O que fazer em Belém: 5 programas imperdíveis na capital do Pará

Cidade fisga os viajantes pela boca e pelas tradições, com centro histórico restaurado, mercado ao ar livre cheio de ensinamentos regionais, antigo porto que é parada gastronômica e até passeio para ilha produtora de cacau

Daniela Filomeno no Complexo Feliz Lusitânia, local de fundação de Belém
Daniela Filomeno no Complexo Feliz Lusitânia, local de fundação de Belém CNN Viagem & Gastronomia

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Belém do Pará, Pará

Belém possui uma riqueza arquitetônica, histórica e gastronômica única, a qual se desenrola desde os primórdios da fundação da cidade. A capital do Pará recebe seus visitantes de maneira literalmente calorosa, com altas temperaturas o ano inteiro, assim como os presenteia com frutos suculentos, temperos variados e peixes de rio.

Lar para mais de 1,3 milhão de habitantes, Belém é ainda uma terra de tradições: seu centro histórico deve estar no roteiro de qualquer pessoa que chega à cidade; o Círio de Nazaré, em outubro, reúne milhões de pessoas nas ruas com festividades em torno da fé; e o Mercado Ver-o-Peso concentra os principais elementos da cultura regional, incluindo os muitos ingredientes e preparos que só Belém é capaz de reunir.

Junte isso a pontinhos gastronômicos revitalizados, como a Estação das Docas, assim como passeio na Ilha do Combú, onde a vida ribeirinha e o cacau orgânico rendem muitos frutos, e você terá um gostinho especial da capital do Pará.

Confira a seguir 5 passeios em Belém do Pará para incluir em seu roteiro: 

Mercado Ver-O-Peso

Emblemático, é um dos pontos turísticos mais conhecidos de toda Belém e do estado, em que é possível sentir o verdadeiro vai e vem de algumas tradições locais. O mercado funciona como um complexo onde se tem a oportunidade de ver de perto a culinária e cultura paraense.

As origens do Ver-O-Peso se dão ainda no século 17, em que o local possui quase a mesma idade da cidade. Hoje, o mercado público se assemelha a uma grande feira com ingredientes que chegam da floresta, do rio e da terra. É onde os principais elementos da cultura de Belém e de todo o estado se encontram e são comercializados.

O tradicional açaí com peixe frito; o cozimento e embalo da maniva; várias tipos de temperos, ervas e especiarias; o preparo do tucupi; barraquinhas com castanhas e também a famosa cachaça de jambu são apenas uma palhinha do que se pode encontrar por aqui.

Quer ver de perto garrafas e essências? Dirija-se à Barraca da Maria Loura, erveira que tem como best-sellers óleos relacionados ao amor, cultivando a tradição de banhos e de ingredientes locais. Deseja conhecer e experimentar frutos e frutas bem regionais? A dica é ir até barraca da Dona Carmelita, feirante com os mais diferentes nomes na ponta da língua e um pedacinho da fruta na faca para comer.

Se bater a fome, o mercado ainda é local certo sentar e pedir um de peixe frito (pirarucu, dourada ou pescada amarela, por exemplo), com farinha d’água e açaí. Em determinados momentos, também não é difícil formar uma roda de carimbó e deixar-se levar pelo ritmo contagiante.

Basílica de Nazaré

Interior da Basílica de Nazaré, marco religioso e cultural em Belém
Interior da Basílica de Nazaré, marco religioso e cultural em Belém / CNN Viagem & Gastronomia

Marco cultural e histórico de Belém, a Basílica Santuário Nossa Senhora de Nazaré chama a atenção logo na entrada pelos portões inteiramente cobertos por fitinhas amarradas com pedidos à espera de serem atendidos. Ao olhar para cima, as duas torres nas laterais da construção se erguem a impressionantes 42 metros de altura.

Mesmo se não for religioso, o local recebe turistas e curiosos de portas abertas. A visita vale para contemplar a bela construção, o bem-vindo silêncio e entender um pouco mais deste local sagrado para os paraenses que conta parte do passado da própria cidade.

O atual santuário começou a ser construído em 1909 no lugar onde foi encontrada a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, cuja réplica da imagem é hoje louvada durante o Círio de Nazaré, megaevento religioso que anualmente chega a reunir milhões de pessoas pelas ruas de Belém – a imagem sai da Catedral Metropolitana e segue em procissão até a Basílica.

