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36 titles
- DirectorAdam MarcusStarsJohn D. LeMayKari KeeganKane HodderSerial killer Jason Voorhees' supernatural origins are revealed.[Mov 02 IMDB 4,2/10 {Video/@@}
JASON VAI PARA O INFERNO - A ÚLTIMA SEXTA-FEIRA
(Jason Goes to Hell: The Final Friday, 1993)
''Estão vendo esta minhoca esquisita no poster? Vou te apresentar, este é Jason (!!). Ah, vocês devem ter reparado que esta parte não tem um poster padronizado e igual as sequências anteriores, né? É porque depois do fracasso de bilheteria da Parte 8, a Paramount vendeu os direitos da franquia a New Line. A história (?) é um verdadeiro primor. Ela decide esquecer completamente o filme anterior (e pelo visto, todos os outros), e mostra Jason livre, leve e solto...matando a vontade em Crystal Lake. O filme começa com a uma moça indo sozinha para a cabana, não demora muito e Jason aparece. A moça é bastante astuta e corre como o demônio da cruz. Chegando a uma clareira, várias pessoas aparecem das árvores e chão, armados até os dentes e faz Jason de picadinho. Era uma armadilha. Jason morreu (que ingenuidade), mas o problema é tudo isso acontece no começo!. Então como os roteiristas poderiam continuar brilhantemente a história? Aguarde a desenrolar dos fatos?. O corpo as partes, né do Jason chega ao necrotério e um preto legista começa a examinar. Não demora muito e o coração do Jason começa a bater sozinho e seduz o cara, que acaba comendo o coração do assassino da máscara de hóquei. Ele fica possuído por Jason e, conforme o filme vai correndo, Jason vai passando de corpo em corpo por meio de uma cobrinha que sai da boca dos possuídos. Nesta sequência, Jason está atrás de seus parentes biológicos what?. De acordo com a lenda, que eles inventaram na hora, somente um parente pode matar ou fazer Jason reviver. Brilhante, né? não. Primeiro devo perguntar: Onde diabos estava a suposta família do Jason nas milhões de sequências anteriores? E o que mais incomoda é que não faz o menor sentido. Porque a Pamela iria matar meio acampamento ao invés de cuidar do resto de sua família? E o roteiro como sempre não busca dar maiores explicações. Por outro lado temos ótimos efeitos de maquiagem, as mortes estão bem legais e destaco a cena em que um homem literalmente começa a derreter. A cena é muito bem feita e dá até para ver o maxilar inferior do cara caindo em frente aos nossos olhos. Os personagens são todos inúteis e os protagonistas são tão sem carisma que eu queria que todos fossem para o inferno junto com o Jason. O que aprendemos com a parte 9: Jason estava ganhando experiência para ser um filhote de O ataque dos vermes malditos. O roteiro nos apresenta uma safadeza oculta, com a cobra sempre passando de boca em boca. Freddy Krueger ficou entediado com a falta de crianças na Rua Elm e veio brincar em Crystal Lake. Como disse acima, Freddy faz uma pequena participação especial no final do filme. Suas garras surgem da terra e agarram a máscara do Jason, deixando a entender que Jason finalmente foi para o inferno. Será que o Krueger é o senhor do submundo? Pergunte para o Hellraiser." (Adam Marcus)
Top 200#139 Cineplayers (Bottom Usuários)
New Line Cinema Sean S. Cunningham Films
Diretor: Adam Marcus
15.446 users / 557 face
Check-Ins 88
Date 01/11/2012 Poster - #### - DirectorIvan ReitmanStarsArnold SchwarzeneggerDanny DeVitoEmma ThompsonAs part of a fertility research project, a male scientist agrees to carry a pregnancy in his own body.[Mov 02 IMDB 4,4/10 {Video/@}
JUNIOR
(Junior, 1994)
''Dois pesquisadores, o grandalhão Dr. Hasse (Arnold Schwarzenegger) e o pequeno e malandro Dr. Arbogast (Danny DeVito), desenvolvem uma droga para auxiliar a gravidez. Impedidos de continuar o projeto, a dupla rouba um óvulo e o implanta na barriga do Dr. Hasse. E assim passam a testar a droga, a partir das reações do grandalhão durante os 9 meses de gestação." (Filmow)
67*1995 Oscar / 52*1195 Globo
Northern Lights Entertainment Universal Pictures
Diretor: Ivan Reitman
43.933 users / 4.230 face
Soundtrack Rock = Patty Smyth + Bono
Check-Ins 91
Date 01/11/2012 Poster - # - DirectorDavid Gordon GreenStarsNicolas CageTye SheridanGary PoulterAn ex-con, who is the unlikeliest of role models, meets a 15-year-old boy and is faced with the choice of redemption or ruin.[Mov 01 IMDB 6,9/10] {Video/@@} M/74
JOE
(Joe, 2013)
Dois mundos em desarmonia.
''David Gordon Green, após obras cômicas como Segurando as Pontas (Pinneapple Express, 2008) e Sua Alteza? (Your Highness, 2011), lança em 2013 ''Joe'', cujo personagem-título é interpretado por Nicolas Cage. Um ex-presidiário e chefe de uma equipe de lenhadores que passa seus dias entre bordéis, bares e bosques, Joe tem sua rotina alterada quando conhece Gary, um garoto que acabou de se mudar para a cidade interiorana onde vive e tem uma família problemática graças ao abusivo pai alcoólatra. Um forte sentimento de identificação une o endurecido homem e o obstinado garoto, desenvolvendo uma relação de pai e filho a ser atrapalhada tanto pelo genitor de Gary quanto por Willie, um rival de Joe que vive provocando e trocando agressões com o mesmo. Como já havia demonstrado em Segurando as Pontas, Gordon Green sabe criar uma atmosfera violenta como ninguém. Toda a primeira hora de filme é dedicada a criar um universo em particular, com seus personagens brutais, porém solitários. Em uma estrutura visível e esquemática, não muito diferente dos típicos buddy movies onde de miséria surge esperança, Green fez de Joe um personagem carismático, para dizer o mínimo, sendo tão querido quanto temido pela comunidade local devido a um temperamento tão companheiro quanto explosivo. O intérprete de Gary, o ator-mirim em ascensão Tye Sheridan, serve como contraponto; o forasteiro e o estranho, mas também a representação de vida, de energia, que insiste em crescer mesmo que o cenário degradante o impeça. É isso que resume boa parte da construção fílmica de ''Joe'', levado por seus fortes personagens por boa parte do tempo, até o momento que o filme resolve adentrar outro gênero. A tal jornada interna contrasta com os personagens coadjuvantes, que assim como acontecia em Segurando as Pontas – transformando um filme de maconheiro em filme de ação – aqui acontecem de desafiar a relação construída em confronto físico, numa dicotomia algo maniqueísta, algo caricatural; os personagens em contradição, que se esforçam para serem bons e combatem vícios e falhas de caráter com alguma integridade inerente estão de um lado; os perversos e irrecuperáveis estão de outro. Tudo isso acaba parecendo criar dois filmes dentro de um – o drama de superação e o conflito de forças a lá western, onde ambos ocupam um espaço incerto, onde a transição do íntimo para o exterior nem sempre é fluída ou justificada. Isso reforça toda a primeira metade do filme; os conflitos pontuais de Joe com o mundo são filmados em planos demorados, que privilegiam a economia formal, confiando em enquadramentos e movimentos de câmera o efeito de se criar um certo ambiente rústico, esquecido e aprisionado no tempo, ignorado pelo progresso. À medida que relações se intensificam, o filme vai ganhando em cores, luzes e na frequência perceptível de tomadas diurnas; quando os protagonistas encontram-se em problemas, adentram espaços escuros, bagunçados e com câmeras trepidantes. O clímax desenrola-se à noite, longe de tudo, em um palco de condenação ou redenção para seus problemáticos personagens que, à exceção de seu protagonista, tem uma curva pouco clara, já que antes eram basicamente arquetípicos. Tal indecisão sobre qual terreno caminhar torna Joe um tanto distante da precisão de gênero que lançou Green – Segurando as Pontas fazia uma transição sem jamais perder o espírito de piada, e fazia piada sem nunca perder o espírito de estilo necessário – ou de uma clássica medição de forças trabalhada por nomes como John Ford e Howard Hawks, basicamente escultores de algumas das grandes cenas de ação e tensão no cinema, onde a construção de tais elementos é um tanto capenga. O foco espalhado que não necessariamente cria uma subtrama, mas antes uma trama tardia, já que a mesma caminha a passos de tartaruga junto à trama principal. Tivesse se mantido antes à trama de amizade, ainda que padronizada, funcionada do que trazer de volta conflitos pouco explicados para forçosamente terminá-las, o que tornou o filme simplesmente desencontrado." Bernardo D.I. Brum)
*
''Depois de dirigir Segurando as Pontas e mais duas comédias, o diretor David Gordon Green retorna em ''Joe'' aos temas e cenários do seu começo de carreira, quando despontou no cinema independente como um dos muitos seguidores de Terrence Malick. Joe lembra bastante Contra Corrente (2004), o terceiro longa de Green; ambos tratam, em forma de fábula do Bem contra o Mal, de famílias não tradicionais que se formam sob as urgências da natureza. A diferença é que Joe tem Nicolas Cage como protagonista, e apesar de todos os elogios à atuação do ator festivais afora (suspeito que muitos frequentadores de festivais não assistam a filmes de Nicolas Cage com regularidade para saber comparar), a figura do astro se torna um fardo em Joe, um filme cujo sucesso depende de comprarmos, ou não, sua proposta naturalista. De barba comprida e fazendo sua melhor imitação de Clint Eastwood, Cage interpreta o ''Joe'' do título, capataz das 8h às 16h de um grupo de trabalhadores no campo. O serviço envolve machucar a machadadas, com uma mistura de veneno, árvores condenadas que serão substituídas futuramente por pinheiros mais robustos. Quando compreendemos o drama do coprotagonista, o adolescente Gary (Tye Sheridan, ator promissor), que procura emprego no grupo e vê em Joe uma figura paterna muito melhor do que seu pai viciado e violento, a metáfora central fica evidente: trocar árvores fracas, fundações fracas, famílias fracas, por outras mais fortes. E a família de ''Joe'', formada de negros e prostitutas, é obviamente mais interessante do que a dos caipiras alcoólatras que infestam Austin, a cidade do Texas cujos arredores serviram de cenário para ''Joe''. Para funcionar, o filme de Green depende não só da sua proposta naturalista, mas de que acreditemos, só de olhar na cara das pessoas, que elas realmente vivem naquele fim de mundo. É por isso que o grande trunfo de casting é Gary Poulter, um sem-teto que vivia pelas ruas de Austin e foi chamado a fazer um teste de elenco, para o papel do pai de Gary. Poulter, que nunca atuou e lidava com abusos de substâncias desde a adolescência, voltou para as ruas e morreu dois meses depois das filmagens. Em entrevistas, Green diz que escolheu Poulter justamente pela carga que o homem trazia ao rosto. Como as árvores marcadas na lâmina, a cara do sem-teto inequivocamente sintetiza a sua história. O diretor tenta reproduzir esse acúmulo epidérmico de experiências em alguns dos atores profissionais do elenco - a cicatriz do vilão, a barba de Cage - mas é óbvio que o resultado nunca seria o mesmo. Então é triste constatar que talvez Joe fosse um filme melhor se não fosse Nicolas Cage no papel principal, um ator que carrega no rosto um histórico, sim, mas de um camaleonismo quase esotérico - característica que atrapalha na hora de compor um personagem como ''Joe'', cuja tragédia pessoal está associada justamente à sua incapacidade de ser outra pessoa senão ele mesmo." (Marcelo Hessel)
2013 Lion Veneza
Worldview Entertainment Dreambridge Films Muskat Filmed Properties Rough House Pictures
Diretor: David Gordon Green
29.050 users / 10.454 face
Check-Ins 580 36 Metacritic
Date 13/06/2014 Poster - # - DirectorFred ZinnemannStarsJane FondaVanessa RedgraveJason RobardsAt the behest of an old and dear friend, playwright Lillian Hellman undertakes a dangerous mission to smuggle funds into Nazi Germany.[Mov 05 IMDB 7,3/10 {Video/@@@}
JULIA
(Julia, 1977)
"Julia" é uma ótima adaptação de Pentimento, as memórias da escritora Lillian Hellman, nas quais ela fala de sua amiga de infância, principalmente no que tange ao seu envolvimento com o movimento europeu de resistência ao fascismo. Realizado pelo cineasta Fred Zinnemann, a partir do excelente roteiro de Alvin Sargent, o filme é muito bem conduzido pelo diretor, no que é ajudado pelas magníficas interpretações dos principais atores, notadamente de Vanessa Redgrave, Jane Fonda, Jason Robards e Maximilian Schell. "Julia" conta ainda com uma agradável trilha sonora e com a maravilhosa fotografia de Douglas Slocombe." (70 Anos de Cinema)
50*1978 Oscar / 35*1978 Globo / 1978 César
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Fred Zinnemann
5.365 users / 415 face
Check-Ins 231
Date 27/06/2013 Poster - #### - DirectorBryan SingerStarsNicholas HoultStanley TucciEwan McGregorThe ancient war between humans and a race of giants is reignited when Jack, a young farmhand fighting for a kingdom and the love of a princess, opens a gateway between the two worlds.[Mov 06 (577-J)] IMDB 6,3/10 {Video/@@} M/51
JACK - O CAÇADOR DE GIGANTES
(Jack the Giant Slayer, 2013)
"Uma gigantesca bobagem sem qualquer personalidade, que prefere apostar em um tsunami de CGI do que na criação de uma história ou personagens minimamente decentes. Para ser esquecido." Silvio Pilau)
"Surpreende por ser melhor que a média de filmes recentes de efeitos especiais focados para a família. É bem divertido, bonito de se ver e tem momentos excitantes." (Alexandre Koball)
"Roteiro barrigudo, elenco frágil (à vontade, McGregor se salva), efeitos especiais pouco realistas, 3D sofrível... E, ainda assim, uma aventura cheia de vitalidade, que, ao contrário de outras adaptações de contos, funciona enquanto gênero e diversão." (Rodrigo Torres de Souza)
"Nascida entre redes sociais e aplicativos para celular, a Geração Z define um grupo social marcado pelo déficit de atenção e o egocentrismo. Para atender esse público jovem e exigente, com um nível de tolerância medido em frações de segundos e número de caracteres, os estúdios precisam, mais do que nunca, antecipar tendências. A primeira foi a Universal com Branca de Neve e o Caçador, seguida pela Relativity Media e seu Espelho, Espelho Meu. A Paramout pensou em João e Maria – Caçadores de Bruxas, a Disney no seu prelúdio de O Mágico de Oz, e a Warner Bros. encontrou em "Jack - O Caçador de Gigantes" (Jack the Giant Slayer) a sua oportunidade de recriar o gênero da fantasia em um universo 2.0. O projeto surgiu em 2005, de uma ideia do roteirista Darren Lemke (Shrek Para Sempre) e chegou a ter DJ Caruso como possível diretor. Foi em Bryan Singer, porém, que o estúdio encontrou o condutor ideal dessa nova tendência. Com a experiência adquirida em X-Men, Singer teria as habilidades necessárias para criar uma fantasia moderna, cheia de ação e com potencial para se tornar uma franquia, pronta para preencher o vazio de uma audiência sem imaginação. Na nova versão de João e o Pé de Feijão (que também se vale de elementos de outro conto de fadas inglês, Jack the Giant Killer), o protagonista continua a ser um rapaz pobre e sonhador que troca o único bem da família (uma vaca no original, um cavalo aqui) por um punhado de feijões. A diferença é que essas sementes, antes símbolo da inocência e da esperança, são agora partes vitais de uma conspiração pelo trono de um reino. Apesar da aparente complexidade, "Jack – O Caçador de Gigantes" foi pensado para um público que vai ao cinema com o celular em mãos. Daí os personagens mal desenvolvidos, por exemplo. É possível assistir a 20 minutos, checar se alguém curtiu a foto do seu almoço no Instagram, e voltar sem que o personagem de Ewan McGregor, o guarda real Elmont, tenha evoluído de qualquer forma. O carisma do ator é desperdiçado em um militar engraçadinho e unidimensional, que serve apenas para que Jack tenha com quem interagir durante a escalada do pé de feijão. O mesmo vale para o rei Brahmwell de Ian McShanee, que tem sua presença limitada à repressão e, consequentemente, à rebeldia da filha. Staley Tucci é quem consegue dar um pouco de corpo ao seu personagem, mas sua participação acaba desperdiçada por Singer, que tem olhos apenas para o casal protagonista (Nicholas Hoult e Eleanor Tomlinson). Mais uma vez, o mocinho precisa salvar a mocinha para chegar ao felizes para sempre. A única evolução é que essa donzela fica em perigo por querer se emancipar: foge da casa para descobrir o mundo por si mesma. Se o princípio do público desatento vale para o roteiro (afinal, as pessoas não querem pensar, querem se divertir, é a principal defesa nos comentários), a mesma coisa não cabe ao visual. Imagética, essa geração não aceita o aspecto “retrô” dos gigantes em computação gráfica, tão sem vida, textura ou carisma. O mesmo vale para o 3D, que apesar do suposto cuidado nas filmagens, não acrescenta nada em um filme cujo mote permitiria explorar criativamente a escala entre gigantes e humanos ou o vertiginoso pé de feijão. Há também um estranhamento entre os efeitos especiais e a direção de arte/figurinos, pensados para contrastar a nobreza humana dos bárbaros gigantes. A riqueza do figurino, com suas armaduras e penteados elaborados, acaba por tornar ainda mais evidente a pobreza do CGI. Essas falhas visuais talvez sejam a grande causa do fracasso de "Jack - O Caçador de Gigantes" nos cinemas norte-americanos (o filme fez apenas US$ 60, 092 milhões para um orçamento de US$ 195 milhões). O mesmo aconteceu nos EUA com João e Maria – Caçadores de Bruxas e Espelho, Espelho Meu, mas não com produtos mais elaborados ou coloridos como Branca de Neve e o Caçador ou Oz: Mágico e Poderoso. A Geração Z não exige história, mas precisa de um visual impecável (lógica que não vale, porém, com os fãs de Crepúsculo). Para fazê-la pagar o ingresso é preciso esforço e Singer e a Warner subestimaram seu público-alvo. O resultado é uma lição moralizante, como nos contos de fadas." (Natalia Bridi)
"Atualmente, quase todos os filmes de ação contam com um determinado artifício de estilo: a câmera-pássaro. Se for fantasia, para exibição em 3D, é quase certa a presença de tal expediente. Trata-se de uma câmera que voa alucinadamente por paisagens artificiais e faz com que os longas se pareçam com videogames. Temos um pouco disso em "Jack - O Caçador de Gigantes", adaptação de um antigo conto de fadas inglês cuja variação mais famosa é João e o Pé de Feijão. Jack, jovem plebeu, recebe a visita de uma princesa que foge de um casamento forçado. Por acidente, um gigantesco pé de feijão cresce no meio de sua casa, levando-os a um mundo desconhecido, em uma montanha e habitado por gigantes. Os voos rasantes aparecem aqui e ali, para aproveitar ao máximo o efeito da terceira dimensão. Por outro lado, há na aventura um senso dramatúrgico interessante. Temos arquétipos que representam um panorama histórico da narrativa fantástica. Há o vilão ganancioso, seu ajudante abobalhado, a princesa meiga e justa, o pai atencioso e durão, o rapaz pobre de caráter rico, o guerreiro das causas nobres etc. Até mesmo os gigantes reproduzem tal esquema. Esse tipo de esquematização, quando trabalhado conscientemente, rende nas mãos de um diretor hábil como Bryan Singer. Porque se apoia na construção arquetípica dos personagens para conseguir momentos de emoção genuína (algo raro atualmente em filmes para a família). Singer sabe, por exemplo, como valorizar o trabalho de um jovem ator como Nicholas Hoult (que, aliás, se parece com Christopher Reeve). Sabe também encontrar o tom ideal para a atuação de Stanley Tucci, pois seu vilão pode ser caricatural de tão maldoso, mas funciona dentro da proposta. "Jack - O Caçador de Gigantes" não é primoroso como, por exemplo, As Crônicas de Spiderwick, de Mark Waters. Tampouco tem o charme de algumas fábulas de Tim Burton. Mas é digno, um bom divertimento para uma tarde de domingo." (Sergio Alpendre)
''Transformar contos de fadas em filmes de ação se tornou uma fórmula lucrativa em Hollywood. Produções como João e Maria – Caçadores de Bruxas, Branca de Neve e o Caçador e A Garota da Capa Vermelha reinventam histórias clássicas e procuram agradar ao público jovem com visual e linguagem modernos e belos protagonistas apaixonados. ''Jack: O Caçador de Gigantes'', novo filme de Bryan Singer, usa linguagem mais infantil e cartunesca do que outros do mesmo gênero. A narrativa é baseada na Jornada do Herói e a trama segue, de forma rasa, o estilo capa e espada. Esses aspectos criam entretenimento apropriado para todas as idades, porém, com mais apelo entre as crianças. Na trama, o camponês Jack (Nicholas Hoult) e a princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson) cresceram ouvindo histórias sobre os gigantes, seres sedentos por sangue que vivem entre o céu e a terra. Após invadirem os reinos humanos há milhares de anos, as criaturas foram vencidas por um rei em posse de um artefato criado a partir do coração de um dos monstros. Após a vitória, o monarca mandou cortar o enorme pé de feijão que ligava os dois mundos. Entretanto, a lenda vira pesadelo quando Jack troca o cavalo de seu tio por feijões mágicos e, inadvertidamente, recria a ligação entre os mundos, colocando a princesa em perigo. O longa conta demais com efeitos especiais e, considerando seu orçamento de US$ 175 milhões, o trabalho não foi bem feito. Os gigantes parecem todos iguais, com raras exceções, fazendo da legião de monstrengos uma massa cinza sem vida. Eles não são nem bizarros nem realistas o bastante, portanto, parecem deslocados no mundo à sua volta. Somente o líder dos colossos, interpretado pelo ótimo Bill Nighy, é minimamente interessante. Dito isso, os cenários criados em CGI são belíssimos, nada mais justo, afinal o dinheiro tinha que ir para algum lugar, certo? O visual dos gigantes é tão ruim quanto sua falta de personalidade e a forma ridícula como podem ser vencidos. Os grandões são tão subestimados na trama ao ponto do real vilão nem mesmo ser um deles e sim Lorde Roderick (Stanley Tucci), conselheiro real, líder do exército e noivo de Isabelle. O cara não procura esconder nem por um minuto suas intenções de usar os monstros para conquistar o mundo, em uma atuação sofrível de Stucci. Interpretações exageradas e caricatas são armadilhas das quais todo o elenco é vítima, até mesmo os experientes Ewan McGregor e Ian McShane, acentuando a linguagem infantilizada. Diálogos simples e piadas bobas, como o cozinheiro limpando o nariz antes de enrolar Elmont (McGregor) em massa de pão, além das roupas e penteados modernos (nada a ver com cenários de fantasia), deixam o filme menos atrativo para quem já passou da puberdade. O mais curioso é ver a produção cair em paradoxo ao exagerar nas cenas violentas, nas quais os gigantes comem humanos de formas grotescas e partes de corpos voam, sem sangue, pela tela. Isso sem falar nas lutas até a morte, a melhor delas lembra a de Simba e Scar em O Rei Leão. Seriam essas inconsistências fruto da indecisão dos produtores? Ou o diretor usufruindo de sua liberdade para deixar sua marca? A segunda opção parece a mais provável. Mesmo com todos esses problemas, Bryan Singer é experiente o suficiente para manter o bom ritmo, com isso ''Jack: O Caçador de Gigantes'' deixa no chinelo bombas como João e Maria - Caçadores de Bruxas. Apesar de não ter o charme das obras originais dos irmãos Grimm ou das versões da Disney, serve como mais uma opção quem gosta de contos de fadas modernos." (Daniel Reininger)
New Line Cinema Legendary Pictures Original Film Big Kid Pictures Bad Hat Harry Productions Warner Bros.
Diretor: Bryan Singer
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Chrck-Ins 308
Date 08/09/2013 Poster - ##### - DirectorAlfred HitchcockStarsNova PilbeamDerrick De MarneyPercy MarmontA man on the run from a murder charge enlists the help of a beautiful stranger who must put herself at risk for his cause.[Mov 10 Favorito IMDB 7,1/10] {Video}
JOVEM E INOCENTE
(Young and Innocent, 1937)
TAG ALFRED HITCHCOCK
{nostálgico}Sinopse
''Suspeito de ter assassinado uma mulher, Robert Tisdall, foge e vai em busca do assassino real para provar sua inocência. Recebe ajuda da bela jovem Érika".
''Repete a fórmula básica da carreira inglesa de Hitchcock, uma boa história policial, porém o roteiro tropeça em alguns momentos." (Alexandre Koball)
*****
"Durante muito tempo, "Jovem e Inocente" foi apenas um mito: o filme de Hitchcock de 1937 que não se encontrava no Brasil. Pior, era o filme que Chabrol e Rohmer, em seu livro sobre o mestre britânico, diziam ter o mais belo travelling (movimento da câmera sobre carrinho em trilhos) de avanço de todos os tempos. A história é a de um inocente acusado de um crime que tem de achar o culpado para provar sua inocência, enquanto a polícia o persegue. Mas o criminoso é escorregadio. No caso, isso é que faz o encanto da famosa cena. Ou parte dela: o encontro entre o inocente, o culpado e a polícia se dá simultaneamente. A ação vai se confundir com a imaginação: não é o que o criminoso vê, mas o que pensa ver que definirá seu destino. Em uma palavra: genial.'' (* Inácio Araujo *)
***
"Jovem e Inocente" é um filme de Hitchcock estranhamente ignorado. Não há razão para ter sido lançado no Brasil só em DVD. Ali estão elementos tradicionais do mestre: um estrangulador; um jovem confundido com ele; a necessidade de provar a inocência. Tudo bem que é o beabá do suspense hitchcockiano. Mas tudo era bem novo na época. E há coisas incríveis, como a sequência em que a polícia cerca um local, sem saber que lá está o assassino e que o jovem está a ponto de desvendar o mistério.'' (** Inácio Araujo **)
Gaumont British Picture Corporation
Diretor: Alfred Hitchcock
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Check-Ins 705
Date 23/09/2014 Poster - ### - DirectorDon SiegelStarsSydney GreenstreetPeter LorreJoan LorringAfter an innocent man is executed in a case for which he was not responsible, a Scotland Yard superintendent finds himself investigating the murder of his key witness.[Mov 07 IMDB 7,1/10 {Video}
JUSTIÇA TARDIA
(The Verdict, 1946)
''Filme de estréia do diretor Don Siegel sobre um superintendente da Scotland Yard que é despedido e arquiteta um crime perfeito. mas algo sai errado.'' (Filmow)
Warner Bros.
Diretor: Don Siegel
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Check-Ins 321
Date 13/09/2013 Poster - ## - DirectorJoshua Michael SternStarsAshton KutcherDermot MulroneyJosh GadThe story of Steve Jobs' ascension from college dropout into one of the most revered creative entrepreneurs of the 20th century.[Mov 03 IMDB 5,9/10] {Video/@@@} M/44
JOBS
(Jobs, 2013)
TAG JOSHUA MICHAEL STERN
{cansativo}Sinopse
''A história da ascensão de Steve Jobs (Ashton Kutcher), de rejeitado no colégio até se tornar um dos mais reverenciados empresários do universo da tecnologia no século XX. A trama passa pela jornada de autodescobrimento da juventude, pelos demônios pessoais que obscureceram sua visão e, finalmente, pelos triunfos que transformaram sua vida adulta.''
''Jobs'' - o filme - falha em atingir o brilhantismo que os admiradores de Jobs - a pessoa - diziam que ele tinha. Mas é o mal das cinebiografias: muita informação para mostrar e a maioria delas fica superficializada. Um filme interessante para os geeks." (Alexandre Koball)
*****
''Um filme sobre Steve Jobs deveria nos informar sobre quem foi ele. É possível perguntar até que ponto "Jobs" chega a um resultado aceitável. Existe uma passagem entre duas eras que ele viveu: da cultura hippie à cultura yuppie. Pois Jobs começa mais próximo a esta primeira. Como empresário, posteriormente, se tornará um homem bastante duro nos negócios. No mais, seus sucessos e fracassos na área têm seu enorme carisma a unificá-los. O problema é que saímos do filme com a sensação de que nada aprendemos de essencial sobre Jobs e, pior, de que o filme parece não compreendê-lo muito. Havia mistérios em sua personalidade que passam em branco (entre outros, o de sua morte). Goste-se ou não dele, Jobs é um personagem marcante de nossa era. Falta-nos dele, ainda, um retrato menos superficial.'' (* Inácio Araujo *)
Stay hungry, stay foolish.
