,4 a 0,7 e 12,55% maior que 0,7, que
somados alcançam 50% dos demais fragmentos, e que neste caso essas áreas merecem atenção
especial por estarem limitados e pressionados de forma intensa por diferentes tipos de usos de
solo que afetam o seu entorno limitando o seu crescimento, mudança de estágio sucessional e a
criação de corredores ecológicos, consequentemente, sua manutenção.
A Figura 4 (anexo) mostra um fragmento com valor de IEA acima de 0,7 sobre uma imagem
(foto aérea) na qual é possível observar a presença de mineração, pastagem e área residencial,
além da forte irregularidade na forma do fragmento que tende a ser mais alongado que circular,
características essas que certamente influenciaram no valor de IEA atribuído a esse fragmento,
demonstrando sua validade.
76
Considerações finais
Espera-se que este trabalho possa contribuir efetivamente junto a setores de gestão e
planejamento no âmbito do município na discussão de políticas para a manutenção de importantes
maciços florestais de Sorocaba. A elaboração do Indicador de Exposição Antrópico, que permitiu
classificar a atual situação dos fragmentos florestais em estágio avançado e médio de regeneração, é
um instrumento de fácil compreensão e que pode ser replicado para diferentes áreas e fisionomias
florestais.
Sendo assim, os resultados obtidos apontam para a importância de elaboração de novas políticas
públicas para a preservação dos ambientes florestais da cidade, assim como a definição de novas
áreas específicas de conservação da vegetação e restauração de áreas degradadas, aproveitando
a presença constante dos rios nas áreas dos fragmentos e assim ampliar as áreas de mata ciliar,
consequentemente ampliando a conectividade entre os fragmentos e implantando práticas de
restauração e recuperação das Áreas de Preservação Permanente não só dos rios, como dos lagos
e represas e outras áreas com maior fragilidade.
Por fim, este trabalho procurou demonstrar entre outras as possibilidades de aplicação das
técnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento em estudos focados no auxilio da gestão
e planejamento de políticas públicas voltadas ao meio ambiente.
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78
Capítulo 5
Plantas com flores
e frutos das áreas de vegetação
remanescente do Município de Sorocaba
Ingrid Koch, Eliana Cardoso-Leite, Vilma Palazetti de Almeida, Fiorella Fernanda
Mazine Capelo, Ana Carolina Devides Castello, Larissa Campos Ferreira, Alessandra
Rocha Kortz, Eric Yasuo Kataoka, Samuel Coelho e Maurício Tavares Mota
Resumo
Neste capítulo foram reunidas as informações sobre a ocorrência de espécies de angiospermas
no município de Sorocaba, a partir de fontes diversas, a fim de elaborar uma lista das espécies que
compõem a flora dos remanescentes de vegetação do município, com informações sobre o hábito,
fitofisionomia de ocorrência, região de abrangência e nome popular, indicando também as espécies
nativas que são utilizadas na arborização de ruas, àquelas que constam em listas de espécies
ameaçadas e listando as espécies exóticas presentes nos fragmentos de vegetação remanescente. Os
dados de ocorrência das espécies foram obtidos em estudos florísticos e fitossociológicos realizados
no município e dados sobre espécimes depositados em coleções de herbário. Para cada espécie
considerada na lista final foi relacionado um material testemunho (voucher) e a informação sobre
a coleção em que está depositado. Foram inventariadas 441 espécies, distribuídas em 256 gêneros
e 84 famílias no município e as dez famílias mais representativas foram: Fabaceae, Myrtaceae,
Asteraceae, Rubiaceae, Melastomataceae, Lauraceae, Malvaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e
Apocynaceae, que juntas somaram 52% do total de espécies. A maioria das espécies relacionadas
é arbustiva e/ou arbórea (cerca de 70% dos registros de espécies), seguida pelas herbáceas ou
subarbustivas (22%) e pelas escandentes (8%). Entre as espécies inventariadas para o município,
a maioria ocorre em fitofisionomias variadas (75%) e são amplamente distribuídas no Brasil
(63%), 14% delas são, entretanto, relacionadas somente para o Cerrado (lato sensu), 11 % para a
79
Mata Atlântica, e 11% do total de espécies ocorrem somente nas regiões Sudeste e Sul do país. Do
total de espécies nativas relacionadas, 29 constam em listas de espécies ameaçadas de extinção
e 40 foram encontradas em lista de arborização de ruas. Em lista adicional foram indicadas 20
espécies exóticas, sendo 12 delas consideradas “invasoras”. Apesar de haver um grande número de
espécies no município foi ressaltado que a lista ainda poderá ser aumentada a partir do incremento
de coletas e da inclusão de outros hábitos, além dos arbustivos-arbóreos, nos estudos da flora.
Também foi ressaltada a importância da inclusão das espécies exóticas nos estudos da flora.
Introdução
As plantas com flores e frutos – as angiospermas - são caracterizadas por possuírem óvulos
encerrados em carpelos, que constituem os ovários, e que se desenvolvem em sementes e frutos,
respectivamente. As angiospermas constituem o grupo mais representativo entre as plantas, com
95% de um total de 270.000 espécies estimadas para o globo (JUDD et al., 2009). Especificamente
para o Brasil são relacionadas atualmente 31.944 espécies de angiospermas na Lista de Espécies
da Flora do Brasil (2013) e no Estado de São Paulo foram contabilizadas 7.305 espécies, em 1.476
gêneros e 195 famílias em checklist realizado recentemente (WANDERLEY et al., 2011).
Especificamente para o município de Sorocaba não havia, até então, uma estimativa do
número de espécies, pois o conhecimento sobre a flora se encontrava disperso em fontes diversas,
muitas vezes não publicadas e de circulação bastante restrita. Estas fontes de informação são
principalmente estudos de composição da flora de fragmentos produzidos por pesquisadores
ou alunos das diferentes universidades do município, além de coletas eventuais de espécimes
depositadas em coleções de plantas (herbários) diversas. Entre as coletas depositadas em
herbários existem dados históricos, como as coletas realizadas por integrantes da “Comissão
Geográfica e Geológica” (formada para estudar aspectos do ambiente físico e da biodiversidade
no Estado de São Paulo no período de 1886 a 1931) e por outros botânicos de grande expressão,
como do Instituto de Botânica e do Instituto Florestal que estiveram no município no passado.
Sorocaba localiza-se na região Sudeste do Estado de São Paulo e possui remanescentes de
vegetação de Cerrado e de Floresta Estacional Semidecidual, além de áreas de transição entre estas
duas formações e elementos de Floresta Ombrófila Densa (KRONKA et al., 2005). É considerada
uma zona de tensão entre os biomas “Cerrado” e “Mata Atlântica” (ALBUQUERQUE; RODRIGUES,
2000) e marcada pela heterogeneidade ambiental, principalmente relacionada ao clima e
aos diferentes tipos de solos (VILLELA, 2011), evidenciada pelo encontro entre as diferentes
fisionomias vegetacionais. O clima da região é uma transição de Cwb a Cwa, sendo tropical de
altitude com verão moderadamente quente (KöPEN, 1948) e com temperatura média anual de
aproximadamente 22ºC (CEPAGRI, 2013). A formação pedológica predominante é de Latossolos
Vermelhos, com textura argilosa, e Argissolos Vermelho-Amarelos, de textura argilosa a médiaargilosa (IAC, 1999). Acredita-se, por estas características heterogêneas, que a região seja marcada
por uma biodiversidade bastante elevada.
Neste capítulo objetivamos reunir os dados de ocorrência comprovada de espécies de
angiospermas nas áreas de vegetação remanescentes do município a fim de produzir uma lista de
espécies atualizada, com informações adicionais sobre o tipo de vegetação em que estas ocorrem,
80
a área de abrangência, o hábito, os nomes populares e dados sobre a presença destas espécies em
listas de espécies ameaçadas. Também foram incluídos dados adicionais sobre a utilização dessas
espécies na arborização urbana do município.
O enfoque principal do inventário são as espécies nativas, porém estão relacionadas também
as espécies exóticas, invasoras ou não, comumente encontradas nos fragmentos de vegetação
remanescente do município.
Metodologia
Para reunir os dados foram pesquisados os estudos de florística e de fitossociologia realizados
no município, os dados históricos abordando a flora da região, além de avaliados os espécimes
depositados em coleções de herbário diversas, encontrados por meio do site do speciesLink
(2013), que permite a busca de dados distribuídos em coleções. Além disso, foram examinadas
as coleções de herbário do Centro de Ciências e Tecnologias para a Sustentabilidade da UFSCar,
câmpus Sorocaba (CCTS) e do câmpus de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(HRPUC-SP). Para cada espécie considerada na lista final é relacionado um material testemunho
(voucher) e a informação sobre a coleção em que está depositada.
Na lista geral foram tratadas as espécies nativas (aquelas que ocorrem na região e lá chegaram
sem a interferência humana) e em lista adicional foram disponibilizadas informações sobre as
espécies exóticas (aquelas que ocorrem na região, porém são originárias de outras regiões e lá
chegaram por interferência humana). As espécies exóticas podem ser classificadas ainda como
ocasionais, naturalizadas ou invasoras, termos estes relacionados à capacidade de reprodução e
manutenção de populações destas plantas no local de introdução sem a interferência humana, da
capacidade de se dispersar para áreas distintas do local em que originalmente foram introduzidas,
da capacidade de ampliação da área de ocupação e do tempo relacionado a estes eventos. Assim,
uma espécie exótica ocasional é capaz de se reproduzir na área em que foi introduzida, porém
tende a desaparecer por não ser capaz de manter novas populações sem interferência humana
contínua; a espécie exótica naturalizada é capaz de se reproduzir e manter populações viáveis na
área em que foi introduzida (por pelo menos 10 anos), sem interferência humana, por recrutamento
de sementes ou propagação vegetativa, no entanto, não é capaz de se dispersar para longe destas
áreas; e uma espécie exótica é considerada invasora quando ocorre em ambiente natural ou
perturbado e lá desenvolve altas taxas de crescimento, reprodução e dispersão, ocorrendo sua
colonização em distâncias consideráveis do local de introdução e com capacidade para ocupação
de amplas áreas (RICHARDSON et al., 2000; PYSÉK et al., 2004; MORO et al. 2011).
Para obter dados sobre a origem de uma determinada espécie exótica e avaliar se esta espécie
era ou não considerada invasora foram consultados Richardson e Rejmánek (2011), Carvalho
e Jacobson (2013), Lorenzi (2008) e a base de dados de espécies invasoras do Instituto Hórus
(2013). Quando as espécies não possuíam registro como “invasoras” nestas fontes, porém eram
exóticas, citadas como “daninhas” e comumente observadas ocupando amplas áreas por longo
tempo, foram registradas como “provavelmente invasoras”.
Aquelas espécies conhecidas como “plantas daninhas” não foram abordadas nesta listagem por
este termo estar relacionado a um conceito antropocêntrico, que considera plantas nativas ou
81
exóticas que ocorrem em áreas onde não são desejáveis, geralmente por questões econômicas
(RICHARDSON et al., 2000; PYSÉK et al., 2004; MORO et al., 2011), abordagem que foge ao objetivo
deste estudo.
Espécies nativas que iniciam o processo de sucessão ecológica em áreas degradadas, por
exemplo, são tratadas aqui como colonizadoras (MORO et al., 2011) e tratadas para exemplos
específicos.
Tanto as espécies exóticas como as espécies colonizadoras de pequeno porte são usualmente
ignoradas em estudos florísticos por duas razões principais: 1) nestes estudos são consideradas
somente as espécies nativas; 2) os critérios de inclusão para estes estudos desconsideram os
hábitos herbáceo ou subarbustivo (frequentemente espécies lenhosas com circunferência mínima,
definida a altura do peito, entre 10 e 15 cm). Assim sendo, no município de Sorocaba a maioria
das espécies exóticas e colonizadoras de pequeno porte não está representada nos herbários por
material testemunho. Foram então listadas aquelas frequentemente observadas no campo pelos
autores, sem referência ao material testemunho no caso das invasoras, e citadas as colonizadoras
comuns que não possuíam registros em coleções.
Depois de elaborada a lista de espécies, os nomes foram conferidos e atualizados segundo
bibliografia pertinente ao grupo taxonômico considerado ou a partir da base de dados do
Missouri Botanical Garden (TROPICOS, 2013), da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013) e do
Checklist das Spermatophyta do Estado de São Paulo (WANDERLEY et al., 2011). Os dados estão
apresentados de acordo com a classificação proposta no APG III (2009), disponível no Angiosperm
Phylogeny Website (STEVENS, 2013).
Para caracterizar o hábito (porte) de cada espécie foram consultadas as descrições em
tratamentos taxonômicos ou as anotações em etiquetas de coletas e utilizados os termos definidos
a seguir, adaptados de Simpson (2006) e Judd e colaboradores (2009).
Herbáceas: plantas geralmente de pequeno porte, que não possuem lenho (madeira) e
comumente perdem as partes aéreas após uma estação reprodutiva ou podem ser perenes;
Subarbustivas: plantas de porte geralmente pequeno, que possuem estruturas lenhosas
subterrâneas ou na base de suas partes aéreas, partes estas que podem desaparecer após estação
reprodutiva;
Arbustivas: plantas perenes e lenhosas, com vários caules de circunferências similares,
ramificados desde a base (nível do solo);
Arbóreas: plantas perenes e lenhosas, com um caule principal ramificando somente a partir de
certa distância do solo (fuste distinto);
Escandentes: englobam as plantas com caules delgados e delicados ou robustos, que se
apóiam e se prendem a suportes pelo enrolamento do próprio caule ou com a ajuda de estruturas
especializadas como gavinhas ou raízes, podendo ser perenes ou anuais, herbáceas ou lenhosas
(trepadeiras e lianas).
Para identificar a espécie quanto a seu ambiente preferencial e região de abrangência foram
utilizadas as informações da Lista de Espécies da Flora do Brasil (2013), além da Lista de Espécies
do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Os nomes das fitofisionomias vegetacionais
seguem o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012).
Foram consideradas espécies ameaçadas de extinção aquelas citadas como tal na Lista de
Espécies do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO, 2008), na Lista de Espécies da Flora
Ameaçadas de Extinção do Brasil (BRASIL, 2008) e na Lista Vermelha de Espécies da Flora
82
Ameaçadas de Extinção da IUCN (IUCN, 2013).
As espécies que são utilizadas para arborização urbana foram indicadas a partir da comparação
com a lista gerada pelo estudo da composição florística da arborização urbana de Sorocaba
realizado por Cardoso-Leite e colaboradores (artigo submetido).
Resultados e discussão
A lista de espécies foi elaborada a partir de nove estudos florísticos e fitossociológicos (MOTA,
2001; COELHO, 2008; KORTZ, 2009; MORAES, 2009; SANTOS, 2009; CORRÊA, 2011; SANTOS, 2012;
COELHO, 2013; BELANTONI; VIEIRA, dados não publicados), e o material testemunho destes estudos
está depositado prioritariamente nos herbários da UFSCar – Sorocaba (CCTS) e da PUC - Sorocaba
(HRPUC-SP). Além disso, foram encontrados registros de coleta nos herbários do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro (JBRJ_RB), da Universidade Estadual de Campinas (UEC), do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - USP (ESA), do Instituto de
Botânica (SP), da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), da Universidade Estadual
de Londrina (FUEL), da Universidade Federal de Pernambuco (UFP), Museu Botânico Municipal de
Curitiba (MBM) e do New York Botanical Garden (NYBG_BR).
A partir dos dados reunidos foram contabilizadas 441 espécies de angiospermas no município,
distribuídas em 256 gêneros e 84 famílias (Tabela 1), número que corresponde a cerca de 6%
do número de espécies inventariadas para o Estado de São Paulo, (WANDERLEY et al. 2011).
Considerando que o município de Sorocaba possui 2.463 hectares de vegetação remanescente
(5,6% do território do município), segundo Kronka e colaboradoes (2005), e que este número
corresponde a 0,07% da vegetação remanescente do Estado de São Paulo (3.457.301 hectares,
segundo RODRIGUES et al., 2008), o valor encontrado é representativo, porém deve-se considerar
que existem grupos subamostrados e áreas ainda pouco conhecidas tanto no Estado quanto no
município, e o direcionamento de ações para suprir estas lacunas é essencial.
Como esperado pelos dados conhecidos sobre a biodiversidade de angiospermas, as famílias
mais representativas para o município foram Fabaceae, Myrtaceae, Asteraceae, Rubiaceae,
Melastomataceae, Lauraceae, Malvaceae, Malpighiaceae, Euphorbiaceae e Apocynaceae (Figura 1),
que juntas somam 52% das espécies.
83
Figura 1: Famílias mais representativas em número de espécies ocorrentes no município de Sorocaba.
Pela natureza dos estudos realizados existe uma maior disponibilidade de dados sobre
plantas arbustivas e/ou arbóreas (cerca de 70% dos registros de espécies, 50% deles
especificamente para arbóreas), enquanto os esforços de coleta direcionados a plantas
herbáceas ou subarbustivas (22%) e plantas escandentes (8%) são ainda incipientes.
Entre as espécies inventariadas para o município, 25% são relacionadas como
exclusivas a uma determinada formação vegetacional, mesmo assim geralmente em
sentido amplo, como formações de Cerrado (14%) e de Mata Atlântica (11%) (Figura 2).
Muito frequentemente não são encontradas informações referentes às fitofisionomias
e são relacionados apenas os domínios fitogeográficos em que as espécies ocorrem.
Consideramos que as espécies encontradas em mais do que um domínio se encaixam
na categoria de fitofisionomias “variadas”. Considerando estas espécies e aquelas que
sabidamente ocorrem em formações diversas, a maioria das espécies que ocorrem no
município enquadrou-se na categoria “fitofisionomia = várias” (75%, Figura 2). Da mesma
maneira, a maior parte das espécies que ocorre no município é amplamente distribuída no
Brasil (63%, Figura 3), ocorrendo em todas as regiões geográficas do país (Tabela 1). Logo
a seguir estão representadas as espécies que ocorrem nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e
Sul do país (13%), somente no Sudeste e no Sul (11%) e aquelas que ocorrem do Nordeste
até o Sul (6%), concentradas a Leste do país. Os demais tipos foram pouco representativos
e são colocados em uma categoria única (Figura 3).
84
Mata Atlânica
(Lato sensu)
Cerrado
(Lanto sensu)
Várias
Figura 2 – Espécies encontradas no município de Sorocaba (SP) e sua representatividade por
fitofisionomia.
Apesar de a maior parte das espécies estar classificada como amplamente distribuída
e ser comum a várias fitofisionomias, os dados mostram que há espécies que ocorrem
exclusivamente na região Sudeste ou Sudeste e Sul (11%), que ao menos uma delas é
exclusiva do Estado de São Paulo (Ormosia minor, Tabela 1), e que várias destas espécies
do Sudeste e Sul ocorrem em formações de Mata Atlântica (24 spp., Tabela 1).
Outros
Dados Deicientes
SE e S
NE ao S (Leste)
CO, SE, S
Ampla
Figura 3 – Espécies encontradas no município de Sorocaba e sua representatividade por
região do Brasil.
85
Do total de espécies nativas relacionadas, 31 constam em listas de espécies ameaçadas de
extinção, sendo 13 delas citadas exclusivamente pela IUCN (IUCN, 2013), uma citada somente na
Lista de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira (BRASIL, 2008), 12 apenas na Lista de Espécies
Arbóreas do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO 2008) e 5 citadas em mais de uma das
listas de espécies ameaçadas consultadas (Tabela 1). Seis das espécies listadas foram classificadas
em alguma categoria de ameaça em ao menos uma das listas: Maytenus ilicifolia (Espinheira-santaverdadeira) foi considerada como “presumivelmente extinta” e Myroxylon peruiferum (Bálsamo)
como “Vulnerável” na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo (ESTADO DE SÃO PAULO
2008); Cariniana legalis (Jequitibá-vermelho) e Machaerium villosum (Jacaranda-paulista) foram
consideradas “Vulneráveis” e Cedrela fissilis (Cedro) e Brosimum glaziovii “ameaçadas” pela IUCN
(IUCN, 2013). A principal ameaça para essas espécies é a perda de habitat devido à expansão
da agricultura (AMERICAS REGIONAL WORKSHOP, 1998a; AMERICAS REGIONAL WORKSHOP,
1998b; WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE, 1998, FARIA et al., 2009).
Entre as demais espécies relacionadas nas listas, 10 são consideradas “quase ameaçadas” na
Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo, classificação esta atribuída a espécies que,
embora não apresentem ainda as características consideradas para serem classificadas como
“criticamente em perigo”, “em perigo” ou “vulnerável”, deverão ser incluídas nestas categorias
em futuro próximo pelo que indicam as informações já reunidas (ESTADO DE SÃO PAULO 2008).
Hyptis carpinifolia, única espécie citada somente na Lista de Espécies Ameaçadas da Flora
Brasileira, foi considerada como “deficiente de dados”, o que não a inclui em categoria de ameaça
e nem a exclui por falta de informações que permitam a classificação da espécie (BRASIL, 2008).
As 12 espécies classificadas na categoria “menos preocupante” (Least concern) pela IUCN não
devem ser consideradas como ameaçadas, mas sim como avaliadas e consideradas como “não
ameaçados” (IUCN, 2013). As duas espécies restantes, citadas em mais do que uma das listas, são
classificadas como “quase ameaçadas” na Lista de Espécies Arbóreas do Estado de São Paulo, uma
delas considerada como “menos preocupante” pela IUCN (Copaifera langsdorffii) e a outra como
“deficiente de dados” na Lista de Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira (Brosimum gaudichaudii).
É interessante ressaltar que do total de espécies nativas registradas, 40 são comumente
utilizadas na arborização urbana (CARDOSO-LEITE et al., submetido) e 6 destas estão em alguma
categoria de ameaça (Tabela 1). São elas: Copaifera langsdorfii, Machaerium villosum, Myroxylon
peruiferum, Cariniana estrellensis, Cariniana legalis e Cedrella fissilis. Estes dados ressaltam a
importância de se realizar um planejamento criterioso que inclua espécies nativas nos projetos
de arborização urbana das cidades, pois a arborização urbana pode fornecer micro-habitats
para a avifauna, além de servir como “trampolins ecológicos” entre o meio urbano e manchas de
vegetação nativa (SUAREZ-RUBIO; THOMLINSON, 2009).
Foram inventariadas 20 espécies exóticas entre herbáceas e lenhosas, 12 delas consideradas
“invasoras”, 4 como “prováveis invasoras” e 6 como “prováveis naturalizadas” (Tabela 2), várias
delas registradas como invasoras principalmente em ambientes abertos ou antropizados.
Entre as espécies listadas como invasoras ou prováveis invasoras estão incluídos os famosos
capins “braquiária”, “capim-colonião”, “capim-gordura” e as “tiriricas”, introduzidos para
serem utilizados para forrageio ou de forma acidental, mas também espécies frutíferas como
“mangueiras”, “ameixeiras”, “jaqueiras” e “goiabeiras”, trazidas inicialmente para o consumo
humano e posteriormente dispersas para áreas nativas. Também entre as espécies exóticas
que ocorrem espontaneamente em áreas naturais estão relacionadas espécies de “eucaliptos” e
“leucena”, de hábito arbóreo, cultivadas inicialmente para a produção de madeira, celulose e lenha
86
e para forragem e arborização urbana, respectivamente, e a amplamente distribuída “mamona”,
inicialmente utilizada para a extração de óleo de rícino e para a produção de biodiesel.
Entre as espécies consideradas colonizadoras e sem registros de coleta é importante relacionar
aquelas conhecidas como “picão-preto” (Bidens pilosa L.) e “picão-vermelho” (B. gardneri Baker),
o “gravatá” (Bromelia antiacantha Bertol.), o cipó-urtiga ou cipó-fogo (Dalechampia scandens L.) e
a “taboa” (Typha angustifolia L.).
Os dados apresentados para as espécies exóticas e colonizadoras, porém certamente
subestimam o real número de espécies, e estudos futuros deverão ser direcionados para suprir
estas lacunas de conhecimento.
MORO et al. (2011) destacam a importância da inclusão e distinção de espécies exóticas em
estudos de flora, tanto para embasar programas de controle de exóticas quanto para fornecer
dados que permitam análises ecológicas e biogeográficas elaboradas, considerando que há uma
preocupação cada vez maior com a perda da biodiversidade causada por estas espécies. Os autores
chamam a atenção também para o fato de que listas florísticas que não destacam as espécies
exóticas tendem a “inflar” os resultados sobre o número de espécies de determinada região.
Considerações finais
A partir dos resultados encontrados é possível verificar que há no município um grande
número de espécies, porém há ainda potencial para o aumento desta lista com o direcionamento
de estudos, incluindo hábitos distintos dos arbustivo-arbóreos.
Também é importante ressaltar que informações sobre o ambiente de ocorrência natural das
espécies são essenciais para uma melhor compreensão das suas estratégias de colonização e para
contextualizar a representatividade de cada uma destas espécies para a região, dados estes que
poderão auxiliar na seleção de espécies para projetos de restauração da vegetação.
Foi observado também que algumas das espécies inventariadas constam em listas de espécies
ameaçadas e ocorrem naturalmente no município, sendo inclusive utilizadas em arborização
urbana, em alguns casos, o que pode viabilizar a permanência destas espécies no município a
longo prazo.
É recomendável conduzir estudos mais detalhados sobre as espécies exóticas nas áreas de
ocorrência conhecidas a fim de avaliar o status ou potencial de invasão dessas espécies no município.
Tabela 1. Lista de espécies de plantas com flores e frutos ocorrentes no município de Sorocaba,
Estado de São Paulo. CA: Categoria de Ameaça; AA: Área Antrópica; CA: Campo Aberto; CL: Campo
Limpo; CER: Cerrado; FES: Floresta Estacional Semidecidual; FOD: Floresta Ombrófila Densa; FEP;
MA: Mata Atlântica; AD: Amplamente distribuída; Herbários - CCTS: UFSCar – Sorocaba, HRPUC-SP:
PUC-SP câmpus Sorocaba, JBRJ_RB: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, UEC: Universidade Estadual
de Campinas, IAC: Instituto Agronômico de Campinas; ESA: Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz - USP; SP: Instituto de Botânica, IPA: Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária,
FUEL: Universidade Estadual de Londrina, UFP: Universidade Federal de Pernambuco, MBM:
Museu Botânico Municipal de Curitiba, NYBG_BR: New York Botanical Garden.; *espécies utilizadas
na arborização urbana; BR: Brasil; SE: Sudeste; S: Sul; NE: Nordeste; CO: Centro-oeste; N: Norte;
LE: Leste; RJ: Rio de Janeiro; SP: São Paulo; Dados insuficientes.
87
Táxon
Nome popular
Hábito
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Herbáceo
várias
2732 (CCTS)
BR
Acanthaceae
Aphelandra longiflora
(Lindl.) Profice
(=Geissomeria pubescens
Nees)
Alliaceae
Nothoscordum gracile
(Aiton) Stearn
Alho-bravo,
Cebolinha-decheiro
Herbáceo
várias
36882
(FUEL)
SE, S
Alternanthera brasiliana
(L.) Kuntze
Carrapichinho
Herbáceo
várias
2688
(HRPUC-SP)
BR
Amaranthaceae
Alternanthera pungens
Kunth
Pfaffia jubata Mart.
Anacardiaceae
Lithrea molleoides (Vell.)
Engl.*
Schinus terebinthifolius
Raddi (=Schinus
terebinthifolia Raddi*)
Tapirira guianensis Aubl.
Periquito-deespinho
Aroeira-branca,
Aroeira-brava
Aroeirapimenteira
Aroeirapimenteira
Herbáceo
várias
65781 (SP)
NE, SE, CO, S
NE, SE, CO, S
Herbáceo/
Subarbustivo
CER (lato
sensu)
Arbóreo
várias
248 (CCTS)
várias
494 (CCTS)
Arbóreo
Arbóreo
várias
17843 (SP)
BR
8 (CCTS)
NE, SE, CO, S
BR
10
88
Táxon
Nome popular
Hábito
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Peito-depombo
Arbóreo
Marolo
Arbóreo
Araticum-damata
Arbustivo
MA (lato sensu) 185 (CCTS)
NE, SE, CO, S
Arbóreo
1159
MA (lato sensu) (CCTS), 208
(CCTS)
NE, SE, CO, S
Annonaceae
Annona cacans Warm.*
Annona coriacea Mart.*
Araticum-cagão
Annona dioica A.St.-Hil.
Anona-dioica
Annona crassiflora Mart.
Annona sylvatica A.St.-Hil.
(=Rollinia sylvatica (A. St.Hil.) Mart.)
Duguetia furfuracea
(A.St.-Hil.) Saff.
Duguetia
Guatteria australis A.St.Hil. (=Guatteria nigrescens Pindaúva-preta
Mart.)
Apiaceae
Gravatá-falso,
Eryngium elegans Cham. e
LínguadeSchltdl.
tucano eros
Eryngium horridum
Malme
Apocynaceae
Asclepias aequicornu
E.Fourn.
Asclepias candida Vell.
Asclepias curassavica L.
Aspidosperma
cylindrocarpon Müll.Arg.
Aspidosperma olivaceum
Müll.Arg.
Gravatá-dobanhado
Falsa-erva-derato
Peroba-poca,
Peroba-rosa
Guatambu,
Guatambumirim
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
várias
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
2089
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
861
(HRPUC-SP)
4 (HRPUCSP)
1132 (CCTS)
1408 (CCTS)
BR
BR
BR
Herbáceo
várias
Herbáceo
várias
2771
(HRPUC-SP)
NE, SE, S
Arbustivo
várias
15756 (SP)
NE, SE
várias
482
(HRPUC-SP)
BR
Arbustivo
Herbáceo
Arbóreo
Arbóreo
várias
várias
15982 (SP)
BR
6709 (SP)
277 (CCTS)
MA (lato sensu) 1386 (CCTS)
CO, SE, S
CO, SE
BR
NE, SE, S
11
89
Táxon
Aspidosperma
tomentosum Mart.
Forsteronia velloziana (A.
DC.) Woodson
Hemipogon irwinii
Fontella e Paixao
Mandevilla pohliana
(Stadelm.) A.H. Gentry
Prestonia coalita (Vell.)
Woodson
Prestonia erecta (Vell.)
Woodson
Tabernaemontana
catharinensis A.DC.*
Tabernaemontana hystrix
Steud.
Araliaceae
Dendropanax cuneatus
(DC.) Decne. e Planch.
Schefflera vinosa (Cham. e
Schltdl.) Frodin e Fiaschi
(=Didymopanax vinosus
(Cham. e Schltdl.) Marchal
)
Nome popular
Hábito
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Peroba do
campo
Arbóreo
QA
(SP)
várias
842
(HRPUC-SP)
BR
Jalapavermelha
Leiteiro, Matapasto
Maria-mole
Escandente
Escandente
Subarbustivo
Escandente
Escandente
Arbustivo/
Arbóreo
várias
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
várias
CER (lato
sensu)
várias
11144 (SP)
6707 (SP)
N, CO
184 (CCTS)
BR
995
(HRPUC-SP)
6664 (SP)
483 (CCTS)
NE, SE, CO, S
BR
MA (lato sensu)
2138
(HRPUC-SP)
Arbóreo
várias
492 (CCTS)
CER (lato
sensu)
BR
BR
Arbustivo
Arbustivo
SE, S
NE, SE
1343 (CCTS) NE, SE, CO, S
Arecaceae (Palmae)
Acrocomia aculeata
(Jacq.) Lodd. ex Mart.
Allagoptera campestris
(Mart.) Kuntze
(=Diplothemium
campestre Mart.)
Macaúba,
Palmeiramacaúba
Arbóreo
várias
795
(HRPUC-SP)
BR
Arbóreo
várias
63 (HRPUCSP)
NE, SE, CO, S
12
90
Táxon
Nome popular
Hábito
Jerivá,
Syagrus oleracea (Mart.)
Palmeira-jerivá,
Becc.
Cocogerivá,
(=Syagrus flexuosa (Mart.)
Baba-de-boi,
Becc.)
Jaruvá
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
1045
(HRPUC-SP)
BR
Arbóreo
várias
-
NE, SE, CO, S
Aristolochia arcuata Mast.
Escandente
várias
CO, SE, S
Aristolochia labiata Willd.
Escandente
várias
223512
(JBRJ_RB)
16779 (SP)
CO, SE, S
6168 (SP)
CO, SE, S
Syagrus romanzoffiana
(Cham.) Glassman*
Aristolochiaceae
Jerivá
Asteraceae
(Compositae)
Acmella bellidioides
(Smith in Rees) R.K.
Jansen
Baccharis dracunculifolia
DC.
Baccharis erigeroides DC.
Calea mediterranea
(Velloso) Pruski
Chresta sphaerocephala
DC.
(=Eremanthus
sphaerocephalus (DC.)
Baker)
Chrysolaena desertorum
(Mart. ex DC.) Dematt.
(=Vernonia desertorum
Mart. ex DC.)
Chrysolaena obovata
(Less.) Dematt.
(=Vernonia herbacea
(Vell.) Rusby)
Alecrim
Herbáceo
Arbustivo
Subarbustivo
Herbáceo
Arbustivo
Subarbustivo
Subarbustivo
CA
CER (lato
sensu)
várias
várias
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
1215
(HRPUC-SP)
20 (CCTS)
BR (LE)
CO, SE, S
19609 (IAC)
CO, SE, S
562
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
26036 (IAC)
BR
20790 (IAC)
BR
13
91
Táxon
Nome popular
Chrysolaena simplex
(Less.) Dematt.
(=Vernonia simplex Less.)
Herbáceo
Dasyphyllum brasiliense
(Spreng.) Cabrera
Escandente
Echinocoryne holosericea
(Mart. ex DC.) H.Rob.
(=Vernonia holosericea
Mart.)
Gamochaeta pensylvanica
(Willd.) Cabrera
Gochnatia polymorpha
(Less.) Cabrera*
Gyptis lanigera (Hook. e
Arn.) R.M.King e H.Rob.
(=Eupatorium lanigerum
Hook. e Arn.)
Lessingianthus
bardanoides (Less.) H.
Rob.
(=Vernonia bardanoides
Less.)
Lessingianthus brevifolius
(Less.) H.Rob.
(=Vernonia brevifolia
Less.)
Lessingianthus elegans
(Gardner) H.Rob.
(=Vernonia elegans
Gardner)
Lucilia acutifolia (Poir.)
Cass.
Mikania microcephala DC.
Hábito
Arbustivo
Cambará
CA
Fitofisionomia
CER (lato
sensu)
várias
CER (lato
sensu)
Voucher
Abrangência
20039 (IAC) NE, SE, CO, S
1161 (CCTS) NE, SE, CO, S
20799 (IAC)
NE, SE, CO
BR
Herbáceo
várias
1133 (ESA)
Arbustivo
várias
644
(HRPUC-SP)
Arbóreo
Subarbustivo
Herbáceo
Subarbustivo
Herbáceo
Escandente
várias
180 (CCTS)
CO, SE, S
SE, S
CER (lato
sensu)
1037
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
CER (lato
sensu)
805020
(NYBG_BR)
CER (lato
sensu)
várias
várias
CO, SE, S
20705 (IAC) NE, SE, CO, S
16728 (SP)
SE, S
474 LeitãoFilho
CO, SE, S
14
92
Táxon
Parthenium hysterophorus
L.
Piptocarpha axillaris
(Less.) Baker
Piptocarpha rotundifolia
(Less.) Baker
Praxelis kleinioides
(Kunth) Sch. Bip.
Senecio brasiliensis
(Spreng.) Less.
Nome popular
Vassourãobranco
Candeia
Hábito
Herbáceo
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
30859 (ESA)
BR
Arbóreo
MA (lato sensu)
Herbáceo
várias
Arbóreo
Subarbustivo
Stenocephalum
tragiaefolium (DC.)
Sch.Bip.
(=Vernonia tragiaefolia
DC.)
CA
CER (lato
sensu)
várias
CO, SE
788722
(NYBG_BR)
SE, S
2789
(HRPUC-SP)
BR
60116 (SP)
CO, SE
CER (lato
sensu)
254
(HRPUC-SP)
CO, SE, S
várias
245 (CCTS)
NE, SE, CO, S
Herbáceo
várias
Vernonanthura ferruginea
(Less.) H. Rob.
(=Vernonia ferruginea
Less.)
Arbustivo
Vernonanthura
phosphorica (Vell.) H.Rob.
(=Vernonia polyanthes
Less.)
Subarbustivo
Assa-peixe
Subarbustivo
BR
20263 (IAC)
Trichocline speciosa Less.
Vernonanthura
oligactoides (Less.) H.
Rob.
(=Vernonia oligactoides
Less.)
16274 (SP)
260
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
CO, SE, S
CER (lato
sensu)
Arbustivo
CO, SE, S
1353 (CCTS)
Herbáceo/
Subarbustivo
Vernonanthura ignobilis
(Less.) H.Rob.
(=Vernonia ignobilis Less.)
1123
(HRPUC-SP)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
Bignoniaceae
15
93
Táxon
Nome popular
Fridericia platyphylla
(Cham.) L.G.Lohmann
(=Arrabidaea brachypoda
(DC.) Bureau)
CA
Escandente
Fridericia pulchella
(Cham.) L.G.Lohmann
Voucher
Abrangência
várias
1062
(HRPUC-SP)
BR
15043 (SP)
CO, SE, S
1139 (CCTS)
SE
CER (lato
sensu)
Arbustivo
Ipê amarelo
Fitofisionomia
CER (lato
sensu)
Escandente
Fridericia samydoides
(Cham.) L.G.Lohmann
(=Arrabidaea samydoides
(Cham.) Sandwith)
Handroanthus
chrysotrichus (Mart. ex
DC.) Mattos*
(=Tabebuia chrysotricha
(Mart. ex A. DC.) Standl.)
Hábito
Arbóreo
várias
1325 (CCTS)
NE, SE, S
Arbóreo
várias
1165 (CCTS)
BR
Ipê roxo
Arbóreo
várias
1420 (CCTS) NE, SE, CO, S
Jacaranda caroba (Vell.)
A. DC.
Caroba-docampo
Arbóreo
Pyrostegia venusta (Ker
Gawl.) Miers
Cipó-de-sãojoão
Handroanthus ochraceus
(Cham.) Mattos*
(=Tabebuia ochracea
(Cham.) Standl.)
Handroanthus
umbellatus (Sond.)
Mattos*
(=Tabebuia umbellata
(Sond.) Sandwith)
Zeyheria montana Mart.
Boraginaceae
Cordia americana (L.)
Gottschling e J.S. Mill.
Cordia ecalyculata Vell.
Café-de-bugre
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
Arbustivo
Escandente
Arbóreo
Arbóreo
várias
QA
(SP)
1112
(HRPUC-SP)
NE, SE, CO
1445
(HRPUC-SP)
BR
23 (CCTS)
MA (lato sensu) 11267 (SP)
MA (lato sensu)
2146
(HRPUC-SP)
16
BR
SE, S
NE, SE, S
94
Táxon
Cordia sellowiana Cham.
Cordia trichotoma (Vell.)
Arráb. ex Steud.
Tournefortia paniculata
Cham.
Bromeliaceae
Ananas ananassoides
(Baker) L.B. Sm.
(=Ananas microstachys
Lindm.)
Burseraceae
Protium heptaphyllum
(Aubl.) Marchand
Protium kleinii Cuatrec.
