Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Família com cerca de 850 espécies e 120 gêneros distribuídos em 8 tribos. Predominantemente tropical, especialmente abundante nos Neotrópicos, com poucas espécies nas regiões temperadas. É a família que inclui o maior número de lianas na Região Amazônica. B IG N O N IA C E A E (Martinella obovata e Memora tanaeciicarpa), Sphingidae (Leucocalantha aromatica, Arrabidaea triplinervia e Arrabidaea prancei), e por borboletas (Tynanthus). Os frutos são cápsulas secas, com formatos variáveis, e as sementes são aladas, dispersas pelo vento. Apenas em Schlegelia o fruto é uma baga avermelhada e dispersa por pássaros. As folhas apresentam interessantes padrões de danificação e as inúmeras glândulas presentes em quase todas as estruturas vegetativas atraem muitas formigas que exercem importante papel na proteção contra herbivoria. Em Stizophyllum riparium a relação com formigas é ainda mais forte: os ramos são ocos e formigas se alojam no interior dos ramos. A família é amplamente utilizada na ornamentação e na medicina popular. As flores e folhas são também usadas na produção de tintas, e a madeira das espécies arbóreas, na construção. Casca de Tabebuia incana é usada pelos índios como aditivo em bebidas alucinogênicas, e Arrabidaea chica como protetor solar e na pintura para a pele. Todas as espécies cipó de Bignoniaceae são popularmente chamadas de "cipó-cruz". Bignoniaceae Gentry, A.H. 1980 e 1992. Bignoniaceae. Flora Neotropica Monograph 25, part 1 (Crescentieae and Tourrettieae) e 2 (Tecomae). 608 Na Reserva está representada por 52 espécies e 25 gêneros, incluídos em 3 tribos: Bignonieae, Tecomeae e Schlegelieae. São plantas lenhosas com folhas opostas e compostas (com exceção de Schlegelia, que apresenta folhas simples). São predomi- nantemente lianas, com poucas árvores e um gênero hemiepífita (Schlegelia), de posição taxonômica duvidosa. As espécies lianas, com reputação de serem díficeis de serem reconhecidas no campo, podem ser reconhecidas pelos alargados nós opostos (persistentes mesmo após a queda das folhas), pelo floema arranjado em formato de cruz e pelo folíolo terminal geralmente modificado em gavinha simples ou trífida. O formato da secção dos ramos, as glândulas e cicatrizes presentes entre os pecíolos e o número de folíolos são também importantes caracteres taxonômicos para a identificação de materiais estéreis. As flores são muito vistosas, com forma, cor, tamanho e horário de abertura bastante variáveis. São caracterizadas pela presença de 4 estames didínamos e um estaminódio, pelo estilete alongado e pelo estigma bífido. Os principais polinizadores são abelhas "de língua comprida", mas várias espécies são também polinizadas por beija-flores Arrabidaea nigrescens Arrabidaea trailii Características importantes da família: estames didínamos, estilete alongado e estigma bífido (Lundia densiflora). Tabebuia serratifolia Outras: Adenocalymna impressum Arrabidaea japurensis A. prancei Leucocalantha aromatica Distictella parkerii D. magnoliifolia Stizophyllum riparium Pleonotoma melioides Pachyptera kerere Tynanthus polyanthus Outras: Schlegelia paraense Pyrostegia cinerea FLORES BRANCAS FLORES VERMELHAS OU LARANJA FLORES ROSA, VINHO OU AZUIS FRUTOS Jacaranda copaiaArrabidaea trailiiAnemopaegma foetidum B IG N O N IA C E A E Arrabidaea triplinervia Stizophyllum riparium Schlegelia spruceamum. Flores e detalhe dos nectários extraflorais no cálice. Arrabidaea trailii Pyrostegia venusta Tynanthus panurensis FLORES AMARELAS Outras: Pleonotoma jasminifolia Anemopaegma robustum A. floridum Memora flavida M. longilinea M. bracteosa Manaosella cordifolia Mussatia priurei Tabebuia incana T. serratifolia Pararrabidaea truncata Lundia densiflora Pleonotoma albiflora Arrabidaea triplinervia Cydista aequinoctialisDistictella elongata Outras: Arrabidaea chica A. egensis A. inaequalis Martinella iquitosensis M. obovata Mansoa alliacea Clytostoma binatum Arrabidaea fanshawei Distictis pulverulenta Arrabidaea nigrescens Cuspidaria subincana Jacaranda copaia Arrabidaea cinnamomea Anemopaegma foetidum 609 Schlegelia spruceana Anemopaegma oligoneuron Memora tanaeciicarpa Memora adenophora Adenocalymna subincanum Callichlamys latifolia Memora flaviflora Memora moringiifolia Schlegelia. Escandentes por raízes adventícias. Folhas simples. Folhas compostas e opostas. LIANAS Folhas 2-3-ternadas ou 2-3-pinadas ÁRVORES HEMIEPÍFITAS 11 B IG N O N IA C E A E • Lianas são freqüentemente arbustivas e não escandentes quando jovens. • Plantas jovens podem ter folhas muito maiores, e com indumento diferente das adultas. • Pseudoestípulas e glândulas interpeciolares são mais evidentes em ramos jovens, principalmente na porção apical. Como estas estruturas podem estar ausentes em algumas porções da planta, deve ser observada em várias áreas interpeciolares. • As gavinhas podem estar quebradas e gerar confusões na distinção entre gavinhas simples e trífidas. • A cor do corte pode variar de acordo com a idade (as fotos não são padronizadas pela idade). • No caso das éspecies com gavinhas simples e com grupos de glândulas interpeciolares, é conveniente checar grupos 3 e 4, dado que em alguns (apesar de poucos) dos indivíduos com gavinhas partindo da axila dos ramos raramente também apresentam folíolos modificados em gavinhas. Especial atenção deve ser dada a Arrabidaea chica. CUIDADOS NA IDENTIFICAÇÃO 610 Pseudoestípulas presentes (às vezes apenas visíveis na porção terminal dos ramos). 22 • Folíolo terminal modificado em gavinha simples. Ramos com grupos de glândulas interpeciolares. • Gavinhas lenhosas partindo da axila dos ramos, raro também com o folíolo terminal modificado em gavinha. Ramos sem grupos de glândulas interpeciolares. • Ramos com grupos de glândulas interpeciolares. Cheiro extremamente forte em todas as partes da planta, especialmente ao corte. (Outros caracteres são os mesmos do grupo 8). Ramos sem grupos de glândulas interpeciolares. Folhas 2-3-folioladas Gavinhas simples Gavinhas trífidas 33 44 55 66 77 88 99 • Estes grupos apresentam glândulas interpeciolares B IG N O N IA C E A E Jacaranda copaia. (Pará-pará). Árvore de dossel ou subdossel. Folíolos com margens inteiras, freqüentemente serreados quando jovens. Plantas jovens podem ser confusas com Memora moringiifolia. Ramos com odor "azedo" ao corte. Comum em baixio, vertente, platô e capoeira. Amazônia. Árvores com folhas compostas e opostas. Jacaranda. Folhas bipinadas. Tabebuia. Folhas digitadas, 5-7 folioladas. Tabebuia incana. (Pau- d'arco). Árvore de dossel. Tronco castanho, fendado superficialmente e desprendendo-se em placas. Base com sapopemas. Folíolos fortemente discolores, face abaxial amarelo- pubescente, com nervuras vinho, adaxial castanha, margem inteira. Ocasional em platô. Amazônia Central. Tabebuia serratifolia. (Pau- d'arco, ipê). Árvore de dossel. Tronco acizentado, fissurado. Ramos acinzentados. Folíolos com margem serreada, glabros, mais raramente pubérulos, venação broquidódroma, com diminutas domáceas nas axilas. Ocasional em vertente e platô. Amazônia. 800 11 Região interpeciolar de J. copaia 611 Troncos mais antigos de J. copaia podem ser menos avermelhados DICAS SOBRE JACARANDA Jacaranda é a única espécie de árvore na Reserva com folhas bipinadas e opostas. Umas poucas Mimosoideae têm folhas às vezes subopostas,raramente opostas. Folíolos jovens de J. copaia podem ser serrilhados. 120 330 Vitex (Verbenaceae) confunde com Tabebuia. Folhas comumente 3-5-folioladas e subopostas. Casca desprende facilmente e com oxidação rápida no corte. DICA DE CAMPO Tabebuia incana B IG N O N IA C E A E 612 Schlegelia paraense. Liana hemiepífita. Ramos acinzentados, com lenticelas creme. Folhas coriáceas, até 10(-15) cm, secando avermelhadas, venação proeminente na face abaxial, pouco evidente na adaxial, com um grupo de glândulas na base; pecíolos espessados. Pseudoestípulas lanceoladas, bipartidas. Rara. Platô. Amazônia brasileira e Guiana Francesa. Schlegelia spruceana. Liana hemiepífita. Ramos angulosos, com lenticelas castanho-claras. Folhas coriáceas, até 30 cm, secando com cor-de-oliva; margens suavemente revolutas especialmente na base, cobrindo um grupo de glândulas; pecíolos muito espessados. Ocasional. Baixio. Amazônia brasileira e Guianas. 