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Lília Cabral e Jackson Antunes, que interpretam o problemático casal Léo e Catarina, em "A favorita" | Divulgação/TV Globo
Lília Cabral e Jackson Antunes, que interpretam o problemático casal Léo e Catarina, em "A favorita"| Foto: Divulgação/TV Globo

Jackson Antunes tem se surpreendido com a quantidade de fãs que Léo, seu personagem na novela "A favorita", vem conquistando. Na trama de João Emanuel Carneiro, o ator interpreta um operário beberrão que humilha e bate na esposa submissa, Catarina (Lília Cabral).

"Outro dia um rapaz veio me elogiar, dizendo que Léo é o cara, que ele sabe como colocar a mulherada na linha", conta Jackson. "Tem muito machão por aí achando o Léo um herói. Infelizmente ele reflete o pensamento machista de alguns brasileiros", analisa.

Apesar de considerar "revoltante" a forma como seu personagem trata a mulher, Jackson acredita que Léo não chega a ser um vilão. "É um tosco, um pobre coitado frustrado com a vida", opina o ator. "Ele e a Catarina deveriam passar por uma terapia", diz Jackson, casado há 16 anos com a atriz Cristiana Britto e pai de João Vitor, de 10.

O ator revela ter encontrado o tom de seu papel na novela em meio à crise aérea. Durante suas longas esperas em aeroportos, ele observou o jeito deselegante com que alguns passageiros tratavam aeromoças e atendentes de companhias aéreas.

"Ali vi muitos ‘léos’. Ficava espantando com a forma desrespeitosa como alguns homens tratavam as pobres das funcionárias, que não tinham culpa pelo caos", relembra. "Eram palavrões, ameaças de agressão... E as moças suportando tudo caladas. Uma coisa terrível". Charles Bronson

Polêmicas à parte, o ator está satisfeito com o sucesso do personagem grosseirão, que já considera um divisor de águas em sua trajetória. E o melhor: não se trata de um papel rural.

Com 16 anos de carreira e mais de dez novelas e minisséries no currículo, Jackson costuma ser lembrado pelos jagunços e peões a que deu vida em tramas como "Renascer" (1993), "O rei do gado" (1997) e "Amazônia" (2007). "Fiquei estigmatizado pelos papéis rústicos por causa do meu tipo físico", reconhece.

"Sei que me chamam por aí de Charles Bronson sertanejo", brinca o ator, referindo-se a sua incrível semelhança com o astro americano do filme "Desejo de matar". "Estou feliz de o Léo ser um personagem urbano, mostra que posso ir além como ator", comemora.

Jackson compartilha da origem rural de seus papéis pregressos. Mineiro de Janaúba, cidadezinha a 700 km de Belo Horizonte, o ator conta ter sido criado no campo, em meio à gente humilde. "Vim de uma família muita carinhosa, acolhedora. O povo do interior costuma ser assim".

As cenas em que Léo é violento com os filhos em "A favorita" são as que mais abalam o ator. Mas nada que se compare ao seu mais novo personagem no cinema.

No filme "A festa da menina morta", de Matheus Nachtergaele, Jackson interpreta um homem que abusa sexualmente do filho, vivido pelo ator Daniel de Oliveira. A produção estreou no Festival de Cannes e despertou reações de amor e ódio.

Alguns críticos franceses deixaram a sala de exibição antes de o filme terminar devido ao forte teor das cenas de incesto. "Quando vi o resultado fiquei muito chocado. Mas nada ali ficou fora de contexto", defende o ator. "Tenho muito orgulho deste trabalho, o Danielzinho é de um talento impressionante e o Nachtergaele é um ótimo diretor".

Assim que terminarem as gravações de "A favorita" será a vez de Jackson também exercitar seu lado "diretor". O ator pretende produzir um documentário sobre o violeiro Téo Azevedo. "É um artista do sertão de Minas, um dos mais importantes da nossa cultura popular. Quero pegar a estrada para contar essa história".

A viagem promete ser rica em inspirações para Jackson Antunes, o Charles Bronson sertanejo.

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