Rodrigo Veronese

CAPA

 Papel principal na novela da vida

Uma beleza de encher os olhos e uma simpatia indescritível. Resumindo, Rodrigo Veronese é tudo de bom.

Ele chegou à redação da REVISTA CIRCUITO se sentindo em casa. Bebeu café, posou para fotos com a equipe, distribuiu beijos e sorrisos um a um. “Estilo granjeiro de ser”, afirmou ele, referindo-se ao jeitinho acolhedor de quem vive na Granja Viana, região em que morou por seis anos e foi embora de coração partido, indignado com o crescimento acelerado. Apesar do adeus recente, familiares e amigos aguardam ansiosos o retorno do galã, atualmente no ar com a reprise da novela Pequena Travessa, do SBT, na qual faz par romântico com Bianca Rinaldi. “Quero voltar para a região, mas pretendo ir mais adiante, para um lugar com muito verde”, comenta. Enquanto seguia rumo ao estúdio de fotografi a, onde esbanjou charme durante o ensaio fotográfico para esta capa, comentava o quanto tudo está diferente na Granja Viana. Um supermercado em plena Avenida São Camilo foi surpresa para ele, e seus olhos se perderam diante de tantas novidades. Durante as fotos, o ex-modelo foi exigente. “Não quero saber de Photoshop. Tenho orgulho dos meus 42 anos e não quero parecer um jovem de 18”, pediu.

Tudo bem, Rodrigo. Seu pedido é uma ordem. Paulistano, santista de coração e pai do pequeno Gael, de 3 anos e meio, o ator mostrou que seu lado canceriano fala mais alto quando o assunto é família. Os olhos brilham ao falar da paternidade.

Afastado das telinhas para ser 100% pai, ele tirou um período de férias para curtir a família e estar em tempo integral com o filhote. Ah, claro. A REVISTA CIRCUITO foi digna de ganhar algumas horas exclusivas do seu escasso tempo, cronometrado para estar novamente perto do seu tesouro Gael. Valeu Rodrigo!

 Rodrigo Veronese: amor pela natureza

RC: O que o Rodrigo Veronese tem a ver com a Granja Viana?
RV:
Morei seis anos na Granja e pretendo voltar. Mas fico deprimido quando vejo no que a região está se transformando. Quando eu estava na Record, em 1997, não aguentava mais São Paulo. Trabalhava na Barra Funda e resolvi morar aqui. Para mim, isso era um paraíso, um oásis ao redor de São Paulo. Tinha muito mais verde ainda por aqui e não era esta loucura que é hoje. A permissão do desmatamento desenfreado me entristece. Fui ativista aqui. Até reportagem da Rede Globo eu trouxe durante um desmatamento absurdo que houve na São Camilo. Mas a máquina do sistema fala mais alto e o dinheiro é mais importante que a natureza. A proposta inicial da Granja Viana se descaracterizou, e a promessa de bem-estar e qualidade de vida está acabando. Hoje, quando quero estar perto da natureza e da família, vou para Brotas, cidade em que meu pai mora. A paz que eu tinha na Granja Viana, encontro a 200 quilômetros daqui.

RC: E o que você gostava de fazer por aqui?
RV:
Eu adorava andar de bicicleta com meus três cachorros em locais repletos de mata virgem. Ou, então, acendia a lareira e ficava em casa, sentindo o cheiro de mato.

RC: Fale o que a paternidade representa hoje para você.
RV:
A paternidade representa absolutamente tudo para mim. A minha vida gira em torno do meu filho. Não estou atuando no momento e resolvi abrir mão de muitas coisas somente para ficar ao lado do Gael. Estou com alguns trabalhos paralelos por São Paulo e, às vezes, viajo a trabalho, mas vou e volto. Uma novela exigiria que eu ficasse pelo menos oito meses no Rio de Janeiro, e eu não consigo ficar longe do meu filho. Estou com ele todos os fins de semana. Quando acontece de eu ficar quatro dias sem vê-lo, começo a entrar em depressão. Eu quero ser um pai que viu o filho crescer. Não quero perder a melhor fase da vida dele.

RC: Filho de atriz de rádio, você começou cedo a sua carreira. Já está preparado, caso o Gael queira seguir os caminhos do pai?