Calophyllaceae
Kielmeyera grandiflora
(Wawra) Saddi
Campanulaceae
Lobelia exaltata Pohl
Nome popular
Hábito
Chá-de-bugre
Arbóreo
Chá de bugre
Breu-brancoverdadeiro
Almecegabranca,
Arméssica,
Arméssicabranca,
Pauterebentina
Pau-santo,
Para-tudo
Cannabaceae
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
2209
(HRPUC-SP)
BR
várias
1425 (CCTS) NE, SE, CO, S
11251 (SP)
BR
Herbáceo
várias
1022
(HRPUC-SP)
BR
Arbóreo
várias
36 (CCTS)
N, NE, SE, CO
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
CER (lato
sensu)
MA (lato sensu) 499 (CCTS)
CER (lato
sensu)
SE, S
199 (CCTS)
N, CO, SE
Herbáceo
MA (lato sensu) 18592 (IAC)
MA (lato sensu) 1093 (CCTS) NE, SE, CO, S
Celtis brasiliensis
(Gardner) Planch. (=Celtis
fluminensis Carauta)
Grão-de-galo
Arbóreo
Trema micrantha (L.)
Blume
Capparaceae
Jameri
Pau-pólvora
Arbóreo
Celtis iguanaea (Jacq.)
Sarg.
CA
Arbóreo
várias
várias
495 (CCTS)
SE, S
BR
469 (CCTS)
BR
17
95
Táxon
Tarenaya spinosa (Jacq.)
Raf.
(=Cleome spinosa Jacq.)
Cardiopteridaceae
Citronella
paniculata (Mart.) R.A.
Howard
Caryocaraceae
Caryocar brasiliense
Cambess.*
Celastraceae
Nome popular
Hábito
Mussambê
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Herbáceo
várias
18238 (SP)
N, NE, SE, CO
Falsacongonheira
Arbóreo
várias
1421 (CCTS)
N, NE, SE, S
Piqui, Pequi
Arbóreo
232 (CCTS)
N, CO, SE, S
1430 (CCTS)
BR
Hippocratea volubilis L.
Maytenus gonoclada Mart.
(=Maytenus robusta
Reissek)
Maytenus ilicifolia Mart.
ex Reissek (=Maytenus
aquifolium Mart.)
Peritassa campestris
(Cambess.) A.C.Sm.
CA
CER (lato
sensu)
Escandente
várias
Cafezinho
Arbóreo
várias
EspinheiraSantaverdadeira
Arbóreo
Plenckia populnea Reissek
(=Austroplenckia
Marmeleiro-dopopulnea (Reissek)
campo
Lundell)
Arbustivo
Arbóreo
EX
(SP)
MA (lato sensu)
várias
Arbóreo
Clethraceae
Clethra scabra Pers.
Combretaceae
Guaperô
Arbóreo
2216
(HRPUC-SP)
229 (CCTS)
NE, SE, S
CO, SE, S
BR
CER (lato
sensu)
1120
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
CER (lato
sensu)
822
(HRPUC-SP)
BR
várias
190 (CCTS)
SE, S
Chrysobalanaceae
Couepia grandiflora (Mart.
e Zucc.) Benth. ex Hook. f.
2168
(HRPUC-SP),
660 (CCTS)
18
96
Táxon
Nome popular
Hábito
Capitão-docerrado,
Terminalia argentea Mart.
Capitãodocampo, Capitão
Convolvulaceae
Ipomoea cairica (L.)
Sweet
Jacquemontia blanchetii
Moric.
Jacquemontia ferruginea
Choisy
Cyperaceae
Kyllinga brevifolia Rottb.
(=Cyperus brevifolius
(Rottb.) Endl. ex Hassk.)
Rhynchospora exaltata
Kunth
Rhynchospora nervosa
(Vahl) Boeckeler
Rhynchospora tenuis
Willd. ex Link
Dilleniaceae
Davilla elliptica A. St.-Hil.
Davilla rugosa Poir.
Ebenaceae
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
1086 (CCTS)
BR
Escandente
várias
1162 (CCTS) NE, SE, CO, S
Escandente
várias
várias
CER (lato
sensu)
Escandente
Guaperê,
Canjiquinha
Cyperus esculentus L.
Cyperus reflexus Vahl
Fitofisionomia
Escandente
Jacquemontia martii
Choisy
Cunoniaceae
Lamanonia ternata Vell.
CA
Arbóreo
Herbáceo
Junquinho,
Tiririca
Herbáceo
várias
LC
(IUCN)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
072337
(UEC)
72336
(UEC)
72337
(UEC)
BR
NE, SE, S
N, NE, SE, CO
657
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
36881
(FUEL)
16267
(UEC)
DI
DI
várias
348
(HRPUC-SP)
BR
Herbáceo
várias
997
(HRPUC-SP)
23171
(UFP)
BR
BR
Escandente
várias
8995 (SP)
BR
Herbáceo
Herbáceo
Arbóreo
Escandente
várias
várias
várias
112850
(ESA)
1163 (CCTS)
BR
N, NE, SE, S
19
97
Táxon
Diospyros hispida A. DC.
Nome popular
Hábito
Caqui-docerrado
Arbóreo
Diospyros inconstans Jacq.
Fruta-de-boi
Arbóreo
Sloanea hirsuta (Schott)
Planch. ex Benth.
(=Sloanea
monosperma Vell.)
Marmelinho
Arbóreo
Fruta-depomba
Arbustivo
Fruta-depomba
Subarbustivo
Elaeocarpaceae
Erythroxylaceae
Erythroxylum cuneifolium
(Mart.) O.E. Schulz
Erythroxylum daphnites
Mart.
Erythroxylum deciduum A.
St.-Hil.
Erythroxylum suberosum
A. St.-Hil.
Euphorbiaceae
Actinostemon concepcionis
(Chodat e Hassl.) Hochr.
Galinha-choca
Actinostemon concolor
(Spreng.) Müll.Arg.
Laranjeira-domato
Alchornea triplinervia
(Spreng.) Müll. Arg.
Pau-jangada
Actinostemon klotzschii
(Didr.) Pax
Croton antisyphiliticus
Mart.
Croton floribundus
Spreng.
Croton lundianus (Didr.)
Müll. Arg.
Branquilho
Capixingui
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
1429 (CCTS)
BR
várias
507 (CCTS)
MA (lato sensu) 1419 (CCTS)
NE, SE, S
60 (CCTS)
CO, SE, S
várias
1102 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
1357 (CCTS) NE, SE, CO, S
Arbóreo
MA (lato sensu)
Subarbustivo
várias
Subarbustivo
várias
Arbóreo
Arbustivo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
várias
BR
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
várias
1388 (CCTS) N, NE, SE, CO
1217
(HRPUC-SP)
656 (CCTS)
BR
N, NE, SE, S
2019
(HRPUC-SP)
N, NE, SE, S
75932 (SP)
BR
2793
(HRPUC-SP)
BR
várias
2101
(HRPUC-SP)
várias
644 (CCTS)
BR
BR
20
98
Táxon
Nome popular
Hábito
Croton urucurana Baill.*
Sangra-d'água
Euphorbia comosa Vell.
Euphorbia potentilloides
Boiss.
Sapium glandulosum (L.)
Morong
Sebastiania brasiliensis
Spreng.
Pau-de-leite,
Leiteira
Leiteiro-defolha-fina
Aeschynomene paniculata
Willd. ex Vogel
Sensitivamansa,
Carrapicho
Albizia niopoides (Spruce
ex Benth.) Burkart *
Angico-branco,
Farinha-seca
Sebastiania
commersoniana (Baill.)
L.B.Sm. e Downs
Fabaceae
(Leguminosae)
Aeschynomene parviflora
Micheli
Anadenanthera peregrina
(L.) Speg.*
(=Anadenanthera falcata
(Benth.) Speg.)
Andira fraxinifolia Benth.
Bauhinia forficata Link
Bauhinia longifolia
(Bong.) Steud.
Calliandra foliolosa Benth.
Branquilho
Angico-domorro, Angicodo-norte,
Angicovermelho
Jacarandá-domato, Angelimdoce
Pata-de-vaca
branca
Pata-de-vaca
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
425
(HRPUC-SP)
BR
Herbáceo
várias
7142 (SP)
Arbustivo
várias
Herbáceo
várias
Arbóreo
Arbóreo
13296 (SP)
1356 (CCTS)
várias
489 (CCTS)
DI
BR
2802
(HRPUC-SP)
Arbóreo
várias
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Subarbustivo
LC
(IUCN)
BR
1355 (CCTS) NE, SE, CO, S
várias
Arbóreo
NE, SE, CO, S
várias
Herbáceo
Herbáceo
NE, SE
várias
13296 (SP)
333 (CCTS)
CO, SE
várias
297
(HRPUC-SP)
BR
várias
302 (CCTS)
NE, SE, CO, S
BR
LC
MA (lato sensu) 261 (CCTS)
(IUCN)
QA
várias
1344 (CCTS)
(SP)
várias
472 (CCTS)
NE, SE, S
BR
CO, SE, S
21
99
Táxon
Camptosema spectabile
(Tul.) Burkart
(=Camptosema
grandiflorum Benth.)
Cassia leptophylla Vogel*
Cassia ferruginea
(Schrad.) Schrad. ex DC.
Centrosema plumieri
(Turpin ex Pers.) Benth.
Chamaecrista nictitans
(L.) Moench
Copaifera langsdorffii
Desf.*
Crotalaria micans Link
(=Crotalaria anagyroides
Kounth.)
Dalbergia brasiliensis
Vogel
Dalbergia frutescens
(Vell.) Britton
Nome popular
Falsobarbatimão
Chuva-de-ouro
Copaíba, Óleo
de Copaíba
Guiso-decascavel,
Chocalho
Caroba-brava
Dalbergia,
Assapuva
Dalbergia miscolobium
Benth.
Caviúna-docerrado,
Sapuvussu
Desmodium incanum DC.
Carrapichobeiço-de-boi,
pega-pega
Desmodium discolor Vogel
Enterolobium
contortisiliquum (Vell.)
Morong*
Hábito
CA
Escandente
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
4441 (UEC)
NE, SE
MA (lato sensu) 157899 (SP)
Arbóreo
Arbóreo
Escandente
várias
2806
(HRPUC-SP)
várias
01190 (SP)
BR
27196 (SP)
BR
várias
309 (CCTS)
BR
Herbáceo
várias
1081 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
1346 (CCTS)
Herbáceo/
LC
Subarbustivo (IUCN)
QA
(SP)
Arbóreo
LC
(IUCN)
Arbóreo
Arbóreo
várias
SE, S
várias
QA
(SP)
CER (lato
sensu)
Carrapichogrande
Herbáceo
Timburi,
Orelha-denegro
Herbáceo
várias
Arbóreo
várias
várias
BR
1352 (CCTS)
SE, S
BR
1068
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
192
Campos,
S.M.
53 (HRPUCSP)
BR
BR
1326 (CCTS) NE, SE, CO, S
22
100
Táxon
Enterolobium
gummiferum (Mart.)
J.F.Macbr.
(=Enterolobium ellipticum
Benth.)
Holocalyx balansae
Micheli
Indigofera asperifolia
Bong. ex Benth.
Nome popular
Hábito
Timburi-docerrado
Arbóreo
Alecrim de
Campinas
Arbóreo
Inga striata Benth.
Ingá de folha
peluda
Inga vera Willd.*
Ingá-quatroquinas, Ingádobrejo
Inga subnuda Salzm. ex
Benth.
Leptolobium elegans Vogel
(=Acosmium subelegans
(Mohlenbr.) Yakovlev)
Leucochloron incuriale
(Vell.) Barneby e J.W.
Grimes
Lonchocarpus cultratus
(Vell.) A.M.G. Azevedo e
H.C. Lima
Lonchocarpus
subglaucescens Mart. ex
Benth.
Machaerium aculeatum
Raddi
Machaerium acutifolium
Vogel
Machaerium brasiliense
Vogel
Perobinha,
Chapadinha,
Sucupirabranco
Chico Pires
CA
Fitofisionomia
CER (lato
sensu)
várias
2228
(HRPUC-SP)
BR
várias
456 (CCTS)
Arbóreo
várias
467 (CCTS)
CO, SE, S
Arbóreo
várias
275 (CCTS)
SE, S
Arbóreo
várias
1327 (CCTS)
BR
Arbóreo
Arbóreo
LC
(IUCN)
LC
(IUCN)
Arbóreo
várias
MA (lato sensu) 1428 (CCTS)
Bico-de-pato
Arbóreo
várias
Arbóreo
várias
Arbóreo
20310 (IAC)
MA (lato sensu) 1400 (CCTS)
Arbóreo
Pau-sangue
19463 (IAC) N, NE, SE, CO
NE, SE, CO, S
Timbó
Bico-de-pato,
Jacarandá-docampo
Abrangência
30661 (SP)
Herbáceo
várias
Voucher
LC
(IUCN)
várias
CO, SE, S
NE, SE, S
BR
SE, S
2807
(HRPUC-SP)
NE, SE, CO
191 (CCTS)
BR
1092 (CCTS)
BR
23
101
Táxon
Machaerium hirtum (Vell.)
Stellfeld*
Nome popular
Hábito
Bico-de-pato
Arbóreo
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
466 (CCTS)
BR
Machaerium
nyctitans (Vell.) Benth.
Bico-de-pato
Arbóreo
várias
2242
(HRPUC-SP)
Machaerium
stipitatum (DC.) Vogel*
Sapuvinea,
sapuva
Arbóreo
várias
Cateretê
Arbóreo
2808
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
Machaerium villosum
Vogel*
Jacarandá
paulista
Arbóreo
Machaerium
paraguariense Hassl.
Machaerium
vestitum Vogel
Macroptilium erythroloma
(Mart. ex Benth.) Urb.
Macroptilium lathyroides
(L.) Urb.
Mimosa bimucronata
(DC.) Kuntze
Mimosa dolens Vell.
(=Mimosa callosa Benth.)
Myroxylon peruiferum L.f*
Ormosia minor Vogel
Parapiptadenia
rigida (Benth.) Brenan*
Piptadenia gonoacantha
(Mart.) J.F.Macbr.*
Cateretê
Feijão-derolinha
Maricá, Angicopreto,
Espinheira-demaricá
Bálsamo,
Sucupirabranca
Angico-amarelo
Pau-jacaré
Arbóreo
Escandente
várias
QA
(SP)
VU
(IUCN)
herbácea
Arbóreo
Arbustivo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
155 (CCTS)
NE, SE, CO, S
várias
2263
(HRPUC-SP)
DD
várias
454 (CCTS)
NE, SE, CO, S
várias
20381 (IAC) NE, SE, CO, S
várias
LC
(IUCN)
várias
VU
(SP)
várias
LC
(IUCN)
NE, SE, S
várias
MA (lato sensu)
MA (lato sensu)
várias
2809
(HRPUC-SP)
BR
070401
(UEC)
CO, SE, S
19700
(UEC)
SP
2030
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
2251
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
2031
(HRPUC-SP)
292 (CCTS)
SE, S
NE, SE, CO, S
24
102
Táxon
Plathymenia reticulata
Benth.
Platypodium elegans
Vogel
Tachigali vulgaris
L.G.Silva e H.C.Lima
(=Sclerolobium
paniculatum Vogel)
Senna macranthera (DC.
ex Collad.) H.S.Irwin e
Barneby
Nome popular
Hábito
Vinhático,
Vinhático-docampo
Arbóreo
Jacarandá-docampo,
Amendoim-docampo
Arbóreo
Veludo
Arbóreo
Fedegoso,
Manduirana
Arbustivo/
Arbóreo
Pau-cigarra,
Aleluieiro,
Aleluia
Arbustivo/
Arbóreo
Barbatimãoverdadeiro
Arbóreo
Sinningia allagophylla
(Mart.) Wiehler
Senna multijuga (Rich.)
H.S.Irwin e Barneby*
Senna rugosa (G.Don)
H.S.Irwin e Barneby
CA
LC
(IUCN)
LC
(IUCN)
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
várias
1073
(HRPUC-SP)
BR
várias
299 (CCTS)
BR
várias
959
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
várias
54546 (ESA)
BR
várias
462 (CCTS)
BR
várias
249
(HRPUC-SP)
1157
(HRPUC-SP)
BR
Hypoxidaceae
Herbáceo
várias
2821
(HRPUC-SP)
CO, SE, S
Hypoxis decumbens L.
Herbáceo
várias
2828
(HRPUC-SP)
BR
Juncus tenuis Willd.
Herbáceo
várias
12425 (SP)
DI
Arbustivo
várias
493 (CCTS)
CO, SE, S
Stryphnodendron
adstringens (Mart.)
Coville
Gesneriaceae
Juncaceae
Lacistemataceae
Lacistema hasslerianum
Chodat
Lamiaceae
Cefezinho
Arbustivo
CER (lato
sensu)
BR
25
103
Táxon
Nome popular
Aegiphila verticillata Vell.
(=Aegiphila lhotskiana
Cham.)
Hyptis althaeifolia Pohl ex
Benth.
Hyptis carpinifolia Benth.
Hábito
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbustivo/
Arbóreo
várias
488 (CCTS)
BR
Arbustivo
várias
499629
(NYBG_BR)
CO, SE, S
Arbustivo
várias
500830
(NYBG_BR)
N, NE, SE, CO
Arbóreo
várias
2830
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
Arbóreo
Arbóreo
Hyptis pulchella Briq.
Arbustivo
Vitex polygama Cham.
Lauraceae
Cryptocarya
aschersoniana Mez
Cryptocarya moschata
Nees e Mart.
Herbáceo
Salva-limão,
Erva-cidreira
Tarumã-docerrado
Canela-batalha,
Canela-branc
Canela
Endlicheria paniculata
(Spreng.) J.F. Macbr.
Canela-do-brejo
Nectandra grandiflora
Nees e Mart. ex Nees
Canela-sebo,
Canela-fedida
Nectandra gardneri
Meisn.
Nectandra lanceolata
Nees e Mart.
Canela, Canelaamarela,Canelaanhuva
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
N, NE, SE, CO
Arbustivo
Hyptis suaveolens Poit.
DD
(BR)
15519 (SP)
Hyptis crinita Benth.
Hyptis microphylla Pohl ex
Benth.
CA
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
CER (lato
sensu)
várias
15499 (SP)
NE, SE, CO
500956
(NYBG_BR)
CO, SE, S
160 (CCTS)
BR
MA (lato sensu)
2043
(HRPUC-SP)
SE, S
várias
272 (CCTS)
BR
várias
várias
várias
várias
195 (CCTS)
BR
2048
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
1338 (CCTS)
491 (CCTS)
SE, S
CO, SE, S
26
104
Táxon
Nectandra megapotamica
(Spreng.) Mez
Nectandra reticulata
(Ruiz e Pav.) Mez
(=Nectandra rigida
(Kunth) Nees)
Ocotea diospyrifolia
(Meisn.) Mez
Ocotea elegans Mez
Ocotea minarum (Nees e
Mart.) Mez
Nome popular
Hábito
Canela-louro,
Canelinha,
Canela-preta
Canela-louro
Canelasassafrás-docampo
Canelavassoura
Ocotea puberula (Rich.)
Nees
Canela-guaicá
Ocotea silvestris Vattimo
Canela-silvestre
Ocotea pulchella (Nees e
Mart.) Mez
Ocotea velloziana (Meisn.)
Mez
Canelinha
Persea venosa Nees e
Mart. ex Nees
Persea willdenovii
Kosterm.*
Laxmanniaceae
Cordyline spectabilis
Kunth e Bouché
Lecythidaceae
Cariniana
estrellensis (Raddi)
Kuntze*
Cariniana legalis (Mart.)
Kuntze*
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
1345 (CCTS)
CO, SE, S
Arbóreo
várias
202 (CCTS)
N, NE, SE, S
Arbóreo
várias
2700
(HRPUC-SP)
N, CO, SE, S
várias
1410 (CCTS)
N, CO, SE
várias
1331 (CCTS)
N, CO, SE, S
várias
1342 (CCTS)
BR
várias
1334 (CCTS)
NE, SE, S
várias
12484 (SP)
CO, SE, S
várias
2302
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
MA (lato sensu) 1351 (CCTS)
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
LC
(IUCN)
Arbóreo
MA (lato sensu)
Arbóreo
várias
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Jequitibábranco
Jequitibávermelho
várias
Arbóreo
Arbóreo
QA
(SP)
QA
(SP)
VU
(IUCN)
várias
2053
(HRPUC-SP)
2703
(HRPUC-SP)
1409 (CCTS)
98 (CCTS)
NE, SE, S
BR
SE, S
SE, S
NE, SE, CO, S
27
105
Táxon
Nome popular
Hábito
Salta-martim
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
1126
(HRPUC-SP)
SE, S
Arbustivo
várias
14228 (SP)
CO, SE, S
Arbóreo
várias
Loganiaceae
Strychnos brasiliensis
(Spreng.) Mart.
Lythraceae
Cuphea polymorpha A.St.Hil.
Diplusodon virgatus Pohl
Lafoensia pacari A.St.-Hil.*
Malpighiaceae
Banisteriopsis
argyrophylla (A.Juss.)
B.Gates
Banisteriopsis campestris
(A. Juss.) Little
Banisteriopsis oxyclada
(A.Juss.) B.Gates
Byrsonima coccolobifolia
Kunth
Byrsonima intermedia
A.Juss.
Byrsonima pachyphylla
A.Juss.
Byrsonimia verbascifolia
(L.) DC.
Dicella bracteosa (A.Juss.)
Griseb.
Galphimia australis
Chodat
Janusia guaranitica (A.St.Hil.) A.Juss.
Mascagnia cordifolia
(A.Juss.) Griseb.
Peixotoa parviflora A.Juss.
Dedaleiro
Arbustivo
Escandente
Cipó-prata
Escandente
Semanera
Arbóreo
Murici
Murici-rasteiro
Escandente
Arbóreo
várias
CER (lato
sensu)
várias
várias
CER (lato
sensu)
várias
953(HRPUCSP)
N, NE, SE, S
502
(HRPUC-SP)
BR
306489 (SP)
BR
1113 (CCTS)
BR
várias
6023 (SP)
várias
Subarbustivo
Arbustivo
NE, SE, CO
BR
várias
Escandente
Subarbustivo
306500 (SP)
56 (CCTS)
CO, SE, S
várias
Arbustivo
N, CO, SE
226 (CCTS)
Subarbustivo
Arbóreo
1087 (CCTS)
36723 (SP)
BR
12102 (SP)
N, NE, SE, S
várias
286000 (SP)
CO, SE, S
várias
57092
(MBM)
várias
11982 (SP)
BR
N, NE, SE, CO
SE, S
28
106
Táxon
Nome popular
Peixotoa reticulata Griseb.
Tetrapterys phlomoides
(Spreng.) Nied.
Malvaceae
Ceiba speciosa (A. St.-Hil.)
Ravenna*
Cienfuegosia affinis
(Kunth) Hochr.
Corchorus hirtus L.
Guazuma ulmifolia Lam.
Hábito
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
CER (lato
sensu)
2834
(HRPUC-SP)
9780 (UEC)
CO, SE, S
NE, SE, CO, S
várias
1090 (CCTS)
BR
Herbáceo
várias
15022
(UEC)
Arbustivo
Escandente
Painera
Mutambo,
Chico-magro
Arbóreo
Arbustivo
Arbóreo
CA
várias
várias
12201 (SP)
NE, SE, CO
várias
1341 (CCTS)
BR
2835
(HRPUC-SP)
BR
Luehea candicans Mart.
Açoita-cavalo
Arbóreo
várias
Luehea divaricata Mart.*
Açoita-cavalo
Arbóreo
várias
2083
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
várias
407048
(NYBG_BR)
CO, SE, S
várias
410696
(NYBG_BR)
CO, SE, S
Luehea grandiflora Mart.*
Pavonia communis A.St.Hil.
Pavonia hastata Cav.
Peltaea polymorpha (A.St.Hil.) Karpov. e Cristóbal
Pseudobombax
grandiflorum (Cav.) A.
Robyns
Sida acrantha Link
Sida cordifolia L.
Sida tuberculata R.E.Fr.
Açoita-cavalo
Tira-estrepe,
malva
Embiruçu-damata, Embiruçu
Malva-branca,
vassourinha
Arbóreo
Herbáceo
Herbáceo
Herbáceo
Arbóreo
Herbáceo
Arbustivo
Herbáceo
várias
471 (CCTS)
BR
MA (lato sensu) 12128 (SP)
várias
SE, S
1115 (CCTS) NE, SE, CO, S
MA (lato sensu) 12157 (SP)
várias
várias
BR
36884
(FUEL)
072308
(UEC)
SE
BR
SE
29
107
Táxon
Sterculia striata A.St.-Hil.
e Naudin
Triumfetta semitriloba
Jacq.
Melastomataceae
Nome popular
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Carrapicho-dacalçada,
Subarbustivo
Carrapicho-deboi
várias
1871 (ESA)
BR
várias
13984 (SP)
BR
Subarbustivo
várias
2841
(HRPUC-SP)
BR
Arbóreo
Acisanthera alsinaefolia
(DC.) Triana
Cambessedesia espora
(A.St.-Hil. ex Bonpl.) DC.
Herbáceo
Leandra aff. refracta Cogn.
Miconia fasciculata
Gardner
Miconia ferruginata DC.
várias
231 (CCTS)
NE, SE, CO, S
Subarbustivo
várias
520899
(NYBG_BR)
BR
Arbóreo
várias
1336 (CCTS)
Arbóreo
Marcetia taxifolia (A.St.Hil.) DC.
Miconia discolor DC.
CO, SE, S
Arbóreo
Macairea radula (Bonpl.)
DC.
Arbóreo
Jacatirão
Pixirica
CA
11432 (SP)
Herbáceo
Leandra aurea (Cham.)
Cogn.
Leandra polystachya
(Naudin) Cogn.
Miconia albicans (Sw.)
Steud.
Miconia chamissois
Naudin
Miconia cinnamomifolia
(DC.) Naudin
Hábito
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
várias
MA (lato sensu) 1119 (CCTS)
várias
várias
várias
14383 (SP)
SE, S
CO, SE, S
29661 (SP)
BR
29657 (SP)
BR
BR
MA (lato sensu) 259 (CCTS)
NE, SE, S
MA (lato sensu) 1348 (CCTS)
NE, SE, S
MA (lato sensu) 1349 (CCTS)
várias
2846
(HRPUC-SP)
CO, SE, S
BR
30
108
Táxon
Miconia ligustroides (DC.)
Naudin
Miconia
minutiflora (Bonpl.) DC.
Miconia pseudonervosa
Cogn.
Miconia rubiginosa
(Bonpl.) DC.
Nome popular
Hábito
Jacatirão-dobrejo
Arbóreo
Miconia
Miconia stenostachya DC.
Miconia theizans (Bonpl.)
Cogn.
Tibouchina granulosa
(Desr.) Cogn.*
Tibouchina stenocarpa
(DC.) Cogn.
Meliaceae
Cabralea canjerana (Vell.)
Mart.
Cedrela fissilis Vell.*
Guarea guidonia (L.)
Sleumer
Guarea kunthiana A.Juss.
Abrangência
982
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
Arbóreo
várias
1424 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
909
(HRPUC-SP)
BR
559 (CCTS)
NE, SE, CO, S
Arbóreo
várias
2708
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
1322 (CCTS)
Manacá
Arbóreo
Arbóreo
MA (lato sensu)
várias
22 (CCTS)
209 (CCTS)
N, CO, SE
Canjerana
Arbóreo
várias
675 (CCTS)
BR
Cedro
Arbóreo
Quaresmeira
Marinheiro,
Cedrão
Arbóreo
Arbóreo
Canjambo
Arbóreo
Alecrim-rosa
Arbóreo
Baga-demorcego
Arbóreo
Trichilia elegans A.Juss.
Catinguazinho
Monimiaceae
várias
Voucher
várias
Marinheira-dobrejo
Trichilia pallida Sw.
Fitofisionomia
Arbóreo
Guarea macrophylla Vahl
Trichilia catigua A.Juss.
CA
Arbóreo
Arbóreo
várias
QA
(SP)
EN
(IUCN)
QA
(SP)
QA
(SP)
QA
(SP)
BR
SE (RJ)
2713
(HRPUC-SP)
BR
várias
1412 (CCTS)
BR
várias
1411 (CCTS)
várias
várias
várias
várias
várias
1416 (CCTS)
BR
1320 (CCTS)
BR
25 (CCTS)
1324 (CCTS)
BR
BR
BR
31
109
Táxon
Mollinedia clavigera Tul.
Mollinedia widgrenii A.DC.
Moraceae
Brosimum gaudichaudii
Trécul
Brosimum glaziovii Taub.
Ficus enormis (Mart. ex
Miq.) Miq.
Maclura tinctoria (L.)
D.Don ex Steud.
Myrtaceae
Blepharocalyx salicifolius
(Kunth) O. Berg
Calyptranthes grandifolia
O.Berg
Campomanesia
guazumifolia (Cambess.)
O.Berg
Campomanesia pubescens
(DC.) O.Berg
Campomanesia
xanthocarpa (Mart.) O.
Berg*
Eugenia bimarginata DC.
Eugenia florida DC.
Eugenia francavilleana
O.Berg
Eugenia hiemalis
Cambess.
Nome popular
Capixim
Maminhacadela
Figueira-dapedra
Amoreirabranca
Maria-preta
Sete-capotes,
Araçá-do-mato
Hábito
Arbustivo/
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Gabiroba,
Guabiroba
Arbustivo
Eugenia
Arbustivo
Guabiroba
Pitanga-preta
CA
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbustivo
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
MA (lato sensu) 1333 (CCTS)
QA
(SP)
DD
(BR)
EN
(IUCN)
SE, S
várias
1332 (CCTS)
CO, SE, S
várias
871
(HRPUC-SP)
BR
várias
55 (CCTS)
SE, S
várias
1339 (CCTS)
várias
2721
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
várias
1329 (CCTS)
NE, SE, S
várias
699 (CCTS)
NE, SE, CO, S
várias
1415 (CCTS)
BR
várias
1413 (CCTS)
várias
496 (CCTS)
MA (lato sensu) 172 (CCTS)
várias
CER (lato
sensu)
666 (CCTS)
252 (CCTS)
MA (lato sensu) 674 (CCTS)
NE, SE, CO
BR
SE, S
BR
NE, SE, CO, S
NE, SE, CO
CO, SE, S
32
110
Táxon
Nome popular
Hábito
Eugenia involucrata* DC.
Cereja-do-riogrande, Cereja,
Cerejeira
Arbóreo
Eugenia livida O. Berg
Eugenia paracatuana
O.Berg
Eugenia
Eugenia pitanga (O. Berg)
Nied.
Eugenia punicifolia
(Kunth) DC.
Eugenia pyriformis
Cambess.
Eugenia uniflora L.*
Myrcia bella Cambess.
Uvaia
Pitanga
Myrcia cf. venulosa DC.
Myrciaria floribunda
(H.West ex Willd.) O.Berg
Myrciaria tenella (DC.)
O.Berg
várias
329662 (SP)
SE, S
várias
663 (CCTS)
CO, SE, S
1418 (CCTS)
BR
CER (lato
sensu)
várias
MA (lato sensu)
Arbustivo
várias
Arbustivo
Arbóreo
Cambuí
Abrangência
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Goiaba-brava
Voucher
várias
Arbóreo
Myrcia hebepetala DC.
Fitofisionomia
Arbustivo
Arbóreo
Myrcia guianensis (Aubl.)
DC.
Myrcia uberavensis O.Berg
Arbustivo
Arbustivo
Myrcia cf. selloi (Spreng.)
N. Silveira
Myrcia multiflora (Lam.)
DC.
Myrcia splendens (Sw.)
DC.
Myrcia tomentosa (Aubl.)
DC.
Subarbustivo
CA
Arbóreo
Arbóreo
Arbustivo
Arbóreo
Arbóreo
várias
CER (lato
sensu)
56689 (SP)
CO, SE
901
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
329660 (SP) NE, SE, CO, S
1481
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
1417 (CCTS) N, NE, SE, CO
1384 (CCTS)
SE, S
várias
1347 (CCTS)
BR
várias
1323 (CCTS)
várias
1385 (CCTS)
várias
1337 (CCTS)
várias
1383 (CCTS) NE, SE, CO, S
MA (lato sensu) 214 (CCTS)
várias
CER (lato
sensu)
várias
171 (CCTS)
SE, S
BR
BR
BR
230 (CCTS)
CO, SE
664 (CCTS)
N, NE, SE, S
BR
33
111
Táxon
Psidium grandifolium
Mart. ex DC.
Psidium guineense Sw.
Nyctaginaceae
Guapira opposita (Vell.)
Reitz
Ochnaceae
Ouratea spectabilis (Mart.
ex Engl.) Engl.
Onagraceae
Ludwigia nervosa (Poir.)
H.Hara
Orchidaceae
Anathallis linearifolia
(Cogn.) Pridgeon e
M.W.Chase
Brasiliorchis consanguinea
(Klotzsch) R.B.Singer et al.
Bulbophyllum exaltatum
Lindl
Capanemia micromera
Barb.Rodr.
Cyrtopodium flavum Link
e Otto ex Rchb.
Epidendrum densiflorum
Lindl.
Oeceoclades maculata
(Lindl.) Lindl.
Orobanchaceae
Melasma stricta (Benth.)
Hassl.
Oxalidaceae
Oxalis cytisoides Mart. ex
Zucc.
Passifloraceae
Nome popular
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Subarbustivo
várias
681 (CCTS)
NE, SE, CO, S
Flor-de-pérola
Arbóreo
várias
1391 (CCTS)
BR
Folha-de-serra
Arbóreo
651 (CCTS)
CO, SE, S
12541
(UEC)
BR
Araçá
Hábito
Arbóreo
Arbustivo
CA
várias
CER (lato
sensu)
várias
662 (CCTS)
BR
Herbáceo
MA (lato sensu) 22489 (SP)
SE, S
Herbáceo
MA (lato sensu) 29991 (SP)
SE
Herbáceo
MA (lato sensu) 27265 (SP)
Herbáceo
Herbáceo
Herbáceo
Herbáceo
Escandente
Herbáceo/
Subarbustivo
CER (lato
sensu)
30512 (SP)
NE, SE, S
várias
80631 (SP)
NE, SE, S
várias
2733
(HRPUC-SP)
BR
várias
CER (lato
sensu)
várias
SE, S
29825 (SP)
BR
15108 (SP)
N, CO, SE
6566 (SP)
BR
34
112
Táxon
Nome popular
Passiflora foetida L.
Passiflora misera Kunth
Passiflora morifolia Mast.
Passiflora organensis
Gardner
Maracujazinhocrespo
Tamanqueiro
Phytolaccaceae
Piperacae
Piper aduncum L.
Piper amalago L.
Piper arboreum Aubl.
Piper mollicomum Kunth
Piper ovatum Vahl
Piper umbellatum L.
Poaceae (Gramineae)
Aristida megapotamica
Spreng.
Voucher
Abrangência
várias
19732 (IAC)
BR
várias
10655 (SP)
CO, SE, S
várias
10646 (SP)
NE, SE, CO, S
Arbóreo
várias
15 (CCTS)
BR
Herbáceo/
Arbustivo
várias
1666 (SP)
BR
Arbóreo
várias
2280
(HRPUC-SP)
NE, SE, S
várias
1392 (CCTS)
BR
várias
1330 (CCTS)
BR
Escandente
Escandente
Escandente
Escandente
Phyllanthus tenellus Roxb.
Seguieria langsdorffii
Moq.
Fitofisionomia
Escandente
Passiflora suberosa L.
Peraceae
Pera glabrata (Schott)
Poepp. ex Baill.*
Phyllantaceae
Hábito
Agulheiro,
Limoeiro
Pimenta-demacaco
Arbustivo/
Subarbustivo
Arbustivo/
Falso-jaborandi
Subarbustivo
Arbustivo/
Subarbustivo
Arbustivo/
Subarbustivo
Arbustivo
CA
várias
10621 (SP)
MA (lato sensu) 19731 (IAC)
várias
várias
várias
1393 (CCTS)
652 (CCTS)
BR
SE, S
BR
BR
1395 (CCTS) N, NE, SE, CO
Arbustivo/
Subarbustivo
várias
1394 (CCTS)
BR
Herbáceo
várias
627743
(NYBG_BR)
NE, SE, CO, S
35
113
Táxon
Chusquea meyeriana Rupr.
ex Döll
Digitaria insularis (L.)
Fedde
Echinolaena inflexa (Poir.)
Chase
Nome popular
Capimamargoso
Eragrostis lugens Nees
Eragrostis polytricha Nees
Paspalum pectinatum
Nees ex Trin.
Polygalaceae
Polygala cuspidata DC.
Polygala hebeclada DC.
Polygonum acuminatum
Kunth
Securidaca lanceolata
A.St.-Hil. e Moq.
Pontederiaceae
Pontederia cordata L.
Primulaceae
Myrsine coriacea (Sw.) R.
Br. ex Roem. e Schult.
Arbustivo
Herbáceo
Fitofisionomia
várias
Herbáceo
várias
Herbáceo
Herbáceo
Herbáceo
Voucher
Abrangência
MA (lato sensu) 257776 (SP)
várias
Herbáceo
Grama-daspedras
CA
Herbáceo
Herbáceo
Olyra glaberrima Raddi
Panicum sellowii Ness
Hábito
222851
(MBM)
1033
(HRPUC-SP)
2376
(JBRJ_RB)
SE, S
BR
NE, SE, CO
NE, SE, CO, S
várias
10146 (SP)
várias
1057
(HRPUC-SP)
9770 (SP)
BR
várias
13670 (SP)
NE, SE, CO
BR
MA (lato sensu) 18593 (IAC)
várias
BR
NE, SE, S
BR
Herbáceo
várias
21964 (IAC) NE, SE, CO, S
Arbustivo
Escandente
várias
várias
454515
(NYBG_BR)
13576 (SP)
NE, SE, S
Herbáceo
várias
12448 (SP)
NE, SE, CO, S
Arbóreo
várias
1108 (CCTS) NE, SE, CO, S
36
114
Táxon
Myrsine guianensis (Aubl.)
Kuntze
(=Rapanea guianensis
Aubl.)
Nome popular
Hábito
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
várias
1242
(HRPUC-SP)
BR
Myrsine umbellata Mart.
(=Rapanea umbellata
(Mart.) Mez.)
Proteaceae
Capororoca
Arbóreo
várias
219 (CCTS)
BR
Roupala montana Aubl.
Cajueiro-bravoda-serra
Arbóreo
várias
1127
(HRPUC-SP)
BR
Arbustivo/
Arbóreo
várias
13952 (SP)
NE, SE, CO, S
Arbóreo
várias
1404 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
BR
Subarbustivo
várias
879
(HRPUC-SP)
Herbáceo
várias
BR
Herbáceo
várias
970
(HRPUC-SP)
Rhamnaceae
Rhamnus sphaerosperma
Sw.
Rosaceae
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Rubus brasiliensis Mart.
Pessegueirobravo, Marmelo
Rubiaceae
Amaioua guianensis Aubl.
Borreria capitata (Ruiz e
Pav.) DC.
Carvoeiro
Borreria tenella (Kunth)
Cham. e Schltdl.
Borreria verticillata (L.)
G.Mey.
Chomelia obtusa Cham. e
Schltdl.
Chomelia pohliana
Müll.Arg.
Chomelia
Subarbustivo
Arbustivo
Arbustivo/
Arbóreo
MA (lato sensu) 645 (CCTS)
CER (lato
sensu)
CER (lato
sensu)
502694
(NYBG_BR)
501748
(JBRJ_RB)
647 (CCTS)
2867
(HRPUC-SP)
NE, SE, CO, S
BR
BR
N, NE, SE, CO
NE, SE, CO
37
115
Táxon
Nome popular
Coccocypselum
lanceolatum (Ruiz e Pav.)
Pers.
Cordiera concolor (Cham.)
Kuntze
Coussarea hydrangeifolia
(Benth.) Müll. Arg.
Coutarea hexandra (Jacq.)