''Cinebiografias de figuras como Steve Jobs sempre serão armadilhas para o cinema. Pessoa de difícil personalidade, acompanhamos toda a história de um dos criadores da Apple, desde o seu tempo na faculdade até o seu retorno para a empresa após ter sido expulso, com autonomia de um CEO para tirar a Apple da enrascada financeira em que se encontrava. E, no meio desse caminho todo que durou anos, acompanhamos tanto as coisas boas quanto ruins que o biografado fez ao longo de sua vida. E aí se encontra a armadilha: todos sabem que ele não era uma pessoa tão fácil de se trabalhar. Sem qualquer limite para cobrar seus funcionários, nunca mediu palavras a suas equipes que trabalhavam dia e noite para tentar tornar realidade as loucuras que vinham da sua cabeça. Como fazer com que o público crie empatia pelo biografado? É verdade que quase nunca era o próprio Jobs que tinha as ideias, mas foi de sua visão de mercado que o mundo inteiro mudou ao integrar no dia a dia das pessoas apetrechos tecnológicos como os computadores pessoais, os ipods, smartphones e tablets da vida. Se não era genial em criar, era ao saber selecionar o que tinha poder de mercado através de uma das principais diretrizes que traçou para a Apple lá em sua criação, na garagem de seus pais: a inovação. Sempre foi contra seguir tendências, mas sim criá-las. Jobs mudou a comunicação inteira do mundo e negar isso, principalmente em frente a um computador, é negar a própria história. O Cineplayers mesmo só existe porque um dia ele resolveu inovar. Jobs não queria ser apenas uma cópia da IBM, até então dona de mainframes enormes e sinônimos de informática da época. O personal computer do amigo Woz, que até então vivia em um trabalho estável na HP e de criar geringonças como caixas que enganavam o sistema de comunicação da época para se fazer ligações grátis, foi transformado em ideia comercial por Jobs por acreditar no potencial daquilo que estava a sua frente. Os PCs não deveriam ficar restritos a inventores e demais entusiastas da tecnologia da época; eles deveriam invadir cada residência do planeta. Se Woz era o gênio da engenharia, ele não faria nada sem Jobs, o gênio do Marketing. Com um roteiro irregular do estreante Matt Whiteley, muita coisa acaba sendo apenas citada ou ficando de fora do filme, o que era de se esperar, afinal, biografias devem mesmo ser encurtadas para caber em duas horas de filme. Mas, de todas as coisas conhecidas ocorridas em sua vida, fica impossível aceitar a exclusão do caso Xerox, que nem citado é. Jobs, convidado pela empresa para conhecer uma de suas ideias descartadas, ganhou de bandeja todo o conceito de sistema operacional com interface gráfica para facilitar o usuário a mexer no computador através de um aparelho novo chamado mouse. Os executivos da Xerox acharam a ideia imbecil e ele, com sua visão, roubou-a para a Apple. No filme, o sistema já aparece pronto e funcionando como se fosse genial. E era mesmo, mas contado de maneira duvidosa, já que ele dá a entender que a Apple o criou, não citando um dos casos mais famosos da empresa. O engraçado é que o Windows, então considerado uma cópia da cópia, é citado em uma cena, com Jobs berrando ao telefone que Bill Gates jamais iria ganhar um centavo sem passar uma parte para Jobs, como se ele tivesse sido o prejudicado da história... Nem sequer mencionam que foi a Microsoft que salvou a Apple da falência, comprando 40% das ações da empresa para reestruturá-la e vendendo-as aos poucos depois. Mas não apenas isso: vários momentos chaves acabam ficando apenas subentendidos, como sua viagem para a Índia, que no filme nunca fica clara a motivação, ou então sua conturbada e complexa relação com a filha renegada, mas que ganhou um computador com o seu nome, aparecendo anos depois dormindo tranquila no sofá de Jobs, agora casado e paizão de família. As elipses são forçadas e essas passagens de tempo deveriam ser melhor exploradas. Em um momento, Jobs apresenta o Apple II em uma feira de computadores; na cena seguinte, já anda pelos corredores de uma estruturada e rica Apple, que agora tem incontáveis funcionários. Toda a parte final, por exemplo, ficou muito corrida. Parece que o filme quer mostrar tudo de sua vida, mas sem se aprofundar em nada. A criação da Next, que serviu de ponte para sua volta à Apple, é uma mera e desimportante passagem no filme, e a criação da Pixar, que tornou Jobs o maior acionista físico da Disney, sequer chega a ser citada. Isso sem falar na trilha sonora, que tenta a todo custo engrandecer uma figura que se torna interessante justamente por sua ambiguidade de caráter, que chega a enganar um amigo pessoal num negócio de 5.000 dólares mesmo com este lhe salvando a pele, e não pelos momentos em que a trilha cresce, a câmera se aproxima em um zoom e a luz atrás faz dele parecer uma pessoa quase divina - apesar da adoração de alguns fãs da Apple beirar a isso. Não que Jobs não seja importante. Ele é, e muito. Mas a partir do momento em que o filme o romantiza em excesso, perde justamente a profundidade que o deixaria interessante. Não que Ashton Kutcher, que também assina a produção do longa, não tenha tentado fazer algo digno: seu modo de andar, de se vestir, sua semelhança física são dignas de aplausos. É até estranho pensar que aquele rapaz preso e limitado poderia viver uma figura tão importante de maneira tão competente. Mas não se engane. Quando o filme exige de seu olhar, de sua expressão, ele deixa a desejar. Só que a opção do longa de começar com uma pesada maquiagem de Kutcher em 2001, durante a apresentação para funcionários da Apple do primeiro iPod, e deixá-lo praticamente idêntico a Jobs logo de cara foi uma ideia inteligente, afinal, aquilo já afasta de cara qualquer assimilação que o público poderia ter com o ator e quebra as barreiras de preconceito que alguns poderiam levantar. A partir dali, para o grande público, ele não é mais Ashton Kutcher. Um filme maior, baseado na biografia oficial escrita por Walter Isaacson e com roteiro do oscarizado Aaron Sorkin (por A Rede Social [The Social Network, 2010)], está sendo produzido, que deve ser mais fiel à história original de Jobs e da Apple e mais interessante também, mas até que para um filme barato, independente e até mesmo rápido (Jobs morreu há apenas 2 anos; fato que ficou de fora do filme também, inclusive dos créditos finais), acabou saindo um bom passatempo, principalmente para amantes de filmes sobre a história da informática como eu – toda a parte do famoso comercial de 1984 é sensacional. Porém, há melhores opções no mercado, como Piratas do Vale do Silício (Pirates of Silicon Valley, 1999), que acaba sendo mais eficiente e divertido do que esse, mesmo sendo mais simples e dividindo a história com a de Bill Gates.'' (Rodrigo Cunha)
''Há quem considere Steve Jobs um gênio, há quem o chame de profeta do apocalipse. Jobs previu, em meados dos anos 1970, que as pessoas no futuro usariam o computador como extensão de seus corpos. Mais: seriam dependentes dessa extensão, aprimorada e diminuída em formatos de celulares, tablets, aplicativos e jogos alienantes. Acertou em cheio. Uma coisa é certa. O mundo como hoje conhecemos deve muito a essa figura polêmica, competitiva, inteligente e propensa a constantes reinvenções. Se isso é bom, é uma outra história. "Jobs", o longa de Joshua Michael Stern, mostra a transformação de um garoto ambicioso e visionário em um monstro que vive unicamente de trabalho e abandona pessoas com quem cresceu (pessoal e profissionalmente). Ashton Kutcher em cena do filme ''Jobs'' O fundador da Apple vivido por Ashton Kutcher é um homem autocentrado na ideia de sucesso a qualquer preço, algo que se confunde com a ambição de revolucionar o mercado consumidor fazendo com que qualquer pessoa tenha acesso à tecnologia. Para realizar essa revolução, ele não hesita em dispensar a namorada grávida, o melhor amigo e outras pessoas que o apoiaram. Sua ideia fixa é a de que ele é o gênio, e os que o apoiam, em sua maioria, são parasitas que vivem debaixo de suas asas. Esse retrato quase unilateral, que permite apenas pequenos traços de ambiguidade em sua construção (uma lágrima contida aqui, uma voz falha ali, efeitos alcançados em grande parte pelo talento de Kutcher) poderia até resultar em um bom filme, caso Stern tivesse alguma ideia da dimensão de seu personagem e de como essa dimensão poderia ser retratada no cinema. O espectador não conhece Steve Jobs (salvo em raros momentos) fora do ambiente de trabalho. O que vemos quase sempre é algum acontecimento marcante de sua vida, ou uma consequência imediata. E os acontecimentos são mostrados da forma mais banal possível, com música melosa e movimentos de câmera indigentes. Nenhum bom filme se faz só de acontecimentos marcantes. É mais ou menos o que diz um personagem de "Assim Estava Escrito" (1952), obra-prima de Vincente Minnelli: "Se toda cena for um clímax, o filme irá se desfazer como um colar partido" . Por não vermos o lado ordinário da vida de Steve Jobs, não temos noção de como ele era, como lidava com as coisas do cotidiano, como, enfim, era esse ser humano. Stern só nos permite conhecer o monstro, ou o visionário. Você escolhe." (Sergio Alpendre)
''Steve Jobs foi um dos homens mais importantes da história contemporânea, tendo influenciado, direta ou indiretamente, todos os ramos de atuação humana, das artes ao direito, possuindo ainda uma história de vida dramaticamente rica. Some-se isso ao carisma magnético de sua figura, personalidade forte e megalomania e o resultado é um alvo irresistível para cinebiografias. A primeira a chegar aos cinemas é “Jobs”. Dirigido por Joshua Michael Stern (do interessante Promessas de um Cara de Pau) e escrito pelo estreante Matt Whiteley, o longa tenta mostrar como Jobs ascendeu de uma formação universitária incompleta ao CEO de uma titã do mundo da informática, lidando ainda com seus relacionamentos tumultuados, especialmente com seus colegas de trabalho, como o genial Steve Wozniak (Josh Gad), inventor de fato de muitas das criações da Apple Computers em seu inicio. O problema principal do longa é o texto de Whitley. O escritor acerta em cheio ao focar a história entre a fundação da Apple e a apresentação do iPod, mas seu roteiro acaba se assemelhando a um jogo de ligue os pontos. A imagem do todo está lá, mas incompleta, sendo impossível para o público vê-la por inteiro, pois o autor não conseguiu terminá-la. Muito disso provavelmente se deve ao fato do filme não poder utilizar como fonte a biografia oficial de Jobs, cujos direitos pertencem a outro estúdio. O grande prejudicado nisso foi o protagonista-título, que não evolui de maneira natural durante a projeção, mas sim através de impulsos incompreensíveis. A fita não consegue penetrar no âmago do seu protagonista e falha até mesmo em compreender as motivações para os seus atos. Um exemplo claro disso é o seu relacionamento com sua filha, Lisa. Em um primeiro momento, o adotado Jobs se pergunta como seus pais biológicos puderam abandoná-lo. Depois, ele irracionalmente expulsa de casa sua namorada grávida, gritando que a criança que ela espera não seria sua. Já no terço final da projeção, Lisa surge já moça, dormindo na sala do pai, com os dois aparentemente tendo uma boa convivência. Dentre esses três pontos, não há conexões ou sequer pistas sobre como os dois se reaproximaram, algo que, por si só, já renderia um filme. Do mesmo modo, a amizade entre os dois Steves, Jobs e Woz, não sofre nenhum aprofundamento, pecado mortal em uma história que teria como pano de fundo a fundação e crescimento da Apple. O desligamento de Woz da empresa, momento que deveria ser marcante para os parceiros de tantos anos, passa em brancas nuvens. Além disso, a elipse que marca o traumático desligamento de Jobs da Apple e sua triunfal volta à empresa é completamente inorgânica, deixando um verdadeiro buraco entre o segundo e o último ato da história. O script também ignora quase que por completo a rivalidade entre Jobs e Bill Gates, e o papel que este último teve na reviravolta que salvou a Apple da falência. Para piorar, o guião falha até mesmo em dar um motivo concreto para que aquele Jobs mereça ser o epicentro dessa trama. Nisso, chegamos à escalação de Ashton Kutcher. A semelhança física entre o ator e Steve Jobs é assombrosa, auxiliada por um belo trabalho de maquiagem que o leva através dos diferentes períodos pelos quais a trama avança. O problema é que isso não é o bastante. Kutcher claramente estudou os trejeitos de Jobs, mas seu trabalho se limita a imitá-los, jamais conseguindo torná-los seus. A interpretação jamais soa natural, lembrando mais um esquete do Saturday Night Live levada a sério. Aquela versão de ''Jobs'' nunca parece crível ou transmite realidade, sendo apenas Ashton Kutcher imitando Steve Jobs, algo que distrai o público da história que está sendo contada. Um intérprete com sérias limitações e tendo de lidar com um roteiro deficiente, Kutcher jamais consegue tirar total proveito da personalidade contraditória, forte e até pontualmente mesquinha do seu personagem, o que transforma Jobs em um uma figura unidimensional, cujo único elemento relevante é o seu mau-caratismo, o que é realmente uma pena. Os demais integrantes do elenco estão bem, com especiais menções a Josh Gad, que cria um Woz fantástico, esbanjando energia e simpatia, mais que convencendo no papel do cérebro da Apple. Matthew Modine, no papel do executivo John Sculley também tem uma boa passagem pela produção, se sobressaindo especialmente em seus confrontos com Kutcher. Chega a ser um tanto triste ver atores do calibre de J.K. Simmons e James Woods relegados a quase pontas, especialmente este último, que tem menos de dois minutos de tela, como um dos professores de Jobs na faculdade. Visualmente, graças ao trabalho de sua equipe de direção de arte, Joshua Michael Stern conseguiu trazer o mundo de Steve Jobs para a telona, mas fracassou em dar conteúdo à essa forma. Certamente, caso o visionário empreendedor assistisse a esse filme, mandaria, sem muitas cerimônias, o diretor voltar para a fase de pré-produção. Talvez a versão 2.0 tenha melhores resultados.'' (Thiago Siqueira)
Open Road Films (II) Five Star Institute IF Entertainment Venture Forth Silver Reel Endgame Entertainment Devoted Consultants Digital Image Associates Endgame Entertainment Virgin Produced
Diretor: Joshua Michael Stern
77.055 users / 29.545 faceSoundtrack Rock
Cat Stevens / Bob Dylan / REO Speedwagon / Parish Hall / Joe Walsh / The Brymers
Check-Ins 719 35 Metacritic 2.574 Down 3
Date 06/10/2014 Poster - ##### - DirectorGary RossStarsJennifer LawrenceJosh HutchersonLiam HemsworthKatniss Everdeen voluntarily takes her younger sister's place in the Hunger Games: a televised competition in which two teenagers from each of the twelve Districts of Panem are chosen at random to fight to the death.[Mov 04 IMDB 7,2/10 {Video/@@} M/67
JOGOS VORAZES
(The Hunger Games, 2012)
"Não há qualidades negativas evidentes." (Josiane K)
"Todas as soluções fáceis de Hollywood em um só lugar. Battle Royale para pré-pré-adolescentes." (Alexandre Koball)
"O recado dado, sobre culto à violência e sensacionalismo, é sério, mas o romance ao redor é bobo e a aventura movida a resoluções fortuitas e previsíveis. Katniss jamais corre real perigo e não por adequação à classificação etária, vide Harry Potter." (Rodrigo Torres de Souza)
"A abordagem pode ter um gosto duvidoso, mas temáticas como ditadura, liberdade, sensacionalismo, apresentadas aos jovens podem gerar discussões interessantes com um ponto de partida pop." (Rodrigo Cunha)
"Unindo atributos de grandes blockbusters sem abrir mão de uma boa história, “Jogos Vorazes” se revela uma próspera surpresa, acarretando um mundo arquitetado sem belezas, mas extravagante e hostil. Jennifer Lawrence está adorável." (Marcelo Leme)
"Trata-se de Battle Royale pasteurizado por Hollywood, sem a ousadia e a mente doentia dos japoneses e com problemas de roteiro (especialmente no terceiro ato). Ainda assim, é divertido e Jennifer Lawrence cria uma personagem forte e interessante." (Silvio Pilau)
"Individualismo em um mundo de conexões necessárias, competitividade exacerbada e falta de privacidade. Problemas/valores modernos com futuro sombrio em Jogos Vorazes. Tudo para ser ótimo, até que as reviravoltas do último ato tentam botar tudo a perder." (Emilio Franco Jr)
"Competitividade exacerbada, individualismo e falta de privacidade. Não são esses valores/costumes modernos? Pena mesmo é o ato final, com reviravoltas fácies e situações fora do tom, jogar uma ducha de água fria na solidez da trama até então." (Emilio Franco Jr)
''Jogos Vorazes" é um filme estranho: mistura de futuro com Roma antiga, de Roma antiga com a Grécia do Minotauro. Pode ser uma salada mitológica cujo ápice é a estranha direção de arte que nos remete ao mundo metálico em que a jovem Katniss se apresenta como voluntária a participar dessa mistura de "reality show" com filme de gladiador. Pois bem: os Jogos (com suas várias sequências) viraram uma coqueluche adolescente. E talvez mais explicável, ou aceitável, que a recente coqueluche dos vampiros: é de um mundo sem clemência que se trata. É nesse mundo que eles se preparam para entrar. E percebem (ou mais provavelmente intuem) que o outrora chamado capitalismo selvagem hoje é, em linhas gerais, o capitalismo mesmo. À parte isso, o filme é fraco.'' (* Inácio Araujo *)
Diversão de qualidade que respeita a inteligência de seu público-alvo.
''No ano passado, foi finalizada uma bem sucedida saga do cinema adaptada dos livros adolescentes mais populares das últimas décadas, com Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte II (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II, 2011). Neste ano se finalizará outra saga de grande sucesso comercial adaptada dos livros de Stephenie Meyer, com A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part II, 2012), deixando uma sensação de vazio para tantos fãs adolescentes que gostam de ver seus livros preferidos transformados em realidade nas telonas. A verdade é que as produções adolescentes no cinema comercial se dividiram em dois caminhos perigosos atualmente: ou seguem essa tendência de adaptar literatura jovem popular, que geralmente é voltada para um público mais inocente e politicamente correto; ou vai pelo caminho do escracho, do sexo e das piadinhas infames feitas sob medida para chocar o conservadorismo americano. Cada qual tem as suas próprias características, mas o ponto em comum entre ambas é o fato de que geralmente nenhuma delas procura respeitar seu público-alvo com um material ao menos inteligente. Claro que há exceções, entre elas a própria saga Harry Potter (que, mesmo lá com seus defeitos, nunca ofendeu ninguém), mas no geral o público jovem anda tendo de se contentar com pouco. Que surpresa então é ver um filme como ''Jogos Vorazes'' (The Hunger Games, 2012) contrariando todas essas regras e nascendo como uma promessa de enfim unir entretenimento de qualidade com respeito pelo público. Para começar, os livros de Suzanne Collins nos quais a história é baseada são extremamente bem quistos pela crítica especializada, o que nos garante uma base promissora. Depois, temos um diretor completamente ciente do material que tem em mãos, sabendo aproveitar o que há de melhor nele e, melhor de tudo, dentro dos limites da faixa etária permitidos para o seu público-alvo. Gary Ross, já indicado três vezes ao Oscar como roteirista, assume a direção e adaptação do texto de Collins, e promove com seu novo trabalho o que possivelmente se tornará uma das maiores sensações dos próximos anos. A trama gira em torno de uma América futurista renomeada de Panem e dividida em doze distritos. Todo ano a capital controladora do local promove uma competição chamada de Jogos Vorazes, em que dois representantes jovens de cada distrito (um homem e uma mulher) devem se aventurar por uma arena gigante onde somente um poderá sobreviver – tudo monitorado e divulgado pela mídia. Katniss (Jennifer Lawrence) é uma pobre moça do distrito 12 que se vê obrigada a participar desta competição, ao lado de Peeta (Josh Hutcherson), um rapaz que salvou sua vida no passado. Como o distrito 12 é o mais pobre e carente, os participantes de lá quase nunca ganham, por não terem força nem treinamento como os outros jovens, o que obriga Katniss a dobrar sua atenção e sobreviver apenas de sua habilidade com o arco e flecha. Tudo se complicará ainda mais quando ela e Peeta se apaixonam, sendo que somente um dos dois poderá sair de lá vivo. Apesar do teor relativamente violento da história, em que basicamente 24 jovens têm de matar um ao outro enquanto são assistidos por todo o país, o filme de Gary Ross em momento algum é explícito. Embora o conteúdo do livro permita um filme carregado na violência, o diretor foi muito inteligente em amenizar isso e fazer da história original algo dentro dos limites de idade de seu público. Por conta disso, Jogos Vorazes se torna uma opção viável tanto para crianças como para um público mais velho. O romance poderia também servir de armadilha e se transformar no foco do trabalho, mas graças a Ross é muito equilibrado e bem dosado. O que domina, portanto, é uma bem conduzida trama de aventura, com direito a tudo o que uma saga jovem pode proporcionar, mas sem nunca se perder em excessos. Tecnicamente, não é tão primoroso como poderia ser (uma direção de arte brega, por exemplo), mas esse é um detalhe que costuma evoluir com os novos capítulos de sagas juvenis e não compromete o resultado final. Por trás de tudo reinam questões morais bastante complexas que geralmente não costumam marcar presença em filmes comerciais para adolescentes, como a decisão de Katniss em matar outros jovens para poder sobreviver, ou a sede de violência do povo – o que na verdade só serve como arma do governo para subjugá-los e manter o controle. Então embora a violência não seja explícita no filme, o conceito dela é muito discutido e questões como a indiferença da população diante de seu crescimento cada vez maior na sociedade são levantadas. Nesse meio todo, a principal discussão é a preocupação cada vez maior de uma geração jovem que cresce em meio à violência permitida e incentivada pela mídia – claro que no filme tudo toma proporções mais drásticas quando o governo de fato obriga seus jovens a serem violentos com o seu próximo. Nesse caso, como se pode notar, não se usa um moralismo americanizado pedante, como aquele encontrado em trabalhos como a Saga Crepúsculo; pelo contrário, questões morais sérias são abordadas com muita competência, garantindo assim um conteúdo aproveitável para filme e não o limitando a uma simples diversão esquecível. Outro fator positivo é a seriedade com que os sentimentos jovens são encarados, nunca como algo passageiro e bobo da idade. A atração pelo sexo oposto, a descoberta do primeiro amor e outras constantes em filmes adolescentes ganham uma roupagem séria e não banalizada ou resumida em sexo vazio, como também encontramos em tantos outros trabalhos semelhantes. Há ainda muito que precisa ser aprimorado em Jogos Vorazes, mas mesmo que um tanto cru, consegue ser mais relevante que boa parte dos trabalhos destinados ao público jovem. Sua condução é segura, a maioria dos atores são competentes, e certamente agradará aos fãs dos livros. Se seguir a tendência de ir aprimorando a técnica com os novos capítulos que estão para ser lançados futuramente, quem sabe em breve não nos deparemos com um filme ideal e respeitoso, que todo o espectador jovem merece receber." (Heitor Romero)
"Jogos Vorazes" mostra um futuro distante em que os ricos serão completamente cafonas, a publicidade mandará nas pessoas, as relações interpessoais se forjarão na frente de uma câmera e a lei do mais forte prevalecerá. Como em toda ficção científica futurista, trata-se de nada mais que uma reconstrução alegórica do presente. Nesse futuro distópico, um levante popular acabou com a América do Norte, agora reunida num regime ditatorial e dividida em 12 distritos que anualmente precisam mandar dois adolescentes para um reality show em que lutam com outros jovens até a morte. Katniss, de 16 anos, é a heroína que quase vira o jogo ao avesso. Na cena mais interessante, ela incita uma rebelião no 11*distrito após a morte de uma menina. A sociedade do espetáculo planta a semente de sua própria superação. Poderia ser uma ilustração e tanto da dialética da história, mas o filme desperdiça não apenas esta como a maioria de suas temáticas fortes, para se dedicar o lado mais videogame da narrativa, com o detalhe de nenhuma das cenas de ação é realmente exuberante. Em termos visuais, apesar de ser uma superprodução, o filme é pobre e pouco inventivo." (Luiz Carlos Oliveira Jr)
Adaptação do romance de Suzanne Collins não se desvia da contestação.
"Os fãs frequentemente reclamam quando estúdios e mídia tentam vender novas franquias como a mania que vai substituir Crepúsculo, ou o próximo Harry Potter. A comparação, porém, é lógica no que diz respeito à estrutura. A máquina hollywoodiana sabe embalar apenas determinados tipos de produtos - daí certos filmes, que não se enquadram muito bem em gêneros conhecidos, terem dificuldade de execução e distribuição - e qualquer adaptação de grande orçamento de obra infanto-juvenil, como é o caso de ''Jogos Vorazes'' (Hunger Games, 2012), cairá nos processos conhecidos da indústria, desejosa do próximo grande sucesso de bilheteria. A comparação é injusta, no entanto, quando analisamos o conteúdo de obras tão distintas. De todas essas grandes franquias recentes, a primeira adaptação da trilogia literária de Suzanne Collins é a que tem conteúdo mais contestador, com inspirações em grandes obras distópicas como Admirável Mundo Novo, 1984 e, nos próximos livros, até Fahreinheit 451. Discussões sobre a autoridade, culto a celebridades, obediência, poder e controle estão em pauta na história que se passa nas ruínas futuristas da América do Norte, dividida em uma capital e 12 distritos. Na trama, depois de uma tentativa de revolução, décadas antes, a Capital passou a exigir de cada distrito um tributo na forma de dois jovens - um garoto e uma garota - entre 12 e 18 anos, para competir no reality show de sobrevivência que dá nome ao filme. Eles devem enfrentar outros 22 concorrentes até a morte, em uma arena controlada pelo governo. O vencedor garante para seu distrito um bônus em suprimentos e regalias pelo próximo ano. A trama acompanha uma dessas jovens, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), adolescente de 16 anos que se oferece para lutar no lugar da irmã, sorteada pelo distrito. Ainda que guarde semelhanças também com Battle Royale, filme hiperviolento japonês - mais especificamente a batalha entre jovens até a morte -, a adaptação de Jogos Vorazes (que, diferente do livro, abandona o foco exclusivo em Katniss e revela os bastidores do controle governamental) distancia-se de qualquer comparação recente pelos questionamentos e por não usar o espetáculo como fetiche. Afinal, não é empolgante ver o embate dos jovens na arena, mesmo que alguns deles, os mais aptos, tenham se oferecido para estar ali e desejem as glórias do combate. Os oponentes de Katniss, assim, não são os demais competidores, mas as forças por trás dos jogos. O diretor Gary Ross (Seabiscuit) opta até por um estilo de câmera e edição nas cenas de ação que se desvia elegantemente da barbárie, dando vislumbres dela, mas tirando das cenas o impacto gráfico que poderia torná-las fetichistas (e, obviamente, tornam o filme comercialmente viável em termos de classificação indicativa). No centro de tudo, Jennifer Lawrence está à altura do desafio. Depois de excelentes atuações em filmes como X-Men Primeira Classe, Inverno da Alma e Like Crazy (infelizmente ainda inédito por aqui), a atriz traz Katniss à vida com o equilíbrio perfeito de fragilidade e determinação. E ela está cercada por ótimos nomes, como Stanley Tucci, Wes Bentley, Woody Harrelson, Toby Jones, Elizabeth Banks e Donald Sutherland. A única contratação infeliz foi a do músico Lenny Kravitz, incapaz de atuar, para um dos papeis mais importantes fora do combate, o do figurinista Cinna. Até no obrigatório romance o filme vai bem, já que o interesse dos personagens dá margem a questionamentos. Estaria Peeta Mellark (Josh Hutcherson), o companheiro de distrito de Katniss nos jogos, fingindo sua afeição ou seu interesse é verdadeiro? Estaria Katniss sendo usada? Em tempos de lições de submissão professoradas por vampiros e lobisomens, ver uma personagem feminina forte - seja portando um arco e flecha ou suas ideias - protagonizando um filme de grande público jovem, faz pensar que nem tudo está perdido." (Erico Borgo)
70*2013 Globo
Lionsgate Color Force
535.041 users / 138.753 face
Soundtrack Rock = Arcade Fire + T-Bone Burnett
Check-Ins 358
Date 11/10/2013 Poster - ##### - DirectorAlejandro BruguésStarsAlexis Díaz de VillegasJorge MolinaAndros PerugorríaA group of slackers face an army of zombies. The Cuban government and media claim the living dead are dissidents revolting against the government.[Mov 08 IMDB 6,3/10 {Video/@@@@}
JUAN DOS MORTOS
(Juan de los Muertos, 2011)
''Zumbis atacam nas ruas de Cuba, e as autoridades anunciam que se trata de uma epidemia de dissidentes. Com esse ponto de partida, "Juan dos Mortos" revisita a zumbilândia num modo que evoca aquele adotado pelo cineasta norte-americano George A. Romero em 1968 ao trazer ao mundo um ataque de cadáveres devoradores de vivos. Em A Noite dos Mortos-Vivos, zumbis eram alegorias, representação trôpega de subversões que o cinema americano de então só toleraria sob o disfarce do gênero. A ideia de retomar a substância política desses devoradores de carne humana atrai o interesse para a produção de Alejandro Brugués, argentino radicado em Cuba. O texto ideológico, porém, se dilui para se misturar à massa de produções que nos últimos anos tiraram os zumbis dos limites dos filmes Z e os elegeram como "tendência", com direito a produções classe AA, como a série "The Walking Dead" e o blockbuster Guerra Mundial Z. "Juan dos Mortos" repete à exaustão o tema do grupo de humanos enfrentando a multidão de monstrengos. Os esfarrapados Juan e Lazaro se reúnem a amigos para combater o mal. Em praças, becos e apartamentos quase em ruínas, os heróis atrapalhados cravam arpões, arrancam cabeças ou correm de medo. O orçamento acima dos padrões locais deixa o filme com uma aparência de superprodução de república bananeira, com um espetacular exército de extras misturado a efeitos visuais baratos. Esse humor involuntário pode satisfazer os devotos do terrir. Apesar de ter obtido prêmios de prestígio, como o Goya de filme ibero-americano, é preciso esforço para identificar algo que justifique a atenção fora do nicho." (Cassio Starling Carlos)
"Depois de décadas fazendo o papel de revoltados e excluídos da sociedade de consumo, os zumbis foram assimilados por intermédio da difusão pop, que os tornou divertidos e inócuos. "Juan dos Mortos" promete recuperar o significado político dessas criaturas do além ao imaginar um ataque em Cuba, enquanto as autoridades anunciam que se trata de uma epidemia de dessidentes. O filme, dirigido por um cineasta argentino radicado em Cuba, logo descarta a promissora premissa para se concentrar, em ritmo de paródia, na luta de um pequeno grupo contra a ameaça. Com recursos de produção acima da média, o filme alcança momentos visualmente fortes, como um avanço massivo de zumbis no Malecón e um confronto do mural que honra Che Guevara na PLaza de la Revolución. A opção exclusiva pela ação, contudo, logo cansa." (Cassio Starling Carlos)
Ideologias devoradas.
"É comum associar o mito do zumbi insaciável, se arrastando por aí faminto por carne humana, como uma metáfora ao consumismo e excessos desenfreados do estilo capitalista. É a tônica que predomina tanto em Despertar dos Mortos (Dawn of The Dead, 1978), clássico absoluto de George A. Romero, onde até depois de morto, continua-se frequentando o shopping, quanto em Zumbi 3 (Non Si deve profanare il sonno dei morti, 1974), onde os zumbis eram frutos da devastação perpetrada contra o meio-ambiente ou mesmo na comédia Todo Mundo Quase Morto (Shaun of The Dead, 2004), onde todos são zumbis no literal sentido da palavra – anestesiados e alienados por trabalho, entretenimento barato, fome e instintos primários. Mas o "Juan dos Mortos" do diretor Alejandro Brugués quebra essa tradição. Filme barato, grosseiro e apelativo no melhor dos sentidos, o primo caribenho de Shaun vê Cuba ser tomada por zumbis e logo ele e seus amigos – um cômico grupo de desajustados, folgados e atrapalhados à la Brancaleone – têm que sair no braço com o regime, com o capitalismo de Miami logo ali no horizonte e, é claro, com a nova revolução, a dos mortos-vivos, que matam, devoram e transformam tudo em seu caminho. Abordagem semelhante à de Romero em Terra dos Mortos (Land of The Dead, 2004) – onde os zumbis armavam uma inssurreição popular contra os burgueses, aqui o dedo na ferida é tão ardido quanto: Juan é um filme que avacalha o tempo todo com os debates ideológicos extremados, faz constantes críticas em formas de piada à política de seu país, mas tampouco ilude-se com a terra das oportunidades. Nascido em um país cujo lema é Pátria ou morte, o pequeno grupo sobrevivente não tem pátria alguma; seus indivíduos o tempo todo são autores de gags escatológicas e de mau gosto, são pra lá de politicamente incorretos (dizem que não aguentam Cuba, mas também não querem ir para os EUA trabalhar). E os malucos preguiçosos são, justamente os heróis da história. Não o zumbi selvagem que desestabiliza a ordem vigente, tampouco o zumbi ideológico, radical seguidor do ideário comunista moldado por décadas. Tal como Shaun, Juan é um típico slacker, um introvertido e cético com o rumo que tudo tomou, e que antes da lenga lenga política, quer saber é de salvar o próprio rabo primeiro, já que as organizações sociais que lhes são oferecidas jamais parecem satisfatórias. Brugués estava certíssimo quando disse em entrevista que poucos gêneros cinematográficos são tão propícios a oferecer uma abordagem criativa sobre temas sociais quanto o horror e a comédia. O gore grosseiro e os diálogos sacanas e histriônicos típicos de filmes de comédia que nos acostumamos nas últimas décadas combinam para, em um conjunto onde nem sempre tudo funciona organicamente, parir uma obra que esculhamba a vida cotidiana, faz troça da forma como o governo e o coletivo se relacionam mal com seus indivíduos e exige a tal transformação revolucionária de seus protagonistas caso eles queiram ficar vivos. E o cinema é a arte perfeita para que um desajustado sem grandes projetos para o mundo torne-se herói de algo. Porque como acontece em todo bom filme de terror, a ordem é abalada, mas não há nada que entre em seu lugar para substituir e os protagonistas estão como os dois amigos que pescam no início da história: à deriva, perdidos entre ideologias, tendo que se acostumar com os novos tempos queira ele ou não. Brugués mostra ter conhecimento da cartilha típica do subgênero e o filme realmente não foge a mesma; estão lá os atos introdutórios, o desenvolvimento e o final ambíguo, que minam tudo que era certo pouco a pouco e deixa o humano tendo que governar a si mesmo. O zumbi recorre e serve tão bem à temática social porque ele não é sobrenatural, único, lendário. É presente, coletivo, com necessidades bem físicas e gráficas. Ser explícito é quase inevitável e, ainda que Juan não inove muito na linguagem típica construída para o subgênero através de tantos filmes, séries, contos e jogos, diverte na readaptação dos mortos-vivos em outro contexto para tirar sarro de outro conjunto de ideias. Pode-se dizer que o filme não foge muito ao caso de ideia antiga com roupagem nova, mas veste a camisa com muito orgulho em uma obra que ainda não seja tão consistente no todo, há tensão e adrenalina ininterruptos – é sangue, sangue e mais sangue pra ninguém botar defeito e há duas ou três gags sensacionais – algumas até quebram o ritmo do filme em nome da zoeira. Juan de Los Muertos é, antes de mais nada, a recusa muita séria de levar tudo a sério. O tom quente e urgente do primeiro filme de zumbis cubano é a principal cartada, junto a temática diferente, para chamar a atenção sobre um filme que não transgride mas que nem por isso compromete. E, claro, como todo bom filme cheio de conflitos físicos, sangue e miolos espalhados e cidades devastadas, divertido como o diabo gosta." (Bernardo D.I. Brum)
O primeiro filme de zumbis de Cuba age como iconoclasta mas se encanta com a estética do império.
''Na melhor cena de ''Juan dos Mortos'', que fez gargalhar a sessão lotada do filme nesta madrugada no Festival do Rio, o tal primeiro filme de zumbis produzido em Cuba, Juan (Alexis Díaz de Villegas) e seus amigos precisam matar o primeiro morto-vivo que encontram pela frente. Tentam estacas, afinal pode ser um vampiro. Tentam exorcismo, vai que é possessão. Atirar no sujeito com balas de prata está fora de cogitação, no hay plata em Cuba. A grande sacada do filme de Alejandro Brugués, e que faz todo o sentido, é tratar os zumbis como uma novidade - afinal, na ilha não entra cultura pop, o mundo é dividido ainda entre imperialistas e revolucionários, e ninguém sabe quem é George Romero. A falta de acesso a informação, elemento imprescindível de uma boa história de zumbis (nunca se sabe como acontece a infecção, quantos mortos são, onde é seguro etc.), origina algumas das melhores piadas de Juan dos Mortos. Na televisão, o âncora do jornal estatal diz que a praga foi trazida pelos EUA e que os zumbis são "dissidentes". Os sobreviventes não descartam a possibilidade de a infecção ser provocada pelos remédios que o governo distribui depois do vencimento. Assim que se habitua às regras básicas do combate (não ser mordido, mirar na cabeça), Juan faz o que todo habanero faria no seu lugar: começa a cobrar para matar os zumbis dos outros. Magro e estropiado como um Seu Madruga cubano, com os olhos esbugalhados de um personagem de desenho animado, Villegas empresta a Juan um carisma insuspeito. ''Juan dos Mortos'' funciona muito bem enquanto aposta nessa combinação de texto sarcástico com comédia de ator. Já o miolo do filme é uma grande enrolação. E aí o que destoa, paradoxalmente, é a necessidade de parecer pop. Foi-se o tempo em que a população não tinha acesso a nada. A geração de Alejandro Brugués conhece o bullet time de Matrix e o wire-fu dos filmes de artes marciais - e é essa estética que domina Juan dos Mortos depois da primeira meia hora. Trata-se de um paradoxo porque, enquanto Juan e seu grupo matam zumbis na Velha Havana com remos e tacos de beisebol, o diretor do filme tem acesso aos clichês do cinema de ação moderno. Do orçamento de Juan dos Mortos, equivalente a US$ 2,3 milhões, pagos pelo departamento oficial de cinema de Cuba e pela produtora espanhola La Zanfona, a maioria vai para os efeitos visuais. E os cubanos, que na malandragem arrumavam jeitos de se virar, de repente podem pagar por um banho de loja - e decidem se vestir como os enlatados que tanto demonizavam. Isso não compromete o filme, mas fica a impressão de uma oportunidade mal aproveitada. Ser chamado de iconoclasta em Cuba é um xingamento - o país de Fidel e Guevara respeita os seus ícones - e por alguns instantes Juan dos Mortos age com um primor de iconoclastia, queimando e derrubando prédios para dar lugar ao horizonte ensolarado. Por que não encarar com iconoclastia também o cinema de ação americanizado, ao invés de emulá-lo?" (Marcelo Hessel)
"Filme de zumbis. Ok, nós já vimos isso antes: um vírus ou um incidente sobrenatural desperta os mortos que passam a andar pela cidade em grupos, de maneira lenta e e com fome de massa encefálica dos inocentes transeuntes de uma ilha comunista. Ilha comunista? Sim, em 2011 a praga de mortos-vivos finalmente deixa os grandes centros urbanos americanos e europeus para chegar ao fechado regime da república de Fidel Castro. “Juan dos Mortos”, uma parceria hispano-cubana com direção e roteiro do argentino Alejandro Brugués (“Personal Belongings”), acompanha Juan e seu amigo Lázaro (respectivamente Alexis Días de Villegas e Jorge Molina, com grande timing cômico), dois vagabundos ou sobreviventes, como se denomina o próprio protagonista, liderando um grupo de pessoas durante o horror que devasta la isla bonita. Ao subverter o conceito de sobrevivência, o grupo transforma a eliminação dos zumbis em um meio de vida: Eliminamos seus entes queridos, oferece o slogan da nova proposta de empresa, enquanto seus funcionários buscam melhorar sua situação. Com um tom que mistura crítica social e humor, o filme despeja inúmeras alfinetadas ao comunismo cubano permeadas de piadas e situações de gargalhar. Da justificativa ao ataque dos mortos variando de dissidência influenciada pelos americanos a produto de remédios vencidos distribuídos pelo sistema de saúde, até o design de produção que faz questão de mostrar prédios e apartamentos bastante mal acabados, cada setor da economia e política é alvo do olhar cômico e analítico do longa. Com clara influência de Todo Mundo Quase Morto, o script usa e abusa dos clichês do subgênero, como a utilização de materiais inusitados como armas para a matança das criaturas ou o diálogo em que se discute a causa da infestação. Esta última, uma cena hilária mostra Juan e Lázaro testando alhos e crucifixos como melhor alternativa de extermínio, sem a menor ideia da origem daqueles seres já enraizados na cultura pop, já que são frutos de uma mídia repressiva sem a influência de outros países. E se Villegas e Molina funcionam como contrapartes latinas de Simon Pegg e Nick Frost em ótima interação, somente o protagonista e sua filha (a lindíssima Andrea Duro) possuem desenvolvimento e profundidade como personagens e em sua relação. Apenas como apoio para piadas ou fontes de sangue para mortes não tão interessantes, o resto do elenco apresenta-se como estereótipos mal trabalhados e descartáveis ao longo da narrativa, apesar da figura da blogueira alternativa que representa outra interessante adaptação à situação atual da informação no país. Esta superficialidade e a repetição no propósito das cenas causam uma quebra de ritmo apresentando momentos desnecessários (a dança com algemas chega a provocar tédio), cujo propósito parece apenas reduzir o número de personagens. Construída com versões afro-cubanas de temas musicais genéricos de suspense, comédia e horror, a trilha sonora conduz o espectador de maneira excessivamente didática à atmosfera da sequência na qual se insere. Uma maquiagem muito bem trabalhada realmente nos faz acreditar no aspecto decrépito dos cadáveres andantes e até a evidente inexperiência da equipe de efeitos visuais se adequa à atmosfera trash da projeção e supera expectativas ao fazer referência às câmeras lentas dos filmes de ação e às incríveis coreografias com cabos dos clássicos de artes marciais. Surpreendendo dentro do curto orçamento de US$ 2,3 milhões subsidiados em parte pelo governo cubano, “Juan dos Mortos” atesta com boas piadas e crítica social a força do pouco conhecido cinema da região. Mesmo com problemas de ritmo e roteiro falho, a produção diverte e nos faz considerar o grito de uma população que ainda é orgulhosa, mas não encontra la plata para enfrentar criaturas sobrenaturais ou para sustentar sua economia. Quando George Romero representou há 40 anos a população americana culturalmente inerte em seus zumbis, não achou que seu sucesso fosse ecoar em Cuba, onde os zumbis são, na verdade, os oprimidos." (Mateus Almeida)
La Zanfoña Producciones Producciones de la 5ta Avenida Soundchef Studios
Diretor: Alejandro Brugués
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Date 11/10/2013 Poster - - DirectorTommy WirkolaStarsJeremy RennerGemma ArtertonPeter StormareBrother/sister duo Hansel and Gretel are professional witch-hunters who help innocent villagers. One day they stumble upon a case that could hold the key to their past.[Mov 02 IMDB 6,1/10 {Vedeo/@@@} M/21
JOÃO E MARIA - CAÇADORES DE BRUXAS
(Hansel and Gretel: Witch Hunters, 2013)
"O argumento mais inócuo do cinemão americano em anos. Daqui a pouco farão filme sobre o quê? Sobre Batalha Naval?" (Alexandre Koball)
"Uma ou outra rara boa ideia perdida pela história não é o suficiente para justificar a existência desse filme, que não passa de uma bobagem com personagens sem graça em cenas de ação excessivas e pessimamente conduzidas." (Silvio Pilau)
Conto de fadas sangrento tenta virar franquia, mas quem vai querer comprar um sub-Van Helsing?
