ISSN 1980-5098
Acesso aberto
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022 • https://doi.org/10.5902/1980509848583
Submissão: 18/05/2021 • Aprovação: 20/12/2021 • Publicação: 22/09/2022
Artigos
Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação,
fenologia e morfometria de frutos, sementes e plântulas
Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germination, phenology and
morphometry of fruits, seeds and seedlings
Rômulo André BeltrameI
Tatiana Tavares CarrijoII
José Carlos LopesII
I
Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil
II
Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, Brasil
RESUMO
Joannesia princeps, popularmente conhecida como cutieira, é uma Euphorbiaceae endêmica do Brasil,
cuja madeira é utilizada para diversos fins industriais. As sementes possuem aproximadamente 37% de
óleo útil para fins industrias e medicinais, servem de alimento para cutias (Dasyprocta azarae), além de
apresentarem destacada importância na sucessão ecológica em áreas degradas. Objetivou-se estudar
a germinação, fenologia e a morfometria de frutos, sementes e plântulas de Joannesia princeps. Foram
utilizados 1000 frutos de Joannesia princeps colhidos de 40 matrizes de Mata Atlântica do Entorno do
Caparaó, que compõem um bosque existente no Horto Municipal da cidade de Alegre - ES, nos quais foram
analisados os atributos qualitativos em relação à morfologia. Na análise biométrica, foram analisados:
comprimento, diâmetro e espessura. As análises das plântulas foram conduzidas periodicamente no
6°, 7º, 14º, 21º, 28º, 35º e 42º dia após a germinação, utilizando-se quatro repetições de 15 plântulas
normais e sadias para as descrições. Observou-se que as raízes mudaram o tom de sua coloração de
esbranquiçada para branco-amarelada entre o 14º para o 21º dia após a germinação (DAG), enquanto
o hipocótilo, nos estádios iniciais, apresentava coloração avermelhada passando para verde após o 14º
DAG. Os demais órgãos não apresentaram mudanças consideráveis, contudo, biometricamente, todos
os órgãos apresentaram acréscimo nas suas dimensões, conforme a evolução do desenvolvimento. Os
aspectos morfológicos descritos e ilustrados demonstraram-se estáveis e, portanto, informativos para
a caracterização e identificação da espécie em processo de germinação e nos primeiros estádios de
desenvolvimento.
Palavras-chave: Cutieira; Caracterização morfológica; Aspectos biométricos; Euphorbiaceae
Artigo publicado por Ciência Florestal sob uma licença CC BY-NC 4.0.
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ABSTRACT
Joannesia princeps, popularly known as a cutieira, is a Euphorbiaceae endemic to Brazil and its wood is
used for various industrial purposes and the seed has approximately 37% of useful oil for industrial and
medicinal purposes, besides presenting outstanding importance in ecological succession in degraded
areas, whose seeds serve as food for agoutis. The objective was to study germination, phenology and
morphometry of fruits, seeds and seedlings of Joannesia princeps. We used 1,000 fruits of Joannesia
princeps harvested from 40 matrices of Atlantic Forest surrounding Caparaó, which make up an existing
forest in the Municipal Garden of the city of Alegre, in Espírito Santo state, in which qualitative attributes
were analyzed in relation morphology. In the biometric analysis, the following were analyzed: length,
diameter and thickness and seedling analyses were conducted periodically on the 6th, 7th, 14th, 21th, 28th,
35th and 42th days after germination (DAG), using four replicates of 15 normal and healthy seedlings
for descriptions. It was observed that the roots have changed their color of whitish for yellowish-white
between the 14th and 21st DAG, while the hypocotyl, in the initial presented reddish color passing to green
after the 14th DAG. The other organs did not present considerable changes, however, biometrically,
all organs showed an increase in their dimensions, according to the evolution of development. The
morphological features described and illustrated were stable, and therefore, informative for the
characterization and identification of the species in the germination process and in the first stages of
development.
Keywords: Cutieira; Morphological characterization; Biometric aspects; Euphorbiaceae
1 INTRODUÇÃO
Joannesia princeps Vell. é uma espécie arbórea, da família Euphorbiaceae,
conhecida popularmente como cutieira, boleira, andá-assu, fruta-de-cotia e purga-decavalo. Essa espécie é endêmica do Brasil e distribui-se nas regiões Norte, Nordeste e
Sudeste, predominantemente na Amazônia, Caatinga e Mata Atlântica (CORDEIRO et al.,
2015; LORENZI, 2016), sendo este último um dos biomas mais ameaçados do planeta
e com maior biodiversidade (ALONSO et al., 2015). Moraes Júnior et al. (2019) listaram
a Joannesia princeps como uma espécie com potencial de utilização em programas que
visem estudar a compensação de carbono em áreas degradadas.
Sua madeira pode ser utilizada na fabricação de palitos de fósforo, celulose,
canoas, caixotaria, tabuado para forros, canoas e jangadas. Suas sementes possuem
em torno de 37% de óleo, útil para fins industriais e medicinais (LORENZI, 2016; FLORA
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DO BRASIL 2020). Esse óleo possui propriedades purgativas e pode substituir o óleo
de linhaça em pinturas (SOUSA et al., 2007) e, ainda, pode ser mais uma alternativa
para a produção de biodiesel, sendo uma fonte de energia ecologicamente viável e
renovável (DWIVEDI et al., 2011; LORENZI, 2016).
