Os faraós governavam como deuses e, apesar de tudo o que exigiam aos seus soldados e operários, as revoltas eram raras e as dinastias sucederam-se com poucas alterações importantes. O Egipto, uma sociedade profundamente preocupada com a conquista da imortalidade, esteve mais perto do que qualquer outro império antigo de reinar pela eternidade.

No início, o Egipto não era um país, mas dois: o Baixo Egipto, formado pelo pantanoso delta do Nilo, e o Alto Egipto, um território deserto, com excepção da planície fértil que acompanhava o grande rio.

Cerca de 3100 a.C., o rei Narmer do Alto Egipto conquistou o delta e tornou-se senhor das Duas Terras, o vasto território do Mediterrâneo à primeira catarata do Nilo, cerca de 800 quilómetros a sul.

O IMPÉRIO ANTIGO

Em 2700 a.C., o Egipto estava constituído e iniciou uma fase conhecida como Império Antigo. Embora o Egipto não fosse tecnicamente um império, os seus soberanos estabeleceram o conceito de realeza divina e reforçaram a sua pretensão de imortalidade, mandando construir enormes túmulos para acolher os seus restos mortais mumificados.

A Grande Pirâmide de Khufu (construída em Guiza cerca de 2550 a.C.) era uma escada em direcção ao céu para que o seu espírito ascendesse ao firmamento.

O Egipto não poderia suportar indefinidamente o fardo destes projectos colossais e os reis subsequentes foram sepultados em pirâmides mais pequenas. Entretanto, os nobres egípcios acumulavam riqueza e mandavam erguer túmulos impressionantes para si próprios. O Império Antigo entrou em colapso por volta de 2150 a.C., provavelmente devido a uma seca persistente que poderá ter originado fome e graves distúrbios sociais. Os governadores locais disputavam a supremacia entre si, até que Mentuhotep II, de Tebas, reunificou à força o Egipto, em 2050 a.C.

Império Egipto

O IMPÉRIO MÉDIO

O Egipto tornou-se uma potência imperial sob o comando de Mentuhotep II e dos seus sucessores, que enviaram tropas para sul, para a Núbia, para obter ouro, marfim, ébano e outros tesouros. Asseguraram a sua presença militar na região construindo fortalezas junto da segunda catarata do rio Nilo. Faraós posteriores asseguraram o controlo da maior parte da Núbia.

Alguns núbios foram escravizados e outros permaneceram livres, como soldados ou funcionários locais. Por fim, conseguiram libertar-se dos egípcios e construíram as suas próprias pirâmides.

Aproximadamente em 1650 a.C., intrusos de origem asiática conhecidos como hicsos ocuparam o Baixo Egipto e exigiram um resgaste ao Alto Egipto. Os hicsos introduziram o carro de guerra e as armas de bronze na arte militar, apetrechos que os egípcios mais tarde adoptaram e usaram para derrotar os invasores. Contra eles lutou Camés, príncipe de Tebas, que morreu antes de conseguir expulsá-los.

Deixou como herdeiro o seu jovem irmão, Ahmés, que expulsou os hicsos por volta de 1550 a.C. com a ajuda da mãe Aotepe, um triunfo que marcou a alvorada do Império Novo.

Antigo Egipto

IMPÉRIO NOVO DO EGIPTO

Os faraós do Império Novo afirmavam ser descendentes da divindade suprema do Egipto, Amon, cujo culto incorporou o de Ré, a divindade mais popular na época do Império Antigo. No recinto sagrado de Karnak, em Tebas, e nos templos próximos dos túmulos reais esculpidos nos penhascos ao longo do Nilo, os sacerdotes faziam oferendas a Amon (também chamado de Amon-Ré) e aos devotos soberanos do deus.

Ao contrário das pirâmides, estes túmulos estavam escondidos: foram escavados no subsolo para evitar que os ladrões roubassem os tesouros ali depositados, impedindo os soberanos do usufruto de uma vida luxuosa no Além. Aproximadamente em 1457 a.C., Tutmés III atacou os rebeldes da Palestina e Síria, terras que o avô obrigara a pagar tributo. Tutmés III cercou a cidade de Megido, na Palestina, e os líderes rebeldes humilharam-se rastejando enquanto suplicavam pela vida ao faraó. Ficava assim patente o poder de Amon “sobre todas as terras estrangeiras”.

Império Egipto

Tutmés humilhou também o poderoso rei de Mitani expulsando as suas forças da Síria, mas os egípcios ainda teriam de defrontar os poderosos hititas. A luta entre as duas potências culminou em 1275 a.C., ano em que as tropas egípcias lideradas por Ramsés encontraram os hititas em Qadesh, na Síria.

Após o confronto, Ramsés retirou-se da Síria, apaziguado pela oferta de uma princesa hitita para o seu harém.

Egipto

UMA RAINHA FORMIDÁVEL

Hatchepsut, filha de Tutmés I, foi a excepção entre as mulheres quando se tornou regente de Tutmés III, o herdeiro menor de idade, e desafiou a tradição ao manter o poder quando o menino atingiu a idade de governar, declarando-se faraó. Enviou expedições à terra de Punt, no mar Vermelho, que regressaram carregadas de tesouros e animais exóticos. Duas décadas depois de se tornar regente, Tutmés III, então com cerca de 30 anos, tomou o poder e seguiu os passos do avô. Um período conturbado de ameaças externas e traições internas corroeram o Império Novo até este entrar em colapso em 1070 a.C.