LUZ BENDITA FRANCISCO CANDIDO XAVIER ... - Limiar EspÃrita
LUZ BENDITA FRANCISCO CANDIDO XAVIER ... - Limiar EspÃrita
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1<br />
<strong>LUZ</strong> <strong>BENDITA</strong><br />
<strong>FRANCISCO</strong> <strong>CANDIDO</strong> <strong>XAVIER</strong><br />
RUBENS SILVIO GERMINHASI<br />
Instituto Divulgação<br />
Editora André Luiz<br />
IDEAL
2<br />
Sumário<br />
Depoentes<br />
J. Martins Peralva / 10<br />
Detzi de Oliveira / 15<br />
Gerson Sestini / 23<br />
Leila Sahb Inácio da Silva / 28<br />
Romeu Grisi / 33<br />
Isabel Bittencourt de Souza / 39<br />
Neumis Souza da Silva / 53<br />
Hilda Mussa Tavares / 59<br />
Daisy Andrade Pastor Almeida / 68<br />
Ruth Maria Chaves / 76<br />
Maria José Caetano Marcondes / 80<br />
Carlos Eduardo de Toledo / 96<br />
Encarnação Blasquez Galves / 104<br />
Inayá Ferraz de Lacerda / 109<br />
Joaquim Alves / 123<br />
Maria Eunice Meirelles / 129<br />
Suzana Maia Mousinho / 134<br />
Maria Philomena Aluotto Berutto / 142<br />
Referências<br />
Humberto de Campos - Psicografia Ante os Tribunais / 155<br />
Agripino Grieco - Psicografia ante os tribunais / 157<br />
Walter José Fae - Chico Xavier, D. Pedro II e o Brasil / 160<br />
Pedro Bloch - O Semeador, Feesp - Julho - Agosto 1977 / 160<br />
J. Mello Teixeira - Diário de São Paulo - 22.08.1971 / 161<br />
Zeferino Brasil - Psicografia Ante os Tribunais / 162<br />
Menotti Del Picchia - O Semeador, Feesp - Julho 1977 / 164<br />
Antonio Olavo Pereira - O Semeador, Feesp - Julho 1977 / 165<br />
Nelly Alves De Almeida - O Popular - Goiânia - 17.07.1977 / 166<br />
Monteiro Lobato - O Semeador Feesp - Julho/Agosto 1977 / 167<br />
Geraldo Majela Franklin Ferreira - O Popular - GO - 1977 / 167
Edmundo Lys - Psicografia Ante os Tribunais / 170<br />
Manuel Quintão - Reformador – Novembro 1977 / 172<br />
Alexandre Kadunc - Ver. Relax – novembro 1977 / 173<br />
Crônica - O Estado de São Paulo - 10.7.1944 / 175<br />
Radiel Cavalcanti - Correio Fraterno do Abc - 08/1977-1978 / 177<br />
Ivani Ribeiro - fatos e fotos, Gente - 25-07-1977 / 179<br />
Paulo Dantas - O Semeador, Feesp - Julho de 1977 / 180<br />
J. Herculano Pires - TV Tupi - Câmera Aberta - 30.6.1977 / 181<br />
Humberto de Campos Filho - Aruanda - 08/09- 1977 / 182<br />
Licinio Leal - O Popular - Goiânia - 25/09/1977 / 185<br />
Aparício Fernandes - Livro Trovas do Brasil / 188<br />
Maria Antonieta Alessandri - O Popular - Goiânia - 1977 / 192<br />
Moacyr Salles - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 195<br />
Bernardo Elis - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 198<br />
Ely Brasiliense - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 200<br />
Iron Junqueira - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 202<br />
Jandyra Ayres Cruvinel - O Popular - Goiânia - 25.09.1977 / 204<br />
Zeus Wantuil - O Espírito Mineiro - 05/e 06 de 1977 / 205<br />
Mário Palmério - TV Tupi - Câmera Aberta - 30.06.1977 / 207<br />
João Ribeiro - Psicografia Ante os Tribunais / 208<br />
Ataliba Guarita Neto - TV Tupi - Câmera Aberta – 30.06.1977 / 208<br />
Marcia Elizabeth De Souza - Goiás Espírita - 07 e 08/1977 / 210<br />
Padre Pascoale Filipele - TV Tupi - Câmera Aberta - 1977 / 212<br />
Silvia Alessandri Monteiro de Castro - O Popular - 1977 / 214<br />
Rosalita Fleury - O Popular - Goiânia - 28.08.1977 / 216<br />
Delfino da Costa Machado - O Popular - Goiânia - 17.07.1977 / 218<br />
Marlene Deon - Folha da Tarde - 8.7.1977 / 223<br />
Clovis Tavares / 225<br />
Jarbas L. Varanda - O Triangulo Espírita - 15-12-1975 / 5.7.1977 /<br />
228<br />
Carmem Pena Perácio - O Espírita Mineiro - Julho 1977 / 234<br />
Humberto Ferreira - O Popular - Goiânia - 28.08.1977 / 240<br />
Lavoura e Comércio - 8.7.1977 / 241<br />
Elias Jose Sayão - O Espírita Mineiro - maio - agosto 1977 / 244<br />
Mario Boari Tamassia - Jornal Espírita - Julho 1977 / 246<br />
3
4<br />
Carlos Torres Pastorino - O Popular - Goiânia - 28.8.1977 / 247<br />
Cora Coralina - O Popular - Goiânia - 28.8.1977 / 249<br />
Padre Sebastião Scarzelli - Lavoura e Comercio - 29.4.1974 / 249<br />
Alfredo Neto - Revista Destaque - Outubro 1977 / 250<br />
O Confessor de Chico Xavier / 253<br />
Associação Espírita Obreiros do Bem - Julho 1977 / 257<br />
Silvio Santos - Programa Silvio Santos - 8.12.1974 / 259<br />
Fred Jorge - Chico Xavier, sua verdadeira história / 261<br />
Fernando Worm - Livro A Ponte / 262<br />
Elias Barbosa - No Mundo de Chico Xavier / 263<br />
Gilberto Campista Guarino / 264<br />
Mario Donato - O Estado de São Paulo - 12.8.1944 / 270<br />
Salomão J Haddad - Folha Espírita - Novembro 1977 / 272<br />
Salvador Gentile - Anuário Espírita 1977 / 274<br />
Orientador - Julho 1977 / 275<br />
Garcia Junior – Psicografia ante os Tribunais / 275<br />
Miguel Timponi - Psicografia ante os Tribunais / 277<br />
Felicidade / 278<br />
Perfume de Deus / 279<br />
Convivência / 280<br />
Aceita / 281<br />
Segue com Deus / 282<br />
Jamais Só / 283<br />
Marcha no Bem / 284<br />
Serve e Prossegue / 285<br />
Servir Sempre / 286<br />
Identidade / 287<br />
Erros / 288<br />
Serve sem Apego / 289<br />
Alguém Sempre / 290<br />
Alegra-te e Confia / 291<br />
Ânimo / 292<br />
Mensagens de Emmanuel
5<br />
Gentileza / 293<br />
Prossegue Trabalhando / 294<br />
Se queres Paz / 295<br />
Prece da Benção / 296<br />
Dados pessoais / 297<br />
Escrevendo a Jesus<br />
Senhor Jesus.<br />
Estamos felizes, apresentando mais um livro do nosso<br />
abnegado Emmanuel, o mentor e amigo de sempre.
Pedimos-te, porém, Senhor, para que estejamos<br />
igualmente no limiar destas páginas, entremeadas por<br />
testemunhos, dignos do nosso maior respeito, para<br />
evidenciar igualmente nosso apreço, pelo instrumento<br />
humano que se fez o intérprete do benfeitor espiritual que<br />
tanto amor e tanta consolação nos tem proporcionado.<br />
Desejamos salientar aqui o cinqüentenário de trabalho<br />
mediúnico de um irmão e de um amigo: Francisco Cândido<br />
Xavier.<br />
Chico Xavier, será para nós melhor e mais íntimo,<br />
chamá-lo assim.<br />
Imaginamos-lhe o começo da luta edificante a que se<br />
impôs.<br />
Órfão de mãe aos cinco janeiros de idade, foi entregue a<br />
um lar estranho, onde conheceu duras provas.<br />
Atualmente biografado por vários amigos não<br />
precisamos assinalar-lhe esse doloroso período da infância.<br />
Entretanto, aquela que lhe fora mãe na experiência física,<br />
D. Maria João de Deus, ao desencarnar, prometera-lhe enviar<br />
a ele e aos demais irmãos, um anjo de bondade que a<br />
substituísse.<br />
Esse anjo em forma de mulher apareceu na pessoa de D.<br />
Cidália Batista, que se tornou a segunda esposa de João<br />
Cândido Xavier, o pai de nosso amigo.<br />
Cidália Batista chamou a si a tarefa de Maria João de<br />
Deus e abraçou-lhe os nove filhos, em Pedro Leopoldo,<br />
como se fossem dela própria.<br />
A mediunidade que começara em Chico aos quatro anos<br />
de idade, com fenômenos de clariaudiência, passou a<br />
desdobrar-se, sem que houvesse alguém para orientar-lhe o<br />
crescimento.<br />
6
O pai, conquanto generoso, não compreendia a criança.<br />
Dona Cidália, a segunda mãe, não tinha dúvida em<br />
encaminhar o menino à máxima autoridade a quem poderia<br />
recorrer um sacerdote amigo.<br />
E Chico se entregou à fé católica, encontrando, nos<br />
templos que respeitosamente freqüentava, as estranhas<br />
ocorrências que lhe marcavam a vida.<br />
Médico das almas, o bondoso sacerdote lhe receitava<br />
penitências e cilícios, obrigações e disciplinas que o menino<br />
cumpria fielmente.<br />
As visões e as vozes, no entanto, se ampliavam.<br />
Enquanto mais cresciam, mais se avolumava a<br />
incompreensão daqueles que o estimavam, procurando<br />
restituí-lo a existência comum.<br />
O lar, a escola, a comunidade e o trabalho profissional,<br />
iniciado aos dez anos de idade, não lhe foram favoráveis,<br />
conquanto lhe dessem simpatia e amor.<br />
Chico falava daquilo que Ihes era invisível, contava<br />
episódios que não conseguiam escutar.<br />
E sobrevinham os conflitos sem conta.<br />
D. Cidália Batista, que o adotara por filho do coração<br />
com os demais descendentes de João Cândido, teria sido a<br />
única a dar-lhe crédito:<br />
- "Chico, do que você escute ou veja fora da vida natural,<br />
nada conte a seu pai ou às outras pessoas - dizia ela - a não<br />
ser ao Padre Sebastião que nos confessa perante Deus, e a<br />
mim que me sinto sua mãe. Você não é louco, nem está<br />
perturbado. Não compreendo bem o que você me descreve,<br />
mas o padre saberá entender o que você diz."<br />
E se o rapazinho chorasse, repetia:<br />
7
- "Não se aflija. Alguma pessoa no faturo saberá o que a<br />
ver a ser tudo isso que nós não compreendemos. É preciso<br />
esperar..."<br />
Aos 17 de idade, Chico é conduzido à Doutrina Espírita.<br />
Abre-se-lhe um caminho claro e novo.<br />
O padre concorda em que ele experimente conhecer a<br />
nova doutrina.<br />
E há cinqüenta anos, Chico Xavier trabalha com a<br />
mesma pontualidade e com a mesma alegria, transmitindo as<br />
mensagens da Vida Maior.<br />
Despender quarenta anos nas atividades profissionais em<br />
que se aposenta na condição de funcionário público federal,<br />
em 1961. E há meio século caminha entre dificuldades e<br />
bênçãos, alegrias e aflições, distribuindo as páginas dos<br />
Amigos Espirituais que lhe aceitaram a cooperação ou que o<br />
instalaram no serviço de Jesus, interpretado por Allan<br />
Kardec.<br />
Cinqüenta anos de trabalho, cinco decênios de<br />
caminhada ininterrupta...<br />
Conhecemo-lo por amigo dedicado e tarefeiro leal aos<br />
próprios compromissos, além de irmão que se nos instalou<br />
nos corações reconhecidos, mas, o que terá conhecido nessa<br />
viagem de meio século na mediunidade ativa sabe-o Deus.<br />
E para ele, Senhor Jesus, que te pedimos amparo e<br />
encorajamento para a continuidade dessa jornada luminosa<br />
entre dois mundos, ao mesmo tempo em que agradecemos ao<br />
devotado Emmanuel a felicidade de compartilhar da alegria<br />
que 1977 nos trouxe.<br />
Senhor Jesus, aqui terminamos nosso apelo e por tudo<br />
que temos recebido na luz dos teus emissários de paz, amor,<br />
para a edificação e aprimoramento de nossas vidas, de alma<br />
8
voltada para o nosso amado instrutor Emmanuel e de<br />
corações unidos ao nosso amigo Chico, aqui repetimos<br />
jubilosamente:<br />
- Louvado seja Deus!<br />
São Paulo, 1 de Novembro 1977<br />
Rubens Silvio Germinhasi<br />
9<br />
Nota – Todos os documentos, reportagens, entrevistas, comentários, definições,<br />
declarações colhidas em álbuns organizados em realizações beneficentes e opiniões outras,<br />
torno do médium Francisco Candido Xavier, pertencem ao arquivo do Instituto Divulgação<br />
Editora André Luiz<br />
Chico Xavier aos 17 anos
10<br />
DEPOENTES<br />
J. Martins Peralva<br />
... a mediunidade de Chico Xavier e a sua singular<br />
personalidade evidenciaram - me de forma incontestável<br />
...<br />
Desde os primeiros momentos de minha presença no<br />
trabalho espírita, na União Espírita Sergipana, o nome de<br />
Francisco Cândido Xavier tem-me sido uma bandeira sem<br />
similar, por suas qualidades de médium cristianizado, que à<br />
distância sempre venerei, lá no nordeste.<br />
Já o tinha por médium incomum, acima de qualquer<br />
avaliação em termos humanos. E tal o imaginava, assim fui<br />
encontrá-lo pela primeira vez, em Pedro Leopoldo.<br />
Corria o ano de 1949...<br />
Leopoldo Machado coordenava, no Rio de Janeiro, a<br />
Festa Nacional do Livro, com o propósito de reunir jovens<br />
de todo o Brasil. Compareci ao Encontro, representando<br />
Sergipe Espírita.<br />
A incontida vontade de conhecer e abraçar Chico Xavier<br />
fez-me embarcar num avião no Rio, após o Encontro, e<br />
descer na Pampulha, quando a capital mineira, hoje<br />
importante e formosa metrópole, era uma miniatura do que é<br />
hoje.<br />
A cidade, com seus vagarosos bondes circulando o<br />
Pirulito, na Praça Sete, para retomar, logo depois, o caminho<br />
dos bairros, possuía apenas três prédios altos: Acaiaca, IAPI<br />
e Hotel Financial.
Logo ao chegar, a ânsia de conhecer e abraçar o médium,<br />
que à distância amava. E lá fui, de ônibus, pela estrada velha<br />
que passava em Venda Nova, a região de Neves e Vera Cruz,<br />
para, afinal, chegar a Pedro Leopoldo.<br />
A emoção - lembro-me bem - foi enorme, ao olhar pela<br />
janela da acolhedora casa de D. Geni Xavier, onde<br />
funcionava, então, o Centro Espírita Luiz Gonzaga. O Chico,<br />
aparentemente distraído, de costas, simples e de uma<br />
simpatia contagiante, manuseava, curvado sobre a mesa,<br />
laudas de papel.<br />
A mesa, coberta com alvíssima toalha; um recipiente<br />
com água e copos em torno; um banco com marca de ferro<br />
de passar roupa, se não me engano - tudo isto permanece em<br />
minha retentiva visual, por carinhosa e agradável lembrança.<br />
Estava, enfim, em Pedro Leopoldo. E diante de mim, o<br />
Chico Xavier!...<br />
Após os cumprimentos e antes do início da reunião,<br />
Chico dá notícias do movimento espírita sergipano, citando,<br />
nominalmente, companheiros encarnados e desencarnados,<br />
fazendo especial referência ao Major Vianna de Carvalho, o<br />
grande apóstolo cearense, que impulsionou o Espiritismo<br />
também no nordeste,empolgando imensos auditórios com<br />
seu verbo inflamado e culto.<br />
Foi uma noite realmente encantadora, assinalando, para<br />
mim, a realização de um grande desejo.<br />
Quando regressei a Aracaju, já com o pensamento e o<br />
coração desejosos de transferir a residência para Belo<br />
Horizonte, escrevi no "Sergipe-Jornal", respeitado órgão da<br />
imprensa sergipana, uma série de artigos contando as<br />
emoções da viagem a Pedro Leopoldo, do encontro com o<br />
11
Chico, cujos recortes conservo em meu arquivo pessoal por<br />
tesouro recordativo.<br />
Dois meses depois, viajava em definitivo para Belo<br />
Horizonte, desembarcando de novo na Pampulha. Era o dia 4<br />
de setembro de 1949.<br />
O primeiro pensamento, tal como na primeira viagem: ir<br />
logo a Pedro Leopoldo, desfrutar do privilégio de,<br />
novamente, ver e abraçar o querido companheiro, o que fiz<br />
com a alma inundada de felicidade.<br />
A mediunidade de Chico Xavier e a sua singular<br />
personalidade evidenciaram-se-me de forma incontestável,<br />
ao ouvi-lo discorrer, com a segurança e esplendor de sua<br />
vidência, sobre o que ocorria comigo, registrando a presença<br />
do meu pai, um dos pioneiros do Espiritismo em Sergipe,<br />
grande doutrinador e polemista e médium de várias<br />
faculdades, desencarnado em 1931, ou psicografando uma<br />
íntima mensagem do coração paterno, tão íntima que pouca<br />
gente, de Aracaju, conhecia os fatos e situações nela<br />
inseridos, relacionados com a nossa equipe familiar.<br />
Naquela época, Chico Xavier vinha mais vezes a Belo<br />
Horizonte, participava de reuniões, orientava-nos, em grupo<br />
de estudos, sobre assuntos doutrinários. Suas nobres<br />
atividades, menos intensas do que hoje, obviamente<br />
permitiam maiores contatos, durante os quais lições<br />
inesquecíveis e fatos maravilhosos eram-nos transmitidos.<br />
Muita coisa extraordinária aconteceu.<br />
D. Balbina, uma senhora humilde. que me fora vizinha,<br />
na infância, em bairro pobre, identifica-se dando a época -<br />
dia, mês e ano - de sua desencarnação.<br />
Meu pai, Basílio Martins Peralva, envia-me oportunos<br />
recados.<br />
12
Lívio Pereira da Silva, notável tribuno e admirável<br />
médium receitista, mineiro de Teófilo Otoni, mas radicado<br />
desde jovem em Sergipe, desencarnado em Maceió, Alagoas,<br />
em conseqüência de uma pneumonia dupla contraída após<br />
conferência em noite de grande calor, quando suara demais,<br />
encharcando a camisa, trazia-me pelo Chico advertências e<br />
orientações que me foram valiosas à adaptação em Minas<br />
Gerais. Oportunamente, se materializaria, tendo o próprio<br />
Chico por médium, todo iluminado, dialogando comigo<br />
durante cerca de cinco minutos.<br />
Chico Xavier, perto ou longe, tem-me sido amigo<br />
excepcional e caridoso. Quando não ajuda pela palavra, na<br />
televisão, por carta, em pensamento ou em desdobramento<br />
natural, fá-lo pelos milhares de mensagens espalhadas pelo<br />
Brasil inteiro.<br />
Os livros por ele psicografados chegam-nos quase<br />
mensalmente, por condutores de amor e luz, mercê do<br />
esforço de editoras que põem nas livrarias o apreciável<br />
alimento: o livro espírita.<br />
Emmanuel, seu Instrutor, Bezerra de Menezes, André<br />
Luiz, Irmão X, Meimei, Maria Dobres, Batuíra e tantos<br />
outros Espíritos que interpretam, fielmente, o pensamento<br />
crístico, são benfeitores de todos os instantes, graças à<br />
mediunidade do Chico.<br />
A psicografia do médium mineiro, exercida,<br />
publicamente, durante 50 anos, tudo nos tem ofertado:<br />
religião, filosofia, ciências, romance, poesia, história,<br />
apólogos etc., consubstanciando uma literatura altamente<br />
educativa, de conteúdo moral inestimável, e, sobretudo,<br />
inultrapassável, insubstituível.<br />
13
De certo tempo para cá, um novo sentido caracteriza a<br />
sua mediunidade: o recebimento de mensagens<br />
esclarecedoras e reconfortantes, posteriormente enfeixadas<br />
em livros que percorrem os quadrantes do País e se projetam<br />
no plano internacional.<br />
"Jovens no Além", "Somos Seis", "Amor e Luz" e<br />
"Crianças no Além" são obras de rara beleza, trazendo a<br />
corações saudosos, de pais, amigos e parentes, abençoadas<br />
compensações espirituais, contribuindo para que almas antes<br />
infensas às realidades do após-morte, despertem para tarefas<br />
de amor, no campo da beneficência, sob a inspiração e o<br />
influxo de corações recém-libertos que voltam, pela<br />
mediunidade de Chico Xavier, para afirmar que a vida<br />
continua, noutra dimensão.<br />
E uma etapa nova, que ratifica o sentido cristão da<br />
mediunidade do querido companheiro.<br />
Estou certo, em Deus, de que, por muitos e muitos anos,<br />
teremos entre nós, no plano físico, o valoroso e fidelíssimo<br />
servidor de Jesus, sempre debruçado sobre laudas de papel a<br />
escrever, escrever... Enquanto o lápis desusa, celeremente,<br />
fixando apontamentos consoladores, cantando a glória da<br />
Imortalidade, estancam-se lágrimas, corações aflitos são<br />
lenitivados.<br />
Corações que pranteiam, no transe compreensível da<br />
saudade, que é, no dizer do poeta, "a presença do ausente".<br />
Deus abençoe o querido amigo, em seus 67 anos de fecunda<br />
existência, e nos seus 50 anos de missão mediúnica, dandolhe,<br />
centuplicadamente, tudo quanto tem dispensado, a mim<br />
e a milhares de pessoas, em amor e carinho.<br />
14
15<br />
Detzi de Oliveira<br />
... estava ali confirmada mais uma vez a lisura da<br />
mediunidade de Chico Xavier...<br />
Quando da oportunidade de ir a UBERABA para<br />
encontrar o médium <strong>FRANCISCO</strong> CÂNDIDO <strong>XAVIER</strong>,<br />
hoje nosso admirável Chico Xavier, naquele instante. eu e<br />
minha senhora passávamos por um transe de sofrimento e<br />
dor dos mais profundos.<br />
Houvera acontecido aqui em Juiz de Fora, minha terra<br />
natal, o desabamento de um hospital em construção. Nesse<br />
acontecimento, lamentavelmente, vieram a desencarnar<br />
minhas três filhas e mais uma sobrinha de nome Marcia Dias<br />
Mattos, que passava suas férias em minha casa.<br />
O hospital desabara sobre minha residência, privandonos<br />
da vivência material com minhas filhas, Tereza Cristina,<br />
Jussara Maria e Ana Paula. A dor se arrefecia e resolvemos<br />
procurar Chico Xavier, para que ele, como missionário,<br />
pudesse aliviar nossa dor.<br />
Esse primeiro contato com o querido Chico Xavier<br />
ocorreu em meados de fevereiro do ano de 1976 em<br />
Uberaba, apesar de conhecê-lo há 34 anos, quando ele veio<br />
fazer uma visita à Casa Espírita, nesta cidade de Juiz de<br />
Fora.<br />
É interessante analisar neste tópico, as circunstâncias<br />
desse encontro. Nós deixamos Juiz de Fora numa quintafeira,<br />
sabendo de antemão que Chico Xavier estaria na sextafeira<br />
no Grupo Espírita da Prece, e partimos esperançosos de<br />
encontrá-lo.
Chegamos a UBERABA após uma viagem cansativa,<br />
mas recompensadora. Tivemos o encontro com Chico Xavier<br />
na sexta-feira às 4 horas da tarde. Abordei o Chico dizendolhe:<br />
"Estou aqui à sua procura, trazendo minha esposa para<br />
que você possa consolá-la um pouco e a mim também, pois,<br />
perdemos uma filha em um desastre". A princípio não havia<br />
lhe dito que foram 3 filhas e uma sobrinha, apesar de<br />
conhecer a mediunidade de Chico e não pairar nenhuma<br />
dúvida sobre ele.<br />
Ao nos aproximarmos de Chico Xavier contando o que<br />
havia se passado, como disse acima, de ter perdido uma<br />
filha, ele me falou:<br />
"Ah! meu filho, para obter as comunicações é muito<br />
difícil, o telefone não toca toda hora para mim" e,<br />
prosseguindo na conversa, no meio desse diálogo,<br />
perguntou-me: “Você conheceu Isaltino Dias Moreira, de<br />
Juiz de Fora?”.<br />
Eu fiquei surpreso, pois Isaltino Dias Moreira, tratava-se<br />
de meu sogro desencarnado há 18 anos. Chico continuou.<br />
"Ele está presente; mas, não foram quatro meninas que<br />
desencarnaram juntas?"<br />
Minha esposa já estava emocionada com o<br />
esclarecimento da presença de seu pai, quando Chico falou<br />
das quatro meninas; a emoção tornou-se mais forte e Luzia<br />
desatou a chorar.<br />
Estava ali confirmada mais uma vez a lisura da<br />
mediunidade de Chico Xavier. E prolongando-se a conversa,<br />
ainda nos disse: "fiquem aí de lado que daqui a pouco vou<br />
conversar com vocês".<br />
Qual não foi nossa surpresa instantes depois, quando<br />
procurava no seu pequeno salão, por minha senhora, para<br />
16
dizer-lhe: "a sua filha mais velha chamava-se Tereza<br />
Cristina? era professora?" Mais aumentou a emoção de<br />
minha esposa e a minha. Continuando dizia: "ela está aqui<br />
presente, foi trazida pelas mãos de seu pai Isaltino Dias<br />
Moreira, segundo me diz Emmanuel ao ouvido. Vocês<br />
aguardem aí, poderão obter o que desejam. Vamos<br />
aguardar." E nós esperamos.<br />
Nesse primeiro encontro, após o que nos havia<br />
acontecido, no momento da psicografia de Chico Xavier,<br />
recebíamos a primeira mensagem de Tereza Cristina,<br />
surpreendendo-nos, ainda mas, com as citações de nomes e<br />
fatos por nós conhecidos.<br />
Aparte da Luzia, minha esposa.<br />
Como vim conhecer Chico.<br />
Conversando com uma vizinha sobre nossos problemas,<br />
deu-me um jornal, a Folha Espírita, de São Paulo, que trazia<br />
uma mensagem de uma moça desencarnada no incêndio do<br />
Joelma, em São Paulo; li e fiquei com vontade desesperadora<br />
de conhecer Chico, e desejosa de receber uma mensagem de<br />
minhas filhas.<br />
Pedi ao meu marido que me levasse a conhecê-lo. Eu não<br />
aceitava aquelas mortes de maneira nenhuma. De ver assim<br />
de repente acabar meu lar, minhas filhas. Tudo de impacto.<br />
Foi terrível.<br />
Quando cheguei e fiquei conhecendo o Chico, achei que<br />
podia conversar, contar minha vida, lastimar-me; mas, falei<br />
três ou quatro palavrinhas, e ele respondeu-me com três<br />
palavras. Não precisou dizer mais nada. A partir daquele<br />
instante me tornei espírita. Até hoje e para sempre.<br />
Se tenho alegria de viver, agradeço ao Chico.<br />
17
Voltando ao meu testemunho, tenho a dizer, ainda, que<br />
na minha juventude houve um fato bem positivo.<br />
Freqüentava as dependências da velha Casa Espírita, à Rua<br />
do Sampaio, quando Calíope Braga de Miranda, dona Zuzu,<br />
que dirigia essa Casa fez um convite a Chico Xavier para<br />
visitar a Instituição, o qual foi aceito.<br />
No dia marcado, uma multidão de pessoas o aguardava.<br />
Já nessa ocasião Chico para mim marcara sua humildade.<br />
Tenho-o na lembrança desde aquele momento, confundido<br />
na multidão, simplesmente vestido, com sua calça de brim<br />
amarela, camisa listrada e botinas. Chico ficava<br />
despercebido para muitos, ele que era o participante<br />
principal daquela comemoração.<br />
Ao iniciar-se a sessão, a presidente da Casa notou a<br />
ausência de Chico ao redor da mesa. Perguntava: "Cadê o<br />
Chico, onde esta o Chico". Estava sentado no meio do povo.<br />
Chamaram-no para que se assentasse à mesa.<br />
Nessa época eu começava na União Mocidade Espírita,<br />
da Casa Espírita, pois sou espírita nato. Meu pai, José<br />
Militão, freqüentou alguns trabalhos em que Chico<br />
participava.<br />
O primeiro impacto de importância que tive no<br />
Espiritismo, foi, o que marcou-me profundamente, saber que<br />
Chico conversava com os espíritos. Tomei conhecimento<br />
dessa belíssima existência de mediunidade. Desde esse<br />
tempo interessei-me muito em conhecer melhor o Chico e<br />
aprofundar-me no estudo da Doutrina Espírita.<br />
Falar sobre Chico é bem difícil; ele é um missionário do<br />
mundo espiritual. É um ser que simboliza o bálsamo que nos<br />
chega ao coração.<br />
18
Ameniza nossos sofrimentos, traz-nos a paz, a concórdia<br />
e o amor. Chico representa para nós muito daquilo que<br />
precisamos. Proteção Divina, que através de suas mãos<br />
angelicais, fecham o elo na comunicação do mundo<br />
espiritual para com o mundo terrestre. Representa muito em<br />
nossas vidas.<br />
Sua figura influenciou-me demais, posso me considerar<br />
hoje um homem mais desprendido das coisas supérfluas<br />
materiais. Procuro desenvolver-me dentro dos ensinamentos<br />
evangélicos, naquilo que se propor Jesus à humanidade.<br />
Espelho-me em Chico, nos seus exemplos de amor e<br />
trabalho, e procuro fazer o melhor que meu coração possa<br />
ofertar.<br />
Repito e com muita convicção. Era espírita, criado por<br />
pais espíritas, mas, depois da convivência mais adulta e<br />
lendo os livros psicografados por Chico Xavier, interesseime<br />
ainda mais pela Doutrina Espírita, com os presentes<br />
trazidos como ensinamentos por Emmanuel, Maria bolores,<br />
André Luiz e tantos outros mestres espirituais.<br />
Neste ano em que a luz dos 50 anos dessa mediunidade<br />
nos mostrou os 50 anos de sacrifícios, que tudo abandonou<br />
para dedicar-se ao seu semelhante, abdicando aos confortos e<br />
prazeres que a vida nos proporciona, serviu sua Doutrina,<br />
serviu a Jesus.<br />
Chico Xavier, nós temos orado em seu favor, pedindo ao<br />
Cristo que prorrogue o seu mandato de vivência aqui na<br />
Terra, porque ainda necessitamos muito de sua presença.<br />
pois sua missão de minorar o sofrimento daqueles que o<br />
procuram ainda é grande.<br />
19
Nós te agradecemos do fundo dos nossos corações<br />
Francisco Cândido Xavier, os 50 anos de sua mediunidade<br />
através de suas mãos aveludadas pelo Mestre Jesus.<br />
Que me desculpem os leitores se procuro trazer um<br />
pouco mais do meu testemunho de carinho a essa alma<br />
querida, em vários encontros e não mais em busca de<br />
mensagens de minhas filhas, mas para beijar-lhe as mãos,<br />
reabastecer-me com seus fluidos positivos que me fazem<br />
bem ao coração.<br />
A bem pouco tempo fui a Uberaba e presenciei<br />
importante.<br />
Uma senhora chegou com uma criança que chorava<br />
muito. Chico se encontrava na sala das receitas e a senhora<br />
dizia que não sairia do recinto sem falar com Chico, pois não<br />
agüentava mais o choro da criança, que chorava dia e noite,<br />
sem parar.<br />
Quando Chico saiu do receituário, a primeira pessoa a<br />
quem falou foi com essa senhora. Trazia uma orientação de<br />
Emmanuel; que levasse a criança a São Paulo e procurasse o<br />
médico que estava com o seu nome escrito no bilhete.<br />
Aquela criança tinha o céu de sua boca aberto e aquele<br />
médico tinha condições de operá-la.<br />
A mãe ficou muito surpresa, pois não havia falado nada e<br />
perguntava como ele sabia se ela não lhe falara nada.<br />
Respondeu-lhe que não tinha qualquer conhecimento do<br />
caso.<br />
Aquele choro iria continuar por algum tempo; era um<br />
problema de carma, mas estava amparada pela<br />
espiritualidade, a mãe traz consigo o bálsamo. Por isso ela<br />
fora escolhida para a guarida desse espírito.<br />
20
Noutra ocasião, uma senhora veio de Brasília a pedido de<br />
sua filha para uma orientação do Chico.<br />
Havia perdido seu marido há 41 dias, por suicídio. E, no<br />
seu desespero, alimentava a idéia de suicidar-se.<br />
Quando essa senhora chegou, não houve tempo para falar<br />
com o Chico. No final do trabalho ele psicografou a<br />
mensagem e chamou por Maria Cristina, de Brasília. Sua<br />
mãe não ligou os fatos, pois estava endereçada à sua filha.<br />
Chico leu a mensagem e, para quem fosse, que a procurasse.<br />
Nas suas primeiras linhas. essa senhora, a meu lado nada<br />
percebera; só depois de um certo detalhe é que ela veio<br />
identificá-la, notando que o espírito do seu marido escrevia<br />
para sua filha, esclarecendo os fatos que ocorreram.<br />
21
23<br />
Gerson Sestini<br />
.... muitos nomes, alguns ressurgiram do passado<br />
desconhecido de nós, de nossa terra natal...<br />
Quando contei a meu irmão Hilário que seu amigo,<br />
Professor Cícero Barbosa Lima, havia dado uma mensagem<br />
através do Chico e que eu testemunhara o fato, em Uberaba,<br />
ele admirou-se muito. Naquele momento, talvez lhe<br />
perpassasse pela mente o desejo que sempre tivera de<br />
conhecer Chico pessoalmente. Dois meses após este contato,<br />
Hilário desencarnava repentinamente, vítima de um enfarte<br />
fulminante, aos 54 anos de vida terrena. Com pouco mais de<br />
três meses, ei-lo, em espírito, transmitindo uma mensagem a<br />
nossa mãe, em concorrida reunião pública no Grupo Espírita<br />
da Prece.<br />
Professor Cícero fora Presidente do Lions Club em<br />
Votuporanga, Estado de São Paulo, e desencarnara a 25 de<br />
novembro de 1975. Meu irmão era Presidente do Rotary<br />
Club Norte em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo,<br />
na ocasião em que se deu o desenlace, a 30 de março de<br />
1976.<br />
Naquela sexta-feira, 16 de julho, procuramos o Chico,<br />
sem pretensão de recebermos mensagem de nosso irmão.<br />
Algumas palavras de consolo ou qualquer notícia ser-nosiam<br />
gratificante, principalmente à nossa mãe, Maria Sestini,<br />
que se restabelecia de grave enfermidade naqueles dois<br />
íntimos anos, recebendo de Chico uma especial atenção em<br />
forma de apoio moral e espiritual.<br />
O afluxo de pessoas que chegavam de várias partes do<br />
País. talvez por ser o mês de julho coincidente com férias
escolares, impossibilitava o atendimento a todos que<br />
procuravam falar com o médium. Na extensa fila<br />
conheceramos uma senhora que viera de Lião, terra natal de<br />
Allan Kardec, e nos empenhamos para que ela chegasse<br />
junto ao Chico antes de encerrar-se o atendimento inicial, a<br />
fim de cumprimentá-lo. Sem conhecer nosso idioma, tal<br />
senhora esforçava-se para dizer que "não queria morrer sem<br />
antes abraçar Chico Xavier": Emocionante encontro...<br />
Por volta da primeira hora do dia 17, o médium retornava<br />
à sala, depois do receituário. Fazia frio, mas nossa mãe não<br />
quisera permanecer no hotel, retornara conosco à reunião<br />
como que movida por uma intuição, uma energia maior que<br />
lhe renovava as forças para o reencontro com o primogênito<br />
através do lápis que, nas mãos de Chico, ganha novas<br />
dimensões nesta era da esferográfica.<br />
No profundo silêncio da madrugada, saudosos corações<br />
palpitavam ansiosos. Eram mães, cônjuges e parentes de<br />
entes queridos que partiram para o Além, mas que ficam<br />
retidos em nossos campos mentais e emocionais, o que,<br />
muitas vezes, ocasiona desespero, quando inconformados<br />
permanecem os que ainda nesta vida física têm tarefas a<br />
realizar. A tão almejada mensagem iniciara-se. O canal<br />
mediúnico fora ligado "de lá para cá", como sempre afirma<br />
nosso querido Chico, e o comunicante era a incógnita, a<br />
resultante de inúmeras variáveis daquela reunião. Escoou-se<br />
uma hora, lentamente. Sobre a mesa acumulara-se quase uma<br />
centena de laudas quando o médium parou de escrever.<br />
A mensagem inicial viera assinada por Bezerra de<br />
Menezes. que analisava nossas forças mentais, reportandose,<br />
indiretamente, aos fenômenos produzidos por Uri Geller<br />
através da televisão brasileira.<br />
24
Depois, ante a expectativa geral, a voz serena du médium<br />
declinou nossos nomes, constantes na saudação inicial, e a<br />
emoção do reencontro tomou conta de nós. Mal podíamos<br />
ouvir, impossibilitados que estávamos de maior aproximação<br />
da mesa.<br />
Entre as frases que procurávamos assimilar, destacamos<br />
este trecho: "Comunico-me na forma do viajor que está<br />
vivendo o inesperado. Não entendo meu novo clima com<br />
muita segurança mas sei, com raciocínios lógicos, que estou<br />
vivo, e isto, agora, é tudo para mim. A morte é uma sombra.<br />
uma espécie de barreira que a verdade com Jesus nos<br />
ensinará a derribar pouco a pouco".<br />
Francisco Cândido Xavier é o mais fiel instrumento que<br />
conhecemos em nosso tempo para que a sombra, a barreira<br />
da morte física comece a diluir-se diante da humanidade,<br />
ainda atônita e perplexa em em face de esse fenômeno<br />
natural, esta humanidade presa aos dogmatismos religiosos e<br />
científicos dos séculos. Ele figura entre os precursores de<br />
uma nova era para o homem, pois, como o homem que vive<br />
o Evangelho de Jesus, encarna para nós o modelo do<br />
habitante terrestre dos futuros milênios. Seus 50 anos de<br />
atividades mediúnicas, ligadas à Espiritualidade Maior<br />
enriqueceram nosso patrimônio filosófico, científico e<br />
religioso, descortinando de maneira objetiva o mundo<br />
espiritual e ampliando as bases da Codificação Espírita.<br />
Conheci-o quando eu era bem jovem, numa tranqüila<br />
tarde. no momento em que se encerrava o expediente da<br />
Fazenda Modelo, onde ele trabalhava, em Pedro Leopoldo.<br />
Foi precisamente no dia 02 de julho de 1954. Naquela época<br />
ele era mais gordo, fisicamente mais forte, e sua jovialidade<br />
me encantou. Por mais que eu o quisesse imaginar<br />
25
antecipadamente, a impressão que me causou foi profunda,<br />
despertando-me sentimentos nobres e o senso de<br />
responsabilidade para com meus futuros anos de labor<br />
espírita. Posteriormente, quando se mudou para Uberaba,<br />
ficou mais fácil revê-lo, o que se deu muitas vezes, pois,<br />
residindo com minha família em São José do Rio Preto, onde<br />
eu cursava faculdade, as distâncias encurtaram-se.<br />
Desde o tempo em que conheci o Chico, embora nunca<br />
tivesse privado em sua intimidade, testemunhei fatos<br />
irretorquíveis referentes a nomes, datas e locais citados<br />
através da psicografia ou oralmente.<br />
Por volta do mês de julho de 1961, assisti a uma<br />
comunicação dada pelo espírito de um jovem, dirigida a seus<br />
familiares, residentes em Ponta Grossa, Paraná, presentes na<br />
Comunhão Espírita Cristã. Vivera um pungente drama que,<br />
segundo se afirmava, o Chico não tivera conhecimento antes<br />
da mensagem. O rapaz fora morto acidentalmente por um<br />
seu amigo no jardim de sua casa, vítima de um disparo de<br />
revólver, justamente na festa de seu aniversário. Depois de<br />
detalhar seus últimos momentos no corpo que se extinguia,<br />
em linguagem vívida, rogava ainda à sua mãe e aos parentes,<br />
que procurassem o amigo que lhe fora o instrumento de<br />
separação, e o consolassem também, pois este alimentava<br />
idéia de suicídio. Toda uma ala daquela pequena sala de<br />
reuniões entrou em convulsivo pranto; a prova da<br />
sobrevivência chegava aos corações doloridos confortandoos<br />
e reanimando-os, além de trazer um importante pedido: o<br />
perdão e a reconciliação para com o inesquecível amigo.<br />
Quanto à mensagem de meu irmão Hilário, tivemos a<br />
confirmação de que, nas dimensões do além-túmulo, o tempo<br />
pode retroagir e o ambiente etérico do passado tornar-se uma<br />
26
ealidade, pois ele reviu-se menino, por contingências<br />
próprias ao seu espírito, no Rio Preto da década de 20,<br />
recebido e amparado por entidades que lá viveram, cercado<br />
por construções, tais quais eram naquele tempo. Muitos<br />
nomes, alguns desconhecidos de nós, ressurgiram do passado<br />
de nossa terra natal. Por felicidade. possuímos em casa um<br />
volumoso e raro trabalho, amplamente ilustrado, obra de<br />
valorosos pioneiros da época, intitulado "álbum da Comarca<br />
de Rio Preto", datado de 1929. Nele encontramos as<br />
referências feitas na mensagem, com exatidão, um<br />
verdadeiro levantamento histórico daquilo que continua<br />
sendo o presente. Chico nos disse depois que as cidades têm<br />
expansões etéricas no futuro, e lá vivem aqueles que<br />
alcançaram maior evolução global. E assim deve ser nas<br />
dimensões do Mundo Espiritual, caso contrário, como se<br />
explicaria as precognições tão amplamente constatadas?<br />
Muitas lições e muita beleza o Chico nos mostra com sua<br />
simplicidade, singeleza e humildade. Sua presença entre nós<br />
suscita-nos a esperança de um mundo melhor, ânimo para<br />
continuarmos batalhando pelos ideais superiores, mesmo<br />
quando tudo nos pareça adverso. Junto a ele, com o exemplo<br />
de irmão espiritualmente mais velho, nos sentimos seguros,<br />
com um lugar ao Sol na Seara do Cristo, dentro de nossas<br />
ainda inexpressivas tarefas individuais - amparados pelo<br />
Amor Divino em busca da tão almejada felicidade integral,<br />
apanágio de cada um de nós.<br />
27
28<br />
Leila Sahb Inácio da Silva<br />
...um espírito profundamente bondoso, inteligente e<br />
evangelizado...<br />
Numa terça-feira. 19 de fevereiro de 1974. Meu filho<br />
Izidio foi acidentado. Seu companheiro mais conhecido por<br />
Zé da Brahma faleceu no local e Izidio desencarnou depois<br />
de coma de seis dias.<br />
A morte prematura ele Izidio deixou-nos todos desolados<br />
e só quem já passou por uma experiência dessa pode avaliar<br />
o tamanho e o grau da dor que marcou o coração.<br />
Meu marido, homem alegre e trabalhador,<br />
excessivamente apegado ao filho caiu num estado de<br />
desanimo e tristeza que passou a preocupar seriamente todos<br />
da família.<br />
Recebemos continuamente de amigos e dedicados<br />
religiosos de várias Igrejas os mais carinhosos testemunhos<br />
de apoio moral e espiritual, mas a situação era a mesma.<br />
Espíritas amigos deram-nos vários livros para ler e o<br />
consolo mais valioso que encontramos foi no Capítulo<br />
quinto (V) de “O Evangelho Segundo o Espiritismo que trata<br />
de consolo geral a todos os sofrimentos, inclusive os que se<br />
referem a perdas de pessoas amadas e as mortes prematuras”.<br />
Fui levada nessa ocasião a um Centro Espírita de<br />
Goiânia, a “Irradiação Espírita Cristã”, casa bendita de<br />
orações onde não faltou carinho, as atenções e o passe com<br />
que todos procuravam nos transmitir o conforto e a ajuda<br />
espiritual. E através da orientação da querida presidente D.<br />
Maria Antonieta Alessandri Figueredo, comecei a trabalhar
nas obras assistenciais do referido Centro. Trabalhos esses<br />
que muito me alegra, porque faço em intenção de meu filho.<br />
Em meados de 1974. Francisco Candido Xavier foi<br />
trazido a Goiânia pelo querido Deputado Lucio Lincoln de<br />
Paiva, onde na Assembléia Legislativa recebeu o titulo de<br />
Cidadão Goianiense.. Não conseguimos entrar no recinto da<br />
Assembléia devido ao acúmulo de admiradores do Grande<br />
Médium. Mas não desanimamos. Sabendo que após as<br />
cerimônias ele iria comparecer ao Instituto Araguaia para<br />
uma noite de autógrafos, para lá nos dirigimos com o esposo<br />
desolado. Enfrentando uma grande fila conseguimos lá pelas<br />
duas da madrugada conhecer e falar rapidamente com o<br />
bondoso Chico Xavier que nos disse palavras de conforto<br />
convidando-nos para irmos a Uberaba. Aproveitamos a<br />
oportunidade e demos um retratinho do filho amado para<br />
Chico Xavier.<br />
No dia 12 de outubro do mesmo ano fomos a Uberaba e<br />
até o momento da mensagem só mantivemos contatos<br />
impessoais com Chico Xavier.<br />
A mensagem veio na reunião pública diante do assombro<br />
de todos. Foi um conforto imenso para a família triste que<br />
nela encontrou a certeza da sobrevivência do Espírito de<br />
nosso filho, visto pela sua carta repleta de fatos, referências e<br />
informações que não podiam deixar qualquer dúvida sobre a<br />
sua espantosa autenticidade.<br />
A mensagem de lzídio foi publicada em vários jornais de<br />
Goiânia e por iniciativa também do Professor Múcio de<br />