Na região da Zona da Mata de Minas Gerais, existem experiências com Sistemas
Agroflorestais (SAFs), que vêm se destacando como estratégia para minimizar os
efeitos das mudanças climáticas sobre culturas agrícolas (VENTURINI et al., 2013).
Ainda, a espécie vem sendo utilizada no biomonitoramento de chuvas ácidas, que têm
ocorrido frequentemente em áreas naturais protegidas de Mata Atlântica no Brasil
(ANDRADE et al., 2020). Morais Junior et al. (2019) relataram o alto potencial da Joannesia
princeps nas relações de compensação de carbono na floresta atlântica, e Fernandez
et al. (2017) evidenciaram sua importância na sucessão ecológica em áreas degradas,
principalmente, porque suas sementes servem de alimento para cutias (Dasyprocta
azarae), que extraem as sementes, alimentam-se e enterram aquelas que sobram.
Para compreender parte do ciclo vegetativo das espécies, estudos envolvendo
fenologia e análises morfológica de frutos e sementes podem auxiliar no entendimento
do processo de dispersão, germinação e vigor, que caracterizam a qualidade fisiológica,
o armazenamento, a viabilidade e os métodos de propagação das espécies. São
informações que diferenciam espécies de um mesmo gênero no campo, sendo análises
que contribuem para o estudo dos mecanismos de dispersão, sucessão, regeneração
natural da espécie e manutenção da biodiversidade (OLIVEIRA et al., 2006; MATHEUS;
LOPES, 2007; BRASL, 2009; LUZ et al., 2012). E sob este aspecto, a análise da distribuição
espacial da qualidade fisiológica de sementes de Joannesia princeps pode ser utilizada
como uma ferramenta para definição da região de amostragem de sementes com
alto e baixo vigor, caracterizando-se como estudos importantes para a elaboração de
estratégias de recomposição vegetal em áreas degradadas (BELTRAME et al., 2017).
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Os estudos de caracterização morfológica e biométrica da unidade de dispersão,
germinação e de plântulas durante o crescimento e desenvolvimento inicial podem
contribuir na compreensão do ciclo biológico, bem como no manejo e preservação das
espécies e fornecer dados adicionais para diferenciar espécies de um mesmo gênero
no campo (CRUZ; CARVALHO, 2003; LUZ et al., 2012). Considerando a necessidade de
maiores informações sobre a espécie, objetivou-se estudar a germinação, fenologia
e a morfometria de frutos, sementes e plântulas de Joannesia princeps, embora na
literatura seja apresentada a caracterização morfológica e biométrica dos frutos,
sementes e plântulas desta espécie por meio de descrições e ilustrações. Essas
informações possibilitarão a identificação das formas juvenis da espécie em ambiente
natural e subsidiarão pesquisas que visem determinar os métodos mais adequados
para que a espécie expresse seu potencial máximo de germinação e dispersão.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes e em casa de
vegetação do Departamento de Produção Vegetal do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Espírito Santo (CCA-UFES), localizado na cidade de Alegre ES, coordenadas geográficas de 20º45’ S e 41º29’ W, utilizando-se sementes (1.800) de
Joannesia princeps obtidas de 1.000 frutos, colhidos de 40 matrizes da Mata Atlântica do
Entorno do Caparaó, que compõem um bosque existente no Horto Municipal da cidade
de Alegre – ES. A colheita dos frutos foi realizada imediatamente após a maturação
fisiológica e queda dos mesmos, que posteriormente foram colocados para secar sob
temperatura ambiente, e após a redução do excesso de umidade foram mantidos em
estufa com circulação de ar regulada a 30ºC até o início da deiscência. As sementes
foram então extraídas com auxílio de um torno e foram analisadas as características
morfológicas e biometria dos frutos, sementes e plântulas.
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2.1Caracterização morfológica e biometria dos frutos e sementes
A caracterização morfológica dos frutos e sementes foi embasada na análise
de 30 unidades, respectivamente. Os parâmetros estatísticos para análise dos dados
biométricos foram média, desvio padrão e coeficiente de variação. Em campo,
foram escolhidos frutos maduros, sadios, inteiros e sem deformações, avaliandose os seguintes atributos qualitativos em relação à morfologia externa dos frutos:
a) coloração na maturação, b) consistência do pericarpo, c) número de deiscências,
d) tipos de indumento, e) número e posição das sementes nos frutos. A análise
biométrica teve como base a tomada das dimensões comprimento (isto é, da base
até o ápice do fruto, excluindo-se o pedúnculo) e diâmetro; a espessura foi medida
na linha mediana dos frutos.
A partir da análise de sementes viáveis, os seguintes atributos qualitativos foram
analisados: a) coloração, b) textura da superfície da testa, c) forma, d) posição do hilo,
micrópila, rafe e estruturas anexas, quando presentes, e) consistência, coloração e
espessura do endosperma, f) posição, forma e coloração do embrião (cotilédones, eixo
hipocótilo-radícula e plúmula). Os cortes transversais e longitudinais nas sementes
foram feitos com lâminas de bisturi, e as características do embrião analisadas com o
auxílio de um microscópio estereoscópico. A caracterização biométrica das sementes
foi realizada com o auxílio de um paquímetro digital com precisão de 0,1 mm, nas quais
foram mensurados: o comprimento; a largura, medida do ápice até a base na qual
ocorre a protrusão da raiz primária, e o diâmetro na porção mediana. As observações
foram feitas a olho nu, com auxílio de lupa e microscópio estereoscópico. A terminologia
empregada para a caracterização morfológica foi embasada em Barroso et al. (2002).