K. Schum.
Declieuxia cordigera Mart.
e Zucc. ex Schult. e
Schult.f.
Falsa-quina
Quineira
Declieuxia fruticosa
(Willd.) Kuntze
Diodella teres (Walter)
Small
Hábito
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Herbáceo
MA (lato sensu)
545
(HRPUC-SP)
BR
Arbóreo
várias
1123 (CCTS)
BR
Arbustivo
CER (lato
sensu)
Arbóreo
MA (lato sensu)
Arbustivo/
Subarbustivo
CER (lato
sensu)
Herbáceo
Subarbustivo
Galianthe brasiliensis
(Spreng.) E.L.Cabral e
Bacigalupo
CA
CER (lato
sensu)
várias
26252 (IAC)
BR
várias
11559 (SP)
várias
275780 (SP)
BR
várias
65038 (SP)
BR
11596 (SP)
N, NE, SE
Palicourea rigida Kunth
Arbustivo
Psychotria carthagenensis
Jacq.
Psychotria lupulina Benth.
Psychotria mapourioides
DC.
Café-do-mato
várias
546
(HRPUC-SP)
Arbóreo
várias
1335 (CCTS)
Arbóreo
várias
112855
(ESA)
Arbustivo/
Subarbustivo
BR
NE, SE, CO, S
Escandente
Arbustivo
554
(HRPUC-SP)
396957
(NYBG_BR)
Manettia cordifolia Mart.
Palicourea marcgravii
A.St.-Hil.
BR
N, CO, SE, S
várias
Arbustivo/
Arbóreo
2286
(HRPUC-SP)
BR
64970 (SP)
Herbáceo
Ixora venulosa Benth.
1423 (CCTS)
várias
CO, SE, S
BR
BR
N, SE (SP)
38
116
Táxon
Randia ferox (Cham. e
Schltdl.) DC.
(=Randia armata (Sw.)
DC.)
Richardia pedicellata
(K.Schum.) Kuntze
Rudgea corymbulosa
Benth.
Rudgea viburnoides
(Cham.) Benth.
Tocoyena brasiliensis
Mart.
Rutaceae
Almeidea lilacina A. St.Hil.
Nome popular
Hábito
Jasmim-domato
Bugre
Genipapinho
Balfourodendron
riedelianum (Engl.) Engl.
Esenbeckia febrifuga (A.
St.-Hil.) A. Juss. ex Mart.
Esenbeckia grandiflora
Mart.*
Mamoninha-domato
Zanthoxylum fagara (L.)
Sarg.
Mamica de
porca
Mamica de
porca
Helietta apiculata Benth.
Zanthoxylum rhoifolium
Lam.*
Zanthoxylum riedelianum
Engl.
Salicaceae
Casearia decandra Jacq.
Pau-marfim
Guaxupita
Canela-deveado, Osso-deburro,
Amarelinho
Mamica-decadela, Mamica
de porca
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbóreo
MA (lato sensu)
SE, S
Herbáceo
várias
2869
(HRPUC-SP)
Arbustivo/
Arbóreo
várias
Arbustivo/
Arbóreo
várias
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
várias
65002 (SP)
502694
(NYBG_BR)
SE
1144 (CCTS) N, NE, SE, CO
573
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
MA (lato sensu) 1403 (CCTS)
MA (lato sensu) 19835 (SP)
várias
CO, SE, S
SE
CO, SE, S
1427 (CCTS) NE, SE, CO, S
Arbóreo
várias
1146 (CCTS)
BR
Arbóreo
Arbustivo/
Arbóreo
várias
12105 (SP)
CO, SE, S
várias
1422 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
1328 (CCTS)
N, CO, SE, S
300 (CCTS)
BR
Arbóreo
Arbóreo
várias
várias
1402 (CCTS)
BR
39
117
Táxon
Nome popular
Casearia gossypiosperma
Briq.
Casearia obliqua Spreng.
Casearia sylvestris Sw.
Xylosma
pseudosalzmannii Sleumer
Allophylus sericeus
(Cambess.) Radlk.
CA
Fitofisionomia
Voucher
Abrangência
Arbustivo/
Arbóreo
várias
646 (CCTS)
BR
Arbóreo
várias
várias
1401 (CCTS)
N, NE, SE, S
Arbustivo/
Arbóreo
várias
1426 (CCTS)
SE, S
Arbóreo
várias
1359 (CCTS)
S, N
Arbóreo
várias
Arco-depeneira,
Camboatã,
Camboatãvermelho
Camboatãbranco,
Camboatã
Arbóreo
Guaçatonga,
Lagarteira
Sapindaceae
Allophylus edulis (A. St.Hil., A. Juss. e Cambess.)
Hieron. ex Niederl.
Hábito
Napoleão
Fruta-depomba
Arbóreo
650 (CCTS)
BR
várias
332
(HRPUC-SP)
1358 (CCTS)
NE, SE, CO
Arbóreo
várias
498 (CCTS)
BR
Correeiro,
Corroeiro
Arbóreo
MA (lato sensu)
várias
417
(HRPUC-SP)
1317 (CCTS)
CO, SE, S
Chrysophyllum
gonocarpum (Mart. e
Eichler ex Miq.) Engl.
Guatambu-deleite, Perobabranca
Arbóreo
várias
BR
Pouteria torta (Mart.)
Radlk.
Aguaí
Arbóreo
2275
(HRPUC-SP)
Guapeva
Arbóreo
Cupania tenuivalvis Radlk.
Cupania vernalis Cambess.
Diatenopteryx
sorbifolia Radlk.
Matayba elaeagnoides
Radlk.
Sapotaceae
Chrysophyllum
marginatum (Hook. e
Arn.) Radlk.
Camboatã-defolha-miúda
Arbóreo
QA
(SP)
várias
várias
62 (CCTS)
2751
(HRPUC-SP)
SE
CO, SE, S
NE, SE, CO, S
BR
40
118
Táxon
Siparunaceae
Siparuna brasiliensis
(Spreng.) A.DC.
Siparuna guianensis Aubl.
Nome popular
Hábito
Erva-de-limão
Arbustivo
Abrangência
MA (lato sensu) 464 (CCTS)
NE, SE, CO
Escandente
várias
327
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
Arbustivo
várias
1399 (CCTS)
BR
ArrebentaCavalo
Subarbustivo
várias
24596 (IAC)
SE, S
Solanum variabile Mart.
Styracaceae
Jurubeba falsa
Arbustivo
MA (lato sensu) 250 (CCTS)
SE, S
Styrax camporum Pohl
Cuia-do-brejo
Arbóreo
Solanaceae
Cestrum schlechtendalii
G.Don
Cestrum strigilatum Ruiz e
Pav.
Solanum aculeatissimum
Jacq.
Solanum
granulosoleprosum Dunal
Styrax ferrugineus Nees e
Mart.
Styrax pohlii A. DC.
Salsaparrilha,
Japicanga
Voucher
465 (CCTS)
Smilax fluminensis Steud.
Arbustivo
Fitofisionomia
várias
Smilacaceae
Limão-bravo
CA
Coerana
Fumo-bravo,
Fumeiro
Laranjinha-docerrado,
Benjoeiro
Turneraceae
Turnera orientalis (Urb.)
Arbo
Urticaceae
Cecropia hololeuca Miq.
Cecropia pachystachya
Trécul*
Embaúba
Embaúbabranca
Arbustivo
várias
Arbustivo
várias
várias
CER (lato
sensu)
Arbóreo
Arbustivo
várias
Escandente
Arbóreo
Arbóreo
QA
(SP)
BR
1398 (CCTS)
BR
365
N, NE, SE, CO
(HRPUC-SP)
474 (CCTS)
BR
649 (CCTS)
N, CO, SE, S
525 (CCTS)
N, NE, SE, CO
várias
14117 (SP)
BR
várias
1321 (CCTS)
NE, SE
várias
2885
(HRPUC-SP)
BR
41
119
Táxon
Verbenaceae
Aloysia virgata (Ruiz e
Pav.) Pers.
Lantana camara L.
Nome popular
Hábito
Lixeira
Arbóreo
Lantana hypoleuca Briq.
Arbustivo
Lippia corymbosa Cham.
Arbustivo
Lippia sidoides Cham.
Subarbustivo
Lippia stachyoides Cham.
Subarbustivo
Stachytarpheta
cayennensis (Rich.) Vahl
Violaceae
Hybanthus atropurpureus
(A.St.-Hil.) Taub.
Vitaceae
Cissus sulcicaulis (Baker)
Planch.
Vochysiaceae
Qualea cordata (Mart.)
Spreng.
Qualea dichotoma (Mart.)
Warm.
Dedaleira-preta
Qualea grandiflora Mart.
Pau-terra
Vochysia tucanorum Mart.
Pau-amarelo
Qualea multiflora Mart.
Arbustivo
CA
Fitofisionomia
várias
várias
várias
CER (lato
sensu)
várias
CER (lato
sensu)
Voucher
Abrangência
1318 (CCTS) NE, SE, CO, S
1319 (CCTS)
7825 (ESA)
BR
CO, SE
1396 (CCTS)
CO, SE
573242
(NYBG_BR)
CO, SE
15665 (SP)
BR
Herbáceo
várias
960
(HRPUC-SP)
Subarbustivo
várias
14173 (SP)
DI
Escandente
várias
13977 (SP)
BR
Arbóreo
várias
537 (CCTS)
NE, SE, S
505 (CCTS)
BR
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
Arbóreo
BR
várias
1020
(HRPUC-SP)
várias
739
NE, SE, CO, S
(HRPUC-SP)
CER (lato
sensu)
várias
CO, SE
1156 (CCTS) NE, SE, CO, S
42
120
Tabela 2. Espécies exóticas invasoras ocorrentes no município de Sorocaba.
Táxon
Anacardiaceae
Mangifera indicaL.
Asteraceae
Emilia forsbergii Nicolson
Bignoniaceae
Tecomastans(L.) Juss. ExKunth
Cucurbitaceae
Momordica charantia L.
Cyperaceae
Cyperus rotundus L.
Euphorbiaceae
Ricinus communis L.
Fabaceae
Cajanus cajan (L.) Huth
Leucaena leucocephala (Lam.)
de Wit
Lamiaceae
Leonurusjaponicus Houtt.
Meliaceae
Melia azedarach L.
Moraceae
Artocarpus heterophyllus Lam.
Myrtaceae
Eucalyptus spp.
Psidium guajava L.
Nome
Popular
Origem
Hábito
Status
Mangueira
Índia
Arbóreo
invasora
Amarelinh
o
América
Central
Arbustivo/
Arbóreo
Ásia
Escandente
India
Herbáceo
Serralha,
bela-emília
Melão-desãocaetano
Tiririca
Mamona
Feijãoguandú
Leucena
Rubim
Ásia
Ásia ou
Africa
Herbáceo
Arbustivo
Provável
naturalizada
invasora
Provável
naturalizada
invasora
invasora
África
Escandente
Provável
naturalizada
Sibéria e
China
Arbustivo
Provável
invasora
invasora
América
Central e
México
Arbóreo
Cinamomo
Leste da Ásia
Índia
Arbóreo
Eucalipto
Austrália
Arbóreo
Provável
invasora
Arbóreo
invasora
Jaca
Goiabeira
Entre o sul
do México e o
norte da
América do
Sul
Arbóreo
invasora
invasora
43
121
Táxon
Nome
Popular
Origem
Hábito
Status
Capimfavorito
África do Sul
Herbáceo
invasora
Capimgordura
África
Herbáceo
Poaceae
Melinis repens (Willd.) Zizka
Megathyrsus maximus (Jacq.)
B.K.Simon e S.W.L.Jacobs
Capimcolonião
Pennisetum glaucum (L.) R.Br.
Milheto
Ameixaamarela
Melini sminutiflora P. Beauv.
Urochloa decumbens (Stapf) R.D.
Webster
Rosaceae
Eriobotrya japonica (Thunb.)
Lindl.
Sapindaceae
Dodonaea viscosa Jacq.
Braquiária
Vassouravermelha
Herbáceo
Provável
invasora
África
Herbáceo
Provável
invasora
Sudeste da
China
Arbóreo
invasora
África
África
África
Herbáceo
Arbustivo
invasora
invasora
Provável
naturalizada
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124
Capítulo 6
Invertebrados terrestres
do Município de Sorocaba
Maria Virgínia Urso Guimarães, Heitor Zochio Fischer, Viviane Aparecida
Rachid Garcia, Luis Gustavo Moreli Tauhyl, Anderson Teixeira Tsukada,
Victor Satoru Saito, Simone Maria Ribeiro, Nelson Silva Pinto
Resumo
Os invertebrados terrestres compreendem 18 filos, dentre os quais Arthropoda, que possui
mais de 1,5 milhão de espécies descritas e Mollusca, que também representa uma diversidade
significativa. As listas vermelhas de espécies ameaçadas possuem uma defasagem de espécies
de invertebrados, pois existe uma lacuna no conhecimento do grupo e, no Estado de São Paulo,
especificamente no município de Sorocaba, essa situação não é diferente. Neste trabalho
apresentamos os registros de espécies no município utilizando diversos bancos de dados. Os
registros foram buscados em coleções científicas, na literatura e em trabalhos depositados nas
bibliotecas universitárias. Foram encontrados apenas três artigos científicos com registros de
espécies para o município e ao todo foram registradas 118 espécies do filo Arthropoda e duas
espécies de Mollusca terrestres. Esses resultados evidenciam a necessidade de novos esforços
para inventariar a fauna de invertebrados local.
Introdução
O ambiente terrestre é um sistema extremamente dinâmico, complexo e altamente heterogêneo,
que permite o desenvolvimento de um grande número de habitats (GARDI e JEFFERY 2009). Tal
ambiente sustenta 18 filos de invertebrados terrestres, 13 predominantemente terrestres e 5
predominantemente marinhos, dos quais os mais representativos pertencem ao filo Arthropoda
(BANDÃO E CANCELLO, 1999), com cerca de 1,5 milhão de espécies descritas. Já o filo Mollusca,
considerado o segundo maior filo com aproximadamente 50.000 espécies viventes (RUPPERT et
al., 2005), é encontrados nos dois ambientes (terrestre e aquático).
125
O levantamento através de coleta também compõe parcela fundamental para obter informações
relevantes sobre a riqueza e a diversidade de organismos em determinado local, como afirmam
VANNOTE et al. (1980); GIANI et al. (1988), DE MARCO JR. et al. (2001). Em ambientes urbanos,
nos quais há influência direta de antropização, a coleta permite obter informações sobre como
e quais os organismos presentes e que, portanto, não são afetados tão diretamente por tais
atividades. Em parques urbanos, há a presença de remanescentes de vegetação e de pequenos
lagos, compondo ambientes propícios a diferentes espécies. Especificamente em lagos, os
organismos mais conspícuos são os insetos que compõem a ordem Odonata. Estudos sugerem
que mesmo ambientes aquáticos criados para outras finalidades podem abrigar uma diversidade
grande destes insetos (De Marco, et al. 2013). Entretanto, para a região, não há levantamento de
Odonata, o que reforça a necessidade de coletas de campo que propiciem, ao menos, uma visão
inicial da diversidade da região.
As atuais listas vermelhas de espécies ameaçadas, nacionais e regionais, incluem 130 espécies
de invertebrados terrestres, dos quais 42% são borboletas. Tais listas são bastante dependentes
do conhecimento disponível e muitos táxons omitidos certamente incluem espécies ameaçadas,
especialmente no Estado de São Paulo, já reconhecido como uma lacuna de conhecimento para
invertebrados (ACCACIO et al., 2008).
No Estado de São Paulo, algumas coleções de referência destacam-se pela importância de seus
acervos, que, no entanto, sempre são especializados em alguns táxons de invertebrados terrestres.
As coleções mais significativas que abrigam acervos com maior quantidade e diversidade de táxons
se encontram no Museu de Zoologia da USP (aracnídeos, insetos, gastrópodes, vermes e miriápodes),
no Instituto Florestal (insetos em geral); na Coleção Entomológica “Adolph Hempel” do Instituto
Biológico (insetos em geral); no Instituto Butantan (artrópodes terrestres, Coleção Acarológica);
no Instituto de Biociências da UNESP/Botucatu (aranhas e insetos); Coleção Entomológica Pe. Jesus
Santiago Moure (DZUP); Coleção de Artrópodes Vetores Ápteros de Importância em Saúde das
Comunidades (Fiocruz-CAVAISC) e na Coleção Entomológica do Instituto Oswaldo Cruz (FiocruzCEIOC). Algumas coleções possuem grande valor pela representatividade dos táxons específicos
em seu acervo, são elas a coleção de Apoidea (Hymenoptera) da Coleção Camargo da FFCLRP da
USP/ Ribeirão Preto, Coleção de Coleoptera do Museu de Zoologia da UNICAMP (ZUEC-COL) e as
coleções de Ichneumonoidea (Hymenoptera) e Geometridae (Lepidoptera) na UFSCar/São Carlos.
Para a cidade de Sorocaba serão apresentados os registros localizados em algumas das coleções
citadas acima, o que vai evidenciar a necessidade de novos esforços para inventariar a fauna de
invertebrados local.
Metodologia
Para a realização deste trabalho foram consultadas três bases de dados:
1. Coleções científicas utilizando a base de dados do Species link, com a palavra-chave
“Sorocaba” no campo “Município”;
2. “ISI Web of Knowledge” e “Scielo” utilizando a palavra-chave “Sorocaba”, “invertebrados,
Sorocaba”, “fauna, Sorocaba” para uma busca regional e integrada;
3. Trabalhos científicos publicados e não publicados (Conclusão de Curso, Iniciação
126
Científica, Mestrado e Doutorado) depositados nas bibliotecas da FCMS-PUC/SP, UNISO, UNIP (campus
Sorocaba), UNESP (câmpus Sorocaba) e UFSCar (câmpus Sorocaba), cujo material coletado
estivesse depositado em alguma coleção científica com número de voucher registrado.
Resultados
Os artigos encontrados nas buscas através das bases de dados do “Thomson IS database” e “Scielo”
e que compõem o check-list são: Teixeira et al. (2008), Silva et al. (2009) e Viviani et al. (2010).
A lista inicial continha 979 registros de fauna e flora com distribuição geográfica no município de
Sorocaba. Após o primeiro filtro para listar somente os invertebrados, foram obtidos 249 registros
do filo Arthropoda, coletados em diversas regiões da cidade listados no SinBiota (Sistema de
Informação do Programa Biota/Fapesp) e depositados nas seguintes coleções: Coleção Acarológica
do Instituto Butantan, Coleção Entomológica “Adolph Hempel” do Instituto Biológico (IB), Coleção
Camargo – FFCLRP/USP, Coleção de Coleóptera do Museu de Zoologia da UNICAMP (ZUEC-COL),
Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure (DZUP), Coleção de Artrópodes Vetores Ápteros
de Importância em Saúde das Comunidades (Fiocruz-CAVAISC) e da Coleção Entomológica do
Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz-CEIOC).
Os 249 registros de artrópodes listados para Sorocaba se referem a 118 espécies (Tabela 1).
127
Figura 1: Riqueza (número de espécies) de invertebrados terrestres por Família, com registro para o município de Sorocaba, SP.
128
Tabela 1: Invertebrados terrestres com registro para o município de Sorocaba, SP.
Classe
Ordem
Família
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Acari
Dermanyssidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Ixodidae
Arachnida
Acari
Ixodidae
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Acari
Acari
Acari
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Ixodidae
Macronyssidae
Tetranychidae
Clubionidae
Corinnidae
Ctenidae
Ctenidae
Linyphiidae
Linyphiidae
Linyphiidae
Lycosidae
Nome Científico
Nome comum
Ácaro
Carrapato
Carrapato
Carrapato Estrela
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato-do-ouriço
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato-de-sapo
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato
Carrapato-de-boi
Carrapato-vermelhoRhipicephalus sanguineus (Latreille, 1806)
do-cão
Micrathena swainsoni (Petrunkevitch, 1911)
Carrapato
Ornithonyssus sylviarum (Canestrini and Fanzago, 1877) Ácaro
Tetranychus sp.
Ácaro
Elaver brevipes (Keyserling, 1891)
Aranha
Corinna sp.
Aranha
Ancylometes rufus (Walckenaer, 1837)
Aranha
Ctenus ornatos (Keyserling, 1877)
Aranha
Exocora sp.
Aranha
Meioneta sp.
Aranha
Sphecozone sp.
Aranha
Aglaoctenus lagotis (Holmberg 1876)
Aranha-lobo
Dermanyssus gallinae (De Geer, 1778)
Amblyomma aureolatum (Pallas, 1772)
Amblyomma auricularium (Conil, 1878)
Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787)
Amblyomma calcaratum (Neumann, 1899)
Amblyomma coelebs (Neumann, 1899)
Amblyomma cooperi (Nuttal e Waburton, 1908)
Amblyomma dissimile (Koch, 1844)
Amblyomma dubitatum (Neumann, 1899)
Amblyomma geayi (Neumann, 1899)
Amblyomma goeldii (Neumann, 1899)
Amblyomma incisum (Neumann, 1906)
Amblyomma longirostre (Koch, 1844)
Amblyomma maculatum (Koch, 1844)
Amblyomma naponense (Packard, 1869)
Amblyomma nodosum (Neumann, 1899)
Amblyomma oblongoguttatum (Koch, 1844)
Amblyomma ovale (Koch, 1844)
Amblyomma pacae (Aragão, 1911)
Amblyomma parvum (Aragão, 1908)
Amblyomma pictum (Neumann, 1906)
Amblyomma rotundatum (Koch, 1844)
Amblyomma sp.
Amblyomma varium (Koch, 1844)
Anocentor nitens (Neumann, 1897)
Aponomma decorosum (Koch, 1867)
Haemaphysalis juxtakochi (Cooley, 1946)
Haemaphysalis kohlsi (Aragão e Fonseca 1951)
Haemaphysalis leporispalustris (Packard, 1869)
Haemaphysalis sp.
Ixodes aragaoi (Fonseca, 1935)
Ixodes loricatus (Neumann, 1899)
Ixodes luciae (Sénevet, 1940)
Ixodides sp.
Rhipicephalus microplus (Canestrini, 1888)
129
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Arachnida
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Araneae
Scorpiones
Scorpiones
Palpimanidae
Salticidae
Sicariidae
Theraphosidae
Theraphosidae
Theraphosidae
Theridiidae
Theridiidae
Zodariidae
Bothriuridae
Buthidae
Chilopoda
Chilopoda
Chilopoda
Insecta
Insecta
Insecta
Scolopendromorpha
Scolopendromorpha
Scolopendromorpha
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Cryptopidae
Scolopendridae
Scolopocryptopidae
Elateridae
Elateridae
Erotylidae
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Insecta
Coleoptera
Lampyridae
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Coleoptera
Diptera
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Lampyridae
Phengodidae
Calliphoridae
Insecta
Diptera
Calliphoridae
Insecta
Diptera
Calliphoridae
Insecta
Diptera
Calliphoridae
Insecta
Insecta
Diptera
Diptera
Calliphoridae
Calliphoridae
Insecta
Diptera
Calliphoridae
Insecta
Insecta
Hemiptera
Hymenoptera
Cimicidae
Apidae
Aranha
Aranha
Aranha-marrom
Tarântula
Tarântula
Tarântula
Aranha
Aranha
Aranha
Escorpião
Escorpião
Marrom
Cryptops sp.
Centopéia
Scolopendra viridicornis Newport, 1844 Centopéia
Dinocryptops miersii (Newport, 1845)
Centopéia
Pyrearinus micatus Costa, 1978
Besouro
Pyrophorus divergens Eschchotz, 1829 Besouro
Brachysphaenus (Iphiclus) intersectus
Besouro
(Duponchel, 1825)
Amydetes fanestratus Hoffmann
Vagalume
Amydetes sp.
Vagalume
Aspisoma lineatum Gyllendal, 1817
Vagalume
Aspisoma physonotum Gorham, 1884
Vagalume
Aspisoma sp. 2
Vagalume
Aspisoma sp. 4
Vagalume
Bicellonychia lividipennis Motschulsky Vagalume
1854
Bicellonychia ornaticollis Blanchard,
Vagalume
1837
Cratomorphus concolor Perty, 1830
Vagalume
Cratomorphus distinctus Oliver, 1895
Vagalume
Cratomorphus gorhami Oliver, 1909
Vagalume
Cratomorphus sp.
Vagalume
Lucidota discoidalis Laporte, 1833
Vagalume
Photinus sp.
Vagalume
Pyrogaster moestus Germar, 1824
Vagalume
Stenophrixohtrix sp.
Besouro
Chrysomyia albiceps (Wiedemann,
Mosca Varejeira
1819)
Chrysomyia megacephala (Fabricius,
Mosca Varejeira
1794)
Chrysomyia putoria (Wiedemann,
Mosca Varejeira
1818)
Hemilucilia segmentaria (Fabricius,
Mosca Varejeira
1805)
Lucilia cuprina (Wiedemann, 1830)
Mosca Varejeira
Lucilia eximia (Wiedemann, 1819)
Mosca Varejeira
Otiothops sp.
Corythalia sp
Loxosceles gaucho (Gerstch, 1967)
Vitalius dubius (Mello-Leitão, 1923)
Vitalius sorocabae (Mello-Leitão 1923)
Vitalius vellutinus (Mello-Leitão 1923)
Therídion sp.
Thymoites sp.
Epicratinus sp.
Ananteris balzanii Thorell, 1891
Tityus bahiensis (Perty, 1833)
Mesembrinella bellardiana Aldrich,
1922
Ornithocoris toledoi (Pinto, 1927)
Partamona helleri (Friese,1900)
Mosca Varejeira
Percevejo
Abelha bocade-sapo
130
Piolho
Mastigador
Insecta
Phthiraptera
Menoponidae
Ciconiphilus pectiniventris (Harrison,
1916)
Insecta
Phthiraptera
Menoponidae
Colpocephalum cristatae Price, 1968
Insecta
Phthiraptera
Menoponidae
Colpocephalum pectinatum Osborn,
1902
Piolho
Mastigador
Piolho
Mastigador
Insecta
Phthiraptera
Menoponidae
Colpocephalum sp.
Piolho
Mastigador
Insecta
Phthiraptera
Menoponidae
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Goniocotes parviceps (Piaget, 1880)
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Goniodes pavonis (Linnaeus, 1758)
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Heptapsogaster sp.
Insecta
Phthiraptera
Philopteridae
Strigiphilus crucigerus Carriker, 1966
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Thysanoptera
Thysanoptera
Thysanoptera
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Thripidae
Thripidae
Thripidae
Aeshnidae
Coenagrionidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Insecta
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Odonata
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Libellulidae
Frankliniella condei John, 1928
Frankliniella sp.
Frankliniella varipes John, 1928
Anax amazili (Burmeister, 1839)
Ischnura capreolus (Hagen, 1861)
Orthemis discolor (Burmeister, 1839)
Miathyria marcela (Selys, 1857)
Erythrodiplax basalis (Kirby, 1897)
Perithemis mooma (Kirby, 1889)
Diastatops intensa (Montgomery,
1940)
Zenithoptera sp.
Erythemis plebeja
Erythrodiplax juliana (Ris, 1911)
Micrathyria hesperis (Ris, 1911)
Tramea binotata (Rambur, 1842)
Erythrodiplax fusca (Rambur, 1842)
Erythrodiplax castanea (Burmeister,
1839)
Insecta
Odonata
Gastrópoda Mesogastropoda
Gastrópoda Basommatophora
Libellulidae
Ampullariidae
Biomphalaria
Piolho
Mastigador
Austrophilopterus cancellosus (Carriker, Piolho
Mastigador
1903)
Degeeriella sp.
Piolho
Mastigador
Kurodaia sp.
Tramea cophysa (Hagen, 1867)
Pomacea Canaliculata
Biomphalaria sp
Piolho
Mastigador
Piolho
Mastigador
Piolho
Mastigador
Piolho
Mastigador
Trips
Trips
Trips
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Libélula
Caramujo
Caramujo
131
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133
134
Capítulo 7
Comunidades fito e zooplanctônica
do Município de Sorocaba
Aline Karen Santana Giron, Welber Senteio Smith, André Cordeiro Alves dos Santos,
Tatiana Cintra Borghi, Albano Geraldo Emílio Magrin, Ana Rita de Cássia Leite
Resumo
O conhecimento da comunidade planctônica é fundamental para se entender o funcionamento
dos ecossistemas aquáticos continentais. Poucos trabalhos foram realizados na área do município
de Sorocaba para identificar esta comunidade, como pode ser observado no levantamento de
dados com o objetivo de avaliar a riqueza das comunidades fito e zooplanctônica dos corpos de
água do município de Sorocaba realizado neste trabalho. Este levantamento resultou em um total
de 179 espécies, sendo 158 de fitoplâncton e 21 de zooplâncton. Esforços maiores devem ser
feitos, tanto para melhorar as identificações infragenéricas como para a observação e identificação
de componentes desconhecidos, como microzooplâncton e nanofitoplâncton, para conseguir uma
melhor visão da biodiversidade destes organismos na cidade de Sorocaba.
135
Introdução
Fitoplâncton
O rio Sorocaba, afluente da margem esquerda do rio Tietê e um dos principais rios do Estado
de São Paulo, é pouco estudado do ponto de vista ficoecológico. O estudo das comunidades algais
é de grande importância para melhor entendimento da estrutura e funcionamento dos rios como
ecossistemas fluviais, uma vez que estas são seus principais produtores primários e base das
cadeias tróficas (ZALOCAR DE DOMITROVIC, 2005). Além disso, o estudo da diversidade ficológica
de uma determinada região abre caminho para novas pesquisas e exploração, como, por exemplo,
o potencial biotecnológico das espécies (ASSUNÇÃO et al., 2011), a possibilidade de seu uso em
aquicultura (SIPAÚBA-TAVARES, ROCHA, 2001) e como bioindicadores ambientais (BELLINGER;
SIGEE, 2010).
Rios calmos ou em seus trechos finais próximos à foz em delta podem desenvolver o que se
conhece como potamofitoplâncton (ROUND, 1983). Já em ambientes lênticos (águas paradas), o
fitoplâncton tende a ser mais exuberante, visto que as condições físicas e químicas geralmente são
mais constantes e sofrem mudanças menos bruscas.
O conhecimento da biodiversidade em ambientes lóticos, acompanhado das condições físicas
e químicas da água, torna-se cada vez mais necessário como base para o monitoramento da
qualidade da água, pois são os sistemas mais afetados pelos efeitos antrópicos (RODRIGUES;
TORGAN; SCHWARZBOLD, 2007). Em razão disso, muito se tem discutido sobre os mecanismos
que controlam a dinâmica espacial e temporal do fitopâncton em rios. Reynolds (2000) enfatiza
que a retenção do canal de escoamento é importante para o recrutamento populacional à jusante,
o que poderia explicar o incremento de biomassa e riqueza ao longo do rio. Para isso, utiliza o
conceito de aggregated dead-zone (ADZ), modelo que parece ser adequado principalmente nos
trechos em que os rios são mais sinuosos e de menor gradiente.
O fitoplâncton é uma comunidade formada pelos organismos fotossintetizantes mais antigos do
planeta Terra com pelo menos clorofila-a, reunindo formas muito simples, unicelulares, coloniais
e filamentosas, com capacidade de flutuar livremente na coluna d’água. Devido a sua capacidade
fotossintética, absorvendo gás carbônico e produzindo oxigênio, é considerada a comunidade
que transformou nossa atmosfera num ambiente propício à evolução das formas de vida mais
complexas, aeróbias e heterotróficas (SCHOPF, 1999). As microalgas que compõem o fitoplâncton
continental pertencem a grupos taxonômicos muito variados e muitas vezes não relacionados
filogeneticamente, compartilhando, no entanto, estratégias de sobrevivência que as fazem ser
consideradas uma comunidade biótica de grande importância ecológica, como já comentado.
De acordo com Reviers (2007), os principais grupos taxonômicos que apresentam componentes
fitoplanctônicos dulciaquícolas são Cyanobacteria (algas azul-esverdeadas procarióticas),
Chlorophyta (algas verdes incluindo algumas carófitas), Euglenophyta (euglenóides flagelados),
Dinophyta (dinoflagelados), Ochrophyta (crisófitas unicelulares com envoltório celular silicoso,
incluindo as diatomáceas, e com envoltório celulósico como as tribofíceas), Cryptophyta
(criptomônadas), além de grupos mais raros e ainda pouco conhecidos.
A maioria destes grupos passa hoje por revisões na sua classificação e sistemática em função de
novos conhecimentos sobre sua filogenia, principalmente em função de métodos biomoleculares
de comparação genômica (CAVALIER-SMITH, 2010).
136
Dentre os fatores reguladores do crescimento do fitoplâncton em lagos estão a radiação solar,
temperatura, micro e macronutrientes, concentração de oxigênio dissolvido, estabilidade física
da coluna de água, competição e herbivoria pelo zooplâncton (REYNOLDS, 2006). A radiação
solar fornece a luz e o calor que conduzem a vários processos bióticos e abióticos no ecossistema
aquático, como processos de estratificação térmica e mistura da coluna de água, influenciando
a distribuição e densidade do fitoplâncton ou ainda fornecendo a radiação fotossinteticamente
ativa (RFA), que permite a realização da fotossíntese por estes organismos. A concentração de
nutrientes, especialmente o nitrogênio, o fósforo e a sílica dissolvida, tem papel fundamental
sobre a produtividade primária do fitoplâncton (REYNOLDS, 1997; ESTEVES, 2011; TUNDISI;
MATSUMURA-TUNDISI, 2008).
Zooplâncton
A comunidade zooplanctônica possui um posicionamento crucial dentro das teias tróficas
aquáticas, que permite seu forte vínculo tanto com os níveis tróficos inferiores (fitoplâncton)
quanto com os superiores (peixes) (SORANNO, CARPENTER, HE, 1985). Este posicionamento faz
do zooplâncton o principal elo de transferência de energia entre estes dois níveis tróficos (ZANATA
E ESPÍNDOLA, 2004; ESKINAZI-SANT´ANNA et al., 2007) e importante recurso alimentar para
outros invertebrados aquáticos e peixes (MELÃO, 1997).
Outra característica que torna a comunidade zooplanctônica importante para a biota aquática
é que, devido aos seus ciclos vitais rápidos, são capazes de sinalizar alterações no ecossistema
aquático, inclusive as resultantes do processo de eutrofização (ESKINAZI-SANT´ANNA et al., op
cit.). Desde a década de 80 discutia-se a possibilidade de utilizar o zooplâncton em programas de
monitoramento da qualidade das águas (PINTO-COELHO, 1987).
Segundo Rocha e Sipaúba-Tavares (1994), os principais representantes do zooplâncton de água
doce são Protista, Rotifera e Crustacea. Este último é representado principalmente pelas classes
Cladocera e Copepoda. Além destes, comumente são encontrados fazendo parte da comunidade
zooplanctônica insetos em sua fase larval que são importantes predadores dos microcrustáceos
(FEDORENKO, 1975; BEZERRA-NETO; PINTO-COELHO, 2002; PERTICARRARI; ARCIFA;
RODRIGUES, 2004; CASTILHO-NOLL; ARCIFA, 2007).
A composição e estrutura da comunidade zooplanctônica depende da combinação entre fatores
bióticos e abióticos (SELLAMI, et al., 2010), mais especificamente de fatores climáticos (GEORGE E
HARRIS, 1985; MELÃO, 1997), hidrológicos (ZANATA E ESPÍNDOLA, 2002; SANTOS-WISNIEWSKI E
ROCHA, 2007; DONG-KYUN, K., et al., 2012), características físicas e químicas (MELÃO, 1997; VÉGAPEREZ E HERNANDES, 1997; FERRÃO-FILHO et al., 2002) da água, disponibilidade e qualidade
de alimento (LE CREN E LOWE-MCCONNELL, 1980; MELÃO, 1997; FERRÃO-FILHO et al., 2003) e
pressão predatória (CRISPIM E BOAVIDA, 2001; STEINER, 2003; CASTILHO-NOLL e ARCIFA, 2007).
Segundo Almeida (2005), a maioria dos trabalhos realizados com a comunidade zooplanctônica
de água doce está concentrada na região Sudeste do Brasil. Apesar disso, a comunidade
zooplanctônica da cidade de Sorocaba era desconhecida até o momento.
Pinese et al. (2012) afirmam que estudos descritivos realizados através da compilação de
dados são necessários em ambientes de água doce para que não haja perda de informações acerca
da diversidade da biota aquática em escala regional e global.
137
Objetivo
Este estudo visa contribuir ao conhecimento da diversidade fito e zooplanctônica do município
de Sorocaba, levando-se em conta ambientes aquáticos lênticos e lóticos, tanto da zona urbana
como rural.
Material e métodos
Área de estudo
O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior
do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). O Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) presente no município, em medições realizadas durante os anos de 2003 a 2007
registraram um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC
e umidade relativa do ar com uma média mensal em torno de 75,4%.
A região de Sorocaba, segundo Koeppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo
caracterizado por um Clima Temperado Chuvoso e Quente com média pluviométrica inferior a 30
mm no mês mais seco, temperaturas médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a
18ºC nos meses mais frios.
Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10)
Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e
industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento,
pastagens naturais e cultivadas na zona rural.
Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do município de Sorocaba encontra-se reduzida e
distribuída em pontos isolados, formando diversos fragmentos de pequeno porte. De acordo com
os dados de Kronka, F. et al. (2005), o município de Sorocaba possui um total de 732.956 hectares
de vegetação nativa, assim constituída: Mata (261.520 hectares), Capoeira (441.617 hectares),
Cerrado (12.617 hectares), Cerradão (2.761 hectares), Campo Cerrado (669 hectares), Vegetação
de Várzea (13.766 hectares) e vegetação não classificada (6 hectares).
A área urbana de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido sul-norte e
depois faz uma curva de quase 90° tomando direção e sentido aproximados de leste-oeste. O rio
é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 quilômetros de
extensão em linha reta e 227 quilômetros, considerando seu leito em seu trajeto natural.
O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu, Sorocamirim
e Una, na sub-bacia 06, do Alto Sorocaba. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi
represado, dando origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna,
Mairinque, Alumínio, Piedade e Votorantim.
Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes,
dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a
porção centro-leste e sudeste do município, sendo responsável por suprir parte do abastecimento
público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal,
138
é o rio Ipanema, e contempla a porção sudoeste do município.
Existem ainda rios e córregos menores, inseridos de alguma forma na área urbana da cidade,
como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari, e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego
Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes,
Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá.
O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma
declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento
(SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente
inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente
nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários,
formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de
forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município
de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando pelos municípios da sub-bacia 03 (Baixo
Sorocaba), até chegar a Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê.
139
Levantamento de dados
Foram reunidas informações disponíveis na literatura, bem como dados dos próprios autores
referentes à composição de espécies de fitoplâncton e zooplâncton do município de Sorocaba,
considerando diversos habitats, como o rio Sorocaba, seus afluentes e lagos de várzea.
Foi realizado um levantamento de informações contidas em monografias e relatórios de iniciação
científica nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba (Pontifícia Universidade
Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal de São Carlos – UFSCarSorocaba), além de artigos em sites de busca Google Acadêmico, Scielo e AlgaeBase.
Resultados e discussão
Fitoplâncton
Lista de espécies do fitoplâncton encontradas
no rio Sorocaba no município
O fitoplâncton do rio Sorocaba é composto por 114 espécies de algas, distribuídas em 10
grupos taxonômicos (Figura 2 - anexo). Em termos de riqueza, os 4 grupos taxonômicos que
predominaram foram: Baccilariophyceae (28,07%), Chlorophyceae (20,18%), Cyanophyceae
(13,16%) e Euglenophyceae (11,40%). A seguir, é apresentada a lista de espécies encontradas no
levantamento realizado.