 
 Passeio de bicicleta para manter a saúde em dia

RV: Eu acredito que o ator nasce ator. É uma das poucas profissões que você não aprende, mas lapida. Mas tem de nascer com esse sangue correndo nas veias. E ele, sendo filho de atores, já interpreta, muda a voz, gosta de brincar de teatro, enfim, acho que ele já está fazendo a escolha dele.

RC: E você? Fale um pouco da sua trajetória profissional.
RV:
Depois de trabalhar como modelo e de atuar em dezenas de comerciais, em 1995 entrei para a Oficina de Atores da Globo. Nessa época, atuei na propaganda de uma marca famosa e, então, a Record me chamou para protagonizar uma minissérie. Saí da Oficina e fui para a Record. Lá, fiquei por alguns anos. Surtei e fui fazer faculdade de Psicologia. Quando eu estava no segundo ano, recebi o convite para atuar em País Tropical, da Globo, emissora em que fiquei por cinco anos. Meu contrato terminou no ano passado, e eu estava com um projeto social na mão para executar. Precisaria de um tempo livre para colocá-lo em prática.

Morei seis anos na Granja e pretendo voltar. Mas fico
deprimido quando vejo no que a região está se transformando.

 Com o filho Gael

RC: Qual é a sua relação com o cinema?
RV:
Meu primeiro longa foi no ano passado, com o filme Aparecida. A outra experiência com o cinema foi com o filme Harmatia – Ventos do Destino, uma produção gaúcha que ainda será lançada. Meu papel é de um tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB). Hoje, se eu pudesse tocar o meu projeto social e só fazer cinema, eu seria o cara mais feliz do mundo. Cinema é o que eu queria fazer pelo resto da vida.

RC: Na hora de atuar, você prefere ser mocinho ou bandido?
RV:
Bandido, com certeza. O vilão oferece muito mais material para o ator trabalhar. Em 2001, fiz o traficante
Rafa, em Roda da Vida. Tudo o que você coloca em um vilão cabe. No bom moço, não. Um exemplo é um tique nervoso. Não posso introduzir isso em um mocinho.

RC: Qual o grande desafio que você teve em sua carreira?
RV:
Não foi somente o mais difícil, foi o mais legal também. Foi em minha primeira novelona, chamada Estrela de Fogo, na Record. Fiz o papel de um peão de rodeio. Era um mundo que não era meu. Eu usava botas, chapéu e cinturão. Tive de aprender a andar bem a cavalo, pois em 80% das cenas eu estava galopando ou trotando. Para me preparar, fiquei uma época em Jaguariúna tendo aulas de hipismo e aprendendo o gestual de um peão. Foi o trabalho ao qual mais me dediquei na carreira.

RC: Conte um pouco sobre o projeto Oficina Roteiro de Gravação.
RV:
Eu sempre trabalhei com ações sociais. Fui embaixador da Fundação Ação Criança por um bom tempo, mas me sentia pouco útil nesse papel, pois ajudava apenas com a minha imagem de ator. Eu queria algo para colocar a mão na massa. Foi aí que resolvi montar o meu próprio projeto social, que pretendo transformar numa ONG em breve. O objetivo do Oficina Roteiro de Gravação é montar workshops pelo Brasil para aperfeiçoar o talento de atores que tenham uma veia artística, mas com mínima chance de serem descobertos. Para participar de um teste na televisão ou no teatro exige-se que o candidato tenha feito algum curso que, geralmente, é caro. Mas, e quem não tem essa chance? Então a minha ideia é fazer uma semana de oficinas e palestras, ministradas por grandes diretores, atores, produtores, iluminadores, maquiadores e demais profissionais do meio, em diferentes regiões do Brasil. Quero montar um banco de elenco de jovens atores que tenham talento e destacar os melhores, sempre indicando para novelas, peças e comerciais.

A primeira oficina deve acontecer em Curitiba. Estou apenas à espera de patrocínio.

A paternidade representa absolutamente tudo para mim.
A minha vida gira em torno do meu filho.

 Santos Futebol Clube − uma paixão

RC: Você se considera um sex symbol?
RV:
(Risos). Vocês teriam de fazer uma enquete para descobrir isso. Já sou um homem de 42 anos. Você acha mesmo que ainda me acham um homem sexy? O que é ser um sex symbol para você?

