Revista Ibero- Americana de Humanidades, Ciências e Educação- REASE
doi.org/ 10.51891/rease.v7i11.3740
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE COENTRO (CORIANDRUM
SATIVUM) NO MUNICÍPIO DE EXU-PE E SEU POTENCIAL COMO PRODUTO
ORGÂNICO
PRODUCTION AND MARKETING OF CORIANDER (CORIANDRUM SATIVUM) IN
THE MUNICIPALITY OF EXU-PE AND ITS POTENTIAL AS ORGANIC PRODUCT
Carla Juliana Bezerra da Silva1
Ivan Eudes Gonçalves de Brito2
Ivan Timóteo Cassimiro3
Osmar Viveiros de Carvalho4
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo analisar o âmbito de produção e
comercialização do coentro no município de Exu, frente ao uso de adubos naturais e
controle natural de pragas em detrimento ao uso de adubos inorgânicos, pesticidas e
agrotóxicos industrializados. As produções com “selo orgânico” têm ganhado bastante
destaque quando se fala em alimentação saudável, também são vários os pequenos
produtores que vem se tornando adeptos desta nova visão de agricultura natural. O famoso
coentro (Coriandrum sativum) é um produto bastante consumido na Região Norte e
Nordeste do Brasil e se encontra, na sua região de consumo como uma hortaliça com
potencial para ser produzido dentro do padrão orgânico. No entanto, para que se tenha
uma classificação de produto orgânico o alimento tem que ser produzido utilizando-se
apenas medidas alternativas de adubação e controle de pragas, o que nem sempre é feito de
forma correta, desfavorecendo certos tipos de manejos e diminuindo a produtividade da
plantação. Deste modo, qualquer mudança na maneira de produção do vegetal, mesmo que
pra deixá-lo mais saudável, pode se apresentar como uma grande oportunidade de aumento
nos lucros ou simplesmente um desagradável risco econômico. Sendo assim, para evitar
possíveis prejuízos, fazem-se necessários estudos que culminem em conhecimento
empírico a ser disseminado com o intuito de adequar de maneira segura o cultivo padrão ao
novo manejo almejado.
Palavras-chaves: Produção orgânica. Coentro. Adubação orgânica. Controle alternativo de
praga.
1
Graduada em Ciências Biológicas e Especialista em Educação Ambiental pela Universidade Regional do
Cariri – URCA, Especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade Social – UFPE.
2
Graduado em Ciências Biológicas – URCA, Graduado em Matemática – URCA, Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Institucional – FJN, Especialista em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica –
FJN, Especialista em Formação de Professores para o Ensino Superior e Educação Continuada –
UNIJUAZEIRO.
3
Graduado em Geografia pela Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central – FACHUSC,
Especialista em Geografia Física e das Populações pela Universidade Cândido Mendes.
4
Graduado em Ciências Biológicas e Especialista em Ecologia pela Universidade Regional do Cariri –
URCA. Tecnólogo em Gestão Pública – Uninabuco, Especialista em Gestão Pública – Univasf.
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ABSTRACT: The present work aimed to analyze the scope of production and
commercialization of coriander in the municipality of Exu, facing the use of natural
fertilizers and natural pest control to the detriment of the use of inorganic fertilizers,
pesticides and industrialized pesticides. Productions with the "organic seal" have gained a
lot of prominence when it comes to healthy eating, there are also several small producers
who have become fans of this new vision of natural agriculture. The famous coriander
(Coriandrum sativum) is a product widely consumed in the North and Northeast of
Brazil and is found, in its region of consumption, as a vegetable with the potential to be
produced within the organic standard. However, in order to have an organic product
classification, food has to be produced using only alternative fertilization and pest control
measures, which is not always done correctly, disfavoring certain types of management
and reducing productivity. of the plantation. In this way, any change in the way the
vegetable is produced, even to make it healthier, can present itself as a great opportunity to
increase profits or simply an unpleasant economic risk. Therefore, to avoid possible
damages, studies are needed that culminate in empirical knowledge to be disseminated in
order to safely adapt the standard cultivation to the new desired management.