100 255 Lianas hemiepífitas, escandentes por raízes adventícias. Folhas simples. GAVINHAS EM LIANAS Os indivíduos jovens das Bignoniaceae lianas freqüentemente não apresentam gavinhas. No entanto, estas tornam-se evidentes tão logo tais indivíduos começam a subir. Tanto a posição quanto a forma das gavinhas são variáveis, mas são caracteres úteis para a identificação de materiais estéreis. Por isso, é muito importante que gavinhas de Bignoniaceae sejam sempre coletadas. As gavinhas tipicamente representam uma modificação de um folíolo. Assim, um mesmo indivíduo pode apresentar tanto folhas 3-folioladas (e sem gavinhas) como 2-folioladas com o terceiro folíolo modificado em uma gavinha. Menos comumente (como é o caso do grupo 3), as gavinhas não são modificações dos folíolos mas sim dos ramos. A terminação da gavinha pode ser simples (grupos 3-5 e 8), ou trífida (grupos 6 e 7). Em Distictis e Distictella as gavinhas Gavinha Folíolo Pecíolo Região interpeciolar Peciólulo podem terminar em discos adesivos. Em Manaosella cordifolia a gavinha pode estar dividida em mais que três segmentos (multífida). SCHLEGELIA O gênero Schlegelia sempre foi considerado muito atípico em Bignoniaceae por apresentar frutos tipo baga (dispersos por passáros), folhas simples, hábito hemiepifítico e pela ausência do floema em cruz presente em todas as outras Bignoniaceae liana. Dados moleculares recentes sugerem que Schlegelia e genêros afins (Gibsoniothamnus, Exarata e Synapsis) realmente formam um grupo evolutivo isolado de Bignoniaceae, o qual provavelmente será reconhecido como uma família independente: Schlegeliaceae. Por apresentar folhas simples e hábito hemiepifítico, Schlegelia pode ser mais facilmente confundido com Drymonia (Gesneriaceae) do que com outras Bignoniaceae. 22 Lianas. Folhas 3-folioladas, com gavinhas simples, lenhosas partindo da axila dos ramos, raro também com o folíolo terminal modificado em gavinha. Ramos com grupos de glândulas interpeciolares. B IG N O N IA C E A E "Arrabidaea egensis". (Cipó- peludo). Talvez uma forma jovem de A. cinnamomea, que foi anteriormente descrita como A.egensis. Difere pelos folíolos lanceolados e ramos vilosos (com tricomas simples e esbranquiçados muito alongados). Arrabidaea cinnamomea. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, castanho- acinzentado; ao corte creme, não oxidando-se. Ramos castanho- escuros, desprendendo-se intensamente. Folhas buladas, ásperas, com venação reticulada, impressa na face adaxial, secando cor-de-oliva. Freqüente. Campinarana, capoeira e platô. Amazônia. 330 220 613 Arrabidaea chica. (Crajirú). Liana lenhosa. Tronco quadrangular, acinzentado. Ramos cinza-claros, estriados. Folíolos glabros, com glândulas esparsas, secando vermelhos. Ocasional. Campinarana, vertente, platô e em capoeiras. América Central até Argentina. 235 320 Arrabidaea nigrescens. (Guarararana). Liana lenhosa. Ramos angulosos a quadrangulares, acinzentados. Folíolos e pecíolos pilosos (pêlos amarelos bífidos, negros quando secos). Freqüente. Campinarana, também em platô, vertente e capoeira. Amazônia Ampla. Tynanthus panurensis Anemopaegma oligoneuron Trífida Arrabidaea cinnamomea Arrabidaea prancei Simples 33 As glândulas em A. egensis e outras espécies podem estar escondidas pela pubescência. Natural Pubescência raspada B IG N O N IA C E A E Arrabidaea trailii. Liana lenhosa. Tronco castanho, desprendendo-se em placas, casca-viva e alburno cremes, oxidando-se a laranja. Ramos glabros, lisos, com uma costa na região interpeciolar suave. Folíolos discolores, face abaxial esbranquiçado-pubescente com venação castanho-escura. Pecíolos e gavinhas lenhosos. Freqüente. Baixio e platô. Amazônia. Pyrostegia cinerea. Liana lenhosa. Tronco castanho-acinzentado, recoberto por lenticelas. Ramos e folíolos esbranquiçado-pubescentes quando jovens, glabrescentes com a idade, margens revolutas. Gavinhas tipo unha-de-gato. Freqüente. Campinarana e capoeira. Endêmica da região de Manaus. 