Há 14 anos, ‘operação Messi’ definiu que o craque jogaria por seu país e não pela Espanha

Boatos de que Messi estava perto de iniciar os trâmites para defender a seleção da Espanha fizeram a AFA improvisar um amistoso e fazê-lo estrear logo. O resto é história...

Nigéria x Argentina  Messi
AFP

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Era 29 de junho de 2004 quando a seleção sub-20 da Argentina enfrentou a equipe sub-22 do Paraguai em um amistoso aparentemente sem importância. Hoje, exatos 14 anos depois, sabe-se que aquele dia foi histórico para o futebol.

Essa partida no estádio Diego Armando Maradona, casa do Argentinos Juniors, marcou a estreia de Lionel Messi, com 17 anos recém-completos, pela seleção argentina. Mais do que a vitória por 8 a 0 e o cartão de visitas deixado pelo craque, que entrou no intervalo, fez um golaço e deu duas assistências, a notícia principal daquela noite era que o garoto promissor jogaria por seu país, não pela Espanha, onde já estava instalado e brilhando na base do Barcelona.

A "operação Messi" começou a nascer um ano antes, horas depois de a Argentina perder a semifinal do Mundial Sub-17 para a Espanha. O técnico Hugo Tocalli e outros funcionários da Associação de Futebol Argentino (AFA) já haviam visto Messi aprontando das suas em um vídeo editado por Jorge, o pai dele, mas nunca o haviam convocado.

Juan Carlos Pasman conta no livro "Messi, por amor a la camiseta" que um café compartilhado pelos técnicos das equipes inferiores de Argentina e Espanha pode ter dado o "start".

"Juan Santisteban, técnico da Espanha, disse ao seu colega argentino Hugo Tocalli que ele ganharia o Mundial com facilidade se tivesse convocado o companheiro de Fábregas em La Masía. O garoto em questão era Lionel Andrés Messi".

Quase um ano depois, aumentavam os boatos de que Messi estava próximo de ser convencido pela Federação Espanhola de que deveria iniciar os trâmites para poder jogar pela seleção do país. Sabendo disso, a AFA correu para fazer Messi estrear pela Argentina, o que o impediria de depois defender a Espanha.

"Os contatos com Jorge Messi e as respostas deram tranquilidade e alívio: o garoto queria jogar pela Argentina, queria representar o seu pais de nascimento, de sangue. Não havia dúvida nem negócio possível, apesar da insistência da Espanha em ficar com o novo Maradona", conta o livro sobre o craque.

O amistoso contra os paraguaios, que serviria apenas de preparação para o Mundial Sub-20 de 2005, foi transformado em partida oficial, com árbitro Fifa, torcida e transmissão da TyC Sports.

"Isso não podia demorar, era questão de vida ou morte. No meio de 2004, a seleção sub-20 dirigida por Tocalli visitava a sub-22 paraguaia em Assunção. Para evitar que a estreia fosse nas ríspidas terras guaranis, se organizou uma revanche na semana seguinte, precisamente em 29 de junho. Onde? No estádio do Argentinos Juniors, para que a história pudesse dizer que tanto Maradona como Messi debutaram no mesmo lugar", diz outro trecho do livro de Pasman.

"Para colocar ainda mais seriedade no amistoso, se decidiu cobrar um valor simbólico para a entrada do público. Era preciso contribuir com um caderno, que serviria de doação para as escolas do bairro. Não houve mais de uma centena de pessoas no estádio. Os milhares de argentinos que hoje inflam o peito sustentando que viram o primeiro jogo de Messi na seleção juvenil mentem em sua maioria. No máximo viram na TyC Sports", emenda.

O que veio depois disso todos sabem. Messi conduziu a Argentina ao título do Mundial Sub-20 já em 2005, ganhou a Olimpíada em 2008 e disputou quatro finais com a seleção principal, incluindo a da Copa do Mundo de 2014. O título não veio, o que gera pressão. Há quem cobre o camisa 10, embora ele seja o principal artilheiro da história da seleção com 65 gols. Ele mesmo se cobra, e a Copa da Rússia é mais uma oportunidade de mudar isso.

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