140
Tabela 1: Táxons de microalgas que fazem parte do fitoplâncton do rio Sorocaba, coletadas na estação
da ponte do Pinga-Pinga, agrupadas de acordo com seus nomes vulgares, grupos taxonômicos e tipos de
talo. U = unicelular. C = colonial. F = filamentoso. CC = colonial cenobial. cf. = conferatum. sp. = espécie não
determinada. Fonte: BORGHI e MAGRIN (em preparação).
Tipo
de
Talo
Achnanthidium minutissimum (Kützing) Czarnecki, 1994
U
Amphipleura cf. lindheimeri Grunow, 1862
U
Amphora cf. ovalis (Kütz.) Kützing, 1928
U
Amphora copulata (Kütz.) Schoem. e Archib., 1986
U
Brachysira sp. Kützing, 1836
U
Caloneis westii (Wm. Smith) Hendey, 1964
U
Coconeis placentula Ehrenberg, 1838
U
Craticula ambigua Ehrenberg, 1838
U
Cymbella affinis Kützing, 1844
U
Diploneis sp. Ehrenberg, 1894
U
Encyonema minutum (Hilse ex Rabenh.) Mann. In Round et al., 1990
U
Encyonema silesiacum (Bleisch in Rabh.) D. G. Mann In Round et al., 1990 U/C
Bacillariophyceae
Encyonema sp.2 Kützing, 1834
U
Eunotia veneris (Kütz.) De Toni, 1892
U
Diatomáceas
Gomphonema brasiliense Grun., 1878
U/C
Gomphonema parvulum (Kütz.) Kützing, 1849
U/C
Gomphonema sp. Ehrenberg, 1832
U
Gomphonema turris Ehrenberg, 1843
U/C
Gyrosigma scalproides (Rabenh.) Cleve, 1894
U
Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow in Cleve e Grunow, 1880
U
Luticola mutica (Kütz.) Mann, In Round et al., 1990
U
Navicula cryptotenella L. B., In Krammer e Lange-Bertalot, 1995
U
Navicula rostellata Kützing, 1844
U
Navicula sp. Bory, 1822
U
Nitzschia palea (Kütz.) W. Smith, 1856
U/C
Pinnularia cf. brauniana (Grun. ex A. Schm.) Krammer, 1992
U
Pinnularia gibba Ehr., 1841 (1843)
U
Pinnularia neomajor Krammer, 1992
U
Pinnularia sp. Ehrenberg, 1843
U
Sellaphora pupula (Kütz.) Mereschk., 1902
U
Stauroneis phoenicenteron (Nitzsch.) Ehrenberg, 1841 (1843)
U
Surirella tenera Gregory, 1856
U
Aulacoseira agassizii (Ostenf.) Simonsen, 1979
F
Aulacoseira ambigua var. ambígua (Grun.) Sim., 1979
F
Aulacoseira ambigua var. ambigua f. spiralis (Sk.) Ludw., 1990
F
Aulacoseira granulata var. granulata (Ehr.) Sim., 1979
F
Coscinodiscophyceae
Cyclotella meneghiniana Kützing, 1844
U/F
Discostella pseudostelligera (Hustedt) Houk e Klee, 2004
U/F
Discostella stelligera (Cleve e Grunow) Houk e Klee, 2004
U/F
Orthoseira roeseana (Rabh.) O'Meara, 1876
U/F
Asterionella
formosa
Hassall,
1855
C
Diatomáceas
Fragilariophyceae
Fragilaria cf. delicatissima (W.Smith) Lange-Bertalot, 1980
U
Nome
vulgar
Grupo
Taxonômico
Táxon
141
Clorófitas
Chlorophyceae
Cianobactérias
Cyanophyceae
Fragilaria sp. Lyngbye, 1819
Staurosirella pinnata (Ehr.) Williams e Round, 1987
Synedra acus Kützing, 1844
Synedra delicatissima W. Smith, 1853
Synedra cf. rumpens Kützing, 1844
Synedra sp. Ehrenberg, 1830
Ulnaria ulna (Nitz.) Compere, 2001
Ankistrodesmus sp. Corda, 1838
Chlamydomonas sp. Ehrenberg, 1833
Coelastrum cf. microporum Nägeli in A.Braun, 1855
Coelastrum cf. pulchrum Schmidle, 1892
Desmodesmus cf. opoliensis (P.G.Richter) E.Hegewald, 2000
Desmodesmus cf. spinosus (Chodat) E.Hegewald, 2000
Dictyosphaerium ehrenbergianum Nägeli, 1849
Dictyosphaerium pulchellum H.C.Wood, 1873
Franceia cf. javanica (Bernard) Hortobágyi, 1962
Micractinium bornhemiense (W.Conrad) Korshikov, 1953
Monoraphidium cf. longiusculum Hindák, 1984
C
U/C
U
U
U/C
U/C
U
C
U
CC
CC
CC
CC
C
C
U
C
U
Pandorina morum (O.F.Müller) Bory de Saint-Vincent in Lamouroux, Bory de
Saint-Vincent e Deslongschamps, 1824
U
Pediastrum duplex Meyen, 1829
Pediastrum simplex Meyen, 1829
Pediastrum tetras (Ehrenberg) Ralfs, 1845
Scenedesmus acuminatus (Lagerheim) Chodat, 1902
Scenedesmus arcuatus (Lemmermann) Lemmermann, 1899
Scenedesmus cf. bernardii G.M.Smith, 1916
Scenedesmus cf. longispina R.Chodat, 1913
Scenedesmus javanensis Chodat, 1926
Selenastrum gracile Reinsch, 1866
Tetraedron trigonum (Nägeli) Hansgirg, 1888
Tetrallantos lagerheimii Teiling, 1916
Anabaena cf. planctonica Brunnthaler, 1903
Anabaena spiroides Klebahn, 1895
Aphanizomenon sp. A.Morren ex Bornet e Flahault, 1888
Aphanocapsa sp. Nägeli, 1849
Aphanothece sp. Nägeli, 1849
Cylindrospermopsis cf. raciborskii (Woloszynska) Seenayya e Subba Raju,
1972
Geitlerinema sp. (Anagnostidis e Komárek) Anagnostidis, 1989
Microcystis sp. Kützing ex Lemmermann, 1907
Leptolyngbya perelegans (Lemmermann) Anagnostidis e Komárek, 1988
Planktolyngbya cf. limnetica (Lemmermann) J.Komárková-Legnerová e
G.Cronberg, 1992
Planktothrix sp. Anagnostidis e Komárek, 1988
Pseudanabaena cf. catenata Lauterborn, 1915
Pseudanabaena cf. galeata Böcher, 1949
Snowella cf. lacustris (Chodat) Komárek e Hindák, 1988
Spirulina cf. princeps West e G.S.West, 1902
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
C
U
C
F
F
F
C
C
F
F
C
F
F
F
F
F
C
F
142
Crisófitas
Chrysophyceae
Dinoflagelados
Dinophyceae
Euglenóides
Euglenophyceae
Tribofíceas
Xantophyceae
Carófitas
Zygnematophyceae
Mallomonas sp. Perty, 1852
Synura sp. Ehrenberg, 1834
Ceratium cf. furcoides (Levander) Langhans, 1925
Gymnodinium sp. Stein, 1878
Peridinium sp.1 Ehrenberg, 1830
Peridinium sp.2 Ehrenberg, 1830
Euglena acus (O.F.Müller) Ehrenberg, 1830
Euglena sp. Ehrenberg, 1830
Lepocinclis cf. fusiformis (H.J.Carter) Lemmermann, 1901
Lepocinclis cf. ovum (Ehrenberg) Minkevich, 1899
Phacus cf. pleuronectes (O.F.Müller) Nitzsch ex Dujardin, 1841
Phacus cf. tortus (Lemmermann) Skvortzov, 1928
Phacus contortus Bourrelly, 1952
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin, 1841
Phacus sp. Dujardin, 1841
Phacus triqueter (Ehrenberg) Perty, 1852
Trachelomonas cf. cervicula A.Stokes, 1890
Trachelomonas cf. raciborskii Woloszynska, 1912
Trachelomonas cf. hispida (Perty) F.Stein, 1878
Isthmochlorum gracile (Reinsch) Skuja, 1948
Tetraplektron sp. Fott, 1957
Cosmarium sp. Corda ex Ralfs, 1848
Staurastrum cf. rotula Nordstedt, 1869
Staurastrum cf. tetracerum Ralfs ex Ralfs, 1848
Staurastrum sp. Meyen ex Ralfs, 1848
Staurodesmus cf. dejectus (Brébisson) Teiling, 1967
Staurodesmus cf. phimus (W.B.Turner) Thomasson, 1959
U
C
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
143
Lista de gêneros do fitoplâncton
encontradas no córrego da Campininha
O levantamento realizado resultou em 7 grupos taxonômicos, distribuídos em 8 táxons
de Bacillariophyceae, 2 de Fragilariophyceae, 5 de Chlorophyceae, 2 de Cyanophyeceae, 1
de Chrysophyceae, 4 de Euglenophyceae e 1 de Zygnematophyceae.
Tabela 2: Gêneros do fitoplâncton inventariados no córrego da Campininha, agrupadas de acordo com
seus nomes vulgares, grupos taxonômicos e tipos de talo. U = unicelular. C = colonial. F = filamentoso. CC =
colonial cenobial. cf. = conferatum. sp. = espécie não determinada. Fonte: SMITH, et. al. (em preparação).
Nome vulgar
Grupo Taxonômico
Bacillariophyceae
Diatomáceas
Fragilariophyceae
Clorófitas
Chlorophyceae
Cianobactérias
Cyanophyceae
Crisófitas
Chrysophyceae
Euglenóides
Carófitas
Euglenophyceae
Zygnematophyceae
Táxon
Diadesmis sp. Kützing, 1844
Eunotia sp. Ehrenberg, 1837
Frustulia sp. Rabenhorst, 1853
Gomphonema sp. 1 Ehrenberg, 1832
Gomphonema sp. 2 Ehrenberg, 1832
Surirella sp. Turpin, 1828
Pinnularia sp. 1 Ehrenberg, 1843
Pinnularia sp. 2 Ehrenberg, 1843
Fragilaria sp. Lyngbye, 1819
Staurosira sp. Ehrenberg, 1843
Tetrallantos sp. Teiling, 1916
Monoraphidium sp. Komárková-Legnerová, 1969
Ankistrodesmus sp. Corda, 1838
Desmodesmus sp. (Chodat) S.S.An, Friedl e
Hegewald, 1999
Tipo de Talo
U
U
U
U
U
U
U
U
U
U
C
U
C
CC
Tetrallantos sp. Teiling, 1916
Pseudoanabaena sp. Lauterborn, 1915
Phormidium sp. Kützing ex Gomont, 1892
Ochromonas sp. Wysotzki, 1887
Euglena sp. Ehrenberg, 1830
Euglena sp.2 Ehrenberg, 1830
Trachelomonas sp. Ehrenberg, 1835
Strombomonas sp. Deflandre, 1930
Cosmarium subspeciosum Nordstedt, 1875
C
F
F
U
U
U
U
U
U
Além destes, foi também considerado o registro de 21 táxons fitoplanctônicos no levantamento
realizado no plano de Manejo do Parque da Biodiversidade de Sorocaba (SMITH et al., dados não
publicados).
144
Zooplâncton
Foi registrado um total de 21 espécies, sendo sete de Protista, oito de Rotifera, cinco de
Cladocera e uma de Copepoda (Tabela 3). Exceto para Acanthocystis sp., para todas as espécies
já havia registro de ocorrência para outros corpos de água do Estado de São Paulo (LUCINDA et
al., 2004; NEGREIROS et al., 2009; REGALI-SELEGHIM et al., 2011; ROCHA et al., 2011; SILVA e
MATSUMURA-TUNDISI, 2011).
Tabela 3: Lista de espécies zooplanctônicas registradas para o município de Sorocaba. Fonte: Leite
e Smith (dados não publicados); Plano de Manejo do Parque Natural Corredores de Biodiversidade
de Sorocaba (2012).
Eukaryota
Amoebozoa
Tubulinea
Arcellinida
Archamoebae
Stramenopiles
Centroheliozoa
Opisthokonta
Metazoa
Rotifera
Arcellina
Arcellidae
Difflugina
Difflugiidae
Arcella discoides Ehrenberg, 1843
Arcella sp. Ehrenberg, 1832
Difflugia pyriformis Perty, 1849
Difflugia sp. Leclerc, 1815
Pelomyxidae
Pelomyxa sp. Greef, 1874
Actinophryidae
Actinophrys sp. Ehrenberg, 1830
Acanthocystidae
Acanthocystis sp. Carter, 1863
Flosculariacea
Filinidae
Ploimida
Brachionidae
Lecanidae
Synchaetidae
Trichotriidae
Mytilinidae
Arthropoda
Cladocera
Bosminidae
Daphniidae
Sididae
Copepoda
Cyclopidae
Filinia sp. Bory de St. Vincent, 1824
Brachionus sp. Pallas, 1766
Keratella cochlearis Gosse, 1851
Keratella sp. Bory de St. Vincent, 1822
Lecane sp. Nitzsch, 1827
Polyarthra sp. Ehrenberg, 1834
Trichotria sp. Bory de St. Vincent, 1827
Mytilina sp. Cantraine, 1837
Bosmina sp. Baird, 1845
Ceriodaphnia sp. Dana, 1853
Daphnia sp. O. F. Müller, 1785
Simocephalus sp. Eschoedler, 1858
Diaphanosoma sp. Fischer, 1854
Eucyclops sp. Claus, 1893
145
Considerações finais
Os estudos quanto à composição do fitoplâncton e do zooplâncton são escassos para os corpos
hídricos do município de Sorocaba. Os estudos taxonômicos descritivos são base para se obter
informações acerca da composição de espécies que, juntamente com outros dados, podem indicar
o estado de desenvolvimento dos diferentes ambientes.
Dados, como os que foram reunidos neste trabalho, se configuram como um primeiro passo para
estudos sistêmicos a serem implementados posteriormente nesses sistemas fluviais, uma vez que
uma boa base taxonômica é essencial e desejada para seu correto entendimento e caracterização
ecológica.
Desta forma, a realização de inventários deste cunho é base para o conhecimento integrado dos
diferentes ecossistemas, que buscam orientar e dar subsídio para a tomada de decisões visando à
conservação, ao manejo e ao uso adequado e racional da água, que são, em outras palavras, a tão
almejada sustentabilidade dos recursos renováveis do nosso país.
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148
Capítulo 8
Macroinvertebrados bentônicos
do Município de Sorocaba
Welber Senteio Smith, Ricardo Hideo Taniwaki, Viviane Aparecida
Rachid Garcia, Cristina Canhoto, Cecília Maria de Paula
Resumo
Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios
autores referentes à composição de espécies de macroinvertebrados bentônicos do município de
Sorocaba. Com base nos dados levantados, foi possível concluir que a fauna de macroinvertebrados
bentônicos presentes no município de Sorocaba é composta principalmente por organismos com
alta e média tolerância à poluição, evidenciando a influência da antropização na qualidade da água
do município. A partir dos estudos realizados, a comunidade de macroinvertebrados bentônicos
mostrou um grande potencial para o biomonitoramento dos recursos hídricos da região, sendo
esta juntamente com a avaliação de parâmetros estruturais, uma alternativa viável para guiar
programas estratégicos de conservação dos recursos hídricos do município de Sorocaba.
149
Introdução
Os organismos que habitam os ecossistemas aquáticos apresentam diversas adaptações
evolutivas e limites de tolerância a determinadas condições ambientais. Estes limites de tolerância
variam de espécie para espécie, em que alguns organismos apresentam maior tolerância e outros
são intolerantes às mais diversas alterações nos ecossistemas (ALBA-TERCEDOR, 1996). Dessa
forma, é importante compreendermos o comportamento das espécies na sua seleção de habitats,
sua interação com as outras espécies e a tolerância de cada população às variações físicas e químicas
do ambiente (TUNDISI e MATSUMURA TUNDISI, 2008), para que, a partir desse conhecimento,
seja possível verificar como as ações antrópicas interferem na estrutura e funcionamento dos
ecossistemas e também identificar organismos que possam ser utilizados como bioindicadores
das diversas condições ambientais.
Os organismos mais comumente utilizados para avaliar impactos ambientais em ambientes
aquáticos são os macroinvertebrados bentônicos, peixes e a comunidade perifítica. Dentre estes
grupos, as comunidades de macroinvertebrados bentônicos têm sido utilizadas constantemente
para a avaliação de impactos ambientais e no monitoramento biológico. Macroinvertebrados
bentônicos são organismos que habitam o fundo de ecossistemas aquáticos durante parte ou a
totalidade do seu ciclo de vida, associado aos mais diversos tipos de substratos, tanto orgânicos
como inorgânicos (GOULART e CALLISTO, 2003).
O uso de bioindicadores é sustentado pela legislação dos Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97,
que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos), que tem como um de seus preceitos “considerar que a saúde e o bem-estar
humanos, bem como o equilíbrio ecológico aquático, não devem ser afetados como consequência
da deterioração da qualidade das águas”, justificando a necessidade da avaliação das comunidades
biológicas para a manutenção da integridade dos ecossistemas aquáticos (SILVEIRA et al. 2004).
Os macroinvertebrados bentônicos são encontrados em quase todos os tipos de habitats
de água doce e, em diferentes condições ambientais (ESTEVES, 1988), são eficientes para o
monitoramento e a avaliação de impactos ambientais e atividades antrópicas em ecossistemas
aquáticos continentais, pois apresentam diferentes sensibilidades a vários poluentes reagindo
rapidamente a sua presença em determinadas concentrações; constituem comunidades muito
heterogêneas aumentando o espectro de respostas ao estresse ambiental; estão presentes na
maioria dos habitats aquáticos, com ciclos de vida longos que permitem denotar alterações
temporais causadas por perturbações externas; são largamente sésseis, caracterizando o efeito do
poluente numa área relativamente restrita; são abundantes e a sua amostragem é relativamente
fácil e pouco dispendiosa; e estão taxonomicamente bem definidos sendo relativamente fáceis de
identificar através de chaves de identificação.
No entanto, a utilização destes organismos na avaliação da qualidade da água apresenta
algumas limitações: não respondem a concentrações muito baixas de poluentes e nem a todo tipo
de alterações ambientais; nem sempre é possível estabelecer uma relação direta entre as alterações
e as respostas dos organismos porque a ação de outros fatores como, por exemplo, a velocidade
da corrente e a natureza do substrato, que também afetam a sua distribuição e abundância; por
terem uma vasta distribuição, torna-se difícil determinar o número ideal de amostras para adquirir
a precisão desejável na estimativa da abundância populacional e assim evitar a subjetividade
associada a amostragem; o processamento das amostras e a identificação dos organismos pode
150
ser um processo demorado; a presença de alguns organismos em determinadas áreas por deriva
pode conduzir a conclusões incorretas; e alguns grupos são particularmente difíceis de serem
identificados, como as larvas dos grupos taxonômicos Chironomidae, Tricoptera e Oligochaeta.
No município de Sorocaba poucos trabalhos tiveram objetivos de inventariar e caracterizar
a comunidade bentônica. Entre eles podemos citar Fagundes e Shimizu (1997), avaliando o
rio Sorocaba; o monitoramento realizado no córrego da Campininha, afluente do rio Sorocaba,
(SMITH et al. em preparação); e o inventário feito no Parque Natural Municipal Corredores de
Biodiversidade (SMITH et al. em preparação). Considerando a crescente e rápida degradação da
Floresta Atlântica observada no município e as suas importantes consequências na redução do
sombreamento, aporte de matéria orgânica e maior carreamento de partículas sólidas para o
interior dos corpos hídricos, causando assoreamento, o que pode mudar totalmente a superfície
do substrato e o espaço intersticial entre as pedras, reduzindo os refúgios viáveis (SILVA, 2005),
torna-se imperioso o estudo deste tipo de comunidade em locais não só degradados como em
locais ainda não degradados. Estudos desta fauna são importantes no auxílio da compreensão da
biologia de outras espécies. Esta avaliação permitirá a compreensão dos impactos das atividades
humanas e auxiliará na elaboração de ações visando à conservação da biodiversidade, qualidade
ambiental e aquicultura.
Para facilitar a análise dos dados obtidos em um biomonitoramento, assim como auxiliar na
caracterização da qualidade da água e do nível de poluição do meio, utilizam-se os índices biológicos
que permitem avaliar as respostas da comunidade bentônica quanto às perturbações ocorridas
no ecossistema aquático através de atributos indicadores da biota (BARBOUR et. al., 1995). Nos
estudos acima relacionados foi utilizada a métrica BMWP – CETEC (Biological Monitoring Working
Party) modificado para riachos brasileiros por Junqueira e Campos (1998). Este índice ordena as
famílias de macroinvertebrados aquáticos em 9 grupos, seguindo um gradiente de menor a maior
tolerância à poluição. Cada família corresponde a uma pontuação que começa em 1 e chega a 10,
sendo que as famílias mais intolerantes à poluição recebem pontuações maiores, chegando em
ordem decrescente até 1, onde estão aquelas mais tolerantes à poluição (LOYOLA, 2000).
Dessa forma, o objetivo do presente capítulo foi caracterizar a fauna de macroinvertebrados
bentônicos presentes no município de Sorocaba a partir de estudos já realizados, visando auxiliar
futuros estudos de avaliação da qualidade dos recursos hídricos do município.
Área de estudo
O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior
do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). A região de Sorocaba, segundo
Köppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo caracterizado por um Clima Temperado
Chuvoso e Quente com média pluviométrica inferior a 30 mm no mês mais seco, temperaturas
médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a 18ºC nos meses mais frios.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) registrou-se nos últimos quatro
anos um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC e uma
umidade relativa do ar média mensal de 75,4%.
Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10)
151
Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e
industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento,
pastagens naturais e cultivadas na zona rural. Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do
município de Sorocaba encontra-se reduzida e dispersa, formando diversos fragmentos de pequeno
porte. De acordo com os dados de Kronka, F. et al. (2005), o município de Sorocaba possui um total
de 732.956 hectares de vegetação nativa, assim constituída: Mata (261.520 hectares), Capoeira
(441.617 hectares), Cerrado (12.617 hectares), Cerradão (2.761 hectares), Campo Cerrado (669
hectares), Vegetação de Várzea (13.766 hectares) e vegetação não classificada (6 hectares).
A área urbana do município de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido
sul-norte e depois faz uma curva de quase 90°, tomando direção e sentido aproximados de lesteoeste. O rio é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 km de
extensão em linha reta e 227 km considerando seu leito em seu trajeto natural.
O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu,
Sorocamirim e Una. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi represado, dando
origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio,
Piedade e Votorantim.
Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes,
dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a
porção centro-leste e sudeste do município sendo responsável por suprir parte do abastecimento
público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal,
é o rio Ipanema, que contempla a porção sudoeste do município.
Existem ainda rios e córregos menores inseridos de alguma forma na área urbana da cidade,
como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari; e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego
Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes,
Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá.
O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma
declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento
(SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente
inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente
nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários,
formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de
forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município
de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando por vários municípios da sub-bacia 03
(Baixo Sorocaba), até chegar a Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê.
152
Levantamento de dados
Para a realização deste trabalho foram consultadas três bases de dados:
1. Coleções Científicas utilizando a base de dados do Species link, com a palavrachave “Sorocaba” no campo “Município”;
2. “Thomson IS database” e “Scielo” utilizando a palavra-chave “Sorocaba”,
“invertebrados, Sorocaba”, “fauna, Sorocaba” para uma busca regional e integrada;
3. Trabalhos científicos publicados e não publicados (Conclusão de Curso, Iniciação
Científica, Mestrado e Doutorado) depositados nas bibliotecas da FCMS-PUC/SP,
UNISO, UNIP (câmpus Sorocaba), UNESP (câmpus Sorocaba) e UFSCar (câmpus
Sorocaba).
4. Monitoramentos e planos de manejo realizados no município.
Os macroinvertebrados dos cursos
de água do município de Sorocaba
De acordo com os dados levantados, as amostragens existem apenas no córrego da
Campininha (SMITH et al. em preparação), no Parque Natural Municipal Corredores de
Biodiversidade (SMITH et al. em preparação) e em algumas lagoas localizadas no município
(GARCIA,1998), onde se pode observar 36 famílias de macroinvertebrados bentônicos,
divididas em 11 ordens e 4 classes. Observa-se uma predominância da ordem Odonata, com
um total de 9 famílias, seguida pela ordem Díptera, com um total de 7 famílias (Tabela 1).
Tabela 1: Grupos taxonômicos de macroinvertebrados bentônicos encontrados no córrego da Campininha,
no Parque da Biodiversidade e lagoas do município de Sorocaba e a tolerância à poluição das famílias,
conforme o protocolo proposto por Junqueira e Campos (1998).
TAXON
Classe Bivalvia
Ordem Eulamellibranchia
Família Hyridae
Gênero Castalia
Castalia undosa martensi, Ihering,1891
Gênero Diplodon
Diplodon rotundus gratus, Wagner,
1827
Família Mycetopodidae
Gênero Anodontites
TOLERÂNCIA
*S.I.
*S.I.
153
Anodontites patagonicus, Lamark,
1819
Anodontites trapesialis, Lamark, 1819
Anodontites tenebricosus, Lea, 1834
Gênero Monocondylaea
Monocondylaea minuana, Orbing, 1835
Classe Clitellata
Subclasse Oligochaeta
Classe Gastrópoda
Ordem Mesogastropoda
Família Ampullariidae
Gênero Pomacea
Pomacea canaliculata, Lamarck, 1822
Ordem Basommatophora
Família Planorbidae
Gênero Biomphalaria sp
Classe Insecta
Ordem Coleoptera
Família Haliplidae
Família Hydrophilidae
Ordem Diptera
Família Ceratopogonidae
Gênero Culicoides sp
Família Chaoboridae
Gênero Chaoborus sp
Família Chironomidae
Gênero Chironomus sp
Família Culicidae
Família Simuliidae
Gênero Simulium sp
Família Tabanidae
Família Tipulidae
*S.I.
Alta
*S.I.
Alta
*S.I.
Média
Baixa
*S.I.
Alta
Alta
Média
Média
Alta
Ordem Ephemeroptera
Família Leptophlebiidae
Família Ephemeridae
Família Caenidae
Família Baetidae
Baixa
*S.I.
Média
Média
Ordem Hemiptera
Família Nepidae
Média
154
Família Corixidae
Família Gerridae
Família Belostomatidae
Ordem Megaloptera
Família Corydalidae
Gênero Coryladus sp
Ordem Odonata
Família Aeshnidae
Gênero Triacanthagyna sp
Família Calopterygidae
Gênero Hetaerina sp
Família Coenagrionidae
Gênero Nehalennia sp
Gênero Oxyagrion sp
Família Corduliidae
Gênero Neocordulia sp
Família Gomphidae
Gênero Aphyla sp
Gênero Progomphus sp
Família Libellulidae
Gênero Elasmothemis sp
Família Megapodagrionidae
Gênero Heteragrion sp
Família Perilestidae
Gênero Perilestes sp
Família Protoneuridae
Gênero Idioneura sp
Gênero Peristicta sp
Ordem Plecoptera
Família Gripopterygidae
Ordem Trichoptera
Família Calamoceratidae
Gênero Phylloicus sp
Família Hydropsychidae
Família Leptoceridae
Família Odontoceridae
Média
*S.I.
Média
Média
*S.I.
Baixa
Média
*S.I.
Média
Média
*S.I.
*S.I.
*S.I.
Baixa
*S.I.
Média
Baixa
Baixa
*S.I. – Sem informações sobre a tolerância das famílias de macroinvertebrados bentônicos em relação à poluição.
155
Em relação à tolerância das espécies à poluição, com base no potencial bioindicador dos
macroinvertebrados bentônicos, a maioria dos organismos encontrados no município de Sorocaba
em cursos de água de pequena, média e elevada dimensão pertence a famílias que ocorrem
principalmente em ambientes antropizados, segundo a classificação de Junqueira e Campos
(1998). Vale a pena ressaltar que a classificação de Junqueira e Campos (1998) foi determinada
para avaliação dos recursos hídricos do Estado de Minas Gerais.
Apesar da maioria dos estudos encontrados serem já antigos, os resultados indicam que rios
como o rio Sorocaba estavam já intensamente degradados em 1997. Nesta altura, um estudo
de Fagundes e Shimizu (1997) indicava que este curso de água apresentava baixa riqueza de
grupos taxonômicos na sua comunidade bentônica. Salientava-se o predomínio de Oligochaeta,
Chironomidae e Hirudínea devido às baixas concentrações de oxigênio dissolvido e presença de
poluentes. Avaliações realizadas em riachos impactados, como o córrego da Campininha, afluente
do rio Sorocaba (SMITH et al. em preparação), e no inventário feito no Parque Natural Municipal
Corredores de Biodiversidade (SMITH et al. em preparação), apresentaram baixas pontuações dos
índices bióticos que classificaram a qualidade da água como ruim, revelando também a perda
da biodiversidade de macroinvertebrados bentônicos com o assoreamento do canal, assim como
as concentrações de sólidos totais na água promovidos por movimentação de terra oriundo de
terraplanagem. Cabe ainda salientar que nestes cursos de água existem espécies ameaçadas
de extinção no município de Sorocaba, como por exemplo, as espécies Anodontites trapesialis,
Anodontites tenebricosus, Castalia undosa e Diplodon rotundus, ameaçadas pela destruição de
habitats e competição com espécies exóticas invasoras (KUHLMANN et al. 2012). Já no inventário
realizado logo no início da implantação do Parque Municipal Corredores da Biodiversidade (2012),
foram encontradas apenas espécies de alta tolerância à poluição.
Estudos realizados próximos ao município de Sorocaba também encontraram grande predominância
de macroinvertebrados pertencentes a famílias de alto grau de tolerância à poluição. Em um estudo
realizado em curso de água de baixa ordem da bacia de drenagem do reservatório de Itupararanga,
Taniwaki e Smith (2011) concluíram, com base no potencial bioindicador da comunidade de
macroinvertebrados bentônicos, que o local apresenta algumas evidências de contaminação. Em outro
estudo, realizado no próprio reservatório de Itupararanga, Beghelli et al. (2012) também encontraram
predominância da família Chironomidae, indicador das más condições da qualidade da água no
reservatório. Estes autores consideraram o biomonitoramento por intermédio de macroinvertebrados
bentônicos uma boa ferramenta para a avaliação desse recurso hídrico.
Conclusões
O biomonitoramento realizado com invertebrados, apesar de escasso ainda no município,
fornece informações relevantes (e muitas vezes preocupantes) acerca do estado ecológico dos
cursos de água. Um monitoramento mais sistemático em termos temporais e espaciais e a utilização
de índices bióticos apropriados parecem ser necessários para avaliar o estado real dos recursos
hídricos do município. Sugere-se também que, além da avaliação dos parâmetros estruturais, a
integridade funcional dos cursos de água seja também avaliada por meio de processos-chave,
como a decomposição das folhas, processo no qual os invertebrados têm também um papel crucial
(e.g. GESSNER e CHAUVET 2002; PASCOAL et al 2003; YOOUNG et al, 2008).
156
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157
Capítulo 9
Ictiofauna do Município de Sorocaba
Welber Senteio Smith, Renata Cassemiro Biagioni, Walter Barrella
Resumo
Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados
dos próprios autores referentes à composição de espécies de peixes do município de Sorocaba,
evidenciando a sua distribuição em diversos habitats, como o rio principal, afluentes, represas,
lagos e lagoas de várzea, as espécies migratórias, espécies não nativas e a influência da degradação
ambiental. A lista das espécies foi feita por intermédio de informações contidas em monografias,
relatórios de iniciação científica e artigos que tiveram pontos de amostragem localizados no
município de Sorocaba. De acordo com os dados levantados, ocorrem em Sorocaba um total de 53
espécies de peixes pertencentes a 7 ordens e 19 famílias, sendo 44 espécies nativas e 9 não nativas.
Estes dados nos permitem afirmar que o município detém uma rica fauna de peixes que ainda se
mantém, mesmo com os crescentes impactos que sua bacia de drenagem vem sofrendo. Foi de
extrema importância a quase totalidade do tratamento do esgoto pelo município e o saneamento
de inúmeros córregos, na manutenção das espécies existentes, bem como é de vital importância
a recuperação e preservação das Áreas de Proteção Permanente - APPs, restauração dos córregos
existentes e a redução das intervenções nos corpos hídricos, diminuindo assim, os impactos sobre
a ictiofauna. Além disso, deve ser ressaltado que as Unidades de Conservação e Parques Municipais,
além da criação de AMPAS (Áreas Municipais de Proteção Ambiental), também são de extrema
importância para proteção de áreas onde a fauna de peixes está presente e em diversidade relevante.
158
Introdução
Os rios são sistemas lineares que escoam as águas que se precipitam sobre as massas
continentais e seguem superficialmente para os oceanos. Ao longo de seus percursos ocorrem
mudanças das condições dos ambientes aquáticos e, consequentemente, dos seres vivos que os
habitam (BARRELA et al., 2000). A ictiofauna também apresenta variações desde as cabeceiras até
sua foz. Nos riachos, que formam as cabeceiras dos rios, ocorrem espécies de peixes de pequeno
porte, adaptados a viver em ambientes rasos e correntosos. Alguns pequenos bagres vivem no
fundo sobre pedras e folhas que lhes conferem abrigo e locais de alimentação e reprodução. Várias
espécies de poecilídeos, adaptados a nadar próximos à superfície, também conseguem colonizar
os ambientes rasos e correntes dos riachos (LOWE-MCCONELL, 1987; SMITH, 2003).
Rio abaixo, a profundidade aumenta pela maior vazão de água ou por poças que são
formadas pelas depressões do relevo, onde são encontradas outras espécies, tais como lambaris
(Characiformes) e carás (Cichlídeos), que começam a ocupar o ambiente formado pelo aumento
da coluna d’água. Nas corredeiras, são freqüentes os cascudos (Loricariidae) e os canivetes
(Characidae), que conseguem se abrigar e se alimentar sob as pedras (LOWE-MCCONELL,
1987; SMITH, 2003). Quando os rios começam a se tornar mais profundos e sinuosos, ocorrem
espécies, com portes maiores, tais como piavas (Anostomidae), os mandis (Pimelodidae) e outros
characídeos (saicanga, tabarana, peixe-cadela, etc.).
À medida que os ambientes se tornam maiores e mais profundos, novas espécies invadem,
competem por recursos e os partilham, predam e são predadas. Nos habitats localizados no trecho
médio dos rios verifica-se a existência de comunidades de peixes mais complexas e diversificadas,
enquanto que nos maiores habitats localizados no final dos rios, as comunidades são compostas
por espécies mais abundantes, de maior porte, mais especializadas e com grandes biomassas
incorporadas. Nas várzeas, os lagos marginais, alagados e remansos se comunicam com os rios,
onde são encontradas várias espécies que realizam deslocamentos de um ambiente para outro
(SMITH e BARRELA, 2000).
A capacidade de deslocamento está relacionada com a necessidade de sincronizar seus
ciclos de vida com o ciclo hidrológico sazonal (seca e cheia) do rio, imposto pelo clima, solo e
topografia da região. Em maior ou menor grau, os peixes deslocam-se lateral e longitudinalmente
para reproduzir, buscar alimento ou fugir de situação desfavorável. Movimentos migratórios de
espécies de peixes estão relacionados às necessidades reprodutivas, alimentares, de crescimento
corporal ou evitar situações estressantes, tais como o frio ou as quedas de oxigenação da água
(MATHEWS, 1998).
Os rios, entretanto, não são isolados. Na verdade são sistemas abertos que participam de
todos os processos ecológicos que ocorrem nas bacias hidrográficas. Os principais sistemas
de rios são de imenso significado ecológico devido a sua estreita relação com o crescimento
econômico das suas regiões adjacentes. Como consequência desta relação, os rios vêm sofrendo
modificações marcantes nas suas condições naturais. O crescimento populacional dos municípios
e o desenvolvimento econômico da região localizada dentro de uma bacia hidrográfica incentivam
atividades humanas que interferem direta ou indiretamente nas condições naturais das bacias.
Dentre outras, destacam-se a destruição dos habitats e ecótonos, a retirada das matas ciliares, o
reflorestamento com plantas exóticas, a urbanização, a industrialização, a agricultura, a construção
de aterros, o represamento, a canalização dos rios e o lançamento de efluentes sem tratamento.
159
Estas atividades modificam as estruturas primárias dos sistemas lóticos e produzem variações na
quantidade e qualidade de suas águas (SMITH e PETRERE, 2000).
O tipo e a intensidade das mudanças podem favorecer algumas espécies, aumentando suas
chances de sobreviver e se reproduzir. Outras espécies, entretanto, podem sofrer prejuízos e até
serem extintas da bacia hidrográfica. As informações sobre a transição das condições naturais
primitivas para um estado pós-industrial poderão servir de base para o desenvolvimento de
técnicas adequadas para a sua conservação e manejo (BARRELA et al., 2000).
A ampliação do conhecimento nesta área poderá contribuir de forma significativa no
gerenciamento de ambientes aquáticos, direcionando medidas preservacionistas para a ictiofauna
do município. Sendo assim, esta revisão, que reúne informações disponíveis na literatura durante
20 anos de pesquisas em ictiologia, atende uma necessidade crescente que é instaurar políticas
públicas para a proteção da biodiversidade e o uso desse conhecimento em discursos de educação
ambiental.
No Brasil já foram catalogadas 2.587 espécies (BUCKUP e MENEZES 2007) e, segundo Langeani
et al. (2007), o Alto Paraná abriga 310 espécies de peixes, distribuídas em 11 ordens e 38 famílias.
Para o Estado de São Paulo, Castro e Menezes (1998) citam a ocorrência de 166 espécies. Porém,
em artigo mais recente, Oyakawa e Menezes (2011) destacam para o Estado de São Paulo cerca
de 391 espécies, o que corresponde a aproximadamente 15% do total estimado para todo o
território brasileiro. Desse total, 260 espécies ocorrem no Alto Paraná, 97 no Ribeira de Iguape,
71 no Paraíba do Sul e 57 na Bacia Litorânea, sendo que algumas espécies podem ocorrer em
duas ou mais bacias. As espécies estão distribuídas em 10 ordens e 39 famílias, verificando-se que
Characidae (com 83) e Loricariidae (com 81) são as mais numerosas.
Em relação à Bacia do rio Sorocaba, onde está inserido o município, já foram registradas até
o presente momento 71 espécies, as quais se encontram distribuídas em 22 famílias e 7 ordens,
destacando a ordem Characiformes (SMITH et al. 2007; SMITH et al. 2009). De forma a ampliar o
conhecimento da ictiofauna e subsidiar ações de manejo e conservação, o presente capítulo teve
como objetivo reunir informações disponíveis na literatura a respeito da composição de espécies
de peixes, a distribuição em diversos habitats, como o rio principal, afluentes e lagos de várzea, e
as espécies migratórias e invasoras com capturas comprovadas no município de Sorocaba.
Área de estudo
O município de Sorocaba possui uma área aproximada de 449 km² e está localizado no interior
do Estado de São Paulo, na região Sudeste (Figura 1 - anexo). O Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) presente no município, em medições realizadas durante os anos de 2003 a 2007, registrou
um total pluviométrico anual de 1.286,8 mm, temperaturas médias mensais de 21ºC e umidade
relativa do ar com uma média mensal em torno de 75,4%.
A região de Sorocaba, segundo Koeppen, está enquadrada no clima do tipo Cwa, sendo
caracterizado por um Clima Temperado Chuvoso e Quente, com média pluviométrica inferior a 30
mm no mês mais seco, temperaturas médias acima de 22ºC nos meses mais quentes e inferiores a
18ºC nos meses mais frios.