''João e Maria - Caçadores de Bruxas'' (Hansel & Gretel: Witch Hunters), versão gore da fábula clássica dos irmãos Grimm, não tem mais nem menos banho de sangue do que muitos filmes de baixo orçamento ou produções direto para DVD voltadas para o mercado do terror. Para uma produção de grande estúdio que pega carona na moda dos contos de fada, porém, a sangueira até que é bem inesperada. Não convém aqui discutir se foi uma boa estratégia ou se a violência cartunesca misturada com fábula infantil vai cair num vácuo demográfico (o filme pode ser impróprio para pré-adolescentes e considerado bobo por adolescentes). A questão é que a surpresa de ver astros como Jeremy Renner e Gemma Arterton besuntados de sangue falso é a única atração deste filme - que, de resto, é um grande equívoco de concepção e execução. Na comparação, João e Maria - Caçadores de Bruxas faz Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros parecer muito sofisticado. O parentesco mais próximo é com Van Helsing, não só porque as armas e os figurinos parecem reaproveitados do filme de 2004 (quando teremos um blockbuster sem vergonha de se assumir steampunk?), mas principalmente porque ambos tentam contar uma história medieval com uma linguagem pop e terminam num indeciso meio termo, descaracterizando tudo. Van Helsing pelo menos não tinha a intenção - que hoje Hollywood trata como obrigação - de estabelecer uma nova franquia de ação. Desde o início ''João e Maria - Caçadores de Bruxas'' é apresentado e martelado como um produto que vieram nos oferecer na nossa porta, que o vendedor diz ser irrecusável mas não se presta a explicar pra que serve ou como funciona. Quinze anos depois de sobreviverem à casa de doces, João/Hansel (Jeremy Renner) e Maria/Gretel (Gemma Arterton) ganham a vida como matadores de aluguel, indo de vila em vila atrás das tais bruxas. Produtos que são, seus diferenciais são a inovação (a vila do filme já tem um caçador de bruxas, mas incompetente e vil) e o ineditismo (ninguém da vila ouviu falar de João e Maria, embora o lugar seja perto de onde os irmãos cresceram e nos créditos iniciais a notícia dos dois tenha se espalhado). Além da inovação e do ineditismo, todo produto de franquia implica uma legião pronta de fãs (não vendida separadamente). Então depois que a fama e o talento de João e Maria são repetidos pela décima vez em meia hora de filme, surge um fanboy adolescente medieval pra afirmar tudo de novo e emendar: "I'm a fan of your work!". Depois disso, dá até pra se divertir com algumas coisas que acontecem no clímax (a galeria de bruxas é bem politicamente incorreta), se você aguentar até o fim do filme. Talvez um dia ''João e Maria - Caçadores de Bruxas'' seja visto como uma transgressora obra de arte que implode a lógica das franquias hollywoodianas ao revelar parodicamente suas entranhas, uma bomba de metalinguagem que deixa estilhaços e vísceras por todos os lados. Até lá, é só um filme com a ilusão de que pode imitar Os Vingadores (a superequipe com suas armas viradas pra câmera no final), o modelo de franquia hoje, como se ninguém fosse perceber." (Marcelo Hessel)
''Bem diferente do corre corre e tiroteio que os trailers podem sugerir, ''João e Maria: Caçadores de Bruxas'' é mais do que isso. Não que isso seja uma boa notícia. Apesar de bem sanguinolento e até ter um pouquinho, bem pouquinho de nudez (um pacote completo que já deixa bem estranho o lançamento no Brasil ganhar classificação livre), o filme é uma enxurrada de má elaboração técnica. ''João e Maria: Caçadores de Bruxas'' não poderia começar mais previsível. Sabendo-se de que o longa contaria a vida adulta dos irmãos que quando crianças foram atraídos para uma casa feita de doces para serem devorados por uma bruxa, era de se supor que toda o conto que já conhecemos fosse repassado de uma só vez na cena de abertura do longa. E o filme não fez a menor questão de imaginar alguma ideia mais criativa para não causar a primeira má impressão nos primeiros cinco minutos. A bem da verdade é que a ação, com toques de fantasia e aventura, é bem diferente da imagem que a produção possa ter passado em seu trabalho de divulgação. E isso, felizmente, é um algo positivo. O contraponto da balança está naquilo que não seria surpresa, aqueles elementos que deveriam constar para se contar uma trama que envolva bruxas e feitiçaria. Todos eles estão lá. Mas mal construídos. O desgosto evolui ao mesmo passo da narrativa. E isso se dá pela inexpressividade da produção como um todo. De fato, a ideia de duas pessoas utilizarem artilharia pesada para caçar bruxas é atraente. Mas toda a proposta perde o brilho unicamente por conta da técnica mal composta; em praticamente todos os aspectos. A fotografia é básica. Em cenas noturnas em interiores, apela para a divisão vertical de tons frios escurecidos com o iluminar de poucas velas que propõem um enorme clarão alaranjado, o que revela uma preguiça para compor um visual mais aprumado. A direção de arte se limita à repetição do básico para compor um espaço de época, assim como os figurinos que em nada acrescentam aos personagens ou sua evolução ao longo da fita. E a mecânica dos voos de vassouras, em que a realização nas filmagens achou que seria interessante que as bruxas flutuassem por mais alguns metros penduradas em cabos de aço mesmo após desmontarem dos objetos, passa uma sensação extremamente artificial e amadora. Se somar isso aos efeitos visuais e sonoros do uso das varinhas, dá para se verter lágrimas de vergonha ao se comparar com o que foi feito por uma década em Harry Potter. Nem quando está acertando o faz por completo. O design das bruxas pode ser interessante algumas vezes, mas extremamente mal executado quando até na escolha da coloração das lentes de contato deu para tropeçar. Isso sem mencionar a aplicação de próteses e produtos que gritam, por exemplo, que o que estamos vendo no rosto da bruxa de cabelo espetado, em um close feito na floresta, é uma aplicação em excesso de cores da mesma maquiagem que qualquer mulher deve ter na bolsa. Para terminar de estragar, as lutas corporais não convencem. Pode até ser um argumento verdadeiro o de que, na trama, as bruxas, por conta de seus poderes, possuem uma força ligeiramente maior do que a dos humanos. Mas não é o que o visual da grande maioria delas demonstra, tornando graficamente esquisito um embate com movimentos rápidos e certeiros entre elas e os heróis da trama – acrescentando mais usos dos cabos de aço para saltos cujo ângulo e trajetória não casam; bastante risíveis. Ao menos não há economia de violência. Tanques de sangue são derramados ao longo do filme em cenas em que membros arrancados e corpos humanos se explodindo são nítidos e bem enquadrados. A outra salvação do longa é o personagem de Maria. Da cena pré-créditos e passando por todo o desenrolar da história, Maria é a figura durona da trama e Gemma Arterton. Suas frases de efeito e respostas físicas são as mais interessantes e chegam ao ápice ao formar uma amizade improvável com um ser cujo nome é ainda mais improvável, mas uma piada pronta que remodula comicamente todo diálogo travado entre os dois. Por outro lado, o romance entre João e Mina já não surge com uma postura tão fluente quanto a amizade formada por Maria. Uma vez que os protagonistas são um casal de irmãos, o que torna o desenvolvimento amoroso impossível, Mina surge como uma figura forçada inserida apenas com o pretexto de fornecer alguma informação útil ao final, mesmo que sua participação pudesse ser descartada e substituída por algo tão mais interessante quanto o amigo de Maria e, as respostas, vindas através de outro meio. Não é o proposto pelo filme que tira severos pontos da contagem de ''João e Maria: Caçadores de Bruxas'', mas a sua realização. Com um orçamento de apenas 60 milhões de dólares – baixo para o tipo de produção que se quer realizar – o longa sofre consigo mesmo e com comparações de outras histórias populares que recentemente foram readaptadas com um tom mais maduro nos cinemas. Sejam elas feitas com o deleite estético de Branca de Neve e o Caçador (que até rendeu ao filme duas indicações em categorias de valor visual ao filme), seja com A Garota de Capa Vermelha, cuja mediocridade caminha de mãos dadas pela floresta com João e Maria." (Arthur Mello)
Paramount Pictures Metro-Goldwyn-Mayer MTV Films Gary Sanchez Productions Studio Babelsberg Deutsche Filmförderfonds (DFFF)
Diretor: Tommy Wirkola
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Date 04/12/2013 Poster - ##### - DirectorIngmar BergmanStarsMaj-Britt NilssonBirger MalmstenAlf KjellinA lonely woman recalls her first love thirteen years prior during a brief summer vacation.[Mov 09 IMDB 7,5/10 {Video/@@@@@}
JUVENTUDE
(Sommarlek, 1951)
''A bailarina Marie recebe o diário de seu ex-namorado, Henrik, morto ainda jovem. A partir daí, ela se questionará sobre a morte, o amor e a juventude." (Filmow)
"Juventude", considerado por Jean-Luc Godard o filme mais bonito de Bergman, antecede e, de certo modo, prenuncia as obras-primas que o cineasta sueco faria ao longo dos anos 50: Mônica e o Desejo, Noites de Circo, O Sétimo Selo e Morangos Silvestres. O entrecho poderia ser o de um melodrama romântico: às vésperas da estréia de um grande espetáculo, a bailarina clássica Marie (a extraordinária Maj-Britt Nilsson) recebe num envelope o diário do rapaz que foi seu primeiro namorado e que morreu num acidente quando o amor entre os dois estava em botão, na adolescência. A partir daí, abre-se um longo flashback para mostrar o verão em que os jovens se conheceram, numa ilha do arquipélago de Estocolmo, e começaram a se amar. Foi no mesmo verão que o rapaz, Henrik (Birger Malmsten), sofreu o acidente. Amor intenso e fugaz, como a própria juventude, justificando o título original sueco, Sommarlek", que seria algo como "jogo de verão" ou divertimento de verão. A esse tema da fugacidade da vida, do caráter frágil e inefável da felicidade (um verão e nada mais) somam-se aqui outros temas caros a Bergman: o silêncio de Deus, evidente na cena do acidente fatal, quando a câmera sobe e contempla um céu opaco, a busca de um sentido para a existência, a emergência ocasional de epifanias de paz e aceitação. A polarização um tanto fácil entre a pureza da juventude e a corrupção da vida adulta -simbolizada no tio Erland (Georg Funkquist), ex-amante da mãe de Marie e presença nefasta na vida da moça- é amenizada no belíssimo desfecho, mas seria muito melhor trabalhada na obra posterior do diretor. Mas não é só nos temas que a arte plena de Bergman se anuncia em "Juventude". Os closes incomparáveis, o uso expressivo do silêncio, o recurso freqüente aos espelhos, o controle absoluto de uma luz levemente expressionista - está tudo ali. Irregular, tateante, ainda em busca da afirmação de um estilo, "Juventude" é uma espécie de Bergman em estado bruto, pleno de talento e frescor. Não é todo dia que temos oportunidade de presenciar a alvorada de um gênio." (José Geraldo Couto)
Top Suécia #25
Svensk Filmindustri (SF)
Diretor: Ingmar Bergman
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Date 08/12/2013 Poster - ######## - DirectorChristopher McQuarrieStarsTom CruiseRosamund PikeRichard JenkinsA homicide investigator digs deeper into a case involving a trained military sniper responsible for a mass shooting.[Mov 09 IMDB 6,9/10 {Video/@@@@} M/50
JACK REACHER - O ÚLTIMO TIRO
(Jack Reacher, 2012)
"Um suspense policial extremamente envolvente, tem toques de filme de ação (foi vendido assim no roteiro, erroneamente). Remete aos bons tempos de Dirty Harry." (Alexandre Koball)
"Talvez o resultado não justifique o início de uma franquia, mas é um filme competente que, apesar de alguns clichês, apresenta um bom protagonista e cenas de ação intensas e bem orquestradas. Cruise dá conta do recado, mas é Herzog quem rouba a cena." (Silvio Pilau)
''As imagens de um atirador que do alto de um prédio fuzila pessoas que se deslocam tranquilamente num passeio público de Pittsburgh trazem impacto à abertura de "Jack Reacher - O Último Tiro". Pelo menos desde o assassinato do presidente norte-americano John Kennedy, em 1963, as cenas de massacres cometidos por insanos armados tornaram-se, sobretudo nos Estados Unidos, mais reais que qualquer ficção. Antes de entrar em coma, o principal suspeito enuncia o nome de Jack Reacher como pista. Daí em diante, rouba a cena um desses heróis infalíveis que o cinema usa para nos distrair das contas a pagar e do dia a dia sem emoções tão fortes. O personagem criado originalmente pelo escritor britânico Lee Child já apareceu em mais de uma dúzia de tramas de espionagem em papel e agora surge numa possível nova franquia, seguindo os passos de James Bond, Jason Bourne e Jack Bauer, entre outros. Mas esse policial treinado em intrigas internacionais não se confunde com nenhum dos concorrentes, pois não usa terninhos justos, nem celular, além de não saber para que serve o cartão de crédito e preferir andar de ônibus. Em sua estreia no cinema, o homenzarrão de quase 2 m de altura imaginado pelo autor teve de encolher para caber no 1,70 m de Tom Cruise. De modo semelhante, as múltiplas intrigas cheias de reviravoltas de Um Tiro, livro que deu origem ao filme, foram abreviadas sem muita explicação. O efeito disso em Jack Reacher é a falta de uma boa trama típica das histórias de espionagem. No lugar, ficou uma sucessão confusa de situações de risco, de bonzinhos que mudam de lado e de gente ameaçada sem quê nem para quê. O roteirista e diretor Christopher McQuarrie, em vez de se contentar em tirar proveito de um super-herói invencível, prefere interromper a ação a cada cinco minutos para incluir diálogos esclarecedores. Para dar conta, os atores perdem o fôlego com uma conversa fiada que só interessa aos adeptos de teorias da conspiração. Os fãs, provavelmente, ficarão satisfeitos em ver Tom Cruise, agora um garotão de 50 anos, seguir os passos de Bruce Willis e Liam Neeson, madurões que nunca se cansam de correr e estraçalhar os inimigos. Se continuar nesse ritmo, até o fim da década ele deve disputar espaço com Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren e Chuck Norris num dos próximos números da série Os Mercenários.'' (Cassio Starling Carlos)
Tom Cruise tenta criar novo Bourne, mas acaba em um filme oitentista.
''Jack Reacher - O Último Tiro'' (Jack Reacher, 2012) começa com um homem chegando a um estacionamento, se preparando e atirando em cinco pessoas. Com todas elas mortas, começam as investigações, que em poucas horas levam à prisão do atirador de elite James Barr (Joseph Sikora). Depois de um interrogatório em que tudo o que ele diz é "me traga Jack Reacher", Barr leva uma "lição" dos policiais da cidade e entra em coma. Para o principal detetive e o promotor, o caso está praticamente encerrado. Até que entra em cena o tal Jack Reacher (Tom Cruise), um misterioso ex-militar, que vive à sombra da sociedade, impossível de ser localizado - a menos que ele queira.Reacher, criado na série de livros escrita por Lee Child, é um soldado de elite. Sabe atirar como ninguém. Luta com a rapidez e a brutalidade necessárias para acabar em poucos segundos com um grupo de valentões em uma briga de bar. Estrategista, está sempre dois passos à frente de seus oponentes. Detalhista, saca na hora o que está errado. E na hora que precisa fugir pelas ruas de Pittsburgh, Reacher acelera, derrapa e despista seus perseguidores, a polícia da cidade, como se fosse um local. A única paulada que ele leva no filme inteiro é quando é pego desprevenido. Mas tudo bem, porque os oponentes que o encurralaram são mais atrapalhados do que Joe, Moe e Larry juntos. Se você pensou em Jason Bourne, pensou certo. Com a diferença de que o desmemoriado ex-agente da CIA tinha carisma, enquanto Reacher é a antipatia em pessoa. Sai de cena o sorriso de propaganda de creme dental que Tom Cruise desfila pelos tapetes vermelhos de Hollywood para entrar em campo o sujeito focado e de cara fechada - papel até certo modo parecido com o que ele já havia feito em Colateral, mas agora do lado dos bonzinhos. Cruise, 50 anos recém-completados, mostra que ainda está longe de se aposentar dos filmes de ação. Acerta nas coreografias e na hora de fazer cara de mau. Há um pequeno excesso de pausas dramáticas, mas nada que diminua o seu esforço. O problema é que seus antagonistas são muito ruins. Nem o cineasta Werner Herzog convence com o sua versão de Jigsaw que preferiu ganhar dinheiro a dar lição nas pessoas. O pior é que a trama toda, que poderia criar um suspense sobre a suposta inocência de Barr, não deixa dúvidas do tipo de armação criada para cima do sniper em coma. Sobra, assim, apenas a ação. A sede de vingança, o tom cartunesco dos vilões e a própria forma como eles acabam mostram que o roteirista e diretor Christopher McQuarrie queria fazer um filme oitentista com o visual e a tecnologia que temos hoje em dia. O plano era bom. Pena que o público que curtiria este tipo de filme já tenha um outro foco, Os Mercenários. Com a a diferença que Stallone e companhia sabem se divertir enquanto Tom Cruise se leva muito a serio." (Marcelo Forlani)
"Tudo indica que Tom Cruise trocou de vez os dramas mais ambiciosos pelas franquias de ação. O resultado é bom, a julgar pelas ótimas bilheterias que garantiram um quinto longa de Missão: Impossível. Isso avaliza sua escalação em Jack Reacher, baseado nos livros de Lee Child. Apesar de o autor best-seller ter criado um herói de cem quilos e 1,95 m, um pouco maior do que o 1,68 m de Cruise. Questões físicas à parte, ele vai bem como ex-investigador militar que encara o assassino de cinco pessoas escolhidas sem razão aparente. Seu maior mérito é cunhar uma personalidade própria e irônica para Reacher, bem longe de seu Ethan Hunt, em "Missão: Impossível", e do agente desmemoriado de Matt Damon na Trilogia Bourne. Com Cruise, o herói de ação evolui. Hora de aposentar Stallone, Schawarzenegger e Seagal." (Thales de Menezes)
Mutual Film Company Paramount Pictures Skydance Productions TC Productions
Diretor: Christopher McQuarrie
178.222 users / 36.166 face
Soundtrack Rock = House of Pain + David Bowie + Gregg Allman
Check-Ins 420
Date 19/12/2013 Poster - ### - DirectorFrançois OzonStarsMarine VacthGéraldine PailhasFrédéric PierrotAfter losing her virginity, Isabelle takes up a secret life as a call girl, meeting her clients for hotel-room trysts. Throughout, she remains curiously aloof, showing little interest in the encounters themselves or the money she makes.[Mov 09IMDB 6,9/10 {Video/@@@@@} M/63
JOVEM E BELA
(Jeune et Jolie, 2013)
''Juventude e beleza formam um par tão indissociável para a maioria que indagar seus mistérios pode parecer anomalia (ou necessidade de gente velha e feia). Sem recusar encantos, o diretor François Ozon espia pelo buraco da fechadura para apreciar o que a perfeição mostra e esconde. "Jovem e Bela" mostra a transformação de Isabelle, uma garota de 17 anos, ao longo de quatro estações. No verão, ela transa na praia pela primeira vez com um garoto alemão, mas a experiência parece banal e pouco prazerosa. Nos meses seguintes, a vemos em encontros com homens mais velhos, com quem se prostitui sem nenhum motivo aparente, financeiro ou outro. Desde a primeira imagem, o filme assume ser um jogo de sedução. No formato de binóculo, espiamos uma garota de topless na praia. Quando se revela o dono do olhar, descobrimos ter caído numa armadilha em que se combinam ingenuidade e perversão. Como no formidável Dentro da Casa, longa anterior de Ozon, o personagem adolescente conduz a trama como um reflexo dessa idade, em que corpo, sexualidade e identidade encontram-se no ponto máximo das ambiguidades. Não se trata, porém, de mais uma Bela da Tarde, nem de outra Dama do Lotação, filmes em que o impulso da entrega a estranhos simbolizava a contraposição ao machismo ou a vontade de transgredir a visão conservadora dos papéis femininos. Sem se perder em justificativas psicológicas ou sociológicas, Ozon filma as experiências de Isabelle como algo virtual, sem envolvimento. O perfil sem rosto na internet, as roupas que a fazem parecer adulta e a atitude profissional com clientes são como um paralelo que ela incorpora, mas do qual se desfaz ao chegar em casa e tomar banho. Essa desconexão torna-se ainda mais evidente com a opacidade que a modelo Marine Vacth empresta ao personagem, uma não atuação que reforça a opção do filme em não dar respostas. Nessa ausência intencional de profundidade, Ozon contempla a adolescência sem julgar nem tentar explicar. Na cena final, porém, a aparição de Charlotte Rampling impõe ao espectador o sentimento que, finda a juventude, a beleza guarda seu absoluto mistério." (Carlos Starling Carlos)
"Filme bem qualquer coisa de Ozon, que derrapa depois do excelente Dentro da Casa. Essa trama que ele já abordou anteriormente não só parece requentada, como também desinteressante, apesar de bem filmada e interpretada." (Francisco Carbone)
''O cinema francês sabe criar um filme em torno de uma bela atriz, de preferência com ousadia de roteiro e muita sensualidade naturalista.No Festival de Cannes do ano passado, a imprensa teve de parar de ficar boquiaberta diante da beleza de Marine Vacth para que a proposta dramática de François Ozon pudesse ser discutida.
Mostrando Isabelle, 17, que se torna prostituta sem ser pressionada a fazer isso por motivos financeiros, o diretor cria um jogo de sedução. A interpretação de Marine é o grande trunfo de Ozon para evitar uma trama de culpas e julgamentos morais. Com seu rosto lindo e vazio, a garota é incapaz de agregar emoção ao sexo. Há, sim, paralelo com Ninfomaníaca, mas sem transgredir. O filme não busca respostas." (Thales de Menezes)
"Ozon - subindo exponencialmente no meu conceito - mistura "A Bela da Tarde" e "Lolita" para falar sobre ciclos de descobertas, o vazio da adolescência e o poder (em vez do prazer) exercido pelo sexo. A enigmática Marine Vacth domina a cena. Belo filme." (Régis Trigo)
As estações de Ozon.
''Em Jeune et Jolie (2013), François Ozon se debruça sobre a delicada idade dos 17 anos, por meio da história de Isabelle. Sua beleza é tematizada tanto no título do filme (jolie poderia ser traduzido como bonita) quanto no seu nome próprio (Isabelle contém em si o adjetivo belle – bela em francês) e nas falas dos personagens. Essa reiteração aponta para como a beleza de Isabelle é importante na sua relação com o mundo. Nós a acompanhamos atravessar quatro estações, a começar pelo verão, em que sua família passa uma temporada de férias na praia. O restante do filme vai se desenrolar em Paris, e termina com a chegada da primavera. Estamos diante de um ciclo, onde as estações não só mostram a passagem do tempo, mas ajudam a configurar sentidos para a história. Não por acaso o inverno é marcado pela morte de um personagem e a primavera por um novo amor. Ao final deste percurso, entrevemos a chegada de um novo ciclo, da possibilidade redentora de um recomeço. A trajetória de Isabelle é permeada de descobertas, aventuras, conflitos, e seu fio condutor será a sexualidade da jovem e seus desdobramentos. O topless, a masturbação, a perda da virgindade e a prostituição vão conduzindo a narrativa. Desde o primeiro plano, Ozon nos coloca numa posição voyeurista: vemos Isabelle na praia através de um binóculo. De modo semelhante, vamos assistir, ao longo do filme, às transformações, experiências e escolhas de Isabelle sem ter exatamente acesso a suas motivações. Isso ajuda a criar um mistério em torno da adolescente – seus olhares intensos e silêncios profundos, sua frieza e surpreendente falta de inocência. Aos poucos, vamos entendendo que o marido de sua mãe é seu padrasto. Seu pai não tem lugar no filme, mal sabemos seu nome, onde mora, com o que trabalha. Uma análise apressada estabeleceria relações diretas entre a ausência do pai e os relacionamentos de Isabelle com homens mais velhos, ainda que pela via da prostituição. A entrada do psicólogo parece comentar essa busca por sentidos com alguma ironia. Pois Isabelle traz algo de imprevisível que nos escapa – a nós espectadores e, talvez, à psicanálise. Isabelle está profundamente deslocada no mundo. Os jovens não lhe interessam, ela não se abre para eles, não se mistura e quase não constrói relações na sua escola. Os adultos também são distantes, têm dificuldade de compreender a menina. Há algo de entediante e patético em suas falas e posições, que coincide com um olhar tipicamente adolescente para os adultos, os pais, as figuras de autoridade. O mais interessante no filme parece ser mesmo a construção da protagonista e seu gosto íntimo pela aventura – que, sem que calcule ou perceba, a coloca em situações de perigo. Isabelle (ou Léa, seu pseudônimo usado para se prostituir) é uma “Belle de Jour” contemporânea que, não satisfeita com a ambiguidade da fantasia, passa para a concretude das ações e nelas se alimenta de prazer." (Lygia Santos)
O desejo latente disseminado entre as estações.
"François Ozon vem retratar a juventude num filme de descobertas sexuais, de experiências, do reconhecimento do prazer. A forma com a qual narra difere do que geralmente vemos em obras análogas por imprimir um realismo e naturalismo nas relações dispostas, com a protagonista se prostituindo, saindo com homens mais velhos. Ela faz por prazer, pela oportunidade de enfrentar o desconhecido, como num jogo – assim ela explica em determinado momento. Implica-se nessa dinâmica questões sociais, psicológicas e filosóficas relativas ao seu desejo e recompensa, já que em uma transa ganha 300 euros e guarda o dinheiro numa carteira para ser usado no futuro carente de objetivo. O que ela faz é errado? Ozon nos mostra as circunstâncias sem responder, encarregando o público de testemunhar e julgar como este achar conveniente. A trama se inicia no calor do verão numa casa de veraneio quando a jovem e bela Isabelle (Marine Vacth) toma sol fazendo topless. Nada de errado. Seu irmão a contempla – e nós juntamente através de um binóculo. Ele é um adolescente percebendo o crescimento da irmã, interessado pela beleza da figura feminina que vem lhe despertando interesse na escola. Há quem possa contemplar a cena como uma incitação incestuosa. Bobagem, essa não passa de um vislumbre curioso com relação a corpos em formação. Julgar a sexualidade alheia desencadeia uma entonação repressora a qual o filme se mantém distate. Nesse verão estilizado no litoral, a garota conhece um rapaz e com ele perde a virgindade. Uma contingência passageira. A relação desencadeia renovados desejos e novos ciclos inauguram distintas fases e interesses. O diretor salienta os olhares e o distanciamento. Quando as férias terminam, vemos Isabelle indo embora observando seu primeiro amante ficando para trás. Tal plano constata toda uma profundidade de núcleos de relacionamentos desfeitos por conjunturas. Nada será a mesma coisa. Elas podem melhorar! E chegam novas estações, o filme é acompanhado por elas como episódios da vida da protagonista que de perto acompanhamos. Ozon é ótimo em evidenciar sua estrela sempre frente a câmera, explanando sua beleza em vários atos, seja quando está de biquíni na praia – numa tomada semelhante a realizada em Swimming Pool - À Beira da Piscina (Swimming Pool, 2003) com Ludivine Sagnier sob o sol –, nas que evidenciam explorações sexuais – masturbações – ou com os clientes, esses que geralmente são muito mais velhos. Essa proposta de explanar a juventude e sua beleza passageira culminará numa cena final excepcional, quando Marine Vacth divide a cama com Charlotte Rampling. Passando o tempo, alcançamos todas as estações, percebemos as várias experiências de Isabelle, e notamos suas frustrações. Algo sério acontece e sua vida privada chega aos ouvidos da mãe e da polícia. Tudo inevitavelmente muda, exceto o desejo. Canções acompanham a narrativa, as letras trazem um pouco da percepção da protagonista que poderia ecoá-las traduzindo seu cotidiano. São composições de seus sentimentos. A intenção por trás do que conferimos em cena a partir das ações de Isabelle é retratar a sociedade julgando o que está perto, ao passo que aceita quando distante: a filha se prostituir não é legal, mas não há problema em existir prostituição. Tantas outras coisas sem encaixariam perfeitamente nessa ótica. A série de acontecimentos que perpassam as 4 estações ficam em suspensão na trama graças ao roteiro linear, tudo é episódico e acentuado por algo simbólico, dialogando diretamente com a estação vivenciada. A primavera finda como renascimento, um novo brotamento diante a vivência do passado recente. Coisas demais aconteceram em pouco tempo e isso se arrastará pelo resto da vida, não só de Isabelle como também de sua mãe, irmão e padrasto. Recorrências no cotidiano, experiências precisas e a inclinação para o sexo numa abordagem semelhante ao clássico A Bela da Tarde (Belle de Jour, 1967). O sexo, aqui, também ocorre no período diurno. E esse sexo não vem como necessidade para uma protagonista que precisa dele para a vida, mas por gostar, ou para ocupar o tempo com algo que lhe dê estímulo, uma pulsão de vida que lhe desperte interesse e funcione como compensação da apatia contemporânea." (Marcelo Leme)
2013 Palma de Cannes / 2014 César
Mandarin Films Mars Distribution France 2 Cinéma FOZ Canal+ Ciné+ France Télévisions La Banque Postale Image 6 Cofimage 24 Sofica Manon 3 Cofinova 9 Palatine Étoile 10 Région Ile-de-France
Diretor: François Ozon
15.341 users / 3.334 face
Check-Ins 504
Date 02/04/2014 Poster - ########## - DirectorRobert AltmanStarsCherKaren BlackSandy DennisA fan club of die-hard James Dean fans meet on the 20th anniversary of his death and reconnect, opening old wounds and facing new ones.[Mov 05 IMDB 7,6/10] {Video}
JAMES DEAN - O MITO SOBREVIVE
(Come Back to the Five and Dime, Jimmy Dean, Jimmy Dean, 1982)
''1975, McCarthy, uma pequena cidade do Texas. Na única loja da cidade há uma reunião de membros de um fã-clube de James Dean, que ocorria devido aos 20 anos da morte do astro. Logo chegam algumas mulheres, que carregam segredos. Através de flashbacks é mostrado como elas eram quando o ator estava vivo, ficando claro que com o passar do tempo elas perderam a inocência. Entre as mulheres que foram para a reunião está a perturbada Mona (Sandy Dennis), que foi figurante em Assim Caminha a Humanidade e, 9 meses depois, teve um filho que ela alega que o pai é James Dean. Também estão na reunião uma extrovertida garçonete, Sissy (Cher), e Joanne (Karen Black), uma desconhecida. Mona sente que algo em Joanne não lhe é estranho e logo todas saberão que ela carrega um chocante segredo." (Filmow)
40*1983 Globo
Sandcastle 5 Productions Viacom Enterprises
Diretor: Robert Altman
2.684 users / 398 face
Check-Ins 535
Date 17/04/2014 Poster - ###### - DirectorClint EastwoodStarsJohn Lloyd YoungErich BergenMichael LomendaThe story of four young men from the wrong side of the tracks in New Jersey who came together to form the iconic 1960s rock group The Four Seasons.[Mov 03 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/54
JERSEY BOYS - EM BUSCA DA MÚSICA
(Jersey Boys, 2014)
"Eastwood entrega-se ao convencionalismo das cinebiografias e não consegue impor qualidades individuais relevantes, mas as músicas têm vida própria aqui, e são o ponto alto." (Alexandre Koball)
"Não precisa ficar nos colocando legenda para mostrar o passar dos anos: a música, os personagens e tudo o que os envolve fazem esse papel perfeitamente. É o cinema encontrando a história da música com o domínio invejável da narrativa de Eastwood." (Rodrigo Cunha)
"Em tom de fábula e ao melhor estilo scorseseano, Clint Eastwood abraça os clichês do gênero para recriar a vida de Frankie Valli (com "i"!) e retratar uma América idílica, sem guerras, e que supera os seus traumas através do poder da música. Belo filme!" (Régis Trigo)
"Eastwood filma com a classe de sempre, mas o resultado é uma biografia completamente tradicional, tanto em termos de estrutura quanto do próprio roteiro. Para piorar, o protagonista é fraco e nem mesmo as sequências musicais empolgam (ao menos a mim)." (Silvio Pilau)
"Eastwood é, provavelmente, o melhor cineasta americano da sua geração ainda na ativa. Jersey Boys é seu melhor filme desde Gran Torino e, por que não?, um dos melhores de toda sua carreira. É bom saber que ele ainda tem muito o que oferecer." (Heitor Romero)
"Eastwood cava fundo no coração do sonho - ou da grande ilusão - da América." (Guilherme Bakunin0
****
''Clint Eastwood já provou ser um bom diretor por vezes. Mas não se acerta sempre, afinal. Não, ''Jersey Boys – Em Busca da Música'' (ô, subtítulo infeliz) não é ruim. É agradável e tal. Mas o resultado dessa adaptação de um musical de sucesso na Broadway ficou bem abaixo do esperado. O filme é um melodrama desarmônico, um tanto blasé, que tem dificuldade em explorar a emoção atávica de sua história, apesar de contar com alguns bons momentos pontuais. O fato é que falta euforia e arrebatamento ao que foi colocado na frente da câmera. Eastwood perdeu a mão neste filme num nível bastante considerável, embora o longa seja muito bem produzido, com ótima ambientação de época. Mas não vamos ignorar a realidade: Jersey Boys, a despeito de falar de música e músicos, é um filme com claros problemas de ritmo. A produção é uma deferência à carreira de uma das bandas norte-americanas de maior sucesso nos anos 1960: Frankie Valli e The Four Seasons, que conquistou o público da época com um sem-número de hits, como Sherry, Big Girls Don't Cry e Walk Like a Man. E é esta a melhor parte do filme, os números musicais, com belas canções que atravessaram gerações e são facilmente identificáveis. A trama começa no ano de 1951, quando Tommy DeVito (Vincent Piazza), Nick Massi (Michael Lomenda), Bob Gaudio (Erich Bergen) e Frankie Valli (John Lloyd Young) são ainda jovens moradores de uma Nova Jersey sob forte influência da máfia. O filme segue até 1990, vinte anos após o fim da formação original, quando os quatro são homenageados pelo Rock and Roll Hall of Fame. Aqui o filme dá outra derrapada: o trabalho de envelhecimento dos atores é amador. Christopher Walken, ator que gosto, faz uma participação especial no longa vivendo... Christopher Walken. O mafioso que interpreta, nada ameaçador, parece sobrar na trama. Não se consegue levar muito a sério a temeridade que impõe. Personagem se não descartável, mal aproveitado. Jersey Boys também peca, principalmente, em não fazer o público perceber que valeu a pena. A banda, e Frankie Valli particularmente, alcançam o sucesso, desfrutam dele, mas passam alguns maus bocados. Mas Eastwood e os roteiristas Marshall Brickman e Rick Elice não conseguem nos fazer achar que foi válido. Chega-se ao final do filme com uma dúvida: Será que Valli foi mais feliz como cantor do que como barbeiro - profissão a qual estava destinado? Difícil dizer." (Roberto Guerra)
Seja bem-vindo de volta, tio Clint!
**
"Estranhezas positivas cercam essa nova obra do tio Clint Eastwood. A mais óbvia tem a ver com o retorno do fôlego desse "jovem" de 84 anos, que há alguns anos (e filmes) se encontrava desaparecido, perdido entre escolhas equivocadas e uma não-percepção de qual eram seus reais motes, em cada projeto em particular e na sua carreira como um todo. Lógico que hoje tudo isso parece menor tendo em visto o retrospecto de acertos constantes; ainda bem, ficou pra trás. Uma segunda estranheza se faz pelo fato de Eastwood sempre ter abordado entre seus temas os laços de afeto, amizade, companheirismo, pessoais e/ou profissionais, e ainda não ter tocado de forma efetiva num filme de máfia. Pois bem, isso também ficou pra trás: ''Jersey Boys: Em Busca da Música" é um 'mob movie' com a cara e o coração de Eastwood. Além desses dois aspectos importantes, ainda causa o mesmo sentimento quando se atenta que seu novo filme é isso tudo, mas também é uma adaptação de um musical (nível consagrado com Tonys!). Mas é assistir ao filme e constatar como o diretor e o roteiro dos mesmos dramaturgos resolvem bem esse problema - além disso, não podemos esquecer a bela trajetória de Charlie Parker que ele já tinha entregue há 25 anos atrás, como o premiado Bird (idem, 1988). Talvez Jersey Boys represente mesmo um Eastwood que parecia esquecido no meio das últimas equivocadas biografias e 'retratos sobre a velhice' (outro tema recorrente e caro a ele); um Eastwood de reconexão com uma simplicidade (vejam só, isso num musical - em tese) e um coração que pareciam esquecidos, quase descartados desde Gran Torino (idem, 2008). Aqui ele parece de novo à vontade e relaxado, no comando real de seus signos e suas raízes, essas então como talvez muito tempo não estivesse. A juventude e suas parcerias que desembocam num futuro pela qual somos tragados e nada consultados; é isso e acabou, aceite - parece dizer a vida, muitas vezes. Eastwood respeita e acata essa decisão aqui, através do ótimo roteiro na qual o eficiente elenco mantido da adaptação teatral contribui e nele reverbera, com a experiência de atores que já conhecem aqueles personagens de cor e salteado (atenção na adição de Christopher Walken entre eles, em momentos de puro brilho). As decisões de narração múltipla também são um achado bacana e que tira da mesmice um filme que fácil poderia beirá-la, dando vigor e agilidade a um gênero por si só. Tecnicamente um filme discreto e muito eficaz, diria até preciso, Jersey Boys talvez traduza essa fase crepuscular de seu diretor da maneira mais perfeita possível, retirando o peso de suas produções recentes e assumindo uma bem-vinda leveza. Ao ler ironias e sacadas de roteiro com jovialidade (além de um real e sutil amadurecimento com questões que pareciam tabus, como a homossexualidade), Clint parece observar o futuro finalmente. Mesmo que ainda com os pés na nostalgia." (Francisco Carbone)
*****
''No futuro, o filme "Jersey Boys - Em Busca da Música" será lembrado, possivelmente, como um ponto fora da curva dentro da obra do cineasta Clint Eastwood. Para quem acompanha a carreira do cineasta, não há nada de estranho no fato de ele dirigir uma adaptação de um musical de sucesso da Broadway. Porque Clint é, entre outras coisas, um apaixonado por música. Em relação a outros filmes do cineasta, o que há de estranho aqui é uma frouxidão do resultado final, uma incapacidade de definir o que é essencial para a história, de impor um olhar sobre o material, sem impor um estilo. Jersey Boys mostra uma alternância entre os estilos filme de máfia sobre pequenos gângsteres de Nova Jersey, Sessão da Tarde sobre a ascensão do grupo Four Seasons ao estrelato e drama familiar sobre a relação entre o vocalista do grupo, Frankie Valli, e a sua mulher alcoólatra e a sua filha drogada. O problema é que esses três filmes não se comunicam e, por vezes, até se sabotam (o melodrama, superficial, é engolido pela música, que é irresistível). Mais grave, os três estilos soam genéricos, dominados pelos seus clichês, com cara de telefilme - e, no caso do entrecho sobre a máfia, nos pegamos secretamente desejando que o diretor fosse Martin Scorsese. Outra questão problemática é a escolha dos atores do musical para protagonizar o filme. Sem dúvida, eles sabem cantar, mas não seguram um close em um momento de emoção, o que vale sobretudo para John Lloyd Young no papel de Frankie Valli. Ao final, resta ao filme o prazer da música. O que é muito, em se tratando do pop perfeito dos Four Seasons. Mas pouquíssimo para Clint Eastwood." (Ricardo Calil)
Top Biografia #44 Top Musical #47
Four Seasons Partnership GK Films Malpaso Productions RatPac Entertainment RatPac-Dune Entertainment Warner Bros.
