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As Melastomataceae do município de Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil

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Hoehnea 34(4): 447-480, 7 fig., 2007
As Melastomataceae do município de Poços de Caldas,
Minas Gerais, Brasil
Luiza Sumiko Kinoshita1,2, Angela Borges Martins1e Karina Fidanza Rodrigues Bernardo1
Recebido: 26.10.2006; aceito: 18.09.2007
ABSTRACT - (The Melastomataceae of the Poços de Caldas region, state of Minas Gerais, Brazil). This paper presents
a survey of Melastomataceae collected in the Poços de Caldas region during the research project signed between the
Universidade Estadual de Campinas (FUNCAMP), and the ALCOA Alumínios. Several families were collected during this
project, among them standing out the Melastomataceae, which comprises a high number of species in the local flora, with
58 species in 12 genera and three tribes. Melastomeae and Miconieae showed the higher number of species. In order to
contribute to the final list of the taxa we also included specimens previously collected. We provide descriptions, illustrations,
geographical distribution and a key to the genera and species studied.
Key words: floristic, Melastomeae, Miconieae, Microlicieae
RESUMO - (As Melastomataceae do município de Poços de Caldas, Minas Gerais, Brasil). Este trabalho trata das espécies
de Melastomataceae coletadas na região de Poços de Caldas durante o projeto de pesquisa firmado entre a Universidade
Estadual de Campinas (FUNCAMP), através dos docentes do Departamento de Botânica, e a ALCOA Alumínios. Diversas
famílias foram estudadas durante este projeto e, dentre estas, destacam-se as Melastomataceae, que apresentam um elevado
número de espécies na flora local. Foram registradas 58 espécies distribuídas em 12 gêneros e três tribos. Melastomeae e
Miconieae foram as que apresentaram o maior número de espécies. Para complementar a listagem final dos táxons foram
também consultados espécimes anteriormente coletados na região. São apresentadas chaves analíticas, descrições,
ilustrações e atualização da distribuição geográfica das espécies estudadas.
Palavras-chave: florística, Melastomeae, Miconieae, Microlicieae
Introdução
A região de Poços de Caldas, Minas Gerais, um
planalto de cerca de 1.500 m de altitude, tem sido
muito estudada geologicamente, devido principalmente
às jazidas minerais (Christofoletti 1972). Com as
constantes explorações destas jazidas, particularmente
no município de Poços de Caldas, ficaram
comprometidos a proteção dos rios da região, o controle
da erosão das encostas, a manutenção das condições
climáticas e a paisagem propriamente dita. Além disso,
sendo o município turístico, torna-se necessário manter
as composições paisagísticas de suas cercanias,
preservando-se a cobertura vegetal.
Quanto à recuperação das áreas mineradas, até
agora muito pouco tem sido feito. A ALCOA Alumínio
S.A., que explorou bauxita no município, firmou
convênio com a Fundação de Desenvolvimento da
Universidade Estadual de Campinas (FUNCAMP),
para tentar uma recomposição da paisagem natural
da região. Deste estudo, realizado durante os anos de
1980 a 1984, resultaram coleções botânicas
significativas e, em termos florísticos, algumas famílias
têm sido objeto de estudos devido ao grande número
de espécies que apresentam nesta região, como por
exemplo: Asteraceae (Rodrigues 2001), Gramíneas
(Pereira 1986) e Apocynaceae (Vasconcellos &
Kinoshita 1993).
A família Melastomataceae compreende cerca
de 166 gêneros e 4.500 espécies distribuídas pelas
regiões tropicais e subtropicais do globo (Renner
1993). Aproximadamente dois terços das espécies de
Melastomataceae encontram-se na América do Sul
(Morley & Dick 2003), onde são amplamente
1. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Botânica, Caixa Postal 6109, 13081-970 Campinas, SP,
Brasil
2. Autora para correspondência: luizakin@unicamp.br
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distribuídas. Nesta região, o maior número de espécies
ocorre no Brasil, com várias delas consideradas
elementos típicos em diversas formações vegetais
(Souza 1998).
Em Poços de Caldas as Melastomataceae são
bastante freqüentes, sendo encontradas principalmente
em áreas de mata estacional semidecidual, campo sujo
de altitude, áreas brejosas e também em topo de serras
com altitudes de 1.800-1.900 m. Este estudo constitui
uma contribuição ao conhecimento da flora do
município, fornecendo dados sobre a distribuição
geográfica e habitat das espécies da família na
localidade, bem como descrições, ilustrações e chaves
analíticas para identificação dessas espécies e dos
gêneros a que pertencem.
Material e métodos
O município de Poços de Caldas está situado no
sudoeste do Estado de Minas Gerais, a 21°51’20”S e
46°33’55”W e ocupa uma área de 800 km2, a
1.200-1.300 m acima do nível do mar. O clima é do
tipo Mesotérmico Brando, com temperatura média de
20°C e precipitações que não excedem 320 mm (Poços
de Caldas, INDI, CDI 1974). A região, denominada
Planalto de Poços de Caldas, localiza-se na borda
ocidental da Serra da Mantiqueira, estendendo-se pelos
extremos orientais da Bacia Sedimentar do Rio Paraná.
O município apresenta três tipos básicos de vegetação:
campos (constituído por gramíneas e arbustos baixos),
cerrados e floresta tropical (pouco densa). Os solos
têm características geológicas diversas, podendo ser
formados por extensa intrusão de rochas alcalinas
(Pereira 1986).
Para o desenvolvimento deste trabalho foram
utilizados espécimes provenientes de coletas regulares,
efetuadas pelos docentes do Departamento de
Botânica da UNICAMP, no município de Poços de
Caldas no período de 1980 a 1984, totalizando 22
viagens a campo. Para complementar a listagem final
das Melastomataceae do município de Poços de
Caldas, além dos materiais coletados pelos docentes
da UNICAMP, considerou-se também coletas
efetuadas por outros botânicos, depositadas em
diversos herbários como UEC, HB, IAC, R, RB, S e
SP. Dentre estes coletores destaca-se o botânico sueco
Regnell que forneceu a maior contribuição para o
estudo da flora da região caldense.
A identificação das espécies foi feita utilizando-se
chaves analíticas dos gêneros e espécies de
Melastomataceae contidas em trabalhos recentes
(Goldenberg 2004, Martins et al. 1996, Baumgratz
1984, 1980, Guimarães & Martins 1997, Romero &
Martins 2002), como também as obras de Cogniaux
(1883-1885, 1886-1888). As descrições das espécies
e as chaves analíticas foram elaboradas com base
nos espécimes coletados e herborizados, em dados
existentes na literatura assim como em informações
sobre habitat presentes nas etiquetas dos materiais
depositados nos herbários consultados.
As ilustrações foram confeccionadas com base
nos materiais coletados em Poços de Caldas e, quando
necessário, materiais de outras localidades foram
utilizados para complementar as ilustrações dos
detalhes morfológicos de algumas espécies. Estes
materiais constam no material adicional examinado.
Os gêneros, assim como as espécies, são
apresentados em ordem alfabética dentro de cada
tribo que também estão nessa mesma ordem.
Resultados e Discussão
Melastomataceae Juss.
Árvores, arvoretas, arbustos, ervas, raramente
epífitas ou escandentes. Folhas simples, decussadas,
raro verticiladas ou em pseudo-fascículos, glabras ou
diversamente pilosas, nervuras acródromas basais ou
supra-basais, menos freqüentemente subparalelas.
Inflorescências ou flores solitárias, axilares e/ou
terminais. Flores diclamídeas, dialipétalas, bissexuais,
períginas, hipóginas ou epíginas, (3-)4-5(-8)-meras.
Cálice com lacínias simples ou duplicadas, persistentes
ou decíduas. Pétalas, brancas, lilases, magenta, róseas,
roxas, purpúreas, amarelas, lavanda ou vermelho-
alaranjadas. Estames em número duplo, maior ou igual
ao das pétalas, às vezes estames férteis alternados
com estaminódios, isomorfos, subisomorfos ou
dimorfos; conectivo prolongado ou não abaixo das
tecas, freqüentemente provido de apêndices ventrais
ou dorsais; anteras obovais a subuladas, (2-)4
esporangiadas, raro polisporangiadas, 1-2 ou 4 poradas,
ápice curto ou longamente rostrado,arredondado ou
truncado. Ovário (1-)2-6(-15) locular, súpero a ínfero,
ápice glabro ou piloso, geralmente com muitos óvulos
por lóculo; placentação axilar; estilete único; estigma
punctiforme a truncado. Cápsula ou baga, sementes
numerosas, raramente 1, podendo apresentar diversas
formas.
No Brasil as Melastomataceae estão represen-
tadas por cerca de 69 gêneros e aproximadamente
1.500 espécies (Renner 1989) que ocorrem desde o
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Amazonas até o Rio Grande do Sul, sendo comum a
ocorrência de táxons endêmicos em determinadas
regiões (Martins 1984).
No município de Poços de Caldas foram
encontradas três tribos: Melastomeae com seis
gêneros: Acisanthera P. Browne (1 sp.), Comolia
DC. (1 sp.), Microlepis Miq. (1 sp.), Pterolepis (DC.)
Miq. (1 sp.), Siphanthera Pohl. (1 sp.) e Tibouchina
Aubl. (14 spp.); Miconieae com dois gêneros: Leandra
Raddi (16 spp.) e Miconia Ruiz et Pav. (17 spp.);
Microlicieae com três gêneros: Microlicia D. Don
(2 spp.), Trembleya DC. (2 spp.) e Rhynchanthera
DC. (1 sp.). O gênero Cambessedesia, recentemente
excluído de Microlicieae (Fritsch et al. 2004), ainda
permanece sem posição definida na família
Melastomataceae. Este gênero está representado no
município de Poços de Caldas por apenas uma
subespécie.
Chave para identificação dos gêneros de Melastomataceae de Poços de Caldas
1. Estames isomorfos
2. Ápice das pétalas agudo ou subulado ..................................................................................... 11. Leandra
2. Ápice das pétalas arredondado, retuso ou obtuso, nunca agudo ............................................ 12. Miconia
1. Estames subisomorfos ou dimorfos
3. Flores com pétalas inteiramente amarelas .................................................................... 1. Cambessedesia
3. Flores com pétalas brancas, róseas, purpúreas ou roxas
4. Ápice das anteras rostrado
5. Folhas com glândulas sésseis; flores solitárias ............................................................. 2. Microlicia
5. Folhas sem glândulas sésseis; flores dispostas em inflorescências
6. Estames 10, férteis .................................................................................................. 4. Trembleya
6. Estames férteis, 5 ou 4, com estaminódios geralmente presentes
7. Flores 5-meras, dispostas em inflorescências bíparas .............................. 3. Rhynchanthera
7. Flores 4-meras, dispostas em glomérulos ...................................................... 9. Siphanthera
4. Ápice da antera não rostrado
8. Plantas com indumento estrelado-tomentoso .............................................................. 7. Microlepis
8. Plantas com outro tipo de indumento
9. Lacínias do cálice alternadas com emergências ramificadas ................................. 8. Pterolepis
9. Lacínias do cálice não alternadas com emergências ramificadas
10. Ovário piloso, pelo menos no ápice ............................................................... 10. Tibouchina
10. Ovário totalmente glabro
11. Flores 5-meras; apêndice do conectivo bífido ......................................... 5. Acisanthera
11. Flores 4-meras; apêndice do conectivo bituberculado .................................. 6. Comolia
Tribo Microlicieae
1. Cambessedesia DC. in DC., Prodr. 3: 110. 1828.
Cambessedesia compõe-se de 22 espécies com
distribuição restrita ao território brasileiro, onde podem
ser encontradas de Pernambuco e Piauí ao norte do
Paraná. Entretanto, a maioria das espécies ocorre no
alto de serras da Bahia, Goiás e Minas Gerais, onde
muitas delas são endêmicas. Nestes locais ocupam
especialmente áreas de campo rupestre e campos de
altitude (Martins 1984, 1993). No município de Poços
de Caldas foi encontrada apenas Cambessedesia
espora subsp. ilicifolia.