120 614 GLÂNDULAS Em Bignoniaceae, glândulas estão distribuídas por quase todos os órgãos. O agrupamento neste guia é em parte baseado nas glândulas interpeciolares. Tais glândulas são constantes e geralmente fáceis de serem observadas. No entanto, a presença de lenticelas pode confundir o usuário. Algumas espécies também apresentam glândulas nos folíolos, as quais podem estar espalhadas por toda a lâmina foliar, concentradas ao longo das nervuras, ou apenas nas axilas das nervuras laterais. Em Stizophyllum, glândulas pelúcidas estão espalhadas por toda a lâmina. Glândulas são também encontradas nas pseudoestípulas e ainda, nas pétalas, cálice e às vezes na superfície dos frutos. Acredita-se que funcionam como nectários (florais ou extra-florais), atraindo formigas que recebem uma substância açucarada como recompensa enquanto "patrulham" a planta e, incidentalmente, a protegem contra herbivoria. Lianas. Folhas 3-folioladas ou 2-folioladas, com folíolo terminal modificado em gavinha simples. Ramos com grupos de glândulas interpeciolares.44 Muitas Arrabidaea nigrescens Cuspidaria subincana Poucas Lundia densiflora Sem Callichlamys latifolia Glândulas interpeciolares Stizophyllum riparium Pyrostegia venusta Glândulas na lâmina Cuspidaria subincana. Liana lenhosa. Ramos estriados, castanho-claros recobertos por lenticelas esbranquiçadas. Pseudoestípulas inconspícuas. Folhas coriáceas, elípticas a suborbiculares, com ápice abruptamente cuspidado, densamente esbranquiçado-pubescente com nervuras enegrescidas na face abaxial; peciolos pubérulos. Rara. Platô. Venezuela até Amazônia Central. 185 245 B IG N O N IA C E A E Arrabidaea fanshawei. (Cipó-careta). Liana lenhosa. Tronco quadrangular, acinzentado, recoberto por lenticelas, amarelo intenso ao corte. Ramos cilíndricos, acinzentados, com lenticelas castanhas e cicatriz interpeciolar superficial. Folíolos glabros, raro pubérulo-esbranquiça-dos, secando enegrescidos. Ocasional. Vertente e platô. Amazônia Central (só conhecida da Reserva) e Peru até as Guianas. Arrabidaea prancei. Liana lenhosa. Tronco castanho-acinzentado, casca-viva e alburno cremes, apenas diferenciados após oxidação. Ramos estriados, castanho- avermelhados, com numerosas lenticelas circulares, creme. Folhas 2-folioladas; folíolos coriáceos, com 3-4 pares de nervuras secundárias, glândulas ao longo das nervuras(face abaxial) e domáceas na axila das nervuras basais. Ocasional. Platô. Amazônia brasileira e peruana. Arrabidaea triplinervia. Liana lenhosa. Tronco castanho-claro, com lenticelas esparsas. Ramos castanhos, estriados, recoberto por lenticelas esbranquiçadas. Folíolos com venação broquidódroma, com 4-6 nervuras secundárias, domáceas pilosas nas axilas das nervuras secundárias. Freqüente. Vertente e platô. Colômbia até Paraguai. Atrai beija-flores. 215 200 145 615 Mansoa kerere. Liana lenhosa. Ritidoma cinza, liso. Ramos subtetragonais, longitudinalmente estriados, glabros a pubérulos. Muito característica pelas pseudoestípulas agudas, organizadas em 3-séries verticais (vide foto), e pelas conspícuas glândulas interpeciolares. Folíolos subcordados, terminal modificado em uma gavinha com braços muito alongados. Rara. Platô. Belize até Amazônia Central e Guianas. 280 Arrabidaea japurensis. Liana lenhosa. Ramos glabros enegrescidos, recobertos por lenticelas castanho- claras. Pseudoestípulas diminutas, obtusas. Folíolos elípticos, ápice acuminado, lepidotos, pubérulos ao longo da nervura principal. É a única espécie com pecíolos > 1 cm, conspicuamente pubérulos na porção superior. Rara. Platô. Panamá até Bolívia. Folíolos esbranquiçados na face abaxial (densamente pubescentes). Folíolos glabros a pubérulos 380 Mussatia priurei. Liana lenhosa. Ritidoma castanho-claro acinzentado, conspicuamente estriado, desprendendo-se em placas pequenas. Ao corte creme, sem oxidação. Caracteríza-se pelos ramos evidentemente quadrangulares, costado nos ângulos e, pelos pecíolos muito alargados no ápice. Folíolos elípticos; venação broquidódroma. Rara. Baixio. Colômbia até Espírito Santo. Clytostoma binatum. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, ritidoma cinza, liso. Ramos jovens subtetragonais, glabros ou pubérulos. Pseudoestípulas coriáceas, pontiagudas e organizadas em várias séries, dando aspecto de pequenas bromélias. Folíolos coriáceos, enrugados. Rara. Baixio. México até o norte da Argentina. Tynanthus polyanthus. Liana lenhosa. Ramos glabros, conspicuamente quadrangulares, com cicatrizes interpeciolares. Folíolos pubérulos, secando cor-de-oliva; pecíolos profundamente canaliculados. Freqüente. Baixio. Amazônia e disjunto no Espírito Santo. 160 105 B IG N O N IA C E A E 350 616 Lianas. Folhas 2-3-folioladas, com gavinhas simples. Ramos sem grupos de glândulas interpeciolares. Stizophyllum riparium. (Canudo-de- São-João). Liana. Tronco quadran- gular, oco. Ramos cilíndricos, tomentoso esbranquiçados, com cicatriz interpeciolar suave (às vezes coberta pelo indumento). Folíolos glandular-pontuados, glabros, pubescentes nas nervuras, um pouco bulados, vinho quando jovens, margens irregulares. Rara. Capoeira. América Central até Bolívia. Jovem 55 Ramos ocos. STIZOPHYLLUM E FORMIGAS S. riparium é a única espécie de Bignoniaceae que ocorre na Reserva que providencia duas formas de recompensa às formigas: o exsudato açucarado típico de várias espécies, e também ramos ocos que fornecem abrigo à formigas. Formigas do gênero Crematogaster fazem ninhos no interior dos ramos da planta. Ramos jovens evidentemente quadran- gulares (às vezes tornando-se cilíndricos posteriormente). B IG N O N IA C E A E Adenocalymna subincanum. Liana lenhosa. Ritidoma castanho-acinzentado, desprendendo-se em placas; ao corte creme, oxidando-se a laranja. Folíolos coriáceos, ásperos, com venação reticulada e glândulas esparsas pela face abaxial; peciólulos curvos, mais compridos que o pecíolo; pulvínulos proeminentes. Pseudoestípulas clavadas. Freqüente. Vertente, platô, baixio e campinarana. Amazônia Central e Oriental. Callichlamys latifolia. Liana lenhosa. Tronco castanho-acinzentado com lenticelas. Ao corte, casca-viva e alburno alaranjados, oxidando à avermelhados. Ramos castanhos, com muitas lenticelas. Folíolos (10)-25-30 cm, elípticos a orbiculares, glabros; venação broquidódroma, impressa na face adaxial. Pode ser confundida com Anemopaegma robustum. Freqüente. Platô, vertente e campinarana. América Central até Bolívia. Anemopaegma robustum. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, cinza. Corte creme. Ramos lisos. Folíolos grandes (30 cm), coriáceos, glabros, com glândulas na axila das nervuras da face abaxial (densamente na base); peciólulos alargados nas extremidades; região interpeciolar achatada; pseudoestípulas foliáceas, orbiculares, coriáceas. Freqüente. Baixio e vertente. Amazônia Central, Venezuela e Guianas. 617 Adenocalymna impressum. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, castanho-escuro; creme ao corte, não oxidando-se. Ramos acinzentados, estriados, com cicatriz interpeciolar. Folíolos coriáceos, com as margens mais espessadas que a lâmina, venação reticulada em ambas as faces; peciólulos curvos, espessados e vináceos no ápice. Rara. Platô. Amazônia. Cydista aequinoctialis. Liana lenhosa. Tronco vinho; casca viva vermelha e alburno laranja, oxidando-se a vermelho, exsudação pegajosa. Ramos angulosos, com 6-16 braços de floema, ocráceo-pubescentes, com cicatriz interpeciolar. Folíolos glabros, com glândulas na axila das nervuras (face abaxial). Ocasional. Baixio e campinarana. México até Amazônia. Ramos circulares. 