diretrizes curriculares da educação básica arte - NRE - Governo do ...
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GOVERNO DO PARANÁ<br />
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ<br />
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
ARTE<br />
PARANÁ<br />
2008
GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ<br />
Roberto Requião<br />
SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ<br />
Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde<br />
DIRETOR GERAL<br />
Ricar<strong>do</strong> Fernandes Bezerra<br />
SUPERINTENDENTE DA EDUCAÇÃO<br />
Alayde Maria Pinto Digiovanni<br />
CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
Mary Lane Hutner<br />
COORDENAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES ESTADUAIS<br />
Maria Enei<strong>da</strong> Fantin<br />
EQUIPE TÉCNICO PEDAGÓGICA DA DISCIPLINA DE ARTE<br />
Carlos Alberto de Paula<br />
Jackson Cesar de Lima<br />
Marcelo Cabarrão Santos<br />
Viviane Paduim<br />
LEITORES CRÍTICOS DA DISCIPLINA DE ARTE<br />
Isabel Marques – Instituto Calei<strong>do</strong>s – São Paulo<br />
Maria Inês Hamann Peixoto – Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>do</strong> Paraná<br />
Maria José Subtil – Universi<strong>da</strong>de Estadual de Ponta Grossa<br />
LEITORES CRÍTICOS DA ÁREA PEDAGÓGICA EDUCACIONAL<br />
Iria Brzezinski – Universi<strong>da</strong>de Católica de Goiás<br />
Lia Rosenberg – Consultora independente<br />
Marcia Angela <strong>da</strong> Silva Aguiar – Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco<br />
Sofia Lerche Vieira – Universi<strong>da</strong>de Estadual <strong>do</strong> Ceará<br />
Walter Esteves Garcia – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />
Tecnológico<br />
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO<br />
Jam3 Comunicação<br />
5<br />
Arte
AGRADECIMENTOS<br />
Agradecemos de mo<strong>do</strong> especial aos professores <strong>da</strong>s escolas que, desde 2003,<br />
participaram <strong>do</strong>s eventos propostos pela Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação,<br />
contribuin<strong>do</strong> com argumentações fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s tanto em sua prática de ensino<br />
quanto em suas leituras teóricas e fizeram leituras críticas <strong>da</strong>s diversas versões<br />
preliminares envia<strong>da</strong>s às escolas. Destacamos, também, o trabalho <strong>do</strong>s professores<br />
<strong>do</strong>s Núcleos Regionais de Educação e <strong>da</strong> Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação que, ao<br />
longo desse perío<strong>do</strong>, coordenaram discussões e sistematizaram os textos em suas<br />
diversas versões preliminares, até chegarmos a estas <strong>diretrizes</strong> <strong>curriculares</strong>, agora<br />
oficialmente publica<strong>da</strong>s.
CARTA DA SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃO<br />
A escola pública vem sen<strong>do</strong> replaneja<strong>da</strong> no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná nos últimos anos<br />
e isso traz uma luz diferencia<strong>da</strong> para a prática pe<strong>da</strong>gógica, sustenta<strong>da</strong> por uma<br />
intensa discussão sobre as concepções teórico-meto<strong>do</strong>lógicas que organizam o<br />
trabalho educativo. Essas reflexões, sobre a ação <strong>do</strong>cente, concretizaram-se na<br />
crença <strong>do</strong> professor como sujeito epistêmico e <strong>da</strong> escola como principal lugar <strong>do</strong><br />
processo de discussão destas Diretrizes Curriculares que agora são oficialmente<br />
publica<strong>da</strong>s.<br />
Quan<strong>do</strong> assumimos a gestão governamental, um olhar para dentro <strong>da</strong>s escolas<br />
permitiu identificar a ausência de reflexão sistematiza<strong>da</strong> sobre a prática educativa<br />
que ali ocorria, e o foco <strong>da</strong> formação continua<strong>da</strong>, então ofereci<strong>da</strong>, fugia <strong>da</strong><br />
especifici<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trabalho educativo e situava-se em programas motivacionais e<br />
de sensibilização, em sua grande maioria.<br />
Tais políticas educacionais, estabeleci<strong>da</strong>s no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, alteraram<br />
a função <strong>da</strong> escola ao negligenciar a formação específica <strong>do</strong> professor e esvaziar<br />
as disciplinas de seus conteú<strong>do</strong>s de ensino, de mo<strong>do</strong> que o acesso à cultura formal<br />
ficou mais limita<strong>do</strong>, principalmente para as cama<strong>da</strong>s socialmente marginaliza<strong>da</strong>s.<br />
Contrapon<strong>do</strong>-nos a esta concepção, salientamos que, para a maioria <strong>da</strong><br />
população brasileira, a escola constitui a alternativa concreta de acesso ao saber,<br />
entendi<strong>do</strong> como conhecimento socializa<strong>do</strong> e sistematiza<strong>do</strong> na instituição escolar.<br />
Sob esta perspectiva de escola pública, construímos essas Diretrizes Curriculares,<br />
por meio de uma meto<strong>do</strong>logia que primou pela discussão coletiva ocorri<strong>da</strong>,<br />
efetivamente, durante os últimos cinco anos e envolveu to<strong>do</strong>s os professores <strong>da</strong><br />
rede.<br />
Com essas Diretrizes e uma formação continua<strong>da</strong> foca<strong>da</strong> nos aspectos<br />
fun<strong>da</strong>mentais <strong>do</strong> trabalho educativo pretendemos recuperar a função <strong>da</strong> escola<br />
pública paranaense que é ensinar, <strong>da</strong>r acesso ao conhecimento, para que to<strong>do</strong>s,<br />
especialmente os alunos <strong>da</strong>s classes menos favoreci<strong>da</strong>s, possam ter um projeto de<br />
futuro que vislumbre trabalho, ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e uma vi<strong>da</strong> digna.<br />
Yvelise Freitas de Souza Arco-Verde<br />
Secretária de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
CARTA DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
Você está receben<strong>do</strong>, neste caderno, um texto sobre concepção de currículo<br />
para a Educação Básica e as Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) de sua disciplina.<br />
Esses textos são frutos de um longo processo de discussão coletiva, ocorri<strong>do</strong><br />
entre 2004 e 2008, que envolveu os professores <strong>da</strong> Rede Estadual de Ensino e,<br />
agora, se apresentam como fun<strong>da</strong>mento para o trabalho pe<strong>da</strong>gógico na escola.<br />
Durante os anos de 2004, 2005 e 2006 a Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação<br />
promoveu vários encontros, simpósios e semanas de estu<strong>do</strong>s pe<strong>da</strong>gógicos para a<br />
elaboração <strong>do</strong>s textos <strong>da</strong>s Diretrizes Curriculares, tanto <strong>do</strong>s níveis e mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des<br />
de ensino quanto <strong>da</strong>s disciplinas <strong>da</strong> Educação Básica. Sua participação nesses<br />
eventos e suas contribuições por escrito foram fun<strong>da</strong>mentais para essa construção<br />
coletiva.<br />
Ao longo <strong>do</strong>s anos de 2007 e 2008 a equipe pe<strong>da</strong>gógica <strong>do</strong> Departamento de<br />
Educação Básica (DEB) percorreu os 32 Núcleos Regionais de Educação realizan<strong>do</strong><br />
o evento chama<strong>do</strong> DEB Itinerante que ofereceu, para to<strong>do</strong>s os professores <strong>da</strong><br />
Rede Estadual de Ensino, dezesseis horas de formação continua<strong>da</strong>. Em grupos,<br />
organiza<strong>do</strong>s por disciplina, esses professores puderam, mais uma vez, discutir<br />
tanto os fun<strong>da</strong>mentos teóricos <strong>da</strong>s DCE quanto os aspectos meto<strong>do</strong>lógicos de sua<br />
implementação em sala de aula.<br />
Ain<strong>da</strong> em 2007 e 2008, as Diretrizes Curriculares Estaduais passaram por<br />
leituras críticas de especialistas nas diversas disciplinas e em história <strong>da</strong> <strong>educação</strong>.<br />
Tais leitores, vincula<strong>do</strong>s a diferentes universi<strong>da</strong>des brasileiras, participaram,<br />
também, de debates presenciais com as equipes disciplinares <strong>do</strong> DEB, com vistas<br />
aos necessários ajustes finais <strong>do</strong>s textos.<br />
Assim, os textos que compõem este caderno se apresentam na seguinte ordem<br />
e estrutura: o primeiro, sobre a Educação Básica, inicia com uma breve discussão<br />
sobre as formas históricas de organização curricular, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> concepção de<br />
currículo proposta nestas <strong>diretrizes</strong> para a Rede Pública Estadual, justifica<strong>da</strong><br />
e fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> pelos conceitos de conhecimento, conteú<strong>do</strong>s escolares,<br />
interdisciplinari<strong>da</strong>de, contextualização e avaliação.<br />
O segun<strong>do</strong> texto refere-se à sua disciplina de formação/atuação. Inicia-se<br />
com um breve histórico sobre a constituição dessa disciplina como campo <strong>do</strong><br />
conhecimento e contextualiza os interesses políticos, econômicos e sociais que<br />
interferiram na seleção <strong>do</strong>s saberes e nas práticas de ensino trabalha<strong>do</strong>s na<br />
escola <strong>básica</strong>. Em segui<strong>da</strong>, apresenta os fun<strong>da</strong>mentos teórico-meto<strong>do</strong>lógicos e os<br />
conteú<strong>do</strong>s estruturantes que devem organizar o trabalho <strong>do</strong>cente.<br />
8
Anexo a esse <strong>do</strong>cumento, há uma relação de conteú<strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s básicos<br />
para as séries <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental e para o Ensino Médio. Tais conteú<strong>do</strong>s foram<br />
sistematiza<strong>do</strong>s a partir <strong>da</strong>s discussões realiza<strong>da</strong>s nos encontros descentraliza<strong>do</strong>s<br />
(DEB-Itinerante) e deverão ser ponto de parti<strong>da</strong> para organização <strong>da</strong>s Propostas<br />
Pe<strong>da</strong>gógicas Curriculares <strong>da</strong>s escolas <strong>da</strong> Rede Estadual de Ensino.<br />
Assim, é com orgulho que disponibilizamos, à Rede Pública Estadual de<br />
Educação, o <strong>do</strong>cumento <strong>da</strong>s Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação<br />
Básica. Considera-se que os textos estão agora devi<strong>da</strong>mente amadureci<strong>do</strong>s e, por<br />
isso, você os recebe nesse caderno, oficialmente publica<strong>do</strong>s.<br />
Nossa expectativa é que estas Diretrizes fun<strong>da</strong>mentem o trabalho pe<strong>da</strong>gógico<br />
e contribuam de maneira decisiva para o fortalecimento <strong>da</strong> Educação pública<br />
estadual <strong>do</strong> Paraná.<br />
Mary Lane Hutner<br />
Chefe <strong>do</strong> Departamento de Educação Básica<br />
9<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
10
SUMÁRIO<br />
A EDUCAÇÃO BÁSICA E A OPÇÃO PELO CURRÍCULO DISCIPLINAR<br />
1. OS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />
3. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO<br />
3.1 O CONHECIMENTO E AS DISCIPLINAS CURRICULARES<br />
3.2 A INTERDISCIPLINARIDADE<br />
3.3 A CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA<br />
4. AVALIAÇÃO<br />
5. REFERÊNCIAS<br />
DIRETRIZES CURRICULARES DA DISCIPLINA DE ARTE<br />
1. DIMENSÃO HISTÓRICA DO ENSINO DE ARTE<br />
2. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS<br />
2.1 ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
2.1.1 Arte como fonte de humanização<br />
3. CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
3.1 ELEMENTOS FORMAIS<br />
3.2 COMPOSIÇÃO<br />
3.3 MOVIMENTOS E PERÍODOS<br />
4. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO<br />
4.1 CONHECIMENTO EM ARTE<br />
4.1.1 Teorizar<br />
4.1.2 Sentir e perceber<br />
4.1.3 Trabalho artístico<br />
4.2 SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO<br />
4.2.1 Artes Visuais<br />
4.2.2 Dança<br />
4.2.3 Música<br />
4.2.4 Teatro<br />
5. AVALIAÇÃO<br />
6. REFERÊNCIAS<br />
ANEXO: Conteú<strong>do</strong>s Básicos <strong>da</strong> disciplina de Arte<br />
11<br />
Arte<br />
13<br />
14<br />
15<br />
20<br />
24<br />
27<br />
28<br />
31<br />
33<br />
37<br />
38<br />
46<br />
52<br />
54<br />
63<br />
65<br />
65<br />
65<br />
69<br />
69<br />
70<br />
70<br />
71<br />
72<br />
72<br />
73<br />
75<br />
77<br />
81<br />
83<br />
87
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
12
A EDUCAÇÃO BÁSICA E A OPÇÃO<br />
PELO CURRÍCULO DISCIPLINAR<br />
13<br />
Arte<br />
As etapas históricas <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de<br />
não são formas esvazia<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s quais se exalou a vi<strong>da</strong><br />
porque a humani<strong>da</strong>de alcançou formas de desenvolvimento<br />
superiores, porém, mediante a ativi<strong>da</strong>de criativa <strong>da</strong><br />
humani<strong>da</strong>de, mediante a práxis, elas se vão continuamente<br />
integran<strong>do</strong> no presente. O processo de integração é ao<br />
mesmo tempo crítica e avaliação <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. O passa<strong>do</strong><br />
concentra no presente (e portanto aufgehoben no senti<strong>do</strong><br />
dialético) cria natureza humana, isto é, a “substância” que<br />
inclui tanto a objetivi<strong>da</strong>de quanto a subjetivi<strong>da</strong>de, tanto as<br />
relações materiais e as forças objetivas, quanto a facul<strong>da</strong>de<br />
de “ver” o mun<strong>do</strong> e de explicá-lo por meio <strong>do</strong>s vários<br />
mo<strong>do</strong>s de subjetivi<strong>da</strong>de – cientificamente, artisticamente,<br />
filosoficamente, poeticamente, etc. (KOSIK, 2002, p. 150)
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
1 OS SUJEITOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
A escola pública brasileira, nas últimas déca<strong>da</strong>s, passou a atender um número<br />
ca<strong>da</strong> vez maior de estu<strong>da</strong>ntes oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s classes populares. Ao assumir essa<br />
função, que historicamente justifica a existência <strong>da</strong> escola pública, intensificou-se<br />
a necessi<strong>da</strong>de de discussões contínuas sobre o papel <strong>do</strong> ensino básico no projeto<br />
de socie<strong>da</strong>de que se quer para o país.<br />
A depender <strong>da</strong>s políticas públicas em vigor, o papel <strong>da</strong> escola define-se de<br />
formas muito diferencia<strong>da</strong>s. Da perspectiva <strong>da</strong>s teorias críticas <strong>da</strong> <strong>educação</strong>, as<br />
primeiras questões que se apresentam são: Quem são os sujeitos <strong>da</strong> escola pública?<br />
De onde eles vêm? Que referências sociais e culturais trazem para a escola?<br />
Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, <strong>da</strong>s relações sociais em que está<br />
inseri<strong>do</strong>, mas é, também, um ser singular, que atua no mun<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> mo<strong>do</strong><br />
como o compreende e como dele lhe é possível participar.<br />
Ao definir qual formação se quer proporcionar a esses sujeitos, a escola<br />
contribui para determinar o tipo de participação que lhes caberá na socie<strong>da</strong>de. Por<br />
isso, as reflexões sobre currículo têm, em sua natureza, um forte caráter político.<br />
Nestas <strong>diretrizes</strong>, propõe-se uma reorientação na política curricular com o<br />
objetivo de construir uma socie<strong>da</strong>de justa, onde as oportuni<strong>da</strong>des sejam iguais<br />
para to<strong>do</strong>s.<br />
Para isso, os sujeitos <strong>da</strong> Educação Básica, crianças, jovens e adultos, em<br />
geral oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s classes assalaria<strong>da</strong>s, urbanas ou rurais, de diversas regiões e<br />
com diferentes origens étnicas e culturais (FRIGOTTO, 2004), devem ter acesso<br />
ao conhecimento produzi<strong>do</strong> pela humani<strong>da</strong>de que, na escola, é veicula<strong>do</strong> pelos<br />
conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s disciplinas escolares.<br />
Assumir um currículo disciplinar significa <strong>da</strong>r ênfase à escola como lugar<br />
de socialização <strong>do</strong> conhecimento, pois essa função <strong>da</strong> instituição escolar é<br />
especialmente importante para os estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s classes menos favoreci<strong>da</strong>s, que<br />
têm nela uma oportuni<strong>da</strong>de, algumas vezes a única, de acesso ao mun<strong>do</strong> letra<strong>do</strong>,<br />
<strong>do</strong> conhecimento científico, <strong>da</strong> reflexão filosófica e <strong>do</strong> contato com a <strong>arte</strong>.<br />
Os conteú<strong>do</strong>s disciplinares devem ser trata<strong>do</strong>s, na escola, de mo<strong>do</strong><br />
contextualiza<strong>do</strong>, estabelecen<strong>do</strong>-se, entre eles, relações interdisciplinares e<br />
colocan<strong>do</strong> sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam<br />
quanto o estatuto de ver<strong>da</strong>de atemporal <strong>da</strong><strong>do</strong> a eles. Desta perspectiva, propõe-se<br />
que tais conhecimentos contribuam para a crítica às contradições sociais, políticas<br />
e econômicas presentes nas estruturas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de contemporânea e propiciem<br />
compreender a produção científica, a reflexão filosófica, a criação artística, nos<br />
contextos em que elas se constituem.<br />
14
Essa concepção de escola orienta para uma aprendizagem específica,<br />
colocan<strong>do</strong> em perspectiva o seu aspecto formal e instituí<strong>do</strong>, o qual diz respeito<br />
aos conhecimentos historicamente sistematiza<strong>do</strong>s e seleciona<strong>do</strong>s para compor o<br />
currículo escolar.<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, a escola deve incentivar a prática pe<strong>da</strong>gógica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong><br />
em diferentes meto<strong>do</strong>logias, valorizan<strong>do</strong> concepções de ensino, de aprendizagem<br />
(internalização) e de avaliação que permitam aos professores e estu<strong>da</strong>ntes<br />
conscientizarem-se <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de “...uma transformação emancipa<strong>do</strong>ra.<br />
É desse mo<strong>do</strong> que uma contraconsciência, estrategicamente concebi<strong>da</strong> como<br />
alternativa necessária à internalização <strong>do</strong>mina<strong>da</strong> colonialmente, poderia realizar<br />
sua grandiosa missão educativa” (MÈSZÁROS, 2007, p. 212).<br />
Um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos,<br />
seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural<br />
e às possíveis necessi<strong>da</strong>des especiais para aprendizagem. Essas características<br />
devem ser toma<strong>da</strong>s como potenciali<strong>da</strong>des para promover a aprendizagem <strong>do</strong>s<br />
conhecimentos que cabe à escola ensinar, para to<strong>do</strong>s.<br />
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />
Pensar uma concepção de currículo para a Educação Básica traz, aos professores<br />
<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná, uma primeira questão a ser enfrenta<strong>da</strong>. Afinal, o que é<br />
currículo?<br />
Sacristán fala de impressões que, “tal como imagens, trazem à mente o<br />
conceito de currículo”. Em algumas dessas impressões, a idéia de que o currículo é<br />
construí<strong>do</strong> para ter efeitos sobre as pessoas fica reduzi<strong>da</strong> ao seu caráter estrutural<br />
prescritivo. Nelas, parece não haver destaque para a discussão sobre como se<br />
dá, historicamente, a seleção <strong>do</strong> conhecimento, sobre a maneira como esse<br />
conhecimento se organiza e se relaciona na estrutura curricular e, consequência<br />
disso, o mo<strong>do</strong> como as pessoas poderão compreender o mun<strong>do</strong> e atuar nele.<br />
15<br />
Arte<br />
[...] o currículo como conjunto de conhecimentos ou matérias a serem supera<strong>da</strong>s pelo aluno dentro<br />
de um ciclo – nível educativo ou mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de ensino é a acepção mais clássica e desenvolvi<strong>da</strong>;<br />
o currículo como programa de ativi<strong>da</strong>des planeja<strong>da</strong>s, devi<strong>da</strong>mente sequencializa<strong>da</strong>s, ordena<strong>da</strong>s<br />
meto<strong>do</strong>logicamente tal como se mostram num manual ou num guia <strong>do</strong> professor; o currículo,<br />
também foi entendi<strong>do</strong>, às vezes, como resulta<strong>do</strong>s pretendi<strong>do</strong>s de aprendizagem; o currículo<br />
como concretização <strong>do</strong> plano reprodutor para a escola de determina<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, conten<strong>do</strong><br />
conhecimentos, valores e atitudes; o currículo como experiência recria<strong>da</strong> nos alunos por meio <strong>da</strong><br />
qual podem desenvolver-se; o currículo como tarefa e habili<strong>da</strong>de a serem <strong>do</strong>mina<strong>da</strong>s como é o caso<br />
<strong>da</strong> formação profissional; o currículo como programa que proporciona conteú<strong>do</strong>s e valores para<br />
que os alunos melhorem a socie<strong>da</strong>de em relação à reconstrução social <strong>da</strong> mesma. (SACRISTAN,<br />
2000, p. 14)
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Essas impressões sobre currículo podem ser considera<strong>da</strong>s as mais conheci<strong>da</strong>s<br />
e corriqueiras, porém, nem to<strong>da</strong>s remetem a uma análise crítica sobre o assunto.<br />
Quan<strong>do</strong> se considera o currículo tão somente como um <strong>do</strong>cumento impresso,<br />
uma orientação pe<strong>da</strong>gógica sobre o conhecimento a ser desenvolvi<strong>do</strong> na escola ou<br />
mera lista de objetivos, méto<strong>do</strong>s e conteú<strong>do</strong>s necessários para o desenvolvimento<br />
<strong>do</strong>s saberes escolares, despreza-se seu caráter político, sua condição de elemento<br />
que pressupõe um projeto de futuro para a socie<strong>da</strong>de que o produz. Faz-se<br />
necessária, então, uma análise mais ampla e crítica, ancora<strong>da</strong> na idéia de que,<br />
nesse <strong>do</strong>cumento, está impresso o resulta<strong>do</strong> de embates políticos que produzem<br />
um projeto pe<strong>da</strong>gógico vincula<strong>do</strong> a um projeto social.<br />
Assim, <strong>da</strong> tentativa de responder o que é currículo, outras duas questões<br />
indissociáveis se colocam como eixos para o debate: a intenção política que o<br />
currículo traduz e a tensão constante entre seu caráter prescritivo e a prática<br />
<strong>do</strong>cente.<br />
Como <strong>do</strong>cumento institucional, o currículo pode tanto ser resulta<strong>do</strong> de amplos<br />
debates que tenham envolvi<strong>do</strong> professores, alunos, comuni<strong>da</strong>des, quanto ser fruto<br />
de discussões centraliza<strong>da</strong>s, feitas em gabinetes, sem a participação <strong>do</strong>s sujeitos<br />
diretamente interessa<strong>do</strong>s em sua constituição final. No caso de um currículo<br />
imposto às escolas, a prática pe<strong>da</strong>gógica <strong>do</strong>s sujeitos que ficaram à margem <strong>do</strong><br />
processo de discussão e construção curricular, em geral, transgride o currículo<br />
<strong>do</strong>cumento.<br />
Isso, porém, não se dá de forma autônoma, pois o <strong>do</strong>cumento impresso, ou<br />
seja, “o estabelecimento de normas e critérios tem significa<strong>do</strong>, mesmo quan<strong>do</strong> a<br />
prática procura contradizer ou transcender essa definição pré-ativa (de currículo).<br />
Com isso, ficamos vincula<strong>do</strong>s a formas prévias de reprodução, mesmo quan<strong>do</strong> nos<br />
tornamos cria<strong>do</strong>res de novas formas” (GOODSON, 1995, p. 18). 1<br />
Entretanto, quan<strong>do</strong> uma nova proposição curricular é apresenta<strong>da</strong> às escolas,<br />
como fruto de ampla discussão coletiva, haverá, também, criação de novas práticas<br />
que irão além <strong>do</strong> que propõe o <strong>do</strong>cumento, mas respeitan<strong>do</strong> seu ponto de parti<strong>da</strong><br />
teórico-meto<strong>do</strong>lógico.<br />
Em ambos os casos, mas com perspectivas políticas distintas, identifica-se uma<br />
tensão entre o currículo <strong>do</strong>cumento e o currículo como prática. Para enfrentar essa<br />
tensão, o currículo <strong>do</strong>cumento deve ser objeto de análise contínua <strong>do</strong>s sujeitos <strong>da</strong><br />
<strong>educação</strong>, principalmente a concepção de conhecimento que ele carrega, pois,<br />
ela varia de acor<strong>do</strong> com as matrizes teóricas que o orientam e o estruturam. Ca<strong>da</strong><br />
1 Esses vínculos, em geral, buscam atrelar a concepção teórica e política <strong>do</strong> currículo à distribuição de verbas destina<strong>da</strong>s à <strong>educação</strong>,<br />
à avaliação <strong>do</strong>s materiais didáticos a serem compra<strong>do</strong>s e distribuí<strong>do</strong>s para as escolas, e ao tipo de formação continua<strong>da</strong> ofereci<strong>da</strong><br />
aos professores.<br />
16
uma dessas matrizes dá ênfase a diferentes saberes a serem socializa<strong>do</strong>s pela<br />
escola, tratan<strong>do</strong> o conhecimento escolar sob óticas diversas. Dessa perspectiva, e<br />
de maneira muito ampla, é possível pensar em três grandes matrizes <strong>curriculares</strong>2 ,<br />
a saber:<br />
O currículo vincula<strong>do</strong> ao academicismo e ao cientificismo<br />
No currículo vincula<strong>do</strong> ao academicismo/cientificismo, os saberes a serem<br />
socializa<strong>do</strong>s nas diferentes disciplinas escolares são oriun<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s ciências que<br />
os referenciam. A disciplina escolar, assim, é vista como decorrente <strong>da</strong> ciência<br />
e <strong>da</strong> aplicabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> científico como méto<strong>do</strong> de ensino. Esse tipo de<br />
currículo pressupõe que o “processo de ensino deve transmitir aos alunos a<br />
lógica <strong>do</strong> conhecimento de referência. [...] é <strong>do</strong> saber especializa<strong>do</strong> e acumula<strong>do</strong><br />
pela humani<strong>da</strong>de que devem ser extraí<strong>do</strong>s os conceitos e os princípios a serem<br />
ensina<strong>do</strong>s aos alunos” (LOPES, 2002, p. 151-152).<br />
Embora remeta-se ao saber produzi<strong>do</strong> e acumula<strong>do</strong> pela humani<strong>da</strong>de como<br />
fonte <strong>do</strong>s saberes escolares, poden<strong>do</strong>-se inferir o direito <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> Educação<br />
Básica ao acesso a esses conhecimentos, uma <strong>da</strong>s principais críticas ao currículo<br />
defini<strong>do</strong> pelo cientificismo/academicismo é que ele trata a disciplina escolar<br />
como ramificação <strong>do</strong> saber especializa<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong>-a refém <strong>da</strong> fragmentação<br />
<strong>do</strong> conhecimento. A consequência são disciplinas que não dialogam e, por isso<br />
mesmo, fecha<strong>da</strong>s em seus redutos, perdem a dimensão <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de.<br />
Outra crítica a esse tipo de currículo argumenta que, ao aceitar o status quo<br />
<strong>do</strong>s conhecimentos e saberes <strong>do</strong>minantes, o currículo cientificista/academicista<br />
enfraquece a possibili<strong>da</strong>de de constituir uma perspectiva crítica de <strong>educação</strong>, uma<br />
vez que passa a considerar os conteú<strong>do</strong>s escolares tão somente como “resumo <strong>do</strong><br />
saber culto e elabora<strong>do</strong> sob a formalização <strong>da</strong>s diferentes disciplinas” (SACRISTAN,<br />
2000, p. 39). Esse tipo de currículo se “concretiza no syllabus ou lista de conteú<strong>do</strong>s.<br />
Ao se expressar nesses termos, é mais fácil de regular, controlar, assegurar sua<br />
inspeção, etc., <strong>do</strong> que qualquer outra fórmula que contenha considerações de<br />
tipo psicope<strong>da</strong>gógico” (SACRISTÁN, 2000, p. 40).<br />
O currículo vincula<strong>do</strong> às subjetivi<strong>da</strong>des e experiências vivi<strong>da</strong>s<br />
pelo aluno<br />
O currículo estrutura<strong>do</strong> com base nas experiências e/ou interesses <strong>do</strong>s alunos<br />
faz-se presente, no Brasil, destaca<strong>da</strong>mente, em <strong>do</strong>is momentos: nas discussões<br />
2 A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s de Sacristan, 2000, p. 39-53 e Lopes, 2002.<br />
17<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
<strong>do</strong>s teóricos que empreenderam, no país, a difusão <strong>da</strong>s idéias pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong><br />
Escola Nova 3 , e na implementação <strong>do</strong> projeto neoliberal de <strong>educação</strong>, difundi<strong>do</strong><br />
no <strong>do</strong>cumento chama<strong>do</strong> Parâmetros Curriculares Nacionais.<br />
Fun<strong>da</strong>mentan<strong>do</strong>-se em concepções psicológicas, humanistas e sociais, esse<br />
tipo de currículo pressupõe que<br />
[...] os aspectos intelectuais, físicos, emocionais e sociais são importantes no desenvolvimento <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> indivíduo, levan<strong>do</strong> em conta, além disso, que terão de ser objeto de tratamentos coerentes<br />
para que se consigam finali<strong>da</strong>des tão diversas, ter-se-á que ponderar, como consequência inevitável,<br />
os aspectos meto<strong>do</strong>lógicos <strong>do</strong> ensino, já que destes depende a consecução de muitas dessas<br />
finali<strong>da</strong>des e não de conteú<strong>do</strong>s estritos de ensino. Desde então, a meto<strong>do</strong>logia e a importância <strong>da</strong><br />
experiência estão liga<strong>da</strong>s indissoluvelmente ao conceito de currículo. O importante <strong>do</strong> currículo é a<br />
experiência, a recriação <strong>da</strong> cultura em termos de vivências, a provocação de situações problemáticas<br />
[...]. (SACRISTÁN, 2000, p. 41)<br />
Numa relação comparativa à concepção de currículo cientificista, centra<strong>do</strong><br />
em planos de estu<strong>do</strong>s, o currículo como base de experiências põe seu foco na<br />
totali<strong>da</strong>de de experiências vivencia<strong>da</strong>s pelo aluno, a partir de seus interesses e sob<br />
tutela <strong>da</strong> escola que,<br />
[...] nesse contexto, era vista como a instituição responsável pela compensação <strong>do</strong>s problemas<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de mais ampla. O foco <strong>do</strong> currículo foi desloca<strong>do</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> para a forma, ou seja,<br />
a preocupação foi centra<strong>da</strong> na organização <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, com base nas experiências, diferenças<br />
individuais e interesses <strong>da</strong> criança. (ZOTTI, 2008)<br />
As críticas a esse tipo de currículo referem-se a uma concepção curricular que<br />
se fun<strong>da</strong>menta nas necessi<strong>da</strong>des de desenvolvimento pessoal <strong>do</strong> indivíduo, em<br />
prejuízo <strong>da</strong> aprendizagem <strong>do</strong>s conhecimentos histórica e socialmente construí<strong>do</strong>s<br />
pela humani<strong>da</strong>de. Além disso, a perspectiva experiencial reduz a escola ao<br />
papel de instituição socializa<strong>do</strong>ra, ressaltan<strong>do</strong> os processos psicológicos <strong>do</strong>s<br />
alunos e secun<strong>da</strong>rizan<strong>do</strong> os interesses sociais e os conhecimentos específicos<br />
<strong>da</strong>s disciplinas pois considera o ensino <strong>do</strong>s saberes acadêmicos é apenas um<br />
aspecto, de importância relativa, a ser alcança<strong>do</strong>. Uma vez que esta concepção de<br />
currículo não define o papel <strong>da</strong>s disciplinas escolares na organização <strong>do</strong> trabalho<br />
pe<strong>da</strong>gógico com a experiência, o utilitarismo surge como um jeito de resolver<br />
esse problema, aproximan<strong>do</strong> os conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s disciplinas <strong>da</strong>s aplicações sociais<br />
possíveis <strong>do</strong> conhecimento.<br />
3 A Escola Nova foi um importante movimento de renovação <strong>da</strong> escola tradicional. Fun<strong>da</strong>mentava o ato pe<strong>da</strong>gógico na ação,<br />
na ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança e menos na instrução <strong>da</strong><strong>da</strong> pelo professor. Para John Dewey, um <strong>do</strong>s idealiza<strong>do</strong>res <strong>da</strong> Escola Nova, a<br />
<strong>educação</strong> deveria aju<strong>da</strong>r a resolver os problemas apresenta<strong>do</strong>s pela experiência concreta <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Assim, a <strong>educação</strong> era entendi<strong>da</strong><br />
como processo e não como produto. “Um processo de reconstrução e reconstituição <strong>da</strong> experiência; um processo de melhoria<br />
permanente <strong>da</strong> eficiência individual” (GADOTTI, 2004, p. 144).<br />
18
19<br />
Arte<br />
Tanto a concepção cientificista de currículo, quanto aquela apoia<strong>da</strong> na<br />
experiência e interesses <strong>do</strong>s alunos<br />
[...] pautam-se em uma visão redentora frente à relação <strong>educação</strong> e socie<strong>da</strong>de, com respostas<br />
diferencia<strong>da</strong>s na forma, mas defenden<strong>do</strong> e articulan<strong>do</strong> um mesmo objetivo – a<strong>da</strong>ptar a escola e o<br />
currículo à ordem capitalista, com base nos princípios de ordem, racionali<strong>da</strong>de e eficiência. Em vista<br />
disso, as questões centrais <strong>do</strong> currículo foram os processos de seleção e organização <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, privilegian<strong>do</strong> um planejamento rigoroso, basea<strong>do</strong> em teorias científicas <strong>do</strong> processo<br />
ensino-aprendizagem, ora numa visão psicologizante, ora numa visão empresarial. (ZOTTI, 2008)<br />
O currículo como configura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> prática, vincula<strong>do</strong> às<br />
teorias críticas<br />
O currículo como configura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> prática, produto de ampla discussão entre<br />
os sujeitos <strong>da</strong> <strong>educação</strong>, fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> nas teorias críticas e com organização<br />
disciplinar é a proposta destas Diretrizes para a rede estadual de ensino <strong>do</strong> Paraná,<br />
no atual contexto histórico.<br />
Não se trata de uma idéia nova, já que, num passa<strong>do</strong> não muito distante, fortes<br />
discussões pe<strong>da</strong>gógicas se concretizaram num <strong>do</strong>cumento curricular que se tornou<br />
bastante conheci<strong>do</strong>, denomina<strong>do</strong> Currículo Básico 4 . Esse <strong>do</strong>cumento foi resulta<strong>do</strong> de<br />
um intenso processo de discussão coletiva que envolveu professores <strong>da</strong> rede estadual<br />
de ensino e de instituições de ensino superior. Vinculava-se ao materialismo histórico<br />
dialético, matriz teórica que fun<strong>da</strong>mentava a proposta de ensino-aprendizagem<br />
de to<strong>da</strong>s as disciplinas <strong>do</strong> currículo. Chegou à escola em 1990 e vigorou, como<br />
proposição curricular oficial no Paraná, até quase o final <strong>da</strong>quela déca<strong>da</strong>.<br />
Estas Diretrizes Curriculares, por sua vez, se apresentam como frutos <strong>da</strong>quela<br />
matriz curricular, porém, duas déca<strong>da</strong>s se passaram e o <strong>do</strong>cumento atual tem<br />
as marcas de outra meto<strong>do</strong>logia de construção, por meio <strong>da</strong> qual a discussão<br />
contou com a participação maciça <strong>do</strong>s professores <strong>da</strong> rede. Buscou-se manter<br />
o vínculo com o campo <strong>da</strong>s teorias críticas <strong>da</strong> <strong>educação</strong> e as meto<strong>do</strong>logias que<br />
priorizem diferentes formas de ensinar, de aprender e de avaliar. Além disso, nestas<br />
<strong>diretrizes</strong> a concepção de conhecimento considera suas dimensões científica,<br />
filosófica e artística, enfatizan<strong>do</strong>-se a importância de to<strong>da</strong>s as disciplinas.<br />
Para a seleção <strong>do</strong> conhecimento, que é trata<strong>do</strong>, na escola, por meio <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s disciplinas concorrem tanto os fatores ditos externos, como aqueles<br />
determina<strong>do</strong>s pelo regime sócio-político, religião, família, trabalho quanto as<br />
características sociais e culturais <strong>do</strong> público escolar, além <strong>do</strong>s fatores específicos<br />
<strong>do</strong> sistema como os níveis de ensino, entre outros. Além desses fatores, estão os<br />
4 As discussões que culminaram na elaboração <strong>do</strong> currículo básico ocorreram no contexto <strong>da</strong> reabertura política, na segun<strong>da</strong><br />
metade <strong>do</strong>s anos de 1980, quan<strong>do</strong> o Brasil saía de um perío<strong>do</strong> de 20 anos submeti<strong>do</strong> à ditadura militar.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
saberes acadêmicos, trazi<strong>do</strong>s para os currículos escolares e neles toman<strong>do</strong> diferentes<br />
formas e abor<strong>da</strong>gens em função de suas permanências e transformações.<br />