RC: Ser uma pessoa que simboliza o ideal de beleza e sensualidade. E então? Considera-se um?
RV:
Apesar de me sentir um cara bacana e atraente, acho que a magia da televisão e das coisas relacionadas ao meu trabalho alimenta uma fantasia a mais nas mulheres. Mas, quando vou para países que não me conhecem, a reação das pessoas em relação a mim é diferente. Lá sou um cara normal. Isso me leva a crer que ser um sex symbol está muito mais atrelado à minha profissão do que ao meu jeito de ser.

 No papel de Tânia, na novela global Beleza Pura

RC: O que curte fazer para cuidar da saúde?
RV:
Gosto de fazer exercício, andar de bicicleta e caminho bastante. Sempre pratiquei esportes. Já academia é algo que não gosto, não me faz bem. Curto me exercitar ao ar livre, trilha,  aventura. Como de tudo, mas tento equilibrar minha alimentação. Evito frituras. Não tenho uma alimentação regulada, mas sim balanceada. Tomo bastante café também. Li, recentemente, que faz bem à saúde.

RC: Quem é sua grande inspiração na televisão?
RV:
Mark Ruffalo (Minhas Mães, Meu Pai), Christian Bale (Batman Begins), Javier Bardem (Comer, Rezar, Amar) e Ricardo Darín (Delirium Argentinum). São quatro atores que eu gosto e admiro muito.

 Na pele do caubói Felipe, na novela Estrela de
 Fogo, em 1997: o papel mais difícil da carreira

RC: Como você lida com o sucesso?
RV:
Acho que aprendi a lidar bem com essa história de sucesso. Como eu sempre dei umas escapadas de televisão, vivi muitos altos e baixos na minha carreira. Uma hora eu estava numa novela das 8, outra hora eu não estava fazendo absolutamente nada. Isso é bom. Exercita o desapego. Eu sei ficar tanto numa superprodução como estar fora dela.

 

 

 

 

Quando criança, Veronese andava com uma câmera a tiracolo, produzindo e atuando em  videoclipes musicais caseiros, além de imitar vários personagens de TV. Ainda criança, fez seu primeiro comercial. Sua escalada para o sucesso começou em 1989, quando estava na pista de dança do extinto Aeroanta, uma casa noturna no Largo da Batata, em São Paulo, e foi convidado a participar de um editorial de moda para um grande jornal. Foi modelo das principais agências de São Paulo, entre elas: L’equipe e Elite Models. De 1990 a 1995, estrelou 70 comerciais publicitários.

TRABALHOS
CINEMA
• 2010 – Aparecida, o filme – Antônio
Direção: Tizuka Yamasaki
• 2011- Hamartia, ventos do destino – Coronel Félix
Produção gaúcha com estreia prevista para 2012
Direção: Rondon de Castro
NOVELAS
• 2011- Malhação (Globo) – João
• 2009 – Caminho das Índias (Globo) – Bruno
• 2008 – Beleza Pura (Globo) – Matheus Císter/Tânia
• 2006/7 – Paraíso Tropical (Globo) – Lucas
• 2002 – Pequena Travessa (SBT) – Alberto
• 2001 – Roda da Vida (Record) – Rafa
• 2000 – Marcas da Paixão (Record) – César Rangel
• 1999 – Louca Paixão (Record) – Cadu
• 1998 – Estrela de Fogo (Record) – Felipe
• 1998 – Alma de Pedra (Record) – Leandro
MINISSÉRIES
• 2000 – Sãos e Salvos (Cultura) – Calote
• 2009 – Acampamento de Férias (Globo) – Augusto
PRÊMIO
• 2012 – Troféu Tropeiro (V Festival da Lapa)
Projeto Social – Oficina Roteiro de Gravação

TROFÉU TROPEIRO
Com apoio da Secretaria da Cultura do Paraná,
Rodrigo Veronese participou como júri e apresentou
o longa Aparecida – O Milagre, no Festival
da Lapa – Filmes de Época.
Durante o festival, divulgou e foi homenageado,
recebendo o Troféu Tropeiro por seu novo
projeto:
Oficina Roteiro de Gravação.

 

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