Pastel de feira no litoral de SP está mais caro e tem muitos motivos para isso

Economista explica que inflação, preço dos combustíveis e até a guerra na Ucrânia têm a ver com essa alta; entenda

Por: Júnior Batista  -  25/03/22  -  08:26
Em Santos, comerciantes justificam alta nos pasteis com pressão inflacionária no País
Em Santos, comerciantes justificam alta nos pasteis com pressão inflacionária no País   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O bom e velho pastel de feira está mais caro. E várias razões explicam o efeito, entre elas a inflação acumulada que atinge todos os produtos, principalmente itens essenciais para os donos das barracas, como o óleo de soja, o botijão de gás e os combustíveis.


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O programador Renato Galvão, de 36 anos, disse que não costuma consumir tanto pastel, mas que há cerca de dois meses ele custava entre R$ 7 e R$ 8, mas agora está R$ 9. “É uma cadeia. Aumentou na gasolina, aumenta todos os produtos que consomem e chega na ponta”, afirma.


Na visão do advogado Júlio César, de 50 anos, é um aumento generalizado. "Aumentou tudo e o pastel não escapou. Cada hora é uma justificativa, agora é a guerra na Ucrânia. Sempre há desculpa para aumentar”, diz.


Os comerciantes dizem que seguram muito dos aumentos, mas que está cada dia mais difícil pois os produtos básicos usados por eles subiram muito de preço.


A feirante Cinthia Sayuri, de 41 anos, afirma que antes da pandemia pagava R$ 3 pelo óleo de cozinha, que agora não sai por menos de R$ 10. “Muito difícil porque todos os produtos aumentam. Tem itens que sobem toda semana”, afirma.


Mesmo cenário aponta o feirante Felipe Oshiro, de 36 anos. Segundo ele, as carnes e os queijos subiram muito. “Fica complicado não repassar. A farinha de trigo está muito cara e não podemos deixar de fazer o pastel ou mudar ingredientes e sabores”, diz.


De acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/Fipe), todos os produtos mencionados pelos feirantes subiram. No acumulado de 12 meses, o queijo fresco subiu 27,44%, a carne seca 9,2%, a farinha de trigo 12,04%, o óleo de soja 16,63%, as carnes bovinas 12,44% e as aves 19,23%. Além do botijão de gás, que subiu 30,23% neste mesmo período.


Fatores

Diversos fatores explicam esses aumentos, segundo o economista Fernando Wagner Chagas. Há pressão inflacionária dentro e fora do País provocando aumentos constantes em todos os setores, principalmente combustíveis e alimentos.


O custo das mercadorias, segundo ele, foi afetado pela alta dos combustíveis, já que o transporte de cargas e produtos é, em sua maioria, feito por rodovias em caminhões, consumidores de diesel.


“Ainda o dólar acima dos R$ 5,00 (nesta quinta, o dólar comercial fechou a R$ 4,83) ajuda a aumentar a inflação de forma generalizada, porque muitos produtos industrializados ou agrícolas dependem dos insumos importados”, completa Chagas.


O economista afirma que a guerra entre Rússia e Ucrânia também elevam preços internacionalmente por serem grandes exportadores de matérias-primas como petróleo e trigo, atingindo países que dependem dessas commodities, como é o caso do Brasil.


“O mundo deve passar por um longo período de inflação alta, considerando que não há perspectiva de queda no preço do barril do petróleo, em trigo, enquanto não houver um acordo para acabar com o conflito armado na Eurasia”, diz.


Chagas afirma que, neste contexto, “o consumidor brasileiro vai pagar mais caro o pãozinho na padaria, o macarrão no supermercado, o pastel na feira e a gasolina no posto de serviço”.


“A única folga que aparece no horizonte é a valorização do Real e a consequente queda do dólar, que pode ajudar no combate à inflação ou pelo menos evitar um crescimento maior da inflação”, conclui.


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