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2.2 Germinação e caracterização morfológica e biometria das plântulas
Para as análises pós-seminais, e devido à baixa porcentagem de germinação
obtida em testes preliminares (30%), foi realizado um tratamento pré-germinativo das
sementes com ruptura do tegumento, com o auxílio de uma morsa, posteriormente
foram desinfestadas em hipoclorito de sódio a 2,5%, por 15 minutos, lavadas em água
corrente e embebidas em solução de ácido giberélico (GA3 500 mg L-1) (BRASIL, 2009)
a 30ºC, durante 24 horas. A semeadura foi realizada com quatro repetições de 25
sementes, em bandejas plásticas, com capacidade para 6,5 L, contendo como substrato
areia peneirada e autoclavada e umedecida com água destilada na quantidade
equivalente a 60% de sua capacidade de retenção (BRASIL, 2009). Posteriormente, as
bandejas foram mantidas em câmara de germinação tipo BOD (biochemical oxygen
demand), com temperatura de 25ºC e fotoperíodo 16/8 horas. As regas foram feitas
diariamente de acordo com a necessidade, calculada segundo Brasil (2009). As
sementes foram consideradas germinadas quando houve a protrusão da raiz primária
≥ 2,00 mm de comprimento, apresentando-se sem injúrias e aparentemente sadias.
Foram consideradas plântulas normais, aquelas que se apresentavam vigorosas e
possuindo todas as suas partes constituintes completas (BRASIL, 2009).
As avaliações foram conduzidas periodicamente no 6°, 7°, 14º, 21º, 28º, 35º e 42º
dias, após a semeadura, quando se observou a emergência dos primeiros protófilos.
Para as descrições morfológicas e biométricas, foram utilizadas 15 plântulas normais
e sadias, e foram analisados: a) raiz principal: diâmetro, cor e pilosidade; b) coleto:
diâmetro, forma, cor, pilosidade e superfície; c) hipocótilo: diâmetro, altura, forma,
cor, pilosidade, superfície, presença de catáfilos, brácteas, lenticelas, estrias ou
descamações; d) cotilédones: posição, inserção, forma, cor, nervação, dimensões
do pecíolo e pilosidade; e) epicótilo: forma, cor, superfície e pilosidade; f) protófilos:
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filotaxia, presença de estípulas, forma da lâmina, cor da lâmina, nervação, superfície
da lâmina, comprimento e forma do pecíolo, aspecto do pulvino e das gemas. A
caracterização biométrica das plântulas foi realizada com auxílio de régua milimetrada
e paquímetro digital (com precisão de 0,01 mm). A terminologia empregada para a
caracterização morfológica das plântulas foi embasada em Souza (2003).
2.3 Análise estatística
Os dados de morfologia e biometria dos frutos, sementes e plântulas foram
analisados com estatística básica: média, desvio padrão e coeficiente de variação das
variáveis biométricas, considerando-se como baixo, coeficientes de variação (CV) inferior
a 10%; como médio, entre 10 a 20% e como alto, de 20 a 30% (PIMENTEL GOMES, 2009).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Caracterização morfológica e biometria dos frutos e sementes
Os frutos de Joannesia princeps apresentaram exocarpo deiscente por valvas,
mesocarpo lenhoso e duas sementes encerradas por um endocarpo igualmente
lenhoso. Por essa morfologia, foram classificados por Barroso et al. (2002) como fruto
drupoide do tipo filotrimídio. Na família Euphorbiaceae, os frutos são geralmente
capsulares, havendo registro de frutos drupáceos e, mais raramente, bacoides
(ROOSMALEN, 1985). Nesse contexto, em relação aos atributos biométricos, as
variações nas dimensões podem ter sido promovidas por fatores ambientais durante
o florescimento e o desenvolvimento, como também pode representar um indício de
alta variabilidade genética populacional. Isso sugere a atuação de fatores ambientais,
como água e luz durante o florescimento e o desenvolvimento dos frutos, e a alta
variabilidade genética populacional das espécies não domesticadas.
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Em relação às dimensões, os frutos apresentaram 8,0-11,2 cm de comprimento,
7,4-10,1 cm de largura no maior diâmetro e 6,6-9,0 cm de largura no menor diâmetro
(Tabela 1), evidenciando homogeneidade dos valores das suas dimensões, obtendo-se
coeficientes de variação relativamente baixos (PIMENTEL-GOMES, 2009).
Tabela 1 – Dimensões, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) dos frutos, pirênios
e sementes de Joannesia princeps no sexto dia após a semeadura
Frutos
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
Comprimento
11,20
9,17
8,00
0,83
9,05
Largura maior
10,10
8,72
7,40
0,86
9,86
Largura menor
9,00
7,73
6,60
0,99
12,81
Pirênios
(cm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
Comprimento
6,80
5,41
4,50
0,72
13,30
Largura maior
6,30
5,73
4,50
0,57
9,94
Largura menor
6,00
5,22
4,20
0,61
11,68
Sementes
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
Comprimento
27,85
25,23
22,61
1,09
4,32
Diâmetro
23,11
20,29
18,69
1,85
9,11
Sementes no sexto dia após a semeadura
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
Comprimento
30,96
27,66
24,44
1,48
4,78
Largura
31,46
29,04
23,76
1,45
4,99
DSPM
24,13
20,41
15,86
1,78
8,72
DRP
2,85
2,17
1,71
0,56
25,80
Fonte: Autores (2014)
Em que: diâmetro da semente na porção mediana (DSPM), diâmetro da raiz principal (DRP).