Tais temas foram o mote <strong>da</strong>s discussões propostas para os professores durante<br />
o processo de elaboração destas Diretrizes, trabalha<strong>do</strong>s numa abor<strong>da</strong>gem histórica<br />
e crítica a respeito <strong>da</strong> constituição <strong>da</strong>s disciplinas escolares, de sua relevância e<br />
função no currículo e de sua relação com as ciências de referência.<br />
Na relação com as ciências de referência, é importante destacar que as<br />
disciplinas escolares, apesar de serem diferentes na abor<strong>da</strong>gem, estruturam-se<br />
nos mesmos princípios epistemológicos e cognitivos, tais como os mecanismos<br />
conceituais e simbólicos. Esses princípios são critérios de senti<strong>do</strong> que organizam<br />
a relação <strong>do</strong> conhecimento com as orientações para a vi<strong>da</strong> como prática social,<br />
servin<strong>do</strong> inclusive para organizar o saber escolar.<br />
Embora se compreen<strong>da</strong>m as disciplinas escolares como indispensáveis no<br />
processo de socialização e sistematização <strong>do</strong>s conhecimentos, não se pode<br />
conceber esses conhecimentos restritos aos limites disciplinares. A valorização<br />
e o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s conhecimentos organiza<strong>do</strong>s nas diferentes disciplinas<br />
escolares são condição para se estabelecerem as relações interdisciplinares,<br />
entendi<strong>da</strong>s como necessárias para a compreensão <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de.<br />
Assim, o fato de se identificarem condicionamentos históricos e culturais,<br />
presentes no formato disciplinar de nosso sistema educativo, não impede a<br />
perspectiva interdisciplinar. Tal perspectiva se constitui, também, como concepção<br />
crítica de <strong>educação</strong> e, portanto, está necessariamente condiciona<strong>da</strong> ao formato<br />
disciplinar, ou seja, à forma como o conhecimento é produzi<strong>do</strong>, seleciona<strong>do</strong>,<br />
difundi<strong>do</strong> e apropria<strong>do</strong> em áreas que dialogam mas que constituem-se em suas<br />
especifici<strong>da</strong>des.<br />
3 DIMENSÕES DO CONHECIMENTO<br />
Fun<strong>da</strong>mentan<strong>do</strong>-se nos princípios teóricos expostos, propõe-se que o<br />
currículo <strong>da</strong> Educação Básica ofereça, ao estu<strong>da</strong>nte, a formação necessária para<br />
o enfrentamento com vistas à transformação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social, econômica e<br />
política de seu tempo. Esta ambição remete às reflexões de Gramsci em sua defesa<br />
de uma <strong>educação</strong> na qual o espaço de conhecimento, na escola, deveria equivaler<br />
à idéia de atelier-biblioteca-oficina, em favor de uma formação, a um só tempo,<br />
humanista e tecnológica.<br />
20
Esta será uma de suas idéias chaves até o final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O homem renascentista, para ele (Gramsci)<br />
sintetiza o momento de eleva<strong>da</strong> cultura com o momento de transformação técnica e artística<br />
<strong>da</strong> matéria e <strong>da</strong> natureza; sintetiza também a criação de grandes idéias teórico-políticas com a<br />
experiência <strong>da</strong> convivência popular. Sem dúvi<strong>da</strong>, deve ele estar imaginan<strong>do</strong> o homem renascentista<br />
como um Leonar<strong>do</strong> <strong>da</strong> Vinci no seu atelier-biblioteca-oficina: as estantes cheias <strong>do</strong>s textos clássicos,<br />
as mesas cheias de tintas e modelos mecânicos; ou então escreven<strong>do</strong> ensaios políticos e culturais<br />
como um Maquiavel que transitava <strong>da</strong> convivência íntima com os clássicos historia<strong>do</strong>res <strong>da</strong> literatura<br />
greco-romana, para a convivência, também íntima, com os populares <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Florença. À<br />
luz desses modelos humanos, Gramsci sintetiza, no ideal <strong>da</strong> escola moderna para o proletaria<strong>do</strong>,<br />
as características <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de e livre iniciativa individual com as habili<strong>da</strong>des necessárias à forma<br />
produtiva mais eficiente para a humani<strong>da</strong>de de hoje. (NOSELLA, p. 20)<br />
Esse é o princípio implícito nestas <strong>diretrizes</strong> quan<strong>do</strong> se defende um currículo<br />
basea<strong>do</strong> nas dimensões científica, artística e filosófica <strong>do</strong> conhecimento. A<br />
produção científica, as manifestações artísticas e o lega<strong>do</strong> filosófico <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<br />
como dimensões para as diversas disciplinas <strong>do</strong> currículo, possibilitam um trabalho<br />
pe<strong>da</strong>gógico que aponte na direção <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> conhecimento e sua relação<br />
com o cotidiano.<br />
Com isso, entende-se a escola como o espaço <strong>do</strong> confronto e diálogo entre os<br />
conhecimentos sistematiza<strong>do</strong>s e os conhecimentos <strong>do</strong> cotidiano popular. Essas<br />
são as fontes sócio-históricas <strong>do</strong> conhecimento em sua complexi<strong>da</strong>de.<br />
Em breve retrospectiva histórica, é possível afirmar que, até o Renascimento, o<br />
que se entendia por conhecimento se aproximava muito <strong>da</strong> noção de pensamento<br />
filosófico, o qual buscava uma explicação racional para o mun<strong>do</strong> e para os<br />
fenômenos naturais e sociais.<br />
A filosofia permite um conhecimento racional, qual um exercício <strong>da</strong> razão. [...] A partir <strong>do</strong> século<br />
VI a.C., passou a circunscrever to<strong>do</strong> o conhecimento <strong>da</strong> época em explicações racionais acerca <strong>do</strong><br />
cosmo. A razão in<strong>da</strong>gava a natureza e obtinha respostas a problemas teóricos, especulativos. Até<br />
o século XVI, o pensamento permaneceu imbuí<strong>do</strong> <strong>da</strong> filosofia como instrumento <strong>do</strong> pensamento<br />
especulativo. [...] Desta forma, a filosofia representou, até o advento <strong>da</strong> ciência moderna, a<br />
culminância de to<strong>do</strong>s os esforços <strong>da</strong> racionali<strong>da</strong>de ocidental. Era o saber por excelência; a filosofia<br />
e a ciência formavam um único campo racional. (ARAUJO, 2003, p. 23-24)<br />
Com o Renascimento e a emergência <strong>do</strong> sistema mercantilista de produção,<br />
entre outras influências, o pensamento ocidental sofreu modificações importantes<br />
relaciona<strong>da</strong>s ao novo perío<strong>do</strong> histórico que se anunciava. No final <strong>do</strong> século XVII,<br />
por exemplo, Isaac Newton, ampara<strong>do</strong> nos estu<strong>do</strong>s de Galileu, Tycho Brahe e<br />
21<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Kepler estabeleceu a primeira grande unificação <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Física relacionan<strong>do</strong><br />
os fenômenos físicos terrestres e celestes. Temas que eram objeto <strong>da</strong> filosofia,<br />
passaram a ser analisa<strong>do</strong>s pelo olhar <strong>da</strong> ciência empírica, de mo<strong>do</strong> que “<strong>da</strong>s<br />
explicações organiza<strong>da</strong>s conforme o méto<strong>do</strong> científico, surgiram to<strong>da</strong>s as ciências<br />
naturais” (ARAUJO, 2003, p. 24).<br />
O conhecimento científico, então, foi se desvinculan<strong>do</strong> <strong>do</strong> pensamento<br />
teocêntrico e os saberes necessários para explicar o mun<strong>do</strong> ficaram a cargo <strong>do</strong> ser<br />
humano, que descreveria a natureza por meio de leis, princípios, teorias, sempre<br />
na busca de uma ver<strong>da</strong>de expressa pelo méto<strong>do</strong> científico.<br />
A dimensão filosófica <strong>do</strong> conhecimento não desapareceu com o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> razão científica. Ambas caminharam no século XX, quan<strong>do</strong> se observou a<br />
emergência de méto<strong>do</strong>s próprios para as ciências humanas, que se emanciparam<br />
<strong>da</strong>s ciências naturais. Assim, as dimensões filosófica e científica transformaram a<br />
concepção de ciência ao incluírem o elemento <strong>da</strong> interpretação ou significação<br />
que os sujeitos dão às suas ações – o homem torna-se, ao mesmo tempo, objeto<br />
e sujeito <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Além disso, as ciências humanas desenvolveram a análise <strong>da</strong> formação,<br />
consoli<strong>da</strong>ção e superação <strong>da</strong>s estruturas objetivas <strong>do</strong> humano na sua subjetivi<strong>da</strong>de<br />
e nas relações sociais. Essas transformações, que se deram devi<strong>do</strong> à expansão <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong> urbana, à consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> padrão de vi<strong>da</strong> burguesa e à formação de uma classe<br />
trabalha<strong>do</strong>ra consciente de si, exigem investigações sobre a constituição <strong>do</strong> sujeito<br />
e <strong>do</strong> processo social. São as dimensões filosófica e humana <strong>do</strong> conhecimento que<br />
possibilitam aos cientistas perguntarem sobre as implicações de suas produções<br />
científicas. Assim, pensamento científico e filosófico constituem dimensões <strong>do</strong><br />
conhecimento que não se confundem, mas não se devem separar.<br />
Temas que foram objeto de especulação e reflexão filosófica passaram <strong>da</strong>í por diante pelo crivo<br />
<strong>do</strong> olhar objetiva<strong>do</strong>r <strong>da</strong> ciência. [...] As ciências passaram a fornecer explicação sobre a estrutura<br />
<strong>do</strong> universo físico, sobre a constituição <strong>do</strong>s organismos e, mais recentemente, sobre o homem<br />
e a socie<strong>da</strong>de. A filosofia passou a abranger setores ca<strong>da</strong> vez mais restritos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, ten<strong>do</strong>,<br />
no entanto, se torna<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> vez mais agu<strong>da</strong> em suas in<strong>da</strong>gações; se não lhe é <strong>da</strong><strong>do</strong> mais abor<strong>da</strong>r<br />
o cosmo, pois a física e suas leis e teorias o faz mais apropria<strong>da</strong>mente, o filósofo se volta para a<br />
situação atual e pergunta-se: o que faz de nós este ser que hoje somos? (o) que é o saber, (o) que é<br />
o conhecer e de como se dá a relação entre mente e mun<strong>do</strong>. (ARAUJO, 2003, p. 24)<br />
Por sua vez, a dimensão artística é fruto de uma relação específica <strong>do</strong> ser<br />
humano com o mun<strong>do</strong> e o conhecimento. Essa relação é materializa<strong>da</strong> pela e na<br />
obra de <strong>arte</strong>, que “é p<strong>arte</strong> integrante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social, é elemento <strong>da</strong> estrutura<br />
de tal socie<strong>da</strong>de e expressão <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de social e espiritual <strong>do</strong> homem”<br />
22
(KOSIK, 2002, p. 139). A obra de <strong>arte</strong> é constituí<strong>da</strong> pela razão, pelos senti<strong>do</strong>s e<br />
pela transcendência <strong>da</strong> própria condição humana.<br />
Numa conheci<strong>da</strong> passagem <strong>do</strong>s Manuscritos econômico-filosóficos, Karl Marx<br />
argumenta que “o homem se afirma no mun<strong>do</strong> objetivo, não apenas no pensar,<br />
mas também com to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s” (MARX, 1987, p. 178) e os senti<strong>do</strong>s não são<br />
apenas naturais, biológicos e instintivos, mas também transforma<strong>do</strong>s pela cultura,<br />
humaniza<strong>do</strong>s.<br />
Para Marx, o capitalismo e a proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> determinam a alienação<br />
<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> pensamento, reduzin<strong>do</strong>-os à dimensão <strong>do</strong> ter. Portanto, a<br />
emancipação humana plena passa, necessariamente, pelo resgate <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s e<br />
<strong>do</strong> pensamento.<br />
Para o ouvi<strong>do</strong> não musical a mais bela música não tem senti<strong>do</strong> algum, não é objeto. [...]<br />
A formação <strong>do</strong>s cinco senti<strong>do</strong>s é um trabalho de to<strong>da</strong> história universal até nossos dias. O<br />
senti<strong>do</strong> que é prisioneiro <strong>da</strong> grosseira necessi<strong>da</strong>de prática tem apenas um senti<strong>do</strong> limita<strong>do</strong>.<br />
(MARX, 1987, p. 178)<br />
O conhecimento artístico tem como características centrais a criação e o<br />
trabalho cria<strong>do</strong>r. A <strong>arte</strong> é criação, quali<strong>da</strong>de distintiva fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> dimensão<br />
artística, pois criar “é fazer algo inédito, novo e singular, que expressa o sujeito<br />
cria<strong>do</strong>r e simultaneamente, transcende-o, pois o objeto cria<strong>do</strong> é porta<strong>do</strong>r de<br />
conteú<strong>do</strong> social e histórico e como objeto concreto é uma nova reali<strong>da</strong>de social”<br />
(PEIXOTO, 2003, p. 39).<br />
Esta característica <strong>da</strong> <strong>arte</strong> ser criação é um elemento fun<strong>da</strong>mental para a<br />
<strong>educação</strong>, pois a escola é, a um só tempo, o espaço <strong>do</strong> conhecimento historicamente<br />
produzi<strong>do</strong> pelo homem e espaço de construção de novos conhecimentos, no qual<br />
é imprescindível o processo de criação. Assim, o desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />
criativa <strong>do</strong>s alunos, inerente à dimensão artística, tem uma direta relação com a<br />
produção <strong>do</strong> conhecimento nas diversas disciplinas.<br />
Desta forma, a dimensão artística pode contribuir significativamente para<br />
humanização <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, ou seja, para a superação <strong>da</strong> condição de alienação e<br />
repressão à qual os senti<strong>do</strong>s humanos foram submeti<strong>do</strong>s. A Arte concentra, em<br />
sua especifici<strong>da</strong>de, conhecimentos de diversos campos, possibilitan<strong>do</strong> um diálogo<br />
entre as disciplinas escolares e ações que favoreçam uma uni<strong>da</strong>de no trabalho<br />
pe<strong>da</strong>gógico. Por isso, essa dimensão <strong>do</strong> conhecimento deve ser entendi<strong>da</strong> para<br />
além <strong>da</strong> disciplina de Arte, bem como as dimensões filosófica e científica não se<br />
referem exclusivamente à disciplina de Filosofia e às disciplinas científicas. Essas<br />
dimensões <strong>do</strong> conhecimento constituem p<strong>arte</strong> fun<strong>da</strong>mental <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s nas<br />
disciplinas <strong>do</strong> currículo <strong>da</strong> Educação Básica.<br />
23<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
3.1 O CONHECIMENTO E AS DISCIPLINAS CURRICULARES<br />
Como saber escolar, o conhecimento se explicita nos conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s disciplinas<br />
de tradição curricular, quais sejam: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física, Ensino<br />
Religioso, Filosofia, Física, Geografia, História, Língua Estrangeira Moderna, Língua<br />
Portuguesa, Matemática, Química e Sociologia5 .<br />
Nestas Diretrizes, destaca-se a importância <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s disciplinares e <strong>do</strong><br />
professor como autor de seu plano de ensino, contrapon<strong>do</strong>-se, assim, aos modelos<br />
de organização curricular que vigoraram na déca<strong>da</strong> de 1990, os quais esvaziaram<br />
os conteú<strong>do</strong>s disciplinares para <strong>da</strong>r destaque aos chama<strong>do</strong>s temas transversais.<br />
Ain<strong>da</strong> hoje, a crítica à política de esvaziamento <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s disciplinares<br />
sofre constrangimentos em consequência <strong>do</strong>s embates ocorri<strong>do</strong>s entre as<br />
diferentes tendências pe<strong>da</strong>gógicas no século XX. Tais embates trouxeram para<br />
“[...] o discurso pe<strong>da</strong>gógico moderno um certo complexo de culpa ao tratar o<br />
tema <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s” (SACRISTÁN, 2000, p. 120). A discussão sobre conteú<strong>do</strong>s<br />
<strong>curriculares</strong> passou a ser vista, por alguns, como uma defesa <strong>da</strong> escola como<br />
agência reprodutora <strong>da</strong> cultura <strong>do</strong>minante. Contu<strong>do</strong>,<br />
Sem conteú<strong>do</strong> não há ensino, qualquer projeto educativo acaba se concretizan<strong>do</strong> na aspiração de<br />
conseguir alguns efeitos nos sujeitos que se educam. Referin<strong>do</strong>-se estas afirmações ao tratamento<br />
científico <strong>do</strong> ensino, pode-se dizer que sem formalizar os problemas relativos aos conteú<strong>do</strong>s não<br />
existe discurso rigoroso nem científico sobre o ensino, porque estaríamos falan<strong>do</strong> de uma ativi<strong>da</strong>de<br />
vazia ou com significa<strong>do</strong> à margem <strong>do</strong> para que serve. (SACRISTÁN, 2000, p. 120)<br />
É preciso, também, ultrapassar a idéia e a prática <strong>da</strong> divisão <strong>do</strong> objeto didático<br />
pelas quais os conteú<strong>do</strong>s disciplinares são decidi<strong>do</strong>s e seleciona<strong>do</strong>s fora <strong>da</strong> escola,<br />
por outros agentes sociais. Quanto aos envolvi<strong>do</strong>s no ambiente escolar, sobretu<strong>do</strong><br />
aos professores, caberia apenas refletir e decidir sobre as técnicas de ensino.<br />
[...] A reflexão sobre a justificativa <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s é para os professores um motivo exemplar<br />
para entender o papel que a escolari<strong>da</strong>de em geral cumpre num determina<strong>do</strong> momento e, mais<br />
especificamente, a função <strong>do</strong> nível ou especiali<strong>da</strong>de escolar na qual trabalham. O que se ensina,<br />
sugere-se ou se obriga a aprender expressa valores e funções que a escola difunde num contexto<br />
social e histórico concreto. (SACRISTÁN, 2000, p. 150)<br />
5 As disciplinas técnicas <strong>do</strong>s cursos de Ensino Médio Integra<strong>do</strong> devem orientar-se, também, por essa compreensão de conhecimento,<br />
pois a ciência, a técnica e a tecnologia são frutos <strong>do</strong> trabalho e produtos <strong>da</strong> prática social. Participam, portanto, <strong>do</strong>s saberes <strong>da</strong>s<br />
disciplinas escolares.<br />
24
25<br />
Arte<br />
Os estu<strong>do</strong>s sobre a história <strong>da</strong> produção <strong>do</strong> conhecimento, seus méto<strong>do</strong>s e<br />
determinantes políticos, econômicos, sociais e ideológicos, relaciona<strong>do</strong>s com a<br />
história <strong>da</strong>s disciplinas escolares e as teorias <strong>da</strong> aprendizagem, possibilitam uma<br />
fun<strong>da</strong>mentação para o professor em discussões <strong>curriculares</strong> mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s e<br />
alteram sua prática pe<strong>da</strong>gógica.<br />
Nessa práxis, os professores participam ativamente <strong>da</strong> constante construção<br />
curricular e se fun<strong>da</strong>mentam para organizar o trabalho pe<strong>da</strong>gógico a partir <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s estruturantes de sua disciplina.<br />
Entende-se por conteú<strong>do</strong>s estruturantes os conhecimentos de grande amplitude,<br />
conceitos, teorias ou práticas, que identificam e organizam os campos de estu<strong>do</strong>s<br />
de uma disciplina escolar, considera<strong>do</strong>s fun<strong>da</strong>mentais para a compreensão de seu<br />
objeto de estu<strong>do</strong>/ensino. Esses conteú<strong>do</strong>s são seleciona<strong>do</strong>s a partir de uma análise<br />
histórica <strong>da</strong> ciência de referência (quan<strong>do</strong> for o caso) e <strong>da</strong> disciplina escolar, sen<strong>do</strong><br />
trazi<strong>do</strong>s para a escola para serem socializa<strong>do</strong>s, apropria<strong>do</strong>s pelos alunos, por meio<br />
<strong>da</strong>s meto<strong>do</strong>logias críticas de ensino-aprendizagem.<br />
Por serem históricos, os conteú<strong>do</strong>s estruturantes são frutos de uma construção<br />
que tem senti<strong>do</strong> social como conhecimento, ou seja, existe uma porção de<br />
conhecimento que é produto <strong>da</strong> cultura e que deve ser disponibiliza<strong>do</strong> como<br />
conteú<strong>do</strong>, ao estu<strong>da</strong>nte, para que seja apropria<strong>do</strong>, <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> e usa<strong>do</strong>. Esse é o<br />
conhecimento instituí<strong>do</strong>. Além desse saber instituí<strong>do</strong>, pronto, entretanto, deve<br />
existir, no processo de ensino/aprendizagem, uma preocupação com o devir <strong>do</strong><br />
conhecimento, ou seja, existem fenômenos e relações que a inteligência humana<br />
ain<strong>da</strong> não explorou na natureza. Portanto, de posse de alguns conhecimentos<br />
her<strong>da</strong><strong>do</strong>s culturalmente, o sujeito deve entender que isso não é to<strong>do</strong> o conhecimento<br />
possível que a inteligência tem e é capaz de ter <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e que existe uma<br />
consciência, uma necessi<strong>da</strong>de intrínseca e natural de continuar exploran<strong>do</strong> o “não<br />
saber” (CHAUÍ, 1997), a natureza (VASQUEZ, 1997).<br />
Como seleção, tais conteú<strong>do</strong>s carregam uma marca política, são <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>s<br />
e interessa<strong>do</strong>s e, nesse senti<strong>do</strong>, alguns saberes disciplinares, considera<strong>do</strong>s<br />
importantes no passa<strong>do</strong>, podem estar, aqui, excluí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> campo de estu<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> disciplina. Outros conteú<strong>do</strong>s estruturantes, ain<strong>da</strong> que mais recorrentes na<br />
história <strong>da</strong> disciplina, têm, nestas <strong>diretrizes</strong>, sua abor<strong>da</strong>gem teórica reelabora<strong>da</strong><br />
em função <strong>da</strong>s transformações sociais, políticas, econômicas e culturais ocorri<strong>da</strong>s<br />
recentemente.<br />
Ao vincular o conceito de conteú<strong>do</strong> estruturante tanto a uma análise histórica<br />
quanto a uma opção política, considera-se que
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
O envelhecimento <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> e a evolução de paradigmas na criação de saberes implica a seleção<br />
de elementos dessas áreas relativos à estrutura <strong>do</strong> saber, nos méto<strong>do</strong>s de investigação, nas técnicas<br />
de trabalho, para continuar aprenden<strong>do</strong> e em diferentes linguagens. O conteú<strong>do</strong> relevante de uma<br />
matéria é composto <strong>do</strong>s aspectos mais estáveis <strong>da</strong> mesma e <strong>da</strong>quelas capaci<strong>da</strong>des necessárias para<br />
continuar ten<strong>do</strong> acesso e renovar o conhecimento adquiri<strong>do</strong>. (SACRISTÁN, 2000, p. 152-153)<br />
Então, o conhecimento que identifica uma ciência e uma disciplina escolar<br />
é histórico, não é estanque, nem está cristaliza<strong>do</strong>, o que caracteriza a natureza<br />
dinâmica e processual de to<strong>do</strong> e qualquer currículo.<br />
Assim, nessas <strong>diretrizes</strong>, reconhece-se que, além de seus conteú<strong>do</strong>s “mais<br />
estáveis”, as disciplinas escolares incorporam e atualizam conteú<strong>do</strong>s decorrentes<br />
<strong>do</strong> movimento <strong>da</strong>s relações de produção e <strong>do</strong>minação que determinam relações<br />
sociais, geram pesquisas científicas e trazem para o debate questões políticas e<br />
filosóficas emergentes.<br />
Tais conteú<strong>do</strong>s, nas últimas déca<strong>da</strong>s, vinculam-se tanto à diversi<strong>da</strong>de étnicocultural6<br />
quanto aos problemas sociais contemporâneos7 e têm si<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong>s<br />
ao currículo escolar como temas que transversam as disciplinas, impostos a to<strong>da</strong>s<br />
elas de forma artificial e arbitrária.<br />
Em contraposição a essa perspectiva, nestas <strong>diretrizes</strong>, propõe-se que esses temas<br />
sejam abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelas disciplinas que lhes são afins, de forma contextualiza<strong>da</strong>,<br />
articula<strong>do</strong>s com os respectivos objetos de estu<strong>do</strong> dessas disciplinas e sob o rigor<br />
de seus referenciais teórico-conceituais.<br />
Nessa concepção de currículo, as disciplinas <strong>da</strong> Educação Básica terão, em<br />
seus conteú<strong>do</strong>s estruturantes, os campos de estu<strong>do</strong> que as identificam como<br />
conhecimento histórico. Dos conteú<strong>do</strong>s estruturantes organizam-se os conteú<strong>do</strong>s<br />
básicos a serem trabalha<strong>do</strong>s por série, compostos tanto pelos assuntos mais<br />
estáveis e permanentes <strong>da</strong> disciplina quanto pelos que se apresentam em função<br />
<strong>do</strong> movimento histórico e <strong>da</strong>s atuais relações sociais. Esses conteú<strong>do</strong>s, articula<strong>do</strong>s<br />
entre si e fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s nas respectivas orientações teórico-meto<strong>do</strong>lógicas,<br />
farão p<strong>arte</strong> <strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica curricular <strong>da</strong>s escolas.<br />
A partir <strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica curricular, o professor elaborará seu plano de<br />
trabalho <strong>do</strong>cente, <strong>do</strong>cumento de autoria, vincula<strong>do</strong> à reali<strong>da</strong>de e às necessi<strong>da</strong>des<br />
de suas diferentes turmas e escolas de atuação. No plano, se explicitarão os<br />
conteú<strong>do</strong>s específicos a serem trabalha<strong>do</strong>s nos bimestres, trimestres ou semestres<br />
letivos, bem como as especificações meto<strong>do</strong>lógicas que fun<strong>da</strong>mentam a relação<br />
6 Nesse aspecto destaca-se a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trabalho pe<strong>da</strong>gógico com a história cultura afro-brasileira, africana e indígena,<br />
conforme preconizam as leis 10.639/03 e 11.645/08.<br />
7 Dentre os problemas sociais contemporâneos estão a questão ambiental, a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> enfrentamento a violência, os<br />
problemas relaciona<strong>do</strong>s à sexuali<strong>da</strong>de e à drogadição.<br />
26
ensino/aprendizagem, além <strong>do</strong>s critérios e instrumentos que objetivam a avaliação<br />
no cotidiano escolar.<br />
3.2 A INTERDISCIPLINARIDADE<br />
Anunciar a opção político-pe<strong>da</strong>gógica por um currículo organiza<strong>do</strong> em<br />
disciplinas que devem dialogar numa perspectiva interdisciplinar requer que<br />
se explicite qual concepção de interdisciplinari<strong>da</strong>de e de contextualização o<br />
fun<strong>da</strong>menta, pois esses conceitos transitam pelas diferentes matrizes <strong>curriculares</strong>,<br />
<strong>da</strong>s conserva<strong>do</strong>ras às críticas, há muitas déca<strong>da</strong>s.<br />
Nestas <strong>diretrizes</strong>, as disciplinas escolares, são entendi<strong>da</strong>s como campos <strong>do</strong><br />
conhecimento e se identificam pelos respectivos conteú<strong>do</strong>s estruturantes e por<br />
seus quadros teóricos conceituais. Consideran<strong>do</strong> esse constructo teórico, as<br />
disciplinas são o pressuposto para a interdisciplinari<strong>da</strong>de. A partir <strong>da</strong>s disciplinas,<br />
as relações interdisciplinares se estabelecem quan<strong>do</strong>:<br />
• conceitos, teorias ou práticas de uma disciplina são chama<strong>do</strong>s à discussão<br />
e auxiliam a compreensão de um recorte de conteú<strong>do</strong> qualquer de outra<br />
disciplina;<br />
• ao tratar <strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> de uma disciplina, buscam-se nos quadros<br />
conceituais de outras disciplinas referenciais teóricos que possibilitem uma<br />
abor<strong>da</strong>gem mais abrangente desse objeto.<br />
Desta perspectiva, estabelecer relações interdisciplinares não é uma tarefa<br />
que se reduz a uma readequação meto<strong>do</strong>lógica curricular, como foi entendi<strong>do</strong>,<br />
no passa<strong>do</strong>, pela pe<strong>da</strong>gogia <strong>do</strong>s projetos. A interdisciplinari<strong>da</strong>de é uma questão<br />
epistemológica e está na abor<strong>da</strong>gem teórica e conceitual <strong>da</strong><strong>da</strong> ao conteú<strong>do</strong> em<br />
estu<strong>do</strong>, concretizan<strong>do</strong>-se na articulação <strong>da</strong>s disciplinas cujos conceitos, teorias e<br />
práticas enriquecem a compreensão desse conteú<strong>do</strong>.<br />
No ensino <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s escolares, as relações interdisciplinares evidenciam,<br />
por um la<strong>do</strong>, as limitações e as insuficiências <strong>da</strong>s disciplinas em suas abor<strong>da</strong>gens<br />
isola<strong>da</strong>s e individuais e, por outro, as especifici<strong>da</strong>des próprias de ca<strong>da</strong> disciplina para<br />
a compreensão de um objeto qualquer. Desse mo<strong>do</strong>, explicita-se que as disciplinas<br />
escolares não são herméticas, fecha<strong>da</strong>s em si, mas, a partir de suas especiali<strong>da</strong>des,<br />
chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s de<br />
mo<strong>do</strong> que se busque, ca<strong>da</strong> vez mais, a totali<strong>da</strong>de, numa prática pe<strong>da</strong>gógica que<br />
leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Tal pressuposto descarta uma interdisciplinari<strong>da</strong>de radical ou uma<br />
antidisciplinari<strong>da</strong>de 8 , fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s correntes teóricas <strong>curriculares</strong> denomina<strong>da</strong>s<br />
pós-modernas.<br />
8 A ideia de antidisciplinari<strong>da</strong>de é fruto <strong>da</strong>s discussões teóricas de alguns estu<strong>do</strong>s culturais educacionais. Tais estu<strong>do</strong>s constituem<br />
um novo campo <strong>do</strong> saber que, entre outras características, propõe refletir sobre a “extensão <strong>da</strong>s noções de <strong>educação</strong>, pe<strong>da</strong>gogia e<br />
currículo para além <strong>do</strong>s muros <strong>da</strong> escola; a desnaturalização de teorias e disciplinas instala<strong>da</strong>s no aparato escolar; a visibili<strong>da</strong>de de<br />
dispositivos disciplinares na escola e fora dela; a ampliação e complexificação <strong>da</strong>s discussões sobre identi<strong>da</strong>de e diferença e sobre<br />
27<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
3.3 A CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA<br />
A interdisciplinari<strong>da</strong>de está relaciona<strong>da</strong> ao conceito de contextualização sóciohistórica<br />
como princípio integra<strong>do</strong>r <strong>do</strong> currículo. Isto porque ambas propõem uma<br />
articulação que vá além <strong>do</strong>s limites cognitivos próprios <strong>da</strong>s disciplinas escolares,<br />
sem, no entanto, recair no relativismo epistemológico. Ao contrário, elas reforçam<br />
essas disciplinas ao se fun<strong>da</strong>mentarem em aproximações conceituais coerentes<br />
e nos contextos sócio-históricos, possibilitan<strong>do</strong> as condições de existência e<br />
constituição <strong>do</strong>s objetos <strong>do</strong>s conhecimentos disciplinares.<br />
De acor<strong>do</strong> com Ramos (p. 01, s/d),<br />
Sob algumas abor<strong>da</strong>gens, a contextualização, na pe<strong>da</strong>gogia, é compreendi<strong>da</strong> como a inserção<br />
<strong>do</strong> conhecimento disciplinar em uma reali<strong>da</strong>de plena de vivências, buscan<strong>do</strong> o enraizamento <strong>do</strong><br />
conhecimento explícito na dimensão <strong>do</strong> conhecimento tácito. Tal enraizamento seria possível por<br />
meio <strong>do</strong> aproveitamento e <strong>da</strong> incorporação de relações vivencia<strong>da</strong>s e valoriza<strong>da</strong>s nas quais os<br />
significa<strong>do</strong>s se originam, ou seja, na trama de relações em que a reali<strong>da</strong>de é teci<strong>da</strong>.<br />
Essa argumentação chama a atenção para a importância <strong>da</strong> práxis no processo<br />
pe<strong>da</strong>gógico, o que contribui para que o conhecimento ganhe significa<strong>do</strong> para<br />
o aluno, de forma que aquilo que lhe parece sem senti<strong>do</strong> seja problematiza<strong>do</strong> e<br />
apreendi<strong>do</strong>.<br />
É preciso, porém, que o professor tenha cui<strong>da</strong><strong>do</strong> para não empobrecer a<br />
construção <strong>do</strong> conhecimento em nome de uma prática de contextualização.<br />
Reduzir a abor<strong>da</strong>gem pe<strong>da</strong>gógica aos limites <strong>da</strong> vivência <strong>do</strong> aluno compromete<br />
o desenvolvimento de sua capaci<strong>da</strong>de crítica de compreensão <strong>da</strong> abrangência<br />
<strong>do</strong>s fatos e fenômenos. Daí a argumentação de que o contexto seja apenas o<br />
ponto de parti<strong>da</strong> 9 <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem pe<strong>da</strong>gógica, cujos passos seguintes permitam o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> pensamento abstrato e <strong>da</strong> sistematização <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Ain<strong>da</strong> de acor<strong>do</strong> com Ramos (p. 02, s/d),<br />
O processo de ensino-aprendizagem contextualiza<strong>do</strong> é um importante meio de estimular a curiosi<strong>da</strong>de<br />
e fortalecer a confiança <strong>do</strong> aluno. Por outro la<strong>do</strong>, sua importância está condiciona<strong>da</strong> à possibili<strong>da</strong>de<br />
de [...] ter consciência sobre seus modelos de explicação e compreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, reconhecêlos<br />
como equivoca<strong>do</strong>s ou limita<strong>do</strong>s a determina<strong>do</strong>s contextos, enfrentar o questionamento, colocálos<br />
em cheque num processo de desconstrução de conceitos e reconstrução/apropriação de outros.<br />
processos de subjetivação. Sobretu<strong>do</strong> tais análises têm chama<strong>do</strong> a atenção para novos temas, problemas e questões que passam a<br />
ser objeto de discussão no currículo e na pe<strong>da</strong>gogia” (COSTA, 2005, p. 114). Assim, a ideia de antidisciplinari<strong>da</strong>de fun<strong>da</strong>menta-se<br />
numa epistemologia e numa concepção política educacional que se contrapõe à defendi<strong>da</strong> nestas <strong>diretrizes</strong> <strong>curriculares</strong>.<br />
9<br />
RAMOS, M. (s/d) “Quan<strong>do</strong> se p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> contexto de vivência <strong>do</strong> aluno, é preciso enfrentar as concepções prévias que eles trazem<br />
e que, mesmo considera<strong>da</strong>s como conhecimento tácito, podem estar no plano <strong>do</strong> senso comum, constituí<strong>do</strong> por representações<br />
equivoca<strong>da</strong>s ou limita<strong>da</strong>s para a compreensão e a explicação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de”.<br />
28
Com isso, é preciso ter claro que esse processo de ensino fun<strong>da</strong>menta-se em<br />
uma cognição situa<strong>da</strong>, ou seja, as idéias prévias <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes e <strong>do</strong>s professores,<br />
advin<strong>da</strong>s <strong>do</strong> contexto de suas experiências e de seus valores culturais, devem ser<br />
reestrutura<strong>da</strong>s e sistematiza<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>s idéias ou <strong>do</strong>s conceitos que estruturam<br />
as disciplinas de referência.<br />
De um ponto de vista sócio-histórico <strong>da</strong> noção de contextualização, deve-se<br />
considerar que o confronto entre os contextos sócio-históricos, construí<strong>do</strong> ao<br />
longo de uma investigação, é um procedimento meto<strong>do</strong>lógico <strong>da</strong>s ciências de<br />
referência e <strong>da</strong>s disciplinas escolares.<br />
A simples comparação entre contextos sócio-históricos, porém, promove<br />
juízos de valor sobre as diferentes temporali<strong>da</strong>des, além <strong>do</strong> anacronismo, quan<strong>do</strong><br />
elementos de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> época são transporta<strong>do</strong>s automaticamente para outro<br />
perío<strong>do</strong> histórico. O presentismo 10 , por exemplo, é a forma mais comum <strong>do</strong><br />
anacronismo.<br />
Para evitar o anacronismo, é necessária uma sóli<strong>da</strong> compreensão <strong>do</strong>s conceitos<br />
de tempo e de espaço, muito caros ao entendimento <strong>do</strong> processo sócio-histórico<br />
de constituição <strong>da</strong>s dimensões filosófica, científica e artística de to<strong>da</strong>s as disciplinas<br />
escolares.<br />
Assim, é importante que os professores tenham claro que o méto<strong>do</strong><br />
fun<strong>da</strong>mental, no confronto entre contextos sócio-históricos, é a distinção temporal<br />
entre as experiências <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e as experiências <strong>do</strong> presente. Tal distinção é<br />
realiza<strong>da</strong> por meio <strong>do</strong>s conceitos e saberes que estruturam historicamente as<br />
