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Formatura de Fuzileiros Navais no início de dezembro
Formatura de Fuzileiros Navais no início de dezembro| Foto: Reprodução Twitter

O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos pode abandonar em breve as saudações “senhor” e “senhora” (“sir” e “ma'am'”, em inglês), adotando fórmulas neutras de gênero para que os cadetes se refiram aos instrutores de treinamento. A recomendação de eliminar as "saudações específicas de gênero" foi feita por um relatório acadêmico encomendado pela corporação em 2020 e concluído neste ano pela Universidade de Pittsburgh. A proposta está em análise pela corporação, mas tem levantado preocupações entre as lideranças.

O documento, de 783 páginas, argumenta que outros ramos militares do país, como Exército, Marinha e Guarda Costeira, já caminharam na direção de "diminuir a ênfase do gênero". "Em vez de dizer 'senhora' ou 'senhor', os recrutas nesses serviços se referem a seus instrutores de treinamento usando suas patentes ou funções, seguidas de seus sobrenomes. Os identificadores de gênero orientam os recrutas a pensar ou pesquisar visualmente o gênero de um instrutor de treinamento primeiro, antes de sua posição ou função", argumenta o texto.

O relatório afirma que a corporação eleva fuzileiros navais homens, ao usar linguagem masculina, e supostamente ignora as fuzileiras do sexo feminino. O estudo aponta como exemplo disso slides do campo de treinamento de San Diego, na Califórnia (que até 2019 só recebia homens), que usavam pronomes masculinos ao descrever características de liderança. "Um líder confiante em suas decisões inspira confiança em seus fuzileiros navais", dizia o material. O texto também relata situações em que instrutoras mulheres foram preteridas por recrutas que buscavam instruções.

O objetivo da recomendação dos acadêmicos de Pittsburgh seria, portanto, que instrutores de treinamento de ambos os sexos se sintam mais à vontade ao serem abordados por cadetes. “Identificadores de gênero neutro são uma maneira inequívoca e imparcial de contornar esses problemas”, apontaram os acadêmicos. "Ao ensinar os recrutas a usar identificadores neutros em termos de gênero para seus instrutores, os serviços enfatizam a importância de respeitar figuras de autoridade, independentemente do sexo."

A sugestão de abolir fórmulas de tratamento já consolidadas preocupa o chefe do Comando de Treinamento e Instrução do Corpo de Fuzileiros Navais, coronel Howard Hall. Em uma reunião no início de dezembro com o Comitê Consultivo de Defesa sobre Mulheres nas Forças Armadas, ele disse que não vê a recomendação como “uma solução rápida”.

“De repente, mudamos algo no treinamento de recrutas e eles começam a chegar e usar um identificador diferente. Não é algo que mudaremos da noite para o dia”, disse o coronel Hall, que está no serviço desde 1994 e supervisiona o treinamento de cadetes nos dois centros da corporação, em San Diego e na Carolina do Sul. “Queremos evitar soluções rápidas que tragam perturbações no futuro. Não cabe a nós implementarmos isso sozinhos”, acrescentou.

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