Keywords: Organic production. Cilantro. Organic fertilization. Alternative pest control.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como base a análise do âmbito de produção e
comercialização do coentro (Coriandrum sativum) no município de Exu, frente ao uso de
adubos naturais e controle natural de pragas em substituição ao uso de adubos inorgânicos,
pesticidas e agrotóxicos industrializados. Exu é um município brasileiro do interior de
Pernambuco, fica localizado 630km da capital Recife e possui 31.709 habitantes (IBGE,
2021). Administrativamente, o município é composto pela sede e os distritos de Tabocas,
Timorante, Viração e Zé Gomes, apresenta como divisa a oeste o município de Bodocó, ao
sul o de Granito, a leste o de Moreilândia e ao norte a cidade do Crato (Ceará). O
município está inserido na maior parte da unidade geoambiental dos maciços e serras
baixas, com altitudes entre 300 e 800 metros, uma porção está inserida na unidade
geoambiental das chapadas altas ao norte, o relevo apresenta terrenos planos e acidentados,
influenciado pela Chapada do Araripe, com terras altas, planas e descendo a serra,
encontram-se terras baixas férteis e várias nascentes no sopé da serra (WIKIPÉDIA, 2021).
O plantio e venda do coentro é uma atividade de grande importância econômica
para os agricultores que sobrevivem de sua cultura, sendo muitas vezes essa atividade que
garante a renda mensal da maioria das famílias que trabalham com esse tipo de agricultura
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familiar. No município de Exu existem vários pontos onde algumas famílias cultivam o
coentro, porém, toda a produção de considerável massa verde provém de pequenos
agricultores que possuem espaços de cultivo nas áreas situadas às margens da rodovia Asa
Branca, BR 122, dentro do território entre o município de Exu e o de Bodocó, parte desses
pequenos produtores pertence à comunidade Araruna (que fica dentro do território legal do
município de Bodocó), no entanto a considerável massa verde lá produzida e
comercializada na feira livre da cidade de Exu. Esses produtores integram uma cooperativa
agrícola que recebe orientação do SEBRAE, CAATINGA e EMBRAPA, entidades, que
embora não tenha como finalidade precípua a certificação de organicidade de alimentos,
agregam valores às culturas desses produtores, que são difundidos dentro do município,
destacando assim, os produtores entre os demais durante a feira livre, qualificando,
consequentemente, a natureza orgânica do produto.
São muitos e inegáveis os benefícios associados ao consumo destes produtos
isentos de qualquer forma artificial de adubação e controle de pragas, no entanto o
modismo na mídia é efêmero e o mesmo não se pode dizer a respeito da fonte de renda dos
pequenos agricultores que sobrevivem do cultivo do coentro, esta, deve ser segura e
constante, pois muitas vezes esses agricultores têm tal renda como, se não a principal, uma
das principais fontes de subsistência familiar. Sendo assim, apostar em novas formas de
lidar com a lavoura do produto mantenedor do capital orçamentário da família pode ser
um risco que muitos não estão dispostos a correr, de modo que os adeptos da agricultura
tradicional relutam muito em testar qualquer método alternativo que seja ainda pouco
difundido.
É neste contexto que se fundamenta a grande importância das pesquisas aplicadas,
pois a partir dos resultados destas obtidos, pode – se reunir conhecimento e relatos de casos
promissores, o que servirá de subsídio para ações de orientações profissionais, visando à
difusão das técnicas recém surgidas, fazendo a familiarização do novo conceito de
agricultura, culminando em popularidade e aceitação pelos remanescentes céticos.
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REFERENCIAL TEÓRICO
O culto à saudável alimentação por meio de produtos orgânicos cresce cada vez
mais entre os brasileiros e isso tem gerado um incentivo para pequenos produtores de
frutas e legumes e hortaliças, de modo que os alimentos quando orgânicos geralmente
dobram o seu valor em relação aos que não são. A cultura orgânica é basicamente um
conjunto de ações e processos que visa a sustentabilidade rotativa da produtividade do solo,
por meio de adubações alternativas que o nutram através do processo natural de ciclagem
da matéria orgânica depositada no mesmo (RESENDE & RESENDE JÚNIOR, 2011).