O exocarpo lenhoso apresentou coloração verde-escura no fruto maduro,
com pontuações cinza, e junto com o mesocarpo lenhoso e de coloração amarelada
apresentou-se deiscente por quatro valvas (Figura 1A).
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Figura 1 – Morfologia e biometria de frutos, sementes e plântulas de Joannesia princeps
Fonte: Autores (2014)
Em que: cot = cotilédone; end = endocarpo; gan = gancho; hip = hipocótilo; rad = radícula;
rai = raízes; rap = raiz primária; sem = semente; teg = tegumentos da semente; A) Morfologia
externa do fruto; B) Fruto aberto na porção mediana evidenciando o endocarpo; C)
Endocarpo aberto evidenciando as sementes; D) Morfologia da semente; E) Morfologia
interna da semente evidenciando o embrião; F) Morfologia da plântula no sexto dia após
a semeadura; G) Hipocótilo curvo formando o gancho no sétimo dia após a semeadura; H)
Morfologia da plântula no 14º dia após a semeadura; I) Morfologia da raiz no 21º dia após a
semeadura; J) Morfologia do hipocótilo no 21º dia após a semeadura; K) Cotilédones envoltos
por rudimentos seminais no 21º dia após a semeadura; L) Morfologia dos cotilédones no 28º
dia após a semeadura; M) Morfologia da raiz e do hipocótilo no 42º dia após a semeadura;
N) Morfologia dos protófilos no 42º dia após a semeadura.
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Quando aberto, o endocarpo se encontrava seco, lenhoso (Figura 1B), de
coloração acastanhada, com 4,5-6,8 cm de comprimento, 4,5-6,3 cm de largura no
maior diâmetro e 4,2-6 cm de largura no menor diâmetro (Tabela 1), armazenando
duas sementes em seu interior (Figura 1C). Endocarpos endurecidos similarmente
foram descritos em Euphorbiaceae de gêneros americanos de Hippomaneae (ATHIÊSOUZA et al., 2020). Sobre a similaridade morfológica dos frutos de gêneros distintos
em Euphorbiaceae, Barroso et al. (2002) destacaram que pode ser um indicativo de
ancestralidade em comum. Ecologicamente, tais características morfológicas fazem
com que a dispersão desses frutos e sementes seja uma combinação de autocoria,
notadamente barocoria (por gravidade), e zoocoria, marcantemente feita pelos
roedores silvestres, como a espécie Dasyprocta azarae, que após alimentar-se das
sementes, enterram o restante (FERNANDEZ et al., 2017).
Em relação ao número de sementes por fruto, embora Chaves e Davide (1996)
tenham relatado a ocorrência de três sementes nos frutos da espécie, no presente
estudo foram encontradas duas sementes por fruto, evidenciando diferentes
comportamentos durante o processo de formação das sementes, cujo teor de água após
a deiscência dos frutos foi de 30,3%, com massa de mil sementes de 4,14 kg. As testas
das sementes apresentaram coloração castanha, formato globoso, sendo o ápice e a
base arredondados (Figura 1D). Cosmo et al. (2010) relacionaram a coloração uniforme
do tegumento da semente de Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs
(Euphorbiaceae) como inviáveis, enquanto Santos e Aguiar (2005) observaram que
aquelas de tegumento de coloração marrom-clara apresentavam maior porcentagem
de germinação. Isso sugere a coloração como uma característica importante a ser
analisada em estudos sobre a maturação de sementes, comportamento similarmente
verificado com frequência nas colheitas de sementes em fase de completa maturação
de Joannesia princeps. Para fins propagativos de Dovyalis hebecarpa, foi observado que
a retirada das sementes deve ser feita em frutos colhidos a partir do estádio 2 (2.5GY
5/8), com coloração verde-amarelada, embora maior tamanho e acúmulo de biomassa
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tenham sido atingidos com coloração do exocarpo marrom pela carta de Munsell por
2.5YR 3/4no, no estádio 4 de maturação (VILLA et al., 2019).
Os valores médios do comprimento e diâmetro das sementes (Tabela 1)
corroboram os encontrados por Chaves e Davide (1996). Sementes com maiores
dimensões sugerem a presença de material de reserva em quantidades satisfatórias
para suprimento metabólico durante a fase de desenvolvimento e de crescimento,
apresentando embrião bem formado e com maior quantidade de substância de
reservas, consequentemente, sementes mais vigorosas (CARVALHO; NAKAGAWA,
2012), conforme observado em Melanoxylon braúna, em que as sementes grandes,
independentemente da cor e as pequenas escuras apresentaram o maior índice de
velocidade de germinação e a maior porcentagem de germinação (FLORES et al., 2014).
De acordo com Pimentel Gomes (2009), se o coeficiente de variação (CV) for inferior a
10%, considera-se como baixo, entre 10 a 20%, como médio e de 20 a 30% como alto.