Melo Álvares as palavras de lzídio chegaram a mais de 600<br />
cidades e cerca de um milhão de pessoas, através do seu<br />
belíssimo Programa espírita "Luzes do Consolador", que se<br />
realiza as terças feiras, no canal 2, TV Anhangüera. Graças a<br />
29
abençoada mediunidade de Chico Xavier, meu filho, ajudado<br />
por Espíritos iluminados que assistem ao grande médium.<br />
consolou pela Televisão milhares lares e pais e sons palavras<br />
de alento e de fé, de confiança em Deus e resignação, de<br />
incentivo à mediunidade e de convite à reforma íntima e<br />
prática do bem, tiveram imensa repercussão.<br />
Assim que a misericórdia do Alto nós proporcionou a<br />
primeira mensagem de nosso filho lzídio não podemos<br />
deixar de mencionar o muito que recebermos também no<br />
Centro Seareiros do Cristo, através de um Espírito<br />
profundamente bondoso, inteligente e evangelizado que se<br />
incorpora em nossa amiga Elba de Melo Álvares, num<br />
eficiente e maravilhoso tratamento espiritual que se realiza a<br />
mais de quatro anos, nas terças e quintas feiras.<br />
Esse Espírito amigo sugeriu-nos oferecer aos que<br />
perdiam os entes queridos, juntamente com a mensagem de<br />
Izídio, os livros de Allan Kardec e os de Chico Xavier,<br />
dentre os quais destacamos "Presença de Chico Xavier",<br />
"Entre Duas Vidas", "Relicário de Luz", "Mensagem do<br />
Pequeno Morto", e, ultimamente "Jovens no Além" e<br />
"Somos Seis".<br />
Recebemos, depois, mais duas mensagens de Izídio,<br />
através da Psicografia de Chico Xavier. A segunda no dia 20<br />
de agosto de 1976 e a terceira a 20 de agosto de 1977.<br />
As duas mensagens de Izídio, identificando fatos íntimos<br />
notáveis que ocorriam na família, dando notícias de tudo<br />
como se ele estivesse presente entre nós, causaram-nos<br />
também impactos e assombro.<br />
Eram provas autênticas da imortalidade e de tudo que já<br />
estávamos lendo e aprendendo nos livros espíritas.<br />
Encheram-nos os corações de alegria, esperança e incentivo<br />
30
para nos melhorarmos cada vez mais e servirmos ao nosso<br />
próximo como se o próximo fosse o nosso filho querido.<br />
Provando a imortalidade da alma, consolando aos que<br />
sofrem, orientando aos que erram e mostrando o mesmo<br />
caminho que Jesus ensinou aos homens. Há dois mil anos,<br />
temos para nós que Chico Xavier trouxe para o mundo um<br />
acontecimento muito maior do que a ida do homem à Lua.<br />
Sobretudo neste campo das cartas do mundo Espiritual, em<br />
que se beneficiam não apenas os mortos vivos do Além<br />
porém mais ainda os vivos mortos de saudade do Aquém.<br />
Vale a pena transcrevermos aqui as palavras do médico e<br />
pregador espírita de Goiânia Dr. Delfino da Costa Machado,<br />
publicadas no Jornal Cinco de Março:<br />
- "Temos visto ali, em Uberaba, no Grupo Espírita da<br />
Prece, criaturas a quem faltava só o sepultamento, pois<br />
estavam mortas na desolação, que ao final de psicografia,<br />
depois de chorarem de emoção, reacenderam na alma a<br />
chama da alegria e recuperaram na expressão do rosto as<br />
claridades da esperança e da paz. Verdadeiras ressurreições."<br />
Para mim, Chico Xavier e a Doutrina Espírita são as<br />
luzes Divinas que nus conduzem às pegadas do Cristo.<br />
Que Deus nosso Pai derrame sobre este querido benfeitor<br />
amigo, as suas santas bênçãos por toda a eternidade.<br />
31
33<br />
Romeu Grisi<br />
...tanto em Pedro Leopoldo, com em Uberaba, Chico<br />
espiritualmente continua o mesmo...<br />
Devemos ao professor Romeu de Campos Vergal nossa<br />
primeira visita a Pedro Leopoldo, cidade onde então residia<br />
Chico Xavier. O consagrado orador espírita e ilustre<br />
parlamentar, numa de suas idas a São José do Rio Preto,<br />
após uma palestra proferida no Centro Espírita Rodrigo<br />
Lobato, convidou-nos para integrarmos uma caravana que<br />
iria a Pedro Leopoldo. Aderimos ao convite, uma vez que<br />
desde a adolescência aspirávamos conhecer o médium -<br />
nascidos que tomos em lar espírita:<br />
O Centro Espírita Luiz Gonzaga, tal como o conhecemos<br />
na noite de 14 de junho de 1948, era menor que o atual<br />
Grupo da Prece da cidade de Uberaba. Algumas paredes não<br />
se revestiam de reboco; a mesa e os bancos turcos de<br />
madeira não haviam recebido verniz e nenhum acabamento<br />
especial; mobiliário rústico e indispensável; um caixote à<br />
guisa de biblioteca fixado na parede. Nele se alinhavam<br />
várias obras recebidas pelo querido médium, como se elas<br />
representando as palhas humildes da manjedoura,<br />
encontrassem de novo o pensamento vivo de Jesus a<br />
traduzir-se no esforço de seus mensageiros que lhe<br />
restauravam o verbo. A humildade de Chico confundia-se<br />
com a simplicidade ambiente. Seu amor desvelado<br />
derramava paz e alegria em nosso favor. O recinto<br />
comportava perfeitamente a assembléia presente. Distante,<br />
muito distante nos, encontrávamos do programa Pinga-Fogo,
dos meios de comunicação da fase atual. Era o alvorecer de<br />
uma nova era.<br />
Retornamos a Pedro Leopoldo, pela segunda vez, no<br />
início de julho de 1954. Mamãe havia regressado à vida<br />
espiritual, alguns meses antes. Embora a convicção espírita<br />
nos fortalecesse o coração e a sentíssemos em nova fase de<br />
experiências. um impulso espiritual nos impelia a buscar o<br />
médium. fomos para abraçá-lo, pois conhecíamos a força do<br />
seu amor. Havíamos, no intervalo que medeia nossas duas<br />
viagens, trocado várias cartas, porém, desde o desencarne de<br />
mamãe nada havíamos escrito. Não buscávamos provas, pois<br />
nenhuma dúvida nos atormentava quanto aos problemas da<br />
imortalidade e comunicabilidade dos espíritos, mas há<br />
momentos que necessitamos do auxilio maior junto aos<br />
corações amigos. Chico conversou conosco mais de uma<br />
hora, antes de concentrar-se, narrando-nos com detalhes<br />
impressionantes tudo o que se relacionava com a doença de<br />
nossa mãe, os dias que esteve hospitalizada após a cirurgia,<br />
nossas preces e o intercâmbio de espíritos familiares e<br />
Benfeitores de nosso grupo com a equipe de Pedro<br />
Leopoldo.<br />
Após dado momento, Chico nos diz:: "Vocês conhecem<br />
o espírito Romeu de Angelis?"<br />
- Conhecemos, respondemos nós. É o Guia de nossa<br />
mãe. Prosseguindo, Chico torna a dizer: "Numa noite em que<br />
me encontrava psicografando, uns oito dias antes do<br />
desencarne de Dona Elvira, apareceu-me, pedindo socorro, o<br />
espírito Romeu de Angelis, que me relatou tudo o que estava<br />
se passando com aquela irmã, internada no Hospital Santa<br />
Catarina, em São Paulo. Assim, uma equipe de socorristas,<br />
34
comandada pelo espírito André Luiz, foi àquele local, dandolhe<br />
assistência necessária até o seu desencarne."<br />
35<br />
Como se observa, Chico nada sabia a respeito do que<br />
vinha acontecendo com nossa mãe, uma vez que, como<br />
dissemos acima, nada havíamos escrito nesse sentido. Para<br />
relatar-lhe essa ocorrência, funcionou o Correio da<br />
Espiritualidade, através do seu mensageiro, o espírito Romeu<br />
de Angelis, dando, desse modo, o grande médium, mais uma<br />
prova do grande poder de penetração no campo maior da<br />
espiritualidade.<br />
Pelo que foi narrado, guardávamos a impressão de que<br />
Chico estivera conosco todos aqueles dias de sofrimento,<br />
proporcionando ao fato novas e surpreendentes dimensões,
haja visto a mensagem recebida e inserida mais tarde no<br />
livro "ENTRE DUAS VIDAS", CAPÍTULO 19, intitulado<br />
"ESPOSA E MÃE".<br />
A influência que a carta de mamãe e os contactos com o<br />
Chico exerceram em nossas vidas, são indescritíveis. A<br />
mediunidade de Chico aliada à sua bondade e sabedoria,<br />
encanta as criaturas.<br />
Ao fixar residência em Uberaba, desde 1959, temos<br />
visitado o amigo periodicamente. Assim como fomos<br />
guiados pelo ilustre professor Romeu de Campos Vergal,<br />
procuramos, na medida do possível, retribuir essa gentileza,<br />
servindo de ponto de contacto, junto ao Chico, a centenas de<br />
pessoas residentes em Votuporanga e região.<br />
Certa feita, em Uberaba, o confrade Farid Mussi, de São<br />
José do Rio Preto (SP), encontrava-se na fila, no "Centro<br />
Comunhão Espírita Cristã", esperando a sua vez. E, quando<br />
esta chegou, Chico disse-lhe: "Encontra-se ao seu lado uma<br />
entidade que deseja agradecer-lhe os favores recebidos<br />
através de uma prece. Diz ela chamar-se Maura de Araujo<br />
Javarini, tendo vivido e desencarnado em São José do Rio<br />
Preto (SP), em 1932." No momento, o senhor Farid não se<br />
lembrou de ter prestado qualquer auxílio que merecesse tal<br />
agradecimento. No dia seguinte, o senhor Farid<br />
rememorando essa ocorrência, veio-lhe à lembrança de que<br />
em tempos idos, passando por uma padaria. situada nas<br />
proximidades do TATWA-Circulo Esotérico da Comunhão<br />
do Pensamento, em São José do Rio Preto, teve notícia de<br />
que a esposa do padeiro se suicidara. Nessa ocasião, não era<br />
espírita, mas sim secretário do referido TATWA, e condoído<br />
da infelicidade dessa senhora, tirou do bolso um caderninho<br />
de notações e nele anotou o nome de Maura de Araujo<br />
36
Javarini, dirigindo-se ao Círculo Esotérico da Comunhão do<br />
Pensamento, uma vez que a reunião da noite estava prestes a<br />
se realizar.<br />
Tanto em Pedro Leopoldo, como em Uberaba, Chico,<br />
espiritualmente continua o mesmo, atendendo a todos com o<br />
mesmo carinho e amor, muito embora, a cena panorâmica<br />
ser bem diferente da do Centro Espírita "Luiz Gonzaga",<br />
onde o número de pessoas era diminuto.<br />
Para terminar, é oportuno relatar que a comunidade<br />
espírita votuporanguense muito recebeu e muito vem<br />
recebendo através das mãos abençoadas do Chico:<br />
mensagens e mais mensagens comprobatórias e<br />
insofismáveis da imortalidade da alma, de amigos, parentes e<br />
diretores do "Centro Espírita Emmanuel". Dentre elas<br />
convém destacar as recebidas de Lidai Benini, Hilário<br />
Sestini, professor Cícero Barbosa Lima Jr., Doutor Orlando<br />
Van Erven Filho e Carlos Alberto Andrade Santoro.<br />
Quanto à mensagem do professor Cícero Barbosa Lima<br />
Jr., destaca-se uma ocorrência, não inserida no seu contexto,<br />
que nos pareceu, no momento, sem sentido. Na tarde em que<br />
se deu a mensagem, no Centro Espírita da Prece, em<br />
Uberaba, Dona Chamena, viúva do referido professor, foi<br />
interpelada por Chico: "A senhora se lembra de um educador<br />
famoso, cujo nome foi dado à escola de comércio, dirigida<br />
pelo professor Cícero?" Não, respondeu Dona Chamena.<br />
Chico tornou a dizer-lhe: "O espírito presente, desse<br />
educador, cuja identidade ele não quer revelar, insiste em<br />
dizer sim."<br />
Passados muitos dias, numa palestra entre confrades,<br />
vindo à tona esse acontecimento, antigos alunos e<br />
professores daquela escola, revelaram que antes de ser<br />
37
"Escola de Comércio Cruzeiro do Sul", dito estabelecimento<br />
de ensino tivera a denominação de "Escola Comercial<br />
Horácio Berlinck", como homenagem prestada, pelos<br />
fundadores ao emérito educador, membro da Fundação<br />
"Álvares Penteado" de São Paulo.<br />
Ante tantas revelações de sobrevivência do espírito,<br />
provada de uma maneira exaustiva e sempre surpreendente,<br />
podemos repetir com Chico: "A VIDA É FATAL".<br />
38
39<br />
Isabel Bittencourt de Souza<br />
... coração de infinitos raios de amor...<br />
Vovó, espírita convicta, residindo em Caratinga, e com<br />
muita vontade que mamãe pudesse estudar, matriculou-a na<br />
Escola Normal Nossa Senhora Auxiliadora, na cidade de<br />
Ponte Nova, onde mamãe ficou interna desde a infância até a<br />
idade adulta. Portanto, todo ensinamento e base religiosa de<br />
mamãe foi católica.<br />
Mamãe casou-se e após sete anos perdeu seu primeiro<br />
filho, João Campos Bittencourt. Nesse passamento recebeu<br />
seu primeiro livro espírita das mãos do poeta Vallado Rosas<br />
que fazia parte do grupo Espírita familiar, juntamente com<br />
titia Adelaide Coutinho, conhecida mais por Dadá. Nessa<br />
época era muito difícil falar em Doutrina Espírita.<br />
Ainda de convicção católica e em Caratinga, perdeu mais<br />
um filho, Antônio Bittencourt (Tonico).<br />
Em 1930 a família mudou-se para o Rio de Janeiro,<br />
quando conheceu Aura Celeste, fundadora do Asilo Espírita<br />
João Evangelista.<br />
Dessa época em diante mamãe abraçou o Espiritismo<br />
como sua Doutrina, com muito entusiasmo.<br />
Em 1 de maio de 1943, passou-se a desencarnação de<br />
minha irmã Agar, médica. Apesar de seguidores da Doutrina,<br />
não contínhamos as lágrimas da saudade.<br />
Em setembro desse mesmo ano, dentro do nosso<br />
relacionamento comum, conhecemos o Sr. Manoel Quintão,<br />
então Presidente da Federação Espírita Brasileira, por<br />
intermédio de minha cunhada, Eunice Quintão Rangel
Bittencourt, sua sobrinha. Para nossa felicidade, em uma das<br />
costumeiras visitas que Chico fazia ao Sr. Manoel Quintão,<br />
viemos a conhecê-lo. Isto em 19.9.1943 e, nesse mesmo<br />
encontro, ampliou-se nossa felicidade, pois recebíamos a<br />
primeira mensagem de Agar.<br />
O tempo passava e Maria Aparecida, outra irmã, também<br />
médica, vem através de desencarnação por acidente<br />
automobilístico, enfeixar uma vez mais a tristeza em nosso<br />
lar. Isto em 16.1.1951.<br />
O importante, que Chico telefona para nossa família para<br />
nos consolar e mediunizado, Agar por seu intermédio falou<br />
diretamente com mamãe, confortando e consolando-a,<br />
dizendo-lhe que Maria Aparecida partira com acervo<br />
espiritual muito grande.<br />
Em certa ocasião, numa confirmação pura de sua<br />
mediunidade, Chico nos surpreende com um recado de<br />
Maria Aparecida, que estava presente dizendo que: "A<br />
pulseira que sua madrinha Adelaide Pinto Duarte lhe dera<br />
por ocasião de suas núpcias, perdera-se no acidente".<br />
Como sabíamos desse seu presente, após sua<br />
desencarnação a família procurou-o, não o encontrando.<br />
Aconteceu o passamento do meu quinto irmão, Antônio<br />
Ildefonso Bittencourt Filho, jornalista. Mamãe nesse dia<br />
estava em Pedro Leopoldo e, antes que qualquer contato<br />
fosse feito, Chico tomou conhecimento por seus amigos<br />
espirituais logo que ocorreu o acidente automobilístico em<br />
5.3.1953. Não sabia curro falar à mamãe.<br />
40
Quando começou a dizer "Dona Esmeralda, houve um<br />
acidente, o Antônio...", não precisou dizer mais nada,<br />
mamãe percebeu o que acontecera e imediatamente voltou ao<br />
Rio.<br />
Os queridos leitores poderão notar que Chico apresentouse<br />
em nossa vida da maneira mais benéfica que se possa<br />
imaginar. As mensagens e os recados dos amigos espirituais<br />
e dos familiares, são inúmeros, haja visto que mamãe,<br />
devotada e agradecida, compilou juntamente com Ismael<br />
Gomes Braga, que atuou em suas diagramações, os quatro<br />
livros, Relicário de Luz, Dicionário da Alma, Cartas do<br />
Coração e Nosso Livro, onde muitas mensagens ali estão<br />
impressas.<br />
Ninguém que convive com Chico pode deixar de se<br />
impressionar com sua bondade e com suas alegrias em<br />
amparar as criaturas humanas.<br />
Coisas lindas pude observar ao lado de Chico; por volta<br />
de 1956, estávamos na sua residência e, como sempre,<br />
fazíamos as reuniões à noite. Havia um grupo de confrades<br />
de Belo Horizonte. Feita a prece, percebíamos que as<br />
41
pessoas dessa cidade traziam retratos de amigos<br />
desencarnados e Sheilla aplicava substância fluorescente<br />
nesses retratos. Mamãe pesarosa dizia: "Que pena, não<br />
trouxe os retratos das meninas."<br />
Sheilla, captando seus pensamentos, falou:<br />
"Que pena, não Esmeralda!<br />
Quando mamãe menos esperava, em seu colo estavam os<br />
retratos de Meimei, Agar e Maria Aparecida.<br />
Cabe aqui um pequeno esclarecimento.<br />
Mamãe estava com esses retratos trancados em seu<br />
armário, deixando a chave com minha irmã Maria<br />
Auxiliadora, com medo das crianças tirarem ou mexerem no<br />
seu caminho de relíquias.<br />
Em Pedro Leopoldo ainda, o Antônio meu segundo<br />
irmão desencarnado, apareceu ao Chico e trouxe seu recado<br />
simples de criança, no qual perguntava à mamãe:<br />
"A senhora lembra-se daquele roseiral tão lindo, que<br />
papai plantou para nós em Caratinga? Pois é, nós estamos<br />
também preparando um para a senhora quando voltar e<br />
encontrar-se conosco aqui."<br />
Realmente, em nossa casa em Caratinga havia um<br />
roseiral em forma de túnel, trabalhado por papai, que saia da<br />
porta de nossa cozinha, atravessava todo o terreno e<br />
terminava na beira do rio. Formava um caminho florido,<br />
deixando muito alegre o ambiente em casa.<br />
Ainda uma vez em suas reuniões, Chico viu "papai<br />
grande", meu bisavô, que ganhou esse apelido por ser um<br />
homenzarrão.<br />
Apareceu a Chico como em vida.<br />
Por problema físico, pois estava com cirrose hepática,<br />
via-se obrigado a escrever sentado em uma cadeira de<br />
42
aços, apoiado sobre uma taboa colocada transversalmente<br />
sobre a cadeira, e despachava seus serviços.<br />
43<br />
Pois foi exatamente assim que trouxe seu recado, para<br />
mamãe, pedindo ao Chico que o lesse:<br />
"Deus te abençoe minha neta".<br />
O importante neste recado é que ele escreveu-o<br />
diretamente na taboa e, quando meu bisavô falecera, mamãe<br />
contava apenas cinco anos de idade, era a única lembrança<br />
que tinha dele.<br />
Certa época, voltando de Pedro Leopoldo a Belo<br />
Horizonte no trenzinho que fazia a ligação, Chico<br />
gentilmente nos acompanhou e, em dado momento, disse-me
que tinha um recado de Vallado Rosas. Pediu-me um pedaço<br />
de papel. Não tínhamos.<br />
Levava algumas laranjas embrulhadas em papel jornal, e<br />
nesse papel é que foi feita sua mensagem.<br />
Na noite de 17.7.48, recebemos onze mensagens de<br />
parentes e amigos espirituais tais como:<br />
Adelaide Coutinho, tia, João Coutinho, tio, Jurandir<br />
Campos, primo, Casimiro Cunha, amigo, Bibita (apelido) tia,<br />
Vallado Rosas, amigo, Zizinha, bisavó, João Ildefonso, tioavô,<br />
Nicandro Campos, tio, Silos, tabelião em Caratinga,<br />
amigo, Mariquinhas, amiga, e, fechando essa reunião,<br />
Emmanuel trouxe a mensagem que muitos já conhecem,<br />
"Oração Dominical", publicada em livros e folhetos.<br />
A autenticidade dessas mensagens, é que todas estão com<br />
letras e assinaturas diferentes. Com todas essas mensagens,<br />
foi preenchido na sua totalidade um bloco de papel pautado.<br />
Portanto amados leitores, se fôssemos descrever aqui<br />
tudo o que recebemos desse abnegado coração de infinitos<br />
raios de amor, daria um livro à parte.<br />
Chico apontou um roteiro de luz em minha vida e me fez<br />
assumir responsabilidades ante à divulgação da Doutrina<br />
Espírita.<br />
Devemos nos conscientizar de que Chico é um<br />
missionário e feliz é o Brasil de ter sido berço de um espírito<br />
de seu valor. Nas comemorações dos 50 anos de atividades<br />
mediúnicas de Chico Xavier, rogo a Deus conceder ao<br />
querido médium suas bênçãos de paz e amor, multiplicandolhe<br />
as alegrias e consolações que nos permitiu receberem<br />
tantos anos de devotamento ao Bem.<br />
44
A seguir, com permissão dos queridos leitores, publicarei<br />
a primeira mensagem de minha irmã Altar e umas trovas de<br />
meu tio João Coutinho.<br />
45<br />
O véu branco que se vê sobre a cabeça, é a substância luminosa<br />
com que Scheilla presenteou D. Esmeralda Bittencourt.<br />
Carta de Agar<br />
Mamãe muito querida, abençoe-me.<br />
Guarde sua filha nos braços e no coração, como noutros<br />
tempos. Não se recorda?<br />
A noite vinha com a paz envolvente das sombras e o seu<br />
colo amenizava meus receios.<br />
Agora, mamãe, mais que nunca preciso de sua coragem.<br />
Enquanto a criança transita nos prados verdes, não importam<br />
as quedas sem importância. Os tropeços ensinam a andar.<br />
Mas... quando aparecem abismos, quando surge a ameaça<br />
dos monstros o coração maternal chama a criança ao mais<br />
íntimo do seio. Esta dor de hoje, mamãe, é um sofrimento
assim, que necessitamos atravessar muito unidas, para que as<br />
angústias se atenuem nas nossas almas.<br />
Presentemente seus olhos afetuosos irão poderiam<br />
lobrigar senão a filha devotada, ativa, dedicada do dever,<br />
entretanto, trinta e três anos, constituem espaço de tempo<br />
excessivamente curto, em face dos muitos séculos que se<br />
desdobram no caminho da vida.<br />
Acreditei demasiadamte em minhas forças e cai no<br />
grande despenhadeiro. O passado fez-se ouvir lá, no silencio<br />
profundo de meu coração, que desejava crer e viver, servir e<br />
sentir, o nosso adversário venceu, compelindo-me a perdas<br />
amargurosas. Mas Deus, mamãe, e o Senhor da Justiça<br />
impoluta. Os homens julgam, Deus ama. No mundo opiniões<br />
escabrosas que ferem o espírito mais que o aço contundente,<br />
todavia, no plano eterno, encontramos a bondade sublime do<br />
Criador. Há sempre, na Terra quem saiba maldizer e raros<br />
que se dispõem a ensinar e a servir com Jesus.<br />
Compreendeu-se a diferença, mamãe? Encontro-me, pois,<br />
numa fase nova de serviços redentores. Façamos o possível<br />
por não recordar a extensão das sombras. Aceitamos o dia<br />
novo.<br />
Ah! Quanto venho lutando por arrebatá-lo aos<br />
sentimentos negativos de tristezas e derrotas espirituais. Com<br />
que angustia despejei o meu vaso de lagrimas no seu coração<br />
amoroso nos primeiros dias do doloroso despertar! No<br />
entanto, agora, sei que posso contar com seu entendimento<br />
de todos os dias. Não estou em círculos infernais; fui<br />
conduzida ao serviço ativo. Minha queda amargosa recebeu<br />
do Pai, a benção de novo ensejo de trabalho regenerador. E<br />
desdobro-me por alcançar novas oportunidades de<br />
compreender e servir a Jesus.<br />
46
Sei, mamãe, quando lhe custou a nossa separação, meu<br />
gesto rude demais, entretanto, nunca suponha que eu pudesse<br />
cometer ingratidão para com seu desvelado amor. Fiz tudo,<br />
mamãe, por vencer o inimigo das sombras e deveria ter ainda<br />
mais, por anular-lhe a influenciação inferior. E seu coração<br />
carinhoso pode avaliar com que as lagrimas venho levando o<br />
remorso de não ter pensado mais. Entretanto, façamos de<br />
conta que regressamos ao passado. Sou ainda sua filhinha e<br />
peça-lhe, com lagrimas, que me ajude e perdoe. Quero<br />
resgatar minha falta no trabalho persistente sem repouso.<br />
Auxilie-me com sua força, confiando em Deus. Lembre,<br />
mamãe, aquela Virgem Santíssima, que também foi mãe de<br />
um Filho Divino que expirou na Cruz. E ele era puro e santo<br />
por excelência, e eu, a pecadora endividada de outras<br />
encarnações. Com o seu perfeito equilíbrio espiritual vou<br />
conseguir cada vez mais, nos trabalhos diferentes a que me<br />
vou consagrando, ao lado de nossa irmã Olímpia. Tenhamos<br />
coragem. Jesus não nega oportunidades santas aos que<br />
recorrem a Ele de boa vontade. E eu recorri de todo o meu<br />
coração. Reconheço que errei, mamãe, dando ouvido as<br />
forças destruidoras, que me aniquilaram muitas esperanças e<br />
envenenaram o ambiente de nossa casa feliz; todavia,<br />
também sei que sua alma generosa me perdoou aquelas<br />
setenta vezes sete vezes. Mas tarde saberá tudo.<br />
Agora, preocupemo-nos com o trabalho salvador. Ei de<br />
ajudá-la na restauração de suas forças orgânicas.<br />
Seja alegre e otimista, não percamos fé no Poder de<br />
Jesus. As nuvens são fenômenos atmosféricos simplesmente.<br />
A realidade está no infinito dos céus, onde a luz do Senhor<br />
nos abençoará para sempre. Vamos juntas ao trabalho no<br />
bem de nossos semelhantes. E unida consigo cada vez mais,<br />
47
elevo ao Pai de Infinita Bondade o meu cântico de<br />
agradecimento e fé. Tudo no mundo é expressão transitória.<br />
Aproveite pois, mamãe, a dar como benção.<br />
No planeta, quase toda a alegria é perigosa, talvez por<br />
isso mesmo, o Pastor Divino preferiu conduzir as ovelhas<br />
pela porta da cruz. E você, minha querida Bibi?<br />
Não se esqueça que sua Dina esta mais ativa do que<br />
nunca. Console mamãe, não a deixa entristecer. Os<br />
sofrimentos dela agravariam minha situação. Estou<br />
atualmente em aprendizado mais belo e preciso ampara-me<br />
em todos vocês.<br />
Agradeço seu devotamento, minha querida irmã, e espero<br />
que continue sempre dedicada a felicidade de nossos pais,<br />
fazendo o que me não foi possível fazer.<br />
E agora, mamãe, aqui encerro minha noticia escrita com<br />
o coração, pedindo-lhe a Deus abençoe a senhora e ao papai,<br />
concedendo-lhe muita paz e muita energia na luta. Não<br />
desdenhamos o Calvário que o destino nos reservou e que<br />
minhas fraquezas agravaram. Dia virá em que as pedras<br />
estarão convertidas em pão, os espinhos em flores e a cruzes<br />
em caminhos redentores da eternidade.<br />
A noite passou. Vamos a um novo dia e nunca esqueça<br />
de abençoar a filha do seu coração e sempre sua.<br />
Agar<br />
Notícias Fraternas<br />
Zita querida irmã, que Deus te ajude<br />
A conservar a lâmpada da crença,<br />
Concedendo-te a luz por recompensa,<br />
Nas estradas dá prova ingrata e rude.<br />
48
49<br />
Arrebatou a morte inesperada!<br />
Para sofrer-lhe o golpe para vela<br />
Bastou-me a dor junto ao Café da Estrela<br />
Que me impeliu a vida renovada...<br />
Esperava-me laços prediletos,<br />
Entretanto, apesar dos novos brilhos,<br />
Sinto a amarga distancia de meus filhos<br />
E a saudade de todos os afetos.<br />
Lembro, além de meus velhos desenganos,<br />
Nossos dias floridos e tranqüilos,<br />
As palestras do Lázaro e do Silos,<br />
Em nossa Caratinga de outros anos!...<br />
E seguindo-te as lagrimas e as dores,<br />
Rogo ao Mestre do Amor te siga os passos,<br />
Suprimindo-te a sombra nos cansaços<br />
De teus padecimentos remissores.<br />
Não temas! Atravessa os temporais!...<br />
Em seguida ao caminho doloroso,<br />
Encontrarás o Ninho de Repouso,<br />
Na luz do Céu que não se apaga mais!...<br />
No depoimento de D. Isabel Bittencourt de Souza (D.<br />
Bibi, na intimidade), transpareceu-nos a situação cármica de<br />
sua mãe. Tem-se, que sua passagem nas vidas anteriores, D.
Esmeralda e seus filhos tiveram grande influência na fatídica<br />
noite de São Bartolomeu.<br />
No Reformador de novembro de 1975, reportagem<br />
completa, inclusive com mensagem de Emmanuel à D.<br />
Esmeralda Bittencourt, esclarecendo-a de sua situação no<br />
passado.<br />
Francisco Cândido Xavier, ligado ao seu problema,<br />
esclarece a D. Bibi, através de carta endereçada, quando de<br />
sua estada na França, Paris.<br />
Abaixo transcreveremos trecho dessa carta, que também<br />
está inserido no Reformador de novembro de 1975.<br />
50<br />
...Hoje, escrevo a você com a emoção que você pode<br />
imaginar, pois, alguns poucos dias antes da partida do nosso<br />
Antônio, Dona Esmeralda e eu nos achávamos em reunião<br />
íntimas em nossa casa, junto à casa de Luiza, quando,<br />
finalizadas as nossas preces e encerrada a reunião,<br />
comentamos as lutas que haviam ficado no mundo, depois da<br />
perseguição aos nossos irmãos das igrejas evangélicas na<br />
França de Catarina de Médicis... Dona Esmeralda e eu
comentávamos os vários aspectos das provações a que me<br />
referi, quando ela solicitou que eu perguntasse a Agar, então<br />
presente, se eu. Chico, estava também no círculo de provas<br />
por motivo da perseguição aludida, ao que ela respondeu:<br />
- Sim, mamãe, de algum modo, embora indiretamente...<br />
Dona Esmeralda, estão, indagou em voz alta:<br />
- Minha filha, quando terminarão essas provas?<br />
Agar respondeu, com palavras de que não me lembro,<br />
afirmando que, quando ela, D. Esmeralda e eu nos<br />
encontrássemos de novo, num 24 de agosto, em uma oração<br />
no Palácio do Louvre, isso seria o sinal de que as nossas<br />
provações (naturalmente, pelo menos quanto a mim, que<br />
reconheço ser uma alma infinitamente devedora perante as<br />
Leis de Deus, somente as provações que se referem à<br />
perseguição de São Bartolomeu) estariam terminadas. Agar<br />
sorriu e despediu-se. D. Esmeralda e eu encerramos a<br />
conversação com bom humor e alegria, e concordamos em<br />
que, com certeza, isso se verificaria quando nós ambos, ela e<br />
eu, estivéssemos no Mundo Espiritual. Passou o tempo, e a<br />
palestra, como tantas, ticou aparentemente esquecida. Pois<br />
hoje, Bibi, eu que nunca imaginei poder vir a Paris e<br />
demorar-me aqui, entre nossos irmãos franceses, estive no<br />
Louvre (hoje, grande museu) e, em prece rápida, pude ver<br />
Dona Esmeralda com Dona Isabel Cintra e outras afeições.<br />
Ela estava de fisionomia tranqüila e feliz, e, com lágrimas<br />
que não chegaram dos olhos, apenas me disse: "Chico, meu<br />
filho, Deus te abençoe". O movimento no Louvre é muito<br />
grande e a visão com as preces foram ligeiras. Mas, você<br />
pode avaliar a minha emoção escrevendo a você, agora à<br />
noite, no hotel, como não podia deixar de fazê-lo, pois você<br />
é o coração capaz de compreender a beleza do acontecido.<br />
51
Esta a interessante carta remetida da Rue Bonaparte, 49 -<br />
Paris.<br />
52
53<br />
Neumis Souza da Silva<br />
... Deus nos deu essa dádiva da maternidade, que é<br />
dar luz à vida e não apagá-la ...<br />
André Luiz, meu filho, cursava a Fundação Educacional<br />
Souza Marques, no segundo ano de medicina, quando deu-se<br />
o seu passamento, vitimado por aneurisma cerebral, que<br />
levou-me a grande desespero e descontrole.<br />
Dézinho, seu apelido familiar, possuía várias medalhas<br />
de esportista, da escola, gozava de plena e perfeita saúde.<br />
Não compreendia como podia ter acontecido.<br />
Devido ao meu estado, procurei um psiquiatra, achando<br />
que poderia resolver minha situação; fui aconselhada por ele;<br />
que procurasse sair de minha casa à procura de serviços no<br />
campo da ajuda mútua, da caridade cristã.<br />
Incentivada, entrei em contato com Alcina Barcelos,<br />
amiga muito querida que me aconselhou procurar o Grupo<br />
Espírita André Luiz; trabalhei no setor de Assistência Social<br />
e, oportunidade, vim a conhecer sua Diretora Dra. Silvia<br />
Ferreira da Silva, que, após algum tempo, interpelou-me e<br />
preocupada com minha situação e atuação, pois não estava<br />
me encontrando nesse trabalho, perguntou-me:<br />
"O que se passa com você?" Aproveitei-me dessa<br />
pergunta e indaguei se ela conhecia Chico Xavier e se eu<br />
poderia me avistar com ele.<br />
Respondeu-me que sim e que aguardasse com calma,<br />
pois levar-me-ia a qualquer momento. Ela desconhecia<br />
minha situação. Nada lhe contei. Achou até que fosse um<br />
problema familiar.
Quinze dias após, Dra. Silvia procurou-me e se eu<br />
estivesse em condições de ir, que me preparasse; Chico<br />
estaria em Uberaba naquele fim de semana.<br />
Não tinha conhecimento sequer com Chico e com a<br />
Doutrina Espírita. Fiquei aflita em chegar; ansiava muito<br />
esse encontro, certa de que poderia receber algumas palavras<br />
de conforto.<br />
Em 10.8.1973 íamos ao seu encontro e, para minha<br />
surpresa, notei um grande número de pessoas. Pensei, não<br />
terei a mínima possibilidade de falar-lhe. Doente, tinha medo<br />
de penetrar no meio de toda aquela gente. Fiquei isolada<br />
num dos cantos do salão. Chico adentrou pela porta do<br />
fundo, que ligava à sua residência. Os que tiveram<br />
oportunidade de conhecer a Comunhão Espírita Cristã, irão<br />
lembrar.<br />
Não poderia imaginar, ouço Chico chamar-me e pedir ao<br />
povo que abrisse um caminho para que eu passasse e dizia:<br />
"Gente, por favor deixem a Dona Neumis, passar, ela esta<br />
muito doente." Admirei-me, estava a uns quinze metros do<br />
Chico, ele nunca me viu, não me conhecia e chamava-me<br />
para a frente.! A senhora Carmem Higino dos Reis, que<br />
trabalha com o Chico, a qual devemos muito pelo seu<br />
carinho, gentilmente levou-me à sua presença.<br />
Fiquei completamente muda; Chico pedia que me<br />
acalmasse, abraçando-me, beijou-me com muita ternura,<br />
percebi então que começava a me refazer naquele momento.<br />
Chico ainda para justificar minha presença, virou-se para<br />
uma senhora que não conheço, dizendo: "Ela perdeu seu<br />
filho." Outra surpresa, não havia falado nada da<br />
desencarnação do meu filho.<br />
54
Aguardei com os demais o término dos trabalhos e voltei<br />
para o meu hotel, com o convite de regressar na manhã<br />
seguinte para uma pequena reunião, que costumeiramente<br />
Chico fazia com um grupo mais restrito. Dessa reunião<br />
voltamos mais confortados.<br />
Em 13.11.1973, recebemos um recado, que veio na<br />
mensagem de Paulo Barbosa, conhecido compositor na<br />
década de 1930, endereçada à sua esposa Nelita Barbosa, e<br />
assim se expressava: "...e dar votos de refazimento do jovem<br />
André Luiz, endereçados aos pais queridos aqui presentes,<br />
especialmente. André Luiz, o jovem a que me refiro pede aos<br />
pais que se refaçam. O aneurisma não foi o fim, exclama ele,<br />
rogando a mãezinha para que se acalme e confie em Deus.<br />
Ele tem dificuldade para se exprimir como deseja, conquanto<br />
já esteja trabalhando. Peça a irmã Neumis fortaleça o filho<br />
que não morreu."<br />
Dada à emoção do momento, jorrou pelas minhas narinas<br />
grande quantidade de sangue. Refeita, voltei ao hotel.<br />
Em outras viagens, isto é, precisamente em 20.7.1974,<br />
sete meses após sua desencarnação e apesar de receber<br />
vários recados de André Luiz, desejava profundamente uma<br />
mensagem. Que veio com a graça de Deus na data acima.<br />
Nessa mensagem meu filho relata sua desencarnação, seu<br />
encontro com o Dr. Alcides de Castro já desencarnado e que<br />
fora grande amigo de meu marido, sua bisavó, que ele<br />
carinhosamente tratava de "Bisa Maria", e outros pontos<br />
mais que nos surpreenderam muito.<br />
Com todos os testemunhos que nos assombraram, ainda<br />
assim, minha confiança, balançava, e só vim solidificá-la e<br />
encerrar meu sofrimento na sua terceira mensagem. André<br />
Luiz identificou-me da maneira que somente eu, meu<br />
55
marido e ele conhecíamos, que foi: ..."pedi a meu pai que<br />
proteja a nossa querida Miuda, porque tenho necessidade de<br />
recorrer à intimidade familiar recordando a minha própria<br />
infância, quando comecei a chamar você, querida mamãe por<br />
"Miuda e Chupetinha" ... necessitamos recorrer a passagens<br />
do lar que ficam sendo somente nossas..."<br />
A única coisa que faltava era isso, esses apelidos "Miuda<br />
e Chupetinha", só eram ditos por ele, restritamente em nosso<br />
ambiente familiar. Entre nós três.<br />
Hoje, professando a Doutrina Espírita, encontrei o<br />
lenitivo que muito esperava, no meu berço religioso, o qual<br />
agradeço os momentos em que vivi dentro do catolicismo,<br />
mas o que a Doutrina Espírita esclareceu-me e confortou-me<br />
é indescritível.<br />
Devo a minha existência, a esse abnegado e incansável<br />
médium, companheiro e orientador, pois pensava seriamente<br />
desistir desta encarnação. Essas mensagens chegaram no<br />
momento mais crítico de minha vida. Clareou-me a visão e<br />
apelo a todas as mães, que como eu se viram com a dor<br />
maior, que é a perda de seus filhos, reflitam seriamente<br />
nesses momentos e tenham a certeza de que nossos filhos<br />
estão a amparar-nos no Além; Deus nos deu essa dádiva da<br />
maternidade, que é dar luz à vida e não apagá-la.<br />
A influência da mediunidade e da pessoa do Chico,<br />
trouxeram-nas momentos de grande tranqüilidade e<br />
felicidade. Ao depararmos com problemas. buscávamos à<br />
sua imagem. numa prece de agradecimento a Jesus por tudo<br />
recebido e logo se fazia notar a paz no ambiente.<br />
Transformou nossa conduta no modo de agirmos, abrindonos<br />
caminhos por nós desconhecidos que nos levaram a um<br />
porto mais seguro.<br />
56
Portanto, tudo o que de bom e bem nos acontece. atribuo<br />
a esse irmão e companheiro, reconhecendo que sem a sua<br />
participação não estaria como estou.<br />
Que Deus possa lhe dar a eternidade em nosso meio; se<br />
nós partirmos nada representamos para a humanidade, mas,<br />
Chico é e será o companheiro para todos em todas as épocas.<br />
Por isso ele estai aí com cinqüenta anos de Amor e<br />
Ensinamentos, trazidos por suas abençoadas mãos, dos<br />
Irmãos que representam a plêiade de Espíritos Maiores.<br />
Que Deus o abençoe sempre.<br />
Aparte do Sr. Luiz Dantas da Silva.<br />
Com o meu endosso nas palavras de minha esposa.<br />
Neumis de Souza da Silva, gostaria de levar o<br />
reconhecimento de público a tão ilustre figura de Chico<br />
Xavier, que demonstrou numa vida de cinqüenta anos de<br />
mandato mediúnico, que amar ao próximo pode ser<br />
exemplificado nas caminhadas peregrinas da bondade,<br />
amenizando corações aflitos.<br />
Saciou a fome espiritual e material com o seu manancial<br />
de amor, com o apoio das forças Divinas que o importaram<br />
neste plano terreno como o seu enviado.<br />
Ouvia falar muito de Chico Xavier através do Dr.<br />
Alcides de Castro, Joaquim Cascão de Castro e na leitura<br />
espírita.<br />
Meu desejo sempre foi muito grande em conhecê-lo<br />
pessoalmente, mas em situações mais alegres. Mesmo assim<br />
nossa alegria é eterna, por tudo o que representa para nossa<br />
família na sua transformação, ao encontro do Caminho, da<br />
Verdade e da Vida.<br />
Minha busca fez-me encontrar o médium e o Amigo de<br />
todas as horas.<br />
57
Gostaria de relatar e não deixar passar, um caso<br />
acontecido conosco em uma das reuniões que lá estávamos;<br />
minha senhora recebeu uma dádiva tão grande da<br />
espiritualidade que a deixou emocionadíssima, bem como<br />
todos os presentes que, possuídos de grande emoção não<br />
conseguiram conter as lágrimas que rolaram pelas suas faces.<br />
Em nossa saída para casa, Chico amavelmente solicitounos<br />
uma reunião de passes, para despedida, preocupado<br />
porque viajaríamos à noite. Neumis, concentrada em preces,<br />
ao receber o passe das mãos de Chico, choveu pétalas de<br />
rosais sobre ela.<br />
Perguntando posteriormente ao Chico, sobre o que<br />
acontecera, esclareceu-nos que André Luiz, nosso filho,<br />
carinhosamente se fez presente à sua mãe, cobrindo-a com<br />
essa chuva de pétalas orvalhadas.<br />
O mais interessante, explicou-me também, por uma<br />
pergunta formulada por mim, que essas pétalas haviam sido<br />
colhidas aqui na Terra mesmo.<br />
Neumis perguntara-lhe se aquelas pétalas agüentariam a<br />
viagem de volta, o calor era imenso. Maior do que quando<br />
chegamos. Chico respondeu-lhe: "Que chegariam como<br />
saíram de Uberaba". O que aconteceu.<br />
No dia seguinte, voltando a Friburgo em nossa casa,<br />
Neumis foi a florista e ela ofereceu-lhe uma rosa exatamente<br />
igual a do dia anterior, com as pétalas de duas nuances, rosa<br />
e amarela. numa pétala só.<br />
Chico, Jesus nos disse "Amai-vos uns aos outros cones<br />
Eu vos amei" e nós dizemos: "Obrigado Jesus, pelo exemplo<br />
vivo que permitistes entre nós".<br />
58
59<br />
Hilda Mussa Tavares<br />
...você e para mim um presente do Céu!...<br />
Palavras também do coração<br />
No cristão e principalmente no espírita há como que um<br />
"sentimento de urgência" quando se está diante do imperioso<br />
dever de testemunhar.<br />
"Calar a verdade é omissão", diz um provérbio antigo. E<br />
o Evangelho do Cristo, cujas palavras são "espírito e vida",<br />
propõe à reflexão de cada ser humano: "Porventura, toma-se<br />
uma lanterna para colocar debaixo do alqueire ou do leito?<br />
Por acaso não é para colocar sobre o candelabro? Porque<br />
nada se oculta senão para depois ser manifestado. Nem coisa<br />
alguma se esconde, senão para depois vir a lume. Se alguém<br />
tem ouvidos para entender, entenda." (Mc. 4,21-23)<br />
E é imbuída desta necessidade profunda de "colocar a luz<br />
sobre o alqueire", que rememoro um dos dias mais<br />
comoventes para o meu coração no ano de 1974 o<br />
inesquecível 5 de agosto. E olhando demoradamente...<br />
exaustivamente... para os três anos passados-presentes,<br />
porque permanecem dentro de mim, relembro fatos que,<br />
aparentemente sem significação, dentro do contexto, ganham<br />
conotação extraordinária. Relembro, por exemplo, quando<br />
Chico, o nosso querido Chico Xavier, adiou por uns dias um<br />
encontro que havíamos combinado para o final de julho em<br />
Uberaba.<br />
Encontro-necessidade, encontro-afeição, encontro-paz.<br />
Estes encontros já vêm sendo feitos há alguns julhos de<br />
cada ano, antes mesmo da partida do nosso Carlinhos.
