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O verso e o reverso das drogas (por Eduardo Fernandez Silva)

Mais recentemente, a esperança de vida nos EUA tem caído em razão do maior consumo de drogas legais

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Drogas
1 de 1 Drogas - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Há vários grupos de países ou regiões onde a indústria da droga tem elevada importância. Num incluem-se Portugal, Espanha, França, Itália, África do Sul, Nova Zelândia, Califórnia, Rio Grande do Sul e Cuba. Noutro estão, em lista não exaustiva, Paraguai, Colômbia, Bolívia, Afeganistão, Moçambique, Bahamas, México e Paquistão. Outro mais inclui regiões cujas instituições financeiras atuam na lavagem do dinheiro gerado principalmente, mas não só, no segundo grupo. Neste estão, também em lista incompleta, França, Holanda, Brasil, Alemanha, a ilha de Man, a Áustria e os EUA. A listagem é do Departamento de Estado dos EUA.

No primeiro grupo a produção é de vinho, rum e tabaco, drogas legalizadas. No segundo, maconha, heroína, cocaína, morfina e ópio, ilegais. No terceiro, lava-se o lucro gerado no segundo.

São conhecidos os benefícios de quantidades “moderadas” de vinho e maconha, e também se sabe que a morfina aplaca a dor. Não são conhecidos benefícios do tabaco ou da heroína, a não ser aqueles criados pela propaganda. Também não há benefícios sociais conhecidos da lavagem de dinheiro.

Nos locais onde a indústria da droga funciona legalmente, ela paga impostos, gera empregos, divisas e outros benefícios. Naqueles onde ela opera fora da lei gera empregos informais, corrupção de policiais, políticos e empresários, mortes violentas, muita dor e grandes gastos de recursos públicos com prisões superlotadas (transformadas em escolas do crime), com o judiciário e o Ministério Público. Nos três grupos as drogas causam mortes; no primeiro os efeitos positivos prevalecem, no segundo as consequências danosas se destacam e, no terceiro, os efeitos são ambíguos.

O tema, é claro, está viciado por enorme carga de pré-conceitos, que variaram entre êxtase e opróbio na longa história da humanidade com as drogas.

Mais recentemente, a esperança de vida nos EUA tem caído em razão do maior consumo de drogas legais, principalmente entre os menos afortunados pela estrutura da sociedade. Lá, uma hipotética proibição do consumo dessas drogas levaria à solução de tal crise, ou provocaria a migração do país para o segundo grupo?

Claro, há muitas outras drogas, legais ou não. O governo atual do Brasil legalizou dezenas delas, quase sempre sob o argumento de que ajudam a crescer o PIB: o grupo de drogas chamadas, a depender de quem fala, de agrotóxicos ou defensivos agrícolas.

Outras drogas cuja oferta recebe subsídios de vários governos são os combustíveis fósseis, que deram à humanidade grande euforia pelo uso da intensa energia neles contida, e agora a adoece e condena com o acúmulo de seus dejetos na atmosfera.

O debate não é simples e há um ponto essencial para que dele saia luz e depois ações em benefício da humanidade: abandonar pré-conceitos e trabalhar com objetividade, criatividade e informações verdadeiras.

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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