1.1. Cambessedesia espora subsp. ilicifolia (DC.)
A.B. Martins, Acta Bot. Brasil. 9(1): 148. 1995.
Cambessedesia espora var. ilicifolia DC. in DC.,
Prodr. 3: 111. 1828.
Figura 1E
Subarbustos 0,6 m alt. Caule e ramos com
tricomas curtos e densos. Folhas em pseudo-
fascículos, subsésseis; lâmina 3-5,5 × 1-3,5 mm, oval,
base cordada, ápice agudo-apiculado, esparsamente
piloso-glandulosa. Inflorescências espiciformes,
terminais e/ou axilares. Flores 5-meras. Hipanto 4,5 ×
3,3 mm, cilíndrico, com tricomas glandulares esparsos.
Lacínias do cálice 1,8-2,3 × 1-1,2 mm. Pétalas 4,5 ×
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2,5 mm, amarelas, oblongo-lanceoladas, acuminadas.
Estames 10; conectivo espessado e não prolongado;
anteras levemente falciformes. Ovário súpero,
tricomas glandulares longos e esparsos no ápice,
3-locular. Cápsula 3,5-4 mm compr. Sementes
piramidais, tuberculadas.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 13-I-1981, L.S. Kinoshita et al. 742
(UEC).
Cambessedesia espora subsp. ilicifolia ocorre
nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Paraná e São
Paulo (Martins 1984). Esta subespécie caracteriza-
se por apresentar ramos cilíndricos, revestidos por
tricomas curtos e densos, distinguindo-se prontamente
da subespécie espora, que apresenta ramos
quadrangulares e totalmente glabros. Em Poços de
Caldas ocorre em campos graminosos.
2. Microlicia D. Don., Mem. Wern. Soc. 4: 301. 1823.
Arbustos eretos, cespitosos ou não; glabros,
pilosos ou glanduloso-pilosos. Folhas sésseis ou
subsésseis; lâminas com reticulação não evidente na
face abaxial, glabras, pilosas ou com glândulas sésseis.
Flores 5-meras; solitárias, terminais e/ou axilares.
Hipanto subgloboso, urceolado ou campanulado;
glabro ou piloso. Pétalas róseas, lilases, magenta,
purpúreas, brancas, amarelas, obovais, levemente
acuminadas ou apiculadas. Estames 10; conectivo
prolongado abaixo das tecas formando apêndices
ventrais; anteras geralmente oblongas ou linear-
subuladas, curtamente rostradas. Ovário súpero ou
parcialmente adnato à base do hipanto, glabro,
3-4(-5)-locular. Fruto cápsula. Sementes oblongas a
reniformes, com testa foveolada.
Microlicia constitui-se por aproximadamente 130
espécies que ocorrem eminentemente em território
brasileiro (Romero 2003). Poucas espécies (ca. 5 spp.)
podem ser encontradas na Guiana, Venezuela, Peru e
Bolívia. No Brasil, os representantes deste gênero
apresentam maior concentração nos Estados de Bahia,
Goiás e Minas Gerais, onde ocupam áreas de campos
rupestres. Algumas espécies podem ser encontradas
em cerrados e campos de altitude dos Estados de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo e
em menor freqüência nos Estados do Amazonas,
Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia e Rio de Janeiro
(Romero & Martins 2002). No município de Poços
de Caldas foram encontradas duas espécies de
Microlicia.
Chave de identificação para as espécies de Microlicia
de Poços de Caldas
1. Folha oval-oblonga, base obtusa, vilo-
so-tomentosa e com glândulas sésseis
em ambas as faces .........2.1. M. euphorbioides
1. Folha ovalada, base atenuada,
esparsamente longo-setosa em ambas
as faces ........................................... 2.2. M. fulva
2.1. Microlicia euphorbioides Mart., Nov. Gen. et
Sp. 3: 107. 1831.
Figura 1B, 2A-C
Subarbustos 1,3 m alt. Caule e ramos com
indumento tomentoso. Folhas sésseis; lâmina 12-25 ×
3,5-10 mm, oval-oblonga, base obtusa, ápice agudo,
ambas as faces viloso-tomentosas e com glândulas
sésseis. Flores solitárias, axilares e/ou terminais.
Hipanto 3 × 2 mm, tubuloso, viloso, glutinoso. Lacínias
do cálice 2 × 1 mm. Pétalas 7,5 × 5 mm, róseas,
obovais. Estames ante-sépalos: filete 3,8 mm compr.;
conectivo prolongado 1,5 mm; apêndice 0,8 mm
compr.; anteras 1,8 × 0,7 mm, oblongas. Estames
antepétalos: filete 3,2 mm compr.; conectivo prolon-
gado 0,9 mm; apêndice 0,2 mm compr.; anteras 1,2 ×
0,3 mm, oblongas. Ovário súpero, glabro, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Morro do Ferro, 8-III-1983, H.F. Leitão
Filho et al. 2009 (UEC).
Microlicia euphorbioides ocorre nos Estados
de Mato Grosso,Goiás, Minas Gerais e São Paulo
(Rodrigues 2005). No município de Poços de Caldas
ocupa campos e locais úmidos.
2.2. Microlicia fulva (Spreng.) Cham., Linnaea 9.
391. 1834. Rhexia fulva Spreng. Neue Entdeck.
Pflanzenk. 2: 308. 1820.
Figuras 1C, 2D-F
Subarbustos 0,8 m alt. Caule e ramos com
tricomas ferrugíneo-hirsutos. Folhas subsésseis; lâmina
4-8 × 2-4 mm, ovalada, base atenuada, ápice obtuso a
arredondado, esparsamente longo-setosa em ambas
as faces . Flores solitárias e/ou terminais. Hipanto 3 ×
2,5 mm, campanulado com tricomas setosos. Lacínias
do cálice 2,3 × 1,4 mm. Pétalas 6,5-7 × 3,5-4 mm,
fortemente purpúreas, obovais. Estames ante-sépalos:
filete 3 mm compr.; conectivo prolongado 2,5 mm;
apêndice 0,2 mm compr.; anteras 0,7 × 0,3 mm,
oblongas. Estames antepétalos: filete 2,5 mm compr.;
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Figura 1. A. Siphanthera cordata. Flor. B. Microlicia euphorbioides. Flor. C. Microlicia fulva. Flor. D. Trembleya parviflora. Folhas e
flor. E. Cambessedesia espora subsp. ilicifolia. Inflorescência. F. Tibouchina herbacea. Ramo com flores. G. Tibouchina fothergillae.
Flor. H. Tibouchina gracilis. Hipanto e flor. I. Tibouchina heteromalla. Flor. J. Miconia discolor. Base da lâmina foliar. L-M. Leandra
lacunosa. L. Ramo. M. Flor. (Fotos: A, B: J.L.M. Aranha Filho; C, E e M: F. Almeda; D, H, I, J e L: F. Michelangeli; G: A.B. Martins;
F: M.C.E. Amaral).
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conectivo prolongado 1 mm, apêndice 0,5 mm compr.;
anteras 0,6 × 0,3 mm, oblongas. Ovário súpero, glabro,
3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, s.d., Regnell II-102 (R).
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS:
Joaquim Felício, Serra do Cabral, 4-V-2003, K.F.
Rodrigues et al. 48 (UEC).
Espécie amplamente distribuída no Estado de
Minas Gerais. Apresenta poucas coletas citadas para
o Estado da Bahia e Distrito Federal (Rodrigues 2005).
No município de Poços de Caldas ocupa campos
limpos, em solos úmidos.
3. Rhynchanthera DC. in DC., Prodr. 3: 106. 1828.
Rhynchanthera é um gênero neotropical
constituído por 15 espécies distribuídas desde a
América Central até o Brasil e Paraguai. No Brasil
encontram-se 11 espécies que ocorrem preferencial-
mente em áreas de cerrado e campos rupestres, em
locais brejosos e margens de rios (Renner 1990). No
município de Poços de Caldas foi coletada apenas
Rhynchanthera cordata.
3.1 Rhynchanthera cordata DC. in DC., Prodr. 3:
107. 1828.
Figura 3I-L
Arbustos ou subarbustos 0,5-1,5 m alt. Caule,
ramos, folhas e hipanto híspido-glandulosos. Folhas
com pecíolo 5 mm compr.; lâmina 9-14 × 4-8 mm,
oval, base cordada, ápice agudo. Inflorescências
bíparas. Flores 5-meras. Hipanto 5 × 3,5 mm, oblongo-
campanulado. Lacínias do cálice 7-9 × 2-3 mm.
Pétalas 18-22 × 12-15 mm, arroxeadas, obovais.
Estames 10. Estames ante-sépalos: 5 férteis, sendo
um estame bem maior que os demais, estame fértil
maior com filete 10,5 mm compr., conectivo
prolongado 12,5 mm, apêndice 2 mm compr., levemente
bilobado, antera 5,5 × 3 mm, subulada; estames férteis
menores com filete 5 mm compr., conectivo prolongado
5 mm, apêndice 1,5 mm compr., bilobado, antera 4 ×
2 mm, oblonga. Estames antepétalos: 5 estaminódios
com 5 mm compr., anteras ausentes. Ovário súpero,
glabro, 3-locular. Fruto cápsula. Sementes obovais.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 27-III-1920, F.C. Hoehne (SP s.n.).
No Brasil, Rhynchanthera cordata é ampla-
mente distribuída desde o Amapá até Santa Catarina.
Ocorre também no Panamá, Guiana, Suriname,
Venezuela, Colômbia, Bolívia e Peru (Renner 1990).
Em Poços de Caldas, indivíduos desta espécie podem
ser encontrados em locais úmidos e brejosos.
4. Trembleya DC. in DC., Prodr. 3: 125. 1828.
Arbustos ou subarbustos, glabros ou pilosos.
Folhas sésseis ou pecioladas; lâmina com reticulação
evidente na face abaxial, glabra ou pilosa. Flores
dispostas em dicásios simples ou compostos,
raramente flores isoladas por redução dos dicásios.
Flores 5-meras. Hipanto campanulado ou urceolado,
glabro ou piloso. Pétalas róseas, purpúreas, brancas
ou amarelas, obovais, agudas ou obtusas. Estames 10;
conectivo prolongado abaixo das tecas formando
apêndices ventrais; anteras oblongas ou linear-
subuladas, curtamente rostradas. Ovário súpero ou
parcialmente adnato à base do hipanto, 3-5 locular.
Fruto cápsula. Sementes ovais ou reniformes, com
superfície da testa foveolada.
Trembleya é endêmico do Brasil, sendo
constituído por 18 espécies distribuídas especialmente
em campos rupestres de Minas Gerais, principalmente
ao longo da Serra do Espinhaço. Um menor número
de espécies ocorre nos Estados da Bahia, Goiás, Mato
Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo
e Paraná, em cerrados e campos de altitude (Martins
1997). No município de Poços de Caldas foram
encontradas duas espécies de Trembleya.