disciplinas – os conteú<strong>do</strong>s estruturantes. Esse méto<strong>do</strong> também considera outros<br />
procedimentos, além <strong>da</strong>s relações de temporali<strong>da</strong>de, tais como a contextualização<br />
social e a contextualização por meio <strong>da</strong> linguagem.<br />
A contextualização social expõe uma tensão teórica fun<strong>da</strong>mental: o significa<strong>do</strong><br />
de contextualização para as teorias funcionalista 11 e estruturalista 12 em oposição a<br />
esse significa<strong>do</strong> para as teorias críticas.<br />
Das perspectivas funcionalista e estruturalista, a socie<strong>da</strong>de apresenta-se<br />
com estruturas políticas, econômicas, culturais, sociais permanentes. Para essas<br />
concepções, a contextualização tem como finali<strong>da</strong>de explicar o comportamento<br />
social <strong>do</strong>s indivíduos ou <strong>do</strong>s grupos conforme a normatização de uma estrutura<br />
pré-existente, caben<strong>do</strong> à <strong>educação</strong> a<strong>da</strong>ptar os indivíduos a essas estruturas. Na<br />
História <strong>da</strong> Educação Brasileira, por muito tempo, essas concepções foram aceitas,<br />
mas passaram a ser questiona<strong>da</strong>s por apresentarem limites na formação <strong>do</strong>s<br />
indivíduos.<br />
10<br />
Na compreensão presentista, o historia<strong>do</strong>r analisa o passa<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> presente. O Presentismo considera<br />
que o historia<strong>do</strong>r é influencia<strong>do</strong> pela cultura, valores e referências <strong>do</strong> tempo em que vive sen<strong>do</strong>, portan<strong>do</strong>, relativo to<strong>do</strong> o<br />
conhecimento produzi<strong>do</strong> sobre o passa<strong>do</strong>.<br />
11<br />
Cf. Durkheim, E. As Regras <strong>do</strong> Méto<strong>do</strong> sociológico. 14 ed. São Paulo: Editora Nacional 1990.<br />
Para o funcionalismo os indivíduos têm funções sociais defini<strong>da</strong>s a desempenhar, de acor<strong>do</strong> com o grupo social a que pertencem.<br />
12 Cf. Levi Strauss, C. Antropologia Estrutural I e II . trad. Sonia Wolosker, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1976.<br />
Para o estruturalismo as socie<strong>da</strong>des são organiza<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong> com estruturas já existentes que definem os papéis sociais, políticos,<br />
culturais e econômicos de ca<strong>da</strong> um, caben<strong>do</strong> aos indivíduos apenas se a<strong>da</strong>ptarem a essa estrutura <strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />
29<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Para as teorias críticas, nas quais estas <strong>diretrizes</strong> se fun<strong>da</strong>mentam, o conceito de<br />
contextualização propicia a formação de sujeitos históricos – alunos e professores –<br />
que, ao se apropriarem <strong>do</strong> conhecimento, compreendem que as estruturas sociais<br />
são históricas, contraditórias e abertas. É na abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s e na escolha<br />
<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de ensino advin<strong>do</strong> <strong>da</strong>s disciplinas <strong>curriculares</strong> que as inconsistências<br />
e as contradições presentes nas estruturas sociais são compreendi<strong>da</strong>s. Essa<br />
compreensão se dá num processo de luta política em que estes sujeitos constroem<br />
senti<strong>do</strong>s múltiplos em relação a um objeto, a um acontecimento, a um significa<strong>do</strong><br />
ou a um fenômeno. Assim, podem fazer escolhas e agir em favor de mu<strong>da</strong>nças<br />
nas estruturas sociais.<br />
É nesse processo de luta política que os sujeitos em contexto de escolarização<br />
definem os seus conceitos, valores e convicções advin<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s classes sociais e <strong>da</strong>s<br />
estruturas político-culturais em confronto. As propostas <strong>curriculares</strong> e conteú<strong>do</strong>s<br />
escolares estão intimamente organiza<strong>do</strong>s a partir desse processo, ao serem<br />
fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s por conceitos que dialogam disciplinarmente com as experiências<br />
e saberes sociais de uma comuni<strong>da</strong>de historicamente situa<strong>da</strong>.<br />
A contextualização na linguagem é um elemento constitutivo <strong>da</strong><br />
contextualização sócio-histórica e, nestas <strong>diretrizes</strong>, vem marca<strong>da</strong> por uma<br />
concepção teórica fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em Mikhail Bakhtin. Para ele, o contexto sóciohistórico<br />
estrutura o interior <strong>do</strong> diálogo <strong>da</strong> corrente <strong>da</strong> comunicação verbal entre<br />
os sujeitos históricos e os objetos <strong>do</strong> conhecimento. Trata-se de um dialogismo que<br />
se articula à construção <strong>do</strong>s acontecimentos e <strong>da</strong>s estruturas sociais, construin<strong>do</strong><br />
a linguagem de uma comuni<strong>da</strong>de historicamente situa<strong>da</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, as ações<br />
<strong>do</strong>s sujeitos históricos produzem linguagens que podem levar à compreensão<br />
<strong>do</strong>s confrontos entre conceitos e valores de uma socie<strong>da</strong>de.<br />
Essas ideias relativas à contextualização sócio-histórica vão ao encontro <strong>da</strong><br />
afirmação de Ivor Goodson de que o currículo é um <strong>arte</strong>fato construí<strong>do</strong> socialmente<br />
e que nele o conhecimento pode ser prático, pe<strong>da</strong>gógico e “relaciona<strong>do</strong> com um<br />
processo ativo” desde que contextualiza<strong>do</strong> de maneira dialética a uma “construção<br />
teórica mais geral” (GOODSON, 1995, p. 95).<br />
Assim, para o currículo <strong>da</strong> Educação Básica, contexto não é apenas o entorno<br />
contemporâneo e espacial de um objeto ou fato, mas é um elemento fun<strong>da</strong>mental<br />
<strong>da</strong>s estruturas sócio-históricas, marca<strong>da</strong>s por méto<strong>do</strong>s que fazem uso,<br />
necessariamente, de conceitos teóricos precisos e claros, volta<strong>do</strong>s à abor<strong>da</strong>gem<br />
<strong>da</strong>s experiências sociais <strong>do</strong>s sujeitos históricos produtores <strong>do</strong> conhecimento.<br />
30
4 AVALIAÇÃO<br />
No processo educativo, a avaliação deve se fazer presente, tanto como meio<br />
de diagnóstico <strong>do</strong> processo ensino-aprendizagem quanto como instrumento<br />
de investigação <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica, sempre com uma dimensão forma<strong>do</strong>ra,<br />
uma vez que, o fim desse processo é a aprendizagem, ou a verificação dela, mas<br />
também permitir que haja uma reflexão sobre a ação <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica.<br />
Para cumprir essa função a avaliação deve possibilitar o trabalho com o novo,<br />
numa dimensão cria<strong>do</strong>ra e criativa que envolva o ensino e a aprendizagem.<br />
Desta forma, se estabelecerá o ver<strong>da</strong>deiro senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> avaliação: acompanhar<br />
o desempenho no presente, orientar as possibili<strong>da</strong>des de desempenho futuro<br />
e mu<strong>da</strong>r as práticas insuficientes, apontan<strong>do</strong> novos caminhos para superar<br />
problemas e fazer emergir novas práticas educativas (LIMA, 2002/2003).<br />
No cotidiano escolar, a avaliação é p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s professores. Tem por<br />
objetivo proporcionar-lhes subsídios para as decisões a serem toma<strong>da</strong>s a respeito<br />
<strong>do</strong> processo educativo que envolve professor e aluno no acesso ao conhecimento.<br />
É importante ressaltar que a avaliação se concretiza de acor<strong>do</strong> com o que se<br />
estabelece nos <strong>do</strong>cumentos escolares como o Projeto Político Pe<strong>da</strong>gógico e, mais<br />
especificamente, a Proposta Pe<strong>da</strong>gógica Curricular e o Plano de Trabalho Docente,<br />
<strong>do</strong>cumentos necessariamente fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s nas Diretrizes Curriculares.<br />
Esse projeto e sua realização explicitam, assim, a concepção de escola e de<br />
socie<strong>da</strong>de com que se trabalha e indicam que sujeitos se quer formar para a<br />
socie<strong>da</strong>de que se quer construir.<br />
Nestas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, propõe-se formar sujeitos<br />
que construam senti<strong>do</strong>s para o mun<strong>do</strong>, que compreen<strong>da</strong>m criticamente o contexto<br />
social e histórico de que são frutos e que, pelo acesso ao conhecimento, sejam<br />
capazes de uma inserção ci<strong>da</strong>dã e transforma<strong>do</strong>ra na socie<strong>da</strong>de.<br />
A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão <strong>da</strong>s<br />
dificul<strong>da</strong>des de aprendizagem <strong>do</strong>s alunos, com vistas às mu<strong>da</strong>nças necessárias<br />
para que essa aprendizagem se concretize e a escola se faça mais próxima <strong>da</strong><br />
comuni<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de como um to<strong>do</strong>, no atual contexto histórico e no espaço<br />
onde os alunos estão inseri<strong>do</strong>s.<br />
Não há senti<strong>do</strong> em processos avaliativos que apenas constatam o que o aluno<br />
aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, toma<strong>da</strong>s como<br />
sentenças definitivas. Se a proposição curricular visa à formação de sujeitos que<br />
se apropriam <strong>do</strong> conhecimento para compreender as relações humanas em suas<br />
contradições e conflitos, então a ação pe<strong>da</strong>gógica que se realiza em sala de aula<br />
precisa contribuir para essa formação.<br />
31<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Para concretizar esse objetivo, a avaliação escolar deve constituir um projeto<br />
de futuro social, pela intervenção <strong>da</strong> experiência <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e compreensão <strong>do</strong><br />
presente, num esforço coletivo a serviço <strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica, em movimentos na<br />
direção <strong>da</strong> aprendizagem <strong>do</strong> aluno, <strong>da</strong> qualificação <strong>do</strong> professor e <strong>da</strong> escola.<br />
Nas salas de aula, o professor é quem compreende a avaliação e a executa<br />
como um projeto intencional e planeja<strong>do</strong>, que deve contemplar a expressão de<br />
conhecimento <strong>do</strong> aluno como referência uma aprendizagem continua<strong>da</strong>.<br />
No cotidiano <strong>da</strong>s aulas, isso significa que:<br />
• é importante a compreensão de que uma ativi<strong>da</strong>de de avaliação situa-se<br />
entre a intenção e o resulta<strong>do</strong> e que não se diferencia <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de ensino,<br />
porque ambas têm a intenção de ensinar;<br />
• no Plano de Trabalho Docente, ao definir os conteú<strong>do</strong>s específicos<br />
trabalha<strong>do</strong>s naquele perío<strong>do</strong> de tempo, já se definem os critérios, estratégias e<br />
instrumentos de avaliação, para que professor e alunos conheçam os avanços<br />
e as dificul<strong>da</strong>des, ten<strong>do</strong> em vista a reorganização <strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>cente;<br />
• os critérios de avaliação devem ser defini<strong>do</strong>s pela intenção que orienta o<br />
ensino e explicitar os propósitos e a dimensão <strong>do</strong> que se avalia. Assim, os<br />
critérios são um elemento de grande importância no processo avaliativo, pois<br />
articulam to<strong>da</strong>s as etapas <strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica;<br />
• os enuncia<strong>do</strong>s de ativi<strong>da</strong>des avaliativas devem ser claros e objetivos. Uma<br />
resposta insatisfatória, em muitos casos, não revela, em princípio, que o<br />
estu<strong>da</strong>nte não aprendeu o conteú<strong>do</strong>, mas simplesmente que ele não entendeu<br />
o que lhe foi pergunta<strong>do</strong>. Nesta circunstância, o difícil não é desempenhar a<br />
tarefa solicita<strong>da</strong>, mas sim compreender o que se pede;<br />
• os instrumentos de avaliação devem ser pensa<strong>do</strong>s e defini<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong><br />
com as possibili<strong>da</strong>des teórico-meto<strong>do</strong>lógicas que oferecem para avaliar os<br />
critérios estabeleci<strong>do</strong>s. Por exemplo, para avaliar a capaci<strong>da</strong>de e a quali<strong>da</strong>de<br />
argumentativa, a realização de um debate ou a produção de um texto serão<br />
mais adequa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que uma prova objetiva;<br />
• a utilização repeti<strong>da</strong> e exclusiva de um mesmo tipo de instrumento de<br />
avaliação reduz a possibili<strong>da</strong>de de observar os diversos processos cognitivos<br />
<strong>do</strong>s alunos, tais como: memorização, observação, percepção, descrição,<br />
argumentação, análise crítica, interpretação, criativi<strong>da</strong>de, formulação de<br />
hipóteses, entre outros;<br />
• uma ativi<strong>da</strong>de avaliativa representa, tão somente, um determina<strong>do</strong><br />
momento e não to<strong>do</strong> processo de ensino-aprendizagem;<br />
• a recuperação de estu<strong>do</strong>s deve acontecer a partir de uma lógica simples: os<br />
conteú<strong>do</strong>s seleciona<strong>do</strong>s para o ensino são importantes para a formação <strong>do</strong><br />
32
33<br />
Arte<br />
aluno, então, é preciso investir em to<strong>da</strong>s as estratégias e recursos possíveis<br />
para que ele apren<strong>da</strong>. A recuperação é justamente isso: o esforço de retomar,<br />
de voltar ao conteú<strong>do</strong>, de modificar os encaminhamentos meto<strong>do</strong>lógicos,<br />
para assegurar a possibili<strong>da</strong>de de aprendizagem. Nesse senti<strong>do</strong>, a recuperação<br />
<strong>da</strong> nota é simples decorrência <strong>da</strong> recuperação de conteú<strong>do</strong>.<br />
Assim, a avaliação <strong>do</strong> processo ensino-aprendizagem, entendi<strong>da</strong> como questão<br />
meto<strong>do</strong>lógica, de responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> professor, é determina<strong>da</strong> pela perspectiva<br />
de investigar para intervir. A seleção de conteú<strong>do</strong>s, os encaminhamentos<br />
meto<strong>do</strong>lógicos e a clareza <strong>do</strong>s critérios de avaliação eluci<strong>da</strong>m a intencionali<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> ensino, enquanto a diversi<strong>da</strong>de de instrumentos e técnicas de avaliação<br />
possibilita aos estu<strong>da</strong>ntes varia<strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des e maneiras de expressar seu<br />
conhecimento. Ao professor, cabe acompanhar a aprendizagem <strong>do</strong>s seus alunos e<br />
o desenvolvimento <strong>do</strong>s processos cognitivos.<br />
Por fim, destaca-se que a concepção de avaliação que permeia o currículo não<br />
pode ser uma escolha solitária <strong>do</strong> professor. A discussão sobre a avaliação deve<br />
envolver o coletivo <strong>da</strong> escola, para que to<strong>do</strong>s (direção, equipe pe<strong>da</strong>gógica, pais,<br />
alunos) assumam seus papéis e se concretize um trabalho pe<strong>da</strong>gógico relevante<br />
para a formação <strong>do</strong>s alunos.<br />
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35<br />
Arte
DIRETRIZES CURRICULARES DE ARTE<br />
37<br />
Arte<br />
As pessoas sem imaginação estão sempre<br />
queren<strong>do</strong> que a <strong>arte</strong> sirva para alguma coisa.<br />
Servir. Prestar. [...] Dar lucro. Não enxergam<br />
que a <strong>arte</strong> [...] é a única chance que o homem<br />
tem de vivenciar a experiência de um mun<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de.<br />
(Paulo Leminski)<br />
Por meio <strong>da</strong> <strong>arte</strong> o homem pode conseguir<br />
apreender a reali<strong>da</strong>de, não só para suportála,<br />
mas, principalmente, para transformá-la,<br />
ou seja, para humanizá-la e, dialeticamente,<br />
humanizar-se.<br />
(Maria Inês Hamann Peixoto)
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
1 DIMENSÃO HISTÓRICA DO ENSINO DE ARTE<br />
A dimensão histórica, apresenta<strong>da</strong> nestas <strong>diretrizes</strong>, destaca alguns marcos<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong> Arte no âmbito escolar. Serão analisa<strong>da</strong>s as concepções<br />
de alguns artistas e teóricos que se preocuparam com o conhecimento em Arte<br />
e instituições cria<strong>da</strong>s para atender esse ensino. Conhecer, tanto quanto possível,<br />
essa história permitirá aprofun<strong>da</strong>r a compreensão sobre a posição atual <strong>do</strong> ensino<br />
de Arte em nosso país e no Paraná.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> colonial, nas vilas e reduções jesuíticas, a congregação<br />
católica denomina<strong>da</strong> Companhia de Jesus desenvolveu, para grupos de origem<br />
portuguesa, indígena e africana1 , uma <strong>educação</strong> de tradição religiosa cujos registros<br />
revelam o uso pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> <strong>arte</strong>. Nessas reduções, o trabalho de catequização<br />
<strong>do</strong>s indígenas se <strong>da</strong>va com os ensinamentos de <strong>arte</strong>s e ofícios, por meio <strong>da</strong> retórica,<br />
literatura, música, teatro, <strong>da</strong>nça, pintura, escultura e <strong>arte</strong>s manuais. Ensinava-se<br />
a <strong>arte</strong> ibérica <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média e renascentista, mas valorizavam-se, também, as<br />
manifestações artísticas locais (BUDASZ, in NETO, 2004, p. 15).<br />
Esse contexto foi importante na constituição <strong>da</strong> matriz cultural brasileira e<br />
manifesta-se na cultura popular paranaense, como por exemplo, na música caipira<br />
em sua forma de cantar e tocar a viola (guitarra espanhola); no folclore, com<br />
as Cavalha<strong>da</strong>s em Guarapuava; a Folia de Reis no litoral e segun<strong>do</strong> planalto; a<br />
Conga<strong>da</strong> <strong>da</strong> Lapa, entre outras que permanecem com algumas variações.<br />
No mesmo perío<strong>do</strong> em que os jesuítas atuaram no Brasil – século XVI ao XVIII<br />
– a Europa passou por transformações de diversas ordens que se iniciaram com o<br />
Renascimento e culminaram com o Iluminismo. Nesse processo houve a superação<br />
<strong>do</strong> modelo teocêntrico medieval em favor <strong>do</strong> projeto iluminista, cuja característica<br />
principal era a convicção de que to<strong>do</strong>s os fenômenos podem ser explica<strong>do</strong>s pela<br />
razão e pela ciência.<br />
Nesse contexto, o governo português <strong>do</strong> Marquês de Pombal expulsou os<br />
Jesuítas <strong>do</strong> território <strong>do</strong> Brasil e estabeleceu uma reforma na <strong>educação</strong> e em<br />
outras instituições <strong>da</strong> Colônia. A chama<strong>da</strong> Reforma Pombalina fun<strong>da</strong>mentava-se<br />
nos padrões <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra, que enfatizava o ensino <strong>da</strong>s ciências<br />
naturais e <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s literários.<br />
Apesar dessa Reforma, na prática não se registrou efetivas mu<strong>da</strong>nças. Nos<br />
espaços <strong>do</strong>s colégios jesuítas passaram a funcionar colégios-seminários dirigi<strong>do</strong>s<br />
por outras congregações religiosas, onde padres-mestres eram responsáveis pelo<br />
1 Havia diferentes encaminhamentos para ca<strong>da</strong> etnia, nas missões para os índios, a ênfase era nas <strong>arte</strong>s manuais, nas vilas para<br />
os portugueses, era nas <strong>arte</strong>s liberais e ain<strong>da</strong> há registros de afro-descendentes que foram educa<strong>do</strong>s nestes seminários <strong>da</strong>s vilas,<br />
mas são registros individualiza<strong>do</strong>s.<br />
38
ensino que continuou organiza<strong>do</strong> sob a tradição pe<strong>da</strong>gógica e cultural jesuítica,<br />
ou seja, uma <strong>educação</strong> estritamente literária, basea<strong>da</strong> nos estu<strong>do</strong>s de gramática,<br />
retórica, latim e música (AZEVEDO, 1971).<br />
Entre esses colégios-seminários, destacaram-se o de Olin<strong>da</strong> e o Franciscano <strong>do</strong><br />
Rio de Janeiro. Constituí<strong>do</strong>s no início <strong>do</strong> século XIX, incluíam em seus currículos<br />
estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> desenho associa<strong>do</strong> à matemática e <strong>da</strong> harmonia na música como<br />
forma de priorizar a razão na <strong>educação</strong> e na <strong>arte</strong>, o que estava de acor<strong>do</strong> com os<br />
princípios <strong>do</strong> Iluminismo.<br />
Em 1808, com a vin<strong>da</strong> <strong>da</strong> família real de Portugal para o Brasil, uma série de<br />
obras e ações foram inicia<strong>da</strong>s para atender, em termos materiais e culturais, a<br />
corte portuguesa. Entre essas ações, destacou-se a vin<strong>da</strong> de um grupo de artistas<br />
franceses encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> Academia de Belas-Artes, na qual os alunos<br />
poderiam aprender as <strong>arte</strong>s e ofícios artísticos.<br />
Esse grupo ficou conheci<strong>do</strong> como Missão Francesa, cuja concepção de <strong>arte</strong><br />
vinculava-se ao estilo neoclássico, fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> no culto à beleza clássica. Em<br />
termos meto<strong>do</strong>lógicos, propunham exercícios de cópia e reprodução de obras<br />
consagra<strong>da</strong>s, o que caracterizou o pensamento pe<strong>da</strong>gógico tradicional de <strong>arte</strong>.<br />
Esse padrão estético entrou em conflito com a <strong>arte</strong> colonial e suas características,<br />
como o Barroco presente na arquitetura, escultura, talhe e pintura <strong>da</strong>s obras de<br />
Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho); na música <strong>do</strong> Padre José Maurício e nas<br />
obras de outros artistas, em sua maioria mestiços de origem humilde que, ao<br />
contrário <strong>do</strong>s estrangeiros, não recebiam remuneração pela sua produção.<br />
Nesse perío<strong>do</strong>, houve a laicização <strong>do</strong> ensino no Brasil, com o fim <strong>do</strong>s colégiosseminários<br />
e sua transformação em estabelecimentos públicos como o Colégio<br />
Pedro II, no Rio de Janeiro, ou exclusivamente eclesiásticos, como o Colégio<br />
Caraça, em Minas Gerais. Nos estabelecimentos públicos houve um processo de<br />
dicotomização <strong>do</strong> ensino de Arte: Belas Artes e música para a formação estética e<br />
o de <strong>arte</strong>s manuais e industriais.<br />
No Paraná, foi fun<strong>da</strong><strong>do</strong> o Liceu de Curitiba (1846), hoje Colégio Estadual <strong>do</strong><br />
Paraná, que seguia o currículo <strong>do</strong> Colégio Pedro II, e a Escola Normal (1876), atual<br />
Instituto de Educação, para a formação em magistério.<br />
Em 1886, foi cria<strong>da</strong> por Antonio Mariano de Lima a Escola de Belas Artes e<br />
Indústrias que desempenhou um papel importante no desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />
<strong>arte</strong>s plásticas e <strong>da</strong> música na ci<strong>da</strong>de; dessa escola, foi cria<strong>da</strong>, em 1917, a Escola<br />
Profissional Feminina 2 , que oferecia, além de desenho e pintura, cursos de corte e<br />
costura, arranjos de flores e bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s, que faziam p<strong>arte</strong> <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> mulher.<br />
Com a proclamação <strong>da</strong> República, em 1890, ocorreu a primeira reforma<br />
2 Oficializa<strong>da</strong> em 08/08/1917, através <strong>do</strong> decreto n. 548 (Diário Oficial/PR), em 1992, esta escola passa a denominar-se Centro<br />
de Artes Gui<strong>do</strong> Viaro e, em 2005, torna-se o Centro Estadual de Capacitação em Artes Gui<strong>do</strong> Viaro.<br />
39<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
educacional <strong>do</strong> Brasil republicano. Tal reforma foi marca<strong>da</strong> pelos conflitos de<br />
ideias positivistas e liberais. Os positivistas defendiam a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ensino<br />
de Arte valorizar o desenho geométrico como forma de desenvolver a mente<br />
para o pensamento científico. Os liberais preocupa<strong>do</strong>s com o desenvolvimento<br />
econômico e industrial defendiam a necessi<strong>da</strong>de de um ensino volta<strong>do</strong> para a<br />
preparação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.<br />
Benjamin Constant, responsável pelo texto <strong>da</strong> reforma, direcionou o ensino<br />
para a valorização <strong>da</strong> ciência e <strong>da</strong> geometria e propagou o ideário positivista no<br />
Brasil. Essa proposta educacional procurou atender aos interesses <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de<br />
produção capitalista e secun<strong>da</strong>rizou o ensino de Arte, que passou a abor<strong>da</strong>r, tão<br />
somente, as técnicas e <strong>arte</strong>s manuais.<br />
De fato, as políticas educacionais centra<strong>da</strong>s no atendimento às deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />
produção e <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho têm si<strong>do</strong> uma constante, como, por exemplo,<br />
no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> de Getúlio Vargas (1930 a 1945), com uma legislação que<br />
propunha a generalização <strong>do</strong> ensino profissionalizante nas escolas públicas; na<br />
ditadura militar (1964 a 1985), com o ensino técnico compulsório para o segun<strong>do</strong><br />
grau; e na segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, com a pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong>s competências<br />
e habili<strong>da</strong>des que fun<strong>da</strong>mentaram os Parâmetros Curriculares Nacionais.<br />
Entretanto, o ensino de Arte nas escolas e os cursos de Arte ofereci<strong>do</strong>s nos mais<br />
diversos espaços sociais são influencia<strong>do</strong>s, também, por movimentos políticos e<br />
sociais. Nas primeiras déca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> República, por exemplo, ocorreu a Semana de<br />
Arte Moderna de 1922, um importante marco para a <strong>arte</strong> brasileira, associa<strong>do</strong> aos<br />
movimentos nacionalistas <strong>da</strong> época.<br />
A exposição, no Teatro Municipal de São Paulo, foi um <strong>do</strong>s eventos desse<br />
movimento modernista e contou com diversos artistas, como Villa Lobos e<br />
Guiomar Novaes (músicos), Antonio Moya e George Prsyrembel (arquitetos),<br />
Anita Malfatti e Di Cavalcante (pintores), Brecheret (escultura), Yvonne Dalmerie<br />
(<strong>da</strong>nça), entre outros. Tal movimento teve como precursores nas <strong>arte</strong>s plásticas<br />
Anita Malfatti, Lasar Segall e Di Cavalcante, com suas exposições na déca<strong>da</strong> de<br />
1910 e, na literatura, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Mario de Andrade.<br />
O senti<strong>do</strong> antropofágico <strong>do</strong> movimento era de devorar a estética europeia e<br />
transformá-la em uma <strong>arte</strong> brasileira, valorizan<strong>do</strong> a expressão singular <strong>do</strong> artista,<br />
rompen<strong>do</strong> com os mo<strong>do</strong>s de representação realistas. Esses artistas direcionaram<br />
seus trabalhos para a pesquisa e produção de obras a partir <strong>da</strong>s raízes nacionais.<br />
O movimento modernista valorizava a cultura popular, pois entendia que<br />
desde o processo de colonização a <strong>arte</strong> indígena, a <strong>arte</strong> medieval e renascentista<br />
europeia e a <strong>arte</strong> africana, ca<strong>da</strong> qual com suas especifici<strong>da</strong>des, constituíram a<br />
matriz <strong>da</strong> cultura popular brasileira.<br />
O ensino de Arte passou a ter, então, enfoque na expressivi<strong>da</strong>de, espontaneísmo<br />
e criativi<strong>da</strong>de. Pensa<strong>da</strong> inicialmente para as crianças, essa concepção foi<br />
40
gra<strong>da</strong>tivamente incorpora<strong>da</strong> para o ensino de outras faixas etárias. Apoiou-se<br />
muito na pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Escola Nova, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na livre expressão de formas,<br />
na individuali<strong>da</strong>de, inspiração e sensibili<strong>da</strong>de, o que rompia com a transposição<br />
mecanicista de padrões estéticos <strong>da</strong> escola tradicional.<br />
Esse foi o fun<strong>da</strong>mento pe<strong>da</strong>gógico <strong>da</strong> Escolinha de Arte, cria<strong>da</strong> em 1948,<br />
no Rio de Janeiro, pelo artista e educa<strong>do</strong>r Augusto Rodrigues, organiza<strong>da</strong> em<br />
ateliês-livres de <strong>arte</strong>s plásticas. A forma de organização desta escolinha tornou-se<br />
referência para a criação de outras no território nacional, no entanto, manteve o<br />
caráter extracurricular <strong>do</strong> ensino de <strong>arte</strong>.<br />
Pela primeira vez uma tendência pe<strong>da</strong>gógica – Escola Nova – centrava sua<br />
ação no aluno e na sua cultura, em contraposição às formas anteriores de ensino<br />
impostas por modelos que não correspondiam ao universo cultural <strong>do</strong>s alunos,<br />
como por exemplo, a <strong>arte</strong> medieval e renascentista <strong>do</strong>s Jesuítas sobre a <strong>arte</strong><br />
indígena; ou a cultura neoclássica <strong>da</strong> Missão Francesa sobre a <strong>arte</strong> colonial e<br />
Barroca, com características brasileiras.<br />
Entretanto, somente com o trabalho <strong>do</strong> músico e compositor Heitor Villa Lobos,<br />
o ensino de Arte se generalizou e uma mesma meto<strong>do</strong>logia foi a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> na maioria<br />
<strong>da</strong>s escolas brasileiras. Como Superintendente de Educação Musical e Artística <strong>do</strong><br />
<strong>Governo</strong> de Getúlio Vargas, Villa Lobos tornou obrigatório o ensino de música nas<br />
escolas por meio <strong>da</strong> teoria e <strong>do</strong> canto orfeônico 3 , numa política de criação de uma<br />
identi<strong>da</strong>de nacional. A música foi muito difundi<strong>da</strong> nas escolas e conservatórios 4 e<br />
os professores trabalhavam com o canto orfeônico, com o ensino <strong>do</strong>s hinos e com<br />
o canto coral, realizan<strong>do</strong> apresentações para grandes públicos.<br />
Apesar <strong>do</strong> regime ditatorial <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> Getúlio Vargas, o ensino de música<br />
proposto por Villa Lobos foi importante para as escolas, pois constituiu uma<br />
pe<strong>da</strong>gogia musical e divulgou suas composições que expressavam a integração<br />
entre música erudita e popular.<br />
Esse trabalho permaneceu nas escolas com algumas modificações até mea<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1970, quan<strong>do</strong> o ensino de música foi reduzi<strong>do</strong> ao estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> teoria<br />
musical e, novamente, à execução de hinos ou outras canções cívicas.<br />
O ensino de Arte e os cursos oficiais públicos se estruturaram de acor<strong>do</strong> com<br />
a classe social à qual se destinavam, como por exemplo, a corporação de músicos<br />
e a corporação de <strong>arte</strong>sãos em Vila Rica, no século XVIII; as aulas particulares de<br />
piano <strong>da</strong>s senhoritas burguesas <strong>do</strong> século XIX; nos circos com atores, músicos e<br />
malabaristas e de diversos outros grupos sociais.<br />
No Paraná, houve reflexos desses vários processos pelos quais passou o ensino<br />
<strong>da</strong> Arte, assim como no final <strong>do</strong> século XIX, com a chega<strong>da</strong> <strong>do</strong>s imigrantes e,<br />
3 Canto Orfeônico: coro escolar/agremiação, socie<strong>da</strong>de ou escola dedica<strong>do</strong> ao canto coral (sem acompanhamento instrumental)<br />
4 O ensino <strong>do</strong> Canto Orfeônico serviu de referência para a criação de conservatórios de música como o Conservatório Estadual de<br />
Canto Orfeônico, fun<strong>da</strong><strong>do</strong> em 1956, e transforma<strong>do</strong> em 1967 na Facul<strong>da</strong>de de Educação Musical <strong>do</strong> Paraná (FEMP) e, em 1991,<br />
na Facul<strong>da</strong>de de Artes <strong>do</strong> Paraná (FAP), que forma professores em música, <strong>arte</strong>s visuais, teatro e <strong>da</strong>nça.<br />
41<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
entre eles, artistas, vieram novas ideias e experiências culturais diversas, como a<br />
aplicação <strong>da</strong> Arte aos meios produtivos e o estu<strong>do</strong> sobre a importância <strong>da</strong> Arte<br />
para o desenvolvimento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. As características <strong>da</strong> nova socie<strong>da</strong>de em<br />
formação e a necessária valorização <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de local estimularam movimentos a<br />
favor <strong>da</strong> Arte se tornar disciplina escolar.<br />
Entre os artistas e professores que participaram desse momento histórico<br />
destacaram-se Mariano de Lima, Alfre<strong>do</strong> Andersen, Gui<strong>do</strong> Viaro, Emma Koch,<br />
Ricar<strong>do</strong> Koch, Bento Mossurunga e outros considera<strong>do</strong>s precursores <strong>do</strong> ensino <strong>da</strong><br />
Arte no Paraná.<br />
Mariano de Lima, por sua vez, abriu espaço para o ensino artístico e profissional,<br />
associan<strong>do</strong> a técnica com a estética, num contexto histórico em que o trabalho<br />
<strong>arte</strong>sanal era substituí<strong>do</strong> pela técnica industrial. A meto<strong>do</strong>logia de ensino de<br />
Mariano de Lima baseava-se em modelos5 <strong>do</strong> neoclassicismo e filosofias <strong>do</strong><br />
liberalismo e positivismo. Essa escola ofertava cursos, tanto para profissionais<br />
liberais quanto para educa<strong>do</strong>res, entre eles: Auxiliar de Línguas e Ciências, Música,<br />
Desenho, Arquitetura, Pintura, Artes e Indústrias, Propagan<strong>da</strong> e Biblioteca.<br />
Em termos meto<strong>do</strong>lógicos, o artista Alfre<strong>do</strong> Andersen, por exemplo, trouxe<br />
influências <strong>da</strong> Escola de Barbizon, que privilegiava estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong> natureza trabalha<strong>do</strong>s<br />
em estúdio e ativi<strong>da</strong>des ao ar livre, difundi<strong>do</strong>s pelo movimento impressionista que<br />
buscava o exercício na observação direta <strong>do</strong> ambiente natural.<br />
Das escolas forma<strong>da</strong>s por iniciativas pioneiras, destaca-se também a cria<strong>da</strong><br />
pelo artista Gui<strong>do</strong> Viaro, em 1937, a Escolinha de Arte <strong>do</strong> Ginásio Belmiro César6 .<br />
Sua proposta era de oferecer ativi<strong>da</strong>des livres e funcionava em perío<strong>do</strong> alternativo<br />
às aulas <strong>do</strong>s alunos. A<strong>do</strong>tava correntes teóricas e pe<strong>da</strong>gógicas vin<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Europa e<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s na liber<strong>da</strong>de de expressão.<br />
Gui<strong>do</strong> Viaro, que também trabalhou na Escola Profissional Feminina, no Liceu<br />
Rio Branco e no Colégio Estadual <strong>do</strong> Paraná, apreciava as ideias de teóricos como<br />
Herbert Read e Lowenfeld, que defendiam os aspectos psicológicos na produção<br />
artística infantil e desenvolvimento <strong>do</strong> potencial cria<strong>do</strong>r. Teve como parceira de<br />
trabalho a educa<strong>do</strong>ra Eny Caldeira, que estu<strong>do</strong>u com Maria Montessori e foi<br />
sensibiliza<strong>da</strong> pelas questões relaciona<strong>da</strong>s à <strong>arte</strong> (OSINSKI,1998).<br />
Em 1956, a antiga Escola de Arte de Viaro passa a denominar-se Centro Juvenil<br />
de Artes Plásticas, liga<strong>do</strong> ao Departamento de Cultura <strong>da</strong> Secretaria de Educação<br />
e Cultura <strong>do</strong> Paraná.<br />
A artista Emma Koch, também influencia<strong>da</strong> por Lowenfeld, não restringiu seu<br />
trabalho apenas à corrente <strong>da</strong> livre expressão, acreditava no uso de temas e de<br />
5<br />
Esses modelos já eram ensina<strong>do</strong>s no passa<strong>do</strong>, em instituições como o Liceu de Artes e Ofícios <strong>do</strong> Rio de Janeiro, cria<strong>do</strong> em 1856,<br />
por Bithencourt <strong>da</strong> Silva.<br />
6<br />
Essa escolinha é anterior à famosa Escolinha de Arte <strong>do</strong> Brasil, dirigi<strong>da</strong> pelo artista Augusto Rodrigues, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> somente em 1948.<br />
42
histórias reais ou inventa<strong>da</strong>s como forma de integração entre a <strong>arte</strong> e a vi<strong>da</strong>,<br />
entre o conhecimento específico e a experiência <strong>do</strong> aluno, de mo<strong>do</strong> a valorizar a<br />
reflexão e a crítica no ensino de Arte (OSINSKI, 1998).<br />
Emma Koch, durante a gestão de Erasmo Piloto como Secretário de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
Educação e Cultura <strong>do</strong> Paraná, participou <strong>da</strong> criação <strong>do</strong> Departamento de Educação<br />
Artística nessa Secretaria e propôs a instituição de clubes infantis de cultura e de<br />
assistência técnica às escolas primárias. Em 1957, participou <strong>da</strong> elaboração de<br />
