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Campeã olímpica Sarah Menezes se aposenta; Guilheiro também

Sarah Menezes com faixa de sexto dan - Divulgação
Sarah Menezes com faixa de sexto dan Imagem: Divulgação

16/12/2020 12h16

Campeã olímpica em 2012, Sarah Menezes encerrou sua carreira como judoca. A atleta, que está grávida e vinha afirmando que se aposentaria depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio, foi promovida ontem (15) pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para o 6º dan do judô, por uma exceção para medalhistas olímpicos que decidiram "deixar definitivamente de fazer parte da seleção nacional (aposentadoria como atleta)", como consta em portaria da confederação. Leandro Guilheiro, 37, dono de duas medalhas olímpicas, também se aposentou e se tornou um kodansha.

Sarah Menezes, de 30 anos, ainda não falou publicamente sobre a aposentadoria e segue contratada pelo Flamengo. Em 2019 ela participou do Programa de Carreira do Atleta, oferecido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para atletas em transição para o pós-carreira, e vinha afirmando que se aposentaria depois da Olimpíada de Tóquio. Os Jogos, porém, foram adiados para o ano que vem, e as chances de classificação dela na categoria até 52kg eram remotas — Larissa Pimenta está muito à frente no ranking olímpico.

Em novembro, a campeã olímpica, que é noiva do judoca francês Loïc Pietri, anunciou que está grávida e informou: "Estou dando uma pausa na minha carreira como atleta para viver um sonho: ser mãe". Para aceitar a promoção para o 6º dan, porém, Sarah se aposentou como atleta de alto rendimento. Ao Olhar Olímpico, porém, o Flamengo disse que ela segue contratada.

"A Sarah se aposentou da seleção brasileira e seguirá cumprindo contrato e defendendo o clube. No momento, retirada das atividades por conta de sua gravidez. O Flamengo também a auxilia no processo natural de transição de carreira, que se inicia com a saída da seleção. Mas ela permanece no clube como atleta e, caso exista interesse de ambas as partes no futuro, ela pode ser absorvida ao corpo técnico rubro-negro devido à sua formação acadêmica e experiência na modalidade. É um caminho natural para diversos atletas e um desejo já manifestado pela própria Sarah, algo a ser tratado futuramente", comentou o clube.

Até o mês passado, o 6º dan era concedido apenas a pessoas com mais de 44 anos, entre uma série de condições. Por meio de portaria, a CBJ alterou seu regulamento de outorga de faixa e grau para criar um regime especial de promoção para atletas olímpicos e medalhistas olímpicos. Sarah se enquadrou na seguinte exceção: "medalhista que tenha participado de ao menos dois ciclos olímpicos, quando da sua decisão de deixar definitivamente de fazer parte da seleção nacional (aposentadoria como atleta)".

No judô, os graduados de primeiro a quinto dan utilizam a faixa preta. Eles são nominados yudansha. A partir do sexto dan, até o oitavo, os judocas passam ser nomeados kodansha e usam uma faixa vermelha e branca. No nono e décimo dan a faixa é vermelha, mas o único judoca com 10º dan do Brasil, Massao Shinohara, morreu no início do mês, aos 95 anos. Ele tinha 92 quando foi promovido ao último grau do judô.

Ontem, além de Sarah Menezes, também foram promovidos ao 6º dan graças ao regime especial outros quatro medalhistas olímpicos: Tiago Camilo, Leandro Guilheiro, Flavio Canto e Carlos Honorato. A presença nessa lista de Guilheiro, bronze em Atenas-2004 e Pequim-2008, chama atenção.

Leandro Guilheiro com a mãe ao anunciar aposentadoria - Reprodução - Reprodução
Leandro Guilheiro com a mãe ao anunciar aposentadoria
Imagem: Reprodução

Depois de chegar aos Jogos de Londres como favorito ao ouro e cair nas oitavas de final, Guilheiro passou a sofrer com lesões e nunca mais voltou a competir no mesmo nível, subindo ao pódio apenas em eventos de nível Open, que menos valem pontos no ranking mundial. Enquanto muitos opinavam que ele deveria se aposentar, Guilheiro continuou competindo e acreditando que poderia chegar aos Jogos de Tóquio. Agora, aos 37 anos, cedeu.

"Hoje recebi o 6º dan e me tornei Kodansha. Tenho muita sorte dessa honraria acontecer justamente no ano em que encerro a minha carreira como atleta. Muita gente questionava a minha insistência em continuar competindo. A resposta é simples: eu sou um lutador. E lutadores lutam até o fim. Ou mais do que isso. Há 31 anos fiz um pacto com o judô. Sabia tudo o que 'ele' poderia me dar e, em troca, eu prometi dar tudo de mim. E assim foi. Estamos quites!", escreveu no Instagram.