No último caso, o experimento foi de baixa precisão. Nesse sentido, os valores de
CV registrados para o comprimento e larguras (maior e menor) do endocarpo (13,30;
9,94 e 11,68%, respectivamente) foram estatisticamente aceitáveis, sugerindo uma
moderada homogeneidade no tamanho dessas estruturas.
As sementes apresentavam a superfície da testa endurecida, lisa e glabra,
enquanto a cicatriz do hilo era evidente como uma pequena área circular, e a
micrópila e a rafe eram inconspícuas. O endosperma (Figura 1E) era alvo e abundante
envolvendo todo o embrião cotiledonar e axial. O eixo hipocótilo radicular do embrião
apresentava 0,5-1,0 mm de comprimento e direcionado para a região do hilo. Os
cotilédones foliáceos eram opostos, alvos, em forma de cones, iguais entre si e glabros,
de formato reniforme, com aproximadamente 7,0 mm de comprimento e 10,0 mm
largura. Considerando-se o aspecto biométrico, os valores de comprimento do eixo
hipocótilo radicular (0,5-1,0 mm) encontrados nesta espécie foram menores (3,0-4,5
mm) que aqueles obtidos por Chaves e Davide (1996). Contudo, os valores médios
observados para comprimento e largura dos cotilédones foram maiores.
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As dimensões das sementes variaram de 22,6-27,8 mm de comprimento e 18,6923,11 mm de largura na porção mediana (Tabela 1). Pode-se observar que os coeficientes
de variação para o comprimento e diâmetro das sementes também apresentaram
valores baixos, 4,32 e 9,11%, respectivamente, sugerindo a homogeneidade de
tamanho das sementes.
A descrição morfológica e biométrica de frutos e sementes, como parte de
estudos morfoanatômicos ou com a finalidade de ampliar o conhecimento sobre
determinada espécie ou grupo vegetal tem fundamental importância, visto que ainda
há carência de informações que podem subsidiar vários estudos taxonômicos e de
regeneração natural.
3.2 Germinação e caracterização morfológica e biometria das plântulas
A germinação iniciou após seis dias da semeadura, cujas sementes intactas
apresentaram média de 30% de plântulas normais (BRASIL, 2009), enquanto as
sementes com tratamentos pré-germinativos cerca de 84%, discordando de Chaves e
Davide (1996), que observaram germinação após 16 dias da semeadura, mesmo com
trincamento do tegumento das sementes dessa espécie. Comportamento associado
à eficiência do tratamento pré-germinativo das sementes com ruptura do tegumento,
e posterior embebição das mesmas em solução de ácido giberélico, regulador vegetal
que atua na germinação, favorecendo a divisão celular, alongamento celular, inibindo
a atuação do ácido abscisico (ABA) e favorecendo a atividade de enzimas hidrolíticas
como a amilase. O ácido giberélico produzido no embrião pode ser transportado
até as camadas de aleurona das células, nas quais a enzima α-amilase é produzida,
promovendo a conversão do amido em açúcar, que é utilizado como fonte de energia
para o desenvolvimento da plântula (TAIZ et al., 2017).
No sexto dia após a semeadura, observou-se a protrusão das radículas
(Figura 1F), caracterizando o início da germinação, que pode ter sido acelerada pela
prévia embebição em solução de ácido giberélico. As sementes neste estádio não
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apresentaram mudanças em sua coloração e forma, mas suas dimensões variaram
entre 24,44-30,96 mm de comprimento, 23,76-31,46 mm de largura e 15,86-24,13 mm
de diâmetro. A raiz primária apresentava coloração esbranquiçada e possuía 1,71-2,85
mm de diâmetro (Tabela 1). Com base nos coeficientes de variação das dimensões das
sementes no sexto dia após a semeadura, observou-se que as sementes apresentavam
uniformidade no comprimento, largura e diâmetro na porção mediana, embora
tenham apresentado coeficiente de variação alto no diâmetro da raiz principal (25,80%)
(PIMENTEL GOMES, 2009).
A emergência do hipocótilo resultou na formação do gancho (Figura 1G), que
se desdobrou elevando os cotilédones acima do solo, caracterizando a germinação
como epígea, fanerocotiledonar. Os cotilédones expostos ao ambiente apresentaram
os tegumentos da semente aderidos (Figura 1).
No sétimo dia após a semeadura (Tabela 2), a raiz principal ainda apresentava
coloração esbranquiçada, possuindo 1,92-4,09 mm de diâmetro. Observou-se que as
plântulas haviam emitido o hipocótilo curvo (gancho) para fora do substrato (Figura
1G). O hipocótilo possuía formato cilíndrico, coloração avermelhada da base até o
seu ápice. Sua superfície era completamente lisa e glabra, sem lenticelas, estrias ou
descamações. Os hipocótilos das plântulas apresentavam nessa fase valores entre
5,87-9,45 mm de diâmetro da base; 4,70-6,63 mm de diâmetro do terço médio; 3,844,70 mm de diâmetro do ápice. A altura do gancho variava de 3,00-4,09 mm em relação
à superfície do substrato. A região do coleto era cilíndrica, de coloração avermelhada,
com a superfície lisa e glabra. Analisando os coeficientes de variação das dimensões
das plântulas no sétimo dia após a semeadura, notou-se que os diâmetros da base,
da porção mediana e do ápice do hipocótilo das plântulas apresentavam moderada
(10 a 20%) uniformidade dos dados, enquanto o diâmetro da raiz principal (30,24%) e
altura do gancho (27,30%) alta desuniformidade dos dados (PIMENTEL GOMES, 2009).