Diretor: Clint Eastwood
18.235 users / 14.517 face
Soundtrack Rock = Frankie Valli & The Four Seasons
44 Metacritic
Date 06/04/2015 Poster - # - DirectorColin TrevorrowStarsChris PrattBryce Dallas HowardTy SimpkinsA new theme park, built on the original site of Jurassic Park, creates a genetically modified hybrid dinosaur, the Indominus Rex, which escapes containment and goes on a killing spree.[Mov 02 IMDB 7,2/10] {Video/@} M/59
JURASSIC WORLD - O MUNDO DOS DINOSSAUROS
(Jurassic World, 2015)
TAG COLIN TREVORROW
{esquecivel}Sinopse
''Na Ilha Nublar dos dias atuais, o Parque dos Dinossauros foi inaugurado, seguindo os planos originais de John Hammond no primeiro filme. O parque temático recebe 10 milhões de visitantes todos os anos e é completamente seguro. A ameaça da vez é um dinossauro geneticamente modificado.''
"É tanto carinho e boas recordações com o original que, mesmo sabendo da artificialidade e falta de originalidade, é difícil resistir a esse pipocão assumido e sobrecarregado. Não chega perto do de Spielberg, mas faz jus à fama da série, definitivamente." (Alexandre Koball)
"A história custa a engrenar, a rivalidade do casal central é clichê, a heroína é incoerente, o roteiro abusa de piadinhas "espertas" e de plots inúteis (o divórcio dos pais), e as cenas de ação são genéricas e impessoais. Spielberg, meu filho, cadê você?" (Régis Trigo)
"Mais um exemplar da leva atual dos blockbusters, com roteiro preguiçoso e crença de que o CGI vai salvar tudo. É uma pena, pois o ponto de partida do parque em funcionamento é interessante, mas só. Caricato, previsível e genérico - bem longe do original." (Silvio Pilau)
"Por praticamente refilmar o original, JW é, no fim das contas, o bom e velho cinema pipoca, ainda que reciclado e sem brilho próprio. Bryce Dallas Howard fugindo do T-Rex de salto agulha compensa o roteiro clichê, o suspense fraco e o excesso de CGI." (Heitor Romero)
"A luta feroz entre os dois dinossauros é um momento histórico: belíssimo ao mesmo tempo que vazio; é completamente imbecil, na verdade, mas extremamente grandioso. A mim, o impacto foi fatal, como se estivesse vendo o trem chegar à estação pela 1ª vez. (Guilherme Bakunin0
"O subtexto sobre nostalgia, que opõe o antigo e o atual, é incapaz de tornar relevante uma orgia de efeitos irregulares com ação tediosa. As boas ideias do roteiro não compensam a corja de personagens indefensáveis. Serve como comédia não intencional." (Pedro Costa De Biasi)
*****
''O mais interessante na séquencia iniciada com Jurassic Park é a tensão entre o máximo arcaico e o máximo moderno. Desde o início temos a tecnologia, uma tecnologia meio enloquecida, diga-se, dando vida a dinossauros, um pouco como o velho Dr. Frankestein. O tempo passa e chegamos a "Jurassic World: O Mundo dos Dinoddauros". A insânia agora não é privilégio de cientistas e gente gananciosa, generalizou-se. As pessoas vão ao parque dos dinosauros como quem vai a Disney World (a referência é direto). Como no cinema ou em outras atividades, os frequentadores exigem o novo, algo diferente. Aos cientistas cabe contatá-los. Ao filme, perguntar quem são realmente os monstros: eles ou nós homens. Isso, claro, enquanto alimenta o seu público (talvez o mesmo, aliás) com mais e novos efeitos.'' (* Inácio Araujo *)
''Na onda atual de retomadas, como Mad Max e Poltergeist, fica evidente que "Jurassic World", estreando nesta quinta no Brasil, é o mais inteligente. Não apenas porque desta vez os dinossauros ameaçadores ganharam dose extra de raciocínio. Sim, os bichões estão mais espertos e conseguem uma comunicação fluente entre eles - o roteiro reserva uma explicação para isso. Já a esperteza dos produtores, com Steven Spielberg à frente, foi criar um ambiente que, apesar das criaturas pré-históricas, é muito familiar aos espectadores. A ação se passa em um gigantesco celeiro de dinossauros que lembra muito os parques de diversão temáticos do sul dos Estados Unidos. Basta trocar as orcas do Sea World por um absurdamente grande sauro aquático ou substituir o leão do Animal Kingdom por um Velociraptor. O clima de diversão familiar é quebrado com a fuga de um superdino modificado geneticamente. Ele e outros bichos caçam as pessoas, em um pandemônio que tem como personagens centrais o mocinho intrépido (Chris Pratt, quase um jovem Harrison Ford), a mocinha gata (Bryce Dallas Howard) e um bom e velho Tyrannosaurus rex. O primeiro filme, Jurassic Park, de 1993 e dirigido por Spielberg, encantou as plateias. A tecnologia visual que juntava humanos e dinossauros era fantástica e o longa trazia cenas de tirar o fôlego. Os filmes seguintes, de 1997 e 2001, já não tinham a surpresa estética, então dependiam mais de seus roteiros. E estes eram bem fraquinhos - o terceiro é sofrível. Agora, os efeitos visuais à disposição do diretor Colin Trevorrow são mais primorosos e a trama funciona bem demais. A franquia renasceu." (Thales de Menezes)
"Jurassic World" é o nome do filme e de um parque de diversão cheio de dinisauros. O clima de diversão familiar é quebrado com afugade um superdino modificado geneticamente. Ele ee outros bichos caçam as pessoas, em um pandmônio qque tem como personagens centrais o mocinho intrépido (Cheris Pratt, quase um Harrison Ford), amocinha gata (Bryce Dallas Howard) e um bom e velho Tyrannosaurusrex. O primeiro filme Jurassic Psark de 1993 é dirigido por Steven Spielberg, encantou as plateias. Os filmes seguintes, de 1997 e 2001 - dirigidos por Spielberg e Joe Johnston, respctivamente - já não tinham a surpresa e sética, então dependiam mais de seus roteiros. E estes eram bem fraquinhos - o terceiro é sofrível. Agora, os efeitos visuais a disposição do diretor são mais incríveis, e a trama funciona bem demais. A franquia renasceu." (Thales de Menezes)
Um igual diferente.
''Não deve ser fácil para nenhum filme ser sequência de uma obra-prima como Jurassic Park - Parque dos Dinossauros, e toda a história do cinema já serve para provar isso. Depois de dois filmes fracos (o terceiro é muito pior do que eu lembrava), não é a toa que o mundo olhou torto para este Jurassic World. Quando o primeiro trailer foi lançado, trouxe dinossauros modificados geneticamente, um parque imenso e situações familiares, além de um protagonista pilotando uma moto floresta a dentro com raptors o acompanhando como mascotes. Mas que porra era aquela? De alguma maneira, o filme foi lançado e já é um sucesso comercial até o momento em que este texto é escrito; já bateu os 200 milhões de dólares apenas nos EUA. Mais uma vez, não ao acaso: diferente e ao mesmo tempo uma cópia do original (isso será desenvolvido), Jurassic World é um filme bastante competente e bom, mas de ação. Esqueça o status quo de arte que o primeiro alcançou. O que interessa em Jurassic World é a ação pura e desenfreada, sem perder tempo com nuances ou desenvolvimento mais aprofundado. Isso acaba sendo um reflexo de sua geração, ansiosa, direto ao ponto, que mal respira ou pensa antes de agir, e também funcionando como uma apresentação da franquia a este novo público. Se antes os filmes começavam com um acidente, esse já começa com o nascimento de raptors – famosa sequência do primeiro filme, mas sem o mesmo esmero. Não há tempo a perder. Como o próprio plot diz, as pessoas não se impressionam mais por dinossauros e o parque precisa de algo novo e maior para continuar atraindo público; assim como o cinema e suas continuações. Ficção e realidade andam lado a lado e, quando lançado, em 1993, Jurassic Park impressionou pela sua tecnologia e pelo realismo dos dinossauros. Ainda que a técnica usada continue funcionando (simplesmente não envelhece!), dinossauros há muitos anos deixaram de ser bonecos em stop motion mal feitos de filme B e se tornaram comuns para uma geração difícil de impressionar. Com isso, vieram os “modificados geneticamente”, ainda mais perigosos e letais do que os seus irmãos naturais (os originais já utilizavam DNAs de terceiros). É óbvio que um bicho tão inteligente e de instinto tão assassino assim criado em laboratório ficará solto e mais uma vez aterrorizará um parque que vinha funcionando normalmente e muito bem (no filme, desde 2005), senão não haveria história. Mas não acredito que seja apenas isso que está agradando o público em geral. Jurassic World decidiu abandonar os convencionalismos de uma Hollywood politicamente correta, que abusava da censura para deixar os filmes (cada vez mais caros) acessíveis a um público maior (baixando os PGs e teoricamente faturando mais), trazendo a violência, ainda que não exagerada, muito mais palpável e visível ao público. O sangue escorre mesmo, espirra em vidros, os bichos aparecem devorando com vontade suas vítimas e até mesmo mulheres podem morrer (primeira vez na série) diante de feras que apenas seguem seus instintos pré-históricos. O resultado? Este enorme sucesso, o que certamente influenciará demais blockbusters daqui para frente. Isso me lembra mais ou menos a época da contra cultura americana, com filmes crus e experimentais que surgiram em meados dos anos 70 e salvaram Hollywood de seu elitismo previsível. Para afirmar essa decisão acertada de deixar tudo mais visceral (e errar ao apressar tudo), temos uma história recontada. É impossível não notar como o filme é praticamente uma refilmagem do original contada de maneira mais moderna, com atrações atualizadas e demais apetrechos futuristas para agradar a um público fanático por tecnologia. Há os dois irmãos em perigo, há a recriação da cena deles expostos ao maior perigo do parque em um veículo fechado e teoricamente seguro, há a tensão constante entre um casal, há o excesso de confiança da organização do parque, o funcionário que acaba ajudando o caos e até mesmo uma atualização na história, com pessoas interessadas de forma militar nos dinos. É coisa para caramba. Ou seja, a história que funcionou em 1993 continua funcionando apenas com uma repaginada que muita gente não vai nem perceber, ainda que a narrativa seja totalmente posta de lado nesse meio do caminho. Há uma subtrama totalmente desnecessária dos pais dos meninos, o relacionamento com a tia é mal desenvolvido e até mesmo o T-Rex é sub aproveitado. Só que a ação é de primeira, conseguimos entender tudo o que está em tela (algo raro) e a química entre os personagens funciona. Os dinossauros realmente impõem medo, a tensão é constante e isso é um acerto em cheio com o público em geral que vai ao cinema buscando uma experiência. Filmes de ação precisam de vilões fortes para funcionar e isso Jurassic World tem de sobra. É natural que os clássicos protagonistas dos filmes anteriores não estejam nesse, afinal, apesar de ser um reboot e isso necessariamente implicar em um elenco novo, o filme respeita – e muito – a obra original, sendo uma sequência direta dele e, considerando tudo o que foi visto até aqui na franquia, é óbvio que eles não pisariam de novo nessa ilha por nada nesse mundo. Claro que poderiam ir forçados, mas isso já foi o plot de Jurassic Park III, então eles não poderiam repetir. O único personagem que está de volta é o Dr. Henry Wu, que faz o link tecnológico e científico entre as obras. Pequenas e pontuais homenagens acontecem a todo o momento (e farão quem é fã da obra clássica se emocionar, principalmente com as citações a John Hammond, personagem de Richard Attenborough, falecido em 2014), mas não dá para negar que esse elenco novo, mesmo que não tenha a mesma química, funciona muito bem. Chris Pratt é o nome do momento e um belo representante dos carros chefes de filmes de ação, que de uns anos para cá estavam com poucos nomes de peso para substituir The Rock e Jason Statham, que começam a envelhecer depois de representarem o gênero nos anos 2000. O cara é carismático, bom ator, divertido e daqui para frente o veremos bastante em tela. Já Bryce Dallas Howard é outra a representar uma nova geração de mulheres mais fortes, de cabelos ruivos cortados de forma simetricamente perfeita, disposta a correr de dinossauros em cima de salto alto sem perder a pose – símbolo da mistureba louca e sem freio de mão que é esse Jurassic World, um filme que assume o espetáculo e se orgulha disso. Deixando uma óbvia ponta para sequências, não tem o mesmo requinte que o original, mas ao ser extremamente divertido e dialogar tão bem com sua geração, este Jurassic World traz a franquia de volta à evidência e os holofotes para animais que tinham sido extintos mais uma vez." (Rodrigo Cunha)
Universal Pictures Amblin Entertainment Legendary Pictures China Film Co.
Diretor: Colin Trevorrow
288.984 users / 141.285 face
49 Metacritic
Date 13/10/2015 Poster - ### - DirectorWilliam FriedkinStarsDavid CarusoLinda FiorentinoChazz PalminteriA bright assistant D.A. investigates a gruesome hatchet murder and hides a clue he found at the crime scene. Under professional threats and an attempt on his life, he goes on heartbroken because evidence point to the woman he still loves.[Mov 08 IMDB 5,1/10] {Video}
JADE
(Jade, 1995)
TAG WILLIAM FRIEDKIN
{excitante}Sinopse ''Quando o milionário Kyle Medford (Ron Ulstad) é morto o promotor David Corelli (David Caruso), a psicóloga Trina Gavin (Linda Fiorentino) e o advogado Matt Gavin (Chazz Palminteri) se vêem presos numa teia de poder, paixão e mentiras. A principal suspeita, Trina, já se envolvera com Corelli e se casou com Matt, o melhor amigo dele. Para evitar que a verdade surja outras mortes ocorrem num curto espaço de tempo, pois até o governador Lew Edwards (Richard Crenna) foi fotografado fazendo sexo com Patrice Jacinto (Angie Everhart), uma prostituta. As fotos estavam no cofre de Kyle, mas talvez a solução esteja numa coleção de pêlos pubianos que ele tinha, mais exatamente numa parte desta coleção guardada num recipiente de prata, com pêlos pubianos e um caracter chinês cujo significado era Jade.''
Paramount Pictures
Diretor: William Friedkin
8.848 users / 344 face
Date 31/10/2015 Poster - ######## - DirectorJohn RidleyStarsAndré 3000Hayley AtwellImogen PootsA drama based on Jimi Hendrix's life as he left New York City for London, where his career took off.[Mov 07 IMDB 5,6/10] {Video/@@@@@} M/66
JIMI - TUDO AO MEU FAVOR (unofficial)
(Jimi - All Is By My Side, 2013)
TAG JOHN RIDLEY
{simpático}Sinopse
''O filme foca no período em que Jimi Hendrix (Andre Benjamin) iniciou sua carreira como guitarrista de apoio em clubes de Nova York. Ele é descoberto por Linda Keith (Imogen Poots), uma modelo apaixonada por música que na época namorava o guitarrista Keith Richards (Ashley Charles). Ela acredita no potencial de Hendrix e o convence a se mudar para Londres e gravar um disco, que seria o clássico “Are you Experienced”, com a banda Jimi Hendrix Experience.''
"Uma exposição sobre Jimi Hendrix, com roupas, guitarras, manuscritos e outros trecos ligados ao maior guitarrista da história do rock. A mostra no Shopping JK é uma bela homenagem. Não é possível dizer o mesmo dessa biografia que traz no papel de Hendrix o cantor Andre Benjamin, o Andre 3000 do grupo rap pop Outkast. Centrada na passagem do guitarrista por Londres, quando despontou para a fama, é um filme apenas correto, para quem ainda não conhece Hendrix." (Thales de Menezes)
Darko Entertainment Freeman Film Subotica Entertainment Irish Film Board Matador Pictures AIBMS
Diretor: John Ridley
3.351 users / 5.472 faceSoundtrack Rock
Yellowbirds / The Seeds / Steve Winwood / The Creation / The Small Faces / Pentangle / Savoy Brown / The Yardbirds / Bob Dylan / The Animals / The Shadows of Knight / Bob Dylan
27 metacritic
Date 01/11/2015 Poster - ########## - DirectorDavid O. RussellStarsJennifer LawrenceRobert De NiroBradley CooperJoy is the story of the title character, who rose to become founder and matriarch of a powerful family business dynasty.[Mov 04 IMDB 6,6/10] {Video/@@} M/56
JOY - O NOME DO SUCESSO
(Joy, 2015)
TAG DAVID O RUSSELL
{esquecível}Sinopse
''A inventora Joy Mangano (Jennifer Lawrence) é uma mãe solteira com 3 filhos, cheia de ideias criativas na cabeça. A sua primeira criação revoluciona o mercado com o Miracle Mop, um esfregão feito com um tecido propício para ser torcido, sem a pessoa molhar as mãos. A partir dessa invenção, ela constrói seu negócio milionário.''
"Joy é uma evidência forte da regularidade de Russell. Seus filmes começam a parecer todos iguais, inclusive elenco, mas Lawrence simplesmente "funciona" com esse diretor. Aqui consegue-se extrair uma linda história a partir da ideia de um esfregão (!!!)." (Alexandre Koball)
"Curioso que a melhor performance de Lawrence em sua fiel parceria com o diretor David O. Russell seja também seu trabalho menos consistente: caricato, meio liberto demais em sua narrativa e simplesmente desinteressante. Vale pela personalidade feminina." (Rodrigo Cunha)
"O. Russell constrói um filme irregular em seu tom, com personagens caricatos e certa inconsistência narrativa (personagens mudam e coisas acontecem sem base para isso). Tem seus momentos, e Lawrence é sempre ótima, mas deixa muito a desejar." (Silvio Pilau)
"Dois encantos que pareciam impossíveis são desfeitos: Russell entrega um filme pior que 'Trapaça', e Jennifer Lawrence entrega enfim uma interpretação a altura da revelação 'Inverno da Alma', o que não ajuda muito esse samba desandado." (Francisco Carbone
"Um pouquinho de Capra, um pouquinho de Welles, uma mistureba de O. Russel... honestamente, gostei desse filme mais do que gostaria de admitir." (Guilherme Spada)
{Você é como um vazamento de gás. Ninguém te vê, ninguém sente o seu cheiro, mas você está silenciosamente matando todos nós} (ESKS)
***
"O time é o mesmo do grande estouro O Lado Bom da Vida: o diretor David O. Russell e os atores Bradley Cooper, Robert De Nero e Jennifer Lawrence (que levou um Oscar de melhor atriz naquele ano. "Joy - O Nome do Sucesso" pode não ter repetido o mesmo sucesso, mas pernde o espectador no sofá ao contar a improvável história de uma garota tentando vencer no mundo dos negócios, contra o ceticismo de todos, inclusive sua família. O filme tem diversão, inteligência e a sempre ótima Jennifer. Já basta.'' (Thales de Menezes)
''Joy - O Nome do Sucesso" parece uma versão modernizada da história da Cinderela, em que no lugar de um príncipe encantado a mocinha vai atrás de seu próprio negócio. O subtítulo em português (O Nome do Sucesso) não procura disfarçar isso. A trama é baseada na vida real da inventora de um esfregão que saiu do nada, passou por algumas dificuldades e triunfou no final. Mais esquemático impossível. Quem a interpreta é Jennifer Lawrence, e o papel já lhe rendeu o Globo de Ouro e sua quarta indicação ao Oscar. A direção é de David O. Russell, o mesmo dos dois melhores filmes recentes da atriz, O Lado Bom da Vida e Trapaça, ambos com Bradley Cooper, que também está em "Joy", como Robert De Niro, que fez parte do elenco de "O Lado Bom da Vida". Completam o time duas atrizes de peso, que estão muito bem: Isabella Rossellini e Virginia Madsen. Atriz Jennifer Lawrence como a protagonista de Joy, inventora de um esfregão que se torna dona de um grande negócio. Mas o parágrafo inicial é um resumo muito mal-humorado. "Joy" é mais do que isso. Como nos filmes anteriores de Russell, traz uma mistura de estilos que desafia os gêneros clássicos do cinema, além de algumas de suas marcas: uma família confusa, barulhenta e que mais puxa o tapete do que traz conforto aos seus membros; músicas bem escolhidas; cenas surpreendentes; e ótimos diálogos. Uma das minhas falas favoritas é do pai da mocinha, personagem de De Niro: ele volta para casa, devolvido por sua nova mulher, e é criticado pela ex, interpretada por Virginia Madsen, que vive na cama assistindo a telenovelas. Retruca, irritado: Você é como um vazamento de gás. Ninguém te vê, ninguém sente o seu cheiro, mas você está silenciosamente matando todos nós. Joy é a filha mais nova e mora na casa da família depois que seu próprio casamento acabou. Tem dois filhos pequenos, seu ex-marido é um cantor sem trabalho que mora no porão, lugar que passa a dividir com o ex-sogro. Tem uma meia-irmã que a odeia, e sua avó, que a adorava e acreditava nela, já morreu. Ela teve que abandonar a faculdade para ajudar na contabilidade do negócio do pai quando ele e sua mãe se divorciaram. Dentro de casa ela já é uma matriarca, é quem conserta, limpa, cozinha e organiza a vida de um bando de crianças narcisistas – sejam elas crianças de verdade, caso de seus dois filhos pequenos, sejam seus pais, seu ex-marido e sua irmã. Assim como explora Joy, a única com a cabeça no lugar, a família espera que ela tenha uma ideia brilhante de como melhorar a vida. E, quando acontece de ela criar o tal esfregão revolucionário, todo mundo entra no negócio. E recruta amigos. No caminho, Joy se associa a uma empresa de trapaceiros que quer roubar seu modelo, vai à falência e se ergue com trabalho e esperteza. O sonho americano, sem tirar nem por. Deve ter poucas versões de Cinderela menos sexy do que essa. O único beijo do filme é do pai dela com a namorada que ele conhece na internet. Ela é uma viúva milionária, excêntrica e divertida vivida por Isabella Rossellini. Nem a chegada de Bradley Cooper, como um executivo que coloca Joy para vender seu produto na TV, faz gerar uma faísca para a protagonista. Mas não importa se essa gata borralheira não quer romance, o filme é bom de ver, ainda que fique em último lugar se comparado com os dois anteriores desse trio." (Tete Ribeiro)
O (problemático) filme motivacional da vez.
''Hollywood se consolidou através de mais de um século de cinema se valendo não só de uma diversidade de modalidades e ambientações para explorar narrativas - com a ideia do filme de gênero sendo cultivada desde a mais tenra idade da indústria cinematográfica -, mas também se especializando em contar histórias que dialogassem com as novas relações sociais que surgiram ao longo do século vinte.
Uma das principais modalidades que atraíram o grande público que se formava à época - a população de grandes metrópoles, predominantemente industrial, fidelizada a partir das feiras de atrações - foi o melodrama de pioneiros de D. W. Griffith, tirando do romance burguês a ideia de organizar as histórias centradas no desenvolvimento de conflitos pessoais de seus protagonistas, utilizando de progressão psicológica e emocional em suas narrativas individualistas. As temáticas invariavelmente abordam costumes e contextos sociais que afetam diretamente seus protagonistas, que têm de enfrentar um calvário para atingir a catarse. ''Joy: O Nome do Sucesso'', novo fruto da parceria entre o cineasta David O. Rusell e a atriz Jeniffer Lawrence, serve de maneira quase didática para mostrar como o melodrama atravessou os tempos como um formato tão popular de se contar uma história e a força da “cartilha” do melodrama norte-americano, um conjunto de construções dramatúrgicas e imagéticas típicas. É o que define o gênero cinematográfico como um horizonte de expectativas - as possibilidades já esperadas por quem já viu mais de uma obra destinada ao mesmo filão. E a história da empreendedora de sucesso Joy Mangano tem todos essas possibilidades esperadas para se narrar algo nesse modelo - mãe, trabalhadora, dona de casa, divorciada, cheia de sonhos e vinda de uma família disfuncional - que ironicamente o próprio Russell inicia seu filme recriando uma típica novela soap opera dos EUA. Vemos três atores em preto e branco conversando em tom exagerando, declamando revelações bombásticas acompanhadas de música dramática. Esse início paródico que poderia ser quase um comentário não só à televisão americana, mas também aos próprios estúdios de cinema que encomendam muitos filmes do tipo todos os anos - a maioria fadada a parecer demais entre si - parece logo se desfazer. A paródia do início é quase um prenúncio (ou como é nomeado tal mecanismo narrativo, foreshadowing) do que está por vir. Sim, porque a cinebiografia em questão frequentemente é exagerada, sofrendo de um drama de mão pesada, frequentemente fora de controle - os personagens constantemente gritam, choram, esperneiam e têm suas cenas guiadas por música, reconstruindo frequentemente o que vimos nos primeiros minutos, sob a perspectiva da classe média-baixa americana. Pouco sutil, a execução do filme também enche seus personagens de diálogos explicativos e pouco naturais, além de administrar de maneira artificial os desenlaces da trama. Alguns recursos e momentos podem exemplificar o que foi afirmado acima. O filme é narrado pela avó de Joy, que sempre vê a neta com bons olhos e deposita a confiança na protagonista quando a mesma tem a ideia que mudaria tudo: pedindo dinheiro emprestado da namorada do pai, desenvolve um esfregão que torce sozinho - com a maior dificuldade sendo vender o produto na televisão. A narradora em voz off sempre ressalta as características positivas da protagonista, podendo ser vista dentro de quadro frequentemente ao fundo da cena, reagindo às vitórias e derrotas da figura central. E há o contraponto a essa figura, o pai de Joy, interpretado por Robert de Niro, homem amargo e explosivo conformado com a pequena oficina que possui e que vive de encontro às cegas com mulheres de sua idade. Frequentemente arrasando com a filha na frente de outros, completa com a avó os dois personagens que mais exercem a clássica figura do coadjuvante no melodrama: o observador. O melodrama forma o tempo todo triângulos de protagonista, antagonista e a figura de fora, que sempre sentencia o julgamento do espectador sobre o conflito e as ações, comenta sobre o que a cena se trata, e como é um personagem menos desenvolvido, é nossa forma mais fácil de imergir na história, já que temos um ponto de referência e identificação. Mas da forma como é dirigida no filme, os personagens parecem mais simples mecanismos de narrativa do que elementos integrantes de uma narração. Usados como mecanismos narrativos, as ações (tanto ativas como passivas) desses personagens são os caminhos ou as muletas para fazer render a saga de Joy em levar o seu produto à televisão. Quando Joy não consegue algo, uma alma caridosa estará lá para tomar uma atitude empática e construtiva. Quando consegue, os vampiros emocionais de sua família irão surgir para inserir mais obstáculos no caminho. Preso nisso, o filme pouco consegue aproveitar seus momentos positivos - o personagem da mãe, fonte de comicidade, tinha grande potencial para tornar o filme um grande comentário sobre a cultura de massa e sua relação com desejo de uma vida emponderada e a concretude de ter que lutar por isso (quando o faz em pouquíssimas vezes, o filme tende a crescer). Além da filha, a mãe de início caricatural é uma das poucas com missões e questões próprias, além do produtor televisivo que mostra a verdade para a protagonista por trás da vida de sonhos vendida na televisão - como um espelho da mãe, mostra como é difícil vender uma vida fácil para pessoas que nem a genitora de Joy, que aprende aos poucos a desligar-se da ilusão de realidade para lidar com questões pessoais. Mas fora isso, todos os outros orbitam e são subordinados à personagem de Lawrence. Em um terceiro ato especialmente ruim, Joy se alonga de forma desnecessária; a questão dos manufaturadores dos esfregões volta de forma abrupta onde o filme já se encaminhava para um desenlace, esquecida há dezenas de minutos pelo roteiro - que então se preocupava com o início da carreira de vendedora televisiva de Joy Mangano, interrompendo esse arco para voltar a uma questão antiga, imputar de forma inesperada o maior desafio do filme e finalmente, resolver de maneira apressada e descomplicada o que seria o clímax. Não há nada de Deus ex machina, a tal solução mirabolante que resolve os filmes; da maneira tão simplista que surge, o filme parece precisar acabar sem poder - ou fazer questão - de aprofundar a luta de seu terceiro ato. Ele surge e se resolve, e é basicamente isso. Mas Joy não deixa de ter questões interessantes, ainda que mal aproveitadas. A mídia que consumimos como um mecanismo tanto de alienação quanto de libertação da vida cotidiana é abordada de maneira problemática, na velha história do underdog, ou azarão, personagem típico de muitas histórias que aprendemos a gostar de ver sofrer para que então possa ascender, acompanhado de muita música que dá o tom do que devemos sentir - feliz, triste, perigosa - e composições visuais que aprendemos a reconhecer tão bem quanto a música - as imagens de arquivo com câmera manual, os flashbacks com fotografia suave, os travellings deslizantes em sequências musicadas… Sempre com um efeito específico intentado, nos sugerindo de maneira pouco criativa o afeto que criaremos com o momento em si. Essa abordagem é problemática por ser esquemática, de conceder a noção de anteceder os fatos de uma maneira que soa repetitiva, pouco vigorosa, dando o nó final de maneira bastante sem fôlego, basicamente parando de contar em cima do ponto onde tudo se resolve. Sim, muitos outros filmes tentaram isso, e aí que o filme pouco faz para elevar-se acima dos outros. Não trazer novidades, como se o espectador funcionasse quase como “programado” por uma estratégia que sempre o levará ao mesmo caminho. Nós já vimos Joy antes, com outros nomes, outras caras, outros motes - e esse é o problema: já vimos até demais.'' (Bernardo D.I. Brum)
''Joy, novo filme do cineasta David O. Russell, começa com uma cena de novela - uma daquelas produzidas pela tevê norte-americana e que, exibidas durante o dia, conseguem ser mais artificiais e absurdas do que suas primas mexicanas. E é assim, exibindo atores sem talento claramente lendo suas falas em cartazes fora de quadro, que o diretor indica ao espectador a abordagem narrativa que adotará no longa: a de uma fábula novelesca. Tangencialmente baseado na vida da empresária Joy Mangano (produtora executiva do projeto, diga-se de passagem), o roteiro do próprio realizador se concentra na vida da personagem-título (Lawrence), que, pobre e responsável por cuidar da mãe (Madsen), de dois filhos pequenos, do ex-marido (Ramírez), do pai (De Niro) e da avó (Ladd), acaba por inventar um novo tipo de esfregão, tornando-se sucesso em um canal de televendas. Não é, obviamente, a mais promissora das histórias, mas qualquer artista talentoso pode encontrar drama na mais tola das premissas – e é provavelmente por saber que precisaria conferir interesse a uma trama rasa que O. Russell faz uma aposta malsucedida ao adotar estrutura, tom e ritmo completamente equivocados. Para começar, há a auto importância do projeto, que abre com uma dedicatória às inúmeras mulheres que triunfaram diante de grandes adversidades. Ora, num ano marcado por uma importante valorização das causas feministas na política, na sociedade e nas artes, a promessa de um longa inspirado por uma mulher forte e sua natureza perseverante é admirável – o que apenas torna a realidade do filme em si ainda mais decepcionante, já que não só se concentra na comercialização de um símbolo da submissão feminina ao patriarcado (o esfregão) como emprega, como estratégia narrativa, a emulação das mesmas novelas que ao longo das décadas se tornaram (até mesmo por preconceito e elitismo) símbolos do entretenimento raso concebido primordialmente para mulheres. Em outras palavras: Joy pode ter boas intenções, mas não a sensibilidade necessária para realizá-las. Habitado por caricaturas criadas exclusivamente para transformar em pesadelo a vida da heroína, o longa prende a garota a uma mãe que praticamente não se levanta da cama, passando todo o dia assistindo a (claro) novelas; a um pai pouco sensível às suas necessidades e ambições; a um ex-marido que, mesmo amável, exibe uma dependência pouco saudável e a uma meia-irmã (Röhm) repleta de ressentimentos e inveja. De forma similar, a estética perseguida pelo cineasta e pelo diretor de fotografia Linus Sandgren remete propositalmente à artificialidade das novelas, apelando para zooms ridiculamente dramáticos, grandes angulares que distorcem o universo da protagonista e cortes que revelam, em close, os rostos dos personagens que a reprimem. Neste sentido, a lógica e a construção cuidadosa dos eventos é o que menos importa: de um momento para outro, o ex-marido de Joy surge com uma namorada antipática que imediatamente a humilha; uma encomenda de 50 mil esfregões para a semana seguinte é fabricada sem que compreendamos como uma empresa minúscula daria conta de uma demanda súbita tão grande; e personagens que num instante parecem apoiar a personagem-título subitamente passam a hostilizá-la ou a sabotá-la. Sutileza, claro, é o que menos importa, culminando num diálogo do pai interpretado por Robert De Niro que soa embaraçoso de tão artificial em seu propósito de inspirar a compaixão do espectador pela filha: Eu dei a ela confiança para achar que era mais do que uma dona de casa desempregada vendendo bagulhos de plástico para outras donas de casa desempregadas num canal a cabo barato. (...) Eu a fiz pensar que ela era mais do que era na verdade. Faltaram apenas a risada maligna e a torcida no bigode. (E que De Niro tente vender o momento como um esforço de empatia por parte de seu personagem é prova de seu brilhantismo como ator, mesmo falhando.) Aliás, ainda que a lógica narrativa do diretor funcionasse (e repito: não funciona), a falta de coesão ao aplicá-la acabaria por comprometê-la. Percebam, por exemplo, como O. Russell constrói o longa visualmente para representar o ponto de vista de Joy (os momentos dramáticos são levemente distorcidos pelas grandes angulares e o posicionamento da câmera frequentemente chega quase à subjetividade total), abandonando esta abordagem subitamente quando o personagem de Bradley Cooper é apresentado, quando, então, o cineasta demora a enfocar seu rosto (já visto por Joy) apenas para aumentar o impacto da “revelação” de que se trata do ator que já viveu pares românticos com Jennifer Lawrence em outras ocasiões. Como se não bastasse, a narração em off feita pela avó vivida por Diane Ladd não só é dispensável como acaba se estabelecendo como um truque barato para provocar um draminha que a relação mal construída entre avó e neta não conseguiria evocar. Por outro lado, a sequência que introduz os bastidores do canal de televendas dirigido por Neil Walker (Cooper) é dinâmica e interessante, estabelecendo-se como o único momento de energia da projeção. Impossibilitada pelo péssimo roteiro de construir uma personagem minimamente coerente, Jennifer Lawrence – que, de imediato, já seria jovem demais para o papel (equívoco similar ao cometido em Trapaça) – fica presa às necessidades imediatas de cada cena, mudando sua composição bruscamente de um momento para outro: aqui, é uma jovem insegura; ali, uma adulta capaz de enfrentar qualquer um (e não, não há transição orgânica que sugira amadurecimento). Assim, ela salta do papel de mulher perdida e derrotada ao de advogada autodidata praticamente entre duas cenas, surgindo inexplicavelmente com óculos que não usara até então e que supostamente servem apenas para conferir ar de inteligência à jovem. E se isto já seria suficientemente sexista (além de envolver um estereótipo ridículo), a coisa se torna ainda pior quando Joy, seguindo o maior dos clichês, ilustra sua decisão de enfrentar os problemas ao cortar o próprio cabelo diante do espelho, como se a eliminação das longas - e femininas - madeixas a tornasse mais forte. No entanto, talvez o tropeço mais irritante de Joy seja incluir uma sequência de pesadelo na qual a protagonista se enxerga dentro das novelas que a mãe costuma acompanhar, quando não só vê os parentes sob luz ameaçadora como ainda visita o velório de sua versão infantil (Simbolizando o sacrifício da promessa que representava quando criança, entenderam?, parece gritar o diretor). Ora, se o propósito de iniciar o longa com uma cena de novela era justamente o de indicar para o público a intenção do próprio longa de se apresentar como uma, o pesadelo – que obviamente busca ressaltar ainda mais a ideia – acaba anulando a estratégia: afinal, se o sonho é uma representação fabulesca da vida de Joy, isto transforma o filme em si... em quê? Numa representação novelesca que contém outras, como bonecas russas construídas por um autor que não compreende a própria intenção? Vindo de um realizador experiente como David O. Russell, isto é no mínimo decepcionante. Não, estou sendo caridoso demais: é um desastre completo." (Pablo Villaça)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo
Annapurna Pictures Davis Entertainment Fox 2000 Pictures TSG Entertainment
Diretor: David O. Russell
44.346 users / 19.889 faceSoundtrack Rock
The Rolling Stones / Buffalo Springfield / Elvis Presley / Bruce Springsteen / The Bee Gees / Alabama Shakes / Cream
48 Metacritic 75 Down 23
Date 16/02/2016 Poster - #### - DirectorPaolo SorrentinoStarsMichael CaineHarvey KeitelRachel WeiszA retired orchestra conductor is on vacation with his daughter and his film director best friend in the Alps when he receives an invitation from Queen Elizabeth II to perform for Prince Philip's birthday.[Mov 07 IMDB 7,4/10] {Video/@@@} M/64
JUVENTUDE
(Youth, 2015)
TAG PAOLO SORRENTINO
{poético}Sinopse
"Fred (Michael Caine) e Mick (Harvey Keitel), dois velhos amigos com quase 80 anos de idade cada, estão passando as férias em um luxuoso hotel. Fred é um compositor e maestro aposentado e Mick é um cineasta em atividade. Juntos, os dois passam a se recordar de suas paixões da infância e juventude. Enquanto Mick luta para finalizar o roteiro daquele que ele acha que será seu último grande filme, Fred não tem a mínima vontade de voltar à música. Entretanto, muita coisa pode mudar."