170 135 400 250 460 130 • Lundia densiflora. Liana lenhosa. ou arbusto escandente. Tronco castanho escuro; creme ao corte, não oxidando-se. Ramos e folhas pubescentes. Folíolos com as margens ciliadas, suavemente revolutas. Gavinhas lenhosas, geralmente enrolando-se muito nas extremidades e formando um emaranhado. Freqüente. Capoeira. Guianas até Bolívia. Periarrabidaea truncata. Liana lenhosa. Tronco anguloso, acinzentado; ao corte creme, não oxidando-se. Ramos estriados, com lenticelas castanhas. Gemas foliares muito desenvolvidas. Folíolos coriáceos, glabros, com venação reticulada, oliva quando secos; peciólulo flexível e espessado. Ocasional. Campinarana e baixio. Amazônia, Rondônia até Suriname. • Anemopaegma oligoneuron. Liana lenhosa. Tronco anguloso, castanho-acinzentado; ao corte creme, oxidando-se a laranja. Ramos angulosos, ocráceo- pubescentes, com lenticelas. Folíolos cordados, ásperos, fortemente bulados, pubescentes, com grupos de glândulas na base. Ocasional. Baixio, platô e campinarana. Das Guianas até a Bolívia. Leucocalantha aromatica. (Cipó-de-peneira). Liana lenhosa. Tronco castanho- acinzentado, estriado. Ramos lisos, glabros, vináceos, tornando- se acinzentados, desprendendo-se em placas papiráceas e expondo a camada inferior castanha com estrias brancas. Folíolos glabros, com venação broquidódroma, vinácea. Freqüente. Platô e vertente. Amazonas e Rondônia. Lianas. Folhas 2-3-folioladas, com gavinhas trífidas. Ramos com grupos de glândulas interpeciolares. 330 618 66 B IG N O N IA C E A E • As glândulas interpeciolares podem ser pouco visíveis em espécies com ramos pilosos como A. oligoneuron e L. densiflora. Nestes casos, as glândulas são mais facilmente visíveis nas regiões onde o indumento se apresenta menos espesso. Lianas. Cheiro extremamente forte em todas as partes da planta, especialmente ao corte. (Outros caracteres são os mesmos do grupo 8). 619 Tynanthus panurensis. (Cipó-cravo). Liana lenhosa. Tronco castanho-escuro, anguloso. Casca viva e alburno laranja, oxidando à vermelho; exsuda seiva vermelha,pegajosa, com odor forte de cravo. Ramos cinza, recobertos por lenticelas castanho-escuras. Folíolos apiculados, com venação broquidódroma, piloso- esbranquiçados, às vezes com domáceas na axila das nervuras na face abaxial. Ocasional. Platô. 120 Mansoa alliacea. Liana lenhosa. Tronco anguloso, reticulado. Corte com cheiro de alho, casca viva branca, com muitos septos de floema de coloração creme. Ramos glabros, hexagonais, acinzentados, com estrias creme proeminentes nos ângulos, com cicatriz suave na região interpeciolar. Folíolos bulados, com glândulas esparsas ao longo das nervuras, ápice curvado. Ocasional. Platô. Amazônia. B IG N O N IA C E A E 180 Apenas duas espécias de Bignoniaceae têm cheiros fortes na Reserva. Tais cheiros são tão fortes que permitem que estas espécies sejam facilmente identificadas. O cheiro de Mansoa alliacea é característico pelo forte aroma de alho, "carne temperada", ou "carne apodrecida". Tal odor, é também muito persistente; sendo até mesmo detectado em materiais herborizados. Tynanthus panurensis, por outro lado, apresenta um forte cheiro de cravo. Aparentemente, esses cheiros estão relacionados a substâncias químicas que repelem insetos e conseqüentemente protegem tais plantas. O gênero Tanaecium (não ocorre na Reserva) é o único outro gênero de Bignoniaceae que apresenta cheiro forte, que é geralmente descrito como como "cheiro de amêndoas" ou "marzipan". CHEIROS EM BIGNONIACEAE SECÇÃO DO CAULE Espécies pertencentes a Bignoniaceae podem ser facilmente reconhecidas através de secções transversais dos ramos ou tronco, pelo floema que apresenta vários "braços" (comumente 4, mas também 6, 8, 12, ou 32), os quais geralmente se apresentam em forma de cruz. Além do floema, um outro caractere importante é o formato da secção dos ramos, a qual pode ser circular, quadrangular, ou hexagonal (como em Distictis). Os ramos podem também ser acanalados, ou alados (como em Pleonotoma jasminifolia). Memora flavida Arrabidaea chica Cuspidaria subincana Pleonotoma jasminifolia Cydista aequinoctialis Disticus pulverulenta 77 Pyrostegia venusta. (Canudo-de- São-João). A única outra espécie com ramos hexagonais neste grupo é