Considerada a primeira basílica do norte do país, título concedido pelo Papa por conta de sua importância espiritual e histórica, a construção ainda impressiona pelos vitrais, pelas obras de arte sacra e pelo órgão. E uma curiosidade: a porta central pesa mais de cinco toneladas, contendo painéis e medalhões em alto relevo com gravuras.

Complexo Feliz Lusitânia

Às margens da Baía do Guajará fica o local do nascimento de Belém, que hoje em dia transporta visitantes às origens da capital paraense com um passeio à beira rio que passa por edifícios históricos restaurados e espaços públicos.

Assim é o Complexo Feliz Lusitânia, que remonta a 1616, ano de fundação da cidade, quando uma expedição de 200 portugueses chegaram aqui com o objetivo de afastar corsários estrangeiros e iniciar a colonização do Pará.

Hoje uma área portuária e turística, o local abrange o Forte do Presépio, a praça Dom Frei Caetano Brandão, a Casa das Onze Janelas, a Igreja de Santo Alexandre e a Catedral de Belém.

A Catedral é um dos marcos mais importantes da área: erguida em meados do século 18 no lugar de outra igreja, é daqui que sai anualmente o Círio de Nazaré, manifestação religiosa que é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Outro local imperdível é a Casa das Onze Janelas, hoje um espaço cultural que recebe exposições periódicas e que abriga ainda o restaurante Casa do Saulo Onze Janelas, uma das escolhas gastronômicas imperdíveis da cidade que é ideal para um jantar à beira rio.

Estação das Docas

Localizado às margens da Baía do Guajará, o antigo porto de Belém foi revitalizado e hoje abriga a Estação das Docas, espaço cultural, gastronômico e artístico. Projeto muito interessante, os armazéns de ferro inglês característicos do finzinho do século 19 agora dão lugar para lojas de souvenir, roupas, restaurantes e sorveterias.

Das opções gastronômicas, fica difícil escolher entre tantos lugares do espaço, mas não deixe de tomar as cervejas com ingredientes amazônicos da Amazon Beer, que faz referência à Amazônia com cervejas artesanais únicas com aromas e sabores de frutos locais, como açaí e cupuaçu.

Outro destaque imperdível tem gostinho doce: os incríveis sorvetes da Sorveteria Cairu. Já na segunda geração desta empresa familiar, de 60 anos, o local possui um dos melhores sorvetes não só da região mas como também do Brasil. São mais de 50 sabores, muitos regionais, entre eles o premiadíssimo doce de cupuaçu e castanha do Pará – tamanho prestígio rendeu um lugar entre as 50 melhores sorveterias do mundo.

Para terminar de um jeito mais doce, o Sr. Armando, o proprietário, também esbanja simpatia por onde passa.

A Estação das Docas já chama a atenção de longe com seus três pavilhões com grandes guindastes que vieram dos Estados Unidos no início do século 20. No local há ainda uma máquina a vapor de meados de 1800, que antigamente fornecia energia para as docas.

Ilha do Combú – Casa do Chocolate

Belém é formada por várias ilhas em suas imediações, sendo uma das mais famosas a Ilha do Combú, a qual ganha destaque pela sua produção de cacau. De fato, o estado como um todo lidera o cenário nacional: o Pará é o maior produtor de cacau do Brasil, com cerca de 146 mil toneladas em 2021.

É nesse contexto que a Casa do Chocolate é uma das paradinhas para lá de interessantes da região. Além do passeio de barco já ser uma atração – ida e volta saem por cerca de R$ 20 a partir do Terminal Hidroviário Ruy Barata – , o local preserva modos de vida dos ribeirinhos e reserva experiências pela floresta.

Quem comanda a Casa do Chocolate é Dona Nena, que lidera uma produção de chocolate e cacau amazônico 100% orgânico. O passeio é uma oportunidade para experimentar as delícias feitas pelas mãos de Nena, incluindo o famoso brigadeiro da floresta, e para entender mais sobre seu processo de produção e a importância do pequeno produtor e das comunidades ribeirinhas.

O resultado é usado até pelo chef Thiago Castanho em seus negócios, já que, além de deliciosos, os chocolates e os doces artesanais da Casa do Chocolate ajudam a manter a floresta em pé e preservam a cultura caboca.

Vale ressaltar que a Casa do Chocolate, por meio da marca Vida Caboca, oferece diferentes tipos de roteiros pelo local, incluindo caminhada ecológica, experiências com a própria Dona Nena e almoço típico. A ilha é lar ainda do restaurante Saldosa Maloca, que exalta a gastronomia paraense ao lado da floresta, em que o local funciona de quinta a domingo das 9h às 17h.