"Ainda que seja mais suportável que A Grande Beleza, Sorrentino entrega outro filme pretencioso cheio de manías bregas e irritantes que só é salvo pelo elenco que apesar de ser bom, não é muito bem aproveitado. Tem seus momentos interessantes, mas só." (Guilherme Spada)
Menos erudição e mais cinema.
''Mesmo com um carreira relativamente curta e, por enquanto, de apenas 6 longas-metragens, o nome de Paolo Sorrentino raramente deixou de constar nas mostras competitivas dos grandes festivais internacionais de cinema da última década. Ainda assim, foi apenas a partir do sucesso de A Grande Beleza que ele adquiriu o status artístico e o cacife financeiro suficiente para fazer o filme que lhe desse na telha. Toda esta liberdade criativa é materializada em imagens com ''A Juventude'', projeto que parte da história de dois idosos, um maestro aposentado e um cineasta em bloqueio criativo, para abordar, entre vários outros, o tema do envelhecimento e da proximidade da morte. Se de um lado a opção de Sorrentino pode parecer estranha e fácil demais (o roteiro guarda mais semelhanças com A Grande Beleza do que o recomendado e sua estrutura, ainda que sob o verniz de filme de arte, se serve da fórmula já conhecida do buddy-movie), de outro, há muita coisa a se admirar neste seu novo trabalho. Assim como fez nos últimos 20 anos, o maestro e compositor Fred Ballinger (Michael Caine) está passando suas férias num suntuoso spa aos pés dos alpes suíços. Já aposentado do seu ofício, mas ainda lembrado por seu legado musical, ele alterna seus dias entre a leitura do The Guardian, sessões de massagens, e passeios pelas alamedas e jardins locais. Mesmo com todas as pressões em sentido contrário, Ballinger nunca voltou atrás na sua decisão de se afastar do mundo das artes. A mais recente tentativa de convencê-lo a erguer novamente batuta vem de ninguém menos que a própria Rainha da Inglaterra, que, em homenagem ao marido aniversariante, pretende contar com Ballinger na condução e apresentação da sua composição mais conhecida, Simples Songs. Ao lado de Ballinger gravitam outros personagens, como sua filha e assistente Lena (Rachel Weisz), que acaba de ser trocada pelo noivo por uma cantora pop; seu amigo e cineasta Mick Boyle (Harvey Keitel), que, ao lado de outros jovens roteiristas, finaliza seu filme-testamento que será dedicado à sua musa Brenda More (Jane Fonda); e o ator Jimmy Tree (Paul Dano), que usa a paz proporcionada pelo spa como preparação para o seu próximo trabalho. Co-habitam o mesmo espaço outras figuras, como um guru espiritual que jura ser capaz de levitar, um ex-jogador de futebol (uma óbvia referência a Maradona), um casal que não troca nenhuma palavra durante o jantar, a miss universo, e um alpinista com feição de lenhador. É desse universo, ao mesmo tempo real e simbólico, que A Juventude extrai sua força – e também sua fraqueza. Talvez o que mais prejudique o resultado final seja a necessidade constante, quase obsessiva, de Sorrentino querer parecer mais erudito ou mais profundo do que realmente é. Já era possível notar nas suas obras anteriores esta busca pelo “grande tema” e pelo posicionamento com um homem afeito às “grandes artes”: As Conseqüências do Amor e O Amigo de Família eram comédias de costumes que apresentavam uma visão bastante irônica da sociedade italiana da primeira década do anos 2000, mas não deixavam de ser vôos rasantes. A partir de O Divo a coisa ficou mais séria, tanto na temática (a Itália passou a ser vista não a partir de crônicas inofensivas, mas sim pelo ponto de vista do crime organizado), quanto no estilo de filmagem (sua câmera se tornou muito mais inquieta, e travellings, panorâmicas, e outros recursos técnicos voltados a extrair o máximo de cada plano, viraram uma marca do diretor), o que lhe conferiu comparações com Martin Scorsese (de fato, a semelhança de O Divo com Os Bons Companheiros não é ao acaso). Para Sorrentino, no entanto, a aproximação com Scorsese não bastava e, em busca de algo mais “artístico”, ele encontrou no nome de Wim Wenders o que procurava. Daí surgiu Aqui é o Meu Lugar, seu primeiro longa falado em inglês, e claramente inspirado em Paris, Texas. Mas Wim Wenders ainda era insuficiente e Sorrentino se serviu das lições de Fellini, especialmente A Doce Vida e Roma de Fellini, para realizar A Grande Beleza, certamente seu trabalho de maior repercussão internacional e que o tornou conhecido além dos limites da Bota. Finalmente, A Juventude ainda bebe na fonte de Fellini (desta vez em 8 ½), mas suas referências vão além, em particular na escrita de Thomas Mann (a ambientação no spa remete a A Montanha Mágica e Morte em Veneza) e no cinema de Luchino Visconti (o tema da decadência e da busca pelo belo). Toda esta influência de Sorrentino na alta cultura é bem vinda. É evidente que ela enriquece e acrescenta novas camadas aos seus filmes, que revelam novos tesouros a cada revisão. Mas quando esta erudição se excede e atravanca o ritmo e proposta geral da obra, o caldo começa a entornar. Esse sintoma já era perceptível em A Grande Beleza, que parecia querer alçar vôos mais altos do que a obra era capaz de sustentar. No final das contas, o saldo era positivo muito por causa do seu protagonista Jep Gambardella, cujo visão cínica e desesperançada da vida contribui para atenuar o peso e as pretensões do filme. Já em ''A Juventude'', essas referências mais atrapalham do que ajudam. Sorrentino constrói cada cena como se fosse um clímax. Há uma busca constante pela epifania. Os diálogos trazem verdades absolutas sobre a vida, amor, relacionamento entre pais e filhos, envelhecimento, arrependimento e tantos outros temas. A rigidez e o desânimo de Ballinger e Mick perante à vida, que se contrapõe à acidez de Gambardella, acentua o tom de auto-ajuda e de lição de moral. Além disso, os assuntos não são costurados de forma orgânica dentro da narrativa, o que, a certa altura, torna o filme episódico e esquemático. Além de não dar conta de tanta ambição, Sorrentino perde um tempo precioso com subtramas que, a rigor, não levam a lugar nenhum ou não são devidamente exploradas. Um exemplo é a figura do guru que passa o filme inteiro em busca da elevação espiritual. A desconfiança que Ballinger demonstra com a efetividade daquela reza indica que o roteiro guarda uma função para aquele personagem, mas que ao final não se confirma. Por sua vez, a referência a Maradona, não se conecta à história em nenhum momento. Há também o ressentimento de Lena com pai, acusado de sempre priorizar a música em detrimento da família, que é esquecido tão logo vem à tona. Outro pequeno plot que não atinge todo o seu potencial é a recordação de uma disputa amorosa ocorrida na adolescência dos protagonistas. Mesmo as críticas ao mundo das celebridades, simbolizado nos clipes da cantora Paloma Faith, que interpreta a si própria, e ao cinema, cada vez menos inteligente que a televisão, parecem pertencer a outro filme. Apesar dos pesares, ''A Juventude'' funciona em vários outros aspectos. De cara, já se percebe a fina ironia do título. Sorrentino aborda o envelhecimento e a proximidade da morte justamente pelo caminho inverso: a busca pela juventude, entendida esta não como um valor necessariamente atrelado à idade cronológica dos personagens, mas sim de entusiasmo pela vida. Mais que sessões de massagem, horas a fio em saunas a vapor, e refeições saudáveis, os hóspedes do spa querem reencontrar a alegria de viver perdida em algum momento do passado e por circunstâncias variadas. Em certo sentido, todos ali são mortos-vivos, zumbis em vida, que anseiam pelo fim do estado vegetativo invisível e inconsciente que impedem seus movimentos de soltura. Ballinger, por exemplo, não encontra mais motivação para voltar ao mundo da música, e nem um convite da Rainha é capaz de demovê-lo desta decisão. Sua apatia é visível. A interação com outras pessoas é menos interessante do que com os animais do spa, com quem ele simula uma regência imaginária. Mick, por sua vez, enquanto procura o final perfeito para o seu mais recente filme, lamenta o amor não correspondido por sua musa das telas. Lena vaga aos prantos pelo hotel em busca de uma resposta para o inesperado e abruto fim do seu noivado. E Jimmy Tree, um verdadeiro poço de ressentimento por não ser reconhecido pelos fãs por seus papeis mais importantes, se vê num dilema ético em relação ao seu próximo personagem. A redenção destes personagens virá da percepção individual de que um movimento precisa ser feito, de dentro para fora (como o médico de Ballinger diz: Sabe o que você encontrará fora do spa? A juventude!), literalmente um pulo no vazio, até mesmo sem corda se necessário. O excesso de temas que o filme pretende abraçar, de fato, joga contra o filme, mas essa rica camada psicológica equilibra as coisas, e A Juventude fica com crédito na praça. Sorrentino costuma ser chamado por seus críticos mais ferozes de maneirista e exibicionista, tal a sofisticação (frescura para alguns) dos seus planos. Não compartilho desta opinião. Ante disso, vejo um estilo bastante pessoal, uma plasticidade, e um aproveitamento do espaço cinematográfico bastante raro nos dias de hoje. Há várias belas cenas para se admirar: o primeiro diálogo entre Ballinger e o oficial de cerimônias do palácio real, em que Sorrentino vai expandindo o ângulo dos planos e a geografia da sequência revela outros participantes passivos até ocultos da conversa); a contraposição das mesas de massagem, que simbolizam o desequilíbrio da relação entre pai e filha logo após algumas delicadas revelações do passado virem à tona; a longa e interessante troca de idéias entre Ballinger e Jimmy, que se encerra no exato momento em que os atores desaparecem por trás das árvores; a confrontação imaginária entre Mick e os personagens femininos que ele mesmo criou. ''A Juventude'' pode até não dar conta de todas as idéias tratadas nestas passagens, mas a beleza e a elegância da encenação não deixam dúvidas. Sorrentino é, sim, um cineasta diferenciado. O elenco é dos mais afiados. Michael Caine volta a ter um personagem à sua altura e, com um atuação calculadamente minimalista, ele nos lembra o quanto é bom. Harvey Keitel encara um papel mais próximo de O Piano do que as parcerias com Scorsese ou Ferrara, e se sai muito bem, no mesmo nível de Caine. Weisz defende um personagem ingrato, mas o seu belo monólogo na sala de massagem mostra que ela também é fera. Paul Dano, numa pegada mais indie, prova que precisa ser mais reconhecido do grande público. E a felliniana Jane Fonda, mesmo com pouco mais de 5 minutos em cena, como sempre deixa sua marca (chegou a ser indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel). De certa forma, ''A Juventude'' pode ser visto como uma extensão de A Grande Beleza, já que os pontos de contato, temáticos e estilísticos, são muitos. Ainda que a sensação de deja vu incomode um pouco, esse não é o grande problema da obra de Sorrentino. A Juventude sofre, sim, de uma obsessão de querer parecer importante, de ditar regras e frases feitas, de explicar os grandes segredos da humanidade, enfim, de tentar ser mais profundo do que realmente é. Tivesse focado apenas no cinema, o resultado certamente seria mais satisfatório. Às vezes, menos é mais." (Régis Trigo)
{Você aprende algo, fica feliz e esquece de frear} (ESKS)
''A reação do público das premières mundiais em Cannes nunca serve de parâmetro para a Palma de Ouro, concedida por um júri neste ano liderado pelos irmãos Joel e Ethan Coen. Mas a intensidade da recepção a "Juventude", novo filme do italiano Paolo Sorrentino, indica que este será o filme "amo ou odeio" da 68ª edição do festival: aplausos e gritos de bravo foram rebatidos com a mesma intensidade por sonoras vaias ao drama. Mas não conte com o longa fora da disputa. Sorrentino está acostumado a reviravoltas. Há dois anos, o ganhador do prêmio do júri por Il Divo apresentou em Cannes seu A Grande Beleza. Apesar de ser uma aposta para a Palma de Ouro, não levou nada em 2013. Meses depois, o diretor deu o troco ao ganhar o Oscar de filme estrangeiro. Mas "Juventude" tem uma tarefa complicada pela frente. Faltando três dias para o fim do festival, cinco filmes são candidatos sérios ao prêmio em Cannes: o chinês Mountains May Depart, de Jia Zhangke; o húngaro Saul Fia, de László Nemes; Carol, do americano Todd Haynes; o grego The Lobster, de Yorgos Lanthimos; e o norueguês Louder Than Bombs, de Joachim Trier. E não seria nenhuma surpresa se "Juventude" levasse o prêmio de melhor ator. Michael Caine entrega uma interpretação fragilizada como poucos vimos em sua carreira no papel de Fred Ballinger, velho e genial maestro que se aposentou e passa os dias em um retiro na Suíça, supostamente fazendo um check-up. Na minha idade, ficar em forma é um desperdício de tempo", diz ele, traduzindo a melhor ideia do filme: lidar com a chegada da velhice inevitável sem perder a energia. A única alternativa a interpretar idosos é fazer o papel de pessoas mortas", brincou Caine após a exibição do filme. Prefiro os idosos. O ator de 83 anos, galã nos anos 1960 e ganhador de dois Oscar de ator coadjuvante por Hannah e Suas Irmão e Regras da Vida, diz que notou sua nova condição quando um executivo mandou um roteiro, anos atrás, e Caine recusou achando que o papel era pequeno. O produtor falou: Não quero que você leia o amante e, sim, o pai. Então, percebi que não conquistaria mais a garota [nos filmes], disse. Acompanhando Caine em sua recuperação suíça, Harvey Keitel (Cães de Aluguel) faz um diretor de cinema que tenta se manter na ativa – mesmo quando leva um choque de realidade de uma diva interpretada por Jane Fonda. A passagem do tempo é uma das poucas coisas que me interessam. Quero entender se podemos manter a mesma paixão da juventude com o passar da idade, por isso é um filme bastante otimista, disse Paolo Sorrentino. O problema de "Juventude" é o mesmo que transformou "A Grande Beleza" em um grande filme: a extravagância barroca do cineasta, que desvia muitas vezes da discussão sobre decadência mental e física acaba atropelando o lado emocional do filme. O protagonista se nega a conduzir uma orquestra, mesmo a pedido da rainha da Inglaterra, enquanto lida com a filha insegura (Rachel Weisz). Mas os satélites que orbitam essa trama são inúmeros e caóticos: Paul Dano (Sangue Negro) faz um ator repleto de cinismo; há um ex-jogador de futebol gordo tentando recuperar a saúde (uma nova homenagem a Maradona, ídolo do diretor); e números musicais que parecem ensaios de moda para a Vogue, além de dezenas de jogos de câmera espertos. No fim, Caine e Keitel se deslumbram com uma Miss Universo (Madalina Ghenea) pelada na piscina. A imagem virou o pôster de "Juventude", mas não teve o efeito esperado no protagonista. "Nós dois velhos olhando para aquela linda garota sem roupas? Estamos olhando para algo que perdemos e nunca recuperaremos", divagou Caine. "É um pôster triste. Me fez chorar." (Rodrigo Salem)
****
''Começando pelo começo: é constrangedor, para não dizer vergonhoso, que uma distribuidora se disponha a lançar um filme, qualquer filme, em São Paulo sem promover uma projeção para a imprensa. Tanto pior se o filme for de Paolo Sorrentino, talvez o mais relevante diretor de sua geração na Itália, e se "Juventude" concorreu à Palma de Ouro e ao Oscar de filme em língua estrangeira. Em troca, o que recebemos foi a duvidosa honra de assistir ao filme via link da internet. O filme, em Cinemascope, não é visto em sua dimensão original, pois cortado nas laterais (há momentos em que dois personagens que conversam estão fora de quadro). O corte também atinge a dimensão vertical, de modo que temos um filme onde as cabeças estão não raro cortadas. Dito isto, aquilo que se consegue ver, estamos diante de um filme pelo menos decente, onde se trata de um maestro aposentado, Fred Ballinger (Michael Caine), atualmente retirado num hotel dos Alpes suíços, que recebe uma oferta da rainha da Inglaterra para reger uma música sua numa ocasião solene. Ballinger se nega. Diante da insistência dos emissários, alega motivos pessoais. Próximo dele estão sua filha Lena (Rachel Weisz) e o velho cineasta Mick Boyle (Harvey Keitel). Este, acompanhado por um grupo de roteiristas, escreve o roteiro daquele que pretende que seja seu testamento artístico. Um incidente: a separação de Lena, abandonada pelo filho de Mick. A relação entre os dois amigos não se altera, mas algo se define a partir de então: do lado de Fred os sentimentos parecem estar enterrados há muito tempo. Talvez desde sempre. É essa separação que despertará a necessidade do maestro de juntar as pontas de sua existência. É a essa operação que o filme, de certa forma, vai se dedicar, a partir de uma narrativa fragmentária (dividida entre os três personagens centrais). Seu mérito maior será remontar a vida e os problemas do velho maestro sem recorrer ao recurso um tanto covarde do flashback. É no presente que buscará suas respostas. É o presente, no mais, que revelará a superficialidade quase completa da longa amizade com o cineasta. Um dos aspectos que desequilibram o filme é o pouco interesse do personagem de Keitel, na maior parte do tempo apenas apoio para o maestro. Mesmo o fora que leva de sua estrela favorita, Brenda Morel (Jane Fonda), não tem rendimento dramático. A partir desses desequilíbrios, e até onde foi possível ver, esse filme que, de resto, aproveita-se muito bem da paisagem, pode-se entender bem a atual crise de público do chamado filme de arte.'' (* Inácio Araujo *)
''Em 2014, o italiano Paolo Sorentino surpreendeu o mundo ao conquistar os prêmios de melhor filme estrangeiro no Óscar, no Globo de Ouro e no BAFTA, por A Grande Beleza. Pois em 2015 o diretor volta a abordar a passagem do tempo em "Juventude", seu segundo filme em língua inglesa, que conta com um elenco cheio de bons veteranos. Ambientado em um Spa localizado nos Alpes Suíços, o longa acompanha dois amigos de longa data que ali estão hospedados: Fred (Michael Caine), um compositor e maestro, lembrado eternamente por uma série de composições consideradas obras-primas, e Mick (Harvey Keitel), um cineasta que está acompanhado de um grupo de jovens escritores na tentativa de fazer seu último filme. Durante a hospedagem no lugar, os dois conversam e dissertam sobre diversos assuntos, como as lembranças da infância, o medo da morte, os planos que deixaram para trás, o legado que vão deixar para as futuras gerações e os modos de vida da sociedade atual. São diálogos sublimes, que combinam com a beleza estética do lugar e nos fazem refletir sobre as nuances da vida humana. Fred recebe o convite para voltar ao palco numa apresentação especial para a Rainha da Inglaterra, mas não aceita por um motivo bem particular: ele não quer ver ninguém interpretando as músicas que antes eram interpretadas por sua mulher, que hoje vive em um asilo vitimada pelo Alzheimer. Já Mick sofre por não conseguir encontrar o final perfeito para seu filme, e vive na esperança de ter Brenda (Jane Fonda), uma antiga companheira de filmes, no papel principal. Ao redor dos dois, uma série de outros personagens curiosos também ganham voz, como Jimmy (Paul Dano), um ator que está se preparando para seu novo papel e odeia ser sempre lembrado por um papel específico em um filme de super-herói. Além dele tem ainda um astro argentino de futebol, aposentado e decadente (a semelhança com Maradona não é mera coincidência), uma miss universo (Madalina Ghenea) que põe a imaginação de todos para funcionar e Leda (Rachel Weisz), filha de Fred que vive um momento complicado de seu relacionamento com Julian (Ed Stoppard). Na parte técnica, a fotografia é sem dúvida o que mais chama a atenção, com belas tomadas. A trilha sonora também é belíssima e dá um toque especial à trama, além das boas atuações de Michael Caine e Harvey Keitel. A Juventude é um filme bastante reflexivo, sobretudo a repeito da passagem do tempo e de suas irreparáveis consequências. Dividiu opiniões em Cannes, tendo sido vaiado e aplaudido de pé ao mesmo tempo, e é um dos fortes nomes para a corrida do próximo Óscar." (Rafael Menegon)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo / 2015 Palma de Cannes / 2016 César
Top Suíça #23
Indigo Film Barbar bFilms Pathé France 2 Cinéma Number 9 Films C-Films AG Medusa Film Film4 Canal+ Ciné+ France Télévisions RSI-Radiotelevisione Svizzera SRG SSR idée suisse Téléclub Mediaset Premium Ministero per i Beni e le Attività Culturali (MiBAC) Regione del Veneto Regione Lazio Bundesamt für Kultur (EDI) Fonds Eurimages du Conseil de l'Europe
Diretor:Paolo Sorrentino
32.595 users / 21.897 faceSoundtrack Rock
David Byrne
41 Metacritic 192 Down 31
Date 13/03/2016 Poster - ###### - DirectorKevin GreutertStarsSarah SnookMark WebberJoelle CarterReturning to her childhood home in Louisiana to recuperate from a horrific car accident, Jessabelle comes face to face with a long-tormented spirit that has been seeking her return -- and has no intention of letting her escape.[Mov 03 IMDB 5,4/10] {Video/@@} M/37
JESSABELLE - O PASSADO NUNCA MORRE
(Jessabelle, 2014)
TAG KEVIN GREUTERT
{esquecível}Sinopse
''Mulher tem que voltar a morar com o pai na Louisiana, depois que um acidente a deixa imobilizada. Mas ela descobre um mistério a respeito de seu passado que põe sua vida em risco.''
''O público-alvo do cinema de horror contemporâneo é formado por adolescentes e jovens adultos, gente para quem A Bruxa de Blair é antigo e que não conhece clássicos como O Exorcista ou Carrie. Cada vez mais, os filmes novos se limitam a empilhar referências, copiando filmes anteriores. A falta de imaginação é absoluta. Veja o caso de Jessabelle: qualquer um com o mínimo conhecimento da história do cinema de horror pode achar pelo menos meia dúzia de cenas ou situações claramente copiadas de outros filmes. Não há um único elemento novo ou imaginativo. Vamos lá: Jessabelle é uma moça traumatizada pela recente morte do noivo (clichê!), que muda para a velha casa do pai (clichê!) depois de ficar confinada a uma cadeira de rodas (clichê!). A casa é antiga e decrépita (clichê!) e fica num pântano (clichê!). Na casa, Jessabelle começa a ter visões de crianças (clichê!) e acha uma caixa de fitas VHS com gravações de sua mãe (clichê!) em que ela revela um segredo terrível que vai afetar a vida de Jessabelle (clichê!). E por aí vai. O cinema de horror sempre viveu de arquétipos: a mansão mal-assombrada, os segredos de família escondidos no passado, caixinhas misteriosas que escondem objetos amaldiçoados etc. O negócio é como o cineasta trabalha dentro desses arquétipos para criar algo novo. Mas Jessabelle não tem nada de surpreendente. É um filme preguiçoso, mal escrito e banal, que até causa uns sustos de vez em quando, mas põe o espectador na posição incômoda de perceber que já viu aquilo antes em um filme melhor." (Andre Barsinski)
Blumhouse Productions Lionsgate
Diretor: Kevin Greutert
17.413 users / 5.912 face
14 Metacritic
Date 09/12/2016 Poster - ### - DirectorRichard LinklaterStarsBlake JennerTyler HoechlinRyan GuzmanIn 1980, a group of college baseball players navigate their way through the freedoms and responsibilities of unsupervised adulthood.[Mov 08 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@} M/83
JOVENS, LOUCOS E MAIS REBELDES
(Everybody Wants Some!!, 2016)
TAG RICHARD LINKLATER
{divertido}Sinopse ''Jake está chegando em sua nova faculdade, já trazendo uma certa fama de bom arremessador. Ele logo faz amizade cm seus colegas de faculdade, um grupo de jogadores de beisebol que constrói seu caminho através das liberdades e responsabilidades da vida adulta sem supervisão.''
"Linklater constroi blocos potentes e salta por cenários e situações imaginativas que vão interligando diferentes personagens, dramas, vibes, gêneros musicais e elementos culturais da época. É um filme que naturalmente faz o que Boyhood tentou na marra." (Daniel Dalpizzolo)
"Linklater mais uma vez usa o cotidiano como retrato e representa mais uma geração, dessa vez a dos anos 80, de maneira brilhante. Será que iremos para os 90?" Rodrigo Cunha)
"Assim como fez em outros filmes, Linklater não se atém a um enredo, preferindo capturar o sentimento da época e as relações entre os personagens. O resultado é um filme divertido, sincero e até tocante, mais um de sua carreira destinado a virar cult." (Silvio Pilau)
"Novamente Linklater faz do tempo o seu personagem principal e única matéria-prima, mas agora numa vibe muito mais descontraída e irreverente. Everybody Wants Some escapa lindo da autoindulgência e se mostra um retrato sincero e completo de uma geração." (Heitor Romero)
"É realmente um upgrade de Dazed and Confused, com um clima descontraído e muita bebida, drogas, sexo e rock'n roll. Prefiro Linklater discursando sobre uma geração de uma maneira bem liberal, descompromissada e com muito o que falar nas entrelinhas." (Francisco Bandeira)
''Richard Linklater é um diretor que se sai melhor em filmes despretensiosos, em que os detalhes ganham peso e oferecem o tipo de beleza que se esconde nas pequenas coisas, nos gestos mais econômicos dos atores, nas variações das inflexões de voz. É assim com a trilogia formada por Antes do Amanhecer, Antes do Pôr-do-Sol e Antes da Meia Noite, em "Escola de Rock" (2003), e também no seu primeiro filme de sucesso crítico, Jovens Loucos e Rebeldes. Este último ganha, 23 anos depois, uma continuação: "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!". Linklater andou dizendo que é também uma continuação de Boyhood. Pode ser, mas este se ancora na pretensão, enquanto, no tom, o mais recente lembra mesmo o de 1993. Agora, em vez de se voltar aos anos 1970 de Led Zeppelin e do glam-rock, ele capta o ano de 1980, o desbunde da disco music e a energia do punk. Vemos jovens universitários com as preocupações que nos afligem nessa fase da vida: festas, paqueras e zoeiras sem fim. Até que a corda aperta e temos de estudar como doidos para não ficarmos para trás. Seja nos EUA, no Brasil ou na Turquia, jovens são sempre iguais: cheios de energia e vazios de foco. Existem as exceções, claro, e elas hoje dominam o mundo por meio da informática e dos games. Naquela época, quem se concentrava nos estudos tinha papelzinho grudado nas costas e levava pontapés no traseiro. Não há exatamente uma história. Vemos episódios levemente conectados dos jovens em meio a um mundo de possibilidades e descobertas. A câmera é leve, atenta, pronta para flagrar vacilos ou flertes. A montagem imprime o ritmo da disco, quebrando-se, por vezes, quando energizada pela música agressiva dos punks. É o retrato de uma época gostosa. Não os anos 80 propriamente, mas a época em que somos, geralmente, jovens irresponsáveis e bobões. O filme nunca faz uma crítica dessa juventude. Tampouco busca um tom nostálgico. É apenas um divertimento leve, delicioso de se ver, do qual saímos com um inevitável sorriso no rosto." (Sergio Alpendre)
''Richard Linklater já era conhecido do público indie desde que Jovens, Loucos e Rebeldes foi lançado e rapidamente alçado ao patamar de cult, sendo listado por Quentin Tarantino como o melhor filme dos anos 1990 e seu décimo filme favorito de todos os tempos, em lista publicada pela Sight and Sound de 2002. O retrato da juventude em seu último dia de aula no ano de 1976, recheado de rock and roll, bebida e carros, ganha uma espécie de sequência com Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!, cujo título brasileiro se aproveita do legado deixado pelo longa original. As semelhanças vão se amontoando ao longo da trama, como o elenco recheado de nomes e rostos até então pouco conhecidos, ótima trilha sonora e o excesso de hormônios típicos da idade. Ao contrário de Dazed, que mostrava um garoto contestador que ia para seu último ano do colégio como o principal atleta do time de futebol americano, o novo filme mostra um jovem calouro, Jake (Blake Jenner) chegando à cidade onde cursará faculdade e jogará em um dos melhores times de baseball universitário do país. Chegando à casa dos atletas, ele logo é confrontado pelos veteranos, que já têm suas tradições, regras e uma única motivação: conseguir o máximo de mulheres possível. Mas apesar de ser ambientado no início do ano letivo de 1980, não há aqui traços fortes de sexismo. O que se vê é mais um retrato fiel ao ambiente retratado: rapazes que usarão de todas as formas para conseguir atingir seu objetivo (fazendo valer até mesmo discursos sobre astrologia e o tamanho mediano de seu pênis) e garotas que sabem bem o que querem e onde estão se metendo.
Avançando no tempo musical em relação a Dazed, Mais Rebeldes!! já se mostra mais eclético, mantendo o Rock como estilo principal, mas também trazendo momentos de Disco e Country. A forma como cada um destes gêneros entra em cena é emblemática e reflete o estilo camaleônico com que os colegas de Jake interagem com o ambiente para tentar se dar bem ao final da noite. A forma como Linklater escreve seus diálogos e dirige seus atores mais uma vez chama muito a atenção. Tudo é muito verdadeiro, real, parecendo muito mais um documentário do que uma ficção. Não é à toa que Dazed and Confused é tido como o retrato da juventude americana de meados dos anos 70, status que Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!! deve ganhar para o início da década seguinte." (Marcelo Forlani)
Annapurna Pictures Detour Filmproduction Paramount Pictures
Diretor: Richard Linklater
32.613 users / 7.778 faceSoundtrack Rock
The Cars / Dire Straits / Brian Eno / The Bus Boys / Gary Numan / M / Pete Townshend / Devo / Bruce Springsteen / Pat Benatar / Van Halen / The Riverboat Gamblers / Stiff Little Fingers / Queen / Pink Floyd / Hot Chocolate / Chic / Donna Summer / Kool & The Gang / Foreigner / Blondie / Frank Zappa / Joe Walsh / Parliament / The Knack / John Stewart / Stevie Nicks / Sniff 'n The Tears / The S.O.S. Band / Peaches & Herb
50 Metacritic 460 Up 75
Date 13/02/2017 Poster - ####### - DirectorPedro AlmodóvarStarsEmma SuárezAdriana UgarteDaniel GraoAfter a casual encounter, a brokenhearted woman decides to confront her life and the most important events involving her estranged daughter.[Mov 05 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/73
JULIETA
(Julieta, 2016)
TAG PEDRO ALMODÓVAR
{esquecível}Sinopse ''Julieta (Emma Suárez/Adriana Ugarte) é uma mulher de meia idade que está prestes a se mudar de Madri para Portugal, para acompanhar seu namorado Lorenzo (Dario Grandinetti). Entretanto, um encontro fortuito na rua com Beatriz (Michelle Jenner), uma antiga amiga de sua filha Antía (Blanca Parés), faz com que Julieta repentinamente desista da mudança. Ela resolve se mudar para o antigo prédio em que vivia, também em Madri, e lá começa a escrever uma carta para a filha relembrando o passado entre as duas.''
''Um filme super leve de Almodóvar, quase um novelão na tela do cinema, com suas reviravoltas um tanto quanto artificiais e até na montagem. Carece de personagens marcantes, mas a trama é divertida e tem a classe costumeira do espanhol, claro." (Alexandre Koball)
''É um bom filme e também é muito bom ver Almodóvar retornar ao melodrama de maneira eficiente em um filme sempre interessante; pena que falte um grande momento, um ápice, um grande clímax, para deixar o filme mais completo." Rodrigo Cunha
''A maturidade de Almodóvar como diretor é clara, conduzindo a história sem excessos ou afetações. O problema são os deslizes do roteiro, como o excesso de conveniências e o final abrupto. Se não é seu melhor, também está longe de ser o seu pior." (Silvio Pilau)
''A intenção de partir da relação mãe/filha pra falar dos efeitos da culpa, da ausência e do silêncio nas nossas vidas, é válida, mas a estranha estrutura em flash-back e a contenção de estilo, deixam o saldo morno demais para os padrões de Almodovar.'' (Régis Trigo)
''Um Almodóvar tão contido quanto sagaz no absurdo controle do melodrama numa obra de nuances e elipses delicadas e com um toque de pessoalidade ímpar do diretor. Belo filme.'' (Rafael W. Oliveira)
''Almodóvar em melodrama slow burn. No, gracias.'' (Daniel Dalpizzolo)
''Ainda que às vezes inconsistente, o novo filme de Almodóvar mostra como ele refinou a sua 'caricatura séria' do melodrama, promovendo um pastiche sombrio sobre a memória e a ausência com um controle impressionante de mise-en-scène.|'' (Daniel D.I. Brum)
''O cineasta espanhol Pedro Almodóvar está longe de ser uma unanimidade no mundo do cinema. Alternando erros e acertos, como um Robert Altman latino, o diretor ganhou inúmeros detratores, tão fervorosos quanto os seus fãs –o que de certo modo é injusto, pois talento ele tem. Após o belíssimo "Fale Com Ela", realizou o frouxo "Má Educação". E, então, o tocante Volver, que é seguido por Abraços Partidos, medíocre diluição de sua poética. Já o filme seguinte, A Pele que Habito, está entre os mais fortes que realizou. Ou seja, temos aí o indesejável efeito gangorra. Com "Julieta", adaptação de três contos da escritora canadense Alice Munro, o diretor emenda seu segundo filme-problema consecutivo, o que não acontecia desde a dobradinha infeliz "De Salto Alto" e "Kika", nos anos 1990. Claro que perto do terrível "Amantes Passageiros", o penúltimo de Almodóvar, "Julieta" parece ajeitado. Mas não podemos fechar os olhos para o que tem de problemático. Não é o caso de invocar a política dos autores: um mau filme de Almodóvar continua sendo um mau filme, apesar de sua assinatura, assim como o mediano "Julieta" não fica melhor debaixo desse suspeito verniz autoral. As primeiras são um piloto automático com estética televisiva de quinta categoria, com excesso de luzes, closes e cortes nada inspirados. Julieta (Emma Suárez, musa dos filmes de Julio Medem nos anos 1990) é uma mulher de meia-idade que está prestes a se mudar para Portugal com o namorado Lorenzo (Darío Grandinetti). Mas um passado misterioso, que ela mantém em segredo, volta subitamente, fazendo com que ela resolva continuar em Madri, abandonando o compreensivo Lorenzo. Nesse passado, entenderemos logo, existe uma filha, com quem Julieta perdeu o contato há 12 anos. Por que esconder isso? Bem à maneira de Almodóvar, somos transportados para a juventude da protagonista, no exato momento em que ela se envolve com um homem em um trem noturno. O flashback traz certa invenção formal, mas apenas parcialmente. A jovem Julieta (Adriana Ugarte) nos conquista mais pela forma como é filmada do que pelo carisma da atriz. A aparição de um animal silvestre que corre ao lado do trem, por exemplo, é mágica, digna dos melhores filmes do diretor. Mas é filmada de modo ambíguo, e pode até lembrar um comercial de TV. A verdade é que Almodóvar está contido demais nesse filme. Em "Má Educação" torcemos para ele sossegar no maneirismo. Em "Julieta" ocorre o contrário: sentimos falta de um estilo mais marcante, algo cabível em um melodrama. Faltou o que normalmente lhe sobra: ousadia estética. Essa crise criativa está refletida na crise da protagonista, dividida entre um presente de arrependimentos e a possibilidade de recuperar algo do passado para, então, organizar seu futuro. Por isso a personagem, como o filme, é incapaz de alcançar uma plenitude.'' (Sergio Alpendre)
"Julieta", de Pedro Almodóvar, confirmou que os mais sólidos concorrentes à Palma de Ouro 2016 se estruturam em narrativas minimalistas. Foi assim com Paterson, de Jim Jarmusch e, pela primeira vez, o é para o espanhol. Da extravagância que acompanha a assinatura almodovariana, resta aqui quase nada, além de um papel secundário de governanta para Rossy de Palma, e sobretudo da exuberância de sua paleta de cores nas roupas e nos cenários, azul e vermelho dominando nos enquadramentos. "Julieta" talvez seja o mais sóbrio título de sua filmografia, trazendo de volta o registro de um díptico maior: "Tudo Sobre Minha Mãe" (1999) e "Fale Com Ela. A maior sobriedade não é contudo acompanhada em "Julieta" pelo rigor daquelas duas obras-primas. Aqui e ali, escorregadelas para o didatismo nos diálogos e nas opções no enredo abrem brechas na inteligência tradicional do melhor Almodóvar. Mas, reconheça-se, ei-lo plenamente recuperado do embaraço de seu filme anterior, Os Amantes Passageiros Baseado em três contos de A Fugitiva, de Alice Munro, "Julieta" faz Almodóvar retornar ao universo quase exclusivamente feminino que o celebrizou. Três encontros com o trágico desviam o destino da personagem-título, uma professora de literatura vivida em idades distintas por Emma Suárez e Adriana Ugarte. Ao centro de tudo gira o mistério do desaparecimento voluntário aos 18 anos de sua filha Antía. Uma das leituras possíveis de "Julieta" é como o mais crispado ensaio de Almodóvar sobre seu recorrente tema da maternidade. Não à toa ele renuncia provisoriamente ao humor e abraça a tragédia. Talvez porém o tenha feito com um grau a mais de explicitude. Mas não seria o exagero, em qualquer tom, a marca por excelência de Almodóvar? (Almir Labaki)
O perdão no meio de todas as coisas simples.