D. pulverulenta. P. venusta pode ser facilmente reconhecida pelas glândulas impressas na face inferior dos folíolos, pelos folíolos membranáceos e pela ausência de pseudoestípulas. Espécie ruderal, ocorre por todo a Brasil e países vizinhos. Distictis pulverulenta. Liana lenhosa. Ramos hexagonais com cicatriz interpeciolar, pilosidade ocrácea. Folíolos jovens esbranquiçado-pubescentes, glabrescentes, com glândulas na axila da nervura basal. Pseudoestípulas foliáceas. Gavinhas formando discos no ápice. Ocasional. Vertente. Amazônia. Distictella parkerii. (Cipó-Cururu). Liana lenhosa. Tronco castanho, com lenticelas elípticas em linhas verticais. Ramos lisos, ocráceo pilosos. Folíolos pubérulos, com glândulas na face abaxial, venação eucampdódroma, impressa na face adaxial; pecíolos perpendiculares ao ramo; peciólulos muito mais longos que pecíolos. Gavinhas freqüentemente em forma de disco. Platô, vertente e campinarana. Arredores de Manaus. Distictella elongata. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, 5-15 cm DAP, reticulado; ao corte textura "esfarelenta", cor creme, oxidando-se a laranja e exsudando seiva transparente. Ramos ocráceo- pubescentes, com lenticelas castanhas. Folhas coriáceas, ásperas, ocráceo- pubescentes, com grupos de glândulas na axila das nervuras. Ocasional. Vertente e campinarana. Colômbia até Argentina. B IG N O N IA C E A E 111 Anemopaegma floridum. Liana lenhosa. Ramos estriados, sem lenticelas. Folíolos elípticos, com ápice acuminado e glândulas na axila das nervuras na face abaxial. Pseudoestípulas foliáceas, orbiculares. Rara em platô e campinarana. Amazônia (Brasil, Colômbia e Peru). 165 155 170 320 Lianas. Folhas 2-3-folioladas, com gavinhas trífidas. Ramos sem grupos de glândulas interpeciolares. Ramos cilíndricos ou subcilíndricos. 88 B IG N O N IA C E A E Martinella iquitosensis. Liana lenhosa. Tronco quadrangular, castanho- escuro com lenticelas elípticas em filas verticais; ao corte casca viva e alburno amarelo oxidando-se a castanhos. Ramos pubescentes, com uma cicatriz na região interpeciolar em forma de anel. Folíolos cartáceos (coriáceos quando secos), cordiformes, viloso-esbranquiçados, com glândulas esparsas na face abaxial. Rara. Vertente. Anemopaegma foetidum. (Cipó-calango). Liana herbácea. Ramos delgados, estriados, glabros a pubérulos. Folíolos sésseis ou sub, nervuras secundárias quase perpendiculares às primárias, glabros, com glândulas distribuídas pela face abaxial, principalmente na base. Campinarana. Amazônia, em áreas de campina e campinarana. 220 Martinella obovata. Liana lenhosa. Ramos delgados, estriados, glabros, com cicatriz interpeciolar. Folíolos elípticos, com glândulas distribuídas pela face abaxial. Pode ser confundida com Anemopaegma foetidum mas os folíolos são peciolados e elípticos e não lanceolados. América Central até a Bolívia. 621 Manaosella cordifolia. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico, castanho-claro, com desprendimento abundante em placas de cortiça; ao corte casca viva creme e alburno laranja, ambos oxidando-se a laranja intenso. Folíolos cordados, 5-nervados na base, discolores, esbranquiçado-pubescentes em ambas faces. Gavinhas também podem ser multífidas. Rara. 180 Distictella magnoliifolia. Liana lenhosa. Tronco com ritidoma fibroso, verticalmente estriado. Ramos cilíndricos, lisos, achatados nos nós. Folíolos elípticos, coriáceos, glabros, pubérulos nas axilas das nervuras, com esparsas glândulas ao longo da superfície. Rara. Baixio (também ocorre em igapó). Costa Rica até Bolívia e Guianas. Ramos hexagonais ou quadrangulares. 