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Estudo comparativo da constituição...
ESTUDO COMPARATIVO DA CONSTITUIÇÃO NUTRICIONAL DA MADEIRA
E CASCA DE ESPÉCIES E CLONES DE EUCALIPTO VISANDO O CULTIVO
DE SHIITAKE EM TORAS 1
Meire Cristina Nogueira de Andrade2, Marli Teixeira de Almeida Minhoni3, Cláudio Angeli Sansígolo3,
Diego Cunha Zied4 e Ceci Sales-Campos5
RESUMO – Avaliou-se as propriedades nutricionais da madeira e casca de sete espécies e três clones de eucalipto
visando o cultivo de shiitake em toras. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 10 tratamentos
(tipos de eucalipto) e 3 repetições, sendo cada repetição correspondente a uma amostra mista de serragem obtida
de discos coletados em alturas diferentes (9cm, meio e 14cm de diâmetro) de uma mesma árvore. As cascas
foram removidas das cunhas de madeira para análise individual de ambas. As amostras foram encaminhadas ao
Laboratório de Análise Química de Fertilizantes e Corretivos, pertencente ao Departamento de Recursos Naturais
- Ciência do Solo - FCA/ UNESP, para a determinação da composição de macro e micronutrientes. O nitrogênio
foi determinado pelo método de oxidação com ácido perclórico; o fósforo, através de extração nítrico-perclórico
e determinação colorímetrica (método espectrofotométrico do ácido molibdovanadofosfórico); o potássio, por
fotometria de chama; o carbono, por queima em mufla; o enxofre, por gravimetria e o cálcio, magnésio, sódio,
cobre, ferro, manganês e zinco, por espectrofotmetria de absorção atômica. De acordo com os resultados obtidos
e como esperado, verificou-se que o elemento S não foi detectado em nenhum dos tipos de eucalipto analisados,
tanto para a casca como para a madeira; os elementos Mg, Na e Mn, para a madeira, apresentaram diferenças
de teor entre os tipos de eucaliptos avaliados. Para a casca, K2O, C, Cu e Mn demonstraram possuir diferentes
teores em função do tipo de eucalipto. As cascas dos tipos de eucaliptos apresentaram teores médios elevadíssimos
de Ca (77x), K (3,7x), Mg (39x), Na (2,5x), Mn (26x) e Fe (1,9x) em relação às correspondentes madeiras
(o elemento predominante na casca foi o Ca). Os elementos predominantes na madeira foram Ca, K, Mg e P.
Palavras-chave: Eucalipto, Nutrientes, Lentinula edodes.
COMPARATIVE STUDY OF THE NUTRITIONAL CONSTITUTION OF WOOD
AND BARK OF SPECIES AND CLONES OF EUCALYPTUS AIMING THE
CULTIVATION OF SHIITAKE IN LOGS
ABSTRACT – The nutritional properties of wood and bark of seven species and three clones of eucalyptus
were evaluated, aiming the cultivation of shiitake in logs. The experimental design was totally randomized,
with 10 treatments (types of eucalyptus) and 3 repetitions, being each repetition corresponding to a mixed
sample of sawdust obtained from discs collected in different heights (9 cm, middle and 14 cm of diameter)
from the same tree. Barks were removed from wood wedges for individual analysis. Samples were sent to
the Laboratory of Chemical Analysis of Fertilizers and Correctives of the Department of Natural Resources
- Soil Science - School of Agronomic Sciences/UNESP, for determination of macro and micronutrients
composition. Nitrogen determination was performed by oxidation with perchloric acid; phosphorus was
1
Recebido em 06.05.2008 e aceito para publicação em 16.12.2010.
Bolsista de Pós-Doutorado, CAPES, Programa de Pós Graduação em Energia na Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas,
UNESP, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: <mcnandrade@hotmail.com>.
3
Docentes da Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: <marliminhoni@fca.unesp.br> e
<sansigolo@fca.unesp.br>.
4
Doutorando em Agronomia, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu, SP, Brasil. E-mail: <dczied@fca.unesp.br>.
5
Pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA, Manaus, AM, Brasil. E-mail: <ceci@inpa.gov.br> .