''Julieta está de viagem marcada. Amanhã abandonará Barcelona para acompanhar o namorado a uma temporada portuguesa, deixando para trás a segurança da vida em seu país. E o passado. Depois de um passeio e de um encontro inesperado, Julieta toma uma decisão e escolhe o passado. A partir desse momento, Julieta mergulha num acerto de contas não somente com a sua história e com quem fez parte dela, mas principalmente numa jornada de perdão pessoal que ela mesma não sabe onde vai chegar, nem se vai chegar a algum lugar. O que ela sabe é que precisa disso. Mas essa é somente a história de Julieta? Cada vez mais Pedro Almodóvar nos impregna de si mesmo, de sua cultura, de sua linguagem. Para alguém submerso em sua atmosfera pessoal ou que apenas tenha bebido muito de sua fonte desde os anos 80, fica cada vez mais difícil observar seus filmes e não vê-lo inteiro, praticamente desnudo. Por mais que digam o contrário, não vejo 'Julieta' como uma zona de conforto, mesmo que o melodrama tenha voltado à cena; após Amantes Passageiros, algo precisava ser feito e deveria ser radical. Hoje, escrevendo esse texto mais de uma semana após a sessão, todas as impressões parecem assentadas. O cineasta espanhol mais importante da atualidade estava numa espiral do lugar comum. Volver havia sido seu último grande filme, mas lá já tinha uma espécie de certeza nas colocações e nas intenções; era excelente, mas não era novo definitivamente. Ainda assim, foi um baque assistir a Abraços Partidos, um filme onde muita coisa estava repetida e também errada, num roteiro confuso e desequilibrado, repleto de pontas soltas. O nível voltaria a subir em A Pele que Habito, mas do anterior ele herdou o gosto pelo rocambolesco da narrativa, melhor acertado, mas numa posição ligeiramente preguiçosa, apoiado em homenagens demais e viradas de roteiro idem. Ao chegar na comédia rasgada anterior, um festival de excessos e da mais absoluta falta do que dizer. Era preciso um choque de realidade, e é aí que percebo uma bem-vinda ruptura. De posse dos direitos de três contos da vencedora do Nobel Alice Munro, Almodóvar passou anos pensando que finalmente estrearia na língua inglesa com eles, mas era hora de se voltar pro básico. E básico se tratando dele significava encontrar um novo tipo de roupagem, assumir uma identidade ainda mais simples e primal. Voltar ao melodrama pura e simplesmente era o mais fácil, esperado e desejado, mas como na ruptura anterior (entre Kika e A Flor do Meu Segredo), Almodóvar precisava achar um novo lugar para fazer ninho e voltar a criar. Hoje é fácil olhar pra trás e observar o que ele construiu, não temos como prever o futuro e saber o que vem após Julieta. O que temos a saber de imediato é que 'Julieta' é uma vertente nova sim, um Almodóvar tragado de possibilidades melodramáticas embora dentro das cercanias do gênero. Imagine o cineasta drenado das lágrimas que tantos admiradores lhe rendeu, restando somente suas cores, paixão e verdade. Talvez seja fácil posicionar 'Julieta' como sendo seu trabalho mais maduro e centrado, de pegada naturalista ao extremo e uma figura central tão humana. De refinada edição, o filme tem nas elipses do belo roteiro uma jogada poderosa de matiz cinematográfica. No habitual grande trabalho de direção, Almodóvar não deixa escapar todas as oportunidades onde pode brilhar, da forma mais sutil possível. E Adriana Ugarte e Emma Suarez dividem a protagonista com muita elegância e unidade, um acerto de escalação e de sinergia entre elas. O senão do filme vai para uma meia dúzia de diálogos durante a projeção, que emulam a personalidade do seu criador para além da necessidade, dando um aspecto meio que uniformizado a esses momentos, como se Almodóvar estivesse literalmente falando com a boca de seus personagens; que eles sejam completamente diferentes entre si é o grande problema. Mas a cadência de ritmo plácido, a intensa observação e leitura do ser humano, a investigação aguçada sobre a devastação de segredos por sobre o passado e eventualmente o futuro, a carga emocional interior e o desfecho mais milimetricamente acertado do ano fazem de Julieta mais do que um excelente Almodóvar, mas especialmente uma ambiciosa e bem sucedida aula magna sobre o perdão particular.'' (Francisco Carbone)
2016 Palma de Cannes
Echo Lake Entertainment Canal+ France Ciné + El Deseo FilmNation Entertainment Televisión Española (TVE)
Diretor: Pedro Almodóvar
25.181 users / 21.182 face
32 Metascore 485 Down 67
Date 29/04/2017 Poster - *** - DirectorPaul GreengrassStarsMatt DamonTommy Lee JonesAlicia VikanderThe CIA's most dangerous former operative is drawn out of hiding to uncover more explosive truths about his past.[Mov 07 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@} M/58
JASON BOURNE
(Jason Bourne, 2016)
TAG PAUL GREENGRASS
{intenso}Sinopse ''Fora do radar como lutator de rua, Jason Bourne (Matt Damon) é surpreendido por Nicky Parsons (Julia Stiles), que o procura oferecendo novas informações sobre seu passado. Inicialmente resistente, ele acaba voltando aos Estados Unidos para continuar a investigação e entra na mira do ex-chefe Robert Dewey (Tommy Lee Jones), que teme mais um vazamento de dados. Dentro na CIA, no entanto, a novata Heather Lee (Alicia Vikander) acredita que tentar recrutar Bourne para a agência seja a melhor solução.''
"Bourne está cansado. Hollywood, dê sossego a Bourne, ele não aguenta mais se defender de tanta coisa. Como thriller, é ágil mas esquecível, um passo abaixo da trilogia original." (Alexandre Koball)
"É implausível e nada traz de original à série, mas isso não seria problema se Greengrass e sua equipe lembrassem que o grande diferencial de Bourne sempre foi a inteligência, e não sua capacidade de destruição. Entretém, mas é o mais fraco de todos." (Silvio Pilau)
A câmera nervosa de Greengrass, que mais irrita do que gera tensão, a trama genérica, que lembra muito "O Fugitivo" (a presença de Jones favorece), e os personagens que se limitam a correr uns dos outros, fazem de "Jason Bourne" o pior episódio da série." (Régis Trigo)
''Depois de nove anos de hiato na franquia (O Legado Bourne, de 2012, não contou com o personagem de Matt Damon), Jason Bourne chega aos cinemas em clima de em time que está ganhando não se mexe. Não espere novidades estéticas ou temáticas neste quarto filme em relação à trilogia original. Mas pode esperar outra exibição de virtuosismo técnico e domínio narrativo de Paul Greengrass (diretor do segundo e do terceiro episódios). O cineasta criou um modelo de produção de adrenalina: câmera na mão, cortes rápidos, trilha sonora em crescendo, estilo que emula o documental. Os efeitos colaterais no espectador são evidentes: taquicardia, unhas roídas, pernas balançando freneticamente. Em seus filmes que dependem mais do drama humano, como Voo United 93 e Capitão Phillips, fica evidente que o modelo virou fórmula. Já na série Bourne – que não tem a pretensão de ganhar o Oscar de melhor filme, mas quer elevar o gênero de ação a um estado de arte –, funciona que é uma beleza. Nove anos após os acontecimentos de "O Ultimato Bourne" (2007), o agente Jason Bourne (Matt Damon, sólido como de hábito na franquia) é encontrado na Grécia por sua antiga parceira, Nicky Parsons (Julia Stiles). Ela conseguiu acesso a documentos que podem explicar o envolvimento do seu pai no treinamento que o transformou em um assassino amnésico a serviço da CIA. Isso desagrada o atual diretor da agência (Tommy Lee Jones) e um agente que se sentiu traído por Bourne (Vincent Cassel). Eles passam a persegui-lo pelo mundo para tentar assassiná-lo antes que novos segredos venham à tona. Mas Bourne recebe uma ajuda inesperada de uma carreirista chefe de tecnologia da CIA (Alicia Vikander). "Jason Bourne" é mais do mesmo. Mas o mesmo, no caso, continua sendo o melhor que o cinema de ação hollywoodiano consegue produzir hoje sem recorrer maciçamente a efeitos especiais." (Sergio Alpendre)
''Matt Damon tem um total de 25 falas em Jason Bourne, retorno à franquia tanto do ator quanto do diretor Paul Greengrass, quase dez anos depois de O Ultimato Bourne. Quem fez a conta é o próprio Greengrass numa entrevista ao Guardian. O diretor diz que já tinha consciência desse silêncio nos filmes anteriores; para ele o que define Bourne é a violência e as situações de ação. A inabilidade do personagem de botar para fora seus traumas, porém (de uma forma que não seja só quebrando tudo), contamina todo este quinto filme da série. É o primeiro que não se baseia diretamente em um livro de Robert Ludlum, e Greengrass, co-autor do roteiro, esboça fazer uma discussão sobre segurança nacional que passe por temas de anarcoativismo, excessos de vigilância e invasão de privacidade institucionalizada. O problema é que o diretor, assim como seu herói, não parece muito disposto a verbalizar essa discussão além de clichês de liberdade e patriotismo. Embora as duas principais sequências de ação entreguem o que promete - a primeira, na Grécia, joga com a ideia de vigilância total e empolga quando nos sonega informação visual com fogo e fumaça, e a segunda, no clímax em Las Vegas, é válvula de escape pura e simples de cinema de destruição - falta a Jason Bourne justamente mais substância. Já sabemos do que Greengrass é capaz com sua câmera nervosa, e não há nada aqui em termos de ação ou narrativa que sirva de evolução, em relação à trilogia original. A evolução estaria justamente na atualização da discussão política, que o filme é incapaz de articular. O diretor faz parecer que está realizando um suspense político complexo: seus personagens se comportam com a frieza e os movimentos calculados daqueles personagens que povoavam a Casa Branca do The West Wing de Aaron Sorkin. Basta uma cena mais robusta de embate filosófico ou mesmo de resolução de conflitos (como o almoço do chefe da CIA com o midas do Vale do Silício, ou o encontro de Bourne com o Julian Assange fictício do filme), para que as coisas se reduzam aos maniqueísmos. O clímax com o duelo entre Bourne e o chefão é o maior exemplo, com aquelas falas estereotípicas de filme de ação de macho, tipo "você sabia que terminaria assim" e faça o que veio fazer. Até o Assange sabe dar seus golpes. Bourne pode ser o tipo de poucas palavras, mas num filme que se propõe discutir atualidades de forma frontal, falta colocar o dedo na ferida de verdade, ou pelo menos ter bons coadjuvantes que consigam verbalizar a discussão direito. Na verdade, o melhor de Jason Bourne é outra coisa, é a participação de Alicia Vikander como a profissional da CIA que nos faz crer que é uma grande patriota mas se revela uma perfeita self-made woman, ambiciosa e determinada. Filmes como A Hora mais Escura sabem tocar bem nessa questão da guerra como uma questão de tecnocracia, e agora é Bourne que precisa correr atrás." (Marcelo Hessel)
''Depois de nove anos de hiato na franquia (O Legado Bourne, de 2012, não contou com o personagem de Matt Damon), Jason Bourne chega aos cinemas em clima de em time que está ganhando não se mexe. Não espere novidades estéticas ou temáticas neste quarto filme em relação à trilogia original. Mas pode esperar outra exibição de virtuosismo técnico e domínio narrativo de Paul Greengrass (diretor do segundo e do terceiro episódios). O cineasta criou um modelo de produção de adrenalina: câmera na mão, cortes rápidos, trilha sonora em crescendo, estilo que emula o documental. Os efeitos colaterais no espectador são evidentes: taquicardia, unhas roídas, pernas balançando freneticamente. Em seus filmes que dependem mais do drama humano, como Voo United 93 e Capitão Phillips, fica evidente que o modelo virou fórmula. Já na série Bourne – que não tem a pretensão de ganhar o Oscar de melhor filme, mas quer elevar o gênero de ação a um estado de arte –, funciona que é uma beleza. Nove anos após os acontecimentos de "O Ultimato Bourne" (2007), o agente Jason Bourne (Matt Damon, sólido como de hábito na franquia) é encontrado na Grécia por sua antiga parceira, Nicky Parsons (Julia Stiles). Ela conseguiu acesso a documentos que podem explicar o envolvimento do seu pai no treinamento que o transformou em um assassino amnésico a serviço da CIA. Isso desagrada o atual diretor da agência (Tommy Lee Jones) e um agente que se sentiu traído por Bourne (Vincent Cassel). Eles passam a persegui-lo pelo mundo para tentar assassiná-lo antes que novos segredos venham à tona. Mas Bourne recebe uma ajuda inesperada de uma carreirista chefe de tecnologia da CIA (Alicia Vikander). "Jason Bourne" é mais do mesmo. Mas o mesmo, no caso, continua sendo o melhor que o cinema de ação hollywoodiano consegue produzir hoje sem recorrer maciçamente a efeitos especiais." (Ricardo Calil)
Captivate Entertainment Double Negative Kennedy/Marshall Company, The Lidar Lounge Pearl Street Films Perfect World Pictures
Diretor: Paul Greengrass
135.473 users / 43.554 faceSoundtrack Rock Moby
50 Metacritic 605 Down 3
Date 04/06/2017 Poster - ##### - DirectorRichard LinklaterStarsJason LondonWiley WigginsMatthew McConaugheyThe adventures of high school and junior high students on the last day of school in May 1976.[Mov 10 Favorito IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/78
JOVENS, LOUCOS E REBELDES
(Dazed and Confused, 1993)
TAG RICHARD LINKLATER
{inesquecível}Sinopse ''1976. Loucura total no dia de graduação numa escola do Texas: os veteranos aprontam ao máximo com os calouros antes do início da noitada e todos estão em busca da festa mais selvagem e divertida. Os rapazes pilotam carros velozes e exibem toda sua agressividade, enquanto as garotas discutem o futuro e se contorcem em jeans apertadíssimos. As drogas são servidas à vontade e a cerveja rola solta. É nesse clima de vale tudo que os veteranos convidam os calouros para uma entrada antecipada ao mundo descolado da insanidade colegial.''
"A juventude dos anos 70 pode ser vazia para nós, mas era a juventude que eles tinham naquela época. Filme que não foca na história, mas na representação da mesma, e diverte do início ao fim. Curioso ver vários astros hoje em início de carreira." (Rodrigo Cunha)
"O "American Graffiti" de Linklater e, tal como o filme de Lucas, mais cultuado do que propriamente bom. O foco não é a trama ou os personagens, mas sim o retrato de uma era (1976). Não é ruim, mas seu status atual passa a sensação de algo supervalorizado." (Régis Trigo)
"Linklater extrai muito de um enredo pífio, num daqueles filmes juvenis que sabe retratar tal universo com a diversidade que lhe é característica. E a trilha sonora dispensa elogios." (Rafael W. Oliveira)
''A vida é um amontoado de digressões nos melhores filmes de Richard Linklater. Conversas que não se concluem - e dão margem para dúvidas existenciais - e papos de boteco fazem parte do cenário de cults como Waking Life e Antes do Amanhecer. Não há, no entanto, momento mais propício a filosofias de ocasião - que parecem definitivas - que a adolescência. Em "Jovens, Loucos e Rebeldes", lançado agora em DVD, estamos em um período de transições, em que a incerteza em relação ao futuro gera expectativas nebulosas. É o último dia de aula em uma escola no Texas, em 1976, e o cenário que se apresenta é típico de qualquer filme tolo adolescente que povoava as telas nos anos 80. Veteranos perseguem impiedosamente os calouros durante o dia, enquanto todos esperam ansiosos pela chegada da noite e qualquer possibilidade de diversão. Só faltam machões sedentos por sexo e garotas com seios à mostra. A transgressão de Linklater caminha por outras vias. O tempo, ou melhor, as ilusões e distorções causadas pela nostalgia e pelo esquecimento são o foco desta comédia que remete à sitcom That 70's Show. Mas, enquanto o programa de TV é mais uma caricatura de um período, o longa de Linklater questiona a filosofia do antigamente tudo era melhor, que guia - e paralisa - gente mais velha. "Jovens, Loucos e Rebeldes'' é uma espécie de lado B de Loucuras de Verão: pouca coisa é romantizada, ao contrário, quase todos são deliciosamente tolos. Acompanhamos diferentes grupos. Um dos mais interessantes, o trio nerd, é o que melhor verbaliza essa briga com o tempo. Outro personagem diz que não quer se lembrar do período da escola como a melhor época de sua vida; outro simplesmente apaga tudo da cabeça ao se entupir de maconha. É na melhor parte do filme, a festa que enfim surge, que Linklater diz a que veio. Qualquer um que já varou a noite em uma daquelas longas festas movidas a muita música e papos cabeça sob o luar se encontrará nas geniais teorias, como as criadas por Cynthia (Marissa Ribisi). Ela vai direto ao ponto, ao dizer que tudo é uma questão de ciclos: os anos 60 foram o máximo por causa do rock; os 70, uma porcaria, e que portanto os anos 80 seriam promissores. Discussão mais do que relevante, já que eternos revivals guiam a cultura e a moda de qualquer época.'' (Bruno Yutaka Saito)
Gramercy Pictures (I) Alphaville Films Detour Filmproduction
Diretor: Richard LinklaterSoundtrack Rock Aerosmith / Deep Purple / Alice Cooper / Black Oak Arkansas / War / Ted Nugent / Peter Frampton / Bob Dylan / Foghat / Nazareth / Black Sabbath / Head East / ZZ Top / Sweet / Rick Derringer / Black Oak Arkansas / ZZ Top / KISS / Dr. John / Steve Miller / The Runaways / Seals & Crofts / Lynyrd Skynyrd / The Edgar Winter Group
18 Metacritic 485 Down 67)
Date 03/06/2017 Poster - ######### - DirectorAmi Canaan MannStarsKatherine HeiglBen BarnesClea DuVallA modern day train hopper fighting to become a successful musician, and a single mom battling to maintain custody of her daughter, defy their circumstances by coming together in a relationship that may change each others lives forever.[Mov 04 IMDB 5,8/10] {Video/@@@} M/55
JACKIE E RYAN - AMOR SEM MEDIDAS
(Jackie & Ryan, 2014)
TAG AMI CANNA MANN
{esquecível}Sinopse ''Um homem moderno que luta para ser um musico de sucesso, e uma mãe que luta para manter a custódia da filha, têm de enfrentar desafios ao começarem um relacionamento que pode mudar a vida de um do outro para sempre.''
2014 Lion Veneza
Ene Films
Diretor: Ami Canaan Mann
2.930 Users / 1.023 face
15 Metacrit
Date 07/06/2017 Poster - ## - DirectorEdward ZwickStarsTom CruiseCobie SmuldersAldis HodgeJack Reacher must uncover the truth behind a major government conspiracy in order to clear his name while on the run as a fugitive from the law.[Mov 07 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@@} M/47
JACK REACHER - SEM RETORNO
(Jack Reacher: Never Go Back, 2016)
TAG EDWARD ZWICK
{TAG}Sinopse ''Jack Reacher (Tom Cruise) retorna à base militar onde serviu na Virgínia, onde pretende levar uma major local, Susan Turner (Cobie Smulders), para jantar. Só que, logo ao chegar, descobre que ela está presa, acusada de ter vazado informações confidenciais do exército. Estranhando a situação, Reacher resolve iniciar uma investigação por conta própria e logo descobre que o caso é bem mais pessoal do que imaginava.''
"O primeiro Reacher foi um grande thriller, e a inevitável sequência é só uma sombra daquele filme, empolgando em momentos esporádicos. Agora Reacher ganha uma parceira (para travar uma batalha dos sexos gratuita) e uma filha (um toque de Taken)." (Alexandre Koball)
''Longe das missões de campo, o ex-agente especial Jack Reacher viaja a Washington para encontrar uma amiga, a major Turner, e a encontra presa, acusada de traição. Desprezando ameaça de gente perigosa, ele a liberta e os dois se envolvem numa trama de contrabando de armas dentro do Exército americano. Em sua segunda investida na pele do personagem dos livros de Lee Child, Tom Cruise ganha pontos pela total falta de pretensão. "Jack Reacher - Sem Retorno'' é apenas uma diversão eficiente, com ação contínua, algumas reviravoltas no enredo e duas boas companhias para Cruise: Coby Smulders, no papel da major, e a garota Danika Yarosh, como uma possível filha de Reacher que ele não conhecia. "(Thales de Menezes)
''Jack Reacher sai das mãos de Christopher McQuarrie e segue para as do diretor Edward Zwick, conhecido por obras como Diamante de Sangue e O Último Samurai, na sequência de O Último Tiro. Por estarmos falando de um filme de ação no estilo de centenas de outros que vemos por aí, desde 007 até Assassino a Preço Fixo, a obra não requer um conhecimento prévio do personagem, já que tudo que precisamos saber já está mais do que exposto em seu roteiro. Apesar de cair em velhos clichês e não trazer absolutamente nada de novo, o longa-metragem acaba se destacando por alguns pontos que fogem do comum quando se trata de outras produções do gênero. A trama gira em torno de Jack Reacher (Tom Cruise), um ex-major (algo que é incessantemente repetido ao longo do filme), que acaba tendo de livrar uma oficial do exército, a major Turner (Cobie Smulders), de uma conspiração dentro da organização que a acaba colocando na prisão militar. Perseguidos pela polícia militar e por um grupo de mercenários, os dois precisam chegar ao fundo desse mistério a fim de se verem, enfim, livres. No meio disso tudo, Reacher descobre que, possivelmente, tem uma filha, Samantha (Danika Yarosh), e ela logo se torna mais um alvo das pessoas que os caçam. Em termos de roteiro, ''Jack Reacher: Sem Retorno'' não acrescenta nada ao espectador. Vemos a velha história do herói aposentado que deve voltar à ativa e, no processo, demonstra-se mais habilidoso do que qualquer outro ser humano vivo. O filme não conta com nenhuma grande reviravolta que não seja previsível e, de fato, o texto, em sua maioria, dispensa esse recurso, admitindo exatamente sua condição: a de um filme de ação feito exatamente para quem quer ter uma experiência descontraída no cinema. Portanto, se você espera o longa-metragem de sua vida, é bom passar longe desse daqui. O que a obra acerta, enquanto muitas outras falham, são suas cenas mais agitadas. A direção de Edward Zwick nos entrega enquadramentos que não nos confundem, nos permitindo enxergar o que está acontecendo em cada luta ou perseguição. Apesar dos inúmeros cortes há uma nítida clareza do que está se passando na tela, possibilitando um maior aproveitamento do filme como um todo. Infelizmente, muitas dessas sequências acabam sendo longas demais ou repetitivas, o que acaba cansando o espectador através da extensa duração da projeção, que facilmente poderia ser cortada para algo em torno de noventa minutos. Cruise desempenha bem seu papel como o protagonista, trazendo-nos uma mistura de seriedade com humor. No entanto, muitas de suas piadinhas chegam a desviar do tom que persevera durante a maior parte da obra, quebrando nossa imersão através da necessidade de colocá-lo como aquela figura clichê do herói que, mesmo nas piores situações, ainda solta algumas risadas de vez em quando. A tentativa de emular uma espécie de James Bond é nítida, mas o personagem não traz toda a aura que o espião britânico emana na maior parte de suas encarnações ao longo dos anos e acaba caindo na mesmice. Cobie Smulders, por sua vez, não tem a menor construção ao longo do filme, o que sabemos dela é apresentado logo nos primeiros trechos e quase nada além disso é acrescentado. Para piorar, sua personagem acaba ficando limitada a uma mera sidekick de Reacher, que faz praticamente tudo na grande maioria das cenas. Existe até a tentativa de colocar um discurso feminista através do preconceito que ela sempre sofrera no exército, mas isso não é ajudado pelo fato de que ela muitas vezes é apresentada de roupão, enquanto o protagonista veste suas roupas de sempre. Custava tê-la colocado em roupas normais? Felizmente, são poucas as ocasiões em que isso acontece.
No fim, ''Jack Reacher: Sem Retorno'' é mais um filme de ação genérico que acaba divertindo o espectador que não entrar no cinema esperando grande coisa. Dito isso, mesmo com seus evidentes problemas, a obra acaba se saindo melhor que a grande maioria das produções atuais do gênero – traz mais do mesmo, sim, mas Edward Zwick consegue conduzir suas sequências de forma menos confusa. Para uma experiência descompromissada, vale o ingresso." ( Guilherme Coral)
Uma continuação inexplicável.
''Há quatro anos atrás Tom Cruise encontrou uma alternativa a séries, que são uma saída para o que restou para sua carreira, na primeira adaptação da série de livros Jack Reacher, escritos por Lee Child e que já somam 14 títulos. O longa fez uma boa carreira na América tanto entre o público como entre os críticos, e foi ainda superior no exterior, onde Cruise tem ainda uma posição invejável. E a verdade é que o filme tinha mesmo um charme cafajeste que o distanciava muito do clima de Missão: Impossível, tendo o roteirista e diretor Christopher McQuarrie (vencedor do Oscar por Os Suspeitos) demonstrado extrema elegância na direção e lapidado diálogos espirituosos numa trama muito charmosa e sedutora. O brinde final vinha no elenco, que incluia Rosamund Pike e um super vilão vivido simplesmente por Werner Herzog. Não deu erro. Agora virem esse do avesso, esqueçam todas as inúmeras qualidades do primeiro, troque uma direção esperta por burocracia e temos a continuação mais triste da temporada. Edward Zwick se formou como um cineasta... bem, como dizer, digamos que o moço sempre visou um prestígio exacerbado que nunca correspondeu ao que ele demonstrava no produto final. Desde o final dos anos 80, Zwick entregou inúmeras produções que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas fizeram muita questão de reconhecer: Tempo de Glória, Lendas da Paixão, O Último Samurai, Diamante de Sangue, Um Ato de Liberdade. Ultimamente no entanto acho que se deu conta que nunca irá chegar no lugar que quer, de ter o nome que gostaria de ter, simplesmente porque não tem talento nem personalidade suficiente para traçar um rumo, uma meta de carreira. Aí chutou o pau da barraca e resolveu fazer mais do que filmes sem personalidade, mas fazer literalmente filmes ruins, e vieram Amor e Outras Drogas, O Dono do Jogo e essa inacreditável continuação, que nada mais parece do que um filme que apenas não deveria existir.Não tem a ver com ser ruim ou ser bobo ou ser clichê, embora seja os três. É que nada justifica que um primeiro filme tão cuidadoso e cheio de bossa tenha dado vazão a esse tipo de sequência, tão oposta a ele: sem imaginação, sem um elenco que seja digno do anterior, sem um roteiro que chame atenção ou uma história que prenda, e acima de tudo, sem uma direção que se destaque em qualquer nível. Me admira que o produtor Tom Cruise, sempre tão controlador no nível das suas produções e que já tinha trabalhado com Zwick no longa do samurai branco, tenha permitido que esse filme tenha ido adiante mesmo com esse aspecto tão desleixado, um filme onde absolutamente tudo parece dispensável, incluindo ele próprio. A trama é uma bobagem: Jack tenta inocentar uma amiga de acusações infundadas, e acaba descobrindo uma possível filha e também ele se envolvendo na conspiração na qual tentar envolver a personagem de Cobie Smulders, que vem a ser a única pessoa do elenco elogiavel e o único personagem com algo a dizer, mas não que necessariamente diga. Na verdade o produtor Cruise deve ter ficado satisfeito com as belas críticas sobre inclusão de gênero na última aventura do agente Ethan Hunt por conta da excepcional personagem de Rebecca Ferguson e deve ter pedido uma outra excelente aquisição feminina; conseguiu e talvez o trabalho de Smulders seja a única coisa diferenciada desse filme tão preguiçoso. No fim das contas, fica por conta e risco do leitor essa sessão meio que suicida. Num tempo como hoje, com produções blockbusters que não precisam inventar a roda pra conquistar corações e mentes, é muito difícil embarcar num produto tão abertamente genérico como esse. O estranho é observar como um produtor tão acostumado a entregar algo tão próximo ao que a proposta agrega, e um diretor burocrata mas especializado no que a massa quer ver, terem chegado a conclusão que algo tão descartável em todos os sentidos era o suficiente pra fazer dinheiro. Bom, não fez... além de tudo o filme foi um grande fracasso. Ficou para a posteridade como uma grande bobagem que se esquece ao fim da sessão." (Francisco Carbone)
''Aos 54 anos, Tom Cruise integra um time que tem Bruce Willis e Nicolas Cage. São atores que já tiveram seus melhores momentos, participando de produções relevantes na indústria do entretenimento, e que hoje aumentam a conta bancária com filmecos de ação. Assim, não se pode esperar muito deles. Por isso, a segunda aventura cinematográfica de Jack Reacher até surpreende. O personagem criado na literatura de espionagem por Lee Child volta neste filme com um perfil psicológico um tanto simplificado. E acaba rendendo melhor para uma trama de aventura do que o resultado do primeiro longa, Jack Reacher, também com Cruise. Reacher aparece aqui mais resolvido com seu passado militar. Cumpre uma missão aqui e ali, vagando pela América sem compromisso. Para relaxar, resolve dar uma passadinha em Washington para jantar com uma oficial que conhece apenas de muitos telefonemas durante suas operações, a major Susan Turner (Cobie Smulders, musa nerd no papel de agente da Shield nos filmes da Marvel). Ao chegar a Washington, dois problemas. Uma mulher que Reacher não conhece entrou com ação de paternidade, alegando que ele é o pai de sua filha adolescente. Além disso, encontra a major Turner presa, acusada de espionagem. Quando ele começa a investigar o caso contra sua amiga, descobre uma trama de contrabando de armas americanas no Afeganistão. Os responsáveis forjam uma situação para acusar Reacher de assassinato. Só resta a ele tirar Turner da prisão militar para que, juntos, tentem revelar a história toda e sejam inocentados. No caminho, um sem-número de bandidos vai aparecer para que Reacher exiba as habilidades de combate que o tornaram uma lenda entre os agentes das Forças Especiais. Há um líder dos malvados, outro ex-soldado que parece tão mortal quanto Reacher. Lógico que os dois devem se pegar no final. Assim, montado com clichês do gênero, o enredo não promete. Mas é a inclusão da suposta filha do agente que dá algum molho ao filme. Danika Yarosh, atriz de 18 anos, é Samantha, que passa a ser alvo dos corruptos que querem deter a cruzada de Reacher e Turner. A menina é esperta o bastante para não ser presa fácil e, entre as fugas, vai se afeiçoando ao homem que pode ser seu pai. Cruise está visualmente um tanto esquisito, com a cara cheia de botox, num papel que inibe o sorriso que o tornou ídolo nos anos 1980. Jack Reacher se transforma agora em sua segunda franquia de ação. Ele segue também com "Missão: Impossível", que tem seu sexto filme programado para 2018. Cruise produz os filmes das duas séries e continua alardeando sua intrépida vocação para fazer as cenas mais arriscadas sem dublês. Melhor do que os dois últimos exemplares de Missão: Impossível, "Jack Reacher - Sem Retorno" é uma diversão honesta e despretensiosa. Basta não exigir muito do filme." (Thales de Menezes)
Paramount Pictures Skydance Media Huahua Media S&C Pictures Shanghai Film Group TC Productions
Diretor: Edward Zwick
95.059 users/ 15.559 face
43 Metacritic 446 Pop
Date 12/07/2017 Poster - ##### - DirectorJodie FosterStarsGeorge ClooneyJulia RobertsJack O'ConnellFinancial TV host Lee Gates and his producer Patty are put in an extreme situation when an irate investor takes them and their crew as hostage.[Mov 07 IMDB 6,5/10] {Video/@@@@@} M/55
JOGO DO DINHEIRO
(Money Monster, 2016)
TAG JODIE FOSTER
{interresante}Sinopse ''Lee Gates (George Clooney) é o apresentador do programa de TV "Money Monster", onde dá dicas sobre o mercado financeiro mesclando com performances típicas de um popstar. Um dia, um desconhecido (Jack O'Connell) invade o programa exatamente quando ele está sendo gravado e, com um revólver, obriga Lee a vestir um colete repleto de explosivos. Patty Fenn (Julia Roberts), a produtora do programa, imediatamente ordena que o mesmo saia do ar, mas o invasor exige que ele permaneça ao vivo, caso contrário matará Lee. Assim acontece e, a partir de então, tem início uma investigação incessante para descobrir quem é o sequestrador e algum meio de salvar todos os que permanecem no estúdio. Paralelamente, a audiência do programa sobe sem parar e todos passam a acompanhar o que acontecerá com o apresentador.''
