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Ciência

Estudo sugere que geleiras da Antártica estão derretendo mais rápido do que o esperado

Modelo criado por cientistas identifica que blocos de gelo são derretidos por baixo

Estudo sugere que geleiras da Antártica estão derretendo mais rápido do que o esperado
Créditos: Andrew Thompson/Reprodução

Um novo modelo desenvolvido por pesquisadores da Caltech e JPL (Jet Propulsion Laboratory) apontam que as geleiras da Antártica podem estar derretendo entre 20% a 40% mais rápido do que o esperado. O estudo publicado na revista Science Advances, no dia 12 de agosto, identifica uma corrente marítima ao longo da costa da Antartica capaz de prender águas oceânicas mais quentes na base das geleiras, fazendo com que elas esquentem e derretam. 

O estudo foi conduzido no laboratório de Andrew Thompson, professor de ciência ambiental e engenharia no Instituto da California. “Se esse mecanismo que estamos estudando estiver ativo no mundo real, pode significar que as geleiras estão derretendo entre 20% a 40% mais rápido do que as predições dos atuais modelos de clima global, que normalmente não conseguem simular essas fortes correntes próximas a costa da Antártica”, comentou Thompson.

Geleiras derretem por baixo

No estudo, os pesquisadores focaram sua atenção em uma área do continente gelado: a Península Oeste da Antártica (WAP). O local foi escolhido pois o continente possui um formato de disco, com exceção em regiões como a escolhida, onde as massas de gelo formam uma protusão para longe do corpo central. São nesses locais onde fica mais fácil observar a extensão das mudanças climáticas. Os cientistas utilizaram veículos autônomos para medir os níveis de salinidade na água e gelo, além de investigar a Corrente Costeira da Antártica, que corre em sentido anti-horário por todo o continente. Os atuais modelos climáticos possuem dificuldade para investigar a ação da corrente, pois ela considerada altamente estreita e pequena. 

O atual modelo ilustra como a água fresca que derrete da geleira WAP é carregada pela corrente costeira e transportada ao redor do continente. Devido sua baixa densidade ela se move rapidamente próximo a superfície e prende a água salgada com temperatura mais elevada contra a parte de baixo das geleiras. Dessa forma, as geleiras derretem por baixo em ritmos acelerados que são mais difíceis de prever. 

“Modelos climáticos atuais não incluem essa corrente costeira porque ela é estreita – com apenas 20 km de largura. A maioria dos modelos só consegue capturar informações de correntes que possuem mais de 100 km, ou são ainda mais largas. Então existe a possibilidade de tais modelos não estarem medindo as taxas de derretimento de forma precisa”, comentou a pesquisadora Mar Flexas, cientista ambiental e engenheira, do Instituto da California. 

Via: Science, Caltech, NASA