2
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.2, p.183-192, 2011
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ANDRADE, M.C.N. et. al.
determined with nitric-perchloric extraction and colorimetric determination (spectrophotometric
molybdovanadophosphoric acid method); potassium was determined by flame photometry; carbon, by muffle
burning; sulphur, by gravimetry and calcium, magnesium, sodium, copper, iron, manganese and zinc, by
atomic absorption spectrophotometry. According to the results obtained and as expected, it was verified
that the element S was not detected in any of the kinds of eucalyptus analyzed, both for bark and wood;
for wood, elements Mg, Na and Mn presented difference in contents among eucalyptus types analyzed. For
bark, K 2O, C, Cu and Mn showed different contents in function of eucalyptus type. Barks of eucalyptus
types presented very high contents of Ca (77x), K (3,7x), Mg (39x), Na (2,5x), Mn (26x) e Fe (1,9x), compared
to the corresponding woods (Ca was the prevailing element in bark). Ca, K, Mg and P were the prevailing
elements in wood.
Keywords: Eucalyptus, Nutrients and Lentinula Edodes.
1. INTRODUÇÃO
O cultivo de shiitake (Lentinula edodes) em toras
é o método tradicional ainda muito utilizado pelos
fungicultores devido à simplicidade e baixo investimento
inicial (ANDRADE; GRACIOLLI, 2005; ANDRADE
et al., 2002). A escolha da espécie arbórea deve ser
feita em função de suas características químicas e
físicas e de fatores econômicos e ambientais
(ANDRADE et al., 2007; SAN ANTONIO, 1981). Entre
as espécies do Brasil, o eucalipto tem sido o mais
utilizado em razão, principalmente, da sua maior
disponibilidade e seu efeito ecológico na preservação
das espécies florestais nativas.
As espécies de eucalipto mais utilizadas no Brasil
têm sido o Eucalyptus grandis (55%), o Eucalyptus
saligna Sm. (17%), o Eucalyptus urophylla S.T. Blake
(9%) e outras espécies (8%), bem como os híbridos de
Eucalyptus grandis x E. urophylla (11%) (SILVA, 2003).
O gênero Eucalyptus possui variabilidade genética elevada.
São centenas de espécies com propriedades físicas e
químicas tão diversas que fazem com que os eucaliptos
sejam utilizados nas mais diversas finalidades (SILVA,
2003). Apesar de a maior parte das florestas estar
comprometida com a produção de madeira para os
denominados “usos tradicionais” (celulose, papel, carvão
vegetal, lenha e chapas de fibras), o eucalipto também
vem sendo utilizado com sucesso para a produção do
L. edodes (ANDRADE et al., 2008; ANDRADE, 2007;
QUEIROZ, 2002; TEIXEIRA, 2000; MONTINI, 1997).
As características químicas da madeira variam
com os tecidos, de modo que a distribuição dos
compostos químicos é heterogênea, como resultado
da estrutura anatômica da planta. Cada componente
está presente em quantidades específicas (TREVISAN
et al., 2007; SOUZA et al., 1979) e possui características
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bem definidas, as quais podem ser influenciadas pelas
condições a que a madeira está submetida (BROWNING,
1963). Assim, para o cultivo do L. edodes, recomenda-se
que as árvores sejam obtidas preferencialmente de
áreas adubadas e que sejam de primeiro ou de segundo
corte (MINHONI et al., 2007; TOKIMOTO, 2005;
PRZYBYLOWICZ e DONOGHUE, 1990), pois nessas
condições há maior concentração de nutrientes, como
N, P, K, Ca, Mo, entre outros (BARROS, 1990),
favorecendo o desenvolvimento do L. edodes. Também
há grande variabilidade na produção do L. edodes
em função das espécies de eucalipto, mesmo que
provenientes de povoamentos que tiveram adubação
em seu manejo, sendo tais resultados dependentes
das características químicas e físicas de cada espécie
utilizada (TEIXEIRA, 2000).
O conteúdo dos componentes minerais da madeira
é normalmente baixo, formado, principalmente, por óxidos
como: óxido de cálcio, de magnésio, de fósforo, de
silício, de potássio e outros (BROWNING, 1963). O
teor de cinzas varia entre 0,2 e 1% do peso de matéria
seca das madeiras de clima temperado, podendo atingir
5 % para as de clima tropical (FENGEL; WEGENER,
1984). Especificamente para a madeira do gênero
Eucalyptus, o teor de cinzas raramente chega a 1%
do seu peso seco (TSOUMIS, 1991).
Há certa dependência do teor de minerais e da
composição em função das condições ambientais (solo
e clima) e da localização dentro da árvore (FENGEL;
WEGENER, 1984). O teor de elementos minerais é
decrescente na seguinte ordem: folha, casca, raiz, ramo
e tronco.