140 170 130 530 350 Ramos cilíndricos ou suavemente angulosos. Ramos evidentemente quadrangulares. B IG N O N IA C E A E Pleonotoma albiflora. (Cipó-de-quadra). Liana lenhosa. Tronco com fissuras horizontais a cada +/- 3 cm, desprendendo em placas, casca-viva creme, oxidando a laranja. Ramos glabros, com uma cicatriz na região interpeciolar em forma de anel. Folíolos elípticos, > 9 cm. Gavinhas trífidas, com "braços" muito desenvolvidos. Ocasional. Platô e vertente. Amazônia até Espírito Santo. Lianas. Folhas 2-3-ternadas ou 2-3-pinadas, articuladas. Pseudoestípulas presentes (às vezes apenas visíveis na porção terminal dos ramos). Memora moringiifolia. Liana lenhosa. Tronco castanho, com lenticelas elípticas de até 0,4 cm; ao corte casca-viva creme oxidando-se a laranja escuro. Ramos e folhas pubérulos, glabrescentes. Pseudoestípulas clavadas. Folíolos de 1,0-2,0 cm, rombóides, oblíquos na base, apenas com nervura principal evidente. Freqüente. Platô. Brasil (Amazonas e Pará) e Guianas. Memora flaviflora. Liana lenhosa. Tronco cinza, anguloso, com lenticelas enfileiradas. Casca viva creme oxidando à castanho, alburno creme não oxidando. Ramos lisos, cinzas, glabros, com uma cicatriz na região interpeciolar. Pseudoestípulas clavadas. Folíolos agudos nas extremidades, ca. 4-8 cm, face adaxial com nervuras pouco evidentes, a principal impressa. Gavinhas simples. Ocasional. Platô e vertente. Amazônia. 622 Pleonotoma jasminifolia. (Cipó-cachiado). Liana. Ramoscom ângulos destacáveis. Folhas semelhantes às de Memora moringifolia, mas menores que 1,0 cm. As duas espécies são, no entanto facilmente diferenciadas pelos ramos cilíndricos vs. quadrangulares. Rara. Clareiras. Amazônia Central, Venezuela e Colômbia. Memora adenophora. Liana lenhosa. Tronco castanho-acinzentado; ao corte casca-viva e alburno cremes, oxidando a laranja. Única espécie com ramos e folhas glandular-pubescentes, às vezes pegajosos, com uma cicatriz na região interpeciolar. Pseudoestípulas foliáceas, orbiculares, de até 2,5 cm. Folíolos elípticos, suavemente bulados. Freqüente. Platô. Amazonia Central. 99 350 Memora flavida. Tronco castanho; ao corte casca viva vermelha, alburno creme oxidando- se a laranja; odor suave de cravo. Ramos vináceos, com lenticelas alongadas; ráquis canaliculada. Folhas às vezes biternadas como M. tanaeciicarpa mas esta é a única espécie de Memora com gavinhas trífidas. Rara. Vertente. Amazônia, Colômbia e Guianas. 340 390 Memora longilinea. Liana lenhosa. Corte do tronco creme. Ramos angulosos, com cicatriz interpeciolar suave. Folíolos glabros, com textura de borracha quando jovens, discolores (amarelados, com glândulas esparsas na face abaxial, verde escuro com nervuras impressas na adaxial); peciólulos e pecíolos sulcados, separados da nervura principal por uma cicatriz. Freqüente. Vertente e platô. Amazônia Central. B IG N O N IA C E A E Pleonotoma melioides. Liana lenhosa. Tronco não visto. Assim como as outras espécies de Pleonotoma, é característica pelos ramos conspicuamente quadrangulares, com cicatriz interpeciolar. Distingue-se das demais Pleonotoma pelos folíolos de tamanhos intermediários às duas espécies, > 1,0 cm e < 9,0 cm. Rara. Platô. Colômbia até Espírito Santo. Memora bracteosa. Liana lenhosa. Tronco cilíndrico. Ramos estriados, com lenticelas e cicatriz interpeciolar. Ramos e folhas glabros. Pseudoestípulas subfoliáceas. Folíolos coriáceos, amarelos quando secos. Pode ser facilmente distinta pelas folhas 2-3 ternadas, e freqüentemente apenas 2-3-folioladas (pode haver variação em um mesmo ramo). Rara. Baixio (principalmente em igapó). Amazônia. 623 Memora tanaeciicarpa. Liana lenhosa. Tronco castanho-claro, esfarelando-se; ao corte casca viva e alburno amarelo-intensos, oxidando-se a alaranjado. Ramos castanho-claros, com lenticelas. Folíolos elípticos, com ápice apiculado, glabros, com nervuras alaranjadas, margem suavemente revoluta; raque lenticelada; peciólulos alargados em ambas extremidades. Gavinhas simples. Rara em platô. Amazônia, Venezuela e Guianas. Arrabidaea inaequalis. Liana lenhosa. Ramos glabros a pubérulos, enegrescidos quando secos. Folhas usualmente bi- ternadas, com a terna terminal modificada em uma gavinha simples, raramente apresentando folhas simplesmente 2-3- folioladas. É a única espécie com folhas 2-3-ternadas e que apresenta glândulas na região interpeciolar. Rara. Platô. México até a Bolívia. 400 150 400
Compartilhar