uma concepção teórico-meto<strong>do</strong>lógica para a Escola de Arte7 <strong>do</strong> Colégio Estadual<br />
<strong>do</strong> Paraná (CEP).<br />
A partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1960, as produções e movimentos artísticos se<br />
intensificaram: nas <strong>arte</strong>s plásticas, com as Bienais e os movimentos contrários a<br />
elas; na música, com a Bossa Nova e os festivais; no teatro, com o Teatro Oficina e<br />
o Teatro de Arena de Augusto Boal e no cinema, com o Cinema Novo de Glauber<br />
Rocha. Esses movimentos tiveram forte caráter ideológico, propunham uma nova<br />
reali<strong>da</strong>de social e, gra<strong>da</strong>tivamente, deixaram de acontecer com o endurecimento<br />
<strong>do</strong> regime militar.<br />
Com o Ato Institucional n. 5 (AI-5), em 1968, esses movimentos foram<br />
reprimi<strong>do</strong>s e vários artistas, professores, políticos e intelectuais que se opunham<br />
ao regime foram persegui<strong>do</strong>s e exila<strong>do</strong>s. Em 1971, foi promulga<strong>da</strong> a Lei Federal<br />
n. 5692/71, cujo artigo 7° determinava a obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ensino <strong>da</strong> <strong>arte</strong> nos<br />
currículos <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental (a partir <strong>da</strong> 5ª série) e <strong>do</strong> Ensino Médio, na<br />
época denomina<strong>do</strong>s de 1º e 2º Graus, respectivamente.<br />
Numa aparente contradição, foi nesse momento de repressão política e cultural<br />
que o ensino de Arte (disciplina de Educação Artística) tornou-se obrigatório<br />
no Brasil. Entretanto, seu ensino foi fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> para o desenvolvimento<br />
de habili<strong>da</strong>des e técnicas, o que minimizou o conteú<strong>do</strong>, o trabalho criativo e o<br />
senti<strong>do</strong> estético <strong>da</strong> <strong>arte</strong>. Cabia ao professor, tão somente, trabalhar com o aluno<br />
o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong>s materiais que seriam utiliza<strong>do</strong>s na sua expressão.<br />
No currículo escolar, a Educação Artística passou a compor a área de<br />
conhecimento denomina<strong>da</strong> Comunicação e Expressão. A produção artística, por<br />
sua vez, ficou sujeita aos atos que instituíram a censura militar. Na escola, o ensino<br />
de <strong>arte</strong>s plásticas foi direciona<strong>do</strong> para as <strong>arte</strong>s manuais e técnicas e o ensino de<br />
música enfatizou a execução de hinos pátrios e de festas cívicas.<br />
A partir de 1980, o país iniciou um amplo processo de mobilização social pela<br />
redemocratização e elaborou-se a nova Constituição, promulga<strong>da</strong> em 1988. Nesse<br />
7 Nessa escola ministrava-se, desde 1947, o ensino de Artes Plásticas e Teatro, além <strong>da</strong> Música, com o Maestro Bento Mossurunga<br />
e seu trabalho com o Canto Orfeônico. Com o passar <strong>do</strong> tempo, essas ativi<strong>da</strong>des foram incorpora<strong>da</strong>s às classes integrais e<br />
implementa<strong>da</strong>s no calendário escolar <strong>do</strong> CEP, onde permanecem até os dias atuais.<br />
43<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
processo, os movimentos sociais realizaram encontros, passeatas e eventos que<br />
promoviam, entre outras coisas, a discussão <strong>do</strong>s problemas educacionais para<br />
propor novos fun<strong>da</strong>mentos políticos para a <strong>educação</strong>.<br />
Dentre os fun<strong>da</strong>mentos pensa<strong>do</strong>s para a <strong>educação</strong>, destacam-se a pe<strong>da</strong>gogia<br />
histórico-crítica elabora<strong>da</strong> por Saviani <strong>da</strong> PUC de São Paulo e a Teoria <strong>da</strong> Libertação,<br />
com experiências de <strong>educação</strong> popular realiza<strong>da</strong>s por Organizações e movimentos<br />
sociais, fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s no pensamento de Paulo Freire. Essas teorias propunham<br />
oferecer aos educan<strong>do</strong>s acesso aos conhecimentos <strong>da</strong> cultura para uma prática<br />
social transforma<strong>do</strong>ra.<br />
A pe<strong>da</strong>gogia histórico-crítica fun<strong>da</strong>mentou o Currículo Básico para Ensino de 1 o<br />
grau, publica<strong>do</strong> em 1990, e o Documento de Reestruturação <strong>do</strong> Ensino de 2 o grau<br />
<strong>da</strong> Escola Pública <strong>do</strong> Paraná, publica<strong>do</strong> em segui<strong>da</strong>. Tais propostas <strong>curriculares</strong><br />
pretendiam fazer <strong>da</strong> escola um instrumento para a transformação social e nelas o<br />
ensino de Arte retomou a formação <strong>do</strong> aluno pela humanização <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, pelo<br />
saber estético e pelo trabalho artístico.<br />
Após quatro anos de trabalho de implementação <strong>da</strong>s propostas, esse processo<br />
foi interrompi<strong>do</strong> em 1995 pela mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong>s políticas educacionais que se apoiavam<br />
em outras bases teóricas. O Currículo Básico ain<strong>da</strong> estava ampara<strong>do</strong> por resolução<br />
<strong>do</strong> Conselho Estadual, mas foi, em p<strong>arte</strong>, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> como <strong>do</strong>cumento orienta<strong>do</strong>r<br />
<strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), publica<strong>do</strong>s<br />
no perío<strong>do</strong> de 1997 a 1999, foram encaminha<strong>do</strong>s pelo MEC diretamente para<br />
as escolas e residências <strong>do</strong>s professores e tornaram-se os novos orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
ensino.<br />
Os PCN em Arte tiveram como principal fun<strong>da</strong>mentação a proposta de Ana<br />
Mae Barbosa, denomina<strong>da</strong> de Meto<strong>do</strong>logia Triangular, inicialmente pensa<strong>da</strong> para<br />
o trabalho em museus, foi inspira<strong>da</strong> na DBAE (Discipline Based Art Education)<br />
norte-americana, que teve origem no final <strong>do</strong>s anos de 1960 nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
No Ensino Médio, a Arte compõe a área de Linguagens, Códigos e suas<br />
Tecnologias junto com as disciplinas de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira<br />
Moderna e Educação Física. Essa estrutura curricular reproduz o mesmo<br />
enquadramento <strong>da</strong><strong>do</strong> pela Lei n. 5.692/71 à disciplina de Educação Artística que<br />
a inseriu na área de Comunicação e Expressão e enfraqueceu seus conteú<strong>do</strong>s de<br />
ensino. Além disso, os encaminhamentos meto<strong>do</strong>lógicos apresenta<strong>do</strong>s pelos PCN<br />
sugerem que o planejamento curricular seja centra<strong>do</strong> no trabalho com temas e<br />
projetos, o que relega a segun<strong>do</strong> plano os conteú<strong>do</strong>s específicos <strong>da</strong> <strong>arte</strong>.<br />
Questiona-se, também, a pouca participação <strong>do</strong>s professores na produção<br />
<strong>do</strong>s PCN, que foram escritos e distribuí<strong>do</strong>s antes <strong>da</strong> elaboração <strong>da</strong>s Diretrizes<br />
Curriculares Nacionais (DCN) que, segun<strong>do</strong> a LDB n. 9394/96, deveriam ser a base<br />
legal para a formulação <strong>do</strong>s PCN.<br />
44
Tanto as DCN quanto os PCN <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental e <strong>do</strong> Ensino Médio,<br />
tomaram o conceito de estética sob os fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> estética <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de,<br />
<strong>da</strong> política <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> ética <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de.<br />
Assim, o conceito de estética foi esvazia<strong>do</strong> <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> artístico e utiliza<strong>do</strong><br />
para analisar as relações de trabalho e de merca<strong>do</strong>ria. Essa concepção de estética é<br />
fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na aparência e na superficiali<strong>da</strong>de, que mascara as relações de opressão e exploração<br />
<strong>da</strong> classe trabalha<strong>do</strong>ra, para justificar a submissão e o conformismo, pois se prende apenas aos<br />
efeitos <strong>da</strong> divisão de classes e ignora a origem econômica <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des (TROJAN, 2005, p.<br />
169).<br />
Na déca<strong>da</strong> de 1990, as empresas de capacitação de executivos e demais<br />
profissionais passaram a ver a <strong>arte</strong> e os conceitos de estética como meio e<br />
princípio nos seus cursos. Esse padrão foi muito a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nas capacitações<br />
(também denomina<strong>da</strong>s de reciclagem) de professores <strong>da</strong> Rede Pública em Faxinal<br />
<strong>do</strong> Céu (município de Pinhão), de 1997 a 2002. Nesses eventos, eram constantes<br />
as ativi<strong>da</strong>des artísticas desprovi<strong>da</strong>s de conteú<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aplica<strong>da</strong>s, na maioria <strong>da</strong>s<br />
vezes, como momentos terapêuticos, de descontração e de alienação, distantes<br />
<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de escolar.<br />
Além deste caráter motivacional e de sensibilização que marcou a capacitação<br />
de professores naquele perío<strong>do</strong>, outra característica é a de professores <strong>da</strong><br />
academia ministran<strong>do</strong> cursos para os professores <strong>da</strong> <strong>educação</strong> <strong>básica</strong>, em situações<br />
idealiza<strong>da</strong>s, com reflexos poucos palpáveis no cotidiano <strong>da</strong> escola.<br />
Em 2003, iniciou-se no Paraná um processo de discussão com os professores<br />
<strong>da</strong> Educação Básica <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, Núcleos Regionais de Educação (<strong>NRE</strong>) e Instituições<br />
de Ensino Superior (IES) pauta<strong>do</strong> na retoma<strong>da</strong> de uma prática reflexiva para a<br />
construção coletiva de <strong>diretrizes</strong> <strong>curriculares</strong> estaduais. Tal processo tomou o<br />
professor como sujeito epistêmico, que pesquisa sua disciplina, reflete sua prática<br />
e registra sua práxis. As novas <strong>diretrizes</strong> <strong>curriculares</strong> concebem o conhecimento<br />
nas suas dimensões artística, filosófica e científica e articulam-se com políticas que<br />
valorizam a <strong>arte</strong> e seu ensino na rede estadual <strong>do</strong> Paraná.<br />
Um exemplo dessas políticas é a Instrução Secretarial n. 015/2006 que<br />
estabelece o mínimo de 2 e o máximo de 4 aulas semanais/ano para to<strong>da</strong>s as<br />
disciplinas <strong>do</strong> Ensino Médio, proporcionan<strong>do</strong> maior equi<strong>da</strong>de entre elas, o que<br />
resultou no aumento <strong>do</strong> número de aulas de Arte. Outro exemplo é a retoma<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s concursos públicos para professores, pois consoli<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> vez mais o quadro<br />
próprio <strong>do</strong> magistério com profissionais habilita<strong>do</strong>s na disciplina de atuação, o<br />
que favorece a continui<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s teóricos e pe<strong>da</strong>gógicos<br />
propostos, principalmente para a Arte.<br />
45<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Além disso, os livros de literatura universal e os livros de fun<strong>da</strong>mentos<br />
teórico-meto<strong>do</strong>lógicos de to<strong>da</strong>s as áreas de <strong>arte</strong> envia<strong>do</strong>s às escolas <strong>da</strong> rede; a<br />
produção e distribuição <strong>do</strong> Livro Didático Público de Arte; o acesso, nas escolas, a<br />
equipamentos e recursos tecnológicos (computa<strong>do</strong>r, TV, portal, canais televisivos);<br />
a diversificação <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des de formação continua<strong>da</strong> com os grupos de<br />
estu<strong>do</strong> autônomos e os simpósios e seus mini-cursos ampliam as possibili<strong>da</strong>des de<br />
estu<strong>da</strong>r e estimulam os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> professor pesquisa<strong>do</strong>r.<br />
Neste contexto de mu<strong>da</strong>nças e avanços no ensino de <strong>arte</strong>, ressaltamos ain<strong>da</strong><br />
que foi sanciona<strong>da</strong> pelo Presidente <strong>da</strong> República a lei8 que estabelece no currículo<br />
oficial <strong>da</strong> rede de ensino a obrigatorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> temática “História e Cultura Afro-<br />
Brasileira e Indígena”. Para o ensino desta disciplina significa uma possibili<strong>da</strong>de<br />
de romper com uma hegemonia <strong>da</strong> cultura europeia, ain<strong>da</strong> presente em muitas<br />
escolas.<br />
Reconhece-se que os avanços recentes podem levar a uma transformação no<br />
ensino de <strong>arte</strong>. Entretanto, ain<strong>da</strong> são necessárias reflexões e ações que permitam<br />
a compreensão <strong>da</strong> <strong>arte</strong> como campo <strong>do</strong> conhecimento, de mo<strong>do</strong> que não seja<br />
reduzi<strong>da</strong> a um meio de comunicação para destacar <strong>do</strong>ns inatos ou a prática de<br />
entretenimento e terapia. Assim, o ensino de <strong>arte</strong> deixará de ser coadjuvante no<br />
sistema educacional para se ocupar também <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong> sujeito frente<br />
a uma socie<strong>da</strong>de construí<strong>da</strong> historicamente e em constante transformação.<br />
2 FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS<br />
As diferentes formas de pensar a Arte e o seu ensino são constituí<strong>da</strong>s nas<br />
relações socioculturais, econômicas e políticas <strong>do</strong> momento histórico em que<br />
se desenvolveram. Nesse senti<strong>do</strong>, as diversas teorias sobre a <strong>arte</strong> estabelecem<br />
referências sobre sua função social, tais como: <strong>da</strong> <strong>arte</strong> poder servir à ética, à política,<br />
à religião, à ideologia; ser utilitária ou mágica; transformar-se em merca<strong>do</strong>ria ou<br />
simplesmente proporcionar prazer.<br />
Nessa introdução <strong>do</strong>s fun<strong>da</strong>mentos teórico-meto<strong>do</strong>lógicos, serão abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s as<br />
formas como a <strong>arte</strong> é compreendi<strong>da</strong> no cotidiano <strong>do</strong>s estabelecimentos de ensino<br />
e como as pessoas se defrontam com o problema de conceituá-la. Tal abor<strong>da</strong>gem<br />
se embasará nos campos de estu<strong>do</strong>s <strong>da</strong> estética, <strong>da</strong> história e <strong>da</strong> filosofia.<br />
Algumas formas de conceituar <strong>arte</strong> foram incorpora<strong>da</strong>s pelo senso comum<br />
em prejuízo <strong>do</strong> conhecimento de suas raízes históricas e <strong>do</strong> tipo de socie<strong>da</strong>de<br />
8 Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008.<br />
46
(democrática ou autoritária, por exemplo) e de ser humano (essencialmente<br />
cria<strong>do</strong>r, autônomo ou submisso, simples repeti<strong>do</strong>r ou esclareci<strong>do</strong>) que pretendem<br />
formar, ou seja, a que concepção de <strong>educação</strong> vinculam-se. São elas:<br />
• Arte como mímesis e representação;<br />
• Arte como expressão;<br />
• Arte como técnica (formalismo).<br />
Essas formas históricas de interpretar a <strong>arte</strong> especificam proprie<strong>da</strong>des essenciais<br />
comuns a to<strong>da</strong>s as obras de <strong>arte</strong>.<br />
Arte como mímesis e representação<br />
As mais antigas interpretações <strong>da</strong> <strong>arte</strong> foram desenvolvi<strong>da</strong>s na Grécia Antiga,<br />
a partir <strong>da</strong>s ideias <strong>do</strong> filósofo grego Platão, nasci<strong>do</strong> em Atenas (427 a 347 a.C.) e<br />
têm por definição que <strong>arte</strong> é mimeses (imitação).<br />
Considera<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s principais pensa<strong>do</strong>res gregos, Platão, com seu idealismo,<br />
marcou profun<strong>da</strong>mente a filosofia ocidental. Seu pensamento baseava-se na<br />
diferenciação entre o mun<strong>do</strong> inteligível – o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s ideias, <strong>da</strong> inteligência –<br />
e o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s coisas sensíveis, o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seres vivos e <strong>da</strong> matéria. Platão<br />
afirmava que o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s ideias era o único mun<strong>do</strong> ver<strong>da</strong>deiro; o mun<strong>do</strong> sensível<br />
era apenas sombra ou cópia <strong>da</strong>quele. Segun<strong>do</strong> essa forma de pensar, “a mímesis<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> é uma ficção tão consuma<strong>da</strong> que dá a impressão (‘falsa’, adverte a moral<br />
platônica) de reali<strong>da</strong>de” (BOSI, 1991, p. 29).<br />
A <strong>arte</strong> fica, assim, reduzi<strong>da</strong> à simples reprodução, à cópia de uma sombra<br />
ilusória, ou seja, não tem valor algum como algo ver<strong>da</strong>deiro. Pior ain<strong>da</strong>: por<br />
constituir um objeto concreto, sensível, fruto <strong>do</strong> trabalho manual (importa aqui<br />
lembrar que na Polis grega, esse tipo de trabalho era realiza<strong>do</strong> por escravos, isto<br />
é, pelos não-ci<strong>da</strong>dãos) era desvaloriza<strong>do</strong> pela cultura grega como coisa menor,<br />
que compõe um mun<strong>do</strong> ilusório, sem bases reais. O real, o ver<strong>da</strong>deiro, logo o<br />
humanamente valioso, é produto <strong>do</strong> intelecto realiza<strong>do</strong> tão somente pelo ci<strong>da</strong>dão<br />
livre.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, para o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) a ver<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />
conhecimento humano reside “não num mun<strong>do</strong> (...) transcendente, separa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />
coisas <strong>da</strong> experiência, mas nas formas que as coisas contêm e que constituem<br />
o correlato real <strong>da</strong>s idéias <strong>da</strong> mente humana” (BRUGGER, 1987, p. 57). Nessa<br />
concepção, pode-se inferir que, para a <strong>arte</strong>, cooperam a experiência <strong>do</strong> sensível e<br />
a abstração <strong>do</strong> entendimento.<br />
Aristóteles considerava a <strong>arte</strong> como imitação <strong>do</strong> inteligível imanente no sensível,<br />
imitação <strong>da</strong> forma imanente na matéria. Na <strong>arte</strong>, esse inteligível é concretiza<strong>do</strong> na<br />
obra elabora<strong>da</strong> pelo artista, transforman<strong>do</strong> o objeto artístico em algo atemporal.<br />
47<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Retoman<strong>do</strong> Platão, o entendimento de <strong>arte</strong> como mímesis considera perfeita<br />
a obra que atingir maior semelhança com o modelo <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, conforme a<br />
expectativa <strong>do</strong> seu cria<strong>do</strong>r, considera<strong>do</strong> seu artífice 9 . Na concepção de Aristóteles,<br />
a representação é uma outra forma <strong>da</strong> mímesis, ou seja, a <strong>arte</strong> é uma reprodução<br />
intencional de um objeto de natureza sensorial e/ou intelectual, que resulta numa<br />
apreensão <strong>da</strong> forma mediante a fixação de modelos.<br />
Para tais concepções <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong>de Clássica, que passaram pelo Renascimento<br />
e permaneceram váli<strong>da</strong>s até o início <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> Revolução Industrial, no<br />
século XIX, o valor <strong>da</strong> <strong>arte</strong> está nas suas referências, na mensagem nela conti<strong>da</strong>.<br />
Trata-se, assim, de uma concepção de <strong>arte</strong> que prima pelo conteú<strong>do</strong>, pela tradição<br />
e pela manutenção de normas (normativi<strong>da</strong>de), entenden<strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> aquilo que<br />
foi realiza<strong>do</strong> na <strong>arte</strong> <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> deve ser aplica<strong>do</strong> à <strong>arte</strong> futura.<br />
Entretanto, convém lembrar que “a mímesis não é uma operação ingênua,<br />
idêntica em to<strong>da</strong>s as épocas e para to<strong>do</strong>s os povos. Conhecer quem mimetiza,<br />
como, onde e quan<strong>do</strong>, não é uma informação externa [ou acessória], mas inerente<br />
[e essencial] ao discurso sobre o realismo na <strong>arte</strong>” (BOSI, 1991, p. 31).<br />
Isso implica que, em diferentes contextos históricos, a ênfase na mímesis no<br />
campo <strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s tem características diversas e atinge objetivos diferencia<strong>do</strong>s, tais<br />
como:<br />
• servir para acomo<strong>da</strong>r a percepção a uma visão de mun<strong>do</strong> específica;<br />
• exaltar determina<strong>do</strong>s valores;<br />
• amortecer a sensibili<strong>da</strong>de, predispon<strong>do</strong> o indivíduo a aderir aos interesses<br />
<strong>da</strong> classe social hegemônica;<br />
• cercear ímpetos revolucionários de qualquer ordem, tanto no âmbito social<br />
quanto no econômico ou no político, etc.<br />
No entanto, alguns artistas acataram, por muito tempo, como inquestionáveis<br />
tais posições. Em pleno século XXI é ain<strong>da</strong> muito presente e bem aceita na escola<br />
a ideia <strong>da</strong> <strong>arte</strong> como representação, em muitos casos assimila<strong>da</strong> como referência<br />
formativa no ensino de <strong>arte</strong>. É comum no cotidiano <strong>da</strong>s escolas, por exemplo,<br />
a aplicação de ativi<strong>da</strong>des de repetição de formas, a partir de modelos préestabeleci<strong>do</strong>s<br />
de origem natural ou não.<br />
Assim, na prática comum, algumas recorrências indicam que o valor <strong>da</strong> <strong>arte</strong><br />
estaria somente nas suas referências, na mensagem, nos valores extra-artísticos.<br />
Algumas afirmações ouvi<strong>da</strong>s na escola e fora dela, denotam essa concepção<br />
porque tomam como medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> valor <strong>da</strong> obra a reali<strong>da</strong>de que esta supostamente<br />
representa ou porque enfatizam um conteú<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> ao autor para estabelecer<br />
o entendimento <strong>da</strong> obra. São elas:<br />
9 A denominação artista começou a ser usa<strong>da</strong> em Florença a partir <strong>do</strong> século XV.<br />
48
“Esta pintura é muito boa porque mal conseguimos distingui-la <strong>da</strong>quilo que o<br />
artista usou como modelo! Parece até uma fotografia!”;<br />
“A música <strong>do</strong>s jovens nos anos sessenta representa o movimento <strong>da</strong> contra<br />
cultura!”;<br />
“A estátua David, de Michelangelo, é tão perfeita que só falta falar!”;<br />
“O que você (aluno) quer dizer com esse desenho?”;<br />
“O que o artista quis dizer com esta escultura?”.<br />
Na escola, esses conceitos e processos atribuem à Arte a função de reprodução<br />
mais fiel possível <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, pois seguem formas padroniza<strong>da</strong>s e mantêm o<br />
aluno no aperfeiçoamento <strong>da</strong> técnica de copiar, reproduzir, o que resulta no<br />
cerceamento de sua capaci<strong>da</strong>de de criação e comunicação de novas percepções e<br />
visões de mun<strong>do</strong>.<br />
Assim, mesmo de mo<strong>do</strong> não consciente, essa concepção auxilia na formação de<br />
indivíduos submissos ao sistema vigente, seja qual for, e aos modelos existentes.<br />
Por extensão, favorece o espírito de submissão à reali<strong>da</strong>de tal e qual está posta/<br />
imposta, como se a história e a socie<strong>da</strong>de fossem estáticas, modelos prontos a<br />
serem conheci<strong>do</strong>s/reproduzi<strong>do</strong>s. A partir dessa concepção, cabe à <strong>educação</strong> tão<br />
somente promover o ajustamento <strong>do</strong> sujeito que deve achar seu lugar na socie<strong>da</strong>de<br />
e resignar-se. Nega-se, então, a possibili<strong>da</strong>de de conhecer a reali<strong>da</strong>de para somar<br />
na sua construção, de mo<strong>do</strong> a superá-la e transformá-la.<br />
Arte como expressão<br />
Com os filósofos e artistas românticos <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século XVIII, a concepção<br />
de Arte mu<strong>do</strong>u de perspectiva e se contrapôs ao modelo fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> na<br />
representação fiel ou idealiza<strong>da</strong> <strong>da</strong> natureza. Passou, então, a ser considera<strong>da</strong><br />
obra de <strong>arte</strong> to<strong>da</strong> expressão concretiza<strong>da</strong> em formas visível/audível/dramática ou<br />
em movimentos de sentimentos e emoções.<br />
O movimento romântico defendia que a Arte deveria libertar-se <strong>da</strong>s limitações<br />
<strong>da</strong>s concepções anteriores – mímesis e representação – e, ao mesmo tempo,<br />
deslocava para o artista/cria<strong>do</strong>r a chave <strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> Arte. A beleza <strong>da</strong><br />
obra de Arte passou a consistir não mais na “adequação a um modelo ou a um<br />
cânone externo de beleza, mas na beleza <strong>da</strong> expressão, isto é, na íntima coerência<br />
<strong>da</strong>s figuras artísticas com o sentimento que as anima e suscita.” (PAREYSON,<br />
1989, p. 29).<br />
Para Fischer,<br />
49<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
O romantismo foi um movimento de protesto, apaixona<strong>do</strong> e contraditório contra o mun<strong>do</strong> burguês<br />
capitalista [...] foi uma revolta contra o classicismo <strong>da</strong> nobreza, contra as normas e padrões, contra<br />
a forma aristocrática, e contra um conteú<strong>do</strong> que excluía to<strong>da</strong>s as soluções comuns. Para os rebeldes<br />
românticos tu<strong>do</strong> podia ser assunto para a <strong>arte</strong>” (1979, p. 63-64).<br />
No ideal romântico <strong>da</strong> Arte prevalece o subjetivismo e a liber<strong>da</strong>de de temas<br />
e composições inspira<strong>do</strong>s em sentimentos e esta<strong>do</strong>s <strong>da</strong> alma. Em suas bases,<br />
evidenciou uma rejeição <strong>do</strong>s artistas às contradições <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de capitalista<br />
e à miséria gera<strong>da</strong> em sua fase de consoli<strong>da</strong>ção, expressa pelos sentimentos e<br />
emoções pessoais <strong>do</strong>s artistas.<br />
Na Arte como expressão, destacaram-se filósofos, artistas plásticos, músicos e<br />
escritores que, em muitas de suas obras, apresentam ou representam características<br />
românticas, tais como Kant, Tolstoi, Van Gogh, Edward Munch, Goethe, Ibsen,<br />
Wagner, entre outros.<br />
Esse movimento tende a centrar-se no indivíduo e aprofun<strong>da</strong>r um olhar<br />
subjetivo sobre a reali<strong>da</strong>de. Sob tal concepção, o artista é considera<strong>do</strong> o gênio em<br />
seu processo criativo, aquele que não mais contempla as cenas <strong>do</strong> cotidiano de<br />
forma distancia<strong>da</strong> – com um olhar de fora para dentro – e, sim, deixa transparecer<br />
em suas obras as impressões <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, projeções e visões subjetivas <strong>do</strong> real<br />
que se caracterizam, nessa concepção, como num movimento de dentro para fora.<br />
Assim, uma importante função <strong>da</strong> Arte foi a de revelar as contradições <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de, prestan<strong>do</strong>-se desse mo<strong>do</strong> a uma crítica social que representava os<br />
conflitos sociais internaliza<strong>do</strong>s e expressos artisticamente pelos sujeitos cria<strong>do</strong>res.<br />
Essa ideia de Arte como expressão consoli<strong>do</strong>u-se no ensino com a pe<strong>da</strong>gogia<br />
<strong>da</strong> Escola Nova, que era centra<strong>da</strong> no aluno. O encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico<br />
no ensino <strong>da</strong> Arte passou a priorizar ativi<strong>da</strong>des práticas (fazer) ancora<strong>da</strong>s na<br />
espontanei<strong>da</strong>de (o que reduzia as aulas, muitas vezes, ao espontaneísmo) para<br />
assegurar o desenvolvimento <strong>da</strong> imaginação e <strong>da</strong> autonomia <strong>do</strong> aluno. Assim, o<br />
aluno alcançaria a realização pessoal a partir de ativi<strong>da</strong>des de expressão artística<br />
que valorizam a imaginação e a criativi<strong>da</strong>de, o que pressupõe a produção em Arte,<br />
fruto de um <strong>do</strong>m nato.<br />
Pode-se identificar essa concepção de <strong>arte</strong> nas seguintes falas, ouvi<strong>da</strong>s nas<br />
escolas:<br />
“Vamos trabalhar com a coleção Os Gênios <strong>da</strong> Pintura!”, pois tais artistas, por<br />
sua geniali<strong>da</strong>de cria<strong>do</strong>ra, representam o que de melhor se produziu em <strong>arte</strong>, em<br />
to<strong>do</strong>s os tempos;<br />
“O amarelo no quadro Os girassóis de Van Gogh expressa a agonia <strong>do</strong> artista!”;<br />
“Na obra de Munch, O grito, o pintor revela angústia e desespero!”;<br />
“A música de Bach demonstra a fé e a religiosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> compositor!”.<br />
50
Tais interpretações não cogitam a possibili<strong>da</strong>de de que o artista expressa um<br />
sentimento socialmente existente – presencia<strong>do</strong> e compartilha<strong>do</strong> por ele, é óbvio<br />
– de <strong>do</strong>r, angústia e desespero, <strong>da</strong><strong>da</strong>s as condições sócio-econômicas de miséria<br />
vivi<strong>da</strong> por vastas cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> população <strong>do</strong> seu tempo; nem mesmo que a música<br />
de Bach expresse uma religiosi<strong>da</strong>de característica de sua época, de seu meio<br />
cultural. Tu<strong>do</strong> está centra<strong>do</strong> no indivíduo, como se pudesse ser anistórico 10 , como<br />
se fosse possível existir isola<strong>da</strong>mente <strong>do</strong> seu contexto histórico.<br />
Arte como técnica (formalismo)<br />
Outra concepção de Arte a ser analisa<strong>da</strong> é o formalismo que se vinculou à<br />
pe<strong>da</strong>gogia tecnicista <strong>do</strong>s anos de 1970 e ain<strong>da</strong> está presente na prática escolar.<br />
O formalismo na Arte supervaloriza a técnica e o fazer <strong>do</strong> aluno e tem origem<br />
num movimento artístico <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século XX, em que o “aspecto essencial” <strong>da</strong><br />
obra de Arte era o “produtivo, realizativo (sic), executivo” (PAREYSON, 1989, p.<br />
31). O artístico era evidencia<strong>do</strong> e supervaloriza<strong>do</strong> como forma significante, o que<br />
resultou no formalismo ou na ideia <strong>da</strong> forma pela forma.<br />
No formalismo considera-se a obra de Arte pelas proprie<strong>da</strong>des formais de sua<br />
composição. As ideias expressas na obra são considera<strong>da</strong>s puramente artísticas;<br />
o artista não se detém, nem dá importância ao tema. O fun<strong>da</strong>mental é como se<br />
apresenta, se estrutura e se organiza e não o que a obra representa ou expressa.<br />
Entre os artistas e filósofos que imprimiram em algumas de suas obras tais<br />
características, destacam-se Duchamp, Kandinsky, Malevitch e Mondrian, entre<br />
outros.<br />
Identifica-se a concepção formalista em afirmações como as seguintes:<br />
“Coloque o chão (uma base) na figura para ela não ficar voan<strong>do</strong>!”;<br />
“Esse quadro é uma ver<strong>da</strong>deira obra-prima devi<strong>do</strong> à harmonia e ao equilíbrio<br />
<strong>da</strong> composição!”;<br />
“A música <strong>da</strong> Bossa Nova é complexa e rica devi<strong>do</strong> à organização <strong>do</strong>s seus<br />
acordes!”;<br />
“Essa <strong>da</strong>nça não tem quali<strong>da</strong>de porque não está bem sincroniza<strong>da</strong>!”.<br />
O formalismo ignora que no campo <strong>da</strong> <strong>arte</strong> “o simples ‘fazer’ não basta<br />
para definir sua essência. A <strong>arte</strong> é também invenção. (...) Ela é um tal fazer<br />
que, enquanto faz, inventa o por fazer e o mo<strong>do</strong> de fazer. (...) Nela concebe-se<br />
executan<strong>do</strong>, projeta-se fazen<strong>do</strong>, encontra-se a regra operan<strong>do</strong> (...)”(PAREYSON,<br />
1989, p. 32). A <strong>arte</strong> é uma práxis cria<strong>do</strong>ra; é um fazer pensa<strong>do</strong> e um pensamento<br />
feito, concretiza<strong>do</strong>, isto é, um produto resultante <strong>do</strong> movimento dialético ação/<br />
pensamento/ação que se concretiza em objetos artísticos.<br />
10 Conforme HOUAISS o termo anistórico refere-se ao que não participa <strong>da</strong> história.<br />
51<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Reconhece-se que o entendimento <strong>da</strong> Arte como mímesis e representação,<br />
<strong>da</strong> Arte como expressão e <strong>da</strong> posição tecnicista que entende a Arte como puro<br />
fazer, são limita<strong>da</strong>s por focarem a compreensão <strong>da</strong> Arte a apenas uma dimensão.<br />
Em sua complexi<strong>da</strong>de, a Arte comporta ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s posições apresenta<strong>da</strong>s:<br />
simultaneamente representa a reali<strong>da</strong>de, expressa visões de mun<strong>do</strong> pelo filtro <strong>do</strong><br />
artista (mas não apenas suas emoções e sentimentos pessoais) e retrata aspectos<br />
políticos, ideológicos e socioculturais <strong>da</strong> sua época.<br />
Nestas Diretrizes, tratar <strong>da</strong>s concepções <strong>da</strong> <strong>arte</strong> como imitação e representação,<br />
<strong>arte</strong> como expressão ou <strong>arte</strong> como forma significante tem por objetivo auxiliar o<br />
professor no importante processo de reflexão e avaliação de sua prática, o que<br />
significa pensar em que medi<strong>da</strong> tais concepções se fazem presentes nas suas aulas,<br />
no dia-a-dia <strong>da</strong> escola, bem como nas implicações que tal fato terá no processo<br />
educativo <strong>do</strong>s seus alunos. Essa avaliação é primordial para a efetivação de um<br />
ensino de quali<strong>da</strong>de volta<strong>do</strong> às necessi<strong>da</strong>des educativas <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong> população,<br />
meta que deve nortear to<strong>do</strong>s os profissionais <strong>da</strong> Educação.<br />
Conhecer a teoria estética não é retirá-la <strong>da</strong> história e transformá-la numa<br />
definição absolutiza<strong>da</strong>, mas sim, compreendê-la dentro <strong>do</strong> seu contexto histórico<br />
como uma referência que gera conhecimento e articula saberes de ordem cognitiva,<br />
sensível e sócio-histórica, numa <strong>da</strong><strong>da</strong> época, para pensar a Arte e o seu ensino.<br />
2.1 ARTE NA EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
O ensino de Arte deve basear-se num processo de reflexão sobre a finali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Educação, os objetivos específicos dessa disciplina e a coerência entre tais<br />
objetivos, os conteú<strong>do</strong>s programa<strong>do</strong>s (os aspectos teóricos) e a meto<strong>do</strong>logia<br />
proposta. Pretende-se que os alunos adquiram conhecimentos sobre a diversi<strong>da</strong>de<br />
de pensamento e de criação artística para expandir sua capaci<strong>da</strong>de de criação e<br />
desenvolver o pensamento crítico.<br />
Por isso, desde o início as discussões coletivas para a elaboração destas <strong>diretrizes</strong><br />
<strong>curriculares</strong> pautaram-se em um diálogo entre a reali<strong>da</strong>de de sala de aula e o<br />
conhecimento no campo <strong>da</strong>s teorias críticas de Arte e de <strong>educação</strong>.<br />
Entretanto, diante <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> tarefa de definir a <strong>arte</strong>, considerou-se a<br />
necessi<strong>da</strong>de de abordá-la a partir <strong>do</strong>s campos conceituais que historicamente têm<br />
produzi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s sobre ela, quais sejam:<br />
• o conhecimento estético está relaciona<strong>do</strong> à apreensão <strong>do</strong> objeto artístico<br />
como criação de cunho sensível e cognitivo. Historicamente origina<strong>do</strong> na<br />
52
53<br />
Arte<br />
Filosofia, o conhecimento estético constitui um processo de reflexão a respeito<br />
<strong>do</strong> fenômeno artístico e <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de humana, em consonância com os<br />
diferentes momentos históricos e formações sociais em que se manifestam.<br />
Pode-se buscar contribuições nos campos <strong>da</strong> Sociologia e <strong>da</strong> Psicologia<br />
para que o conhecimento estético seja melhor compreendi<strong>do</strong> em relação às<br />
representações artísticas;<br />
• o conhecimento <strong>da</strong> produção artística está relaciona<strong>do</strong> aos processos <strong>do</strong><br />
fazer e <strong>da</strong> criação, toma em consideração o artista no processo <strong>da</strong> criação<br />
<strong>da</strong>s obras desde suas raízes históricas e sociais, as condições concretas que<br />
subsidiam a produção, o saber científico e o nível técnico alcança<strong>do</strong> na<br />
experiência com materiais; bem como o mo<strong>do</strong> de disponibilizar a obra ao<br />
público, incluin<strong>do</strong> as características desse público e as formas de contato com<br />
ele, próprias <strong>da</strong> época <strong>da</strong> criação e divulgação <strong>da</strong>s obras, nas diversas áreas<br />
como <strong>arte</strong>s visuais, <strong>da</strong>nça, música e teatro.<br />
Orienta<strong>da</strong> por esses campos conceituais, a construção <strong>do</strong> conhecimento<br />
em Arte se efetiva na relação entre o estético e o artístico, materializa<strong>da</strong> nas<br />
representações artísticas. Apesar de suas especifici<strong>da</strong>des, esses campos conceituais<br />
são interdependentes e articula<strong>do</strong>s entre si, abrangen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os aspectos <strong>do</strong><br />
conhecimento em Arte.<br />
A compreensão <strong>da</strong>s criações artísticas e <strong>da</strong>s posições existentes na teoria estética requer que sejam<br />
situa<strong>da</strong>s no âmbito histórico, social e político, científico e cultural em que vieram à luz, pois é nesse<br />
contexto amplo que se encontram os nexos explicativos de tais posições e criações; só assim é<br />
possível estabelecer um conhecimento crítico, radical (pelas raízes) e significativo sobre elas. Fora<br />
de tal contexto, to<strong>do</strong> e qualquer conhecimento se esvazia de significa<strong>do</strong> e se transforma em simples<br />
justaposição de <strong>da</strong><strong>do</strong>s, fatos, <strong>da</strong>tas e eventos desconexos. A área <strong>da</strong> Arte não tem uma lógica interna<br />
restrita a si mesma, o que indica não ser a Arte auto-explicável. Pelo contrário: tu<strong>do</strong> o que acontece<br />
no seu âmbito próprio está intimamente vincula<strong>do</strong> ao tempo histórico, à organização <strong>da</strong> produção<br />
e <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de em que ocorre, como também é fruto <strong>da</strong>s conquistas humanas de to<strong>da</strong> a história<br />
anterior, nos diversos campos: <strong>do</strong> fazer e <strong>do</strong> criar, <strong>do</strong> saber e <strong>do</strong> pensar, <strong>do</strong> sentir e <strong>do</strong> perceber, <strong>do</strong><br />
agir e <strong>do</strong> relacionar-se (PEIXOTO, 2007. Excerto de texto inédito cedi<strong>do</strong> pela autora).<br />
Nas aulas de Arte, os conteú<strong>do</strong>s devem ser seleciona<strong>do</strong>s a partir de uma análise<br />
histórica, abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s por meio <strong>do</strong> conhecimento estético e <strong>da</strong> produção artística,<br />
de maneira crítica, o que permitirá ao aluno uma percepção <strong>da</strong> <strong>arte</strong> em suas<br />
múltiplas dimensões cognitivas e possibilitará a construção de uma socie<strong>da</strong>de sem<br />
desigual<strong>da</strong>des e injustiças. O senti<strong>do</strong> de cognição implica, não apenas o aspecto
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
inteligível e racional, mas também o emocional e o valorativo, de maneira a<br />
permitir a apreensão plena <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de (FARACO apud KUENZER, 2000).<br />
Para que o processo de ensino e aprendizagem se efetive é necessário, ain<strong>da</strong>,<br />
que o professor trabalhe a partir de sua área de formação (Artes Visuais, Música,<br />
Teatro e Dança), de suas pesquisas e experiências artísticas, estabelecen<strong>do</strong> relações<br />
com os conteú<strong>do</strong>s e saberes <strong>da</strong>s outras áreas <strong>da</strong> disciplina de Arte, nas quais tiver<br />
algum <strong>do</strong>mínio.<br />
2.1.1 Arte como fonte de humanização<br />
O enfoque <strong>da</strong><strong>do</strong> ao ensino de Arte na Educação Básica fun<strong>da</strong>-se nos nexos<br />
históricos entre <strong>arte</strong> e socie<strong>da</strong>de. Nesse senti<strong>do</strong>, são abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s as concepções <strong>arte</strong><br />
como ideologia, <strong>arte</strong> como forma de conhecimento e <strong>arte</strong> como trabalho cria<strong>do</strong>r,<br />
ten<strong>do</strong> como referência o fato de serem as três principais concepções de <strong>arte</strong> no<br />
campo <strong>da</strong>s teorias críticas, as quais têm no trabalho sua categoria fun<strong>da</strong>nte.<br />
Assim, torna-se importante explicitar como o ser humano transformou o<br />
mun<strong>do</strong> construin<strong>do</strong> simultaneamente a história, a socie<strong>da</strong>de e a si próprio<br />
através <strong>do</strong> processo <strong>do</strong> trabalho que constituiu o universo simbólico composto<br />
pela linguagem, pela filosofia, pelas ciências e pela <strong>arte</strong>. Tu<strong>do</strong> isso, no conjunto,<br />
compõe algo que é exclusivamente humano: o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> cultura.<br />
A <strong>arte</strong>, em senti<strong>do</strong> lato, está presente desde os primórdios <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de,<br />
é uma forma de trabalho cria<strong>do</strong>r. Pelo trabalho o ser humano transforma a<br />
natureza e a si, pois, ao produzir a própria existência retiran<strong>do</strong> <strong>da</strong> natureza o<br />
seu sustento, gra<strong>da</strong>tivamente transforma os objetos naturais em ferramentas que<br />
lhe possibilitam acelerar o processo de transformação <strong>do</strong> natural em humano.<br />
(FISCHER, 2002, p. 23).<br />
Ao produzir os seus próprios objetos, o Homem teve que criar meios de expressão<br />
e comunicação, palavras articula<strong>da</strong>s e diferencia<strong>da</strong>s para atender as necessi<strong>da</strong>des<br />
de organização e produção. Assim, o pensamento e a linguagem foram cria<strong>do</strong>s e<br />
desenvolvi<strong>do</strong>s no processo de trabalho, pelo qual os seres humanos passaram a<br />
ter muito que dizer uns aos outros (FISCHER, 2002, p. 30).<br />
O homem transformou o mun<strong>do</strong> e a si próprio pelo trabalho e, por ele, tornouse<br />
capaz de abstrair, simbolizar e criar <strong>arte</strong>. Assim, em to<strong>da</strong>s as culturas, constatase<br />
a presença de maneiras diferentes <strong>da</strong>quilo que hoje se denomina <strong>arte</strong>, tanto<br />
em objetos utilitários quanto nos ritualísticos, muitos <strong>do</strong>s quais vieram a ser<br />
considera<strong>do</strong>s objetos artísticos.<br />
O ser humano produz, então, maneiras de ver e sentir, diferentes em ca<strong>da</strong> tempo<br />
histórico e em ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Por isso, é fun<strong>da</strong>mental considerar as influências<br />
sociais, políticas e econômicas sobre as relações entre os Homens e destes com<br />
os objetos, para compreender a relativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> valor estético, as diversas funções<br />
54
que a Arte tem cumpri<strong>do</strong> ao longo <strong>da</strong> história, bem como o mo<strong>do</strong> de organização<br />
<strong>da</strong>s socie<strong>da</strong>des (PARANÁ, 1992, p. 149).<br />
A história social <strong>da</strong> <strong>arte</strong> 11 demonstra que as formas artísticas exprimem<br />
sua contemporanei<strong>da</strong>de por serem produção <strong>do</strong> Homem, um ser que é<br />
simultaneamente constituí<strong>do</strong>/constituinte <strong>do</strong> social. Essas formas artísticas<br />
– como expressão concreta de visões de mun<strong>do</strong> – são determina<strong>da</strong>s, mas<br />
também determinam o contexto histórico, social, econômico e político, isto é, as<br />
transformações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de implicam condições para uma nova atitude estética<br />
e são por elas modifica<strong>da</strong>s.<br />
Novas maneiras de ver e de ouvir não são apenas resulta<strong>do</strong> de aperfeiçoamentos ou refinamentos<br />
na percepção sensorial, mas também uma decorrência de novas reali<strong>da</strong>des sociais (...) o ritmo,<br />
o barulho e o tempo <strong>da</strong>s grandes ci<strong>da</strong>des estimulam novos mo<strong>do</strong>s de ver e ouvir; um camponês<br />
enxerga uma paisagem de maneira diversa <strong>da</strong> de um homem <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, e assim por diante.<br />
(FISCHER, 2002, p. 170)<br />
Para compreender a relação entre <strong>arte</strong>, socie<strong>da</strong>de e cultura é importante<br />
observar a complexi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> conceito de cultura. Um <strong>do</strong>s primeiros senti<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
ao termo cultura foi o de cultivo, de crescimento, de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com colheitas e<br />
animais e, por extensão, de cui<strong>da</strong><strong>do</strong> com o crescimento <strong>da</strong>s facul<strong>da</strong>des humanas.<br />
Mais tarde, nos perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Iluminismo e <strong>do</strong> Romantismo, relacionou-se cultura<br />
com o processo de desenvolvimento íntimo, de vi<strong>da</strong> intelectual, o que associava<br />
cultura à <strong>arte</strong>, à família, à vi<strong>da</strong> pessoal, à religião, às instituições e práticas de<br />
significa<strong>do</strong>s e valores.<br />
Essa concepção veio <strong>do</strong> conceito alemão de Kultur (ELIAS, 1990) vincula<strong>do</strong><br />
às produções intelectuais, artísticas e religiosas, tais como obras de <strong>arte</strong>, livros,<br />
sistemas religiosos e filosóficos, nas quais se expressa a individuali<strong>da</strong>de de um povo.<br />
Esse conceito descreve o caráter e o valor de determina<strong>do</strong>s produtos humanos,<br />
com ênfase especial nas diferenças nacionais e na identi<strong>da</strong>de particular <strong>do</strong>s grupos.<br />
Outro senti<strong>do</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong> à cultura nesse perío<strong>do</strong>, é o externo, isto é, que prioriza<br />
a aparência e sua imposição a outros grupos sociais, estabelecen<strong>do</strong> um processo<br />
geral de reconhecimento. Willians (1979) argumenta que esta concepção de<br />
cultura teve papel importante no desenvolvimento <strong>da</strong>s Ciências Humanas e Sociais.<br />
Está relaciona<strong>do</strong> ao conceito de civilização (francês e inglês) que vincula cultura<br />
ao valor que a pessoa tem em virtude de sua mera existência e conduta, sem a<br />
necessi<strong>da</strong>de de qualquer realização. Sua origem remonta aos mo<strong>do</strong>s e atitudes de<br />
aparência, próprios <strong>da</strong> corte francesa e foi usa<strong>do</strong> para a disseminação <strong>da</strong> idéia de<br />
superiori<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s coloniza<strong>do</strong>res em relação aos povos coloniza<strong>do</strong>s (ELIAS, 1990).<br />
11 Ver HAUSER, 1995 e RAYNOR, 1986.<br />
55<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Nestas <strong>diretrizes</strong>, entende-se cultura como to<strong>da</strong> produção humana resultante<br />
<strong>do</strong> processo de trabalho que envolve as dimensões artística, filosófica e científica<br />
<strong>do</strong> fazer e <strong>do</strong> conhecer.<br />
A Arte é fonte de humanização 12 e por meio dela o ser humano se torna<br />
consciente <strong>da</strong> sua existência individual e social; percebe-se e se interroga, é leva<strong>do</strong><br />
a interpretar o mun<strong>do</strong> e a si mesmo. A Arte ensina a desaprender os princípios <strong>da</strong>s<br />
obvie<strong>da</strong>des atribuí<strong>da</strong>s aos objetos e às coisas, é desafia<strong>do</strong>ra, expõe contradições,<br />
emoções e os senti<strong>do</strong>s de suas construções. Por isso, o ensino <strong>da</strong> Arte deve<br />
interferir e expandir os senti<strong>do</strong>s, a visão de mun<strong>do</strong>, aguçar o espírito crítico, para<br />
que o aluno possa situar-se como sujeito de sua reali<strong>da</strong>de histórica.<br />
Além <strong>do</strong>s conceitos de trabalho e cultura, é preciso explicitar o conceito de<br />
obra de <strong>arte</strong>. Relembran<strong>do</strong>, as concepções de <strong>arte</strong> mais representativas <strong>da</strong> história<br />
e presentes no senso comum, ora apresentam a <strong>arte</strong> somente como representação<br />
<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de (e por ela determina<strong>da</strong>); ora como expressão <strong>da</strong> geniali<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> pura<br />
subjetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> artista, característica <strong>do</strong> romantismo ou ain<strong>da</strong> como mero fazer.<br />
Nestas Diretrizes, considera-se que to<strong>da</strong> produção humana, inclusive a artística,<br />
é “p<strong>arte</strong> <strong>da</strong> estrutura social e expressão <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de social e espiritual <strong>do</strong><br />
homem” uma totali<strong>da</strong>de estrutura<strong>da</strong> e complexa cujos elementos “ideológicos,<br />
temáticos, de composição, de linguagem”, são interliga<strong>do</strong>s na uni<strong>da</strong>de dialética<br />
(KOSÍK, 1976). Assim, a compreensão dialética reafirma os vínculos <strong>da</strong> obra com<br />
a reali<strong>da</strong>de, reconhece a subjetivi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> autor e supera a fragmentação histórica<br />
<strong>do</strong> conceito de Arte.<br />
Pretende-se que estas Diretrizes para a disciplina de Arte apontem aos professores<br />
<strong>da</strong> área, formas efetivas de levar o aluno a apropriar-se <strong>do</strong> conhecimento em <strong>arte</strong>,<br />
que produza novas maneiras de perceber e interpretar tanto os produtos artísticos<br />
quanto o próprio mun<strong>do</strong>. Nesse senti<strong>do</strong>, educar os alunos em <strong>arte</strong> é possibilitarlhes<br />
um novo olhar, um ouvir mais crítico, um interpretar <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de além <strong>da</strong>s<br />
aparências, com a criação de uma nova reali<strong>da</strong>de, bem como a ampliação <strong>da</strong>s<br />
possibili<strong>da</strong>des de fruição 13 .<br />
Sob tal perspectiva, Vázquez (1978) aponta três interpretações fun<strong>da</strong>mentais<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> a serem considera<strong>da</strong>s:<br />
• Arte como forma de conhecimento;<br />
• Arte como ideologia;<br />
• Arte como trabalho cria<strong>do</strong>r.<br />
Estas abor<strong>da</strong>gens norteiam e organizam a meto<strong>do</strong>logia, a seleção <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s e a avaliação de Arte na Educação Básica.<br />
12<br />
Sobre tal concepção versou a conferência ministra<strong>da</strong> por Maria Inês H. Peixoto: A <strong>arte</strong> como fonte de humanização: <strong>do</strong>s<br />
vínculos necessários entre <strong>arte</strong> e <strong>educação</strong>, na abertura <strong>do</strong> II Simpósio Estadual de Artes/Arte, realiza<strong>do</strong> pela SEED/PR, em Faxinal<br />
<strong>do</strong> Céu (25-28/set./2006). Ver também PEIXOTO (2002).<br />
13<br />
Nestas Diretrizes o termo fruição tem o mesmo significa<strong>do</strong> que “sentir e perceber” explicita<strong>do</strong> no encaminhamento<br />
meto<strong>do</strong>lógico.<br />
56
Arte como forma de conhecimento<br />
Admitin<strong>do</strong> o valor cognoscitivo <strong>da</strong> <strong>arte</strong>, seremos força<strong>do</strong>s a concluir que a <strong>arte</strong> proporciona um<br />
conhecimento particular que não pode ser supri<strong>do</strong> por conhecimentos proporciona<strong>do</strong>s por outros<br />
mo<strong>do</strong>s diversos de apreensão <strong>do</strong> real. Se renunciamos ao conhecimento que a <strong>arte</strong> – e somente a<br />
<strong>arte</strong> – pode nos proporcionar, mutilamos a nossa compreensão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. E, como a reali<strong>da</strong>de<br />
de cuja essência a <strong>arte</strong> nos dá a imagem é basicamente a reali<strong>da</strong>de humana, isto é, a nossa reali<strong>da</strong>de<br />
mais imediata, a renúncia ao desenvolvimento <strong>do</strong> conhecimento artístico (e, por conseguinte, a<br />
renúncia ao desenvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s questões estéticas) acarreta a per<strong>da</strong> de uma dimensão<br />
essencial <strong>da</strong> nossa autoconsciência (KONDER, 1966, p. 10-11).<br />
“To<strong>da</strong> obra de <strong>arte</strong> apresenta um duplo caráter em indissolúvel uni<strong>da</strong>de: é<br />
expressão <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, mas ao mesmo tempo, cria a reali<strong>da</strong>de, uma reali<strong>da</strong>de<br />
que não existe fora <strong>da</strong> obra ou antes <strong>da</strong> obra, mas precisamente apenas na obra”<br />
(KOSIK, 2002, p. 128). A partir <strong>do</strong> fato de que a <strong>arte</strong> está volta<strong>da</strong> a um ou mais<br />
senti<strong>do</strong>s humanos, enquanto expressão de aspectos de uma <strong>da</strong><strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, o<br />
objeto artístico torna possível seu conhecimento, tanto de aspectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />
<strong>do</strong> indivíduo cria<strong>do</strong>r, quanto <strong>do</strong> contexto histórico e social em que este vive e cria<br />
suas obras.<br />
Como conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, a <strong>arte</strong> pode revelar aspectos <strong>do</strong> real, não em<br />
sua objetivi<strong>da</strong>de – o que constitui tarefa específica <strong>da</strong> ciência –, mas em sua relação<br />
com a individuali<strong>da</strong>de humana. Assim, a existência humana é o objeto específico<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong>, ain<strong>da</strong> que nem sempre o homem seja o objeto <strong>da</strong> representação artística.<br />
A <strong>arte</strong>, como forma sensível, apresenta não uma imitação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, mas uma<br />
visão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> socialmente construí<strong>da</strong> através <strong>da</strong> maneira específica com que a<br />
percepção <strong>do</strong> artista a apreende.<br />
Entretanto, a <strong>arte</strong> não é uma duplicação <strong>da</strong>s ciências humanas e sociais,<br />
que analisam o ser humano e suas relações visan<strong>do</strong> generalizações; a <strong>arte</strong> é um<br />
conhecimento sensível de um aspecto específico <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> homem como<br />
ser vivo e concreto, na uni<strong>da</strong>de e riqueza de suas determinações, nos quais se<br />
fundem de mo<strong>do</strong> peculiar o geral – ideias, conceitos universais, concepções de<br />
mun<strong>do</strong> – e o singular – um novo objeto sensorialmente captável por um ou mais<br />
senti<strong>do</strong>s humanos. Conclui-se, então, afirman<strong>do</strong> que “a Arte só é [uma forma<br />
de] conhecimento na medi<strong>da</strong> em que é criação. Tão somente assim pode servir à<br />
ver<strong>da</strong>de e descobrir aspectos essenciais <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de humana” (VÁZQUEZ, 1978,<br />
p. 35-36).<br />
Por ser conhecimento, a <strong>arte</strong> é ideologia e trabalho cria<strong>do</strong>r. Para compreendêla,<br />
então, como conhecimento, faz-se necessário aprofun<strong>da</strong>r as reflexões sobre<br />
suas outras dimensões: <strong>arte</strong> como ideologia e como trabalho cria<strong>do</strong>r.<br />
57<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Arte como ideologia<br />
Ideologia é “um conjunto com coerência relativa de representações [ideias],<br />
valores, crenças” (POULANTZAS, 1986, p. 200), que “de certa forma, acha-se<br />
vincula<strong>da</strong> a interesses específicos de classe” (PEIXOTO, 2003, p. 36). Ela é sempre<br />
produto de uma situação histórica e de um tipo de socie<strong>da</strong>de; está presente em<br />
to<strong>da</strong>s as maneiras de agir, pensar e se comportar, nas relações <strong>do</strong>s homens entre<br />
si e com a natureza.<br />
Os sujeitos trabalham e compõem uma organização social, ou seja, “participam<br />
em uma ativi<strong>da</strong>de econômica e política, participam também em ativi<strong>da</strong>des<br />
religiosas, morais, estéticas, filosóficas”. Assim, “a ideologia encontra-se a tal<br />
ponto presente em to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des [humanas] (...), que não é discernível<br />
<strong>da</strong> experiência vivi<strong>da</strong>”. Dessa forma, a ideologia abrange “não simplesmente<br />
elementos dispersos de conhecimento, noções, etc., mas também o processo de<br />
simbolização, a transposição mítica, o ‘gosto’, o ‘estilo’, a ‘mo<strong>da</strong>’, em suma, o<br />
‘mo<strong>do</strong> de vi<strong>da</strong>’ em geral” (POULANTZAS, 1986, p. 200-201).<br />
Por tu<strong>do</strong> isso, entende-se que a ideologia está também na <strong>arte</strong>, pois, “O artista,<br />
tal como qualquer outro indivíduo, é um ser social e historicamente <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> e (...)<br />
por isso mesmo, sua posição ideológica exerce um certo papel na criação artística”<br />
(PEIXOTO, 2003, p. 36).<br />
Segun<strong>do</strong> Vázquez (1978), as relações entre <strong>arte</strong> e ideologia são contraditórias<br />
e complexas, por isso, deve-se ter cui<strong>da</strong><strong>do</strong> para não cair em um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is extremos,<br />
ou seja, de que tu<strong>do</strong> na <strong>arte</strong> é ideologia ou de que ela não está presente na <strong>arte</strong>.<br />
Entre as várias funções <strong>da</strong> ideologia, duas podem ser destaca<strong>da</strong>s, apesar de<br />
contraditórias e complementares em muitas situações:<br />
• Ideologia como um elemento de coesão social, de relação de pertencimento<br />
a um grupo, a uma classe ou a uma socie<strong>da</strong>de, função que tanto pode garantir<br />
a manutenção <strong>do</strong>s modelos vigentes, quanto possibilitar ações e reações no<br />
senti<strong>do</strong> de transformá-los.<br />
• Ideologia como porta<strong>do</strong>ra e difusora <strong>do</strong> pensamento hegemônico, como<br />
elemento de imposição de interesses de uma classe social sobre outra, formas<br />
de ser e pensar que dissimulam a reali<strong>da</strong>de, que visam manter e legitimar a<br />
<strong>do</strong>minação;<br />
A <strong>arte</strong> não é, nem poderia ser neutra em relação ao contexto sócio-econômicopolítico<br />
e cultural em que é cria<strong>da</strong>: no movimento dialético <strong>da</strong> história, o objeto<br />
artístico, mesmo ten<strong>do</strong> suas raízes e sua explicação no contexto em que foi<br />
produzi<strong>do</strong> por constituir ele mesmo uma nova reali<strong>da</strong>de social (que antes não<br />
existia e com a qual os indivíduos começam a interagir), passa também a determinálo,<br />
a nele interferir, muitas vezes de forma decisiva.<br />
58
59<br />
Arte<br />
A <strong>arte</strong> desempenha também, uma função ideológica e pode se tornar elemento<br />
de imposição de mo<strong>do</strong>s de ser, pensar e agir hegemônicos, pois pela mídia em<br />
geral (TVs, jornais, rádios, grandes editoras, empresas de marketing e produtoras<br />
e distribui<strong>do</strong>ras de filmes, vídeos, etc.) alcança quase to<strong>da</strong> população <strong>do</strong> país. Por<br />
isso, é fun<strong>da</strong>mental levar ao conhecimento <strong>do</strong>s alunos as três principais formas de<br />
como a <strong>arte</strong> é produzi<strong>da</strong> e dissemina<strong>da</strong> na socie<strong>da</strong>de contemporânea.<br />
A primeira, denomina<strong>da</strong> <strong>arte</strong> erudita, é ensina<strong>da</strong>, difundi<strong>da</strong> e consagra<strong>da</strong><br />
nos cursos de graduação como a grande <strong>arte</strong>, tais cursos formam tanto artistas<br />
quanto professores de Arte, profissionais que, dessa maneira, passam igualmente<br />
a difundi-la. Sua principal forma de divulgação e distribuição são museus, teatros,<br />
galerias, salões de <strong>arte</strong>, bienais, etc. Legitima-se por meio <strong>do</strong>s críticos de <strong>arte</strong> e <strong>da</strong><br />
circulação pela ven<strong>da</strong> de suas obras a uma elite financeira. Essa forma de <strong>arte</strong> tem<br />
um campo de ação restrito, pois está disponível quase que exclusivamente para<br />
uma pequena parcela <strong>da</strong> população que possui grande poder aquisitivo.<br />
A segun<strong>da</strong>, denomina<strong>da</strong> <strong>arte</strong> popular, é produzi<strong>da</strong> e vivencia<strong>da</strong> pela classe<br />
trabalha<strong>do</strong>ra, por grupos sociais (menos favoreci<strong>do</strong>s) e étnicos, e compõe o espaço<br />
de sociabili<strong>da</strong>de que constitui a identi<strong>da</strong>de dessa classe e desses grupos. Nesse<br />
campo, inclui-se o folclore que tem a particulari<strong>da</strong>de de ser uma manifestação<br />
artística a qual permanece por um tempo maior na história de uma determina<strong>da</strong><br />
cultura.<br />
A terceira, denomina<strong>da</strong> indústria cultural pelos filósofos <strong>da</strong> Escola de<br />
Frankfurt14 , é também conheci<strong>da</strong> como cultura de massa. É ela responsável pela<br />
produção e difusão em larga escala de formas artísticas pela grande mídia. É<br />
através dela que a <strong>arte</strong> é transforma<strong>da</strong> em merca<strong>do</strong>ria para o consumo de um<br />
grande número de pessoas. Para a indústria cultural é de pouca importância a<br />
quali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s produtos, pois é a uma quanti<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> vez maior de público que<br />
se propõe a atingir, ten<strong>do</strong> por objetivo principal a obtenção <strong>do</strong> lucro <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s<br />
dessa merca<strong>do</strong>ria. Essa indústria se alimenta <strong>da</strong> produção artística tanto <strong>da</strong> <strong>arte</strong><br />
popular (cultura popular), como <strong>da</strong> <strong>arte</strong> erudita, descaracteriza-as por meio de<br />
equipamentos e tecnologias sofistica<strong>da</strong>s e as direciona para uma produção em<br />
série e consumo em grande escala.<br />
Pelas características <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ao qual essa indústria submete a divulgação<br />
<strong>da</strong> produção artística, o artista sente-se compeli<strong>do</strong> a veicular sua obra em algum<br />
meio de comunicação que, nas socie<strong>da</strong>des de consumo, tendem a constituir uma<br />
forma significativa de socialização <strong>da</strong> <strong>arte</strong>. Como a mídia em suas diversas formas<br />
14 Como pesquisa recomen<strong>da</strong>-se inicialmente o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s autores <strong>da</strong> escola de Frankfurt, como Benjamin (1985), Horkheimer,<br />
A<strong>do</strong>rno e Habermas (1975) e Marcuse (1968). Veja também autores na Biblioteca <strong>do</strong> Professor de sua escola, nas disciplinas de<br />
Arte, Filosofia e Sociologia.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
está fortemente presente na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> população – de forma acentua<strong>da</strong> a TV – e na<br />
<strong>do</strong>s mais jovens (MTV, videoclipe, videogame, MP3, MP4, etc.), facilmente passa a<br />
definir padrões de conduta e pensamento.<br />
Assim, é de grande urgência que os professores explicitem e instiguem seus<br />
alunos a perceber como as <strong>arte</strong>s, bens <strong>da</strong> cultura humana, podem ser utiliza<strong>da</strong>s<br />
pela indústria cultural como mecanismos de padronização de comportamentos e<br />
mo<strong>do</strong>s de pensar, presentes, por exemplo, em telenovelas e na publici<strong>da</strong>de.<br />
À Educação – em especial os professores de Arte – cabe ter como foco o<br />
esclarecimento de que o segmento <strong>da</strong> indústria cultural – como p<strong>arte</strong> integrante<br />
<strong>da</strong>s grandes corporações capitalistas e <strong>do</strong> comércio em geral – visa tão somente<br />
a fragilização <strong>da</strong> autonomia de decisão <strong>do</strong>s indivíduos e a manipulação <strong>do</strong> desejo<br />
pela criação de necessi<strong>da</strong>des artificiais com vista à estimulação <strong>do</strong> consumo.<br />
É preciso eluci<strong>da</strong>r que tu<strong>do</strong> isso é gera<strong>do</strong> e impulsiona<strong>do</strong> pela premência<br />
<strong>do</strong> aumento constante <strong>da</strong> produção e ven<strong>da</strong> no processo de alimentação <strong>do</strong><br />
sistema produtivo capitalista, que só consegue sobreviver e crescer pelo consumo<br />
exacerba<strong>do</strong> e pela criação e ampliação de merca<strong>do</strong>s. Assim, fragiliza<strong>do</strong>s, é que<br />
to<strong>do</strong>s perdem a autonomia como seres humanos, como ci<strong>da</strong>dãos pensantes.<br />
A <strong>arte</strong> erudita, a <strong>arte</strong> popular e a indústria cultural são três formas de contato<br />
com a <strong>arte</strong> na socie<strong>da</strong>de em que se vive. To<strong>da</strong>s se relacionam entre si e estão<br />
permea<strong>da</strong>s por discursos ideológicos.<br />
Arte como trabalho cria<strong>do</strong>r<br />
[...] criar é fazer existir algo inédito, um objeto novo e singular que expressa o sujeito cria<strong>do</strong>r<br />
e, simultaneamente, o transcende, enquanto objeto porta<strong>do</strong>r de um conteú<strong>do</strong> de cunho social e<br />
histórico e enquanto objeto concreto, como uma nova reali<strong>da</strong>de social. (PEIXOTO, 2003 p. 39)<br />
Para compreender a <strong>arte</strong> como trabalho cria<strong>do</strong>r ou criação artística p<strong>arte</strong>-se <strong>do</strong><br />
fato <strong>do</strong> trabalho configurar to<strong>da</strong> a ação histórica e socialmente desenvolvi<strong>da</strong> pelo<br />
homem sobre a natureza (ou sobre o mun<strong>do</strong> humaniza<strong>do</strong>). Assim, o ser humano<br />
vem produzin<strong>do</strong> sua existência e se constituin<strong>do</strong> como ser histórico e social.<br />
No trabalho artístico, os elementos individuais e/ou sociais de conteú<strong>do</strong> e de<br />
forma não estão dissocia<strong>do</strong>s. O conteú<strong>do</strong> é sempre conteú<strong>do</strong> de uma forma: não<br />
é exclusivamente determina<strong>do</strong> pelo que está composto na obra, mas como está<br />
composto, isto é, o mo<strong>do</strong> pelo qual o artista, consciente ou inconscientemente,<br />
expressa o conteú<strong>do</strong>, as tendências sociais <strong>do</strong> seu tempo (FISCHER, 2002). A<br />
forma é resulta<strong>do</strong> tanto <strong>da</strong>s determinações sociais – inclusive <strong>da</strong>s condições e<br />
opções que as ciências <strong>da</strong> época oferecerem – quanto <strong>da</strong> singulari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> artista,<br />
e é condiciona<strong>da</strong>, em certa medi<strong>da</strong>, pela técnica e pelo material utiliza<strong>do</strong>, cujas<br />
60
proprie<strong>da</strong>des específicas ora se impõem irremediavelmente, ora abrem para o<br />
artista possibili<strong>da</strong>des de criação diversifica<strong>da</strong>.<br />
Pode-se citar como exemplo <strong>da</strong> relação conteú<strong>do</strong>-forma o espaço figurativo<br />
usa<strong>do</strong> nas pinturas em diferentes perío<strong>do</strong>s históricos: na <strong>arte</strong> bizantina ou na <strong>arte</strong><br />
gótica, as figuras verticaliza<strong>da</strong>s (representavam a relação verticaliza<strong>da</strong> homem-<br />
Deus) eram dispostas nos mosaicos ou vitrais, segun<strong>do</strong> razões simbólicas, sem<br />
nenhuma preocupação com o realismo anatômico; expressavam também poder,<br />
riqueza e a autori<strong>da</strong>de suprema <strong>do</strong> impera<strong>do</strong>r, representa<strong>do</strong> como um ser vincula<strong>do</strong><br />
ao sagra<strong>do</strong>.<br />
No Renascimento, o espaço era funcional e matemático, valorizava o homem<br />
em sua forma anatômica real, assim como a natureza. No primeiro, como p<strong>arte</strong><br />
de um mun<strong>do</strong> teocêntrico, o conteú<strong>do</strong>, tanto quanto o espaço e as configurações,<br />
tinham um caráter místico; no segun<strong>do</strong>, renascentista, forma<strong>do</strong> no corpo de<br />
uma cultura antropocêntrica que se impunha, o cunho passou a ser humanista,<br />
científico e terrestre (BOSI, 1991).<br />
Neste simples exemplo procurou-se demonstrar que a Arte como trabalho<br />
cria<strong>do</strong>r é também p<strong>arte</strong> <strong>da</strong> construção humana historicamente determina<strong>da</strong>, mas<br />
que se apresenta de mo<strong>do</strong> peculiar: a criação artística é uma ação intencional<br />
complexa (ou seja, é um ato simultâneo e conjunto de inteligência, emoção,<br />
sensibili<strong>da</strong>de e poder de decisão) <strong>do</strong> homem sobre a matéria com o objetivo de<br />
nela e/ou com ela criar uma forma/significa<strong>do</strong> que antes dessa ação não existia. Isso<br />
implica que na obra de <strong>arte</strong> o artista objetiva-se no mun<strong>do</strong>, exterioriza-se (numa<br />
matéria concretiza, dá uma forma concreta à sua visão de mun<strong>do</strong>, apreendi<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong> meio em que vive, suas percepções <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s fatos, etc.) de forma<br />
unifica<strong>da</strong>.<br />
Nesse mesmo e único processo, a matéria (que pode ser um som, um movimento,<br />
uma cor, um fato, um objeto qualquer, etc.) de que o cria<strong>do</strong>r se serve na produção<br />
<strong>da</strong> obra, ganha uma forma/significa<strong>do</strong> que antes não apresentava: é o novo, isto<br />
é, a obra é uma nova reali<strong>da</strong>de social concreta que passa a intervir no mun<strong>do</strong>,<br />
interagir com os demais indivíduos.<br />
No processo <strong>do</strong> trabalho de criação, com sua ação/intenção o artista imprime<br />
sua subjetivi<strong>da</strong>de à matéria: torna materialmente visível, tateável e audível, formas<br />
específicas que antes eram tão somente conteú<strong>do</strong> individual/mental/emocional,<br />
ain<strong>da</strong> que socialmente constituí<strong>do</strong>. Conclui-se, então que no trabalho artístico o<br />
artista se objetiva no mun<strong>do</strong> e, ao mesmo tempo, subjetiviza o mun<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong><br />
com que a <strong>arte</strong> componha o chama<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> humaniza<strong>do</strong>, ou o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> cultura,<br />
porta<strong>do</strong>r <strong>da</strong> marca <strong>do</strong> homem.<br />
Vista dessa forma, é essencial no ensino de Arte que o educan<strong>do</strong> desenvolva<br />
ativi<strong>da</strong>des de cunho artístico no âmbito <strong>da</strong> escola, pois, “ao transformarmos as<br />
matérias, agimos, fazemos. São experiências [...] – processos de criação – que<br />
61<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
nos envolvem na globali<strong>da</strong>de, em nosso ser sensível, no ser pensante, no ser<br />
atuante” (OSTROWER, 1987, p. 69). A autora ain<strong>da</strong> argumenta que quan<strong>do</strong> o<br />
homem cria, quan<strong>do</strong> transforma uma matéria <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe nova forma, atribuilhe<br />
significa<strong>do</strong>s, emoções e a impregna com a presença <strong>do</strong> seu próprio existir,<br />
captan<strong>do</strong> e configuran<strong>do</strong>-a. Ao estruturar a matéria, também dentro de si o ser<br />
humano se estrutura. Ao criar, ele se recria e se constitui como ser humano cria<strong>do</strong>r,<br />
consciente, que toma posição ante o mun<strong>do</strong>.<br />
A disciplina de Arte, além de promover conhecimento sobre as diversas<br />
áreas de <strong>arte</strong>, deve possibilitar ao aluno a experiência de um trabalho de criação<br />
total e unitário. 15 O aluno pode, assim, <strong>do</strong>minar to<strong>do</strong> o processo produtivo <strong>do</strong><br />
objeto: desde a criação <strong>do</strong> projeto, a escolha <strong>do</strong>s materiais e <strong>do</strong> instrumental<br />
mais adequa<strong>do</strong> aos objetivos que estabeleceu, a meto<strong>do</strong>logia que a<strong>do</strong>tará e,<br />
finalmente, a produção e a destinação que <strong>da</strong>rá ao objeto cria<strong>do</strong>.<br />
Além disso, a disciplina Arte tem uma forte característica interdisciplinar que<br />
possibilita a recuperação <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> trabalho pe<strong>da</strong>gógico, pois seus conteú<strong>do</strong>s<br />
de ensino ensejam diálogos com a história, a filosofia, a geografia, a matemática,<br />
a sociologia, a literatura, etc.<br />
A concepção de <strong>arte</strong> como fonte de humanização incorpora as três vertentes<br />
<strong>da</strong>s teorias críticas em <strong>arte</strong>: <strong>arte</strong> como forma de conhecimento, <strong>arte</strong> como ideologia<br />
e <strong>arte</strong> como trabalho cria<strong>do</strong>r, por reconhecê-las como aspectos essenciais <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong> na sua complexi<strong>da</strong>de de produto <strong>da</strong> criação humana. Por esse motivo, essa<br />
concepção constitui o fun<strong>da</strong>mento teórico destas Diretrizes Curriculares de Arte<br />
para a Educação Básica, bem como é fonte de referência para a organização <strong>da</strong><br />
disciplina no seu conjunto.<br />
Na sequência, a separação nas categorias conceituais de conteú<strong>do</strong>s e<br />
meto<strong>do</strong>logia foi um critério didático para buscar melhorar a compreensão<br />
<strong>da</strong> estrutura interna <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento. Entretanto, ressalta-se: os conteú<strong>do</strong>s,<br />
a meto<strong>do</strong>logia e a avaliação são aspectos diferentes de uma mesma e única<br />
concepção teórica. Logo, entende-se que deva ser firmemente busca<strong>da</strong> a coerência<br />
entre os fun<strong>da</strong>mentos teóricos, os conteú<strong>do</strong>s e objetivos propostos, a meto<strong>do</strong>logia<br />
emprega<strong>da</strong> e o processo de avaliação, estabeleci<strong>do</strong>s na disciplina.<br />
15 Isso não significa que a escola deva visar à formação de artistas, ou ain<strong>da</strong>, que deva eleger e privilegiar os que apresentam<br />
uma produção de quali<strong>da</strong>de diferencia<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria. Nestes casos, é dever <strong>da</strong> escola, com a anuência <strong>da</strong> família, encaminhá-los<br />
a outras instituições <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de para que os alunos tenham condições de se desenvolver na área em que demonstrem aptidão<br />
diferencia<strong>da</strong>. Cabe lembrar que, enquanto instituição volta<strong>da</strong> à <strong>educação</strong> e ao ensino, a escola existe para democratizar o acesso<br />
ao conhecimento e à experimentação nos campos <strong>da</strong> cultura humana, a to<strong>do</strong>s os alunos, indiferencia<strong>da</strong>mente.<br />
62
3 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
Conteú<strong>do</strong>s estruturantes são conhecimentos de grande amplitude, conceitos<br />
que se constituem em fun<strong>da</strong>mentos para a compreensão de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s áreas<br />
de Arte. Os conteú<strong>do</strong>s estruturantes são apresenta<strong>do</strong>s separa<strong>da</strong>mente para um<br />
melhor entendimento <strong>do</strong>s mesmos, no entanto, meto<strong>do</strong>logicamente devem ser<br />
trabalha<strong>do</strong>s de forma articula<strong>da</strong> e indissocia<strong>da</strong> um <strong>do</strong> outro.<br />
Nestas Diretrizes, considera-se que a disciplina de Arte deve propiciar ao<br />
aluno acesso ao conhecimento sistematiza<strong>do</strong> em <strong>arte</strong>. Por isso, propõe-se uma<br />
organização curricular a partir <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s estruturantes que constituem uma<br />
identi<strong>da</strong>de para a disciplina de Arte e possibilitam uma prática pe<strong>da</strong>gógica que<br />
articula as quatro áreas 16 de Arte.<br />
Nas discussões coletivas com os professores <strong>da</strong> rede estadual de ensino, definiuse<br />
que os conteú<strong>do</strong>s estruturantes <strong>da</strong> disciplina são:<br />
• elementos formais;<br />
• composição;<br />
• movimentos e perío<strong>do</strong>s.<br />
Embora tempo e espaço tenha si<strong>do</strong>, inicialmente, considera<strong>do</strong> também<br />
conteú<strong>do</strong> estruturante <strong>da</strong> disciplina, sua relação com os demais e com os conteú<strong>do</strong>s<br />
específicos de ca<strong>da</strong> área de Arte revelou que ele é, antes, uma categoria que<br />
articula os conteú<strong>do</strong>s estruturantes <strong>da</strong>s quatro áreas de Arte, além de ter um<br />
caráter social.<br />
Como categoria articula<strong>do</strong>ra está presente em to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> disciplina e<br />
nos conteú<strong>do</strong>s específicos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s elementos formais, <strong>da</strong> composição e<br />
<strong>do</strong>s movimentos e perío<strong>do</strong>s. Seu caráter social é relevante porque a <strong>arte</strong> tem,<br />
historicamente, a peculiari<strong>da</strong>de de alterar a noção de tempo e espaço <strong>do</strong> ser<br />
humano, de mo<strong>do</strong> particular <strong>do</strong>s sujeitos <strong>do</strong> século XXI, em decorrência <strong>do</strong><br />
surgimento <strong>da</strong>s novas tecnologias <strong>do</strong>s meios de comunicação.<br />
Ostrower afirma que “No espaço natural, percebemos sempre três dimensões<br />
– altura, largura e profundi<strong>da</strong>de – mais o tempo. Na <strong>arte</strong> [visual], porém, essa<br />
combinação será variável” (1983, p. 65). Por exemplo, na <strong>arte</strong> bizantina e na<br />
medieval, o espaço era representa<strong>do</strong> de forma bidimensional, plano, sem<br />
profundi<strong>da</strong>de, ao contrário <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> renascentista, com a lei <strong>da</strong> perspectiva,<br />
que passou à representação <strong>da</strong> tridimensionali<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> proporcionali<strong>da</strong>de.<br />
Por meio de representações de linhas 17 , por exemplo, explicita-se a seguir<br />
como o tempo e o espaço estão presentes em Artes Visuais. Observe:<br />
16 Artes Visuais, Teatro, Música e Dança.<br />
17 O exemplo com as linhas foi a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s trabalhos <strong>da</strong> professora e artista Fayga Ostrower.<br />
63<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
_____________ Linha contínua: o olhar percorre de ponta a ponta, sem parar.<br />
- - - - - - - - - - - Linha descontínua: o intervalo entre os espaços interrompe<br />
o contínuo fluir <strong>do</strong> olhar.<br />
_ _ _ _ _ _ Linha descontínua com intervalos maiores: os intervalos<br />
funcionam como pausa.<br />
I I I I I I I I I I I I Linha estática (vertical): a veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> movimento é reduzi<strong>da</strong>.<br />
\ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ \ Linha dinâmica (diagonal): a linha se tornou ain<strong>da</strong> mais lenta.<br />
Quan<strong>do</strong> se desenha uma linha, ela configura um espaço linear, de uma<br />
dimensão. Por meio dela, apreende-se um espaço direcional. Numa composição<br />
(conteú<strong>do</strong> estruturante) com linhas (elementos formais), elas funcionam como<br />
setas, pois dirigem o olhar <strong>do</strong> especta<strong>do</strong>r para seguir nesta ou naquela direção.<br />
Qualquer elaboração formal com a linha terá, necessariamente, um caráter<br />
rítmico. Quanto maiores os intervalos em relação aos segmentos lineares, tanto<br />
mais lento se torna o percurso <strong>do</strong> olhar. Portanto, “o movimento visual se dá no<br />
espaço e no tempo” (OSTROWER, 1983, p. 66).<br />
Outra dimensão de tempo e espaço se relaciona ao seu caráter histórico e<br />
social, fun<strong>da</strong>mentais no trabalho com os alunos para que compreen<strong>da</strong>m as<br />
relações sociais em que interagem. Ao tratar <strong>da</strong>s relações que se estabelecem<br />
entre a escola, a mídia e o jovem, nas noções de tempo e espaço, interroga-se:<br />
Que atenção estão prestan<strong>do</strong> as escolas, e inclusive as facul<strong>da</strong>des de <strong>educação</strong>, às modificações<br />
profun<strong>da</strong>s na percepção <strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo vivi<strong>da</strong>s pelos a<strong>do</strong>lescentes, inseri<strong>do</strong>s em<br />
processos vertiginosos de desterritorialização <strong>da</strong> experiência e <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de, apega<strong>do</strong>s a uma<br />
contemporanei<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> dia mais reduzi<strong>da</strong> à atuali<strong>da</strong>de, e no fluxo incessante e embriaga<strong>do</strong>r de<br />
informações e imagens? (MARTIN-BARBERO, 2001, p. 58).<br />
A vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s jovens e adultos urbanos está relaciona<strong>da</strong> com<br />
a mídia tecnológica: Internet (Orkut, Blogs, YouTube, Messenger, e-mail), telefonia<br />
celular, computa<strong>do</strong>r e outros meios de comunicação. Mesmo os que não têm<br />
acesso a esses meios, mantêm contato com a televisão e com jogos eletrônicos.<br />
Esses equipamentos tecnológicos tendem a fragmentar o tempo real e deslocar<br />
a referência espacial pela simultanei<strong>da</strong>de de imagens e locais. A forma como se<br />
estruturam o tempo e o espaço nos videoclipes é um exemplo desta reali<strong>da</strong>de.<br />
Por isso, tempo-espaço deve ser considera<strong>do</strong> no trabalho pe<strong>da</strong>gógico, tanto<br />
como categoria articula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s estruturantes, quanto pelo caráter<br />
histórico e social que enriquece a compreensão <strong>da</strong> <strong>arte</strong> e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
64
3.1 ELEMENTOS FORMAIS<br />
No conteú<strong>do</strong> estruturante elementos formais, o senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> palavra formal está<br />
relaciona<strong>do</strong> à forma propriamente dita, ou seja, aos recursos emprega<strong>do</strong>s numa<br />
obra. São elementos <strong>da</strong> cultura presentes nas produções humanas e na natureza;<br />
são matéria-prima para a produção artística e o conhecimento em <strong>arte</strong>. Esses<br />
elementos são usa<strong>do</strong>s para organizar to<strong>da</strong>s as áreas artísticas e são diferentes em<br />
ca<strong>da</strong> uma delas. Eis alguns exemplos: o timbre em Música, a cor em Artes Visuais,<br />
a personagem em Teatro ou o movimento corporal em Dança.<br />
No processo pe<strong>da</strong>gógico, o professor de Arte deve aprofun<strong>da</strong>r o conhecimento<br />
<strong>do</strong>s elementos formais <strong>da</strong> sua área de habilitação e estabelecer articulação com as<br />
outras áreas por intermédio <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s estruturantes.<br />
3.2 COMPOSIÇÃO<br />
Composição é o processo de organização e des<strong>do</strong>bramento <strong>do</strong>s elementos<br />
formais que constituem uma produção artística. Num processo de composição na<br />
área de <strong>arte</strong>s visuais, os elementos formais – linha, superfície, volume, luz e cor<br />
– “não têm significa<strong>do</strong>s pré-estabeleci<strong>do</strong>s, na<strong>da</strong> representam, na<strong>da</strong> descrevem,<br />
na<strong>da</strong> assinalam, não são símbolos de na<strong>da</strong>, não definem na<strong>da</strong> – na<strong>da</strong>, antes de<br />
entrarem num contexto formal” (OSTROWER 1983, p. 65). Ao participar de uma<br />
composição, ca<strong>da</strong> elemento visual configura o espaço de mo<strong>do</strong> diferente e, ao<br />
caracterizá-lo, os elementos também se caracterizam.<br />
Na área de música, to<strong>do</strong> som tem sua duração, a depender <strong>do</strong> tempo de<br />
repercussão <strong>da</strong> fonte sonora que o originou. É pela manipulação <strong>da</strong>s durações,<br />
media<strong>da</strong> pelo conhecimento, que esse som passa a constituir um ritmo ou uma<br />
composição.<br />
Com a organização <strong>do</strong>s elementos formais, por meio <strong>do</strong>s conhecimentos de<br />
composição de ca<strong>da</strong> área de Arte, formulam-se to<strong>da</strong>s as obras, sejam elas visuais,<br />
teatrais, musicais ou <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça, na imensa varie<strong>da</strong>de de técnicas e estilos.<br />
3.3 MOVIMENTOS E PERÍODOS<br />
O conteú<strong>do</strong> estruturante movimentos e perío<strong>do</strong>s se caracteriza pelo contexto<br />
histórico relaciona<strong>do</strong> ao conhecimento em Arte. Esse conteú<strong>do</strong> revela aspectos<br />
sociais, culturais e econômicos presentes numa composição artística e explicita as<br />
relações internas ou externas de um movimento artístico em suas especifici<strong>da</strong>des,<br />
gêneros, estilos e correntes artísticas.<br />
Para facilitar a aprendizagem <strong>do</strong> aluno e para que tenha uma ampla<br />
compreensão <strong>do</strong> conhecimento em <strong>arte</strong>, esse conteú<strong>do</strong> estruturante deve estar<br />
65<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
presente em vários momentos <strong>do</strong> ensino. Sempre que possível, o professor deve<br />
mostrar as relações que ca<strong>da</strong> movimento e perío<strong>do</strong> de uma determina<strong>da</strong> área<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> estabelece com as outras áreas e como apresentam características em<br />
comum, coincidin<strong>do</strong> ou não com o mesmo perío<strong>do</strong> histórico.<br />
Caso o trabalho se inicie pelo conteú<strong>do</strong> estruturante movimentos e perío<strong>do</strong>s<br />
em música, pode-se, por exemplo, enfatizar o perío<strong>do</strong> contemporâneo e o<br />
movimento Hip-Hop, com a pesquisa de sua origem, que teve raízes no rap, no<br />
grafitti e no break, articulan<strong>do</strong>-os, assim, às áreas de música, de <strong>arte</strong>s visuais e de<br />
<strong>da</strong>nça, respectivamente.<br />
A seguir, apresenta-se um esquema gráfico que detalha como os conteú<strong>do</strong>s<br />
estruturantes se articulam entre si.<br />
Tempo e Espaço<br />
Elementos<br />
Formais<br />
Tempo e Espaço<br />
Artes Visuais<br />
Música<br />
Teatro<br />
Dança<br />
Movimentos e<br />
Perío<strong>do</strong>s<br />
Os conteú<strong>do</strong>s estruturantes, apesar de terem as suas especifici<strong>da</strong>des, são<br />
interdependentes e de mútua determinação. Nas aulas, o trabalho com esses<br />
conteú<strong>do</strong>s deve ser feito de mo<strong>do</strong> simultâneo, pois os elementos formais,<br />
organiza<strong>do</strong>s por meio <strong>da</strong> técnica, <strong>do</strong> estilo e <strong>do</strong> conhecimento em <strong>arte</strong>, constituirão<br />
a composição que se materializa como obra de <strong>arte</strong> nos diferentes movimentos e<br />
perío<strong>do</strong>s.<br />
66<br />
Composição<br />
Tempo e Espaço
A opção pelos elementos formais e de composição trabalha<strong>do</strong>s pelos artistas<br />
determinam os estilos e gêneros <strong>do</strong>s movimentos artísticos nos diferentes perío<strong>do</strong>s<br />
históricos. Da mesma forma, a visão de mun<strong>do</strong>, característica <strong>do</strong>s movimentos<br />
e perío<strong>do</strong>s, também determina os mo<strong>do</strong>s de composição e de seleção <strong>do</strong>s<br />
elementos formais que serão privilegia<strong>do</strong>s. Concomitantemente, tempo e espaço<br />
não somente estão no interior <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, como são também, elementos<br />
articula<strong>do</strong>res entre eles.<br />
A explicitação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s de Arte é uma preocupação e uma necessi<strong>da</strong>de<br />
para o melhor entendimento de como os conteú<strong>do</strong>s estruturantes podem ser<br />
organiza<strong>do</strong>s no encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico. Por isso, no quadro a seguir<br />
se explicita um recorte <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong> disciplina a partir de seus conteú<strong>do</strong>s<br />
estruturantes em ca<strong>da</strong> área de Arte.<br />
MÚSICA<br />
ARTES<br />
VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Altura<br />
Duração<br />
Timbre<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
Ponto<br />
Linha<br />
Superfície<br />
Textura<br />
Volume<br />
Luz<br />
Cor<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
67<br />
Arte<br />
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS<br />
Ritmo<br />
Melodia<br />
Harmonia<br />
Tonal<br />
Mo<strong>da</strong>l<br />
Contemporânea<br />
Escalas<br />
Sonoplastia<br />
Estrutura<br />
Gêneros: erudita, folclórica...<br />
Técnicas: instrumental,<br />
vocal, mista, improvisação...<br />
Figurativa<br />
Abstrata<br />
Figura-fun<strong>do</strong><br />
Bidimensional<br />
Tridimensional<br />
Semelhanças<br />
Contrastes<br />
Ritmo visual<br />
Gêneros: Paisagem, retrato,<br />
natureza-morta...<br />
Técnicas: Pintura, gravura,<br />
escultura, arquitetura,<br />
fotografia, vídeo...<br />
Arte Greco-Romana, Arte<br />
Oriental, Arte Africana, Arte<br />
Medieval, Renascimento, Rap,<br />
Tecno, Barroco, Classicismo,<br />
Romantismo, Vanguar<strong>da</strong>s<br />
Artísticas, Arte Engaja<strong>da</strong>,<br />
Música Serial, Música Eletrônica,<br />
Música Minimalista, Música<br />
Popular Brasileira, Arte Popular,<br />
Arte Indígena, Arte Brasileira,<br />
Arte Paranaense, Indústria<br />
Cultural, Word Music, Arte<br />
Latino-Americana...<br />
Arte Pré-histórica, Arte no<br />
Antigo Egito, Arte Greco-<br />
Romana, Arte Pré-Colombiana,<br />
Arte Oriental, Arte Africana,<br />
Arte Medieval, Arte Bizantina,<br />
Arte Românica, Arte Gótica,<br />
Renascimento, Barroco,<br />
Neoclassicismo, Romantismo,<br />
Realismo, Impressionismo,<br />
Expressionismo, Fauvismo,<br />
Cubismo,<br />
Abstracionismo, Da<strong>da</strong>ísmo,<br />
Construtivismo, Surrealismo,<br />
Op-art, Pop-art, Arte Naïf,<br />
Vanguar<strong>da</strong>s artísticas, Arte<br />
Popular, Arte Indígena,<br />
Arte Brasileira, Arte Paranaense,<br />
Indústria Cultural, Arte Latino-<br />
Americana, Muralismo...
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
TEATRO<br />
DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Personagem<br />
(expressões<br />
corporais,<br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
faciais)<br />
Ação<br />
Espaço<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO MOVIMENTOS E PERÍODOS<br />
Representação<br />
Texto Dramático<br />
Dramaturgia<br />
Roteiro<br />
Espaço Cênico,<br />
Sonoplastia, iluminação,<br />
cenografia, figurino, adereços,<br />
máscara, caracterização e<br />
maquiagem<br />
Gêneros: Tragédia, Comédia,<br />
Drama, Épico, Rua, etc<br />
Técnicas: jogos teatrais,<br />
enre<strong>do</strong>, Teatro direto, Teatro<br />
indireto (manipulação, bonecos,<br />
sombras...), improvisação,<br />
monólogo, jogos dramáticos,<br />
direção, produção...<br />
Eixo<br />
Dinâmica<br />
Aceleração<br />
Ponto de apoio<br />
Salto e que<strong>da</strong><br />
Rotação<br />
Formação<br />
Deslocamento<br />
Sonoplastia<br />
Coreografia<br />
Gêneros: folclóricas, de salão,<br />
étnica...<br />
Técnicas: improvisação,<br />
coreografia...<br />
Os conteú<strong>do</strong>s estruturantes e específicos, resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> debate entre<br />
professores, apontam uma p<strong>arte</strong> <strong>do</strong>s conhecimentos a serem trabalha<strong>do</strong>s na<br />
disciplina de Arte e, ao mesmo tempo, explicitam formas de encaminhamento<br />
meto<strong>do</strong>lógico presentes na Educação Básica.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, para o planejamento <strong>da</strong>s aulas de to<strong>da</strong>s as séries <strong>da</strong> Educação<br />
Básica propõe-se a organização <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s de forma horizontal, vide tabela de<br />
conteú<strong>do</strong>s estruturantes. Esta forma de organização é também uma indicação de<br />
encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico, pois em to<strong>da</strong> ação pe<strong>da</strong>gógica planeja<strong>da</strong> devem<br />
estar presentes conteú<strong>do</strong>s específicos <strong>do</strong>s três conteú<strong>do</strong>s estruturantes, ou seja,<br />
<strong>do</strong>s elementos formais, composição e movimento e perío<strong>do</strong>s.<br />
Esta proposta visa superar uma fragmentação <strong>do</strong>s conhecimentos na disciplina<br />
de Arte, em que no processo de debate, grande p<strong>arte</strong> <strong>do</strong>s professores relataram<br />
a<strong>do</strong>tar o seguinte procedimento meto<strong>do</strong>lógico:<br />
68<br />
Arte Greco-Romana, Arte<br />
Oriental, Arte Africana, Arte<br />
Medieval, Renascimento,<br />
Barroco, Neoclassicismo,<br />
Romantismo, Realismo,<br />
Expressionismo, Vanguar<strong>da</strong>s<br />
Artísticas, Teatro Dialético,<br />
Teatro <strong>do</strong> Oprimi<strong>do</strong>, Teatro<br />
Pobre, Teatro Essencial, Teatro<br />
<strong>do</strong> Absur<strong>do</strong>, Arte Engaja<strong>da</strong>,<br />
Arte Popular, Arte Indígena,<br />
Arte Brasileira, Arte Paranaense,<br />
Indústria Cultural, Arte Latino-<br />
Americana...<br />
Arte Pré-Histórica, Arte Greco-<br />
Romana, Arte Oriental, Arte<br />
Africana, Arte Medieval,<br />
Renascimento, Barroco,<br />
Neoclassicismo, Romantismo,<br />
Expressionismo, Vanguar<strong>da</strong>s<br />
Artísticas, Arte Popular, Arte<br />
Indígena, Arte Brasileira, Arte<br />
Paranaense, Dança Circular,<br />
Indústria Cultural, Dança<br />
Clássica, Dança Moderna, Dança<br />
Contemporânea, Hip Hop, Arte<br />
Latino-Americana...
69<br />
Arte<br />
Nas séries/anos iniciais (1º a 4º séries/1 o ao 5 o ano) o trabalho pe<strong>da</strong>gógico<br />
centra-se nas ativi<strong>da</strong>des artísticas, na prática com músicas, jogos teatrais, desenho<br />
e <strong>da</strong>nça. Nessas ativi<strong>da</strong>des priorizam-se os elementos formais, como estu<strong>do</strong>s sobre<br />
cores primárias e secundárias (<strong>arte</strong>s visuais); timbre, duração e altura (música);<br />
expressão facial, corporal e gestual (teatro) e movimento corporal (<strong>da</strong>nça).<br />
Nas séries/anos finais <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental (5º a 8º séries/ 6o ao 9o ano)<br />
gra<strong>da</strong>tivamente aban<strong>do</strong>na-se a prática artística e a ênfase nos elementos formais,<br />
tratan<strong>do</strong>-se de forma superficial os conteú<strong>do</strong>s de composição e <strong>do</strong>s movimentos<br />
e perío<strong>do</strong>s.<br />
No Ensino Médio a priori<strong>da</strong>de é para a História <strong>da</strong> Arte, com raros momentos<br />
de prática artística, centran<strong>do</strong>-se no estu<strong>do</strong> de movimentos e perío<strong>do</strong>s artísticos e<br />
na leitura de obras de <strong>arte</strong>.<br />
Em síntese, durante a Educação Básica, o aluno tem contato com fragmentos <strong>do</strong><br />
conhecimento em Arte, percorren<strong>do</strong> um arco que inicia-se nos elementos formais,<br />
com ativi<strong>da</strong>des artísticas (séries iniciais) e finaliza nos movimentos e perío<strong>do</strong>s, com<br />
exercícios cognitivos, abstratos (Ensino Médio).<br />
Diante deste diagnóstico, torna-se imprescindível a<strong>do</strong>tar outra postura<br />
meto<strong>do</strong>lógica, que propicie ao aluno uma compreensão mais próxima <strong>da</strong><br />
totali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>arte</strong>. Somente abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logicamente, de forma horizontal,<br />
os elementos formais, composição e movimentos e perío<strong>do</strong>s, relaciona<strong>do</strong>s entre si<br />
e demonstran<strong>do</strong> que são interdependentes, possibilita-se ao aluno a compreensão<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> como forma de conhecimento, como ideologia e como trabalho cria<strong>do</strong>r,<br />
proposto nesta Diretriz.<br />
Neste senti<strong>do</strong>, vide a partir <strong>da</strong> página 87 a proposta de seriação de conteú<strong>do</strong>s<br />
para a elaboração <strong>do</strong> Plano de Trabalho Docente.<br />
4 ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO<br />
4.1 CONHECIMENTO EM ARTE<br />
Nas aulas de Arte é necessária a uni<strong>da</strong>de de abor<strong>da</strong>gem <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s<br />
estruturantes, em um encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico orgânico, onde o<br />
conhecimento, as práticas e a fruição artística estejam presentes em to<strong>do</strong>s os<br />
momentos <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica, em to<strong>da</strong>s as séries <strong>da</strong> Educação Básica.<br />
Para preparar as aulas, é preciso considerar para quem elas serão ministra<strong>da</strong>s,<br />
como, por que e o que será trabalha<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong>-se a escola como espaço de<br />
conhecimento. Dessa forma, devem-se contemplar, na meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> ensino <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong>, três momentos <strong>da</strong> organização pe<strong>da</strong>gógica:
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
• Teorizar: fun<strong>da</strong>menta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a obra<br />
artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para formar conceitos<br />
artísticos<br />
• Sentir e perceber: são as formas de apreciação, fruição, leitura e acesso à<br />
obra de <strong>arte</strong><br />
• Trabalho artístico: é a prática criativa, o exercício com os elementos que<br />
compõe uma obra de <strong>arte</strong><br />
O trabalho em sala poderá iniciar por qualquer um desses momentos, ou pelos<br />
três simultaneamente. Ao final <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des, em uma ou várias aulas, espera-se<br />
que o aluno tenha vivencia<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> um deles.<br />
4.1.1 Teorizar<br />
Teorizar é a p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> trabalho meto<strong>do</strong>lógico que privilegia a cognição, em que<br />
a racionali<strong>da</strong>de opera para apreender o conhecimento historicamente produzi<strong>do</strong><br />
sobre <strong>arte</strong>.<br />
Tal conhecimento em <strong>arte</strong> é alcança<strong>do</strong> pelo trabalho com os conteú<strong>do</strong>s<br />
estruturantes elementos formais, composição, movimentos e perío<strong>do</strong>s, abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
nas Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Esse conhecimento se efetiva quan<strong>do</strong> os<br />
três momentos <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia são trabalha<strong>do</strong>s.<br />
É imprescindível que o professor considere a origem cultural e o grupo social <strong>do</strong>s<br />
alunos e que trabalhe nas aulas os conhecimentos origina<strong>do</strong>s pela comuni<strong>da</strong>de.<br />
Também é importante que discuta como as manifestações artísticas podem<br />
produzir significa<strong>do</strong> de vi<strong>da</strong> aos alunos, tanto na criação como na fruição de uma<br />
obra. Além disso, é preciso que ele reconheça a possibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> caráter provisório<br />
<strong>do</strong> conhecimento em <strong>arte</strong>, em função <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça de valores culturais que pode<br />
ocorrer através <strong>do</strong> tempo nas diferentes socie<strong>da</strong>des e mo<strong>do</strong>s de produção.<br />
Assim, o conteú<strong>do</strong> deve ser contextualiza<strong>do</strong> pelo aluno, para que ele<br />
compreen<strong>da</strong> a obra artística e a <strong>arte</strong> como um campo <strong>do</strong> conhecimento humano,<br />
produto <strong>da</strong> criação e <strong>do</strong> trabalho de sujeitos, histórica e socialmente <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>s.<br />
4.1.2 Sentir e perceber<br />
No processo pe<strong>da</strong>gógico, os alunos devem ter acesso às obras de Música,<br />
Teatro, Dança e Artes Visuais para que se familiarizem com as diversas formas de<br />
produção artística. Trata-se de envolver a apreciação e apropriação <strong>do</strong>s objetos <strong>da</strong><br />
natureza e <strong>da</strong> cultura em uma dimensão estética.<br />
A percepção e apropriação <strong>da</strong>s obras artísticas se dão inicialmente pelos<br />
senti<strong>do</strong>s. De fato, a fruição e a percepção serão superficiais ou mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
conforme as experiências e conhecimentos em <strong>arte</strong> que o aluno tiver em sua vi<strong>da</strong>.<br />
70
O trabalho <strong>do</strong> professor é de possibilitar o acesso e mediar a percepção e<br />
apropriação <strong>do</strong>s conhecimentos sobre <strong>arte</strong>, para que o aluno possa interpretar<br />
as obras, transcender aparências e apreender, pela <strong>arte</strong>, aspectos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de<br />
humana em sua dimensão singular e social.<br />
Ao analisar uma obra, espera-se que o aluno perceba que, no processo de<br />
composição, o artista imprime sua visão de mun<strong>do</strong>, a ideologia com a qual se<br />
identifica, o seu momento histórico e outras determinações sociais. Além de o<br />
artista ser um sujeito histórico e social, é também singular, e na sua obra apresenta<br />
uma nova reali<strong>da</strong>de social.<br />
Para o trabalho com os produtos <strong>da</strong> indústria cultural, é importante perceber<br />
os mecanismos de padronização excessiva <strong>do</strong>s bens culturais, <strong>da</strong> homogeneização<br />
<strong>do</strong> gosto e <strong>da</strong> ampliação <strong>do</strong> consumo.<br />
A filósofa Marilena Chauí (2003) apresenta alguns efeitos <strong>da</strong> massificação <strong>da</strong><br />
indústria cultural que constituem referência para este trabalho pe<strong>da</strong>gógico. Para<br />
Chauí, em função <strong>da</strong>s interferências <strong>da</strong> indústria cultural, as produções artísticas<br />
correm riscos em sua força simbólica, de mo<strong>do</strong> que ficam sujeitas a:<br />
• per<strong>da</strong> <strong>da</strong> expressivi<strong>da</strong>de: tendem a tornar-se reprodutivas e repetitivas;<br />
• empobrecimento <strong>do</strong> trabalho cria<strong>do</strong>r: tendem a tornar-se eventos para<br />
consumo;<br />
• redução <strong>da</strong> experimentação e invenção <strong>do</strong> novo: tendem a supervalorizar a<br />
mo<strong>da</strong> e o consumo;<br />
• efemeri<strong>da</strong>de: tendem a tornar-se p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, passageiro,<br />
sem passa<strong>do</strong> e sem futuro;<br />
• per<strong>da</strong> de conhecimentos: tendem a tornar-se dissimulação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de,<br />
ilusão falsifica<strong>do</strong>ra, publici<strong>da</strong>de e propagan<strong>da</strong>.<br />
Ressalta-se ain<strong>da</strong> que a humanização <strong>do</strong>s objetos e <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s se faz pela<br />
apropriação <strong>do</strong> conhecimento sistematiza<strong>do</strong> em <strong>arte</strong>, tanto pela percepção quanto<br />
pelo trabalho artístico.<br />
4.1.3 Trabalho Artístico<br />
A prática artística – o trabalho cria<strong>do</strong>r – é expressão privilegia<strong>da</strong>, é o exercício<br />
<strong>da</strong> imaginação e criação. Apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des que a escola apresenta para<br />
desenvolver essa prática, ela é fun<strong>da</strong>mental, pois a <strong>arte</strong> não pode ser apreendi<strong>da</strong><br />
somente de forma abstrata. De fato, o processo de produção <strong>do</strong> aluno acontece<br />
quan<strong>do</strong> ele interioriza e se familiariza com os processos artísticos e humaniza seus<br />
senti<strong>do</strong>s.<br />
Essa abor<strong>da</strong>gem meto<strong>do</strong>lógica é essencial no processo pe<strong>da</strong>gógico em Arte. Os<br />
três aspectos meto<strong>do</strong>lógicos abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s nesta Diretriz – teorizar, sentir e perceber<br />
71<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
e trabalho artístico – são importantes porque sen<strong>do</strong> interdependentes, permitem<br />
que as aulas sejam planeja<strong>da</strong>s com recursos e encaminhamentos específicos.<br />
O encaminhamento <strong>do</strong> trabalho pode ser escolhi<strong>do</strong> pelo professor, entretanto,<br />
interessa que o aluno realize trabalhos referentes ao sentir e perceber, ao teorizar<br />
e ao trabalho artístico.<br />
4.2 SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO<br />
4.2.1 Artes Visuais<br />
Sugere-se para a prática pe<strong>da</strong>gógica, que o professor aborde, além <strong>da</strong> produção<br />
pictórica de conhecimento universal e artistas consagra<strong>do</strong>s, também formas e<br />
imagens de diferentes aspectos presentes nas socie<strong>da</strong>des contemporâneas.<br />
O cinema, televisão, vídeoclipe e outros são formas artísticas, constituí<strong>da</strong>s pelas<br />
quatro áreas de Arte, onde a imagem tem uma referência fun<strong>da</strong>mental, compostas<br />
por imagens bidimensionais e tridimensionais. Por isso, sugere-se que a prática<br />
pe<strong>da</strong>gógica parta <strong>da</strong> análise e produção de trabalhos artísticos relaciona<strong>do</strong>s a<br />
conteú<strong>do</strong>s de composição em Artes Visuais, tais como:<br />
• imagens bidimensionais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografia,<br />
propagan<strong>da</strong> visual;<br />
• imagens tridimensionais: esculturas, instalações, produções arquitetônicas;<br />
Os conteú<strong>do</strong>s devem estar relaciona<strong>do</strong>s com a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> aluno e <strong>do</strong> seu<br />
entorno. Nessa seleção, o professor pode considerar artistas, produções artísticas<br />
e bens culturais <strong>da</strong> região, bem como outras produções de caráter universal.<br />
Assim, é importante o trabalho com as mídias que fazem p<strong>arte</strong> <strong>do</strong> cotidiano<br />
<strong>da</strong>s crianças, a<strong>do</strong>lescentes e jovens, alunos <strong>da</strong> escola pública.<br />
Outra questão a ser considera<strong>da</strong> no ensino de Artes Visuais diz respeito ao<br />
processo de releitura.<br />
Uma obra de <strong>arte</strong> deve ser entendi<strong>da</strong> como a forma pela qual o artista percebe o<br />
mun<strong>do</strong>, reflete sua reali<strong>da</strong>de, sua cultura, sua época, crian<strong>do</strong> uma nova reali<strong>da</strong>de,<br />
dentre outros aspectos. Esse conjunto de conhecimentos deve ser o ponto de<br />
parti<strong>da</strong> para que a releitura <strong>da</strong> obra componha a prática pe<strong>da</strong>gógica, que inclui<br />
a experiência <strong>do</strong> aluno e a aprendizagem pelos elementos percebi<strong>do</strong>s por ele na<br />
obra de <strong>arte</strong>. Por isso, é preciso deixar de la<strong>do</strong> a prática que reduz a releitura de<br />
uma obra a sutis modificações ou pelo acréscimo de cores e formas, sem que se<br />
estabeleçam contextos e, de fato, uma prévia leitura crítica <strong>da</strong> obra de <strong>arte</strong> em<br />
estu<strong>do</strong>.<br />
Trabalhar com as <strong>arte</strong>s visuais sob uma perspectiva histórica e crítica, reafirma<br />
a discussão sobre essa área como processo intelectual e sensível que permite um<br />
72
olhar sobre a reali<strong>da</strong>de humano-social, e as possibili<strong>da</strong>des de transformação desta<br />
reali<strong>da</strong>de.<br />
Tal processo pode ser desenvolvi<strong>do</strong> pelo professor ao estabelecer relações entre<br />
os conhecimentos <strong>do</strong> aluno e a imagem proposta, exploran<strong>do</strong> a obra em análises e<br />
questionamentos <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s visuais. Eis algumas questões propostas:<br />
• O que vemos?<br />
• Já vimos isso antes?<br />
• Quantos e quais elementos visuais percebemos?<br />
• Como eles estão organiza<strong>do</strong>s?<br />
• A obra foi elabora<strong>da</strong> por meio de desenho, pintura, fotografia, imagens<br />
produzi<strong>da</strong>s por computação gráfica?<br />
É importante salientar que o trabalho com a leitura <strong>da</strong> obra de <strong>arte</strong> deve<br />
contemplar os momentos de encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico (teorizar, sentir e<br />
perceber e trabalho artístico).<br />
Outra importante possibili<strong>da</strong>de de trabalho é o estabelecimento de relações<br />
<strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s visuais com as outras áreas artísticas. A máscara no Teatro, o registro<br />
gráfico <strong>da</strong> Música ou o figurino e a maquiagem <strong>da</strong> Dança são exemplos de relações<br />
possíveis. Essa prática pe<strong>da</strong>gógica promove uma forma de percepção mais completa<br />
e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> no que se refere ao conhecimento em Arte, principalmente ao se<br />
trabalhar com as manifestações populares e midiáticas, que são compostas por<br />
to<strong>da</strong>s as áreas artísticas.<br />
Segue um exemplo de trabalho com as <strong>arte</strong>s visuais sob a perspectiva teórica<br />
proposta nestas Diretrizes:<br />
Inicialmente, o professor poderá pedir que ca<strong>da</strong> aluno desenhe diversas<br />
linhas, de formas e tamanhos diferentes, para juntos observarem e discutirem a<br />
expressivi<strong>da</strong>de, o peso, o movimento que ca<strong>da</strong> uma pode ocupar nesse espaço<br />
(teorização).<br />
Depois, os alunos podem desenvolver composições e criar efeitos de movimento<br />
e de organização <strong>do</strong> espaço, ten<strong>do</strong> como referencial o estu<strong>do</strong> de linhas já realiza<strong>do</strong><br />
(trabalho artístico).<br />
Em segui<strong>da</strong>, o professor poderá mostrar obras (sentir e perceber) de artistas<br />
que deram ênfase ao uso de linhas e, também, expor as composições <strong>do</strong>s alunos<br />
para apreciação e apropriação <strong>do</strong>s trabalhos pelos próprios colegas.<br />
4.2.2 Dança<br />
Para o ensino <strong>da</strong> Dança na escola, é fun<strong>da</strong>mental buscar no encaminhamento<br />
<strong>da</strong>s aulas a relação <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s próprios <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça com os elementos culturais<br />
que a compõem. É necessário rever as abor<strong>da</strong>gens presentes e modificar a ideia de<br />
que a Dança aparece somente como meio ou recurso “para relaxar’, ‘para soltar<br />
73<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
as emoções’, ‘para expressar-se espontaneamente’, ‘para trabalhar a coordenação<br />