Chave de identificação para as espécies de Trembleya
de poços de Caldas
1. Planta não viscosa; folhas discolores
................................................ 4.1. T. parviflora
1. Planta viscosa; folhas concolores
............................................ 4.2. T. phlogiformis
4.1. Trembleya parviflora (D. Don) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14 (3): 127. 1885. Meriania parviflora
D. Don, Mem. Wern. Soc. 4: 323. 1823.
Figuras 1D, 2N
Arbustos 1,5-2 m alt., não viscosos. Folhas com
pecíolo 4-8 mm compr.; lâmina 2-4,5 × 1,5-2 cm,
elíptica a oblongo-lanceolada, base atenuada, ápice
agudo, face adaxial glabrescente, face abaxial com
tricomas glandulares sésseis; discolor. Dicásios
compostos, axilares. Hipanto 3,4 × 3 mm, campa-
nulado. Lacínias do cálice 2,5 × 1,8 mm. Pétalas
8,5-10 × 3-5 mm, brancas a róseas, obovais. Estames
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L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 453
ante-sépalos: filete 4 mm compr.; conectivo prolongado
3 mm; apêndice 0,3 mm compr.; anteras 2 × 0,6 mm,
oval-oblongas. Estames antepétalos: filete 2,5 mm
compr.; conectivo prolongado 0,5 mm; apêndice
0,2 mm compr.; anteras 1,5 × 0,5 mm, oval-oblongas.
Ovário súpero, glabro, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Morro do Ferro, 17-VII-81, K. Yamamoto
et al. 1113 (UEC).
Trembleya parviflora ocorre nos Estados da
Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo,
Rio de Janeiro e Paraná, em campo rupestre, cerrado,
campo sujo, transição com matas ciliares, mata
atlântica e em campos de altitude (Martins 1997). Em
Poços de Caldas esta espécie é pouco freqüente,
coletada em campo sujo.
4.2. Trembleya phlogiformis DC. in DC., Prodr. 3:
126. 1828.
Figura 2G-M
Subarbustos 0,8-1,8 m alt., viscosos. Caule,
ramos, folhas e hipanto com tricomas glandulares,
viscosos. Folhas com pecíolo 4-8 mm compr.; lâmina
2,5-4 × 1,2-1,8 cm, oval a elíptíco-lanceolada, base
arredondada a atenuada, ápice agudo; concolor.
Dicásios axilares e/ou terminais. Hipanto 3-4 ×
2-3 mm, campanulado. Lacínias do cálice 3-4 × 2 mm.
Pétalas 5-9 × 4-4,5 mm, róseas, obovais. Estames ante-
sépalos: filete 3,5 mm compr.; conectivo prolongado
2,3 mm; apêndice 1 mm compr.; anteras 1 × 0,3 mm,
oval-oblongas. Estames antepétalos: filete 3 mm
compr.; conectivo prolongado 0,4 mm; apêndice
0,2 mm compr.; anteras 1,3 × 0,3 mm, oval-oblongas.
Ovário súpero, glabro, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo do Saco, 13-I-1981, L.S. Kinoshita
et al. 731 (UEC).
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS:
Joaquim Felício, Serra do Cabral, 4-V-2003, K.F.
Rodrigues et al. 63 (UEC).
Trembleya phlogiformis ocorre nos Estados de
Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo,
Rio de Janeiro e Paraná (Martins 1997). Especialmente
no Estado de Minas Gerais esta espécie é amplamente
distribuída. Ao contrário de Trembleya parviflora,
indivíduos de Trembleya phlogiformis são bastante
freqüentes em Poços de Caldasem áreas de campo
limpo e campo sujo.
Tribo Melastomae
5. Acisanthera P. Browne, Hist. Jamaic. 217. 1756.
Acisanthera é um gênero neotropical que ocorre
desde o sul do México até a Bolívia e Argentina,
compreendendo atualmente ca. 20 espécies que
ocupam preferencialmente áreas úmidas e savanas
(Wurdack 1962). No Brasil, as espécies deste gênero
são amplamente distribuídas, sendo encontradas desde
o Pará até Santa Catarina (Wurdack 1983).
Atualmente os limites específicos e interespecíficos
do gênero estão sendo revisados por Kriebel &
Almeda (Frank Almeda, com. pess.). Acisanthera
provavelmente passará a abranger Comolia, como
sugerido por Seco (2006). No município de Poços de
Caldas foi encontrada apenas uma espécie.
5.1. Acisanthera alsinefolia Triana, Trans. Linn. Soc.
London 28: 34. 1871.
Subarbustos 0,8-1 m alt., com tricomas híspido-
glandulosos, assim como as folhas e hipanto. Folhas
com pecíolo 4-8 mm compr.; lâmina 1,3-2,4 × 1-1,5 cm,
oval a suborbicular, base arredondada a subcordada,
ápice agudo. Inflorescência tirsóidea, terminal. Flores
5-meras. Hipanto 3,5-4 × 2-3 mm, oblongo-
campanulado, 10-costado. Lacínias do cálice 5 ×
0,4 mm. Pétalas 7,5-8 × 4-4,5 mm, róseas a magenta,
oboval-oblongas. Estames ante-sépalos: filete 3 mm
compr.; conectivo prolongado 2,5-3 mm; apêndice
0,3 mm compr., bífido; anteras 7 × 0,7 mm, linear-
subuladas. Estames antepétalos: filete 2,5 mm compr.;
conectivo prolongado 0,8-1 mm; apêndice 0,2 mm
compr., bífido; anteras 5 × 0,6 mm, linear-subuladas.
Ovário súpero, glabro, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas: III-1875, Regnell III-14 (S).
Acisanthera alsinefolia ocorre nos Estados de
Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul (Wurdack 1983). Em
Poços de Caldas esta espécie ocupa preferencialmente
campos de altitude em locais úmidos.
6. Comolia DC. in DC., Prodr. 3: 114. 1828.
O gênero Comolia é constituído por 19 espécies
que ocorrem no Brasil, Colômbia, Venezuela, Guianas
e Suriname. No Brasil o gênero apresenta 10 espécies,
das quais sete são endêmicas. Comolia apresenta uma
distribuição disjunta entre cerrados e campos rupestres
da Região Sudeste e áreas de restinga e savanas
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454 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
Figura 2. A-C. Microlicia euphorbioides. A. Ramo. B. Estame do ciclo ante-sépalo. C. Estame do ciclo antepétalo. (H.F. Leitão Filho et al.
2009 (UEC)). D-F. Microlicia fulva. D. Ramo. E. Hipanto. F. Detalhe dos tricomas do hipanto. (K.F. Rodrigues et al. 47 (UEC)). G-M.
Trembleya phlogiformis. G. Estame antepétalo. H. Estame ante-sépalo. I. Hipanto. J. Detalhe da margem foliar. L. Detalhe dos tricomas
da margem foliar. M. Ramo. (K.F. Rodrigues et al. 63 (UEC)). N. Trembleya parviflora. Ramo. (K.Yamamoto et al. 1113 (UEC)).
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29454
L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 455
arenosas da Região Norte (Seco 2006), não havendo
registros para a região sul do Brasil. Estudos recentes
indicam uma possível sinonimização entre Comolia e
Acisanthera (Seco 2006).
No município de Poços de Caldas foi encontrada
apenas uma espécie deste gênero.
6.1. Comolia lanciefolia Triana, Trans. Linn. Soc.
London 28: 37. 1871.
Subarbustos 0,5-2,5 m alt., com tricomas híspido-
glandulosos. Folhas subsésseis; lâmina 10-20 ×
8-15 mm, oval a suborbicular, base arredondada, ápice
agudo a apiculado. Panículas terminais. Flores
4-meras. Hipanto 5-5,5 × 2 mm, oblongo a urceolado.
Lacínias do cálice 2 × 0,7 mm. Pétalas 9-10 × 3-5 mm,
obovais, púrpuras. Estames ante-sépalos: conectivo
prolongado 2-4 mm; apêndice 0,2 mm compr.,
bituberculado; anteras 5 × 0,2 mm, subuladas, levemen-
te falciformes. Estames antepétalos: conectivo
prolongado 1mm; apêndice 0,2 mm compr., bitubercu-
lado; anteras 4 × 0,1 mm, subuladas, levemente
falciformes. Ovário súpero, glabro, 4-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Morro do Ferro, 6-XI-1964, A. Santos
et al. s.n. (R s.n.).
Comolia lanciefolia ocupa áreas próximas a
cursos d’água em cerrado em Goiás, Distrito Federal
e no sul de Minas Gerais (Seco 2006). No município
de Poços de Caldas ocorre em áreas de campo limpo,
em locais úmidos.
7. Microlepis Miq., Comm. Phytog. 71. 1840.
O gênero Microlepis é endêmico no Brasil sendo
constituído por quatro espécies que ocorrem nos
Estados de Minas Gerais e São Paulo (Cogniaux 1883-
1885), onde ocupam preferencialmente áreas de
cerrado e adjacências.
7.1. Microlepis oleifolia Triana, Trans. Linn. Soc. 28:
36. 1871.
Figura 3A-D
Subarbustos 0,5-0,8 m alt., com tricomas
estrelado-furfuráceos. Folhas opostas, pecíolo 3-5 mm
compr.; lâmina 4-7 × 1,5-2 cm, lanceolada a oblongo-
lanceolada, base arredondada a atenuada, ápice
obtuso. Panículas terminais, multifloras. Flores
5-meras. Brácteas 4-6 × 0,5-3 mm, lanceoladas.
Hipanto 4-6 × 2-3 mm, oblongo-campanulado.
Lacínias do cálice 2-2,5 × 1,5 mm. Pétalas 10-12 ×
6-8 mm, purpúreas, oblongas. Estames 10. Estames
ante-sépalos: filete 3,5 mm compr., piloso na base;
conectivo prolongado 2 mm, ventralmente provido de
apêndices afilados; anteras 2 × 0,6 mm, ligeiramente
falciformes. Estames antepétalos: filete 3 mm compr.,
piloso na base; conectivo prolongado 4 mm, apêndices
pouco conspícuos; anteras 2 × 0,5 mm, ligeiramente
falciformes. Ovário súpero, ápice estrelado-piloso,
5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo do Saco, 1-IV-1981, J. Semir 930
(UEC).
Microlepis oleifolia é muito próxima de
Microlepis quaternifolia Miq., da qual se distingue,
segundo Cogniaux (1883-1885), pelas folhas opostas
(3-4 verticiladas em M. quaternifolia). Este gênero
necessita ser revisto para uma melhor delimitação de
suas espécies, já que as diversas formas observadas
parecem ser apenas variações de uma única espécie.
Indivíduos desta espécie ocorrem em Minas Gerais
em campos de altitude, em campos rupestres e
adjacências. No município de Poços de Caldas esta
espécie ocorre em campo sujo.
8. Pterolepis (DC.) Miq., Comm. Phytogr. 2: 72.1840.
Pterolepis é um gênero neotropical constituído
por 14 espécies, das quais 11 ocorrem nos cerrados e
campos rupestres do Brasil Central, havendo apenas
um registro para savanas do Amazonas. Poucas
espécies ocorrem em outros países das Américas
Central e do Sul (Renner 1994). Em Poços de Caldas
foi encontrada apenas uma espécie deste gênero.
8.1. Pterolepis repanda (DC.) Triana, Trans. Linn.
Soc. Bot. 28(1): 39. 1871. Osbeckia repanda DC.
in DC., Prodr. 3: 141. 1828.