160
Sorocaba está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-10)
Sorocaba e Médio Tietê. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e
industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento,
pastagens naturais e cultivadas na zona rural.
A área urbana do município de Sorocaba é atravessada pelo rio Sorocaba na direção e sentido sulnorte e depois faz uma curva de quase 90°, tomando direção e sentido aproximados de leste-oeste.
O rio é considerado o maior afluente da margem esquerda do rio Tietê e possui 180 quilômetros de
extensão em linha reta e 227 quilômetros, considerando seu leito em seu trajeto natural.
O rio Sorocaba tem origem no município de Ibiúna, pela junção dos rios Sorocabuçu,
Sorocamirim e Una. Dentro dos limites do município de Votorantim, o rio foi represado, dando
origem ao reservatório de Itupararanga, que banha os municípios de Ibiúna, Mairinque, Alumínio,
Piedade e Votorantim.
Dentro do município de Sorocaba, o rio de mesmo nome recebe as águas de diversos afluentes,
dentre os quais o rio Pirajibu, que se configura como o mais importante e cuja bacia abrange toda a
porção centro-leste e sudeste do município sendo responsável por suprir parte do abastecimento
público da cidade. Outro rio, cuja bacia tem importância para o abastecimento público municipal
é o rio Ipanema, e contempla a porção sudoeste do município.
Existem ainda rios e córregos menores, inseridos de alguma forma na área urbana da cidade,
como os rios Água Podre, Tavacahi e Taquavari, e os córregos Água Vermelha, Supiriri, Córrego
Fundo, Caguassu, Olaria, Lavapés, Piratininga, Matilde, Tico-Tico, Curtume Teodoro Mendes,
Presídio, Formosa, Matadouro e Itanguá.
O rio Sorocaba e seus tributários pertencem à bacia do rio Sorocaba, a qual apresenta uma
declividade média de 0,28%, mostrando que possui, em média, baixa velocidade de escoamento
(SMITH, 2003). O fato contribui para que ao longo do seu percurso, o rio Sorocaba apresente
inúmeras lagoas marginais, como as localizadas na zona urbana de Sorocaba, mais precisamente
nos bairros Jardim Sandra, Iguatemi, Vitória Régia e Itavuvu. São lagos permanentes ou temporários,
formados durante o período de enchentes quando o rio invade áreas mais baixas e que estão de
forma permanente ou sazonalmente conectados com o rio principal. Após passar pelo município
de Sorocaba, o rio Sorocaba segue seu curso, passando por inúmeros municípios, até chegar a
Laranjal Paulista, onde deságua no rio Tietê.
Levantamento de dados
Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos próprios
autores referentes à composição de espécies de peixes do município de Sorocaba, evidenciando a
distribuição das espécies em diversos habitats, como o rio principal, afluentes e lagos de várzea, as
espécies migratórias, espécies não nativas e a influência da degradação ambiental.
Foi realizada uma busca nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba (Pontifícia
Universidade Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal de São Carlos
– UFSCar-Sorocaba), a fim de buscar as informações contidas em monografias e relatórios de
iniciação científica. Além disso, foram pesquisados os artigos que tiveram pontos de amostragem
dentro do município de Sorocaba nos sites de busca Google Acadêmico e Scielo.
161
Estudos sobre a ictiofauna de Sorocaba
Durante o século XIX, muitos naturalistas passaram pela região de Sorocaba coletando material
botânico e faunístico. Dentre eles, destaca-se Johann Natterer, que coletou no Brasil por 18 anos
(1818-1836). Os peixes por ele coletados foram estudados e descritos por Jacob Heckel, que
publicou um artigo sobre as espécies de água doce, no qual apresentava uma análise de parte do
material da expedição, incluindo descrições de 49 espécies tidas como novas, especialmente da
família Cichlidae.
Com base em exemplares coletados no rio Sorocaba, foram descritas algumas espécies como o
cascudinho (Hisonotus depressicauda), coletado por E. Von Zeidler e descrito por Miranda-Ribeiro
em 1918, e Pimelodella rudolphi, descrita por Ribeiro (1918) ao estudar as coleções do Museu
Paulista (atualmente Museu de Zoologia da USP).
Além das expedições naturalistas, realizadas no início do século XIX, três funcionários do Museu
de Zoologia da USP (E. Von Zeidler, E. Garbe e J. Lima) realizaram coletas na região, principalmente
nos rios Ipanema, Tatuí e Sorocaba, entre 1896 e 1907. Os exemplares estão depositados no
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e há registro de três espécies coletadas no rio
Sorocaba: o cascudinho Otocinclus depressicauda, a pirambeba Serrasalmus spilopleura e o guaru
Phalloceros caudimaculatus, todos coletados por Zeidler em 1906. A nomenclatura utilizada na
época foi substituída, como é o caso do Otocinclus depressicauda e do Phalloceros caudimaculatus,
atualmente Hisonotus depressicauda e Phalloceros reisi, respectivamente. Após as expedições do
Museu de Zoologia, passaram-se 86 anos sem que se coletasse ou se estudasse peixes na bacia, o
que voltou a ocorrer em 1993.
A fauna de peixes do municipio de Sorocaba foi estudada a partir da década de 90 do século XX.
Entre 1993 e 1994 foi realizado um estudo das lagoas marginais do rio Sorocaba. Nesse estudo
evidenciou-se que as lagoas marginais são importantes áreas de desenvolvimento de peixes,
além de poderem servir de refúgios, pois apresentavam melhores condições que o rio Sorocaba,
como por exemplo, maiores concentrações de oxigênio dissolvido (SMITH e BARRELA, 2000).
Atualmente, o rio Sorocaba apresenta boas condições o que favorece a manutenção das espécies
devido a sua despoluição iniciada em 2000.
Entre 1995 e 1998 foi realizado um estudo mais detalhado compreendendo toda a bacia. Esse
trabalho objetivou aprofundar o conhecimento da ictiofauna, tão pouco estudada, no que diz
respeito à ecologia das comunidades de peixes e suas relações com a bacia hidrográfica. O trabalho
foi desenvolvido pelo Prof. Dr. Welber Senteio Smith, em conjunto com o Prof. Dr. Walter Barrella
da PUC-SP e Prof. Dr. Miguel Petrere Jr. da UNESP-Rio Claro. Cabe ressaltar que as amostragens
foram realizadas em trechos do rio Sorocaba, Pirajibu e Ipanema, que cortam a cidade (SMITH,
1999; SMITH, 2003; SMITH et al., 2003; 2007; 2009).
A partir disso, inúmeros trabalhos de disciplinas e iniciação científica foram realizados por
alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Universidade Paulista (UNIP-Sorocaba).
Desses trabalhos, destacam-se os desenvolvidos por Rosa Jr., Harris e Barrella (1995), Rosa Jr.,
Campos e Barrella (1996), Khamis e Barrella (1997), Silva e Barrella (2006) em lagos e açudes
de Sorocaba; Canabarro et al. (2008) no rio Pirajibu; Tarcitani e Barrella (2009) com pescadores
no rio Sorocaba e Pirajibu; Biagioni e Smith (2011) e Biagioni et al. (2013) com as espécies não
nativas; Portella e Smith (2012) e Portella et al. (2013, no prelo) que estudou os parâmetros
reprodutivos das espécies migradoras do rio Sorocaba; e Smith et al. (não publicado) em riachos
162
tributários do rio Sorocaba.
Com relação aos parques municipais, foi realizado por Oliveira e Smith (não publicado) um
amplo estudo nos ambientes aquáticos dos parques naturais do município, inclusive na primeira
unidade de conservação do município, o Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade,
inaugurado em 2013. Os dados apresentados nesse capítulo são baseados em todos os trabalhos
desenvolvidos até agora no município de Sorocaba.
Inventário da ictiofauna
Esta avaliação reúne informações contidas em estudos desenvolvidos no rio Sorocaba, seus
afluentes, lagoas marginais, além de lagos e represas presentes no município. O inventário das
espécies do rio Sorocaba no trecho pertencente ao município de Sorocaba foi baseado em Smith
(1999, 2003), Smith et al. (2003, 2007, 2009), Tarcitani e Barrella (2009), Biagioni e Smith
(2011), Biagioni et al. (2013), Plano de Manejo PNMCBio (2012) e Portella et al. (2013, no prelo).
Os afluentes aqui relatados são os rios Pirajibu e Ipanema, córregos Lavapés e Água Vermelha,
amostrados por Canabarro et al. (2008), Biagioni e Smith (2011), Biagioni et al. (2013) e Oliveira
e Smith (2013). Com relação aos parques municipais e seus lagos e córregos, o inventário foi
realizado por Oliveira e Smith (2013). Os dados referentes às lagoas marginais correspondem
aos trabalhos de Rosa Jr., Harris e Barrella (1995), Rosa Jr., Campos e Barrella (1996), Khamis e
Barrella (1997), Smith e Barrella (2000), Silva e Barrella (2006), Biagioni e Smith (2011), Plano
de Manejo PNMCBio (2012) e Biagioni et al. (2013), com amostragens no Jardim Sandra, Jardim
Iguatemi, FAÇO III, Parque das Águas, Parque Vitória Régia, Parque da Biodiversidade e Ana Paula
Eleutério.
De acordo com os trabalhos supracitados e dados dos próprios autores desse capítulo, ocorrem
em Sorocaba um total de 53 espécies de peixes pertencentes a 7 ordens e 19 famílias, o que
representa 74,65% do total de espécies já amostradas na bacia do rio Sorocaba. As espécies mais
comuns são: Astyanax fasciatus, Astyanax altiparanae, Geophagus brasiliensis, Prochilodus lineatus,
Hoplias malabaricus, Rhamdia quelen, Tilapia rendalli e Hypostomus ancistroides. As espécies mais
comuns de pequeno porte, que vivem abrigadas na vegetação marginal, são: Phalloceros reisi,
Poecilia vivipara, Poecilia reticulata, Serrapinnus notomelas, Hemigrammus marginatus e Hisonotus
depressicauda.
A Tabela 1 contém a lista taxônomica das espécies já capturadas em Sorocaba com os respectivos
nomes populares. As ordens Characiformes (41,51%) e Siluriformes (30,19%) apresentam, a
maior riqueza de espécies (Figura 2). Esse é o padrão esperado de acordo com Langeani et al.
(2007) onde Characiformes e Siluriformes respondem por cerca de 80% das espécies e compõem
os grupos dominantes do Alto Paraná.
163
Lagoas
Marginais
Riacho
x
x
x
Rio
-
Invasora
Não nativa
Nativa
Carpa
Carpa
Carpa-comum
Status
(IUCN,
CITES, MMAAmeaçada)
CYPRINIFORMES
Cyprinidae
Aristichthys nobilis (Richardson, 1845)
Ctenopharyngodon idella (Valenciennes, 1844)
Cyprinus carpio Linnaeus, 1758
CHARACIFORMES
Acestrorhynchidae
Acestrorhynchus lacustris (Lütken, 1875)
Anastomidae
Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836)
Characidae
Astyanax altiparanae Garutti e Britski, 2000
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819)
Astyanax cf. scabripinnis Eigenmann, 1908
Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887)
Bryconamericus stramineus Eigenmann, 1908
Hemigrammus marginatus Ellis, 1911
Hyphessobrycon eques (Steindachner, 1882)
Piaractus mesopotamicus (Holmberg, 1887)
Salminus hilarii Valenciennes, 1850
Serrapinnus notomelas (Eingenmann, 1915)
Serrasalmus maculatus Kner, 1858
Triportheus nematurus (Kner, 1858)
Crenuchidae
Characidium fasciatum Reinhardt, 1866
Characidium zebra Eigenmann, 1909
Curimatidae
Cyphocharax modestus (Fernández-Yépez, 1948)
Steindachnerina insculpta (Fernández-Yépez,
1948)
Erythrinidae
Hoplias cf. malabaricus (Bloch, 1794)
Parodontidae
Apareiodon piracicabae (Eingenmann, 1907)
Parodon nasus Kner, 1859
Prochilodontidae
Prochilodus lineatus (Valenciannes, 1836)
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus carapo Linnaeus, 1758
Sternopygidae
Eigenmannia virescens (Valenciennes, 1847)
SILURIFORMES
Nome
Popular
Táxon
Tabela 1: Espécies de peixes identificadas no município de Sorocaba.
x
x
x
x
x
x
x
Peixe-cadela
x
-
x
Piapara
x
-
x
Tambiú
Lambari
Lambari
Lambari
Pequira
Piaba
Mato-grosso
Pacu
Tabarana
Pequira
Pirambeba
Sardinha
x
x
x
x
x
x
x
-
x
x
x
x
x
x
Mocinha
Canivete
x
x
-
x
Saguiru
x
-
x
x
Saguiru
x
-
x
x
Traira
x
-
x
x
Canivete
Canivete
x
x
-
x
x
x
Curimbatá
x
-
x
Tuvira
x
-
x
Sarapó
x
-
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
164
Callichthyidae
Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758)
Corydoras aeneus (Gill, 1858)
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)
Heptapteridae
Imparfinis mirini Haseman, 1911
Pimelodella sp.
Pimelodella meeki Eigenmann, 1910
Rhamdia quelen (Quoy e Gaimard, 1824)
Loricariidae
Hisonotus depressicauda (Miranda-Ribeiro,
1918)
Hypostomus ancistroides (Ihering, 1911)
Hypostomus margaritifer (Regan, 1908)
Neoplecostomus sp.
Pterygoplichthys anisitsi Eingenmann e Kennedy,
1903
Pimelodidae
Iheringichthys labrosus (Lütken, 1874)
Pimelodus maculatus La Cèpede, 1803
Pseudoplatystoma corruscans (Spix e Agassiz,
1829)
Trichomycteridae
Trichomycterus iheringi (Eingenmann, 1917)
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Phalloceros reisi Lucinda, 2008
Poecilia reticulata Peters, 1859
Poecilia vivipara Bloch e Schneider, 1801
SYNBRANCHIFORMES
Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Bloch, 1795
PERCIFORMES
Cichlidae
Cichlasoma paranaense Kullander, 1983
Crenicichla sp.
Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824)
Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)
Satanoperca pappaterra (Heckel, 1840)
Tilapia rendalli (Boulenger, 1897)
Caborja
Ronquinha
Caborja
x
x
x
-
x
x
x
Mandizinho
Mandi
Mandi
Bagre
x
x
x
x
-
x
x
x
x
Cascudinho
x
-
Cascudo
Cascudo
Cascudinho
x
x
x
-
Cascudo
x
x
-
Pintado
x
-
Bagre-mole
x
-
Guaru
Lebiste
Barrigudinho
x
-
Mussum
x
-
Acará
Joaninha
Cará
Tilápia do Nilo
Papaterra
Tilápia
x
x
x
-
x
x
x
x
x
x
Mandi
Mandi
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
165
Figura 2 – Representatividade das ordens de peixes que ocorrem em Sorocaba.
Do total de espécies inventariadas no município de Sorocaba, nove não são nativas da bacia
do rio Sorocaba (Tilapia rendalli, Oreochromis niloticus, Pterygoplichthys anisitsi, Piaractus
mesopotamicus, Cyprinus carpio, Ctenopharyngodon idella, Hypophthalmichthys molitrix, Poecilia
reticulata e Poecilia vivipara), o que representa 16,98% do total inventariado.
De acordo com o trabalho desenvolvido por Tarcitani e Barrella (2009), a tilápia foi a espécie
mais citada pelos pescadores encontrados ao longo do rio Sorocaba. Outra espécie não nativa
citada foi a carpa comum (Cyprinus carpio), que junto com a tilápia e outras espécies de carpa
(Ctenopharyngodon idella e Hypophthalmichthys molitrix) são comumente pescadas.
Segundo Smith (2003), talvez a introdução da tilápia e da carpa na represa de Itupararanga
tenha ocorrido em 1955 numa iniciativa de repovoamento e, a partir de então, foram amplamente
distribuídas no rio Sorocaba, inclusive no trecho que corta o município. Biagioni et al. (2013)
afirma que tal iniciativa é comum e já foi relatada na cidade de Maringá, onde órgãos ambientais
da própria Prefeitura utilizaram a introdução de tilápias em riachos e parques da cidade. Essa
iniciativa também ocorreu em Sorocaba, por meio de uma ação realizada pelo SAAE, e hoje,
segundo Biagioni et al. (2013) a carpa, o pacu e principalmente a tilápia podem ser encontrados
em trechos urbanos do rio Sorocaba, lagos e bacias de contenção de diversos parques naturais
do município, como no Parque das Águas, Parque da Água Vermelha, Parque Campolim, Parque
Natural “Chico Mendes” e inclusive no Paço Municipal.
166
No rio Sorocaba há pelo menos 12 espécies migradoras catalogadas. Entre as espécies
capturadas, Prochilodus lineatus e Salminus hilarii são as migradoras mais importantes e comuns
(PORTELLA et al., 2013 no prelo). A sua ocorrência deve estar ligada ao uso de tributários ou
da fase rio (montante) da represa para a reprodução onde há corredeiras e trechos com maior
hidrodinamismo. A presença e conservação dos tributários é importante para sustentar tais
espécies (HOFFMANN et al., 2005; PORTELLA et al., 2013 no prelo).
Quanto às lagoas marginais, foram registradas 33 espécies, sendo as mais comuns: Phalloceros
reisi, Serrapinnus notomelas e Geophagus brasiliensis. Os peixes de maior porte são: Prochilodus
lineatus e Hoplias malabaricus. Segundo Smith e Barrella (2000), as lagoas marginais do rio
Sorocaba desempenham importantes funções para o ecossistema lótico que margeiam e para sua
comunidade de peixes, fornecendo abrigo, alimentação e local para desenvolvimento dos alevinos.
Servem também como refúgios da poluição encontrada no rio Sorocaba, já que as condições
físico-químicas da água das lagoas são mais estáveis que as do rio. Atualmente o rio Sorocaba não
apresenta grande problema em decorrência da poluição, tendo em vista o tratamento de quase a
totalidade do esgoto gerado no município.
Nos córregos do município foram inventariadas até o presente momento 24 espécies
representadas principalmente por espécies de pequeno porte tais como: Phalloceros reisi, Astyanax
fasciatus, Astyanax altiparanae e Geophagus brasiliensis (CANABARRO et al. 2008, BIAGIONI
e SMITH 2011, Biagioni et al. 2013 e OLIVEIRA e SMITH (2013). Ocorrem ainda espécies não
nativas, como Tilapia rendalli.
De acordo com Oliveira e Smith (2013), nos parques do município foram identificadas 14
espécies, sendo a maioria espécies de pequeno porte e apenas Hoplias malabaricus detentora de
porte maior. Deve ser ressaltado a presença de espécies não nativas, como Tilapia rendalli, bem
como espécies de baixa densidade, tais como Cichlasoma paranaense e Crenicichla sp.
167
Espécies ameaçadas de extinção
As listas de espécies ameaçadas de extinção (as chamadas Listas Vermelhas) são estratégias
importantes para nortear o uso de recursos disponíveis para a conservação centrada nas espécies
(MACHADO, 2008). As Instruções Normativas das Espécies Ameaçadas (IN) são documentos que
dão base à publicação do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. São políticas
públicas para a conservação, que permitem o planejamento e a priorização de recursos e ações
para a conservação de espécies e ecossistemas. Além disso, subsidiam os processos de autorização
e licenciamento (federal, estadual e municipal) das diversas atividades antrópicas e também
priorizam a criação de Unidades de Conservação (UC) e seus Planos de Manejo.
Nenhuma espécie de ocorrência registrada no município se encontra ameaçada ou em qualquer
outro status. Também não há espécies citadas na lista do Estado de São Paulo (OYAKAWA et al.,
2009). Contudo, apesar de não terem sido amostradas, as espécies Brycon orbignyanus, Prochilodus
vimboides, Pseudotocinclus tietensis, Hemisorubim platyrhynchos e Pseudoplatystoma corruscans
são citadas para a região e podem ocorrer no rio Sorocaba e tributários, segundo relatos de
pescadores e informações publicadas em jornais da região. Segundo Smith (2003), a escassez
dessas espécies pode ser atribuída à remoção da mata ciliar, à poluição pela qual o rio Sorocaba
sofreu antes do projeto de despoluição iniciado em 2000 e aos represamentos existentes ao longo
do rio que impedem a migração dos peixes rio acima.
Hoje, a grande dificuldade para se afirmar se alguma espécie desapareceu ou se tornou rara
ocorre porque o registro da fauna de peixes da bacia do rio Sorocaba era incipiente antes das
grandes transformações sofridas por ela. Tal situação parece ser uma constante nas bacias
hidrográficas brasileiras, uma vez que são raras aquelas que apresentam estudos, principalmente
de levantamento anterior aos impactos que sofreram e sofrem e que determinam profundas
alterações na composição das espécies de peixes.
Conservação e preservação da ictiofauna
Há uma extensa literatura de revisão sobre o tema, em que se destaca o papel e a necessidade de
proteção das áreas florestais, em especial das florestas ripárias. Isso reflete na integridade dos sistemas
aquáticos e a preservação dos peixes, sendo particularmente importante na medida em que essa
relação de interface terra-água se intensifica, ou seja, em riachos e nascentes (BARRELLA et al. 2000).
Inúmeros trabalhos apontam os impactos que podem afetar de forma negativa, direta ou
indiretamente, a fauna de espécies nativas de peixes, entre eles podemos citar:
•
•
•
•
•
modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias
receptoras;
risco de redução da biodiversidade das comunidades biológicas aquáticas nativas nas bacias
receptoras;
interferência sobre a pesca nos açudes receptores;
modificação do regime fluvial das drenagens receptoras;
comprometimento do conhecimento da história biogeográfica dos grupos biológicos aquáticos
nativos;
168
•
•
•
instabilidade de encostas marginais dos corpos d’água;
início ou aceleração de processos erosivos e carreamento de sedimentos;
alteração do comportamento hidrossedimentológico dos corpos d’água.
Como medidas de prevenção e mitigação recomendam-se:
•
•
•
•
•
Monitoramento e conservação da ictiofauna - Realizar inventários e conhecer a diversidade
biológica do município não é o bastante. Devem-se realizar monitoramentos periódicos, por
meio de amostragens periódicas em diferentes pontos dentro do município, com a finalidade
de acompanhar mudanças sazonais na ictiofauna, aumentar o conhecimento da ictiofauna,
bem como detectar possíveis estressores, tais como a emissão de poluentes e a ocorrência de
desmatamento, possibilitando a adoção de medidas que contribuam para a conservação da
riqueza de peixes como a preservação da vegetação ciliar, controle dos efluentes, das atividades
mineradoras e da introdução de espécies de peixes não nativos.
Recuperação da mata ciliar - As funções desempenhadas pela floresta ripária com relação à biota
aquática são muito diversas e podem variar ao longo dos gradientes ambientais que definem os
diferentes biomas brasileiros, e também indica um assunto prioritário para a pesquisa científica.
Na falta de conhecimento científico, é fundamental prezar pela ação mais cautelosa possível.
Programa de proteção aos riachos e afluentes dos rios Sorocaba e Pirajibu - Recomenda-se
que nessas áreas sejam implantadas medidas de proteção à vegetação ciliar, bem como a sua
reconstituição, uma vez que a ictiofauna presente nesses tipos de ambiente é dependente dessa
vegetação como fonte de alimento, entre outros recursos. A realocação de pessoas que ocupam
áreas irregulares, nas margens dos rios e córregos, também é importante para a preservação das
Áreas de Preservação Permanente.
Tratamento de 100% do esgoto produzido na cidade - O Programa de Despoluição do Rio
Sorocaba deu fim ao processo de degradação do rio e como já mencionado, melhorou a qualidade
da água e se mostrou muito importante na manutenção da riqueza de espécies de peixes do rio
Sorocaba. O tratamento do esgoto dos municípios a montante do rio Sorocaba e tributários, tais
como Votorantim e Itu, é de vital importância para manutenção da integridade do ambiente.
Programas de educação ambiental - De posse das informações da ictiofauna e da dinâmica
e funcionamento dos ecossistemas aquáticos, podem ser realizadas visitas orientadas, como
as que já são realizadas pela Prefeitura de Sorocaba, enfocando as espécies de peixes, sua
distribuição e as relações com o meio físico, químico e biológico. Além disso, sugere-se que
os pescadores sejam orientados quanto aos trechos do rio e períodos do ano que a pesca é
permitida. Isso pode ser feito também por meio da instalação de placas informativas ao longo
do rio e demais ambientes aquáticos.
Unidades de conservação e áreas prioritárias
para a conservação no município
Até 2012 não havia nenhuma Unidade de Conservação de Proteção Integral no município dentro
dos critérios e normas estabelecidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
169
Existiam apenas parques municipais que, de certa forma, cumprem o papel de preservação, mas
não atendem as necessidades de conservação das espécies.
A partir da criação do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade, hoje, esse
número tende a aumentar, pois a criação de Unidades de Conservação, seja de proteção integral,
uso sustentável ou mananciais pode ser uma medida eficiente para a preservação de ecossistemas
aquáticos e, como consequência, sua comunidade íctica. Outra forma eficiente é o respeito das
áreas prioritárias para a conservação no município, nos processos de licenciamento de novos
empreendimentos.
Com relação ao novo código florestal, se atualmente já é notável o déficit de proteção nas áreas
de proteção permanente e resevas legais, com a aprovação desta nova lei, esse déficit certamente
será ampliado. Para proteger a biodiversidade aquática e garantir os processos ecológicos nestes
ambientes, é necessário proteger as bacias hidrográficas, uma vez que somente a restauração de
faixas ripárias adjacentes a riachos é insuficiente para melhorar a integridade do sistema como
um todo (CASATTI, 2010).
A situação é especialmente crítica quando considerado o grau de susceptibilidade do solo de bacias
intensamente usadas para produção de alimentos, gerando um cenário de incremento de assoreamento
e perda de importantes micro-hábitats aquáticos. Wantzen (2006), por exemplo, registrou no Cerrado
brasileiro que uma única voçoroca pode carrear 60 toneladas de sedimentos/dia para o interior de um
riacho. Assim, a diminuição das Áreas de Proteção Permanente e áreas florestais naturais das Reservas
Legais, previsível diante das modificações propostas ao Código Florestal em vigência, terá um papel
negativo à manutenção das comunidades aquáticas (CASATTI, 2010).
Conclusões
Os dados apresentados nesse capítulo nos permitem afirmar que o município detém uma
rica fauna de peixes que ainda se mantém, mesmo com os crescentes impactos que sua bacia de
drenagem vem sofrendo.
Foi de extrema importância o investimento em saneamento ambiental, tratando quase
totalmente o esgoto do município e o saneamento de inúmeros córregos. Essas ações contribuem
para a manutenção das espécies existentes. Mas não são as únicas ações necessárias. A recuperação
e preservação das Áreas de Proteção Permanente - APPs, a restauração dos córregos existentes e a
redução das intervenções nos corpos hídricos são outros cuidados importantes para a conservação e
preservação da comunidade íctica. Contudo, apesar dos esforços para a conservação da ictiofauna, as
medidas de controle e manejo ainda são insuficientes. Alguns riachos e tributários do rio Sorocaba são
pouco estudados. Outros, mesmo diante de ameaças de poluição e degradação, mostraram possuir
fauna relevante em comparação com a bacia como um todo, ou seja, a ictiofauna ainda persiste.
A conservação destas microbacias certamente está atrelada ao apoio a iniciativas e projetos
que busquem o avanço de conhecimento da sua biodiversidade, assim como o desenvolvimento de
novas estratégias de manejo. Além disso, deve ser ressaltado que as Unidades de Conservação e
Parques Municipais, além das Áreas Municipais de Proteção Ambiental (AMPAS), podem ser de vital
importância para proteção de áreas onde a fauna de peixes está presente e em diversidade relevante.
170
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172
Capítulo 10
Herpetofauna
do Município de Sorocaba
Luciano Mendes Castanho, Fernando Rodrigues da Silva,
Paulo Camargo e Caio Vinicius de Mira Mendes
Resumo
Apesar da localização privilegiada do município de Sorocaba em relação às principais instituições
de pesquisas do país, pouco se conhece sobre a diversidade de anfíbios e répteis dessa região.
Assim, visando diminuir essa carência de conhecimento herpetológico, nosso objetivo foi compilar a
primeira lista oficial de anfíbios e répteis para o município. No total foram registradas 23 espécies de
anfíbios e 49 espécies de répteis em Sorocaba, sendo a maioria das informações restrita a serpentes
e anuros. Salamandras estão ausentes na região e praticamente nenhuma informação científica está
disponível para gimnofionas, anfisbenas, quelônios e crocodilianos. Esperamos que esses dados
primários possam direcionar futuros estudos herpetológicos na região.
Introdução
O termo herpetofauna deriva em parte do grego herpetón e significa “tudo o que se arrasta ou
rasteja” e tem sido tradicionalmente utilizado para se referir a duas classes distintas de animais
vertebrados: os anfíbios e os répteis. Os anfíbios são divididos em três ordens: Gymnophiona
(cecílias), Anura (sapos, rãs e pererecas) e Caudata (salamandras e tritões). Enquanto que os
répteis são divididos em quatro ordens: Testudines ou Chelonia (jabutis, cágados e tartarugas),
Crocodylia (crocodilos, jacarés e gaviais), Squamata (serpentes, lagartos e anfisbenas) e
173
Rincocephalia (tuataras). Apesar dessas classes não apresentarem parentesco próximo, muitos
aspectos da biologia de anfíbios e répteis são complementares e permitem que pesquisadores
os estudem usando as mesmas técnicas (ZUG et al. 2001). Nas últimas décadas, o conhecimento
científico sobre a evolução dos seres vivos tem aumentado com enorme rapidez e isso tem alterado
também a classificação dos animais. Por exemplo, atualmente sabemos que as aves descendem dos
dinossauros e são, portanto, répteis! Mas essas alterações na classificação levam certo tempo para
serem realizadas e, nesse capítulo, seguimos a chamada Sistemática Tradicional e não incluímos
as aves no grupo dos répteis.
Atualmente são reconhecidas 7.044 espécies de anfíbios (FROST et al. 2013) e 9.766 espécies
de répteis (UETZ e HOŠEK, 2013) no mundo. O Brasil abriga a maior diversidade de anfíbios
do planeta, com 947 espécies, das quais 913 são anuros, 2 salamandras e 32 cecílias (FROST et
al. 2013, SEGALLA et al. 2012). A última lista de espécies do Estado de São Paulo registrou 236
espécies de anfíbios, das quais 230 são anuros e 6 são cecílias (ROSSA-FERES et al. 2011). Esse
número representa 25% da riqueza de espécies do país. Para répteis, o Brasil ocupa a terceira
posição na relação dos países com o maior número de espécies, com 784 espécies conhecidas
(BÉRNILS e COSTA 2012), das quais 67 são anfisbenas, 256 são lagartos, 419 são serpentes, 36
são quelônios e 6 são crocodilianos. A última lista de espécies do Estado de São Paulo registrou
212 espécies de répteis, das quais 11 são anfisbenas, 44 são lagartos, 142 são serpentes, 12 são
quelônios e 3 são crocodilianos. Este número representa 27% das espécies de répteis conhecidas
do país (ZAHER et al. 2011).
Um fator preocupante é que diversas populações de anfíbios e répteis estão sofrendo declínio
ao redor do mundo, isto é, suas populações estão diminuindo ou, até mesmo, se extinguindo,
inclusive em locais onde a influência direta do homem é pequena ou inexistente (CAREY et al.
2001; GARDNER 2001). As causas indicadas desse declínio são fragmentação e perda de habitats,
mudanças climáticas, introdução de espécies exóticas e doenças emergentes, como o fungo
Batrachochytrium dendrobatidis (ALFORD e RICHARDS 1999; GIBBONS et al. 2000; WHITFIELD
et al. 2007). Em relação aos anfíbios e répteis brasileiros, a principal ameaça é a destruição,
degradação e fragmentação de habitats, associada ao elevado grau de endemismo por parte das
espécies (SILVANO e SEGALLA 2005; ROSSA-FERES et al. 2008). A região de Sorocaba localizase na bacia hidrográfica do Médio Tietê, abriga uma população de mais de 1.500.000 pessoas
e apresenta 11% da sua superfície coberta com vegetação remanescente original (NALON et
al. 2008). Sua vegetação nativa é composta por fragmentos de Cerrado e Floresta Atlântica e
foi alterada principalmente devido ao movimento tropeiro, a citricultura e a expansão urbana.
Contudo, apesar da sua localização privilegiada em relação às principais instituições de pesquisas
do país, pouco se conhece sobre a diversidade de anfíbios e répteis nessa região.
Assim, uma vez que os primeiros passos para a compreensão de como os impactos antrópicos
podem afetar a biodiversidade são conhecer onde e como as espécies estão distribuídas na
paisagem, nosso objetivo foi compilar a primeira lista oficial de anfíbios e répteis do município
de Sorocaba. Dentro desse cenário, esperamos fornecer dados primários que poderão direcionar
futuros estudos herpetológicos na região.
174
Metodologia
Para compilar a lista oficial das espécies de anfíbios e répteis do município de Sorocaba, nós
consideramos três metodologias diferentes:
i) busca online (http://splink.cria.org.br/) nas principais coleções científicas do Estado de São
Paulo considerando somente os exemplares depositados que foram coletados no município de
Sorocaba. As coleções consultadas foram: Coleção “Célio F. B. Haddad”, UNESP/câmpus Rio Claro;
Coleção de Anfíbios DZSJRP, UNESP/câmpus São José do Rio Preto; Coleção de Anfíbios do Museu de
Zoologia da UNICAMP, UNICAMP/Campinas; Coleção Científica do Museu de Zoologia da USP, USP/
São Paulo e Coleção Herpetológica “Alphonse Richard Hoge”/Instituto Butantan;
ii) listas de espécies que foram publicadas em artigos científicos ou trabalhos técnicos cuja área
de estudo tenha sido dentro do município de Sorocaba;
iii) espécies registradas por fotografias e/ou encontros ocasionais pelos autores deste capítulo
dentro do município de Sorocaba.
Resultados e discussão
Foram registradas 23 espécies de anfíbios (Tabela 1) e 49 espécies de répteis (Tabela 2) no
município de Sorocaba, sendo a maioria das informações restrita a serpentes e anuros. Salamandras
estão ausentes na região e praticamente nenhuma informação científica está disponível para as
cecílias, anfisbenas, quelônios e crocodilianos. A maior parte das espécies registradas apresenta
uma ampla distribuição geográfica e não está inserida nas listas de espécies ameaçadas de
extinção do Estado de São Paulo, com exceção das espécies Bothrops cotiara e B. itapetiningae
que estão citatas como em perigo (EN) e vulnerável (VU) respectivamente, GARCIA et al. 2009,
MARQUES et al. 2009, Tabelas 1 e 2. Nas Figuras 1, 2 e 3 (anexo) estão exemplos de anfíbios e
répteis encontrados no município.
Estudos recentes demonstraram que, a despeito do Estado de São Paulo ser a região brasileira
onde os anfíbios e répteis foram mais estudados, o número de espécies conhecidas aumentou
31% para anfíbios (ROSSA-FERES et al. 2011) e 11% para répteis (ZAHER et al. 2011) em
relação ao estimado para o Estado em 1998. Nossos dados mostram que os estudos focados em
herpetofauna no município de Sorocaba ainda são escassos, Mendes et al. 2013, sendo que a maior
parte das espécies registradas foi de exemplares depositados em coleções científicas. Contudo,
essas ocorrências esparsas da distribuição das espécies são inadequadas para muitas aplicações
ecológicas ou manejo conservacionista. Portanto, realçamos a importância da realização de
estudos de longo prazo na região para que possamos ter dados consistentes sobre os efeitos das
alterações antrópicas nesses grupos, e consequentemente, para obtermos uma lista futura de
espécies de anfíbios e répteis mais robusta para a região.
175
Táxon
Nome popular
Ameaça SP
Tabela 1: Anfíbios do município de Sorocaba. ZUEC-AMP = Coleção de Anfíbios do Museu de Zoologia
da UNICAMP; CFBH = Coleção “Célio F. B. Haddad; PNMCBS = Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Corredores da Biodiversidade de Sorocaba; Dados não publicados = espécies registradas
por um dos autores do capítulo em encontros ocasionais. Ameaça = Categorias de ameaça às espécies
presentes na lista de espécies ameaçadas do Estado de São Paulo (Garcia et al. 2009).
Fonte do resgitro
GYMNOPHIONA
Caeciliidae
Siphonops paulensis Boettger, 1892
Cecília
-
Mendes et al. 2013
Sapo-cururuzinho
-
ZUEC-AMP 10662
Sapo-cururu-grande
-
Mendes et al. 2013
ANURA
Bufonidae
Rhinella ornata (Spix, 1824)
Rhinella schneideri (Werner, 1894)
Hylidae
Aplastodiscus perviridis A. Lutz in B. Lutz, 1950
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889)
Dendropsophus sanborni (Schmidt, 1944)
Scinax fuscomarginatus (A. Lutz, 1925)
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
Hypsiboas lundii (Burmeister, 1856)
Perereca-verde
-
CFBH 14687.0
Pererequinha-do-brejo
-
Mendes et al. 2013
Pererequinha-do-brejo
-
Mendes et al. 2013
Pererequinha-do-brejo
-
Mendes et al. 2013
Pererequinha-do-brejo
-
Mendes et al. 2013
Perereca-de-banheiro
-
Mendes et al. 2013
Perereca-cabrinha
-
PNMCBS
Sapo-ferreiro
-
PNMCBS
-
-
Caramaschi e Napoli 2004
Perereca
-
Mendes et al. 2013
Perereca-castanhola
-
PNMCBS
Leptodactylus cf. bokermanni Heyer, 1973
Rãzinha
-
Mendes et al. 2013
Leptodactylus fuscus (wSchneider, 1799)
Hypsiboas prasinus (Burmeister, 1856)
Itapotihyla langsdorffii (Duméril e Bibron, 1841)
Leptodactylidae
Rã-assobiadora
-
ZUEC-AMP 17181
Leptodactylus latrans (Steffen, 1815)
Rã-manteiga
-
Mendes et al. 2013
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824)
Rã-marrom
-
Toledo et al. 2005
Leptodactylus notoaktites Heyer, 1978
Rã
-
PNMCBS
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
Pseudopaludicola falcipes (Hensel, 1867)
Rã-cachorro
-
PNMCBS
Rãzinha
-
CFBH 14688.0
Sapo-guarda-de-duascores
-
Mendes et al. 2013
Sapo-escavador
-
ZUEC-AMP 16710
Microhylidae
Elachistocleis cf. cessari (Miranda-Ribeiro, 1920)
Odontophrynidae
Odontophrynus americanus (Duméril e Bibron, 1841)
176
Táxon
Nome popular
Ameaça SP
Tabela 2: Répteis do município de Sorocaba. IBSP-Herpeto = Coleção Herpetológica “Alphonse
Richard Hoge”; Dados não publicados = espécies registradas por um dos autores do capítulo em
encontros ocasionais. Ameaça = Categorias de ameaça às espécies presentes na lista de espécies
ameaçadas do Estado de São Paulo (Marques et al. 2009); EN: em perigo. VU: vulnerável. * Espécie
invasora.
