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NX Zero abre o jogo sobre pausa e preconceito contra emo: 'Machucava'

NX Zero retorna aos palcos após pausa de quase seis anos  - Divulgação
NX Zero retorna aos palcos após pausa de quase seis anos Imagem: Divulgação

De Splash, em São Paulo

15/05/2023 04h00

O NX Zero vai rodar o Brasil com a turnê "Cedo ou Tarde", após mais de cinco anos longe dos palcos, ao longo dos próximos meses. A banda, que anunciou uma "pausa por tempo indeterminado" em 2017, faz o primeiro show no dia 28 de maio, no festival MITA, no Rio de Janeiro.

Em conversa com Splash, o grupo falou dos motivos que levaram à pausa, o sentimento com o retorno aos palcos, o preconceito contra o movimento emo e os primeiros anos da banda.

Turnê vai celebrar a história da banda. "Acho que essa é a proposta principal. Por isso que a gente está mais focado nessa turnê, do que fazer um plano gigantesco. Vamos curtir esse momento", explicou o guitarrista Fi Ricardo.

Di Ferrero acredita que a pausa foi importante para viver novas experiências. "Cada um aqui teve momentos de vida que com certeza foram bons e ruins. Eu sei por que a gente conversou bastante, antes da gente voltar, em que momento cada um estava. Vamos trazer tudo isso agora junto. Posso dizer por mim que nesses anos eu aprendi muito."

'Poderia ter chegado ao desrespeito'

NX Zero  - Divulgação  - Divulgação
NX Zero vai rodar com Brasil com turnê que vai celebrar história da banda
Imagem: Divulgação

Caco Grandino destaca o bom relacionamento entre os integrantes. "Hoje acho que a gente aprendeu como lidar [com o trabalho] de uma forma mais dinâmica. Se respeitando, respeitando o legado da banda. Fazendo com que, mesmo sendo trabalho, seja agradável, gostoso e divertido."

O vocalista Di ressalta que as diferenças sempre foram resolvidas com honestidade. "Todas, todas as bandas que eu conheço têm problemas. Algumas mais, algumas menos. O bom é que com a nossa personalidade, eu sinto que a gente consegue resolver as coisas com mais sinceridade."

"Eu acho que se não tivesse tido a pausa, poderia ter chegado nesse lugar de desrespeito", diz o baterista Daniel Weksler. "Foi legal dar esse tempo para todo mundo entender que cada um aqui é uma pessoa fora da banda. Cada um tem o seu rolê."

Sucesso e preconceito com o emo

NX Zero - Manuela Scarpa e Marcos Ribas/Brazil News - Manuela Scarpa e Marcos Ribas/Brazil News
Banda NX Zero em gravação do DVD "Norte" no Audio Club, em São Paulo
Imagem: Manuela Scarpa e Marcos Ribas/Brazil News

A internet teve papel importante no início da banda. Enquanto a lógica do sucesso ainda estava associada às grandes gravadoras, grupos como o NX Zero começaram a explorar o universo das redes sociais. O movimento obrigou as gravadoras a correr atrás desses artistas.

"Cortou um caminho a internet junto com a nossa cultura, que é a nossa vontade, que é a gente mesmo fazer as coisas, fazer desde camisetas, marcar show era com a gente. Isso não era só a NX, eram todas as bandas que faziam isso. Então, esse pensamento com a internet foi o que mudou", comenta Di Ferrero.

O sucesso digital veio junto com uma onda de piadas a respeito do movimento emo, e os integrantes do NX Zero acreditam que a clássica matéria do Fantástico (Globo), de outubro de 2005, ajudou a reforçar esse estigma. A reportagem, que tentava explicar o que se condicionou a chamar de emo no Brasil, é considerada quase "folclórica" por muitos músicos.

"Não teve profundidade nenhuma aquela matéria. Não pegou a essência do que era, do que estava [acontecendo] de uma geração inteira que estava precisando botar pra fora, que eram excluídos. Essa matéria foi marcante. Todo mundo que participava de alguma forma falou: 'Puta! Nada a ver'", analisa Di.

Gee Rocha concorda com a falta de profundidade, mas ressalta que a matéria foi importante para a divulgação do trabalho. "Concordo com o Di que talvez não se tenha aprofundado muito naquela época no assunto, mas, ao mesmo tempo, foi aquela matéria que fez o mercado explodir. Além da MTV."

O baixista Caco Grandino acredita que a banda conseguiu furar bolhas. "A gente meio que extrapolou essa questão. Furou a bolha do gênero. Vamos falar que o emo é um subgênero. O NX virou uma banda de rock de massa, popular. Para a gente, um comentário desse nunca teve importância, porque a gente sabe que era muito maior do que uma opinião pequena."

Os integrantes concordam que as manifestações de preconceito não foram traumáticas, mas isso não significa que em alguma medida não os tenham incomodado. "O preconceito só me deixava triste, porque a pessoa deixava de ouvir o disco, conhecer o nosso trabalho, por conta de um preconceito dela. Isso me machucava, porque eu falava: 'Puta! Poderia ir ao show para ver'. Vai ficar falando mal de uma coisa que, às vezes, nem sabe", finaliza Gee Rocha.