Figura 3E-H
Subarbustos 0,2-0,6 m alt., com tricomas longos,
adpresso-estrigosos. Folhas subsésseis; lâmina
2,5-4,5 × 0,8-1,2 cm, oval a oblongo-lanceolada, base
arredondada, ápice obtuso a subagudo, densamente
revestida por tricomas ferrugíneos, longos, estrigosos,
em ambas as faces. Inflorescências cimosas, terminais.
Flores 4-meras. Hipanto 6-7 × 3-4 mm, campanulado,
revestido por cerdas simples e longas. Lacínias do
cálice 6-7 × 1,2-2 mm, alternadas com emergências
ramificadas. Pétalas 18-20 × 12-15 mm, arroxeadas,
amplamente obovais. Estames 8. Estames ante-
sépalos: conectivo prolongado 0,4 mm; apêndice
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29455
456 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
bilobado; anteras 6-8 × 1 mm, linear-subuladas.
Estames antepétalos: conectivo prolongado 0,3 mm;
apêndice bilobado; anteras 4-6 × 0,8 mm, linear-
subuladas. Ovário súpero, piloso no ápice, 4-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 15-II-1862, Regnell I/157 (S).
Pterolepis repanda ocorre na Bolívia, Paraguai
e Brasil. Neste último país, esta espécie ocorre na
região centro-norte e Sudeste, ocupando matas de
galeria, brejos, campo sujo e campo limpo, em altitudes
entre 300-1.500 m (Renner 1994). No município de
Poços de Caldas ocorre em campo sujo, em áreas
úmidas.
9. Siphanthera Pohl ex DC. in DC., Prodr. 3: 114.
1828.
Siphanthera é um gênero sul-americano,
constituído por 16 espécies que ocorrem na Venezuela,Colômbia, Bolívia e Brasil (Almeda & Robinson 1999).
Especialmente no Brasil ocorrem 13 espécies que
podem ser encontradas em áreas de cerrados e
campos rupestres dos Estados de Minas Gerais, Goiás
e São Paulo, preferencialmente em locais úmidos. Há
também registros de espécies deste gênero para os
Estados de Rondônia e Mato Grosso, onde foram
encontradas em campos úmidos associados a
cerrados. No município de Poços de Caldas apenas
uma espécie de Siphanthera foi encontrada.
9.1. Siphanthera cordata Pohl ex DC. in DC. Prodr.
3: 121. 1828.
Figuras 1A, 3M-O
Subarbustos 0,3-0,4 m alt. Caule, ramos, folhas e
hipanto com tricomas hirsuto-glandulares. Folhas
sésseis ou com pecíolo 1 mm compr.; lâmina 3,8-9 ×
3-7,5 mm, oval, triangular, base cordada, ápice agudo.
Glomérulos axilares e terminais. Flores 4-meras.
Hipanto 2,8 × 1,3 mm, cilíndrico. Lacínias do cálice
2,5 × 1,5 mm. Pétalas 3-4,2 × 3-3,8 mm, arroxeadas
ou róseas, obovais. Estames férteis 4, estaminódios
4. Filete 4,2 mm compr.; conectivo prolongado 0,3 mm;
anteras 2 × 0,5 mm, oblongas, longamente rostradas.
Ovário súpero, glabro, 2-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas: 1862, Regnell 114 (R).
Siphanthera cordata ocorre nos Estados de
Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo,
geralmente em campos rupestres. No município de
Poços de Caldas esta espécie ocupa campos, em áreas
úmidas.
10. Tibouchina Aubl., Pl. Guian. 1: 445. 1775.
Árvores, arbustos ou subarbustos, raramente
ervas, variadamente pilosos a totalmente glabros.
Folhas sésseis ou pecioladas; lâmina de formato
variado, geralmente oblongo-lanceolada; freqüente-
mente com indumento em ambas as faces; 1-4 pares
de nervuras acródromas basais ou suprabasais.
Panículas, tirsóides ou dicásios terminais e/ou axilares,
ou ainda flores solitárias. Brácteas 2 e bractéolas 2-6,
geralmente presentes, involucrais ou raro em caliptra,
internamente glabras e externamente com indumento
presente. Flores (4-) 5-meras, sésseis ou pediceladas.
Hipanto campanulado, tubuloso, ovóide-oblongo ou
urceolado, revestido por indumento seríceo, estrigoso
ou glanduloso. Lacínias agudas ou obtusas, decíduas
ou persistentes, não alternadas com emergências
ramificadas. Pétalas em diferentes tonalidades de lilás
a roxo, magenta, purpúreas ou brancas, ovais, obovais
ou obtriangulares. Estames 10; filetes filiformes,
glabros ou pilosos; conectivo usualmente prolongado
abaixo das tecas, ventralmente apendiculado; anteras
linear-subuladas, raramente oblongas ou truncadas.
Ovário súpero ou semi-ínfero, 5-locular, 4-locular nas
flores tetrâmeras, tricomas seríceos, raramente
glandulares no ápice. Fruto cápsula. Sementes
cocleadas ou subcocleadas; superfície da testa
tuberculada.
O gênero Tibouchina apresenta cerca de 308
espécies distribuídas desde o México até o norte da
Argentina (Guimarães & Martins 1997). No Brasil
ocorrem cerca de 240 espécies que podem ser
encontradas em diversas formações vegetais,
especialmente na região Sudeste. No município de
Poços de Caldas foram encontradas 14 espécies de
Tibouchina.
Chave de identificação para as espécies de Tibouchina de Poços de Caldas
1. Erva menor que 0,4 m alt.; folhas rosuladas .................................................................. 10.7. T. hieracioides
1. Árvores, arbustos ou subarbustos maiores que 0,4 m alt.; folhas não rosuladas
2. Caule e ramos glabros ................................................................................................ 10.12. T. sellowiana
2. Caule e ramos diversamente pilosos
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L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 457
3. Flores 4-meras; brácteas triangulares; ovário 4-locular
4. Lâmina foliar com ambas as faces glanduloso-vilosas ........................................ 10.5. T. herbacea
4. Lâmina foliar com face adaxial revestida por tricomas setosos e face abaxial vilosa,
não glandulosa .................................................................................... 10.11. T. sebastianopolitana
3. Flores 5-meras; brácteas oblongas, obovais, ovais, lanceoladas; ovário 5-locular
5. Folha com pecíolo maior que 2 cm compr.; lacínias do cálice triangulares
6. Brácteas não involucrais; filetes de ambos os ciclos glabros
7. Lâmina foliar amplamente oval, base cordada; hipanto densamente seríceo-es-
trigoso .............................................................................................................10.4. T. gracilis
7. Lâmina foliar lanceolada a oblonga, base aguda a obtusa; hipanto escabro, setu-
loso-glanduloso ............................................................................................. 10.10. T. mosenii
6. Brácteas involucrais; filetes de ambos os ciclos com tricomas glandulares
8. Lâmina 5,5-10,8 × 1,5-5 cm; estames ante-sépalos com filete 12-14 mm compr.,
conectivo prolongado 3,5 mm ..................................................................... 10.3. T. frigidula
8. Lâmina 12-20 × 8-15 cm; estames ante-sépalos com filete 5 mm compr., conectivo
prolongado 1,5 mm ................................................................................. 10.6. T. heteromalla
5. Folha com pecíolo menor que 2 cm compr.; lacínias do cálice oval-oblongas, obovais a
lanceoladas
9. Planta menor que 1 m alt.; lâmina foliar cordiforme ..........................................10.14. T. ursina
9. Planta maior que 1,5 m alt.; lâmina foliar oval a lanceolada
10. Hipanto com tricomas densamente seríceo-canescentes; estames antepétalos
com filete 8 mm compr. ....................................................................... 10.13. T. stenocarpa
10. Hipanto com tricomas estrigosos, setosos, escabros, velutinos, estrelados;
estames antepétalos com filete 3-7 mm compr.
11. Lâmina foliar com face adaxial estrigosa, face abaxial serícea
12. Caule e ramos densamente revestidos por tricomas setosos; hipanto
estrigoso; apêndices de ambos os ciclos de estames bilobados e providos
de tricomas glandulares ............................................................ 10.2. T. fothergillae
12. Caule e ramos com tricomas escabros esparsos; hipanto escabro;
apêndices de ambos os ciclos de estames bituberculados, tricomas glan-
dulares ausentes ............................................................................. 10.8. T. martialis
11. Lâmina foliar com face adaxial adpresso-setosa ou com tricomas estrelados,
face abaxial seríceo-estrelado, com tricomas longos e esparsos, seríceo-
vilosos
13. Lâmina foliar com base obtusa; lacínias do cálice lanceoladas; ovário
densamente seríceo no ápice ......................................................... 10.1. T. formosa
13. Lâmina foliar com base levemente atenuada; lacínias do cálice trian-
gulares; ovário setuloso no ápice .......................................... 10.9. T. moricandiana
10.1. Tibouchina formosa Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14(3): 348. 1885.
Arvoreta ou arbustos com 1,5-2 m alt. Caule e
ramos revestidos por tricomas seríceo-estrelados.
Folhas opostas, não rosuladas; pecíolo 0,3 cm compr.;
lâmina 4,5-6 × 1,5-2 cm, lanceolada, base obtusa, ápice
agudo; face adaxial com tricomas curtos, estrelados,
face abaxial seríceo-estrelada. Flores 5-meras.
Panículas terminais e axilares. Brácteas 4-6 ×
1,2-2 mm, lanceoladas, não involucrais. Hipanto 5,5 ×
2,5 mm, oblongo-campanulado, tricomas velutinos,
estrelados. Lacínias do cálice 2,5 × 2 mm, lanceoladas.
Pétalas 1-1,5 × 0,5-0,8 cm, roxas, obovais. Estames
ante-sépalos: filete 8-10 mm compr. com tricomas
curtos; conectivo prolongado 1-3,5 mm; apêndice
bituberculado; anteras 8 × 0,7 mm, subuladas. Estames
antepétalos: filete 6-7 mm compr., subglabro; conectivo
prolongado 0,5-1 mm; apêndice bicalcarado; anteras
6 × 0,5 mm, subuladas. Ovário adnato até a metade
ao hipanto, densamente seríceo no ápice, 5-locular.
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29457
458 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
Figura 3. A-D. Microlepis oleifolia. A. Ramo. B. Hipanto. C. Estame antepétalo. D. Estameante-sépalo. (J. Semir 930 (UEC)).
E-H. Pterolepis repanda. E. Ramo. F. Hipanto. G. Estame ante-sépalo. H. Estame antepétalo. (R. Romero & J.N. Nakajima 660 (UEC)).
I-L. Rhynchanthera cordata. I. Estame menor do ciclo ante-sépalo. J. Estame maior do ciclo ante-sépalo. L. Estaminódio. (H.F. Leitão
Filho et al. 17278 (UEC)). M-O. Siphanthera cordata. M. Ramo. N. Estame ante-sépalo. O. Estame rudimentar. (F.R. Martins 168
(UEC)).
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29458
L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 459
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 19-II-1862, Regnell I-119 (S).
Tibouchina formosa ocorre no Estado de Minas
Gerais e, até o momento, é conhecida apenas na região
de Poços de Caldas, onde ocorre em áreas de cerrado.
10.2. Tibouchina fothergillae (DC.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras.14(3): 320. 1885. Rhynchanthera
fothergillae DC., in DC., Prodr. 3: 108. 1828.
Figuras 1G, 4A-D
Árvore, arvoreta ou arbusto 1,2-5 m alt. Caule e
ramos densamente revestidos por tricomas setosos.