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
1281 | Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação ...
Tabela 2 – Dimensões, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) das plântulas no
sétimo e 14º dia após a semeadura; do diâmetro da raiz principal, coleto, hipocótilo,
epicótilo, pecíolo e dos cotilédones das plântulas de Joannesia princeps no 21° dia após
a semeadura
Plântulas no sétimo dia após a semeadura
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
DBH
9,45
7,52
5,87
1,02
13,56
DTMH
6,63
5,82
4,70
0,69
11,85
DAH
4,70
4,23
3,84
0,49
11,58
DRP
4,09
2,48
1,92
0,75
30,24
AG
6,50
3,70
3,00
1,01
27,30
Plântulas no 14º dia após a semeadura
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
DBH
11,26
9,86
8,20
1,00
10,14
DTMH
7,92
6,10
5,04
0,87
14,26
DAH
4,42
4,12
3,84
0,48
11,65
DRP
2,69
2,38
1,99
0,48
20,17
AP (cm)
17,00
14,32
11,50
1,27
8,87
Diâmetro da raiz principal, coleto, hipocótilo, epicótilo e pecíolo das plântulas de Joannesia
princeps no 21° dia após a semeadura
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
DRP
4,62
3,23
1,82
0,56
17,34
DC
11,50
9,78
8,21
0,93
9,50
Epicótilo
26,38
19,06
12,41
1,68
8,81
Hipocótilo
390,00
330,00
270,00
5,23
1,58
CP
38,65
24,09
14,18
2,54
10,54
Cotilédones no 21º dia após a semeadura
(cm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
Comprimento
6,50
5,67
5,00
0,79
13,93
Largura
7,30
5,93
5,00
0,99
16,70
Fonte: Autores (2014)
Em que: diâmetro da base do hipocótilo (DBH); diâmetro do terço médio do hipocótilo (DTMH); diâmetro
do ápice do hipocótilo (DAH); diâmetro da raiz principal (DRP); altura do gancho (AG); altura das plântulas
(AP); diâmetro do coleto (DC); comprimento do pecíolo (CP).
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
Beltrame, R. A.; Carrijo, T. T.; Lopes, J. C. | 1282
No 14º dia após a semeadura (Tabela 2), as plântulas apresentavam entre 11,5017,00 cm de altura, cotilédones livres, mas frequentemente envoltos por rudimentos
seminais (Figura 1H). A raiz principal era branco-amarelada, as raízes secundárias
já haviam sido formadas, apresentando coloração branca e pelos absorventes e
valores entre 1,99-2,69 mm de diâmetro. Os hipocótilos apresentavam 8,20-11,26 mm
de diâmetro da base; 5,04-7,92 mm de diâmetro do terço médio; 3,84-4,42 mm de
diâmetro do ápice, com formato cilíndrico em toda a sua extensão, afunilando-se da
base ao ápice. Sua coloração era avermelhada entre a região mediana ao ápice e verde
na base. Verificou-se que os diâmetros da base, da porção mediana e do ápice do
hipocótilo das plântulas apresentavam moderada uniformidade dos dados no 14º dia
após a semeadura, o que foi confirmado pelos coeficientes de variação obtidos: 10,14;
14,26 e 11,65%, respectivamente. No entanto, o diâmetro da raiz principal apresentou
baixa uniformidade (20,17%) e a altura das plântulas com maior uniformidade dos
dados (8,87%).
No 21° dia após a semeadura (Tabela 2), as plântulas alcançaram altura de 2035 cm. As raízes primárias apresentavam coloração branco-amarelada (Figura 1I),
valores entre 1,82-4,62 mm de diâmetro; a região do coleto permanecia cilíndrica e de
coloração verde, apresentando 8,21-11,50 mm de diâmetro. O hipocótilo era cilíndrico e
apresentava dimensões que variavam de 270-390 mm de comprimento, com coloração
verde e superfície lisa e glabra (Figura 1J), e não apresentava lenticelas, estrias ou
descamações. O epicótilo era diminuto e glabro, o diâmetro do coleto, o comprimento
do epicótilo e do hipocótilo das plântulas presentavam-se uniformes, com valores
de coeficientes de variação de 9,5; 8,81; 1,58%, respectivamente. Entretanto, quanto
ao diâmetro da raiz principal e ao comprimento do pecíolo, observou-se moderada
uniformidade dos dados obtidos.
Os cotilédones eram opostos e apresentavam pecíolos com 14,18-38,65 mm
de comprimento, levemente canaliculados. O limbo era cartáceo, verde, de formato
arredondado, glabro, lustroso, com nervação palmada e margem levemente ondulada.
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1283 | Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação ...
Nesse estádio, os cotilédones frequentemente ainda estavam envoltos por rudimentos
seminais (Figura 1K), e mediam 5,00-6,50 cm de comprimento e 5,00-7,50 cm de largura,
sugerindo moderada uniformidade dos dados analisados, dada a uniformidade dos
coeficientes de variação obtidos para o comprimento e largura dos cotilédones (13,93
e 16,70%, respectivamente).