Fengel e Wegener (1984) relataram que os principais
componentes das cinzas da madeira são cálcio, potássio
e magnésio. Em muitas madeiras, o Ca representa 50%
185
Estudo comparativo da constituição...
de todos os elementos presentes nas cinzas da madeira.
O K e o Mg estão em segundo e terceiro lugares,
respectivamente, seguidos por Mn, Na, P e Cl. A madeira
contém muitos outros elementos com concentração
inferior a 50 ppm. Os 12 elementos traços são: Ba, Al,
Fe, Zn, Cu, Ti, Pb, Ni, V, Co, Ag e Mo. Usualmente,
a casca tem muito mais componentes minerais que a
madeira correspondente. A frequência dos elementos
é também diferente na madeira. Geralmente, o teor de
cinzas na casca de diversas madeiras é superior a 10%,
ou seja, cerca de 10 vezes mais elevado que na madeira.
O elemento predominante é o cálcio (82-95%); o potássio
e o magnésio ocorrem em quantidades secundárias.
Em muitos casos, a quantidade dos outros elementos
é inferior a 1% da soma de todos os outros.
Allison et al. (2000) estudaram o perfil de metais
em madeiras de coníferas e folhosas, provenientes da
operação de polpação Kraft no Sudeste dos Estados
Unidos. As análises por hidrólise ácida em amostras
de cavacos de madeira sugeriram que a concentração
relativa de metais foi: Ca > K > Mg > Mn > (Na, Ba)
> Fe. Diferenças foram notadas entre amostras de cavacos
de coníferas e folhosas. As análises de amostras da
casca indicaram que o material tem significativamente
valores mais elevados de Ca, K e Mg que os
correspondentes cavacos de madeira.
O eucalipto caracteriza-se por relação C/N/P elevada,
próxima a 200/1/0,2. Essa relação elevada pode explicar
o porquê de a produtividade do cogumelo ser maior
nos primeiros fluxos de produção, diminuindo ao longo
dos demais fluxos. À medida que os fluxos ocorrem,
tem-se diminuição na concentração de nutrientes, como
o nitrogênio e o fósforo, em decorrência da absorção
desses pelo micélio do L. edodes (TEIXEIRA, 2000).
Alguns elementos químicos como o C, N, P, K e
Mg são considerados “essenciais” para os fungos e
absorvidos em maior quantidade, enquanto outros,
por necessitarem de pequenas quantidades, são
considerados “traços” (Fe, Zn, Mn, Cu e Mo), e alguns
elementos químicos são detectados na constituição
dos fungos, porém não indicam necessariamente algum
papel biológico (MILES; CHANG, 1997).
De acordo com Eira e Montini (1997), a casca
armazena cerca de 50% dos nutrientes das toras e esse
fato favorece o desenvolvimento do fungo. O cerne,
por sua vez, por conter concentração menor de água
e de nutrientes, além de teores elevados de compostos
inibidores do crescimento do fungo, não deve exceder
30% do diâmetro da tora.
Assim, objetivou-se com este trabalho fazer um
estudo comparativo da constituição nutricional da madeira
e casca de sete espécies e três clones de eucalipto,
visando o cultivo de shiitake em toras.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido nas dependências
do Departamento de Produção Vegetal, da Faculdade
de Ciências Agronômicas (FCA), da Universidade Estadual
Paulista (UNESP), localizada na Fazenda Experimental
Lageado, Campus de Botucatu, SP.
As espécies de eucalipto utilizadas nos
experimentos foram: E. saligna, E. grandis, E. urophylla,
E. camaldulensis, E. citriodora, E. paniculata e
E. pellita. Os clones, por sua vez, foram híbridos de
E. grandis x E. urophylla, desenvolvidos por duas
empresas de celulose e papel e identificados como clones
23, 24 e 25. Tanto as espécies quanto os clones de
eucalipto foram obtidos na Estação Experimental de
Ciências Florestais, ESALQ/ USP, Itatinga, SP. As árvores
utilizadas tinham 8 anos de idade e foram retiradas
de uma mesma área de plantio, cultivadas em Latossolo
Vermelho-Amarelo, no espaçamento de 3,0 x 1,8 m.
O delineamento experimental foi inteiramente
casualizado com 10 tratamentos (tipos de eucalipto)
e três repetições (amostra mista de serragem obtida
de discos coletados em alturas diferentes de uma
mesma árvore).
Inicialmente, para cada espécie e clone de eucalipto
foram selecionadas ao acaso três árvores, totalizando
30 [(7 espécies + 3 clones de eucalipto) x 3 árvores].