Folhas opostas, não rosuladas; pecíolo 0,5-2 cm
compr.; lâmina 5-9 × 3,5-4 cm, oval-lanceolada a
elíptica, base arredondada, ápice agudo a acuminado;
face adaxial levemente estrigosa, face abaxial serícea.
Flores 5-meras. Panículas terminais. Brácteas 1,2 ×
0,8-1 cm, ovais, involucrais. Hipanto 4,5-5,5 × 6 mm,
campanulado, estrigoso. Lacínias do cálice 1,5 × 3 mm,
triangulares. Pétalas 2,5-3 × 2 cm, purpúreo-arroxea-
das, obovais. Estames ante-sépalos: filete 8 mm
compr., piloso; conectivo prolongado 2,5 mm; apêndice
bilobado, provido de tricomas glandulares; anteras
6,5 × 1 mm, subuladas. Estames antepétalos: filete
6 mm compr., piloso; conectivo prolongado 1,5 mm;
apêndice bilobado, provido de tricomas glandulares;
anteras 5,5 × 1 mm, subuladas. Ovário adnato até a
metade ao hipanto, seríceo no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália: 30-III-1981,
J. Semir et al. 904 (UEC).
Tibouchina fothergillae ocorre nos Estados de
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina, ocupando preferencialmente campos,
brejos, matas e cerrados. No município de Poços de
Caldas ocorre em campo sujo.
10.3. Tibouchina frigidula Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14 (3): 328. 1885.
Arbustos ou subarbustos 0,5-1 m alt. Caule, ramos,
folhas e hipanto esparsamente estrigosos. Folhas
verticiladas, raramente opostas, não rosuladas; pecíolo
4 mm compr.; lâmina 5,5-10,8 × 1,5-5 cm, oblonga ou
oval-oblonga, base obtusa, ápice agudo. Flores
5-meras. Panículas terminais, multifloras. Brácteas
6,5-7,5 × 3,5-6,5 mm, oblongas, involucrais. Hipanto
6-7 × 5-6 mm, campanulado. Lacínias do cálice 5-6,5 ×
2,5-3,5 mm, oval-oblongas. Pétalas 3,5 × 1,5-2 cm,
arroxeadas, com base branca, obovais. Estames ante-
sépalos: filete 12-14 mm compr., com tricomas
glandulares; conectivo prolongado 3,5 mm; apêndice
bilobado; anteras 10-12 × 1,3 mm, subuladas. Estames
antepétalos: filete 8 mm compr., com tricomas glandu-
lares; conectivo prolongado 1,5 mm; apêndice biloba-
do; anteras 7-8 × 0,6 mm, subuladas. Ovário adnato
até a metade ao hipanto, setoso no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 15-X-1980, F.R.
Martins et al. 261(UEC).
Tibouchina frigidula ocorre nos Estados de
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, e também na Argentina.
Ocupa preferencialmente campos secos e de altitude,
locais subúmidos e matas. No município de Poços de
Caldas ocorre em campo sujo.
10.4. Tibouchina gracilis (Bonpl.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14(3): 386. 1885. Rhexia gracilis Bonpl.
Monogr. Melast. 2: 138, pl. 52. 1823.
Figura 1H
Erva ou subarbustos até 1 m alt. Caule e ramos
com tricomas estrigoso-setulosos. Folhas opostas, não
rosuladas; pecíolo 2-5 mm compr.; lâmina 2-9 ×
1,5-2 cm, lanceolada a oblonga, base aguda a obtusa,
ápice agudo a acuminado, ambas as faces adpresso-
estrigosas. Flores 5-meras. Inflorescências tirsóideas
terminais e/ou axilares. Brácteas 6 × 3 mm,
lanceoladas, não involucrais. Hipanto 5-6 × 3-5 mm,
campanulado, densamente seríceo-estrigoso. Lacínias
do cálice 3-8 × 2-2,5 mm, triangulares. Pétalas 1-2 ×
1-1,5 cm, róseo-arroxeadas, obovais. Estames ante-
sépalos: filete 8,5 mm compr., glabro; conectivo
prolongado 0,5-0,8 mm; apêndice bituberculado;
anteras 5,5 × 0,7 mm, subuladas. Estames antepétalos:
filete 6,5 mm compr., glabro; conectivo prolongado
2 mm; apêndice bituberculado; anteras 4,5 × 0,6 mm,
subuladas. Ovário adnato ao hipanto até a metade,
densamente seríceo no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo do Saco, 30-XI-1982, H.F. Leitão
Filho et al. 1727 (UEC).
Tibouchina gracilis ocorre desde as Guianas até
o sul do Brasil, onde é amplamente distribuída. Ocupa
preferencialmente vegetações abertas, beira de matas
e locais sombreados (Oliveira 2001). No município de
Poços de Caldas ocorre em campos e em locais
sombreados.
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460 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
10.5. Tibouchina herbacea (DC.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras.14(3): 408. 1885. Rhexia gracilis Bonpl.
Monogr. Melast. 138, t. 52. 1823.
Figura 1F
Subarbustos ou arbustos 0,6-1,5 m alt. Caule,
ramos, folhas densamente glanduloso-vilosos. Folhas
opostas, não rosuladas; pecíolo 2-5 mm compr.; lâmina
1,5-4,5 × 1-2,5 cm, oval-oblonga, base arredondada,
ápice agudo. Flores 4-meras. Inflorescências tirsói-
deas. Brácteas 3-6 × 2-4 mm, triangulares, não involu-
crais. Hipanto 3-4 × 1-1,5 mm, oblongo-campanulado,
híspido-glanduloso. Lacínias do cálice 3,5 × 1,5 mm,
triangulares. Pétalas 8-9 × 4-8 mm, arroxeadas,
obovais. Estames ante-sépalos: filete 5 mm compr.,
glabro; conectivo prolongado 1 mm; apêndice bituber-
culado; anteras 7 × 0,8 mm, subuladas. Estames ante-
pétalos: filete 4,5 mm compr., glabro; conectivo prolon-
gado 0,5-1,2 mm; apêndice bituberculado; anteras 4 ×
0,8 mm, subuladas. Ovário adnato ao hipanto até a
metade, ápice glanduloso-piloso, 4-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 12-II-1861, Regnell II/101 (S).
Tibouchina herbacea ocorre nas Regiões
Sudeste e Sul do Brasil, ocupando preferencialmente
campos, beira de rios, locais arenosos e sombreados
(Oliveira 2001). No município de Poços de Caldas
ocorre em campos, próximo a beira de rios.
10.6. Tibouchina heteromalla (D. Don) Cogn., in
Mart., Fl. Bras. 14(3): 335. 1885.
Figuras 1I, 4E-M
Arbusto 1,5 m alt. Caule e ramos revestidos por
tricomas estrigosos. Folhas opostas, não rosuladas;
pecíolo 2,8-6 cm compr.; lâmina 12-20 × 8-15 cm,
cordado-oval a cordiforme, base cordada, ápice agudo,
face adaxial estrigoso-serícea, face abaxial vilosa.
Flores 5-meras. Panículas terminais. Brácteas 3-4 ×
2-2,5 mm, lanceoladas, involucrais. Hipanto 4,5-5 ×
2,5-3 mm, tubuloso, com tricomas seríceos ou
glandulosos. Lacínias do cálice 3 × 2 mm, lanceoladas.
Pétalas 1,3 × 1,2 cm, roxas, obovais. Estames ante-
sépalos: filete 5 mm compr., com tricomas glandulares
na base; conectivo prolongado 1,5 mm; apêndice
bilobado; anteras 4,5 × 0,7 mm, subuladas. Estames
antepétalos: filete 5,5 mm compr., com tricomas
glandulares na base; conectivo prolongado 1,5 mm;
apêndice bilobado; anteras 4 × 0,5 mm, subuladas.
Ovário quase totalmente adnato ao hipanto,
densamente setuloso no ápice, 5-locular.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 18-III-1920, F.C. Hoehne s.n. (SP s.n.).
Tibouchina heteromalla ocorre no Ceará,
Paraíba, Pernambuco, Goiás, Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, preferencialmente
em campos secos, campos rupestres e cerrados
(Guimarães 1997). No município de Poços de Caldas
ocupa campo sujo e bordas de matas.
As espécies Tibouchina adenostemon (DC.)
Cogn. e Tibouchina multiflora Cogn., também
coletadas em Poços de Caldas, foram aqui tratadas
como sinônimos de Tibouchina heteromalla, como
sugerido por Guimarães (1997).
10.7. Tibouchina hieracioides(DC.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14(3): 389. 1885. Chaetogastra
hieracioides DC. in DC., Prodr. 3: 133. 1828
Figura 4N-Q
Erva 0,2-0,4 m alt. Caule e ramos densamente
revestidos por tricomas híspido-vilosos. Folhas opostas,
rosuladas; pecíolo 2-3 mm compr.; lâmina 0,3-0,8 ×
0,2-0,3 cm, oval-elíptica a lanceolada, base
arredondada, ápice agudo, ambas as faces densamente
híspido-vilosas. Flores 5-meras. Inflorescências
tirsóideas, terminais. Brácteas 5 × 3 mm, ovais, não
involucrais. Hipanto 7-8 × 4-5 mm, campanulado,
híspido-viloso. Lacínias do cálice 4-6 × 3 mm,
triangular-lineares. Pétalas 1,8-2,3 × 0,9 cm, magenta,
irregularmente obtriangulares. Estames ante-sépalos:
filete 10 mm compr., glabro; conectivo prolongado
2,5 mm; apêndice bilobado; anteras 10 × 1,6 mm,
linear-subuladas. Estames antepétalos: filete 7,5 mm
compr., glabro; conectivo prolongado 1,5 mm; apêndice
bilobado; anteras 7,5 × 1,3 mm, linear-subuladas.
Ovário adnato ao hipanto até a metade, ápice com
tricomas glandulares, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo do Saco, 30-XI-1982, H.F. Leitão
Filho et al. 1737 (UEC).
Tibouchina hieracioides ocorre em Minas
Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, ocupando campos
(Oliveira 2001). No município de Poços de Caldas foi
coletada em campo sujo.
10.8. Tibouchina martialis (Cham.) Cogn. in Mart.,
Fl. Bras. 14(3): 346. 1885. Lasiandra martialis
Cham., Linnaea 9: 433. 1834.
Arbustos com até 3 m alt. Caule e ramos com
tricomas escabros esparsos. Folhas opostas, não
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L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 461
rosuladas; pecíolo 0,2-0,3 cm compr.; lâmina 2,5-4,5 ×
0,9-1,8 cm, oblongo-lanceolada, base obtusa, ápice
agudo, face adaxial estrigosa, face abaxial serícea.
Flores 5-meras. Dicásios terminais e/ou axilares.
Brácteas 0,2-0,4 × 0,2 cm, lanceoladas, não involucrais.
Hipanto 5-6 × 3-4 mm, campanulado, escabro.
Lacínias do cálice 4 × 2 mm, oblongas. Pétalas 1,5-1,8 ×
0,7-0,9 cm, roxas ou brancas, obovais. Estames ante-
sépalos: filete 10-12 mm compr., com tricomas longos;
conectivo prolongado 2 mm; apêndice bituberculado;
anteras 7 × 1 mm, linear-subuladas. Estames
antepétalos: filete 6-7 mm compr., com tricomas longos
esparsos; conectivo prolongado 1-1,5 mm; apêndice
bituberculado; anteras 5 × 1 mm, linear-subuladas.
Ovário adnato ao hipanto até a metade, densamente
seríceo no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Galinha, 13-I-1981, L.S.