Este novo conceito de agricultura surgiu por volta do século XX, como relata o
pesquisador inglês Albert Howard no seu livro “Um testamento agrícola” de 1940, este
modelo agrícola foi se arraigando ao longo das décadas seguintes juntamente com o
nascimento das grandes conferências globais e da visão mundial de sustentabilidade e de
combate aos efeitos nocivos acarretados ao advento da tecnologia usada na agricultura sem
a avaliação prévia dos impactos ambientais e sem planos de manejos sustentáveis
(ALVES, SANTOS & AZEVEDO, 2012).
No Brasil a introdução do manejo de culturas de maneira orgânica iniciou-se em
contra partida às consequências geradas pelos insumos da chamada revolução verde, que
trouxe à agricultura, na década de 50, uma gama de adventos tecnológicos, implantados
sem nenhuma preocupação com os impactos ambientais que poderiam causar
(SEVERINO, 2000). Este novo modelo de manejo ganhou força por volta dos anos 70 com
pequenos grupos que tinham uma visão filosófica de buscar um meio de vida mais
saudável, desta maneira, iniciou-se a disseminação de um meio de manejo do solo, para
agricultura, que produzia alimentos sem “contra indicações”, já que concomitantemente
crescia também discussões sobre os rumores acerca dos efeitos cumulativos e nocivos dos
insumos artificiais utilizados nas lavouras, além da contaminação do solo e dos recursos
hídricos (ALVES, SANTOS & AZEVEDO, 2012).
Estes pequenos grupos sociais levaram ao conhecimento social relatos de
benefícios à saúde e a conquistada tão almejada qualidade de vida, embasados apenas em
observações e conhecimentos empíricos, o que foi suficiente para adesão de um grande
número de adeptos ao estilo de vida orgânico, o que era de se esperar, já que a sociedade
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contemporânea vem, em meio a tantas drogas artificiais (com efeitos colaterais), buscando
meios alternativos de manter a saúde e a qualidade de vida.
Hoje já é fato, comprovadamente científico, que os alimentos orgânicos acarretam
uma série de benefícios à saúde de seus consumidores, isso provém não só do fato de não
conter a impregnação de defensivos sintéticos nos alimentos, mas também por estes
produtos conterem menos água, sendo a concentração de nutrientes mais elevada, outros
benefícios relatados entre os adeptos é o ganho de disposição física e uma sensação de bem
estar psicológico.
Mas o grande impulso para alavancar o “novo” modelo de produção agricultura
foi a formulação do conceito de economia verde, que ganhou bastante força com o atual
destaque das grandes conferencias globais, que direcionaram seu foco não só para cuidar do
clima e do meio ambiente, mas sim para a tentativa de adaptar a economia de produção
exaustiva a um modelo de produção não tão impactante; o famoso modelo de economia
sustentável ou economia verde.
O termo produto “orgânico” foi atribuído inicialmente a toda produção de frutos,
legumes, hortaliças, entre outros, insumos cultivados sem a presença de qualquer
fertilizante sintético, agrotóxico ou qualquer outra forma de manejo do solo que não seja
natural ou sustentável, no entanto, atualmente a terminologia “orgânica” tem se tornado
muito mais que apenas um nome dado a produção de alimentos isento de contaminação,
esta tendência vem se tornando um estilo de vida e porque não dizer um movimento
social.
Atualmente o mercado do produto tem crescido muito e com ele a exigência dos
consumidores em querer produtos de qualidade comprovada, não basta apenas ser
produzido sem a utilização de meios não naturais, os produtos orgânicos têm que ser
identificados como tal e esta certificação ganhou forma com as normas implantadas para
classificar os produtos de origem orgânica, com crescente mercado dos orgânicos o governo
tem investido no incentivo à agricultura orgânica e ao consumo de alimentos saudáveis,
várias instituições como CODEVASF, SENAI, SEBRAE, entre outros, têm preparado e
assessorado pequenos produtores e agricultores familiares na implantação da produção
orgânica (IPD ORGÂNICOS, 2011).