Essas árvores foram derrubadas e foram retirados de
cada uma três discos em alturas distintas com 2,5 cm
de espessura. Para tanto, com o auxílio de uma suta
foram delimitados dois extremos em cada árvore, um
com 9 e outro com 14 cm de diâmetro, de onde foi removido
um disco por extremidade. O terceiro disco foi retirado
do meio dessa área delimitada. Assim, o total de discos
coletados foi 90 [(7 espécies + 3 clones de eucalipto)
x 3 árvores x 3 discos], os quais foram identificados
ainda no campo. Posteriormente, cada disco foi dividido
em quatro cunhas com ângulo de 90o entre si. A primeira
cunha foi utilizada para a determinação de nutrientes
e as demais cunhas, guardadas como reserva.
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ANDRADE, M.C.N. et. al.
Posteriormente, foram removidas as cascas das cunhas
para análise individual de ambas. Na sequência, três cunhas
de cada árvore (coletadas de alturas distintas da árvore:
9 cm, meio e 14 cm) foram agrupadas e reduzidas manualmente
a cavacos e, depois, a palitos, constituindo 30 amostras
de madeira e 30 amostras de casca, as quais foram utilizadas
na determinação do teor de nutrientes. Finalmente, as amostras
foram reduzidas a serragem em macromoinho Willey. A
serragem obtida foi classificada em peneiras para obtenção
da fração 40/60 mesh. Portanto, as amostras de madeira
e casca utilizadas nas análises foram compostas de cunhas
obtidas em alturas distintas das árvores.
determinado pelo método de oxidação com ácido
perclórico; o fósforo, através de extração nítrico-perclórico
e determinação colorímetrica (método espectrofotométrico
do ácido molibdovanadofosfórico); o potássio, por
fotometria de chama; o carbono, por queima em mufla;
o enxofre, por gravimetria e o cálcio, magnésio, sódio,
cobre, ferro, manganês e zinco, por espectrofotometria
de absorção atômica.
Os dados foram submetidos à análise de variância
e as médias, comparadas pelo teste de Tukey (5%)
(SNEDECOR e COCHRAN, 1972). Para tanto, utilizou-se
o programa SISVAR 4.2, desenvolvido pelo Departamento
de Ciências Exatas da Universidade Federal de Lavras, MG.
As amostras foram encaminhadas ao Laboratório
de Análise Química de Fertilizantes e Corretivos,
pertencente ao Departamento de Recursos Naturais
– Ciência do Solo – FCA/ UNESP para determinação
da composição de macro e micronutrientes, de acordo
com a metodologia do Lanarv (1988). O nitrogênio foi
3. RESULTADOS
A Tabela 1 ilustra o teor de nutrientes na madeira
e casca dos diferentes tipos de eucalipto, logo após
o corte.
Tabela 1 – Resultados da análise de nutrientes da madeira e da casca do E. saligna (SAL), E. grandis (GRA), clone 23*
(C23), clone 25 (C25), clone 24 (C24), E. urophylla (URO), E. pellita (PEL), E. paniculata (PAN), E. citriodora
(CIT) e de E. camaldulensis (CAM), logo após o corte.
Table 1 – Results of the analysis of nutrients of wood and bark of the E. saligna (SAL), E. grandis (GRA), clone 23* (C23),
clone 25 (C25), clone 24 (C24), E. urophylla (URO), E. pellita (PEL), E. paniculata (PAN), E. citriodora (CIT)
and of E. camaldulensis (CAM), soon after the cut.
Eucaliptos
Madeira
C
N
P 20 5
K2O
Ca
Mg
%
*
S
Na
Cu
Fe
Mn
Zn
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
153
150
197
137
190
240
223
200
393
216
210
0
0
19
0
10
19
13
20
12
4
10
56
49
39
36
53
34
20
25
31
57
40
7
4
7
4
13
4
9
30
21
25
12
12
3
94
2
63
88
57
83
57
5
46
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
497
420
653
587
683
643
610
437
237
460
523
6
0
4
0
1
16
11
25
13
19
10
73
65
65
75
103
104
105
83
26
61
76
227
147
861
247
208
250
182
266
351
551
329
64
44
44
46
36
47
27
43
77
51
48
mg / kg
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Média
53,9
53,7
53,6
53,1
53,7
53,7
53,4
53,9
53,2
53,3
53,5
1850
1800
1533
1733
1700
1550
1767
1700
2050
1833
1752
250
217
183
233
350
267
283
350
350
350
283
600
567
550
567
750
367
617
667
650
783
612
300
217
183
250
233
133
650
433
567
283
325
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Média
49,5
50,7
49,2
50,1
50,4
50,8
50,7
49,4
49,1
48,6
48,0
2583
2250
2450
2683
2367
2600
3017
2650
2150
2317
2507
750
667
167
317
183
283
233
100
117
383
320
2733
2800
2700
2200
2000
2317
1800
2000
1900
2400
2285
29033
27267
28633
29017
34433
19900
13917
19667
18667
30217
25075
150
133
150
200
150
83
167
167
233
133
157
Casca
7633
6767
6567
7167
9267
5100
3900
4233
3467
6750
6085
Os clones 23, 24 e 25 são híbridos de E. grandis x E. urophylla.