Kinoshita et al. 766 (UEC).
Tibouchina martialis ocorre no Mato Grosso,
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo e Paraná, com distribuição também na
Venezuela e Colômbia (Guimarães 1997). Ocupa
principalmente campos, campos sujos e beira de matas
e adjacências. No município de Poços de Caldas
ocorre em campo sujo e em bordas de matas.
Tibouchina pauciflora Cogn., também coletada
em Poços de Caldas, foi aqui tratada como sinônimo
de Tibouchina martialis, segundo Guimarães (1997).
10.9. Tibouchina moricandiana Baill., Adansonia 22:
75. 1877.
Árvores ou arbustos 2-4 m alt. Caule e ramos
revestidos por tricomas seríceo-vilosos. Folhas
opostas, não rosuladas; pecíolo 0,8 mm compr.; lâmina
3-8 × 2-6 cm, lanceolada a oblongo-lanceolada, base
levemente atenuada, ápice agudo a longo-acuminado,
face adaxial adpresso-setosa, face abaxial com
tricomas longos e esparsos, seríceo-vilosos. Flores
5-meras. Dicásios terminais e/ou axilares. Brácteas
12-16 × 7-9 mm, oblongas, involucrais. Hipanto 6-7 ×
3-5 mm, campanulado, estrigoso, setoso. Lacínias do
cálice 2-3 × 3 mm, triangulares. Pétalas 1,3 × 1,5 cm,
roxas, obovais. Estames ante-sépalos: filete 5 mm
compr., com tricomas curtos na base; conectivo
prolongado 1,5 mm; apêndice bilobado; anteras 5 ×
1 mm, longo-subuladas. Estames antepétalos: filete
3 mm compr., com tricomas curtos na base; conectivo
prolongado 2 mm; apêndice bilobado; anteras 4,5 ×
0,8 mm, longo-subuladas. Ovário adnato ao hipanto
até a metade, setuloso no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, VI-1896, Campos-Novaes 3101 (SP).
Tibouchina moricandiana ocorre nos Estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo,
principalmente em cerrados. No município de Poços
de Caldas foi encontrada em campo sujo.
10.10. Tibouchina mosenii Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14(3): 393. 1885.
Subarbustos até 2 m alt. Caule e ramos com
tricomas setulosos e escabros. Folhas opostas, não
rosuladas; pecíolo 3-5 cm compr.; lâmina 5-14 ×
4-10 cm, amplamente oval, base cordada, ápice agudo,
face adaxial dedrítico-setulosa, face abaxial setulosa
e escabra. Flores 5-meras. Inflorescência tirsóidea.
Brácteas 5,5 × 3 mm, ovais, não involucrais. Hipanto
6-8 × 2-4 mm, oblongo-campanulado, escabro, setuloso-
glanduloso. Lacínias do cálice 3-4 × 1,5-2 mm,
triangulares. Pétalas 7,5 × 5 cm, roxas, obovais.
Estames ante-sépalos: filete 6,5 mm compr., glabro;
conectivo prolongado 4,5 mm; apêndice bilobado;
anteras 9 × 1 mm, linear-subuladas. Estames
antepétalos: filete 10 mm compr., glabro; conectivo
prolongado 1,5 mm; apêndice bilobado, anteras 7 ×
0,8 mm, linear-subuladas. Ovário adnato ao hipanto
até a metade, setuloso no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, s.d., Regnell III/1527 (S).
Tibouchina mosenii apresenta distribuição
restrita aos Estados de Minas Gerais e São Paulo,
ocupando principalmente campos (vegetações
abertas), em locais próximos a fendas rochosas
(Oliveira 2001). No município de Poços de Caldas
ocorre em campo sujo.
10.11. Tibouchina sebastianopolitana (Raddi) Cogn.,
in Mart., Fl. Bras. 14(3): 409. 1885. Rhexia
sebastianopolitana Raddi Melast. Bras.: 8, t. II,
fig. 4. 1828.
Subarbustos 1-1,5 m alt. Caule e ramos
esparsamente híspido-setulosos. Folhas opostas, não
rosuladas; pecíolo 0,2-0,5 cm compr.; lâmina 4-6,5 ×
1,5-3,5 cm, oval a oblonga, base obtusa, ápice agudo
a acuminado, face adaxial com tricomas setosos, face
abaxial vilosa, não glandulosa. Flores 4-meras.
Inflorescências tirsóideas terminais e/axilares.
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462 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
Brácteas 2,5 × 1,5 mm, triangulares, involucrais.
Hipanto 4,5 × 2,5 mm, ovóide-oblongo, esparsamente
glanduloso. Lacínias do cálice 2,5 × 1,5 mm, triangular-
lineares. Pétalas 8,5 × 6,5 mm, arroxeadas, obovais.
Estames ante-sépalos: filete 5 mm compr., glabro;
conectivo prolongado 1 mm; apêndice bilobado;
anteras 5 × 0,5 mm, linear-subuladas. Estames
antepétalos: filete 4 mm compr., glabro; conectivo
prolongado 0,5 mm; apêndice bilobado; anteras 4,5 ×
0,3 mm, linear-subuladas. Ovário adnato até a metade
ao hipanto, ápice setuloso, 4-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 11-II-1920, F.C. Hoehne (SP s.n.).
Tibouchina sebastianopolitana ocorre em
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, onde ocupa geralmente locais
sombreados, úmidos e brejosos (Oliveira 2001). No
município de Poços de Caldas ocorre em borda de
matas.
10.12. Tibouchina sellowiana Cogn., in Mart., Fl.
Bras. 14 (3): 304. 1885.
Arvoretas com 0,8-3 m alt. Caule e ramos glabros.
Folhas opostas, não rosuladas; pecíolo 0,5-0,7 cm
compr.; lâmina 4,5-6,5 × 2-3 mm, elíptica, base
arredondada a atenuada, ápice agudo, face adaxial
glabrescente, face abaxial estrigosas com esparsos
tricomas adpressos. Flores 5-meras. Panículas
terminais e/ou axilares. Brácteas 4,5-5 × 2,8-3,5 mm,
oblongas, involucrais. Hipanto 8-10 × 6-7 mm,
campanulado a oblongo-campanulado, densamente
seríceo-canescente. Lacínias do cálice 5-6 × 3,5-4 mm,
triangulares. Pétalas 4 × 2,5 cm, roxas, obtriangulares.
Estames ante-sépalos: filete 4,5 mm compr., glabro;
conectivo prolongado 5 mm; apêndice bilobado;
anteras 10-14 × 1 mm, longo-subuladas. Estames
antepétalos: filete 3,5 mm compr., glabro; conectivo
prolongado 4,5 mm, apêndice bilobado; anteras 7-9 ×
0,8 mm, longo-subuladas. Ovário adnato até a metade
ao hipanto,seríceo no ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 21-V-1981, K.
Yamamoto et al. 1004 (UEC).
Tibouchina sellowiana ocorre nos Estados de
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, ocupando matas campos
e capoeiras. No município de Poços de Caldas ocorre
em campo sujo e em matas.
10.13. Tibouchina stenocarpa (DC.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14(3): 344. 1885. Lasiandra stenocarpa
DC. in DC., Prodr. 3: 130.1828.
Arvoreta ou árvore 1,5-5 m alt. Caule e ramos
estrigosos. Folhas opostas, não rosuladas; pecíolo
0,6-1,2 cm compr.; lâmina 4,5-12,5 × 2-5 cm, oblongo-
lanceolada, base obtusa, ápice agudo, face adaxial
longo-estrigosa, face abaxial serícea com tricomas
estrelados. Flores 5-meras. Panículas terminais e/ou
axilares. Brácteas 1,2 × 0,5 cm, obovais, não
involucrais. Hipanto 7-11 × 5-6 mm, campanulado,
densamente seríceo-canescente. Lacínias do cálice
4-5 × 3 mm, obovais. Pétalas 1,8-3 × 0,7-1,8 cm, roxas,
obovais. Estames ante-sépalos: filete 14 mm compr.,
densamente revestido por tricomas longos; conectivo
prolongado 2,4-4 mm; inapendiculado; anteras 14 ×
2 mm, linear-subuladas. Estames antepétalos: filete
8 mm compr., densamente revestido por tricomas
longos; conectivo prolongado 0,5-1 mm; apêndice
bituberculado; anteras 9 × 0,8 mm, linear-subuladas.
Ovário adnato até a metade ao hipanto, seríceo no
ápice, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Morro do Ferro, 8-II-1983, H.F. Leitão
Filho et al. 2039 (UEC).
Tibouchina stenocarpa ocorre no Pará,
Rondônia, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso,
Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, onde ocupa
principalmente cerrado e adjacências. Ocorre também
na Bolívia e no Paraguai (Guimarães 1997). No
município de Poços de Caldas foi coletada em borda
de matas.
10.14. Tibouchina ursina (Cham.) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14(3): 351. 1885. Lasiandra ursina
Cham., Linnaea 9: 443. 1834.
Subarbustos 0,5-0,8 m alt. Caule e ramos
densamente revestidos por tricomas híspidos,
glandulosos. Folhas opostas, não rosuladas; pecíolo
0,2-0,5 cm compr.; lâmina 5,5-7,5 × 3-4,5 cm,
cordiforme, base cordada, ápice agudo, ambas as faces
seríceas. Flores 5-meras. Panículas, terminais.
Brácteas 1,5-1,7 × 0,6-0,9 cm, lanceoladas, não
involucrais. Hipanto 8-10 × 5-6 mm, tubuloso,
densamente seríceo. Lacínias do cálice 8-12 × 2-3 mm,
lanceoladas. Pétalas 1,8-2 × 1,5 cm, roxas, obovais.
Estames ante-sépalos: filete 9 mm compr., glabro;
conectivo prolongado 1,5 mm; apêndice bituberculado;
anteras 10 × 1 mm, linear-subuladas. Estames
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L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 463
Figura 4. A-D. Tibouchina fothergillae. A. Ramo. B. Hipanto. C. Estame ante-sépalo. D. Estame antepétalo. (K. Yamamoto et al. 1078-A
(UEC)). E-M. Tibouchina heteromalla. E. Ramo. F. Estame antepétalo. G. Estame ante-sépalo. H. Hipanto. (J. Semir et al. 19552
(UEC). I. Ramo. J. Hipanto. L. Estame antepétalo. M. Estame ante-sépalo. (Aranha Filho et al. 14 (UEC)). N-Q. Tibouchina hieracioides.
N. Ramo. O. Hipanto. P. Estame ante-sépalo. Q. Estame ante-sépalo. (H.F. Leitão Filho et al. 1737 (UEC)).
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464 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
antepétalos: filete 11 mm compr., glabro; conectivo
prolongado 1,2 mm; apêndice bituberculado; anteras
10 × 0,8 mm, linear-subuladas. Ovário adnato até a
metade ao hipanto, ápice glanduloso-piloso, 5-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas: Morro do Ferro: 6-III-1964, M. Emmerich
1948 (UEC).
Tibouchina ursina ocorre nos Estados de
Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina,
onde ocupa principalmente beira de brejo (Guimarães
1997). No município de Poços de Caldas essa espécie
foi coletada em campos úmidos, em locais
sombreados.
11. Leandra Raddi., Mem. Mat. Fis. Soc. Modena,
Pt. Mem. Fis. 18: 385. 1820.