Fonte do resgitro
TESTUDINES
Chelidae
Hydromedusa tectifera Cope, 1869
Cágado-pescoço-de-cobra
-
Dados não publicados
Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812)
Cágado-de-barbicha
-
Dados não publicados
Phrynops hilarii (Duméril e Bibron, 1835)
Cágado-de-barbelas
Tartaruga-de-orelhavermelha
-
Dados não publicados
-
Dados não publicados
Trachemys scripta elegans (Wied-Neuwied, 1839)*
CROCODILIA
Alligatoridae
Caiman latirostris (Daudin, 1802)
Jacaré-de-papo-amarelo
-
Dados não publicados
Jacaretinga
-
Dados não publicados
Cobra-de-duas-cabeças
-
Dados não publicados
Cobra-de-vidro
-
IBSP-Herpeto 53923
Lagartixa-doméstica-tropical
-
Mendes et al. 2013
Papa-vento
-
Mendes et al. 2013
Aspronema cf. dorsivittatum Cope, 1862
Lagartixa
-
Mendes et al. 2013
Notomabuya frenata (Cope, 1862)
Lagartixa
-
Mendes et al. 2013
Lagarto-verde
-
Mendes et al. 2013
Teiú
-
Mendes et al. 2013
Calango
-
Dados não publicados
Caiman yacare (Daudin, 1802)
SQUAMATA – Amphisbaenia
Amphisbaenidae
Amphisbaena alba Linnaeus, 1758
SQUAMATA – Lacertilia
Anguidae
Ophiodes striatus (Spix, 1824)
Gekkonidae
Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818)*
Polycrotidae
Polychrus acutirostris Spix, 1825
Mabuyidae
Teiidae
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758)
Salvator merianae (Duméril e Bibron, 1839)
Tropiduridae
Tropidurus torquatus (Wied, 1820)
SQUAMATA – Serpentes
Anomalepididae
177
Liotyphlops beui (Amaral, 1924)
Cobra-cega
-
Alegretti e Flynn 2012
Liotyphlops ternetzii (Boulenger, 1896)
Cobra-cega
-
IBSP-Herpeto 44143
Jibóia
-
IBSP-Herpeto 1536
Salamanta
-
IBSP-Herpeto 1714
Cobra-cipó
-
IBSP-Herpeto 24586
Boidae
Boa constrictor Linnaeus, 1758
Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758)
Colubridae
Chironius flavolineatus (Boettger, 1885)
Chironius quadricarinatus (Boie, 1827)
Cobra-cipó-marrom
-
Dados não publicados
-
IBSP-Herpeto 52602
Falsa-coral
-
IBSP-Herpeto 6038
Caninana
-
ZUEC-REP 564
Cobra-de-cabeça-preta
-
IBSP-Herpeto 9802
Apostolepis assimilis (Reinhardt, 1861)
Falsa-coral
-
IBSP-Herpeto 53971
Boiruna maculata (Boulenger, 1896)
Mastigodryas bifossatus (Raddi, 1820)
Simophis rhinostoma (Schlegel, 1837)
Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758)
Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758)
Jararacuçu-do-brejo
Dipsadidae
Mussurana
-
IBSP-Herpeto 62643
Echinanthera melanostigma (Wagler, 1824)
-
-
IBSP-Herpeto 6425
Erythrolamprus aesculapii (Linnaeus, 1766)
Falsa-coral
-
Dados não publicados
Erythrolamprus almadensis (Wagler, 1824)
Jararaquinha-do-campo
-
IBSP-Herpeto 5278
-
-
IBSP-Herpeto 6865
Erythrolamprus miliaris (Linnaeus, 1758)
Cobra-d’água
-
Mendes et al. 2013
Erythrolamprus poecilogyrus (Wied, 1825)
Cobra-de-capim
-
IBSP-Herpeto 56344
-
-
Alegretti e Flynn 2012
Erythrolamprus jaegeri (Günther, 1858)
Mussurana quimi (Franco, Marques e Puorto, 1997)
Oxyrhopus guibei Hoge e Romano, 1978
Philodryas aestiva Duméril, Bibron e Duméril, 1854)
Falsa-coral
-
IBSP-Herpeto 61118
Cobra-verde
-
IBSP-Herpeto 7653
Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823)
Cobra-verde
-
IBSP-Herpeto 27419
Philodryas patagoniensis (Girard, 1857)
Cobra-parelheira
-
Mendes et al. 2013
Sibynomorphus mikanii (Schlegel, 1837)
Dormideira
-
IBSP-Herpeto 66785
Taeniophallus occipitalis (Jan, 1863)
Tomodon dorsatus Duméril, Bibron e Duméril, 1854
Tropidodryas serra (Schlegel, 1837)
Elapidae
Cobra-cipó-de-chão
-
IBSP-Herpeto 31701
Corre-campo
-
IBSP-Herpeto 28232
Cobra-cipó
-
IBSP-Herpeto 27170
Micrurus corallinus (Merrem, 1820)
Coral-verdadeira
-
IBSP-Herpeto 46309
Micrurus frontalis (Duméril, Bibron e Duméril,1854)
Coral-verdadeira
-
IBSP-Herpeto 6095
Viperidae
Bothrops cotiara (Gomes, 1913)
Cotiara
EN
IBSP-Herpeto 4809
Jaraquinha-do-cerrado
VU
IBSP-Herpeto 51071
Jararaca
-
IBSP-Herpeto 19492
Bothrops neuwiedi (Wagler, 1824)
Jararaca-do-rabo-branco
-
IBSP-Herpeto 6834
Crotalus durissus Linnaeus, 1758
Cascavel
-
IBSP-Herpeto 67286
Bothrops itapetiningae (Boulenger, 1907)
Bothrops jararaca (Wied, 1824)
178
Agradecimentos
Somos imensamente gratos ao Sr. José de Campos pela foto de Amphisbaena alba, ao João Burini
pela foto de Tropidurus torquatus e ao Rafael Viana pela foto de Crotalus durissus.
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180
Capítulo 11
Avifauna
do Município de Sorocaba
Augusto João Piratelli, Luciano Bonatti Regalado, André Guilherme, Lucas Andrei
Campos Silva, Sílvio Yuji Onary Alves e Gabriela Rodrigues Favoretto
Resumo
Nós buscamos dados sobre a avifauna de Sorocaba em documentos disponibilizados na internet,
compreendendo artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos, dissertações, resumos
de congressos, relatórios técnicos e livros, além de observações pessoais dos autores. No total,
foram compilados registros confiáveis de 280 espécies, pertencentes a 23 ordens e 61 famílias.
Isso representa 35,3% das aves do Estado de São Paulo e 15,3% da avifauna nacional. A fauna
de aves de Sorocaba é principalmente formada por espécies com baixa ou média sensibilidade
ambiental e poucas delas ameaçadas em algum grau, espelhando os efeitos globais do processo de
urbanização. As informações sobre as aves da cidade ainda são esparsas, com poucas publicações
de amplo acesso e carecendo de precisão geográfica.
Introdução
Um dos maiores desafios das grandes cidades é conciliar o desenvolvimento urbano com a
manutenção da biodiversidade. As alterações de habitats inerentes a estes ambientes em geral
provocam uma homogeneização das comunidades biológicas, geralmente substituindo as espécies
características de uma região por outras mais cosmopolitas (MARZLUFF, 2001; MENDONÇA;
ANJOS, 2005; MEFFERT; DZIOCK, 2013), podendo ser associadas à poluição (EEVA et al., 2000),
alterações nas populações de predadores (SORACE, 2002), oferta de alimentos, doenças, condições
climáticas (HAGGARD, 1990) e do aumento dos níveis de ruído ambiente (FULLER et al., 2007).
Sendo as aves organismos conspícuos e carismáticos e tendo representantes de diversos níveis
181
tróficos com distintos níveis de especialização, tornam-se um grupo particularmente importante
para estudos em ambientes urbanos, pois respondem rapidamente aos efeitos antrópicos e podem
ser utilizados como bioindicadores e em programas de educação ambiental (PIRATELLI et al.,
2008). Desta forma o estudo de aves urbanas tem crescido tanto nos países do hemisfério norte
(e.g. KALINOWSK; JOHNSON, 2010; CLUCAS; MARZLUFF, 2011) como nas regiões tropicais. No
Brasil, eles estão mais concentrados nas regiões Sul e Sudeste, destacando-se os Estados de São
Paulo (REGALADO, 2007; RODRIGUES, 2010; CRUZ; PIRATELLI, 2011), Minas Gerais (FRANCHIN;
MARÇAL JÚNIOR, 2004; VALADÃO et al., 2006; FUSCALDI; LOURES-RIBEIRO, 2008) e Rio Grande
do Sul (TAMPSOM; PETRY, 2008).
Para a elaboração da Lista Oficial das Aves do município de Sorocaba foram considerados dados
sobre a avifauna de Sorocaba existentes em documentos disponibilizados na internet, trabalhos
científicos publicados em revistas, trabalhos de conclusão de cursos, livros e relatórios técnicos.
Adicionalmente, listagens dos autores oriundas de observações pessoais também foram incluídas.
A nomenclatura utilizada na listagem das aves do município de Sorocaba segue a 10ª edição das
Listas das Aves do Brasil, do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). Em relação
ao grau de ameaça, foram consultadas a Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2012) - de abrangência
mundial, a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA, 2003)
e o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção do Estado de São Paulo (BRESSAN et al.,
2009). As espécies listadas também foram classificadas de acordo com a sensibilidade a distúrbios
ambientais, conforme STOTZ et al. (1996).
Foram identificadas 280 espécies, representantes de 23 ordens e 61 famílias (Figura 1 - anexo - e
Tabela 1). A ordem com o maior número de espécies foi Passeriformes (n=146), seguida de Apodiformes
(n=14) e Pelecaniformes (n=13). As famílias com mais espécies foram Tyrannidae (n=37), Thraupidae
(n=17) e Emberizidae (n=14).
Duas das espécies identificadas figuram na lista da IUCN - a araponga (Procnias nudicollis) /
vulnerável e a águia cinzenta (Urubitinga coronata) / em perigo; uma na Lista Nacional - águia
cinzenta / ameaçada) e 21 no Livro Vermelho do Estado de São Paulo, sendo três consideradas
como criticamente em perigo - o socó-boi-escuro (Tigrisoma fasciatum), a maracanã-pequena
(Diopsittaca nobilis) e a águia cinzenta. Em relação à sensibilidade a distúrbios, 171 (61%) espécies
foram consideradas como tendo baixa sensibilidade, 101 (36%) como média e 8 (3%) como tendo
alta sensibilidade a distúrbios ambientais (Tabela 1).
A avifauna de Sorocaba é formada por espécies em sua maioria consideradas tendo baixa ou
média sensibilidade ambiental, com poucas classificadas em algum grau de ameaça de extinção.
As 280 espécies encontradas no município representam 35,3% das 793 registradas para o Estado
de São Paulo (SILVEIRA; UEZU, 2011) e 15,3% das 1.832 brasileiras (CBRO, 2011).
Apesar de as áreas verdes e parques urbanos serem sugeridos como estratégias viáveis
para atrair uma maior diversidade de aves para Sorocaba, a conectividade e o incremento dos
fragmentos de vegetação nativa nas áreas rurais e periurbanas podem ser considerados mais
importantes para incentivar o afluxo de aves com maiores exigências ecológicas.
As informações sobre as aves da cidade ainda são esparsas, com poucas publicações de amplo
acesso e carecendo de precisão geográfica. É necessário um esforço conjunto para padronização
de metodologias e publicação dos resultados existentes.
182
Tabela 1: Listagem das aves do município de Sorocaba.
Fonte: Regalado (2007), Silva; Nakano (2008), Davanço (2009), Lopes (2009), Oliveira (2009),
Camargo; Barrella (2010), Carvalho (2010), Freitas (2010), Krolikowski (2010), Oliveira (2010),
Rodrigues (2010), Cruz; Piratelli (2011), Matos (2013), Silva; Francisco (2013), Wikiaves (2013),
Guilherme (não publicado), Regalado (não publicado), Silva (não publicado).
IUCN: PP = pouco preocupante; EN = em perigo; VU = vulnerável (IUCN 2012)
MMA: AM = ameaçado; NA = não ameaçado (MMA, 2003)
SP: NA = não ameaçado; QA = quase ameaçado, CP = criticamente em perigo; DD = dados
deficientes; Vu = vulnerável; X* = exótica (BRESSAN et al., 2009).
Sensibilidade: B= baixa; M = média; A = alta sensibilidade ambiental (STOTZ et al. 1996).
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
Small-billed Tinamou
PP
NA
NA
B
Crypturellus tataupa (Temminck, 1815)
Inhambu-chororó
Inhambu-chintã
Tataupa Tinamou
PP
NA
NA
B
Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815)
Perdiz
Red-winged Tinamou
PP
NA
VU
B
Codorna-amarela
Spotted Nothura
PP
NA
NA
B
Marreca-caneleira
Fulvous Whistling-Duck
PP
NA
NA
B
Irerê
White-faced WhistlingDuck
PP
NA
NA
B
Asa-branca
Black-bellied WhistlingDuck
PP
NA
NA
B
Cairina moschata (Linnaeus, 1758)
Pato-do-mato
Muscovy Duck
PP
NA
NA
M
Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789)
Pé-vermelho
Brazilian Teal
PP
NA
NA
B
TÁXON
NOME COMUM
Tinamiformes Huxley, 1872
Tinamidae Gray, 1840
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827)
Nothura maculosa (Temminck, 1815)
Anseriformes Linnaeus, 1758
Anatidae Leach, 1820
Dendrocygna bicolor (Vieillot, 1816)
Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766)
Dendrocygna autumnalis (Linnaeus,1758)
Galliformes Linnaeus, 1758
183
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
Jacupemba
Rusty-margined Guan
PP
NA
Jacuaçu
Dusky-legged Guan
PP
Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766)
Mergulhão-pequeno
Least Grebe
Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758)
Mergulhão-caçador
Jabiru mycteria (Lichtenstein, 1819)
Mycteria americana Linnaeus, 1758
TÁXON
Cracidae Rafinesque, 1815
S
P
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
M
NA
QA
QA
M
PP
NA
NA
M
Pied-billed Grebe
PP
NA
NA
M
Tuiuiú
Jabiru
PP
NA
EP
M
Cabeça-seca
Wood Stork
PP
NA
QA
B
Biguá
Neotropic Cormorant
PP
NA
NA
B
Biguatinga
Anhinga
PP
NA
NA
M
Socó-boi
Rufescent Tiger-Heron
PP
NA
NA
M
Fasciated Tiger-Heron
PP
NA
CP
M
Socó-boi-baio
PP
NA
NA
M
PP
NA
NA
B
Socozinho
Pinnated Bittern
Black-crowned NightHeron
Striated Heron
PP
NA
NA
B
Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758)
Garça-vaqueira
Cattle Egret
PP
NA
B
Ardea cocoi Linnaeus, 1766
Garça-moura
Garça-brancaGrande
Maria-faceira
Cocoi Heron
PP
NA
X*
NA
B
Great Egret
PP
NA
NA
B
Whistling Heron
PP
NA
NA
M
Penelope superciliaris Temminck, 1815
Penelope obscura Temminck, 1815
Podicipediformes Fürbringer, 1888
Podicipedidae Bonaparte, 1831
Ciconiiformes Bonaparte, 1854
Ciconiidae Sundevall, 1836
Suliformes Sharpe, 1891
Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849
Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789)
Anhingidae Reichenbach, 1849
Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766)
Pelecaniformes Sharpe, 1891
Ardeidae Leach, 1820
Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783)
Tigrisoma fasciatum (Such, 1825)
Botaurus pinnatus (Wagler, 1829)
Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758)
Butorides striata (Linnaeus, 1758)
Ardea alba Linnaeus, 1758
Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824)
Socó-boi-escuro
Savacu
184
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
Garça-brancapequena
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
Snowy Egret
PP
NA
NA
B
Garça-azul
Little Blue Heron
PP
NA
NA
M
Curicaca
Buff-necked Ibis
PP
NA
NA
B
Colhereiro
Roseate Spoonbill
PP
NA
NA
M
Turkey Vulture
PP
NA
NA
B
Black Vulture
PP
NA
NA
B
Osprey
PP
NA
NA
M
Gray-headed Kite
PP
NA
M
Pearl Kite
PP
NA
QA
NA
B
Gavião-peneira
White-tailed Kite
PP
NA
NA
B
Gavião-miudinho
Tiny Hawk
PP
NA
NA
A
Sovi
Plumbeous Kite
PP
NA
NA
M
Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817)
Heterospizias meridionalis (Latham,
1790)
Urubitinga coronata (Vieillot, 1817)
Gavião-caramujeiro
Snail Kite
PP
NA
NA
B
Gavião-caboclo
Savanna Hawk
PP
NA
NA
B
Crowned Eagle
EN
AM
CP
M
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
Águia-cinzenta
Gavião-carijó
Roadside Hawk
PP
NA
NA
B
White-tailed Hawk
PP
NA
NA
B
Short-tailed Hawk
PP
NA
NA
M
TÁXON
Egretta thula (Molina, 1782)
Egretta caerulea (Linnaeus, 1758)
Threskiornithidae Poche, 1904
Theristicus caudatus (Boddaert, 1783)
Platalea ajaja Linnaeus, 1758
Cathartiformes Seebohm, 1890
Cathartidae Lafresnaye, 1839
Cathartes aura (Linnaeus, 1758)
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
Urubu-de-cabeçavermelha
Urubu-de-cabeçapreta
Accipitriformes Bonaparte, 1831
Pandionidae Bonaparte, 1854
Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758)
Accipitridae Vigors, 1824
Leptodon cayanensis (Latham, 1790)
Gampsonyx swainsonii Vigors, 1825
Elanus leucurus (Vieillot, 1818)
Accipiter superciliosus (Linnaeus, 1766)
Ictinia plumbea (Gmelin, 1788)
Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816)
Buteo brachyurus Vieillot, 1816
Águia-pescadora
Gavião-de-cabeçacinza
Gaviãozinho
Gavião-de-rabobranco
Gavião-de-caudacurta
Falconiformes Bonaparte, 1831
185
TÁXON
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
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M
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NA
NA
B
Falconidae Leach, 1820
Caracara plancus (Miller, 1777)
Milvago chimachima (Vieillot, 1816)
Herpetotheres cachinnans (Linnaeus,
1758)
Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817)
Falco sparverius Linnaeus, 1758
Falco femoralis Temminck, 1822
Caracará
PP
NA
NA
B
Acauã
Southern Caracara
Yellow-headed
Caracara
Laughing Falcon
PP
NA
NA
B
Falcão-caburé
Barred Forest-Falcon
PP
NA
NA
M
Quiriquiri
American Kestrel
PP
NA
NA
B
Falcão-de-coleira
Aplomado Falcon
PP
NA
NA
B
Carão
Limpkin
PP
NA
NA
M
Saracura-três-potes
Gray-necked Wood-Rail
Slaty-breasted WoodRail
Rufous-sided Crake
PP
NA
NA
A
PP
NA
NA
M
PP
NA
NA
B
Ash-throated Crake
PP
NA
NA
M
Carrapateiro
Gruiformes Bonaparte, 1854
Aramidae Bonaparte, 1852
Aramus guarauna (Linnaeus, 1766)
Rallidae Rafinesque, 1815
Aramides cajanea (Statius Muller, 1776)
Aramides saracura (Spix, 1825)
Saracura-do-mato
Laterallus melanophaius (Vieillot, 1819)
Sanã-parda
Porzana albicollis (Vieillot, 1819)
Sanã-carijó
Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819)
Gallinula galeata (Lichtenstein,1818)
Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766)
Saracura-sanã
Frango-d'águacomum
Frango-d'água-azul
Blackish Rail
PP
NA
NA
M
Common Gallinule
PP
NA
NA
B
Purple Gallinule
PP
NA
NA
B
Seriema
Red-legged Seriema
PP
NA
NA
M
Quero-quero
Southern Lapwing
PP
NA
NA
B
Collared Plover
PP
NA
NA
A
Cariamiformes Furbringer, 1888
Cariamidae Bonaparte, 1850
Cariama cristata (Linnaeus, 1766)
Charadriiformes Huxley, 1867
Charadriidae Leach, 1820
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
Charadrius collaris Vieillot, 1818
Batuíra-de-coleira
Recurvirostridae Bonaparte, 1831
186
TÁXON
Himantopus melanurus Vieillot, 1817
Scolopacidae Rafinesque, 1815
Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816)
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
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M
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P
Pernilongo-decostas-brancas
White-backed Stilt
PP
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M
South American Snipe
PP
NA
NA
B
Narceja
Tringa solitaria Wilson, 1813
Maçarico-solitário
Solitary Sandpiper
PP
NA
NA
B
Tringa flavipes (Gmelin, 1789)
Maçarico-de-pernaamarela
Lesser Yellowlegs
PP
NA
NA
B
Jaçanã
Wattled Jacana
PP
NA
NA
B
Talha-mar
Black Skimmer
PP
NA
NA
A
Columbina talpacoti (Temminck, 1811)
Rolinha-roxa
Ruddy Ground-Dove
PP
NA
NA
B
Columbina squammata (Lesson, 1831)
Fogo-apagou
Scaled Dove
PP
NA
NA
B
Pombo-doméstico
Rock Pigeon
PP
NA
B
Pombão
Picazuro Pigeon
PP
NA
X*
NA
M
Pomba-galega
Pale-vented Pigeon
PP
NA
NA
M
Pomba-de-bando
Eared Dove
PP
NA
NA
B
Juriti-pupu
White-tipped Dove
PP
NA
NA
B
Juriti-gemedeira
Gray-fronted Dove
PP
NA
NA
M
Pariri
Ruddy Quail-Dove
PP
NA
NA
M
Maracanã-pequena
Red-shouldered Macaw
PP
NA
CP
M
White-eyed Parakeet
PP
NA
NA
B
Maroon-bellied
Parakeet
PP
NA
NA
M
Blue-winged Parrotlet
PP
NA
NA
B
Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854
Jacana jacana (Linnaeus, 1766)
Rynchopidae Bonaparte, 1838
Rynchops niger Linnaeus, 1758
Columbiformes Latham, 1790
Columbidae Leach, 1820
Columba livia Gmelin, 1789
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)
Patagioenas cayennensis (Bonnaterre,
1792)
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847)
Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855
Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard,
1792)
Geotrygon montana (Linnaeus, 1758)
Psittaciformes Wagler, 1830
Psittacidae Rafinesque, 1815
Diopsittaca nobilis (Linnaeus, 1758)
Aratinga leucophthalma (Statius Muller,
1776)
Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817)
Forpus xanthopterygius (Spix, 1824)
Periquitãomaracanã
Tiriba-de-testavermelha
Tuim
187
Periquito-rico
Periquito-deencontro-amarelo
Maitaca-verde
Papagaioverdadeiro
Plain Parakeet
Yellow-chevroned
Parakeet
Scaly-headed Parrot
PP
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B
PP
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M
PP
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NA
M
Blue-fronted Parrot
PP
NA
QA
M
Alma-de-gato
Papa-lagartaacanelado
Anu-preto
Squirrel Cuckoo
PP
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B
Dark-billed Cuckoo
PP
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B
Smooth-billed Ani
PP
NA
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B
Anu-branco
Guira Cuckoo
PP
NA
NA
B
Saci
Striped Cuckoo
PP
NA
NA
B
Peixe-frito-pavonino
Pavonine Cuckoo
PP
NA
NA
A
Coruja-da-igreja
Barn Owl
PP
NA
NA
B
Megascops choliba (Vieillot, 1817)
Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni &
Bertoni, 1901)
Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788)
Corujinha-do-mato
Murucututu-debarriga-amarela
Caburé
Tropical Screech-Owl
PP
NA
NA
B
Tawny-browed Owl
PP
NA
DD
A
Ferruginous Pygmy-Owl
PP
NA
NA
B
Athene cunicularia (Molina, 1782)
Coruja-buraqueira
Burrowing Owl
PP
NA
NA
M
Striped Owl
PP
NA
NA
B
Mocho-diabo
Mocho-dosbanhados
Stygian Owl
PP
NA
NA
M
Short-eared Owl
PP
NA
AM
B
Common Potoo
PP
NA
NA
B
TÁXON
Brotogeris tirica (Gmelin, 1788)
Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818)
Pionus maximiliani (Kuhl, 1820)
Amazona aestiva (Linnaeus, 1758)
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
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M
A
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P
Cuculiformes Wagler, 1830
Cuculidae Leach, 1820
Piaya cayana (Linnaeus, 1766)
Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817
Crotophaga ani Linnaeus, 1758
Guira guira (Gmelin, 1788)
Tapera naevia (Linnaeus, 1766)
Dromococcyx pavoninus Pelzeln, 1870
Strigiformes Wagler, 1830
Tytonidae Mathews, 1912
Tyto alba (Scopoli, 1769)
Strigidae Leach, 1820
Asio clamator (Vieillot, 1808)
Asio stygius (Wagler, 1832)
Asio flammeus (Pontoppidan, 1763)
Coruja-orelhuda
Caprimulgiformes Ridgway, 1881
Nyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789)
Mãe-da-lua
188
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
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João-corta-pau
Rufous Nightjar
PP
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B
Tuju
Short-tailed Nighthawk
PP
NA
NA
M
Bacurau
Pauraque
PP
NA
NA
B
Hydropsalis parvula (Gould, 1837)
Bacurau-chintã
Little Nightjar
PP
NA
NA
B
Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789)
Bacurau-tesoura
Scissor-tailed Nightjar
PP
NA
NA
B
Corucão
Nacunda Nighthawk
PP
NA
NA
B
White-collared Swift
PP
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NA
B
Sick's Swift
PP
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NA
B
Planalto Hermit
PP
NA
NA
B
Scale-throated Hermit
PP
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M
PP
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B
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PP
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M
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B
PP
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B
PP
NA
NA
B
TÁXON
Caprimulgidae Vigors, 1825
Antrostomus rufus (Boddaert, 1783)
Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789)
Hydropsalis albicollis (Gmelin, 1789)
Chordeiles nacunda (Vieillot, 1817)
Apodiformes Peters, 1940
Apodidae Olphe-Galliard, 1887
Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796)
Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907
Trochilidae Vigors, 1825
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre,
1839)
Phaethornis eurynome (Lesson, 1832)
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788)
Florisuga fusca (Vieillot, 1817)
Taperuçu-decoleira-branca
Andorinhão-dotemporal
Rabo-brancoacanelado
Rabo-branco-degarganta-rajada
Beija-flor-tesoura
Beija-flor-preto
Swallow-tailed
Hummingbird
Black Jacobin
Beija-flor-de-orelhaWhite-vented Violetear
violeta
Beija-flor-de-vesteBlack-throated Mango
Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817)
preta
Besourinho-de-bicoGlittering-bellied
Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812)
vermelho
Emerald
Beija-flor-de-fronteViolet-capped
Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788)
violeta
Woodnymph
Beija-flor-de-papoWhite-throated
Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818)
branco
Hummingbird
Beija-flor-de-bandaVersicolored Emerald
Amazilia versicolor (Vieillot, 1818)
branca
Beija-flor-de-peitoSapphire-spangled
Amazilia lactea (Lesson, 1832)
azul
Emerald
Colibri serrirostris (Vieillot, 1816)
189
TÁXON
Heliomaster longirostris (Audebert &
Vieillot, 1801)
Coraciiformes Forbes, 1844
Alcedinidae Rafinesque, 1815
Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766)
Chloroceryle amazona (Latham, 1790)
Chloroceryle americana (Gmelin, 1788)
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
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Bico-reto-cinzento
Long-billed Starthroat
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M
Martim-pescadorgrande
Martim-pescadorverde
Martim-pescadorpequeno
Ringed Kingfisher
PP
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B
Amazon Kingfisher
PP
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B
Green Kingfisher
PP
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B
White-eared Puffbird
Crescent-chested
Puffbird
PP
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M
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M
Toco Toucan
PP
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M
Red-breasted Toucan
PP
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White-barred Piculet
PP
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B
Ochre-collared Piculet
PP
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M
White Woodpecker
White-spotted
Woodpecker
Green-barred
Woodpecker
Campo Flicker
Blond-crested
Woodpecker
Lineated Woodpecker
PP
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B
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PP
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M
PP
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B
Star-throated Antwren
PP
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M
Plain Antvireo
PP
NA
NA
M
Galbuliformes Fürbringer, 1888
Bucconidae Horsfield, 1821
Nystalus chacuru (Vieillot, 1816)
João-bobo
Malacoptila striata (Spix, 1824)
Barbudo-rajado
Piciformes Meyer & Wolf, 1810
Ramphastidae Vigors, 1825
Ramphastos toco Statius Muller, 1776
Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766
Tucanuçu
Tucano-de-bicoverde
Picidae Leach, 1820
Picumnus cirratus Temminck, 1825
Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845
Melanerpes candidus (Otto, 1796)
Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827)
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788)
Colaptes campestris (Vieillot, 1818)
Celeus flavescens (Gmelin, 1788)
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766)
Pica-pau-anãobarrado
Pica-pau-anão-decoleira
Pica-pau-branco
Picapauzinho-verdecarijó
Pica-pau-verdebarrado
Pica-pau-do-campo
Pica-pau-de-cabeçaamarela
Pica-pau-de-bandabranca
Passeriformes Linnaeus, 1758
Thamnophilidae Swainson, 1824
Myrmotherula gularis (Spix, 1825)
Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823)
Choquinha-degarganta-pintada
Choquinha-lisa
190
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
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Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764)
Choca-barrada
Barred Antshrike
PP
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B
Thamnophilus ruficapillus Vieillot, 1816
Choca-de-chapéuvermelho
Rufous-capped
Antshrike
PP
NA
NA
B
Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816
Choca-da-mata
Variable Antshrike
PP
NA
NA
B
Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823)
Borralhara
Tufted Antshrike
White-shouldered Fireeye
Dusky-tailed Antbird
PP
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M
PP
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M
PP
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M
Rufous Gnateater
PP
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PP
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NA
M
PP
NA
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A
TÁXON
Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818)
Papa-taoca-do-sul
Drymophila malura (Temminck, 1825)
Choquinha-carijó
Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873
Conopophaga lineata (Wied, 1831)
Chupa-dente
Dendrocolaptidae Gray, 1840
Olivaceous
Woodcreeper
Lesser Woodcreeper
Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818)
Arapaçu-verde
Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818)
Dendrocolaptes platyrostris Spix, 1825
Arapaçu-rajado
Arapaçu-grande
Planalto Woodcreeper
PP
NA
NA
M
Xiphocolaptes albicollis (Vieillot, 1818)
Arapaçu-degarganta-branca
White-throated
Woodcreeper
PP
NA
NA
M
João-de-barro
PP
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B
PP
NA
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M
PP
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M
PP
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NA
M
PP
NA
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M
Pichororé
Rufous Hornero
Sharp-tailed
Streamcreeper
White-eyed Foliagegleaner
Orange-breasted
Thornbird
Yellow-chinned
Spinetail
Rufous-capped Spinetail
PP
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NA
M
Petrim
Sooty-fronted Spinetail
PP
NA
NA
B
Uí-pi
Pale-breasted Spinetail
PP
NA
B
Synallaxis spixi Sclater, 1856
João-teneném
Spix's Spinetail
PP
NA
QA
NA
B
Cranioleuca pallida (Wied, 1831)
Arredio-pálido
Pallid Spinetail
PP
NA
NA
M
Tangará
Swallow-tailed
Manakin
PP
NA
NA
B
Furnariidae Gray, 1840
Furnarius rufus (Gmelin, 1788)
Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823)
Automolus leucophthalmus (Wied, 1821)
Phacellodomus ferrugineigula (Pelzeln,
1858)
Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788)
Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819
Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859
Synallaxis albescens Temminck, 1823
Pipridae Rafinesque, 1815
Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder,
1793)
João-porca
Barranqueiro-deolho-branco
João-botina-dobrejo
Curutié
191
TÁXON
Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823)
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
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M
M
A
Soldadinho
Helmeted Manakin
PP
NA
QA
Black-tailed Tityra
PP
NA
NA
M
Crested Becard
PP
NA
NA
M
Araponga
Bare-throated Bellbird
VU
NA
VU
M
Pavó
Red-ruffed Fruitcrow
PP
NA
VU
M
White-throated
Spadebill
PP
NA
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M
PP
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M
PP
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M
PP
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Yellow-bellied Elaenia
PP
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B
Small-billed Elaenia
PP
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B
Olivaceous Elaenia
PP
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B
Highland Elaenia
PP
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M
Tityridae Gray, 1840
Tityra cayana (Linnaeus, 1766)
Pachyramphus validus (Lichtenstein,
1823)
S
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M
Anambé-branco-derabo-preto
Caneleiro-dechapéu-preto
S
P
Cotingidae Bonaparte, 1849
Procnias nudicollis (Vieillot, 1817)
Pyroderus scutatus (Shaw, 1792)
Incertae sedis
Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818
Patinho
Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907
Mionectes rufiventris Cabanis, 1846
Leptopogon amaurocephalus Tschudi,
1846
Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825)
Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831)
Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766)
Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye,
1846)
Hemitriccus margaritaceiventer
(d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)
Abre-asa-de-cabeçaGray-hooded Flycatcher
cinza
Sepia-capped
Cabeçudo
Flycatcher
Bico-chato-deYellow-olive Flycatcher
orelha-preta
Yellow-lored TodyTeque-teque
Flycatcher
Common TodyFerreirinho-relógio
Flycatcher
Ochre-faced TodyTororó
Flycatcher
Sebinho-de-olho-dePearly-vented Todyouro
tyrant
Tyrannidae Vigors, 1825
Hirundinea ferruginea (Gmelin, 1788)
Camptostoma obsoletum (Temminck,
1824)
Gibão-de-couro
Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822)
Guaracava-debarriga-amarela
Guaracava-de-bicocurto
Tuque
Elaenia parvirostris Pelzeln, 1868
Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830)
Elaenia obscura (d'Orbigny & Lafresnaye,
1837)
Risadinha
Tucão
Cliff Flycatcher
Southern BeardlessTyrannulet
192
TÁXON
Myiopagis viridicata (Vieillot, 1817)
Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823)
NOME COMUM
Guaracava-decrista-alaranjada
Marianinha-amarela
NOME
EM INGLÊS
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Greenish Elaenia
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Yellow Tyrannulet
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PP
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B
PP
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B
Phyllomyias virescens (Temminck, 1824)
Piolhinho-verdoso
Serpophaga subcristata (Vieillot, 1817)
Alegrinho
Attila rufus (Vieillot, 1819)
Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine,
1859
Capitão-de-saíra
Greenish Tyrannulet
White-crested
Tyrannulet
Gray-hooded Attila
Irré
Swainson's Flycatcher
Myiarchus tyrannulus (Statius Muller,
1776)
Maria-cavaleira-derabo-enferrujado
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789)
Sirystes sibilator (Vieillot, 1818)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Machetornis rixosa (Vieillot, 1819)
Myiodynastes maculatus (Statius Muller,
1776)
Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766)
Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766)
Myiozetetes similis (Spix, 1825)
Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819
Tyrannus savana Vieillot, 1808
Empidonomus varius (Vieillot, 1818)
Colonia colonus (Vieillot, 1818)
Myiophobus fasciatus (Statius Muller,
1776)
Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783)
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766)
Arundinicola leucocephala (Linnaeus,
1764)
Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818)
Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831)
Maria-cavaleira
Short-crested
Flycatcher
Brown-crested
Flycatcher
Gritador
Sirystes
PP
NA
NA
M
Bem-te-vi
Great Kiskadee
PP
NA
NA
B
Suiriri-cavaleiro
Cattle Tyrant
PP
NA
NA
B
Bem-te-vi-rajado
Streaked Flycatcher
PP
NA
NA
B
Neinei
Boat-billed Flycatcher
PP
NA
NA
B
Bentevizinho-deasa-ferrugínea
Rusty-margined
Flycatcher
PP
NA
NA
B
Bentevizinho-depenacho-vermelho
Social Flycatcher
PP
NA
NA
B
Suiriri
Tropical Kingbird
PP
NA
NA
B
Tesourinha
Fork-tailed Flycatcher
PP
NA
NA
B
Peitica
Variegated Flycatcher
PP
NA
NA
B
Viuvinha
Long-tailed Tyrant
PP
NA
NA
B
Filipe
Bran-colored Flycatcher
PP
NA
NA
B
Príncipe
Lavadeiramascarada
Freirinha
Vermilion Flycatcher
PP
NA
NA
B
Masked Water-Tyrant
White-headed Marsh
Tyrant
Streamer-tailed Tyrant
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
M
PP
NA
NA
M
Fuscous Flycatcher
PP
NA
NA
B
Tesoura-do-brejo
Guaracavuçu
193
TÁXON
Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868)
Contopus cinereus (Spix, 1825)
Knipolegus lophotes Boie, 1828
Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818)
Xolmis cinereus (Vieillot, 1816)
Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823)
NOME COMUM
Enferrujado
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
Euler's Flycatcher
PP
NA
NA
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
M
Tropical Pewee
PP
NA
NA
B
Papa-moscascinzento
Maria-preta-depenacho
Suiriri-pequeno
Crested Black-Tyrant
PP
NA
NA
B
Yellow-browed Tyrant
PP
NA
NA
B
Primavera
Gray Monjita
PP
NA
NA
B
Noivinha-branca
White-rumped Monjita
PP
NA
NA
M
Vireonidae Swainson, 1837
Rufous-browed
Peppershrike
Red-eyed Vireo
Rufous-crowned
Greenlet
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
M
Gralha-do-campo
Curl-crested Jay
PP
NA
NA
M
Andorinhapequena-de-casa
Andorinhaserradora
Andorinha-docampo
Andorinhadoméstica-grande
Blue-and-white
Swallow
Southern Rough-winged
Swallow
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
Brown-chested Martin
PP
NA
NA
B
Gray-breasted Martin
PP
NA
NA
B
Andorinha-do-rio
White-winged Swallow
PP
NA
NA
B
White-rumped Swallow
PP
NA
NA
B
Bank Swallow
PP
NA
NA
B
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)
Pitiguari
Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766)
Juruviara
Hylophilus poicilotis Temminck, 1822
Verdinho-coroado
Corvidae Leach, 1820
Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823)
Hirundinidae Rafinesque, 1815
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817)
Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817)
Progne tapera (Vieillot, 1817)
Progne chalybea (Gmelin, 1789)
Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783)
Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817)
Riparia riparia (Linnaeus, 1758)
Andorinha-desobre-branco
Andorinha-dobarranco
Troglodytidae Swainson, 1831
Troglodytes musculus Naumann, 1823
Corruíra
Southern House Wren
PP
NA
NA
B
Donacobiidae Aleixo & Pacheco, 2006
Japacanim
Black-capped
Donacobius
PP
NA
NA
M
Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766)
Turdidae Rafinesque, 1815
194
TÁXON
Turdus flavipes Vieillot, 1818
Turdus rufiventris Vieillot, 1818
Turdus leucomelas Vieillot, 1818
Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850
Turdus albicollis Vieillot, 1818
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
Sabiá-una
Yellow-legged Thrush
PP
NA
NA
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
M
Sabiá-laranjeira
Rufous-bellied Thrush
PP
NA
NA
B
Sabiá-barranco
Pale-breasted Thrush
PP
NA
NA
B
Sabiá-poca
Creamy-bellied Thrush
PP
NA
NA
B
Sabiá-coleira
White-necked Thrush
PP
NA
NA
M
Sabiá-do-campo
Chalk-browed
Mockingbird
PP
NA
NA
B
Caminheirozumbidor
Yellowish Pipit
PP
NA
NA
B
Cambacica
Bananaquit
PP
NA
NA
B
Green-winged Saltator
PP
NA
NA
B
Hooded Tanager
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
M
Mimidae Bonaparte, 1853
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823)
Motacillidae Horsfield, 1821
Anthus lutescens Pucheran, 1855
Coerebidae d'Orbigny & Lafresnaye,
1838
Coereba flaveola (Linnaeus, 1758)
Thraupidae Cabanis, 1847
Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye,
1837
Nemosia pileata (Boddaert, 1783)
Thlypopsis sordida (d'Orbigny &
Lafresnaye, 1837)
Trinca-ferroverdadeiro
Saíra-de-chapéupreto
Saí-canário
Orange-headed
Tanager
Chestnut-headed
Tanager
Pyrrhocoma ruficeps (Strickland, 1844)
Cabecinha-castanha
Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822)
Tiê-preto
Ruby-crowned Tanager
PP
NA
NA
B
Pipira-vermelha
Silver-beaked Tanager
PP
NA
NA
B
Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776)
Tico-tico-rei
Red-crested Finch
PP
NA
NA
B
Lanio melanops (Vieillot, 1818)
Tiê-de-topete
Black-goggled Tanager
PP
NA
NA
M
Sayaca Tanager
PP
NA
NA
B
Ramphocelus carbo (Pallas, 1764)
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766)
Palm Tanager
PP
NA
NA
B
Tangara cayana (Linnaeus, 1766)
Sanhaçu-cinzento
Sanhaçu-docoqueiro
Saíra-amarela
Burnished-buff Tanager
PP
NA
NA
M
Paroaria coronata (Miller, 1776)
Cardeal
Red-crested Cardinal
PP
NA
NA
B
Sanhaçu-papalaranja
Blue-and-yellow
Tanager
PP
NA
NA
B
Tangara palmarum (Wied, 1823)
Pipraeidea bonariensis (Gmelin, 1789)
195
TÁXON
Tersina viridis (Illiger, 1811)
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766)
Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818)
Conirostrum speciosum (Temminck, 1824)
Emberizidae Vigors, 1825
Zonotrichia capensis (Statius Muller,
1776)
Ammodramus humeralis (Bosc, 1792)
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
Saí-andorinha
Swallow Tanager
PP
NA
NA
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
B
Saí-azul
Blue Dacnis
PP
NA
NA
B
Saíra-ferrugem
Rufous-headed Tanager
PP
NA
NA
B
Figuinha-de-rabocastanho
Chestnut-vented
Conebill
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
Tico-tico-do-campo
Rufous-collared
Sparrow
Grassland Sparrow
PP
NA
NA
B
Cigarra-bambu
Uniform Finch
PP
NA
NA
M
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766)
Canário-da-terraverdadeiro
Saffron Finch
PP
NA
NA
B
Sicalis luteola (Sparrman, 1789)
Tipio
Grassland Yellow-Finch
Wedge-tailed GrassFinch
Blue-black Grassquit
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
Capped Seedeater
Chestnut-bellied SeedFinch
Half-collared Sparrow
PP
NA
VU
M
PP
NA
VU
B
PP
NA
NA
M
Saffron-billed Sparrow
PP
NA
NA
M
Hepatic Tanager
Red-crowned AntTanager
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
A
Haplospiza unicolor Cabanis, 1851
Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817)
Tico-tico
Canário-do-campo
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766)
Tiziu
Sporophila lineola (Linnaeus, 1758)
Bigodinho
Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823)
Coleirinho
Sporophila leucoptera (Vieillot, 1817)
Sporophila bouvreuil (Statius Muller,
1776)
Sporophila angolensis (Linnaeus, 1766)
Chorão
Arremon semitorquatus Swainson, 1838
Arremon flavirostris Swainson, 1838
Caboclinho
Curió
Tico-tico-do-mato
Tico-tico-de-bicoamarelo
Lined Seedeater
Double-collared
Seedeater
White-bellied Seedeater
Cardinalidae Ridgway, 1901
Piranga flava (Vieillot, 1822)
Sanhaçu-de-fogo
Habia rubica (Vieillot, 1817)
Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln,
Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne &
Zimmer 1947
Parula pitiayumi (Vieillot, 1817)
Tiê-do-mato-grosso
Mariquita
Tropical Parula
PP
NA
NA
M
Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789)
Pia-cobra
Masked Yellowthroat
PP
NA
NA
B
196
NOME COMUM
NOME
EM INGLÊS
I
U
C
N
M
M
A
S
P
Pula-pula
PP
NA
NA
Pula-pula-debarriga-branca
Golden-crowned
Warbler
S
e
n
s
i
b
i
l
i
d
a
d
e
M
White-bellied Warbler
PP
NA
NA
B
Basileuterus flaveolus (Baird, 1865)
Canário-do-mato
Flavescent Warbler
PP
NA
NA
M
Basileuterus leucoblepharus (Vieillot,
1817)
Pula-pulaassobiador
White-browed Warbler
PP
NA
NA
M
Cacicus chrysopterus (Vigors, 1825)
Tecelão
Golden-winged Cacique
PP
NA
NA
M
Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766)
Inhapim
Epaulet Oriole
PP
NA
NA
M
Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819)
Graúna
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
PP
NA
NA
B
TÁXON
Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830)
Basileuterus hypoleucus Bonaparte, 1830
Icteridae Vigors, 1825
Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819)
Garibaldi
Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819)
Chopim-do-brejo
Vira-bosta
Chopi Blackbird
Chestnut-capped
Blackbird
Yellow-rumped
Marshbird
Shiny Cowbird
Polícia-inglesa-dosul
White-browed
Blackbird
Sporagra magellanica (Vieillot, 1805)
Pintassilgo
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)
Fim-fim
Hooded Siskin
Purple-throated
Euphonia
Golden-rumped
Euphonia
Bico-de-lacre
Common Waxbill
PP
NA
X*
B
Pardal
House Sparrow
PP
NA
X*
B
Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789)
Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850)
Fringillidae Leach, 1820
Euphonia cyanocephala (Vieillot, 1818)
Gaturamo-rei
Estrildidae Bonaparte, 1850
Estrilda astrild (Linnaeus, 1758)
Passeridae Rafinesque, 1815
Passer domesticus (Linnaeus, 1758)
197
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200
Capítulo 12
Mastofauna
do Município de Sorocaba
Roberto Tiocci Junior, Fernando Monteiro Costa,
Welber Senteio Smith e Edna Maria Cardoso de Oliveira
Resumo
Na produção deste capítulo foram reunidas informações disponíveis na literatura e também
dados dos próprios autores referentes à mastofauna do município de Sorocaba, evidenciando a
distribuição das espécies em diversos habitats, como principais pontos de amostragem as áreas
do Site da Toyota, Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade “Marco Flávio da
Costa Chaves” (PNMCBio), incluindo também os corredores e fragmentos adjacentes ao redor da
PNMCBio e do Parque Municipal Dr. Bráulio Guedes da Silva”.