Acompanhavam-me sempre, além do meu esposo, Clóvis<br />
Tavares, as amigas Professoras Ruth de Oliveira Monteiro e<br />
Gilda Duncan Tavares e minha filha Margarida.<br />
Neste ano, o nosso Chico, por motivos de compromissos<br />
seus, telegrafou-nos, adiando o tão esperado encontro, para o<br />
dia 5 (cinco) de agosto. Dias antes toda a cidade de Campos<br />
havia sofrido o golpe da perda brusca, em acidente de<br />
automóvel, de um grande professor e amigo, o Professor<br />
Osvaldo Peixoto Martins. Na véspera do acontecido<br />
estivemos juntos numa reunião do Conselho de Professores<br />
da Escola Técnica Federal de Campos e durante alguns<br />
minutos conversamos sobre a sua filha mais velha Luciana e<br />
também sobre sua viagem do dia seguinte - a viagem do<br />
acidente.<br />
Ao tomar conhecimento de minha próxima idá a<br />
Uberaba, a sua então viúva, Professora Ruth Maria Chaves<br />
Martins, escreveu para Chico uma carta, narrando o triste<br />
fato. Nesta carta, a nossa irmã, tomada da dor, abre o seu<br />
coração a Chico, contando-lhe o acidente fatal, embora<br />
reconhecendo, numa prova de coragem e fé incomparáveis, a<br />
proteção que tivera do Senhor quando poupou seus três<br />
únicos filhos de penosa situação.<br />
Nenhum detalhe a mais havia no relato de nossa querida<br />
Ruth Maria.<br />
Na tarde do dia 5 (cinco) de agosto deveríamos<br />
encontrar-nos com o querido médium em sua casa<br />
acolhedora. Ninguém se lembrara do detalhe do meu<br />
aniversário nesse dia, exceto Margaridinha, minha filha, que<br />
prevenida por mim, não comentou sobre o assunto com<br />
ninguém, justamente para evitar constrangimentos.<br />
60
Mais ou menos às 16 horas chegamos a casa do nosso<br />
Chico. Ao abrir-nos o portão fui recebida por ele. D. Zilda e<br />
Senhor Weaker que, juntos, cantaram "Parabéns para você."<br />
Não é preciso dizer o quanto me comovi e esquecendo-me,<br />
por um momento, de quem se tratava, perguntei-lhe:<br />
- Chico, quem lhe contou? - Ora, Hilda, foi o Carlinhos.<br />
Esta prova maravilhosa da mediunidade límpida,<br />
espontânea, a cada momento mais surpreendente, de nosso<br />
Chico me levou, pela inefável doçura ambiental, a sensação<br />
de Deus presente...<br />
Sob aquela sensação interior. misto de alegria e afeto,<br />
tivemos Chico, eu e minhas companheiras de viagem: Ruth<br />
Monteiro, Gilda Duncan, Dinan Tavares e rainha filha<br />
Margarida, alguns momentos de troca de palavras vivas...<br />
Não percebi a hora exata em que leu a carta que levara de<br />
Ruth Maria. Apenas comentou comigo, mais tarde, que havia<br />
se comovido bastante com o sentimento de que estava<br />
impregnada.<br />
Mais ou menos às 18 horas caminhamos para o Centro<br />
Espírita Eurípedes Barsanulfo, de Peirópolis, a uns 20 km de<br />
Uberaba, um lugar humilde mas que toca de perto a<br />
sensibilidade religiosa de qualquer um. O presidente do<br />
Centro, Sr. Langerton, ficou surpreso com a nossa chegada.<br />
Não parecia esperar por nós, dada a sua admiração.<br />
Entre pessoas humildes e sinceras, estudantes e<br />
praticantes do espiritismo cristão: velhos, jovens e crianças,<br />
iniciamos a reunião da noite, presidida pelo Senhor<br />
Langerton. Enquanto as palavras do Evangelho eram lidas e<br />
comentadas, o nosso Chico psicografava algumas páginas...<br />
Ao final da sessão, como é de praxe, as mensagens foram<br />
lidas por ele, entre lagrimas e orações íntimas do grupo.<br />
61
Uma era a do nosso Carlinhos (a sua segunda mensagem)<br />
- "Palavras do Coração" e outra de Lenora, filha da<br />
Professora Ruth Maria Chaves Martins, que com poucos<br />
meses de vida havia desencarnado em meus braços, por uma<br />
dessas coincidências que só Deus explica, precisamente 8<br />
(oito) anos antes do desastre.<br />
Este fato era inteiramente desconhecido por Chico, pois a<br />
carta enviada por Ruth Maria foi um dos poucos contatos<br />
que mantivera até ai com o médium.<br />
Não pude dominar minhas emoções. Afinal quem era<br />
Chico senão um mensageiro da Espiritualidade Maior,<br />
distribuindo provas de tal teor?<br />
E as "Palavras do Coração" ditadas por Carlinhos<br />
ressoavam profundas dentro de mim como o seria para<br />
qualquer um que já tivesse tido um filho como Carlinhos,<br />
que jamais pudera em vida demonstrar perceber maiores<br />
detalhes que se passavam em seu derredor. Ressoavam como<br />
se fosse pérolas sonoras que o tempo não deveria consumir.<br />
"Minha Mãezinha querida,<br />
Eis o seu filho de volta,<br />
Trago hoje por escolta<br />
Antigos votos em flor!...<br />
Com eles, escrevo agora<br />
Meu bilhete de alegria,<br />
Comemorando o seu dia,<br />
Abrilhantado de amor.<br />
Aniversário feliz!...<br />
Estranha força me invade,<br />
É a presença da saudade,<br />
Revendo o bolo de luz!...<br />
62
Resguardando-me no colo,<br />
Você dizia que eu era<br />
Sua flor de primavera,<br />
Seu presente de Jesus!...<br />
A festa de nossa casa,<br />
Em seu natalício lindo,<br />
É sempre júbilo infindo<br />
Que da memória não sai...<br />
Margaridinha comigo,<br />
Todos nós em seu carinho,<br />
Flávio e Luís com Celsinho<br />
E o coração de Papai!...<br />
Meditando, agradecia<br />
A nossa doce ventura.<br />
Quantas lições de ternura!...<br />
Benditos silêncios meus!...<br />
Nosso lar foi minha escola,<br />
Em que, de novo, criança,<br />
Tive retorno á esperançar,<br />
Buscando a Bênção de Deus!...<br />
Mãezinha, meus parabéns!...<br />
Seja a fé, por luz sublime,<br />
O apoio que me arrime<br />
Nas lutas que vêm e vão!...<br />
Em seu lindo aniversário<br />
- Dia feliz e dileto -<br />
Nas flores do meu afeto,<br />
Receba o meu coração!...<br />
63
Depois desta o nosso filhinho escreveu, através da<br />
dedicação abençoada de Chico, mais duas mensagens,<br />
repletas de provas e de autenticidade.<br />
Detalhes descritos nos versos acima, Chico os<br />
desconhecia completamente. Com Carlinhos ao meu colo<br />
quantas e quantas vezes repeti-Ihe:<br />
- Você, meu filho, é que é o meu maior presente!<br />
- Você é para mim um presente do Céu!<br />
- Carlinhos, você é primavera constante em minha vida.<br />
Que seria de nossa casa sem você?<br />
Durante quase dezessete anos era habitual entre nós, em<br />
todos os nossos aniversários, saborear juntos, ele no meu<br />
colo, o "bolo de luz" a que se refere tão carinhosamente em<br />
sua mensagem.<br />
Só mesmo uma pessoa que estivesse presente em nosso<br />
dia-a-dia com o nosso Carlinhos teria condições de descrever<br />
de modo tão real a nossa saudosa convivência. E Chico, é<br />
claro, nunca esteve presente nesses momentos marcantes de<br />
nosso lar.<br />
Há um outro detalhe dessa minha viagem que não pode<br />
deixar de ser relatado. Ao terminar a reunião Chico, que<br />
ignorava que eu mantivera um diálogo com o Professor<br />
Osvaldo na véspera de sua morte e em circunstâncias<br />
especiais, me disse:<br />
- Hilda, Cadinhos está me pedindo que você avise a D.<br />
Ruth que ela fique tranqüila, pois desde o dia 6, véspera do<br />
acidente, ele conduziu até a Escola Técnica, onde estava o<br />
Prof. Osvaldo, as suas duas filhinhas, Lenora e Analaura,<br />
para permanecerem com ela até a hora fatal.<br />
64
Provas maiores não poderia ter. A abençoada<br />
mediunidade de Chico Xavier é dado indiscutível na história<br />
do fato espírita. Não só indiscutível, mas fundamental.<br />
Esse é o nosso médium... Mais que isso: um discípulo do<br />
Senhor que vive o bem, doando de si amor, sabedoria,<br />
segurança e consolo.<br />
Mensagem de Leonora<br />
Mãezinha Hilda, peço a bênção de Deus para nós.<br />
Desculpe chamá-la assim... (1) Penso em Mãezinha<br />
Ruth, (2) nestes dias de prova e compreendo que todas as<br />
mães aqui são minhas mães também. Especialmente a<br />
senhora que meus pais nos habituaram a considerar desse<br />
modo.<br />
Rogo dizer à Mãezinha Ruth que Deus não nos<br />
abandona. Ela se sente tão só depois do que sucedeu... Mas o<br />
Papai não está morto. (3) Ele e a nossa companheira (4)<br />
estão hospitalizados. Muitos amigos estão velando por nós.<br />
Meu avô Martins que vim a conhecer-reconhecer (5) aqui e a<br />
nossa tia Maria nos tranqüilizam.<br />
Mãezinha Hilda, peça à nossa mãe para não chorar mais<br />
a noite chamando Papai, porque isso vai ate ele sem que nós<br />
possamos saber como evitar-lhe a dor de querer dar resposta<br />
sem as forças precisas. Tudo será renovado para o bem de<br />
nós todos. Analise, Luciana e André Luiz precisam de nossa<br />
Mãezinha robustecida e mais forte. Nossa Vovó também<br />
necessita amparar-se mais em Mãezinha Ruth. Nós estamos<br />
juntos, todos juntos. O lar maior que não admite separação e<br />
o amor com que nos amamos. Todas as sombras vão passar.<br />
Estávamos, muito de nós, com o papai Osvaldo no dia 7. (6)<br />
65
Mamãe não preciso pensar que ele tenha sofrido dores.<br />
Aquilo que na terra foi choque, aqui foi sono aplicado. (7)<br />
Ele acordou com serenidade, mas ainda chora com as<br />
lágrimas dos nossos entes queridos especialmente minha<br />
Mãezinha Ruth e minha Vovó em pronto.<br />
Diga por favor a Mãezinha Ruth que nos estamos<br />
crescendo a Aninha e eu estamos aqui para lembrar isso. (8)<br />
Mãezinha Ruth terá forças para o trabalho e, pelo trabalho,<br />
teremos tudo o que for preciso para que nada nos falte. A<br />
vida não termina quando o corpo desaparece de nós. Tudo<br />
aqui é melhor, mas a saudade e a falta que sentimos uns dos<br />
outros não nos deixam pensar assim seja. Mas os instrutores<br />
nos dizem que sem a luta e sem o sofrimento não<br />
aprenderíamos a seguir a Deus, em cujo amor todos nos<br />
reuniremos um dia.<br />
Mãezinha Ruth a vencer a dor da separação, sustentandose<br />
na fé. Boa noite ao grupo fraterno. (9) Escrevi com o<br />
coração. É tudo o que pude fazer. Deus nos proteja e nos<br />
abençoe.<br />
LENORA<br />
66<br />
(Mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier no Centro Espírita Eurípedes<br />
Barsanulfo, de Peirópolis, Minas Gerais, em 5 de agosto de 1974).<br />
(1) A Mensagem é dirigida particularmente à Professora Hilda Mussa Tavares,<br />
Professora de Matemática no Liceu de Humanidades de Campos e na Escola Técnica<br />
Federal de nossa cidade, amigo da família de Lenora.<br />
(2) Professora Ruth Maria Chaves Martins, tanto quanto a Professora Hilda,<br />
cooperadora da Escola Jesus Cristo.<br />
(3) Professor Oswaldo Martins professor de Geometria Descritiva e Desenho<br />
Geométrico na Faculdade de Filosofia, na Escola Técnica Federal e no Liceu de<br />
Humanidades de Campos. Vítima de desastre automobilístico, na manhã do domingo 7 de<br />
julho deste ano, nas proximidades de Casimira de Abreu, RJ., desencarnou, cerca de<br />
quatro horas após, no Hospital da cidade de Macaé.<br />
(4) Referência à jovem Elicéia, ama das crianças, também desencarnada no desastre.<br />
(5) O Vovô Martins, de que fala Lenora é Adamastor Martins, pai do Professor<br />
Oswaldo, desencarnado em 31 de janeiro de 1973. Em carta dirigida ao médium Francisco
Cândido Xavier, agradecendo-lhe a mensagem espontaneamente por ele psicografada, a<br />
Professora Ruth Maria testifica: "Não há nenhum detalhe contraditório ou inexplicável no<br />
texto da mensagem. É toda ela íntegra e autêntica da primeira à última linha." E sobre o<br />
Vovô Martins declara que "ele só viu Analaura e Lenora uma vez"... Daí a expressão<br />
"conhecer-reconhecer" da gentil mensageira espiritual.<br />
(6) "Estávamos com o papai Oswaldo no dia 7". Esta afirmativa de Lenora se<br />
desdobra em um fato admirável que, após a recepção da mensagem, o médium Xavier<br />
relatou à destinatária da mesma, professora Hilda Tavares. Declarou o médium que<br />
Cadinhos (Carlos Vítor Mussa Tavares) que acabara de ditar para sua Mãezinha uma<br />
mensagem em versos, "Palavras do Coração", lhe estava dizendo, no momento, que na<br />
véspera do desastre que vitimara o professor Oswaldo, ele Cadinhos, em compainha de<br />
outros Amigos Espirituais, conduzira as meninas Analaura e Lenora até junto de seu pai<br />
Oswaldo, que se encontrava em uma reunião de professores da Escola Técnica Federal. E<br />
ainda que as duas filhinhas ficaram em companhia de seu papai, desde a tarde de 6, a fim<br />
de ajudá-lo espiritualmente para a dolorosa provação da manhã de 7 de julho. Isso<br />
comprova a lição dos nossos Benfeitores Espirituais a respeito de uma relativa<br />
porcentagem de determinismo no quadro de nossos sofrimentos e provações terrestres.<br />
(7) Na referida carta que a professora Ruth Maria escreveu ao médium Xavier, ela<br />
confirma esse estado de sonolência do Professor Oswaldo, que, pela mensagem, ficamos a<br />
saber que era uma providência de ordem espiritual para evitar-lhe maiores sofrimentos:<br />
"Mas quando eu lhe perguntava o que sentia, ele dizia-me apenas que estava muito<br />
cansado e desejava interromper a viagem."<br />
(8) Aninha é Analaura, irmã de Lenora, desencarnada antes dela, em 3 de maio de<br />
1964.<br />
(9) O grupo fraterno é o das irmãs cooperadoras da Escola Jesus Cristo, em visita ao<br />
médium Xavier, nos primeiros dias de agosto deste ano- Professora Hilda Mussa Tavares,<br />
Professora Ruth Monteiro, estudante Margarida Maria M. Tavares. D. Dinan Polônio<br />
Tavares e Professora Gilda Duncan.<br />
67
68<br />
Daisy Andrade Pastor Almeida<br />
... ele é a criatura singular que tem o tempo destinado<br />
somente às coisas de Deus...<br />
Minha família católica, obrigava-nos em nossa infância o<br />
acompanhamento de catecismos, missa etc. Relutava muito<br />
contra tudo isso, pois não me afinava nesse conceito<br />
dogmático. O respeito pela família era muito grande;<br />
estávamos no tempo em que não se podia dizer não. Minha<br />
ansiedade em busca de algo que preenchesse o vazio que<br />
sentia, tornava-se cada vez maior, a religião não a supria.<br />
Papai, por decepções religiosas em seu meio, passou a<br />
estudar a Doutrina Espírita e, em seguida, a freqüentar suas<br />
reuniões, das quais, participei de algumas. Menina, não<br />
entendia muito, ou quase nada.<br />
Criando o hábito da leitura, papai colocou-me em mãos o<br />
primeiro romance espírita; como extasiou-me, busquei<br />
outros e cada vez mais interessava-me, encontrando o<br />
alimento que sustentaria os meus anseios.<br />
Não quero demonstrar sentidos contra qualquer religião,<br />
pois, apesar de sermos espíritas, mamãe nos derradeiros<br />
momentos de sua vida, trouxe sua palavra de fidelidade à sua<br />
crença, dizendo: "Sou católica, não posso trair minha<br />
religião, mas na minha volta, serei espírita." Este era seu<br />
conceito, o qual respeitava muito.<br />
O tempo foi passando, casei-me, meu marido protestante,<br />
passava por vários fenômenos espíritas, obrigando-o a<br />
aceitar nossa Doutrina. Ouvia falar muito de Chico Xavier,<br />
sonhava em conhecê-lo.
Como a realização desse sonho já estava se tornando<br />
antiga, fomos a Pedro Leopoldo em abril de 1952,<br />
oportunidade em que se realiza uma comemoração do Livro<br />
Espírita, nessa cidade.<br />
Ao chegarmos a Belo Horizonte, no remanejo das<br />
pessoas para as acomodações, pois estávamos num grupo,<br />
meu marido e eu hospedamo-nos em casa da Senhora<br />
Dolores Abreu, muito simpática, hospitaleira, adorável.<br />
Minha gratidão a essa senhora é muito grande.<br />
A caminho do prédio de Assistência e Saúde, palco das<br />
comemorações, o Sr. Abreu chamou-nos a atenção para um<br />
aglomerado de pessoas, apontando-nos o Chico. Fui tomada<br />
de grande emoção, tremia da cabeça aos pés. Ao aproximarme,<br />
fui logo dizendo, "Chico estou realizando o maior sonho<br />
de minha vida", virando-se respondeu: "Obrigada dona<br />
Daise". Fiquei atônita, chamou-me pelo nome e sem me<br />
conhecer, e de uma forma diferente, acentuando o "á",<br />
corrigi-lhe, falando a pronúncia ao seu ouvido, Deise.<br />
Olhou-me muito significativo e fomos assistir às palestras.<br />
Algum tempo depois, perguntei a ele o porque de me chamar<br />
daquele jeito. Disse ter visto meu nome escrito.<br />
Quando meu marido fazia a palestra sobre o livro<br />
espírita, classificando-o como o "Livro Divino", Chico havia<br />
recebido pela psicografia uma mensagem de Castro Alves,<br />
com o título "O Livro Divino". Marcava também o progresso<br />
da mediunidade de meu marido.<br />
No dia seguinte, 22 de abril, fomos comemorar seu<br />
aniversário em sua casa, se bem que atrasado, pois nascei em<br />
2.4.1910. À noite, na reunião, prosseguia minha alegria;<br />
Chico pediu que me levassem ver o primeiro Centro Luiz<br />
69
Gonzaga, em casa de seu irmão José, onde recebera suas<br />
primeiras mensagens.<br />
Extasiou-me sua simplicidade, as vibrações que ali<br />
sentíamos, nos transportavam o céu. Voltamos.<br />
Desse dia em diante, íamos visitá-lo periodicamente. Por<br />
duas vezes passamos nossas férias em Pedro Leopoldo, que<br />
marcaram dias inesquecíveis em minha vida.<br />
Em uma das viagens, meu marido adoeceu com um<br />
espasmo cerebral, recebeu seus primeiros socorros através de<br />
Chico, colocando-se em condições para voltar ao Rio de<br />
Janeiro e continuar seu tratamento. Nessa época Chico<br />
diariamente ministrava passes em Lauro. Na volta de seu<br />
almoço, Chico passava pelo hotel Minas Gerais, onde<br />
estávamos hospedados e, em seguida, para seu trabalho na<br />
Fazenda Modelo. Com esse tratamento Lauro melhorava a<br />
olhos vistos.<br />
Meu filho, certa ocasião, por uma intoxicação, suas mãos<br />
começaram a entortar, levando-me a grande desespero.<br />
Chico animando-me, receitou homeopatia e na 3.ª dose, no<br />
mesmo dia, a melhora se fez notar.<br />
Sempre tivemos em Chico, essa criatura boa, amiga, que<br />
mesmo estando longe permanece em nossos corações cheios<br />
da maior gratidão.<br />
Meu esposo lhe dedicara profunda amizade e sentia por<br />
ele uma grande admiração. Várias vezes, em palestras feitas<br />
aqui no Rio, em Centros espíritas, referindo-se ao Chico,<br />
afirmava que era a pessoa mais perfeita que conhecia na<br />
Terra. Estas palavras eram sinceramente ditas e repetidas por<br />
ele.<br />
Através de sua psicografia, recebi em Uberaba uma<br />
mensagem do nosso querido Doutor Bezerra, onde diz que a<br />
70
emoção do meu marido era grande e o impedia de dizer<br />
alguma coisa, que não podia de próprio punho escrever, mas<br />
que aguardava a oportunidade de poder dar notícias suas.<br />
Sempre que tenho a feliz oportunidade de estar junto ao<br />
Chico, observo que, enquanto o médium palestra com alguns<br />
irmãos, outros ficam a escutá-lo atentamente, bebendo-lhe a<br />
palavra. É comum, então, ouvir-se dizer: " Você prestou<br />
atenção ao que ele disse?", "Respondeu à pergunta que lhe<br />
fiz mentalmente". Outros comentam impressionados: "A<br />
carapuça veio para mim". Perfeita. Como pode`? Ele captou<br />
meu pensamento!...<br />
As lições chegam, na conversa amiga, como mensagens<br />
diretas a quantos necessitam delas. Outras vezes, em visita<br />
ao querido amigo em Uberaba, encontrei-me com grande<br />
número de pais aflitos, desesperados, em busca de notícias<br />
dos filhos queridos, que deixaram a vida, quase todos ainda<br />
jovens. Observe-se que nem todos são espíritas. Há casos de<br />
pessoas sem crença que foram levadas por amigos e por<br />
misericórdia de Deus, recebem suas mensagens e saem<br />
banhadas de pranto, consoladas, impressionadas mesmo com<br />
a autenticidade dos nomes, dos fatos relatados pelos<br />
comunicastes. É a prova da sobrevivência do espírito e de<br />
sua comunicação com os encarnados.<br />
Numa dessas ocasiões, um senhor perguntou ao Chico:<br />
"Porque ainda não recebi notícias de minha filha? Já vim<br />
aqui várias vezes e ainda não tive essa felicidade..." O Chico,<br />
amável como sempre, respondeu: "Não depende de mim,<br />
meu irmão; o telefone toca de lá para cá e não daqui para lá."<br />
O senhor agradeceu a resposta e pensativo saiu esperando<br />
nova oportunidade.<br />
71
Assisti em Uberaba, na Comunhão Espírita Cristã, uma<br />
senhora pedir ao Chico que fluidificasse a sua garrafa com<br />
água. Ele observou que ela poderia levar sua garrafa à sala<br />
de passes, onde irmãos nossos estavam realizando esse<br />
trabalho. Ela porém informou que já haviam terminado os<br />
trabalhos, e insistiu, delicadamente que ele o fizesse. Chico<br />
colocou as mãos sobre a garrafa aberta e todos nós<br />
assistimos a água tomar uma coloração leitosa e, no mesmo<br />
instante, suave perfume de rosas invadiu o ambiente e foi<br />
sentido por todos os presentes, extasiados.<br />
Eu e meu esposo, quando encarnado, por várias vezes<br />
fomos agraciados em receber do médium lenços ensopados<br />
de perfume, que perdurava por muito tempo. A água fluida a<br />
mesma coisa, seu perfume modificava-se dentro das<br />
necessidades de cada um.<br />
Lembro-me de uma reunião em Pedro Leopoldo onde<br />
todos nós recebemos uma espécie de "chuvinha miúda" de<br />
perfume, para tratamento de vários irmãos presentes, e no<br />
final fortíssimo cheiro de éter. Maravilhoso.<br />
Ainda em Pedro Leopoldo, em casa de André irmão de<br />
Chico, recebíamos pelas suas abençoadas mãos, uma linda e<br />
comovente carta de meu pai, onde confirmava nas suas<br />
primeiras linhas a identificação da caligrafia dele.<br />
Perante a humanidade conturbada de hoje, ele cumpre<br />
fielmente a destinação sublime de esclarecer os homens<br />
através dos livros recebidos da Espiritualidade Maior, como<br />
arauto das Verdades Divinas, conclamando-os a praticarem<br />
os ensinamentos do Cristo Eterno e por seus exemplos de<br />
amor ao próximo, de humildade e de trabalho, ele dá a maior<br />
lição viva que repercutirá nos tempos que advirão.<br />
72
Sua figura espiritualizada de líder do cristianismo<br />
reditivo, sempre exerceu sobre mim a mais benéfica<br />
influência. O seu viver simples de homem bom, a sua<br />
palavra evangelizadora, a sua fidelidade à Doutrina Espírita,<br />
aliada a enternecedora modéstia que o tornam um verdadeiro<br />
Seareiro do Senhor, marcaram fundo o espírito que sou,<br />
ensinando-me a entender a vida, consolidar minha fé e a<br />
esforçar-me no serviço cristão.<br />
Sabe, Chico é um amor! Ele tem sido e será sempre para<br />
mim o modelo, o guia, o amigo, o cristão no seu profundo<br />
sentido. Pela alma e pelo coração, tenho por ele o mais puro<br />
sentimento e sinto-o tão antigo, que creio ter começo num<br />
passado muito longínquo. É como se fora um pai muito<br />
querido que reencontrei pelos caminhos da vida e que tem<br />
me dado às mãos guiando-me com o seu coração amigo,<br />
Os seus cinqüenta anos de mediunidade, considero como<br />
doação integral de uma vida ao trabalho do Senhor.<br />
A sua conscientização no que seja a responsabilidade de<br />
uma missão a cumprir é extraordinária. O Chico não se<br />
restringe à psicografia pela qual recebeu uma centena e mela<br />
de livras em prosa e verso, sobre religião, filosofia e ciência,<br />
romances espalhados pelo mundo e traduzidos em vários<br />
idiomas, levando a paz, o amor e a sabedoria.<br />
Ele é a criatura singular que tem o tempo destinado<br />
somente às coisas de Deus.<br />
Milhões de pessoas já lhe beijaram as mãos e o rosto; já<br />
lhe ouviram a palavra orientadora; já receberam a resposta<br />
elucidativa às perguntas feitas sobre todos os assuntos desde<br />
o mais íntimo ao mais transcendental, já sentiram a paz que<br />
dele emana aos que estão ao seu lado; tiveram consolo em<br />
momentos de dor: presenciaram a sua paciência e o respeito<br />
73
que tem por todos; possuem uma dedicatória carinhosa em<br />
um livro; já viram seu amor aos menos afortunados da vida,<br />
em forma de ajuda material e espiritual, que nesses longos e<br />
abençoados anos leva pessoalmente a esses irmãos; já<br />
assistiram inúmeras vezes passar mais de 12 horas<br />
consecutivas atendendo uma multidão que o espera ansiosa<br />
por uma palavra ou autógrafo. Com a paciência Divina e a<br />
resistência do forte, atende a todos com abraços, beijos e<br />
sorrisos.<br />
Cinqüenta anos de renúncia para dedicar-se ao serviço<br />
mediúnico abençoado, que desde os seus primeiros anos lhe<br />
exigiu sacrifícios e multo amor.<br />
Nesta era da comunicação não se tem notícia de uma<br />
vida igual.<br />
Gostaria de finalizar este depoimento com uma cena que<br />
assisti em Pedro Leopoldo, quando inúmeras pessoas<br />
formavam uma fila para falar com Chico. Uma moça de<br />
aparência humilde e simpática, procurava-o para um<br />
problema com sua filha. Beijou as mãos de Chico, sendo<br />
retribuída em seguida com o mesmo gesto. Uma pessoa a<br />
meu lado, moradora na cidade, dizia-me ser ele uma pessoa<br />
de vida fácil. Chico, paternalmente, atendeu-a, orientou-a,<br />
animou-a e ao despedir-se beijou-lhe as mãos novamente,<br />
recebendo em troca "Muito obrigado seu Chico. Deus lhe<br />
pague".<br />
A noite, na peregrinação, o acompanhávamos num grupo<br />
pelas ruas da cidade, com lampiões e lanternas quando<br />
passávamos por um bar onde haviam várias pessoas no seu<br />
interior e nas portas, ouviu-se uma voz que dizia: "Olha, lá<br />
vai o seu Chico, vai com Deus e reze por mim".<br />
74
Ele, olhando-a de onde se encontrava, respondeu: "Fica<br />
com Deus minha filha".<br />
A emoção invadiu-me a alma, ao saber que aquela voz<br />
era da mulher que o havia procurado na véspera para o<br />
conselho no centro. Lembrei-me da passagem evangélica do<br />
Meigo Jesus e a pecadora. "...Vai e não peques mais". Olhei<br />
para o Chico e fiquei pensando: "É, este homem segue à<br />
risca os ensinamentos do Cristo".<br />
Atualmente, quando os preconceitos continuam<br />
afastando as criaturas umas das outras, Chico, personifica o<br />
"Amai-vos uns aos outros como vos amei", ensinado há<br />
2.000 anos pelo Mestre Nazareno.<br />
75
76<br />
Ruth Maria Chaves<br />
... escolhera-me a Providência para permanecer...<br />
Um testemunho<br />
Quem, pela primeira vez, me falou em Chico Xavier o<br />
fez de maneira incrédula. Era a propósito do caso Humberto<br />
de Campos e o meu amigo só encontrava uma explicação<br />
racional: "pastiche" inconsciente.<br />
Aquela época eu não havia iniciado ainda o meu curso de<br />
Letras na Faculdade de Filosofia e pouco conhecimento<br />
possuía dos fenômenos de apreensão de estilo. Mas a<br />
intuição me dizia que um mistério bem maior pairava sobre a<br />
psicografia do médium mineiro.<br />
Um longo hiato aconteceu entre a referência inicial e<br />
minha verdadeira aproximação da doutrina. Neste período,<br />
fiz o meu curso universitário, iniciei a vida profissional,<br />
casei-me. mudei-me do Rio de Janeiro para Campos.<br />
A dor da perda de minhas duas filhas - Analaura e<br />
Lenora - ambas em tenra idade, trouxe-me para a fé, à<br />
maneira daquela rês que só atravessou o rio, porque o seu<br />
bezerrinho havia sido levado para a outra margem, conforme<br />
conta o primeiro texto mediúnico que me tocou mais fundo o<br />
coração. Refiro-me à mensagem do menino Silvinho Lessa,<br />
dada através de Chico a seus pais, mostrando a finalidade<br />
daquele sofrimento familiar e exortando-os a atravessar o rio<br />
da incredulidade e alcançar a margem da fé.<br />
Em contato com os textos da multiplicidade de espíritos<br />
que se comunicam através da sensibilidade mediúnica de<br />
Chico - muitos dos quais escritores cujas obras terrenas me
são bastante conhecidas - pude compreender melhor a<br />
ingenuidade de se tentar explicar pelo "pastiche" o<br />
fenômeno.<br />
"Pastiche" é a imitação servil, a apreensão do estilo de<br />
outrem. Na França há uma coleção intitulada À la manière<br />
de (À maneira de...) em que um escritor menor imita<br />
declaradamente, e com perfeição, um dos grandes nomes da<br />
literatura. Acontece que é necessário o exercício de uma vida<br />
inteira, para se assenhorear de apenas um estilo alheio.<br />
Como explicar então o fenômeno estilístico de Chico<br />
Xavier?<br />
O seu Parnaso de Além-Túmulo é um desafio prodigioso<br />
que só a crença inabalável numa vida além da vida pode<br />
explicar. Pois, à maneira de acordes jamais dissonantes, e<br />
por misericórdia divina, a poesia também continua.<br />
Em 1974, quando alguns anos já haviam decorrido da<br />
partida de minhas duas filhas, meu marido também<br />
desencarnou inesperadamente, em conseqüência de<br />
traumatismo craniano sofrido num acidente automobilístico.<br />
Era uma data de especial significação, pois completávamos<br />
exatamente, naquele 7 de julho, 13 anos de casados.<br />
Escolhera-me a Providência para permanecer ainda neste<br />
mundo, na guarda dos três filhos pequeninos. Viajávamos<br />
todos no veículo acidentado e apenas meu marido e a<br />
dedicada ama de minhas crianças faleceram.<br />
Quase um mês após, quando ainda convalescíamos dos<br />
traumatismos físicos e espirituais, recebi inesperada<br />
mensagem enviada pela filhinha Lenora, que se valeu da<br />
mediunidade abençoada do Chico e da presença, em<br />
Uberaba, de uma grande amiga, Hilda Mussa Tavares, nos<br />
braços de quem havia desencarnado, aos cinco meses.<br />
77
Nunca poderia imaginar que minha filha, meu bebezinho<br />
doente, fosse agora um espírito amadurecido, que me vinha<br />
confortar com palavras tão justas, firmes e serenas.<br />
Se a sua mensagem consolidou a fé que eu já<br />
conquistara, a duras penas, é verdade, teve entretanto o<br />
mérito de trazer para o nosso campo doutrinários outros<br />
familiares que, à maneira daquela rês da história de Silvinho<br />
Lessa, ainda se mantinham renitentes na margem de lá.<br />
Minha sogra abraçou a doutrina e conseguiu transformar o<br />
grande desespero numa grande saudade.<br />
As mensagens de nossos entes queridos são páginas<br />
importantíssimas no nosso soerguimento. Dádivas<br />
consoladoras, testemunhos de fé, precisam ser divulgados<br />
para que, a maneira de lâmpadas acesas, possam espalhar a<br />
luz à sua volta. Mas é preciso completá-las com a dedicação<br />
aos livros doutrinários que, estes sim, são o caminho para a<br />
Verdade e a Vida.<br />
Na Escola Jesus Cristo a que me filiei por opção,<br />
aprende-se que as obras recebidas pela psicografia de Chico<br />
Xavier constituem matéria de cristalino saber, jamais<br />
maculado pelas imposturas da vaidade.<br />
Não sei o que teria sido de mim, se não houvesse<br />
encontrado um sentido justo para a dor que, por várias vezes,<br />
se abateu sobre minha vida. Creio que me teria transformado<br />
num ser egoísta, frustrado, ressequido interiormente.<br />
E, compreendendo que o meu sofrimento pessoal é<br />
apenas uma lágrima pequenina no oceano do pranto de<br />
resgate da humanidade, ponho-me a meditarem como<br />
estaríamos todos nós, se, há cinqüenta anos atrás, não se<br />
houvesse iniciado o mandato mediúnico de Chico Xavier?<br />
78
Que Deus o abençoe, Chico, e que sejamos dignos de<br />
merecer a continuidade do seu trabalho apostolar.<br />
79
80<br />
Maria José Caetano Marcondes<br />
...não prega a caridade e caridoso, não prega a<br />
paciência, e paciente...<br />
Desde mocinha, alimentava o desejo de conhecer<br />
Francisco Candido Xavier, o bom "Chico Xavier", como é<br />
popularmente conhecido. Mas, com o namoro, noivado,<br />
casamento, filhos e tantos afazeres domésticos, sempre fui<br />
deixando para depois.<br />
Entretanto, durante todo esse tempo - aproximadamente<br />
trinta anos - embora ouvindo sempre falar"do Chico, não<br />
havia lido nenhuma obra psicografada por ele.<br />
Em abril de 1975 (dia 29), perdi minha filha Maria Célia<br />
Marcondes, nascida em 27.9.1951.<br />
Era gêmea de Homero Marcondes, hoje médico,<br />
residente em Santos. Mas, infelizmente, Maria Célia não<br />
acompanhou os passos do irmão-gêmeo e tão querido. Pois,<br />
aos poucos, fomos percebendo - e também os médicos, com<br />
muita hesitação nos procuravam dizer - que Maria Célia<br />
apresentava deficiência física. A causa, segundo eles, era<br />
trauma de parto, uma vez que as crianças, além de gêmeas,<br />
eram de 7 meses, e a Maria Célia foi a primeira a nascer.<br />
A família foi aumentando: em 26.4.1954, nasceu Maria<br />
Helena; a 27.7.1956, os gêmeos Marcos e Marcelo; e no dia<br />
27.3.1958 veio ao mundo a nossa caçula Maria Elisa.<br />
Estávamos, então, com três meninas, as "Três Marias", e<br />
três meninos, Homero, Marcelo e Marcos.<br />
Com exceção de Maria Célia, todos fisicamente fortes e<br />
perfeitos, graças a Deus. Apesar de sua grande deficiência,<br />
posso dizer que Maria Célia nos deu de tudo, e nós também,
na medida em que a doença permitia, lhe proporcionamos<br />
tudo o que foi possível.<br />
Quantos anos! Quanto carinho! E, em troca, quantos<br />
agradecimentos recebíamos!<br />
Porém, digo-o com franqueza, sabíamos que, mais cedo<br />
ou mais tarde, perderíamos a querida Maria Célia. Os<br />
médicos preveniam e nós também, notávamos que ela,<br />
depois dos 13 anos, começava a definhar, sendo baldados<br />
todos os recursos da medicina.<br />
Chegou, então, o dia 29 de Abril de 1975, em que<br />
desencarnou.<br />
Maria Célia, posto que moça de 23 anos e 7 meses,<br />
sempre vividos em nossa companhia, mais parecia um anjo<br />
de 9 ou 10 anos.<br />
Apesar de preparados para esse triste desfecho, o nosso<br />
desespero foi total. O único consolo era pensar que ela havia<br />
partido para Deus, parando de sofrer (pois ela sofria<br />
horrivelmente).<br />
Em 29 de abril do ano seguinte, 1976, fomos todos à<br />
missa do aniversário de desencarne, celebrada na mesma<br />
capela onde seu corpo fora velado.<br />
Como foi triste! Quantas lágrimas! Que falta ainda nos<br />
fazia Maria Célia!<br />
E foi Maria Helena quem se incumbiu de pedir aos<br />
irmãos e parentes mais íntimos que fossem fortes, pois assim<br />
"a Mamãe e o Papai suportariam melhor".<br />
Porém, em momento algum, poderíamos pensar que,<br />
exatamente dois meses após essa missa - 29.6.1976 - estaria<br />
saindo da mesma capela o corpo da nossa tão querida e boa<br />
filha Maria Helena, que tanto nos confortara na perda de<br />
Maria Célia.<br />
81
Estava com apenas 22 anos, 2 meses e 2 dias, quando,<br />
em 28.6.1976, por volta das 15:15 hs., na estrada Mogi - Via<br />
Dutra, sofreu gravíssimo acidente, falecendo no próprio<br />
local, dentro do carro que dirigia.<br />
Não seria preciso dizer que o nosso desespero foi<br />
indescritível e pensamos que esse novo golpe seria<br />
insuportável.<br />
A verdade, todavia, é que "Deus numa nos dá uma cruz<br />
tão pesada, que não possamos carregar".<br />
Basta ter n'Ele muita fé.<br />
Não me lembro bem de como passamos o primeiro mês,<br />
após o desencarne, tantos foram os remédios e as injeções.<br />
Sei que pouco antes da missa de 30.° dia, fomos para o<br />