motora’ ou até ‘para acalmar os alunos” (MARQUES, 2005, p. 23).<br />
A <strong>da</strong>nça tem conteú<strong>do</strong>s próprios, capazes de desenvolver aspectos cognitivos<br />
que, uma vez integra<strong>do</strong>s aos processos mentais, possibilitam uma melhor<br />
compreensão estética <strong>da</strong> Arte.<br />
Os elementos formais <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça, nestas <strong>diretrizes</strong>, são:<br />
• movimento corporal: o movimento <strong>do</strong> corpo ou de p<strong>arte</strong> dele num<br />
determina<strong>do</strong> tempo e espaço;<br />
• espaço: é onde os movimentos acontecem, com utilização total ou parcial<br />
<strong>do</strong> espaço;<br />
• tempo: caracteriza a veloci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> movimento corporal (ritmo e duração).<br />
O elemento central <strong>da</strong> Dança é o movimento corporal, por isso o trabalho<br />
pe<strong>da</strong>gógico pode basear-se em ativi<strong>da</strong>des de experimentação <strong>do</strong> movimento,<br />
improvisação, em composições coreográficas e processos de criação (trabalho<br />
artístico), tornan<strong>do</strong> o conhecimento significativo para o aluno, conferin<strong>do</strong>-lhe<br />
senti<strong>do</strong> a aprendizagem, por articularem os conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Entender a <strong>da</strong>nça como expressão, compreender as reali<strong>da</strong>des próximas<br />
e distantes, perceber o movimento corporal nos aspectos sociais, culturais e<br />
históricos (teorizar), são elementos fun<strong>da</strong>mentais para alcançar os objetivos <strong>do</strong><br />
ensino <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça na escola.<br />
Nas aulas de Arte, questões sobre “sentir e perceber” devem ser enfoca<strong>da</strong>s<br />
pelo professor, tais como:<br />
• De que maneira o corpo se movimenta no espaço?<br />
• Que relações há entre movimento e tempo?<br />
• Quais passos se repetem com mais frequência na coreografia?<br />
• Há ocorrência de giros, saltos e que<strong>da</strong>s?<br />
Essas questões devem ser observa<strong>da</strong>s em <strong>da</strong>nças realiza<strong>da</strong>s pelos alunos e por<br />
grupos ama<strong>do</strong>res e profissionais.<br />
Além disso, alguns encaminhamentos podem ser realiza<strong>do</strong>s, tais como:<br />
• criação de formas de registro gráfico <strong>da</strong> formação inicial e <strong>do</strong>s passos<br />
sequenciais;<br />
• uso de diferentes adereços;<br />
• proposta de criações, improvisações e execuções coreográficas individuais<br />
e coletivas;<br />
• identificação <strong>do</strong> gênero a que pertence a <strong>da</strong>nça e em que época foi<br />
concebi<strong>da</strong>.<br />
Ao selecionar os conteú<strong>do</strong>s de Dança que pretende desenvolver com seus<br />
alunos, o professor precisa considerar o contexto social e cultural, ou seja, o<br />
74
epertório de <strong>da</strong>nça <strong>do</strong>s alunos, seus conhecimentos e suas escolhas de ritmos e<br />
estilos.<br />
Para se efetivar o trabalho com a <strong>da</strong>nça na escola, há que se considerar algumas<br />
questões: como a de gênero, as de necessi<strong>da</strong>des especiais motoras e as de religião,<br />
como o caso de algumas religiões que desaprovam a <strong>da</strong>nça, ou por outro la<strong>do</strong>, <strong>do</strong><br />
cui<strong>da</strong><strong>do</strong> necessário com as <strong>da</strong>nças religiosas que podem impor o caráter litúrgico<br />
implícito nas mesmas.<br />
4.2.3 Música<br />
Desde o nascimento até a i<strong>da</strong>de escolar, a criança é submeti<strong>da</strong> a uma grande<br />
oferta musical que tanto compõe suas preferências relaciona<strong>da</strong>s à herança<br />
cultural, quanto interfere na formação de comportamento e gostos instiga<strong>do</strong>s pela<br />
cultura de massa. Por isso, ao trabalhar uma determina<strong>da</strong> música, é importante<br />
contextualizá-la, apresentar suas características específicas e mostrar que as<br />
influências de regiões e povos misturam-se em diversas composições musicais.<br />
Para se entender melhor a música, é necessário desenvolver o hábito de ouvir<br />
os sons com mais atenção, de mo<strong>do</strong> que se possa identificar os seus elementos<br />
forma<strong>do</strong>res, as variações e as maneiras como esses sons são distribuí<strong>do</strong>s<br />
e organiza<strong>do</strong>s em uma composição musical. Essa atenção vai propiciar o<br />
reconhecimento de como a música se organiza.<br />
A música é forma<strong>da</strong>, basicamente, por som e ritmo e varia em gênero e estilo. O<br />
som é constituí<strong>do</strong> por vários elementos que apresentam diferentes características<br />
e podem ser analisa<strong>do</strong>s em uma composição musical ou em sons isola<strong>do</strong>s. Os<br />
elementos formais <strong>do</strong> som são: intensi<strong>da</strong>de, altura, timbre, densi<strong>da</strong>de e duração.<br />
A intensi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> som é o elemento responsável por determinar se uma<br />
sequência de sons fica mais ou menos intensa, ou seja, se são fortes ou fracos.<br />
Essa intensi<strong>da</strong>de depende <strong>da</strong> força com que o objeto sonoro é executa<strong>do</strong>. Em uma<br />
execução musical, essa proprie<strong>da</strong>de é responsável pela dinâmica emprega<strong>da</strong> pelos<br />
instrumentistas e/ou vocalistas em determina<strong>do</strong>s trechos musicais.<br />
A altura define que algumas sequências de sons podem ser agu<strong>da</strong>s e outras<br />
graves. Essas diferenças entre as alturas <strong>do</strong>s sons acontecem sempre em relação<br />
a outros sons e geram as notas musicais, que são dispostas em uma escala,<br />
distribuí<strong>da</strong>s em uma sequência infinita.<br />
Outro elemento que constitui o som é o timbre: responsável por caracterizar<br />
o som e fazer com que se identifique a fonte sonora que o emitiu. Como por<br />
exemplo: uma sirene, um instrumento musical, a voz de uma pessoa.<br />
Quan<strong>do</strong> um conjunto de sons acontece ao mesmo tempo, dizemos que há uma<br />
grande densi<strong>da</strong>de. Na música, a densi<strong>da</strong>de acontece quan<strong>do</strong> vários instrumentos<br />
ou vozes são executa<strong>do</strong>s simultaneamente, como em uma ban<strong>da</strong>, coral, orquestra<br />
e outras formas.<br />
75<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
A duração é o elemento responsável por determinar que qualquer som acontece<br />
em um tempo específico relaciona<strong>do</strong> a sua fonte sonora. Alguns sons são de<br />
durações mais longas; outras, mais curtas e em alguns momentos não se ouve<br />
som nenhum – são os momentos de silêncio. Na música, o silêncio é chama<strong>do</strong> de<br />
pausa. Quan<strong>do</strong> se combina uma sequência de sons e/ou silêncios, está se crian<strong>do</strong><br />
um ritmo. O ritmo, então, é o organiza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> movimento ordena<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sons e<br />
silêncio em um determina<strong>do</strong> tempo.<br />
Esses elementos <strong>do</strong> som relacionam-se, poden<strong>do</strong> ser combina<strong>do</strong>s sucessiva e/<br />
ou simultaneamente. A combinação de sons sucessivos é chama<strong>da</strong> de melodia. A<br />
melodia organiza os sons emiti<strong>do</strong>s em diferentes alturas durante um determina<strong>do</strong><br />
perío<strong>do</strong> de tempo; por outro la<strong>do</strong>, a combinação de sons simultâneos corresponde<br />
à harmonia, cujas notas musicais combina<strong>da</strong>s em um trecho musical são toca<strong>da</strong>s<br />
ao mesmo tempo. Ritmo, melodia e harmonia, portanto, são os elementos de<br />
composição que constituem a Música.<br />
Esses elementos auxiliam na compreensão <strong>da</strong> música e na percepção de outras<br />
formas de expressão e de criação musical. As composições musicais apresentamse<br />
em gêneros diferentes como, por exemplo, o cantochão, canta<strong>da</strong> por um solista<br />
ou coro com vozes entoa<strong>da</strong>s na mesma altura; o fan<strong>da</strong>ngo paranaense, conjunto<br />
de <strong>da</strong>nças regionais chama<strong>da</strong>s marcas, acompanha<strong>da</strong>s de violas, rabeca, adufo ou<br />
pandeiro, bati<strong>da</strong>s de tamancos e versos canta<strong>do</strong>s; a ópera, peça dramática na qual<br />
a história é conta<strong>da</strong> por meio <strong>do</strong> canto e de ações e representações, acompanha<strong>da</strong><br />
por uma orquestra; entre muitos outros.<br />
No panorama musical, existe uma diversi<strong>da</strong>de de estilos e de gêneros musicais,<br />
ca<strong>da</strong> qual com suas funções correspondentes a épocas e regiões. Ca<strong>da</strong> povo ou<br />
grupo cultural produz músicas diferentes ao longo de sua história; surgem, assim,<br />
diferentes gêneros musicais. Eles não são isola<strong>do</strong>s; sofrem transformações com o<br />
tempo, por influência de outros estilos e movimentos musicais que se incorporam e<br />
a<strong>da</strong>ptam-se aos costumes, à cultura, à tecnologia, aos músicos e aos instrumentos<br />
de ca<strong>da</strong> povo e de ca<strong>da</strong> época.<br />
Na música erudita, as formas musicais estão relaciona<strong>da</strong>s aos movimentos <strong>da</strong><br />
história <strong>da</strong> música, principalmente com as composições <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> entre 1750<br />
e 1840, quan<strong>do</strong> estas formas musicais adquiriram importância. Exemplos: a<br />
sinfonia, o concerto e o qu<strong>arte</strong>to de cor<strong>da</strong>s mostram também a transformação<br />
que as melodias e as formas musicais sofreram ao longo <strong>do</strong> tempo.<br />
A música popular, por sua vez, tem origem nas festas e rituais, compostas por<br />
melodias e canções de um povo, que passam de geração a geração e tem como<br />
característica marcante o ritmo.<br />
A música, então, é uma forma de representar o mun<strong>do</strong>, de relacionar-se com<br />
ele, de fazer compreender a imensa diversi<strong>da</strong>de musical existente, que de uma<br />
forma direta ou indireta interfere na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de.<br />
76
Como sugestão de encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico, segue exemplo de como<br />
se trabalhar com um videoclipe:<br />
1. apreciação e análise <strong>do</strong> videoclipe (música, imagem, representação,<br />
<strong>da</strong>nça...), com ênfase na produção musical, observan<strong>do</strong> a organização <strong>do</strong>s<br />
elementos formais <strong>do</strong> som, <strong>da</strong> composição e de sua relação com os estilos e<br />
gêneros musicais;<br />
2. seleção de músicas de vários gêneros para compor outra trilha sonora para<br />
a mesma cena <strong>do</strong> videoclipe, observan<strong>do</strong> se há mu<strong>da</strong>nça no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> cena;<br />
3. construção de instrumentos musicais, com vários tipos de materiais, para<br />
produções musicais com diversos arranjos instrumentais e vocais, compon<strong>do</strong><br />
efeitos sonoros e música para o videoclipe;<br />
4. registro de to<strong>do</strong> o material sonoro produzi<strong>do</strong> pelos alunos, por meio de<br />
gravação em qualquer mídia disponível.<br />
Para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho é importante que ocorram os três<br />
momentos na organização pe<strong>da</strong>gógica: o sentir e perceber a obra conforme<br />
sugeri<strong>do</strong> no primeiro item; o trabalho artístico que está relaciona<strong>do</strong> nos itens<br />
<strong>do</strong>is, três e quatro; o teorizar em <strong>arte</strong> que contempla to<strong>do</strong>s os itens. É importante<br />
lembrar que o trabalho em sala pode iniciar por qualquer um desses momentos<br />
ou por to<strong>do</strong>s, simultaneamente.<br />
4.2.4 Teatro<br />
Dentre as possibili<strong>da</strong>des de aprendizagem ofereci<strong>da</strong>s pelo teatro na <strong>educação</strong>,<br />
destacam-se a: criativi<strong>da</strong>de, socialização, memorização e a coordenação, sen<strong>do</strong> o<br />
encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico, proposto pelo professor, o momento para que o<br />
aluno os exercite. Com o teatro, o educan<strong>do</strong> tem a oportuni<strong>da</strong>de de se colocar no<br />
lugar de outros, experimentan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> sem correr risco.<br />
Existem diversos encaminhamentos meto<strong>do</strong>lógicos possíveis para o ensino de<br />
teatro, no entanto se faz necessário proporcionar momentos para teorizar, sentir<br />
e perceber e para o trabalho artístico, não o reduzin<strong>do</strong> a um mero fazer.<br />
Uma possibili<strong>da</strong>de seria iniciar o trabalho com exercícios de relaxamento,<br />
aquecimento e com os elementos formais <strong>do</strong> teatro: personagem – expressão<br />
vocal, gestual, corporal e facial, Composição: jogos teatrais, improvisações e<br />
transposição de texto literário para texto dramático, pequenas encenações<br />
construí<strong>da</strong>s pelos alunos e outros exercícios cênicos (trabalho artístico).<br />
O encaminhamento enfatiza o trabalho artístico, contu<strong>do</strong>, o professor<br />
não exclui a abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> teorização em <strong>arte</strong> como, por exemplo, discutir os<br />
movimentos e perío<strong>do</strong>s artísticos importantes <strong>da</strong> história <strong>do</strong> Teatro. Durante as<br />
aulas, torna-se interessante solicitar aos alunos uma análise <strong>da</strong>s diferentes formas<br />
de representação na televisão e no cinema, tais como: plano de imagens, formas<br />
de expressão <strong>do</strong>s personagens, cenografia e sonoplastia (sentir e perceber).<br />
77<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Para o trabalho de sentir e perceber é essencial que os alunos assistam a peças<br />
teatrais de mo<strong>do</strong> a analisá-las a partir de questões como:<br />
• descrição <strong>do</strong> contexto: nome <strong>da</strong> peça, autor, direção, local, atores, perío<strong>do</strong><br />
histórico <strong>da</strong> representação;<br />
• análise <strong>da</strong> estrutura e organização <strong>da</strong> peça: tipo de cenário e sonoplastia,<br />
expressões usa<strong>da</strong>s com mais ênfase pelos personagens e outros conteú<strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>s em aula;<br />
• análise <strong>da</strong> peça sob o ponto de vista <strong>do</strong> aluno: com sua percepção e<br />
sensibili<strong>da</strong>de em relação à peça assisti<strong>da</strong>.<br />
Os conteú<strong>do</strong>s estruturantes devem ser trata<strong>do</strong>s de forma orgânica, ou seja,<br />
manten<strong>do</strong> as suas relações:<br />
• elementos formais: personagem, ação e espaço cênico;<br />
• composição: representação, cenografia;<br />
• movimentos e perío<strong>do</strong>s: história <strong>do</strong> teatro e as relações de tempo e espaço<br />
presentes no espaço cênico, atos, cenografia, iluminação e música.<br />
Na meto<strong>do</strong>logia de ensino poderá ser trabalha<strong>do</strong> com o aluno o conceito de<br />
teatro como uma forma artística que aprofun<strong>da</strong> e transforma sua visão de mun<strong>do</strong>,<br />
sob a perspectiva de que o ato de dramatizar é uma construção social <strong>do</strong> homem<br />
em seu processo de desenvolvimento (teorizar).<br />
O teatro na escola promove o relacionamento <strong>do</strong> homem com o mun<strong>do</strong>. E numa<br />
socie<strong>da</strong>de que não compreende o sujeito em sua totali<strong>da</strong>de, fragmentan<strong>do</strong>-o,<br />
surge a necessi<strong>da</strong>de de integrar as p<strong>arte</strong>s que compõem esse sujeito, desenvolver<br />
a intuição e a razão por meio <strong>da</strong>s percepções, sensações, emoções, elaborações<br />
e racionalizações, com o objetivo de propiciar ao aluno uma melhor maneira de<br />
relacionar-se consigo e com o outro.<br />
O trabalho pe<strong>da</strong>gógico com as encenações deve considerar que elas estão<br />
presentes desde os primórdios <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de, nos ritos como expressão de<br />
diferentes culturas, nos gêneros (<strong>da</strong> tragédia, <strong>da</strong> comédia, <strong>do</strong> drama, entre outros),<br />
nas correntes estéticas teatrais, nos festejos populares, nos rituais <strong>do</strong> nosso<br />
cotidiano, na fantasia e nas brincadeiras infantis, sen<strong>do</strong> as mesmas, manifestações<br />
que pertencem ao universo <strong>do</strong> conhecimento simbólico <strong>do</strong> ser humano.<br />
É fun<strong>da</strong>mental que os conhecimentos específicos <strong>do</strong> teatro estejam presentes<br />
nos conteú<strong>do</strong>s específicos <strong>da</strong> disciplina a fim de contribuir para a formação <strong>da</strong><br />
consciência humana e <strong>da</strong> compreensão de mun<strong>do</strong>. Esses elementos permitem<br />
que o ensino de Teatro, extrapole as práticas que o restringem a apenas uma<br />
oportuni<strong>da</strong>de de produção de espetáculos ou como mero entretenimento.<br />
Para que a presença <strong>do</strong> teatro na escola seja coerente à concepção de Arte<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> nessas Diretrizes, busca-se superar a ideia <strong>do</strong> teatro somente como<br />
ativi<strong>da</strong>de espontânea ou de espetáculo comemorativo.<br />
78
As montagens volta<strong>da</strong>s somente a festivi<strong>da</strong>des na escola; a mecanização <strong>da</strong><br />
expressão dramática, quan<strong>do</strong> os alunos são leva<strong>do</strong>s a decorar falas, gestos e<br />
postura no palco; a produção de falas, figurinos, cenas e cenários estereotipa<strong>do</strong>s;<br />
o virtuosismo, ou seja, a valorização de alunos que já possuem experiência ou<br />
facili<strong>da</strong>de de representar, em oposição aos alunos intimi<strong>da</strong><strong>do</strong>s que participariam<br />
apenas por se sentirem coagi<strong>do</strong>s pelo professor, em busca de nota, são práticas<br />
que pouco contribuem para que o aluno construa conhecimentos em Arte.<br />
O teatro na escola tem o seu valor amplia<strong>do</strong> não só ao abrir possibili<strong>da</strong>des<br />
para apresentações de espetáculos monta<strong>do</strong>s pelos professores, e/ou alunos ou<br />
companhias itinerantes, mas como espaço que viabiliza o pensar simbólico por<br />
meio <strong>da</strong> dramatização individual ou coletiva.<br />
O Teatro oportunizará aos alunos a análise, a investigação e a composição de<br />
personagens, de enre<strong>do</strong>s e de espaços de cena, permitin<strong>do</strong> a interação crítica <strong>do</strong>s<br />
conhecimentos trabalha<strong>do</strong>s com outras reali<strong>da</strong>des socioculturais.<br />
Esse encaminhamento pode ser inicia<strong>do</strong> pelo enre<strong>do</strong>, em cujo conteú<strong>do</strong> estão<br />
presentes, por meio de metáforas, as relações humanas, dramatiza<strong>da</strong>s por atores<br />
ou bonecos, em falas e gestos ou mímicas.<br />
O professor poderá partir de uma obra <strong>da</strong> literatura dramática universal, <strong>da</strong><br />
literatura brasileira ou <strong>da</strong> orali<strong>da</strong>de (contos, len<strong>da</strong>s, cantigas populares), uma letra<br />
de música, um recorte de jornal, uma fotografia ou pintura, os quais contêm<br />
temas sobre situações relevantes <strong>do</strong> ser humano em sua relação consigo e com o<br />
outro. Devem ser considera<strong>da</strong>s a faixa etária e a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s alunos, para que<br />
possam questionar e reelaborar essas temáticas em peças cênicas.<br />
Outra opção é iniciar pelo processo de construção <strong>da</strong> personagem. Na<br />
elaboração <strong>do</strong> seu perfil físico e simbólico (figurino, adereço, suas ações, espaço,<br />
gestual, entonação), devem estar presentes a pesquisa, a exploração, a descoberta<br />
individual e coletiva de temáticas e conceitos propostos pelo professor, para que<br />
se estimulem discussões acerca <strong>da</strong> condição humana em seus aspectos sociais,<br />
culturais e históricos.<br />
Não é aconselhável condicionar o trabalho com teatro na escola à existência de<br />
um teatro com palco e platéia separa<strong>do</strong>s por cortinas. É necessário que os limites<br />
<strong>do</strong> palco sejam extrapola<strong>do</strong>s sempre que possível.<br />
Na escola, as propostas <strong>do</strong> enre<strong>do</strong> e <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong>s personagens podem ser<br />
valoriza<strong>da</strong>s em espaços alternativos para a cena, afora o anfiteatro e o salão<br />
nobre. Dessa maneira, locais inusita<strong>do</strong>s como uma esca<strong>da</strong>ria ou uma simples sala<br />
sem qualquer móvel são transforma<strong>da</strong>s em locais que reforçam a intenção <strong>da</strong><br />
cena e/ou <strong>da</strong>s personagens. Tais relações dão ênfase a um espaço pensa<strong>do</strong> como<br />
signo: um espaço cênico.<br />
É na pesquisa, na experimentação e no rompimento com padrões estéticos que<br />
se fun<strong>da</strong>mentam as teorias contemporâneas sobre o teatro. Ao serem vivencia<strong>da</strong>s<br />
na escola, as teorias cumprem, ao mesmo tempo, o objetivo de educar pelo teatro<br />
e para o teatro, no tocante à formação de plateia.<br />
79<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
O professor deve trabalhar para que o aluno compreen<strong>da</strong> e valorize as obras<br />
teatrais como bens culturais. Na escola, as propostas devem ir além <strong>do</strong> teatro<br />
convencional, que não pode ser entendi<strong>do</strong> somente em seu formato, mas pelas<br />
ideologias de uma época que ele simboliza.<br />
Para o aluno, conhecer outras práticas liga<strong>da</strong>s às concepções teóricas<br />
contemporâneas de teatro não significa apenas inovação, mas a possibili<strong>da</strong>de<br />
de ampliar a sua ideia de mun<strong>do</strong>, na medi<strong>da</strong> em que reconhece elementos <strong>da</strong><br />
condição humana <strong>da</strong> contemporanei<strong>da</strong>de e os associa à própria vi<strong>da</strong>.<br />
Torna-se interessante que o professor discuta com o aluno aspectos <strong>da</strong> história<br />
recente <strong>do</strong> Teatro. Desde a déca<strong>da</strong> de 1960, no Brasil, diretores e atores têm i<strong>do</strong><br />
além <strong>do</strong> tradicionalismo e conserva<strong>do</strong>rismo <strong>do</strong>s grandes espetáculos volta<strong>do</strong>s a<br />
um público de elite seleto.<br />
A <strong>arte</strong> <strong>da</strong> representação mu<strong>do</strong>u não somente em sua forma, mas em seus<br />
conceitos. Passou a propor ao especta<strong>do</strong>r uma outra reali<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong>quela<br />
que se caracterizava como a reprodução <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, a cena pode ir muito além<br />
disso. Com o estreitamento de fronteiras entre palco e plateia, o diálogo com o<br />
especta<strong>do</strong>r se faz de forma mais dinâmica e aberta. Durante a cena e fora dela,<br />
fundem-se elementos de várias linguagens artísticas e tecnológicas. Com isso,<br />
abre-se espaço ao experimental no momento em que se propõe ao especta<strong>do</strong>r<br />
locais alternativos, oportuni<strong>da</strong>de para reflexão, questionamentos e interação com<br />
a cena.<br />
Teatro inclui reali<strong>da</strong>de e fantasia num contato direto com a plateia. Por esse<br />
diferencial, a estética teatral não se compara com a dramatização <strong>do</strong> cinema<br />
ou <strong>da</strong>s telenovelas. São linguagens distintas que dependem de uma estrutura<br />
tecnológica para acontecer e que podem ter como ponto de análise e discussão as<br />
diversas estéticas, as características de interpretação, os espaços e os argumentos<br />
escolhi<strong>do</strong>s para o desenvolvimento <strong>da</strong> história.<br />
O Teatro na escola possui características diferencia<strong>da</strong>s ao oferecer oportuni<strong>da</strong>des<br />
que prezem o direito <strong>do</strong> aluno ao conhecimento a partir <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s específicos,<br />
meto<strong>do</strong>logias de aprendizagem e avaliação.<br />
Na escola, a dramatização evidenciará mais o processo de aprendizagem <strong>do</strong><br />
que a finalização, a montagem de uma peça. É no teatro e em seus gêneros,<br />
propostos como jogo <strong>do</strong> riso, <strong>do</strong> sofrimento e <strong>do</strong> conflito, que se veem refleti<strong>da</strong>s<br />
as maneiras de sentir o mun<strong>do</strong> por meio de um ser cria<strong>do</strong> (a personagem) num<br />
mun<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> (a cena).<br />
Essas relações estão presentes, também, em manifestações cênicas como:<br />
<strong>da</strong>nças, jogos e brincadeiras, rituais, folgue<strong>do</strong>s folclóricos como o Maracatu, a Festa<br />
<strong>do</strong> Boi, a Conga<strong>da</strong>, a Cavalha<strong>da</strong>, a Folia de Reis, entre outras. Tais manifestações<br />
podem ser apreendi<strong>da</strong>s como conhecimento e experimento cênico que podem<br />
contribuir para integrar e desenvolver o conhecimento estético e artístico <strong>do</strong><br />
aluno, bem como para ampliar seu mo<strong>do</strong> de pensar e recompor representações<br />
de mun<strong>do</strong>, a partir <strong>do</strong>s diferentes meios socioculturais.<br />
80
De mo<strong>do</strong> geral para to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> disciplina recomen<strong>da</strong>-se, no<br />
encaminhamento meto<strong>do</strong>lógico, o enfoque nos seguintes trabalhos com os alunos:<br />
• manifestação <strong>da</strong>s formas de trabalho artístico que os alunos já executam,<br />
para que sistematizem com mais conhecimentos suas próprias produções;<br />
• produção e exposição de trabalhos artísticos, a considerar a formação <strong>do</strong><br />
professor e os recursos existentes na escola.<br />
5 AVALIAÇÃO<br />
A concepção de avaliação para a disciplina de Arte proposta nestas Diretrizes<br />
Curriculares é diagnóstica e processual. É diagnóstica por ser a referência <strong>do</strong><br />
professor para planejar as aulas e avaliar os alunos; é processual por pertencer<br />
a to<strong>do</strong>s os momentos <strong>da</strong> prática pe<strong>da</strong>gógica. A avaliação processual deve incluir<br />
formas de avaliação <strong>da</strong> aprendizagem, <strong>do</strong> ensino (desenvolvimento <strong>da</strong>s aulas),<br />
bem como a autoavaliação <strong>do</strong>s alunos.<br />
De acor<strong>do</strong> com a LDB (n. 9.394/96, art. 24, inciso V) a avaliação é “contínua e<br />
cumulativa <strong>do</strong> desempenho <strong>do</strong> aluno, com prevalência <strong>do</strong>s aspectos qualitativos<br />
sobre os quantitativos e <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> sobre os de eventuais<br />
provas finais”. Na Deliberação 07/99 <strong>do</strong> Conselho Estadual de Educação (Capítulo<br />
I, art.8º), a avaliação almeja “o desenvolvimento formativo e cultural <strong>do</strong> aluno” e<br />
deve “levar em consideração a capaci<strong>da</strong>de individual, o desempenho <strong>do</strong> aluno e<br />
sua participação nas ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s”.<br />
De fato, a avaliação requer parâmetros para o redimensionamento <strong>da</strong>s práticas<br />
pe<strong>da</strong>gógicas, pois o professor participa <strong>do</strong> processo e compartilha a produção <strong>do</strong><br />
aluno. Ou seja, a avaliação permite que se saia <strong>do</strong> lugar comum, <strong>do</strong>s gostos pessoais,<br />
de mo<strong>do</strong> que se desvincula de uma prática pe<strong>da</strong>gógica pragmatista, caracteriza<strong>da</strong><br />
pela produção de resulta<strong>do</strong>s ou a valorização somente <strong>do</strong> espontaneísmo. Ao<br />
centrar-se no conhecimento, a avaliação gera critérios que transcendem os limites<br />
<strong>do</strong> gosto e <strong>da</strong>s afini<strong>da</strong>des pessoais, direcionan<strong>do</strong> de maneira sistematiza<strong>da</strong> o<br />
trabalho pe<strong>da</strong>gógico.<br />
Assim, a avaliação em Arte supera o papel de mero instrumento de medição <strong>da</strong><br />
apreensão de conteú<strong>do</strong>s e busca propiciar aprendizagens socialmente significativas<br />
para o aluno. Ao ser processual e não estabelecer parâmetros comparativos<br />
entre os alunos, discute dificul<strong>da</strong>des e progressos de ca<strong>da</strong> um a partir <strong>da</strong> própria<br />
produção, de mo<strong>do</strong> que leva em conta a sistematização <strong>do</strong>s conhecimentos para<br />
a compreensão mais efetiva <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />
O méto<strong>do</strong> de avaliação proposto nestas Diretrizes inclui observação e registro<br />
<strong>do</strong> processo de aprendizagem, com os avanços e dificul<strong>da</strong>des percebi<strong>do</strong>s na<br />
apropriação <strong>do</strong> conhecimento pelos alunos. O professor deve avaliar como o aluno<br />
soluciona os problemas apresenta<strong>do</strong>s e como ele se relaciona com os colegas nas<br />
discussões em grupo. Como sujeito desse processo, o aluno também deve elaborar<br />
81<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
seus registros de forma sistematiza<strong>da</strong>. As propostas podem ser socializa<strong>da</strong>s em<br />
sala, com oportuni<strong>da</strong>des para o aluno apresentar, refletir e discutir sua produção<br />
e a <strong>do</strong>s colegas.<br />
É importante ter em vista que os alunos apresentam uma vivência e um capital<br />
cultural próprio, constituí<strong>do</strong> em outros espaços sociais além <strong>da</strong> escola, como a<br />
família, grupos, associações, religião e outros. Além disso, têm um percurso escolar<br />
diferencia<strong>do</strong> de conhecimentos artísticos relativos à Música, às Artes Visuais, ao<br />
Teatro e à Dança.<br />
O professor deve fazer um levantamento <strong>da</strong>s formas artísticas que os alunos já<br />
conhecem e de suas respectivas habili<strong>da</strong>des, como tocar um instrumento musical,<br />
<strong>da</strong>nçar, desenhar ou representar. Durante o ano letivo, as tendências e habili<strong>da</strong>des<br />
<strong>do</strong>s alunos para uma ou mais áreas <strong>da</strong> <strong>arte</strong> também devem ser detecta<strong>da</strong>s e<br />
reconheci<strong>da</strong>s pelo professor.<br />
Esse diagnóstico é a base para planejar futuras aulas, pois, ain<strong>da</strong> que estejam<br />
defini<strong>do</strong>s os conteú<strong>do</strong>s a serem trabalha<strong>do</strong>s, a forma e a profundi<strong>da</strong>de de sua<br />
abor<strong>da</strong>gem dependem <strong>do</strong> conhecimento que os alunos trazem consigo.<br />
Essa é outra dimensão <strong>da</strong> avaliação, a zona de desenvolvimento proximal,<br />
conceito elabora<strong>do</strong> por Lev Semenovich Vigotsky que trabalha a questão <strong>da</strong><br />
apropriação <strong>do</strong> conhecimento. Vigotsky argumenta que a distância entre o nível<br />
de desenvolvimento real, determina<strong>do</strong> pela capaci<strong>da</strong>de de resolver um problema<br />
sem aju<strong>da</strong>, e o nível de desenvolvimento potencial, determina<strong>do</strong> pela resolução<br />
de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com outro<br />
colega, é denomina<strong>do</strong> de zona de desenvolvimento proximal.<br />
Portanto, o conhecimento que o aluno acumula deve ser socializa<strong>do</strong> entre os<br />
colegas e, ao mesmo tempo, constitui-se como referência para o professor propor<br />
abor<strong>da</strong>gens diferencia<strong>da</strong>s.<br />
A fim de se obter uma avaliação efetiva individual e <strong>do</strong> grupo, são necessários<br />
vários instrumentos de verificação tais como:<br />
• trabalhos artísticos individuais e em grupo;<br />
• pesquisas bibliográfica e de campo;<br />
• debates em forma de seminários e simpósios;<br />
• provas teóricas e práticas;<br />
• registros em forma de relatórios, gráficos, portfólio, áudio-visual e outros.<br />
Por meio desses instrumentos, o professor obterá o diagnóstico necessário<br />
para o planejamento e o acompanhamento <strong>da</strong> aprendizagem durante o ano letivo,<br />
visan<strong>do</strong> às seguintes expectativas de aprendizagem:<br />
• A compreensão <strong>do</strong>s elementos que estruturam e organizam a <strong>arte</strong> e sua<br />
relação com a socie<strong>da</strong>de contemporânea;<br />
• A produção de trabalhos de <strong>arte</strong> visan<strong>do</strong> à atuação <strong>do</strong> sujeito em sua<br />
reali<strong>da</strong>de singular e social;<br />
• A apropriação prática e teórica <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de composição <strong>da</strong> <strong>arte</strong> nas<br />
diversas culturas e mídias, relaciona<strong>da</strong>s à produção, divulgação e consumo.<br />
82
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Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná – SEED/PR, 25-28/09/2006.<br />
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_________. Excerto de texto inédito cedi<strong>do</strong> pela autora. 2007.<br />
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86
ANEXO: CONTEÚDOS BÁSICOS DA DISCIPLINA DE ARTE<br />
Este é o quadro de conteú<strong>do</strong>s básicos que a equipe disciplinar <strong>do</strong> Departamento<br />
de Educação Básica (DEB) sistematizou a partir <strong>da</strong>s discussões realiza<strong>da</strong>s com<br />
to<strong>do</strong>s os professores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná nos eventos de formação continua<strong>da</strong><br />
ocorri<strong>do</strong>s ao longo de 2007 e 2008 (DEB Itinerante).<br />
Entende-se por conteú<strong>do</strong>s básicos os conhecimentos fun<strong>da</strong>mentais para ca<strong>da</strong><br />
série <strong>da</strong> etapa final <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental e para o Ensino Médio, considera<strong>do</strong>s<br />
imprescindíveis para a formação conceitual <strong>do</strong>s estu<strong>da</strong>ntes nas diversas disciplinas<br />
<strong>da</strong> Educação Básica. O acesso a esses conhecimentos é direito <strong>do</strong> aluno na fase de<br />
escolarização em que se encontra e o trabalho pe<strong>da</strong>gógico com tais conteú<strong>do</strong>s é<br />
responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> professor.<br />
Nesse quadro, os conteú<strong>do</strong>s básicos estão apresenta<strong>do</strong>s por série e devem<br />
ser toma<strong>do</strong>s como ponto de parti<strong>da</strong> para a organização <strong>da</strong> proposta pe<strong>da</strong>gógica<br />
curricular <strong>da</strong>s escolas.<br />
Por serem conhecimentos fun<strong>da</strong>mentais para a série, não podem ser suprimi<strong>do</strong>s<br />
nem reduzi<strong>do</strong>s, porém, o professor poderá acrescentar outros conteú<strong>do</strong>s básicos<br />
na proposta pe<strong>da</strong>gógica, de mo<strong>do</strong> a enriquecer o trabalho de sua disciplina<br />
naquilo que a constitui como conhecimento especializa<strong>do</strong> e sistematiza<strong>do</strong>.<br />
Esse quadro indica, também, como os conteú<strong>do</strong>s básicos se articulam com<br />
os conteú<strong>do</strong>s estruturantes <strong>da</strong> disciplina, que tipo de abor<strong>da</strong>gem teóricometo<strong>do</strong>lógica<br />
devem receber e, finalmente, a que expectativas de aprendizagem<br />
estão atrela<strong>do</strong>s. Portanto, as Diretrizes Curriculares fun<strong>da</strong>mentam essa seriação/<br />
sequenciação de conteú<strong>do</strong>s básicos e sua leitura atenta e aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> é<br />
imprescindível para compreensão <strong>do</strong> quadro.<br />
No Plano de Trabalho Docente, os conteú<strong>do</strong>s básicos terão abor<strong>da</strong>gens diversas,<br />
a depender <strong>do</strong>s fun<strong>da</strong>mentos que recebem de ca<strong>da</strong> conteú<strong>do</strong> estruturante. Quan<strong>do</strong><br />
necessário, serão des<strong>do</strong>bra<strong>do</strong>s em conteú<strong>do</strong>s específicos, sempre consideran<strong>do</strong>se<br />
o aprofun<strong>da</strong>mento a ser observa<strong>do</strong> para a série e nível de ensino.<br />
O plano é o lugar <strong>da</strong> criação pe<strong>da</strong>gógica <strong>do</strong> professor, onde os conteú<strong>do</strong>s<br />
receberão abor<strong>da</strong>gens contextualiza<strong>da</strong>s histórica, social e politicamente, de mo<strong>do</strong><br />
que façam senti<strong>do</strong> para os alunos nas diversas reali<strong>da</strong>des regionais, culturais e<br />
econômicas, contribuin<strong>do</strong> com sua formação ci<strong>da</strong>dã.<br />
O plano de trabalho <strong>do</strong>cente é, portanto, o currículo em ação. Nele estará<br />
a expressão singular e de autoria de ca<strong>da</strong> professor, <strong>da</strong> concepção curricular<br />
construí<strong>da</strong> nas discussões coletivas.<br />
87<br />
Arte
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
Os conteú<strong>do</strong>s básicos para a disciplina de Arte estão organiza<strong>do</strong>s por área<br />
e de forma seria<strong>da</strong>. Devi<strong>do</strong> ao fato dessa disciplina ser composta por quatro<br />
áreas (<strong>arte</strong>s visuais, música, teatro e <strong>da</strong>nça), o professor fará o planejamento e o<br />
desenvolvimento de seu trabalho, ten<strong>do</strong> como referência a sua formação. A partir<br />
