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O que acontecerá com o troféu da Copa do Mundo quando acabar o espaço para registro dos campeões?

No Qatar, torcedor segura imitação do troféu da Copa do Mundo da Fifa com base que não reproduz a disposição correta de anos e nomes dos campeões Richard Heathcote/Getty Images

Troféu atual está em disputa desde o Mundial de 1974 e tem 12 gravações de vencedores


Argentina e França duelarão neste domingo (18), a partir das 12h (horário de Brasília), pela final da Copa do Mundo do Qatar, e o símbolo maior da conquista será, como manda a tradição desde 1958, o levantamento do troféu pelo capitão da seleção vencedora (Messi ou Lloris). Algum tempo depois, o ano de disputa e o nome do país vencedor serão gravados na base do objeto de maior desejo do futebol. Mas e o que acontecerá quando o espaço para isto acabar?

O ESPN.com.br foi atrás de respostas para esta pergunta, e há várias informações desencontradas sobre o assunto.

Primeiro, vale explicar que a honraria atual nem sempre esteve presente nos Mundiais. Ela passou a ser disputada apenas na décima edição, em 1974, na Alemanha, substituindo a anterior, que nasceu com o nome Vitória e depois, em 1946, foi rebatizada como Jules Rimet, nome do terceiro presidente da Fifa, um francês que ganhou a homenagem por ter sido o criador da competição - ele nasceu em 1873 e morreu em 1956. O Brasil a conquistou definitivamente em 1970, no México, ao ganhar a competição pela terceira vez, como dizia o regulamento da entidade, que precisou agir.

A Fifa, então, definiu que teria um novo troféu e abriu um concurso. Avaliou 53 projetos e no dia 5 de abril de 1971 anunciou que o vencedor era o do escultor italiano Silvio Gazzaniga (1921-2016), que apostou em duas figuras humanas e atléticas com os braços erguidos segurando o planeta Terra. Ao custo de 20 mil dólares à época (na cotação atual, cerca de R$ 105,6 mil) o resultado foi uma peça de 36,8 cm de altura, peso total de 6,175 kg (dos quais 5 kg são de ouro 18 quilates) e uma base circular com 13 cm de diâmetro feita com uma camada de ouro e duas de malaquita (pedra esverdeada resultado da alteração de minérios de cobre).

É nesta base (veja foto abaixo) que são gravados os nomes dos campeões e os anos das respectivas conquistas. Vale deixar claro: nenhum país vencedor das nove primeiras edições do Mundial (de 1930 a 1970) consta na Taça Fifa, como é popularmente conhecido o objeto.

Mas e aí, e quando o espaço acabar?

Na base atual, estão registradas 12 edições, sendo oito na primeira linha (de 1974 a 2002), completamente tomada, e outras quatro na segunda (de 2006 a 2018), onde ainda há espaço para pelo menos mais três marcações (em teoria, 2022, 2026 e 2030). O Brasil está lá com as conquistas de 1994 e 2002.

A Taça Fifa será aposentada?

O que será feito segue uma incógnita.

É visível que ainda há lugar para pelo menos mais duas rodadas de registros na base atual, mas como a mesma é redonda e o espaço preenchido depende principalmente do tamanho do nome do país ganhador (Argentina, por exemplo, tem nove letras contra apenas seis de France), não é possível especificar quantos caberiam exatamente.

No recente trabalho ‘O Livro de Ouro das Copas’ (Faro Editorial), o autor Lycio Vellozo Ribas, por exemplo, afirma que os espaços estão previstos para se esgotar em 2038, ou seja, ainda seriam feitos mais cinco registros (2022, 2026, 2030, 2034 e 2038).

Bom, melhor a própria Fifa acabar com esta dúvida. O ESPN.com.br, então, foi atrás, mas tenta, em vão, desde a segunda-feira 12 de dezembro uma posição da entidade, que até a publicação desta reportagem não havia respondido – se o fizer, a mesma será atualizada.

No site da organização que rege o futebol mundial, nada específico sobre o tema foi encontrado, mas uma notícia de 19 de outubro deste ano na página em português da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) diz que, segundo a própria Fifa, “só há lugar para dois novos campeões a serem inscritos na base do troféu”, ou seja, os de 2022 (no Qatar) e 2026 (em Canadá, Estados Unidos e México).

O texto segue: “Para o 100º aniversário da Copa do Mundo da Fifa, em 2030, seria necessária uma nova taça ou uma expansão da base da atual.”

A competição de daqui oito anos ainda não tem local definido, mas espera-se que, por conta da data cheia, seja repleta de ações e festividades diferentes. É esperar para ver se a Fifa vai aproveitar o momento para ter um novo objeto de maior desejo do futebol e ‘aposentar’ o troféu Copa do Mundo Fifa.