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O coentro (Coriandrum sativum) é uma hortaliça que vem ganhando espaço entre
os produtores que cultivam alimentos orgânicos, trata-se de uma erva de ciclo anual que
possui folhas verdes brilhantes com distribuição alternas e pinadas, espalhadas ao longo de
um caule ereto levemente estriado no sentido vertical. Pertence à família Apiaceae
originaria da região leste do mediterrâneo e oeste da Ásia, é uma herbácea de aroma
característico, raiz superficial, algumas espécies podem chegar a um metro de altura, as
flores detêm coloração rosa ou branca organizadas em umbelas e seus frutos são globulosos
secos e pequenos, marcados por cinco pequenas costelas achatadas separados em dois
mericarpos na maturidade (AVAZ & JORGE, 2007).
Esta singela hortaliça é de fácil cultivo e tem forte influência cultural e
gastronômica na culinária regional, estando presente em quase todos os pratos preparados
em diversas regiões do Brasil, especialmente no Norte e Nordeste (SANTOS & ALVES,
1992).
O plantio deve ser realizado em solos com boa fertilidade, profundos, bem
trabalhados, drenados e com boa exposição à luz, livres de contaminações (metais pesados,
resíduos químicos e coliformes). Ele é pouco exigente em relação ao solo, apenas com a
adubação orgânica pode-se obter uma produtividade razoável. No entanto, esta espécie
possui peculiaridades que se não supridas levam ao baixo rendimento ou baixa qualidade
da massa verde, e até mesmo, a morte do vegetal. Solo com excesso de compostos
nitrogenados provoca clorose na Coriandrum sativum e a acidez elevada dele, provoca
retardo na germinação e na maturação das sementes, o fósforo em concentrações inferiores
a 0,06 ppm no solo provoca nanismo, as raízes só absorvem nutrientes e água quando a
umidade do substrato do vaso estiver entre 15 e 25%, e os resultados da falta de absorção
culminam na redução considerada da fotossíntese e seus produtos, além da escassez dos
macros e micros nutrientes resultarem em deficiências abaixo relacionadas, comuns aos
vegetais em situação de estresse:
1. Macronutrientes:
Falta de carbono - Redução da fotossíntese e seus produtos.
Falta fósforo - Folhas verde escuro, bronzeamente de folhas e pecíolos.
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Falta de potássio - Podem apresentar bordas, inicialmente cloróticas e,
posteriormente, necrosadas; pontuações necróticas no limbo foliar.
Falta de cálcio - Pontos de crescimento morrem.
Falta de oxigênio - Redução da fotossíntese e seus produtos.
Falta de hidrogênio - Redução da fotossíntese e seus produtos.
Falta de nitrogênio - As folhas velhas (baixeiras) geralmente ficam amareladas
primeiro; clorose de toda a planta com o avança da deficiência; diminuição do
crescimento.
Falta de enxofre - Toda a folha fica com a cloração amarela.
Falta de magnésio - Clorose internerval (pecíolos se mantêm verdes).
2. Micronutrientes:
Falta de ferro- Clorose internerval, folhas cloróticas e com pontuçações
necróticas.
Falta de manganês- Pontuações cloróticas entre as nervuras e, posteriormente,
clorose internerval.
Falta de boro - Morte dos pontos de crescimento, folhas deformadas.
Falta de zinco - Folhas pequenas lanceoladas, pontuações amareladas no limbo
foliar entre as nervuras.
Falta de cobre - Morte de folhas novas, clorose, falha na fecundação e no
pegamento dos frutos.
Falta de molibdênio - Amarelecimento das folhas e possíveis necroses
marginais com acúmulo de nitrato.
Falta de cloro - Escassez de subprodutos oriundos da quebra da molécula
d’água. (GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A.1998).