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Na Tabela 2, encontram-se os valores de F obtidos
na análise de variância dos dados de macro e
micronutrientes da madeira (sem casca) de 10 tipos
de eucalipto, logo após o corte. Houve efeito significativo
do tipo de eucalipto apenas nas variáveis teor de
magnésio (Mg), sódio (Na) e manganês (Mn).
Na Tabela 3, encontram-se os valores de F obtidos
na análise de variância dos dados de macro e
micronutrientes da casca de 10 tipos de eucalipto, logo
após o corte. Houve efeito significativo do tipo de
eucalipto nas variáveis monóxido de potássio (K2O),
carbono (C), cobre (Cu) e manganês (Mn).
Tabela 2 – Valores de F obtidos na análise de variância de macro e micronutrientes da madeira (sem casca) de sete espécies
(E. saligna, E. grandis, E. urophylla, E. pellita, E. paniculata, E. citriodora e E. camaldulensis) e três clones
(híbridos de E. urophylla x E. grandis) de eucalipto logo após corte.
Table 2 –Values of F obtained in the analysis of variance of macronutrients and micronutrients of the wood (without bark)
of seven species (E. saligna, E. grandis, E. urophylla, E. pellita, E. paniculata, E. citriodora e E. camaldulensis)
and three clones (hybrid of E. urophylla x E. grandis) of eucalyptus soon after cut.
Fator de variação
Eucalipto
DMS
CV (%)
Macronutrientes
N
P 2O 5
K2O
C
Ca
Mg
1,43 ns
0,06
17,54
1,75 ns
0,03
41,36
1,73 ns
0,04
35,33
0,64 ns
1,61
1,58
1,74 ns
0,06
97,38
2,70 *
0,01
38,30
Fator de variação
Micronutrientes
Eucalipto
DMS
CV (%)
*
Na
Cu
Fe
Mn
Zn
6,71 **
131,43
32,75
1,74 ns
28,98
156,83
1,45 ns
54,87
71,64
12,72 **
12,49
52,43
1,69 ns
134,76
151,94
Significativo ao nível de 5%; **Significativo ao nível de 1%; ns: não significativo.
Tabela 3 – Valores de F obtidos na análise de variância de macro e micronutrientes da casca de sete espécies (E. saligna,
E. grandis, E. urophylla, E. pellita, E. paniculata, E. citriodora e E. camaldulensis) e três clones (híbridos
de E. urophylla x E. grandis) de eucalipto logo após corte.
Table 3 – Values of F obtained in the analysis of variance of macronutrients and micronutrients of the bark of seven species
(E. saligna, E. grandis, E. urophylla, E. pellita, E. paniculata, E. citriodora e E. camaldulensis) and three clones
(hybrid of E. urophylla x E. grandis) of eucalyptus soon after cut.
Fator de variação
Eucalipto
DMS
CV (%)
Macronutrientes
N
P 2O 5
K2O
C
Ca
Mg
1,97 ns
0,07
15,15
1,95 ns
0,05
84,12
3,44 **
0,09
21,42
3,01 **
2,15
2,25
0,97 ns
1,89
39,49
0,66 ns
0,54
46,66
Fator de variação
Eucalipto
DMS
CV (%)
**
Micronutrientes
Na
Cu
Fe
Mn
Zn
0,94 ns
380,65
38,10
7,01 **
15,58
85,20
0,57 ns
81,71
56,39
3,81 **
524,27
83,37
1,66 ns
50,60
55,17
Significativo ao nível de 1%; ns: não significativo.