Árvores, arbustos, subarbustos, raro lianas ou
epífitas. Caule e ramos com indumento variado. Folhas
geralmente pecioladas; glabras ou mais freqüen-
temente pilosas; 3-7(-9) nervuras acródromas basais
ou suprabasais, com ou sem domácias. Inflorescências
terminais ou às vezes pseudo-axilares. Brácteas e
bractéolas persistentes ou não. Flores 4-5(-6) meras;
sésseis ou pediceladas. Hipanto tubuloso, urceolado,
oblongo ou campanulado, geralmente piloso. Cálice
duplo, lacínias persistentes, agudas a acuminadas,
internas membranáceas e externas com a mesma
consistência do hipanto. Pétalas brancas a róseas ou
levemente amareladas, oval-triangulares a linear-
lanceoladas, ápice agudo a acuminado, reflexas ou
eretas. Estames em número duplo ao das pétalas,
isomorfos, subisomorfos ou dimorfos; filetes glabros;
conectivo prolongado ou não abaixo das tecas;
apêndice dorsal ausente ou inconspícuo; anteras
retilíneas ou extrorsamente curvas, uniporadas. Ovário
parcial ou totalmente adnato ao hipanto; glabro ou mais
freqüentemente piloso, 2-6-locular; estilete glabro ou
piloso; estigma punctiforme ou capitado. Fruto baga.
Sementes numerosas, obpiramidais, oblongo-obovadas.
O gênero Leandra apresenta cerca de 200
espécies que ocorrem desde o sul do México até o
norte da Argentina (Souza & Baumgratz 2005). No
Brasil, o gênero é amplamente distribuído, sendo
encontrado em cerrados, campos rupestres, florestas
higrófilas e mesófilas e áreas de restinga. O último
estudo dedicado a Leandra foi realizado por Cogniaux
(1886-1888) e, após esta data, nenhum tratamento
taxonômico abrangente foi dispensado ao grupo,
dificultando na maioria das vezes a identificação de
muitas de suas espécies. No município de Poços de
Caldas foram encontradas 16 espécies de Leandra.
1. Inflorescências tirsóideas, glomeruladas
2. Folha com base aguda a cuneada, ápice agudo a acuminado, face abaxial setulosa; ovário 4-
locular .....................................................................................................................11.9. L. melastomoides
2. Folha com base arredondada ou cordada, ápice agudo, obtuso, apiculado; face abaxial vilosa,
furfuráceo-estrelada; ovário 3-locular
3. Brácteas ovais; hipanto com tricomas hirtelos e furfuráceo-estrelados esparsos ... 1.10. L. polystachya
3. Brácteas linear-subuladas; hipanto revestido por tricomas dendríticos, setulosos,
posteriormente glabrescentes
4. Caule e ramos com tricomas dendríticos, setulosos, posteriormente glabrescentes
............................................................................................................................. 11.2. L. carassana
4. Caule e ramos com tricomas hirtelos, velutinos ou furfuráceo-estrelados
5. Arbustos 1,5-2,5 m alt.; folha elíptica a lanceolada; conectivo não prolongado, ina-
pendiculado.............................................................................................................11.1. L. aurea
5. Subarbustos a arbustos 0,3-0,8 m alt.; folha ovalada a suborbiculada; conectivo
prolongado, calcarado no dorso ....................................................................... 11.4. L. erostrata
1. Inflorescências tirsóideas, fasciculadas ou subfasciculadas
6. Folhas com nervuras acródromas basais
7. Caule, ramos, folhas e hipanto totalmente glabros ...................................................... 11.6. L. glabrata
7. Caule, ramos, folhas e hipanto com indumento variável
8. Lâmina foliar com ápice obtuso, margem levemente serreada; 3-4 pares de nervuras
acródromas basais .................................................................................................... 11.13. L. rigida
8. Lâmina foliar com ápice agudo, acuminado, margem inteira, crenulada, levemente
serreada; 1-2 pares nervuras acródromas basais
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29464
L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 465
9. Brácteas 5,5 × 2,5 mm, ovais; hipanto tubuloso a suburceolado; ovário glabro
.........................................................................................................................11.7. L. lacunosa
9. Brácteas 1,5-2 × 0,8 mm, linear-subuladas; hipanto campanulado; ovário setuloso
no ápice ........................................................................................................... 11.8. L. lancifolia
6. Folhas com nervuras acródromas suprabasais
10. Pétalas amarelas, róseas
11. Lâmina foliar com face adaxial glabra e setosa nas nervuras e face adaxial com
tricomas hirsutos, furfuráceo-estrelados; pétalas amarelas ......................... 11.5. L. gardneriana
11. Lâmina foliar com ambas as faces revestidas por tricomas setulosos, furfuráceo-
estrelados; pétalas róseas ....................................................................... 11.16. L. xanthostachya
10. Pétalas brancas
12. Caule e ramos com tricomas hirtelo-vilosos; hipanto densamente revestido por tricomas
seríceos; conectivo prolongado 0,4 mm, calcarado no dorso ............................... 11.14. L. sericea
12. Caule e ramos com tricomas, hirtelos, hirsutos, furfuráceo-estrelados; hipanto
densamente revestido por tricomas papilosos e estrelados, furfuráceo-estrelados,
hirtelos, hirtelo-vilosos; conectivo não prolongado, não calcarado no dorso
13. Lâmina foliar elíptica, base aguda; cálice com lacínias externas 3,5 mm compr.;
filetes 3-4,5 mm compr. ...................................................................... 11.11. L. purpurascens
13. Lâmina foliar oval, amplamente oval, oblonga ou ovada; cálice com lacínias
externas menor que 3,5 mm compr.; filetes 1,5-2,5 mm compr.
14. Folha com pecíolo maior que 4,5 cm compr.; margem inteira; hipanto campa-
nulado .......................................................................................................... 11.3. L. dispar
14. Folha com pecíolo menor que 4 cm compr.; margem serreado-ciliada,
crenulado-ciliada; hipanto tubuloso
15. Lâmina foliar oval, margem levemente serreado-ciliada; anteras oblongas;
ovário esparsamente setuloso no ápice ............................................11.12. L. regnellii
15. Lâmina foliar oblonga ou ovada, margem crenulado-ciliada; ovário glabro
.................................................................................................. 11.15. L. xanthocoma
11.1. Leandra aurea (Cham.) Cogn., in Mart., Fl.
Bras. 14(4): 143. 1886. Clidemia aurea Cham,
Linnaea 10: 47. 1836.
Arbustos 1,5-2,5 m alt. Caule, ramos, folhas e
hipanto densamente velutino-pilosos e esparsamente
furfuráceo-estrelados. Folhas com pecíolo 1,5-2,5 cm
compr.; lâmina 4,5-12 × 2,5-6,5 cm, elíptica a
lanceolada, base cordada a arredondada, ápice agudo
a acuminado, margem inteira ou crenulado-ciliada; 2-3
pares de nervuras acródromas basais. Inflorescências
tirsóideas, glomeruladas. Brácteas 6 × 1,5 mm, linear-
lanceoladas. Flores 5-meras. Hipanto 4-5 × 3 mm,
tubuloso. Lacínias do cálice: as externas 2,5 × 0,5 mm,
as internas 0,8 × 0,3 mm. Pétalas 4-4,5 × 1,5-2 mm,
brancas, oval-triangulares. Estames com filetes
3-5 mm compr., conectivo não prolongado, inapendi-
culado; anteras 2-3,5 × 0,4-0,5 mm, subuladas. Ovário
adnato até a metade ao hipanto, piloso no ápice,
3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 9-IX-1864, Regnell II-108 (R).
Leandra aurea ocorre nos Estados da Bahia,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, pode também ser
encontrada na Bolívia. Ocupa preferencialmente
matas, cerrados, campos rupestres, locais úmidos e
sombreados. No município de Poços de Caldas foi
encontrada em bordas de matas.
11.2. Leandra carassana (DC.) Cogn., in Mart., Fl.
Bras. 14(4): 120. 1886. Clidemia carassana DC.
in DC., Prodr. 3: 162. 1828.
Árvores a arbustos 1-6 m alt. Caule, ramos, folhas
e hipanto revestidos por tricomas híspido-dendríticos,
setulosos, posteriormente glabrescentes. Folhas com
pecíolo 3-10 cm compr.; lâmina 7,5-20 × 4-12 cm,
elíptica a oval, base arredondada a subcordada, ápice
agudo a acuminado, margem crenulado-ciliada; 2-3
pares de nervuras acródromas suprabasais.
Inflorescências tirsóideas, glomeruladas. Brácteas 2-3
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466 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
× 0,5-0,6 mm, linear-subuladas. Flores (4-)5-meras.
Hipanto 4,2 × 2 mm, campanulado a urceolado.
Lacínias do cálice: as externas 2 × 1 mm, as internas
0,8 × 0,3 mm. Pétalas 3,4 × 2,5 mm, brancas,
lanceolado-subuladas. Estames com filetes 2,5-4,5 mm
compr.; conectivo não prolongado, inapendiculado;
anteras 3,5-4 × 0,5-0,7 mm, subuladas. Ovário adnato
até a metade ao hipanto, setoso no ápice, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 17-XI-1980, G.J.
Shepherd 432 (UEC).
Leandra carassana ocorre nos Estados de
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, sendo encontrada em
campos e matas. No município de Poços de Caldas
ocorre em matas.
11.3. Leandra dispar (Gardn.) Cogn., in Mart., Fl.
Bras. 14(4):117. 1886. Clidemia dispar Gardn.
London J. Bot. 2: 345. 1843.
Arbustos 1,5-2,5 m alt. Caule e ramos com
tricomas furfuráceo-estrelados. Folhas com pecíolo
4,5-6,5 cm compr.; lâmina 10-13 × 6-8,5 cm,
amplamente oval, base arredondada a assimétrica,
ápice longo-acuminado, margem inteira; face adaxial
esparsamente estrigosa, face abaxial canescente-
vilosa; 2-3 pares de nervuras acródromas suprabasais.
Inflorescências tirsóideas, subfasciculadas. Brácteas
2-3 × 0,5-0,7 mm, lineares. Flores 5-meras. Hipanto
3,5 × 1,5-2 mm, campanulado, densamente revestido
por tricomas papilosos e estrelados. Lacínias do cálice:
as externas 1,3 × 0,5 mm, as internas 0,8 × 0,3 mm.
Pétalas 3 × 1,8 mm, brancas, linear-lanceoladas.
Estames com filetes 2-2,5 mm compr., conectivo não
prolongado; apêndices inconspícuos; anteras 3-3,5 ×
0,5-0,7 mm, linear-subuladas. Ovário adnato até a
metade ao hipanto, esparsamente setoso no ápice,
3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 20-III-1874, Regnell III-24 (S).
Leandra dispar pode ser encontrada nos
Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo,
ocupando beira de matas. No município de Poços de
Caldas ocorre em matas e em campo sujo.
11.4. Leandra erostrata (DC.) Cogn., in Mart., Fl.
Bras. 14(4): 139. 1886. Clidemia erostrata DC.
in DC., Prodr. 3: 160. 1828.