de sua formação e de pesquisas, estu<strong>do</strong>s, capacitação e experiências artísticas,<br />
será possível a abor<strong>da</strong>gem de conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s outras áreas artísticas.<br />
O fato <strong>da</strong> disciplina de Arte ser composta por áreas de formação implica uma<br />
compreensão <strong>da</strong> relação que existe entre os diversos campos <strong>do</strong> conhecimento.<br />
Essa compreensão é explicita<strong>da</strong> por Kosik quan<strong>do</strong> diz “[...] quanto mais a ciência<br />
se especializa e se diferencia, quanto maior o número de novos campos que ela<br />
descobre e descreve, tanto mais transparente se torna a uni<strong>da</strong>de material interna<br />
<strong>do</strong>s mais diversos e mais afasta<strong>do</strong>s campos <strong>do</strong> real. [...] De outro la<strong>do</strong>, esta<br />
compreensão mais profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> real representa uma compreensão<br />
também mais profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> especifici<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> campo <strong>do</strong> real e de ca<strong>da</strong><br />
fenômeno” (2002, p. 45).<br />
Neste senti<strong>do</strong>, pode-se afirmar que apesar <strong>da</strong> divisão <strong>do</strong> currículo em disciplinas<br />
e <strong>da</strong> existência de especializações no interior <strong>da</strong> disciplina de Arte, deve-se trabalhar<br />
na busca <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> conhecimento, pois a compreensão profun<strong>da</strong> <strong>da</strong> p<strong>arte</strong><br />
e sua relação com as outras p<strong>arte</strong>s e a totali<strong>da</strong>de é o que possibilita uma real<br />
apropriação <strong>do</strong> conhecimento pelo aluno.<br />
A formação <strong>do</strong> professor <strong>da</strong>rá sustentação para elaboração <strong>do</strong> plano de<br />
trabalho e para o desenvolvimento <strong>da</strong> prática <strong>do</strong>cente, de mo<strong>do</strong> a abor<strong>da</strong>r outras<br />
áreas <strong>da</strong> disciplina de Arte, bem como outras disciplinas <strong>do</strong> currículo.<br />
O trabalho pe<strong>da</strong>gógico com Arte na <strong>educação</strong> <strong>básica</strong> deve ser organiza<strong>do</strong> como<br />
um conjunto, de forma orgânica, ten<strong>do</strong> em vista a apropriação <strong>do</strong> conhecimento<br />
<strong>da</strong> disciplina. O desenvolvimento <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s em ca<strong>da</strong> série deve pautar-se<br />
no conteú<strong>do</strong> estruturante “Composição” e seus des<strong>do</strong>bramentos. Este conteú<strong>do</strong>,<br />
como eixo central, direciona o olhar para determina<strong>do</strong>s “elementos formais” e<br />
“movimentos e perío<strong>do</strong>s” que, ao serem abor<strong>da</strong><strong>do</strong>s e estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, aprofun<strong>da</strong>m a<br />
compreensão e a apropriação <strong>do</strong> conhecimento em Arte.<br />
Ressalta-se, ain<strong>da</strong>, que o trabalho com os “movimentos e perío<strong>do</strong>s”, não deve<br />
ser toma<strong>do</strong> a partir de uma leitura linear ou cronológica <strong>da</strong> História, e que o<br />
importante é destacar as permanências e mu<strong>da</strong>nças <strong>do</strong>s elementos formais e de<br />
composição presentes em seus diversos perío<strong>do</strong>s.<br />
Os conteú<strong>do</strong>s estão organiza<strong>do</strong>s de forma que compõem uma uni<strong>da</strong>de. Para<br />
isso foram seleciona<strong>do</strong>s enfoques a serem aprofun<strong>da</strong><strong>do</strong>s em ca<strong>da</strong> série para to<strong>da</strong>s<br />
as áreas. Neste senti<strong>do</strong>, o trabalho na 5a série/6° ano é direciona<strong>do</strong> para a estrutura<br />
88
e organização <strong>da</strong> Arte em suas origens e outros perío<strong>do</strong>s históricos; nas séries<br />
seguintes, prossegue o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que na 6a série/7°<br />
ano é importante relacionar o conhecimento com formas artísticas populares e<br />
o cotidiano <strong>do</strong> aluno; na 7a série/8° ano o trabalho poderá enfocar o significa<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> na socie<strong>da</strong>de contemporânea e em outras épocas, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a mídia e os<br />
recursos tecnológicos na <strong>arte</strong>; na 8a série/9° ano , ten<strong>do</strong> em vista o caráter criativo<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong>, a ênfase é na <strong>arte</strong> como ideologia e fator de transformação social. No<br />
Ensino Médio é proposta uma retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ensino Fun<strong>da</strong>mental e<br />
aprofun<strong>da</strong>mento destes e outros conteú<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a experiência escolar<br />
e cultural <strong>do</strong>s alunos <strong>do</strong> Ensino Médio.<br />
ARTE - ENSINO FUNDAMENTAL<br />
5ª SÉRIE/6 O ANO - ÁREA MÚSICA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Altura Ritmo<br />
Greco-Romana<br />
Oriental<br />
Duração Melodia<br />
Ocidental<br />
Timbre Escalas: diatônica<br />
pentatônica<br />
Africana<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
cromática<br />
Improvisação<br />
89<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série, o trabalho<br />
é direciona<strong>do</strong> para a<br />
estrutura e organização<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> em suas origens<br />
e outros perío<strong>do</strong>s<br />
históricos; nas séries<br />
seguintes, prossegue o<br />
aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s.<br />
Percepção <strong>do</strong>s elementos<br />
formais na<br />
paisagem sonora e<br />
na música. Audição<br />
de diferentes ritmos e<br />
escalas musicais.<br />
Teoria <strong>da</strong> música.<br />
Produção e execução de<br />
instrumentos rítmicos.<br />
Prática coral e cânone<br />
rítmico e melódico.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>do</strong>s<br />
elementos que<br />
estruturam e organizam<br />
a música e sua relação<br />
com o movimento<br />
artístico no qual se<br />
originaram.<br />
Desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> formação <strong>do</strong>s<br />
senti<strong>do</strong>s rítmicos e de<br />
intervalos melódicos e<br />
harmônicos.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
6ª SÉRIE/7 O ANO - ÁREA MÚSICA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Altura<br />
Duração<br />
Timbre<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
7ª SÉRIE/8 O ANO - ÁREA MÚSICA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Altura<br />
Duração<br />
Timbre<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
Ritmo<br />
Melodia<br />
Escalas<br />
Gêneros: folclórico,<br />
indígena, popular e<br />
étnico<br />
Técnicas: vocal, instrumental<br />
e mista<br />
Improvisação<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
Música popular e<br />
étnica (ocidental<br />
e oriental)<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Ritmo<br />
Indústria Cultural<br />
Melodia<br />
Harmonia<br />
Tonal, mo<strong>da</strong>l e a<br />
fusão de ambos.<br />
Técnicas: vocal, instrumental<br />
e mista<br />
Eletrônica<br />
Minimalista<br />
Rap, Rock, Tecno<br />
90<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série é<br />
importante relacionar<br />
o conhecimento com<br />
formas artísticas<br />
populares e o cotidiano<br />
<strong>do</strong> aluno.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer música, através<br />
de diferentes formas<br />
musicais.<br />
Teorias <strong>da</strong> música.<br />
Produção de trabalhos<br />
musicais com<br />
características populares<br />
e composição de sons <strong>da</strong><br />
paisagem sonora.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
poderá enfocar o significa<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> na socie<strong>da</strong>de<br />
contemporânea e em outras<br />
épocas, abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a mídia<br />
e os recursos tecnológicos<br />
na <strong>arte</strong>.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer música, através<br />
de diferentes mídias.<br />
(Cinema, Vídeo, TV e<br />
Computa<strong>do</strong>r)<br />
Teorias sobre música e<br />
indústria cultural.<br />
Produção de trabalhos<br />
de composição musical<br />
utilizan<strong>do</strong> equipamentos<br />
e recursos tecnológicos.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas<br />
musicais populares,<br />
suas origens e práticas<br />
contemporâneas.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
musical.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>da</strong>s diferentes<br />
formas musicais<br />
no Cinema e nas<br />
mídias, sua função<br />
social e ideológica<br />
de veiculação e<br />
consumo.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição<br />
musical nas mídias;<br />
relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
8ª SÉRIE/9 O ANO - ÁREA MÚSICA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Altura<br />
Duração<br />
Timbre<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Ritmo<br />
Música Engaja<strong>da</strong><br />
Melodia<br />
Harmonia<br />
Técnicas: vocal, instrumental<br />
e mista<br />
Gêneros: popular,<br />
folclórico e étnico.<br />
Música Popular<br />
Brasileira.<br />
Música<br />
Contemporânea<br />
5ª SÉRIE/6 O ANO - ÁREA ARTES VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Ponto Bidimensional Arte Greco-<br />
Romana<br />
Linha Figurativa<br />
Arte Africana<br />
Textura Geométrica, simetria<br />
Arte Oriental<br />
Forma Técnicas: Pintura,<br />
escultura,<br />
Arte Pré-Histórica<br />
Superfície arquitetura...<br />
Volume<br />
Cor<br />
Luz<br />
Gêneros: cenas <strong>da</strong><br />
mitologia...<br />
91<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série, ten<strong>do</strong> em<br />
vista o caráter criativo <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong>, a ênfase é na <strong>arte</strong><br />
como ideologia e fator<br />
de transformação social.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer música e sua<br />
função social.<br />
Teorias <strong>da</strong> Música.<br />
Produção de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização e<br />
composição musical,<br />
com enfoque na Música<br />
Engaja<strong>da</strong>.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
é direciona<strong>do</strong> para a<br />
estrutura e organização<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> em suas origens<br />
e outros perío<strong>do</strong>s<br />
históricos; nas séries<br />
seguintes, prossegue o<br />
aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s elementos<br />
formais e sua articulação<br />
com os elementos de<br />
composição e movimentos<br />
e perío<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s<br />
visuais.<br />
Teoria <strong>da</strong>s Artes Visuais.<br />
Produção de trabalhos de<br />
<strong>arte</strong>s visuais.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
música como fator de<br />
transformação social.<br />
Produção de trabalhos<br />
musicais, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam as <strong>arte</strong>s<br />
visuais e sua relação<br />
com o movimento<br />
artístico no qual se<br />
originaram.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
visual.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
6ª SÉRIE/7 O ANO - ÁREA ARTES VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Ponto<br />
Linha<br />
Forma<br />
Textura<br />
Superfície<br />
Volume<br />
Cor<br />
Luz<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Proporção<br />
Arte Indígena<br />
Tridimensional<br />
Figura e fun<strong>do</strong><br />
Abstrata<br />
Perspectiva<br />
Técnicas: Pintura,<br />
escultura,<br />
modelagem,<br />
gravura...<br />
Gêneros: Paisagem,<br />
retrato, natureza<br />
morta...<br />
7ª SÉRIE/8 O ANO - ÁREA ARTES VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Linha<br />
Forma<br />
Textura<br />
Superfície<br />
Volume<br />
Cor<br />
Luz<br />
Arte Popular<br />
Brasileira e<br />
Paranaense<br />
Renascimento<br />
Barroco<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Semelhanças Indústria Cultural<br />
Contrastes<br />
Ritmo Visual<br />
Estilização<br />
Deformação<br />
Técnicas: desenho,<br />
fotografia, audiovisual<br />
e mista...<br />
Arte no Séc. XX<br />
Arte<br />
Contemporânea<br />
92<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série é importante<br />
relacionar o conhecimento<br />
com formas artísticas<br />
populares e o cotidiano<br />
<strong>do</strong> aluno.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
estruturar e compor as<br />
<strong>arte</strong>s visuais na cultura<br />
destes povos.<br />
Teoria <strong>da</strong>s Artes Visuais.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>arte</strong>s visuais com<br />
características <strong>da</strong> cultura<br />
popular, relacionan<strong>do</strong><br />
os conteú<strong>do</strong>s com o<br />
cotidiano <strong>do</strong> aluno.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
poderá enfocar o<br />
significa<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>arte</strong> na<br />
socie<strong>da</strong>de contemporânea<br />
e em outras épocas,<br />
abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a mídia e os<br />
recursos tecnológicos na<br />
<strong>arte</strong>.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer trabalhos com<br />
<strong>arte</strong>s visuais nas diferentes<br />
mídias.<br />
Teoria <strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s visuais e<br />
mídias.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>arte</strong>s visuais utilizan<strong>do</strong><br />
equipamentos e recursos<br />
tecnológicos.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE<br />
APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>da</strong>s diferentes<br />
formas artísticas<br />
populares, suas<br />
origens e práticas<br />
contemporâneas.<br />
Apropriação<br />
prática e teórica de<br />
técnicas e mo<strong>do</strong>s de<br />
composição visual.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
<strong>arte</strong>s visuais em<br />
diversos no Cinema e<br />
nas mídias, sua função<br />
social e ideológica de<br />
veiculação e consumo.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong>s<br />
<strong>arte</strong>s visuais nas<br />
mídias, relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
8ª SÉRIE/9 O ANO - ÁREA ARTES VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Linha<br />
Forma<br />
Textura<br />
Superfície<br />
Volume<br />
Cor<br />
Luz<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Bidimensional Realismo<br />
5ª SÉRIE/6 O ANO - ÁREA TEATRO<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Personagem:<br />
expressões<br />
corporais,<br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
faciais<br />
Ação<br />
Espaço<br />
Tridimensional<br />
Figura-fun<strong>do</strong><br />
Ritmo Visual<br />
Técnica: Pintura,<br />
grafitte,<br />
performance...<br />
Gêneros: Paisagem<br />
urbana, cenas <strong>do</strong><br />
cotidiano...<br />
Vanguar<strong>da</strong>s<br />
Muralismo e Arte<br />
Latino-Americana<br />
Hip Hop<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Enre<strong>do</strong>, roteiro.<br />
Espaço Cênico,<br />
adereços<br />
Técnicas: jogos<br />
teatrais, teatro<br />
indireto e direto,<br />
improvisação,<br />
manipulação,<br />
máscara...<br />
Gênero: Tragédia,<br />
Comédia e Circo.<br />
Greco-Romana<br />
Teatro Oriental<br />
Teatro Medieval<br />
Renascimento<br />
93<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série, ten<strong>do</strong> em<br />
vista o caráter criativo <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong>, a ênfase é na <strong>arte</strong><br />
como ideologia e fator<br />
de transformação social.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer trabalhos<br />
com <strong>arte</strong>s visuais e sua<br />
função social.<br />
Teorias <strong>da</strong>s Artes Visuais.<br />
Produção de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização e<br />
composição como fator<br />
de transformação social.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho é<br />
direciona<strong>do</strong> para a estrutura<br />
e organização <strong>da</strong> <strong>arte</strong><br />
em suas origens e outros<br />
perío<strong>do</strong>s históricos; nas<br />
séries seguintes, prossegue<br />
o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s estruturas<br />
teatrais: personagem, ação<br />
dramática e espaço cênico<br />
e sua articulação com<br />
formas de composição em<br />
movimentos e perío<strong>do</strong>s<br />
onde se originaram.<br />
Teorias <strong>do</strong> teatro.<br />
Produção de trabalhos com<br />
teatro.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
dimensão <strong>da</strong>s Artes<br />
Visuais enquanto fator<br />
de transformação<br />
social.<br />
Produção de<br />
trabalhos, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam o teatro<br />
e sua relação com<br />
os movimentos<br />
artísticos nos quais se<br />
originaram.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
teatrais.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
6ª SÉRIE/7 O ANO - ÁREA TEATRO<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Personagem:<br />
expressões<br />
corporais,<br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
faciais<br />
Ação<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
7ª SÉRIE/8 O ANO - ÁREA TEATRO<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Personagem:<br />
expressões<br />
corporais,<br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
faciais<br />
Ação<br />
Espaço<br />
Representação,<br />
Leitura dramática,<br />
Cenografia.<br />
Técnicas: jogos<br />
teatrais, mímica,<br />
improvisação, formas<br />
anima<strong>da</strong>s...<br />
Gêneros:<br />
Rua e arena,<br />
Caracterização.<br />
Comédia dell’<br />
<strong>arte</strong><br />
Teatro Popular<br />
Brasileiro e<br />
Paranaense<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
Teatro Africano<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Representação no<br />
Cinema e Mídias<br />
Texto dramático<br />
Maquiagem<br />
Sonoplastia<br />
Roteiro<br />
Técnicas: jogos<br />
teatrais, sombra,<br />
a<strong>da</strong>ptação cênica...<br />
Indústria Cultural<br />
Realismo<br />
Expressionismo<br />
Cinema Novo<br />
94<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série é<br />
importante relacionar<br />
o conhecimento com<br />
formas artísticas<br />
populares e o cotidiano<br />
<strong>do</strong> aluno.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer teatro, através<br />
de diferentes espaços<br />
disponíveis.<br />
Teorias <strong>do</strong> teatro.<br />
Produção de trabalhos<br />
com teatro de arena, de<br />
rua e indireto.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
poderá enfocar o<br />
significa<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>arte</strong> na<br />
socie<strong>da</strong>de contemporânea<br />
e em outras épocas,<br />
abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a mídia e os<br />
recursos tecnológicos na<br />
<strong>arte</strong>.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer teatro, através de<br />
diferentes mídias.<br />
Teorias <strong>da</strong> representação<br />
no teatro e mídias.<br />
Produção de trabalhos de<br />
representação utilizan<strong>do</strong><br />
equipamentos e recursos<br />
tecnológicos.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas<br />
de representação<br />
presentes no<br />
cotidiano, suas<br />
origens e práticas<br />
contemporâneas.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
teatrais, presentes no<br />
cotidiano.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas<br />
de representação<br />
no Cinema e nas<br />
mídias, sua função<br />
social e ideológica de<br />
veiculação e consumo.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong><br />
representação nas<br />
mídias; relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
8ª SÉRIE/9 O ANO - ÁREA TEATRO<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Personagem: Técnicas: Monólogo, Teatro Engaja<strong>do</strong><br />
expressões jogos teatrais,<br />
corporais, direção, ensaio, Teatro <strong>do</strong><br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
Teatro-Fórum... Oprimi<strong>do</strong><br />
faciais Dramaturgia Teatro Pobre<br />
Ação<br />
Espaço<br />
Cenografia<br />
Sonoplastia<br />
Iluminação<br />
Figurino<br />
Teatro <strong>do</strong><br />
Absur<strong>do</strong><br />
Vanguar<strong>da</strong>s<br />
5ª SÉRIE/6 O ANO - ÁREA DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Kinesfera<br />
Eixo<br />
Ponto de Apoio<br />
Movimentos<br />
articulares<br />
Fluxo (livre e<br />
interrompi<strong>do</strong>)<br />
Rápi<strong>do</strong> e lento<br />
Formação<br />
Níveis (alto, médio e<br />
baixo)<br />
Deslocamento (direto<br />
e indireto)<br />
Dimensões (pequeno<br />
e grande)<br />
Técnica:<br />
Improvisação<br />
Gênero: Circular<br />
Pré-história<br />
Greco-Romana<br />
Renascimento<br />
Dança Clássica<br />
95<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série, ten<strong>do</strong> em<br />
vista o caráter criativo <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong>, a ênfase é na <strong>arte</strong><br />
como ideologia e fator<br />
de transformação social.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer teatro e sua função<br />
social.<br />
Teorias <strong>do</strong> teatro.<br />
Criação de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização e<br />
composição teatral<br />
como fator de<br />
transformação social.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
é direciona<strong>do</strong> para a<br />
estrutura e organização<br />
<strong>da</strong> <strong>arte</strong> em suas origens<br />
e outros perío<strong>do</strong>s<br />
históricos; nas séries<br />
seguintes, prossegue o<br />
aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s<br />
conteú<strong>do</strong>s.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento<br />
corporal, tempo, espaço<br />
e sua articulação com os<br />
elementos de composição<br />
e movimentos e perío<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Teorias <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Produção de trabalhos<br />
com <strong>da</strong>nça utilizan<strong>do</strong><br />
diferentes mo<strong>do</strong>s de<br />
composição.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
dimensão ideológica<br />
presente no teatro e o<br />
teatro enquanto fator<br />
de transformação<br />
social.<br />
Criação de trabalhos<br />
teatrais, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam a <strong>da</strong>nça<br />
e sua relação com o<br />
movimento artístico<br />
no qual se originaram.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
<strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
6ª SÉRIE/7 O ANO - ÁREA DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
7ª SÉRIE/8 O ANO - ÁREA DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
Ponto de Apoio<br />
Rotação<br />
Coreografia<br />
Salto e que<strong>da</strong><br />
Peso (leve e pesa<strong>do</strong>)<br />
Fluxo (livre,<br />
interrompi<strong>do</strong> e<br />
conduzi<strong>do</strong>)<br />
Lento, rápi<strong>do</strong> e<br />
modera<strong>do</strong><br />
Niveis (alto, médio e<br />
baixo)<br />
Formação<br />
Direção<br />
Gênero: Folclórica,<br />
popular e étnica<br />
Dança Popular<br />
Brasileira<br />
Paranaense<br />
Africana<br />
Indígena<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Giro<br />
Rolamento<br />
Saltos<br />
Aceleração e desaceleração<br />
Direções (frente,<br />
atrás, direita e<br />
esquer<strong>da</strong>)<br />
Improvisação<br />
Coreografia<br />
Sonoplastia<br />
Gênero: Indústria<br />
Cultural e espetáculo<br />
Hip Hop<br />
Musicais<br />
Expressionismo<br />
Indústria Cultural<br />
Dança Moderna<br />
96<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série é importante<br />
relacionar o conhecimento<br />
com formas artísticas<br />
populares e o cotidiano <strong>do</strong><br />
aluno.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer <strong>da</strong>nça, através de<br />
diferentes espaços onde é<br />
elabora<strong>da</strong> e executa<strong>da</strong>.<br />
Teorias <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Produção de trabalhos<br />
com <strong>da</strong>nça utilizan<strong>do</strong><br />
diferentes mo<strong>do</strong>s de<br />
composição.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série o trabalho<br />
poderá enfocar o<br />
significa<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>arte</strong> na<br />
socie<strong>da</strong>de contemporânea<br />
e em outras épocas,<br />
abor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a mídia e os<br />
recursos tecnológicos na<br />
<strong>arte</strong>.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer <strong>da</strong>nça, através de<br />
diferentes mídias.<br />
Teorias <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça de palco e<br />
em diferentes mídias.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>da</strong>nça utilizan<strong>do</strong><br />
equipamentos e recursos<br />
tecnológicos.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas de<br />
<strong>da</strong>nça popular, suas<br />
origens e práticas<br />
contemporâneas.<br />
Apropriação<br />
prática e teórica de<br />
técnicas e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>nça.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas de<br />
<strong>da</strong>nça no Cinema,<br />
Musicais e nas<br />
mídias, sua função<br />
social e ideológica de<br />
veiculação e consumo.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>nça nas mídias;<br />
relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
8ª SÉRIE/9 O ANO - ÁREA DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
ARTE - ENSINO MÉDIO<br />
ÁREA MÚSICA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Altura<br />
Duração<br />
Timbre<br />
Intensi<strong>da</strong>de<br />
Densi<strong>da</strong>de<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Kinesfera<br />
Ponto de Apoio<br />
Peso<br />
Fluxo<br />
Que<strong>da</strong>s<br />
Saltos<br />
Giros<br />
Rolamentos<br />
Extensão (perto e<br />
longe)<br />
Coreografia<br />
Deslocamento<br />
Gênero: Performance<br />
e moderna<br />
Vanguar<strong>da</strong>s<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
Dança Moderna<br />
Dança<br />
Contemporânea<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Ritmo<br />
Melodia<br />
Harmonia<br />
Escalas<br />
Mo<strong>da</strong>l, Tonal e fusão<br />
de ambos.<br />
Gêneros: erudito,<br />
clássico, popular,<br />
étnico, folclórico,<br />
Pop ...<br />
Técnicas: vocal,<br />
instrumental,<br />
eletrônica,<br />
informática e mista<br />
Improvisação<br />
Música Popular<br />
Brasileira<br />
Paranaense<br />
Popular<br />
Indústria Cultural<br />
Engaja<strong>da</strong><br />
Vanguar<strong>da</strong><br />
Ocidental<br />
Oriental<br />
Africana<br />
Latino-Americana<br />
97<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
Nesta série, ten<strong>do</strong> em<br />
vista o caráter criativo <strong>da</strong><br />
<strong>arte</strong>, a ênfase é na <strong>arte</strong><br />
como ideologia e fator<br />
de transformação social.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer <strong>da</strong>nça e sua função<br />
social.<br />
Teorias <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Produção de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização<br />
e composição <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>nça como fator de<br />
transformação social.<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
No Ensino Médio é<br />
proposta uma retoma<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Ensino Fun<strong>da</strong>mental e<br />
aprofun<strong>da</strong>mento destes<br />
e outros conteú<strong>do</strong>s de<br />
acor<strong>do</strong> com a experiência<br />
escolar e cultural <strong>do</strong>s<br />
alunos.<br />
Percepção <strong>da</strong> paisagem<br />
sonora como constitutiva<br />
<strong>da</strong> música contemporânea<br />
(popular e erudita), <strong>do</strong>s<br />
mo<strong>do</strong>s de fazer música e<br />
sua função social.<br />
Teoria <strong>da</strong> Música.<br />
Produção de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização e<br />
composição musical,<br />
com enfoque na música<br />
de diversas culturas.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
dimensão <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça<br />
enquanto fator de<br />
transformação social.<br />
Produção de trabalhos<br />
com <strong>da</strong>nça, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam<br />
e organizam a<br />
música e sua relação<br />
com a socie<strong>da</strong>de<br />
contemporânea.<br />
Produção de trabalhos<br />
musicais, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
composição musical<br />
<strong>da</strong>s diversas culturas e<br />
mídias, relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
ENSINO MÉDIO - ÁREA ARTES VISUAIS<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Ponto<br />
Linha<br />
Forma<br />
Textura<br />
Superfície<br />
Volume<br />
Cor<br />
Luz<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Bidimensional<br />
Tridimensional<br />
Figura e fun<strong>do</strong><br />
Figurativo<br />
Abstrato<br />
Perspectiva<br />
Semelhanças<br />
Contrastes<br />
Ritmo Visual<br />
Simetria<br />
Deformação<br />
Estilização<br />
Técnica: Pintura,<br />
desenho,<br />
modelagem,<br />
instalação<br />
performance,<br />
fotografia, gravura<br />
e esculturas,<br />
arquitetura, história<br />
em quadrinhos...<br />
Gêneros: paisagem,<br />
natureza-morta,<br />
Cenas <strong>do</strong> Cotidiano,<br />
Histórica, Religiosa,<br />
<strong>da</strong> Mitologia...<br />
Arte Ocidental<br />
Arte Oriental<br />
Arte Africana<br />
Arte Brasileira<br />
Arte Paranaense<br />
Arte Popular<br />
Arte de<br />
Vanguar<strong>da</strong><br />
Indústria Cultural<br />
Arte<br />
Contemporânea<br />
Arte Latino-<br />
Americana<br />
98<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
No Ensino Médio é<br />
proposta uma retoma<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Ensino Fun<strong>da</strong>mental e<br />
aprofun<strong>da</strong>mento destes<br />
e outros conteú<strong>do</strong>s<br />
de acor<strong>do</strong> com a<br />
experiência escolar e<br />
cultural <strong>do</strong>s alunos.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de fazer trabalhos<br />
com <strong>arte</strong>s visuais nas<br />
diferentes culturas e<br />
mídias.<br />
Teoria <strong>da</strong>s <strong>arte</strong>s visuais.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>arte</strong>s visuais com os<br />
mo<strong>do</strong>s de organização<br />
e composição, com<br />
enfoque nas diversas<br />
culturas.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam as <strong>arte</strong>s<br />
visuais e sua relação<br />
com a socie<strong>da</strong>de<br />
contemporânea.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>arte</strong>s visuais<br />
visan<strong>do</strong> a atuação<br />
<strong>do</strong> sujeito em sua<br />
reali<strong>da</strong>de singular e<br />
social.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong>s<br />
<strong>arte</strong>s visuais nas<br />
diversas culturas e<br />
mídias, relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.
ENSINO MÉDIO - ÁREA TEATRO<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Personagem:<br />
expressões<br />
corporais,<br />
vocais,<br />
gestuais e<br />
faciais<br />
Ação<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Técnicas: jogos<br />
teatrais, teatro direto<br />
e indireto, mímica,<br />
ensaio, Teatro-Fórum<br />
Roteiro<br />
Encenação e leitura<br />
dramática<br />
Gêneros: Tragédia,<br />
Comédia, Drama e<br />
Épico<br />
Dramaturgia<br />
Representação nas<br />
mídias<br />
Caracterização<br />
Cenografia,<br />
sonoplastia, figurino<br />
e iluminação<br />
Direção<br />
Produção<br />
Teatro Greco-<br />
Romano<br />
Teatro Medieval<br />
Teatro Brasileiro<br />
Teatro Paranaense<br />
Teatro Popular<br />
Indústria Cultural<br />
Teatro Engaja<strong>do</strong><br />
Teatro Dialético<br />
Teatro Essencial<br />
Teatro <strong>do</strong><br />
Oprimi<strong>do</strong><br />
Teatro Pobre<br />
Teatro de<br />
Vanguar<strong>da</strong><br />
Teatro<br />
Renascentista<br />
Teatro Latino-<br />
Americano<br />
Teatro Realista<br />
Teatro Simbolista<br />
99<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
No Ensino Médio é<br />
proposta uma retoma<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Ensino Fun<strong>da</strong>mental e<br />
aprofun<strong>da</strong>mento destes<br />
e outros conteú<strong>do</strong>s<br />
de acor<strong>do</strong> com a<br />
experiência escolar e<br />
cultural <strong>do</strong>s alunos.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> personagem,<br />
ação dramática e<br />
<strong>do</strong> espaço cênico<br />
e sua articulação<br />
com os elementos<br />
de composição e<br />
movimentos e perío<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> teatro.<br />
Teorias <strong>do</strong> teatro.<br />
Produção de trabalhos<br />
com teatro em<br />
diferentes espaços.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer teatro e sua função<br />
social.<br />
Produção de trabalhos<br />
com os mo<strong>do</strong>s<br />
de organização e<br />
composição teatral<br />
como fator de<br />
transformação social.<br />
Arte<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam o teatro<br />
e sua relação com o<br />
movimento artístico<br />
no qual se originaram.<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
dimensão <strong>do</strong> teatro<br />
enquanto fator de<br />
transformação social.<br />
Produção de trabalhos<br />
teatrais, visan<strong>do</strong><br />
atuação <strong>do</strong> sujeito em<br />
sua reali<strong>da</strong>de singular<br />
e social.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong><br />
representação nas<br />
mídias; relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.<br />
Apropriação prática e<br />
teórica de técnicas e<br />
mo<strong>do</strong>s de composição<br />
teatrais.
Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong> Paraná<br />
ENSINO MÉDIO - ÁREA DANÇA<br />
ELEMENTOS<br />
FORMAIS<br />
Movimento<br />
Corporal<br />
Tempo<br />
Espaço<br />
CONTEÚDOS ESTRUTURANTES<br />
COMPOSIÇÃO<br />
MOVIMENTOS<br />
E PERÍODOS<br />
CONTEÚDOS BÁSICOS PARA A SÉRIE<br />
Referência:<br />
Kinesfera<br />
Fluxo<br />
Peso<br />
Eixo<br />
Salto e Que<strong>da</strong><br />
Giro<br />
Rolamento<br />
Movimentos<br />
articulares<br />
Lento, rápi<strong>do</strong> e modera<strong>do</strong><br />
Aceleração e desaceleração<br />
Níveis<br />
Deslocamento<br />
Direções<br />
Planos<br />
Improvisação<br />
Coreografia<br />
Gêneros: Espetáculo,<br />
industria cultural,<br />
étnica, folclórica,<br />
populares e salão<br />
Pré-história<br />
Greco-Romana<br />
Medieval<br />
Renascimento<br />
Dança Clássica<br />
Dança Popular<br />
Brasileira<br />
Paranaense<br />
Africana<br />
Indígena<br />
Hip Hop<br />
Indústria Cultural<br />
Dança Moderna<br />
Vanguar<strong>da</strong>s<br />
Dança<br />
Contemporânea<br />
100<br />
ABORDAGEM<br />
PEDAGÓGICA<br />
No Ensino Médio é<br />
proposta uma retoma<strong>da</strong><br />
<strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Ensino Fun<strong>da</strong>mental e<br />
aprofun<strong>da</strong>mento destes<br />
e outros conteú<strong>do</strong>s<br />
de acor<strong>do</strong> com a<br />
experiência escolar e<br />
cultural <strong>do</strong>s alunos.<br />
Estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento<br />
corporal, tempo,<br />
espaço e sua articulação<br />
com os elementos<br />
de composição e<br />
movimentos e perío<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Percepção <strong>do</strong>s mo<strong>do</strong>s de<br />
fazer <strong>da</strong>nça, através de<br />
diferentes espaços onde<br />
é elabora<strong>da</strong> e executa<strong>da</strong>.<br />
Teorias <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça.<br />
Produção de trabalhos<br />
de <strong>da</strong>nça utilizan<strong>do</strong><br />
equipamentos e recursos<br />
tecnológicos.<br />
Produção de trabalhos<br />
com <strong>da</strong>nça utilizan<strong>do</strong><br />
diferentes mo<strong>do</strong>s de<br />
composição.<br />
KOSIK, Karel. Dialética <strong>do</strong> Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.<br />
EXPECTATIVAS<br />
DE APRENDIZAGEM<br />
Compreensão<br />
<strong>do</strong>s elementos<br />
que estruturam e<br />
organizam a <strong>da</strong>nça<br />
e sua relação com o<br />
movimento artístico<br />
no qual se originaram.<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas de<br />
<strong>da</strong>nça popular, suas<br />
origens e práticas<br />
contemporâneas.<br />
Compreensão <strong>da</strong><br />
dimensão <strong>da</strong> <strong>da</strong>nça<br />
enquanto fator de<br />
transformação social.<br />
Compreensão <strong>da</strong>s<br />
diferentes formas de<br />
<strong>da</strong>nça no Cinema,<br />
musicais e nas mídias,<br />
sua função social<br />
e ideológica de<br />
veiculação e consumo.<br />
Apropriação prática<br />
e teórica <strong>da</strong>s<br />
tecnologias e mo<strong>do</strong>s<br />
de composição <strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>nça nas mídias;<br />
relaciona<strong>da</strong>s à<br />
produção, divulgação<br />
e consumo.<br />
PARANÁ. Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong>. Diretrizes Curriculares de Arte<br />
para a Educação Básica. Departamento de Educação Básica. Curitiba, 2008.<br />
PARANÁ. Secretaria de Esta<strong>do</strong> <strong>da</strong> Educação <strong>do</strong>. Departamento de Ensino Médio.<br />
LDP: Livro Didático Público de Arte. Curitiba: SEED-PR, 2006.
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br