Por meio de levantamento bibliográfico referente às espécies amostradas no município de
Sorocaba foi possível gerar uma lista contendo 48 espécies de mamíferos pertencentes a 8 ordens
e 18 famílias.
Introdução
A mastofauna do interior paulista, embora bastante rica em diversidade e endemismos, devido
aos contatos entre o Cerrado e a Floresta Estacional, encontrasse bastante alterada no que diz
respeito à composição de espécies, principalmente em regiões onde o histórico de fragmentação
foi mais intenso, atualmente é constituída por fragmentos florestais isolados de diversos tamanhos
e em diferentes estágios de sucessão secundária, formando um mosaico de paisagens altamente
modificadas (PAGLIA, et.al., 1995).
As espécies de mamíferos sempre despertam interesses nas pessoas devido a sua diversidade,
beleza, utilidade ou pelos problemas que podem causar (REIS, et al., 2010) os mais carismáticos
vertebrados viventes, em decorrência de sua notável diversidade morfológica, ecológica e
201
comportamental (ROSE, 2006). São conhecidas, atualmente, cerca de 5.400 espécies de mamíferos
no mundo (WILSON e REEDER, 2005), mas este número vem aumentando ano a ano com a descrição
de novas espécies descobertas em inventários de áreas pouco conhecidas ou nas gavetas dos
museus. A diversidade de mamíferos no Brasil atinge números expressivos, constituindo-se numa
das maiores do mundo. Até pouco tempo, eram conhecidas 22 ordens de mamíferos no mundo,
das quais 12 são encontradas no Brasil, representadas por 688 espécies (FONSECA et al.,1996
apud REIS et al. 2006). Para o Estado de São Paulo são listadas 231 espécies de mamíferos, 206
excluindo-se os cetáceos (DE VIVO et al., 2010), o que representa 36% da diversidade nacional,
com representantes de todas as ordens de mamíferos presentes no Brasil.
Contudo, atualmente essa biodiversidade se encontra ameaçada devido à fragmentação de
florestas, entre outras causas, as antropogênicas. Em suma, são animais com biologia semelhante
a dos humanos - a espécie de mamífero dominante no planeta. E por esta razão, encontram-se
seriamente ameaçados ao redor do globo.
Material e métodos
Área de estudo
O município de Sorocaba (Figura 01 - anexo) é o quarto mais populoso do interior do Estado de
São Paulo (precedido por Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto), com uma população
de mais de 600 mil habitantes sendo, portanto, uma capital regional. Porém, a microrregião de
Sorocaba conta com 14 municípios, somando mais de 1.300.000 habitantes.
Possui uma área de 456,0 km², sendo 349,2 km² de área urbana e 106,8 km² de área rural
(PREFEITURA DE SOROCABA, 2012). A cidade é um importante polo industrial no interior do
Estado de São Paulo e do Brasil. É o oitavo município brasileiro e o quarto mercado consumidor
do Estado fora da região metropolitana da capital, com um potencial de consumo per capita anual
estimado em 2.400 dólares estadunidenses para a população urbana, e 917 dólares estadunidenses
para a rural (7.200 pessoas), sendo a 29ª cidade brasileira com maior potencial de consumo
(PREFEITURA DE SOROCABA, 2012).
Sorocaba faz limite com os seguintes municípios: Porto Feliz, Votorantim, Mairinque, Itu,
Araçoiaba da Serra, Salto de Pirapora, Iperó, Alumínio, Capela do Alto, Boituva, Piedade, Ibiúna,
Cabreúva e Tatuí (PREFEITURA DE SOROCABA, 2012).
202
A cobertura vegetal original da região de Sorocaba corresponde à Floresta Ombrófila Densa,
segundo a terminologia adotada pelo IBGE, ou Complexo da Floresta Atlântica. De acordo com
a delimitação das Regiões Ecológicas no Estado de São Paulo adotada pela Resolução SMA n°21
de 21.11.01, a área de estudo situa-se na região Sudeste do Estado de São Paulo, cuja matriz é
composta por Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila
Densa e Cerrado lato sensu.
Sorocaba está localizada na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos UGRHI-10 –
Sorocaba e Médio Tietê - SMT. O uso do solo nessa bacia engloba áreas intensamente urbanizadas e
industrializadas nas proximidades de Sorocaba e atividades hortifrutigranjeiras, reflorestamento,
pastagens naturais e cultivadas na zona rural.
Devido ao intenso uso, a cobertura vegetal do município de Sorocaba, encontra-se reduzida e
distribuída em pontos isolados, formando diversos fragmentos de pequeno porte.
O município de Sorocaba possui um total de 45.007,85 hectares, dos quais 7.509,02 hectares
apresentaram cobertura por remanescentes de vegetação natural para o ano de 2006 (ano da
cobertura aerofotogramétrica utilizada no estudo), representando 16,68% do território (MELLO
K., 2012).
Utilizando como base para as descrições das fitofisionomias a classificação proposta por IBGE
(1991), Projeto RADAM Brasil (1983) e Mapa de Uso o Solo do Estado de São Paulo (Secretaria
do Meio Ambiente – Instituto Florestal, 2005), foi possível observar as seguintes tipologias:
Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa - Estágio Inicial (Vegetação Estágio
Inicial), Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa – Estágio Médio (Vegetação
Estágio Médio), Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Densa – Estágio Avançado
(Vegetação Estágio Avançado), Savana Arborizada (Cerrado), Savana gramíneo-lenhosa (Campo
Cerrado), Vegetação Pioneira, Mata Ciliar (Mata de Várzea) e Campo Antrópico, cujas descrições
seguem especializadas, apresentando-se abaixo como mosaicos a área de cada fitofisionomia
presente no município de Sorocaba (Tabela 01).
Tabela 1: Vegetação remanescente no município de Sorocaba – SP
Uso do solo
Vegetação Avançada
Vegetação Média
Vegetação Pioneira
Vegetação Rupreste
Campo Cerrado
Cerrado
Vegetação Inicial
Mata Ciliar
Vegetação de Várzea
Área (Hectares)
285,73
1.713,75
893,84
26,69
501,14
319,14
1.466,73
3.471,30
644,94
203
Levantamento de dados
Nesta revisão foram reunidas informações disponíveis na literatura e também dados dos
próprios autores referentes à mastofauna do município de Sorocaba, evidenciando a distribuição
das espécies em diversos habitats.
Foi realizada uma consulta nas bibliotecas das universidades do município de Sorocaba
(Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP, Universidade Paulista – UNIP e Universidade Federal
de São Carlos – UFSCar-Sorocaba), a fim de buscar as informações contidas em monografias e
relatórios de iniciação científica. Além disso, pesquisaram-se nos sites de busca Google Acadêmico
e Scielo, os artigos que tiveram pontos de amostragem dentro do município de Sorocaba.
Estudos sobre a mastofauna de Sorocaba
Com base nos dados levantados através de revisões bibliográficas de monografias,
relatórios de iniciação científica, Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de
Impacto Ambiental - EIA/RIMA do Site da Toyota do Brasil, Plano de Manejo do Parque Natural
Municipal Corredores de Biodiversidade “Marco Flávio da Costa Chaves” e alguns Trabalhos de
Conclusão de Curso - TCCs da região do município de Sorocaba, foram catalogadas 48 espécies
de mamíferos no total, pertencentes a 8 ordens e 18 famílias. Vale ressaltar que na área do
empreendimento da Toyota do Brasil, foram catalogadas 34 espécies e na área da PNMCBio,
foram catalogadas 12 espécies de mamíferos.
Dos dados aqui compilados, destacam-se também os trabalhos de iniciação científica
desenvolvidos entre 2010, 2011 e 2013 pelos alunos da Universidade Paulista (UNIP- Sorocaba),
Fernando Monteiro Costa, Roberto Tiocci Junior e Edna Maria Cardoso de Oliveira, atuais autores
do mesmo junto ao Dr. Prof. Welber Senteio Smith, da Universidade Paulista (UNIP-Sorocaba). Os
dados apresentados nesse capítulo são baseados em todos os trabalhos desenvolvidos até agora
no município de Sorocaba.
Inventário da mastofauna
De acordo com os trabalhos citados e dados dos próprios autores desse capítulo, ocorre em
Sorocaba um total de 48 espécies de mamíferos pertencentes a 8 ordens (Didelphiomorphia,
Cingulata, Primates, Chiroptera, Carnivora, Artiodactyla, Rodentia e Lagomorfa) e 18 famílias
(Didelphidae, Dasupodidae, Cebidae, Phyllostomidae, Vespertilionidae, Felidae, Canidae, Mustelidae,
Procyonidae, Tayassuidade, Suidae, Cervidae, Cricetidae, Caviidae, Erethiontidae, Scuridae,
Myocastoridae e Leporidae).
As ordens Rodentia e Chiroptera apresentam o maior número de espécies registradas, sendo
Rodentia, 14 espécies; e Chiroptera, 9 espécies.
As espécies mais comuns são: Didelphis albiventris (Figura 02 - anexo), Didelphis aurita, Dasypus
novemcinctus, Gracilinanus agilis (Figura 03 - anexo), Desmodus rotundus, Anoura caudifer, Carollia
perspicillata, Artibeus lituratus, Sturnira lilium (Figura 04 - anexo), Cerdocyon thous, Procyon
cancrivorus (Figura 05 - anexo), Tayassu pecari, Mazama gouazoubira, Akodon sp, Necromys
lasiurus (Figura 06 - anexo), Oligoryzomys sp, Myocastor coypus e Hydrochoerus hydrocaeris.
204
A espécie exótica de Javaporco foi registrada através de observação direta, essa espécie
se prolifera rapidamente, dominando habitats florestais e prejudicando a manutenção da
biodiversidade nativa (DEBERDT & SCHERER, 2007).
A Tabela 2 apresenta as espécies inventariadas no município de Sorocaba com os respectivos
nomes populares, status de conservação, ocorrência das espécies no município e tipo de
metodologia utilizada para o levantamento das mesmas.
A fauna catalogada através destas revisões bibliográficas é típica de ambientes antropizados, que
se apresentam como espécies generalistas, que se adaptam bem a ambientes degradados. Dentre
os animais registrados no município de Sorocaba, segundo a Lista de Fauna Ameaçada de Extinção
do Estado de São Paulo (2009), a espécie Tayassu pecari está na categoria Em Perigo (EN), ou seja,
enfrenta um risco muito alto de extinção na natureza em virtude da caça e redução significativa
de áreas preservadas no Estado de São Paulo. A espécie Monodelphis iheringi (Figura 7 - anexo),
classificada na categoria Vulnerável (VU), encontra-se com alto risco de extinção na natureza. É
um marsupial raro, sendo encontrado em florestas primárias e secundárias (REIS et al., 2011).
As espécies do gênero Leopardus se encontram na categoria Vulnerável (VU) ou Em Perigo (EN).
O Brasil apresenta 69 espécies de mamíferos oficialmente ameaçadas, o que representa 10,6%
das 652 espécies nativas de mamíferos que ocorrem no país, segundo a mais recente compilação
disponível (REIS et al., 2006). A grande maioria das espécies ameaçadas (40 espécies) está incluída
na categoria Vulnerável (VU), quase um terço (18 espécies) está na categoria Criticamente em
Perigo (CR) e as 11 espécies restantes situam-se na categoria Em Perigo (EN) , segundo critérios
de avaliação adotados para a elaboração da lista em 2002 (UNIÃO MUNDIAL PARA A NATUREZA
– IUCN, 2001) e publicados em Machado et al. (2005). Nenhuma espécie foi considerada Extinta
ou Regionalmente Extinta. As espécies ameaçadas estão distribuídas em 10 das 12 ordens com
representantes no Brasil, ou seja, apenas as ordens Perissodactyla e Lagomorpha (cada uma delas
tem uma espécie no país) não possuem espécies ameaçadas.
Segundo Burstim e Flynn (2012), para a região de Sorocaba e arredores foram encontradas 71
espécies de mamíferos. O número de espécies inventariadas através dos trabalhos realizados no
Site da Toyota do Brasil, PNMCBio e Parque Municipal “Dr. Bráulio Guedes da Silva” correspondem
a 67,6% do total identificado para a região.
205
Morcego
x
x
Carollia perspicillata
Morcego
x
Desmodus rotundus
Morcego
x
Micronycteris microtis Morcego
x
Sturnira lilium
Morcego
x
Myotis nigricans
Morcego
x
Myotis sp
Morcego
x
Akodon ssp
Rato-do-chão
x
Oligoryzomys ssp
Camundongo-do-mato
x
Oryzomys laticeps
Rato-do-mato
x
Oxymycterus delator
Rato-do-brejo
x
Táxon
Nectomys squamipes
Rato-d’água
X
x
x
x
X
X
x
x
x
x
Rhipdomys mastacalis Rato-da-árvore
x
Calomys tener
Rato-calunga
x
x
Oecomys catherinae
Rato-da-árvore
x
x
Myocastor coypus
Ratão do Banhado
x
Necromys lasiurus
Pixuna
x
Oligoryzomys nigripes Camundongo-do-mato
x
Didelphis albiventris
Gambá-de orelha-branca
Didelphis aurita
Gambá-de orelha-preta
x
Gracilinanus agilis
Cuíca
x
Monodelphis kunsi
Catita
x
X
x
x
x
X
X
X
X
X
X
X
Observações
Meio
Periurbano
Artibeus obscurus
X
X
Invasora
x
x
Não nativa
x
x
Anoura caudifer
Nativa
Artibeus lituratus
Morcego
Morcego
Nome
Popular
Meio Rural
Meio Urbano
Status
(IUCN,
CITES, MMAAmeaçada)
Tabela 2: Espécies inventariadas no município de Sorocaba-SP.
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
X
Captura
X
Captura
X
Captura
X
Captura
X
Captura
X
Captura
X
Captura
X
X
X
X
X
X
X
X
Captura
Pesq.
Etnozoológica
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
Captura
206
Cuíca-três-litras
x
Onça-Parda
x
Felis wiiedi
Gato-do-mato
x
Herpailurus yaguaroundi
Gato- mourisco
x
Felis Pardalis
Jaguatirica
x
Puma yagouaroundi
Jaguarundi
x
Leopardus sp
Gato-do-mato
x
Procyon cancrivorus
Mão- pelada
x
Chrysocyon brachyurus
Lobo-Guará
x
Cerdocyon thous
Cachorro-do-mato
x
Sylvilagus brasiliensis
Tapiti
x
Guerlinguetus ingrami
Esquilo
x
Coendou prehensilis
Ouriço caxeiro
x
Dasypus novemcinctus
Tatu-Galinha
x
Mazama gouazoubira
Veado catingueiro
Monodelphis iheringi
Puma concolor
X Captura
Vulnerável (IUCN)
X Observação Direta
X Observação Direta
X Observação Direta
X Observação Direta
X Observação Direta
X Pegadas
Vulnerável (IUCN)
X
Ameaçada (IUCN)
X
X
x
Hydrochoerus hydrochoeris Capivara
x
Cavia aperea
Preá
x
Nasua nasua
Quati
x
X
X
x
X Pegadas
x X Observação Direta
x X Observação Direta
x X Observação Direta
x X Observação Direta
x X Pesq. Etnozoológica
x X Pegadas
x
x
X Observação Direta
x Observação Direta
x Observação Direta
x
x Observação Direta
x
x Observação Direta
Callithrix penicillata
Sagui-do-Cerrado
Galictis vittata
Furão
x
x
x Captura
Tayassu pecari
Queixada
x
x
x Observação Direta
x x
x
x Observação Direta
x
x Observação Direta
x
x Observação Direta
Felis catus
Porco doméstico /
Javali
Gato-doméstico
Canis lupus familiaris
Cachorro-doméstico x
Sus scrofa
x
X
X
207
Distribuição da mastofauna
A distribuição geográfica dos mamíferos é muito variada e a diversidade e a riqueza mastofauna
são influenciadas por diversos fatores complexos combinados, entre eles, a história evolutiva, o
grau de isolamento e a complexidade do habitat. A ampliação da distribuição de algumas espécies
é discutida, assim como aspectos biogeográficos.
Em relação aos mamíferos terrestres, a perda e a fragmentação dos habitats estão entre os
fatores que mais afetam a sobrevivência de suas populações (CHIARELLO, 2000). Em fragmentos
com áreas muito reduzidas, o equilíbrio na relação de interdependência das espécies não é
mantido (CROOKS e SOULÉ, 1999; CROOKS, 2002). A fauna de um modo geral é afetada por essa
fragmentação devido ao isolamento que impede a migração entre os fragmentos e a recolonização,
provocando aumento do endocruzamento e diminuição da viabilidade genética dessas populações,
podendo resultar em extinções locais (CASTRO e FERNANDEZ, 2004). Esses remanescentes
florestais, segundo Viana et al. (1992), podem ser considerados os últimos depositários da
biodiversidade nativa de boa parte de nossas florestas.
208
Conclusões
O município de Sorocaba apresenta-se em um mosaico de fragmentos de habitats, sendo a
fragmentação a ameaça mais séria para a maioria das espécies de vertebrados (PRIMACK
e RODRIGUES, 2001). A fauna é totalmente dependente da flora, qualquer distúrbio
provocado na vegetação reflete negativamente na fauna local (SOUSA e GONÇALVES, 2.004).
Diversos componentes estruturais de um habitat se inter-relacionam e são determinantes
para a persistência ou não das espécies originais, o que pode interferir na abundância de
mamíferos e de como estão distribuídos no ambiente (PAGLIA, et al., 2006).
As espécies registradas são adaptadas a ambientes degradados e representam cerca de 13% da
fauna do Estado de São Paulo. Mesmo essas espécies sendo adaptadas a alterações, não estão salvas
da extinção. O ideal seria associar o tamanho dos fragmentos com a qualidade e disponibilidade de
recursos, com pouco efeito de borda, obtendo assim um ambiente favorável à manutenção de riqueza
de espécies por um longo período de tempo (REIS et. al, 2003).
A realização de estudos em remanescentes de vegetação nativa é uma forma eficiente de avaliar o
efeito da fragmentação sobre a biodiversidade, bem como o grau de perturbação desses fragmentos
(D’ANDREA et al. 1999). Neste sentido, inventariar a fauna de um ecossistema é o primeiro passo
para sua conservação. Priorizar a conservação dos fragmentos e possibilitar a conexão entre eles é
de fundamental importância à manutenção da fauna, bem como à discussão da presença de cercas
no entorno, se por um lado tende a proteger o fragmento de ações antrópicas, por outro, limita o
deslocamento da fauna. Assim, é necessário priorizar investimentos na conservação dos fragmentos
e viabilizar corredores de vegetação entre eles para aumentar as chances de sobrevivência da fauna
regional, sem perder de vista que a presença das cercas ao redor dos fragmentos é um ponto ainda a
ser estudado e resolvido.
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210
Capítulo 13
Relações entre o Parque Zoológico
Municipal “Quinzinho de Barros” e a
Biodiversidade Faunística de Sorocaba
Cecília Pessutti, Luana Longon e Rodrigo Hidalgo Friciello Teixeira
Resumo
Ao contrário da visão antiquada de parques zoológicos com a exclusiva função de entretenimento
do público, consolida-se gradualmente a interpretação de que essas instituições possuem diversos
outros objetivos que incluem atividades de educação ambiental, pesquisas científicas e ação direta
em programas de conservação da biodiversidade. O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de
Barros” (PZMQB), localizado na cidade de Sorocaba, foi fundado em 1968 e é uma instituição de
referência nacional, classificada na categoria A definida pelo IBAMA, colabora junto aos órgãos
oficiais dos Planos de Ação para Conservação de Espécies Ameaçadas e recebe cerca de 600.000
visitantes por ano. Devido à inexistência de Centros de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) na
região de Sorocaba, o Zoológico acaba por receber animais procedentes de seu entorno, provenientes
de pessoas físicas e instituições como Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental. Foi realizado
levantamento das entradas de animais no PZMQB no período de 2004 a 2012 (nove anos), com
pelo menos uma ocorrência na cidade de Sorocaba, totalizando 3.537 animais de 179 espécies. Os
resultados revelaram a preponderância da classe das aves tanto em riqueza (número de espécies),
quanto em abundância (número de indivíduos), seguidas pelos répteis e pelos mamíferos. Os anfíbios
foram excluídos da análise, pois foi registrada a retenção de apenas uma espécie (Rhinella icterica).
Ressalta-se que muitos animais possuem origem de cativeiro no município, o que não significa
necessariamente a distribuição geográfica natural da espécie. Isso deve ser observado com atenção,
já que a introdução de espécies alóctones pode causar graves desequilíbrios nos ecossistemas. Por
fim, pontua-se a importância dos estudos a serem realizados em cativeiro (ex situ) para que os
conhecimentos adquiridos possam ser aplicados em programas de conservação in situ.
211
Introdução
A Associação Internacional de Zoos e Aquários (WAZA) explicita em suas publicações o papel
dos zoológicos e aquários, englobando lazer, educação, pesquisa e bem-estar animal, dando
enfoque para a importância dos mesmos para a conservação da biodiversidade, muito embora
ainda persista a visão de que os parques zoológicos são coleções de animais vivos com o objetivo
exclusivo de entretenimento para seus visitantes.
A acelerada expansão urbana, com a consequente perda de habitats naturais, faz com que a
população das cidades possua cada vez menos contato com a natureza. Desse modo, espaços como
parques zoológicos propiciam o conhecimento da biologia de diversos exemplares da fauna que
não seriam possíveis de serem observados em vida livre. Os programas de educação ambiental
desenvolvidos nesses espaços possuem então uma particular importância no envolvimento da
comunidade visitante, visando à sensibilização e à conscientização acerca da biodiversidade
existente, do impacto das ações antrópicas no ambiente e das medidas que devem ser tomadas para
a conservação da vida no planeta. Quanto maior a efetividade e o alcance das medidas educativas,
maiores são as chances de aumentar a influência das questões ambientais nas decisões políticas
pertinentes.
Outro princípio importante para os zoológicos em todo o mundo é a conservação integrada
como parte principal de suas missões. Isso porque a manutenção de fauna em cativeiro (ex
situ) permite que sejam realizados estudos científicos diversos em relação à biologia, medicina
veterinária, ecologia e ao comportamento dos animais, conhecimento esse imprescindível para o
sucesso dos programas de conservação dos animais em seus habitats originais (in situ).
O zoológico atua em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação para Biodiversidade
nos Planos de Ação para Espécies Ameaçadas de Extinção tais como: lobo-guará, ariranha, araraazul, cervo-do-pantanal e micos-leões.
Destaca-se ainda a função dos zoológicos na formação e capacitação de profissionais de Biologia,
Veterinária e de Educação Ambiental para desempenhar seus papéis a favor da conservação da
biodiversidade animal. Nos zoos são desenvolvidos estágios, cursos de aperfeiçoamento, programas
de residência de médicos veterinários, projetos de mestrado e doutorado, entre outras ações.
Assim, devido às características citadas e por estarem inseridos em áreas urbanas, os zoológicos
se tornam centros de referência para o recebimento, alojamento e tratamento, com a posterior
destinação para outras instituições de animais silvestres provenientes de situações diversas, tais
como: atropelamentos, apreensão de comércio ou cativeiro ilegais e conflitos com habitantes
das cidades. É importante pontuar que essa atividade é responsabilidade primária de Centros de
Triagem de Animais Silvestres (CETAS) e de Centros de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS),
porém muitas vezes com a inexistência de tais unidades, os zoológicos acabam absorvendo parte
da demanda.
212
Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”
O ano de 1916 marca o início da história do Zoológico de Sorocaba, onde se encontra hoje a
Praça “Frei Baraúna”, conhecida como Fórum Velho. O Jardim dos Bichos, como era conhecido,
continha animais comumente encontrados na região, como jacarés, bichos-preguiça, veados,
macacos e serpentes, e era apenas voltado para a contemplação. Ele foi extinto em 1930.
Em 1965, a Prefeitura Municipal de Sorocaba construiu uma área de lazer às margens do Rio
Sorocaba e instalou alguns recintos com animais, que foram inaugurados no ano seguinte, em 1966.
Nesse mesmo ano, a Prefeitura adquiriu uma chácara que pertencia à família Prestes Barros,
onde se construiu o novo zoológico, o qual foi inaugurado em 20 de outubro de 1968. Daí por
diante, trabalhos pioneiros foram desenvolvidos e consolidados ao longo do tempo, o que ocorre
até os dias de hoje.
No ano de 2004, o Zoológico de Sorocaba foi entregue à população após um período de
reestruturação e reforma que durou cinco anos, no qual foram incorporadas técnicas modernas
de exibição, como ampliação dos recintos e fossos para primatas; construção de um aviário com a
concepção de recinto de imersão, que permite a entrada de visitantes; tanques com painéis de vidro
para as lontras, ariranhas, répteis e ursos; além da criação de passarela sobre recinto de flamingos.
O parque possui mais de 128 mil metros quadrados e a fauna nacional constitui a maioria do
plantel, representando cerca de 70% da coleção. Existem também muitos animais de vida livre
da região que habitam o espaço, que conta com lagos e fragmento de mata secundária mista, com
características de transição entre Mata Atlântica e Cerradão.
Os jardins zoológicos realizam entre si permutas de animais de seus plantéis. Essas trocas
possuem objetivos diversos, desde a obtenção de variabilidade genética das populações em
cativeiro até a possibilidade de agregar espécies novas ao plantel.
O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” é um importante símbolo do município
de Sorocaba e recebe anualmente 600.000 visitantes regulares, além de mais de 90.000 alunos das
redes pública e particular de ensino.
Enquadramento legal
De acordo com a Instrução Normativa nº 04 de 04 de março de 2002 do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, os jardins zoológicos são
classificados em três categorias denominadas “C”, “B” e “A”.
O PZMQB é classificado na categoria “A”, a mais abrangente, o que significa possuir infraestrutura
básica e apresentar características diferenciais: laboratório próprio para análises clínicas e patológicas,
auditório, programas de estágio supervisionado em diversas áreas de atuação, coleção de peças
biológicas, promoção de intercâmbios técnicos em nível nacional e internacional, entre outras.
Podemos inferir que a entrada de animais silvestres registradas pelo Zoológico de Sorocaba
está diretamente relacionada ao crescente desenvolvimento urbano e industrial, o qual promove
o desmatamento e a dispersão dos animais para as áreas urbanizadas.
213
Entrada de animais silvestres
O Zoológico de Sorocaba recebe animais silvestres por meio de pessoas físicas e de
instituições oficiais (15º Grupamento de Bombeiros e 3a CIA da Polícia Militar Ambiental, esta
com maior frequência), os quais encaminham animais provenientes de diversas situações.
Ao serem recebidos, os animais silvestres são registrados em documentos internos de
movimentação e passam por uma avaliação clínica realizada por um médico veterinário. Quando
não necessitam de tratamento médico, seguem para um espaço reservado à quarentena, onde
são monitorados em relação ao comportamento e alimentação. Além disso, são realizados exames
de fezes em busca de eventuais parasitoses. Nos casos de animais que chegam com lesões, eles
permanecem no Setor Veterinário para tratamento antes de serem encaminhados à quarentena.
Em casos muito graves, que demandem maior infraestrutura, eles são encaminhados para
instituições especializadas, como universidades.
Após a quarentena, os animais podem ser integrados ao plantel ou encaminhados para outras
instituições, obedecendo às normais legais estabelecidas.
Para o gerenciamento eficiente da coleção (incluindo os animais em exposição e os que são
recebidos), o Zoológico de Sorocaba possui registros de todas as entradas de animais, além
dos nascimentos, óbitos e saídas para outras instituições, em documentos internos oficiais
denominados Relatórios Mensais (RM).
Esses relatórios possuem dados como: identificação do animal (nome popular e nome
científico), local de origem, características peculiares do indivíduo, número de exemplares e sexo.
Metodologia
Para este levantamento, foram analisados os dados relativos à retenção de animais silvestres
(répteis, aves e mamíferos) pelo Zoológico de Sorocaba entre os anos de 2004 e 2012, totalizando
nove anos de registros.
Diante do interesse em se estudar a biodiversidade local, foram incluídos nos levantamentos apenas
as espécies de animais que apresentaram no mínimo uma ocorrência no município de Sorocaba.
Para este estudo, entende-se por ocorrência local aqueles animais cuja origem nos relatórios
mensais foi registrada como Sorocaba. Ressalta-se que muitos dos animais viviam em cativeiro
na cidade, portanto a origem refere-se muitas vezes ao cativeiro e não à distribuição geográfica
natural da espécie.
Foram excluídos das listas aqueles animais que apresentavam apenas o nome popular nos
registros, aqueles com identificação duvidosa ou somente até o nível de gênero, as espécies
exóticas (não brasileiras), as espécies domésticas e, por fim, os que não apresentaram nenhum
exemplar com origem no município de Sorocaba.
Os nomes científicos foram verificados e estão em conformidade com a Sociedade Brasileira de
Herpetologia para os répteis, com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) para as
aves e com a International Conservation (IC) para os mamíferos.
O status de conservação das espécies foi consultado na Lista de Fauna Ameaçada do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e na Lista Vermelha
elaborada pela International Union for Conservation of Nature – IUCN.
214
Resultados
Entre os anos de 2004 e 2012 foram registradas as retenções de 3.537 animais, distribuídos em
179 espécies de vertebrados pertencentes aos grupos dos répteis, aves e mamíferos (figuras 1 e 2).
Os anfíbios não estão representados juntamente com os demais grupos, pois nos registros
consta apenas uma espécie com origem de Sorocaba, a Rhinella icterica, popularmente conhecida
como sapo-cururu.
215
558
2764
Aves
Répteis
Mamíferos
Fig. 1: Número de indivíduos (abundância) retidos
pelo PZMQB entre os anos de 2004 e 2012.
38
28
113
Aves
Répteis
Mamíferos
Fig. 2: Número de espécies retidas (riqueza) pelo
PZMQB entre os anos de 2004 e 2012.
215
Como evidenciado pelos gráficos, tanto a riqueza quanto à abundância da classe das aves são
maiores quando comparadas aos demais grupos.
O total de 3.537 animais que entraram no Zoológico no período estudado está assim distribuído:
78% de aves, 16% de répteis e 6% de mamíferos.
Quanto ao número de espécies, a distribuição seguiu a mesma tendência, com as aves
representando 63% das entradas, os répteis 21% e os mamíferos 16%.
Listas
As figuras 3, 4 e 5 referem-se às listas das espécies de animais cujas entradas foram registradas
pelo Zoológico de Sorocaba no período estudado.
As tabelas trazem o nome popular, o nome científico e o status de conservação das espécies de
acordo com a Lista Vermelha da IUCN e a Lista de Fauna Ameaçada do IBAMA.
O status de conservação indica o grau de ameaça em que se encontram as espécies atualmente.
Em ordem crescente de ameaça, os graus são assim distribuídos: pouco preocupante (LC), quase
ameaçada (NT), vulnerável (VU), em perigo (EN) e em perigo crítico (CR). Existem também os
status EW e EX, que significam espécie extinta na natureza e espécie extinta, respectivamente. Os
animais não encontrados na Lista Vermelha e na Lista de Fauna Ameaçada foram assinalados com
(-) e os que contam com dados insuficientes são representados pela sigla DD.