"Um pequeno expositório para a dupla de superestrelas Clooney e Roberts. É divertido, sim, mas o discurso moral padrão e as esperadas reviravoltas fazem muito pouco pelo filme." (Alexandre Koball)
"O novo trabalho de Jodie Foster atrás das câmeras é muito menos contundente do que prometia ser, recorrendo a diversos clichês e por vezes passando o limite da verossimilhança. Tem seus momentos, mas também poderia ter muito mais impacto." (Silvio Pilau)
"Foster é tão caricata atrás das câmeras quanto o sensacionalismo que quer criticar, e talvez por isso o filme funcione como essa diversão passageira e inverossímil carregada por nomes de peso." (Rafael W. Oliveira)
''Uma entre tantas qualidades de "Jogo do Dinheiro", quarto e melhor longa dirigido por Jodie Foster, é a capacidade de prender nossa atenção. São 98 minutos em que não desgrudamos os olhos da tela, apesar (ou antes, por causa) dos acontecimentos bizarros que se acumulam durante a projeção. É uma virtude que os filmes de Hollywood apresentavam com certa frequência até meados dos anos 1990, mas que nos últimos anos tem se tornado cada vez mais rara, a ponto de ser necessário destacá-la. Na trama, George Clooney é Lee Gates, apresentador arrogante e mulherengo de um programa de dicas para investimentos financeiros. O astro está caricatural no início, mas de certo modo é o que o personagem pede. Fiel à lei implícita de que quase tudo nos Estados Unidos deve ser tratado como espetáculo, Lee realiza coreografias desengonçadas, ensaia versos de rap e esmurra botões que ativam pequenas piadas visuais. Então, Kyle Budwell (Jack O'Connell), um entregador, invade o estúdio com um colete cheio de explosivos e obriga o apresentador a colocá-lo. Carrega numa mão um detonador e na outra um revolver, e por isso consegue que façam tudo o que quer. Sua motivação é simples: vingança. Ao seguir um dos conselhos de Lee, Kyle perdeu todas as suas economias. Mas ele não quer o dinheiro de volta. Seria pouco. Quer humilhar Lee em rede nacional. Ao menos é o que pensamos inicialmente. Dentro da cabine dos monitores está a diretora do programa, Patty Fenn (Julia Roberts), também implicada na situação e com quem Lee tem uma relação temperada por uma disfarçada atração, além de certa intolerância mal explicada, que normalmente esconde uma paixão. A engenhosidade do roteiro de Jamie Linden, Alan DiFiore e Jim Kouf é valorizada pela direção segura de Foster. Os caminhos narrativos são quase sempre muito bem construídos e filmados. "Jogo do Dinheiro" é surpreendentemente um dos maiores filmes americanos de 2016." (Sergio Alpendre)
***
"Atriz mais do que consagrada, duas estatuetas do Oscar em casa. Jodie Foster se arrisca pouca como diretora, mas quando se põe atás das câmeras vai muito bem. Em "O Jogo do Dinheiro", seu quarto longa, George Clooney é um apresentador que dá dicas financeiras num programa de TV popular e Julia Roberts faz o papel de sua produtora. O estúdio é invadido por um investidor revoltado e armado, gerando tensão externa em transmissão ao vivo." (Thales de Menezes)
O monstro capital.
''É mais um novo dia em Nova York e uma boa parte dos televisores está ligado no programa Money Monster, apresentado por Lee Gates (George Clooney), um tipo de guru financeiro que mantém os telespectadores por dentro das altas e baixas da bolsa de valores, sugerindo os melhores investimentos do dia através de muitas piadas, dancinhas ridículas, vinhetas barulhentas e insinuações vulgares. O programa é um sucesso, o público vibra com os números subindo e descendo, e quem comanda toda a dinâmica enlouquecedora por trás dos bastidores é a diretora Patty Fenn (Julia Roberts), que também atua como uma voz na consciência e breque na língua de Gates. O assunto do dia é o tombo de 800 milhões de dólares da empresa IBIS Clear Capital, uma das maiores apostas incentivadas por Lee nos meses anteriores, e o incalculável prejuízo aos acionistas derivado dessa queda abismal. A explicação do RH da corporação é um simples erro de algoritmo, mas para o pobre jovem Kyle Budwell, que investiu todo o dinheiro que lhe restava, esse tipo de satisfação não é o suficiente. Furioso, ele invade o programa ao vivo, faz Gates de refém com um colete de bombas e obriga Fenn a manter o circo todo no ar. A partir dessa situação-limite que Jodie Foster volta a investir na direção com ''Jogo do Dinheiro''. Claramente uma análise da paranoia pós-crash da bolsa de valores de 2008 em Wall Street, além de retrato satírico dos bastidores do show business da televisão americana e os excessos do jornalismo marrom, esse trabalho tem como principal vantagem em relação a semelhantes como Grande Demais Para Quebrar ou A Grande Aposta o fato de não se apropriar de uma linguagem muito matemática para situar o espectador. Pelo contrário, faz tudo de forma muito simples e resume bem a ópera: foi uma literal bagunça, ou bomba, e ninguém ali sabia o que estava acontecendo de fato diante de tanto histerismo e desespero coletivo. Mais do que isso, Foster coloca uma incômoda lente sobre a estrutura econômica americana que dita as regras do mundo todo e sobre os valores que se constroem a partir de uma base tão incerta e impessoal quanto o capital. Suicídios em massa, pessoas perdendo tudo da noite para o dia, tumultos, processos, gritos – basta o dinheiro faltar para o homem do mundo moderno literalmente surtar. Sob esse prisma, a diretora parte para um dilema moral e analisa uma crise de proporções universais que vai além da financeira. Cabem aqui comparações inevitáveis a clássicos como Rede de Intrigas e Um Dia de Cão, ambos de Sidney Lumet, um cineasta que parece ser referência cativa de Foster nesse trabalho. Contudo, indo além do óbvio tom ácido de sátira e do ritmo frenético procurados pela diretora, o que Money Monster realmente mira é na impessoalidade do mundo de hoje, onde números valem mais do que pessoas e as relações se barram por meio de interfaces virtuais ou televisivas. Muito inteligente, ela filtra praticamente todas as principais sequências do filme através dessas interfaces, explorando um mosaico de telões, televisores, computadores, outdoors, plasma e câmeras de celular, empregando assim as máquinas e a tecnologia como uma espécie de câmera subjetiva que leva o espectador a enxergar o homem através da máquina, o que reforça um pouco da ideia que David Cronenberg apresentou há mais de trinta anos ao literalmente mergulhar seu personagem principal numa tela de TV em Videodrome - A Síndrome do Vídeo (Videodrome, 1983). Para Foster, o crash da bolsa de valores de 2008 em Wall Street foi muito além do reflexo de uma crise financeira de escala global, mas sim a ratificação do fato de que o mundo está mergulhado numa grande crise moral, cada vez mais mecanizado, eficiente, globalizado, porém formado por tipos solitários, gananciosos, egoístas, materialistas e indiferentes aos reais sofrimentos e injustiças que existem. George Clooney, canastrão, dançante, ostensivo, debochado e inconsequente reúne em si todo esse arsenal de ideias, principalmente a partir do ponto em que perde a pose diante da possibilidade de morrer, revelando a fragilidade e pequenez do poder do dinheiro quando comparado ao fator humano. Muito da força do filme está na habilidade de Foster em conseguir manter o pique mesmo com um plot de alcance limitado, desdobrando o fato inicial da invasão em um quebra-cabeça de personagens periféricos que aos poucos vai se encaixando e revelando um drama de proporções bem maiores, o que acaba por desvendar os vários lados de cada um, sem nomear mocinhos e vilões. Nesse meio, Julia Roberts faz milagres com sua personagem e se revela o eixo de sustentação de todo o roteiro, enquanto Jack O’Connell rouba a cena e defende com unhas e dentes as nuances de Kyle. Caitriona Balfe também consegue marcar presença mesmo com uma personagem menor, e Clooney revela seu lado mais ridículo e idiota, e quem diria que Foster conseguiria extrair isso dele mais do que os irmãos Coen já fizeram antes. O maior erro de Money Monster é a tentativa de manobrar o tom satírico da primeira metade para um caminho mais intimista na reta final, momento em que perde o equilíbrio e descamba para um sentimentalismo bobo e sem sentido, na busca de redenção para os personagens e soluções redondas demais para um assunto tão complicado. Talvez seja uma tentativa de conferir peso ao formato de típico thriller, quando na verdade seu maior acerto deveria vir da autoconsciência de ser um filme pequeno, simples, de gênero. A despeito dessa derrapada, se mostra o trabalho de direção mais autoral de Foster, que imprime aqui uma identidade e uma lógica técnica trabalhando a favor do roteiro, além do tema que melhor soube explorar. O capitalismo agressivo, selvagem, já denunciado no título original, é apenas o ponto de partida nesse belo quadro pintado por ela, pois o rosto desenhado em qualquer cédula de dólar é apenas mais uma prova de que o que vem antes do capital é feito de carne e osso." (Heitor Romero)
TriStar Pictures LStar Capital Smokehouse Pictures Allegiance Theater
Diretor: Jodie Foster
76.380 users / 13.230 face
44 Metacritic 2.339 Down 72
Date 12/02/2018 Poster - ###### - DirectorPablo LarraínStarsNatalie PortmanPeter SarsgaardGreta GerwigFollowing the assassination of President John F. Kennedy, First Lady Jacqueline Kennedy fights through grief and trauma to regain her faith, console her children, and define her husband's historic legacy.[Mov 06 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@@} M/81
JACKIE
(Jackie, 2016)
TAG PABLO LARRAIN
{melancolico}Sinopse ''A estória de Jacqueline Kennedy (Natalie Portman), que inesperadamente viúva, lida com o trauma nos quatro dias posteriores ao assassinato de seu marido, o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy.''
"Não funciona nem como estudo de personagem (Jackie era só uma frágil boneca de porcelana ou uma vaidosa simuladora?), nem como retrato histórico ("JFK" é bem melhor). E Portman, no limite da caricatura, não segura a onda. O mito de Camelot merecia mais." (Régis Trigo)
"Embora Portman represente Jackie com precisão, nem ela nem Larraín conseguem revelar quem foi aquela mulher, que segue uma incógnita. Por outro lado, o filme acerta na discussão sobre imagem e legado, e as escolhas narrativas do diretor são interessantes." (Silvio Pilau)
"Quando se volta para a questão do enfrentar o luto, o filme cresce. Porém todo o resto é um enaltecimento à vaidade de Portman, que se comporta como uma miss em cena, cheia de glamour e pouco voltada para uma composição transparente de Jackie." (Heitor Romero)
"Pode ser que funcione melhor para os entusiastas da história política dos EUA. Não me comoveu enquanto cinebiografia, os melhores momentos não estão no drama narrativo da protagonista frente à tragédia e sim quando foca nos acontecimentos do fatídico dia." (Léo Félix)
"É um filme sobre uma viúva advinda de um desastre? É um filme sobre JACKIE KENNEDY - a performance de sua inteireza, a despeito do acontecido -? É um filme sobre a primeira-dama de um grande presidente? Sobre o processo fúnebre? E que finalzinho chato." (Felipe Leal)
"Jackie" é um filme sobre o passado que fala muito ao presente. E não apenas porque a vulgaridade que acaba de tomar o poder nos Estados Unidos desperte nostalgia pelo refinamento de John e Jacqueline Kennedy. A atualidade do filme dirigido pelo chileno Pablo Larraín (No, Neruda) tem a ver com seu tema. Jackie não é uma cinebiografia convencional sobre a história da primeira-dama americana Jacqueline Bouvier Kennedy (Natalie Portman)Este é um filme sobre guerra de narrativas em tempos de pós-verdade, um tema contemporâneo por excelência. Com sabedoria, Larraín escolheu um foco específico para seu filme: o momento posterior ao assassinato de JFK, em 1963. Apesar da comoção pela morte trágica, o círculo do poder em Washington quer um funeral modesto para o país seguir adiante, e a imprensa faz em geral um balanço francamente negativo de Kennedy. Contra eles, Jackie se rebela solitariamente. Ela planeja um enterro grandioso para que Kennedy não seja esquecido. E convoca um jornalista (Billy Crudup) para entrevistá-la e reescrever a narrativa sobre o legado do marido. Sua tentativa é bem-sucedida: nessa reportagem emerge a imagem de Camelot um reino de bravos e nobres guerreiros que marcaria os anos Kennedy na história. "Jackie" é atual também porque fala sobre empoderamento feminino, sobre uma mulher vista como dondoca que foi capaz de segurar a cabeça explodida do marido para que o cérebro não saísse do crânio. Ao longo do filme, Jackie sofre formas veladas de machismo que só seriam batizadas mais tarde, como o "gaslighting" (em que os homens a fazem se achar louca) e o "mansplaining" (em que os homens lhe explicam o mundo, com condescendência). Indicada ao Oscar de melhor atriz, Natalie precisa dar conta desse personagem real e complexo. No começo, parece que a solução encontrada foi a mera imitação de de voz, de olhares, de getos. Ao longo da projeção, a sensação se dissipa, e a atriz chega a um notável equilíbrio entre força psicológica e fragilidade física. Assim como ''Jackie'' foi capaz de impor sua visão particular sobre o legado do marido, Natalie consegue nos oferecer uma Jackie que só poderia ser sua." (Ricardo Calil)
''Natalie Portman aparece descalçando as meias manchadas de sangue. Também há sangue espalhado no vestido rosa e nas costas, numa cena em que ela toma banho. A atriz vencedora do Oscar por Cisne Negro larga como favorita a levar sua segunda estatueta pelo papel da primeira-dama Jacqueline Kennedy em "Jackie", que retrata seu luto após o assassinato do marido, em 1963. Ela foi a mais desconhecida das pessoas conhecidas", diz o diretor chileno Pablo Larraín. Jackie talvez tenha sido a pessoa mais fotografada do século, uma referência de moda, uma espécie de mãe do país, mas pouco se sabe sobre o que passou na cabeça dela naqueles dias. O ar misterioso foi o que o levou a Natalie Portman, atriz que ele descreve como insondável e que foi acionada via Darren Aronofsky, diretor de Cisne Negro e produtor que convocou Larraín ao projeto. O chileno tem em "Jackie" sua primeira produção rodada nos Estados Unidos, onde o filme estreou no último dia 2 após ter sido exibido no Festival de Veneza. O longa, que concorre ao Globo de Ouro de melhor atriz, não tem ainda data para estrear no Brasil. Enquanto Neruda se sustenta no jogo entre o personagem-título e seu perseguidor, o filme americano é um psicodrama mórbido sobre os últimos dias da era de Camelot na Casa Branca. Larraín intercala filmagens históricas com cenas interpretadas por Portman e atores como Peter Sarsgaard (Bobby Kennedy) e Caspar Phillipson (John Kennedy). Ele recria, por exemplo, o juramento presidencial do sucessor Lyndon Johnson (John Carroll Lynch), que teve a seu lado uma abalada Jackie, a bordo do Air Force One, ainda trajando o famoso vestido rosa manchado do sangue do marido morto." (Guilherme Genestreti)
Uma elaboração a rés do luto.
''O filme inicia com um plano aberto, com um enquadramento arquitetônico rigoroso. Este apuro estético é uma insinuação a personalidade da protagonista. Outros planos seguintes se assemelham sempre minuciosos, com o objeto focal no centro. Poderia-se colocar uma moldura e enquadrar tais imagens, especialmente aquelas que trazem a personagem título com seu vestuário impecável, tanto nos closes ou nos planos médios, dinamizando a beleza da ordem na Casa Branca com o caos da tragédia estampando os noticiários pelo mundo. O signo da tragédia surge na marca de sangue como mácula no rosto, nas mãos, nas unhas e no vestido de Jacqueline Kennedy. As cenas se congregam a imagens de arquivo e a historia se constrói a partir da personagem diante uma lógica narrativa por vezes documental arranjada numa montagem fragmentada. Filmes dentro de um filme, sendo cada um uma parte de memórias que se defrontam. "Jackie'' é a primeira incursão cinematográfica do cineasta chileno Pablo Larrain nos Estados Unidos. Na bagagem levou um dos temas que mais aprecia: contextos políticos. São dele os longas No e o recém-lançado Neruda. O contexto em questão diz respeito a um dos momentos mais aterradores da história estadunidense: o assassinato de John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos à época. Mas o filme fala de sua esposa, Jacqueline, a icônica primeira dama; e de seus interesses pessoais após a trágica morte do marido. Ela vislumbra um testamento midiático sobre quem fora o presidente – seu legado é comparado a Camelot. E em induções, também vislumbra um registro de quem fora ela, a inesquecível primeira dama. A obra não é uma cinebiografia, trata basicamente dos quatro dias após o assassinato, um recorte temporal explanando o processo de luto até o funeral luxuoso, intercalado com cenas de entrevistas e um documento de apresentação da reforma da Casa Branca, proposta pela própria Jacqueline Kennedy. A edificação de salas e objetos que pertenceram a outros presidentes como memoria imortalizada do país é discutido num grau de comparação relevando importâncias. Numa cena em um carro, Jackie pergunta sobre ex-presidentes mortos. Todos são recordados. Kennedy também será? Nesse ponto passamos a conhecer um pouco mais de Jackie e o torno em volta do mito construído em cima de seu nome. O filme está estruturado sobre a entrevista concedida a um repórter da revista Life, em Hyannis Port. É uma entrevista carregada de certa estranheza, já que a intimidade da ex-primeira dama se desvela num subjetivo testemunho que dá margens a lembranças, como uma reconstrução pessoal dos acontecimentos, elaboração da experiência singular da tragédia. A reconstrução é restrita a uma visão privada e os fatos como ocorreram pouco importam ao cineasta, mas sim as descrições desses fatos segundo a entrevistada. Ela precisa comentar sobre a tragédia com os filhos; ela precisa dizer sobre a tragédia para o mundo. E que interessante são suas palavras proferidas, sendo a mentira um adorno da verdade. Jackie traga um cigarro e logo diz: eu não fumo. Nem tudo se difunde e cada linha de seu discurso só poderá ser publicada mediante sua aprovação. Natalie Portman encarna a personagem com a devoção de uma entusiasta. A dicção, a serenidade calculada no tom de sua voz e a relutância dá a ela uma potencialização da personalidade absorvida, dividida entre a figura política edificada com a figura humana e suas emoções elucidadas na interpretação. Sua performance é elegante e estudada e o filme depende exatamente disso, da força de uma grande protagonista. Penso, assim, no que seria do filme se não tivesse uma atriz com a competência de Natalie Portman para segura-lo. O filme é dela, a aposta certeira do ascendente Larrain." (Marcelo Leme)
89*2018 Oscar / 74*2018 Globo / 2018 Lion Veneza
Fox Searchlight Pictures LD Entertainment Wild Bunch Protozoa Pictures Fabula Why Not Productions Endemol Shine North America Bliss Media Jackie Productions (II)
Diretor: Pablo Larrain
60.064 users / 29.332 face
52 Metacritic 2.442 Down 432
Date 29/06/2018 Poster - ###### - DirectorChad StahelskiStarsKeanu ReevesRiccardo ScamarcioIan McShaneAfter returning to the criminal underworld to repay a debt, John Wick discovers that a large bounty has been put on his life.[Mov 10 Favorito IMDB 7,5/10] {Video/@@@@@} M/75
JOHN WICK - UM NOVO DIA PARA MATAR
(John Wick: Chapter 2, 2017)
TAG CHAD STAHELSKI
{intenso / divertido / brutal}Sinopse ''Assassino lendário John Wick é forçado a voltar da aposentadoria por um ex-associado conspirando para tomar o controle de uma guilda sombria de assassinos internacionais. Obrigado por um juramento de sangue para ajudá-lo, John viaja para Roma, onde ele lutará contra alguns dos assassinos mais mortais do mundo.''
{O advogado criminal vê as pessoas bem comportadas. O de divorcio vê as boas mal comportadas} (ESKS)
{De graça fez o mundo e em troca recebe difuntos} (ESKS)
''Uma sequência que parece retribuir a recepção positiva do anterior e radicalizar suas virtudes, assim resultando em muita cinefilia, encenação evocativa dos games, mais estilo e mitologia, ainda mais tiro e porrada. Breve senão: o subplot subterrâneo.'' (Rodrigo Torres)
''Segunda e grosseira incursão de John Wick no cinema. A continuidade do esculhambatório perpetrado neste universo peculiar. Não vou perder tempo fazendo resumo de bosta nenhuma. Não se desperdiçam palavras. Sem enrolação desnecessária. Um cinema escroto.'' (Ted Rafael Araujo Nogueira )
''Embora carregue o mesmo apelo visual do primeiro, o trabalho com personagens fica a desejar.'' (Guilherme Bakunin)
''Wick poderia muito bem lutar ao lado dos Vingadores, porém ele, de fato, não tem poderes especiais, é só um grande atirador e um grande lutador. Sua pseudo-imortalidade, porém, tira todo o peso dos perigos que enfrenta.'' (Alexandre Koball)
''Basicamente, Stahelski faz o 'filme herdeiro' definitivo do cinema de Johnnie To e John Woo com a estética pop de um Refn que nunca mais fora servida pelo mesmo, tudo para potencializar John Wick em um dos experimentos de ação mais completo em anos.'' (Rafael W. Oliveira)
''O estilo cool e as excelentes cenas de ação que fizeram o sucesso do original estão de volta, além de se aprofundar na mitologia dos assassinos do Hotel. Mas é difícil sacudir a impressão de que é apenas mais do mesmo, sem o frescor e a surpresa.'' (Silvio Pilau)
''Mágico repetindo o truque com mais dinheiro. Repete todos os êxitos do primeiro - a truculência, a ação intensa, o universo carismático - mas já não tem o mesmo ineditismo.'' (Bernardo D.I. Brum )
"John Wick - Um Novo Dia para Matar" é o melhor que se pode esperar de uma continuação no cinema. Tem todos os elementos bacanas do primeiro filme, mas tudo ampliado. Nesse filme, isso quer dizer que há uma dose maior de lutas, vilões, diálogos rápidos e certeiros, mortes. E tem de novo Keanu Reeves, num personagem que ele nasceu para interpretar. Sem o ator, o primeiro John Wick, de título brasileiro De Volta ao Jogo, seria mais um filme de matador profissional aposentado que é obrigado a retomar o trabalho. Bruce Willis, Nicolas Cage, Liam Neeson – vários atores já interpretaram esse tipo. Mas a franquia John Wick é um projeto singular. É a estreia como diretor de Chad Stahelski, um professor de artes marciais que fez carreira como dublê e consultor de lutas para vários filmes, entre eles a trilogia Matrix, na qual fingiu ser Keanu Reeves nas cenas mais arriscadas. Os dois trabalharam como ator e dublê em nove filmes, desde que se encontraram em Caçadores de Emoção, em 1991. Keanu incentivou o amigo em sua ideia de um filme de ação baseado em lutas coreografadas ao extremo, em que cada soco ou pontapé fosse esteticamente impressionante. Daí nasceu John Wick, um assassino profissional que é uma lenda entre seus iguais. Aposentado e recém-viúvo, vivia com seu cachorrinho no primeiro filme. Mas o filho de um chefão da máfia russa cruzava seu caminho, sem saber quem ele era. O bandido e seus capangas surraram Wick, roubavam seu carrão vintage e, pior, matavam o cão. Wick partia para a vingança, e a proteção que o pai do mafioso oferecia não adiantava em nada. Numa sequência vertiginosa de lutas e tiroteios, Wick fazia vingança deixando 76 cadáveres pelo caminho. Nessa continuação, Wick é obrigado a cumprir uma última missão para que a organização mundial de matadores dê sossego a ele. Essa associação criminosa é cheia de regras e segue uma ética muito particular. O primeiro filme apresentou um hotel em Nova York que servia como território neutro do pessoal. Lá dentro, ninguém podia matar ninguém, mesmo que algum hóspede esteja com a cabeça a prêmio. Wick passa a ser perseguido por seus pares quando não executa seu alvo. Começa o pandemônio de confrontos e ele deixa mais de cem mortos. A ousadia visual do filme é associada a uma utilização incrível do som. Um completo impacto sensorial. Mas isso não bastaria sem Keanu Reeves. Com cara de pedra e voz de super-herói, dispara frases que parecem saídas de balões de HQ. E elas pontuam a trama com humor e cinismo. Apesar do sucesso do ator entre o público feminino, John Wick é um filme para meninos. Para quem brincou de Forte Apache, ou, para as gerações mais novas, jogou muito GTA." (Thales de Menezes)
Sociedade e suas sombras.
''Questionada sobre a forma que gerou o filme Jeanne Dielman, a cineasta Chantal Akerman respondeu: "(...) Para evitar cortar a mulher em cem pedaços, (...) cortar a ação em cem lugares, para olhar cuidadosamente e com respeito". A resposta registrada no livro "Nada Acontece" de Ivone Margulies, resvala em devidas proporções, obviamente, no princípio básico de John Wick: Um Novo Dia Para Matar. O filme de Chad Stahelski parte de um microcosmo para justificá-lo com muito cuidado e assim inibe diálogos com o contracampo. O irônico fiapo de história que guiou a primeira saga de John Wick em De Volta ao Jogo desta vez é um pouco mais complexo, ainda que facilmente digestivo dentro da liturgia do gênero. Tudo parece se resolver no primeiro ato do filme, clareando as intenções de Stahelski: há mais desdobramentos à serviço da construção de um submundo mais perceptível ao espectador, com ênfase na noção da força da máfia em uma metrópole como Nova Iorque ou Roma e como elas são interligadas. Do primeiro filme há muitos pontos positivos mantidos, em principal a fotografia baseada na mesma cartela de cores. Também vale citar a persona monossilábica de Wick, que é o contraponto à histeria causada pelo aumento de sequências de tiroteio, essas que possuem uma relação intrínseca ao espaço filmado, assim como os filmes de Johnnie To. De um galpão a uma sala de espelhos, numa singela referência a Orson Welles, Stahelski assim questiona a alma de Wick e de todos que o cercam com armas: como é a alma da máfia? Com toda frieza de locais em que não se vê uma viatura policial, como tiranos que pedem ajuda e clemência podem deitar seus inimigos sem que a consciência pese? De certo que tantos outros filmes já trataram deste assunto e continuam como referência para a segunda saga de John Wick como Abel Ferrara, Walter Hill, John Woo e o próprio Johnnie To. Desta vez, a postura bad ass de Wick é questionada: o tabuleiro é enorme para que Wick não seja só mais uma peça. Porém, o escopo é mínimo. Há respeito à trama e suas colunas. Sem espaço para momentos contemplativos ou contato com o mundo externo (extracampo), o filme é um diálogo contínuo entre os dois eixos alojados em um só extremo, ao contrário do recente Noite Sem Fim (Jaume Collet-Serra, 2015), para exemplificar. Se há a posição de um bom homem é porque a câmera assim escolhe; como a simples ilusão de um jogo de espelhos. Este é um dos códigos formais que John Wick: Um Novo Dia Para Matar subverte dentro da inerente expectativa de um filme de ação. Pois, se não há espaço para compreensão do que há do lado oposto, Stahelski o desenha dentro do que se vê. John Wick é um homem inconsolável, ainda que os sentimentos pareçam dormentes entre tantos tiros; o mundo fantástico que embala o frenesi tem um lugar a chegar. Um lugar outrora seguro, mais que um hotel cinco estrelas que Wick tanto visita. Mas o mundo de Stahelski é feito de espectros, invisíveis à sociedade, e ainda há muito o que ser dito sobre isso. Portanto, que venha o terceiro filme.'' (Pedro Tavares)
Top 250#207
Summit Entertainment TIK Films Thunder Road Pictures 87Eleven Regione Lazio Italian Tax Credit Partenariat du Quartier des spectacles Leone Film Group Lionsgate
Diretor: Chad Stahelski
34.287 users / 33.758 face
43 Metacritic 456 Up 165
Date 12/04/2020 Poster - ######### - DirectorChad StahelskiStarsKeanu ReevesHalle BerryIan McShaneJohn Wick is on the run after killing a member of the international assassins' guild, and with a $14 million price tag on his head, he is the target of hit men and women everywhere.[Mov 10 Favorito IMDB 7,5/10] {Video/@@@@} M/73
JOHN WICK 3 - PARABELLUM
(John Wick: Chapter 3 - Parabellum, 2019)
TAG CHAD STAHELSKI
{intenso / divertido / brutal}Sinopse ''O super-assassino John Wick está fugindo depois de matar um membro da guilda dos assassinos internacionais, e com um preço de US $ 14 milhões por sua cabeça - ele é o alvo de assassinos de aluguel em todos os lugares.''
''A história é um trem desgovernado, não faz sentido algum e o filme tem um tom pedante que disfarça certa falta de conteúdo. As lutas físicas são bem movimentadas e intensas - talvez o ponto forte de toda a trilogia. Já os tiroteios são intermináveis e se preocupam mais com plasticidade do que com praticidade. Mesmo a persona de Reeves não salva John Wick 3 de ser apenas mais um filme de ação genérico.'' (Alexandre Koball )
''Vejo evolução em alguns aspectos. Sua montagem e o realismo de sua violência gráfica, por exemplo, são impressionantes. Do mesmo modo, o mito em torno de John Wick segue em uma escalada interessante e o personagem parece ganhar poderes sobre-humanos — o que é muito bem apropriado pelo filme. Mas, pela primeira vez, e apesar de algumas cenas hipnotizantes, a franquia começa a apresentar sinais de desgaste.'' (Rodrigo Torres)
"O novo capítulo de 'John Wick' ratifica sua posição como a melhor franquia de ação do cinema atual, em mais um filme que combina muito bem a criação daquele universo peculiar com cenas espetaculares e divertidas. Há estilo, criatividade e momentos inspirados (a sequência com as facas no corredor é excelente), e tanto Stahelski quanto Reeves já encontraram o tom certo da história e do personagem. Que venha o próximo!" (Silvio Pilau)
''Desde que teve seu início em 2014 com o cultuado De Volta ao Jogo, o mundo do assassino John Wick viveu uma evolução notável nas telas. Enquanto o longa de estreia apresentava uma história mais pessoal de Wick, que partia em vingança pelo assassinato de seu cão, a sequência Um Novo Dia Para Matar levou o personagem para fora do solo norte-americano até Roma, para revelar a extensa mitologia por trás da sociedade de matadores profissionais antes retratada pela superfície no Hotel Continental. Além disso, as cenas de tiroteio e pancadaria assumiam uma maior escala e exploravam as peculiares dinâmicas desse mundo mais ativamente, firmando este universo em uma dimensão totalmente ficcional. Com o progresso observado entre os dois primeiros capítulos, parecia seguro pressupor que John Wick 3: Parabellum seria a próxima etapa desta evolução, trazendo mais peças importantes à mesa e aumentando a dose de espetáculo em níveis cavalares. No aspecto visceral, que é o que fãs e o público em geral buscam na franquia, o novo longa estrelado por Keanu Reeves entrega e pode, sim, ser considerado como mais um grande avanço. Do início ao fim, Parabellum mostra a que veio nesta modalidade, buscando sempre cruzar novas linhas quanto ao que Wick pode ser capaz quando o assunto é aguentar dor e trucidar seus inimigos. No aspecto narrativo, contudo, o resultado é bem menos sólido por se basear em uma mitologia confusa e pouco especificada. Conteúdo recomendado:Grisalha, namorada de Keanu Reeves revela por que se recusa a pintar o cabelo.Desde o início, um objetivo claro deste terceiro filme, novamente dirigido por Chad Stahelski, é buscar maior aproximação à lógica dos videogames modernos, em especial aqueles focados em tiro, para conectar-se com seu público. Mesmo para aqueles que não jogam, a dinâmica gamificada da ação convida um envolvimento ativo com o que se vê, quase como um gameplay. Com o longa abrindo momentos após a conclusão do capítulo anterior, jogando Wick nas ruas de Nova York marcado para morrer e a 1 hora de ser excomungado, a introdução da aventura mais se parece com o início de uma partida de battle royale, gênero popular nos dias atuais, em que o herói tem um tempo limitado para coletar os recursos necessários para uma batalha iminente. A progressão de todo o resto apenas reforça como Stahelski tira inspiração dos novos formatos. Cada uma das setpieces, ou seja, cenas situadas em uma locação específica, são como fases cuja dificuldade se acentua. O número de oponentes aumenta, assim como a quantidade de ferramentas para matá-los. Os cenários possuem grande importância para o desenrolar das lutas, já que os objetos de cena são compostos armas reais ou improvisadas – a briga na biblioteca e o armazém com facas e machados, que vêm cedo no longa, são pontos altos. Já na última sequência de lutas, são apresentados inimigos munidos de armaduras, e Wick deve mudar suas estratégias para executá-los – são como os infames “esponjas de bala” vistos em shooters mais recentes. Todo o caos acaba servindo como uma forma de ostentar o tremendo capricho da equipe de dublês e, é claro, do pró-ativo Reeves. Às vezes, Wick é arremessado para lá e para cá sem parar, quebrando vitrines e outras estruturas com o impacto de seu corpo, quase que numa sensibilidade de comédia pastelão. Não à toa, o ídolo Buster Keaton, famoso por suas peripécias e acrobacias perigosas, é novamente homenageado aqui com um easter egg visual no meio da Times Square. Os princípios de John Wick, a franquia, parecem cada vez mais os de dar continuidade ao cinema para o qual Keaton tornou-se um emblema, assumindo o compromisso de entregar uma barragem de socos e rajadas que podem ser sentidos até o osso, hipnotizando seu público como um espetáculo arriscado de circo. “Arte é dor”, diz a chefona interpretada por Anjelica Huston numa que é das mais fortes sequências focadas na narrativa de fundo, e que melhor sintetiza a obra. Através dela, descobrimos novos detalhes sobre o passado de John, dando abertura para possíveis spin-offs ou prequelas. Mas apenas isso. De resto, no âmbito narrativo, John Wick 3 torna-se frustrante pelas muitas complicações e voltas dadas no entorno das regras que envolvem a sociedade de assassinos. Muitas dessas complicações, trazidas à mesa pela personagem da Juíza (Asia Kate Dillon), sequer envolvem o personagem titular ou sua missão, e acabam tirando o foco da produção, assim como prejudicam seu senso de urgência – algo esperado após a avalanche de infortúnios ocorridos com Wick. O longa apenas recobra a urgência em seu terço final, quando há novos riscos, e de fato entrega um clímax espetacular em um nível sensorial. Ainda assim, sua “conclusão” nos deixa com um sentimento de trapaça por, ao introduzir esses tais riscos, logo anulá-los e trazer a narrativa de volta a um status quo. Além disso, torna-se aparente que muito do que é apresentado em John Wick 3 serve apenas ao propósito de estabelecer mais uma sequência, sem necessariamente formar uma trama que seja satisfatória de forma isolada. Parte do fator de replay de ambos seus precursores vem justamente do fato de estabelecerem arcos com início, meio e fim, mas aqui essa noção de estrutura está em falta. Outro fator prejudicial a John Wick 3: Parabellum é a falta de um antagonista forte que esteja presente na ação direta. É ótimo ver Mark Dacascos de volta ao cinema de artes marciais, mas seu personagem acaba assumindo mais a função de alívio cômico do que de oponente ameaçador. O toque de humor, apesar de peculiar, inclusive tira parte do gás deste terceiro ato, que ainda deve lidar com inúmeros desdobramentos de uma mitologia que se torna desnecessariamente complicada e verborrágica. Todo o impulso dianteiro de antes resulta em um fim bastante anticlimático, um que não possui a força do gancho ao final do longa anterior. Inevitável sentir-se traído e trapaceado. Somos deixados exatamente como John Wick, com sentimentos diversos: exauridos, confusos, doloridos, mas ansiosos por mais, mesmo que não saibamos para onde tudo isso irá agora. Apesar de todos os pesares, é inegável que Chad Stahelski e sua equipe de dublês tenham atingido novas alturas em sua execução de cenas de tiroteio e pancadaria, agora incluindo até mesmo cães na mistura – os dois pastores-belga Malinois de Halle Berry, que tem poucas mas boas cenas, têm um desempenho impressionante numa que deve ser a batalha mais árdua de se coreografar do longa todo. Quem procura uma continuação fascinante da mitologia do Continental pode se decepcionar, mas quem busca a mesma ação ousada e perigosa dos anteriores ficará plenamente satisfeito – e talvez até um pouco estufado, como com qualquer bom prato.'' (Caio Lopes)
Ponte para a guerra.
