Debate. Saúde e privatizações geraram discórdia entre Rui Rocha e Paulo Raimundo

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Pedro A. Pina - RTP

A justiça, a saúde e as privatizações foram os temas quentes do debate desta quarta-feira entre Paulo Raimundo e Rui Rocha, na RTP. Ambos os líderes partidários defendem o fim das "taxas e taxinhas", mas as medidas nesse sentido divergem entre os comunistas e os liberais.

O presidente da IL defende que “Portugal precisa de crescimento económico” e que para isso é necessário baixar o IRS às famílias, aumentar as isenções para atividades de profissionais liberais e trabalhadores independentes, acelerar os licenciamentos da atividade económica, eliminar ou reduzir “taxas e taxinhas” e baixar o IRC em 12%, defendendo ainda a privatização da RTP e da CGD.

Raimundo concorda que há “taxas e taxinhas a mais”, mas relembrou que quando o PCP propôs no Parlamento reduzir as comissões bancárias, a IL não acompanhou os comunistas.

Dando o exemplo da Efacec e do que poderá acontecer com a TAP, defendeu ainda que “o caminho é travar as privatizações”, e não aumentá-las.

Os salários foram outro ponto de discórdia entre os dois candidatos. Enquanto Paulo Raimundo defende “um aumento geral e significativo dos salários”, nomeadamente 15% durante 2024 para cada trabalhador, Rui Rocha quer 5,5% de aumento salarial bruto por ano.
Fim ou reforço das PPP?
A saúde foi o outro grande foco deste frente a frente, com Rui Rocha a dar o exemplo do Hospital de Braga, distrito de onde é natural, que “funcionava em regime PPP”, mas que desde o fim dessas parcerias viu os utentes e profissionais de saúde ficarem piores.

“Isto é assim em Braga, é no Beatriz Ângelo, em Loures, em Vila Franca de Xira”, enumerou. “A cegueira ideológica do PCP neste caso levou ao prejuízo dos utentes, dos contribuintes e dos profissionais de saúde”.

Para Rocha, a solução é que “as pessoas possam escolher o serviço que querem”: se o SNS, se o privado ou se o setor social.

Em resposta, Paulo Raimundo defendeu que o Estado não deve ser um “passador de cheques para o setor privado”.

“O grande problema no nosso Serviço Nacional de Saúde é a falta de profissionais, é isto que tem de se atacar”, pelo que se devem “criar condições para fixar os médicos que existem” e que chamem os restantes, considerou.
Críticas à justiça
No mesmo dia em que saíram em liberdade os três arguidos do caso das suspeitas de corrupção na Madeira, após três semanas de detenção, o líder da Iniciativa Liberal disse pretender uma justiça “a funcionar para todos”, considerando inaceitável que “alguém fique 21 dias detido, independentemente depois da decisão instrutória”.

Rui Rocha vincou que os liberais têm aprovada “uma estratégia anticorrupção e uma visão para a justiça”. “O que é preciso neste momento é implementar essas medidas”, declarou.

“A justiça administrativa de facto demora muito tempo. Nós demoramos mais de 850 dias a ter uma decisão em primeira instância em tribunal administrativo e temos de reduzir isso para metade, que é aquilo que se faz na Europa”, considerou. A resposta? Na opinião da IL, a “simplificação de processos”.

Já Paulo Raimundo reforçou a necessidade de uma justiça “que responda aos problemas das pessoas”, nomeadamente em casos de despedimentos fraudulentos, de despejos, disputas de heranças e de outras necessidades diárias dos cidadãos.

“Julgo que há uma perceção de falta de confiança na justiça, até um bocadinho paradoxal, porque temos um conjunto de casos onde os mais improváveis estão a ser chamados à justiça (…), o que dá uma sensação de que a justiça é igual para todos, e depois temos estes procedimentos”, declarou o líder da CDU.
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