216
Aves
Status
(IUCN)
Status
(IBAMA)
Codorna-amarela
LC
-
Pato-selvagem
Marreco-irerê
LC
LC
-
Jacuaçu
Jacupemba
LC
LC
-
Biguatinga
LC
-
Garça-branca-grande
Garça-vaqueira
Garça-branca-pequena
LC
LC
LC
-
Curicaca
LC
-
Urubu-de-cabeça-preta
LC
-
Gavião-peneira
Gavião-de-cabeça-cinza
Gavião-carrapateiro
Gavião-carijó
LC
LC
LC
LC
-
Carcará
Falcão-de-coleira
Quiriquiri
Falcão-relógio
LC
LC
LC
LC
-
Táxon
TINAMIFORMES
TINAMIDAE
Nothura maculosaw
ANSERIFORMES
ANATIDAE
Cairina moschata
Dendrocygna viduata
GALLIFORMES
CRACIDAE
Penelope obscura
Penelope superciliaris
SULIFORMES
ANHINGIDAE
Anhinga anhinga
PELECANIFORMES
ARDEIDAE
Ardea alba
Bubulcus ibis
Egretta thula
THRESKIORNITHIDAE
Theristicus caudatus
CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE
Coragyps atratus
ACCIPITRIFORMES
ACCIPITRIDAE
Elanus leucurus
Leptodon cayanensis
Milvago chimachima
Rupornis magnirostris
FALCONIFORMES
FALCONIDAE
Caracara plancus
Falco femoralis
Falco sparverius
Micrastur semitorquatus
Nome Popular
217
GRUIFORMES
RALLIDAE
Gallinula galeata
Porphyrio martinica
CARIAMIFORMES
CARIAMIDAE
Cariama cristata
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columbina squammata
Geotrygon montana
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Amazona aestiva
Amazona amazonica
Amazona ochrocephala
Amazona rhodocorytha
Amazona vinacea
Ara ararauna
Aratinga aurea
Aratinga cactorum
Aratinga jandaya
Aratinga leucophthalma
Aratinga solstitialis
Brotogeris chiriri
Brotogeris tirica
Diopsittaca nobilis
Forpus xanthopterygius
Orthopsittaca manilata
Pionopsitta pileata
Pionus maximiliani
Pyrrhura frontalis
Pyrrhura perlata
STRIGIFORMES
TYTONIDAE
Tyto alba (anexo)
STRIGIDAE
Asio clamator
Asio stygius
Athene cunicularia
Frango-d'água-comum
Frango-d'água-azul
LC
LC
-
Seriema
LC
-
Quero-quero
LC
-
Fogo-apagou
Pariri
LC
LC
-
Papagaio-verdadeiro
Papagaio-do-mangue
Papagaio-campeiro
Chauá
Papagaio-de-peito-roxo
Arara-canindé
Jandaia-coquinho
Jandaia-vaqueira
Jandaia-verdadeira
Jandaia-maracanã
Jandaia-sol
Periquito-de-encontro-amarelo
Periquito-rico
Ararinha-nobre
Tuim
Ararinha-buriti
Cuiú-cuiú
Maitaca-verde
Tiriba-de-testa-vermelha
Tiriba-de-barriga-vermelha
LC
LC
LC
EN
EN
LC
LC
LC
LC
LC
EN
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
VU
EN
VU
-
Suindara
LC
-
Coruja-orelhuda
Mocho-diabo
Coruja-buraqueira
LC
LC
LC
-
218
Megascops choliba
CAPRIMULGIFORMES
NYCTIBIIDAE
Nyctibius aethereus
CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis albicollis
APODIFORMES
TROCHILIDAE
Eupetomena macroura
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Chloroceryle amazona
PICIFORMES
RAMPHASTIDAE
Ramphastos dicolorus
Ramphastos toco (anexo)
PICIDAE
Celeus flavescens
Colaptes campestris
Colaptes melanochloros
Dryocopus lineatus
PASSERIFORMES
CARDINALIDAE
Cyanoloxia brissonii
COTINGIDAE
Carpornis cucullata
Procnias nudicollis
Pyroderus scutatus
EMBERIZIDAE
Sicalis flaveola
Sporophila nigricollis
Sporophila maximiliani
Sporophila lineola
Sporophila albogularis
Sporophila minuta
Sporophila bouvreuil
Sporophila bouvronides
Sporophila hypochroma
Sporophila falcirostris
Sporophila collaris
Sporophila caerulescens
Sporophila americana
Sporophila ardesiaca
Corujinha-do-mato
LC
-
Mãe-da-lua-parda
LC
-
Bacurau
LC
-
Beija-flor-tesoura
LC
-
Martim-pescador-verde
LC
-
Tucano-de-bico-verde
Tucano-toco
LC
LC
-
Pica-pau-de-cabeça-amarela
Pica-pau-do-campo
Pica-pau-verde-barrado
Pica-pau-de-banda-branca
LC
LC
LC
LC
-
Azulão
LC
-
Corocochó
Araponga
Pavó
NT
VU
LC
-
LC
LC
NT
LC
LC
LC
LC
LC
NT
VU
LC
LC
LC
LC
CR
VU
-
Canário-da-terra
Baiano
Bicudo-verdadeiro
Bigodinho
Brejal
Caboclinho-lindo
Caboclinho
Estrela-do-norte
Caboclinho-de-sobre-ferrugem
Cigarra-verdadeira
Coleiro-do-brejo
Coleirinho
Coleiro-do-norte
Papa-capim-de-costas-cinzas
219
Sporophila leucoptera
Sporophila plumbea
Sporophila frontalis
Sporophila angolensis
Volatinia jacarina
Zonotrichia capensis
TYRANNIDAE
Pitangus sulphuratus
THRAUPIDAE
Dacnis cayana
Lanio cucullatus
Lanio pileatus
Paroaria coronata
Paroaria dominicana
Ramphocelus bresileus
Saltatricula atricollis
Saltator fuliginosus
Saltator similis
Tachyphonus coronatus
Tangara sayaca
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica
Sporagra magellanica
Sporagra yarrellii
TURDIDAE
Turdus flavipes
Turdus leucops
Turdus amaurochalinus
Turdus rufiventris
MIMIDAE
Mimus saturninus
ICTERIDAE
Chrysomus ruficapillus
Gnorimopsar chopi
Icterus cayenensis
Icterus jamacaii
Pseudoleistes guirahuro
Xanthopsar flavus
CORVIDAE
Cynocorax cristatellus
Patativa
Patativa
Pixoxó
Curió
Tiziu
Tico-tico
LC
LC
VU
LC
LC
LC
-
Bem-te-vi
LC
-
Saí-azul
Tico-tico-rei
Tico-tico-rei-cinza
Cardeal
Galo-da-campina
Tiê-sangue
Bico-de-pimenta
Bico-de-pimenta
Trinca-ferro-verdadeiro
Tiê-preto
Sanhaço-cinzento
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
LC
-
Vivi
Pintassilgo
Pintassilgo-do-nordeste
LC
LC
VU
VU
Sabiá-una
Sabiá-preto
Sabiá-poca
Sabiá-laranjeira
LC
LC
LC
LC
-
Sabiá-do-campo
LC
-
Garibaldi
Graúna
Inhapim
Corrupião
Chopim-do-brejo
Pássaro-preto-do-brejo
LC
LC
LC
LC
LC
VU
VU
LC
-
Gralha-de-topete
Fig. 3: Lista das aves retidas entre 2004 e 2012 pelo PZMQB.
220
Mamíferos
Táxon
DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Didelphis albiventris
Didelphis marsupialis
PILOSA
BRADYPODIDAE
Bradypus tridactylus
MYRMECOPHAGIDAE
Myrmecophaga tridactyla (anexo)
Tamandua tetradactyla
CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus
ARTIODACTYLA
CERVIDAE
Mazama gouazoubira
PRIMATES
ATELIDAE
Alouatta fusca
CALLITRICHIDAE
Callithrix jacchus
Callithrix penicillata
CARNIVORA
CANIDAE
Cerdocyon thous
Chrysocyon brachyurus
Lycalopex vetulus
FELIDAE
Leopardus tigrinus
Leopardus wiedii
Puma concolor
Puma yagouaroundi
MUSTELIDAE
Galictis cuja
Lontra longicaudis
PROCYONIDAE
Status
(IUCN)
Status
(IBAMA)
Gambá-de-orelha-branca
Gambá-de-orelha-preta
LC
LC
-
Preguiça-de-três-dedos
LC
-
Tamanduá-bandeira
Tamanduá-mirim
VU
LC
VU
-
Tatu-galinha
LC
-
Veado-catingueiro
LC
-
Bugio
LC
-
Sagui-de-tufo-branco
Sagui-de-tufo-preto
LC
LC
-
Cachorro-do-mato
Lobo-guará
Raposinha-do-campo
LC
NT
LC
VU
-
Gato-do-mato-pequeno
Gato-maracajá
Onça-parda
Gato-mourisco
VU
NT
LC
LC
VU
VU
VU
-
Furão
Lontra
LC
DD
-
Nome Popular
221
Nasua nasua
Procyon cancrivorus
LAGOMORPHA
LEPORIDAE
Sylvilagus brasiliensis
RODENTIA
CAVIIDAE
Cavia aperea
Hydrochoerus hydrochaeris
CUNICULIDAE
Cuniculus paca
ECHIMYIDAE
Myocastor coypus
SCIURIDAE
Guerlinguetus ingrami
ERETHIZONTIDAE
Sphiggurus villosus
Quati
Mão-pelada
LC
LC
-
Tapeti
LC
-
Preá
Capivara
LC
LC
-
Paca
LC
-
Ratão-do-banhado
LC
-
Esquilo
LC
-
Ouriço-cacheiro
LC
-
Fig. 4: Lista dos mamíferos retidos pelo PZMQB entre 2004 e 2012.
222
Répteis
Táxon
Nome Popular
Status (IUCN)
Status (IBAMA)
Tigre-d'água
-
-
Chelonoidis carbonaria
Jabuti-piranga
-
-
Chelonoidis denticulata
Jabuti-tinga
VU
-
NT
-
Hydromedusa tectifera
-
-
Phrynops geoffroanus
-
-
Jacaré-do-papo-amarelo
LC
-
Mabuia
LC
-
Iguana
-
-
Lagarto-preto
LC
-
Teiú
LC
-
Cobra-de-duas-cabeças
LC
-
Cobra-cega
LC
-
-
-
TESTUDINES
EMYDIDAE
Trachemys dorbigni
TESTUDINIDAE
CHELIDAE
Acanthochelys spixii
CROCODYLIA
ALLIGATORIDAE
Caiman latirostris (anexo)
SQUAMATA
MABUYIDAE
Copeoglossum nigropunctatum
IGUANIDAE
Iguana Iguana
TROPIDURIDAE
Tropidurus torquatus
TEIIDAE
Tupinambis merianae
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena alba
ANOMALEPIDIDAE
Liotyphlops beui
BOIDAE
Boa constrictor
Epicrates cenchria
COLUBRIDAE
Jiboia
Salamanta-do-sudeste
223
Chironius bicarinatus
Mastigodryas bifossatus
Spilotes pullatus (anexo)
DIPSADIDAE
Boiruna maculata
Clelia clelia
Erythrolamprus aesculapii
Erythrolamprus miliaris
Erythrolamprus poecilogyrus
Erythrolamprus typlhus
Imantodes cenchoa
Oxyrhopus clathratus
Oxyrhopus guibei
Oxyrhopus rhombifer
Philodryas olfersii
Philodryas patagoniensis
Sibynomorphus mikanii
Tomodon dorsatus
Xenodon merremii
ELAPIDAE
Micrurus frontalis
VIPERIDAE
Bothrops alternatus
Bothrops jararaca
Bothrops neuwiedi
Crotalus durissus terrificus
Cobra-cipó
Jararacuçu-do-brejo
Caninana
-
-
Muçurana
Muçurana
Falsa-coral
Cobra-d'água
Cobra-corre-campo
Cobra-verde
Cobra-dormideira
Falsa-coral
Falsa-coral
Falsa-coral
Cobra-cipó
Cobra-parelheira
Cobra-dormideira
Cobra-espada
Boipeva
-
-
Coral-verdadeira
-
-
Urutu-cruzeiro
Jararaca
Jararaca-pintada
Cascavel
LC
-
224
Conclusões
Alguns dos animais apresentados nas listas possuem origem de cativeiro na cidade de Sorocaba,
grande parte proveniente de apreensões de órgãos oficiais e pessoas físicas, porém a distribuição
geográfica natural dessas espécies não inclui o município.
É necessário ter atenção com tais espécies, já que a introdução das mesmas em determinados
habitats pode gerar desequilíbrio nas comunidades do ecossistema, pois muitas vezes eles não
possuem predadores naturais nesses locais, além de competir por recursos com as espécies
autóctones. Desse modo, podem se tornar espécies invasoras, aumentando suas populações em
detrimento às populações nativas.
Outro ponto a se destacar diz respeito à importância de possuir em cativeiro espécies de
animais de ocorrência no município. Com a manutenção desses indivíduos em instituições como
os zoológicos, muitos projetos podem ser desenvolvidos ex situ para posterior aplicação dos
conhecimentos adquiridos em projetos de conservação da biodiversidade in situ.
Sorocaba tem se tornado um polo cultural e científico de referência, haja vista as diversas
universidades instaladas na região. É possível que se alie essa ferramenta com o potencial oferecido
pelo Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” a favor da manutenção da biodiversidade
do município. Desse modo, a produção de conhecimento gerada por projetos de pesquisa voltados
à fauna local é capaz de subsidiar ações eficientes em prol da natureza e, consequentemente, do
bem-estar das populações.
225
Referências bibliográficas
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BÉRNILS, R. S. e COSTA, H. C. (org.). (2012). Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2012.1.
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Acessada em 28/05/2013.
COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (2011). Lista das aves do Brasil. 10ª Edição.
Disponível em http://www.cbro.org.br. Acessada em 28/05/2013.
DEVELEY, P. F. e ENDRIGO, E. (2004). Guia de Campo: Aves da Grande São Paulo. 1ª Edição. São
Paulo: Editora Aves e Fotos. 295p.
FRANCISCO, L. R. (1997). Répteis do Brasil: Manutenção em Cativeiro. 1ª Edição. São José dos
Pinhais: Amaro. 208p.
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Ameaçadas da IUCN. Versão 2012.2. Disponível em http://www.iucnredlist.org/. Acessada em
28/05/2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. (2003).
Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (MMA - maio de 2003).
Disponível em http://www.ibama.gov.br/ Acessada em 24/06/2013.
PAGLIA, A. P. et al. (2012). Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. 2º Edição. Disponível em http://
www.conservation.org.br/. Conservation International. Acessada em 28/05/2013.
PARQUE ZOOLÓGICO MUNICIPAL QUINZINHO DE BARROS. Disponível em http://zoo.sorocaba.
sp.gov.br. Acessada em 21/05/2013.
SIGRIST, T. (2009). Avifauna Brasileira: Guia de Campo Avis Brasilis. 1ª Edição. Vinhedo: Editora
Avis Brasilis. 491 p.
WAZA (2005): Construindo um Futuro para a Vida Selvagem: Estratégia Mundial dos Zoos e Aquários
para a Conservação. ISBN 3-033-00427-X. Disponível em http://www.waza.org/ Acessada em
20/05/2013.
226
Capítulo 14
Proposta de corredor ecológico
para o Município de Sorocaba
Kaline de Mello, Eliana Cardoso Leite, Rogério Hartung Toppa
Resumo
Este capítulo apresenta uma proposta de um corredor ecológico municipal para subsidiar
estratégias conservacionistas fundamentadas no Planejamento Ambiental, com a finalidade de
integrar as demandas estabelecidas em políticas públicas ambientais e de expansão urbana do
município de Sorocaba. Foi elaborada uma análise espacial do município com base na distribuição
dos fragmentos florestais e com a aplicação de metodologias fundamentadas em Ecologia de
Paisagens e, ao final do trabalho, foi proposta a criação de um Corredor Ecológico Municipal para
conexão das Unidades de Conservação existentes na região.
227
Introdução
A urbanização transformou profundamente muitas paisagens naturais em todo o mundo
e contribuiu significantemente para a crise atual da perda de biodiversidade e degradação dos
serviços ecossistêmicos (WU, 2008). Contudo, algumas áreas com vegetação nativa presentes
nas cidades podem funcionar como locais de refúgio para plantas e animais não adaptados ao
ambiente urbano (RODRIGUES et al., 1993; OLIVER, 2011).
A sustentabilidade do ambiente urbano depende da manutenção dos processos ecológicos,
que podem ser potencializados pela presença de elementos na paisagem que aumentem a
conectividade funcional entre os remanescentes maiores de vegetação natural, como corredores
ou trampolins ecológicos (CHETKIEWICZ et al., 2006; LUSSIER et al., 2006; CASTÉLON e SIEVING,
2007; ALBERTI, 2010; ZHOU et al., 2011).
Com um alto grau de fragmentação de habitat relacionado às atividades agropecuárias,
plantações de Eucalyptus spp e aos processos de industrialização e urbanização (São Paulo, 2010),
Sorocaba não possui atualmente Unidades de Conservação (UC) estaduais ou federais dentro de
seus limites territoriais, apresentando apenas uma UC municipal: o Parque Natural Municipal
Corredores da Biodiversidade. Isso faz aumentar a importância do estabelecimento de estratégias
de conservação para o município. Na região, as UCs mais próximas do município são a Floresta
Nacional de Ipanema, com 5.180 hectares, e a Área de Proteção Ambiental de Itupararanga, que
abrange cerca de 2.000 hectares de vegetação natural (KRONKA, 2005).
Os remanescentes de vegetação atuais em Sorocaba fazem parte dos biomas Mata Atlântica e
Cerrado, com predomínio da formação vegetacional Floresta Estacional Semidecidual (IBGE, 2012).
A Floresta Estacional Semidecidual (FES), uma floresta de interior localizada na transição entre a
Mata Atlântica e o Cerrado, foi uma das formações mais devastadas em função de se localizar em
topografias mais planas que favorecem a prática de atividades agropecuárias e à ocupação urbana
(CAMPOS e DOLHNIKOFF, 1993). As florestas de interiores como é o caso da FES representam o
segundo centro de endemismo de Mata Atlântica mais ameaçado do Brasil, com 7,1% de cobertura
florestal remanescente (RIBEIRO et al., 2009). Apenas 8,8% dos remanescentes da FES estão em
Unidades de Conservação de Proteção Integral (METZGER e RODRIGUES, 2008), destacando a
necessidade do aumento da conservação dessa formação vegetacional.
A priorização de áreas para a conservação é o primeiro passo para a elaboração de estratégias
conservacionistas da biodiversidade (MARGULES e PRESSEY, 2000), pois permite o direcionamento
dos esforços e recursos específicos para esse fim e subsidia a elaboração de políticas públicas
de ordenamento territorial (TABARELLI e SILVA, 2002). As métricas ou indicadores da paisagem
em ambiente SIG (Sistemas de Informações Geográficas) vêm sendo cada vez mais incorporados
nestes estudos, por alcançarem resultados rápidos e confiáveis, muitas vezes mais simples e
menos custosos do que o uso de espécies indicadoras (BANKS-LEITE et al., 2011). As métricas
da paisagem são reconhecidas atualmente como bons indicadores de biodiversidade e usadas em
diferentes etapas do planejamento em conservação (SCHINDLER et al., 2012).
Com base em critérios como tamanho, conectividade e forma dos fragmentos florestais podemse priorizar áreas que sejam potencialmente mais diversas e representativas para a conservação
das espécies. Sendo assim, o estabelecimento de uma visão para os processos de planejamento
ambiental com base na Ecologia de Paisagens pode gerar informações importantes no que diz
respeito ao entendimento das dinâmicas ecológicas e para a consolidação de propostas de manejo
228
de uma paisagem com fragmentos remanescentes de vegetação natural em meio a áreas ocupadas
por atividades antrópicas, como é o caso do município de Sorocaba (METZGER, 1999).
Com o objetivo de subsidiar o estabelecimento de estratégias conservacionistas para o
município, este capítulo faz uma análise da distribuição espacial de fragmentos de floresta com
base em critérios fundamentados em Ecologia de Paisagens para a determinação de um Corredor
Ecológico para Sorocaba.
Metodologia
A proposta de criação de um Corredor Ecológico se baseia no trabalho executado por esse grupo
de trabalho do ano de 2010 até o ano de 2012 (MELLO, 2012). A pesquisa teve como objetivo
determinar Áreas Prioritárias para Conservação no município de Sorocaba com base em métricas
na paisagem. Os produtos gerados em Mello (2012) foram cedidos à Secretaria de Meio Ambiente
de Sorocaba para utilização na elaboração de políticas públicas ambientais.
Mapeamento dos fragmentos florestais
O mapa de fragmentos florestais foi gerado por classificação visual digital com escala de
1:2.000, por meio de vetorização em tela de ortofotos aéreas digitais do ano de 2006, fornecidas
pela Secretaria de Meio Ambiente de Sorocaba, com escala de 1:20.000 e 0,4 m de resolução
espacial. A escala refinada utilizada neste trabalho (1:2.000) permitiu o mapeamento de pequenos
fragmentos (< 1 hectare) com precisão.
Anteriormente ao mapeamento foi realizado um reconhecimento de campo com o auxílio de
um receptor GPS para tomada de pontos de interesse para o estabelecimento de critérios para
a fotointerpretação com a finalidade de diferenciar florestas nativas de plantações de eucalipto.
Com base nesses pontos conhecidos do terreno e atributos da imagem como tonalidade, textura
e forma, foi elaborada uma chave de classificação para facilitar a interpretação digital da imagem
(TOPPA et al., 2006).
Para obter a concordância entre a verdade terrestre e o mapa de fragmentos de vegetação
natural produzido, foi estimada a exatidão do mapa por meio de matriz de erro e coeficiente de
kappa (CONGALTON e GREEN, 1998). Para tanto, foram determinados 200 pontos na imagem
para verificação em campo do uso do solo, comparando-se a classe adotada no mapa e a classe
real a que pertence o ponto em campo, permitindo a determinação de erros de omissão (omissão
no mapa de uma determinada feição constatada em campo) e erros de comissão (atribuição no
mapa de determinada feição a uma classe à qual a mesma não pertence). O valor do índice de
kappa indica a qualidade da classificação, variando de 0 a 1, sendo que quanto mais se aproxima
de 1, mais a classificação se aproxima da realidade (MOREIRA, 2001). O índice de kappa obtido
para este trabalho foi de 0,79, indicando que o resultado pode ser considerado excelente, segundo
classificação de Rosner (2006), que avalia como excelente valor de kappa maior que 0,75. Os erros
de comissão se deram principalmente devido à confusão com alguns estágios de crescimento de
Eucalyptus spp., tendo sido encontrado apenas um erro de omissão.
229
Configuração dos fragmentos florestais
A configuração dos fragmentos florestais foi obtida com base no cálculo de métricas da
paisagem em um SIG, utilizando a extensão V-LATE 1.1. (Vector-based Landscape Analysis Tools) do
software ArcGIS 9.2. Foram calculadas as seguintes métricas estruturais da paisagem para todos
os fragmentos florestais: área, forma do fragmento e conectividade.
A área do fragmento é o parâmetro mais importante em ecologia para explicar as variações
de riqueza das espécies (METZGER, 1999) e está embasado na teoria da biogeografia de ilhas
(MACARTHUR e WILSON, 1967).
A forma de um fragmento de floresta está diretamente ligada à relação entre o perímetro e a
sua área. Quanto menor for esta relação, menor também será a borda e vice-versa. Fragmentos
de floresta mais próximos ao formato circular têm a razão borda-área minimizada e, portanto, o
centro da área está equidistante das bordas. A forma dos fragmentos foi calculada com a métrica
de forma (SHAPE), obtido pelo seguinte cálculo: P/√A/c, onde P = perímetro do fragmento; A =
área de fragmento; c = constante. Para o cálculo matricial, o valor obtido teria seu mínimo no caso
do círculo. Quanto mais recortado e com menos área, maior o valor desta métrica.
Para análise da conectividade foi utilizada a métrica PROX, na qual se calcula a área de todos
os fragmentos dentro de um raio centrado no fragmento alvo, dividida pelas distâncias a esse
fragmento elevado ao quadrado, como mostra a fórmula: ∑A / (∑D)2 sendo que: A = Área dos
fragmentos dentro do buffer, D = Distância dos fragmentos dentro do buffer até o fragmento alvo.
Os valores de PROX variam de 0 (quando não existe nenhum outro fragmento no buffer estipulado),
ao infinito, sendo que os valores aumentam à medida que aumentam as áreas dos fragmentos e
diminuem as distâncias ao fragmento alvo (TAMBOSI, 2008). Para o cálculo de conectividade foi
utilizada a distância de 100 metros, simulando o deslocamento de algumas espécies de aves e
pequenos mamíferos nativos do bioma Mata Atlântica (BOSCOLO e METZGER, 2009; FOREROMEDINA e VIEIRA, 2009).
Resultados e discussão
O município de Sorocaba apresentou um total de 7.509,02 hectares de cobertura florestal, ou
seja, 16,68% da paisagem é recoberta por formações florestais (Figura 1 - anexo). Os fragmentos de
floresta concentram-se principalmente no Sudeste do município (Figura 1). Esta região apresenta
relevo mais montanhoso (Figura 2 - anexo) e concentra grande parte dos mananciais (Figura 3
- anexo), inclusive utilizados para abastecimento público. Também nessa região encontram-se
grande parte das propriedades rurais.
As regiões Sul e Central do município não possuem fragmentos maiores que 10 hectares. Esses
fragmentos se distribuem pelos espaços livres dentro da matriz urbana, com no máximo 300
metros de distância de cursos de água (MELLO, 2012). Além dos fragmentos da região Sudeste,
destacam-se os remanescentes ao longo do rio Pirajibu, um dos principais afluentes do rio
Sorocaba e importante manancial da região (Figura 3). Nota-se também fragmentos grandes na
região Oeste do município no eixo Sorocaba-Salto de Pirapora, seguindo a Rodovia João Leme dos
Santos (Fig. 1- observar canto inferior esquerdo da imagem).
230
O mapeamento da vegetação apresentou um total de 2.537 fragmentos, sendo 1.716 menores
que 1 hectare. Esses pequenos fragmentos possuem 7,29% da área total de cobertura florestal.
Do total de remanescentes, 94,84% possui áreas menores que 10 hectares. Paisagens como a do
município de Sorocaba, com muitos fragmentos pequenos, em uma matriz heterogênea, variando
no tipo de propriedade e atividade econômica, se caracterizam como um padrão típico na Mata
Atlântica (PARDINI et al., 2009; RIBEIRO et al., 2009), no Cerrado (DURIGAN, 2006) e na maioria
dos biomas fragmentados no mundo (BODIN et al., 2006). Por outro lado, os pequenos fragmentos
apresentaram importância para a conexão entre os fragmentos de floresta maiores da paisagem,
considerando os valores de PROX (Figura 4 - anexo). Segundo Metzger (1997), fragmentos
com área superior a 0,72 hectare têm condições de assumir a função de trampolins ecológicos,
facilitando a locomoção e dispersão de muitas espécies. O maior fragmento mapeado possui 314
hectares, localizado na região Sudeste, próximo à divisa com o município de Alumínio (Figura 1).
Os valores de conectividade dos fragmentos mostraram que apesar de muitos fragmentos
florestais apresentarem áreas pequenas (menores de 10 hectares), muitos deles possuem outros
remanescentes próximos (Figura 4). Os fragmentos florestais maiores possuem valores de
conectividade intermediários a altos, não apresentando-se isolados. Novamente para esta métrica,
a maioria dos fragmentos mais conectados está localizada na região Sudeste do município, sendo
que alguns também presentes ao Norte do município (Figura 4 - observar porção superior da
imagem), às margens do rio Pirajibu e do rio Sorocaba (Figura 3).
Quanto à métrica de forma, existe uma tendência dos maiores fragmentos apresentarem
formas mais complexas e os fragmentos menores possuírem formas mais arredondadas (Figura
5). Essa tendência se deve ao fato destes fragmentos maiores estarem associados aos corredores
de vegetação ciliar, padrão comum para a Mata Atlântica (Silva et al., 2007), tornando suas
formas mais irregulares. Observaram-se alguns fragmentos de tamanho médio com formas bem
arredondadas (Figura 5 – observar canto inferior direito da imagem) e em pontos isolados por
todo o município (Figura 5). É interessante notar que além dos fragmentos da região Sudeste,
que são os maiores e mais conectados (Figuras 1 e 4), um fragmento na região Oeste destacase na paisagem por seu tamanho (73 hectares) e por apresentar alta conectividade. Esta área
corresponde a Fazenda Jequitibá, na rodovia João Leme dos Santos (SP-264), próxima ao
câmpus da UFSCar. Esta área até poucos anos era propriedade rural e atualmente configura um
loteamento urbano.
Segundo Mello (2012), as áreas com maior prioridade para conservação no município de
Sorocaba estão principalmente na região Sudeste, sendo que a maior parte localiza-se nas áreas
rurais ainda existentes e onde se concentram rios e trechos com relevo mais acentuado (Figuras
4 e 5). O fragmento que margeia o rio Pirajibu, localizado na Zona Industrial do município, possui
prioridade muito alta para conservação (MELLO, 2012). Este fragmento inclui uma área municipal,
o Parque Municipal “Mário Covas”.
A maior parte dos remanescentes encontra-se afastada do centro urbano, porém, alguns
fragmentos importantes (com áreas relativamente grandes e valores de conectividade altos)
encontram-se nas áreas periféricas ao Centro da cidade, ameaçados pelo processo de expansão
urbana, principalmente devido à especulação imobiliária. A maioria desses fragmentos encontrase em propriedades particulares, gerando uma necessidade de ações em conjunto com os
proprietários de terras a fim de se estabelecer melhores estratégias para a manutenção desses
fragmentos florestais, como a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN –
BRASIL, 2000). Além do incentivo para criação de RPPN, uma alternativa no município de Sorocaba
231
para a conservação de áreas em propriedades particulares é a criação de Área Municipal de
Proteção Ambiental (AMPA), que segundo sua lei de criação (Lei nº 5.027 de dezembro de 1995),
é uma área pública ou privada, independente de desapropriação, que contenha características de
interesse público ambiental para o município. Segundo o decreto nº 18.148/2010, a área mínima
para o estabelecimento de uma AMPA é de 0,5 hectare, coberta por vegetação significativa e de
relevante interesse ecológico para o município. No entanto este instrumento não está previsto
no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000) e, portanto, seria interessante
rever sua nomenclatura adequando-a ao sistema nacional de modo a integrar a política municipal
de conservação a objetivos mais amplos, regionais, nacionais e mundiais, como discutido também
por Mota (2013).
Por não apresentarem áreas muito extensas (no máximo 400 hectares) e grande parte estar sob
influência de matriz urbana, os fragmentos florestais de Sorocaba podem não suportar algumas
populações da flora e da fauna nativa mais especialistas, mas podem abrigar metapopulações,
atuando como suportes para “áreas fontes”, como mostram as listas de espécies de fauna e flora
apresentadas nos demais capítulos deste livro, nas quais podemos encontrar a presença de várias
espécies nativas que ocorrem no município, inclusive muitas delas ameaçadas de extinção. Estudos
realizados nos EUA mostraram que alguns parques com áreas entre 100 e 500 hectares, mesmo em
áreas bastante urbanizadas, suportam alta riqueza de espécies de aves, e defendem que a inclusão
dessas áreas naturais extensas nas paisagens urbanizadas pode ser a chave para a conservação da
diversidade da avifauna local e migratória (OLIVER et al., 2011). No entanto, como este trabalho
analisa somente métricas da paisagem, sem considerar dados de biodiversidade, estes resultados
podem e devem ser rediscutidos com base na união dos dados de paisagem e de biodiversidade.
Esta é uma análise necessária e muito relevante para ser realizada em trabalhos futuros.
Nesse sentido, foi elaborada uma proposta de criação de um Corredor Ecológico Municipal
de forma a conectar as duas maiores UCs da região próximas ao município: FLONA de Ipanema
e APA de Itupararanga. A proposta é apresentada na Figura 6 e foi traçada com base nos mapas
anteriores das métricas de paisagem e nos dados das Áreas Prioritárias para Conservação
propostas por Mello (2012), de forma a incorporar os fragmentos maiores e mais conectados do
município que pudessem fazer a ligação entre as UCs. Foram incorporados os fragmentos da porção
Sudeste do município, as margens dos rios Pirajibu e Sorocaba até a porção Oeste do município,
chegando próximo à FLONA de Ipanema. Alguns fragmentos pequenos foram considerados pela
sua importância de conexão entre os fragmentos maiores. Não foram incluídos fragmentos com
valores muito baixos de conexão, para evitar fragmentos muito isolados onde as espécies podem
não conseguir utilizar, principalmente por se tratar de uma matriz predominantemente urbana,
cujo deslocamento das espécies é dificultado.
232
Considerações finais
A proposta do Corredor Ecológico para Sorocaba mostra um direcionamento para a implantação
de ações de conservação para o município, e isso inclui iniciativas de proteção (criação de áreas
protegidas) e de restauração ecológica, principalmente na porção oeste do corredor, onde os
fragmentos são menores e mais distantes uns dos outros. É importante o estabelecimento de áreas
de recomposição florestal de forma a conectar os fragmentos já existentes.
Todas as ações de conservação e restauração devem ser acompanhadas por programas de
educação e sensibilização ambiental, integrando a comunidade civil no planejamento, execução e
monitoramento das atividades. O apoio da população nos projetos de conservação é fundamental
para o sucesso dos mesmos, principalmente em ambientes mais urbanizados, onde as pessoas têm
contato direto com essas áreas.
Essa proposta pode ser complementada posteriormente a partir da junção de dados de
biodiversidade coletados em campo, de diversos grupos de plantas e animais, juntamente com
o mapeamento dos fragmentos de floresta dos municípios vizinhos, de forma a gerar um estudo
regional mais abrangente sobre a biodiversidade e propostas de corredores ainda maiores para
estabelecer a conexão entre as UCs do interior paulista.
233
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236
Anexo
Capítulo 3
Figura 1: Distribuição dos fragmentos florestais por classe de tamanho no Município de Sorocaba, com base
em dados gerados em 2010-2011 e atualizados em 2013-2014. Área assinalada indica a Zona Nordeste (NE)
e sudeste (SE) de Sorocaba-SP, onde se concentram os fragmentos com tamanhos superiores a 20 hectares.
Reproduzido, adaptado e organizado a partir de LOURENÇO et al. (2009) e do Plano Diretor Ambiental de
Sorocaba (PMS, 2011).
237
Figura 8: Proposta de formação de áreas de corredores de vegetação para a conservação da
diversidade: (A) Corredor de Biodiversidade Norte-Sul– integração dos fragmentos florestais da
região Sudeste de Sorocaba, proximidade com a APA de Itupararanga com as Zonas Nordeste e
Noroeste para interligação com a FLONA Ipanema-Iperó, com ações de restauração e inclusão das
áreas públicas do Parque da Biodiversidade, Parque Amadeu Franciulli (2) e Parque Governador
Mário Covas (3); (B) Corredor Urbano-Paisagístico de Biodiversidade: envolve áreas urbanas e
bairros com o fortalecimento de ações combinadas de paisagismo (praças, ruas), arborização
urbana e incentivo à formação e manutenção dos quintais urbanos, nas regiões do entorno das áreas
públicas do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” (12), Parque da Água Vermelha
(14), Parque Kasato Maru (15), Parque da Biquinha (16), Parque Margarida Leão Camargo (17),
Parque “Carlos Alberto de Souza” (18); (C) Corredor da Biodiversidade Sudoeste – Integração dos
remanescentes florestais da região Sudeste com as áreas urbanas incluindo o Parque da Cachoeira
(8), Parque Miguel Gregório (9), Parque Ouro Fino (10), Parque João Pelegrino (13). (D) Zona
de Intervenção Paisagística – Zona urbana concentrada ao longo do rio Sorocaba que inclui o
Horto Florestal (1); Parque Santi Pagoretti (4); Parque das Águas (5); Paço Municipal (6), Parque
Municipal Chico Mendes (7); Parque Braúlio Mendes (11). Fonte e base de dados: LOURENÇO et
al. (2009) e Plano Diretor Ambiental – Prefeitura Municipal de Sorocaba (PMS, 2011).
238
Capítulo 4
Figura 1: Localização do Município de Sorocaba no Estado de São Paulo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
239
Figura 2: Localização dos fragmentos de vegetação em estágio sucessional médio e avançado.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
240
Figura 3: Mapa do Indicador de Exposição antrópico dos fragmentos em estágios avançado e médio
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
241
Figura 4: Valor do IEA para um fragmento de vegetação em estágios sucessional médio com os usos no seu
entorno.
Fonte: Elaborado pelos autores (2013).
242
Capítulo 7
Figura 1: Localização do município de Sorocaba e sua bacia de drenagem.
243
K
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
M
N
O
Q
P
S
T
U
V
W
X
Fig. 2. a. Ankistrodesmus sp.; b. Dictyosphaerium pulchellum; c. Pediastrum duplex; d. Pediastrum tetras; e.
Scenedesmus javanensis; f. Isthmochlorum gracile; g. Tetraplektron sp; h. Cosmarium sp; i. Staurastrum cf
rotula; j. Staurastrum sp.; k. Anabaena cf planctonica; l. Spirulina cf princeps; m. Ceratium cf furcoides; n.
Peridinium sp.; o. Euglena acus; p. Phacus cf pleuronectes; q. Phacus longicauda; r. Trachelomonas cf. hispida;
s. Discostella stelligera; t. Aulacoseira ambigua var. ambigua f. spiralis; u. Staurosirella pinatta; v. Cymbella
affinis; w. Cocconeis placentula; x. Gomphonema parvulum. Fotos: Borghi e Magrin (em preparação).
244
A
C
B
D
E
F
Fig. 3. a,b. Exemplares do gênero Bosmina; c,d. Exemplares do gênero Diaphanosoma;
e,f. Exemplares da classe Copepoda (estágios juvenis). Fotos: Giron e Dos Santos (em
preparação).
245
246
Capítulo 8
Figura 1: Localização do município de Sorocaba e sua bacia de drenagem.
247
A
B
C
D
E
F
Figura 2. Algumas famílias de macroinvertebrados bentônicos que podem ser encontrados no
município de Sorocaba pertencentes às famílias (a) Chironomidae; (b) Simuliidae; (c) Coenagrionidae;
(d) Gomphidae; (e) Ceratopogonidae; (f) Coridalydae
248
Capítulo 9
Figura 1: A hidrografia do município de Sorocaba e seus principais rios e córregos.
249
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 3 – Representantes da ictiofauna do município de Sorocaba: (A) Phaloceros reisi; (B) Astyanax
scabripinnis; (C) Astyanax altiparanae; (D) Astyanax fasciatus; (E) Hoplias malabaricus; (F) Parodon nasus;
(G) Cyphocharax modestus; (H) Steidachnerina insculpa.
250
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 4 – Representantes da ictiofauna do município de Sorocaba: (A) Tilapia rendalli; (B) Geophagus
brasiliensis; (C) Corydoras aeneus; (D) Characidium zebra ; (E) Prochilodus lineatus; (F) Salminus hilarii; (G)
Hypostomus margaritifer; (H) Acestrorhynchus lacustris.
251
252
Capítulo 10
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 1 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A) Siphonops
paulensis; (B) Rhinella ornata; (C) Rhinella schneideri; (D) Dendropsophus nanus; (E)
Hypsiboas albopunctatus; (F) Hypsiboas faber; (G) Hypsiboas prasinus; (H) Scinax fuscovarius.
253
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 2 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A)
Itapotihyla langsdorfii; (B) Leptodactylus latrans; (C) Leptodactylus fuscus; (D)
Elachistocleis cf. cesarri; (E) Odontophrynus americanus; (F) Hydromedusa tectifera
(jovem); (G) Phrynops geophroanus; (H) Amphisbaena alba semienterrada.
254
A
B
C
D
8
F
G
H
Figura 3 – Representantes da herpetofauna do município de Sorocaba: (A) Tropidurus
torquatus; (B) Salvator merianae; (C) Aspronema cf. dorsivittata; (D) Ophiodes striatus; (E)
Micrurus corallinus; (F) Erythrolamprus aesculapii; (G) Bothops jararaca; (H) Crotalus durissus.
255
256
Capítulo 11
A
C
B
F
E
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H
J
I
L
D
M
N
O
Figura 1. Aves comuns em Sorocaba (SP). A - Aratinga leucophthalma, B - Crotophaga ani, C - Ardea
cocoi, D - Ramphastus toco, E - Rupornis magnirostrus, F - Camptostoma obsoletum, G - Tyrannus
melancholicus, H - Hirundinea ferruginea, I - Patagioenas picazuro, J - Vanellus chilensis, L - Platalea
ajaja, M - Troglodytes musculus, N - Fluvicola nengeta, O - Cariama cristata.
257
258
Capítulo 12
Figura 1: Localização do município de Sorocaba, suas paisagens e hidrografia.
259
Figura 2: Didelphis albiventris
Figura 3: Gracilinanus agilis
Figura 4: Sturnira lilium
Figura 5: Procyon cancrivorus
Figura 6: Necromys lasiurus
Figura 7: Monodelphis iheringi
260
Figura 8: Carollia perspicillata
Figura 9: Cerdocyon thous
Figura 10: Sus scrofa
Figura 11: Mazama gouazoubira
261
262
Capítulo 13
Tyto alba (Suindara)
Ramphastos toco (Tucano-toco)
Myrmecophaga tridactyla (Tamanduá-bandeira)
Caiman latirostris (Jacaré-de-papo-amarelo)
Spilotes pullatus (Caninana)
Autora das Fotos: Luana Longon
263
264
Capítulo 14
Figura 1: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de tamanho no município de Sorocaba,
Estado de São Paulo, Brasil.
265
Figura 2: Mapa de declividade do município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.
266
Figura 3: Hidrografia do município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.
267
Figura 4: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de valores de conectividade (PROX) no
município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.
268
Figura 5: Distribuição dos fragmentos florestais por classes de valores de forma (SHAPE) no
município de Sorocaba, Estado de São Paulo, Brasil.
269
Figura 6: Corredor Ecológico Municipal de Sorocaba, interligando a APA de Itupararanga e a
FLONA de Ipanema.
270