No 28º dia após a semeadura (Tabela 3), a raiz principal das plântulas apresentava
2,13-3,68 mm de diâmetro, enquanto a região do coleto não apresentava mudanças
qualitativas, apenas aumento de diâmetro para 8,90-10,66 mm.
Tabela 3 – Dimensões, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) das plântulas
no 28º dia após a semeadura, comprimento e largura (dos cotilédones e hipocótilo);
comprimento do pecíolo, diâmetro do coleto e da raiz principal (mm) das plântulas de
Joannesia princeps no 35º dia após a semeadura
Plântulas no 28º dia após a semeadura
(cm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
CC
10,00
8,53
7,50
0,79
13,93
LC
12,50
9,29
7,00
1,09
11,73
CP (mm)
11,59
8,78
7,27
1,32
15,03
ALTH
56,00
52,10
48,00
1,58
3,03
DC (mm)
10,66
9,80
8,90
0,72
7,35
DRP (mm)
3,68
2,76
2,13
0,70
25,36
Comprimento e largura (dos cotilédones e hipocótilo); comprimento do pecíolo, diâmetro do
coleto e da raiz principal (mm) das plântulas no 35º dia após a semeadura
(cm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
CC
8,50
6,95
6,00
0,83
11,94
LC
9,50
8,26
6,50
0,99
11,98
Hipocótilo
58,00
52,70
44,00
2,24
4,25
CP
20,48
16,10
11,32
1,70
10,56
DC (mm)
10,86
10,23
9,25
0,73
7,13
DRP (mm)
3,54
3,10
2,62
0,51
16,45
Fonte: Autores (2014)
Em que: comprimento dos cotilédones (CC); largura dos cotilédones (LC); comprimento do pecíolo (CP);
altura do hipocótilo (ALTH); diâmetro do coleto (DC); diâmetro da raiz principal (DRP).
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
Beltrame, R. A.; Carrijo, T. T.; Lopes, J. C. | 1284
De forma similar, o hipocótilo não apresentava mudanças qualitativas, e sim
aumento de tamanho, passando a medir entre 48,00-56,00 cm de altura. Os cotilédones
estavam totalmente livres dos rudimentos seminais, e apresentavam 7,50-10,00 cm de
comprimento e 7,00-12,50 cm de largura. Os pecíolos eram levemente canaliculados
(Figura 1L) com 7,27-11,59 mm de comprimento. O epicótilo permaneceu diminuto.
Os coeficientes de variação das variáveis: altura do hipocótilo e diâmetro do coleto
apresentavam boa uniformidade dos dados. As dimensões dos cotilédones e o
comprimento do pecíolo apresentavam coeficientes de variação moderado. Somente
o diâmetro da raiz principal apresentou coeficiente de variação alto, evidenciando
baixa uniformidade dos dados.
No 35º após a semeadura, a raiz principal apresentou 2,62-3,54 mm de diâmetro,
coleto com 9,25-10,86 mm de diâmetro e hipocótilo com 44,00-58,00 cm de altura. O
epicótilo não apresentou alterações morfológicas significativas, mas os pecíolos dos
cotilédones aumentaram de comprimento, passando a 11,32-20,48 cm. Os cotilédones
se expandiram, passando a 6,00-8,50 cm de comprimento e 6,50-9,50 cm de largura,
sem mudanças qualitativas. O comprimento do hipocótilo e o diâmetro do coleto, no
35º dia após a semeadura, apresentaram coeficientes de variação baixos, 4,25 e 7,13%,
respectivamente, evidenciando maior uniformização das medidas. O comprimento e
a largura dos cotilédones, o comprimento dos pecíolos e o diâmetro da raiz principal
apresentaram coeficientes de variação moderados 11,94, 11,98, 10,56 e 16,45%,
respectivamente (Tabela 3), revelando moderada uniformidade destes.
No 42° dia após semeadura (Tabela 4), último dia de avaliação em função da
emergência dos protófilos, a raiz principal apresentou 3,54-5,72 mm de diâmetro
(Figura 1M), passando à coloração castanha. O coleto ainda com coloração verde
apresentou 9,02-11,44 mm de diâmetro e o hipocótilo aumentou para 37,00-52,00
cm de comprimento, com um ligeiro aumento do epicótilo para 11,00-26,00 cm de
comprimento.
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
1285 | Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação ...
Tabela 4 – Dimensões, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) do comprimento
e largura (dos cotilédones, hipocótilo e epicótilo); comprimento do pecíolo (cm);
comprimento, largura e comprimento do pecíolo da folha (cm) e diâmetro do coleto e
da raiz principal (mm) das plântulas de Joannesia princeps no 42º dia após a semeadura
(mm)
Máximo
Média
Mínimo
Desvio Padrão
CV (%)
CC
16,00
13,25
11,00
1,24
9,36
LC
14,50
13,35
12,00
0,84
6,29
Epicótilo
26,00
16,30
11,00
2,33
14,29
Hipocótilo
52,00
41,95
37,00
2,19
5,22
CP
6,50
5,15
4,00
0,88
17,08
CF
17,00
14,45
12,00
1,24
8,58
LF
6,40
5,43
4,50
0,81
14,92
CPF
1,3
1,07
0,8
0,38
35,51
DC (mm)
11,44
10,44
9,02
0,92
8,81
DRP (mm)
5,72
4,51
3,54
0,85
18,84
Fonte: Autores (2014)
Em que: comprimento dos cotilédones (CC); largura dos cotilédones (LC); comprimento do pecíolo (CP);
comprimento da folha (CF); largura da folha (LF); comprimento do pecíolo da folha (CPF); diâmetro do
coleto (DC); diâmetro da raiz principal (DRP).
