A Escola de Samba Paraiso do Tuiuti homenageou o marinheiro João Cândido no desfile na Sapucaí, no Rio de janeiro. Apesar de terem se passado mais de 100 anos da Revolta da Chibata até hoje a Marinha se mostra desconfortavel com a situação e luta para que o nome do militar não seja perpetuado como o de um herói na história do Brasil. A estátua feita para homenagear João Cândido, por exemplo, nunca pode ser colocada em um local de honra no Rio de Janeiro, A marinha usa sua influênciapara que ela permaneça longe dos portões de acesso da instituição, na região do centro do Rio de janeiro. No momento – novamente reposicionada – a estátua de João Cândido está em uma praça longe dos prédios da Marinha do Brasil, em um local com pouca circulação de pessoas.
Recentemente a Marinha enviou um comunicado para o Senado, o texto se posicionava contra a inclusão do nome de João Cândido no livro de heróis da pátria. O Marinheiro, líder da chamada Revolta da Chibata, foi um dos responsáveis pelo fim dos castigos físicos na Marinha do Brasil, que relutava em extinguir a prática por conta da dificuldade em manter a disciplina da tropa.
Regalias principescas para a oficialidade, enquanto os cabos e marinheiros eram alimentados com ranchos de péssima qualidade e alojados nos porões dos navios, sem direito a estudar e sem planos de carreira especificados em lei, uma diferença abissal de tratamento entre as duas categorias, ambas formadas por servidores da pátria, mantinha a rotina ininterruptamente tensa.
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Clique aqui para seguirTrechos da Nota da Marinha do Brasil “Em todos os momentos da sua história, a Marinha se pautou pela firme convicção de que as questões envolvendo qualquer tipo de reivindicação somente obteriam a devida compreensão e respaldo dos superiores por meio da argumentação e, sobretudo, do diálogo entre as partes envolvidas. Aspectos esses fundamentais para o pleno exercício da liderança e para a manutenção dos vínculos de lealdade. Por essa razão, considera-se que o movimento ocorrido em novembro de 1910 não pode ser considerado como “ato de bravura” ou de “caráter humanitário (…) entretanto, castigos corporais começaram a ser aplicados ainda no século quinze, ante faltas disciplinares a bordo de navios à vela. As Marinhas da Grã-Bretanha, da Espanha, da França, dos Estados Unidos e da Alemanha os mantiveram até o século XIX e início do século XX”
Ganhou mas não levou
O Ministério Público fez uma réplica, disse que João Cândido, com a anistia que recebeu: “ganhou mas não levou” e que o Almirante Negro já é de fato reconhecido como Herói Nacional.
Uma busca rápida no google atesta o que o Minsitério Público coloca. Pesquisando-se por Almirante negro o Browser retorna mais de 9 milhoes de resultados e pesquisando-se o termo Almirante Tamandaré a ferramente retorna somente 6 milhões de resultados, o que atesta que há muito mais páginas de internet citando João Cândido do que citando o Almirante Tamandaré, considerado como o patrono da Marinha do Brasil.
O projeto de Lei 340 de 2018, embora tenha passado pelo Senado, está “agarrado” nas gavetas da Câmara dos Deputados. Renumerado para PL 4046 de 2021, o projeto foi retirado de pauta pelo deputado Cabo Gilberto Silva, que aponta indícios de que João Cândido na verdade teria liderado um grupo de assassinos.
É certo que precisamos de heróis, e num país diverso como o
Brasil, é importantíssimo que esteja refletido essa representatividade entre
nossos heróis. O ponto que venho destacar é quando erroneamente se atribui
características heroicas a quem não as possui e desvirtuar o significado do
vocábulo herói, menosprezando a memória daqueles que mereceram esse lugar
de tanta magnitude. Até que ponto os fins justificam os meios?
A Homenagem realizada pela Escola da Samba Paraíso do TuiUti ao mesmo que tempo em que homenageia João Cândido exalta o nome de Aldir Blanc, autor da lendária musica O Mestre Sala dos Mares. A imprensa carioca em sus menções tem se referido a João Cândido como almirante.
Letra do samba enredo de 2024 da Paraiso do Tuiuti
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Nas águas da Guanabara
Ainda o azul de araras
Nascia um herói libertador
O mar, com as ondas de prata
Escondia no escuro a chibata
Desde o tempo do cruel contratador
Eram navios de guerra, sem paz
As costas marcadas por tantas marés
O vento soprou à negrura
Castigo e tortura no porão e no convés
Ô, a casa grande não sustenta temporais
Ô, veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais
Lerê, lerê, mais um preto lutando pelo irmão
Lerê, lerê, e dizer: Nunca mais escravidão
Ô, a casa grande não sustenta temporais
Ô, veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais
Lerê, lerê, mais um preto lutando pelo irmão
Lerê, lerê, e dizer: Nunca mais escravidão
Meu nego
A esquadra foi rendida
E toda gente comovida
Vem ao porto em saudação
Ah, nego
A anistia fez o flerte
Mas o Palácio do Catete
Preferiu a traição
O luto dos tumbeiros, a dor de antigas naus
Um novo cativeiro, mais uma pá de cal
Glória aos humildes pescadores
Iemanjá com suas flores
E o cais da luta ancestral
Salve o Almirante Negro
Que faz de um samba-enredo
Imortal
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Nas águas da Guanabara
Ainda o azul de araras
Nascia um herói libertador
O mar, com as ondas de prata
Escondia no escuro a chibata
Desde o tempo do cruel contratador
Eram navios de guerra, sem paz
As costas marcadas por tantas marés
O vento soprou à negrura
Castigo e tortura no porão e no convés
Ô, a casa grande não sustenta temporais
Ô, veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais
Lerê, lerê, mais um preto lutando pelo irmão
Lerê, lerê, e dizer: Nunca mais escravidão
Ô, a casa grande não sustenta temporais
Ô, veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais
Lerê, lerê, mais um preto lutando pelo irmão
Lerê, lerê, e dizer: Nunca mais escravidão
Meu nego
A esquadra foi rendida
E toda gente comovida
Vem ao porto em saudação
Ah, nego
A anistia fez o flerte
Mas o Palácio do Catete
Preferiu a traição
O luto dos tumbeiros
A dor de antigas naus
Um novo cativeiro
Mais uma pá de cal
Glória aos humildes pescadores
Iemanjá com suas flores
E o cais da luta ancestral
Salve o Almirante Negro
Que faz de um samba-enredo
Imortal
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti