CANA-DE-AÇÚCAR - thinkmedia
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ORIGEM DA ATIVIDA<strong>DE</strong><br />
<strong>CANA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>AÇÚCAR</strong><br />
Mais do que elemento essencial da formação do Brasil, a Cana-de-Açúcar transformou-se em parte<br />
integrante do imaginário do povo brasileiro. Na cozinha, desdobra-se em utilidades; na indústria, colabora<br />
para a produção de alimentos mais saudáveis, de fácil conservação. Dela vem o álcool combustível, a<br />
energia elétrica. Também pode produzir papel, plásticos, produtos químicos.<br />
A Cana-de-Açúcar é versátil, palavra que, aliás, justificaria mais um hífen: cana-de-açucar-versátil. Se<br />
preferirmos, grama-de-açúcar-versátil, pois a cana é uma gramínea, cujo potencial, variado e complexo,<br />
ainda pode ser muito explorado. No Brasil, em menos de 1% das terras agricultáveis plantam-se 4,5<br />
milhões de hectares de cana (duas vezes a área do Estado do Piauí), matéria-prima que permite a<br />
fabricação de energia natural, limpa e renovável.<br />
A cana é, em si mesma, usina de enorme eficiência: cada tonelada tem um potencial energético<br />
equivalente ao de 1,2 barril de petróleo. O Brasil é o maior produtor do mundo, seguido por Índia e<br />
Austrália. Na média, 55% da cana brasileira vira álcool e 45%, açúcar. Planta-se cana, no Brasil, no<br />
Centro-Sul e no Norte-Nordeste, o que permite dois períodos de safra. Plantada, a cana demora de ano a<br />
ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida até cinco<br />
vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a produtividade.<br />
A cana é a força por trás das 307 ‘centrais energéticas' existentes no Brasil, 128 das quais estão em São<br />
Paulo, utilizando cana que cobre 2,35 milhões de hectares de terra. São usinas e destilarias que<br />
processam a biomassa proveniente da Cana-de-Açúcar e que alimentam um círculo virtuoso: produzem<br />
açúcar como alimento, energia elétrica vinda da queima do bagaço nas caldeiras, álcool hidratado para<br />
movimentar veículos e álcool anidro para melhorar o desempenho energético e ambiental da gasolina.
CORTE<br />
A agroindústria canavieira emprega 1 milhão de brasileiros. Mais de 80% da cana colhida é cortada à<br />
mão; o corte é precedido da queima da palha da planta, o que torna o trabalho mais seguro e rentável<br />
para o trabalhador. Mas a mecanização avança. No Estado de São Paulo, 25% da área plantada está<br />
sendo colhida por máquinas. A legislação paulista estipula prazos para que o fogo deixe de ser usado no<br />
manejo da cana. A evolução tecnológica é portanto gradativa, exigindo o desenvolvimento de políticas<br />
realistas de reciclagem e reaproveitamento de mão-de-obra e o monitoramento de impactos ambientais,<br />
relacionados com a erosão e a difusão de pragas que acompanham a mecanização.<br />
PRODUTOS E SUBPRODUTOS<br />
PRODUTOS<br />
O combustível de cerca de 3 milhões de veículos que rodam no Brasil é o álcool hidratado; o anidro é<br />
misturado na proporção de 24% em toda a frota brasileira, de 17 milhões de veículos. O álcool é também<br />
usado de forma intensiva na indústria de bebidas, nos setores químico, farmacêutico e de limpeza.<br />
O Brasil é o maior produtor de açúcar de cana do mundo, com os menores custos de produção, e<br />
também o maior exportador do produto.<br />
Metade da produção brasileira é destinada ao mercado interno. A metade exportada gerou, em 2001, 2,2<br />
bilhões de dólares para a balança comercial. O Brasil exporta açúcar branco (refinado), cristal e<br />
demerara, e há pelo menos cinco anos a Rússia se mantém como a maior importadora do açúcar<br />
brasileiro. O Estado de São Paulo é responsável por 60% de todo o açúcar produzido no País e por 70%<br />
das exportações nacionais.<br />
O mercado interno divide-se em doméstico e industrial. No primeiro prevalecem os açúcares cristal e<br />
refinado; no industrial, os açúcares demerara e líquido. O consumo brasileiro é de 52 kg per capita, e a<br />
média mundial está em torno de 22 kg per capita.<br />
Co-geração de energia elétrica. Vapor e calor são muito importantes no processo de obtenção de açúcar<br />
e de álcool. O vapor, obtido pela queima do bagaço da cana, movimenta turbinas, gerando energia<br />
elétrica que torna auto-suficientes unidades industriais e excedentes, vendidos às concessionárias.
No Estado de São Paulo, o setor gera para consumo próprio entre 1.200 e 1.500 Megawatts, 40 usinas<br />
produzem excedentes de 158 Mw e a luz que vem da cana já ajuda a iluminar diversas cidades. O<br />
potencial de geração de energia da agroindústria canavieira está em torno de 12 mil Mw – a potência<br />
total instalada no Brasil é de 70 mil Mw. Em 2002, em função de novos projetos, mais 300 Mw devem ser<br />
adicionados e em curto prazo o setor poderá contribuir com 4 mil Mw adicionais.<br />
SUBPRODUTOS<br />
Diversidade, flexibilidade e adequação às necessidades do meio ambiente<br />
A Cana-de-Açúcar é matéria-prima de grande flexibilidade. Com ela é possível produzir açúcar e álcool<br />
de vários tipos; fabricar bebidas como cachaça, rum e vodka e gerar eletricidade a partir do bagaço via<br />
alcoolquímica. Da cana se aproveita absolutamente tudo: bagaço, méis, torta e resíduos de colheita.<br />
Com 3 kg de açúcar e 17,1 kg de bagaço pode-se obter, por exemplo, 1 kg de plástico biodegradável<br />
derivado da cana, utilizando-se como solventes outros subprodutos da usina.<br />
Do bagaço, obtêm-se bagaço hidrolisado para alimentação animal, diversos tipos de papéis, fármacos e<br />
produtos como o furfurol, de alta reatividade, para a síntese de compostos orgânicos, com grande número<br />
de aplicações na indústria química e farmacêutica.<br />
Do melaço, além do álcool usado como combustível, bebida, e na indústria química, farmacêutica e de<br />
cosméticos, extraem-se levedura, mel, ácido cítrico, ácido lático, glutamato monossódico e desenvolve-se<br />
a chamada alcoolquímica – as várias alternativas de transformação oferecidas pelo álcool etílico ou<br />
etanol. Do etanol podem ser fabricados polietileno, estireno, cetona, acetaldeído, poliestireno, ácido<br />
acético, éter, acetona e toda a gama de produtos que se extraem do petróleo. Seu variado uso inclui a<br />
fabricação de fibras sintéticas, pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, etc.<br />
Dos resíduos, utilizam-se a vinhaça e o vinhoto como fertilizantes. Existem ainda outros derivados:<br />
dextrana, xantan, sorbitol, glicerol, cera refinada de torta, antifúngicos, etc.<br />
A Cana-de-Açúcar gera, portanto, assim como o pe-tróleo, incontável número de produtos, de fermento a<br />
herbicidas e inseticidas, com importante diferencial: são biodegradáveis e não ofensivos ao meio<br />
ambiente.<br />
AVANÇO TECNOLÓGICO<br />
Qualquer que seja a matéria-prima (Cana-de-Açúcar, beterraba, milho, etc.) da qual se extraia açúcar e<br />
álcool, o setor sucroalcooleiro do Brasil é dos mais competitivos do mundo.<br />
Graças ao elevado teor de fibra, que lhe confere independência em relação à energia externa, a Cana-de-<br />
Açúcar apresenta, em termos energéticos, claras vantagens competitivas na comparação com outras<br />
matérias-primas.<br />
A produtividade agro-industrial teve nos últimos anos significativa evolução: na região Centro-Sul, que<br />
responde por 85% da produção brasileira, a média oscila entre 78 e 80 toneladas por hectare, em ciclo de<br />
cinco cortes. Em São Paulo, responsável por 60% da produção nacional, a média está ao redor de 80 a<br />
85 toneladas por hectare, em ciclo de cinco a seis cortes.
A qualidade da matéria-prima, em São Paulo e no Centro-Sul, medida pela sacarose que contém, está<br />
entre 14 e 15,5% de pol, o que equivale ao rendimento médio de 140 a 145 kg de açúcares totais por<br />
tonelada de cana. Para o álcool, isso significa rendimento entre 80 e 85 litros por tonelada.<br />
No Brasil, e entre os associados da Unica, a melhoria tecnológica para os próximos cinco anos<br />
deverá concentrar-se nos seguintes aspectos:<br />
desenvolvimento de novas variedades, cada vez mais adaptadas ao clima, tipo de solo e sistema<br />
de corte (manual ou mecanizado) e cada vez mais resistentes a pragas e com maior<br />
concentração de sacarose<br />
uso de insumos modernos, melhoria do sistema de transporte e mecanização da lavoura<br />
melhores processos de planejamento e controle<br />
melhoria na extração do caldo e diminuição de perdas no processo<br />
menor uso de produtos químicos no processo industrial de fabricação de açúcar e álcool<br />
inovações no processo de produção de açúcar e álcool<br />
gerenciamento da produção<br />
co-geração de energia elétrica<br />
A palavra que originou o nome açúcar é, provavelmente, “grão”, “sarkar”, em sânscrito.<br />
No leste da Índia, o açúcar era chamado “shekar”, enquanto os povos árabes o conheciam como “al<br />
zucar”, que se transformou no espanhol “azucar”, e daí, “açúcar”, em português.<br />
Na França, o açúcar é chamado de “sucre” e, na Alemanha, de “zucker”, daí o inglês “sugar”.<br />
Assunto muito controvertido é o que define a idade da Cana-de-Açúcar no mundo – entre 12.000 anos e<br />
6.000 anos atrás. O lugar onde a planta germinou pela primeira vez também é uma incógnita, devido à<br />
quantidade de gramíneas híbridas existentes e à falta de documentação que certifique sua origem.<br />
Uma linha de pesquisadores admite que a Cana-de-Açúcar tenha surgido primeiramente na Polinésia;<br />
alguns arriscam a Papua Nova Guiné como berço da gramínea. Os estudiosos que admitem o surgimento<br />
da cana há 6 mil anos indicam a Indonésia, Filipinas e norte da África como expansão natural nos dois mil<br />
anos após o primeiro registro da planta.<br />
A maioria dos historiadores, porém, aceita a tese de surgimento da cana entre 10 e 12 mil anos, e data<br />
em 3.000 a.C. o caminho percorrido pela cana da Península Malaia e Indochina à Baía de Bengala.
Mas há um fato com o qual todos os historiadores concordam: a origem asiática da cana.<br />
Ela foi introduzida na China por volta de 800 a.C. e o açúcar cru já era produzido em 400 a.C. Porém, só<br />
a partir de 700 d.C. começou a ser comercializado. Há relatos de sua expansão ocidental, atingindo Índia<br />
e Pérsia, que datam de 510 a.C., da expedição militar persa do imperador Dario à Índia. A cana e o seu<br />
doce caldo, porém, foram mantidos em segredo, já que o produto da planta era raro e luxuoso,<br />
principalmente para os povos distantes do comércio entre os asiáticos.<br />
Em 327 a.C., Alexandre “O Grande” comprovou o consumo da cana na Índia. Seu almirante Nearchos<br />
disse que havia encontrado “uma cana que fazia o mel sem abelhas”, e os escribas observaram os<br />
hindus enquanto mastigavam a gramínea. Theopharstus, em 287 a.C., descreveu a maravilha como “o<br />
mel que está em um bastão”.<br />
COLÔNIA E IMPÉRIO<br />
A Cana-de-Açúcar no Brasil: objetivos, implantação, apogeu e queda<br />
Plantio em grande escala da cana transformou o Brasil em principal fornecedor de açúcar para a Europa<br />
– até chegar a concorrência<br />
Um dos propósitos para a descoberta de novas terras, na época das Grandes Navegações, era a falta de<br />
áreas cultiváveis na Europa em que pudessem prosperar espécies de plantas como a Cana-de-Açúcar,<br />
cujo produto, o açúcar, era escasso e caro no Velho Continente. Portugal plantava cana nas ilhas de<br />
Cabo Verde, Açores e Madeira. Ainda assim, eram poucas as terras apropriadas para a cultura.<br />
Com a Descoberta do Brasil, a Cana-de-Açúcar foi trazida para a América – as primeiras mudas<br />
chegaram em 1532, na expedição de Martim Afonso de Souza –, e aqui a planta espalhou-se no solo fértil<br />
de massapê, com a ajuda do clima tropical quente e úmido e da mão-de-obra escrava trazida da África. A<br />
descoberta dessa nova colônia enriqueceu Portugal e espalhou o açúcar brasileiro – assim como aquele<br />
produzido na América Central, por franceses, espanhóis e ingleses – por toda a Europa.<br />
Principalmente por causa das invasões de estrangeiros no Brasil, tornou-se necessário habitar a nova<br />
colônia. Para isso, o rei D. João III dividiu as terras pertencentes a Portugal, conforme o Tratado de<br />
Tordesilhas, em capitanias hereditárias, a exemplo do que havia sido feito em Madeira e Açores. As<br />
capitanias eram doadas pelo rei aos donatários – fidalgos portugueses que, em troca, deveriam povoar,<br />
cultivar, desenvolver e defender, principalmente de invasores, as terras concedidas.<br />
A capitania mais importante na época do ciclo da cana era a Capitania de Pernambuco, que pertencia a<br />
Duarte Coelho, onde foi implantado o primeiro centro açucareiro do Brasil. Logo se seguiu o despertar da
Capitania da Bahia de Todos os Santos – de Francisco Pereira Coutinho – e, com o desmatamento da<br />
Mata Atlântica nativa, os canaviais expandiram-se pela costa brasileira.<br />
No entanto, diferentemente do que acontecia nas terras do norte da colônia, no sul, as capitanias de São<br />
Vicente (São Paulo) e São Tomé (Rio de Janeiro) sofriam por estarem distantes da metrópole e dos<br />
portos europeus. Isso encarecia o transporte do açúcar, mas não impediu que a cultura também se<br />
estabelecesse nessas áreas.<br />
A Espanha, grande concorrente de Portugal, além de plantar cana desde 1506, em Cuba, em Porto Rico<br />
e no Haiti – suas colônias –, trazia pedras e metais preciosos das terras do Novo Mundo. Porém, com a<br />
adoção de medidas portuguesas que asseguravam a liderança lusitana no mercado açucareiro e a<br />
descoberta dos tesouros astecas e das minas mexicanas pelos espanhóis, o interesse da Espanha pelos<br />
canaviais se amainou.<br />
A maior conseqüência da penetração de metais preciosos das colônias espanholas na Europa foi o<br />
aumento dos preços de produtos considerados de luxo. Essa coincidência favoreceu o domínio português<br />
sobre a produção de açúcar no século XVII.<br />
Em 1580, com a morte do rei D. Sebastião, a Coroa Espanhola incorporou Portugal aos seus domínios. A<br />
união das coroas não fez bem às relações de Portugal com a Holanda, já que os holandeses eram<br />
inimigos dos espanhóis. Nessa época, o açúcar brasileiro seguia em embarcações para ser refinado na<br />
Holanda, e quem realmente o comercializava eram os holandeses.<br />
Com a interrupção de relações portuárias entre Portugal e Holanda, a idéia de tomar o Nordeste brasileiro<br />
tomou corpo na corte holandesa. Apoiados pela Companhia das Índias Ocidentais, empresa fundada em<br />
1621, e pelos Estados Gerais das Províncias unidas (governo da Holanda na época), holandeses<br />
desembarcaram no Brasil em 1630.<br />
Passaram 24 anos entre nós, adquirindo tecnologia e experiência nos engenhos e canaviais. Os<br />
holandeses foram expulsos em 1654 mas levaram o conhecimento e as técnicas do cultivo da cana para<br />
as Antilhas e para a América Central. Essas terras, que ficavam mais próximas da Europa, substituíram o<br />
açúcar brasileiro no mercado e a agricultura brasileira recebeu um grande golpe.<br />
O Nordeste já não podia competir no cenário internacional. A vida social, econômica e cultural brasileira<br />
passou por uma grande transformação, e a situação só melhorou quando as colônias européias<br />
produtoras de açúcar foram sacudidas por revoltas sociais que desencadearam a independência das<br />
colônias. Aproveitando-se disso, produtores brasileiros voltaram a ser os maiores fabricantes de açúcar<br />
do mundo.<br />
A abertura dos portos, em 1808, e a Independência, em 1822, também beneficiaram a produção. Mas<br />
isso não foi suficiente para retomar a posição de dois séculos atrás.<br />
A agricultura da Cana-de-Açúcar vinha sendo prejudicada pela expansão do cultivo da beterraba – da<br />
qual também é extraído o açúcar – na Europa; pela distância entre o Brasil e os portos consumidores; e<br />
pelo baixo nível técnico da produção.<br />
O século XIX não foi bom para o Brasil, que caiu para quinto lugar na lista de produtores de cana, com<br />
apenas 8% da produção mundial. A economia açucareira teve nova queda e o declínio da produção<br />
acentuou-se no fim do século, obrigando o Brasil a voltar-se para o mercado interno, que era pequeno e<br />
estava fragilizado pela crise do açúcar.<br />
Fonte: www.unica.com.br
CanadeAçúcar<br />
A Cana-de-Açúcar é originária da Nova Guiné. Foi introduzida na América por Cristóvão Colombo e no<br />
Brasil por Martin Afonso de Souza no ano de 1532. A história deste setor se confunde com a História do<br />
Brasil. Segundo o escritor Gilberto Freire, autor de Casa Grande & Senzala è O Brasil nasceu nos<br />
canaviais.<br />
Introduzida inicialmente como PLANTA ORNAMENTAL; posteriormente, em função de sua doçura, foi<br />
utilizada como garapa e depois açúcar e aguardente. E, na atualidade, agregam-se dezenas de produtos<br />
conforme descrito neste plano.<br />
No Espírito Santo, os primeiros engenhos de cana surgiram em São Mateus. Em 1605, a cultura da cana<br />
já era importante também em Vitória, onde se produzia açúcar e aguardente.<br />
O setor sucro-alcooleiro iniciou-se no Espírito Santo no início do século passado, com a implantação da<br />
Usina Paineiras no sul do Estado (instalada em 1911/12 – obra do governo Jerônimo Monteiro) buscando<br />
dinamizar a região, onde predominava a pecuária e a monocultura do café. Com a crise no mercado<br />
internacional no setor cafeeiro, nasce o projeto de uma usina de açúcar.<br />
A instalação da usina de açúcar no Estado do Espírito Santo foi inspirada no sucesso de Campos-RJ, que<br />
contava com 24 usinas na época e detinha o título de maior produtor de açúcar do mundo.<br />
Com a crise do petróleo em 1973, elevando o preço do barril de US$ 7,00 a US$ 9,00 para US$ 30,00, a<br />
economia do mundo inteiro se abalou e veio a necessidade de buscar alternativas energéticas. Dentro<br />
deste panorama, pressionado pela falta de divisas para seu abastecimento de petróleo, o Brasil viu como<br />
opção de médio e longo prazo dinamizar a Petrobras, não só na prospecção, como também no refino. E,<br />
a curto, médio e longo prazo, a bioenergia extraída da Cana-de-Açúcar, com todas as facilidades do<br />
nosso ambiente edafo-climático propício e conhecimento tecnológico, visto que, desde a 2° Guerra<br />
Mundial, o Brasil utilizava o álcool anidro na gasolina como complemento.<br />
Em 1977/1978 foi criado o PROÁLCOOL, um programa ambicioso que, além de substituir grande parte da<br />
importação de petróleo, tornou-se um marco na cadeia ambiental, pois a queima do álcool – sendo um<br />
oxigenado – emite menos de 10% de poluentes que os carbonados derivados de fóssil.<br />
Porém, somente em 1980, com a eleição do presidente João Baptista Figueiredo, foi dinamizado o<br />
PROÁLCOOL, com investimentos da ordem de US$ 10.000.000.000,00 (em 20 anos, ou seja, até o ano<br />
2000, o Brasil já tinha economizado em divisas, pela menor importação de petróleo, US$<br />
50.000.000.000,00).<br />
Imediatamente, o Espírito Santo se fez presente em resposta ao anseio nacional: com a Usina Paineiras<br />
se adaptando para produzir mais álcool e sendo implantadas no Estado 6 usinas autônomas para produzir<br />
somente álcool (ALBESA – Boa Esperança, ALCON – Conceição da Barra, ALMASA – São Mateus, já<br />
desativada, CRIDASA – Pedro Canário, DISA – Conceição da Barra e LASA – Linhares).
Tivemos, assim, tanto benefícios em âmbito nacional quanto estaduais, onde destacamos: emprego no<br />
campo com profissionalização, assistência social, evitando o êxodo rural, arrecadação de impostos,<br />
enfim, enriquecimento regional e uma imagem totalmente positiva.<br />
Porém, com a superação da crise internacional do petróleo, o governo começou a tirar as vantagens (em<br />
forma de subsídio) dos produtores de álcool e, em 1997/1998, deixou o setor ‘à própria sorte’, dificultando<br />
ainda mais o setor, sem crédito e sem investimentos para crescer.<br />
Apesar de todas as adversidades e acreditando em algumas expectativas governamentais, o setor no<br />
Espírito Santo deu a volta por cima e cresceu, passando de Estado importador de álcool a quase autosuficiente.<br />
Porém, continua sendo grande importador de açúcar.<br />
Mais do que elemento essencial da formação do Brasil, a Cana-de-Açúcar transformou-se em parte<br />
integrante do imaginário do povo brasileiro. Na cozinha, desdobra-se em utilidades; na indústria, colabora<br />
para a produção de alimentos mais saudáveis, de fácil conservação. Dela vem o álcool combustível, a<br />
energia elétrica. Também pode produzir papel, plásticos, produtos químicos.<br />
Enfim, a Cana-de-Açúcar sobreviveu para contar sua própria história e testemunhou impassível nestes<br />
quase cinco séculos de existência em solo brasileiro, a resistência indígena, a luta dos negros africanos e<br />
brasileiros por liberdade nas senzalas, a opulência dos senhores de engenho nas casas-grandes, o<br />
período colonial, o Império, a República, o Estado Novo, as tentativas de democratização, o golpe militar<br />
de 64, a redemocratização e a Constituição de 1988.<br />
PRODUTOS E SUBPRODUTOS<br />
1- Informações gerais<br />
A cana é uma gramínea, cujo potencial, variado e complexo, ainda pode ser muito explorado. No Brasil,<br />
em menos de 1% das terras agricultáveis plantam-se 5,0 milhões de hectares de cana (duas vezes a área<br />
do Estado do Piauí), matéria-prima que permite a fabricação de energia natural, limpa e renovável.<br />
A cana é, em si mesma, usina de enorme eficiência: cada tonelada tem um potencial energético<br />
equivalente ao de 1,2 barril de petróleo. O Brasil é o maior produtor do mundo, seguido por Índia e<br />
Austrália. Na média, 55% da cana brasileira vira álcool e 45%, açúcar. Planta-se cana, no Brasil, no<br />
Centro-Sul e no Norte-Nordeste, o que permite dois períodos de safra. Plantada, a cana demora de ano a<br />
ano e meio para ser colhida e processada pela primeira vez. A mesma cana pode ser colhida até cinco ou<br />
dez vezes, mas a cada ciclo devem ser feitos investimentos significativos para manter a produtividade em<br />
níveis competitivos.<br />
A cana é a força por trás das 307 ‘centrais energéticas’ existentes no Brasil, 128 das quais estão em São<br />
Paulo, utilizando cana que cobre 2,35 milhões de hectares de terra. São usinas e destilarias que<br />
processam a biomassa proveniente da Cana-de-Açúcar e que alimentam um círculo virtuoso: produzem<br />
açúcar como alimento, energia elétrica vinda da queima do bagaço nas caldeiras, álcool hidratado para<br />
movimentar veículos e álcool anidro para melhorar o desempenho energético e ambiental da gasolina.<br />
1.1- Produtos<br />
O combustível de cerca de 3 milhões de veículos que rodam no Brasil é o álcool hidratado; o anidro é<br />
misturado na proporção de 24 a 25% em toda a frota brasileira, de 17 milhões de veículos. O álcool é<br />
também usado de forma intensiva na indústria de bebidas, nos setores químico, farmacêutico e de<br />
limpeza.<br />
O Brasil é o maior produtor de açúcar de cana do mundo, com os menores custos de produção e<br />
também, o maior exportador do produto. Metade da produção brasileira é destinada ao mercado interno.<br />
A metade exportada gerou, em 2001, 2,2 bilhões de dólares para a balança comercial. O Brasil exporta<br />
açúcar branco (refinado), cristal e demerara, e há pelo menos cinco anos a Rússia se mantém como a<br />
maior importadora do açúcar brasileiro. O Estado de São Paulo é responsável por 60% de todo o açúcar<br />
produzido no País e por 70% das exportações nacionais.
O mercado interno divide-se em doméstico e industrial. No primeiro prevalecem os açúcares cristal e<br />
refinado; no industrial, os açúcares demerara e líquido. O consumo brasileiro é de 52 kg per capita, e a<br />
média mundial está em torno de 22 kg per capita.<br />
Vapor e calor são muito importantes no processo de obtenção de açúcar e de álcool. O vapor, obtido pela<br />
queima do bagaço da cana, movimenta turbinas, gerando energia elétrica que torna auto-suficientes<br />
unidades industriais e excedentes, vendidos às concessionárias - Co-geração de energia elétrica.<br />
No Estado de São Paulo, o setor gera para consumo próprio entre 1.200 e 1.500 Megawatts, 40 usinas<br />
produzem excedentes de 158 Mw e a luz que vem da cana já ajuda a iluminar diversas cidades. O<br />
potencial de geração de energia da agroindústria canavieira está em torno de 12 mil Mw – a potência<br />
total instalada no Brasil é de 70 mil Mw. Em 2002, em função de novos projetos, mais 300 Mw foram<br />
adicionados e em curto prazo o setor poderá contribuir com 4 mil Mw adicionais.<br />
1.2 - Subprodutos da Cana-de-Açúcar<br />
Diversidade, flexibilidade e adequação às necessidades do meio ambiente. A Cana-de-Açúcar é matériaprima<br />
de grande flexibilidade. Com ela é possível produzir açúcar e álcool de vários tipos: fabricar bebidas<br />
como cachaça, rum e vodka e gerar eletricidade a partir do bagaço via alcoolquímica.<br />
Da cana, se aproveita absolutamente tudo: bagaço, méis, torta e resíduos de colheita. Com 3 kg de<br />
açúcar e 17,1 kg de bagaço pode-se obter, por exemplo, 1 kg de plástico biodegradável derivado da<br />
cana, utilizando-se como solventes outros subprodutos da usina.<br />
Do bagaço, obtêm-se bagaço hidrolisado para alimentação animal, diversos tipos de papéis, fármacos e<br />
produtos como o furfurol, de alta reatividade, para a síntese de compostos orgânicos, com grande número<br />
de aplicações na indústria química e farmacêutica.<br />
Do melaço, além do álcool usado como combustível, bebida, e na indústria química, farmacêutica e de<br />
cosméticos, extraem-se levedura, mel, ácido cítrico, ácido lático, glutamato monossódico e desenvolve-se<br />
a chamada alcoolquímica – as várias alternativas de transformação oferecidas pelo álcool etílico ou<br />
etanol. Do etanol podem ser fabricados polietileno, estireno, cetona, acetaldeído, poliestireno, ácido<br />
acético, éter, acetona e toda a gama de produtos que se extraem do petróleo. Seu variado uso inclui a<br />
fabricação de fibras sintéticas, pinturas, vernizes, vasilhames, tubos, solventes, plastificantes, etc.<br />
Dos resíduos, utilizam-se a vinhaça e o vinhoto como fertilizantes. Existem ainda outros derivados:<br />
dextrana, xantan, sorbitol, glicerol, cera refinada de torta, antifúngicos, etc.<br />
A Cana-de-Açúcar gera, portanto, assim como o petróleo, incontável número de produtos, de fermento a<br />
herbicidas e inseticidas, com importante diferencial: são biodegradáveis e não ofensivos ao meio<br />
ambiente.<br />
Observam-se abaixo produtos que poderão ser agregados no processo de industrialização da<br />
Cana-de-Açúcar:<br />
Matérias-primas<br />
1 - A Cana-de-Açúcar<br />
2 - Açúcar<br />
3 - Bagaço<br />
4 - Méis<br />
5 - Torta<br />
6 - Resíduos da colheita<br />
Derivados do bagaço<br />
Polpa quimiomecânica de bagaço; Polpa química para papel; Polpa para dissolver; Polpa absorvente;<br />
Papel de jornal; Papel de impressão e de escrever de polpa quimiomecânica; Papel de impressão e de<br />
escrever de polpa química; Papéis estucados com polpas química e quimiomecânica; Meio para corrugar;
Carboximetilcelulose; Celulose microcristalina; Pó de celulose; Meios filtrantes; Fármacos a partir de<br />
lignina do bagaço; Tabuleiros de partículas de bagaço; Tabuleiros ou painéis com aglutinantes<br />
inorgânicos; Tabuleiros de fibras de bagaço; Produtos moldados de bagaço; Tabuleiros de fibras de<br />
densidade média (MDF); Furfurol; Resina de furfurol acetona; Resina para fundição; Primário atincorrosivo<br />
furano-asfáltico; Fármacos nicrofurânicos; Álcool furfurílico; Resina de álcool furílico; Carvão ativado;<br />
Bagacilho hidrolisado; Bagacilho pré-digerido; Bagacilho pré-digerido com cal (Predical).<br />
Derivados do melaço<br />
Álcool; Produção de rum e aguardente; Alcoolquímica; Alfa-amilase; Dextranase; Celulase; Xilanase;<br />
Levedura Saccharomyces; Levedura Torula; Levedura Torula a partir de outros substratos; Levedura<br />
invertase; Mel protéico; Mel desidratado enriquecido; Levedura para consumo humano; Autolisado e<br />
derivados de levedura; Produção de gordura a partir de leveduras; Méis para uso direto como alimento;<br />
Resíduos da colheita processados; Enriquecimento protéico de resíduos da colheita da cana; L-lisina;<br />
Ácido cítrico; Ácido lático; Glutamato monossódico; Acetona-butanol; Ácido indol-acético, Bactérias<br />
fixadoras do nitrogênio, Azospirillum sp.; Ácido jasmônico; Giberelinas.<br />
Outros Derivados<br />
Dextrana; Xantana; Sorbitol; Glicerol; Cera refinada de torta; Fitosteróis a partir de óleo de torta;<br />
Conservação de resíduos da colheita; Fungos comestíveis (cogumelos); Antifúngico foliar a partir de<br />
pseudomonas spp.; Esporos de Trichoderma harzianum para controle biológico; Controle biológico.<br />
Resíduos<br />
Vinhaça; Vinhoto concentrado de resíduos alcóolicos; Biogás de resíduos; Águas residuais para<br />
fertilização e irrigação.<br />
Energia<br />
Energia na produção de açúcar de cana.<br />
1.3- Tipos de açúcar<br />
Açúcar refinado granulado<br />
Puro, sem corantes, sem umidade ou empedramento e com cristais bem definidos e granulometria<br />
homogênea, o açúcar refinado granulado é muito utilizado na indústria farmacêutica, em confeitos,<br />
xaropes de excepcional transparência e mistura seca, em que são importantes aspectos visuais,<br />
escoamento rápido e solubilidade.<br />
Açúcar refinado amorfo<br />
Com baixa cor, dissolução rápida, granulometria fina e brancura excelente, o refinado amorfo é utilizado<br />
no consumo doméstico, em misturas sólidas de dissolução instantânea, bolos e confeitos, caldas<br />
transparentes e incolores. Glaçúcar - O conhecido açúcar de confeiteiro, com grânulos bem finos,<br />
cristalinos, produzido diretamente na usina, sem refino e destinado à indústria alimentícia, que o utiliza em<br />
massas, biscoitos, confeitos e bebidas.<br />
O xarope invertido
Com 1/3 de glicose, 1/3 de frutose e 1/3 de sacarose, solução aquosa com alto grau de resistência à<br />
contaminação microbiológica, que age contra a cristalização e a umidade, é utilizado em frutas em calda,<br />
sorvetes, balas e caramelos, licores, geléias, biscoitos e bebidas carbonatadas.<br />
O xarope simples ou açúcar líquido<br />
Transparente e límpido, é também uma solução aquosa, usada quando é fundamental a ausência de cor,<br />
caso de bebidas claras, balas, doces e produtos farmacêuticos.<br />
Açúcar orgânico<br />
Produto de granulação uniforme, produzido sem nenhum aditivo químico, na fase agrícola como na<br />
industrial, e pode ser encontrado nas versões clara e dourada. Seu processamento segue princípios<br />
internacionais da agricultura orgânica e é anualmente certificado pelos órgãos competentes. Na produção<br />
do açúcar orgânico, todos os fertilizantes químicos são substituídos por um sistema integrado de nutrição<br />
orgânica para proteger o solo e melhorar suas características físicas e químicas. Evitam-se doenças com<br />
o uso de variedades mais resistentes, e combatem-se pragas, como a broca da cana, com seus inimigos<br />
naturais – vespas, por exemplo.<br />
1.4- Avanço tecnológico<br />
Qualquer que seja a matéria-prima (Cana-de-Açúcar, beterraba, milho, etc.) da qual se extraia açúcar e<br />
álcool, o setor sucroalcooleiro do Brasil é dos mais competitivos do mundo.<br />
Graças ao elevado teor de fibra, que lhe confere independência em relação à energia externa, a Cana-de-<br />
Açúcar apresenta, em termos energéticos, claras vantagens competitivas na comparação com outras<br />
matérias-primas.<br />
A produtividade agroindustrial teve nos últimos anos significativa evolução: na região Centro-Sul, que<br />
responde por 85% da produção brasileira, a média oscila entre 78 e 80 toneladas por hectare, em ciclo de<br />
cinco cortes. Em São Paulo, responsável por 60% da produção nacional, a média está ao redor de 80 a<br />
85 toneladas por hectare, em ciclo de cinco a seis cortes.<br />
A qualidade da matéria-prima, em São Paulo e no Centro-Sul, medida pela sacarose que contém, está<br />
entre 14 e 15,5% de pol, o que equivale ao rendimento médio de 140 a 155 kg de açúcares totais por<br />
tonelada de cana. Para o álcool, isso significa rendimento entre 80 e 85 litros por tonelada.<br />
1.5- Combustível limpo e renovável<br />
Com a experiência acumulada da produção e uso de álcool em todo o país desde a década de 20 (álcool<br />
anidro para mistura à gasolina), em 1975, dois anos após o choque do petróleo, o Brasil apostou no álcool<br />
combustível como alternativa para diminuir sua vulnerabilidade energética e economizar dólares. Criou<br />
um programa de diversificação para a indústria açucareira, com grandes investimentos, públicos e<br />
privados, apoiados pelo Banco Mundial, o que possibilitou a ampliação da área plantada com Cana-de-<br />
Açúcar e a implantação de destilarias de álcool, autônomas ou anexas às usinas de açúcar existentes.<br />
A utilização em larga escala do álcool deu-se em duas etapas: inicialmente, como aditivo à gasolina<br />
(álcool anidro), num percentual de 20%, passando depois a 22% e agora 25%. A partir de 1980, o álcool<br />
passou a ser usado para mover veículos cujos motores o utilizavam como combustível puro (álcool<br />
hidratado), mas que, ainda adaptações dos modelos à gasolina, não tinham desempenho adequado.<br />
Com o intenso desenvolvimento da engenharia nacional, após o segundo choque do petróleo, surgiram,<br />
com sucesso, motores especialmente desenvolvidos para o álcool hidratado.<br />
Em 1984, os carros a álcool respondiam por 94,4% da produção das montadoras. Desde 1986, no<br />
entanto, afastada a crise do petróleo, e centrando-se as políticas econômicas internas na contenção de<br />
tarifas públicas, para limitar a inflação, o governo contribuiu decisivamente para o início de uma curva<br />
descendente de produção de carros a álcool: o desestímulo à produção levou a relação muito justa entre
oferta e demanda do produto no final dos anos 90; mesmo com a existência de álcool nas usinas, o<br />
governo – por omissão ou falha operacional – não foi capaz de resolver problemas logísticos e provocou<br />
uma crise localizada de abastecimento em 89.<br />
Coincidência ou não, a indústria automobilística começou a inverter a curva da produção de carros a<br />
álcool, para alívio da estatal brasileira de petróleo, que reclamava de excedentes na produção de<br />
gasolina. A participação anual caiu de 63% da produção total de veículos fabricados em 88 para 47% em<br />
89, 10% em 90, 0,44% em 96, 0,06% em 97, 0,09% em 98, 0,92% em 99, 0,69% em 2000 e 1,02% em<br />
2001.<br />
Atualmente três milhões de veículos são movidos a álcool hidratado, consumindo 4,9 bilhões de litros/ano.<br />
Usa-se álcool anidro (produção de 5,5 bilhões de litros/ano), na proporção de 24 a 25%, como aditivo<br />
para a gasolina. Nos últimos 22 anos registrou-se economia de 1,8 bilhão de dólares por ano, com a<br />
substituição pelo álcool, do equivalente a 200 mil barris de gasolina/dia.<br />
A queda da demanda de álcool hidratado foi compensada pelo maior uso do álcool anidro, que<br />
acompanha o crescimento da frota brasileira de veículos leves. Em mais de 25 anos de história de<br />
utilização do álcool em larga escala, o Brasil desenvolveu tecnologia de motores e logística de transporte<br />
e distribuição do produto únicas no mundo. Hoje, há determinação legal no sentido de que toda gasolina<br />
brasileira contenha de 20% a 25% de álcool anidro, com variação de + ou – 1. A definição pontual cabe à<br />
CIMA – Conselho Interministerial de Açúcar e Álcool, e é feita de modo a equilibrar a relação entre oferta<br />
e consumo. O Brasil desenvolveu infra-estrutura ímpar de distribuição do combustível e detém uma rede<br />
de mais de 25 mil postos, com bombas de álcool hidratado, para abastecer cerca de três milhões de<br />
veículos, 20% da frota nacional.<br />
1.6- Impacto ambiental positivo<br />
A produção atual de álcool no mundo é da ordem de 35 bilhões de litros, dos quais 60% destinam-se ao<br />
uso combustível. O Brasil e os Estados Unidos são os principais produtores e consumidores.<br />
O mercado possui enorme potencial de expansão, graças a fatores como o combate mundial ao efeito<br />
estufa e à poluição local, que levou à substituição de aditivos tóxicos na gasolina; a valorização da<br />
segurança energética, buscando-se autonomia pela diversificação das fontes de energia utilizadas; o<br />
incremento da atividade agrícola, que permite a criação de empregos e a descentralização econômica.<br />
Os Estados Unidos já possuem uma frota de mais de um milhão e meio de veículos flexíveis (rodam com<br />
diversas misturas de álcool e gasolina) e deverão aumentar muito a utilização do álcool misturado à<br />
gasolina em razão do banimento do MTBE – metil-tércio-butil-éter na Califórnia e em outros Estados, em<br />
virtude da contaminação dos lençóis freáticos causada por esse derivado do petróleo. Austrália, Tailândia,<br />
México, Suécia, União Européia, Canadá, Colômbia, Índia, China e Japão já ensaiam programas de<br />
álcool, estimulados por preocupações ambientais e agrícolas.<br />
Os eventos de 11 de setembro em Nova York tornam ainda mais evidentes os problemas de uma ordem<br />
econômica mundial excessivamente baseada num só energético, o petróleo, cujas fontes produtoras<br />
estão em regiões politicamente instáveis – é clara a tendência de crescimento dos custos político e militar<br />
para garantir o suprimento do produto. Além disso, a comunidade científica afirma que o petróleo já<br />
inaugurou seu período de "depleção", caracterizado por demanda muito superior às reservas existentes.<br />
Isso abre caminho para que a energia limpa e renovável de fontes como a biomassa da Cana-de-Açúcar<br />
e outros vegetais se transforme em um dos principais energéticos do século 21.<br />
O diferencial ambiental e as razões econômicas (economia de divisas) e sociais (geração de empregos)<br />
inspiraram a utilização do álcool como combustível no Brasil, mas sua sustentabilidade também se baseia<br />
na contribuição para a melhoria do meio ambiente: combustível limpo, o álcool tornou-se grande aliado na<br />
luta contra a degradação ambiental, principalmente nos grandes centros urbanos.<br />
O Brasil já colhe os frutos ambientais do seu uso em larga escala. Estudo publicado pela Confederação<br />
Nacional da Indústria, em 1990, que comparou cenários de utilização de combustíveis na Região<br />
Metropolitana de São Paulo, concluiu que o melhor cenário para a redução de emissões seria o uso<br />
exclusivo do álcool em toda a frota; o pior, o uso de gasolina pura. Na faixa intermediária, situaram-se os<br />
cenários de frota operando exclusivamente com gasolina contendo 22% de etanol e, em posição<br />
ambientalmente mais favorável, o mix da frota circulante em 1989, composto por 51% de veículos com<br />
22% de etanol na gasolina e 49% de veículos a álcool puro.
O maior diferencial ambiental do álcool está na origem renovável. É extraído da biomassa da Cana-de-<br />
Açúcar, com reconhecido potencial para seqüestrar carbono da atmosfera, o que lhe confere grande<br />
importância no combate global ao efeito estufa.<br />
É um produto renovável e limpo que contribui para a redução do efeito estufa e diminui substancialmente<br />
a poluição do ar, minimizando os seus impactos na saúde pública. Apesar de ser lembrado como resposta<br />
do Brasil às crises do petróleo, o álcool anidro era usado desde os anos 30 como aditivo na gasolina<br />
brasileira. Na busca de autonomia energética, o país desenvolveu o Programa Nacional do Álcool e o<br />
pioneiro carro a álcool. Estavam lançadas as raízes de uma capacidade instalada de produção anual de<br />
16 bilhões de litros de álcool, o equivalente a 84 milhões de barris de petróleo/ano.<br />
Uma cultura altamente ecológica, pois além do externado anteriormente controla suas pragas com<br />
inimigos naturais (controle biológico); suas doenças através da engenharia genética; utiliza todos seus<br />
resíduos industriais nas lavouras de cana; manejo de solo adequado e ainda gera um combustível limpo e<br />
renovável.<br />
1.7- Políticas de Produção<br />
O processo de produção de cana, açúcar e álcool no Espírito Santo têm uma diferença importante em<br />
relação a outros Estados e Países: do plantio à comercialização do produto final tudo acontece sem<br />
intervenção ou subsídios do governo, algo que se torna ainda mais significativo quando se leva em conta<br />
a complexidade da cadeia produtiva do setor. Já em outros Estados do Nordeste, Goiás e Rio de Janeiro<br />
existem programas de incentivos para o setor.<br />
A matéria-prima, a Cana-de-Açúcar, gera açúcar, álcool anidro (aditivo para a gasolina) e álcool<br />
hidratado para os mercados interno e externo, que têm dinâmica de preços e demanda diferente. Atender<br />
a esses mercados sem oscilações significativas requer planejamento, logística e políticas públicas<br />
coerentes, entre elas, políticas fiscais e tributárias que, incidindo sobre os combustíveis fósseis, ampliem<br />
a competitividade do combustível renovável. Há ainda que se estimular a demanda por veículos a álcool,<br />
amenizando a curva de sucateamento da frota.<br />
Pelo lado privado, impõe-se a consolidação de um sistema de autogestão capaz de permitir o equilíbrio<br />
entre a oferta e a demanda dos produtos do setor. Para isso, é de grande importância a criação de um<br />
mercado futuro que sinalize o comportamento das commodities no médio e longo prazos.<br />
Este modelo depende da abertura de novos mercados para o açúcar e, principalmente, da transformação<br />
do álcool em commodity internacional.<br />
O caminho do açúcar – produto mais protegido do mundo – é o mais difícil: há fortes barreiras<br />
protecionistas na União Européia e nos Estados Unidos. Quanto ao álcool, novos programas para seu uso<br />
na França, no México, Canadá, Suécia, Austrália, Índia e Colômbia, indicam conjuntura mais favorável.<br />
Nos Estados Unidos, a proibição de uso do aditivo para gasolina MTBE (Metil-Tércio-Butil-Éter), derivado<br />
do petróleo considerado cancerígeno e poluidor dos lençóis freáticos, deverá exigir volumes expressivos<br />
de álcool combustível e o Brasil e NOSSO ESTADO deve estar preparado para o avanço da demanda.<br />
Fonte: www.seag.es.gov.br
CanadeAçúcar<br />
Originária do sudeste da Ásia, onde é cultivada desde épocas remotas, a exploração canavieira<br />
assentou-se, no início, sobre a espécie S. officinarum. O surgimento de várias doenças e de uma<br />
tecnologia mais avançada exigiram a criação de novas variedades, as quais foram obtidas pelo<br />
cruzamento da S. officinarum com as outras quatro espécies do gênero Saccharum e, posteriormente,<br />
através de recruzamentos com as ascendentes.<br />
Os trabalhos de melhoramento persistem até os dias atuais e conferem a todas as variedades em cultivo<br />
uma mistura das cinco espécies originais e a existência de cultivares ou variedades híbridas.<br />
A importância da Cana-de-Açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, podendo ser empregada in<br />
natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou como matéria prima para a fabricação de<br />
rapadura, melado, aguardente, açúcar e álcool.<br />
Clima e Solo<br />
A Cana-de-Açúcar é cultivada numa extensa área territorial, compreendida entre os paralelos 35º de<br />
latitude Norte e Sul do Equador, apresentando melhor comportamento nas regiões quentes. O clima ideal<br />
é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar a germinação,<br />
perfilhamento e desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e<br />
conseqüente acumulo de sacarose nos colmos.<br />
Solos profundos, pesados, bem estruturados, férteis e com boa capacidade de retenção são os ideais<br />
para a Cana-de-Açúcar que, devido à sua rusticidade, se desenvolve satisfatoriamente em solos<br />
arenosos e menos férteis, como os de cerrado. Solos rasos, isto é, com camada impermeável superficial<br />
ou mal drenados, não devem ser indicados para a Cana-de-Açúcar.<br />
Para trabalhar com segurança em culturas semi-mecanizadas, que constituem a maioria das nossas<br />
explorações, a declividade máxima deverá estar em torno de 12% ; declividade acima desse limite<br />
apresentam restrições às práticas mecânicas.<br />
Para culturas mecanizadas, com adoção de colheitadeiras automotrizes, o limite máximo de declividade<br />
cai para 8 a 10%.
Cultivares<br />
Um dos pontos que merece especial atenção do agricultor é a escolha do cultivar para plantio. Isso não<br />
só pela sua importância econômica, como geradora de massa verde e riqueza em açúcar, mas também<br />
pelo seu processo dinâmico, pois anualmente surgem novas variedades, sempre com melhorias<br />
tecnológicas quando comparadas com aquelas que estão sendo cultivadas. Dentre as várias maneiras<br />
para classificação dos cultivares de cana, a mais prática é quanto à época da colheita.Quando<br />
apresentarem longo Período de Utilização Industrial (PUI), a indicação de alguns cultivares ocorrerá para<br />
mais de uma época.<br />
Atualmente os cultivares mais indicados para São Paulo e Estados limítrofes são:<br />
para início de safra: SP80-3250, SP80-1842, RB76-5418, RB83-5486, RB85-5453 e RB83-5054<br />
para meio de safra: SP79-1011, SP80-1816, RB85-5113 e RB85-5536<br />
para fim de safra: SP79-1011, SP79-2313, SP79-6192, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB84-5257<br />
Os cultivares SP79-2313, RB72-454, RB78-5148, RB80-6043 e RB83-5486 caracterizam-se pela baixa<br />
exigência em fertilidade de solo.<br />
Preparo do Terreno<br />
Tendo a Cana-de-Açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos<br />
e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência<br />
da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser profundo e esmerado. Convém salientar que as<br />
unidades sucroalcooleiras não seguem uma linha uniforme de preparo do solo, tendo cada uma seu<br />
sistema próprio, variação essa que ocorre em função do tipo de solo predominante e da disponibilidade<br />
de máquinas e implementos.<br />
No preparo do solo, temos de considerar duas situações distintas:<br />
A cana vai ser implantada pela primeira vez<br />
O terreno já se encontra ocupado com cana<br />
No primeiro caso, faz-se uma aração profunda, com bastante antecedência do plantio, visando à<br />
destruição, incorporação e decomposição dos restos culturais existentes, seguida de gradagem, com o<br />
objetivo de completar a primeira operação. Em solos argilosos é normal a existência de uma camada<br />
impermeável, a qual pode ser detectada através de trincheiras abertas no perfil do solo, ou pelo<br />
penetrômetro.<br />
Constatada a compactação do solo, seu rompimento se faz através de subsolagem, que só é<br />
aconselhada quando a camada adensada se localizar a uma profundidade entre 20 e 50 cm da superfície<br />
e com solo seco.<br />
Nas vésperas do plantio, faz-se nova gradagem, visando ao acabamento do preparo do terreno e à<br />
eliminação de ervas daninhas.<br />
Na segunda situação, onde a cultura da cana já se encontra instalada, o primeiro passo é a destruição da<br />
soqueira, que deve ser realizada logo após a colheita. Essa operação pode ser feita por meio de aração<br />
rasa (15-20 cm) nas linhas de cana, seguidas de gradagem ou através de gradagem pesada, enxada<br />
rotativa ou uso de herbicida.<br />
Se confirmada a compactação do solo, a subsolagem torna-se necessária. Nas vésperas do plantio<br />
procede-se a uma aração profunda (25-30 cm), por meio de arado ou grade pesada. Seguem-se as<br />
gradagens necessárias, visando manter o terreno destorroado e apto ao plantio.<br />
Devido à facilidade de transporte, à menor regulagem e ao maior rendimento operacional, há uma<br />
tendência das grades pesadas substituírem o arado.
Calagem<br />
A necessidade de aplicação de calcário é determinada pela análise química do solo, devendo ser utilizado<br />
para elevar a saturação por bases a 60%. Se o teor de magnésio for baixo, dar preferência ao calcário<br />
dolomítico.<br />
O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo. A época mais indicada para aplicação<br />
do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última<br />
gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua<br />
eficiência.<br />
Adubação<br />
Para a Cana-de-Açúcar há a necessidade de considerar duas situações distintas, adubação para canaplanta<br />
e para soqueiras, sendo que, em ambas, a quantificação será determinada pela análise do solo.<br />
Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou<br />
por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.<br />
No quadro a seguir são indicadas as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio a serem aplicadas com<br />
base na análise do solo e de acordo com a produtividade esperada.<br />
Adubação Mineral de Plantio<br />
Produtividade<br />
esperada<br />
Nitrogênio<br />
P resina, mg/dm³<br />
0 - 6 7 - 15 16 - 40 >40<br />
t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha<br />
150<br />
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996<br />
Produtividade esperada<br />
30<br />
30<br />
30<br />
0 - 0,7<br />
180<br />
180<br />
*<br />
100<br />
120<br />
140<br />
60<br />
80<br />
100<br />
K+ trocável, mmolc/dm³<br />
0,8 -<br />
1,5<br />
1,6 -<br />
3,0<br />
t/ha K2O, kg/ha<br />
150<br />
* Não é provável obter a produtividade dessa classe, com teor muito baixo de P no solo<br />
Fonte: Boletim Técnico 100 IAC, 1996<br />
Aplicar mais 30 a 60 kg/ha de N, em cobertura, durante o mês de abril; em solo arenoso dividir a<br />
cobertura, aplicando metade do N em abril e a outra metade em setembro - outubro.<br />
100<br />
150<br />
200<br />
80<br />
120<br />
160<br />
40<br />
80<br />
120<br />
3,1 -<br />
6,0<br />
40<br />
60<br />
80<br />
40<br />
60<br />
80<br />
>6,0<br />
0<br />
0<br />
0
Adubações pesadas de K2O devem ser parceladas, colocando no sulco de plantio até 100 kg/ha e o<br />
restante juntamente com o N em cobertura, durante o mês de abril.<br />
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da<br />
linha de cana; quando aplicada superficialmente, deve ser bem misturada com a terra ou alocada até a<br />
profundidade de 15 cm.<br />
Na adubação mineral da cana-soca aplicar as indicações do quadro a seguir, observando os resultados<br />
da análise de solo e de acordo com a produtividade esperada.<br />
Adubação Mineral da Cana-Soca<br />
Produtividade<br />
esperada<br />
Nitrogênio<br />
P resina, mg/dm³<br />
K+ trocável,<br />
mmolc/dm³<br />
0-15 > 15 0,15 1,5-3,0 > 3,0<br />
t/ha N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha<br />
< 60<br />
60 - 80<br />
80 - 100<br />
> 100<br />
60<br />
80<br />
100<br />
120<br />
Aplicar os adubos ao lado das linhas de cana, superficialmente e misturado ao solo, no máximo a 10 cm<br />
de profundidade.<br />
Se for constatada deficiência de cobre ou de zinco, de acordo com a análise do solo, aplicar os nutrientes<br />
com a adubação de plantio, nas quantidades indicadas a seguir:<br />
30<br />
30<br />
30<br />
30<br />
0<br />
0<br />
0<br />
0<br />
90<br />
110<br />
130<br />
150<br />
Zinco no solo Zn Cobre no solo Cu<br />
60<br />
80<br />
100<br />
120<br />
mg/dm³ kg/ha mg/dm³ kg/ha<br />
0-0,5<br />
> 0,5<br />
Uso de Resíduos da Agroindústria Canavieira<br />
5<br />
0<br />
0-0,2<br />
> 0,2<br />
Atualmente há uma tendência em substituir a adubação química das socas pela aplicação de vinhaça,<br />
cuja quantidade por hectare esta na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade<br />
da lavoura em nutrientes.<br />
Os sistemas básicos de aplicação são por infiltração, por veículos e aspersão, sendo que cada sistema<br />
apresenta modificações.<br />
A torta de filtro (úmida) pode ser aplicada em área total (80-100 t/ha), em pré-plantio, no sulco de plantio<br />
(15-30 t/ha) ou nas entrelinhas (40-50 t/ha). Metade do fósforo aí contido pode ser deduzido da adubação<br />
fosfatada recomendada. (Boletim Técnico 100 IAC, 1996)<br />
Plantio<br />
4<br />
0<br />
30<br />
50<br />
70<br />
90
Existem duas épocas de plantio para a região Centro-Sul: setembro-outubro e janeiro a março. Setembrooutubro<br />
não é a época mais recomendada, sendo indicada em casos de necessidade urgente de matéria<br />
prima, quer por recente instalação ou ampliação do setor industrial, quer por comprometimento de safra<br />
devido à ocorrência de adversidade climática. Plantios efetuados nessa época propiciam menor<br />
produtividade agrícola e expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas, assoreamento<br />
dos sulcos e retardam a próxima colheita.<br />
O plantio da cana de "ano e meio" é feito de janeiro a março, sendo o mais recomendado tecnicamente.<br />
Além de não apresentar os inconvenientes da outra época, permite um melhor aproveitamento do terreno<br />
com plantio de outras culturas. Em regiões quentes, como o oeste do Estado de São Paulo, essa época<br />
pode ser estendida para os meses subseqüentes, desde que haja umidade suficiente.<br />
O espaçamento entre os sulcos de plantio é de 1,40 m, sua profundidade de 20 a 25 cm e a largura é<br />
proporcionada pela abertura das asas do sulcador num ângulo de 45º, com pequenas variações para<br />
mais ou para menos, dependendo da textura do solo.<br />
Os colmos com idade de 10 a 12 meses são colocados no fundo do sulco, sempre cruzando a ponta do<br />
colmo anterior com o pé do seguinte e picados, com podão, em toletes de aproximadamente de três<br />
gemas.<br />
A densidade do plantio é em torno de 12 gemas por metro linear de sulco, que, dependendo da variedade<br />
e do seu desenvolvimento vegetativo, corresponde a um gasto de 7-10 toneladas por hectare.<br />
Os toletes são cobertos com uma camada de terra de 7 cm, devendo ser ligeiramente compactada.<br />
Dependendo do tipo de solo e das condições climáticas reinantes, pode haver uma variação na espessura<br />
dessa camada.<br />
Tratos Culturais<br />
Os tratos culturais na cana-planta limitam-se apenas ao controle das ervas daninhas, adubação em<br />
cobertura e adoção de uma vigilância fitossanitária para controlar a incidência do carvão. No que<br />
concerne à adubação em cobertura, já foi visto no item adubação e a vigilância fitossanitária será<br />
comentada em doenças e seu controle.<br />
O período crítico da cultura, devido à concorrência de ervas daninhas, vai da emergência aos 90 dias de<br />
idade.<br />
O controle mais eficiente as ervas, nesse período, é o químico, através da aplicação de herbicidas em<br />
pré-emergência, logo após o plantio e em área total. Dependendo das condições de aplicação, infestação<br />
da gleba e eficiência do praguicida, há necessidade de uma ou mais carpas mecânicas e catação manual<br />
até o fechamento da lavoura. A partir dai a infestação de ervas é praticamente nula.<br />
Outro método é a combinação de carpas mecânicas e manuais. Instalada a cultura, após o surgimento do<br />
mato, procede-se seu controle mecanicamente, com o emprego de cultivadores de disco ou de enxadas<br />
junto às entrelinhas, sendo complementado com carpa manual nas linhas de plantio, evitando, assim, o<br />
assoreamento do sulco. Essa operação é repetida quantas vezes forem necessárias; normalmente três<br />
controles são suficientes.<br />
As soqueiras exigem enleiramento do "paliço", permeabilização do solo, controle das ervas daninhas,<br />
adubação e vigilância sanitária. Os dois últimos tratos culturais encontram-se em itens próprios.<br />
Após a colheita da cana, ficam no terreno restos de palha, folhas e pontas, cuja permanência prejudica a<br />
nova brotação e dificulta os tratos culturais. A maneira de eliminar esse material (paliço) seria a queima<br />
pelo fogo, porém essa prática não é indicada devido aos inconvenientes que ela acarreta, como falhas na<br />
brotação futura, perdas de umidade e matéria orgânica do solo e quebra do equilíbrio biológico.<br />
O enleiramento consiste no amontoamento em uma rua do "paliço" deixando duas, quatro ou seis ruas<br />
livres, dependendo da quantidade desse material. É realizado por enleiradeira tipo Lely, implemento leve<br />
com pouca exigência de potência.
Após a retirada da cana, o solo fica superficialmente compactado e impermeável à penetração de água,<br />
ar e fertilizantes. Visando à permeabilização do solo e controle das ervas daninhas iniciais, diversos<br />
métodos e implementos podem ser usados.<br />
Existem no mercado implementos dotados de hastes semi-subsoladoras ou escarificadoras, adubadeiras<br />
e cultivadores que realizam simultaneamente, operações de escarificação, adubação, cultivo e preparo do<br />
terreno para receber a carpa química, exigindo, para tanto, tratores de aproximadamente 90 HPs.<br />
Normalmente, essa prática, conhecida como operação tríplice, seguida do cultivo químico, é suficiente<br />
para manter a soqueira no limpo.<br />
Além desse sistema, o emprego de cultivadores ou enxadas rotativas com tração animal ou mecânica<br />
apresenta bons resultados. Devido ao rápido crescimento das soqueiras, o número de carpas exigidos é<br />
menor que o da cana planta.<br />
Pragas e seu controle<br />
A Cana-de-Açúcar é atacada por cerca de 80 pragas, porém pequeno número causa prejuízos à cultura.<br />
Dependendo da espécie da praga presente no local, bem como do nível populacional dessa espécie, as<br />
pragas de solo podem provocar importantes prejuízos à Cana-de-Açúcar, com reduções significativas<br />
nas produtividades agrícola e industrial dessa cultura.<br />
Dos organismos que a atacam, três merecem destaque pelos danos que causam: os nematóides, os<br />
cupins e o besouro Migdolus.<br />
Colheita<br />
A colheita inicia-se em maio e em algumas unidades sucroalcooleiras em abril, prolongando-se até<br />
novembro, período em que a planta atinge o ponto de maturação, devendo, sempre que possível,<br />
antecipar o fim da safra, por ser um período bastante chuvoso, que dificulta o transporte de matéria prima<br />
e faz cair o rendimento industrial.<br />
Maturadores Químicos<br />
São produtos químicos que tem a propriedade de paralisar o desenvolvimento da cana induzindo a<br />
translocação e o armazenamento dos açúcares. Vêm sendo utilizados como um instrumento auxiliar no<br />
planejamento da colheita e no manejo varietal. Muitos compostos apresentam, ainda, ação dessecante,<br />
favorecendo a queima e diminuindo, portanto, as impurezas vegetais. Há uma ação inibidora do<br />
florescimento, em alguns casos, viabilizando a utilização de variedades com este comportamento.<br />
Dentre os produtos comerciais utilizados como maturadores, podemos citar: Ethepon, Polaris, Paraquat,<br />
Diquat, Glifosato e Moddus. Estudos sobre a época de aplicação e dosagens vêm sendo conduzidos com<br />
o objetivo de aperfeiçoar a metodologia de manejo desses produtos, que podem representar acréscimos<br />
superiores a 10% no teor de sacarose.<br />
Determinação do Estágio de Maturação<br />
O ponto de maturação pode ser determinado pelo refratômetro de campo e complementado pela análise<br />
de laboratório. Com a adoção do sistema de pagamento pelo teor de sacarose, há necessidade de o<br />
produtor conciliar alta produtividade agrícola com elevado teor de sacarose na época da colheita.<br />
O refratômetro fornece diretamente a porcentagem de sólidos solúveis do caldo (Brix). O Brix esta<br />
estreitamente correlacionado ao teor de sacarose da cana.<br />
A maturação ocorre da base para o ápice do colmo. A cana imatura apresenta valores bastante distintos<br />
nesses seguimentos, os quais vão se aproximando no processo de maturação. Assim, o critério mais<br />
racional de estimar a maturação pelo refratômetro de campo é pelo índice de maturação (IM), que fornece<br />
o quociente da relação.
IM=Brix da ponta do colmo<br />
Brix da base do colmo<br />
Admitem-se para a Cana-de-Açúcar, os seguintes estágios de maturação:<br />
IM Estágio de Maturação<br />
< 0,60<br />
0,60 - 0,85<br />
0,85 - 1,00<br />
> 1,00<br />
cana verde<br />
cana em maturação<br />
cana madura<br />
cana em declínio de<br />
maturação<br />
As determinações tecnológicas em laboratório (brix, pol, açúcares redutores e pureza) fornecem dados<br />
mais precisos da maturação, sendo, a rigor, uma confirmação do refratômetro de campo.<br />
Operação de Corte (manual e/ou mecanizada)<br />
O corte pode ser manual, com um rendimento médio de 5 a 6 toneladas/homem/dia, ou mecanicamente,<br />
através de colheitadeiras. Existem basicamente dois tipos: colheitadeira para cana inteira, com<br />
rendimento operacional médio em condições normais de 20 t/hora, e colheitadeiras para cana picada<br />
(automotrizes), com rendimento de 15 a 20 t/hora.<br />
Após o corte, a Cana-de-Açúcar deve ser transportada o mais rápido possível ao setor industrial, por<br />
meio de caminhão ou carreta tracionada por trator.<br />
Rendimento Agrícola<br />
Em relação à produtividade e região de plantio, observamos que a produtividade está estritamente<br />
relacionada com o ambiente de produção, e este é dado por padrão do solo, clima e nível tecnológico<br />
aplicado.<br />
Produção de Mudas<br />
Após, em média, quatro ou cinco cortes consecutivos, a lavoura canavieira precisa ser renovada. A taxa<br />
de renovação está ao redor de 15 a 20% da área total cultivada, exigindo grandes quantidades de mudas.<br />
A boa qualidade das mudas é o fator de produção de mais baixo custo e que maior retorno econômico<br />
proporciona ao agricultor, principalmente quando produzida por ele próprio.<br />
Para a produção de mudas, há necessidade de que o material básico seja de boa procedência, com idade<br />
de 10 a 12 meses, sadio, proveniente de cana-planta ou primeira soca e que tenha sido submetido ao<br />
tratamento térmico.<br />
A tecnologia empregada na produção de mudas é praticamente a mesma dispensada à lavoura<br />
comercial, apenas com a introdução de algumas técnicas fitossanitárias, tais como:<br />
Desinfecção do podão - o podão utilizado na colheita de mudas e no seu corte em toletes, quando<br />
contaminado, é um violento propagador da escaldadura e do raquitismo. Antes e durantes estas<br />
operações deve-se desinfetar o podão, através de álcool, formol, lisol, cresol ou fogo. Uma desinfecção<br />
prática, eficiente e econômica é feita pela imersão do instrumento numa solução com creolina a 10% (18<br />
litros de água + 2 litros de creolina) durante meia hora, antes do início da colheita das mudas e do corte<br />
das mesmas em toletes.<br />
Durante essas duas operações, deve-se mergulhar, freqüente e rapidamente, o podão na solução.
Vigilância sanitária e "roguing" - formando o viveiro, torna-se imprescindível a realização de inspeções<br />
sanitárias freqüentes, no mínimo uma vez por mês. A finalidade dessas inspeções é a erradicação de<br />
toda touceira que exiba sintoma patológico ou características diferentes da variedade em cultivo.<br />
Além dessas duas medidas fitossanitárias, algumas recomendações agronômicas devem ser levadas em<br />
consideração, como a despalha manual das mudas, menor densidade das mudas dentro do sulco e maior<br />
parcelamento do fertilizante nitrogenado.<br />
Rotação de culturas - durante a reforma do canavial, no período em que o terreno permanece ocioso,<br />
deve-se efetuar o plantio de culturas de ciclo curto, em rotação com a Cana-de-Açúcar. Amendoim e soja<br />
são as mais indicadas.<br />
Além dos conhecidos benefícios agronômicos proporcionados pela rotação de culturas, a Cana-de-<br />
Açúcar permite a consorciação com outra cultura, aproveitando o terreno numa época em que estaria<br />
ocioso, proporcionando melhor aproveitamento de máquinas e implementos. A implantação da cultura é<br />
feita sem gasto financeiro correspondente ao preparo do solo, havendo menor exposição do terreno à<br />
erosão e às ervas daninhas e diminuição da sazonalidade de empregos.<br />
Fonte: www.agrobyte.com.br<br />
CanadeAçúcar<br />
Origem da Planta<br />
A cana de açúcar é uma planta perenial, que pertence a família dos capins (grass family), gramineae.<br />
Na qual inclui mais de 5000 espécies. As variedades cultivadas e que crescem hoje, são maioritariamente<br />
derivadas de hibridização da planta original da cana, saccharum officinarun, originária da Índia. A<br />
primeira espécie cultivada foi S.sinense e S. Barberi no Norte da India e na parte Sul da China. As<br />
outras espécies originárias, S.spontanium e S.robustum do género Saccharum são usadas somente<br />
pelos engenheiros genéticos nos trabalhos de Brinding (produção de novas variedades).<br />
História da CanadeAçucar<br />
Alguns Historiadores dizem que foi em 510 AC que o Imperador Darius do que era então<br />
Pérsia invadiu a Índia, enquanto outros dizem que foi Alexandre, que ao invadir a Índia no ano<br />
327 A.C., seus escribas notaram que os habitantes daquela zona mastigavam uma cana<br />
maravilhosa que mastigavam uma cana maravilhosa que “produzia uma espécie de mel sem<br />
ajuda das abelhas”. O segredo da cana de açúcar, como muitas outras descobertas do<br />
homem, foi mantido num secretismo muito bem vigiado, ainda que o produto acabado fosse<br />
exportado resultando grandes lucros. Desde da Ásia a cana passou para Africa e Espanha.
Foi principalmete a expansão dos povos árabes no sétimo século DC que conduziu a um<br />
rompimento do segredo. Quando eles invadiram Pérsia em 642 DC eles encontraram a canade-açúcar<br />
a ser cultivado e aprenderam como o açúcar era feito. A medida que a expansão foi<br />
continuando, eles árabes estabeleceram a produção de açúcar em outras terras que eles<br />
conquistaram inclusive Norte de África e Espanha. Na Espanha foi introduzida pelos Árabes, e<br />
a cana era cultivada nas regiões de Andaluzia. A partir desta época, as plantações cresceram e<br />
em 1150 já existia na Espanha, uma florescente industria açucareira.<br />
Em 1419 foi estabelecido o cultivo da cana na Ilha de Madeira, começando neste mesmo<br />
tempo, em grande parte dos Açores, Canárias, Cabo Verde, etc.<br />
O doutor E.W. Brandes estabelece que, a origem desta planta se remonta desde a 100<br />
milhões de anos, tempo durante o qual se cré que existiu um grande continente Asiatico-<br />
Australiano. Segundo este e outros investigadores, como E.D.Merril, existia no que hoje é<br />
Nova Guinea, canas silvestres que foram transportadas a outras comarcas para o seu cultivo<br />
pelos habitantes da região, se produziram assim as primeiras migrações desta planta e se<br />
originaram vários centros de diversificação.<br />
Nas novas regiões a cana evoluiu e adquiriu novas características. Assim pudemos observar<br />
que nas zonas de Polinésia até Nova Guinea foram recolhidas diversas variedades de cana<br />
nobre Saccharum officinarum que era praticamente cultivada pelos nativos.<br />
Toda a zona Norte da Índia foi encontrada um grupo de cana resistente ao frio Saccharum<br />
barberi amplamente distribuídas por esta região geográfica. Cresce um grupo de cana na<br />
China saccharum sinensis e outros grupos silvestres chamados Saccharum robostum e<br />
Saccharumespontaneum totalmente resistentes ou imunes as doenças. Através do<br />
cruzamento das variedades pertencentes a estes grupos, se conseguiu obter todas as<br />
variedades actuais de cana: canas híbridas.<br />
Açúcar só foi descoberto por europeus ocidentais como resultado das Cruzadas no 11º Século DC.<br />
Cruzados que ao voltarem para casa falaram deste " novo tempero " que quão agradável era. O primeiro<br />
açúcar foi registrado na Inglaterra em 1099. Os séculos subsequentes trouxeram uma maior expansão do<br />
comércio entre a Europa ocidental e o Leste, inclusive a importação de açúcar. Por exemplo, é registado<br />
que o açúcar estava disponível em Londres a “dois xelins uma libra” em 1319 DC. Isto equivale a<br />
US$100 por quilo aos preços de hoje, de modo que o açúcar era um produto de muito luxo.<br />
O descobrimento da América e da Índia determinou uma nova etapa do desenvolvimento da<br />
produção açucareira. Cristóvão Colombo na sua segunda viagem, em 1493, trouxe cana ao<br />
continente Americano, Africano e a Espanha (hoje Santo Domingo). De Espanha, o Diego
Velazque , levou a cana para Cuba. Nas viagens do Cristóvão Colombo e Vasco da Gama,<br />
traziam canas com eles. Assim se proliferou a planta da cana pelo mundo inteiro. O Vaso da<br />
Gama quando chega a Terra de boa gente, (hoje Inhambane), também trazia cana e assim em<br />
Moçambique foi introduzida a cana.<br />
Fonte: museu.mct.gov.mz<br />
CanadeAçúcar<br />
Conhecida pelas mais antigas civilizações, a cana-de-açúcar tem sua origem mais citada pelos<br />
estudiosos como sendo das planícies ao longo do rio Ganges, na Índia. Outros afirmam que<br />
seja proveniente da Melanésia – região da Nova Guiné e Ilhas Fidgi, situada no Pacífico Sul,<br />
onde foi encontrada uma espécie primitiva, denominada otheite. Segundo consta, a população<br />
que vivia naquelas ilhas há 20 mil anos a.c foi a primeira a desfrutar desta planta, que nascia<br />
em estado natural na região.<br />
A chegada da cana-de-açúcar na China teria ocorrido pouco antes do início da era cristã. Fato<br />
é que tanto os indianos como os chineses sabiam extrair da planta o xarope doce que era<br />
considerado uma fina especiaria e utilizado principalmente como medicamento. Por suas<br />
qualidades logo reconhecidas, a cana-de-açúcar passou a ser alvo dos conquistadores. Sabese<br />
que, além dos chineses, responsáveis pela difusão da planta na ilha de Java e Filipinas, o<br />
açúcar era conhecido também pelos árabes.<br />
Foi Constantinopla – capital do império árabe no Ocidente, que concentrava todo o comércio<br />
oriental, a porta de entrada do produto para a Europa. Coube a Portugal e Espanha, através<br />
dos navegantes a disseminação da cana e das técnicas de fabricação do açúcar no Novo<br />
Mundo, as Américas, onde chegou na segunda viagem de Cristóvão Colombo, em 1493. A<br />
cana de açúcar no Brasil Com o cultivo das primeiras mudas de cana da ilha da Madeira,<br />
Martim Afonso de Souza, em 1533, fundou na Capitania de São Vicente, próximo à cidade de<br />
Santos, no estado de São Paulo, o primeiro engenho para produzir açúcar, com o nome de São<br />
Jorge dos Erasmos.<br />
Novas pequenas plantações de cana foram introduzidas em várias regiões do litoral brasileiro,<br />
passando o açúcar a ser produzido nos Estados do Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo,<br />
Sergipe e Alagoas. De todas essas regiões, a que mais se desenvolveu foi a de Pernambuco,<br />
chegando a ter em fins do século XVI cerca de 66 engenhos. Nessa época, na Europa, o<br />
açúcar era um produto de tal maneira cobiçado que foi apelidado de “ouro branco”, tal era a<br />
riqueza que gerava.
Açúcar<br />
O açúcar ocupa na alimentação humana e na tecnologia de fabricação dos alimentos uma<br />
posição de destaque.<br />
Além de se constituir num nutriente energético muito importante, por suas propriedades<br />
características, confere a determinados alimentos quantidades de textura, corpo,<br />
palatabilidade, estabilidade e outras ações físicas específicas, que não encontram paralelo em<br />
outros ingredientes. A cana-de-açúcar – uma gramínea gigante, grossa e perene cultivada nas<br />
regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo - é a principal fonte de sacarose ou açúcar.<br />
O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar de cana do mundo, com os menores custos<br />
de produção, em consequência do uso de tecnologia, pesquisa agrícola e industrial, além de<br />
avançada gestão de negócios. O país detém hoje quase um terço do mercado mundial de<br />
exportação e também o menor preço de açúcar do mundo.<br />
TIPOS <strong>DE</strong> <strong>AÇÚCAR</strong><br />
Cristal<br />
Açúcar em forma cristalina, produzido diretamente em usina sem refino. Destinado ao uso geral<br />
da indústria alimentícia (bebidas, massas, biscoitos e confeitos). É um açúcar obtido por<br />
fabricação direta nas usinas, a partir da cana-de-açúcar, de forma cristalizada, que sofre o<br />
efeito de clarificação por tratamentos físico-quimícos.<br />
Refinado<br />
Açúcar obtido pela dissolução e purificação do açúcar cristal, apresentando uma estrutura<br />
microcristalina não definida, que lhe confere granulometria fina e alta capacidade de<br />
dissolução. Usado em doces e confeitos, panificação e biscoitos, aditivos para carnes e<br />
embutidos, caldas transparentes e incolores, refrescos em pó e líquidos, achocolatados,<br />
sorvetes e coberturas, bebidas lácteas e iogurtes.<br />
Açúcar Demerada<br />
Açúcar tipo exportação. Consiste num açúcar em cujo processo de fabricação não se sulfitou o<br />
caldo e cuja massa cozida não sofreu lavagem na centrífuga, conservando assim intacta a<br />
película de mel que envolve os cristais.<br />
Açúcar VHP<br />
Very Hight Polarization Açúcar tipo exportação. Consiste num açúcar utilizado como matériaprima<br />
para outros processos, também em cuja fabricação o tratamento do caldo é mínimo ou<br />
nenhum e cuja massa cozida sofreu lavagem reduzida durante a centrifugação.<br />
Fonte: www.siamig1.com.br
Cana-de-Açúcar<br />
Dentre as gramíneas forrageiras, a cana-de-açúcar se destaca por dois aspectos: alta<br />
produção de matéria seca (MS) por hectare e capacidade de manutenção do potencial<br />
energético durante o período seco. Além disso, o seu replantio se faz necessário apenas a<br />
cada quatro ou cinco anos.<br />
Entretanto, a cana-de-açúcar é um alimento desbalanceado, com baixos teores de proteína e<br />
altos teores de açúcar, sendo que este último nutriente depende da época do ano e da<br />
variedade utilizada. Por essa razão, não é aconselhável o seu uso como alimento exclusivo.<br />
A ensilagem do excesso da canade- açúcar é uma ferramenta que pode ser usada para facilitar<br />
o manejo dos talhões, e tratamentos como a hidrólise ou fermentação (sacharina) podem<br />
aumentar o seu valor nutricional. O objetivo deste trabalho é apresentar formas de utilização da<br />
cana-de-açúcar na alimentação de bovinos durante o período de seca.<br />
PRODUÇÃO<br />
A cana-de-açúcar é insuperável em termos de produção de matéria seca e energia/ha, em um<br />
único corte. Nas condições de Brasil Central, a produção de cana integral fresca/ ha/corte pode<br />
variar entre 60 e 120 toneladas, por um período de até cinco anos (maior produção no primeiro<br />
ano).<br />
As pontas constituem cerca de 20% - 30% desse total. Para assegurar uma melhor distribuição<br />
qualitativa durante a seca e reduzir problemas com florescimento, a Embrapa Gado de Leite<br />
(2002a) recomenda plantar metade da área com variedades de cana precoce (RB 83-5486; RB<br />
76-5418; SP 80-1842; e IAC 86-2210), e a outra, com variedades médias/tardias (CB-45-3; RB<br />
72-454; SP 71-1406; RB 73-9743; RB 73-9359; SP 70-1143; e SP 79-1011).<br />
Todas essas variedades são destinadas para a indústria, mas já existem programas de<br />
melhoramento genético de cana para fins forrageiros (Landell et al., 2002). Deste trabalho<br />
resultou o lançamento, em 2002, da variedade IAC 86-2480, com hábito de crescimento ereto,<br />
bainha aderida fracamente ao colmo (facilitando a desfolha natural), e uma boa relação entre o<br />
teor de fibra e a quantidade de açúcar.<br />
Este último aspecto resultou em um aumento de 17% no ganho de peso, em comparação com<br />
a variedade industrial RB 72-454 (Rodrigues et al., 2002 citado por Landell et al., 2002). O<br />
plantio é feito em sulcos de 30 cm de profundidade e espaçamento de 1,20 metro, onde são<br />
deitados toletes do colmo de cana, com três a quatro gemas. Para o plantio de 1 hectare são<br />
necessários de 8 a 12 toneladas de colmos, ou cerca de 1.000 m2 de viveiro.
Usar colmos de plantas sadias com oito a doze meses de idade.<br />
Na ausência da análise local do solo, a Embrapa Gado de Leite (2002a) sugere, para solos de<br />
mediana fertilidade, distribuir 2 t/ha de calcário, com dois meses de antecedência ao plantio, e<br />
no sulco, antes de deitar os colmos, aplicar 400 kg/ha da fórmula 05-25-20. Três meses após o<br />
plantio, aplicar em cobertura 110 kg de uréia ou 250 kg de sulfato de amônio/ha.<br />
Para garantir boa persistência do canavial, aplicar adubação de cobertura após cada corte,<br />
usando a fórmula 20-10-20, na base de 400 kg/ha, no início das chuvas. Em função do<br />
tamanho do canavial, a aplicação de esterco de curral é altamente recomendável.<br />
O plantio pode ser feito entre os meses de outubro e novembro, com produção menor, mas já<br />
disponível na próxima seca, ou entre janeiro e março, com maior produção, mas disponível<br />
apenas na seca do ano seguinte. Na fase inicial, manter o canavial limpo e com controle<br />
rigoroso no ataque de formigas.<br />
A área a ser plantada depende da produção esperada por hectare e do número de animais e<br />
dias de alimentação.<br />
O cálculo desta área é feito da seguinte forma:<br />
Supor uma produção de 120 t/ha<br />
100 animais com peso vivo médio de 300 kg<br />
150 dias de alimentação<br />
Oferta diária/animal = 18 kg (equivalente a 6% do peso vivo de cana fresca/animal/dia).<br />
Para calcular a quantidade total necessária de cana: 100 (número de animais) x 150 (número<br />
de dias) x 18 (oferta/ animal/dia) = 270.000 kg.<br />
Para calcular a área a ser plantada: 270.000 (necessidade de cana) ÷ 120.000 (produção de<br />
cana/ha) = 2,25 ha.<br />
Deve-se lembrar que a produção do primeiro ano é maior em relação às produções seguintes,<br />
por isso, sugere-se acrescentar 10% a mais de área para plantio, como margem de segurança,<br />
passando então para uma área final de 2,5 ha de cana.<br />
COLHEITA<br />
Pode ser manual ou mecânica, dependendo da quantidade a ser trabalhada diariamente. Deve<br />
ser feita quando a cana estiver madura (período da seca), quando maior será o teor de açúcar<br />
(40% - 50%, base matéria seca) e melhor o valor nutricional. Não deve ser utilizada durante a<br />
fase de crescimento (período das chuvas). Após o corte, a cana pode ser armazenada na<br />
sombra, por até três dias; entretanto, uma vez picada, precisa ser imediatamente utilizada, de<br />
forma a reduzir os efeitos negativos da fermentação sobre o seu consumo.<br />
Independente da forma de colheita, a cana deve ser cortada rente ao solo. Se for possível,<br />
devem ser retiradas as folhas secas antes do corte. As colhedeiras de forragens existentes no<br />
mercado apresentam capacidade de corte próxima de 25 t/hora, e tamanho de partícula<br />
ajustável entre 3 - 18 mm.<br />
Possíveis sobras de cana podem ser utilizadas no ano seguinte, mas isso deve ser evitado,<br />
pois compromete o manejo e a produção do canavial. O ideal seria conservar essa sobra sob a<br />
forma de silagem ou desidratação (85% a 90% de matéria seca).<br />
VALOR NUTRICIONAL
O valor nutricional da cana está diretamente correlacionado com o seu alto teor de açúcar<br />
(40%- 50% de açúcares na matéria seca), visto que seu teor de proteína é extremamente<br />
baixo. O resultado é um alimento nutricionalmente desbalanceado, e quando oferecido como<br />
único componente da dieta, o consumo é baixo e não é capaz de atender nem mesmo as<br />
necessidades de mantença do animal. Portanto, se o objetivo for alcançar mantença ou ganhos<br />
de peso, a cana-de-açúcar, necessariamente, precisa ser suplementada.<br />
Para se atender a situação de mantença ou ganho pouco acima da mantença, a opção mais<br />
simples e barata é usar o nitrogênio não protéico (uréia + sulfato de amônio). Este suplemento<br />
vai atender diretamente as exigências nutricionais dos microorganismos do rúmen, resultando<br />
em melhor consumo e utilização de nutrientes. Já para alcançar ganhos de peso, é necessário<br />
atender também as exigências nutricionais do animal, por meio de outros suplementos, tais<br />
como farelos, grãos, rações etc. O resultado seriam ganhos entre 400 e 700 g/dia para bovinos<br />
em crescimento.<br />
Em função do seu alto teor de carboidratos solúveis, a cana é classificada como um volumoso<br />
de média qualidade (valor médio de 58,9% de nutrientes digestíveis totais - NDT), mas com<br />
baixos teores de proteína bruta (valor médio de 3,8%) e fósforo (valor médio de 0,06%).<br />
SUPLEMENTAÇÃO DA <strong>CANA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>AÇÚCAR</strong><br />
A cana pode suportar diferentes níveis de desempenho animal, dependendo da forma em que<br />
for suplementada. O primeiro nutriente a ser corrigido é o nitrogênio, por ser um elemento<br />
essencial para o uso do alto potencial energético da cana. A forma mais simples e barata de<br />
atender essa exigência é com a uréia mais uma fonte de enxofre.<br />
Ao alcançar o rúmen, a uréia libera amônia, que, combinada com os produtos da digestão do<br />
açúcar (os ácidos graxos voláteis), irão formar a proteína microbiana. Este tipo de<br />
suplementação é conhecido como Sistema Cana + Uréia, que, segundo a Embrapa Gado de<br />
Leite (2002b), consiste do seguinte:<br />
Preparar uma mistura de 8,5 partes de uréia + 1,5 parte de sulfato de amônio (fonte de<br />
enxofre), guardando-a logo em seguida, nos próprios sacos da uréia (amarrar bem a boca do<br />
saco, pois a uréia absorve muita umidade e endurece) e estocar até o seu uso.<br />
Para os primeiros 10 dias de alimentação, aplicar com um regador 500 g desta mistura,<br />
dissolvida em 4 litros de água, para cada 100 kg de cana fresca triturada. Oferecer em seguida<br />
aos animais, que devem ter livre acesso à mistura mineral e água.<br />
Do décimo primeiro dia em diante, usar 1 kg da mistura para cada 100 kg de cana fresca<br />
triturada. Esta dieta fornecerá nutrientes ao animal para atender as necessidades de mantença<br />
ou um pouco acima (até 200 g/animal/dia), dependendo da variedade de cana utilizada e idade<br />
da planta ao corte.<br />
Para ganhos maiores (0,4- 0,7 kg/dia), é necessário fornecer nutrientes adicionais a uma dieta<br />
de cana tratada com uréia, em uma quantidade variando de 15% - 25% do consumo total de<br />
matéria seca, como mostrado na Tabela 1.<br />
Tabela 1. Efeito do uso de suplementos para bovinos recebendo dietas<br />
à base de cana + uréia, no consumo de matéria seca e ganho de peso diário<br />
Suplemento<br />
ganho<br />
(kg/ani/dia)<br />
consumo<br />
cana<br />
(% PV 1 )<br />
fornecimento<br />
(kg/dia)
Farelo de arroz 1,0 2,20 0,721<br />
Farelo de<br />
algodão<br />
0,6 1,92 0,500<br />
Milho triturado 1,0 2,18 0,462<br />
Sorgo<br />
triturado<br />
Sem<br />
suplemento<br />
1,0 - 0,372<br />
0,0 1,84 0,131<br />
Em rações para animais em engorda confinados, a substituição da silagem de milho ou sorgo<br />
pela cana, como forma de reduzir custos com alimentação, fatalmente vai resultar em redução<br />
no desempenho animal, aumentando o custo da arroba ganha no confinamento. Isto foi<br />
observado por Duarte et al. (1996), em uma situação em que novilhos cruzados em<br />
confinamento receberam à vontade silagem de milho, silagem de sorgo ou cana-de-açúcar,<br />
mais 2 kg/ animal/dia de uma ração concentrada.<br />
Os animais apresentaram os seguintes ganhos de peso vivo (kg/animal/dia):<br />
Silagem de milho = 1,199 kg<br />
Silagem de sorgo = 1,185 kg<br />
Cana-de-açúcar = 0,642 kg<br />
Este menor desempenho da cana resultou em um custo de US$ 40,00 por arroba ganha no<br />
confinamento, superior ao custo obtido com a silagem de milho (US$ 22,00) ou sorgo (US$<br />
34,00), embora o custo/tonelada desses volumosos tenha sido menor para a cana (US$ 11,00)<br />
em comparação às silagens de milho (US$ 19,00) ou sorgo (US$ 28,00).<br />
Apesar desses resultados, a cana pode ser uma opção de volumoso na engorda de animais<br />
zebu, que iniciam a engorda com idade acima de 30 meses, ou em situações de fontes de<br />
ingredientes para concentrados mais baratas (por exemplo levedura em usinas de álcool).<br />
<strong>CANA</strong> HIDROLISADA<br />
É o resultado de um tratamento químico da cana in natura, com soda cáustica (2 a 4 g de<br />
hidróxido de sódio por quilo de matéria seca de cana triturada). Na prática, tem-se usado 20 kg<br />
de uma solução de 50% de soda cáustica por tonelada de matéria fresca de cana triturada (No<br />
Paraná...1998).<br />
A aplicação é feita usando-se um bico pulverizador instalado no tubo de descarga de uma<br />
colhedeira de forragem. Cuidados especiais devem ser tomados com a soda cáustica, por ser<br />
um produto altamente corrosivo. Este tratamento pode aumentar a digestibilidade e o consumo<br />
da cana. O fator custo, bem como as características corrosivas da soda cáustica, limitam<br />
seriamente o uso deste tratamento na propriedade rural.<br />
SACCHARINA
É um produto, desenvolvido em Cuba, resultante da fermentação aeróbica (fermentação ao ar<br />
livre) da cana-deaçúcar com uréia. Sua maior vantagem em relação ao sistema cana + uréia,<br />
seria um maior teor de proteína verdadeira, pela fermentação do açúcar, existente na cana,<br />
com a amônia proveniente da uréia, e realizada por leveduras e bactérias.<br />
Segundo dados da literatura, após o período de fermentação a cana passa a apresentar um<br />
teor de proteína bruta entre 11% e 16%, sendo que desta, cerca de 8,9% a 13,9%,<br />
respectivamente, é proteína verdadeira (Demarchi, 2001). Entretanto, parece que isto não<br />
ocorre plenamente (Zanetti et al., 1993). O processo consiste no seguinte: a cana picada é<br />
distribuída em um piso revestido (camadas de 5 a 10 cm), coberto, mas bem ventilado.<br />
Para cada tonelada de cana picada, aplicar cuidadosamente 17 kg da seguinte mistura: 15 kg<br />
de uréia + 5 kg de uma mistura mineral + 2 kg de sulfato de amônio. Essa mistura deve ser a<br />
mais uniforme possível, e logo após a mesma, manter a cana tratada em uma camada mais<br />
espessa, entre 20 e 25 cm, a fim de assegurar condições de umidade necessária para a<br />
fermentação.<br />
Esta fermentação deve durar entre 24 até um máximo de 48 horas, podendo então a cana<br />
tratada ser fornecida para os animais. Um outra opção seria secar (máximo de 10% a 15% de<br />
umidade) e estocar para posterior uso (conserva-se bem por períodos de até seis meses).<br />
SILAGEM <strong>DE</strong> <strong>CANA</strong><br />
A alta produtividade da cana e a coincidência do seu ponto de amadurecimento (maiores<br />
teores de açúcar na MS) com a época de menor produtividade das pastagens, fazem com que<br />
a mesma seja uma boa opção de forragem in natura para uso na seca. Entretanto, fatores<br />
como excesso de produção ou disponibilidade de mão-de-obra e máquinas para o seu corte<br />
diário, podem favorecer uma decisão pela sua ensilagem, apesar da menor digestibilidade e<br />
consumo da cana ensilada, quando comparada com a cana in natura.<br />
Para ensilar a cana com sucesso, é importante observar a época do corte (deveria ser durante<br />
a seca, quando a cana está com altos teores de açúcar e matéria seca ao redor de 30%), a<br />
eficiência de corte da cana pelas máquinas (tamanho de partículas entre 2 e 5 cm), boa<br />
compactação no silo (de preferência usando trator) e fechamento do mesmo em três dias no<br />
máximo, usando-se lona plástica, garantindo com isto, uma total expulsão do ar (fermentação<br />
anaeróbica).<br />
Apesar de todo este cuidado, a composição da cana vai favorecer uma elevada produção de<br />
ácido acético e álcool (ação de leveduras), prejudicando o seu consumo. O ideal é se houvesse<br />
uma maior produção de ácido lático. O uso de aditivos biológicos não tem mostrado resultados<br />
consistentes, entretanto, a adição de uréia (0,5% da matéria original) juntamente com o rolão<br />
de milho (10% a 12% da matéria original) tem contribuído para melhorar consumo.<br />
BAGAÇO <strong>DE</strong> <strong>CANA</strong><br />
O bagaço é o principal resíduo da indústria da cana e representa aproximadamente 30% da<br />
cana integral moída. É um produto de baixo valor nutricional e qualquer tentativa do seu uso na<br />
alimentação animal deve estar associado a algum tipo de tratamento físico (pressão e vapor)<br />
ou químico (amônia, soda cáustica).<br />
O teor de proteína na matéria seca, fica entre 1% e 2%, sendo que 90% do nitrogênio pode<br />
estar indisponível associado com a fibra, e o teor de fibra ácida entre 58% e 62%. Isto resulta<br />
em digestibilidades baixas (25% a 30%), tornando-o um alimento, in natura, de valor nutricional<br />
desprezível.
O uso acima de 20% de bagaço em rações requer um tratamento, e o físico é o que tem maior<br />
possibilidade de êxito. Isto limita o seu uso ao local de sua produção ou em propriedades bem<br />
próximas ao mesmo.<br />
CONCLUSÃO<br />
A cana-de-açúcar apresenta grande potencial forrageiro por duas razões principais: alta<br />
produção de massa e manutenção da qualidade durante a seca. Apresenta limitações<br />
nutricionais.<br />
Dietas exclusivas de cana + uréia + minerais, resultam em mantença do peso vivo. O uso de<br />
suplementos protéicos/energéticos perfazendo 15% a 25% do consumo total de matéria seca,<br />
pode resultar em ganhos da ordem de 400 - 700 g/animal/dia.<br />
A cana pode ser ensilada, mas este processo reduz o seu consumo. O uso de aditivos pode<br />
melhorar o consumo. O bagaço de cana pode apresentar algum potencial forrageiro após<br />
tratamento, entretanto, o custo do mesmo é um fator limitante.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BOIN, C.; TE<strong>DE</strong>SCHI, L. O. Cana-de-açúcar na alimentação de gado de corte. In: SIMPÓSIO SOBRE<br />
NUTRIÇÃO <strong>DE</strong> BOVINOS, 5., 1993, Piracicaba. Anais...Piracicaba: FEALQ, 1993. p. 107-126.<br />
<strong>DE</strong>MARCHI, J. J. A. de A. A conservação da cana-deaçúcar na forma de sacharina. Disponível em:<br />
. Acesso em: 9 abr. 2001.<br />
DUARTE, J. O.; MONTEIRO, J. A.; MIRANDA, J. E. C.; VIANA, A. C. Resultados financeiros de<br />
confinamento de bovinos alimentados com silagens de milho e sorgo e capim. In: CONGRESSO<br />
NACIONAL <strong>DE</strong> MILHO E SORGO, 21., 1996, Londrina. Resumos... Londrina: ABMS, 1996. p. 334.<br />
EMBRAPA GADO <strong>DE</strong> LEITE. A formação do canavial exige cuidados. Juiz de Fora, 2002a. Disponível<br />
em: . Acesso em: 22 nov. 2002.<br />
EMBRAPA GADO <strong>DE</strong> LEITE. Cana com uréia. Alternativa para enfrentar o período seco. Juiz de Fora,<br />
2002b. Disponível em: Acesso em: 22 nov. 2002.<br />
LAN<strong>DE</strong>LL, M. G. A.; CAMPANA, M. P.; RODRIGUES, A. A.; CRUZ, G. M.; ROSSETO, R.; FIGUEIREDO,<br />
P. A variedade IAC 86-2480 como nova opção de cana-deaçúcar para fins forrageiros: manejo da<br />
produção e uso na alimentação animal. Campinas: IAC, 2002. 36p. (Boletim Técnico IAC 193 Série<br />
Tecnologia APTA).<br />
NO PARANÁ, volumoso para superprecoces. DBO Rural, v. 17, n. 217, p. 64-66, 68, nov. 1998.<br />
ZANETTI, M. A.; VELLOSO, L.; MELLOTI, L.; RUIZ, R. L.; CARRER, C. da C. Digestibilidade aparente e<br />
balanço de nitrogênio em ovinos consumindo saccharina. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.<br />
28, n. 12, p. 1431- 1435, 1993.<br />
Fonte: www.cnpgc.embrapa.br
CanadeAçúcar<br />
1. Introdução<br />
O ciclo da cana-de-açúcar foi a primeira atividade economicamente organizada do Brasil.<br />
A partir da fundação do primeiro engenho de cana-de-açúcar pelo Sr Martins Afonso de<br />
Souza, em 1532, e por mais de dois séculos o açúcar foi o principal produto brasileiro,<br />
convivendo, contribuindo e, às vezes, resistindo às mudanças sócio-politico-culturais deste<br />
período.<br />
Este estudo visa resgatar o período de reinado do açúcar, enquanto “embaixador” do Brasil,<br />
colônia portuguesa recém descoberta e sem maior expressividade ou mesmo importância<br />
econômica, na Europa dos séculos XVI a XIX.<br />
Serão enfocados, neste trabalho, características como motivo, facilitadores, dificultadores,<br />
pressões, conflitos e conseqüências decorrentes do ciclo da cana-de-açúcar.<br />
A necessidade de colonizar a terra para defendê-la e explorar suas riquezas fizeram com que o<br />
Governo de Portugal instalasse engenhos produtores de açúcar no nosso litoral, essa cultura<br />
foi escolhida por se tratar de um produto de alto valor no comércio europeu e por seu consumo<br />
crescente na Europa.<br />
Logo, após as dificuldades de sua implantação - a falta de dinheiro para montar a moenda,<br />
comprar escravos, refinar o açúcar e sobretudo transportá-lo nos mercados consumidores da<br />
Europa - o açúcar tornou-se o principal produto brasileiro e foi a base de sustentação da<br />
economia e da colonização do Brasil durante os século XVI e XVII.<br />
Já no século XVIII o surgimento do açúcar de beterraba e a formação dos conhecimentos e<br />
técnicas para construção de uma indústria açucareira por parte dos holandeses fizeram com<br />
que nosso principal produto entrasse em decadência e perdesse mercado consumidor na<br />
Europa. Assim, acabaria o monopólio do açúcar e alteraria o quadro político-econômico da<br />
época em nosso país.<br />
2. Surgimento da Economia Açucareira<br />
No início da colonização Brasileira o governo metropolitano resolveu estimular alguns<br />
portugueses a instalarem engenhos para produzirem açúcar no litoral do Brasil. Era preciso
efetivar a aposse da terra para defendê-la e também explorá-la em suas riquezas. Optou-se<br />
pela cana de açúcar por se tratar de uma cultura rápida, chegando ao corte a partir do segundo<br />
ano e também devido ao tipo de solo existente, o massapé excelente para o plantio de cana.<br />
Além disso o Nordeste, por sua localização estratégica, permitia fácil escoamento do açúcar<br />
produzido estando mais próximo dos mercados consumidores. Outro fator que contribuiu na<br />
decisão de cultivar a cana, foi o preço do açúcar alcançado no comércio europeu.<br />
O consumo do açúcar , em ascendência na Europa, logo seria o principal produto Brasileiro -<br />
séculos XVI e XVII - tornando o açúcar a base de sustentação da economia e da colonização<br />
do Brasil durante estes períodos.<br />
A utilização do açúcar como adoçante, em substituição ao mel, causou na Europa do século<br />
XVI uma revolução comportamental e comercial uma vez que o produto era usado<br />
anteriormente apenas como remédio. Esse Fato destacou o Brasil, como grande produtor de<br />
açúcar, no mercado europeu.<br />
A cultura da cana de açúcar propiciava aos donatários de terras da ocupação das mesmas pois<br />
povoados se formavam em torno dos engenhos. O primeiro engenho foi instalado por Martins<br />
Afonso de Souza, em 1532.<br />
Foram grandes as dificuldade encontradas para desenvolver o ciclo do açúcar, tais como:<br />
dinheiro para montar as moendas, comprar escravos, transportar os colonos brancos, comprar<br />
navios para transportar os equipamentos e sustentar os trabalhadores até que a produção do<br />
açúcar desse lucro, além da preocupação com o refino e comercialização do produto.<br />
Os holandeses surgem, então, como financiadores, transportadores e negociadores do nosso<br />
açúcar no mercado consumidor europeu. Podemos dizer que foram os holandeses o maiores<br />
beneficiados de forma lucrativa com o nosso açúcar.<br />
A produção do açúcar no brasil se tornou motivo de grandes invasões, como as holandesas<br />
ocorrida em Pernambuco, maior produtor de açúcar. Estas invasões resultaram em grande<br />
perda de engenhos, muitos destruídos, causando um retrocesso na economia, que logo se<br />
recuperou pois o declínio da mineração, no final do de século XVII, permitiu um novo<br />
florescimento da economia açucareira, não só em Pernambuco, e na Bahia onde era<br />
tradicional, mas também na região de Campos e em algumas zonas de São Paulo. Essa<br />
economia teve como classe dominante os grandes proprietários senhores de engenho, que<br />
eram também os donos de escravos (classe dominada) e os donos do poder.<br />
3. Desenvolvimento da Economia Açucareira<br />
Os centros urbanos que se desenvolveram em áreas especializadas na cultura da cana e no<br />
fabrico do açúcar foram, no Brasil, os pontos que se tornaram os mais desenvolvidos em<br />
valores da nossa cultura moral, intelectual, religiosa, científica e artística.<br />
Em 1560, Portugal ganhava ascendência no comércio europeu, com o açúcar fabricado no<br />
Brasil. Com o êxito do açúcar no comércio, o governo português incentivou a expansão das<br />
fábricas em sua colônia tropical americana. Com isso Portugal estava, com estímulos oficiais,<br />
desenvolvendo a economia brasileira. Lavoura extensivas de cana-de-açúcar surgiram para<br />
alimentar os engenhos. Estes por sua vez eram instalados à beira-mar ou nas proximidades<br />
dos rios por necessidade não só de seu funcionamento como também pela questão de<br />
transporte do produto. Ao lado do canavial, nascia a agricultura de subsistência, para atender a<br />
crescente necessidade de alimentos para a casa grande, a senzala e a pequena parcela de<br />
assalariados livres. A propriedade rural, verdadeiro feudo, era, então, assim formada:<br />
A casa-grande onde vivia o senhor com sua família, exercendo grande autoridade sobre todos.<br />
Era um verdadeiro patriarca.
A senzala era uma grande construção onde os negros escravos viviam miseravelmente,<br />
tratados como animais e sujeitos a toda a sorte de violência e castigos.<br />
A capela onde se realizavam as cerimônias religiosas. Além, de centro religioso, a capela era<br />
um centro social, pois nela se reuniam todos os homens livres do engenho e das proximidades.<br />
E a moenda, onde a cana-de-açúcar era moída. O caldo corria da moenda para os tachos por<br />
meio de calhas. Dos tachos, o caldo era retirado em vasilhas de cobre e levado para a caldeira,<br />
onde era fervido e mexido pelos escravos, que tiravam as impurezas e a espuma.<br />
O rápido desenvolvimento da indústria açucareira, fez com que o governo português não se<br />
limitasse só a fabrica de moenda e engenho de água, mais numa busca rápida desta lavoura,<br />
graças à uma abundante mão-de-obra indígena existente já nas colônias deste século ligada a<br />
essa atividade. O começo da colonização se deu em pequenas comunidades que teve<br />
importante papel na especialização de mão-de-obra dos escravos. Logo depois veio a mão-deobra<br />
dos escravos africano, que chegou para a expansão da empresa, quando os lucros já se<br />
encontravam assegurados. Era um sistema de produção rentável e capitalizado.<br />
Durante o ciclo do açúcar ocorreu a ocupação Holandesa no Brasil. Desde o início do ciclo do<br />
açúcar, notava-se o interesse comum entre portugueses e flamengos. Logo após a ocupação<br />
holandesa em 1580, os flamengos começaram a trabalhar em Pernambuco registrando-se uma<br />
exportação de 512.273 arrobas de açúcar branco, mascavo e “de panela”. Foram também os<br />
Holandeses que trouxeram as moedas metálicas para o Brasil.<br />
Durante o domínio holandês foi estimulada a imigração, para Pernambuco e capitanias<br />
vizinhas, de europeus qualificados como senhores de engenho ou agricultores, entre eles<br />
muitos judeus ricos, oriundos da Holanda, da Alemanha, da Hungria e da Polônia, os quais<br />
também adquiriram seus engenhos.<br />
Quando Portugal conseguiu finalmente expulsar os flamengos, que haviam passado a dominar<br />
o processo de fabricação do açúcar, estes foram para as Antilhas e lá desenvolveram a<br />
produção do açúcar. Assim, Brasil e Antilhas assumiram, durante os séculos XVII e XVIII, o<br />
papel de abastecedores de açúcar para o mercado europeu.<br />
4. Desarticulação da Economia Açucareira<br />
Quando Portugal foi absorvido pela Espanha modificou-se profundamente o quadro políticoeconômico<br />
do Brasil, surgindo o interesse da Holanda em controlar o comércio do açúcar.<br />
Desse interesse surge uma guerra sem quartel contra a Espanha. Como efeito dessa guerra<br />
temos o controle, por parte dos holandeses, do transporte e comercialização de açúcar na<br />
Europa do século XVII.<br />
Do século XVIII ao XIX o açúcar continuou a ter importância na economia do nosso país,<br />
embora o café viesse a se tornar o principal produto brasileiro. Mas pouco a pouco o açúcar<br />
perdeu mercado e foi deixando de ser a base de sustentação da nossa economia.<br />
Outros acontecimentos que prejudicaram o açúcar brasileiro foram o Bloqueio de Napoleão<br />
Bonaparte contra os navios ingleses transportadores de açúcar do nosso continente para o<br />
mercado consumidor europeu e o aparecimento do açúcar de beterraba, o chamado “açúcar<br />
alemão”. Esse novo produto foi utilizado pelos países consumidores como um produto<br />
substituto ao açúcar da cana, ocorrendo o agravamento da crise do nosso açúcar e os maus<br />
efeitos decorrentes da monocultura latifundiária em nossa economia.<br />
Com todos esses problemas e com o descaso do Governo de Portugal em relação a sua<br />
colônia ocorreu a desarticulação da economia açucareira no Brasil, isso tendo como forte<br />
aliado: o preconceito em relação ao clima e a relação de inferioridade do nosso povo. Em<br />
suma, alimentávamos, em relação a nós próprios, praticamente todos os preconceitos e
aprendemos a valorizar e admirar o alheio, o que é estrangeiro, e menosprezar o que é nosso,<br />
chegando a ter vergonha de nós mesmos.<br />
5. Encerramento da Economia Açucareira<br />
A guerra realizada pela Holanda contra a Espanha modificou a nossa colonização, os grandes<br />
beneficiados foram os holandeses que passaram a ter praticamente todo o comércio dos<br />
países europeus realizado por mar, pois, era o meio de transporte mais rápido e importante da<br />
época. Sendo que, no Brasil, os batavos detiveram o controle da produção do açúcar, sendo<br />
um grande modificador para nossa economia.<br />
Os holandeses, enquanto estiveram no Brasil, adquiriram todo o conhecimento de técnicas e<br />
organizações da indústria açucareira, pois, era isso o que eles precisavam para implantarem<br />
uma nova base industrial. A partir desse momento, estaria perdido o monopólio e alterado os<br />
dois grupos representativos da época, os portugueses produtores e os holandeses<br />
financiadores.<br />
Assim, a partir de meados do século XVIII e durante todo o século XIX, o preço do açúcar<br />
permaneceu reduzido à metade. Sem recursos próprios para conter a desvalorização do<br />
açúcar o Governo de Portugal e os produtores portugueses mudam atenção para o café, no<br />
século XIX.<br />
Dessa forma houve no próprio funcionamento do ciclo do açúcar, elementos negativos que<br />
impediram sua viabilidade ao progresso. Ocorrendo, então, o encerramento do monopólio da<br />
economia açucareira que manteve sua importância, porém deixou de ser o principal produto e<br />
a base de sustentação da economia brasileira.<br />
A essa altura já se ia encerrando o ciclo do açúcar tendo como conseqüência o êxodo da<br />
população para a região de mineração no interior do Brasil.<br />
6. Conclusão<br />
A cultura do açúcar surgiu, no Brasil, pela necessidade de colonizar a terra, para defendê-la e<br />
para explorar suas riquezas.<br />
A importância dessa cultura pode ser exemplificada pelo interesse dos holandeses, que<br />
atravessaram mares para invadir Pernambuco, à época maior produtor de açúcar. Mesmo<br />
quando expulsos, os holandeses não abandoaram a produção de açúcar. Optaram pela<br />
transferência do know how do cultivo da cana e refino do produto para as Antilhas que, ao lado<br />
do Brasil, dominaram o comércio de açúcar na Europa nos séculos XVII e XVIII.<br />
Embora essa cultura tenha sido responsável pela base de sustentação da economia e da<br />
colonização do nosso país durante os século XVI e XVII, o governo português não assegurou à<br />
sua colônia condições para manutenção do monopólio sobre seu domínio, que primeiro passa<br />
aos holandeses e posteriormente é compartilhado com os mesmos.<br />
Também contribui para o declínio do produto a perda de importância do mesmo no mercado<br />
europeu em decorrência ao surgimento do açúcar de beterraba.<br />
Assim, no século XIX, o açúcar deixa de ser principal produto nacional papel que passa, então,<br />
a ser exercido pelo café.<br />
7. Bibliografias
Enciclopédia Mirador Internacional<br />
Vol. 2 – Rio de Janeiro-São Paulo – 1976<br />
Enciclopédia Britânica do Brasil Publicações Ltda.<br />
Ø Enciclopédia Barsa<br />
Vol. 2 – Rio de Janeiro-São Paulo – 1989<br />
Enciclopédia Britânica Consultoria Editorial Ltda.<br />
Ø O Desenvolvimento Econômico Brasileiro<br />
Argemiro J. Brum<br />
11ª Edição – Rio de Janeiro – 1991<br />
Editora Vozes Ltda.<br />
Ø História do Brasil<br />
Francisco de Assis Silva<br />
Vol. 1 – 2ª Edição - São Paulo – 1991<br />
Editora Moderna Ltda.<br />
Ø História Econômica do Brasil – Pesquisas e Análises<br />
Mircea Buescu<br />
Rio de Janeiro – 1970<br />
APEC Editora S.A.<br />
Ø Formação Econômica do Brasil<br />
Celso Furtato<br />
Vol. 23 – 2ª Série - São Paulo – 1971<br />
Campanha Editora Nacional.<br />
http://www.unip-objetivo.br/multimidia/histo52/h525_1.htm<br />
http://www.unip-objetivo.br/multimidia/histo52/h526_1.htm<br />
Fonte: apostilas.netsaber.com.br<br />
CanadeAçúcar<br />
A cana-de-açúcar é, talvez, o único produto de origem agrícola destinado à alimentação que<br />
ao longo dos séculos foi alvo de disputas e conquistas, mobilizando homens e nações. A planta<br />
que dá origem ao produto encontrou lugar ideal no Brasil. Durante o Império, o país dependeu<br />
basicamente do cultivo da cana e da exportação do açúcar. Calcula-se que naquele período da<br />
história, a exportação do açúcar rendeu ao Brasil cinco vezes mais que as divisas<br />
proporcionadas por todos os outros produtos agrícolas destinados ao mercado externo.<br />
ANTIGUIDA<strong>DE</strong><br />
Foi na Nova Guiné que o homem teve o primeiro contato com a cana-de-açúcar. De lá, a<br />
planta foi para a Índia. No "Atharvaveda", o livro dos Vedas, há um trecho curioso: "Esta planta<br />
brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura....
.Eu te enlaço com uma grinalda de cana-de-açúcar, para que me não sejas esquiva, para que<br />
te enamores de mim, para que não me sejas infiel". A palavra "açúcar" é derivado de "shakkar"<br />
ou açúcar em sânscrito, antiga língua da Índia.<br />
<strong>DE</strong>SCOBERTA DO OCI<strong>DE</strong>NTE<br />
Desconhecida no Ocidente, a cana-de-açúcar foi observada por alguns generais de<br />
Alexandre, o Grande, em 327 a.C e mais tarde, no século XI, durante as Cruzadas. Os árabes<br />
introduziram seu cultivo no Egito no século X e pelo Mar Mediterrâneo, em Chipre, na Sicília e<br />
na Espanha. Credita-se aos egípcios o desenvolvimento do processo de clarificação do caldo<br />
da cana e um açúcar de alta qualidade para a época.<br />
O açúcar era consumido por reis e nobres na Europa, que a adquiriam de mercadores<br />
monopolistas, que mantinham relações comerciais com o Oriente, a fonte de abastecimento do<br />
produto. Por ser fonte de energia para o organismo, os médicos forneciam açúcar em grãos<br />
para a recuperação ou alívio dos moribundos. No início do século XIV, há registros de<br />
comercialização de açúcar por quantias que hoje seriam equivalentes R$ 200,00/kg. Por isso,<br />
quantidades de açúcar eram registradas em testamento por reis e nobres.<br />
NO RENASCIMENTO<br />
A Europa rumava para uma nova fase histórica, o Renascimento, com a ascensão do<br />
comércio, entre outras atividades. O comércio era feito por vias marítimas, pois os senhores<br />
feudais cobravam altos tributos pelos comboios que passavam pelas suas terras ou,<br />
simplesmente, incentivavam o saque de mercadorias. Portugal, por sua posição geográfica, era<br />
passagem obrigatória para as naus carregadas de mercadorias. Isso estimulou a introdução da<br />
cana-de-açúcar na Ilha da Madeira (Portugal), que foi o laboratório para a cultura de cana e de<br />
produção de açúcar que mais tarde se expandiria com a descoberta da América.<br />
CHEGADA AO BRASIL<br />
Cristóvão Colombo, genro de um grande produtor de açúcar na Ilha Madeira, introduziu o<br />
plantio da cana na América, em sua segunda viagem ao continente, em 1493, onde hoje é a<br />
República Dominicana. Quando os espanhóis descobriram o ouro e a prata das civilizações<br />
Azetca e Inca, no início do século XVI, o cultivo da cana e a produção de açúcar foram<br />
esquecidos.<br />
Oficialmente, foi Martim Affonso de Souza que em 1532 trouxe a primeira muda de cana ao<br />
Brasil e iniciou seu cultivo na Capitania de São Vicente. Lá, ele próprio construiu o primeiro<br />
engenho de açúcar. Mas foi no Nordeste, principalmente nas Capitanias de Pernambuco e da<br />
Bahia, que os engenhos de açúcar se multiplicaram.<br />
MONOPÓLIO BRASILEIRO<br />
Depois de várias dificuldades, após 50 anos, o Brasil passou a monopolizar a produção<br />
mundial açúcar. Portugal e Holanda, que comercializavam o produto, tinham uma elevada<br />
lucratividade. A Europa enriquecida pelo ouro e prata do Novo Mundo passou a ser grande<br />
consumidora de açúcar. As regiões produtoras, especialmente as cidades de Salvador e Olinda<br />
prosperaram rapidamente. As refinarias se multiplicavam na Europa, a ponto de Portugal<br />
proibir novas centrais de refino em 1559 devido ao grande consumo de lenha e insumos para a<br />
clarificação do caldo (clara de ovos, sangue de boi, ossos e gordura de galinha).<br />
No ano de 1578 Portugal foi anexado pela Espanha. O rei espanhol, Felipe II, católico<br />
fervoroso, se opunha duramente à Holanda e Inglaterra, países protestantes. O comércio da
Holanda entrou em colapso e em 1630 os holandeses invadiram o Brasil permanecendo em<br />
Pernambuco até 1654, quando foram expulsos. Para diminuir a dependência do açúcar<br />
brasileiro, os holandeses iniciaram a produção açucareira no Caribe e mais tarde os próprios<br />
ingleses e franceses fizeram o mesmo em suas colônias, acabando com o monopólio do<br />
açúcar brasileiro.<br />
A descoberta do ouro no final do século XVII nas Minas Gerais retirou do açúcar o primeiro<br />
lugar na geração de riquezas, cuja produção se retraiu até o final do século XIX. Mesmo assim,<br />
no período do Brasil Império de (1500-1822) a renda obtida pelo comércio do açúcar atingiu<br />
quase duas vezes à do ouro e quase cinco vezes à de todos os outros produtos agrícolas<br />
juntos, tais como café, algodão, madeiras, etc.<br />
AUMENTA A CONCORRÊNCIA<br />
A partir do início do século XVIII a produção nas ilhas do Caribe e nas Antilhas cresceu e o<br />
Brasil perdeu posições na produção mundial de açúcar. Inglaterra e França disputavam em<br />
suas colônias os primeiros lugares na produção. A Inglaterra já era uma grande potência naval.<br />
Os holandeses perderam pontos estratégicos no comércio de açúcar. O Haiti, colônia francesa<br />
no Caribe, era o maior produtor mundial.<br />
As 13 colônias americanas, que mais tarde deram origem aos EUA, lutavam com dificuldade,<br />
apesar de um comércio crescente com as colônias produtoras de açúcar no Caribe e nas<br />
Antilhas. Em contrapartida compravam melaço, matéria-prima para o rum, que forneciam à<br />
marinha inglesa. Esse comércio era ignorado pelos ingleses e concorreu para o fortalecimento<br />
econômico das colônias americanas. Estes fatores foram decisivos não só para a<br />
independência das 13 colônias, mas também para o surgimento da grande nação da América<br />
do Norte.<br />
Os ingleses tomaram Cuba dos espanhóis em 1760, dobraram o número de escravos e fizeram<br />
da ilha um dos maiores produtores mundiais de açúcar. Em 1791, uma revolução de escravos<br />
no Haiti aniquilou completamente sua produção de açúcar e os franceses expulsos foram para<br />
a Louisiana, dando início à indústria açucareira norte-americana. O Brasil não estava no centro<br />
dos acontecimentos mas continuava entre os cinco maiores produtores.<br />
<strong>AÇÚCAR</strong> <strong>DE</strong> BETERRABA<br />
No início do século XIX, Napoleão dominava a Europa. Seus inimigos, os ingleses,<br />
promoveram o bloqueio continental em 1806, graças ao seu maior poder naval. Impedido de<br />
receber o açúcar de suas colônias ou de outros lugares além-mar, Napoleão incentivou a<br />
produção de açúcar a partir da beterraba, graças à técnica desenvolvida por Andrés Marggraf,<br />
químico prussiano, em 1747.<br />
Assim, finalmente, a Europa não dependeria mais da importação de açúcar de outros<br />
continentes. Por outro lado, em plena revolução industrial, o uso de novas máquinas, técnicas<br />
e equipamentos possibilitaram às novas indústrias tanto de beterraba, como de cana, um novo<br />
patamar tecnológico de produção e eficiência, impossível de ser atingido pelos engenhos<br />
tradicionais.<br />
Aliado a esses fatores, o fim da escravatura sepultava definitivamente o modelo de produção<br />
de quatro séculos. Enquanto as modernas fábricas se multiplicavam e novas regiões<br />
produtoras surgiam, como a África do Sul, Ilhas Maurício e Reunião, Austrália e em colônias<br />
inglesas, francesas ou holandesas, no Brasil os engenhos tradicionais persistiam, ainda que<br />
agonizantes. Somente na metade do século XIX é que medidas para reverter essa situação<br />
começaram a ser tomadas.
NOVAS TECNOLOGIAS<br />
O imperador do Brasil, D. Pedro II, era um entusiasta das novas tecnologias e em 1857 foi<br />
elaborado um programa de modernização da produção de açúcar. Assim surgiram os<br />
Engenhos Centrais, que deveriam somente moer a cana e processar o açúcar, ficando o cultivo<br />
por conta dos fornecedores. Nessa época, Cuba liderava a produção mundial de açúcar de<br />
cana com 25% do total e o açúcar de beterraba produzido no Europa e EUA significava 36% da<br />
produção mundial. O Brasil contribuía com apenas 5% de um total de 2.640.000 toneladas em<br />
1874.<br />
Foram aprovados 87 Engenhos Centrais, mas só 12 foram implantados. O primeiro deles,<br />
Quissamã, na região de Campos, entrou em operação em 1877 e está em atividade até hoje.<br />
Mas a maioria não teve a mesma sorte. O desconhecimento dos novos equipamentos, a falta<br />
de interesse dos fornecedores, que preferiam produzir aguardente ou mesmo açúcar pelos<br />
velhos métodos, e outras dificuldades contribuíram para a derrocada dos Engenhos Centrais.<br />
Os próprios fornecedores dos equipamentos acabaram por adquiri-los e montar suas indústrias<br />
de processamento de açúcar. A maioria das novas indústrias estava no Nordeste e em São<br />
Paulo e passaram a ser chamadas de "usinas de açúcar". Apesar da novidade, o açúcar<br />
derivado da cana não fazia frente ao de beterraba (em 1900 ultrapassava mais de 50% da<br />
produção mundial).<br />
A 1ª Grande Guerra, iniciada em 1914, devastou a indústria de açúcar européia. Esse fato<br />
provocou um aumento do preço do produto no mercado mundial e incentivou a construção de<br />
novas usinas no Brasil, notadamente em São Paulo, onde muitos fazendeiros de café<br />
desejavam diversificar seu perfil de produção.<br />
IMIGRANTES ITALIANOS<br />
No final do século XIX, o Brasil vivia a euforia do café (70% da produção mundial estavam<br />
aqui). Após a abolição da escravatura, o governo brasileiro incentivou a vinda de europeus<br />
para suprir a mão-de-obra necessária às fazendas de café, no interior paulista. Os imigrantes,<br />
de maioria italiana, adquiriram terra e grande parte optou pela produção de aguardente a partir<br />
da cana. Inúmeros engenhos se concentraram nas regiões de Campinas, Itu, Moji-Guaçu e<br />
Piracicaba. Mais ao norte do estado, nas vizinhanças de Ribeirão Preto, novos engenhos<br />
também se formaram.<br />
Na virada do século, com terras menos adequadas ao café, Piracicaba, cuja região possuía<br />
três dos maiores Engenhos Centrais do estado e usinas de porte, rapidamente se tornou o<br />
maior centro produtor de açúcar de São Paulo. A partir da década de 10, impulsionados pelo<br />
crescimento da economia paulista, os engenhos de aguardente foram rapidamente se<br />
transformando em usinas de açúcar, dando origem aos grupos produtores mais tradicionais do<br />
estado na atualidade.<br />
Foi nessa época, 1910, que Pedro Morganti, os irmãos Carbone e outros pequenos refinadores<br />
formaram a Cia. União dos Refinadores, uma das primeiras refinarias de grande porte do<br />
Brasil. Em 1920, um imigrante italiano com experiência em usinas de açúcar, fundou em<br />
Piracicaba uma oficina mecânica que logo depois se transformaria na primeira fábrica de<br />
equipamentos para a produção de açúcar no Brasil. Esse pioneiro era Mario Dedini.<br />
CRIAÇÃO DO IAA<br />
Essa expansão da produção também ocorria no Nordeste, concentrada em Pernambuco e<br />
Alagoas. As usinas nordestinas eram responsáveis por toda a exportação brasileira e ainda<br />
complementavam a demanda dos estados do sul. A produção do Nordeste somada à de
Campos, no norte fluminense, e a rápida expansão das usinas paulistas acenavam para um<br />
risco eminente: a superprodução. Para controlar a produção surgiu o IAA (Instituto do Açúcar e<br />
Álcool), criado pelo governo Vargas em 1933. O IAA adotou o regime de cotas, que atribuía a<br />
cada usina uma quantidade de cana a ser moída, a produção de açúcar e também a de álcool.<br />
A aquisição de novos equipamentos ou a modificação dos existentes também precisavam de<br />
autorização do IAA.<br />
Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, com o risco representado pelos submarinos alemães à<br />
navegação na costa brasileira, as usinas paulistas reivindicaram o aumento da produção para<br />
que não houvesse o desabastecimento dos Estados do sul. A solicitação foi aceita e nos dez<br />
anos subseqüentes os paulistas multiplicaram por quase seis vezes sua produção. No início da<br />
década de 50, São Paulo ultrapassou a produção do Nordeste, quebrando uma hegemonia de<br />
mais de 400 anos.<br />
MO<strong>DE</strong>RNIZAÇÃO ACELERADA<br />
Desde a 2ª Guerra Mundial, os esforços da indústria açucareira brasileira se concentraram na<br />
multiplicação da capacidade produtiva. As constantes alterações na cotação do açúcar no<br />
mercado internacional e os equipamentos obsoletos forçaram uma mudança de atitude para a<br />
manutenção da rentabilidade. Coube à Copersucar - cooperativa formada em 1959 por mais de<br />
uma centena de produtores paulistas para a defesa de seus preços de comercialização - a<br />
iniciativa de buscar novas tecnologias para o setor. A indústria açucareira da Austrália e a<br />
África do Sul representavam o modelo de modernidade desejada. Do país africano vieram<br />
vários equipamentos modernos.<br />
Na agricultura, a busca por novas variedades de cana mais produtivas e mais resistentes às<br />
pragas e doenças, iniciada em 1926, por ocasião da infestação dos canaviais pelo mosaico, foi<br />
também intensificada e teve início o controle biológico de pragas. Entidades como Copersucar,<br />
o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e o IAA-Planalçucar foram responsáveis por esses<br />
avanços. Esse período de renovação culminou com a elevação dos preços do açúcar no<br />
mercado internacional que atingiram a marca histórica de mais de US$ 1000.00 a tonelada.<br />
Com os recursos decorrentes desse aumento de preço foi criado pelo IAA o Funproçucar que<br />
financiou em 1973 a modernização das indústrias e a maioria das usinas foi totalmente<br />
remodelada. Esses fatos foram de importância fundamental para o próprio Brasil enfrentar as<br />
crises do petróleo que se seguiram a partir de 1973, através do Proálcool. Esse programa de<br />
incentivo à produção e uso do álcool como combustível em substituição à gasolina, criado em<br />
1975, alavancou o desenvolvimento de novas regiões produtoras como o Paraná, Goiás, Mato<br />
Grosso e Mato Grosso do Sul. Em menos de cinco anos a produção de pouco mais de 300<br />
milhões de litros ultrapassou a cifra de 11 bilhões de litros, caracterizando o Proálcool como o<br />
maior programa de energia renovável já estabelecido em termos mundiais, economizando mais<br />
de US$ 30 bilhões em divisas.<br />
NOVOS <strong>DE</strong>SAFIOS - No final da década de 70, apareceram os adoçantes sintéticos, com<br />
amplas campanhas publicitárias, para concorrer com o açúcar. Paralelamente nos EUA, o<br />
principal mercado consumidor de açúcar, desenvolveu-se a produção de xaropes de frutose,<br />
obtidos a partir do milho, para uso industrial, substituindo o açúcar em alimentos e<br />
refrigerantes. No início da década de 80, o xarope de frutose ocupou mais de 50% do mercado<br />
que originalmente era do açúcar. Nos dias de hoje, praticamente 70% do milho produzido nos<br />
EUA, que também é o maior produtor mundial desse cereal, é destinado à produção de xarope<br />
de frutose e álcool combustível, elevando os EUA à condição de segundo maior produtor<br />
mundial de álcool (7 bilhões de litros). Esses novos produtos, suas campanhas e o pequeno<br />
incremento na demanda mundial, derrubaram o preço do açúcar a patamares poucas vezes<br />
igualado na história recente.<br />
As usinas brasileiras se beneficiaram porque possuíam o álcool como salvaguarda. Apesar das<br />
dificuldades, da globalização, da rápida mudança de paradigmas a que está submetida, a<br />
indústria açucareira brasileira continua em expansão. Sua produção no final do milênio chegou
a 300.000.000 de toneladas de cana moída/ano em pouco mais de 300 unidades produtoras;<br />
17 milhões de toneladas de açúcar e 13 bilhões de litros de álcool. A procura por diferenciação<br />
e produtos com maior valor agregado é constante. Novos sistemas de administração e<br />
participação no mercado são rapidamente incorporados. O setor não mais se acomoda à<br />
resignação do passado e busca novas alternativas, como a co-geração de energia elétrica.<br />
Fonte: www.toneis.com.br<br />
CanadeAçúcar<br />
A Cana-de-Açúcar, nome comum de uma herbácea vivaz, planta da família das gramíneas,<br />
espécie Saccharum officinarum, originária da Ásia Meridional, é muito cultivada em países<br />
tropicais e subtropicais para obtenção do açúcar, do álcool e da aguardente, devido a sacarose<br />
contida em seu caule, formado por numerosos nós.<br />
Os colmos, caracterizados por nós bem marcados e entrenós distintos, quase sempre<br />
fistulosos, são espessos e repletos de suco açucarado. As flôres, muito pequenas, formam<br />
espigas florais, agrupadas em panículas e rodeadas por longas fibras sedosas, congregandose<br />
em enormes pendões terminais, de coloração cinzento-prateado.<br />
Existem diversas variedades cultivadas de Cana-de-Açúcar, que se distinguem pela cor e pela<br />
altura do caule, que atinge entre 3 e 6 m de altura, por 2 a 5 cm de diâmetro, sendo sua<br />
multiplicação feita, desde a antiguidade, a partir de estacas (algumas variedades não<br />
produzem sementes férteis). A Cana-de-Açúcar é cultivada, principalmente, em clima tropical<br />
onde se alternam as estações secas e úmidas. Sua floração, em geral, começa no outono e a<br />
colheita se dá na estação seca, durante um período de 3 a 6 meses.<br />
Embora se tenha ensaiado com êxito o uso de várias máquinas para cortar cana, a maior parte<br />
da colheita ainda é feita manualmente, em todo o mundo. O instrumento usado para o corte<br />
costuma ser um grande machete de aço, com lâmina de 50 cm de comprimento e cerca de 157<br />
cm de largura, um pequeno gancho na parte posterior e cabo de madeira. Na colheita, a cana<br />
é abatida cortando-se as folhas com o gancho do machete e dando-se outro corte na parte<br />
superior, à altura do último nó maduro. As hastes cortadas são empilhadas e depois recolhidas,<br />
manualmente ou com máquinas. Atadas em feixes, são levadas para as usinas, onde se<br />
trituram os caules para extração do caldo e posterior obtenção do açúcar.<br />
No Brasil, a indústria açucareira remonta a meados do século XVI. Nascia então o ciclo do<br />
açúcar, que durou 150 anos. O Brasil, embora grande produtor de açúcar desde a Colônia,
expandiu muito a cultura de Cana-de-Açúcar a partir da década de 1970, com o advento do<br />
Pro-Álcool - programa do governo que substituiu parte do consumo de gasolina por etanol,<br />
álcool obtido a partir da Cana-de-Açúcar - sendo pioneiro no uso, em larga escala, deste<br />
álcool como combustível automotivo. O Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool), lançado em<br />
14 de novembro de 1975, deveria suprir o país de um combustível alternativo e menos<br />
poluente que os derivados do petróleo, mas acabou sendo desativado.<br />
É plantada, no Sudeste do Brasil, de outubro a março e colhida de maio a outubro, e, no<br />
Nordeste, de julho a novembro e colhida de dezembro a maio. De acordo com as condições de<br />
produção, o rendimento anual é de 50 a 100 toneladas por hectare. A média brasileira é de 60<br />
toneladas por hectares e, no Estado de São Paulo, de 74 toneladas por hectares (1983), com<br />
teor de açúcar extraído de 9 a 12% e rendimento em álcool de 70 litros por tonelada.<br />
O bagaço, resíduo da cana depois da extração do suco, é aproveitado como bagaço<br />
hidrolisado, juntamente com a levedura da cana (resíduo da fermentação), em rações para a<br />
alimentação do gado confinado. A vinhaça ou vinhoto, outro resíduo, também pode ser usada<br />
como adubo, mas no Brasil muitas vezes é lançada aos rios, apesar da proibição, causando<br />
grave poluição e mortandade de peixes.<br />
A Cana-de-Açúcar foi introduzida na China antes do início da era cristã. Seu uso no Oriente,<br />
provavelmente na forma de xarope, data da mais remota antiguidade. Foi introduzida na<br />
Europa pelos árabes, que iniciaram seu cultivo na Andaluzia. No século XIV, já era cultivada<br />
em toda a região mediterrânea, mas a produção era insuficiente, levando os europeus a<br />
importarem o produto do Oriente. A guerra entre Veneza, que monopolizava o comércio do<br />
açúcar, e os turcos levou à procura de outras fontes de abastecimento, e a cana começou a<br />
ser cultivada na Ilha da Madeira pelos protugueses e nas Ilhas Canárias pelos espanhóis.<br />
O descobrimento da América permitiu extraordinária expansão das áreas de cultura da cana.<br />
As primeiras mudas, trazidas da Madeira, chegaram ao Brasil em 1502, e, já em 1550,<br />
numerosos engenhos espalhados pelo litoral produziam açúcar de qualidade equivalente ao<br />
produzido pela Índia. Incentivado o cultivo da cana pela Metrópole, com isenção do imposto de<br />
exportação e outras regalias, o Brasil tornou-se, em meados do século XVII, o maior produtor<br />
de açúcar de cana do mundo. Perdeu essa posição durante muitas décadas, mas na década<br />
de 1970, com o início da produção de álcool combustível, voltou a ser o maior produtor<br />
mundial.<br />
A lavoura da Cana-de-Açúcar, foi a primeira a ser instalada no Brasil, ainda na primeira<br />
metade do século XVI, tendo seu cultivo ampliado da faixa litorânea para o interior. No<br />
Nordeste, depois de passar da Mata para o Agreste, migrou para as manchas úmidas do<br />
sertão. Desenvolveu-se em dois tipos de organização do trabalho: a grande lavoura voltada<br />
para a produção e exportação do açúcar, com o uso extensivo da terra, da mão-de-obra,<br />
representando muito no volume de produção do Brasil até mesmo nos dias atuais; e a pequena<br />
lavoura, empregando mão-de-obra em reduzida escala, voltada para a subsistência do seu<br />
proprietário ou para o pequeno mercado regional ou local, de volume de produção<br />
insignificante se comparado com a anterior.<br />
Pode-se dizer que no Brasil a Cana-de-Açúcar deu sustentação ao seu processo de<br />
colonização, tendo sido a razão de sua prosperidade nos dois primeiros séculos. Foi na<br />
Capitania de Pernambuco, pertencente a Duarte Coelho, onde se implantou e floresceu o<br />
primeiro centro açucareiro do Brasil, motivado por três aspectos importantes: a habilidade e<br />
eficiência do donatário; a terra e clima favorável à cultura da cana; e a situação geográfica de<br />
localização mais próxima da Europa em relação à região de São Vicente (São Paulo), outro<br />
centro que se destacou como inciador de produção de açúcar do Brasil Colonial.<br />
O progresso da industria açucareira foi espantoso no fim do século XVI. Na Bahia, onde os<br />
indígenas haviam destruído os primeiros engenhos, a produção de açúcar começou após 1550.<br />
Alagoas, fronteira com Pernambuco, só teve seu primeiro engenho por volta de 1575. Em<br />
Sergipe, os portuguêses procedentes da Bahia, inciaram a produção da Cana-de-Açúcar a<br />
partir de 1590. Na Paraíba, a primeira tentativa de introdução da cultura da cana foi em 1579,
na Ilha da Restinga, fracassada pela invasão de piratas franceses na região (a implantação<br />
definitiva da cultura da cana na Paraíba surgiu com seu primeiro engenho em 1587). No Pará,<br />
os primeiros engenhos foram instalados pelos holandeses, prossivelmente antes de 1600 (o<br />
primeiro engenho português no Pará começou a funcionar entre 1616 e 1618). Tanto no Pará,<br />
quanto no Amazonas, os engenhos desviaram sua produção para aguardente, em vez de<br />
açúcar. A fabricação de açúcar no Ceará não chegou a ter relevo - começou em 1622, mas<br />
logo passou a fabricar aguardente. No Piauí a história identifica que a lavoura de cana foi<br />
inciada por volta do ano de 1678 e, no ano de 1692, registra-se apenas um engenho em<br />
atividade no Rio Grande do Norte.<br />
Engenho antigo e o secular carro de boi<br />
Na região nordestina, representada principalmente por Pernambuco, Bahia, Alagoas e Paraíba,<br />
reinava a riqueza devido a monocultura da agroindústria açucareira que pagava todos os<br />
custos e cobria todas as necessidades da Capitania. Na época da abolição da escravatura<br />
(1888), os engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações importantes da<br />
indústria do açúcar existentes na época em qualquer parte do mundo, e com a abolição,<br />
passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados à compra e manutenção de<br />
escravos. A partir daí surgiu uma nova etapa na indústria açucareira brasileira, com o<br />
aparecimento dos chamados "Engenhos Centrais", percursores das atuais Usinas de Açúcar.<br />
Prestamos serviços de consultoria e assessoramento em Hortifruticultura através de cursos,<br />
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Fonte: br.geocities.com
Cana-de-Açúcar<br />
É uma gramínea (Saccarum offinarum L.) originária da Ásia. Hoje, os maiores produtores são<br />
Brasil, Índia, Cuba México e China.<br />
A cana-de-açúcar é cultivada em todos os Estados brasileiros, mas é no Estado de São Paulo<br />
que se concentra a maioria das lavouras dessa cultura: são mais de 40% da área de cana no<br />
Brasil. No Nordeste, Pernambuco tem 20% e Alagoas, 17%. Minas Gerais e Rio de Janeiro<br />
juntos têm 15% da área plantada.<br />
A importância econômica da cana-de-açúcar é grande , visto que ela produz diversos<br />
alimentos para o homem e para animais, isso sem falar, no caso brasileiro, da produção de<br />
álcool combustível para a indústria automobilística.<br />
A cana-de-açúcar é uma planta semiperene.<br />
O seu sistema radicular compreende:<br />
Raízes temporárias (o primeiro órgão da planta que se desenvolve duras menos de trinta dias),<br />
que suprem a planta de alimento no primeiro dia estágios do seu desenvolvimento.<br />
Raízes permanentes que partem do ponto abaixo do colo e acompanham a planta durante toda<br />
sua vida.<br />
Raízes, adventícias ou aéreas que partem dos primeiros nós do colmo.<br />
Clima<br />
A diversidade de climas determina períodos de plantio e colheita distintos para as diversas<br />
regiões. Em São Paulo, de modo geral, planta-se de outubro a março e colhe-se de maio a<br />
outubro; enquanto no nordeste o plantio se faz de julho a novembro e a colheita de dezembro a<br />
maio. A cana-de açúcar exige calor e umidade. Sem essas condições não produzirá bem. A
melhor temperatura para a cana é de 30 a 34°C. Abaixo de 20°C o crescimento é muito lento.<br />
Acima de 35°C também é lento, e além de 38°C é nulo.<br />
Solo<br />
Para a formação dos canaviais são preferíveis os solos aluvionais, localizados nas baixadas,<br />
planos, profundos, porosos e férteis. Solos ácidos ou salinos não servem. É preciso fazer a<br />
análise e a correção do solo quando isso for necessário. Alguns pesquisadores concluíram que<br />
a produtividade dessa cultura é excelente quando cultivada em solos com pH entre 7 e<br />
7,3.Segundo a Emater-PA, a cana se desenvolve bem em solos de pH 5,5 a 6,5 e exige<br />
correção em caso dos solos mais ácidos. A preparação do terreno é um dos suportes básicos<br />
para um bom rendimento da cultura de cana. O emprego da mecanização em todas as fases<br />
de operação agroindustrial vem sendo intensificado, embora a atividade açucareira seja das<br />
que dificilmente prescindirão de mão de obra.<br />
Variedades<br />
As principais variedades de cana são as que mais produzem sacarose, mas com o ataque do<br />
mosaico foi necessário fazer cruzamentos para encontrar variedades resistentes às doenças.<br />
Esses cruzamentos foram feitos, principalmente, entre as espécies Saccharum officinarum L. e<br />
Sacharum spontaneum L. Atualmente, existem numerosas variedades criadas pelos institutos<br />
de pesquisas. A escolha é indicada pelas características do lugar de plantio. Sem esses<br />
cuidados a produção poderá não ser a esperada.<br />
Plantio<br />
O processo mais utilizado no plantio é o de sulcos, principalmente nas grandes áreas, mas<br />
pode-se plantar por covas. No caso do sulcamento o plantio é mais rápido e facilita as<br />
operações de irrigação. Deve-se efetuar o plantio entre 30 a 40 cm de profundidade.<br />
A cana-de-açúcar desenvolve-se melhor se o terreno estiver limpo. Por isso, é importante<br />
fazer capinas regularmente. As plantas invasoras prejudicam a cultura da cana, pois competem<br />
com ela na retirada dos nutrientes do solo. Quando há falta de chuvas, alguns técnicos<br />
aconselham a escarificação do solo, para afofá-lo e manter a sua umidade.<br />
A cobertura morta também traz benefícios para a cana-de-açúcar: age contra as altas<br />
temperaturas e os ventos, que ressecam os terrenos. Além disso, protege o solo contra a<br />
erosão. No Nordeste a irrigação é importante para que o canavial se desenvolva bem.<br />
A cana-de-açúcar é exigente quanto à umidade: ela precisa de 1 500 mm de chuvas anuais.<br />
Como no Nordeste quase nunca chove com essa intensidade, aconselha-se irrigar a lavoura<br />
artificialmente por meios dos vários sistemas já conhecidos (aspersão, por exemplo).<br />
Pragas e doenças<br />
Entre as pragas, a broca (Diatraea sacharalis, Diatraea spp) é a mais grave e comum em todas<br />
as regiões. Seu controle tem sido tentado fundamental mente por meio dos inimigos naturais<br />
criados artificialmente ou importados. Os principais inimigos usados no controle biológico tem<br />
sido a mosca-do-amazonas (Metagonistylum minense T.), a Parathesia claripalpis W.,<br />
Lixophaga diatraea e Apanteles flavips C. Na região Nordeste, a broca-ghigante (Casthia licus)<br />
assume grande importância, pelos altos prejuízos que pode causar. Igualmente nessa região,<br />
bem como em Campos (RJ), as cigarrinhas (Mahanarva posticata e M. fimbriolata) se
destacam entre as pragas, ao passo que em São Paulo apenas na região de Ribeirão Preto<br />
essa praga provoca problemas sérios.<br />
O controle biológico, com o fungo Metarhizium anizoplae tem dado os melhores resultados.<br />
Levantamentos recentes indicam o grande perigo de nematóides, principalmente dos gêneros<br />
Melodoigine e Pratylenchus, notadamente em solos arenosos de baixa fertilidade. A mucunapreta,<br />
uma leguminosa, tem-se mostrado muito eficiente no controle dos nematóides. A<br />
ocorrência de outras pragas, como lagartas, afídeos, cupins, formigas, etc., tem sido registrada,<br />
porém com importância local e esporádica. Por ordem de importância, estas são as principais<br />
doenças predominantes na região Centro-Sul: mosaico, raquitismo-da-soqueira, carvão,<br />
escaldadura, mancha-ocular, estria-vermelha, podridão-abacaxi e podridão-vermelha. O melhor<br />
meio de combater essas doenças é plantar variedades resistentes, já desenvolvidas por<br />
institutos de pesquisa.<br />
Adubação<br />
Antes de fazer a adubação, é necessário analisar o solo para saber quais suas características<br />
e os elementos carentes. Não existe receita exata, mas algumas experiências demonstraram<br />
que a cana-de-açúcar é muito exigente em elementos minerais. As plantas necessitam de<br />
carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, zinco, cobre, ferro, manganês,<br />
boro, vanádio e cloro. Desses, o nitrogênio, o fósforo e o potássio são os mais importantes,<br />
mas é preciso prestar atenção aos micronutrientes: embora em pequenas quantidades eles são<br />
necessários.<br />
A matéria orgânica do solo pode ser considerada como importante fator da produtividade<br />
agrícola, pela influência que exerce sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do<br />
solo. Em Ponte Nova (MG), estudos dos efeitos da adubação orgânica (esterco de curral) e<br />
mineral efetuada por ocasião do plantio, na produção de cana (planta e soca), concluíram que,<br />
individualmente, as duas adubações resultaram na mesma eficiência, mas que, quando<br />
aplicadas em conjunto, houve melhor resposta na produção.<br />
Adubação verde<br />
A Adubação verde é fundamental para recuperar solos de baixa fertilidade e elevar a<br />
produtividade da cana-de-açúcar. Os adubos verdes comumente utilizados na biofertilização<br />
são as leguminosas, pois contêm mais nutrientes e produzem grande volume de massa verde,<br />
fixando ainda nitrogênio no solo.<br />
Consorciação<br />
Quando se criou o Proálcool, imaginava-se que o aumento da produção de cana se faria pela<br />
incorporação de novas áreas que alargariam a fronteira agrícola. Mas o que aconteceu no<br />
início foi a expansão da cultura de cana em áreas tradicionais, que anteriormente produziam<br />
alimentos.<br />
O resultado foi uma redução da produção de alimentos. Uma alternativa vantajosa para os<br />
produtores é a consorciação ou a rotação de cana-de-açúcar com feijão, milho, amendoim,<br />
soja ou outra cultura.<br />
A consorciação com feijão já é tradicional em alguns lugares, como no norte do Estado do Rio.<br />
Segundo a Embrapa, o sistema mais adequado para esse consórcio é a semeadura do feijão<br />
quinze dias depois do plantio da cana, em duas linhas, a 25 cm de distância do sulco de cana.<br />
Ainda, segundo a Embrapa, com esse consórcio há uma redução de 35% nos custos da<br />
plantação do canavial. Na região de Ribeirão Preto, com tecnologia desenvolvida pelo Instituto
do Açúcar e do Álcool e Planalsucar (IAA/Planalsucar), as rotações de cana/soja e<br />
cana/amendoim têm possibilitado redução de 50% dos custos da renovação da cana. Nessa<br />
região, renovam-se anualmente 60 000 há de cana, metade dessa área utilizada para rotação<br />
com outras culturas, principalmente o amendoim. Isso a tornou uma das maiores produtoras de<br />
amendoim do Estado de São Paulo, que é o grande produtor brasileiro. Além das vantagens<br />
econômicas, a rotação e a consorciação de culturas com a cana oferecem muitos benefícios<br />
indiretos, como a possibilidade de manter o empregado na época da entressafra; a diminuição<br />
da erosão do solo, que passa a ter uma cobertura vegetal mais intensa e por um período maior;<br />
a incorporação de matéria orgânica ao solo; a fixação de nitrogênio no solo, em caso de<br />
rotação ou intercalação com leguminosas; e a redução de invasoras.<br />
Cultivo mínimo<br />
Com o grande desenvolvimento da indústria química durante a Segunda Guerra Mundial, mais<br />
especificamente com o surgimento dos herbicidas, tomou corpo a idéia do cultivo mínimo, já<br />
existente há tempos. Era uma idéia não muito bem aceita entre os produtores porque<br />
proporcionava produções menores do que a obtida pelos métodos convencionais.<br />
A expressão cultivo mínimo pode dar uma idéia um pouco irreal dessa técnica de plantio, que<br />
consiste num preparo mínimo do solo para o plantio controlando-se as invasoras sem revolver<br />
o solo. O método tornou-se mais viável na cana-de-açúcar com a descoberta de um herbicida<br />
sistêmico, não seletivo, de absorção foliar e não residual, que permite eliminar a soqueira<br />
antiga para a implantação do cultivo mínimo nas áreas de reforma de canaviais. Basicamente,<br />
o que se faz é eliminar a soqueira da cana usando-se herbicida e em seguida, sulcar a terra<br />
nas entrelinhas para o novo plantio.<br />
Como o herbicida é caro no Brasil, há quem faça uma aplicação em quantidades menores,<br />
completando a destruição da soqueira com o arrancador de soqueira trabalhando a pequena<br />
profundidade. A diferença básica entre o cultivo mínimo e o plantio direto é que neste (plantio<br />
direto) não se faz a sulcação da terra para o plantio.<br />
As vantagens do cultivo mínimo em relação ao tradicional são a possibilidade de plantio em<br />
épocas chuvosas (o que pode significar a antecipação do plantio em até alguns meses); a<br />
utilização mais intensa da área de plantio, já que o intervalo entre a colheita e o replantio é<br />
menor; a redução da erosão; a redução do uso de máquinas, implementos e combustível; a<br />
eliminação mais eficiente da soqueira antiga e o controle de invasoras problemáticas, como a<br />
tiririca e a grama-seda. Mas é preciso lembrar que o cultivo mínimo não pode ser feito em<br />
áreas que precisam de calcário nem onde há necessidade de mudar o alinhamento das ruas.<br />
Colheita<br />
É na colheita, carregamento e transporte que se nota um aumento da utilização da<br />
mecanização na lavoura canavieira. Só em São Paulo, o número de colheitadeiras de cana-deaçúcar<br />
já ultrapassa trezentas unidades. De qualquer maneira, esse número é pequeno em<br />
relação à área plantada com essa lavoura. A introdução da colheita mecanizada está exigindo<br />
uma reformulação de todas as práticas culturais, para adaptar as lavouras ao novo sistema. Ao<br />
lado do crescente índice de mecanização, o corte da cana ainda é predominantemente manual,<br />
com o carregamento mecânico. Já se faz plantio mecanizado, distribuição de mudas com<br />
caminhões ou carretas e adubação por cobertura com tratores.<br />
Em muitas regiões, as operações de distribuição de mudas são ainda totalmente manuais. Fora<br />
os cultivos mecânicos, grande parte das aplicações de fertilizantes e herbicidas está sendo<br />
feita por aviões. Os estímulos econômicos instituídos com a expansão da agroindústria<br />
açucareira e com o Proálcool deverão promover uma rápida modernização da tecnologia<br />
empregada na produção de cana-de-açúcar e seus derivados, o que pode ser muito positivo<br />
mas se for feita de maneira indiscriminada pode ter graves conseqüências: sendo uma<br />
agroindústria que utiliza muita mão-de-obra, um aperfeiçoamento tecnológico que dispense
grande número de trabalhadores gerará, com certeza, problemas sociais. A produtividade<br />
média brasileira era, em 1983, de 60 842 kg/há cana. A maior produtividade é conseguida no<br />
Estado de São Paulo (74 192 kg/há).<br />
De poluente a adubo<br />
Quando jogada nos rios, a vinhaça ou vinhoto, um subproduto altamente poluente da indústria<br />
do álcool, rouba o oxigênio da água. Como a quantidade de vinhaça produzida é muito grande<br />
(11 1 por litro de álcool), ela se constitui em problema para muitos usineiros, que são proibidos<br />
de jogá-la nos rios. Costuma-se dizer que ela mata os rios. Mas a vinhaça pode substituir com<br />
vantagem os adubos potássicos para as culturas de milho, soja, citros, café e da própria cana.<br />
E sem nenhum custo, a não ser o transporte. Mas a aplicação deve ser feita de forma correta e<br />
ordenada, pois do contrário pode provocar danos irreparáveis, segundo os técnicos do Instituto<br />
de Campinas, que pesquisam a vinhaça desde 1979. Um engenheiro pernambucano, Luís<br />
Cláudio Gonçalves de Melo, descobriu outra forma de usar o vinhoto como adubo orgânico:<br />
jogado numa lagoa artificial, evapora-se a água formando-se uma crosta rica em nitrogênio.<br />
Como a base dos fertilizantes para a cana são nitrogênio, cálcio e fósforo, Melo comprou esses<br />
dois últimos elementos, que misturou com a crosta de vinhoto, numa betoneira comum,<br />
obtendo um excelente adubo.<br />
Composição por 100 g<br />
Açúcar mascavo<br />
356 calorias, 0,40 g de proteínas, 51 mg de cálcio, 44 mg de fósforo, 4,20 mg de ferro, 0,02 mg<br />
de vitamina B1, 0,11 mg de vitamina B2 e 2 mg de vitamina C.<br />
Açúcar refinado<br />
385 cal e 0,10 mg de ferro.<br />
Caldo de cana<br />
82 calorias, 0,30 g de proteínas, 13 mg de cálcio, 12 mg de fósforo, 0,70 mg de ferro, 0,02 mg de vitamina<br />
B1, 0,01 mg de vitamina B2 e 2 mg de vitamina C.<br />
Fonte: fcr.org.br<br />
CanadeAçúcar
A origem provável da cana-de-açúcar data de 6 mil anos AC em regiões próximas à Índia.<br />
Durante a Antigüidade, porém, o açúcar não passava de uma especiaria exótica, sendo<br />
utilizada apenas como tempero ou remédio. O preparo de alimentos adocicados era feito com<br />
mel de abelhas.<br />
O termo sânscrito sarkara deu origem a todas as versões da palavra açúcar nas línguas indoeuropéias:<br />
sukkar em árabe, saccharum em latim, zucchero em italiano, seker em turco, zucker<br />
em alemão, sugar em inglês.<br />
No século 12, o açúcar chegou à Europa. Importantes regiões produtoras surgiram nos séculos<br />
seguintes, especialmente no Extremo Oriente. O interesse pela especiaria foi crescente depois<br />
do século 15, quando novas bebidas, como o café, o chá e o chocolate eram adoçados com<br />
açúcar. Em 1493, Cristóvão Colombo iniciou o cultivo da cana-de-açúcar nas Antilhas. A partir<br />
daí, a história do açúcar no mundo ganhou novas dimensões.<br />
"Esta planta brotou do mel; com mel a arrancamos; nasceu a doçura. Eu te enlaço com uma<br />
grinalda de cana-de-açúcar, para que me não sejas esquiva, para que te enamores de mim,<br />
para que não me sejas infiel."<br />
Atharva-Veda, 4º. Livro dos Vedas, livro sagrado dos hindus.<br />
No Brasil, o açúcar é produzido a partir da cana, enquanto na Europa é quase totalmente<br />
fabricado a partir da beterraba. Hoje, a cana também é utilizada para produção de álcool.<br />
Basicamente, a sacarose é o principal componente da cana-de-açúcar (sólido).<br />
Tabela 1<br />
Composição média da cana-de-açúcar<br />
Composição Teor<br />
Água 65 – 75<br />
Açúcares 11 – 18<br />
Fibras 8 – 14<br />
Sólidos solúveis 12 – 23<br />
Tabela 2<br />
Principais constituintes da cana-de-açúcar<br />
Constituintes Sólidos solúveis (%)<br />
Açúcares 75 a 93<br />
Sacarose 70 a 91
Glicose 2 a 4<br />
Frutose 2 a 4<br />
Sais 3,0 a 5,0<br />
De ácidos inorgânicos 1,5 a 4,5<br />
De ácidos orgânicos 1,0 a 3,0<br />
Proteínas 0,5 a 0,6<br />
Amido 0,001 a 0,05<br />
Gomas 0,3 a 0,6<br />
Ceras e graxas 0,05 a 0,15<br />
Corantes 3 a 5<br />
Variedades de Cana-de-Açúcar<br />
SP89-1115 (CP73-1547)<br />
É conhecida tanto pela sua alta produtividade e ótima brotação de soqueira (inclusive sob a<br />
palha), como pela sua precocidade e alto teor de sacarose. É recomendada para colheita até o<br />
meio da safra, respondendo positivamente à melhoria dos ambientes de produção. Apresenta
hábito semi-ereto e baixa fibra, floresce freqüentemente, porém com pouca isoporização. É<br />
resistente ao carvão, mosaico, ferrugem e escaldadura, sendo suscetível à broca.<br />
SP90-3414 (SP80-1079 x SP82-3544)<br />
Destaca-se pelo seu porte ereto, por não florescer, isoporizar pouco e pela sua alta produção,<br />
sendo recomendada para colheita do meio para o final da safra. Nos ambientes de alto<br />
potencial de produção, responde positivamente à melhoria deles e apresenta teor de sacarose<br />
e de fibra médios. Com relação às doenças e pragas, é suscetível à escaldadura e<br />
intermediária ao carvão e broca.<br />
SP91-1049 (SP80-3328 x SP81-3250)<br />
Seu diferencial é a precocidade e alto teor de sacarose, sendo recomendada para colheita no<br />
início da safra. Foi mais produtiva que a RB72454 nos ambientes de produção desfavoráveis.<br />
Apresenta hábito semi-ereto, médio teor de fibra; floresce pouco, mas isoporiza.<br />
Características: resistente às principais doenças e pragas, sendo considerada de<br />
suscetibilidade intermediária ao carvão e à cigarrinha.<br />
SP90-1638 (SP78-4601 x ?)<br />
É conhecida pelo ótimo perfilhamento e brotação de soqueira (inclusive sob a palha), por não<br />
florescer, isoporizar pouco e pela sua alta produção, sendo recomendada para colheita do meio<br />
para o final da safra, nos ambientes com alto potencial de produção. Apresenta hábito semiereto<br />
e baixa fibra, teor de sacarose e precocidade médios. Nos testes de doenças e nas<br />
avaliações às pragas, apresentou suscetibilidade apenas à escaldadura.<br />
SP80-185<br />
Destaca-se pela produtividade agrícola e sanidade, além do porte ereto que lhe confere boa<br />
adaptabilidade ao corte mecanizado; o teor de fibra é alto, com florescimento médio e pouca<br />
isoporização; responde bem à maturadores químicos e reguladores de crescimento; a<br />
exigência em fertilidade do solo é média e a brotação de soqueira é ótima; possui<br />
desenvolvimento inicial lento e hábito foliar ereto que prejudicam o fechamento de entrelinha no<br />
início do ciclo; é resistente à ferrugem, mosaico e escaldadura, e tem reação intermediária ao<br />
carvão; não apresenta sintomas de amarelecimento; possui reação intermediária para<br />
suscetível à broca.<br />
SP80-1816<br />
Se diferencia pela brotação de soqueira, rápido desenvolvimento vegetativo e porte ereto,<br />
sendo excelente opção para o corte mecanizado de cana crua; apresenta boa resposta na<br />
aplicação de maturadores químicos; o perfilhamento é excelente, assim como o fechamento de<br />
entrelinhas; não floresce, o teor de fibra é alto, não apresenta tombamento e a exigência em<br />
fertilidade do solo é média; possui sensibilidade média a herbicidas; a maturação é semiprecoce<br />
na cana-planta e um pouco mais precoce na soca, atingindo altos teores de sacarose;<br />
tem resistência intermediária à broca e boa sanidade às outras principais doenças; não tem<br />
mostrado os sintomas de amarelecimento.<br />
SP80-3280
É reconhecida pelo alto teor de sacarose e produtividade em soqueira; o seu perfilhamento é<br />
intermediário e o fechamento das entrelinhas é bom, devido ao crescimento inicial vigoroso;<br />
floresce, no entanto apresenta pouca isoporização; seu teor de fibra é alto, o tombamento é<br />
regular e a exigência em fertilidade do solo é média; tem boa brotação de soqueira; apresenta<br />
sensibilidade média a herbicidas e resistência ao carvão, mosaico e ferrugem e é tolerante à<br />
escaldadura; não tem mostrado sintomas da síndrome do amarelecimento; apresenta<br />
suscetibilidade à broca.<br />
SP83-5073<br />
Caracteriza-se principalmente pela alto teor de sacarose e precocidade; apresenta boa<br />
brotação de soqueira com perfilhamento médio, exigência média em fertilidade do solo, sendo<br />
que não floresce e não isoporiza; seu teor de fibra é alto; não apresenta sensibilidade a<br />
herbicidas; apresenta respostas significativas em acréscimos de pol % cana à aplicação de<br />
maturadores químicos; é resistente à broca dos colmos, ao mosaico e à escaldadura, sendo<br />
intermediária ao carvão e à ferrugem; tem apresentado sintomas de amarelecimento no início e<br />
final do ciclo em condições de estresse hídrico. .<br />
Transporte, pesagem, descarregamento e estocagem<br />
O transporte da cana até a usina, no Brasil, é predominantemente do tipo rodoviário, com o<br />
emprego de caminhões que carregam cana inteira (colheita manual) ou picada em toletes de<br />
20 cm a 25 cm (colheita mecânica). Os caminhões são pesados antes e após o<br />
descarregamento, obtendo-se o peso real da cana pela diferença entre as duas medidas.<br />
Algumas cargas são aleatoriamente selecionadas e amostradas, para posterior determinação,<br />
em laboratório, do teor de sacarose na matéria-prima. O objetivo da pesagem é possibilitar o<br />
controle agrícola, o pagamento do transporte, o controle de moagem, o cálculo do rendimento<br />
industrial e, juntamente com o teor de sacarose na cana, efetuar o pagamento da mesma.<br />
A cana estocada em pátio é normalmente descarregada nas mesas alimentadoras por tratores<br />
com rastelos, enquanto a cana estocada no barracão é descarregada nas mesas, através de<br />
pontes rolantes, equipadas com garras hidráulicas. Prevendo-se eventuais falhas no sistema<br />
de transporte e a interrupção do mesmo durante o período da noite, procura-se manter certa<br />
quantidade de cana em estoque em barracões cobertos ou em pátios abertos.<br />
A cana estocada deve ser renovada em curtos espaços de tempo, visando à redução de<br />
perdas de açúcar por decomposição bacteriológica. A cana picada, que não deve ser estocada,<br />
é descarregada diretamente nas esteiras. O descarregamento direto pode ser feito com o uso<br />
de pontes rolantes equipadas com garras hidráulicas, guindastes do tipo hillo e, no caso de<br />
cana picada, através de um tombador hidráulico para basculamento lateral dos caminhões.<br />
Extração do caldo, alimentação e lavagem de cana<br />
O primeiro equipamento - a mesa alimentadora - recebe as cargas de cana do estoque, ou<br />
diretamente dos caminhões, transferindo-as a uma ou mais esteiras metálicas que conduzem a<br />
cana até as moendas, passando pelo sistema de preparo.<br />
Apresenta uma parte rodante, formada por eixos, correntes e taliscas, que, conforme a<br />
sua inclinação, pode ser classificada como:<br />
Convencional: inclinação de 5º a 17º<br />
De grande inclinação: 45º
As mesas convencionais, embora possuam grande capacidade de alimentação, tornam a<br />
mesma irregular, pois a camada de cana é muito alta, dificultando a alimentação e diminuindo a<br />
eficiência da lavagem da cana.<br />
As mesas de 45º, por sua vez, trabalham numa velocidade maior, com uma camada bem<br />
baixa, o que propicia uma alimentação muito mais regular e de fácil controle e aumenta<br />
sensivelmente a eficiência da lavagem da cana.<br />
A lavagem - efetuada sobre as mesas alimentadoras - visa à retirada de matérias estranhas<br />
como terra, areia, etc., com a finalidade de obtenção de um caldo de melhor qualidade e<br />
aumento da vida útil dos equipamentos pela redução do desgaste. Esta lavagem nunca é feita<br />
na cana picada, pois isto provocaria um arraste muito grande de sacarose pela água.<br />
Preparo da cana<br />
A mesa alimentadora controla a quantidade de cana sobre uma esteira metálica que a transfere<br />
ao setor de preparo. O objetivo básico do preparo da cana é aumentar a sua densidade e,<br />
conseqüentemente, a capacidade de moagem, bem como realizar o máximo rompimento das<br />
células para liberação do caldo nelas contido, obtendo-se, portanto, uma maior extração.<br />
O sistema de preparo é constituído por um ou dois jogos de facas - dos quais o primeiro é<br />
apenas nivelador - que prepara a cana a ser enviada ao desfibrador.<br />
O jogo de facas é um equipamento rotativo de facas fixas, que opera a uma velocidade<br />
periférica de 60m/s, e tem por finalidade aumentar a densidade da cana, cortando-a em<br />
pedaços menores, preparando-a para o trabalho do desfibrador.<br />
O desfibrador, por sua vez, é formado por um tambor alimentador que compacta a cana à sua<br />
entrada, precedendo um rotor constituído por um conjunto de martelos oscilantes que gira em<br />
sentido contrário à esteira, forçando a passagem da cana por uma pequena abertura (1 cm) ao<br />
longo de uma placa desfibradora.<br />
A velocidade periférica dos desfibradores, de 60 a 90m/s, chega a fornecer índices de preparo<br />
de 80% a 92%. Este índice seria uma relação entre o açúcar das células que foram rompidas<br />
pelo desfibrador e o açúcar da cana.<br />
Alimentação da moenda<br />
Após o sistema de preparo, a altura do colchão de cana é uniformizada por um equipamento<br />
chamado espalhador, que se localiza no ponto de descarga da esteira metálica para uma<br />
correia transportadora de borracha. Esta correia trabalha em alta velocidade (90m/min), com a<br />
finalidade de reduzir a espessura da camada de cana e facilitar o trabalho do eletroímã. Este<br />
realiza a operação de remoção de materiais ferrosos, protegendo os equipamentos de<br />
extração, mais especificamente os rolos da moenda.<br />
Em seguida é realizada a alimentação da moenda por um dispositivo denominado chute<br />
Donnelly ou calha de alimentação forçada. Dentro desta calha, a cana preparada forma uma<br />
coluna com maior densidade, favorecendo a alimentação e capacidade da moenda. O nível da<br />
cana dentro da calha é utilizado para controlar a velocidade da esteira de borracha e,<br />
conseqüentemente, a alimentação da moenda.<br />
Moagem<br />
A cana é constituída basicamente de caldo e fibra. O açúcar, que é o produto que realmente<br />
nos interessa, está dissolvido no caldo; portanto, nosso objetivo principal é extrair a maior parte<br />
possível deste caldo.
Em escala industrial existem dois processos de extração: a moagem e a difusão.<br />
A moagem é um processo estritamente volumétrico e consiste em deslocar o caldo contido na<br />
cana. Este deslocamento é conseguido fazendo a cana passar entre dois rolos, submetidos à<br />
determinada pressão e rotação, sendo o volume gerado menor que o volume da cana. O<br />
excesso volumétrico, desprezando-se o volume de caldo reabsorvido pelo bagaço, deve ser<br />
deslocado, correspondendo, portanto, a um volume de caldo extraído.<br />
Um objetivo secundário da moagem, porém importantíssimo, é a produção de um bagaço final<br />
em condições de propiciar uma queima rápida nas caldeiras.<br />
Na primeira unidade de moagem ocorre a maior parte da extração global, simplesmente pelo<br />
deslocamento do caldo. A cana tem aproximadamente sete partes de caldo para cada parte de<br />
fibra; já no primeiro bagaço essa proporção cai para duas a duas vezes e meia e fica fácil de<br />
perceber que, se não utilizarmos algum artifício, logo as moendas posteriores não terão<br />
condições de deslocar caldo algum, mesmo que se aumente a pressão na camada de bagaço.<br />
O artifício utilizado é a embebição, que será explicada a seguir.<br />
Cada conjunto de rolos de moenda, montados numa estrutura denominada "castelo", constitui<br />
um terno de moenda. O número de ternos utilizados no processo de moagem varia de quatro a<br />
sete e cada um deles é formado por três rolos principais denominados: rolo de entrada, rolo<br />
superior e rolo de saída. Normalmente as moendas contam com um quarto rolo, denominado<br />
rolo de pressão, que melhora a eficiência de alimentação. A carga que atua na camada de<br />
bagaço é transmitida por um sistema hidráulico que atua no rolo superior.<br />
Embebição<br />
A cana, ao passar sucessivamente pelos vários ternos da moenda, tem o seu caldo removido<br />
ou extraído. O artifício de adicionar água ao bagaço é denominado embebição e tem como<br />
finalidade diluir o caldo remanescente no bagaço, aumentando a extração de sacarose.<br />
A embebição pode ser:<br />
simples<br />
composta<br />
com recirculação<br />
A eficiência aumenta da primeira para a última, porém a mais utilizada é a composta, já que a<br />
terceira pode causar sérios problemas de alimentação nas moendas.<br />
O processo mais generalizado é a embebição composta, que consiste em adicionar água entre<br />
os dois últimos ternos e fazer retornar o caldo extraído deste último para o anterior e assim<br />
sucessivamente até o segundo terno.<br />
Normalmente os caldos provenientes dos dois primeiros ternos são misturados e constituem o<br />
denominado caldo misto. Com este sistema, consegue-se extração de 92% a 96%, e umidade<br />
final do bagaço de aproximadamente 50%.<br />
Durante a passagem da cana pelas moendas ocorre uma queda de fragmentos de cana ou<br />
bagaço, denominados bagacilho. A quantidade de bagacilho deve ser controlada<br />
periodicamente, uma vez que a queda excessiva indica deficiência no ajuste das moendas.<br />
O bagacilho que deixa as moendas junto com o caldo misto deve ser peneirado e retornar ao<br />
sistema de moagem, enquanto o caldo misto, já livre do bagacilho, é enviado para o setor de<br />
fabricação.
Difusão<br />
Outro processo de extração da sacarose da cana é a difusão, processo ainda pouco utilizado<br />
no Brasil, cuja tecnologia aproveita parte das etapas do processo de moagem:<br />
Difusão: preparo da cana -> difusão -> remoção de água<br />
A diferença básica entre os dois processos reside na maneira de separar o caldo da fibra.<br />
Nesta separação, o difusor realiza duas operações:<br />
Difusão<br />
Separação por osmose, relativa apenas às células não - rompidas da cana, aproximadamente<br />
3%<br />
Lixiviação<br />
Arraste sucessivo pela água da sacarose e das impurezas contidas nas células abertas.<br />
A remoção de água ou desaguamento do bagaço após a etapa de difusão é realizada através<br />
de rolos, como no processo de moagem.<br />
Cana-de-Açúcar<br />
Geração de energia<br />
Após a extração do caldo, obtém-se o material denominado bagaço, constituído de fibra (46%),<br />
água (50%) e sólidos dissolvidos (4%). A quantidade de bagaço obtida varia de 240 kg a 280<br />
kg de bagaço por tonelada de cana, e o açúcar nele contido representa uma das perdas do<br />
processo.
O bagaço alimentará as caldeiras, onde é queimado, e a energia liberada transforma água em<br />
vapor. O vapor gerado nesses equipamentos, com pressão média de 18-21kgf/cm² (Caldeiras<br />
modernas já operam com pressões entre 40 e 100 kgf/cm²), é utilizado no acionamento das<br />
turbinas a vapor onde ocorrerá a transformação da energia térmica em energia mecânica.<br />
Estas turbinas são responsáveis pelo acionamento dos picadores, desfibradores, moendas e<br />
etc., bem como pelo acionamento dos geradores para a produção da energia elétrica<br />
necessária nos vários setores da indústria.<br />
O vapor liberado por estas turbinas é de baixa pressão (1,3 - 1,7 kgf/cm²) denominado vapor de<br />
escape, que é reaproveitado como a energia básica necessária no processo de fabricação de<br />
açúcar e de álcool.<br />
Tratamento primário do caldo<br />
O caldo de cana obtido no processo de extração apresenta uma quantidade e qualidade<br />
variável de impurezas, que podem ser solúveis ou insolúveis. O tratamento primário objetiva a<br />
máxima eliminação das impurezas insolúveis (areia, argila, bagacilho, etc.), cujos teores variam<br />
de 0,1% a 1%. A eliminação deste material beneficia o processo e aumenta a eficiência e a<br />
vida útil dos equipamentos instalados, contribuindo também para a obtenção de produtos finais<br />
de melhor qualidade. O equipamento básico utilizado neste tratamento é formado por:<br />
Cush-cush<br />
O cush-cush é constituído por peneiras fixas com aberturas de 0,5 mm a 2 mm, localizado bem<br />
próximo da moenda, e tem por objetivo eliminar o material mais grosseiro em suspensão<br />
(bagacilho). O material retido, constituído principalmente de caldo e bagacilho, retorna por meio<br />
de raspas entre o primeiro e o segundo terno da moenda, ou mesmo antes do primeiro terno.<br />
Peneiras<br />
Atualmente, o peneiramento do caldo é realizado por diferentes tipos de peneiras (DSM,<br />
rotativa, vibratória), que utilizam telas de vários modelos e aberturas (0,2mm a 0,7mm), com<br />
uma eficiência da ordem de 60% a 80%.Também retorna à moenda o material retido.<br />
Hidrociclones<br />
O princípio de funcionamento deste equipamento baseia-se na diferença de densidades<br />
sólido/líquido: ao ser aplicada, a força centrífuga separa a areia e a argila do caldo. Em alguns<br />
casos, consegue-se obter uma eficiência de separação acima de 90% para partículas de até<br />
40µ.<br />
Pesagem do caldo<br />
Após o tratamento primário, a massa de caldo a ser enviada ao processo é quantificada<br />
através de medidores de vazão ou balanças de caldo, permitindo um melhor controle químico<br />
do processo.<br />
Tratamento químico do caldo<br />
Apesar do tratamento preliminar citado, o caldo de cana contém, ainda, impurezas menores,<br />
que podem ser solúveis, coloidais ou insolúveis.
