(Paris, França)
Um emaranhado distorcido de galhos de árvore parece crescer organicamente das vigas do museu do Palais de Tokyo em “Baitogogo”, instalação do artista Henrique Oliveira.
Criando um nó górdio invasivo e espetacular, Henrique Oliveira brinca com a arquitetura do Palais de Tokyo, permitindo um trabalho que combina o vegetal e o orgânico. A construção em si torna-se o ventre que produz o volume dos tapumes, material comumente usado para construir painéis que cercam obras.
Na forma de pinturas, esculturas ou instalações, a arte híbrida de Henrique Oliveira evoca aspectos urbanos e vegetais, estruturais, assim como arte e ciência, através de composições onde o inesperado gera um universo fantástico.
Usando esses materiais, Oliveira destaca a natureza endêmica e parasítica das construções; evocando tumores de madeira, suas instalações funcionam como metáforas para o crescimento orgânico das favelas, revelando a decadência dinâmica de São Paulo. Na mesma linha de Lydia Clark e Hélio Oiticica, ele usa o próprio contexto da cidade. O jeito como sua obra retratada e sua própria aparição inesperada, desestabiliza a percepção de espaço do visitante.
Através de uma espécie de arquitetura antropomórfica, Henrique Oliveira revela a estrutura da construção. No Palais de Tokyo, ele brinca com os aspectos existentes, prolongando e multiplicando pilares para dotá-los de dimensões vegetais e orgânicas, como se eles estivessem vivos. O artista tira inspiração de livros médicos e particularmente de estudos de patologias físicas como tumores. Através de uma analogia formal, esses supercrescimentos remetem às camadas externas de uma árvore comum. A textura dos tapumes inevitavelmente sugere certas essências amazônicas: riachos e nós constituem redes incontroláveis numa lógica que o homem não pode mais reprimir.
“Baitogogo”, instalação de Henrique Oliveira
Em cartaz até 29 de setemebro
Funcionamento: de meio-dia à meia-noite diariamente exceto terças-feiras
Palais de Tokyo
13, avenue du Président Wilson,
75 116 Paris