apartamento da nossa, então, futura nora, na cidade de<br />
Santos, onde seria celebrada a missa.<br />
Lembro-me de que, no dia seguinte, recebi o que<br />
considero o melhor presente de toda a minha vida, até então:<br />
o livro "Jovens no Além", de Chico Xavier, trazido por um<br />
grande amigo e colega de meu filho Homero, o ilustre<br />
médico Dr. Edson José Amâncio e sua digna esposa D.<br />
Dulciana, que residem também em Santos.<br />
Eu o li na mesma noite e tão grande foi a impressão que<br />
me causou que, na manhã seguinte, fui às livrarias e comprei<br />
"Entre Duas Vidas", " Voltei", "E a Vida Continua", além de<br />
diversas outras obras, todas psicografadas por Chico Xavier.<br />
Passei a viver de leitura.<br />
Conquanto católica, sempre acreditei na reencarnação.<br />
Realmente, como Deus, que é Pai de Suprema Bondade,<br />
poderia dar a seus filhos uma única chance, se nós, pais<br />
comuns, procuramos dar-lhes todas as oportunidades<br />
possíveis?<br />
82
Daí, veio o desejo e o firme propósito de conhecer<br />
pessoalmente Chico Xavier.<br />
Fomos a Uberaba em setembro e novembro de 1976 e em<br />
março e abril de 1977.<br />
Ficamos hospedados em residências de parentes do Dr.<br />
Edson, que é de Uberaba.<br />
E, graças a Deus, em todas essas vezes, tivemos a<br />
suprema felicidade de falar alguma coisinha ou apenas<br />
abraçar o Chico.<br />
Em abril deste ano (perto do dia em que Maria Helena<br />
faria 23 anos), ao me aproximar de Chico, eu chorava muito<br />
e não conseguia falar.<br />
Ele então perguntou-me: "Quem é o avô Caetano?"<br />
Respondi, ainda chorando: "o papai", ao que ele<br />
retrucou: "Não, o avô Caetano morto, Vicente Caetano`?"<br />
Fiquei pasmada, pois se tratava do meu bisavô, que<br />
desencarnou quando o papai tinha apenas 4 anos de idade,<br />
portanto, há 64 anos.<br />
Chico indagou ainda: "E o José Marcondes?" Respondi<br />
não saber.<br />
- "Pergunte ao seu marido", disse ele.<br />
Perguntei e transmiti a resposta: "José Marcondes era o<br />
avô do meu marido".<br />
Ainda nesse dia, o Chico perguntou à minha filha Maria<br />
Elisa, que estava sozinha num canto: "Filha, você é irmã das<br />
duas meninas Marcondes?"<br />
A Maria Elisa só pode acenar afirmativamente, tal a sua<br />
emoção.<br />
Mais tarde, ao vê-la novamente, ele falou: "Até logo,<br />
Maria Elisa".<br />
83
Ela, deslumbrada, veio perguntar-me se eu havia contado<br />
o seu nome ao Chico. Respondi que não.<br />
Sem conseguir me conter, achei um jeito de perguntarlhe:<br />
"Chico, por que você chamou a minha filha de Maria<br />
Elisa?"<br />
Essa pergunta, pensei depois, poderia parecer (mas<br />
longe de mim tal intenção) propositada para deixá-lo em<br />
dúvida.<br />
A sua resposta foi: "E que a Maria Helena toda hora me<br />
diz: "Chico, olhe a minha irmã, esta é a Maria Elisa".<br />
Nem sei dizer, quanta emoção! Quanta beleza!<br />
Casos assim, parecidos com este meu, que deixavam as<br />
pessoas abismadas, presenciei diversos!<br />
E nunca houve um caso sequer, em que o Chico ficasse<br />
atrapalhado ou confuso.<br />
Ao contrário, ele fala nas pessoas, dá recados e conselhos<br />
sempre com total firmeza.<br />
E uma coisa deveras linda e impressionante!<br />
Como o "Dia das Mães" seria em 8.5.1977, senti muita<br />
necessidade de estar em Uberaba.<br />
Por felicidade, no dia 6 sexta-feira, consegui me<br />
aproximes do Chico e ele disse: "Filha, a Maria Helena está<br />
com a tia Sinhá" (tia do meu marido desencarnada há 28<br />
anos) "e com o tão devoto Padre José" (vigário de Santa<br />
Isabel, há 18 anos desencarrnado).<br />
Fiquei atônita, uma vez que a lembrança dos dois,<br />
sinceramente, há muito que não passada pela minha cabeça<br />
e, ainda mais, não conheci tia Sinhá.<br />
O Chico continuou: "A Maria Helena me falou muito no<br />
noivo". Pensei: "Coitado do Toninho" (pois assim o<br />
chamávamos sempre). Chico disse então: “É o Agenor, não<br />
84
é?” Impressionada, pois nem me lembrei do nome completo<br />
dele, na hora, retruquei: "Agenor?" e ele respondeu: "Sim,<br />
Agenor Antonio".<br />
Comecei a chorar, eis que este é exatamente o nome dele.<br />
Nessa noite, estávamos presentes, meu marido, o nosso<br />
filho Marcelo e eu. Qual não foi o nosso contentamento e<br />
surpresa, quando soubemos que Maria Helena nos enviava<br />
uma mensagem maravilhosa, com detalhes impressionantes<br />
sobre o acidente e outras coisas, transmitindo recados da<br />
Maria Célia e agradecimentos. Que emoção! Que beleza!<br />
Continuamos sempre indo a Uberaba.<br />
A 23.6.1977 (próximo do primeiro aniversário de<br />
desencarne de Maria Helena), novamente estávamos no<br />
Grupo Espírita da Prece, em Uberaba: Homero, com a<br />
esposa, o noivo da Maria Helena, Marcos, Marcelo, Maria<br />
Elisa, Marco Aurélio (um primo, que é como um filho<br />
nosso), meu marido e eu.<br />
Outra surpresa belíssima nos aguardava. Era uma nova<br />
mensagem de Maria Helena, também maravilhosa, rica em<br />
detalhes e nomes.<br />
Nessa comunicação, entre outras coisas, ela disse que<br />
Maria Célia estava fazendo exercícios para poder escrevernos<br />
em breve. Disse até o nome da rua onde mora o noivo,<br />
que nem nós sabíamos de cor, datas, nomes, etc.<br />
Essas mensagens passaram a ser o nosso "Novo Mundo",<br />
e através delas recebíamos novas forças para continuarmos.<br />
Perto do aniversário da Maria Célia (em 27.9.1977 ela faria<br />
26 anos), fomos mais uma vez até o Chico. E, maravilha das<br />
maravilhas, na noite de sexta-feira, 23.9.1977, a Maria Célia<br />
nos enviou uma mensagem.<br />
85
Aqui convém ressaltar que Maria Célia nunca falou nada.<br />
jamais conseguiu segurar qualquer objeto, firmar o pescoço<br />
ou sentar-se, a não ser quando. em tratamento médico, usava<br />
a "coleira" e a "goteira", aparelhos que, por sinal, tanto a<br />
faziam sofrer.<br />
Era linda de rosto, mas de culpo torto e deformado pela<br />
doença.<br />
Nesse comunicado, cheio de minúcias, Maria Célia fala.<br />
entre outras coisas, da escadaria da Igreja-Matriz de Santa<br />
Isabel (escadaria enorme, com diversos patamares em cada<br />
lanço de degraus, para descanso). Fala do Monte Serrat, onde<br />
faz suas orações de agradecimentos à Nossa Senhora.<br />
Uma senhora presente, nossa amiga, D. Acácia Maciel<br />
Cassanha, perguntou-me: " Você a levava sempre a Santos?"<br />
Respondi: Não, por que? Ao que ela replicou: "É que ela fala<br />
no Monte Serrat". Mas esclareço que nos fundos da nossa<br />
casa, em Santa Isabel, existe uma elevação de terra, chamada<br />
justamente "Monte Serrat", e no seu cume há uma igrejinha<br />
dedicada à Nossa Senhora. Maria Célia sempre tomava sol<br />
num terraço, de onde se vê perfeitamente o Monte-Serrat e a<br />
igreja. Fiquei admirada, pois tudo isso nunca me passou pela<br />
idéia.<br />
Na mensagem, Maria Célia ainda fala na "Pedra<br />
Grande" local onde temos o sítio denominado "Três Marias",<br />
na Variante Santa Isabel - Via Dutra; conta como pode agora<br />
apreciar tudo tão bem; fala em Maria Helena e em outros<br />
familiares, tudo com detalhes verdadeiros e tão íntimos que,<br />
só Deus, na minha modesta opinião, poderia permitir<br />
psicografias assim.<br />
Não tenho o intuito de promover Chico Xavier.<br />
Primeiro porque ele não precisa. Segundo, ele não gosta.<br />
86
Todavia, como mãe que sofreu e ainda sofre, mas agora<br />
com mais resignação e esperança, principalmente após a<br />
leitura de "Jovens no Além", e agraciada que fui, por<br />
conhecer Chico Xavier e receber as mensagens, vejo-me na<br />
obrigação de dar o meu testemunho, puro e verdadeiro,<br />
contando alguns fatos que se passaram comigo e familiares.<br />
E, não ficasse ainda mais longa esta declaração, muito<br />
ainda teria a contar. Coisas bonitas, vistas e ouvidas por mim<br />
e muitos dos meus, graças a Deus.<br />
Chico Xavier é a personificação da bondade, da<br />
humildade e da tolerância. Impressiona, só de vê-lo.<br />
Agradeço a Deus a suprema dádiva de ser uma das<br />
pessoas que puderam conhecê-lo pessoalmente.<br />
Ele não prega a humildade - é humilde; não prega a<br />
caridade - é caridoso; não prega a paciência - é paciente: não<br />
prega a amizade - é amigo de todos e, principalmente,<br />
demonstra que sofre, com os sofrimentos de todos e a todos<br />
ama indistintamente.<br />
Tenho lido muito e vou a Uberaba sempre que posso. E<br />
quero dizer aqui: "Muito obrigada, Jesus Amado, por tudo o<br />
que vi, ouvi e, principalmente, por tudo o que recebi."<br />
Aparte do Doutor Dioscórides Marcondes dos Santos<br />
Freire.<br />
Depois do testemunho de minha querida esposa, cremos<br />
que pouco mais nos resta dizer, pois se fôssemos contar<br />
todas as mensagens que temos presenciado serem<br />
psicografadas; todo o amor, abnegação e paciência com que<br />
Chico Xavier recebe a todos, que o procuram<br />
indistintamente, nas horas difíceis, acreditamos que iríamos<br />
nos alongar demasiadamente.<br />
87
Só nos resta dizer de público, e de coração para corações,<br />
que depois de termos tido a felicidade de conhecer Chico<br />
Xavier, e após recebermos mensagens de nossas queridas<br />
filhas, psicografadas por ele, recomeçamos a viver.<br />
Nosso intuito e maior desejo são de que estes<br />
testemunhos vindos do fundo de nossa alma, possam servir<br />
de alento e coragem a tantos, que como nós sofreram e<br />
sofrem, procurando alguém que nos console e apóie, e<br />
depois que conhecemos nosso bondoso Chico Xavier e sua<br />
Doutrina, é que aprendemos que este alguém está sempre ao<br />
nosso lado, sem que consigamos vê-lo.<br />
Referimo-nos, é claro, ao Cristo que, nunca nos<br />
abandonando e nem nos esquecendo, está sempre presente.<br />
Hoje podemos afirmar, sem medo de errar, que o<br />
encontramos e esta aproximação nos trouxe ânimo, coragem,<br />
consolo. e porque não asseverar: vontade de viver, graças a<br />
Deus.<br />
E isto devemos a Doutrina e a Chico Xavier, o homem<br />
que só pratica a caridade, a bondade, ao lado do amor puro,<br />
sincero e desinteressado que a todos distribui.<br />
Se nossas palavras não foram capazes de traduzir todo<br />
nosso agradecimento por tudo de bom que temos recebido,<br />
poderá o nosso Chico Xavier com sua experiente acuidade,<br />
avaliar qual foi a emoção com que as escrevemos e quanto<br />
nos ficou ainda para dizer do nosso respeito, da nossa<br />
admiração por ele, e por tudo quanto representa aos nossos<br />
sentimentos e à Doutrina Espírita.<br />
E agora, todo o dia ao terminarmos nossas preces, passa<br />
a dizer com toda sinceridade que brota do nosso âmago:<br />
Muito obrigado, meu Jesus, somos felizes apesar de tudo,<br />
graças a Deus.<br />
88
89<br />
Mensagem de Maria Célia.<br />
Querida mãezinha, meu querido papai, minha querida<br />
vovó Esther, meus irmãos sempre lembrados.<br />
Tanta alegria se me expande do coração nesta hora de<br />
escrever que, em silencio, rogo a deus nos abençoe a todos.<br />
Não compreendo a felicidade que me toma de assalto.<br />
Nossa Maria Helena me ampara as mãos e os movimentos<br />
quase inadequados, para traçarem minhas noticias de<br />
agradecimentos.<br />
Não pensava que a nossa festa de aniversario fosse<br />
lembrada num ponto de interação entre dois mundos.<br />
Entretanto. Mãezinha, creio que o meu natalício seria<br />
melhor colocado naquele 29 de abril de minha partida.<br />
Creia, Mamãe, estou em lagrimas de gratidão. Mas louvo<br />
aquele recanto onde estive por tanto tempo, ouvindo os<br />
ensinamentos de Jesus, sem a possibilidade de comentá-lo.<br />
Vovó Esther, você recordará nossos diálogos em que a<br />
palavra era somente sua, mas o intercambio entre nós era a<br />
verdadeira, porque vocês e Mamãe, especialmente, me<br />
sabiam escutar as respostas com os meus modos e com os<br />
meus olhos.<br />
Bendito leito.<br />
Que seria de mim se pudesse ter vivido, ai na Terra,<br />
andando no passo dos outros? Sei que meu pai e minha mãe<br />
tudo fizeram para que eu tivesse a felicidade de Homerinho...<br />
Mas Homerinho foi sempre um grande rapaz, que devia<br />
caminhar para estudar muito e servir no Bem.<br />
Eu, no entanto, Mãezinha, nessa existência que o fim de<br />
abril fechou com chaves de paz, devia permanecer ali em
nossa casa, meditando no silencio do quarto...Às vezes, a<br />
principio chorava por dentro.<br />
Queria movimentar-me qual se estivesse dotado com os<br />
mesmos poderes de Maria Helena e de Maria Elisa e<br />
contrariava-me, pensando que Deus não fora meu amigo...<br />
Hoje, porem, compreendo quanto valor me felicitava<br />
naquela imobilidade recheada de pensamentos ativos. Não<br />
sei, Mãezinha, se você recorda que, aos poucos as suas<br />
palavras misturadas de paciência e carinho se entranharam<br />
em mim. Você me dizia que eu era a sua companheira de<br />
todas as horas e que eu havia nascido para ser um anjo...<br />
Mãe querida, em seu coração, era eu a perola que<br />
enfeitava a nossa casa, quando, gradativamente compreendi<br />
que estava em prova, atendendo as leis de Deus. Mas você,<br />
Mãezinha me falava com tanto amor que me vi na obrigação<br />
de asserenar-me.<br />
Lembro-me dos seus bons dias, das suas flores, das suas<br />
bênçãos. A imagem de Jesus no lindo quadro que aprendi a<br />
beijar, e depois de muita vaidade ferida – digamos assim<br />
para que eu não procure disfarçar os meus próprios<br />
sentimentos – um dia, somando em silêncio os seus carinhos<br />
e os gestos de amor de todos os nossos para comigo,a calma<br />
e a aceitação possuíram minha alma.<br />
Aprendi com v.c., Mamãe, a amar a Jesus, de tal forma,<br />
que eu já não queria levantar-me e ser igual às outras<br />
pessoas, porque desejava que Ele me encontrasse paciente,<br />
sem qualquer rebeldia. Graças a Deus tudo passou tão<br />
depressa que, em me voltando pata trás, desejaria estar em<br />
nossa casa ouvindo as suas palavras e vendo as meninas e os<br />
seus irmãos, sempre bem postos para sair.<br />
90
Recordo-me de tudo e também, de modo especial trago<br />
ao Paizinho e a Vovó o meu reconhecimento.<br />
Eu sei que Papai, nos tempos últimos, saia apressado de<br />
nosso grupo pensando em mim de olhos molhados.<br />
Como sou grata ao amor que todos me deram com<br />
tamanha dedicação! Todos estão em meu carinho e em<br />
minha gratidão de todas as horas. E desde que a nossa Maria<br />
Helena voltou para cá, observo que já somos as duas, com os<br />
familiares daqui, um pedaço de nosso grupo de santa Isabel.<br />
Mãezinha, ambas agradecemos ao seu esforço para restituínos<br />
as Leis De Deus! Sabemos como foram pesados as<br />
lagrimas de seus olhos.<br />
Cad gota era um retrato de imensa dor, derramando<br />
aflição em nossas saudades que eram tantas. Mas, desde que<br />
Maria helena conseguia darem as nossas noticias, você e<br />
Papai com todos os nossos se renovaram. Encontráramos<br />
uma ponte que não conhecíamos; a ponte que passou a nos<br />
ligar com outras pessoas que sofriam tanto quanto nós e, às<br />
vezes, mais do que nós. Papai e você, com Homerinho e<br />
Jacinta, Marcos e Marcelo, Maria Elisa, Marcos Aurélio e<br />
todos os nossos atravessaram o rio da diferença que<br />
praticamente isolava do mundo. Éramos felizes. Mãezinha,<br />
que não havíamos talvez aprendido a conhecer as dores dos<br />
outros. Mas vocês, o nosso querido, passaram a ver que<br />
havia meninas e moças atadas a leitos de sofrimento, que<br />
nunca haviam encontrado a migalha da felicidade que me<br />
proporcionava. E depois da vinda de Maria helena, a nossa<br />
família, seja em Santa Isabel, em São Paulo, ou em Goiás, se<br />
mostra profundamente aumentada. Mamãe, às vezes, penso<br />
que nos separamos para que o nosso amor fique maior.<br />
91
Quando a vejo, ao lado de uma criança incapaz de<br />
mover-se, noto os seus olhos me procurando nos pequeninos<br />
ou nas jovens desvalidas, como se a nossa ternura se<br />
encontrasse em cada uma delas. E agora, quando você e<br />
Papai, vovó e os meninos, encontram o noticiário de algum<br />
quadro triste em acidente de trânsito, sabemos Maria Helena<br />
e eu, que raciocinam na base da solidariedade, procurando<br />
por minha irmã naqueles que passam por semelhantes<br />
abalos.<br />
Continuemos assim, trabalhando em favor dos<br />
necessitados, mais necessitados que nós mesmos. Falo<br />
assim, porque ninguém existe que não precise de alguma<br />
cousa e, nem existe pessoa alguma que não possa doar<br />
migalha do que tem ou do que é, para a alegria do próximo.<br />
Agora, eu que aprendi a beijar a efígie de Jesus em casa,<br />
estou aprendendo com vocês a enxergar o Senhor em cada<br />
rosto de criança ou de pessoa adulta, marcado pelo<br />
sofrimento.<br />
Muito gratas estamos por tudo o que planejaram<br />
distribuir com os nossos bons amigos presentes, em<br />
lembrança nossa e em lembrança do nosso estimado<br />
Augusto, que ficou sendo para nós o irmão daqui.<br />
Deus os recompense! Transformaram nossas flores e<br />
nossos sequilhos, nossos vinhos e nossas refeições felizes em<br />
pães e agasalhos, em amor e esperança.<br />
Isso é felicidade verdadeira, porque, na Terra, a<br />
felicidade é sempre uma promessa de alegria permanente que<br />
só se vê permanente quando chegamos aqui, para<br />
compreendê-la e conquistá-la.<br />
Mãezinha, agora já posso subir as escadarias da Matriz<br />
ele Santa Isabel, com desenvoltura e, posso ir até a Serra<br />
92
Grande, escalando a Pedra Branca e a Pedra Grande para ver<br />
deslumbrada, a paisagem bonita que Deus nos concedeu para<br />
viver. E também atingir o Monte Serrat e fazer as orações de<br />
agradecimento na igreja de Nossa Senhora!<br />
Sinto-me leve, desatada de uma espécie de camisa de<br />
força. Decerto que não quero dizer que vivi prisioneira, mas<br />
apenas exaltar minha gratidão a Deus por are ver livre da<br />
imobilidade. Creia, porém, que é tanto o meu amor por você<br />
e por Papai que eu desejaria ter ficado aí, até o dia em que<br />
pudéssemos partir todos juntos. Mas o vovô Stamata me diz<br />
que isso resultaria em mal para nós, porque, sem a<br />
separação, não teríamos a mudança que a todos nos<br />
favoreceu.<br />
Tio Quito, o bisavô Santos Freire, o novo Stamato e<br />
muita gente boa me carregaram nos braços, quando saí do<br />
corpo.<br />
Se a saudade não existisse, eu diria que estou feliz, mas a<br />
saudade é a sombra da luz que passou em nós e por nós, sem<br />
se apagar.<br />
Maria Helena me recomenda dizer ao Papai que o amigo<br />
Fernando Garcia está hospitalizado, passando com boas<br />
melhoras, da névoa do corpo que deixou pura a claridade<br />
plena que o esperava... É assim mesmo... A vida espiritual é<br />
semelhante ao dia no alvorecer. Primeiro, umas riscas<br />
douradas no escuro da noite e depois a luz vai chegando<br />
devagarinho, até que o Sol se faça de todo. Agora neto posso<br />
ser mais extensa. Vovô Stamato diz que não devo abusar do<br />
tempo, mas creiam todos de casa que o tempo não existe<br />
para quem ama. Peço perdão se faltei com algum nome de<br />
família em minhas lembranças. Sou novata de escola e faço<br />
os meus exercícios primeiros.<br />
93
Mãezinha e Papai, recebam com vovó Esther, com Maria<br />
Elisa e com meus irmãos todos, sem esquecer a nossa<br />
querida Jacinta, todo o coração da filha que lhes deve tanto e<br />
que os ama e amará para sempre.<br />
Maria Célia<br />
94<br />
MARIA CÉLIA MARCONDES - Nascida em São Paulo, em 27 de setembro de 1951 ,<br />
desencarnada em Santa Isabel, em 29 de abril de 1975, com 23 anos e sete meses. Desde o<br />
nascimento Maria Célia apresentava grande deficiência física; nunca conseguiu se<br />
locomover, nem jamais se expressou verbalmente, não conseguindo também fazer uso das<br />
mãos pela total ausência do tato.<br />
PAIS - Dioscórides Marcondes dos Santos Freire e Maria José Caetano Marcondes.<br />
VOVÓ ESTHER - Avó materna, a quem Maria Célia muito queria.<br />
MARIA HELENA - Sua irmã, muito querida, nascida em São Paulo em 26.04.1954.<br />
Desencarnou em acidente na Mogi-Dutra, dia 28.06.1976. Foi sepultada exatamente 14<br />
meses após o desencarne de Maria Célia.<br />
HOMERINHO - Irmão gêmeo de Maria Célia.<br />
MARIA ELISA - Irmã caçula de Maria Célia nascida em São Paulo em 27.03.1958.<br />
JACINTA - Cunhada de Maria Célia, casada há nove meses com o Homerinho.<br />
Maria Célia tinha muito afeto por ela.<br />
MARCOS E MARCELO - Gêmeos. Irmãos de Maria Célia nascidos em São Paulo,<br />
em 27.07.1956.<br />
MARCO AURÉLIO - Primo em 2.° grau de Maria Célia. Nascido em Bebedouro em<br />
21.06.1953. Filho do Tio Quito Stamato, de quem ela fala. Foi criado por nós como filho e<br />
é tido como irmão de Maria Célia.<br />
AUGUSTO - Augusto Cezar Netto - nascido também em 27.09.1942 e desencarnado<br />
em 27.02.1968 na Praia Grande, jovem que tem mensagens em: "Entre 2 Vidas, "Jovens no<br />
Além". "Somos Seis" e diversas outras. Filho de Raul Cezar e Yolanda Cezar.<br />
VOVO STAMATO - Seu bisavô materno, pai da vovó Esther. Foi o fundador do<br />
Espiritismo na cidade de Bebedouro, mais ou menos em 1905.<br />
TIO QUITO (STAMATO) - Desencarnado em Bebedouro em 24.02.1962 pai de<br />
Marco Aurélio. Tio avô materno, de Maria Célia.<br />
BISAVÓ SANTOS FREIRE - Bisavô paterno, pai da avó dona Elisa Freire.<br />
Desencarnado em Mogi das Cruzes em 23.02.1927.<br />
FERNANDO GARCIA - Amigo de Maria Helena e dos irmãos de Maria Célia,<br />
desencarnado em acidente automobilístico em Mogi das Cruzes em 21.08.1977.
96<br />
Carlos Eduardo de Toledo<br />
... quero falar com Chico Xavier...<br />
Antes de mais nada, devo me apresentar: nasci na<br />
Cidade: de São Manoel, neste Estado, aos 16 de agosto de<br />
1914, passando residir em São Paulo desde 1918; fui criado<br />
na religião católica-apostólica-romana, a qual, aliás, é a de<br />
toda a minha família, estudei em dois colégios católicos, no<br />
Ginásio Municipal de São Joaquim, em Lorena e no Colégio<br />
São Luiz, desta Capital; cursei em seguida a Faculdade de<br />
Direito do Largo de São Francisco, na qual me formei em<br />
1936, exercendo, desde então, a profissão de advogado; e<br />
casei-me em 1940, com minha querida mulher, Olga de<br />
Toledo, também católica, de cujo consórcio tivemos três<br />
filhos: Heloísa, Antônio Carlos e Carlos Alberto, sendo que<br />
os dois primeiros já são casados e o caçula faleceu solteiro,<br />
aos 23 de dezembro de 1969, prestes a completar 21 anos de<br />
idade.<br />
Mesmo após o falecimento de nosso querido e amado<br />
fìlho, minha mulher não acreditava e nem se interessava pelo<br />
Espiritismo. Eu, entretanto, já há bastante tempo, em<br />
momentos de aflição ou desanimo, procurava conforto moral<br />
participando, vez ou outra, de sessões espíritas, das<br />
chamadas "Mesa Branca", em casa de amigos, pois, além de<br />
acreditarem Deus e em Jesus, também acreditava, como<br />
continuo acreditando, na comunicação com os Espíritos; até<br />
que um dia, um grande amigo e excelente colega, já falecido,<br />
Dr. Oswaldo Barreto, espírita dos mais eminentes e cultos,<br />
aconselhou-me a freqüentar ou estudar o Espiritismo<br />
kardecista.
Não cheguei, naquela época, a por em prática tal<br />
conselho. dado que, pouco tempo depois, minha vida e as de<br />
minha mulher e filhos foram abaladas por uma, para nós,<br />
terrível tragédia: nosso filho Carlos Alberto fora vítima de<br />
um acidente fatal, de motocicleta! Descrever o nosso<br />
sofrimento e as aflições pelas quais passamos em<br />
conseqüência dessa inesquecível perda, é realmente difícil,<br />
pois somente os pais, em situação semelhante. é que podem<br />
avaliar. Estávamos assim desesperados, quando uma pessoa<br />
caridosa nos encaminhou a casa de uma senhora espírita, Da.<br />
Zilda Giunchetti Rosin, cuja missão, por ter perdido, num<br />
desastre de automóvel, seus dons únicos e maravilhosos<br />
filhos, Drausio e Diogenes, além, da de doutrinação. em que<br />
é excelente, era e é a de consolar pais que perderam filhos e,<br />
com Da. Zilda começamos a conhecer a doutrina espíritacristã<br />
e a receber os primeiros ensinamentos, o que, afinal,<br />
muito nos ajudou, proporcionando-nos as primeiras<br />
resistências para enfrentarmos o desespero da separação de<br />
nosso amado filho; além de termos testemunhado, por duas<br />
ou três vezes em sua casa, durante a prece, a presença de<br />
seus dois filhos, através de leves estalidos de uma limpada<br />
elétrica instalada no teto de um dos compartimentos do<br />
pavimento superior; por tudo o que e o mais que adiante<br />
relato, muito devemos a Da. Zilda.<br />
Minha mulher, entretanto, continuou desesperada ainda<br />
por muito tempo e sempre desinteressada do Espiritismo, até<br />
que uma noite, passados uns três anus, ela surpreendeu-me<br />
com pedido repentino, dizendo-me: "Quero falar com Chico<br />
Xavier!". Respondi-lhe, então, que isso não era fácil, pois o<br />
Chico morava em Uberaba, cerca de 500 quilômetros de São<br />
Paulo, ao que ela disse: "Não tem importância, quero falar<br />
97
com o Chico Xavier neste fim de semana. esteja ele onde<br />
estiver." Não querendo perder tão inesperada oportunidade,<br />
mas não sabendo como chegar até ao Chico, lembrei-me de<br />
Da. Zilda e telefonei-lhe em seguida, a fim de solicitar-lhe<br />
uma apresentação, pois sabia que ela se dava com o Chico e<br />
tive outra surpresa: ela também iria a Uberaba e se<br />
prontificou a nos acompanhar lá, como de fato ocorreu.<br />
Assim, numa sexta-feira a noite, véspera do Dia das<br />
Mães, em 1973, na Comunhão Espírita Cristã, temos<br />
apresentados por Da. Zilda ao Chico Xavier! O nosso<br />
primeiro encontro com o Chico, como aliás sempre acontece<br />
com as demais pessoas no mesmo estado de desespero, como<br />
acontecia com minha mulher e também comigo, foi por<br />
demais emocionante! Mas o Chico, com aquela sua voz<br />
mansa e suave, como sempre fala com todos, foi um bálsamo<br />
para nossas almas e, antes de me ver, pois ainda não lhe fora<br />
apresentado, disse à minha mulher: "Não chore, minha filha,<br />
pois ao meu lado está um rapaz mandando um abraço para o<br />
Carlinhos!" Mas, se o Chico não sabia o meu nome, pois não<br />
tinha ainda sido apresentado e se muito menos sabia que, em<br />
família, sou chamado por esse diminutivo, tal recado já nos<br />
deixou atônitos! E não parou aí a nossa admiração. No dia<br />
seguinte, sábado, fomos novamente a uma sessão, menos<br />
numerosa e lá Da. Zilda recebeu, psicografada pelo Chico,<br />
uma longa e linda mensagem de seu filho mais velho,<br />
Drausio, que, como sempre, foi lida por ele e qual não foi<br />
nossa surpresa quando, a certa altura, dizia a mensagem:<br />
"Está aqui o jovem Carlos Alberto que manda um cravo<br />
vermelho para a sua mãezinha Olga. Ele está sendo assistido<br />
pelo irmão Arthur Toledo e pelo irmão Zoilo Simões"! Não<br />
pude conter minha emoção, pois além de ouvir o nome de<br />
98
nosso amado filho, ouvira também o do meu querido Pai,<br />
falecido em 1935 e, ainda o do Sr. Zoilo Simões, falecido<br />
alguns anos antes, conforme notícia que eu lera num jornal,<br />
vítima de acidente de automóvel. Mas o que surpreendia era<br />
o fato de que o Chico não sabia o nome de meu Pai e, muito<br />
menos, o do Sr. Zoilo Simões, pessoa, aliás, que eu não<br />
conhecera e que nunca vira, pois deixei São Manoel quando<br />
tinha quatro anos de idade e dele sabia apenas o nome, por<br />
ser o mesmo de antiga e respeitável família de minha terra.<br />
Mas não foi só. Logo em seguida nós e todos os presentes,<br />
inclusive o Chico, tomamos "passe" dado por algumas<br />
senhoras que adentraram o salão e, durante os minutos que<br />
permanecemos tomando "passe", o salão, de grande<br />
proporções, foi tomado de um forte e delicioso perfume de<br />
rosas, sendo eu informado que era da presença de uma<br />
entidade de luz, chamada Scheilla. E, assim que terminou o<br />
"passe", desapareceu o perfume como que por encanto...<br />
Esse fato, evidentemente sobrenatural, foi comentado pelas<br />
pessoas presentes, a maioria das quais vindas de fora,<br />
inclusive por nosso filho Antonio Carlos, que nos<br />
acompanhou em nossa primeira viagem a Uberaba. Nesses<br />
dois dias que lá passamos, tivemos a oportunidade de fazer<br />
grandes amizades, especialmente com aqueles que, em razão<br />
da dor, buscaram alívio junto ao Chico Xavier.<br />
A partir de então, passamos, de tempos em tempos, a<br />
freqüentar as sessões espíritas de Chico Xavier, em Uberaba,<br />
a princípio na Comunhão Espírita Cristã e, depois, no Grupo<br />
Espírita da Prece e a ouvir dele, em suas prédicas e em suas<br />
visitações e distribuição aos pobres, a doutrina espírita cristã,<br />
consubstanciada no "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e<br />
os seus ensinamentos sobre as virtudes que devemos praticar<br />
99
para o aperfeiçoamento de nossas almas, especialmente a<br />
caridade. Somente através de Chico Xavier e de seus<br />
edificantes exemplos, é que tivemos uma noção exata do que<br />
seja "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a<br />
nós mesmos". E também, através dele, é que temos recebido<br />
o conforto moral de que tanto necessitávamos, minha mulher<br />
e eu, face à perda corporal de nosso amado filho Carlos<br />
Alberto.<br />
À propósito, devo relatar ainda que, graças a Deus e a<br />
Jesus, recebemos duas maravilhosas e consoladoras<br />
mensagens de nosso filho Carlos Alberto, psicografadas por<br />
Chico Xavier: a primeira, na noite de 14 de junho de 1974 e<br />
a segunda, no dia 13 de setembro de 1975: mensagens essas<br />
que, a exemplo de tantas outras recebidas por inúmeras<br />
pessoas que perderam entes queridos, por conterem tantas<br />
particularidades, notadamente de família, completamente<br />
ignoradas por Chico Xavier, são uma prova evidente que o<br />
nosso amado filho, em espírito, está vivo e velando por nós.<br />
Fato também surpreendente ocorreu quando da última citada<br />
mensagem: após entregar-nos os originais da mensagem, o<br />
Chico me perguntou: "Você sabe quem é Giuseppe Sanzi"?.<br />
Indagando da razão da pergunta, Chico esclareceu: "É que o<br />
Carlos Alberto disse-me há pouco que ele está muito ligado<br />
ao ramo da família, da Itália." Não podendo esconder a<br />
minha admiração, pois todos os nossos amigos, inclusive o<br />
Chico, só nos conheciam em Uberaba, por Olga Toledo e<br />
Carlos Toledo, respondi-lhe: "Não sei, Chico, quem é<br />
Giuseppe Sanzi, mas tenho a lhe dizer que o meu sogro se<br />
chamava Affonso Sanzi e, portanto, Sanzi é o sobrenome de<br />
solteira de minha mulher." Em seguida, Chico perguntoume:<br />
"Existe lá em São Paulo uma Rua Pedroso?", ao que eu<br />
100
lhe respondi: "Sim, existe e eu moro na Rua Pedroso de<br />
Moraes",tendo o Chico dito então: "É isso mesmo, Pedroso<br />
de Moraes." "Porque essa pergunta?", indaguei. Respondeume<br />
o Chico: "Porque o Carlos Alberto também me disse que<br />
tem passado pela Rua Pedroso de Moraes e tem ouvido uma<br />
música do Roberto Carlos, que fala num amor inconstante,<br />
mas que o amor dele por vocês é constante." Essa música,<br />
que eu não conhecia, tentei saber qual era, em várias casas<br />
de discos de São Paulo, mas sem resultado, até que, tempos<br />
depois, minha netinha Fanny, que ignorava completamente<br />
aquele assunto, perguntou-me se eu queria ouvir a primeira<br />
música que ela aprendera ao violão: e tocou e cantou, para<br />
mim, uma das músicas de Roberto Carlos, chamada "Olha".<br />
que era aquela que eu tanto procurava...<br />
Naqueles dois primeiros dias que, em 1973, passamos<br />
em Uberaba, também conhecemos nossa grande amiga, Da.<br />
Yolanda Cesar, que igualmente perdera um de seus filhos,<br />
um lindo e forte rapaz, de nome Augusto, a quem muito<br />
devemos por todo consolo que temos recebido do Chico<br />
Xavier, pois a exemplo cio que tem feito conosco, é<br />
incansável em ajudar a todas as pessoas que se encontram no<br />
estado de tristeza, de aflição e de desespero, em que ela e nós<br />
estivemos, pelo que somos sumamente gratos a ela.<br />
E através de Da. Yolanda, viemos a conhecer e a<br />
freqüentar o Lar do Amor-Cristão, desta Capital, caridosa<br />
entidade kardecista, na qual, além de recebermos<br />
ensinamentos da doutrina espírita-cristã e de recebermos<br />
também os benefícios de "passes magnéticos", temos<br />
encontrado, em seus dignos e bondosos dirigentes,<br />
inestimáveis apoio e conforto moral.<br />
101
Feito o retrospecto de nosso relacionamento com o Chico<br />
Xavier, nosso querido irmão em Jesus, o Divino Mestre, o<br />
meu depoimento sobre a sua respeitável pessoa, pode ser<br />
assim resumido:<br />
Chico Xavier, que recentemente completou 50 anos de<br />
contínua mediunidade, fato por si só extraordinário, e que<br />
durante esse longo tempo, sempre assistido por Espíritos de<br />
Luz, só tem se dedicado a fazer o bem a todas as pessoas que<br />
o procuram, sem distingui-Ias se são ocas ou pobres, a par de<br />
ser um homem de extrema bondade, de notória integridade<br />
de caráter, de reconhecidas virtudes, entre as quais ressaltam<br />
a humildade, a paciência e a caridade. e de uma cultura geral<br />
e religiosa admiráveis, é um anjo de paz e amor que Deus<br />
enviou à “Terra! Felizes aqueles que tiveram ou têm o<br />
privilégio de se aproximar de Chico Xavier”.<br />
102
103
104<br />
Encarnação Blasquez Galves<br />
Reencontro de Corações<br />
Maio de 1959 data que recordamos com imensa alegria!<br />
Os bons ou maus momentos que passamos são sempre<br />
lembrados, pois, eles marcam nossa existência; são pontos<br />
definitivos de nossa vida.<br />
Maio de 1959 foi sem dúvida nenhuma um dos melhores<br />
momentos da vida do casal Galves.<br />
Galves e eu havíamos lido alguns livros psicografados<br />
por Chico Xavier e sentimos um desejo imenso de conhecer<br />
o médium que recebia páginas tão belas.<br />
Curiosidade, pensávamos naquela época; necessidade,<br />
reconhecemos agora. Eram os primeiros passos na<br />
abençoada Doutrina.<br />
Insegurança e intranqüilidade eram uma constância em<br />
nossas almas, principalmente na minha e não devo<br />
responsabilizar somente a mediunidade hoje tão querida por<br />
nós, mas, também ela oferecia campo para que a paz tão<br />
necessária não se fizesse presente em nossas vidas..<br />
Fomos a Uberaba em um pequeno grupo, mas sentimos<br />
que Chico muito depressa familiarizou-se conosco e nos<br />
dispensava uma grande atenção.<br />
Ele nessa oportunidade realizava peregrinações aos<br />
sábado às casas das famílias assistidas e nessas ocasiões as<br />
beneficiadas que nos recebiam ofereciam cafezinho e água<br />
que os bons espíritos perfumavam com muito carinho.<br />
Chico, delicadamente, logo chamava Galves e lhe<br />
oferecia café ou água perfumada.