Na Figura 1 (A) é ilustrada a comparação da média
de magnésio da madeira (sem casca) em função do tipo
de eucalipto, logo após o corte. As maiores médias
foram observadas no clone 25 e no E. citriodora. Médias
intermediárias foram verificadas em E. saligna, E. grandis,
nos clones 23 e 24, em E. pellita, E. paniculata e E.
camaldulensis. Entretanto, a menor média ocorreu no
E. urophylla.
Na Figura 1 (B e C) são ilustradas as comparações
das médias do teor de sódio e de manganês da madeira
(sem casca) em função do tipo de eucalipto, logo após
o corte. Devido ao fato de as médias dos outros
micronutrientes da madeira (sem casca), logo após o
corte, não terem diferido significativamente entre si,
elas não foram discutidas neste trabalho; apenas citadas
(Tabela 1).
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ANDRADE, M.C.N. et. al.
*
Os clones 23, 24 e 25 são híbridos de E. grandis x E. urophylla.
The clones 23, 24 and 25 are hybrid of E. grandis x E. urophylla.
*
250
A
200
AB
Mg, mg / kg
175
150
A
A
225
AB
AB
AB
AB
AB
AB
125
100
B
75
50
25
0
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
A
400
B
350
300
B
Na, mg / kg
250
B
200
150
B
B
SAL
GRA
B
B
B
B
B
100
50
A Figura 1 (B) mostra a comparação de médias
do teor de sódio da madeira (sem casca) de 10 tipos
de eucalipto, logo após o corte. Verificou-se que a maior
média foi observada no E. citriodora, a qual diferiu
significativamente de todos os demais tipos de madeiras
analisadas.
A figura 1 (C) mostra a comparação de médias do
teor de manganês da madeira (sem casca) de 10 tipos
de eucalipto, logo após o corte. As maiores médias
foram observadas no E. paniculata, E. citriodora e
E. camaldulensis. No entanto, as menores médias foram
observadas no E. saligna, E. grandis, clone 23, clone
25 e E. urophylla, clone 24 e E. pellita.
Na Figura 2 (A e B) são ilustradas as comparações
das médias do teor de monóxido de potássio e carbono
da casca em função do tipo de eucalipto, após oito
meses de incubação com o L. edodes. Devido ao fato
de as médias dos outros macronutrientes da casca,
logo após o corte, não terem diferido significativamente
entre si, elas não foram discutidas neste trabalho; apenas
citadas (Tabela 1).
0
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
40
C
35
A
Mn, mg / kg
30
AB
25
ABC
20
15
10
A Figura 2 (A) mostra a comparação de médias
do teor de monóxido de potássio da casca de 10 tipos
de eucalipto, logo após o corte. A maior média foi
observada no E. grandis. Médias intermediárias foram
obtidas pelo E. saligna, clone 23, clone 25, clone 24,
E. urophylla, E. paniculata e E. camaldulensis.
Entretanto, as menores médias foram observadas no
E. pellita e no E. citriodora.
BCD
CD
D
D
D
D
5
D
0
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
Figura 1 – Teor de: A. magnésio; B. sódio; e C. manganês
da madeira de E. saligna (SAL), E. grandis (GRA),
clone 23* (C23), clone 25 (C25), clone 24 (C24),
E. urophylla (URO), E. pellita (PEL), E. paniculata
(PAN), E. citriodora (CIT) e de E. camaldulensis
(CAM) logo após o corte. Médias com letras iguais
não diferem entre si (Tukey, 5%).
Figure 1 – Content of: A. magnesium; B. sodium; and C.
manganese of the wood of E. saligna (SAL),
E. grandis (GRA), clone 23* (C23), clone 25 (C25),
clone 24 (C24), E. urophylla (URO), E. pellita
(PEL), E. paniculata (PAN), E. citriodora (CIT)
and of E. camaldulensis (CAM) soon after the
cut. Averages with same letters don't differ amongst
themselves (Tukey, 5%).
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.2, p.183-192, 2011
A Figura 2 (B) mostra a comparação de médias
do teor de carbono da casca de 10 tipos de eucalipto,
logo após o corte. A maior média foi verificada no
E. urophylla. Médias intermediárias foram obtidas
no E. saligna, E. grandis, clone 23, clone 25, clone
24, E. pellita, E. paniculata e no E. citriodora.
Finalmente, a menor média foi encontrada no E.
camaldulensis.
Na Figura 2 (C e D) são ilustradas as comparações
das médias do teor de cobre e de manganês da casca
em função do tipo de eucalipto, logo após o corte.
Em razão das médias dos outros micronutrientes
da casca, logo após o corte, não terem diferido
significativamente entre si, elas não foram discutidas
neste trabalho, apenas citadas (Tabela 1). A Figura
2 (C) ilustra a comparação de médias do teor de cobre
da casca de 10 tipos de eucalipto, logo após o corte.