Assim, o tratamento químico visa principalmente à coagulação, à floculação e à precipitação<br />
destas impurezas, que são eliminadas por sedimentação. É necessário, ainda, fazer a correção<br />
do pH para evitar inversão e decomposição da sacarose.<br />
O caldo tratado pode ser enviado à fabricação de açúcar ou de álcool. No segundo caso, a<br />
etapa de sulfitação, descrita a seguir, não é obrigatória.<br />
Sulfitação do caldo<br />
Consiste na absorção do SO2 (anidrido sulfuroso), pelo caldo, baixando o seu pH original a<br />
4,0-4,5. A sulfitação é realizada usualmente em uma coluna de absorção que possui, em seu<br />
interior, pratos perfurados. O caldo é bombeado na parte superior da torre e desce por<br />
gravidade através dos pratos em contracorrente com o SO2 gasoso, aspirado por um exaustor<br />
ou ejetor instalado no topo da coluna. Devido à grande solubilidade do SO2 na água, pode se<br />
obter uma absorção de até 99,5% com este equipamento.<br />
O SO2 gasoso é produzido na usina através da queima do enxofre na presença de ar, em<br />
fornos especiais, segundo a reação:<br />
S + O2 -> SO2<br />
A sulfitação tem como objetivos principais:<br />
Inibir reações que causam formação de cor<br />
A coagulação de colóides solúveis<br />
A formação de precipitado CaSO3 (sulfito de cálcio)<br />
Diminuir a viscosidade do caldo e, conseqüentemente, do xarope, massas cozidas e<br />
méis, facilitando as operações de evaporação e cozimento.<br />
O consumo médio de enxofre pode ser estimado em 250 a 500 g/TC.<br />
Calagem<br />
Trata-se do processo de adição do leite de cal (Ca [OH]2) ao caldo, elevando seu pH a valores<br />
da ordem de 6,8 a 7,2. A calagem é realizada em tanques, em processo contínuo ou<br />
descontínuo, objetivando o controle do pH final.<br />
O leite de cal também é produzido na própria usina através da "queima" da cal virgem (CaO)<br />
em tanques apropriados (piscinas de cal) ou hidratadores de cal segundo a reação:<br />
CaO + H2O -> Ca (OH)2 + calor<br />
O Ca(OH)2 produzido apresenta uma concentração de 3º - 6º "Beaume" antes de ser<br />
adicionado ao caldo.<br />
Esta neutralização tem por objetivo a eliminação de corantes do caldo, a neutralização de<br />
ácidos orgânicos e a formação de sulfito e fosfato de cálcio, produtos que, ao sedimentar,<br />
arrastam consigo impurezas presentes no líquido. O consumo da cal (CaO) varia de 500 a<br />
1.000g/TC, segundo o rigor do tratamento exigido.<br />
Aquecimento<br />
O aquecimento do caldo é realizado em equipamentos denominados trocadores de calor,<br />
constituídos por um feixe tubular, no qual passa o caldo, localizado no interior de um cilindro<br />
por onde circula vapor de água saturado.
O caldo é aquecido a aproximadamente 105ºC, com a finalidade de acelerar e facilitar a<br />
coagulação e floculação de colóides e não-açúcares protéicos, emulsificar graxas e ceras, ou<br />
seja, acelerar o processo químico, aumentando a eficiência da decantação, além de possibilitar<br />
a degasagem do caldo.<br />
Sedimentação<br />
É a etapa de purificação do caldo, pela remoção das impurezas floculadas nos tratamentos<br />
anteriores. Este processo é realizado de forma contínua em um equipamento denominado<br />
clarificador ou decantador, que possui vários compartimentos (bandejas), com a finalidade de<br />
aumentar a superfície de decantação.<br />
O caldo decantado é retirado da parte superior de cada compartimento e enviado ao setor de<br />
evaporação para concentração. As impurezas sedimentadas, com uma concentração de<br />
sólidos de aproximadamente 10º Bé, constituem o lodo que normalmente é retirado do<br />
decantador pelo fundo e enviado ao setor de filtração para recuperação do açúcar nele contido.<br />
O tempo de residência do caldo no decantador, dependendo do tipo de equipamento<br />
empregado, varia de 15 minutos a 4 horas, e a quantidade de lodo retirada representa de 15%<br />
a 20% do peso do caldo que entra no decantador.<br />
Filtração<br />
Antes de ser enviado aos filtros rotativos, o lodo retirado do decantador recebe a adição de,<br />
aproximadamente, 3 Kg a 5 Kg de bagacilho/TC, que irão agir como auxiliar de filtração.<br />
Esta filtração objetiva recuperar o açúcar contido no lodo, fazendo com que este retorne ao<br />
processo na forma de caldo filtrado. O material retido no filtro recebe o nome de torta e é<br />
enviado à lavoura para ser utilizado como adubo. É importantíssimo controlar a perda de<br />
açúcar na torta, pois seu valor não deveria ser superior a 1%.<br />
Evaporação
O caldo clarificado obtido nos decantadores é submetido a um processo de concentração<br />
através da eliminação da água presente.<br />
A primeira etapa da concentração é realizada no equipamento chamado evaporador, que opera<br />
de forma contínua. O evaporador é formado por caixas, normalmente em número de quatro ou<br />
cinco, ligadas em série, de maneira que o caldo sofra uma concentração progressiva da<br />
primeira à última. Para isto, é necessário injetar vapor somente na primeira caixa, pois a própria<br />
água evaporada irá aquecer o caldo nas caixas seguintes. Este procedimento, obtido devido à<br />
diferença de pressão existente entre os corpos, é mantido por um sistema gerador de vácuo<br />
ligado à última caixa. O caldo apresenta, inicialmente, uma concentração de 14 - 16º Brix<br />
chegando, no final, a 55º - 65º Brix, quando recebe a denominação de xarope.<br />
O açúcar no Brasil<br />
Apesar de se ter notícia sobre culturas de cana-de-açúcar no Brasil desde 1521 ou mesmo<br />
sobre a presença de espécies nativas, a implantação na Colônia de uma empresa açucareira<br />
voltada à exportação só ocorreu em 1533, por obra de Martim Afonso de Souza.<br />
O donatário da Capitania de São Vicente trouxe sementes da Ilha da Madeira - uma das<br />
maiores produtoras de então - e criou em suas terras o Engenho do Governador. Anos depois,<br />
a propriedade foi adquirida pelo belga Jorge Erasmo Schetz, que a chamou de Engenho São<br />
Jorge dos Erasmos, sendo este considerado o primeiro do engenho do Brasil.<br />
Em 1550, Pernambuco tornou-se o maior produtor mundial de açúcar e, em 1570, dos cerca de<br />
60 engenhos existentes na costa brasileira, 41 estavam entre os Estados de Pernambuco e da<br />
Bahia. O açúcar foi a base da economia colonial e entre os séculos 16 e 19. Sua produção e<br />
comércio renderam duas vezes mais que o do ouro e cinco vezes mais do que todos os outros<br />
produtos agrícolas juntos.<br />
Propriedades do açúcar<br />
O açúcar confere aos alimentos aromas, texturas e sabores, sem os quais a alimentação não<br />
seria tão prazerosa. Integrado a uma alimentação equilibrada, o açúcar torna-se essencial para<br />
uma vida saudável.<br />
O motivo é simples: a glicose é a principal fonte de energia para o corpo humano. Vale lembrar<br />
que o açúcar faz parte da dieta de praticamente todos os povos.<br />
Produção do açúcar<br />
Cristalização do açúcar<br />
Após deixar os evaporadores (ver Cana-de-Açúcar), o xarope é enviado a outra etapa de<br />
concentração quando ocorrerá a formação dos cristais de açúcar, em virtude da precipitação<br />
da sacarose dissolvida na água. Há dois tipos de cristalização: em movimento ou cozimento e<br />
cristalização por resfriamento.<br />
Cozimento<br />
São utilizados equipamentos denominados cozedores, tachos e etc., semelhantes às caixas<br />
dos evaporadores, que trabalham individualmente sob vácuo e de forma descontínua. A<br />
evaporação da água dá origem a uma mistura de cristais envolvidos em mel (solução<br />
açucarada) que recebe o nome de massa cozida.
A concentração desta massa cozida é de aproximadamente 93º - 95º Brix, e sua temperatura,<br />
ao ser descarregada, é de 65º -75°C. Dependendo das conveniências pode-se trabalhar com<br />
os sistemas de uma, duas ou três massas cozidas.<br />
Cristalização por resfriamento<br />
A massa cozida é descarregada dos cozedores nos chamados cristalizadores - tanques em<br />
forma de U, dotados de agitadores - onde irá ocorrer o resfriamento lento, geralmente com<br />
auxílio de água ou ar. Esta operação visa recuperar parte da sacarose que ainda se achava<br />
dissolvida no mel, pois pelo resfriamento haverá deposição da sacarose nos cristais existentes,<br />
aumentando, inclusive, o tamanho dos mesmos.<br />
Centrifugação do açúcar<br />
Dos cristalizadores, a massa cozida resfriada segue para o setor de centrifugação e é<br />
descarregada nas centrífugas. Estas são constituídas por um cesto perfurado, fixado a um eixo<br />
e acionado por um motor que o gira a alta velocidade.<br />
A ação da força centrífuga faz com que o mel atravesse as perfurações da tela do cesto,<br />
ficando retidos, em seu interior, somente os cristais de sacarose. O processo se completa pela<br />
lavagem do açúcar com água e vapor, ainda no interior do cesto.<br />
O mel removido é coletado em um tanque e retorna aos cozedores para recuperação do açúcar<br />
dissolvido ainda presente, até que se atinja um maior esgotamento do mesmo. A partir deste<br />
ponto, o mel passa a ser denominado mel final ou melaço e é enviado para a fabricação de<br />
álcool.<br />
O açúcar descarregado das centrífugas apresenta alto teor de umidade (0,5% a 2%), bem<br />
como temperatura elevada (65-95°C), devido à lavagem com vapor.<br />
Secagem<br />
O resfriamento e a secagem do açúcar são realizados em um secador, um tambor metálico<br />
através do qual passa, em contracorrente, um fluxo de ar succionado por um exaustor. Ao<br />
deixar o secador, com uma temperatura entre 35º e 40°C e umidades na faixa de 0,03% a<br />
0,04%, o açúcar está pronto para ser enviado ao ensaque. O ar que passa pelo secador<br />
arrasta consigo uma pequena quantidade de pó de açúcar, sendo portanto necessária a<br />
lavagem deste ar para recuperação do açúcar arrastado, retornando-o posteriormente ao<br />
processo.<br />
Ensaque, pesagem e armazenamento do açúcar<br />
Do secador, o açúcar é recolhido a uma moega com fundo afunilado, que o despeja de forma<br />
descontínua, diretamente no saco localizado em cima de uma balança, realizando, portanto, a<br />
operação de ensaque e pesagem.<br />
Máquinas de costura industriais realizam o fechamento do saco, que está pronto para a<br />
armazenagem. O açúcar é armazenado em sacos de 50kg e em locais previamente<br />
determinados, facilitando o controle de qualidade.<br />
Álcool
No Brasil, além do açúcar e do melaço, que é um subproduto da produção do açúcar, o caldo<br />
da cana é utilizado também na produção de álcool.<br />
O álcool é obtido após a fermentação do caldo ou de uma mistura de melaço e caldo, portanto<br />
através de um processo bioquímico. Todavia, antes de ser enviado ao processo fermentativo,<br />
este caldo deve receber um tratamento de purificação.<br />
Tratamento do caldo para destilaria<br />
Após passar pelo tratamento primário de peneiramento, o caldo é submetido a um tratamento<br />
mais completo que implica na adição de cal, aquecimento e posterior decantação, tratamento<br />
semelhante àquele utilizado na fabricação de açúcar.<br />
Em geral, o resfriamento do caldo é realizado em duas etapas:<br />
Fazendo-se passar o caldo quente (esterilizado) por um trocador de calor (regenerativo) em<br />
contracorrente com o caldo misto frio, onde o caldo misto é aquecido e o caldo para destilaria é<br />
resfriado (=60°C).<br />
Resfriamento final até aproximadamente 30°C, normalmente realizado em trocadores de placas<br />
utilizando água em contracorrente, como fluido de resfriamento.<br />
Livre de impurezas (areia, bagacilhos etc.) e devidamente esterilizado, o caldo está pronto para<br />
ser encaminhado para fermentação.<br />
Preparo do mosto<br />
O mosto nada mais é que uma solução de açúcar cuja concentração foi ajustada de forma a<br />
facilitar a sua fermentação.<br />
Basicamente é constituído de uma mistura de méis e caldo, com uma concentração de sólidos<br />
de aproximadamente 19-22° Brix. Caso haja necessidade, usa-se água para o ajuste do Brix.<br />
Preparo do fermento<br />
O processo de fermentação mais comumente utilizado nas destilarias do Brasil é o de Melle -<br />
Boinot, cuja característica principal é a recuperação da levedura através da centrifugação do<br />
vinho.<br />
Esta levedura recuperada, antes de retornar ao processo fermentativo, recebe um tratamento<br />
severo, que consiste em diluição com água e adição de ácido sulfúrico até, normalmente, pH=<br />
2,5, ou mais baixo (pH = 2) no caso de haver infecção bacteriana.<br />
Esta suspensão de fermento diluído e acidificado, conhecido na prática com o nome pé-decuba,<br />
permanece em agitação de uma hora a três horas, antes de retornar à dorna de<br />
fermentação.<br />
Fermentação propriamente dita<br />
É nesta fase que os açúcares são transformados em álcool. As reações ocorrem em tanques<br />
denominados dornas de fermentação, onde se misturam o mosto e o pé-de-cuba na proporção<br />
de 2:1, respectivamente.
Os açúcares (sacarose) são transformados em álcool, segundo a reação simplificada de<br />
Gay Lussac:<br />
C12H22O11 + H2O -> C6H12O6 + C6H12O6<br />
C6H12O6 -> 2CH3CH2OH + 2CO2 + 23,5 kcal<br />
Durante a reação, ocorre intensa liberação de gás carbônico, a solução aquece-se e ocorre a<br />
formação de alguns produtos secundários como: álcoois superiores, glicerol, aldeídos, etc.<br />
O tempo de fermentação varia de 4 a 10 horas. Ao final deste período praticamente todo o<br />
açúcar já foi consumido, com a conseqüente redução da liberação de gases.<br />
Ao terminar a fermentação, o teor médio de álcool nestas dornas é de 7% a 10%, e a mistura<br />
recebe o nome de vinho fermentado. Devido à grande quantidade de calor liberado durante o<br />
processo de fermentação e à necessidade da temperatura ser mantida baixa (32°C), é<br />
necessário realizar o resfriamento do vinho, circulando água em serpentinas internas às<br />
dornas, ou em trocadores de calor, por onde o vinho é bombeado continuamente com água em<br />
contracorrente.<br />
Atualmente, este processo de fermentação é realizado de forma descontínua ou contínua, em<br />
dornas abertas ou fechadas. Nestas últimas, procede-se a lavagem dos gases de saída em<br />
uma torre de recheio para recuperação do álcool evaporado, por absorção deste em água, que<br />
é retornada ao processo.<br />
Centrifugação do vinho<br />
Após a fermentação, o vinho é enviado às centrífugas para a recuperação do fermento. O<br />
concentrado do fermento recuperado, denominado leite de levedura, retorna às cubas para o<br />
tratamento. A fase leve da centrifugação, ou vinho "delevedurado", é enviada para as colunas<br />
de destilação.<br />
Destilação<br />
O vinho que vem da fermentação possui, em sua composição, 7º a 10°GL (% em volume) de<br />
álcool, além de outros componentes de natureza líquida, sólida e gasosa. Dentro dos líquidos,<br />
além do álcool, encontra-se a água com teores de 89% a 93%, glicerol, álcoois homólogos<br />
superiores, furfural, aldeído acético, ácidos succínico e acético e etc., em quantidades bem<br />
menores. Já os sólidos são representados por bagacilhos, leveduras e bactérias, açúcares<br />
não-fermentescíveis, sais minerais, matérias albuminóides e outros, e os gasosos,<br />
principalmente pelo CO2 e SO2.<br />
O álcool presente neste vinho é recuperado por destilação, processo este que se utiliza dos<br />
diferentes pontos de ebulição das diversas substâncias voláteis presentes, separando-as.<br />
A operação é realizada com auxílio de sete colunas distribuídas em quatro troncos:<br />
Destilação propriamente dita<br />
Retificação<br />
Residratação<br />
Recuperação do desidratante<br />
Destilação propriamente dita
A destilação é processada em três colunas superpostas: A, A1 e D. Nestas, o etanol é<br />
separado do vinho (inicialmente com 7º a 10°GL) e sai com a flegma (vapores com 40º a<br />
50°GL). O tronco de destilação elimina ainda impurezas (ésteres e aldeídos).<br />
O vinho é alimentado no topo da coluna A1, descendo pelas bandejas e sofrendo a epuração,<br />
sendo a flegma retirada no fundo desta (bandeja A16) e enviada à coluna B. Os voláteis,<br />
principalmente ésteres e aldeídos, são concentrados na coluna D e retirados no seu topo,<br />
sendo condensados em dois condensadores R e R1, onde uma fração deste líquido (90% a<br />
95%) retorna ao topo da coluna D e a outra é retirada como álcool de 2ª, com graduação de<br />
aproximadamente 92°GL, ou retornado à dorna volante.<br />
Uma coluna tem por finalidade esgotar a maior quantidade possível de álcool do seu produto<br />
de fundo, que é denominado vinhaça. A vinhaça, retirada em uma proporção aproximada de 13<br />
litros para cada litro de álcool produzido, e é constituída principalmente de água, sais sólidos<br />
em suspensão e solúveis e é utilizada na lavoura como fertilizante, sendo seu calor<br />
parcialmente recuperado pelo vinho em um trocador de calor. A sua graduação alcoólica não<br />
deve ser superior a 0,03°GL.<br />
O aquecimento da segunda coluna (coluna B) é realizado pela injeção de vapor (escape ou<br />
vegetal) no fundo dessa coluna, ou indiretamente através do trocador-evaporador. A finalidade<br />
da coluna B é concentrar a flegma a uma graduação de aproximadamente 96ºGL e proceder a<br />
sua purificação com a retirada das impurezas que a acompanham, como álcoois homólogos<br />
superiores, aldeídos, ésteres, aminas, ácidos e bases. A flegma é alimentada nessa coluna,<br />
onde é concentrada e purificada, sendo retirada, sob a forma de álcool hidratado, duas<br />
bandejas abaixo do topo da coluna.<br />
Os voláteis retirados no topo da segunda coluna passam por uma seqüência de<br />
condensadores onde parte do calor é recuperado pelo vinho, uma fração do condensado é<br />
reciclada e outra retirada como álcool de 2ª. Do fundo da coluna B é retirada uma solução<br />
aquosa chamada flegmaça, que foi esgotada e que pode ser reciclada no processo ou<br />
eliminada. Os álcoois homólogos superiores, denominados óleos fúsel e alto, são retirados de<br />
bandejas próximas à entrada da flegma.<br />
O óleo alto retorna à dorna volante e o óleo fúsel é resfriado, lavado, decantado e armazenado<br />
para posterior comercialização. O aquecimento da coluna é realizado pela injeção de vapor,<br />
como na epuração.<br />
Desidratação<br />
O álcool hidratado, produto final dos processos de epuração (destilação) e retificação, é uma<br />
mistura binária álcool-água que atinge um teor da ordem de 96°GL. Isto ocorre devido à<br />
formação de uma mistura azeotrópica, fenômeno físico no qual os componentes não são<br />
separados pelo processo de destilação.<br />
Este álcool hidratado pode ser comercializado desta forma ou passar por um dos três<br />
processos de desidratação descritos a seguir.<br />
Destilação azeotrópica, utilizando Ciclohexano<br />
Este processo utiliza uma coluna de desidratação, sendo o ciclohexano alimentado no topo da<br />
coluna e o álcool a ser desidratado alimentado a um terço abaixo do topo da coluna. Neste<br />
processo, o ciclohexano tem a característica de formar com o álcool e a água uma mistura<br />
ternária (azeótropo) com um ponto de ebulição de 63ºC.<br />
Este menor ponto de ebulição da mistura em relação ao do álcool (78ºC), faz com que a água<br />
seja retirada no topo da coluna. Por condensação, esta mistura azeotrópica irá se separar em
duas fases, sendo a fase inferior, mais rica em água, enviada para uma outra coluna onde<br />
ocorre a recuperação do ciclohexano, que retorna ao processo de desidratação. O álcool<br />
anidro obtido, com um teor alcóolico em torno de 99,3% p/p, é retirado na parte inferior da<br />
coluna de desidratação, de onde é condensado e encaminhado para armazenamento.<br />
Destilação extrativa, utilizando Mono Etileno Glicol<br />
Similarmente ao processo anterior, utiliza-se uma coluna de desidratação, onde o mono etileno<br />
glicol (MEG) é alimentado no topo desta coluna e o álcool a ser desidratado também a um<br />
terço abaixo do topo da coluna. Inversamente ao processo do ciclohexano, o MEG absorve e<br />
arrasta a água para o fundo da coluna e os vapores de álcool anidro saem pelo topo da coluna,<br />
de onde o álcool é condensado e enviado para armazenamento nos tanques. A mistura<br />
contendo água, MEG e uma pequena quantidade de álcool, é enviada para uma coluna de<br />
recuperação do MEG, o qual retorna ao processo de desidratação. Como o MEG concentra as<br />
impurezas retiradas do álcool e se torna mais corrosivo, é necessária a sua purificação pela<br />
passagem através de uma coluna de resinas de troca iônica, que retém os sais e reduz a<br />
acidez.<br />
Desidratação por adsorção, utilizando Peneira Molecular<br />
O álcool a ser desidratado é inicialmente vaporizado e superaquecido antes de ser enviado<br />
para as colunas de desidratação, que contém em seu interior um material constituído<br />
basicamente por hidrosilicato de alumínio contendo micro-poros, denominado zeolita, mais<br />
popularmente conhecido como peneira molecular. Esta rede de micro-poros absorve a água e<br />
deixa passar os vapores de álcool que são posteriormente condensados na forma de álcool<br />
anidro. Periodicamente é realizada a regeneração da zeolita pela passagem sob vácuo de<br />
vapores alcóolicos que são posteriormente destilados para recuperação do álcool neles<br />
contido.<br />
Armazenamento do álcool<br />
Os álcoois produzidos, hidratado e anidro, são quantificados através de medidores de vazão ou<br />
tanques calibrados e enviados para armazenagem em tanques de grande volume, situados em<br />
parques de tanques, onde aguardam sua comercialização e posterior remoção por caminhões.<br />
Fonte: www.copersucar.com.br
Cana-de-Açúcar<br />
A Cana-de-Açúcar, de seu nome científico Saccharum officinarum, é uma das seis espécies<br />
do gênero Saccharum, gramíneas altas provenientes do Sudeste Asiático. É o vegetal com o<br />
qual se fabrica açúcar e álcool.<br />
É uma planta da família Poaceae, com as quais se relaciona com a forma da inflorescência<br />
(espiga), o crescimento do caule em colmos, e as folhas com lâminas de sílica em suas bordas<br />
e baínha aberta.<br />
Processamento da cana<br />
A cana colhida é processada com a retirada do caule, que é esmagado, libertando os sucos<br />
que são fervidos, resultando o melaço, do qual o açúcar é cristalizado. O caule é às vezes<br />
mastigado, ou então usado para fazer caldo de cana e rapadura. O caldo também pode ser<br />
utilizado na produção de rum ou cachaça, enquanto as fibras, também chamadas de bagaço,<br />
podem ser usadas como matéria prima para produção de etanol (vide Etanol Celulósico) e de<br />
energia elétrica.<br />
Economia e História<br />
Foi a base da economia do nordeste brasileiro, na época dos engenhos. Com o tempo, a<br />
economia dos engenhos entrou em decadência, sendo praticamente substituído pelas usinas<br />
(ver José Lins do Rêgo). O termo engenho hoje em dia é usado para as propriedades que<br />
plantam Cana-de-Açúcar e a vendem, para ser processada nas usinas e transformada em<br />
produtos derivados.<br />
O Brasil é hoje o principal produtor de Cana-de-Açúcar do mundo. Seus produtos são<br />
largamente utilizados na produção de açúcar, álcool combustível e mais recentemente, biodiesel.
A Cana-de-Açúcar foi a base econômica de Cuba, quando tinha toda a sua produção com<br />
venda garantida para a União Soviética, a preços artificialmente altos. Com o colapso do<br />
regime socialista soviético, a produção de cana cubana tornou-se inviável.<br />
A Cana-de-Açúcar também é o principal produto de exportação em países do Caribe como a<br />
Jamaica, Barbados, etc. Com a suspensão de preferências européias à cana caribenha em<br />
2008, espera-se um colapso semelhante na indústria canavieira caribenha.<br />
Vários países da África austral, principalmente a África do Sul, Moçambique e a ilha Maurícia,<br />
são igualmente importantes produtores de açúcar.<br />
Produção de Cana-de-Açúcar no Brasil<br />
Em 1993, a mecanização da produção dos canaviais não atingia 0,5% do total da produção.<br />
Em 2003, aproximadamente 35% da produção brasileira já era mecanizada.<br />
A intensa mecanização dos canaviais tem gerado algum atrito político e social. Tem havido<br />
grande perda de empregos no setor, que usa mão-de-obra intensiva e pouco qualificada: os<br />
chamados bóias-frias. Essa ainda é a única ocupação disponível para populações inteiras no<br />
interior do Brasil.<br />
Abaixo, os dados de produção por região, de 1995 a 2000, em milhões de toneladas (fonte: MB<br />
Associados).<br />
Fonte: pt.wikipedia.org