Supridas as necessidades nutricionais e de condições ambientais, o coentro
apresenta um aspecto saudável pautado nas suas características específicas, como:
Folha verde brilhante volumosas sem variação de cor nem presença de pontos,
caule cilíndrico levemente estriado e túrgido sem muito comprimento entre os
pontos germinativos.
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Semente esférica dourada sem perfurações e imperfeições.
Flor branca ou róseo-violácea.
Tempo de germinação de 7 a 15 dias.
Tamanho adulto “comum” de 15 a 60 cm (FILGUEIRA, 2003.)
A água de irrigação deve ser limpa e de boa qualidade; O cultivo deve ser
preferencialmente orgânico: sem aplicação de agrotóxicos, com rotação de culturas,
diversificação de espécies, adubação orgânica e verde, controle natural de pragas e doenças.
É importante dimensionar a área de produção segundo a mão-de-obra disponível, uma vez
que a atividade requer um trabalho intenso, a qualidade do produto é dependente dos
teores das substâncias de interesse, sendo fundamentais os cuidados no manejo e colheita
das plantas, assim como no beneficiamento e armazenamento da matéria prima (AVAZ &
JORGE, 2007).
Praticamente quase todo Nordeste, com exceção de poucos estados, o coentro é
cultivado como uma atividade de notável alcance social, tanto para quem produz como
para quem consome, já que possui uma vasta lista de aplicações medicinais e
gastronômicas, seu aroma especial combina com quase todos os pratos e esta presente em
toda a culinária regional do norte e nordeste, chegando a ser muitas vezes a principal fonte
de renda das comunidades rurais e algumas das zonas periféricas das cidades
interioranas.Esta erva é de clima quente e não tolera baixas temperaturas, pode ser
plantada o ano todo, não é muito exigente em relação a adubação e irrigação, embora o
desequilíbrio nutricional e microbiológico possam prejudicar seu bom desenvolvimento.
Em relação às pragas o coentro apresenta poucas doenças devido a sua natureza rústica.
Suas sementes apresentam um considerável valor e importância comercial por ser uma
planta amplamente utilizada na gastronomia brasileira, no ano 2001, aproximadamente 270
toneladas de sementes deste vegetal foram comercializadas no Brasil, com valor em torno
de 2,7 milhões de reais (VASCONCELOS, 2008)
MATERIAL E MÉTODO
A presente pesquisa apresenta um estudo de caso de caráter exploratório e
qualitativo desenvolvido no município de Exu, situado a 630 Km da capital do estado de
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Pernambuco, o objeto de amostragem constituiu se no conjunto de propriedades rurais
produtoras de coentro para comercialização, inseridas no entorno do território legal do
município.
Para coleta de dados e desenvolvimento do trabalho utilizou como procedimentos
metodológicos a entrevista, a observação direta e a pesquisa bibliográfica. A entrevista teve
como base a utilização de um questionário semiestruturado, facilitando o direcionamento
da coleta de informações, permitindo a possibilidade de correção de constatações
aparentemente inconsistentes, tal correção é possível através do feed back imediato,
característica fundamental da entrevista. A observação em campo permitiu a constatação
da realidade e fidedignidade das informações previamente adquiridas. Já a pesquisa
bibliográfica foi utilizada para dar fundamento e contexto ao estudo, com o intuito de
conhecer o histórico de produções e contribuições científicas inerentes ao objeto de
estudado.
Para constatação da conclusão apresentada, utilizou-se a comparação entre os
aspectos desejáveis encontrados na bibliografia pesquisada e o perfil fenotípico observado
nas culturas e plantações analisadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação às pragas, única relatada nas plantações foi a mosca branca (Bemisia
argentifolii), e seu controle vem apresentando mudanças, antes era feito por meio da urina
bovina, em diluições que garantem a estabilidade físico – química do solo, atualmente está
se difundindo e já sendo amplamente adotado o uso de extrato de Neem indiano
(Azadirachta indica), ou Liro, como é conhecido na região.