189
Estudo comparativo da constituição...
*
Os clones 23, 24 e 25 são híbridos de E. grandis x E. urophylla.
* The clones 23, 24 and 25 are hybrid of E. grandis x E. urophylla.
A
3000
AB
A
B
54,0
AB
2500
52,0
AB
AB
AB
AB
C, %
K2O mg / kg
1500
AB
AB
AB
B
B
A
AB
AB
AB
50,0
AB
AB
2000
AB
B
48,0
46,0
1000
44,0
500
42,0
40,0
0
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
SAL
CAM
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
Espécies e clones de eucalipto
1000
30
C
25
D
A
900
A
800
Cu, mg / kg
AB
15
ABC
Mn, mg / kg
700
AB
20
600
AB
500
400
AB
ABC
300
10
200
BC
B
B
B
B
B
BC
5
B
B
100
C
0
SAL
GRA
C23
C
C
C25
C24
0
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
SAL
GRA
C23
C25
C24
URO
PEL
PAN
CIT
CAM
Espécies e clones de eucalipto
Figura 2 – Teor de: A. monóxido de potássio; B. carbono; C. cobre; e D. manganês da casca de E. saligna (SAL), E. grandis
(GRA), clone 23* (C23), clone 25 (C25), clone 24 (C24), E. urophylla (URO), E. pellita (PEL), E. paniculata
(PAN), E. citriodora (CIT) e de E. camaldulensis (CAM) logo após o corte. Médias com letras iguais não diferem
entre si (Tukey, 5%).
Figure 2– Content of: A. Potassium monoxide; B. carbon; C. copper; and D. manganese of the bark of E. saligna (SAL),
E. grandis (GRA), clone 23* (C23), clone 25 (C25), clone 24 (C24), E. urophylla (URO), E. pellita (PEL),
E. paniculata (PAN), E. citriodora (CIT) and of E. camaldulensis (CAM) soon after the cut. Averages with same
letters don't differ amongst themselves (Tukey, 5%).
As maiores médias foram verificadas no E.
paniculata, E. urophylla e no E. camaldulensis.
Médias intermediárias foram observadas no E. pellita
e no E. citriodora. No entanto, as menores médias
foram observadas no E. grandis, clone 25, clone
24, E. saligna e clone 23.
A Figura 2 (D) ilustra a comparação de médias do
teor de manganês da casca de 10 tipos de eucalipto,
logo após o corte. A maior média foi observada no clone
23 e médias intermediárias, no E. citriodora e no
E. camaldulensis. Finalmente, as menores médias ocorreram
no E. saligna, E. grandis, clone 25, clone 24, E. urophylla,
E. pellita e E. paniculata.
4. DISCUSSÃO
Os macronutrientes presentes na madeira (sem
a casca) logo após o corte (Tabela 1) obedeceram, de
forma geral, à seguinte ordem decrescente: C > N >
K2O > Ca > P2O5 > Mg, enquanto os micros obtiveram
a seguinte: Na > Zn > Fe > Mn > Cu. A presença desses
minerais em todas as amostras de madeira, de acordo
com Molena (1986), Chang e Miles (1989) e Miles e
Chang (1997), é importante para o cultivo de cogumelos.
Entre os nutrientes, o nitrogênio tem atraído
particular atenção. Acredita-se que a correlação entre
a concentração na madeira e a suscetibilidade da madeira
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.2, p.183-192, 2011
190
à decomposição possa ser influenciada pela taxa de
nitrogênio, sendo então um dos fatores limitantes
no desenvolvimento do crescimento do fungo (BOYLE,
1998). No entanto, o teor de N dos tipos de eucaliptos
estudados neste trabalho não teve diferença
significativa nestes (Tabelas 2 e 3), não possibilitando,
assim, a indicação do(s) tipo(s) de eucalipto mais
favorável(eis) para o cultivo do shiitake. Em relação
aos demais nutrientes, de acordo com Boyle (1998),
a disponibilidade de simples carboidratos,
micronutrientes ou vitaminas não limita a taxa de
crescimento do fungo na madeira.
Os principais elementos inorgânicos das madeiras
foram Ca, K e Mg. Expressando esses elementos em
mg/kg e convertendo o K2O para K através das massas
moleculares (fator de conversão = 0,8298), tem-se que
o teor de Ca na madeira variou de 100-700 mg/kg, o
de K, de 330-664 mg/kg e o de Mg, de 100-200 mg/kg.
