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Análise: quem se salvou na derrota do Brasil para Camarões?

Não há muitas razões para análise coletiva de um time reserva que não jogará novamente na Copa do Mundo; individualmente, alguns tiveram saldo positivo

02/12/2022 19:05 / atualizado em 02/12/2022 19:10
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Gabriel Martinelli foi um dos jogadores do Brasil que se destacaram na derrota para Camarões
foto: Nelson Almeida/AFP

Gabriel Martinelli foi um dos jogadores do Brasil que se destacaram na derrota para Camarões

Há poucas razões para analisar coletivamente um time que não jogará junto novamente. Por isso, esta é uma das raras vezes em que o caminho correto numa partida de futebol é fazer avaliações individuais, caso da derrota por 1 a 0 para Camarões em Lusail, histórica por ser a primeira do Brasil para uma seleção africana em Copas do Mundo.

São oito jogos, com sete vitórias brasileiras e, agora, este triunfo camaronês que será lembrado por muito tempo graças ao cabeceio certeiro de Aboubakar nos acréscimos do segundo tempo. No futuro, pode ser recordada também como o único revés da Seleção em uma campanha de título mundial.

Não se trata simplesmente de ver o "lado bom" de uma derrota. A verdade é que o jogo desta sexta traz um malefício maior do que o resultado: a possível lesão de Alex Telles, reserva da lateral esquerda, que assumiria a titularidade nas oitavas de final contra a Coreia do Sul no lugar de Alex Sandro, em recuperação de problema no quadril. Tite fica sem opções de origem para o setor - o zagueiro Marquinhos atuou por lá na reta final contra Camarões.

Mas, apesar do tropeço, alguns jogadores se salvaram numa atuação até certo ponto dominante dos reservas do Brasil nesta segunda-feira (2). Gabriel Martinelli, criatividade do início ao fim na ponta esquerda, foi quem melhor aproveitou a oportunidade como titular. O atacante do Arsenal se credencia para ser mais aproveitado por Tite no decorrer da Copa do Mundo.

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Por azar, joga, na Seleção e no líder do Campeonato Inglês, do mesmo lado de Vinícius Júnior, dono inquestionável da posição. Foi quem mais - e melhor - finalizou pelo Brasil no jogo (quatro ao todo, três corretamente). Só não marcou no primeiro tempo por boa intervenção do goleiro Epassy, melhor jogador da partida.

Revelação do Atlético, o zagueiro Bremer jogou como se não sentisse nervosismo por estrear da Copa do Mundo. Foi apenas a segunda vez dele com a camisa da Seleção Brasileira, depois do debute em setembro, na vitória por 3 a 0 em amistoso contra Gana.

Em Lusail, mostrou, com uma atuação segura, por que convenceu Tite tão rapidamente que merecia uma vaga no Catar. Aquele que pode ser apontado como ponto negativo é mais mérito do ataque camaronês do que vacilo brasileiro, em movimentação inteligente de Aboubakar entre Bremer e Éder Militão.

Alguns metros à frente, Fabinho foi o senhor do meio-campo brasileiro. Jogou os 90 minutos e de certa forma deu razão a Jürgen Klopp, que o comanda no Liverpool e de tempos em tempos defende que ele deva ter mais chances na Seleção Brasileira. "Tite nunca o coloca para jogar", criticou o alemão certa vez, em 2020. A depender da recuperação de alguns dos lesionados, o volante pode ser opção para a lateral direita contra a Coreia do Sul.

Cabe ainda uma menção honrosa a Ederson, que mostrou a qualidade de sempre. Conseguiu uma defesa dificílima em cabeceio de Mbeumo no primeiro tempo e nada pôde fazer no lance que decidiu o jogo nos acréscimos da etapa final. Dá mais uma demonstração que o reserva imediato de Alisson tem o mesmo nível do titular.

Individualidades à parte, o perigo desta derrota para o mata-mata são os possíveis reflexos emocionais para o grupo de jogadores. O mais provável, porém, é que os titulares consigam avançar contra a Coreia do Sul, adversário que o Brasil goleou por 5 a 1 no último amistoso antes da Copa, em setembro.

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