Em relação à irrigação, esta é proveniente de poços e barreiros artesanais e em se
tratando deste tema a contaminação é a principal preocupação, no entanto, deduz-se que
não ocorra contaminação por microrganismos patogênicos, devido ao fato de não ocorrer
deposição de nenhum tipo de resíduo nas proximidades do local.
No que tange a qualidade do produto, esta foi avaliada de maneira empírica com
base em observações e comparações dos exemplares dos produtores com o padrão de
características da espécie quando em condições satisfatórias. Todas as análises realizadas
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se mostraram uniformes, não ocorrendo variações significativas de um produtor para
outro, deste modo, todas as plantações produzem plantas dentro do padrão de normalidade,
apresentando as seguintes características:
Características da folha -Verde brilhante uniforme sem clorose, perfurações
necróticas ou variação de coloração.
Características do caule - cilíndrico levemente estriado, túrgido com pontos de
foliação pouco afastados.
Características da semente - esféricas douradas levemente estriadas sem
imperfeições ou perfurações
Características da flor - róseo-violácea intacta sem modificações aparentes.
Germinação das sementes - 8 a 9 dias.
Os coentros produzidos apresentam características normais e saudáveis, sugerindo
que os microrganismos essenciais para a decorrência natural dos ciclos biogeoquímicos
estejam presentes e em quantidades satisfatórias, proporcionando o equilíbrio e a
fertilidade do solo. Lembrando que esse equilíbrio depende também dos aspectos físicos e
químicos do solo como umidade, temperatura, salinidade, acidez, entre outros, e pela
qualidade do coentro, vê-se que estes aspectos também são satisfatórios.
Além das características supracitadas a plantação observada não apresentou
clorose em fase de desenvolvimento inicial, nem presença de ferrugem, de queima, de
murcha ou qualquer tipo de coloração não clorofilada nas folhas. Este resultado foi obtido
utilizando apenas adubo orgânico, o esterco bovino, e devido ao fato de não ser encontrado
na plantação de coentro o uso de agrotóxicos para o controle de pragas, pode-se afirmar que
nem o solo e nem o coentro produzido estejam contaminados por substâncias químicas
nocivas à saúde humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção de coentro no contexto analisado apresenta homogeneidade no meio
de manejo do solo e cultivo da hortaliça, todas as pequenas propriedades produtoras de
coentro são trabalhadas em regime familiar sem nenhum tipo de contratação ou
arrendamento, os trabalhos adotados nestas propriedades são realizados pelos próprios
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donos da propriedade e seus familiares, já a cultura é realizada de modo semelhante em
todas as áreas analisadas. Embora apenas uma pequena porcentagem dos produtores receba
orientações de entidades profissionais como o SEBRAE, o conhecimento é repassado,
rapidamente absorvido, adotado e difundido pela região. Sendo assim, o que se pratica em
uma propriedade é adotado pelas outras de maneira semelhante, ou seja, a difusão do
conhecimento adquirido e adotado com sucesso por alguns produtores é repassado para os
outros por meio das próprias relações comerciais no âmbito do município, isso traz uma
certa padronização da qualidade do produto final.
O que difere uma produção da outra é a área de plantio e a disponibilidade de água
que pode ser maior ou menor de uma propriedade para outra, no entanto não há perda de
produção por escassez hídrica, o que há é uma adequação feita pelo proprietário em virtude
da área de plantio, do potencial hídrico da propriedade e da mão de obra disponível, deste
modo ele diminui proporcionalmente a área plantada garantindo a qualidade do produto
final.
Como todas as propriedades utilizam meios alternativos de adubação, irrigação e
controle de pragas, a biomassa produzida por estas propriedades podem ser consideradas
orgânicas, pois possuem qualidades fenotípicas e nutricionais desejáveis, e o mais
importante; livres de qualquer contaminação por pesticidas e aditivos sintéticos. No
tocante à comercialização, o consumo de coentro é bem considerável no município de Exu,
sendo constatado de 90 a 100, o percentual de venda do produto por todos os agricultores,
em todos os dias de feira livre.
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