Os cotilédones possuíam 11,00-16,00 cm de comprimento e 12,00-14,50 cm de
largura, com as dimensões do pecíolo variando de 4,00-6,50 cm de comprimento. Os
protófilos eram compostos, glabros, cartáceos, verdes, lisos e lustrosos (Figura 1N).
Os limbos apresentavam 12,00-17,00 cm de comprimento e 4,50-6,40 cm de largura,
pecíolos levemente canaliculados, com 4,00-6,50 cm de comprimento.
O comprimento e largura dos cotilédones, o comprimento do hipocótilo,
o comprimento do protófilo e diâmetro do coleto apresentaram coeficientes de
variação abaixo de 10%, podendo ser classificadas como medidas apresentando boa
uniformidade e precisão dos dados obtidos. O comprimento do epicótilo, comprimento
do pecíolo, largura da folha e diâmetro da raiz principal possuíam coeficientes de
variação médios, enquanto o comprimento do pecíolo da folha oscilou entre 1,3 e 0,8
cm coeficiente de variação obtido (35, 51%), com CV de 35,51%.
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
Beltrame, R. A.; Carrijo, T. T.; Lopes, J. C. | 1286
Estudos de caracterização morfológica e biométrica da unidade de dispersão,
germinação e de plântulas durante o crescimento e desenvolvimento inicial podem
contribuir na compreensão do ciclo biológico, bem como no manejo e preservação
das espécies. Ainda, as metodologias para a condução de testes de germinação estão
disponíveis nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) e nas Instruções
para Análise de Espécies Florestais (BRASIL, 2013), nas quais se verifica que poucas
espécies florestais apresentam padronização para os testes de germinação, incluindo
a Joannesia princeps, reforçando a necessidade de pesquisas sobre a fisiologia e
descrição morfológica de germinação de suas sementes, o que possibilitará avanços
no processo de domesticação e exploração comercial da referida espécie.
4 CONCLUSÕES
O fruto de Joannesia princeps é drupoide e contém duas sementes de coloração
castanha e com formato globoso.
As sementes de Joannesia princeps apresentam dormência imposta pela
impermeabilidade do tegumento.
A escarificação mecânica por ruptura do tegumento supera a impermeabilidade
do tegumento e é eficiente para aumentar a porcentagem de germinação das sementes
de Joannesia princeps.
A germinação das sementes é epígea e fanerocotiledonar.
Os protófilos de Joannesia princeps são compostos, glabros, cartáceos, verdes,
lisos e lustrosos e a morfologia das plântulas auxiliam na sua identificação na fase de
crescimento inicial no ambiente.
A morfologia do fruto, da semente e da plântula de Joannesia princeps descrita
e ilustrada neste estudo é suficientemente homogênea e, portanto, confiável à
caracterização e identificação da espécie em processo de germinação e nos primeiros
estádios de desenvolvimento.
Os resultados obtidos no presente estudo contribuíram para uma
melhor compreensão das características morfoanatômicas das sementes e do
desenvolvimento pós-seminal de Joannesia princeps e para a diferenciação de grupos
taxonômicos de Euphorbiaceae.
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022
1287 | Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação ...
AGRADECIMENTOS
À coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e
ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (REUNI), pela concessão de bolsa de mestrado ao primeiro autor, e ao CNPq
pela concessão de bolsa de produtividade em pesquisa ao segundo autor.
Ao CNPq Edital Universal Nº 14/2011 (Número do processo: 475471/2011-3)
projeto “Diversidade biológica e funcional da Floresta Ombrófila Densa do Parque
Nacional do Caparaó, Espírito Santo” pelo auxílio financeiro que possibilitou a
realização deste trabalho.
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Contribuição de Autoria
1 – Rômulo André Beltrame
Engenheiro Florestal, Dr.
https://orcid.org/0000-0003-1319-8047 • romuloagrono-mia@hotmail.com
Contribuição: Conceituação, Investigação, Metodologia, Análise Formal, Escrita –
primeira redação, Escrita – revisão e edição
2 – Tatiana Tavares Carrijo
Bacharel e Licenciada em Ciências Biológicas, Dr., Professora
https://orcid.org/0000-0002-8366-0738 • tcarrijo@gmail.com
Contribuição: Visualização de dados (tabelas e figuras), Escrita – revisão e edição
3 – José Carlos Lopes
Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor
https://orcid.org/0000-0002-4880-0547 • jclu-fes@gmail.com
Contribuição: Conceituação, Metodologia, Supervisão, Administração do projeto,
Recursos, Escrita – revisão e edição
Como citar este artigo
Beltrame, R. A.; Carrijo, T. T.; Lopes, J. C. Joannesia princeps Vell. (Euphorbiaceae) germinação,
fenologia e morfometria de frutos, sementes e plântulas. Ciência Florestal, Santa Maria,
v. 32, n. 3, p. 1268-1289, 2022. DOI 10.5902/1980509848583. Disponível em: https://doi.
org/10.5902/1980509848583.
Ci. Fl., Santa Maria, v. 32, n. 3, p. 1268-1289, jul./set. 2022