Subarbustos a arbustos 0,3-0,8 m alt. Caule,
ramos e hipanto revestidos por tricomas hirtelos,
furfuráceo-estrelados. Folhas com pecíolo3-8 mm
compr.; lâmina 3-7 × 2-4,5 cm, ovalada a suborbiculada,
base arredondada a cordada, ápice obtuso, apiculado,
margem crenulada; face adaxial moderadamente
revestida por tricomas setulosos, furfuráceo-
estrelados, face abaxial com tricomas vilosos,
furfuráceo-estrelados; 2-3 pares de nervuras
acródromas basais. Inflorescências tirsóideas,
glomeruladas. Brácteas 3,5 × 2 mm, lanceoladas ou
oblongo-lanceoladas. Flores 5-meras. Hipanto 3-4 ×
2,5 mm, tubuloso. Lacínias do cálice: as externas 1,5 ×
0,6 mm, as internas 0,4 × 0,2 mm. Pétalas 3 × 0,7 mm,
róseas, lanceolado-subuladas. Estames com filetes
2,5-3 mm compr., conectivo prolongado, calcarado no
dorso; anteras 2,4 × 0,6 mm, subuladas. Ovário adnato
até a metade ao hipanto, piloso no ápice, 3-locular.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 17-XI-1980, G.J.
Shepherd 434 (UEC).
Leandra erostrata distribui-se desde o Estado
do Amazonas até o Rio Grande do Sul, ocorrendo
também na Bolívia e Argentina. No Brasil esta espécie
ocupa campos e cerrados. No município de Poços de
Caldas ocorre em campo sujo.
11.5. Leandra gardneriana Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14(4): 93 .1886.
Subarbustos a arbustos 0,5-1,8 m alt. Caule,
ramos e face abaxial das folhas com tricomas hirsutos,
furfuráceo-estrelados. Folhas com pecíolo 0,5-3 cm
compr.; lâmina 8-12 × 2-5 cm, oval a elíptica, base
obtusa a arredondada, ápice agudo ou acuminado-
apiculado, margem inteira a crenulado-ciliada; face
adaxial esparsamente setuloso-setosa; 1-2 pares de
nervuras acródromas suprabasais. Inflorescências
tirsóideas, subfasciculadas. Brácteas 1,5-3,5×
0,5-2 mm, elípticas. Flores 5-meras. Hipanto 3,2 ×
3 mm, tubuloso a suburceolado, esparsamente
furfuráceo-estrelado. Lacínias do cálice: as externas
2-5 × 0,5-0,8 mm, as internas 0,4-0,8 × 0,2-0,3 mm.
Pétalas 3,5-4 × 1,5-2 mm, amareladas, triangular-
subuladas. Estames com filetes 3 mm compr.;
conectivo não prolongado, apêndice inconspícuo;
anteras 3,2 × 0,4 mm, linear-subuladas. Ovário quase
totalmente adnato ao hipanto, glabro, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
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L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 467
de Caldas, XI-1854, Lindberg 324 (S).L e a n d r a
gardneriana ocorre nos Estados de Minas Gerais,
Espírito do Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Ocupa
preferencialmente campos úmidos, matas, matas
ciliares, capões de matas e locais sombreados. No
município de Poços de Caldas cresce em matas e no
campo sujo.
11.6. Leandra glabrata (Bunbury) Cogn., in Mart.,
Fl. Bras. 14(4): 172. 1886. Clidemia glabrata
Bunbury, Proc. Linn. Soc. 1: 108. 1841.
Arbustos 2-3 m alt. Caule, ramos, folhas e hipanto
totalmente glabros. Folhas com pecíolo 1-2 cm compr.;
lâmina 8-9 × 3-4 cm, lanceolada, base arredondada,
ápice agudo, acuminado, margem inteira; 1-2 pares
de nervuras acródromas basais. Inflorescências
tirsóideas, subfasciculadas. Brácteas 4,5-5,5 ×
0,8-1 mm, lanceoladas. Flores 5-meras. Hipanto
3-3,5 × 2,5 mm, tubuloso-urceolado. Lacínias do cálice:
as externas 2,3 × 0,7 mm, as internas 1,8 × 0,5 mm.
Pétalas 3,5 × 1,3 mm, amareladas, lanceolado-
acuminadas. Estames com filetes 2,8-3,2 mm compr.;
conectivo não prolongado, inapendiculado; anteras
2,5 × 0,5 mm, atenuadas no ápice. Ovário adnato até
a metade ao hipanto, glabro, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 27-XI-1864, Regnell III/543 (S).
Leandra glabrata pode ser encontrada nos
Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, ocupando
beira de matas e locais sombreados. No município de
Poços de Caldas ocorre em matas.
11.7. Leandra lacunosa Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14(4): 138. 1886.
Figura 1L-M
Arbustos 0,5-1,5 m alt. Caule e ramos com
tricomas hirsutos esparsos, entremeados por tricomas
dendríticos. Folhas com pecíolo 1-2,5 cm compr.;
lâmina 7-15 × 3-9 cm, oval a oval-lanceolada, base
arredondada, ápice agudo, acuminado, margem
serrilhado-ciliada; face adaxial densamente estrigosa,
furfurácea ao longo das nervuras, face abaxial
moderadamente revestida por tricomas dendríticos,
sobretudo nas nervuras principais; 2 pares de nervuras
acródromas basais. Inflorescências tirsóideas,
fasciculadas. Brácteas 5,5 × 2,5 mm, ovais. Flores
5-meras. Hipanto 5 × 3,5 mm, tubuloso a suburceolado,
com tricomas dendríticos e vilosos. Lacínias do cálice:
as externas 1,5 × 0,7 mm, as internas 1,3 × 0,3 mm.
Pétalas 4 × 1,5 mm, brancas, triangular-lanceoladas.
Estames com filetes 2-2,5 mm compr.; conectivo
espessado no dorso, formando calcar curto; anteras
4-4,5 × 0,5-0,7 mm, subuladas. Ovário adnato até à
metade ao hipanto, glabro, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 24-XI-1982, A.C.
Gabrielli 1668 (UEC).
Leandra lacunosa foi coletada no Distrito
Federal e nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e
Paraná, (provavelmente ocorre também em Goiás),
onde é encontrada em campos, beira de matas e
cerrados. No município de Poços de Caldas cresce
em matas e campo sujo.
11.8. Leandra lancifolia Cogn., in Mart., Fl. Bras.
14(4): 146. 1886.
Arbustos 1-2 m alt. Caule e ramos esparsamente
pilosos. Folhas com pecíolo 1,5-2,5 cm compr.; lâmina
4-6 × 2-3 cm, oval a oblongo-lanceolada, base
arredondada a levemente cordada, ápice agudo,
margem crenulada; glabrescente em ambas as faces;
2 pares de nervuras acródromas basais.
Inflorescências tirsóideas, subfasciculadas. Brácteas
1,5-2 × 0,8 mm, linear-subuladas. Flores 5-meras.
Hipanto 3 × 2 mm, campanulado, com tricomas vilosos.
Lacínias do cálice: as externas 2 × 0,7 mm, as internas
1 × 0,5 mm. Pétalas 4-4,5 × 0,7-1 mm, róseas,
lanceoladas. Estames com filetes 2-5,5 mm compr.;
conectivo não prolongado, inapendiculado; anteras
3,5-4 × 0,4-0,5 mm, subuladas. Ovário adnato até a
metade ao hipanto, setuloso no ápice, 3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 6-XI-1980, G.J.
Shepherd 403 (UEC).
Leandra lancifolia é aparentemente endêmica
no Estado de Minas Gerais, onde pode ser encontrada
em campos secos e campos rupestres. No município
de Poços de Caldas ocorre em campo sujo de altitude.
11.9. Leandra melastomoides Raddi, Mem. Soc. Ital.
Fis. 18: 386. 1820.
Figura 5H
Arbustos a arvoretas 1-4,5 m alt. Caule e ramos
com tricomas híspido-estrigosos. Folhas com pecíolo
0,6-1,5 cm compr.; lâmina 5-15 × 2-6 cm, elíptica, base
aguda a cuneada, ápice agudo a acuminado, margem
inteira a crenulada; face adaxial estrigosa, face abaxial
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468 Hoehnea 34(4): 447-480, 2007
Figura 5. A. Leandra regnellii. Base da lâmina foliar. B: Leandra regnellii. Flor. C. Leandra xanthocoma. Flor. D. Miconia inconspicua.
Ramo e inflorescência. E. Miconia langsdorffii. Inflorescência. F. Miconia pepericarpa. Ramo e inflorescência. G. Miconia pusilliflora.
Ramo. H. Leandra melastomoides. Inflorescência. I. Miconia chartacea. Base da lâmina (face abaxial). J. Miconia latecrenata. Ramo.
L. Miconia theaezans. Ramo. M. Miconia ligustroides. Ramo. (Fotos: A, B, C, D, I e L: F. Michelangeli; E, F, G, H e J: R. Goldenberg;
M: A.B. Martins).
HOEHNEA p447a480.pmd 14/2/2008, 17:29468
L.S. Kinoshita et al.: Melastomataceae do município de Poços de Caldas 469
setulosa; 1-2 pares de nervuras acródromas
suprabasais. Inflorescências tirsóideas, glomeruladas.
Brácteas 5-5,5 × 3,5-6,5 mm, elípticas. Flores
(5-)6-meras. Hipanto 4-5 × 2,5-3 mm, tubuloso ou
campanulado, densamente revestido por tricomas
híspidos, adpressos. Lacínias do cálice: as externas
1,3 × 0,3 mm, as internas 1,2 × 0,3 mm. Pétalas 3,5-5 ×
1-1,5 mm, brancas, linear-subuladas. Estames com
filetes 3,8-5,5 mm compr.; conectivo não prolongado,
inapendiculado; anteras 2,5-4,5 × 0,6-1 mm, subuladas.
Ovário adnato até quase a metade ao hipanto, piloso,
4-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, 31-I-1919, F.C. Hoehne (SP2706).
Leandra melastomoides é amplamente
distribuída no Brasil, ocorrendo nos Estados da
Paraíba, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Espírito do Santo,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina,
ocupando matas de restinga, cerrados e matas, em
margem de rios, encostas de matas, bordas de trilhas,
locais sombreados, úmidos ou secos. No município de
Poços de Caldas foi coletada em matas, em locais
sombreados.
11.10. Leandra polystachya (Naudin) Cogn., in
Mart., Fl. Bras. 14(4): 132. 1886. Clidemia
polystachya Naudin, Ann. Sci. Nat. Bot. Ser. 3,
17(5): 347. 1851.
Figura 6J-M
Subarbustos 0,5-1 m alt. Caule, ramos e hipanto
com esparsos tricomas hirtelos e furfuráceo-
estrelados. Folhas com pecíolo 0,3-0,7 cm compr.;
lâmina 4,5-8,5 × 2-5 cm, oblonga, base cordada, ápice
agudo, margem crenulado-ciliada; face adaxial
esparso-estrigosa, com tricomas setulosos esparsos,
face abaxial vilosa, furfuráceo-estrelada; 2-3 pares
de nervuras acródromas basais. Inflorescências
tirsóideas, glomeruladas. Brácteas 2-5 × 1,3 mm, ovais.
Flores 5-meras. Hipanto 4 × 2,5 mm, campanulado.
Lacínias do cálice: as externas 2 × 0,7 mm, as internas
1 × 0,5 mm. Pétalas 4-5 × 1-1,5 mm, róseas,
lanceolado-acuminadas. Estames com filetes 2-3 mm
compr.; conectivo não prolongado, inapendiculado;
anteras 1-1,5 × 1 mm, subuladas. Ovário adnato até o
segundo terço superior ao hipanto, setuloso no ápice,
3-locular.
Material selecionado: BRASIL. MINAS GERAIS: Poços
de Caldas, Campo de Santa Rosália, 6-XI-1980, G.J.
Shepherd 405 (UEC).
Leandra polystachya distribui-se principalmente
na Região Sudeste, nos Estados de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo, e também no Paraná e Santa
Catarina, sendo encontrada

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