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    Pesquisadores querem salvar “monstro aquático” mexicano da extinção

    Axolote é conhecido pelo seu alto poder regenerador e por não envelhecer

    Axolote tem sido criado como pet no Brasil
    Axolote tem sido criado como pet no Brasil Daniel Cardenas/Anadolu via Getty Images

    Ángela Reyes Haczek

    O México abriga o único animal do mundo capaz de se regenerar: o axolote. Este ‘monstro aquático’ ou ‘Peter Pan’, como o chamam, é uma espécie única que tem causado fascínio na cultura e na ciência mexicana. Hoje está em perigo de extinção e, para salvá-lo, cientistas e agricultores unem forças.

    “Chamam-lhe monstro aquático porque tem uma forma estranha (…), diferente do que normalmente vemos”, disse à CNN Luis Zambrano, pesquisador do Instituto de Biologia da UNAM.

    Este “monstro aquático” se regenera de tal forma que se “praticamente qualquer órgão” for cortado, explica, ele volta a crescer. “Se um pássaro cortar um dos seus membros, ele volta a ter um membro. Se perder um olho, pode voltar a ter um olho.”

    E não é tudo: também o consideram o Peter Pan do mundo animal porque nunca envelhece. Assim explica Zambrano: “Ao contrário de todos os anfíbios que se transformam, que passam de juvenis a adultos, este não se transforma; permanece juvenil durante toda a vida e pode se reproduzir. Tem um DNA dez vezes maior do que o de um ser humano.”

    A origem e a história dos axolotes são cercadas de mistério e fascínio tanto para a ciência mundial quanto para a cultura mexicana. “Sua história conta que ele era um deus (…) que estava sendo perseguido (…) e se tornou um monstro aquático e se refugiou nos canais de Xochimilco”, diz Azael Meléndez, agricultor da Cidade do México.

    A conservação de Xochimilco, chave para os axolotes

    Suas características fazem com que o axolote viva apenas na água, às margens dos lagos. Seu habitat é Xochimilco, a única zona úmida que sobrevive na Cidade do México desde a época dos astecas.

    “Xochimilco é fundamentalmente uma zona úmida onde colocamos ilhas de lama para permitir a produção agrícola”, diz Zambrano. Nestes canais, a biodiversidade aumentou muito até que, em meados do século passado, mudou. “Isso foi acabando (…) pela contaminação da água, porque trouxemos carpas e tilápias, porque há urbanização e os axolotes não gostam de conviver com humanos. E aí estamos perdendo Xochimilco”, resume o pesquisador.

    O axolote está em perigo de extinção. Os números são eloquentes: em menos de duas décadas, diz o especialista, passaram de uma população de 6.000 habitantes por quilômetro quadrado para uma de 36 por quilômetro quadrado.

    Para reverter a situação, a equipe de pesquisadores da qual Zambrano faz parte trabalha em um laboratório com uma colônia de 120 axolotes.

    “Neste laboratório são mantidas as condições durante todo o ano para que possamos reproduzi-los (…). Aqui a intenção é acompanhar os animais que possuem chips de identificação e fazer uma seleção”, diz Horácio Mena, médico veterinário do Laboratório de restauração ecológica da UNAM.

    O ‘refúgio chinampa’

    Ao mesmo tempo, esses pesquisadores trabalham na restauração de Xochimilco com o apoio dos agricultores locais. O objetivo é transformar cada ilha de lama, conhecida como chinampa, em um habitat seguro para axolotes.

    Nos canais, “colocamos uma barreira que impede a passagem de carpas e tilápias, que são espécies invasoras que nos causam muitos problemas. Assim que tivermos a certeza de que dentro destes canais ou abrigos não temos carpas e tilápias, inicia-se o processo de reabilitação com plantas”, explica Carlos Sumano, colaborador de campo do Laboratório de Restauração Ecológica da UNAM.

    Os pesquisadores monitoram a qualidade da água para que ela seja limpa e rica em insetos e zooplâncton, alimento dos axolotes.

    Como parte de seu trabalho, os pesquisadores liberam axolotes em chinampas de refúgio, onde podem se reproduzir. Eles também buscam incentivar os vizinhos para que possam limpar seus canais e receber axolotes.

    Atualmente existem 35 chinampas de refúgio em mais de 7.000 metros de canais reabilitados.

    Zambrano considera que é fundamental compreender que o esforço vai muito além dos axolotes: “Se conseguirmos restaurar o axolote, que em termos gerais é de vontade política e social, porque não é particularmente caro, temos esperança e temos isto quer dizer: ‘Se valorizarmos o nosso ambiente, se valorizarmos a nossa biodiversidade, então é essa biodiversidade que nos permitirá sobreviver.’”

     

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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