Essa atenção despertou a curiosidade de todos os<br />
presentes, principalmente de Galves que ao recolher-se para<br />
o descanso dizia um pouco preocupado: "Nena, acho que eu<br />
vou morrer muito em breve, pois Chico dispensou-me tanto<br />
carinho, carinho esse que eu nada fiz por merecer".<br />
Estávamos longe de imaginar que aquela atenção<br />
representava trabalho e alegria futuros e que seria mais vida<br />
e não morte em nossa existência atual.<br />
Ao conhecermos Chico, Galves e eu, tivemos a<br />
impressão exata de que nos localizávamos no espaço e no<br />
tempo: nossos, olhos viam o fenômeno mediúnico, nossas<br />
almas sentiam a força do amor porque a própria<br />
materializava-se em forma de homem de pequena estatura e<br />
de gestos lentos, ensinando-nos como andar certos e seguros,<br />
sem tropeços. Estava diante de nós um homem de visão<br />
apoucada, mostrando as belezas de um mundo melhor, um<br />
homem que sem ter a beleza de um Apolo, parecia belo,<br />
muito belo, porque fez com que passássemos a ver as belezas<br />
do mundo terrestre, aquelas que quando se sofre não se<br />
consegue vislumbrar.<br />
Sentimo-nos nesse dia, mais esposa, mais mãe, mais<br />
filha, enfim, um ser que renascia diante de um pai espiritual<br />
que acabava de reencontrar.<br />
Sentimos uma atração imensa, uma afeição mútua e<br />
quando Chico Xavier tomou as mãos de Galves e as minhas<br />
e as beijou tivemos a certeza de que estas mãos já deveriam<br />
ter estado unidas num passado distante: foi como uma volta<br />
aos tempos longínquos e um despertar num presente sonora.<br />
Viemos para São Paulo transbordando de alegria e desde<br />
essa data acrescentamos em nosso álbum de família mais<br />
uma fotografia, pois a família Galves sentia-se enriquecida<br />
105
com este espírito de escol que a ela se integrava de forma tão<br />
sutil.<br />
Passamos a visitar Chico regularmente, talvez mais<br />
ávidos de presenciar fenômenos mediúnicos do que de<br />
receber conhecimentos espíritas.<br />
Certa vez, Chico, que não conheceu meu pai,<br />
desencarnado em 19.10.1932, transmitiu-me oralmente um<br />
recado que me comoveu, muitíssimo: Nena, seu pai, Senhor<br />
Nicomedes, esta presente e solicita seja dito a você que ele<br />
está muito feliz e que tem acompanhado a você em todas as<br />
suas tarefas e estudos espíritas, alcançando com você grande<br />
melhora e franco progresso, porque está aproveitando as<br />
luzes da Doutrina Espírita, em sua companhia.<br />
Essa notícia nos trouxe imenso reconforto.<br />
No decorrer desta amizade, que crescia com o tempo,<br />
fomos premiados com muitos fenômenos, mas junto também<br />
chegou o esclarecimento de maneira que pudéssemos avaliar<br />
o equilíbrio e a segurança do grande médium amigo.<br />
Testemunhar os fenômenos presenciados por nós, o que<br />
vimos, o que ouvimos de beneficiados pela mediunidade de<br />
Chico é praticamente impossível. São inúmeros os<br />
fenômenos ocorridos... Destacaremos para relato, um,<br />
ocorrido conosco:<br />
Repentinamente vi-me atacada de uma enfermidade que<br />
depois de larga peregrinação por consultórios e laboratórios,<br />
os médicos constataram ser uma doença de pele chamada<br />
Porocematose de Willian, enfermidade essa para a qual<br />
poucos recursos a medicina encontra.<br />
Fui visitada pelo Dermatologista que receitou uma<br />
medicação à base de vitamina A, que só poderia ser<br />
adquirida na Argentina. O remédio que pude ter disponível<br />
106
era insuficiente, pois as lesões eram bastante grandes nas<br />
pernas e cobriam todo meu braço.<br />
Usando-o, deu para uns dias apenas.<br />
Galves preocupadíssimo, comunicou-se com Chico ao<br />
telefone informando-o de meu estado. O médium após ouvilo<br />
atento, como sempre, recomendou-me uns medicamentos<br />
homeopáticos e disse ao Galves que o Doutor Bezerra de<br />
Menezes pedia que eu evitasse o sol.<br />
Passei a seguir tal recomendação, pois realmente a<br />
exposição ao sol aumentava as lesões, conforme constatei<br />
observando-me melhor.<br />
Terminado o remédio receitado pelo Dermatologista,<br />
mandamos preparar mais uma porção sem a sua supervisão.<br />
No prazo recomendado voltei ao consultório. Espantado<br />
com o meu estado, o médico indagou desde quando eu<br />
estava com a pele tão limpa das lesões e o que havia feito.<br />
Confessei a ele que havia mandado preparar mais<br />
medicação, mas ele não aceitou isso como suficiente para a<br />
cura visto que a primeira receita era preparada à base de<br />
álcool e a segunda fora preparada à base de solução aquosa<br />
com a vitamina A.<br />
Informou-me que nem uma nem outra seria suficiente<br />
para a cura de lesões como as que eu possuía, reafirmando<br />
que pouco ou nada havia para a cura efetiva dessa moléstia.<br />
Meu problema era um caso para estudo.<br />
O médico pediu-me que o visitasse periodicamente<br />
porque aquela melhora rápida para ele era um milagre. Isto<br />
ocorreu em janeiro de 1970.<br />
O processo das lesões levou apenas uns 20 dias para ser<br />
debelado. Conservo ainda algumas marcas das mesmas, mas<br />
fiquei completamente curada.<br />
107
Chico calou-se diante de todas as ocorrências, mas<br />
soubemos através de uma amiga que na noite em que Galves<br />
lhe telefonou, ao desligar o aparelho, grossas lágrimas<br />
correram dos olhos do querido amigo, ficou silencioso<br />
durante largo tempo e orou, orou muito por mim. Tenho a<br />
certeza de que Chico foi o meu protetor e avalista no mundo<br />
espiritual quando pediu por minha saúde.<br />
Se alguma possibilidade tinha eu de receber aquela<br />
bênção, quem pode duvidar que eu tenha recebido essa<br />
misericórdia do Alto por ter tido no Plano Espiritual um<br />
avalista como Chico Xavier?<br />
Agradecemos a Deus todas as dádivas terrestres e de um<br />
modo especial a de ter Chico Xavier como Mentor<br />
Espiritual, Encarnado.<br />
108
109<br />
Inayá Ferraz de Lacerda<br />
... a autenticidade de sua figura humana, o torna<br />
impor nesta admirável missão de amor...<br />
Carlos Augusto partiu para o plano espiritual numa<br />
radiosa tarde de setembro de 1951, mais precisamente<br />
domingo, dia 16. Tão jovem! Quinze anos e meio, cheio de<br />
vida, esperanças e projetos.<br />
Mas, conforme nos disse posteriormente, em Campinas,<br />
ou em qualquer outro lugar que se encontrasse, seria<br />
chamado ao testemunho. Era um débito coletivo adquirido<br />
na idade média... Por isso tantos, na flor da idade, naquele<br />
dia foram convocados ao cinema Rink, cujo teto desabou em<br />
plena matinê. A dor e o luto atingiram inúmeros corações,<br />
amargurando-os.<br />
Graças a Deus, já estávamos iniciados na consoladora<br />
Doutrina dos Espíritos. Suportamos estoicamente o golpe e<br />
tivemos de nos revestir de força redobrada, para<br />
sustentarmos o desespero do pai "cujo coração estava tão<br />
triste e escuro como uma noite sem estrelas" e só pensava em<br />
suicídio. Chegou a emagrecer vinte quilos em um mês. Em<br />
permanente cuidado e vigilância sobre meu marido,<br />
amparada pelo carinho e orações de nossos amigos,<br />
escoaram-se os últimos meses do ano.<br />
Em janeiro de 52, graças à bondade de nossa amiga D.<br />
Esmeralda Bitencourt, pudemos concretizar nosso grande<br />
desejo de conhecer pessoalmente o Chico, em Pedro<br />
Leopoldo.<br />
Recordo-me como se fosse agora do nosso encontro.<br />
Aguardava-nos à porta do hotel e quando descíamos a
escada, ouvimo-lo comentar com D. Esmeralda: mas ela é<br />
muito jovem ainda! Foi um encontro gostoso, como de<br />
velhos amigos que não se vissem há muito tempo.<br />
À noite assistimos a reunião no Centro Luiz Gonzaga.<br />
Quando entramos Chico chamou-nos e disse-nos que um<br />
rapaz nos acompanhava, descrevendo-o tão minuciosamente,<br />
que de pronto o identificamos. Receiosa, porém, de afirmálo,<br />
na dúvida dissemos não estar certa de quem se tratava.<br />
Ele parou um minuto se tanto e revelou-nos exatamente<br />
quem nós pensáramos: "ele diz que é o Antônio Peres."<br />
Esse rapaz fora casado com a sobrinha do Oswaldo, meu<br />
marido. Desencarnara em desastre de avião, que desapareceu<br />
nas serras de Petrópolis, sendo encontrado somente dois anos<br />
após. O fato de acompanhar-nos à entrada do Centro,<br />
constituiu admirável prova para nós. Na primeira mensagem<br />
de nosso filho, recebida no dia seguinte em reunião na casa<br />
de André, irmão de Chico, Carlos Augusto nos disse que "ao<br />
despertar no plano espiritual, estavam a seu lado algumas<br />
pessoas, reconhecendo entre elas de imediato, o Antônio<br />
Peres que o alertou com palavras amigas"... Surpreso, pois<br />
sabia-o morto, o Antônio revelou-lhe, a pouco e pouco, que<br />
ele também já se encontrava no outro plano da vida.<br />
Hospitalizado, assistido por André Luis e por seu avô<br />
paterno, Dr. Simeão Lacerda, também médico, passou seus<br />
primeiros tempos de saudade ansiosa, essa "carência do<br />
coração, essa fome de presença a que chamamos saudade"...<br />
Sua mensagem, linda, esclarecedor: e confortadora,<br />
trouxe-nos um pouco de paz ao coração. Seu espírito curioso<br />
e indagador, quando ainda no plano físico, lera Nosso Lar de<br />
André Luiz e outros livros da coleção infantil. Afirmou-nos<br />
que "as leituras que levou lhe serviram de muito. Facilitaram<br />
110
o entendimento de sua nova situação com uma clareza que<br />
nem sabia definir". Foram um tesouro, que não só<br />
representaram benefícios exclusivos para sua alma, como<br />
também para as dos dois companheiros de viagem: Carlos<br />
Balthazar e Benedito que buscaram junto dele novas luzes<br />
para seus espíritas.<br />
Pediu-nos que realizássemos um Culto de Evangelho no<br />
Lar, para que, "à sombra dessa arvore que plantaríamos<br />
juntos, enriquecêssemos nossos espíritos para a eternidade".<br />
Tão logo voltamos à casa, instituímos esse Culto<br />
abençoado, que teve início a 11 de fevereiro de 1952 e é<br />
realizado todas as segundas-feiras de 20 30 às 21,30 horas e<br />
que, decorridos 26 anos, vem sendo feito ininterruptamente,<br />
sem uma única falha.<br />
Voltamos a Pedro Leopoldo em setembro do mesmo ano,<br />
para a comemoração do 1.° aniversário no plano espiritual.<br />
Em sua mensagem, afirma-nos: "o amor venceu a morte" e<br />
mais adiante: "afinal de contas eu não morri. Estou mais vivo<br />
do que nunca e devo cumprir meus deveres para aumentar as<br />
minhas possibilidades de ajudá-los na jornada do mundo".<br />
Sobre o culto doméstico do Evangelho, diz-nos carinhoso:<br />
"sinto-me nele como num jardim. Abençoadas sejam as<br />
flores das preces e das conversações sadias que estamos<br />
plantando juntos"...<br />
Nessa estada junto ao nosso querido Chico, começamos a<br />
acalentar a esperança, de realizar reuniões de materialização<br />
com fotografias.<br />
Em dezembro estávamos de volta para concretizar o<br />
maravilhoso sonho. Na noite de 3 de dezembro de 1952,<br />
numa reunido especial no Centro Luiz Gonzaga, com cerca<br />
de oitenta pessoas, confrades e amigos de Pedro Leopoldo e<br />
111
Belo Horizonte, realizou-se a l.ª reunião de materialização,<br />
tendo como médium de cabine Francisco Peixoto Lins.<br />
Nossa amada Scheilla orientou tecnicamente toda a parte<br />
fotográfica. A chapa foi batida por meu irmão Henrique<br />
Lomba Ferraz fotógrafo amador, com a máquina Rolleiflex<br />
diafragma 8 - velocidade 1/100. Ignorávamos qual o espírito<br />
fotografado, de vez que ao bater a chapa, ao clarão do flash,<br />
diz meu irmão nada ter visto. além da parede branca da sala.<br />
Ao revelar, porém, o filme, em seu laboratório tivemos o<br />
deslumbramento e a emoção extraordinária de identificarmos<br />
nosso Gugu...<br />
Sobre essa foto maravilhosa, a primeira de espírito<br />
materializado tirada em Pedro Leopoldo com a presença de<br />
Chico, assim se expressa Carlos Augusto em sua mensagem<br />
de quatro de abril de 1953: "extremamente confortado com o<br />
auxílio de nossa querida Mãezinha Scheilla, de Nina, de<br />
Aracy e do nosso Peixotinho, agradeço a Deus a ventura com<br />
que pude ofertar-lhes meu retrato".<br />
Não satisfeito, porém com o tesouro que nos doara,<br />
programava outra foto, desta vez conosco - papai e mamãe -<br />
sem parecer fantasma, isto é sem ectoplasma aparente,<br />
conforme nos prometeu na mensagem de 16 de setembro de<br />
53: "contudo, prossigo nutrindo a esperança de nosso retrato<br />
juntos... nossos amigos daqui, notadamente Scheilla, podem<br />
harmonizar as vibrações entre a objetiva e a nossa imagem e<br />
daí a minha esperança de que estaremos unidos em breve<br />
para semelhante tentativa". Esta não se realizou, por<br />
circunstâncias alheias à vontade do plano espiritual.<br />
Houve contudo, outras reuniões de materializações com<br />
fotos, mais precisamente três, respectivamente em 7 de abril<br />
de 53, do espírito de Camerino, faroleiro em Macaé, Est. do<br />
112
Rio; em 16 de setembro de 53, do espírito de Ana, de<br />
Campos, Est. do Rio; em 13 de dezembro de 1954, do<br />
espírito de Pinheiros - 3 fotos batidas consecutivamente para<br />
demonstrar o efeito da luz destruindo o ectoplasma e<br />
finalmente, na mesma reunião a foto de uma amiga espiritual<br />
de Chico, encerrando a série de materializações.<br />
Nos 26 anos decorridos, desde o regresso de Carlos<br />
Augusto ao plano espiritual, visitamos nosso querido Chico<br />
todos os anos, eventualmente até duas vezes no mesmo ano e<br />
das 29 mensagens recebidas pelo seu carinho e bondade,<br />
todas constituem tesouros de afeto, dedicação e amor de<br />
nosso Gugu, num interesse permanente por nossos caminhos,<br />
nossas realizações, projetos e esperanças. Ausência presente<br />
em cada passo de nossas vidas, tem nos estimulado na<br />
perseverança acompanhando-nos nas lides de cada dia. A<br />
certeza deste amor, nos alimenta o animo e a coragem. "Não<br />
nos achamos juntos por acaso... embora afastado do plano<br />
físico prosseguirei com todos dia a dia"...<br />
A partir de 25 de janeiro de 1955 começamos a receber<br />
juntamente com as mensagens de Gugu, lindos sonetos do<br />
querido amigo espiritual Cruz e Souza, a quem estamos<br />
ligada no passado por laços de grande afeição.<br />
Esses encontros de setembro - nossa festa do coração -<br />
no dizer de Gugu, até 1958 em Pedro Leopoldo, e de 59 em<br />
diante em Uberaba, fora, na primeira fase, comemorados<br />
com preces, mensagens e bolo de aniversário, este por<br />
generosidade e carinho de D. Luiza, irmã de Chico, a quem<br />
devemos toda a gratidão pela delicadeza das homenagens.<br />
Tudo isso porque Carlos Augusto na mensagem do I.°<br />
aniversário assim se expressou ao terminar: "penso que, se<br />
fôssemos fazer um bolo, teria uma vela para apagar". Daí por<br />
113
diante, o bolo delicioso e belo, com data e flores, esteve<br />
sempre presente, comemorando a cada ano, mais um<br />
aniversário do seu retorno ao plano espiritual.<br />
Os encontros de Pedro Leopoldo e de Uberaba, até 29 de<br />
novembro de 1974 terminavam no avançar da norte, em<br />
reunião íntima com outros médiuns, nas quais nossa amada<br />
Scheilla, incorporada (em Chico), materializava flores como<br />
biscuit, cruzes com dizeres, colares e mantilhas de renda<br />
finíssimas, todos esses objetos iluminados e transparentes,<br />
impregnados de substâncias curadoras, com finalidade de<br />
tratamento, razão pela qual o grupo era sempre reduzido. No<br />
final recebíamos presentes de flores, conchas e pedras<br />
transportadas de longe. Carlos Augusto perfumava,<br />
encharcando-os, os lenços de todos os presentes e falava com<br />
cada um. O encerramento, pela nossa Scheilla, era sempre<br />
uma prece linda e comovedora que nos emocionava até as<br />
lágrimas.<br />
Tivemos provas sem conta de identificação de parentes e<br />
amigos queridos já no plano espiritual, os quais, através da<br />
admirável mediunidade de Chico, apresentavam-se a nós,<br />
por vezes ou quase sempre, para sermos mais precisos,<br />
quando nem pensávamos neles.<br />
Citaremos, num de nossos encontros à descrição para<br />
meu pai, da presença junto dele, de um espírito que se dizia<br />
muito seu amigo, descrevendo pormenorizadamente,<br />
inclusive as condições trágicas de seu passamento,<br />
identificando como Pedro de Oliveira - prefeito de<br />
Carangola, Est. de Minas.<br />
De outra feita, solicitando Oswaldo notícias de seu pai<br />
Dr. Simeão que há muito não se manifestava, Chico<br />
respondeu: acaba de chegar, em companhia do Dr. Homero<br />
114
Miranda Monteiro de Barros seu colega. A presença e<br />
sobretudo a citação por extenso do nome do colega de<br />
Oswaldo sensibilizou-o muitíssimo, porque este moço havia<br />
sido seu contemporâneo na Faculdade de Medicina do Rio<br />
de Janeiro, e muito seu amigo, desencarnado pouco tempo<br />
depois de formado.<br />
Como essas, outras sucederam-se inúmeras no decorrer<br />
de nossos encontros. Outros fatos curiosos aconteceram.<br />
Reportar-nos-emos a dois: Em sua casa em Pedro Leopoldo,<br />
numa tarde, conversávamos, quando de súbito aconteceu<br />
algo inesperado. O ar ficou fortemente impregnado de éter.<br />
Chico então nos disse: é o dr. Simeão que vem trazendo o<br />
espírito do Dr. João Francisco Paes Barreto, antigo Juiz de<br />
Direito de Carangola, para ser beneficiado por nossa<br />
Scheilla. Velho amigo de meu pai, que naquele momento<br />
desencarnava, sem que nós nem sequer o soubéssemos<br />
enfermo.<br />
Numa das reuniões de preces para o Gugu, ao encerrá-la<br />
Chico levantou-se para apanhar algo em seu quarto. Ao<br />
voltar. decorrido algum tempo, estranhando nós a ausência<br />
de Cruz e Souza, perguntamos por ele. Chico respondeu-nos,<br />
assentando de imediato à mesa, pegando lápis e papel: ele<br />
acaba de chegar e vai nos transmitir um soneto. Diz que seu<br />
atraso deveu-se ao fato de termos mudado o horário da<br />
reunião. Realmente a mesma fora marcada para a noite e<br />
antecipada para a tarde. Deu-nos então o admirável soneto<br />
"Falando ao Coração".<br />
Noutra ocasião, levamos para Chico ver, uma foto de<br />
Gugu - a última tirada para sua carteirinha de estudante - e<br />
absolutamente idêntica à da materialização. Era inverno e<br />
fazia um frio tremendo em Pedro Leopoldo. Tarde da noite,<br />
115
ao terminar a reunião de tratamento espiritual, à frente do<br />
porta-retrato de Carlos Augusto estavam enfileiradas quatro<br />
angélicas fresquinhas e orvalhadas "simbolizando as quatro<br />
letras da palavra AMOR" conforme disse Gugu através de<br />
Chico.<br />
Neste convívio admirável de 26 anos, no qual pudemos<br />
desfrutar todas as riquezas de bondade e carinho do coração<br />
do Chico, nossas palavras são inexpressivas e pobres para<br />
traduzirem todo afeto e gratidão que temos por sua<br />
maravilhosa pessoa.<br />
A seu exemplo permanente de fidelidade, no<br />
desempenho de seu mandato mediúnico, devemos este<br />
tesouro inestimável das 150 obras recebidas, que constituem<br />
o Evangelho do futuro, para toda a humanidade.<br />
O amor com que executa suas tarefas, esse amor vivido,<br />
sofrido e exemplificado junto a quantos o procuram em<br />
aflições e dores, o credenciam como apóstolo da 3.a<br />
Revelação. A autenticidade de sua figura humana rica de<br />
sentimentos diante dos sofrimentos, seu acendrado amor à<br />
Doutrina que vem exemplificando heroicamente em seus 50<br />
anos de mediunidade e vida pública, o tornam impar nesta<br />
admirável missão de amor.<br />
Cremos ser impossível conhecê-lo e, mais ainda, privar<br />
de seu convívio e de sua amizade, sem receber forte e<br />
benéfica influência. E nós não poderíamos fugir à regra. De<br />
1952 em diante, pelo pouco que relatamos do muito que nos<br />
foi dado fruir, presenciar e participar, nossa vida assumiu<br />
novos rumos, diante dos horizontes que se abriram ao nosso<br />
entendimento.<br />
Jamais teremos condições de retribuir o muito que lhe<br />
devemos. Nossas preces humildes e toda a filial ternura de<br />
116
nosso coração, esse quase nada é tudo que fala de nossa<br />
gratidão reconhecida e sem limites.<br />
Mensagem de Carlos Augusto<br />
Meu querido Papai,<br />
Minha querida Mamãe,<br />
Peço-lhes me abençoem no grande caminho.<br />
Correm os dias, incessantes... E o nosso coração, como<br />
um relógio de Deus, vai marcando os acontecimentos e as<br />
lutas, as alegrias e us dores, ns dificuldades e recordações.<br />
Um ano se foi... Na primeira hora, tudo parecia o<br />
desmoronamento completo. Quem nos visse, desolados,<br />
como nos achávamos, talvez acreditasse que a esperança não<br />
mais surgiria no solo de nossas vidas, mas a Providência<br />
Divina tudo renova para o bem e, com ela, nossas aspirações<br />
renasceram.<br />
O amor venceu a morte e com a graça de Jesus pude falar<br />
e puderam escutar-me. A fé ressurgiu luminosa e sublime e<br />
continuamos juntos. Poderia haver, Paizinho, outra alegria<br />
maior que essa - a de nos sentirmos unidos uns aos outros,<br />
acima da própria separação? Consulto meus desejos mais<br />
íntimos, minhas ansiedades ocultas e reconheço que não<br />
poderia conseguir, de minha parte, um tesouro maior...<br />
A sua tristeza amargava-me o espírito. Sem que o senhor<br />
pudesse recordar nas horas de vigília comum, seu<br />
pensamento me procurava, aflito, na vida espiritual,<br />
enquanto o corpo descansava na bênção do sono, como se o<br />
seu carinho me houvesse voluntariamente deixado numa<br />
floresta escura... Simplesmente porque me manifestara<br />
desejoso de permanecer no Rio, seu coração afetuoso julgou<br />
117
que a minha internação em Campinas teria sido um erro de<br />
nossa parte. Entretanto, depressa compreendemos com o<br />
amparo do Alto que a Vontade de Deus deve imperar sobre a<br />
nossa. Tudo aconteceu Papai, obedecendo a imperativos do<br />
nosso passado espiritual.<br />
Minha partida ou rainha vinda não poderia ser adiada. E<br />
quando o senhor entendeu comigo a necessidade da<br />
conformação, diante dos Desígnios Superiores, uma nova<br />
paz, me banhou a alma.<br />
Seu filho está feliz, tanto quanto é possível sermos<br />
felizes com a saudade no coração. Por sem intermédio,<br />
Mamãe querida, tenho conversado com Papai e com os<br />
nossos, influenciando indiretamente em nossas palestras<br />
habituais, a fm de que o bom ânimo não se afaste de nosso<br />
ambiente. Hoje, tenho a idéia de ver-lhe a alma carinhosa e<br />
devotada com mais acerto. Sei dos seus sonhos de bondade e<br />
dos seus anseios de comunhão com a Espiritualidade<br />
Santificante...<br />
Suas interrogações, Mãezinha querida, e suas meditações<br />
em silêncio guardam para mim uma grande voz. Tenhamos<br />
serenidade e confiança em Deus na travessia do grande mar<br />
da existência no mundo.<br />
Em torno de nossa embarcação há tantos náufragos<br />
tocados pela aflição e pela dor! Conservemos a coragem no<br />
coração. Ergamos a Jesus nossos olhos e sentimentos, dele<br />
esperando a segurança para as nossas realizações. Todos<br />
estamos em processo de redenção. Pouco a pouco,<br />
penetramos o domínio da Verdade e a verdade nos ensina,<br />
calmamente, as sua lições.<br />
Grandes amigos nossos me falam do pretérito que<br />
precisava converter em felicidade vitoriosa no futuro...<br />
118
Assim, pois, rogo-lhe muita fé na Divina proteção. No<br />
serviço aos nossos semelhantes, vamos descobrindo a estrada<br />
para os cimos de nossa elevação. Ainda mesmo ao preço de<br />
lagrimas e sacrifícios, avancemos para diante...<br />
Há momentos em que nossos pés sangram na marcha,<br />
contudo não desanimar e a condição de nosso triunfo.<br />
Ajudemos, como sempre, a Vovozinha querida em suas<br />
lutas. Tudo passa e tudo se renova...<br />
Não suponhas a senhora que eu não sinta a extensão dos<br />
nossos problemas espirituais. A desencarnação não nos<br />
confere a isenção da dor que aperfeiçoa e santifica sempre.<br />
Ainda agora, recebendo a minha alma, as lagrimas amorosas<br />
e as lembranças de papai, sinto que o pranto dele me arranca<br />
o mais intenso trabalho de aprimoramento. Preciso crescer<br />
em conhecimentos novos para auxiliá-lo<br />
Afinal de contas, eu não morri. Estou mais vivo do que<br />
nunca e devo cumprir meus deveres para aumentar as minhas<br />
possibilidades de ajudá-los na jornada do mundo. A<br />
evolução e nossa. O aprendizado nos pertence. Cabe-nos<br />
estudar e servir, lutar e enriquecer-nos de luz, tanto na terra<br />
como n ávida espiritual. Jesus não nos abandona. E nessa<br />
ardente certeza de que sermos amparados, seguirei para<br />
diante a procura de merecimento espiritual para ser-lhes mais<br />
útil.<br />
Aqui se encontra em nossa companhia o Vovô Simeão<br />
que sorridente nos pede coragem e valor para obtenção da<br />
vitória. Ele se rejubila com as melhoras que Papai vem<br />
experimentando e promete colaborar, como sempre, em<br />
nossa felicidade. O nosso amigo Aguinaldo, além de outros<br />
companheiros que também comemoram o primeiro<br />
aniversário de vida nova, partilha nossas preces desta noite,<br />
119
de pensamento voltado aos que deixou inquietos e saudosos<br />
no mundo. Já fizemos, todos juntos, as nossas orações e<br />
roguei ao Senhor concedesse aos amados paizinhos e à nossa<br />
casa feliz as bênçãos do seu infinito amor.<br />
Nosso Ronaldo ainda não se encontra bem reajustado<br />
para vir com bastante proveito. Ele é um herói, mas é muito<br />
difícil enfrentar as situações violentas com imediata<br />
serenidade. Acha-se muito bem assistido e tenho a impressão<br />
de que em breve tempo conseguirá reaproximar-se do<br />
ambiente familiar, sem comoções destrutivas. Esperemos a<br />
passagem dos dias, suplicando para ele o concurso dos<br />
nossos Maiores.<br />
Mamãe, os assuntos são tantos que Ihe peço perdão se<br />
não puder referir-me a todos. Não quero, porém, olvidar o<br />
nosso abençoado culto doméstico do Evangelho. Sinto-me<br />
nele como num jardim. Abençoadas sejam as flores das<br />
preces e das conversações sadias que estamos plantando<br />
juntos. Nossa amiga Nina tem estado sempre conosco.<br />
Espero que o nosso santuário prossiga sempre iluminado.<br />
Um dia, todos juntos, sob a árvore do amor triunfante,<br />
louvaremos nosso esforço de agora.<br />
Nosso Luiz Eduardo tem aproveitado muito as vibrações<br />
renovadoras de nossas orações e comentários cristãos. Jesus<br />
nos abençoe. Agradeço, com muito carinho, a presença do<br />
tio Ernani, da tia Elza e do nosso amigo Pedro em nossa,<br />
festa de corações.<br />
Penso que, se fôssemos, hoje fazer um bolo, teria uma<br />
vela por apagar. A vida espiritual é novo renascimento e<br />
conto com a alegria de prosseguirmos em nossas lembranças.<br />
A todos os nossos de casa, muito particularmente à<br />
Vovozinha, o meu abraço cheio de júbilo e reconhecimento.<br />
120
E reunindo-os em meu amor e em minha esperança, com<br />
um beijo de muito carinho, sou o, filho que os acompanha,<br />
reconhecido e feliz.<br />
Carlos Augusto<br />
121
122<br />
Francisco Candido Xavier<br />
1927<br />
8 de julho<br />
1977<br />
A FEDERAÇÃO ESPIRITA BRASILEIRA regozija-se<br />
com quantos, no Brasil e além-fronteiras, elevam a Deus as<br />
suas gretes de gratidão pelas bênçãos distribuídas na Terra,<br />
em forma de ensino e consolação, auxilio e roteiro, através<br />
da Mediunidade com Jesus.<br />
A CASA-MATER DO ESPIRITISMO, lembrando a data<br />
que assinala meio século de intenso labores de Francisco<br />
Cândido Xavier, no campo mediúnico ligado especialmente<br />
à, missão do livro espírita, deseja expressar, simbolizado no<br />
amplexo ao médium de Pedro Leopoldo e Uberaba, o seu<br />
carinho e apreço irrestrito a todos os médiuns, do passado e<br />
da atualidade, que deram e dão expressivas provas de<br />
dedicação ao trabalho do Senhor, sabendo renunciar e<br />
testemunhar, com valor e fé, no dia-a-dia, a excelência da<br />
mensagem do Espírito da Verdade, na restauração do<br />
Cristianismo do Cristo.<br />
Que a Paz do Senhor permaneça com o querido seareiro.<br />
E que Ismael o ilumine e proteja sempre.
123<br />
Joaquim Alves<br />
... Chico sempre foi para mim, pai, mãe, irmão e<br />
amigo ...<br />
Após experiências amargas na juventude em sombras e<br />
com a partida de minha inesquecível progenitora para o<br />
mundo maior, encontrei a luz através do Apóstolo do<br />
Espiritismo - Léon Denis, em sua obra: No Invisível.<br />
Nos primeiros contatos com a obra dos Espíritos,<br />
codificada pelo gênio admirável de Allan Kardec, e, pela<br />
obra psicografada de Francisco Cândido Xavier, penetrei o<br />
mundo maravilhoso de André Luiz. A leitura despertou-me o<br />
imenso desejo de estarem Pedro Leopoldo.<br />
Pelos idos de janeiro de 1952, aproveitando a época de<br />
férias, viajamos com nosso caro amigo José Bissoli, no<br />
ensejo de conhecermos Chico e o seu trabalho.<br />
Ao chegarmos à cidade de Pedro Leopoldo, procuramos<br />
André, seu irmão; que nos informou estar Chico trabalhando<br />
na fazenda Modelo. A tarde, após o almoço, Chico nos<br />
procurou no hotel onde estávamos hospedados. Ao se<br />
apresentar, foi aquele abraço comovido como se<br />
abraçássemos alguém que se ausentasse por longo tempo...<br />
voltando ao coração.<br />
Acontecimentos extraordinários se verificaram no<br />
decorrer dos anos, no convívio com o generoso e querido<br />
amigo, que não cabem nestas rápidas linhas.<br />
Desde os primeiros instantes de convivência, fatos, dados<br />
e detalhes inúmeros aconteceram e acontecem no mundo<br />
mediúnico do Chico, que deram livros e livros, autenticando<br />
as faculdades paranormais do amigo querido.
Chico é o grande elo após a figura valorosa de Allan<br />
Kardec, a continuar as tarefas de cristianização deste<br />
formoso planeta. Penso, que após ele virão outros tarefeiros<br />
a consolidar as luzes do Consolador Prometido. Emmanuel<br />
por exemplo.<br />
Nestes 26 anos de convivência com o prezado amigo<br />
Chico Xavier, nos valem por 26 anos de universidades em<br />
todos os currículos da vida. Chico sempre foi para mim, pai,<br />
mãe, irmão e amigo. Um mundo energético de amor.<br />
Nestes cinqüenta anos de mediunidade em que se<br />
comemora a presença do trabalho de Chico Xavier, auguro<br />
para que os fatos de sua mediunidade, ainda para as décadas<br />
futuras, em que, a nossa alegria esboça o desejo de trazer a<br />
público os diversos acontecimentos de que fomos<br />
testemunha, e que serão publicados em futuro breve, se a<br />
Bondade Divina nos permitir.<br />
Com a permissão dos amigos leitores, abaixo junto a este<br />
testemunho a mensagem enviada pelo espírito de minha mãe,<br />
Maria do Rosário, na presença do nosso amigo José Bissoli e<br />
de minha irmã Cândida Alves Arnoldi.<br />
Mensagem de Maria do Rosário<br />
Meus filhos, Deus nos abençoe.<br />
Nada mais reconfortante para o coração materno que a<br />
alegria de reunir no regaço os filhos queridos. Cabem vocês<br />
nos meus braços? Cabem sim. Um à direita, outro à esquerda<br />
e o meu coração repartido. Saudade! Quem saberá o que<br />
significa esta doce palavra, mais que as mães supostamente<br />
mortas?<br />
124
Venho agradecer a vocês dois as lembranças carinhosas<br />
de domingo passado. Quase que estive com vocês dois, todo<br />
o dia, tamanhas foram as vibrações de ternura com que me<br />
cercaram. Deus recompense a vocês dois por todas as<br />
bênçãos com que me iluminaram a alma. Aquilo, meu<br />
querido Quim, que vocês fazem em meu nome, é como se eu<br />
mesma estivesse no amor que sabem estender com Jesus.<br />
Filha querida, tenho ouvido suas lágrimas de dentro.<br />
Ouvir lágrimas rim. As mães ouvem. Eu sei que você está<br />
carregando um fardo muito pesado de angústia, desde que<br />
Maximina voltou. Às vezes, apesar dos amores que<br />
enriquecem os seus dias, você se sente só. Não pense assim.<br />
Nunca estivemos tão juntos, quanto agora. Meus filhos estão<br />
comigo como se nunca nos separássemos. Cândida, o esposo<br />
chegou em boas condições, mas ainda permanece em<br />
restauração. Convalescença natural, depois de longo tempo<br />
sob cuidados na Terra mesma. Nossa querida Maximina,<br />
porem, conquanto haja regressado para cá, há menos tempo,<br />
a meu ver está melhor do que eu mesma. Tranqüila,<br />
fortalecida. Vocês perderam a presença material dela no<br />
mundo, em meu beneficio. Ela se achava tão doente, sem<br />
que vocês percebessem! Tão doente, que pedimos a Nosso<br />
Senhor nos permitisse trazê-lo para nós. O corpo se mantinha<br />
de pé com dificuldade, porque minha filha sabia superar os<br />
próprios impedimentos físicos.<br />
Creiam que a vida, de improviso para v.c., foi uma<br />
benção que os nossos benfeitores conseguiram em nosso<br />
auxilio. Talvez sem isso, devesse minha filhinha suportar<br />
alguns meses de sofrimento desnecessário. Compreendi,<br />
querida Candinha, que você sofreria muito com a separação<br />
rápida, mas confiamos em sua fé. Agora, nossa casa aqui<br />
125
está crescendo. Temos nosso novo lar a erguer-se. Desejo a<br />
vocês vida longa na Terra, tão longa quanto nos seja possível<br />
receber do Senhor, mas espero um dia, receber vocês em<br />
meus braços.<br />
Vocês podem avaliar a minha felicidade quando vi<br />
Maximina em meu colo. Senti-me na condição de ave que<br />
achara uma filha, há tantos anos, longe do ninho!... Oh!<br />
Senhor! Quem na Terra, antes da Vida Espiritual conseguirá<br />
saber o que seja a felicidade dos que se reencontram depois<br />
da morte? Maximina já pode colocar benditas obrigações<br />
sobre os ombros e já vem auxiliando a vocês. Parece<br />
inacreditável, mas nos duas estamos plantando flores e<br />
renovando a moradia espiritual. Gloria a Deus pelas alegrias<br />
que me concede. À medida que a família humana esvazia a<br />
residência terrestre, aumenta-lhe a verdadeira vida os<br />
componentes no Plano Espiritual.<br />
Quim, meu filho, muitos amigos daqui estão empenhados<br />
em auxiliá-lo para o trabalho novo. Eu, sem alcançar mais<br />
profundamente o que desejava, peço a Deus abençoe você,<br />
onde você estiver. Que tudo seja benção e alegria, paz e<br />
felicidade onde você pise. Comigo esta o nosso caro Joaquim<br />
igualmente reconfortado por saber que a nossa Maximina<br />
esta bem. Abraça-os com a renovação espiritual em que se<br />
felicita.<br />
Filhos queridos, quero prosseguir e não posso...<br />
Agradeço a Jesus os recursos com que escrevo... Não tenho,<br />
até agora, tanto habito ou tanto jeito para isso. Se eu pudesse<br />
em vez de letras, traria flores e com as flores os beijos de<br />
ternura que lhes dou em pensamento e lembrança de todos os<br />
dias<br />
126
Minha filha, cuide de você, defenda sua saúde. Não deixa<br />
a saudade transformar-se em desejo de vir para cá. Recorde<br />
a necessidade da sua presença entre os nossos. Espere com<br />
paciência. Você e Quim são a nossa presença aí, tanto quanto<br />
somos aqui a representação de vocês. Continuemos unidos.<br />
O amor é a ponte sobre os abismos da morte, o nosso fio de<br />
ligação permanente.<br />
Vocês falam e nós ouvimos. Respondemos e vocês<br />
ouvem. Coração a coração, pensamento a pensamento. Amor<br />
é a força que nos guia tanto de perto, quanto de longe.<br />
Vivam aí para Jesus com todos.<br />
Quanto possam, façam o bem.<br />
O bem é a única moeda que não sofre alteração na vida<br />
Real. Trabalhar, servir, auxiliar, abençoar... Com essas luzes<br />
a nossa viagem para o reencontro em Jesus será uma bênção.<br />
Amados filhinhos, Deus nos abençoe.<br />
Com vocês, a alma e a vida, a saudade e a esperança da<br />
mamãe reconhecida e feliz.<br />
Maria do Rosário<br />
127
Impressões palmares colhidas em 1937 pelo Professor Manuel Paes de Almeida, da<br />
mão de Francisco Candido Xavier e impressas em seu livro "Sua Alma, Sua Palma."<br />
128
129<br />
Maria Eunice Meirelles<br />
...Chico foi sempre profundamente vinculado à<br />
família, que ele sempre tratou e trata com enorme<br />
respeito e profundo amor...<br />
Achava-me ainda num colégio de meninas de Curso<br />
Ginasial, quando conheci Chico Xavier, através de rumoroso<br />
processo judicial movido contra ele e a Federação Espírita<br />
Brasileira pela família do escritor Humberto de Campos, em<br />
1944.<br />
Acompanhei com muito interesse todas as fases do<br />
processo, através da imprensa e admirei-me ao saber que ele<br />
entregava tanto quanto entrega ainda hoje, todos os livros<br />
psicografados por ele, gratuitamente, aos editores espíritas<br />
para divulgação e serviços de beneficência. Como era de se<br />
esperar a Justiça Brasileira na ocasião deu ganho de causa ao<br />
médium e à respeitada instituição sediada no Rio, então<br />
Capital da República.<br />
Desde a ocasião em que nos referimos acompanho as<br />
atividades mediúnicas de Francisco Cândido Xavier com<br />
absoluta pontualidade.<br />
Muitos casos, oriundos de sua mediunidade, tivemos a<br />
felicidade de presenciar e, receber diversos recados dos<br />
Benfeitores Espirituais, consolando-nos pela perda dos entes<br />
queridos, como por exemplo, o que em seguida<br />
reproduziremos.<br />
À nossa querida irmã e companheira de ideal, Maria<br />
Eunice, trazemos as notícias de nossa cara Iná, que se<br />
encontra em repouso terapêutico para a restauração integral<br />
das próprias forças. Conta com o apoio espiritual da
companheira, e tem recebido todos os suportes mentais que a<br />
sua dedicação lhe endereça em forma de assistência<br />
espiritual.<br />
Em março de 1976 fui testemunha da afirmativa da Sra.<br />
D. Aparecida Conceição Ferreira, fundadora do Lar da<br />
Caridade, ex-Hospital do Pênfigo, na cidade de Uberaba, que<br />
declarou, de público haver recebido a importância de Cr$<br />
140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros) das mãos de<br />
Francisco Cândido Xavier, importância esta que lhe fora<br />
doada pela Sra. D. Ida Góes, residente à Av. Oswaldo Cruz<br />
n.° 70, no Rio, para que fosse aplicada em favor dos nossos<br />
irmãos doentes na citada instituição. Impressionada com o<br />
assunto procurei saber o número do recibo de D. Aparecida<br />
Conceição Ferreira, conforme devia constar no Cadastro do<br />
Imposto de Renda e posso informar aos interessados que<br />
esse recibo tem o n.° 768, datado de 1976.<br />
Sou ainda testemunha pessoal de haver o Chico entregue<br />
a dádiva de cem alqueires de terras, que lhe foi feita por D.<br />
Consuelo Caiado, residente na antiga Capital de Goiás,<br />
doação essa da qual ele entregou metade à Comunhão<br />
Espírita Cristã de Uberaba, e a outra metade a uma comissão<br />
de espíritas distintos para a fundação do "Lar Fraternidade"<br />
na ex-metrópole Goiana. Considerando-se que em 1975, data<br />
da doação, essas terras valiam Cr$ 20.000,00 (vinte mil<br />
cruzeiros) por alqueire. Chico entregou espontaneamente<br />
dois milhões de cinzeiros para ambas as casas assistenciais.<br />
Ainda em 1975, em dezoito de dezembro, participei de<br />
uma reunião em que a senhora Dona Margarida<br />
Magnabosco, residente na cidade Paulista de Santa Rita do<br />
Passa Quatro, ofertou a Chico Xavier a quantia de Cr$<br />
50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros), como presente de Natal,<br />
130
mas o médium conquanto agradecesse essa elevada<br />
importância, pediu que a mesma fosse confiada a uma<br />
comissão de espíritas da aludida cidade, para a criação da<br />
"Cantina Dalila" em que cada criança aí pudesse tomar<br />
diariamente um copo de leite. Até mesmo na aludida reunião<br />
formou-se a comissão composta do Senhor Brasil de Souza<br />
Prado e Senhora e do Sr. Flavio Camargo e Sra. e de Dona<br />
Elza de Camargo, residentes na mencionada cidade, sendo<br />
que esta Cantina já está funcionando com a distribuição de<br />
300 copos de leite por dia, para as crianças de Sta. Rita.<br />
Observando esses fatos, convidamos à atenção dos<br />
leitores para o estudo vivo da mediunidade e do<br />
desprendimento que conheço pessoalmente em Chico<br />
Xavier, nosso querido orientador.<br />
Sobre os fenômenos mediúnicos, de que a mediunidade<br />
de Chico Xavier tem fornecido amplos testemunhos. deixo o<br />
assunto a outros amigos nos depoimentos que naturalmente<br />
prestarão e também sus arquivos da imprensa.<br />
Com respeito ainda à vida de Chico Xavier, a leitura ou<br />
releitura da coleção do "Reformador", mensário da<br />
Federação Espírita Brasileira, do ano de 195H, em cujas<br />
páginas se pode obter amplo noticiário alusiva ao jovem<br />
Amauri Pena, desencarnado em junho de 1961 (notícia essa<br />
que também pode ser obtida na coleção do "Reformador" de<br />
1961) pode elucidar, a nosso ver, a transferência de<br />
Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo para Uberaba,<br />
já que Chico foi sempre profundamente vinculado à família,<br />
que ele sempre tratou e trata com enorme respeito e profundo<br />
amor.<br />
- Gostaria de passar a palavra ao meu esposo, Dr. Celso<br />
de Souza Meirelles, que poderá relatar fatos importantes<br />
131
sobre a vida do nosso querido médium Chico Xavier, pois<br />
também acompanha as obras e o trabalho do prezadíssimo<br />
amigo desde 1947, quando também participou no setor de<br />
trabalho nas exposições do Ministério da Agricultura,<br />
referentes à Pecuária Mineira,juntamente com o Dr. Romulo<br />
Joviano, na qualidade de Médico Veterinário e juiz das<br />
Exposições Pecuárias.<br />
Em 1947, segundo informações da família do Sr. Fred<br />
Figner, que foi um apóstolo espírita da caridade no Rio de<br />
Janeiro, esse amigo legou ao Chico a importância de cem mil<br />
cruzeiros, a que ele renunciou pedindo às filhas do Sr. Fred<br />
Figner, entregassem a importância em beneficio do<br />
Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira,<br />
departamento este do qual o Sr. Fred Figner foi um dos<br />
fundadores. Note-se que o médium na ocasião recebia o<br />
vencimento mensal na repartição em que trabalhava de<br />
"duzentos e cinqüenta cruzeiros" por mês, quando os juros<br />
dos cem mil cruzeiros lhe dariam Cr$ 500,00 mensalmente.<br />
Em 1948 Chico Xavier foi presenteado com a<br />
importância de cinqüenta contos de réis, pelo nosso confrade<br />
já desencarnado Coronel Arlindo Ribeiro, residente em<br />
Santos, Est. de São Paulo, a Rui Azevedo Sodré - 91 ,<br />
conforme informação do Doutor Romulo Joviano, meu<br />
amiga, então chefe do médium em Pedra Leopoldo. Chico<br />
entregou a mencionada quantia em favor do Centro Espírita<br />
Luiz Gonzaga para compra e construção da sede do referido<br />
centro, em Pedro Leopoldo - Minas, plenamente desprendido<br />
da idéia da posse.<br />
132
133
134<br />
Suzana Maia Mousinho<br />
... sua obra inegavelmente é destinada a atravessar os<br />
séculos ...<br />
Foi no ano que os meus filhos foram para a Escola<br />
Preparatória de cadetes, em São Paulo. Para mim, que nunca<br />
havia me separado deles foi uma morte-lenta. Tudo fiz para<br />
ocultar deles o meu sofrimento. Contudo, quando os vi<br />
partir, adoeci seriamente. O organismo recusava-se aceitar a<br />
alimentação e tudo era devolvido pouco tempo depois da<br />
ingestão. Fiquei assim um ano, até que uma colega de<br />
repartição convidou-me a ir ver Chico Xavier.<br />
Não o conhecia. Alguém já me havia emprestado um<br />
livro psicografando pelo querido médium. A leitura fez-me<br />
muito bem. Tratava-se de André Luiz, e muito chorei ao ler,<br />
identificando, de pranto, com o Espírito.<br />
Conheci Chico Xavier no dia 8 de novembro de 1957,<br />
em Pedro Leopoldo, Minas, levado por uma colega, a quem<br />
devo esta benção. Em Pedro Leopoldo, sem perda de tempo,<br />
as 19hrs fomos para o Centro Espírita Luiz Gonzaga. Poucas<br />
pessoas lá estavam. Chico de pé, na cabeceira de uma longa<br />
mesa, atendia uma senhora. Nem sei explicar o que se passou<br />
quando o avistei. Parei um pouco hesitante e muito<br />
emocionada. Como percebeu o que se passava em meu<br />
coração, olhou em direção a porta, parou a conversa e disseme.<br />
“Suzana, eu já a estava esperando”. Minha emoção<br />
atingiu o auge, e chorei copiosamente no abraço de Chico.<br />
Na verdade já não sabia o que desejava conversar com ele,<br />
nem mesmo como começar qualquer assunto. Eles, tomando<br />
a palavra, começou a falar sobre a minha vida, referindo-se
aos meus sofrimentos e até calunias por mim sofridas, com<br />
pormenores que jamais alguém conhecera, desde que tudo<br />
ficara no silencio do meu coração. Foi uma conversa<br />
altamente confortadora para mim. No final me disse que o<br />
Espírito de Emmanuel ali presente, pedia que lesse para mim<br />
determinado trecho de uma Epístola de Paulo a Timóteo cap.<br />
4:14, que diz: "Alexandre, o latoeiro, me fez grande mal,<br />
mas Deus o recompensará segundo as suas obras". Terminou<br />
dizendo: "Não é que se deseje o mal de ninguém, minha<br />
filha, mas isto é da Lei"<br />
Nessa viagem fiquei 3 dias em Pedro Leopoldo e, pelo<br />
meu gosto, não teria saído mais de perto do Chico. Creio que<br />
será desnecessário dizer que voltei completamente curada e<br />
inteiramente renovada, espiritualmente falando.<br />
Este livro não seria suficiente se fôssemos relatar tudo o<br />
que Deus nos tem permitido observar e aprender ao lado do<br />
Chico. Relatarei um caso que ficou gravado até hoje em<br />
minha tela mental. Certa vez lanchávamos em companhia de<br />
Chico, em Uberaba, quando ele passou às minhas mãos uma<br />
xícara de café. Em pleno dia, houve então impressionante<br />
fenômeno de efeitos físicos; vi, altamente surpreendida, que<br />
os seus dedos brilhavam e como se fossem de cera a<br />
derreter-se em contato com o calor, começou a jorrar<br />
perfume. O café ficou perfumado e o chão respingado de<br />
agradável perfume que invadiu a sala toda. Ele ocultou a<br />
mão, meio sem jeito, e eu perguntei: Chico, o que você sente<br />
quando isto acontece?! Respondeu-me: "Sinto vergonha,<br />
minha filha!" Este fato, no meu entender, fala por si só, da<br />
humildade e da estatura espiritual desse amado mensageiro<br />
de Jesus. Tenho pensado muitas vezes que, se Chico<br />
professasse qualquer outra crença religiosa, certamente seria<br />
135
isolado e considerado santo. Contudo, a beleza de tudo isto<br />
é que, como Espírita-Cristão, ele é apenas o nosso irmão, o<br />
nosso amigo, benfeitor e conselheiro, que está sempre ao<br />
lado das que sofrem. Enfim, ele é apenas CHICO <strong>XAVIER</strong>.<br />
Tem muitas vezes nos transmitido recados de Amigos<br />
Espirituais, de familiares, pessoas que estão na<br />
Espiritualidade ha muitos anos, e com quem lidamos na<br />
adolescência. Outros até nem sabíamos que já haviam<br />
desencarnado. Exemplo: Recados de papai, Gerson Ferreira<br />
Mousinho, que através do Chico. sabemos estar reencarnado,<br />
do Padre Severino Ramalho, de Nova Cruz, Est. do Rio<br />
Grande do Norte; Doutor Orlando Azevedo, distinto médico,<br />
também do Estado do Rio Grande do Norte; Doutor Lysanias<br />
Marcelino da Silva, igualmente distinto médico com quem<br />
trabalhei, logo depois que terminou a última grande guerra.<br />
Dr. Lysanias, médico psiquiatra,examinava os imigrantes<br />
vindos para o Brasil, integrando ele a equipe médica<br />
destinada a esse fim, pelo Serviço de Saúde dos Portos, do<br />
Ministério da Saúde.<br />
Secretariei este serviço do qual Dr. Lysanias fazia parte e<br />
estabeleceu-se entre a equipe médica e demais colaboradores<br />
uma amizade sadia e duradoura. Desencarnou Dr. Lysanias<br />
há uns poucos anos e tenho tido o contentamento de receber,<br />
através da mediunidade indiscutível de Chico Xavier,<br />
recados e orientações verbais do Dr. Lysanias. Chico nem<br />
sequer sabia que eu com ele trabalhara. Outro também que<br />
está no Além há poucos anos, foi meu médico operador;<br />
igualmente tenho tido suas notícias, é o Doutor Hélbio<br />
Regos Lins.<br />
Outra coisa: não foram poucas às vezes em que viajando<br />
para Uberaba, ao encontro do Chico, tive a surpresa, em lá<br />
136
chegando, de saber que ele estava a par de tudo quanto<br />
havíamos conversado em viagem.<br />
Para mim Chico é um dos grandes Benfeitores da<br />
Humanidade. Atesta a renovação moral, conseqüentemente a<br />
espiritual de todos quantos têm a felicidade de privar da<br />
amizade, ou do simples conhecimento com o Chico, e muito<br />
mais do que isto, da grande e monumental obra que o Plano<br />
Espiritual Superior enviou ao mundo por intermédio de sua<br />
mediunidade. É incalculável o número de Mães que<br />
perderam filhos ou entes queridos, por ele confortadas, a par<br />
dos suicídios evitados pela leitura das Obras Espíritas, dos<br />
trabalhos assistenciais criados e mantidos por Espíritas<br />
convictos, que se tornaram Espíritas depois do contato com o<br />
Chico. Poderíamos examinar a situação do ser humano, no<br />
campo religioso, pelo menos em nosso Brasil, antes e depois<br />
do Chico Xavier. Entendo que só um Apóstolo, afinado cem<br />
por cento com o pensamento de Jesus, poderia nos dar, em<br />
matéria de conhecimento espiritual e exemplos sublimes, o<br />
que Chico nos tem dado. Talvez, nós Espíritas, não<br />
tenhamos ainda meditado o suficiente, no que representa a<br />
presença de Chico Xavier entre nós. Sua obra inegavelmente<br />
é destinada a atravessar os séculos.<br />
Antes de conhecê-lo não professava a Doutrina Espírita e<br />
hoje, tudo o que sou, e que faço, devo aos exemplos e ao<br />
estímulo que recebi dele. Chico é para ruim aquela cidade<br />
erguida no cimo do Monte, de que nos falou Jesus. Não se<br />
pode ocultar uma cidade assim. Por qualquer que seja o<br />
ângulo que se aprecie a vida de Chico Xavier, há uma<br />
virtude exposta, como um farol a nos guiar rumo à Casa<br />
Paterna, ao Lar Espiritual. Em tolerância, trabalho,<br />
compreensão, bondade inata, disciplina, amor ao bem,<br />
137
caridade e humildade ninguém excede o Chico! Que não<br />
tenhamos à infelicidade de receber tantas bênçãos dos céus<br />
por suas mãos e não valorizarmos!<br />
Eu como devedora insolvente do Chico, mesmo que<br />
rastejasse pelo resto de minha vida, não pagaria o que fiquei<br />
a lhe dever nesta existência. O Espírito de Emmanuel disse,<br />
certa vez, que não houve um século em que não reencarnasse<br />
um Apóstolo de Jesus. Para mim, Chico é o Apóstolo deste<br />
século.<br />
Por isso, entendo que os 50 anos de mediunidade cristã<br />
de Chico Xavier, facultou à Humanidade um avanço no<br />
campo do conhecimento espiritual de no mínimo dois mil<br />
anos. Ninguém ignora que nestes 50 anos de trabalho com<br />
Jesus e os Bons Espíritos, a luz dos seus olhos foi-se<br />
apagando lentamente, para que os nossos olhos tivessem luz.<br />
Espero que todos os que privaram do contato pessoal ou<br />
através do livro, com o Chico Xavier, saibam receber a<br />
mensagem do Alto, de alma agradecidamente voltada para<br />
Deus. Há no Evangelho de Jesus uma sentença que diz:<br />
"Aquele que receber um Profeta, na condição de Profeta,<br />
receberá o galardão de Profeta". Mat. 10:41. Que cada um<br />
traduza para si mesmo essa afirmativa do Mestre, porque<br />
Chico Xavier, sem dúvida alguma, marcou época nos Anais<br />
da Espiritualidade Superior e entre nós também!<br />
Além de tudo que já relatei, poderia ainda dizer que, em<br />
1968, recebi uma carta de Chico Xavier, falando-me da<br />
necessidade de submeter-se a uma intervenção cirúrgica<br />
bastante delicada, e com autorização dos seus Mentores<br />
Espirituais pedia-me para acompanhá-lo durante os dias que<br />
estivesse sob os cuidados médicos. Embora ocultando<br />
minhas preocupações com a saúde dele, considerei uma<br />
138
ênção de Deus em meu caminho, poder, como filha pelo<br />
coração, pois é assim que me considero em relação a Chico,<br />
estar a seu lado naquelas horas difíceis. Uma cirurgia, por<br />
mais simples, é sempre uma interrogação em nossas vidas, e<br />
de certo modo é tranqüilizante ter ao nosso lado alguém em<br />
quem possamos confiar. Chico me deu este crédito de<br />
confiança, pois os familiares, que ele gostaria estivessem ao<br />
seu lado, duas pessoas estavam com problemas de saúde, e<br />
ele preferiu não preocupar os demais. Assim, no dia 29 de<br />
agosto de 1968, entramos na Casa de Saúde Sta. Helena, em<br />
São Paulo. Acredito que conheciam o assunto somente o Dr.<br />
Elias Barbosa, distinto médico de Uberaba. Dr. Oswaldo de<br />
Castro que ia colaborar em sua cirurgia, e o casal Francisco<br />
Galves. Todos amigos íntimos de Chico. Nunca esqueço a<br />
hora em que Chico trocou suas vestes pelas do Hospital, e<br />
entregou-me sua roupa e a pasta que conduzia. Não era hora<br />
de chorar, e foi imenso o esforço que fiz para conter as<br />
lágrimas... chorar para dentro do coração, pois de forma<br />
inarticulada havia um mundo de recomendações nesse<br />
simples gesto de entregar-me os pertences. Dormiu pouco à<br />
noite, e no curto espaço do sono, desdobrado, visitou uma<br />
Enfermaria no Plano Espiritual, que há no sub-solo do<br />
Hospital, destinada a recolher recém-desencarnados<br />
necessitados de ali permanecer por mais algum tempo.<br />
Desceu de elevador, disse-me ele, e conversou com alguns<br />
espíritos ali abrigados.<br />
No dia seguinte, logo às 7 hs. recebeu o pré-anestésico.<br />
Parecia repousar, mas quando vieram buscá-lo, para surpresa<br />
nossa, ergueu-se e sem auxilio de ninguém passou à maca,<br />
risonho e bem-disposto. Despedimo-nos dele e o acompanhei<br />
até o elevador, e ele seguiu acenando-nos. Estranhei aquilo,<br />
139
e, mais tarde, vim a saber que já não era ele, Chico, e sim o<br />
Espírito de Meimei que o tomou naquela hora, e o<br />
acompanhou para dar-lhe o calor que seu organismo<br />
necessitava durante a cirurgia. Soube que entrara na sala de<br />
operação conversando lucidamente com os médicos; mas<br />
não era ele, e sim Meimei. Este fato é extraordinariamente<br />
belo. Tanto assim que antes de deixar o Hospital, tez questão<br />
de conhecer a sala de cirurgia da qual não tinha a menor<br />
noção, e depois visitar as criaturas simples e boas que<br />
trabalhavam na cozinha do Hospital Santa Helena,<br />
distribuindo rosas para todos. No recinto, era quase a hora do<br />
jantar, misturou-se o perfume do Plano Espiritual com o<br />
cheiro da comida em preparação.<br />
Durante a sua estada no Hospital foram proibidas as<br />
visitas pari que Chico Xavier tivesse o repouso indispensável<br />
à sua cura, e nós que o acompanhávamos, tivemos<br />
oportunidades sublimes de observar muita coisa. Ele<br />
despertou da anestesia por volta das 10 horas da noite.<br />
Calmo, nada falava, mas de vez em quando via que estendia<br />
a mão a alguém. Como estivesse à sua cabeceira, tomava-lhe<br />
a mão e perguntava o que queria, ele falava então o nome do<br />
Espírito que o visitava naquela hora. E não foram poucos os<br />
visitantes... Havia no Hospital, frente a sua cama, um<br />
Crucifixo, que Chico nos disse ter reparado e achado<br />
interesse na iluminação que o rodeava. Perguntara ao<br />
Espírito de Emmanuel o que significava aquela luz, ao que<br />
Emmanuel lhe explicou serem as preces dos doentes ali<br />
internados, as rogativas agoniadas e sinceras que<br />
embelezavam o crucifixo com aquela auréola.<br />
Outra coisa curiosa, à noite, quando Galves e Nena, Dr.<br />
Oswaldo de Castro e Terezinha chegavam para visitá-lo,<br />
140
naquelas noites frias, a garoa cobria S. Paulo, e eles<br />
chegavam envolvidos em grossos agasalhos, logo eram<br />
forçados a retirar os sobretudos de lã, porque o quarto<br />
mantinha-se numa temperatura agradabilíssima pára as<br />
necessidades do doente. Chico confessara que vira os<br />
Benfeitores Espirituais conduzindo aparelhagem especial<br />
para esse aquecimento. Essa aparelhagem foi retirada no dia<br />
da alta, tanto assim que permanecendo mais um dia, para<br />
poder receber os amigos que desejavam visitá-lo no<br />
Hospital, Chico sentiu frio à noite e precisou agasalhar-se,<br />
coisa que não havia acontecido até então.<br />
Certa noite também, aconteceu algo curioso. O<br />
enfermeiro, habilmente treinado para atender aquele tipo de<br />
cirurgia, teve que fazer limpeza numa sonda e quebrou um<br />
pequeno vidro que se intercalava na sonda. Apanhando outro<br />
para substituí-lo urgentemente, não conseguiu de forma<br />
alguma colocar o vidro entre os dois ligamentos. Já estava<br />
dando sinais de afobamento. quando pedi: o senhor não quer<br />
me deixar tentar? Por gentileza lhe peço, deixe-me tentar!<br />
Ele olhou-me incrédulo, e disse: pode tentar, mas se eu que<br />
sou enfermeiro não estou conseguindo, como a senhora irá<br />
conseguir?! Contudo, deixou-me tentar. Apanhei o vidro e<br />
simplesmente o introduzi na sonda, numa única tentativa.<br />
Chico falou que viu direitinho a mão do Espírito de Meimei,<br />
por sobre a minha. Fura ela quem colocara a sonda.<br />
Perguntei, por que não fizera o mesmo com o enfermeiro.<br />
Falou Chico que para o Espírito foi mais fácil controlar o<br />
meu campo nervoso do que o do rapaz.<br />
141
142<br />
Maria Philomena Aluotto Berutto<br />
... pelo fruto se conhece a árvore ... Foi num dia de<br />
carnaval!...<br />
Cerca de 4 anos são passados e ainda o vejo chegando ao<br />
local indicado para nosso encontro, com o sorriso meigo e o<br />
jeito característico de andar, tranqüilo e modesto.<br />
Realizava-se, naquele momento, o mais belo e ansiado<br />
sonho de minha vida. Junto de Mamãe e de pessoa amiga,<br />
intermediária do encontro, ali estava na então pequena<br />
cidade de Pedro Leopoldo.<br />
Viajáramos de trem e chegando à tardinha dirigimo-nos<br />
ao lugar combinado: um café, que ainda hoje existe, na rua<br />
principal, próximo à Igreja e em frente a um sobrado onde<br />
funcionava um clube recreativo.<br />
Até esse encontro mantivéramos contato apenas através<br />
de correspondência.<br />
Lembro-me de um detalhe curioso que assinalou, de<br />
forma marcante, o nosso relacionamento epistolar,<br />
caracterizando-o já como lição doutrinária, cujo alcance<br />
somente mais tarde compreenderia: na referência interna da<br />
correspondência, principalmente de um belíssimo cartão,<br />
mencionava sempre um nome, como se fosse a destinatária:<br />
Yolanda! No envelope, contudo. meu nome e endereço<br />
certos.<br />
Em minha ignorância, realmente não sabia a que atribuir<br />
o tato. Recolhia, apenas, a mensagem, cunhada sempre com<br />
aquela característica generosa que todos nós lhe<br />
reconhecemos. Quando muito, poderia me passar pela idéia
que, em virtude do grande número de pessoas com as quais<br />
convivia, trocasse o meu nome.<br />
Logo às primeiras palavras, com referências pessoais,<br />
disse: "Sim, aqui está a nossa Yolanda!"<br />
Não é preciso alongar-me para esclarecer que se tratava<br />
de alusão a uma existência anterior, que não cabe detalhar.<br />
Retomemos o fio do meu depoimento.<br />
Pouco depois, fixando Mamãe, disse o querido Chico:<br />
"Vejo uma senhora idosa, sorridente, olhando-a com muita<br />
ternura. Diz chamar-se Carmela." Mamãe disse-lhe não saber<br />
quem era. Chico Xavier, sempre tranqüilo e risonho, aduziu:<br />
"Ela diz que era sua parenta." Outra negativa de Mamãe.<br />
Após pequena pausa volta o Chico a complementar,<br />
lentamente: "Ela está dizendo GIARDINO DEL MIO<br />
CUORE." Mamãe, muito emocionada e em lágrimas,<br />
exclama: Meu Deus, é MAMMAMELA, a minha avó. Era só<br />
assim que ela me chamava!"<br />
Dali para diante, houve perfeita integração entre nós.<br />
Como disse no início deste depoimento, era um dia de<br />
carnaval.<br />
Em meio ao culto pagão, a bênção da presença divina: de<br />
um lado, o turbilhão ruidoso; do outro, a suavidade da<br />
ternura amiga.<br />
Lá em frente, no clube, os gritos comuns às<br />
comemorações carnavalescas; aqui, a palavra generosa,<br />
mesclando sabedoria e amor. Deus e Mamon, em situações<br />
bem definidas e bem próximas.<br />
Paralela à excitação das fantasias e máscaras, a pureza do<br />
lírio do Senhor transmitindo as Verdades Eternas. Gritos e<br />
gargalhadas misturados em estridentes canções, lá fora;<br />
alegria e encantamento na palestra que transcorria como que<br />
143
em um oásis repousante, calmo e tranqüilo, no recinto do<br />
café. Movimentação estrepitosa entre os partidários de<br />
Momo; harmonia e paz entre nós.<br />
Assim foi, assim é e será por todo o sempre o querido<br />
amigo Chico Xavier: porto seguro, alma benfazeja, paz na<br />
tempestade. Todos nós bem sabemos disso.<br />
Quanto a mim, ali permaneci,-em noite memorável, até<br />
que, sempre em sua companhia, fomos ao Hotel onde nos<br />
reservara lugares, Hotel Diniz, se não me engano.<br />
Conosco ali permaneceu até duas horas da madrugada, o<br />
que era considerado muito tarde naquela época, mas que, na<br />
realidade, representou para mim uma fração de segundo,<br />
retirando se depois para retornar pela manhã,<br />
proporcionando-nos a continuidade dos abençoados<br />
momentos que, como o tesouro da referência de Jesus,<br />
jamais me será tirado do coração agradecido.<br />
Assim foi o meu primeiro encontro com o nosso querido<br />
Chico Xavier. E a partir daquele dia entremeamos sempre o<br />
Céu em nossa vida, quando no generoso intercâmbio com o<br />
querido amigo, nunca deixando de render graças a Deus pela<br />
preciosa dádiva que me foi concedida pela presença de<br />
Francisco Cândido Xavier, reencarnado neste mesmo<br />
período em que, mais uma vez, desfruto de uma nova<br />
oportunidade reencarnatória.<br />
As bênçãos de sua presença são incontáveis.<br />
Identificando-me com o espírito deste livro, destaco, a<br />
seguir, à guisa de testemunho, algumas ocorrências<br />
mediúnicas.<br />
Fôramos chamados a testemunho inesperado: meu<br />
cunhado, Francisco Scalzo, marido de minha irmã Hilda,<br />
muito estimado por todos nós, especialmente por meu Pai,<br />
144
que, na ocasião, encontrava-se enfermo, assistia na televisão,<br />
em nossa casa, a um programa humorístico. Para tal,<br />
acomodara-se em um sofá, na sala onde estávamos reunidos.<br />
Num intervalo da programação, alguns se levantaram e<br />
um de seus filhos, o Roberto, hoje rapaz, trás-lhe um<br />
biscoito, que ele, imediatamente, levou à boca.<br />
O garoto senta-se na cadeira, em frente do sofá, e, de<br />
imediato, vejo-o levantar-se surpreso, encaminhando-se a<br />
seguir para junto do pai. Pergunto o que era e ele respondeu:<br />
"Papai parou de comer!"<br />
Chegamos junto dele e tão tranqüilo estava que as frases<br />
jocosas surgiram: Deixe de brincadeiras! Você vai engasgarse<br />
com o biscoito!...<br />
E o sorriso continuou em sua fisionomia serena,<br />
sobrepujando a violência do enfarte fatal, num testemunho<br />
de amor aos familiares, aos quais realmente dedicara sua<br />
existência. Momentos dolorosos se seguiram, na azáfama das<br />
providências conseqüentes ao fato.<br />
Mais tarde toca o telefone e a doce voz de nossa querida<br />
Luiza Xavier; irmã do Chico, nos diz de Pedro Leopoldo:<br />
"Nenem, o Chico telefonou de Uberaba pedindo para tocar<br />
para você perguntando o que há!"<br />
Informei-a do que se passara e ela, perplexa, não se<br />
conformava com a rudeza do acontecido.<br />
Era a presença do grande amigo no momento doloroso!<br />
Sua mensagem de reconforto chegava na hora certa com a<br />
discrição e naturalidade que assinalam o "fazer com a mão<br />
direita sem que à esquerda o saiba."<br />
Não fora a abençoada palavra-mensagem do querido<br />
Chico Xavier e não teríamos vencido aquele momento e<br />
outros que se seguiram com intervalos relativamente<br />
145
pequenos, com as desencarnações do meu Pai, Giácomo<br />
Aluotto, e do meu marido, Adriano Berutto.<br />
A seqüência de testemunhos culminou com uma tragédia<br />
que assinala penoso record até o momento: a perda de nove<br />
pessoas da família, três adultos e seis crianças com menos de<br />
oito anos (mães, filhas e, netos representando três gerações)<br />
retornando à Pátria Espiritual de uma só vez, em desastre<br />
aéreo que a imprensa designou "A Tragédia de Caparaó."<br />
O conforto das notícias asserenou-nos as almas<br />
conturbadas e saudosas, no transe angustioso...<br />
Mais recentemente, há cerca de um ano e meio, outra vez<br />
a palavra-conforto do querido amigo chegou-nos ao coração<br />
com a partida de nosso convívio de mais uma sobrinha,<br />
Elisabete, no curto período de nove dias, em conseqüência<br />
de acidente cirúrgico. Trinta e um anos de idade, casada,<br />
deixou três filhinhas de cinco, dez e doze anos.<br />
Outro caso acrescenta-se neste depoimento, não mais<br />
envolvendo a família, mas as nossas atividades na União<br />
Espírita Mineira, fundadora e mantenedora do Colégio O<br />
Precursor.<br />
Certa vez o Colégio enfrentava problema, difíceis, tão<br />
difíceis que, parecendo-nos insolúveis, levavam-nos a pensar<br />
se não seria inevitável o encerramento de suas atividades.<br />
Valendo-nos da oportunidade de nossa presença em sua<br />
casa, em Uberaba (eu, o secretário da União Espírita<br />
Mineira, Martins Peralva, e seu filho, Basílio), acertáramos<br />
previamente que, como assunto não doutrinário, falaríamos<br />
apenas sobre o Colégio, a fim de não perdermos os preciosos<br />
momentos daqueles dias a nós doados por misericórdia do<br />
Alto.<br />
146
Todavia, qual não foi a nossa surpresa quando, ainda à<br />
distância e antes dos cumprimentos normais, o querido<br />
Chico, antecipando o assunto, falou: "Como vai o Colégio?"<br />
E logo após essa pergunta, palavras de incentivo e<br />
orientação, como chuva de bênçãos para os nossos corações<br />
apreensivos: Percorram as ruas, se necessário, mas não<br />
fechem o Colégio! Não é dificuldade, é pressão. O Colégio<br />
O Precursor é o cartão de visita da União Espírita Mineira!<br />
Continuem enquanto Deus assim o determine.<br />
E o Colégio O Precursor, departamento educacional da<br />
União Espírita Mineira, está completando 23 anos de<br />
ininterrupto funcionamento.<br />
Nessa mesma visita a Uberaba, outro acontecimento<br />
mediúnico.<br />
Encontrava-se ali o comandante Santinônimo (assim<br />
entendemos o seu nome), que nos relatou singular<br />
ocorrência. Aterrisara ele seu avião em pequena cidade do<br />
interior do Maranhão, a fim de pernoitar e levantar vôo na<br />
manhã seguinte.<br />
Como a temperatura estivesse elevada, deixou aberta a<br />
janela do quarto, pensando fechá-la mais tarde, antes de<br />
adormecer, o que não fez, porque adormeceu profundamente.<br />
Mais ou menos às 4 horas da madrugada, despertando,<br />
lembrou-se da janela aberta. Levantou-se, para fechá-la, mas<br />
verificou, surpreso, que estava fechada. Estranhou,<br />
naturalmente, o fato, mas logo o esqueceu.<br />
Semanas depois foi a Uberaba para visitar o Chico, que o<br />
recebeu com as seguintes palavras: "Meu caro Santinônimo,<br />
que susto você me deu, deixando aberta a janela do hotel!<br />
Receioso de que algo lhe acontecesse, fui fechá-la, enquanto<br />
você dormia!<br />
147
Relato, agora. outro episódio revelador da personalidade<br />
espiritual de Chico Xavier, ocorrido por ocasião de sua vinda<br />
ã capital mineira para receber, na Secretaria de Saúde, em 8<br />
de novembro de 1974, o diploma de Cidadão de Belo<br />
Horizonte.<br />
Dia seguinte, visitou a União Espírita Mineira. Após 7<br />
horas de atendimento aos que o procuravam, com a bondade<br />
de sempre, fomos surpreendidos com ruidosa manifestação<br />
em um grupo de pessoas que vinham em nossa direção.<br />
Empunhando uma arma, alguém bradava: "Ninguém vai<br />
tocarem Chico Xavier: Eu o defenderei de qualquer um. Ele<br />
é um santo!"<br />
Notava-se o desequilíbrio da pessoa, o que aumentava a<br />
apreensão de todos, especialmente porque em sua mão havia<br />
a realidade de uma arma de fogo, de grosso calibre...<br />
A movimentação aumenta no recinto, uns se apavorando,<br />
outros procurando correr, e outros, ainda, tentando controlar<br />
a pessoa.<br />
O Chico, tranqüilo, afasta-se um pouco do grupo e põese<br />
em silêncio, permanecendo, contudo, no recinto.<br />
Descemos ao andar térreo pensando em providências<br />
defensivas, e, para, nosso alívio, um jipe com militares da<br />
PMMG pára junto ao meio-fio e os seus ocupantes,<br />
comandados por um distinto sargento, vêm ao nosso<br />
encontro, sendo recebidos com as seguintes palavras:<br />
"Graças a Deus vocês chegaram em boa hora: estamos com<br />
problemas lá em cima!"<br />
E antes de qualquer explicação, para surpresa, nossa, o<br />
Chefe da Patrulha fala: "Não tem nada não, vamos subir. O<br />
senhor Chico Xavier FOI NOS CHAMAR NA ESTAÇÃO<br />
148
RODOVIÁRIA, onde nos encontrávamos em serviço de<br />
ronda. Viemos logo atender ao chamado!"<br />
Fora evidente o fenômeno de bilocação.<br />
Em poucos minutos a situação normalizava-se. O difícil<br />
foi impedir os nossos estarrecidos comentários...<br />
Ainda por ocasião da cidadania de Chico Xavier, em<br />
Belo Horizonte, outro fato significativo, pelo muito de<br />
generosidade que encerra.<br />
Havíamos prometido aproximar do médium o caríssimo<br />
amigo Sr. Francisco de Paula Andrade. Assessor da<br />
Presidência da Câmara Municipal, e pessoa merecedora de<br />
nosso eterno reconhecimento. No entanto, na azáfama dai,<br />
providências e da própria solenidade, esquecemos.<br />
Eram já duas horas da madrugada e o meu<br />
desapontamento crescia, pela omissão involuntária. Nisso, o<br />
telefone chama e a voz querida de Chico Xavier fala:<br />
"Neném, você poderia dar um recado a Wanda Marlene?<br />
Diga-lhe que o sobrinho dela esteve aqui e tocou belos<br />
números ao violão. Gostamos muito. E olha, Neném: quanto<br />
ao snr. Andrade não se preocupe, eu estive com ele!"<br />
Respondi-lhe emocionada: "Chico, querido amigo, você<br />
não imagina que alívio para mini. Estava sem poder dormir,<br />
tão grande a preocupação de haver deixado de cumprir um<br />
dever."<br />
Ainda com a mesma tonalidade generosa e amiga, que<br />
todos conhecemos, falou: "Não tem nada não, está tudo<br />
bem."<br />
Seguiram-se palavras e mais palavras de alegria. Mais<br />
tarde, refletindo, compreendi mais uma vez a grandiosidade<br />
do coração amigo de todas as horas, vindo ao encontro dos<br />
aflitos, sobrepondo-se à realidade da distância e da hora.<br />
149
Assim tem sido Chico Xavier. O que exponho, neste<br />
depoimento, representa um décimo do muito que ele tem<br />
feito em favor de todos nós.<br />
Para definir o que representa ele, na atualidade, não<br />
creio, sinceramente, me seja possível dizê-lo com precisão.<br />
Diante de sua laboriosa existência, que assinalamos<br />
especificamente com o cinqüentenário de sua tarefa<br />
mediúnica, torna-se impossível expressar o que transcende â<br />
minha capacidade de raciocínio.<br />
Recorro às palavras de seu admirável benfeitor no livro<br />
PALAVRAS DE EMMANUEL: "No serviço cristão lembrese<br />
cada aprendiz de que não foi chamado a repousar, mas à<br />
peleja árdua, em que a demonstração do esforço individual é<br />
imperativo divino."<br />
"Todas as seitas religiosas, de modo geral, somente<br />
ensinam o que constitui o bem. Todas possuem<br />
serventuários, crentes e propagandistas, mas os apóstolos de<br />
cada uma escasseiam cada vez mais."<br />
Isso define, em meu entender, parte do que significa<br />
Chico Xavier na atualidade. "Pelo fruto se conhece a<br />
árvore."<br />
Observando os frutos do seu Trabalho, do seu<br />
Apostolado, só encontro uma expressão para lhe dizer:<br />
Louvado seja Deus que me permitiu, agora, a reencarnação<br />
numa época e num País em que foi possível conhecer, amar e<br />
manifestar minha gratidão e respeito ao querido Chico<br />
Xavier!<br />
150
151
152
153<br />
Novo Dia<br />
Todo o dia de ontem<br />
Pode ter sido árduo.<br />
Muitas lutas vieram,<br />
Deixando-te o cansaço<br />
Provas inesperadas<br />
Alteraram-te os planos.<br />
Soma, porém, as bênçãos<br />
Que Deus já te entregou.<br />
Esqueço qualquer sombra,<br />
Não pares, serve e segue.<br />
Agora é novo dia,<br />
Tempo de caminhar.
Nas página que se seguem<br />
Trazemos alguns conceitos de<br />
Escritores, crítico literários, poetas,<br />
Poetisas, novelistas, radialistas,<br />
Professores e pessoas dignas do<br />
Máximo apreço, como se de viva voz<br />
Irradiassem os efeitos do bem recebido.<br />
Convém dizer que estas referência,<br />
Algumas extraídas de jornais, rádios e<br />
Televisões, nos proporcionam uma<br />
Visão real da tarefa em mãos de<br />
Francisco Candido Xavier, que<br />
Representa no campo da cultura<br />
Espiritual, da fraternidade e acima de<br />
tudo, na difusão do Evangelho<br />
redivivo, a exaltação da caridade e a<br />
necessidade de Deus, no<br />
pensamento das criaturas, além de<br />
revelar-nos a lealdade do<br />
companheiro, fiel aos<br />
compromissos assumidos, em seu<br />
dia-a-dia, marcado pelo trabalho da<br />
verdade a iluminar-se de amor<br />
154
155<br />
HUMBERTO DE CAMPOS<br />
Crônica publicada no "DIÁRIO CARIOCA", em edição<br />
de 10 de julho de 1932, de Humberto de Campos, ainda<br />
quando encarnado, no advento da publicação do Livro<br />
Parnaso de Além-Túmulo.<br />
"Eu faltaria, entretanto, ao dever que me é imposto pela<br />
consciência, se não confessasse que, fazendo versos pela
pena do Sr. Francisco Cândido Xavier, os poetas de que ele é<br />
intérprete apresentam as mesmas características de<br />
inspiração e de expressão que os identificavam neste planeta.<br />
Os temas abordados são os que os preocuparam em vida. O<br />
gosto é o mesmo e o verso obedece, ordinariamente, a<br />
mesma pauta musical. Frouxo e ingênuo em Casimiro, largo<br />
e sonoro em Castro Alves, sarcástico e variado em<br />
Junqueiro, fúnebre e grave em Antero, filosófico e profundo<br />
em Augusto dos Anjos sente-se, ao ler cada um dos autores<br />
que veio do outro mundo para cantar neste instante, a<br />
inclinação do Sr. Francisco Cândido Xavier para escrever A<br />
la manière de... ou para traduzir que aqueles altos espíritos<br />
sopraram ao seu..."<br />
156
157<br />
AGRIPINO GRIECO<br />
Um dos maiores e mais vigorosos críticos da época, em<br />
várias entrevistas nos trouxe; Diário da Tarde - 31 de julho<br />
de 1939.<br />
O médium Francisco Cândido Xavier escreveu isto do<br />
meu lado, celeremente, em papel rubricado por mim. A<br />
atenção que lhe dei e a leitura que fiz em voz alta dos<br />
trabalhas por ele apresentados com as assinaturas de Augusto<br />
dos Anjos e Humberto de Campos, não importam em<br />
nenhuma espécie de adesão ao credo espírita, como fiz<br />
questão de esclarecer naquele momento.<br />
Diário Mercantil - 5 de agosto:<br />
"...Tive, já, ocasião de externar a minha maneira de<br />
encará-lo ao me entrevistar com um representante dos<br />
"Diários Associados", na Capital do Estado,, quando disse<br />
textualmente o que o "Diário Mercantil", em serviço<br />
telefônico divulgou em edição do dia 2 do corrente.<br />
Assim, nada mais tenho a acrescentar senão repetir<br />
algumas palavras sobre a profunda emoção que me assaltou<br />
ao ler as referências da mensagem de Chico Xavier, feitas a<br />
mim e atribuídas a Humberto de Campos.<br />
Íntimos, num contacto cordial e literário constante,<br />
ambos críticos, ambos homens de letras, era natural que<br />
entre mim e Humberto existisse uma amizade intensa e<br />
mútua. Agora, anos após sua morte, eis que me é dado<br />
encontrar-lhe novamente as idéias e o estilo, e da maneira<br />
extraordinária por que o foi... "<br />
Diário da Noite, 21 de setembro:
Estava eu em Belo Horizonte e, por mero acidente,<br />
acabei indo assistir a uma sessão espírita. Ali, falaram em<br />
levar-me à Estação de Pedro Leopoldo para ver trabalhar o<br />
médium Chico Xavier. Mas, já havendo tantas complicações<br />
no plano terrestre, quis furtar-me a outras tantas no plano<br />
astral, e lá não fui. Resultado: Chico Xavier resolveu vira<br />
Belo Horizonte.<br />
"Na noite marcada para o nosso encontro, fui em vez de<br />
ir ao sítio aprazado, jantar tranqüilamente num restaurante<br />
onde não costumava fazer refeições e onde, não sei como,<br />
conseguiram descobrir-me. Mas o caso é que me<br />
descobriram junto a um frango com ervilhas e me<br />
conduziram à agremiação onde havia profitentes e curiosos<br />
reunidos em minha intenção.<br />
Salão repleto; uma das grandes noites do kardecismo<br />
local... Abolotei-me à mesa da diretoria, junto ao Chico, que<br />
não me deu, assim inspecionado sumariamente, a impressão<br />
de nenhuma inteligência fora do comum. Um mestiço magro,<br />
meão de altura, com os cabelos bastante crespos e uma<br />
ligeira mancha esbranquiçada num dos olhos.<br />
"- Nisto, o orientador dos trabalhos pediu-me que<br />
rubricasse vinte folhas de papel, destinadas à escrita do<br />
médium; tratava-se de afastar qualquer suspeita de<br />
substituição de texto. Rubriquei-as e Chico Xavier, com uma<br />
celeridade vertiginosa, deixando correr o lápis com uma<br />
agilidade que não teria o mais desenvolto dos rasistas de<br />
cartório, foi enchendo tudo aquilo. À proporção que uma<br />
folha se completava, sempre em grafia bem legível, ia eu<br />
verificando o que ali fixara o lápis do Chico.<br />
Primeiro, um soneto atribuído a Augusto dos Anjos. A<br />
seguir, percebi que estavam em jogo, bem patentes, a<br />
158
linguagem e o meneio de idéias peculiares a Humberto de<br />
Campos..."<br />
"... Fiquei naturalmente aturdido... Depois disso, já<br />
muitos dias decorreram e não sei como elucidar o caso.<br />
Fenômeno nervoso? Intervenção extra-humana? Faltam-me<br />
estudos especializados para concluir. Além do mais, recebi<br />
educação católica e sou um entusiasta dos gênios e heróis<br />
que tanto prestígio asseguram à religião que produziu um<br />
Santo Antônio de Pádua e um Bossuet. Meu livro, "São<br />
Francisco de Assis e a Poesia Cristã" aí se encontra, a<br />
testemunhar quanto venero a ética e a estética da igreja. Mas<br />
- repito-o com a maior lealdade - a mensagem subscrita por<br />
Humberto de Campos profundamente me impressionou..."<br />
159
160<br />
WALTER JOSÉ FAÉ<br />
Escritor, Jornalista e Poeta de alto merecimento.<br />
Pedro 11 - Alma apegada ao chão brasílio - retorna às<br />
paisagens de sua infância-mocidade-velhice, através da<br />
antena sensibilíssima de Chico Xavier nobrezaespiritualizada<br />
que Pedro Leopoldo viu nascer para o mundo<br />
embrutecido, nestes tempos de buscas e desencontros.<br />
PEDRO BLOCH<br />
Teatrólogo e Crítico de Arte.<br />
"Sobre a pureza de Chico Xavier, só quero dizer que<br />
muita gente o considera um embusteiro. Mas que divino<br />
embusteiro não deve ser para viver toda aquela vida de<br />
humildade e renúncia!"
161<br />
J. MELLO TEIXEIRA<br />
PROFESSOR - Catedrático de Psiquiatria da<br />
Universidade de Minas Gerais; estudou em 1944 o trabalho<br />
de Chico Xavier, "por pura especulação intelectual", como<br />
explicou. E, em entrevista publicada nos jornais da Capital<br />
mineira, na época, diz:<br />
"No caso vertente, não se pode admitir, como explicação,<br />
o "pastiche" literário: uma maravilhosa capacidade de<br />
imitação de estilo. Tampouco sumarizara interpretação em<br />
simples caso de fraude ou mistificação. Analisando o método<br />
de trabalho de Chico Xavier, o improviso, diz: "Não. O<br />
subconsciente recebe, registra, acumula e reproduz, fiel ou<br />
deformado, mas somente o que passou pela porta crítica da<br />
consciência. Não cria do nada. Conhecimento não se<br />
improvisa: adquire-se".<br />
E a esta conclusão chega o catedrático: "Chico Xavier,<br />
em suas atividades supranormais, um "fenômeno";<br />
integralmente um "fenômeno" real, inegável, absoluto, que<br />
cumpre estudar, compreender e, se possível, explicar"
162<br />
ZEFERINO BRASIL<br />
Academia Rio-Grandense de Letras e da Academia de<br />
Letras do Rio Grande do Sul. Afirmava categoricamente a<br />
identidade dos estilos numa crônica magnífica escrita<br />
especialmente para o Correio do Povo de Porto Alegre,<br />
edição de 15 de novembro de 1941.<br />
"Seja como for, o que é certo é que ou as poesias em<br />
apreço são de fato dos autores citados e foram realmente<br />
transmitidas do Além ao médium que as psicografou, ou o<br />
Sr. Francisco Xavier é um poeta extraordinário, genial<br />
mesmo, capaz de produzir e imitar assombrosamente os<br />
maiores gênios da poesia universal.<br />
Porque ninguém que conheça a arte poética e haja lido<br />
assiduamente Antero de Quental, Antônio Nobre, Guerra<br />
Junqueiro, João de Deus, Olavo Bilac, Augusto de Lima,<br />
Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, Castro Alves, Casimiro<br />
de Abreu e os demais poetas que enchem as 398 páginas do<br />
"Parnaso de Além-Túmulo", deixará de os reconhecer<br />
integralmente nas poesias psicografadas.<br />
Em todas elas se encontram patentes as belezas, o estilo,<br />
os arrojos, as imagens próprias, os defeitos, o "selo pessoal",<br />
enfim, dos nomes gloriosos que as assinam e vivem imortais<br />
na história literária do Brasil e de Portugal.<br />
Ora, eu não creio, nem ninguém também o acreditará,<br />
que haja alguém no mundo capaz de produzir os mais belos e<br />
empolgantes poemas e renegue a glória e a imortalidade,<br />
atribuindo-os, "Charlatanescamente", a autoria de grandes<br />
poetas mortos, aos quais apenas serviu de médium.<br />
De resto, este, como outros fenômenos do Espiritismo,<br />
tem sido objeto de acurados estudos por parte de cientistas e
sábios notáveis, que os observaram demoradamente e os<br />
submeteram a minuciosa análise, sendo forçados a aceitá-los<br />
e a reconhecê-los.<br />
Não serei eu, portanto, quem ponha em dúvida a<br />
autenticidade do "Parnaso de Além-Túmulo", livro este que<br />
deve ser lido por todos os intelectuais que amem a boa<br />
poesia e tenham a curiosidade de ver como alguns dos seus<br />
poetas adorados - como Guerra Junqueiro, Antero de<br />
Quental, Antônio Nobre, João de Deus, Olavo Bilac,<br />
Raimundo Correa, Augusto de Lima, Augusto dos Anjos,<br />
Cruz e Souza e outros, já falecidos - continuam a escrevê-la<br />
no outro mundo...<br />
163
164<br />
MENOTTI DEL PICCHIA<br />
Escritor, da Academia Brasileira de Letras. Autor do<br />
famoso poema "Juca Mulato".<br />
"Deve haver algo de divindade no fenômeno Francisco<br />
Cândido Xavier, o qual sozinho, vale por toda uma literatura.<br />
É que o milagre de ressuscitar espiritualmente os mortos pela<br />
vivência psicográfica de inéditos poemas é prodígio que<br />
somente pode acontecer na faixa do sobre-humano. Um<br />
psicofisiologista veria nele um monstruoso computador de<br />
almas e de estilos. O computador, porém, memoriza apenas o<br />
já feito. A fria mecânica não possui o dom criativo. Este<br />
dimana de Deus. Francisco Cândido Xavier usa a centelha<br />
imanente em nós".
165<br />
ANTONIO OLAVO PEREIRA<br />
Detentor de prêmios da Academia e da União Brasileira<br />
de Escritores, escreveu:<br />
"Em matéria de experiência humana, Chico Xavier<br />
representa o maior conhecimento que já realizei na vida.<br />
Considero-o uma das criaturas mais evangelizadas, não só do<br />
nosso meio, como possivelmente do nosso tempo como<br />
expressão da tolerância, da renúncia, da compreensão, do<br />
respeito e do amor. Sua existência se desenvolve num plano<br />
de absoluta espiritualidade, infensa às solicitações de ordem<br />
material que constituem o ideal da vida moderna. Num<br />
mundo em que prevalecem a má fé, a mistificação, a fraude,<br />
o egoísmo, a insinceridade, Chico Xavier avulta como um<br />
ponto é referência para aqueles que ainda crêem na<br />
dignidade do homem e na sua recuperação pelos caminhos<br />
do Evangelho."
166<br />
NELLY ALVES DE ALMEIDA<br />
Escritora, Poetisa, Jornalista, Historiadora. Pertence à<br />
Academia Feminina de Letras e Artes do Estado de Goiás.<br />
Chico Xavier, o iluminado. Emissário do Casto,<br />
encarregado de extraordinária e belíssima missão que<br />
desempenha com devotamento e altruísmo, CHICO<br />
<strong>XAVIER</strong>, o iluminado, é, sem dúvida, uma das grandes<br />
personalidades deste século.<br />
Sustentado por forte poder mediúnico, durante estes anos<br />
de trabalho santificante e contínuo, tem dado à humanidade<br />
lições de caridade e amor, dentro da magnífica doutrina que<br />
o tem por apóstolo.<br />
Quer psicografando obras estupendas (que já se elevam a<br />
número recorde) ou mensagens de grande alcance humano -<br />
evangélico - filosófico (hajam vistas as de seu mentor<br />
espiritual, Emmanuel), quer atendendo às multidões que o<br />
cercam, amam e respeitam, sua palavra, sublime e sã, é<br />
bálsamo que consola e ensinamento que constrói.<br />
Incalculável é o número de pessoas que, como eu, em<br />
momentos de cru desespero, têm recebido, de sua mão<br />
generosa, a consolação precisa para, de novo, enfrentar a<br />
vida.<br />
Sinto-me pequenina diante da sua grandeza. Grandeza a<br />
que ele sabe misturar, no complexo de indefinível paradoxo,<br />
a simplicidade piedosa e humana que só se equipara em<br />
forças à vastidão de sua doce humanidade."
167<br />
MONTEIRO LOBATO<br />
Escritor, Tradutor, Novelista predileto de crianças e<br />
adultos. Gênio renovador. Admirável brasileiro, filho da<br />
cidade de Taubaté, Estado de São Paulo.<br />
"Se o homem produziu tudo aquilo por conta própria,<br />
então ele pode ocupar quantas cadeiras quiser na Academia."<br />
GERALDO MAJELA FRANKLIN FERREIRA<br />
Desembargador, Presidente do Tribunal de Justiça do<br />
Estado de Goiás. Magistrado e Escritor respeitável.<br />
"Inexiste, na história do Espiritismo, pessoa que tenha<br />
sido dotada, e de maioria tão acentuada, de tantas<br />
modalidades mediúnicas, como soe acontecer com Chico<br />
Xavier.<br />
A sua visão, que, de há muito, se apresenta deficiente<br />
para contemplar as coisas materiais, tem o dom de penetrar<br />
no mundo invisível e avistar aqueles que se encontram em<br />
sua mesma faixa vibratória.<br />
Seus ouvidos possuem a faculdade de captar as vozes dos<br />
habitantes do Além.<br />
Dentre outras belas e excepcionais mediunidades que<br />
ornamentam o seu espírito, é de destacar o poder de<br />
perfumar o ambiente, com agradabilíssimo aroma, que é<br />
sentido por todos os presentes e, muitas vezes impregnandose<br />
em líquidos ou objetos, como o lenço, que o retém por<br />
longos dias.<br />
Entretanto, o que na realidade notabiliza o extraordinário<br />
médium é a psicografia. Não é de se admirar apenas a
incomum quantidade de livros, monografias e mensagens<br />
que já produziu. O que mais espanta seus leitores, ainda que<br />
leigos em coisas da Espiritualidade, é o conteúdo de todos os<br />
escritos que jorram de sua pena privilegiada.<br />
Sem possuir cultura de qualquer espécie, pois a vida a<br />
tanto não lhe ofertou oportunidade, aprofunda-se em<br />
intricadas questões filosóficas, sobrepujando-se aos mais<br />
versados no assunto. Sobre a ciência, discorre com tal<br />
propriedade que confunde os próprios cientistas. No que<br />
tange a religião e à moral, é realmente, inigualável. Neste<br />
setor é que sua obra mais se destaca e cresce de vulto. Seus<br />
livros são verdadeiras fontes perenes de luz, abrindo novas<br />
clareiras para o homem que deseja se aperfeiçoar<br />
espiritualmente.<br />
As obras que Chico Xavier já nos legou representam,<br />
efetivamente, algo que transcende a capacidade de um<br />
simples escritor, quer tanto à qualidade, quer no que toca à<br />
quantidade.<br />
Nos estreitos limites desta entrevista, podemos apenas<br />
afirmar que as lágrimas que seus livros já conseguiram<br />
estancar, as dores, as angústias e os sofrimentos que seus<br />
escritos suavizaram; os suicídios, os abortos e tantos outros<br />
crimes que seus conselhos evitaram; o conforto, a esperança<br />
e a fé que suas mensagens levaram aos corações aflitos e<br />
desesperados; a luz que irradia das páginas de seus livros,<br />
indicando novos caminhos para a humanidade sedenta de paz<br />
e justiça, tudo isto, constitui um acervo de benefícios tais que<br />
poucas criaturas humanas conseguiram nos legar.<br />
Antes de encerrarmos esta ligeira apreciação sobre a obra<br />
de Chico Xavier, imperioso tornar-se dizer que, como<br />
discípulo do Mestre Nazareno, exemplifica a humanidade em<br />
168
toda a sua extensão, pois, podendo vangloriar-se de seus<br />
escritos, a outrem transfere o seu mérito, oferecendo ao<br />
mesmo tempo, um eloqüente e irretorquível atestado da<br />
realidade dos dons mediúnicos."<br />
169
170<br />
EDMUNDO LYS<br />
Comentarista literário do Rio de Janeiro e crítico<br />
perspicaz, escreveu sobre o extraordinário médium de<br />
Minas: "Se quiséssemos imitar Belmiro Braga, seria justo<br />
versejar na sua forma habitual. Ora, no "Parnaso de Além<br />
Túmulo", o poema de Belmiro Braga é em sextilhas e,<br />
entretanto, se identifica como inspiração, como estilo, até<br />
como forma!"<br />
"... Queremos concluir, aqui, sobre a pasmosa identidadE<br />
espiritual, com exclusão de qualquer recurso literário, entre a<br />
obra legada e a psicográfica, de Chico Xavier. Há casos,<br />
entre tanto, em que o pensamento e a forma são<br />
imprescindíveis, como no de Augusto dos Anjos, por<br />
exemplo. O poeta do "EU" foi um estro singularíssimo e, por<br />
isso, inconfundível, embora muito imitado. Diante de cada<br />
discípulo do vale paraibano, sente-se o aprendiz e, em geral,<br />
o mau aprendiz. Entretanto, o que Chico Xavier nos dá de<br />
Augusto dos Anjos, se aparecer entre os sonetos do "EU",<br />
não poderá ser denunciado como obra psicografada. "
171
172<br />
MANUEL QUINTÃO<br />
(Nos cinqüenta anos de mediuNidade de Francisco<br />
Cândido Xavier).<br />
Soneto psicografado pelo médium Júlio Cezar Grandi<br />
Ribeiro, em reunião pública comemorativa dos 50 anos de<br />
atividades mediúnicas de Chico Xavier, na Casa Espírita<br />
Cristã, Vila Velha (ES), na noite de 8-7-1977.<br />
BILHETE DE IRMÃO<br />
Dez lustros de profícua atividade,<br />
Dez lustros de severas disciplinas<br />
Conduzem-te no Amor...<br />
E te iluminas<br />
Pelos caminhos da mediunidade!<br />
Por tuas mãos, em lides peregrinas,<br />
Fluem consolações da Eternidade,<br />
Desvendando-se o Além, pleno em Verdade,<br />
Ante os clarões de graças cristalinas.<br />
Lembro-te, em prece, a marcha redentora,<br />
Buscando, em paz, a força alentadora,<br />
Onde teu coração constrói o abrigo...<br />
E rogo ao Pai, sentindo o indefinível:<br />
Deus te abençoe, irmão inesquecível,<br />
Deus te abençoe, bondoso e terno amigo!<br />
jornalista, Radialista e Escritor de renome.
173<br />
ALEXANDRE KADUNC<br />
Jornalista, Radialista e Escritor de renome.<br />
...Chico Xavier é, simplesmente, um instrumento, um<br />
"aparelho" na linguagem espiritualista. O cérebro humano,<br />
do qual pouco se conhece, opera como um poderoso emissor<br />
e captador de ondas magnéticas. O processo funciona tal<br />
qual uma emissora e um receptor de rádio ou TV. Todos os<br />
seres humanos tem essa faculdade, acontecendo, no entanto,<br />
que alguns "escolhidos" ostentam condições especialíssimas<br />
de "recepção" e "emissão". No meu superficial entender<br />
"eletrônico", Chico é muito mais "receptor" do que<br />
"emissor". Os advogados do diabo já fizeram o diabo para<br />
provar fraudes nos textos captados do além e transmitidos<br />
(estilos incontestáveis) pela entidade-titular (padre Manoel<br />
da Nóbrega) que se denomina Emmanuel e por famosos<br />
autores falecidos, como Humberto de Campos, Castro Alves<br />
e Cid franco. Chico Xavier é um fenômeno muito elevado<br />
para ser analisado...<br />
Chico Xavier é um inigualável conselheiro, o próprio<br />
CONSELHEIRO XX. Ele é, para quem entende certo tipo de<br />
colocação aparentemente aloprada, um fenômeno eletrônico,<br />
um ser humano de alta sensibilidade, de poderosa humildade<br />
e intrigante cultura, obtida fora dos livros e das escolas, mas<br />
no contato com outros planos, que só não existem no<br />
entendimento daqueles que são cegos mentalmente (a quase<br />
totalidade) e na análise pobre dos donos da pálida tecnologia<br />
terrestre, infinitamente inferiores "culturas espaciais",<br />
absolutamente reais, mas ao alcance de uns poucos, que, em<br />
vida, se preocupam fundamentalmente com os outros. Chico
Xavier não é Deus, mas é amigo pessoal Dele. Certos seres<br />
nunca morrem, contrariando a prosaica colocação de colapso<br />
orgânico. Chico é imortal, não pelas dezenas de livros de<br />
autoria de mentes imortais que se valeram de seu cérebro<br />
sensitivo e de sua mão "eletrônica", mas porque é formado<br />
com louvor na "Academia do Astral" que torna pobre a outra<br />
Academia literária dos pesados fardões, onde, aliás, ele<br />
deveria ocupar a cadeira de número um. Chico Xavier é o<br />
símbolo da delicadeza, maldosamente interpretada pelos seus<br />
detratores.<br />
Chico Xavier é um HOMEM MAIOR que ao longo de<br />
sua vida terrena não fez outra coisa senão virar a outra face.<br />
Mas, agora, chegou à hora do reconhecimento e da<br />
recompensa eternos. Computador algum, nem o complexo<br />
eletrônico da NASA, conseguiria calcular a altura e a<br />
luminosidade da morada final que está reservada a esse<br />
maravilhoso e ecúmeno Conselheiro XX.<br />
174
175<br />
UMA CRÔNICA<br />
Publicada no jornal "O Estado de São Paulo", edição de<br />
10 de junho de 1944, da qual extraímos o seguinte trecho:<br />
"...Fui sempre leitor de Humberto de Campos. Há anos,<br />
atraído pelo rumor que se fazia, procurei ler, igualmente,<br />
umas crônicas a ele atribuídas por Francisco Xavier, esse<br />
jovem, modesto e iletrado caixeiro de loja de uma<br />
cidadezinha de Minas. Observei o seguinte: a fantasia, a<br />
compreensão fraternal da vida e o bom gosto na composição<br />
são os mesmos que caracterizam a obra do nosso ilustre<br />
patrício. Até aí, trata-se de faculdades inatas que, por um<br />
acaso qualquer, poderiam ser trazidas do berço por Francisco<br />
Xavier.<br />
O mesmo, porém, não poderia dar-se com a cultura, a<br />
correção, a clareza, a maneira particular de sentir, de<br />
escrever, de comunicar a sua impressão ao leitor. Enfim, a<br />
sua personalidade, a sua atitude perante a vida, os seus<br />
silêncios, elementos de êxito que Humberto de Campos<br />
conseguiu em quarenta anos de incessante prática da<br />
literatura. E o rapazinho de Minas Gerais, apresentando tais<br />
virtudes, não poderia improvisar aquilo que em todas as artes<br />
os artistas não trazem do berço e que é o mais difícil de<br />
conseguir.<br />
Não quero discutir a questão, mas, no meu pobre<br />
entender, o Tribunal terá dois caminhos a seguir: ou declarar<br />
que Humberto de Campos é autor de tais obras, mandando o<br />
editor entrar com os direitos para os herdeiros, ou negar a<br />
autoria do nosso grande escritor. Nesse último caso, terá de<br />
pedir a Academia Brasileira de Letras uma poltrona para o<br />
rapazinho que principiou por onde nem todos acabam, isto é,
escrevendo páginas que puderam ser atribuídas a quem tão<br />
formosamente escreveu..."<br />
176
177<br />
RADIEL CAVALCANTI<br />
Da Academia Paraibana de Poesia Aos Cinqüenta anos<br />
de Mediunidade do celebérrimo confrade <strong>FRANCISCO</strong><br />
CÂNDIDO <strong>XAVIER</strong>, em sinal de agradecimento por tudo<br />
que há feito em nosso favor!<br />
Divino Alpinista<br />
Dos Alpes do coração do nosso querido poeta Radiel<br />
Cavalcanti, da Academia Paraibana de Poesia, rolaram as<br />
lágrimas do agradecimento, versejadas na transposição de<br />
grotas e montanhas, inundando os vales com a alegria, de<br />
trazer aos confrades os Cinqüenta anos de mediunidade, que<br />
iluminou paços e tapera, refloriu a primavera, onde a treva<br />
crestou o coração.<br />
Caros leitores, abaixo transcrevemos o lindíssimo poema<br />
inserido no Correio Fraterno do ABC, em agosto de 1977,<br />
que motivou-nos a reproduzi-lo nesta edição, enriquecendo-a<br />
com a presença do querido poeta.<br />
Transpondo vales, grotas e montanha,<br />
Como empecilhos naturais da senda,<br />
Ele, ontem, se arrastou, hoje se banha,<br />
E aproveitando o pó, fez sua tenda!<br />
Mora na Pátria que não é estranha,<br />
Fala bem claro para que se entenda;<br />
Enquanto o povo o seu ensino ganha,<br />
Haurindo luz para evitar contenda!
178<br />
OS CINQUENTA ANOS DE MEDIUNIDADE<br />
Anteciparam a sua Eternidade,<br />
Pondo-o a viver no céu e aqui no chão...<br />
Iluminando paços e tapera,<br />
Fazendo reflorir a primavera<br />
Onde a treva, crestou o coração!!!
179<br />
IVANI RIBEIRO<br />
Escritora, Novelista, Jornalista e Poetiza de renome<br />
nacional.<br />
"A primeira coisa que aprendi com Chico Xavier - diz<br />
Ivani - foi a certeza do renascer. Antes eu tinha medo da<br />
morte. Agora sei que ela é uma passagem e deve ser<br />
encarada com tranqüilidade. Conviver com o Chico dá um<br />
enriquecimento interior muito grande, porque ele emana uma<br />
riqueza que passa pra gente. "<br />
E com entusiasmo que Ivani Ribeiro fala de Chico<br />
Xavier: "Ele é uma figura mística, quase transparente, sendo<br />
ao mesmo tempo tão forte e vigorosa que empurra as pessoas<br />
para frente e para o alto. O Chico é ecumênico: ele aceita<br />
todos os credos e comunga com todas as crenças. E eu acho<br />
que é assim que tem de ser. O seu trabalho vem há 50 anos<br />
tentando aproximar o homem de Deus."
180<br />
PAULO DANTAS<br />
Jovem Romancista nordestino, detentor de numerosas<br />
láureas acadêmicas.<br />
"Não conheço, mas admiro o espantoso Chico Xavier.<br />
Tenho mesmo a intenção de um dia ir a Uberaba para ver o<br />
homem-fenômeno de perto, conversar com ele, sentir o<br />
profundo de sua natureza, tocar na mão de seu caráter. Não<br />
morrerei sem vê-lo de perto. Porque Chico Xavier, pela sua<br />
pureza, é um homem suspenso no infinito."
181<br />
J. HERCULANO PIRES<br />
Parapsicólogo, Professor, Jornalista, Escritor<br />
Romancista de alto sentido filosófico.<br />
Entrevista feita no programa "Câmara Aberta, levado ao<br />
ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 -<br />
São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de<br />
Francisco Candido Xavier.<br />
Chico Xavier é uma doação, uma verdadeira doação,<br />
uma criatura que se entregou inteiramente aos outros.<br />
Criança, ele foi, como todos sabem, uma criança pobre,<br />
abandonada, sofredora, entregue mesmo a situações bastante<br />
cruciais e cruciantes; sofreu bastante na adolescência<br />
também, desenvolvendo a sua mediunidade que é uma das<br />
mais fabulosas mediunidades do mundo; a sua capacidade de<br />
psicografia é extraordinária como sabemos, um volume de<br />
obras por ele recebidas, obras de escritores, poetas,<br />
cientistas, sim, de cientistas também, como se vê nas suas<br />
obras referentes a problemas científicos. Chico Xavier<br />
realizou um trabalho constante de abnegação, de entrega aos<br />
outros, não pensou em si mesmo, não cuidou de si, cuidou de<br />
servira Doutrina, que lhe pareceu o que mais lhe tocava o<br />
coração, e a mais certa, e entregou-se a essa doutrina,<br />
procurando ajudar, esclarecer e orientar as criaturas em todas<br />
as situações difíceis em que se encontravam; nós sabemos<br />
que Chico não media horas,e não mede ainda hoje, apesar de<br />
ser obrigado a não se exaurir tanto, ele na verdade, entregase<br />
ás pessoas que lhe necessitam com inteira abnegação,<br />
inteiro carinho, com verdadeiro amor fraterno; é uma<br />
criatura que realiza uma das coisas mais difíceis do ensino<br />
evangélico: 'Amar o próximo como a si mesmo:'
182<br />
HUMBERTO DE CAMPOS FILHO<br />
Jornalista, Escritor e Poeta eminente.<br />
- E suas relações com Chico Xavier, atualmente,<br />
Humberto? - pergunta o redator.<br />
- São e sempre foram ótimas.<br />
Você acredita que as mensagens de Chico, são mesmo<br />
obra do espírito de seu pai?<br />
- Você é a milionésima pessoa que me faz essa pergunta,<br />
ou melhor - essas perguntas. Vou tentar responder ambas,<br />
agora, contando uma passagem de minha vida:<br />
Por volta de 1957, vindo com uma caravana de espíritas<br />
até Uberaba, como tanta gente que busca, incansavelmente,<br />
uma resposta às suas perguntas angustiosas sobre o<br />
fenômeno da morte, do destino e da dor, fui conhecer de<br />
perto o Chico Xavier. Passados tantos anos, quase duas<br />
décadas, ia encontrar-me com aquele que tinha sido alvo de<br />
uma ação movida pela minha família. Foi um encontro<br />
realmente comovente, pois, desta vez, ambos estávamos do<br />
mesmo lado da trincheira. Participei da feitura da sopa dos<br />
pobres, descascando cenouras sob um telheiro, numa<br />
atmosfera que lembrava as cenas simples dos primeiros dias<br />
do verdadeiro cristianismo. Caminhei ao lado do Chico ao<br />
longo da romaria que era realizada no sábado à tarde,<br />
levando um saco com mantimentos, que seriam distribuídos<br />
aos pobres, visitados no trajeto. Presenciei no interior de<br />
uma palhoça o tocante momento em que um doente grave era<br />
visitado pelo espírito de Memei, que se anunciava por um<br />
pronunciado cheiro de éter que, depois, era substituído pelo<br />
aroma de flores silvestres. E, por final, já na noite anterior ao
nosso regresso, a conversa realmente impressionante que tive<br />
com ele.<br />
De início, envolvido por aquela atmosfera de paz e<br />
bondade que sua presença transmite, conversamos sobre o<br />
passado e sobre as coisas que julgávamos importantes, em<br />
relação ao momento em que vivíamos. De repente, sem as<br />
bufadas ou contorções tão comuns para quem freqüenta<br />
reuniões desse tipo, notei que o Chico deixava de ser o Chico<br />
para ser, talvez, alguém que identifiquei como meu pai. Pelas<br />
coisas' que dizia e pela forma que as dizia. E o que ouvi<br />
naquela noite, guardei para o resto de minha vida. Foram<br />
coisas que agora me fazem pensar se não estamos bem<br />
próximos ou já chegamos aos instantes de decisão,<br />
vaticinados por aquela voz.<br />
"O mundo é uma fogueira que se consome nos mais<br />
baixos impulsos da vaidade e da ambição do homem. Nesse<br />
mundo que está sendo transformado, fisicamente, sem<br />
nenhuma consciência e sem nenhum escrúpulo, numa<br />
rapidez surpreendente, o próprio homem, vivendo nesse<br />
contexto e agindo de acordo com as regras vigentes, para não<br />
ser aniquilado, já começa a desconfiar de que alguma coisa<br />
está profundamente errada."<br />
- Essa entrevista com Humberto de Campos Filho,<br />
falando sobre Chico Xavier pessoa humana, sobre Chico<br />
Xavier, homem de paz e de bondade, comove aos espíritas e<br />
umbandistas. E o momento inesquecível na vida de<br />
Humberto, no qual as palavras e as coisas ditas por Chico,<br />
pareciam vir da mente do seu querido pai - também são<br />
registros importantes - pois que dificilmente um filho<br />
esquece as maneiras, os pensamentos e conceitos íntimos de<br />
seu pai. Pode ser que o Espiritismo não tenha conquistado<br />
183
em Humberto um adepto fervoroso, mas - segundo ele<br />
mesmo confessa - afigura de Chico Xavier; naquela noite<br />
longínqua, plantou, em seu coração, uma semente de<br />
esperança, que jamais deixará de ser cultivada.<br />
184
185<br />
LICINIO LEAL<br />
Grão Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de<br />
Goiás, Vice-diretor da Faculdade de Direito Federal de<br />
Goiás, Presidente do Colegiado de Cursos Jurídicos da UFG.<br />
Professor nas Universidades de Direito Federal, Católica e<br />
Anhangüera. Já escreveu uma vasta produção literária e<br />
Jurídico Penal.<br />
"Foi aos 17 anos de idade, pela vez primeira, ouvi falar<br />
de Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier. Eu havia ido à<br />
Veneza brasileira, estudar. Hospedei-me com um parente<br />
longínquo, fervoroso adepto do Espiritismo. Sua biblioteca<br />
estava repleta de obras espíritas, a maioria mediúnica,<br />
escritas por Emmanuel, André Luiz e outros, através do<br />
médium de Pedro Leopoldo.<br />
Os jornais de grande circulação no Nordeste, vez por<br />
outra estampavam, nos idos de 1952, reportagens de primeira<br />
página sobre o mago da mediunidade no Brasil. Sua<br />
extraordinária fertilidade literária - jamais igualada, aqui e<br />
além fronteiras, nem mesmo por Coelho Neto ou Castilho -<br />
era motivo de espanto, saindo de um modesto amanuense do<br />
Ministério da Agricultura, que jamais tivera outra<br />
escolaridade que o primário. Descreviam-se os seus gestos<br />
no momento da produção mediúnica - a mão esquerda<br />
cobrindo os olhos, a mão direita empunhando um lápis após<br />
outro, numa escrita nervosa e extremamente rápida, as folhas<br />
de papel sem pauta retiradas por um acólito. E ao cabo de<br />
alguns minutos do mais profundo silêncio, diante de uma<br />
assistência contrita e espectante, ora lida, pelo próprio<br />
médium, o texto recebido durante o transe, ora uma poesia
concebida nos mais diversos estilos, ora tema exortação de<br />
cunho ético ou religioso.<br />
Ao vir para Goiás, senti, no Planalto, uma Profunda<br />
atração mística na direção do grande médium brasileiro. Os<br />
centros espíritas, as mocidades espíritas se espalhavam pelas<br />
principais cidades goianas. Tornei-me espírita, Kardecista -<br />
Kardec o mentor do verdadeiro Espiritismo, seguido por<br />
Francisco Cândido Xavier., E como todo espírita, aspirava a<br />
conhecer o grande médium.<br />
Ele se transferira, por ordens do alto, segundo<br />
confidenciara a amigos, para a cidade mineira de Uberaba.<br />
Tinha, como secretário Weaker Batista, como eu Maçom:<br />
quando esse ilustre Obreiro foi Venerável Mestre da Loja<br />
"Roosevelt", de Anápolis, eu fui seu Orador. Daí, o convite<br />
de Weaker, que mora ao lado da casa de Chico Xavier. À<br />
noite, seria a sessão. Não havia muitas pessoas de fora, ao<br />
contrário do que, freqüentemente, ocorre. Mesmo assim, o<br />
recinto estava repleto.<br />
Uma fervorosa adepta de Chico lhe trouxe uma<br />
exuberante rosa vermelha que ele, após a apresentação, me<br />
passou às mãos, como uma recordação sua.<br />
Após, homens e mulheres, vestidos com simplicidade,<br />
apesar de vários serem portadores de títulos universitários,<br />
reunimo-nos em torno de uma mesa, onde seriam discutidos<br />
textos do Evangelho. Coube a mim discorrer sobre o texto<br />
escolhido, à deriva. Chico, enquanto isso, cerca de hora e<br />
meia a duas horas - se trancara num quarto, contíguo,<br />
atendendo a uma fila, que, lentamente, se esvaia. Ao termo,<br />
voltou, sereno, e sentou-se; sobre o papel, no gesto<br />
característico de vedar os olhos, começou, como tangido por<br />
186
estranha corrente elétrica, a escrever, página que leria,<br />
minutos após, com voz angelical.<br />
A impressão que Francisco Cândido Xavier deixa, nos<br />
que o conhecem, é a de um apóstolo do verdadeiro<br />
Cristianismo, santo que, ao lado de Francisco de Assis, o<br />
Polverello, e Mohandas Carancham, o Mahatma Gandhi,<br />
mais perto se aproximou, pela pregação e seu devotado<br />
exemplo de caridade, do sublime rabi da Galileia.<br />
187
188<br />
APARÍCIO FERNANDES<br />
Escritor, Jornalista, Poeta, Radialista e eminente homem<br />
de letras, nascido na cidade de Acari, Estado do Rio Grande<br />
do Norte.<br />
Em 1965, a Federação Espírita Brasileira publicou a<br />
antologia "Trovadores do Além", organizada pelo médico (e<br />
trovador) Elias Barbosa, residente em Uberaba, Minas<br />
Gerais. O livro enfeixa 312 trovas de autores desencarnados,<br />
isto é, de poetas já falecidos, que retornaram, em espírito,<br />
para, através das faculdades do médium, fazer chegar aos<br />
seus irmãos deste mundo algumas das trovas que continuam<br />
a compor na Vida Espiritual. O médium é mero instrumento<br />
intermediário. Para isto cede seu corpo (ou apenas seu braço)<br />
a fim de que o poeta desencarnado, utilizando-se dele, possa<br />
escrever a trova que fez. As trovas figurantes no livro<br />
"Trovadores do Além" foram psicografadas (isto é, recebidas<br />
mediunicamente), pelos médiuns Francisco Cândido Xavier<br />
e Waldo Vieira. O primeiro é um dos mais famosos médiuns<br />
espíritas do mundo, cuja vida de renúncia, humildade e<br />
caridade incondicionais a muitos tem edificado...<br />
Serão realmente dos trovadores do além-túmulo essas<br />
trovas?<br />
Eis uma questão cuja resposta depende do entendimento<br />
de cada um e da perseverança e seriedade com que se<br />
empenha em pesquisar a Verdade. O que podemos dizer é<br />
que nossos olhos se encheram de lágrimas quando lemos,<br />
pela vez primeira, estas trovas, atribuídas ao espírito de<br />
Adelmar Tavares:<br />
O regozijo da morte,
189<br />
que ninguém sabe dizer,<br />
tem a beleza da noite<br />
no instante do amanhecer.<br />
Ouvi alguém que dizia:<br />
- "La se vai o poeta morto",<br />
sem perceber a alegria<br />
do sonho chegando ao porto.<br />
No momento derradeiro,<br />
antes do sono feliz,<br />
compus em gotas de pranto<br />
a trova que nunca fiz.<br />
Afeições enternecidas, meus derradeiros amores!...<br />
Deus vos salve, mãos queridas,<br />
que me cobristes de flores!...<br />
Celeste amor que perdura<br />
atende a roteiro assim:<br />
ilimitada ternura<br />
no entendimento sem fim.<br />
Morte!... No termo das provas,<br />
Senhor, agradeço a luz<br />
com que adornaste de trovas<br />
as trevas de minha cruz!<br />
Nas trovas acima; duas são de rima simples - o que era<br />
comum em Adelmar Tavares - mas tem a singeleza e a<br />
espontaneidade característica do saudoso poeta. Tivemos o
prazer de conhecer pessoalmente o Doutor Adelmar, já<br />
velhinho, com o qual conversamos várias vezes.<br />
Constatamos de perto a bondade e o lirismo de sua alma de<br />
poeta. Por outro lado, lemos e relemos inúmeras vezes suas<br />
poesias e trovas. Ora, em nossa opinião, tanto no estilo como<br />
no sentimento, essas trovas são tipicamente de Adelmar<br />
Tavares. Para que o leitor possa comparar, extraímos da obra<br />
do grande trovador pernambucano as trovas que se seguem,<br />
as quais apresentam nítidos pontos de contato com as outras<br />
trovas, que Adelmar-Espírito nos enviou através da<br />
mediunidade de Chico Xavier:<br />
A morte não é tristeza<br />
é fim, é destinação.<br />
- Tristeza é ficar vivendo,<br />
depois que os sonhos se vão..<br />
Trovas, trovas da minha alma!<br />
Da vida quando eu me for,<br />
sede o humilde travesseiro<br />
do sono de um sonhador.<br />
Quando eu morrer, levo à cova,<br />
dentro do meu coração,<br />
o suspiro de uma trova<br />
e o gemer de um violão.<br />
Neste mundo, a certas vidas,<br />
a morte seria um bem.<br />
Mas até a própria morte<br />
se esquece delas também...<br />
190
191<br />
Mãe, que os meus versos incensam!<br />
Quando eu vim do mundo à luz,<br />
foi na cruz de tua bênção<br />
que eu vi a vida - uma cruz<br />
Alguém já disse, e é verdade,<br />
que o sentimento do amor,<br />
ou se faz eternidade,<br />
ou, então, não é amor...<br />
Trova que vens novamente<br />
encher o meu coração,<br />
- sê bendita, luz divina,<br />
amor de consolação.<br />
Que contraste tem a Sorte!<br />
No mundo, que ingrata lida!<br />
- A Vida chorando a Morte...<br />
E a Morte rindo da vida...<br />
Para os que acreditam, é uma alegria e um certeza de<br />
imortalidade. Para os descrentes, será, pelo menos, uma<br />
esperança.
192<br />
MARIA ANTONIETA ALESSANDRI<br />
Intelectual e Orientadora educacional, vive há mais de<br />
vinte e cinco anos dedicada à causa espírita em Goiás,<br />
presidente da Irradiação Espírita Cristã que segrega dezoito<br />
departamentos assistenciais sob sua orientação. Escolhida<br />
pelo Grêmio Lítero Carlos Gomes como a Mulher do Ano de<br />
Goiás de 1977.<br />
"Amor! Rememora a luz.<br />
Que do Cristo se descerra...<br />
Um berço, um barco, uma cruz<br />
E o bem redimindo a terra" - Auta de Souza<br />
Atendendo o convite de um grande educador mineiro<br />
José Ignácio de Souza, fui conhecer, em Pedro Leopoldo, em<br />
1939, um médium que começava a ser conhecido no Brasil<br />
por sua psicografia: Francisco Cândido Xavier.<br />
De Belo Horizonte, partimos rumo à pequena cidade<br />
mineira, onde chegamos à tardinha. Fomos acolhidos com<br />
carinho e encaminhados a uma sala humilde, onde se<br />
encontrava Chico Xavier, sentado à cabeceira de uma mesa<br />
rústica, tendo à sua treme papel e muitos lápis. Nos bancos,<br />
ao redor, vários senhores já se encontravam assentados, e,<br />
entre eles, nos colocamos.<br />
Eu era uma recém-normalista e aquele ambiente ou o ar<br />
compenetrado dos presentes, diante da leitura do Evangelho,<br />
me infundiram um grande respeito. Terminada a leitura, o<br />
médium começou a escrever, com incrível rapidez. Após a<br />
psicografia, à medida que as páginas iam sendo lidas,<br />
lágrimas de emoção afloravam aos olhos dos beneficiados.
Algumas mensagens traziam provas irrefutáveis da presença<br />
de pessoas queridas há muito desencarnadas, outras faziam<br />
apelos veementes à divulgação do Esperanto na Terra do<br />
Cruzeiro e finalmente a mensagem dirigida a todos os<br />
corações, trazendo o convite à renovação interior à luz dos<br />
ensinamentos evangélicos. E aquela voz, diferente de todas<br />
as vozes, e que lia a matéria recebida do Além, partindo<br />
daquele que irradiava bondade e ternura, exercia profunda<br />
influência em meu espírito. Naquele instante, despertaria em<br />
mim o grande interesse pelo espiritismo e o livro espírita se<br />
transformaria no alimento indispensável ao despertar<br />
espiritual.<br />
Em verdade, quando jovens temos o coração repleto de<br />
indagações e do desejo ardente de consertar as injustiças do<br />
mundo, desejamos provas reais da presença do Espírito e<br />
muitas vezes um misto de ansiedade e desespero se instala<br />
no coração, diante da própria impotência.<br />
E foi nesta hora que apareceu como um facho de luz a<br />
mensagem mediúnica de Chico Xavier, hoje, materializada<br />
em dezenas e dezenas de livros: livro estudo, livro história,<br />
estórias, romance, poesias, ciência, filosofia, religião,<br />
remédio, livro roteiro, todos eles inteiramente calçados nos<br />
ensinos sublimes de Jesus.<br />
É muito difícil dizer da gratidão e do carinho de minha<br />
alma a esse Seareiro do Pai. Saberia o filho compreendera<br />
bênção do amor maternal ou a grandeza da proteção paterna?<br />
Assim, para nós outros, que fomos encontrar na literatura<br />
espírita, que veio, dos Espíritos mais elevados até nós, graças<br />
ao espírito de renúncia, dedicação e amor do Chico Xavier, a<br />
nossa gratidão. Esses livros têm sido luz espiritual para o<br />
norteamento do rumo a seguir; o bálsamo para as horas<br />
193
difíceis; o júbilo nos momentos de lazer; o socorro às<br />
aflições alheias; o estímulo constante para a sementeira da<br />
fraternidade no processo assistencial; o amparo direto nas<br />
horas de indecisão; o roteiro abençoado a nos mostrar a<br />
bandeira verde da esperança dentro da problemática da<br />
evolução humana.<br />
Os espíritos do Senhor, usando esse instrumento<br />
afinadíssimo, temperado na dor, que é a mediunidade de<br />
Chico, conseguiram trazer à humanidade, e de uma maneira<br />
maravilhosamente atraente a palavra do Cristo nos<br />
recordando: "Nisto todos reconhecerão que sois meus<br />
discípulos, se vos amardes uns aos outros, João 13:35".<br />
E assim, o amor de Deus continua na Terra crescendo na<br />
bondade de Francisco de Assis, na dedicação de um Vicente<br />
de Paulo, na renúncia-caridade de um Chico Xavier. Graças<br />
a Deus".<br />
194
195<br />
MOACYR SALLES<br />
Escritor, Poeta, com obras publicadas de grande valor<br />
literário, ele é citado com um seu poema no livro "Poetas do<br />
Brasil", onde figuram os maiores nomes da literatura<br />
nacional.<br />
"Um médico anapolino me disse, certa vez, que bastaria<br />
o livro "Parnaso de Além-Túmulo" para atestar a perfeição<br />
da mediunidade de Chico Xavier, valendo, ainda, como<br />
elemento de prova da comunicação dos mortos.<br />
De fato, naquela obra - a primeira das cento e cinqüenta<br />
publicadas com a assinatura do famoso intérprete,<br />
encontrasse um valioso registro da palavra de além-túmulo,<br />
endereçada aos mortos do mundo dos vivos. Assisti, em<br />
várias oportunidades, ao veloz movimento do lápis, fazendo<br />
o Chico fluir mensagens admiráveis, como se visse, das<br />
entranhas da terra, brotar uma fonte no alto e a água<br />
despejar-se em cachoeira, na lauda do solo. Desse jorro, diz<br />
M. Quintão, prefaciando aquele livro : - "Não há ideação<br />
prévia, não há encadeamento de raciocínio, fixação de<br />
imagens. E tudo inesperado, explosivo, torrencial!" - Na<br />
perfeição de cada estilo, não é necessário anunciar Emilio de<br />
Menezes, em "Recado": "No incenso a Bacojá não me<br />
agonizo, Prossigo além, exótico e discreto, Mangando<br />
embora, mas com regra siso..." (Antologia dos Imortais);<br />
nem se precisa dizer que é Alvarenga Peixoto, em<br />
"Redivivo": - "Divina lira, Musa que inspira, Meu coração,<br />
A relembrar.... Celebra, amena, A vida plena, A paz sublime.<br />
A luz sem par. (Cartas de Coração); nem que é Augusto dos<br />
Anjos, em "Vozes de uma sombra": - "Donde venho? Das<br />
eras remotíssimas, Das substâncias elementaríssimas,
Emergindo das cósmicas matérias. Venho dos invisíveis<br />
protozoários, Da confusão dos seres embrionários, Das<br />
células primevas, das bactérias" (Parnaso de Além Túmulo);<br />
ou Alceu Wamosy, em "Página ao Homem": - "Romeiro da<br />
ansiedade, em lágrimas avanças, A estrada é solidão<br />
enquanto a luz declina. Esbravejam bulcões na tela<br />
vespertina, Faz-se a noite aguaceiro em súbitas mudanças!...<br />
(Poetas Redivivos).<br />
Em 1975, vindo de umas férias, com esposa e filho (esse<br />
contava três anos de idade), fizemos uma visita ao Chico, em<br />
Uberaba. Sala cheia, como sempre, fila ziguezagueando<br />
dentro e fora do salão, esperei a oportunidade e consegui<br />
chegar ao médium. Conversando sobre determinado caso,<br />
Chico me informou: - "Há aqui um médico homeopata e eu<br />
vou ouvi-lo, sobre o nome do remédio". - Pensei eu estivesse<br />
o médico na assistência, mas Chico se levantou, para ir à<br />
cabine de recepção de mensagens. Ficou de pé, na porta, pois<br />
um grupo de senhoras cercou-o, não lhe dando ensejo nem<br />
de entrar na cabine nem de sentar-se. E o tempo passou -<br />
meia hora, no mínimo. Meu menino, no braço da mãe,<br />
demonstrava cansaço e eu, receiando prolongar-se a espera,<br />
propus ao Chico me deixasse levar a família ao hotel e,<br />
depois, ficaria na sala aguardando, o tempo que fosse<br />
preciso, o resultado da conversa que ele viesse a ter com o<br />
doutor. - "Não é preciso - observou - aqui está o nome do<br />
remédio". E desdobrou um papel branco, contendo o nome<br />
do medicamento, o do laboratório, seu endereço e<br />
apreciações outras - tudo gravado à tinta manuscrita. -<br />
Estivera eu todo o tempo a seu lado e não tenho dúvida de<br />
que ele não escreveu nada, nesse período, pois as inúmeras<br />
196
consulentes não lhe deram folga. O papel apareceu em sua<br />
mão, com os elementos de orientação bem expressos.<br />
Falei, outras vezes, com o Chico, mas nem tive<br />
oportunidade de tocar no assunto com ele, fazendo as minhas<br />
perguntinhas de acupuntura. Nem mesmo lhe contei que,<br />
chegando daquela vez mesmo a Goiânia, Telefonei para São<br />
Paulo, encomendando o remédio cujo nome apareceu<br />
inentendidamente no papel branco.<br />
E que veio do outro lado do fio, a informação: - "Como o<br />
senhor sabe desse remédio? Agora é que estamos acabando<br />
de o produzir!"<br />
197
198<br />
BERNARDO ELIS<br />
Membro da Academia Brasileira de Letras, Membro, da<br />
Academia Brasiliense de Letras, Membro da Academia<br />
Goiana de Letras, Membro do Instituto Histórico Geográfico<br />
de Goiás, Membro da União Brasileira de Escritores. Tem<br />
publicadas nove obras, sete de ficção e duas de ensaio,<br />
inúmeras crônicas e contos literários.<br />
"Minha jovem repórter, você me pediu a impressão sobre<br />
Chico Xavier e eu fiquei de dar.<br />
Digo-lhe que pensei muito sobre o assunto e pareceu-me<br />
prudente calar. O momento é para falar de divórcio, de<br />
controle de natalidade, de mordomias, novelas de televisão e<br />
acima de tudo é para se falar de título eleitoral, esse<br />
documento que ultimamente vem assumindo uma<br />
importância formidável, embora eu não possa compreender a<br />
razão. Estamos, pois, num tempo de mulheres nuas (ou<br />
quase, não sejamos exagerados!), num tempo de piadas.<br />
Você já viu o Brasil está ceio de piadas? Não, ninguém que<br />
não tenha a última (muito boa) para contar assim meio no<br />
cochicho, que parede tem ouvidos... E Chico Xavier é<br />
assunto sério. Imagine que ele só pensa em dar, num tempo<br />
de tomar de qualquer maneira; ele só fala no próximo, num<br />
tempo em que todos são distantes; fala do outro mundo, num<br />
tempo em que o tempo é pouco para devorar este nosso<br />
pobre mundinho; ele fala de caridade num momento que a<br />
suprema felicidade é ver arder a barba do vizinho. Então esse<br />
homem é um perigo. Contudo, como você está cobrando,<br />
vou falar de Chico Xavier quase em tom de piada. É o caso<br />
que Voltaire entendia que os patrões só deviam empregar<br />
criados que fossem cristãos convictos. Dizia que um cristão
convicto verdadeiramente é incapaz de roubar o patrão e<br />
nessa segurança reside a paz na terra. Mas se Voltaire ficou<br />
aí, outros filósofos prosseguiram no raciocínio e concluíram<br />
que um cristão convicto oferece ainda outra comodidade: a<br />
do patrão desonesto roubar impunemente o cristão convicto,<br />
para quem só valem os bens do outro mundo.<br />
Por aí você pode imaginar. Se todos os que vivem do<br />
próprio trabalho, nesse mundo fossem cristãos convictos, o<br />
mundo seria o Paraíso dos patrões (desonestos)! Nesse<br />
pontinho é que divirjo um pouco de Chico Xavier: naquilo<br />
que ele possui de humilde, manso, desprendido dos bens<br />
terenos, atitude que é uma delícia para os patrões desonestos<br />
e para os donos do mundo. "Faze-te de mel que as abelhas te<br />
comem" - já diziam os portugueses de outrora. No mais, se<br />
existir santo Chico Xavier é um dos maiores; se houver Céu,<br />
dele será o melhor lugar, salvo se por lá já não houverem<br />
chegado os desonestos, ambiciosos, hipócritas e outros seres<br />
que é costume chamar poderosos."<br />
199
200<br />
ELY BRASILIENSE<br />
Academia Goiana de Letras, Ex-presidente do Instituto<br />
Histórico e Geográfico de Goiás, Membro da Academia<br />
Maçônica de Letras do Rio de Janeiro. Tem publicado dez<br />
livros.<br />
"Tenho profunda admiração pelo trabalho de Chico<br />
Xavier, e dedico-lhe o maior respeito. Beijar-lhe-ia a mão, se<br />
tal gesto não representasse a hipocrisia e o exibicionismo de<br />
todos os tempos. Admiro-lhe a coragem, a persistência e a<br />
dignidade com que vem desempenhando essa sublime tarefa<br />
que lhe foi confiada na Terra. Não é fácil. Sabemos que<br />
muita gente tenta, com os acenos da grande imprensa,<br />
ofuscar essa obra, procurando explorara vaidade que o<br />
grande médium não possui, no sentido de forçá-lo a gritar a<br />
todo mundo que tudo é fruto de criação sua, de seu talento<br />
literário. Se assim o fizesse, já estaria na Academia<br />
Brasileira de Letras, vestido com a mortalha mais cara do<br />
mundo. Não condeno aqueles que duvidam da psicografia.<br />
Os dez mandamentos, quem ditou?<br />
Charles Dickens concluiu seu romance THE MISTERY<br />
OF EDWIN DROOD com a colaboração de um iletrado<br />
aprendiz de mecânico, T. P. JAMES, e nenhum crítico, por<br />
mais severo que se mostrasse, conseguiu descobrir onde<br />
terminava o manuscrito e onde começava a parte mediúnica.<br />
Tal acontecimento se registrou em 1872.<br />
A mediunidade não é qualidade inata; e um dom para<br />
aqueles que são escolhidos pelos mentores espirituais; depois<br />
de observados cuidadosamente por muito tempo. A falsa<br />
mediunidade é um perigo para a própria pessoa que tem a
ilusão de possuí-la, sem merecimento. Francisco Cândido<br />
Xavier é um dos grandes escolhidos da atualidade: "<br />
201
202<br />
IRON JUNQUEIRA<br />
Jornalista, Escritor e Poeta.<br />
O maior mérito de sua vasta obra literária é que ela é<br />
toda revertida em prol do Lar Humberto de Campos em<br />
Anápolis, que ele não só dirige, mais convive no dia a dia<br />
com aqueles pequeninos desfavorecidos pela sorte, como um<br />
verdadeiro pai e mestre.<br />
"Grandes eventos se registraram ao longo deste século,<br />
em todos os campos da atividade humana, principalmente<br />
nestes últimos cinqüenta anos, quando a humanidade fora<br />
fartamente enriquecida com os extraordinários benefícios da<br />
ciência, que se expandira com amplitude e de maneira geral,<br />
amenizando sofrimentos e proclamando eureka a antigos e<br />
complexos desafios; em termos de futuro, nenhuma obra foi<br />
tão marcante como a construção de Brasília que, segundo<br />
entendidos, será, em futuro breve, a Capital das grandes<br />
decisões para a felicidade de todas as criaturas.<br />
Mas em se reportando ao progresso espiritual dos<br />
homens, quase que somente a Dor tem sido o anjo<br />
distribuidor das mais profundas e verdadeiras lições,<br />
entretanto, ao lado dela, com destinação aos que desejem<br />
evoluir optando pelo SERVIR e não pelo SOFRER, existe,<br />
para a ventura de milhares e milhares de pessoas, a<br />
mediunidade sublime de Francisco Cândido Xavier, através<br />
da qual os espíritos dos que nos precederam ao túmulo nos<br />
provam a sua imortalidade, nos falam da glória eterna do<br />
Bem, nos concitam ao trabalho, à Virtude, ao Amor, à<br />
Caridade que "fora desta não há apelação"- e,<br />
principalmente, nos tornam imensamente felizes, por nos
darem tanta esperança e nos falarem de um Deus tão bom,<br />
verdadeiramente Pai, bem ao contrário daquele Deus tirano<br />
que dava castigo eterno aos filhos que erravam.<br />
Milhares e milhares de criaturas estariam hoje nas vascas<br />
do sofrimento ou nas curvas dos descaminhos, padecendo na<br />
inutilidade e tateando nas trevas da própria ignorância, se<br />
não fosse o trabalho desse incansável homenzinho de<br />
Uberaba, cujo exemplo de bondade a todos nos tem servido<br />
como bússola ao coração, cuja inteligência, a serviço da<br />
sabedoria dos Espíritos Egrégios, não deixa de estar<br />
sustentando - e mantendo - o progresso moral e espiritual da<br />
humanidade, em grande parte.<br />
Francisco Cândido Xavier é um dos homens deste<br />
século, e só chegaremos a esta conclusão quando os<br />
estudiosos fizerem a soma dos benefícios que os livros<br />
psicografados por ele trouxeram à humanidade, em todos os<br />
sentidos positivos".<br />
203
204<br />
JANDYRA AYRES CRUVINEL<br />
Professora aposentada, conviveu com Chico nos anos 40<br />
em Pedro Leopoldo. Respeitada Educadora do Estado de<br />
Goiás.<br />
Juscelino fez o Brasil progredir 50 anos em cinco. O<br />
Chico com sua literatura de caráter científico, consolador e<br />
sobretudo moral, com seu exemplo de virtude e profunda<br />
humildade, proporcionou à sociedade brasileira um<br />
amadurecimento espiritual de 500 anos em 50. Falamos de<br />
sociedade brasileira porque neste querido Brasil todos<br />
conhecem Chico, e mesmo aqueles que não comungam com<br />
a crença espírita reconhecem-lhe a pureza de caráter e o<br />
fenômeno da sua produção literária. " Palavras da estudante<br />
de Direito MIRLENE BARBOSA DA CRUZ: "Momentos<br />
de neuroses coletivas, onde o grito torna-se mais estridente,<br />
eis que se nos aparece como verdadeiro paradoxo, a figura<br />
do Chico Xavier, que só fez durante estes 50 anos amordoação.<br />
Chico sempre deixou falar mais alto o que muitos<br />
corações não conseguiram nem pensar baixinho."
205<br />
ZEUS WANTUIL<br />
Trechos de carta do Doutor Zéus Wantuil, 3.° Secretário<br />
da Federação Espírita Brasileira, à presidente da União<br />
Espírita Mineira, publicados com sua autorização, a nosso<br />
pedido. Dr. Zéus Wantuil é filho do saudoso presidente da<br />
FEB, Dr. Antonio Wantuil de Freitas, grande amigo da Casa<br />
de Antonia Lima.<br />
"... não me considero à altura para escrever algo sobre o<br />
Chico. Dele, dão testemunho (e que testemunho!), as belas<br />
obras que semeou e semeia por esse Brasil afora, com<br />
reflexos benéficos em diversas nações do Mundo. E quando<br />
digo "obras"; refiro-me não só a palavra escrita e falada, que<br />
também aos seus exemplos de caridade, de perdão, de fé, de<br />
humildade, aos seus diálogos fraternos e frutíferos, enfim, à<br />
sua multiforme vivência evangélica junto a pobres e ricos,<br />
num trabalho diário de edificação e alevantamento de<br />
espíritos ".<br />
Conheço o Chico há bastante tempo. Nos seus livros<br />
mediúnicos encontrei forças, luz e paz, e através de suas<br />
cartas pude senti-lo e amá-lo bem no fundo do seu ser. Por<br />
várias vezes chorei com as suas preocupações e sua dor,<br />
vivendo-Ihes as graves responsabilidades e lamentando a<br />
incompreensão dos homens. Mas sempre orei pedindo ao<br />
Senhor não lhe tirasse o pesado fardo dos ombros, e sim que<br />
o ajudasse a carregá-lo. Graças a Deus, o nosso caro Chico<br />
tem vencido todas as dificuldades e todos os óbices do<br />
caminho, numa maratona hercúlea que realmente o dignifica<br />
aos olhos dos homens e aos olhos do Pai.<br />
Como vê a prezada Amiga, não sei como poderia dizer<br />
algo sobre o Chico. As palavras não o saberiam expressar.
Tenho-o dentro de minha alma como a um irmão multo<br />
querido, a quem devo grande parte da minha renovação<br />
espiritual e, mais ainda, da felicidade parcial que mora em<br />
meu coração.<br />
206
207<br />
MÁRIO PALMÉRIO<br />
Advogado, Escritor, Educador, Embaixador e Membro<br />
da Academia Brasileira de Letras.<br />
Entrevista feita no programa Câmara aberta, levado ao ar<br />
no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de, Televisão - Canal 4 -<br />
São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de<br />
Francisco Cândido Xavier.<br />
Nós, Uberabenses, as pessoas que aqui nascemos, ou que<br />
aqui residimos, só temos motivo de orgulho e de prazer por<br />
contar com a presença de Chico Xavier na nossa cidade. Ele<br />
não é apenas essa figura tão conhecida, tão exaltada, tão<br />
aplaudida de um líder religioso; Chico Xavier alia a esse seu<br />
trabalho religioso, um trabalho de assistência impar,<br />
raríssimo.
208<br />
JOÃO RIBEIRO<br />
Historiador e Crítico de Literatura. Grande nome das<br />
letras nacionais.<br />
Chico Xavier, não atraiçoara poeta algum, todos no<br />
"Parnaso de Além-Túmulo, se revelavam como realmente o<br />
foram em vida.<br />
ATALIBA GUARITA NETO<br />
Jornalista, Poeta, Escritor e Radialista.<br />
Entrevista feita no programa "Câmara Aberta", levado ao<br />
ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 -<br />
São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de<br />
Francisco Cândido Xavier.<br />
Quando minha cidade "roubou" Chico Xavier de Pedro<br />
Leopoldo, Uberaba passou a conquistar, a ganhar um<br />
embaixador, o embaixador da fé. Só quem reside aqui pode<br />
saber o que esta expressão tem de significado; ele é<br />
realmente um grande embaixador da fé, abraçando a todos,<br />
envolvendo a todos, impressionando a todos...