O teor de Na variou de 136,67-393,33 mg/kg e o de
P (convertendo P 2O 5 para P através do fator de
conversão 0,4366) variou de 87,32-174,64 mg/kg. A
grande maioria dos valores obtidos de Cu, Fe e
Mn esteve abaixo de 50 mg/kg e de Zn, abaixo de
100 mg/kg. A magnitude dos valores encontrados nos
diversos metais analisados, bem como a classificação
dos elementos em principais, intermediários e traços,
está de acordo com Fengel e Wegener (1984) nas
diversas espécies de madeiras.
O uso de toras de eucalipto no cultivo de shiitake
no Brasil é muito comum. No entanto, muitos produtores
reclamam da sua produtividade inconstante e baixa.
Queiroz (2002) relatou que a pequena quantidade de
nutrientes na madeira associada à presença de
microrganismos competidores possivelmente são os
principais fatores associados às diferenças de
desenvolvimento do shiitake no eucalipto. De acordo
com Barros (1990), devido ao fato de o eucalipto ser
espécie arbórea muito cultivada em solos pobres, ele
permite acúmulo menor de nutrientes na madeira.
Montini (1997) verificou irregularidade na produção
do shiitake em toras de eucalipto, em que algumas
chegaram a produzir 660 g de cogumelo no primeiro
fluxo, no entanto muitas nada produziram. De acordo
com Shimoyama (1990), a composição química da madeira
varia significativamente entre espécies, entre árvores
de uma mesma espécie e, mesmo, entre partes de uma
mesma árvore.
Revista Árvore, Viçosa-MG, v.35, n.2, p.183-192, 2011
ANDRADE, M.C.N. et. al.
Os macronutrientes fósforo, potássio e magnésio
são necessários para o crescimento de diversos fungos
(CHANG et al., 1997). Na Tabela 1, sabe-se que esses
nutrientes estão presentes na madeira. Entre os
microelementos mais estudados e essenciais para o
crescimento de muitas espécies merecem destaque:
ferro, zinco, manganês e cobre (MOLENA, 1986; MILES
e CHANG, 1997).
Não há na literatura relatos que apontem a influência
da concentração de sódio ou de manganês na
produtividade de L. edodes. Os dados apresentados
na Figura 1 (B e C) não foram suficientes para afirmar
que esses nutrientes influenciaram na produtividade
das linhagens de L. edodes. Prova disso são o E. saligna
e o E. citriodora – embora estejam entre os eucaliptos
que proporcionaram as melhores médias de produtividade
do L. edodes no trabalho de Andrade (2007), suas médias
de teores de sódio e de manganês diferiram entre si
(Figura 1 BC). Possivelmente, as quantidades de
nutrientes disponíveis nas madeiras foram suficientes
para o cultivo de L. edodes. Com isso, o fato de um
tipo de eucalipto ter maior disponibilidade desses
nutrientes não lhe proporcionou vantagem na produção
de basidiomas, conforme relatado por Andrade (2007).
Os principais elementos inorgânicos presentes
na casca foram Ca (13.900 – 29.000 mg/kg); K,
calculado a partir do K 2O (1.494 – 2.323 mg/kg); e
Mg (3.500 – 9.300 mg/kg). O teor de Na variou de
237 – 683 mg/kg e o de P calculado a partir do P2O5,
de 43,7 – 349 mg/kg; o Cu (< 50 mg/kg), o Fe e o
Zn (<100 mg/kg) e o Mn (<1.000 mg/kg). As análises
de amostras da casca revelam que esse material tem
valores muito mais elevados de Ca, K e Mg que os
correspondentes encontrados na madeira (Tabela 1)
e são concordantes com a conclusão de Allison et
al. (2000). A casca tem muito mais componentes minerais
que a madeira correspondente e o elemento predominante
é o cálcio, conforme Fengel e Wegener (1984).
5. CONCLUSÕES
De acordo com os resultados, pode-se concluir
que:
· O elemento S não foi detectado em nenhum dos
tipos de eucalipto analisados, tanto na casca quanto
na madeira, como esperado.
· Na madeira, o Mg, Na e Mn apresentaram
diferenças de teor entre os tipos de eucaliptos avaliados.
191
Estudo comparativo da constituição...
· Na casca, o K2O, C, Cu e Mn demonstraram possuir
diferentes teores em função do tipo de eucalipto.
· As cascas dos tipos de eucaliptos apresentaram
teores de Ca, K, Mg, Na, Mn e Fe superiores aos das
correspondentes madeiras (o elemento predominante
na casca foi o Ca).
· Os elementos predominantes na madeira foram
Ca, K, Mg e P.
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