''Parabellum. Lá pelo terceiro ato do novo capítulo da saga do ex-mercenário John Wick, seu subtítulo recebe uma tradução e um ciclo se forma, finalmente vindo à tona que as intenções sempre foram a criação de uma franquia, que segue aqui não apenas bem sucedida, mas quase singular na construção de uma tradição imagética de referência e excelência. A expressão que batiza esse novo segmento deixa o caminho pavimentado para que entendemos o processo do surgimento desse universo interligado e orgânico, onde dos acontecimentos do primeiro segmento até o fim desse terceiro passou pouco mais de um mês; a integração da narrativa capitular talvez seja um dos grandes trunfos a serem observados aqui, quando a progressão linear desses eventos em 'efeito dominó' dão um charme que o filme não precisaria ter, mas que é apenas um dos aspectos de um roteiro que, ao contrário do que os raros detratores possam acusar, não tem nada de raso. Se no episódio anterior o diretor Chad Stahelski propunha reler alguns emblemas do cinema (como Buster Keaton) em seu cardápio criativo, dessa vez seu ofício adquire liberdade e compõe unidade com um roteiro capaz de justificar os desdobramentos episódicos, criar novos personagens repletos de humanidade, realçar os antigos e dar garantia de excelentes linhas de diálogos para todos os envolvidos, superando a qualidade para definir do caráter de cada peça do jogo. O material é escrito desde a primeira aventura por Derek Kolstad, mas aqui ele recebe a ajuda de Shay Hatten, Chris Collins e Marc Abrams na manufatura do todo, com sua experiência com a saga criando a unidade necessária para desenvolver cada nova ramificação. O resultado são cenas tão bem construídas dramaticamente no campo da ação quanto na tessitura das relações, como vemos entre atores como Ian McShane e Halle Berry, no seu melhor momento em quase 20 anos. Ainda que o roteiro construa sua base há 5 anos e agora estenda essa estrutura de maneira explícita, o trabalho de Stahelski continua sendo o diferencial para que 'John Wick' não seja apontado como "apenas um thriller de ação genérico", do início ao fim. O fotógrafo Dan Laustsen (indicado ao Oscar por 'A Forma da Água') retoma seu trabalho na série depois do jogo de luz e sombras apresentado no anterior, aqui acrescido por um controle ainda mais rígido a respeito da movimentação de câmera, como na cena logo no início do encontro do protagonista com orientais em uma loja de facas, ou o rigor de uma das sequências finais, na sala de vidro; não uma preocupação única do projeto em promover adrenalina, mas conjugar esse sentimento de tensão com beleza estética apurada, usando elementos como o neon para driblar a burocracia que cenas de ação podem representar, e possibilitar um tratamento sofisticado a uma seara menosprezada. Em determinada cena, o protagonista diz que prefere continuar vivo para lembrar da esposa falecida, e percebemos que apesar do visual pop e do roteiro meticuloso em suas inúmeras vertentes, tem uma porta aberta para a percepção filosófica para a obra. São inúmeros os temas que perpassam a produção, e chama a atenção o fato de todos eles serem desenvolvidos de maneira coesa à realização de maneira geral. Na espinha dorsal, tem esse ímpeto de morte perseguido por esse homem repleto de perdas; a memória do amor perdido para o esquecimento é a batalha principal travada por Wick, que luta por reparação em espiral. Os outros tipos do filme vagam por reestabelecer a ordem num universo de caos crescente, da personagem de Halle Berry ao personagem de Mark Dacascos, que em frequências diferentes pulsam o mesmo sintoma reparatório que o herói, mantendo-se todos eles num esquema de honra entre adversários - mesmo em lados opostos, há um respeito e uma admiração pelo oponente, em algumas passagens até verbalizadas. Se todos os caminhos traçados até aqui foram apenas uma preparação, já podemos imaginar que o conflito está começando agora e a intensidade dos fatos nem tenha sido conhecida ainda. Essa é a impressão que fica observando o terço final desse capítulo que reforça as características emblemáticas e já inerentes. Mais um conjunto de sequências que descolam 'John Wick' da descerebrada produção em fábrica norte americana para situá-la dentro de um lugar onde animais participam da ação de maneira efetiva, onde cenas nunca vistas são elaboradas e executadas, traduzindo um material híbrido que espelha os anseios de cada personagem (vide o envolvimento de Halle Berry nas duas cenas que protagoniza), ao passo que reflete em paralelo um sentido de conexão entre os que matam - todos se compreendem pelo que fazem. Adicione a essa combinação referências que vão da sétima arte ('Lawrence da Arábia') à religião (estigmatas produzidas como castigo), e podemos dizer que estamos apenas começando a vislumbrar o potencial de Chad Stahelski, que atualmente parece em franca expansão.'' (Francisco Carbone)
Lionsgate Summit Entertainment 87Eleven Thunder Road Pictures Morocco Film Production
Diretor: Chad Stahelski
242.787 users / 241.228 face
50 Metacritic 167 Down 2
Date 12/04/2020 Poster - ########## - DirectorTaika WaititiStarsRoman Griffin DavisThomasin McKenzieScarlett JohanssonA young German boy in the Hitler Youth whose hero and imaginary friend is the country's dictator is shocked to discover that his mother is hiding a Jewish girl in their home.[Mov 03 IMDB 7,9/10] {Video/@@} M/58
JOJO RABBIT
(Jojo Rabbit, 2019)
TAG TAIKA WAITITI
{esquecível}Sinopse ''Uma sátira sobre a Segunda Guerra Mundial que segue um solitário garoto alemão chamado Jojo (Roman Griffin Davis), cujo mundo é revirado quando ele descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) está escondendo uma jovem judia (Thomasin McKenzie) no sótão. Com a ajuda de seu único - idiota e imaginário - amigo Adolf Hitler (Taiki Waititi), Jojo precisa enfrentar seu nacionalismo cego.''
{A primeira vítima da guerra é a inocência} (ESKS)
''A capacidade humorística dese filme ultrapassa totalmente os limites do que se tem visto por aí. Pra isso não precisa nem ser pretensioso nem totalmente escrachado, ao contrário altamente refinado e inteligente no humor.'' (Igor Guimarães)
''É interessante ver o ponto de vista de uma criança sobre o nazismo - e seu herói imaginário - e o filme é feliz ao propor isso com tanta imaginação e certo humor.'' (Marcelo Leme)
''Jojo Rabbit é um pequeno e super simpático filme. A mistura do fascismo de Hitler com a inocência infantil (com temas como a descoberta do amor) durante o auge da Segunda Guerra cria uma obra leve e sem senso de urgência - a antítese do conflito. Os coadjuvantes são bem interessantes, ainda que puxem pela caricatura, infelizmente a maioria deles mal aproveitados em prol do desenvolvimento da história do garoto.'' (Alexandre Koball)
''Os filmes de Taika Waititi, mesmo quando falhos, sempre apresentam boas ideias, momentos espirituosos e certo grau de subversão. É o caso aqui. A história é ótima e os personagens adoravelmente excêntricos (Scarlett Johansson está muito bem), sustentando a produção. Mas nem tudo funciona, como a situação relacionada ao amigo imaginário, e o peso do tema acaba diluído em meio ao humor escrachado.'' (Silvio Pilau)
''Desconstruir o horror do nazismo por meio da comédia não é novidade. Desde O Grande Ditador, de Charles Chaplin, passando pelo pouco conhecido mas ótimo “Trem da Vida”, do romeno Radu Mihaileanu, e o inevitável oscarizado A Vida É Bela, de Roberto Benigni, alguns diretores se aventuram, de tempos em tempos, por este terreno perigoso. O mais recente deles é o neozelandês Taika Waititi, com seu “Jojo Rabbit”. Optando por um tom de fábula que oscila entre cômica e comovente, além de ser estrelado por uma criança, Roman Griffin Davis, o filme acertou em cheio na receita que leva ao Oscar - conquistou seis indicações, como melhor filme, atriz coadjuvante, roteiro adaptado, figurino, montagem e direção de arte - e acaba de abocanhar o Bafta de melhor roteiro adaptado (a partir do livro O Céu que nos Oprime, de Christine Leunens). Com raízes judaicas por parte de mãe, Waititi reserva para si mesmo o papel de Adolf Hitler, aqui numa encarnação peculiar, como o amigo imaginário do menino Jojo, um pequeno nazista em formação. O pai do garoto desapareceu na Segunda Guerra e a mãe, Rosie (Scarlett Johansson), passa muito tempo fora de casa, numa agenda secreta. Jojo divide seu tempo entre um treinamento da Juventude Hitlerista e conversas com este amigo, uma amalucada versão da masculinidade tóxica exacerbada do Führer. Ridicularizando Hitler e outros oficiais nazistas - como o impagável capitão Klenzendorf (Sam Rockwell), que parece saído de um filme de Wes Anderson -, o que Waititi parece ter em vista é desmontar a onipotência que fascistas em geral projetam para si. Ao mesmo tempo, empoderam-se figuras femininas dissidentes, como Rosie e a adolescente judia Elsa (Thomasin McKenzie), que ela esconde no sótão da própria casa. Ao afrontar a doutrinação de Jojo, o filme sinaliza a crença de que todo processo de lavagem cerebral pode ser enfrentado e mesmo revertido. Pesquisando sobre os judeus para um suposto livro, o que o menino descobre, na verdade, são os absurdos que seus inimigos propagam sobre eles. “Jojo Rabbit” assume, assim, uma inegável intenção didática, mirando direto no coração do público, sem se importar com os reparos dos críticos quanto à sua relativa facillitação dramatúrgica. Uma postura que não deixa de fazer algum sentido numa época como a atual, em que, como na do filme, os discursos racionais passam por dificuldades em sua capacidade de convencer.'' (Neusa Barbosa)
Alegoria do fim do mundo — ou do início de um novo.
''Taika Waititi é um artista subversivo. E a subversão é uma característica dos grandes autores. O cineasta neozelandês já desfilou essas duas qualidades na subestimada paródia dos filmes de vampiros O Que Fazemos nas Sombras (What We Do in the Shadows, 2014) e na ousada e também incompreendida releitura de Thor: Ragnarok (2017) — filme que colore o universo e a personalidade do deus nórdico Vingador sem (ao contrário do que os fãs radicais alegaram) desonrar sua mitologia e com muito mais desenvoltura que os comportados filmes anteriores, arrancando o melhor de Chris Hemsworth ao explorar sua veia cômica e realizando um longa-metragem mais coeso em si e em relação ao Universo Cinematográfico Marvel. Golaço! De um diretor e roteirista cuja zona de conforto é a rebeldia e seu campo de atuação preferencial, a fantasia. Por isso, nenhum outro artista receberia um voto de confiança tão grande — da indústria, do público, da imprensa, geral! — ao surgir com um projeto tão espinhoso quanto uma sátira sobre a Segunda Guerra Mundial, o Nazismo e Adolf Hitler. Ainda assim, é espantoso o que Taika Waititi consegue extrair de Jojo Rabbit (2019). Sem incorrer nas diversas armadilhas possíveis de seu argumento audacioso, como o melodrama cafona e a paródia de mau gosto. Assim, dentre as muitas referências visuais, temáticas e estruturais que o filme evoca, a que mais chama atenção é O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940). Justamente por ironizar de forma lúdica e responsável o horror da guerra, fazendo comédia a partir da visão de mundo absurda do opressor. O outro predicado de Waititi que faz jus ao clássico de Charlie Chaplin é a extrema habilidade de articular essas gags de uma forma cinematograficamente impecável. O ponto de partida dessa história fantástica é Johannes Betzler, "Jojo", um menino alemão tão fissurado pelo Reich que seu melhor amigo é um Hitler imaginário. Como diz sua própria mãe, a bondosa Rosie numa tirada hilária, a pouca idade não o absolve de tamanha obsessão — para ser assim, ele não deve bater muito bem da cabeça mesmo. A crítica é direta e clara, e o filme não cansa de enfatizar a posição de seu autor a respeito de quem defende regimes e líderes autoritários. Sempre por meio de piadas que debocham do poder de cognição de quem acredita na própria superioridade racial, que sublinham o raciocínio doentio de quem vê num semelhante diferenças tão absurdas quanto chifres e presas. E essas gags sempre funcionam, porque bem escritas e interpretadas. Isso passa por um elenco que justifica sua indicação ao Screen Actors Guild (SAG). Embora o próprio Taika Waititi chamasse mais atenção nos trailers, e esteja de fato ótimo no papel, não lhe resta tanta oportunidade de surpreender ao longo do filme como a outros atores. Ademais, seu mérito maior não é como intérprete de uma versão caricatural do Hitler, mas em sua inteligência como escritor de comédia e drama, ao criar um personagem que expressa para o público as ideias e fantasias do protagonista e, conforme o filme avança e sua visão de mundo se expande, a sua confusão mental. Esse procedimento lembra muito a animação Divertida Mente (Inside Out, 2015), que usa um pequeno conjunto de cinco sentimentos básicos de uma criança para expressar um modo de pensar complexo, e que assim evolui até se transformar em uma mente mais desenvolvida. A dinâmica entre Jojo e seu Hitler imaginário ecoa essa mesma lógica, principalmente por se desenrolar numa chave cômica infantil à superfície e trazer logo abaixo um subtexto dramático inteligente do ponto de vista psicológico. Para isso, o diretor conta com a atuação espetacular do ator-mirim Roman Griffin Davis. O garoto é um fenômeno: sem perder o jeito de moleque, ele diz as maiores atrocidades com verdade e ingenuidade, e hesita, sorri, se arrepende, sente medo, chora, mudando de expressão com uma facilidade incrível, com a verossimilhança que o papel pede e a falta dela nos muitos momentos em que a exigência muda — vide seus olhares eventuais para a câmera. Scarlett Johansson vive uma das personagens mais solares do cinema recente, e consegue retribuir cada set piece que tem para si (várias delas são como curtas de Rosie como protagonista) transmitindo essa luz irradiante toda vez que está em cena. Reinventado em Hollywood, Sam Rockwell ganha o privilégio de viver o Capitão Klezendorf, uma caricatura que vai revelando suas camadas ao longo do filme — em dois momentos pontuais, e bem distintos, ele transmite com o olhar as diferentes sensações reprimidas de um personagem que não acredita no que é e no que faz. Quando precisa mostrar sua verve humorística, o ator vencedor do Oscar por Três Anúncios Para um Crime (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, 2017) também capricha e não deve nada a Rebel Wilson (que só interpreta sua versão nazista — e não precisa de nada mais para entregar o que precisa), Stephen Merchant (deem mais papéis para esse homem!) e Alfie Allen, que se liberta da sisudez do Theon de Game of Thrones (2011—2019) para viver um homossexual nazista bem afeminado (o que deve incomodar parte do público). Por fim, vale dizer que Roman Griffin Davids só perde para Archie Yates (Yorki) como o moleque mais fofo não só do filme, como do ano. À exceção de Thomasin McKenzie (Elsa), que interpreta uma personagem mais séria e desde sempre trágica, esse elenco inspirado e seus personagens se portam em Jojo Rabbit como figuras particulares do universo criado por Taika Waititi. Esse universo é tão calculado, colorido, juvenil e dinâmico quanto o de Wes Anderson, especialmente em Moonrise Kingdom (2012). A estética singular de um longo plano aberto que posiciona Jojo e Rosie no canto inferior esquerdo da tela acessa diretamente O Show de Truman (The Truman Show, 1999), e seus significados de fato se chocam. Até que Jojo Rabbit vira A Vida é Bela (La Vita è Bella, 1997), e o filme se rompe e se transforma. Até que o sol se põe em pleno dia, e a única cor restante é de uma linda borboleta. Que guia Jojo rumo a um doloroso despertar. O wake up call do garoto é encenado com um lirismo ao mesmo tempo deslumbrante e devastador. A bem da verdade, todo o longa-metragem se caracteriza por essa pulsação cena a cena — seja para arrancar risadas, seja evocando o afeto dos personagens na tela, seja até estimulando umas lágrimas — que nem precisam escorrer para gerar a mais profunda emoção no espectador, inclusive de admiração pelo esmero como essa história é contada. O grande mérito de Taika Waititi é assinar mais que um texto polemista, como o grupo Porta dos Fundos fez recentemente e provocou mais defesas à sua liberdade de expressão do que à qualidade da obra em si. O videoclipe e o ritmo alucinado que iniciam Jojo Rabbit são provas disso; a mudança da cadência do tempo denota o início do processo de amadurecimento do protagonista; o bonito jogo de espelhos entre Jojo e Elsa e a virada que isso representa narrativamente mostram o seu talento estético; as cenas de guerra do filme, uma versatilidade que causa tanto assombro quanto a expressão no rosto de Roman Griffin Davis, que se esconde dos tiros e bombas como um ratinho e agiganta a sequência visual e metaforicamente; o final é meticuloso do figurino à escolha de um clássico do Rock para entoar esse desfecho, numa rima com a abertura; e até uma citação a um poeta, em vez de óbvia, amplia a obra do autor. ''Jojo Rabbit'' é vários filmes em um, e como um só, um afago de Taika Waititi em todos aqueles que sofrem algum tipo de autoritarismo. "A beleza e o horror fazem parte de nossas vidas, não se abale, sigamos em frente, sejamos felizes". O recado vai por aí, com seu longa-metragem servindo como uma ferramenta de catarse, como um presente para essas pessoas, para todos nós. E os mesmos curtos versos de Rainer Maria Rilke que expressam essa ideia portam uma ambiguidade genial, direcionável ao opressor. Dado o contexto, do filme e de seu realizador subversivo, o poema soa também como uma nota de esperança a versar sobre a possibilidade de se descobrir e lapidar outros Jojos mundo afora — o que enriquece o amor incondicional, educativo, dispensado por Rosie ao filho nazista nos momentos em que o menino mais destila ódio. "Nenhum sentimento é definitivo". Que assim seja. E o mundo mude. Para melhor.'' (Rodrigo Torres)
92* 2020 Oscar / 77* 2020 Globo
TSG Entertainment Piki Films Defender Films Czech Anglo Productions Fox Searchlight Pictures
Diretor: Taika Waititi
214.217 users / 219.787 faceSoundtrack Rock The Beatles / Tom Waits / Roy Orbison / Love / David Bowie
57 Metacritic 31 Up 3
Date 27/04/2020 Poster - ### - DirectorChad StahelskiStarsKeanu ReevesMichael NyqvistAlfie AllenAn ex-hitman comes out of retirement to track down the gangsters who killed his dog and stole his car.[Mov 10 Favorito IMDB 7,4/10] {Video/@@@@@} M/68
JOHN WICK - DE VOLTA AO JOGO
(John Wick, 2014)
TAG CHAD STAHELSKI / DAVID LEITCH
{intenso / divertido / brutal}Sinopse ''John Wick (Keanu Reeves) é homem solitário que perdeu tudo na vida. Um assassino de aluguel aposentado, Wick é forçado a voltar ao jogo e enfrentar a máfia.''
{Mas quem quer os fins quer os meios} (ESKS)
"Stahelski se inspira no John Woo dos bons tempos, e faz um filme de vingança raiz, estilizado, com um mínimo de cortes, e coreografias pra lá de inventivas. Reeves, quase sem abrir a boca, se sai bem. Dentro da proposta 'cut to the chase', uma boa pedida.'' (Régis Trigo )
''Ágil, divertido, brutal e mentiroso quando precisa, exatamente como um bom filme de ação tem que ser. Boa surpresa, hein?'' (Rodrigo Cunha)
''O plot de vingança é conhecido e passado (e os exageros hollywoodianos são previsíveis), porém, para variar, é um bom filme com Keanu Reeves, cheio de energia e intensidade para amantes do gênero.'' (Alexandre Koball)
''Ótimo antídoto à bundamolice enrustida e à estética purpurinada amorfa de Nicolas Refn. Um filme de vingança enérgico e físico ao melhor estilo Hong Kong, com encenação sofisticada e extremamente habilidoso na sustentação de seu universo imaginário.'' (Daniel Dalpizzolo)
''Keanu Reeves é um grande canastrão, mas se sai bem como poucos no papel de um cara durão e calado. John Wick, o personagem que dá o título original a seu filme mais recente, é mais um que se encaixa no tipo. Um ex-matador profissional, agora ele vive tranquilo. Mas, depois que sua mulher morre, fica fragilizado. Quando o herdeiro da máfia russa nova-iorquina rouba seu carro e mata seu cachorro, Wick volta à ativa por vingança. O filme é uma sequência incrível de uma matança atrás de outra, transformando violência em apuro estético. Numa delas, dentro de um bar, Wick mata mais de 50 russos em menos de dez minutos. Divertido, sangrento e feito para descansar os neurônios, "De Volta ao Jogo" é só uma brincadeira, irresístivel. Para meninos." (Thales de Menezes)
''John Wick - Um Novo Dia para Matar" é o melhor que se pode esperar de uma continuação no cinema. Tem todos os elementos bacanas do primeiro filme, mas tudo ampliado. Nesse filme, isso quer dizer que há uma dose maior de lutas, vilões, diálogos rápidos e certeiros, mortes. E tem de novo Keanu Reeves, num personagem que ele nasceu para interpretar. Sem o ator, o primeiro "John Wick" (2014), de título brasileiro "De Volta ao Jogo", seria mais um filme de matador profissional aposentado que é obrigado a retomar o trabalho. Bruce Willis, Nicolas Cage, Liam Neeson – vários atores já interpretaram esse tipo. Mas a franquia "John Wick" é um projeto singular. É a estreia como diretor de Chad Stahelski, um professor de artes marciais que fez carreira como dublê e consultor de lutas para vários filmes, entre eles a trilogia "Matrix", na qual fingiu ser Keanu Reeves nas cenas mais arriscadas. Os dois trabalharam como ator e dublê em nove filmes, desde que se encontraram em "Caçadores de Emoção", em 1991. Keanu incentivou o amigo em sua ideia de um filme de ação baseado em lutas coreografadas ao extremo, em que cada soco ou pontapé fosse esteticamente impressionante. Daí nasceu John Wick, um assassino profissional que é uma lenda entre seus iguais. Aposentado e recém-viúvo, vivia com seu cachorrinho no primeiro filme. Mas o filho de um chefão da máfia russa cruzava seu caminho, sem saber quem ele era. O bandido e seus capangas surraram Wick, roubavam seu carrão vintage e, pior, matavam o cão. Wick partia para a vingança, e a proteção que o pai do mafioso oferecia não adiantava em nada. Numa sequência vertiginosa de lutas e tiroteios, Wick fazia vingança deixando 76 cadáveres pelo caminho. Nessa continuação, Wick é obrigado a cumprir uma última missão para que a organização mundial de matadores dê sossego a ele. Essa associação criminosa é cheia de regras e segue uma ética muito particular. O primeiro filme apresentou um hotel em Nova York que servia como território neutro do pessoal. Lá dentro, ninguém podia matar ninguém, mesmo que algum hóspede esteja com a cabeça a prêmio. Wick passa a ser perseguido por seus pares quando não executa seu alvo. Começa o pandemônio de confrontos e ele deixa mais de cem mortos. A ousadia visual do filme é associada a uma utilização incrível do som. Um completo impacto sensorial. Mas isso não bastaria sem Keanu Reeves. Com cara de pedra e voz de super-herói, dispara frases que parecem saídas de balões de HQ. E elas pontuam a trama com humor e cinismo. Apesar do sucesso do ator entre o público feminino, "John Wick" é um filme para meninos. Para quem brincou de "Forte Apache", ou, para as gerações mais novas, jogou muito "GTA".'' (Thales de Menezes)
O mais novo candidato a cult do cinema americano.
''De Volta ao Jogo (John Wick, 2013) é um espécime raro de ser encontrado no atualmente árido cinema comercial norte-americano. Trata-se, afinal, de um filme de ação adulto, que não tem medo de mostrar sangue e violência brutal, preferindo ser verdadeiro a si mesmo do que ceder aos seus princípios para alcançar uma classificação juvenil. Mais do que isso, De Volta ao Jogo se destaca por não trazer crises existenciais ao protagonista ou buscar a seriedade que tem se tornado comum em grandes produções do gênero; é, pura e simplesmente, ação e pancadaria (quase) do início ao fim, em um filme realizado com estilo e extrema competência por dois cineastas novatos. Chad Stahelski e David Leitch (este segundo não creditado, em função das regras do DGA) sabem o material que têm em mãos, e trabalham com absoluta certeza do filme que pretendem realizar. Os primeiros minutos de John Wick já deixam claro o que o espectador terá pela frente: poucas palavras, economia narrativa e uma abordagem direta ao ponto. Este início, aliás, já demonstra a eficiência do trabalho dos diretores e do roteirista Derek Kolstad: mesmo sem perder tempo, eles constroem ali a base que irá sustentar o filme, tornando crível a relação do protagonista com sua esposa e, obviamente, com o cachorro. É interessante também a forma como, na construção dessa identificação da plateia com o personagem, os cineastas apresentam seu protagonista. O primeiro ato jamais mostra John Wick em ação; no entanto, as conversas entre os demais personagens e o medo (ou respeito) que possuem dele deixam claro para o espectador que aquele não é um homem com o qual se deve brincar. Assim, antes mesmo de Wick partir em sua jornada de vingança, antes mesmo de dar o primeiro tiro, a plateia sabe que está ao lado de alguém lendário naquele submundo, com uma aura quase sobre-humana e extremamente eficiente naquilo que faz. E eficiência é a palavra que melhor descreve John Wick. Stahelski, Leitch e Keanu Reeves fazem do personagem alguém que não gosta de perder tempo, partindo direto ao que interessa – e nada deixa esse ponto mais claro do que o fato de eliminar praticamente todas as suas vítimas com um tiro na cabeça, encerrando ali qualquer possibilidade de recuperação dos inimigos. Nesse sentido, Reeves revela-se uma escolha acertadíssima para o personagem: se alcance dramático nunca foi seu forte, o ator sempre se deu bem em papéis que exigiam apenas forte presença em cena, como é o caso de John Wick, com suas poucas palavras. Entretanto, o show é mesmo de Stahelski e Leitch. Com longa carreira em Hollywood como dublês, os cineastas exibem total senso de ritmo e mostram-se incrivelmente à vontade na realização das cenas de ação – e, ainda mais importante, revelam saber filmar estes momentos melhor do que muitos diretores “experientes” por aí. O grande acerto da dupla é não cair na armadilha do excesso de cortes, tornando as sequências de luta e tiroteios facilmente inteligíveis para o espectador – além de serem incrivelmente divertidas, como toda a cena na boate. Como se não bastasse, De Volta ao Jogo é um filme que transborda estilo: Stahelski e Leitch fazem de tudo para dotar o seu trabalho de uma aura cool, desde o fato de Wick usar terno para partir em sua vingança, passando pelos planos bem compostos e chegando até à paleta cinzenta, que evita as cores quentes. Como se pode imaginar, o roteiro não é o forte de De Volta ao Jogo – e nem é essa a intenção. O texto de Kolstad é, sim, extremamente eficiente na construção de um universo particular, com seus códigos próprios (não me incomodaria nem um pouco se decidissem fazer um filme baseado no personagem de Ian McShane e seu intrigante Hotel Continental), além de acertar em suas tentativas de humor (a cena do policial que bate à porta de Wick é impagável), mas, de resto, o filme segue uma narrativa bastante simples, sem surpresas, inclusive resvalando em clichês do gênero, como o filho imbecil do chefão e o sempre inexplicável momento no qual o vilão decide falar mais do que deveria ao mocinho, ao invés de matá-lo logo. Nada disso, porém, chega a incomodar; na verdade, é algo esperado, apenas mostrando como é possível se fazer um ótimo filme a partir de uma premissa tão básica. De Volta ao Jogo tem personalidade própria, ao contrário de produção genéricas e pouco inspiradas como Os Mercenários, por exemplo. Adotando ainda uma empolgante trilha rock n’ roll, que se encaixa perfeitamente ao filme, De Volta ao Jogo é o típico macho movie: poucas palavras, quase zero conteúdo, carros poderosos e muita violência. Mas, acima de tudo, é um filme extremamente eficiente e absurdamente bem realizado, alcançando sem dificuldades todos os objetivos aos quais se propõe. Um indiscutível candidato a cult e justo concorrente à posição de melhor filme de ação do ano. Que venha logo a inevitável continuação.'' (Silvio Pilau)
Summit Entertainment Thunder Road Pictures 87Eleven MJW Films DefyNite Films Cutting Edge Group Huayi Brothers Media Company Films Poquito Productions Unbelievable Entertainment
Diretor: Chad Stahelski / David Leitch (uncredited)
506.532 users / 505.852 face
59 Metacritic 178 Up 98
Date 09/04/2020 Poster - ########## - DirectorJake KasdanStarsDwayne JohnsonKaren GillanKevin HartFour teenagers are sucked into a magical video game, and the only way they can escape is to work together to finish the game.[Mov 03 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@ M/58
JUMANJI - BEM-VINDOS A SELVA
(Jumanji: Welcome to the Jungle, 2017)
TAG JAKE KASDAN
{esquecível }Sinopse ''Vinte anos após os eventos do primeiro filme, o infame jogo de tabuleiro evoluiu para um vídeo-game e enquanto limpam o porão da escola por detenção, quatro adolescentes descobrem e são transportados para a mesma selva onde Alan Parrish foi levado, anos atrás. Eles se tornam seus próprios personagens no jogo e descobrem que a única forma de saírem de lá é finalizando o jogo.''
''Bem melhor que o 'Jumanji' original, esse reboot manda bem demais: o roteiro não sabota sua boa premissa; a auto-ironia sem freios (Jack Black deita e rola), e todos os personagens são bem desenvolvidos. O final é blergh, mas é uma ótima Sessão da Tarde." (Heitor Romero)
''Surpreendentemente, o filme é muito mais divertido do que o esperado. Há criatividade e momentos genuinamente engraçados, além de que o elenco funciona bem (Jack Black está ótimo). Apela demais pro CGI e tem cenas ruins, mas cumpre o seu propósito." (Silvio Pilau)
''Quem brinca com jogo de tabuleiro hoje em dia? Para os roteiristas de "Jumanji: Bem-Vindo à Selva", ninguém. O tabuleiro que, no filme original, lançado em 1995, transportava seus jogadores a um mundo repleto de aventuras e criaturas mágicas se transformou em um clique em cartucho de videogame. Não se trata de um remake do primeiro longa, mas de um reboot, uma nova versão. Em uma sexta, quatro adolescentes são advertidos pelo diretor da escola e mandados para a detenção para que reflitam sobre o que fizeram. Não estamos em "Clube dos Cinco", clássico dos anos 1980 de John Hughes, mas na aposta da Sony para atrair milhões de famílias mundo afora. Entediados, dois garotos e duas garotas descobrem o videogame e o jogo, o que os transporta para ''Jumanji''. Lá eles têm de escolher seus avatares, precisam descobrir fraquezas e pontos fortes, unir os talentos, não morrer mais de três vezes e acabar o jogo, o que os levará de volta ao mundo real. Se no primeiro filme a estrela era o comediante Robin Williams (morto em 2014), aqui os holofotes recaem sobre Dwayne Johnson (conhecido pelo apelido "The Rock") e Jack Black, líderes do grupo que terá de superar as armadilhas virtuais para voltar para casa. O jeito brucutu de Johnson, que cogita se candidatar à presidência dos Estados Unidos, serve para piadas óbvias sobre sua canastrice, enquanto Black se multiplica em trejeitos para encarnar uma garota que, ao ingressar no mundo de Jumanji, escolheu um personagem homem. Talvez as piadas não funcionem para crianças que jogam tabuleiro. Os heróis estão em um videogame repleto de alusões à década de 1980 e 1990, feitas para chamar a atenção dos adultos. A principal referência cinematográfica é Os Caçadores da Arca Perdida, que iniciou a saga do arqueólogo Indiana Jones, com boas tiradas e cenas de ação em um clima místico. Mas em "Jumanji" nada se cria, tudo se transforma em pastiche. A cena histórica em que um inimigo faz malabarismos com a espada até ser alvejado com um tiro de Indiana aqui tem Johnson fazendo seus inimigos voarem com socos. As cobras que aterrorizam o arqueólogo reaparecem em duas cenas – cópias ruins de um clássico. Não espere por reviravoltas, como cada personagem tem três vidas para terminar o jogo, não se está diante de nenhuma trama elaborada, nem de suspense. Como videogame, "Jumanji: Bem-Vindo à Selva" não tem nada a ver com Zelda ou Final Fantasy, RPGs reflexivos e inspiradores. Funciona como aquele cartucho que não oferece dificuldade para chegar ao final, diverte um pouco. Os jogos de tabuleiro podem ajudar também na imaginação dos roteiristas." (Roberto Rockmann)
O outro lado do jogo.
''Em um cenário de nostalgia exacerbada e cada vez maior, que alimenta o surgimento de fenômenos como a série Stranger Things, a volta ao passado é quase sempre uma garantia de sucesso. Por isso Hollywood tem se mostrado antenada em refilmagens, filmes prequel, spin-offs, e qualquer outra maneira de conexão com títulos e marcas que atraiam essa parcela saudosa do público e que ao mesmo tempo se apresentem para novas gerações. A ideia é unir o novo e o velho, repaginar um conceito aqui e outro ali, aproveitar as vantagens de tecnologias mais modernas para melhorar os efeitos, mas ao mesmo tempo manter o espírito das obras originais. O resultado é sempre incerto, pois embora essa fórmula de reavivamento seja praticamente a mesma, os filmes escolhidos nem sempre se encaixam nas expectativas dos tempos atuais. Aplicar o clássico de sessão da tarde Jumanji (idem, 1995) nesse cenário já esbarra de cara em um principal obstáculo: hoje os jogos de tabuleiro são objetos um tanto anacrônicos e sem muito apelo para com uma geração que cresceu na era dos videogames. A solução para uma continuação vinda 22 anos depois não poderia ser outra em Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Jumanji: Welcome to the Jungle, 2017): dessa vez o jogo maldito vem no formato de um cartucho para ser jogado em um console estilo Nintendo 64, muito em alta na metade da década de 1990, onde o primeiro filme se encerra, e dai já se cria uma ponte com os videogames atuais. Não há mais os peões de tabuleiros, agora a experiência é muito mais física, de literal transporte do jogador para o universo do jogo através de avatares selecionáveis. Ao mesmo tempo, não temos mais as feras selvagens de Jumanji escapando do tabuleiro e invadindo nossa realidade – agora os jogadores são todos sugados para a selva. Uma vez dentro desse ambiente de inúmeros perigos, os quatro personagens são obrigados a encarnar no corpo de avatares com os quais não possuem nada em comum, uma opção narrativa inteligente para desenvolver o arco de cada um. Desse modo, o protagonista nerd outsider se transforma no herói e líder fortão, o atleta acaba como um zoólogo baixinho e sem muitas habilidades, a menina tímida vira uma habilidosa e sensual aventureira, enquanto a patricinha acaba como um cartógrafo gordinho e atrapalhado. A brincadeira que visa lidar com a linguagem dos videogames é quase sempre válida, ainda que não traga nada de novo. Há anos o cinema vem tentando encontrar uma forma de abordar o universo gamer por meio dos pontos em comum entre os dois, especialmente o fato de ambos simularem uma nova realidade com o máximo de recursos visuais possíveis. Se Avatar (idem, 2009), blockbuster absoluto do cinema dirigido por James Cameron, alcançou resultados pioneiros nesse campo, as adaptações diretas de Paul W. S. Anderson do jogo Resident Evil provaram ao longo de seis filmes que nem sempre esse diálogo é orgânico ou bem sucedido. Por mais que Jumanji não tenha pretensão alguma de inovar e se contente em ser apenas o blockbuster de verão que é, sua narrativa tem um bom timing e aproveitamento da linguagem gamer, sem se descaracterizar da condição de cinema. Ao mesmo tempo, não há qualquer interesse em se criar uma nova franquia, visto a pouca atenção dada àquele universo bizarro de uma selva habitada por animais maiores, mais perigosos e inteligentes do que o normal. Perde-se boa parte do mistério e encanto tétrico/lúdico do primeiro filme ao expor em demasia a lógica interior do jogo, e isso no fim não se justifica quando roteirista e diretor mal se preocupam com detalhes ou histórias sobre o novo universo. Poderia haver ali uma bela expansão, mas no fim sobra apenas a sensação de um filme caça-níquel de verão, como tantos outros que vem aos montes todo ano. Mas o que de fato sabota toda a iniciativa a um ponto de quase matar o filme é o fundo moral explicitado em lições e frases de auto ajuda metralhadas a cada nova cena. Os personagens chegam a rir isso em momentos de auto ironia, mas nunca o suficiente para dispersar aquele clima moralista de adolescentes que, no fundo, só buscam formas de se encaixar nos padrões sociais de normalidade e aceitação. Reunir gerações e agradar públicos diferentes por meio de um mesmo filme não é tarefa fácil, e é muito provável que o novo Jumanji funcione melhor com esse público novo do que com os fãs do original. Em um mundo em que a tecnologia vem se tornando cada vez mais essencial no cinema infanto-juvenil, há pouco espaço para aventuras de ar retrô ou jogos de tabuleiro/cartucho, de modo que o Jumanji que conquistou tantas crianças ao longo dos anos 1990 talvez deva permanecer no passado, enterrado na areia.
Jumanji: Bem-Vi." (Heitor Romero)
Columbia Pictures (presents) Matt Tolmach Productions Radar Pictures Seven Bucks Productions Sony Pictures Entertainment
Diretor: Jake Kasdan
256.019 users / 192.257 faceSoundtrack Rock Bleachers / Big Mountain / Guns N' Roses
44 Mastercore 356 Down 32
Date 21/10/2018 Poster - # - DirectorGarry MarshallStarsMatt DillonHector ElizondoMolly McCarthyA recent high-school graduate unsure of his future gets a summer job at the Flamingo beach club, and meets the charismatic Phil Brody.[Mov 05 IMDB 6,1/10 {Video/@@@}
FLAMINGO KID
(The Flamingo Kid, 1984)
''Jeffrey é um rapaz pobre e ambicioso que vai trabalhar num clube de praia. Lá, sob a influência de um ricaço viciado em jogo, sua vontade de enriquecer aumenta. Até que a vida lhe apresenta um dilema: o dinheiro ou a felicidade." (Filmow)
42*1985 Globo
American Broadcasting Company (ABC) Edgewood Productions Mercury Productions (II) Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Garry Marshall
3.452 users / 140 face
Soundtrack Rock = The Impressions + Hank Ballard & The Midnighters + Sam Cooke + The Silhouettes + Ben E. King + Little Richard + The Orlons + The Crystals + Martha & The Vandellas + The Chiffons + Ray Charles + Booker T. & the M.G.s
Check-Ins 187
Date 04/06/2013 Poster - ####