209
210<br />
MARCIA ELIZABETH DE SOUZA<br />
Jornalista, Professora, Radialista e Entrevistadora de<br />
mérito.<br />
"São cinqüenta anos na tarefa abençoada de fazer<br />
claridade nos caminhos de nossa vida, consumindo-se a si<br />
mesmo como um círio aceso, para que vejamos o caminho.<br />
Cinqüenta anos de labor fecundo, que são mais de um<br />
século de trabalho incessante, porque o tarefeiro do Senhor<br />
não conheceu noites de repouso; trabalhou sem cessar.<br />
Ouviu e compreendeu as palavras do Mestre: "meu Pai<br />
trabalha desde toda a Eternidade e eu trabalho também".<br />
Trabalhou servindo e serviu amando.<br />
Muitos são os convocados para o trabalho na seara do<br />
Mestre, poucos o iniciam e raros nele persistem. Por isso<br />
mesmo são dignos do maior respeito e admiração aqueles<br />
que permanecem vários anos na tarefa, sem interrupção,<br />
vacilação ou desânimo.<br />
Francisco Cândido Xavier, o nosso Chico, ê um destes<br />
homens extraordinários, um verdadeiro missionário, de quem<br />
temos a honra e a alegria de ser contemporâneos.<br />
Por suas mãos, a Espiritualidade tem transmitido<br />
milhares de mensagens que têm trazido consolo e esperança<br />
a milhões de pessoas.<br />
Através de sua psicografia, já foram publicados cento e<br />
cinqüenta livros, fonte inesgotável de ensinamentos.<br />
Por suas palavras refeitas de bondade, milhares de<br />
criaturas têm sido consoladas e orientadas.<br />
E ninguém pode afirmar que Chico seja um privilegiado,<br />
porquanto, a despeito da constante orientação de Emmanuel<br />
e outros espíritos de escol, inúmeras vezes o sofrimento o
tem visitado. Como se não bastasse a precária saúde física,<br />
nos seus sessenta e sete anos de existência, tem conhecido<br />
humilhações e calúnias de toda ordem, sempre gratuita.<br />
Privilegiados somos os espíritos da atualidade, que, além<br />
das obras monumentais do insigne Allan Kardec, usufruímos<br />
vasta literatura complementar de que é instrumento este<br />
admirável missionário, ao lado de seu indiscutível exemplo<br />
de simplicidade, humildade, perseverança e amor<br />
incondicional.<br />
211
212<br />
PADRE PASCOALE FILIPELE<br />
Entrevista feita no programa "Câmara Aberta", levado ao<br />
ar no dia 30.6.1977 pela Rede Tupi de Televisão - Canal 4 -<br />
São Paulo, no advento do cinqüentenário de Mediunidade de<br />
Francisco Cândido Xavier.<br />
Pergunta: Padre Pascoale Filipele, quem é Chico Xavier?<br />
"Tenho profundo respeito pelos homens, sobretudo por<br />
aqueles homens que se dedicam atender aos mais<br />
necessitados, por isso o respeito profundo pelo Chico<br />
Xavier, que deve estar completando 50 anos de seu trabalho;<br />
homem bom, homem generoso, homem de coração maior do<br />
que ele mesmo, vive na magreza da sua constituição. Chico<br />
Xavier de fato é um coração imenso, ainda mais, eu acredito<br />
nos dons; leio São Paulo, que tem dom da língua, o dom das<br />
curas, tudo que é bom vem de Deus; acredito que qualquer<br />
um possa ter esses dons, uns mais outros menos, e porque,<br />
acredito nos dons que venham de Deus, venham do Espírito<br />
Santo, venham de onde vierem, acredito que os homens<br />
possam ter dons, mas, que eles sejam sempre a serviço dos<br />
outros. A modificação que a gente vê dentro da igreja, que<br />
passa de uma linha de poder para uma linha de serviço ou de<br />
diaconia, me faz ver algum aspecto também da vida de<br />
Chico Xavier. Um homem que serve, um homem que ajuda,<br />
um que colabora, Oxalá, todos aqueles que possuam dons, os<br />
ponham ou os pusessem sempre a serviço dos outros, não<br />
fazer deles um aproveitamento para si, mas simplesmente<br />
para dizer aos outros: Deus me deu e estou distribuindo o<br />
bem que Deus me deu, Homenageio neste momento esse<br />
homem, profundamente bom e religioso, por aquilo de bom
que faz e faço votos que aqueles que nele acreditam vejam<br />
nesse homem um bem, esse bem que venha de Deus."<br />
213
214<br />
SILVIA ALESSANDRI MONTEIRO DE CASTRO<br />
Professora de Didática Geral da Faculdade de Educação<br />
da Universidade Federal de Goiás.<br />
"Fazei isso em memória de mim"...<br />
"Mudando o calendário da história apareceu no planeta,<br />
Jesus - o Cristo. Sintetizou a sabedoria de seus ensinamentos<br />
na frase "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". As<br />
almas sensíveis às belezas do Evangelho tentam "Não sou eu<br />
quem vive, é o Cristo que vive em mim" - escreveu o<br />
Apóstolo Paulo.<br />
A vida de Chico Xavier é a exemplificação do<br />
pensamento de Paulo. Colocando-se no posto de trabalho,<br />
divide o tempo ora psicografando as mensagens do Além,<br />
como atestam as cento e quarenta e seis obras publicadas,<br />
ora consolando, inspirando, enxugando lágrimas ou<br />
norteando vidas. Seu campo de trabalho é um barracão<br />
humilde colocado à beira da estrada. Ali aportam amigos,<br />
admiradores e sofredores de todas as partes do Brasil e do<br />
mundo.<br />
Alguém chega com o coração trespassado de dor pela<br />
morte de um filho, de um parente, ou de uma pessoa querida.<br />
Os dramas os mais variados são segredados a seus<br />
ouvidos. Escutando pacientemente, deixa sair da sinceridade<br />
de seu coração uma palavra, um sorriso, um gesto amigo. O<br />
milagre se opera. Os corações se desanuviam, a compreensão<br />
desponta e uma nova dimensão aparece na vida do<br />
consultaste.<br />
Qual o segredo, qual o milagre dessa energia irradiadora<br />
de paz e libertação? Poderíamos dizer que a Força Cristíca
obtida à custa de anos e anos de dedicação à causa do<br />
Evangelho, responde a pergunta levantada.<br />
Renúncia, dedicação, humildade e fé são atributos de seu<br />
espírito, burilado através de múltiplas existências.<br />
Escolhendo o celibatanismo voluntário faz da humanidade a<br />
sua família.<br />
Nada exige, tudo dá. Testemunha seu amor a Deus<br />
servindo ao próximo.<br />
Que o Mestre o ampare, ilumine e o abençoe."<br />
215
216<br />
ROSALITA FLEURY<br />
ESCRITORA. Presidente da Academia Feminina de<br />
Letras e Artes de Goiás, sócia da Associação Goiana de<br />
Imprensa, sócia da União Brasileira de Escritores, sócia do<br />
Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, romancista e<br />
poetisa.<br />
"Não te esqueças da "boa parte" que reside em todas as<br />
criaturas e em todas as coisas. A apreciação unilateral é<br />
sempre ruinosa. Assim há criaturas que, em se revelando<br />
negativas em determinados setores da luta humana, são<br />
extremamente valiosas em outros". (Trecho da página<br />
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier,<br />
publicada na coluna Jesus e Atualidade em "O Popular" de<br />
27/07/77).<br />
A semente da compreensão humana está nesses<br />
pensamentos expostos com tanta clareza, dentro da<br />
simplicidade das palavras que os materializaram.<br />
Nos dias que vivemos, seja pelo constante aumento da<br />
densidade populacional, pela imposição do progresso, ou<br />
dificuldades na vivência emocional do dia-a-dia, as pessoas<br />
fecham-se cada vez mais em atitude egoística e<br />
contraproducente. Fazem do individualismo uma couraça<br />
que as defenda em seu bem-estar. E assim, mesmo sem<br />
agredirem com atos e palavras, ferem pelo silêncio, pelo<br />
desestímulo, pela omissão. Contudo, se procurarmos, nelas<br />
encontraremos a "boa parte", como afirma o médium.<br />
Se bem não tenha estado, ainda, pessoalmente, com<br />
Chico Xavier, conheço-o bastante, através de suas páginas<br />
psicografadas. O bastante para admirá-lo como criatura que,<br />
em vez de fechar-se e proteger-se ante os embates do mundo
atual, abre-se em compreensão, e se multiplica e se desfaz<br />
em quantas sejam necessárias ao atendimento da<br />
humanidade sofredora.<br />
É ele, para seus inúmeros seguidores, como o vento que<br />
penetra e oxigena todos os recantos, como o sol que<br />
desconhece fronteiras, como o perfume que se evola da terra,<br />
em louvor ao nosso Deus."<br />
217
218<br />
DELFINO DA COSTA MACHADO<br />
Crônica feita pelo médico Delfino da Costa Machado,<br />
Pediatra, Psiquiatra e Professor de Histologia e Embriologia<br />
no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal<br />
de Goiás.<br />
UMA CRÔNICA PARA CHICO<br />
Francisco Candido Xavier, Chico Xavier- mais de cem<br />
anos ininterruptos de psicografia.<br />
Mediunidade não deve ser luxo e nem moda, mas serviço<br />
a bem das criaturas. O médium deve comportar-se como um<br />
círio aceso que consome para fazer luz nos caminhos do<br />
próximo. Isso foi o que Francisco Cândido Xavier sempre<br />
fez.<br />
"Reconhece-se a evolução de uma alma pelo número de<br />
almas que ela influencia beneficamente" ou também pela sua<br />
capacidade de amar e não pelos seus valores materiais ou<br />
intelectuais.<br />
"Oh! Bendito o que semeia<br />
Livros... livros a mão-cheia...<br />
E manda o povo pensar!<br />
O livro caindo n'alma<br />
É germe - que faz a palma<br />
É chuva - que faz o mar. "<br />
Nos tempos modernos, a ninguém se aplicariam melhor<br />
essas palavras que a Chico Xavier e a Emmanuel.
Quando nos reportamos a Emmanuel queremos nos<br />
referir a toda essa equipe de irmãos abnegados da<br />
espiritualidade, que toma parte nas tarefas mediúnicos de<br />
Chico Xavier. Lembramo-nos também de todos aqueles que<br />
estiveram ao seu lado, participando do seu trabalho<br />
abençoado. As tarefas são de equipe.<br />
Oito de julho de 1977. Há cinqüenta anos Chico Xavier<br />
começava a psicografar na pequena cidade mineira de Pedro<br />
Leopoldo, no Centro Espírita Luiz Gonzaga.<br />
Cinqüenta anos ininterruptos de psicografia. Meio<br />
século, uma existência.<br />
Benditas essas mãos de semeador da luz, de semeador do<br />
verbo sob a forma de páginas e de livros.<br />
"Aquele que semeia a sua semente saiu a semear... A<br />
semente é a palavra de Deus."<br />
Chico não semeia sem sair. Sai a semear, o que é mais<br />
laborioso.<br />
Cinqüenta anos na tarefa abençoada de fazer claridade<br />
nos caminhos de nossa vida, consumindo-se a si mesmo<br />
como um círio aceso, para que vejamos o caminho.<br />
Cinqüenta anos de labor fecundo que são mais de um<br />
século de trabalho incessante, porque o tarefeiro do Senhor<br />
não conheceu noites de repouso. Trabalhou sem cessar,<br />
Ouviu e compreendeu as palavras do Mestre: "meu Pai<br />
trabalha desde toda a Eternidade e eu trabalho também".<br />
Trabalhou servindo e serviu amando.<br />
Que homem estranho é esse Chico Xavier. Poderia<br />
alguém pensar: "Ele não é estranho; nós é que o somos..."<br />
Pelos seus dons mediúnicos foi chamado o homem<br />
psi,sensitivo paranormal, sensitivo ESP, mas ele se considera<br />
219
simplesmente um médium psicógrafo. Tudo mais simples,<br />
como nos ensina a Doutrina Espírita.<br />
Observando a vida laboriosa de Chico Xavier nos<br />
domínios da mediunidade, vemos que ele se entregou a um<br />
autêntico processo de iniciação nos mistérios profundos da<br />
vida. Ele é um iniciado ou uma alma entregue à iniciação.<br />
Podemos ver isso nas suas próprias palavras:<br />
"Compreendo, desse modo, que mediunidade com Jesus<br />
para mim tem sido um encontro progressivo e constante<br />
comigo mesmo, em que a luz dos Amigos Espirituais me<br />
mostra, sem violência, quanto preciso ainda aprender e<br />
trabalhar para melhorar-me."<br />
Iniciação não é condicionamento mental e nem prática<br />
de ritos estereotipados, mas é auto conhecimento e trabalho -<br />
serviço ou seja, trabalho em favor do próximo.<br />
Para nós, Chico Xavier é o iniciado dos tempos<br />
modernos que buscou a sua iniciação não em Himalaias, mas<br />
na planície e até no vale dos sofrimentos dos seus irmãos.<br />
Viver nas solidões, nos ermos, longe dos problemas<br />
humanos, em meditação, é até agradável. Abandonar o<br />
mundo para viver para si, não é renuncia. Renúncia é doar-se<br />
em benefício do mundo.<br />
Chico Xavier conviveu e convive com os sofrimentos<br />
humanos, com todos os seus problemas, para levá-los aos<br />
Espíritos e trazer as respostas do Além. Através das suas<br />
mãos abençoadas nos chegou e nos tem chegado a<br />
mensagem que nos esclarece e nos anima.<br />
Quantos se tem reerguido para vida renovada a uma<br />
palavra sua, a uma mensagem que veicula, a sua presença.<br />
Não devemos endeusar os homens, mas também não<br />
220
devemos profanizar os iniciados. Devemos buscar a estes a<br />
fim de que sua luz nos banhe.<br />
Há quem pense que Chico Xavier não tenha nem cultura<br />
intelectual nem espiritual. Isso não alterará a vida do<br />
médium. Longe dele está de sujeitar-se às opiniões. Ele não<br />
precisa das nossas opiniões, mas nós precisamos das lições<br />
que nos transmite dos espíritos e das que ele é detentor. Ele<br />
tem não apenas cultura, mas também sabedoria. Esta chegou<br />
ao ponto dele ser humilde.<br />
Muitos não entendem a humildade de Chico Xavier;<br />
acham até que ele não seja sincero. Ele se fez humilde,<br />
conscientemente humilde. Tinha de ser assim, para que<br />
pudesse desempenhar a sua missão - a de médium fiel. Tinha<br />
de ser assim para que as mensagens dos espíritos não<br />
sofressem influência da sua personalidade. Empreendeu a<br />
sua tarefa de canal e para bem desempenhá-la desobstruiuse.<br />
Fez isso voluntária e conscientemente: "costumo dizer<br />
que devo ter o apelido de Chico, em meu nome individual,<br />
para lembrar-me de que a minha posição é realmente a<br />
posição de criatura que de si própria nada vale, ou pouco<br />
vale".<br />
"Compreendo a tarefa dos espíritos, por meu intermédio,<br />
assim como se eu fosse um arbusto de qualidade muito<br />
inferior e o jardineiro ou o floricultor interferisse trazendo,<br />
por exemplo, sobre mim, num fenômeno de exertia uma<br />
árvore de natureza superior para que essa árvore produza<br />
frutos dos quais essa mesma árvore nobre seja mensageira. "<br />
Receba hoje, dileto irmão e benfeitor, as nossas modestas<br />
vibrações da mais sincera gratidão pelo que nos tem doado<br />
do seu coração generoso e que o Senhor da Vida o<br />
recompense e lhe dê forças para prosseguimento da sua<br />
221
semeadura de luz no solo dos corações adubados pelas<br />
lágrimas.<br />
222
223<br />
MARLENE DEON<br />
Jornalista, Educadora e brilhante Comentarista.<br />
"UM PROVÁVEL APÓSTOLO DO APOCALIPSE"<br />
"Assim, como no passado Hermes trouxe conhecimentos<br />
necessários para o homem, Orfeu, Pitágoras, Platão,<br />
Sócrates, considerados grandes apóstolos preparados da<br />
humanidade, pode ser Chico Xavier colocado na lista destes<br />
iluminados. Sem dúvida, nos sincretismos da mística da<br />
nova era, ele representa o apóstolo do apocalipse, que revela<br />
que ao aproximar-se a renovação muitos seriam postos no<br />
caminho porém poucos os escolhidos para a tarefa do<br />
Supremo. E tudo leva a crer que Chico Xavier foi escolhido<br />
para livrar e preparar o terreno qUe a humanidade futura<br />
trilhará."<br />
SUA MEDIUNIDADE<br />
Para os pesquisadores científicos, Chico Xavier é<br />
classificado como paranormal. É um sensitivo médium que<br />
se abre em dimensões psíquicas capaz de percepções extrasensoriais<br />
ou extra-somáticas, de produzir efeitos materiais<br />
sem contato físico, completo desenvolvimento do terceiro<br />
olho ou da terceira visão (o olho de Siva).<br />
Sua palavra é envolta num ar de sabedoria, bondade e<br />
fidelidade incomparáveis, o que o faz ser venerado e<br />
admirado por todos. Um dos poucos puros dentro da<br />
doutrina Espírita Kardecista. Chico Xavier pode ser<br />
considerado, para os meios espirituais, um enviado das<br />
divindades e o maior dos últimos séculos, pela capacidade<br />
única de sintonia com mais de 500 espíritos diversos. Nada
mais, nada menos de 150 obras mediúnicas publicadas e que<br />
abrangem numerosos assuntos, poesias, romances, contos,<br />
crônicas, história (geral e do Brasil), ciência, filosofia e<br />
religião, todas de qualidade moral e educativa.<br />
Faculdade mediúnica de aptidões reunidas num só<br />
instrumento, audiência, vidência, cura, transporte,<br />
materialização, psicofonia, psicografia e, o mais inédito, 50<br />
anos completos de atividades mediúnicas sem interrupção,<br />
num cumprimento exemplar e integral.<br />
224
225<br />
CLOVIS TAVARES<br />
Professor, jornalista, Escritor, Advogado.<br />
HUMILDE LEMBRANÇA<br />
Comoveram-me muito estas palavras de uma confissão<br />
do Mahatma Gandhi: "Não sou um homem de letras, nem<br />
um cientista, mas pretendo humildemente ser um homem de<br />
oração. Foi a oração que salvou a minha vida"...<br />
Neste cinqüentenário do mandato mediúnico de<br />
Francisco Cândido Xavier, o humilde e bom Chico Xavier,<br />
inúmeros corações recordam seu inegável valor, nos<br />
polivalentes aspectos de sua missão gloriosa.<br />
Sua magnífica obra espiritual de cento e cinqüenta<br />
volumes psicografados... Seu trabalho assistencial junto aos<br />
sofredores e aos humilhados da terra dos homens... Seu<br />
inesgotável amor, a repartir-se em pão da vida entre milhões<br />
de fios do Calvário... Sua paciência sobre-humana ante os<br />
gemidos e o clamor dos aflitos... Suas virtudes de servidor<br />
fiel do Evangelho no lar e fora do lar, junto aos bons e aos<br />
desgarrados, para com os pobres e para com os ricos, entre<br />
os sorrisos das criancinhas e nos vales da sombra da morte...<br />
Tudo está sendo lembrado e meditado, para nossa<br />
edificação, nos templos e nos lares espíritas, com o mais<br />
vivo sentimento de gratidão, ao recordarmos este meio<br />
século de trabalho e de renúncia, de luz e de martírio desse<br />
Discípulo Fiel, de coração mais alvo do que a neve...<br />
Quis Deus, em sua Misericórdia, agraciar-me com a<br />
amizade protetora de nosso amado Chico. E tesouro cujo<br />
valor não sei calcular. São quarenta e um anos em que meu
pobre espírito tem recebido, incessantemente e<br />
prodigamente, do coração e das mãos do Apóstolo,<br />
benefícios espirituais sem conta e sem medida...<br />
Não sei, não saberia, não poderia, em minha penúria<br />
total, encontrar expressões de louvor e reconhecimento.<br />
"Diante disso, depois disso..." - repito som Rui -<br />
falecem-me as possibilidades de manifestar o sentimento<br />
agradecido.<br />
Mesmo assim, ouso acentuar um aspecto, uma faceta da<br />
alma luminosa que todos reverenciamos.<br />
À semelhança de Gandhi, Chico não é um homem de<br />
letras, nem um teólogo, nem um cientista. Contudo, além dos<br />
títulos mais valiosos que estes, que estão registrados na<br />
Eternidade, ele é um homem de oração.<br />
Isso significa, nem mais nem menos, que é uma alma<br />
profundamente identificada com o Plano Divino. Tenho tido<br />
a ventura de testemunhar (tanto quanto possível, sem ferir a<br />
privacidade de sua vida) a sublime vivência espiritual do<br />
nosso admirável Amigo. É ele um verdadeiro filho de Deus,<br />
nascido e renascido do Espírito. É um coração que<br />
ternamente se reclinou junto ao coração do Mestre Divino,<br />
traduzindo sem palavras, mas numa vida inteira, as sístoles e<br />
diástoles da Alma Sublime de Jesus, seu refúgio e fortaleza.<br />
E nesse espírito de comunhão com o Alto ele tem<br />
nobremente vivido, e tem sofrido dores que o mundo<br />
desconhece, e tem realizado milagres de amor, e tem<br />
socorrido multidões torturadas e sofredoras. Tudo em nome<br />
de Deus, e por amor de Deus, e para glória de Deus.<br />
Permitam-me parafrasear os pensamentos de Gandhi, a<br />
quem também muito amo e muito devo: não sou entendido<br />
em ciências, nem homem ele letras, nem teólogo, nem<br />
226
erudito em coisa alguma, mas pretendo humildemente, muito<br />
humildemente, ser um homem de oração. Também a mim,<br />
foi a oração que me salvou a vida. E agora alegro-me nesta<br />
confissão: foi com Chico Xavier que aprendi a orar...<br />
Devo-lhe cornucópias de bênçãos. Rendo graças a Deus<br />
por sentir-me o menor dos servidores de Seu grande servo,<br />
buscando aprender a ser humilde servidor do Reino.<br />
Santo Amigo, Amorável Benfeitor, Mensagem Viva de<br />
Deus: Vejo-te qual gaivota de luz, ora em altíssimos vôos<br />
pelas Esferas e Santuários do Céu, ora pousando<br />
serenamente no Coração da Rocha dos Séculos... E mal<br />
posso balbuciar: Chico querido, Deus te abençoe, Deus te<br />
abençoe!...<br />
227
228<br />
JARBAS L. VARANDA<br />
Escritor, Jornalista, Radialista, Orador espiritualista e<br />
notável Advogado do Fórum de Uberaba, Minas.<br />
CHICO <strong>XAVIER</strong> 50 anos como porta-voz dos Espíritos.<br />
Para entendermos a beleza e a importância da vida<br />
missionária, de Francisco Candido Xavier, no campo da<br />
mediunidade, é preciso situá-lo no contexto histórico. Para<br />
isso, basta recordar a missão do Brasil no concerto das<br />
Nações, do ponto de vista espiritual. Nesse sentido, nada<br />
melhor do que transcrever o que nos diz Humberto de<br />
Campos em "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do<br />
Evangelho":<br />
"Jesus transplantou da Palestina para a região do<br />
Cruzeiro a árvore magnânima de seu Evangelho, a fim de<br />
que os seus rebentos delicados florescessem de novo,<br />
FRUTIFICANDO EM OBRAS DE AMOR PARA TODAS<br />
AS CRIATURAS." (Humberto de Campos, em "Brasil,<br />
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho").<br />
"O Brasil, segundo sua história, é um país onde a paz e a<br />
concórdia se estabelecerão, como penhor de um evangelismo<br />
convincente e digno de ser imitado", (Prof. Carlos Pepe, em<br />
"Jesus, Kardec, Emmanuel").<br />
Humberto de Campos ressalta o esforço da<br />
Espiritualidade visando preservar a integridade territorial do<br />
"Coração do Mundo" e a incumbência do Divino Mestre a<br />
ISMAEL, para ser o seu zelador espiritual.<br />
A MISSÃO DE CHICO <strong>XAVIER</strong> NO BRASIL.<br />
Nessa ordem de idéias, estando o Brasil com uma<br />
elevada missão, e como o Alto necessitasse de um<br />
continuador de KARDEC, DISCÍPULO FIEL, no
desempenho da tarefa de manter vivos os ensinos de JESUS<br />
que o Espiritismo revive em sua pureza primitiva, CHICO<br />
<strong>XAVIER</strong> aparece como um dos mais "LÚCIDOS<br />
DISCIPULOS DE KARDEC, ALMA TEMPERADA EM<br />
REPETIDAS EXPERIÊNCIAS". (Roque Jacinto, em<br />
"Quarenta Anos no Mundo da Mediunidade"), estreitamente<br />
ligado ao Cristianismo primitivo, e que deveria enobrecer a<br />
MEDIUNIDADE, com vistas ao levantamento<br />
INTELECTO-MORAL da Humanidade, como realmente<br />
aconteceu.<br />
Escolhido a dedo pelo Alto, Chico Xavier reencarna na<br />
Terra em 1910 com a elevada missão de difundir e<br />
exemplificar o Evangelho de Jesus na Pátria do Evangelho,<br />
nela permanecendo já há 50 anos no sagrado labor<br />
mediúnico, sem claudicar, continuando FIEL, aos ensinos<br />
dos Espíritos!<br />
Sua vida é de toda conhecida. Nasceu em berço humilde<br />
e toda a sua existência foi decalcada no sofrimento, nas<br />
dificuldades de toda sorte. Cresceria pobre e sem título<br />
acadêmico.<br />
Todavia, jovem ainda, acordou para a mediunidade.<br />
E com ele estaria não apenas o Espírito de sua<br />
progenitora, naqueles formosos diálogos no fundo do quintal<br />
de sua casa em Pedro Leopoldo, mas e sobretudo<br />
EMMANUEL para guiar-Ihe os passos, porque no<br />
COMANDO DA FALANGE incumbida de florescer o<br />
Evangelho nas Terras brasileiras!<br />
E as obras mediúnicas, através de sua psicografia,<br />
iniciada em 8 de julho de 1927, tornaram-se um fenômeno,<br />
tendo na vanguarda uma OBRA CICLÓPICA e que por si só<br />
bastaria para demonstrar a imortalidade da alma e o objetivo<br />
229
maior de sua missão - a evangelização das almas pela<br />
mensagem e pelo exemplo: "PARNASO DE ALÉM-<br />
TÚMULO!"<br />
Sua obra mediúnica abarca toda a gama de<br />
conhecimentos humanos, não se ajustando a qualquer<br />
hipótese no campo das explicações científicas atuais, sendo,<br />
todavia, considerado por Herculano Pires, como um<br />
Homem-Psi, ou um paranormal, um "interexistente", isto é,<br />
um ser que vive entre dois planos: o físico e o extrafísico,<br />
dotado, assim, de percepções extra sensoriais.<br />
E mais ainda: Se o Espiritismo sustenta e a<br />
Parapsicologia demonstra, em pesquisas de laboratório<br />
(através de um Price, de Oxford, Soal, de Londres,<br />
Carington, de Cambridge, e Fernandes, de B. Aires) a<br />
comunicação extrafísica, Chico Xavier tem realmente<br />
demonstrado no labor humilde e desinteressado de sua<br />
mediunidade, em 50 anos sem interrupção nem<br />
desfalecimento, essa permanente comunicação de mentes<br />
desencarnadas com as criaturas humanas!...<br />
- CONCLUSÃO -<br />
De, PARNASO DE ALÉM-TÚMULO", lançado em<br />
1932, até "COMPANHEIRO", de Emmanuel, completando<br />
150 obras, em 1977, as mãos benditas de Chico Xavier, a<br />
serviço dos Espíritos, inscreveram na história da<br />
mediunidade uma verdadeira epopéia de Amor.<br />
Há livros e livros, nós bem o sabemos, mas a obra<br />
mediúnica de Chico Xavier está isenta de joio. E<br />
parafraseando Castro Alves, poderíamos dizer: "Oh, bendito<br />
o que semeia livros espíritas a mancheias e leva o povo a<br />
pensar!"<br />
230
Para aquilatarmos da importância de Chico Xavier para a<br />
difusão do Espiritismo no Brasil e, conseqüentemente, a<br />
projeção do Brasil no concerto das Nações como País que<br />
tem por missão reviver o Cristianismo primitivo, basta<br />
recordaras suas entrevistas no "Pinga-Fogo", realizadas no<br />
Canal 4 de São Paulo. Graças a este acontecimento, o<br />
Espiritismo ganhou, sem sombra de dúvida, 50 anos de<br />
adiantamento no reconhecimento e no respeito dos seus<br />
ensinos evangélicos perante a opinião pública!...<br />
Daí a nossa gratidão, o nosso carinho para com essa alma<br />
que encarna as virtudes cristãs da bondade, da humildade, da<br />
autenticidade, do serviço perseverante e desinteressado na<br />
mediunidade, sem descanso, sem férias, sem reclamação,<br />
sem exigências, com um só pensamento: semear os ensinos<br />
dos Espíritos, que revivem Jesus!<br />
Daí, a nossa gratidão, sim, pelo trabalho evangélico e<br />
missionário daquele que não apenas difunde esses ensinos,<br />
mas, sobretudo, os tem vivido em todos os instantes de sua<br />
vida. Nós poderíamos mesmo dizer que, se Allan Kardec foi<br />
"o bom-senso encarnado"na feliz expressão de Camille<br />
Flammarion, Chico Xavier é o Evangelho personificado!<br />
Chico, que Deus o abençoe. Temos certeza de que de<br />
cada um dos espíritas brasileiros se eleva, nesta ocasião uma<br />
prece ao Pai rogando que o cubra de bênçãos espirituais,<br />
recompensando-o pelo muito que nos tem dado!...<br />
CHICO <strong>XAVIER</strong>, A GRANDE PRESENÇA<br />
Sem dúvida, nosso querido Chico é a grande presença no<br />
trabalho da divulgação da IDÉIA espírita, através da<br />
mensagem esparsa e do livro espírita, recebidos num<br />
ambiente de simplicidade e pureza doutrinárias, numa<br />
demonstração permanente de serviço desinteressado no bem<br />
231
em favor da nossa abençoada Doutrina Espírita, e,<br />
conseqüentemente da Humanidade.<br />
Nesse sentido, ainda, entendemos ser, a obra mediúnica<br />
de Chico Xavier, a PRINCIPAL Fonte Mediúnica para o<br />
desenvolvimento e desdobramento dos ensinos de ALLAN<br />
KARDEC em razão da sua absoluta fidelidade ao<br />
pensamento dos Espíritos.<br />
E recordando as primitivas casas do Cristianismo<br />
primitivo, o GEP constitui, na atualidade, um oásis de Paz,<br />
de Consolo e esclarecimento espirituais de quantos o<br />
procuram, enfim, urna verdadeira "Casa do Caminho" em<br />
termos espírita cristãos!<br />
A PALAVRA DO PRESIDENTE DA FEB,<br />
<strong>FRANCISCO</strong> THIESEN, ATRAVÉS DE "O ESPÍRITA<br />
MINEIRO":<br />
ENTREVISTADOR: Como encara a missão de Chico<br />
Xavier?<br />
"F. Thiesen: Encaramos com o maior respeito e<br />
admiração o trabalho do valoroso médium mineiro,<br />
Francisco C. Xavier.<br />
Acostumamo-nos a apreciar o valioso intercâmbio entre<br />
os dois mundos, iniciado há cinqüenta anos em Pedro<br />
Leopoldo, através da figura humilde, simpática e laboriosa<br />
desse lutador perseverante.<br />
O nosso companheiro tem honrado, sobremaneira a<br />
mediunidade, dando-nos, no Espiritismo e fora dele<br />
constantes e difíceis testemunhos, os quais nos autorizam<br />
considerar a tarefa que realiza como legítimo mediunato.<br />
Aproveitamos o ensejo que nos oferece o "O Espírita<br />
Mineiro" para enviar ao querido médium o abraço fraternal<br />
232
dos Diretores da Casa-Mater, renovando-lhe, assim, nossos<br />
votos de Paz, Amor e Trabalho na Seara do Senhor".<br />
233
234<br />
CARMEM PENA PERÁCIO<br />
D. Carmen, cuja vivacidade espiritual causou-nos a<br />
maior admiração, colocou-se inteiramente à vontade,<br />
respondeu do a todas as perguntas que lhe formulamos.<br />
Eis, a seguir, o resultado de nossa entrevista com a<br />
dedicada servidora do Espiritismo, à luz do Evangelho<br />
Redentor:<br />
- Poderia dizer-nos alguma coisa, quanto aos motivos da<br />
aproximação do Chico da Doutrina dos Espíritos?<br />
- Pois não. Em maio de 1927adoeceu em Pedro Leopoldo<br />
uma irmã de Chico, atingida por violenta obsessão que, à<br />
época, foi considerada como loucura. Meu companheiro,<br />
José Hermínio Perácio, atendendo a pedido do Sr. João<br />
Candido Xavier (pai do Chico), que desejava ver sua filha<br />
curada, foi a Pedro Leopoldo ver a enferma.<br />
- Onde residia a senhora na época?<br />
- Morávamos na Fazenda de Maquiné, município de<br />
Curvelo, para onde a doente foi levada por meu marido, que<br />
era médium curador. Na Fazenda de Maquiné, com o auxilio<br />
de nossos protetores espirituais, sob a misericórdia do<br />
Infinito, ela obteve grandes melhoras, restabelecendo-se<br />
muito depressa.<br />
- Estava presente à reunião em que Chico recebeu a<br />
primeira mensagem do Plano Espiritual? Como se iniciou<br />
Chico na mediunidade, no desdobrar dos acontecimentos a<br />
que a senhora se refere?<br />
- Na segunda quinzena de junho de 1927, meu marido e<br />
eu acompanhamos a irmã de Chico a Pedro Leopoldo, com a<br />
alegria de restituí-la ao lar, curada da obsessão de que fora<br />
acometida, aí demorando-nos por alguns dias.
Compreendemos então que os nossos irmãos em Pedro<br />
Leopoldo necessitavam de um grupo espírita evangélico.<br />
Meu esposo e eu, com alguns companheiros, fundamos o<br />
Centro Espírita Luiz Gonzaga, que ali funciona até hoje.<br />
Lembro-me de que na sessão publica de 8 de julho de 1927<br />
(o Centro iniciante funcionava então numa residência<br />
particular), ouvi Um amigo espiritual aconselhando para que<br />
o Chico tomasse o lápis, a fim de experimentar a psicografia;<br />
transmiti a recomendação e o Chico obedeceu<br />
imediatamente, recebendo de maneira muito rápida várias<br />
páginas que foram assinadas por um benfeitor do Alto.<br />
Ficamos todos muito contentes com o fato, sendo que, dai a<br />
dois dias, voltávamos para a nossa casa de Maquiné. Chico<br />
acompanhou-nos para ficar em nossa companhia alguns dias<br />
na fazenda e, aí, na primeira reunião mediúnica que<br />
efetuamos, após a chegada, no momento das orações, com<br />
aquela humildade que sempre o acompanhou, perguntou-nos<br />
se "podia fazer parte em nossas preces", o que, naturalmente,<br />
foi permitido com muita alegria para mim e para o meu<br />
companheiro.<br />
- Que aconteceu, de novo, então?<br />
- Durante a reunião, enquanto estávamos pedindo, em<br />
oração ao Senhor, pela conservação das melhoras de nossa<br />
irmã, que havíamos deixado em Pedro Leopoldo, ouvi uma<br />
voz suave, doce, tão cativante que logo reconheci não<br />
pertencer a qualquer criatura encarnada. A voz declarava ser<br />
"Emmanuel", amigo espiritual do Chico. Depois de começar<br />
a ouvi-lo, surgiu à minha visão mediúnica uma bela<br />
entidade, com vestes sacerdotais e apresentando aura tão<br />
brilhante que, através da luz que irradiava, eu podia ver seu<br />
rosto calmo, tranqüilo e sorridente. Depois de identificar-se<br />
235
como sendo Amigo Espiritual do jovem amigo ali presente<br />
conosco, recomendou-me: "irmã, fale ao Chico para tomar<br />
papel e lápis". Imediatamente providenciamos a busca desse<br />
material sob forte emoção. Alguns instantes depois, Chico<br />
passou a receber uma mensagem; terminada a psicografia,<br />
vimos que essa mensagem orientava a continuação do<br />
tratamento de nossa irmã e era assinada por sua mãe, Maria<br />
João de Deus, que tantas vezes lhe aparecera, através da<br />
vidência mediúnica e com ele conversando.<br />
- Como receberam esse acontecimento?<br />
- Com muita alegria, porque em seus dizeres<br />
maravilhosos essas páginas traziam sadios conselhos para<br />
todos nós, os necessitados de amparo espiritual, com<br />
instruções muito importantes para a doente que fora<br />
recuperada, para mim que também me achava no início do<br />
desenvolvimento mediúnico, para meu marido e para Chico,<br />
a quem a mensagem despertava para a grande missão que<br />
trazia: quanto a meu marido, a mensagem incentivava-o para<br />
as tarefas curativas, na aplicação dos fluidos magnéticos que<br />
ele possuía em benefício dos sofredores.<br />
- Quer dizer, dona Carmen, que a senhora identificou a<br />
presença de Emmanuel, junto de Chico, antes dele mesmo?<br />
- Sim. Nosso caro Chico somente passou percebê-lo,<br />
mediunicamente, quatro anos mais tarde, em 1931.<br />
- A senhora pode explicar a razão disso?<br />
- Amigos espirituais me disseram, por várias vezes, que<br />
ele acompanhava Chico, de muito perto, desde a infância e<br />
que, ainda depois dos seus primeiros passos na mediunidade,<br />
ele, Emmanuel, o observava e protegia, deixando que outros<br />
amigos desencarnados lhe exercitassem as faculdades na<br />
236
mediunidade escrevente, antes que ele pudesse começar com<br />
ele a grande tarefa dos livros psicografados.<br />
- Com respeito à tarefa dos livros mediúnicos, a senhora<br />
observou mais alguma coisa?<br />
- Sim. Numa de nossas reuniões dos primeiros tempos<br />
do "Centro Espírita Luiz Gonzaga", em Pedro Leopoldo, me<br />
foi mostrado um quadro fluídico que, na época, nenhum de<br />
nós entendeu; mediunicamente, vi que do teto estava<br />
"chovendo livros" sobre a cabeça do Chico e sobre todo o<br />
nosso grupo. Mais tarde, quando foi publicado o "Parnaso de<br />
Além Túmulo", vim a saber, através de um espírito amigo,<br />
que a visão fora criada por Emmanuel que desejava avisarnos,<br />
simbolicamente, quanto à missão que o Chico viria a<br />
desempenhar, recebendo livros do Plano Espiritual. Posso<br />
dizer que o quadro da "chuva de livros" foi maravilhoso.<br />
Decorridos quase quarenta anos, guardo-o ainda em minha<br />
visão como se tudo isso tivesse acontecido ontem.<br />
- A senhora e seu esposo continuaram na Fazenda de<br />
Maquiné?<br />
- Pouco. tempo depois de maio de 1927, recebemos<br />
conselhos dos Amigos Espirituais para transferirmos<br />
residência para Pedro Leopoldo, dois, com a presença do<br />
meu companheiro, o desenvolvimento de nosso estimado<br />
Chico se faria com maior facilidade. Sempre dedicamos ao<br />
Chico especial afeição e assim nos foi muito agradável a<br />
mudança da Fazenda de Maquiné para Pedro Leopoldo, onde<br />
continuamos sob as ordens de nossos Guias. Além de nossas<br />
sessões habituais no Centro, reuníamo-nos, meu marido,<br />
Chico e eu. Depois de algum tempo de muitas mensagens<br />
familiares e íntimas, começou Chico a receber poesias<br />
comoventes e lindas, assinadas por poetas que não<br />
237
conhecíamos, nem mesmo de nome. Havia noites em que até<br />
mesmo três poesias eram psicografadas. Já possuíamos<br />
bastante material, quando meu companheiro sugeriu ao<br />
Chico escrevesse ao Sr. Manoel Quintão, naquele tempo<br />
diretor da Federação Espírita Brasileira, sobre o assunto,<br />
explicando o que estava acontecendo e pedindo orientação.<br />
- Quintão respondeu logo?<br />
- Imediatamente. Disse-nos, em carta ao Chico, que<br />
havia lido as poesias que ele lhe enviara, pedia a remessa de<br />
outras mensagens que tivéssemos nas mãos e comunicavanos<br />
que a Federação providenciaria a publicação de um livro<br />
com elas, surgindo, então, o "Parnaso de Além-Túmulo". O<br />
Sr. Quintão deu-nos grande estímulo.<br />
- E depois?<br />
- Depois vieram outras mensagens maravilhosas, de<br />
outros Espíritos. Vários companheiros encarnados, entre eles<br />
meu marido, o Juquinha, se devotaram então com mais ardor<br />
pela consolidação das tarefas do "Centro Espírita Luiz<br />
Gonzaga" que merecia, cada vez mais, as nossas atenções.<br />
- Ficaram muito tempo, em Pedro Leopoldo?<br />
- Seis anos, de 1928 a 1934. Premidos por necessidades<br />
materiais, mudamos para Belo Horizonte, onde continuamos<br />
até hoje, ficando como Presidente do Centro, naquela época,<br />
José Cândido Xavier, irmão do Chico.<br />
- Conte-nos algo de que se lembre, relativamente à<br />
presença de Chico nas reuniões.<br />
- Além das mensagens que nos instruíam e confortavam<br />
tanto, inúmeras vezes éramos surpreendidos por fatos<br />
interessantes, como pétalas que caíam do teto junto a nós e<br />
perfume de rosas no ambiente.<br />
238
- Como a irmã recorda aqueles dias que já se vão tão<br />
longe?<br />
- Com muita emoção e saudades! São quarenta anos que<br />
se foram e aqueles dias maravilhosos jamais poderão ser<br />
esquecidos. De joelhos, peço sempre ao Nosso Pai de Amor<br />
cada vez mais luzes e forças espirituais para o nosso bondoso<br />
Chico.<br />
E, assim, caros leitores, desenvolveu-se nossa entrevista<br />
com D. Carmen Pena Perácio, a dedicada irmã que orientou<br />
o nosso amigo Francisco Cândido Xavier, nos primeiros<br />
tempos de sua mediunidade.<br />
239
240<br />
HUMBERTO FERREIRA<br />
MÉDICO. Professor assistente de Fisiologia no Instituto<br />
de Ciências Biológicas da UFGO, mestre em Fisiologia, ex-<br />
Presidente e atual vice-presidente da Federação Espírita do<br />
Estado de Goiás.<br />
"Na vida exemplar de Francisco Cândido Xavier,<br />
devemos ressaltar o médium dedicado aos seus deveres<br />
espirituais, com meio século de fecunda produção<br />
psicográfica, e o homem simples e caridoso. A pua obra<br />
mediúnica é de valor incalculável, não só pelo evidente<br />
enriquecimento da Codificação Kardequiana, com cento e<br />
cinqüenta livros de riquíssimo conteúdo, como também pelo<br />
consolo que as mensagens recebidas dos emissários divinos<br />
tem levado a milhões de pessoas.<br />
Como homem que pratica o Evangelho de Jesus em<br />
todos os instantes de sua vida, seu papel não é menos<br />
importante. Através de sua palavra consoladora, de suas<br />
mãos generosas tem orientado e assistido a milhares de<br />
criaturas sofredoras.<br />
É importante porem evidência também o seu exemplo de<br />
persistência na tarefa, o que é tão raro na atualidade.<br />
Acreditamos que o médium de Uberaba marcará época na<br />
História do movimento religioso no Brasil.<br />
O verdadeiro valor da obra de Chico Xavier somente<br />
poderá ser aquilatado no futuro, porquanto foi sempre assim<br />
com os grandes homens."
241<br />
LAVOURA E COMÉRCIO<br />
Diário da cidade de Uberaba, fundado pelo notável<br />
Escritor e Jornalista Quintiliano Jardim.<br />
Francisco Cândido Xavier completa, hoje, 50 anos de<br />
mediunidade.<br />
Nascido em 1910, a maior parte de sua existência foi,<br />
portanto, dedicada ao Espiritismo, em cujas fileiras todos o<br />
saúdam como um líder autêntico.<br />
Chico Xavier é evidentemente um líder. Um líder pela<br />
sua estrutura moral, pela certeza na sua missão e sobretudo<br />
pela sua compreensão tecida de delicadeza e afabilidade.<br />
O calor humano de Chico Xavier! A maneira atenciosa<br />
com que recebe a todos, especialmente aos humildes.<br />
Lembramo-nos de uma cena que ficou gravada para<br />
sempre nas nossas retinas: - Francisco Cândido Xavier<br />
chegou a esta redação acompanhado de vários amigos. Aqui,<br />
sabendo da sua visita, aguardavam-no várias pessoas,<br />
algumas de projeção na vida de Uberaba e de outras cidades.<br />
Logo que entrou nesta redação, Chico Xavier foi<br />
imediatamente rodeado pelos visitantes, que se apresentavam<br />
ansiosos, por ouvir sua palavra, para conversar com o<br />
médium de projeção mundial.<br />
Num canto da sala, uma jovem de São Paulo, envergando<br />
um uniforme de propagandista de firma industrial,<br />
aguardava, humilde, uma oportunidade para falar com a<br />
personalidade mais alta do Espiritismo. Mas não foi preciso<br />
esperar.<br />
Informado da aspiração da moça, Chico Xavier pediu<br />
licença aos que o cercavam e foi ao encontro da jovem,<br />
ouvindo-a com toda a atenção, mantendo com ela um
diálogo carinhoso, informando-se de seus problemas e<br />
procurando esclarecê-la e orientá-la com o maior interesse e<br />
boa vontade.<br />
É essa a atitude típica de Francisco Cândido Xavier: -<br />
primeiro os humildes, porque são eles, quase sempre, os<br />
portadores de problemas mais prementes, de dificuldades<br />
mais cruciantes.<br />
Uberaba, com a presença de Chico Xavier, transformouse<br />
na Meca do Espiritismo, ponto de atração nacional e<br />
internacional dos discípulos de Allan Kardec.<br />
Através de Francisco Cândido Xavier e de sua doutrina<br />
espírita, a cidade ganhou também novas dimensões no plano<br />
assistencial. Cresceu, tornou-se mais adulta e sobretudo mais<br />
animada de solidariedade humana.<br />
O que o médium espírita tem feito, nesse terreno, não<br />
pode ser registrado em uma simples nota de jornal, mas já<br />
está escrito no coração de milhares e milhares de pessoas que<br />
receberam benefícios de seu luminoso espírito.<br />
Mas não são só os humildes que o procuram: - figuras do<br />
mais alto relevo no panorama do País, intelectuais de vulto,<br />
escritores, jornalistas, homens de negócios, toda uma imensa<br />
galeria humana e profissional está constantemente<br />
recorrendo a Chico Xavier, ao seu conselho e ao seu<br />
esclarecimento de questões delicadas que envolvem a<br />
tranqüilidade e o bem estar de numerosas pessoas.<br />
Tudo isso faz da vida de Chico Xavier uma atividade<br />
incessante, sem margem para repouso, consumindo-lhe a<br />
saúde, levando-o ao esgotamento físico.<br />
Mas dentro desse sacrifício incessante, nesse corpo<br />
depauperado pela idade e pelas enfermidades, vigora um<br />
espírito luminoso, esclarecido e forte, que se desdobra na<br />
242
execução das mais diferentes tarefas no cumprimento de uma<br />
ação que se estende do plano religioso ao terreno social e<br />
material: - confortando, esclarecendo e ajudando<br />
materialmente a inúmeras pessoas.<br />
Os livros psicografados por Chico Xavier alcançam<br />
4.500.000 exemplares, cerca de 500 edições e 25 traduções<br />
para esperanto, francês, inglês japonês e grego.<br />
Esse gigante de ação, conhecido no mundo inteiro, é uma<br />
criatura humilde, de uma modéstia que na opinião de muitos<br />
é excessiva. Mas Chico Xavier é autêntico: - age, fala e vive<br />
como realmente é, despido de vaidades e preocupações<br />
secundárias.<br />
Hoje, aniversário de sua mediunidade, quando alcança<br />
meio século de atividade constante e intensa, o querido<br />
médium, fugindo das homenagens que lhe seriam prestadas,<br />
viajou para São Paulo. Um gesto característico de sua<br />
personalidade em que se aliam, intimamente, o valor e a<br />
modéstia; a grandeza e a humildade!<br />
243
244<br />
ELIAS JOSE SAYÃO<br />
Espiritualista, Professor e Orador distinto. Leite vos dei a<br />
beber, não vos dei alimento, sólido, porque ainda não podeis<br />
suportá-lo Nem ainda agora podeis, porque ainda sois<br />
carnais". Paulo, l. Coríntios, 3-2.<br />
CHICO <strong>XAVIER</strong><br />
O Apóstolo do Século XX<br />
Allan Kardec, o missionário, revelou o Espírito de<br />
Verdade, o Paráclito, o Consolador Prometido por Deus.<br />
O Paráclito, defensor das verdades do Evangelho, já está<br />
no mundo, cumprindo a missão de esclarecer a consciência<br />
dos homens no conhecimento do Reino de Deus. Os Centros<br />
Espíritas, por toda a parte representam a Luz-conhecimento -<br />
iluminação - das verdades eternas, estudando com o povo o<br />
Evangelho de Jesus, preparando a humanidade para sua alta<br />
finalidade: um só Pastor, o Cristo, um só rebanho, a<br />
construção do Reino de Deus na Terra.<br />
Um só Pai, Deus Todo Poderoso, uma só família, todos<br />
irmãos.<br />
Na Terra, os homens nascendo, vivendo, morrendo e<br />
renascendo em milhares de anos, errando e acertando em<br />
suas inumeráveis reencarnações, estão preparados para<br />
receber o alimento sólido.<br />
Não são mais crianças, são adultos, podem já viver<br />
espiritualmente e, assim, Deus em sua misericórdia infinita<br />
deu-nas Chico Xavier, apóstolo e Profeta do Cristianismo,<br />
auxiliando-nos no Grande Salto evolutivo, sendo carnais<br />
ontem, hoje espirituais, alimentando-nos com as<br />
extraordinárias revelações de Emmanuel e André Luiz,<br />
descortinamos o que nos espera no Além.
Com Allan Kardec e Chico Xavier sentimo-nos mais<br />
perto de Deus.<br />
Ave Cristo! Ave Kardec! Ave Chico Xavier!<br />
Passo a relatar um fato interessante acontecido comigo.<br />
Chico Xavier em Uberaba, eu em Belo Horizonte. Problemas<br />
vários me preocupavam. Uma noite, sonhava com o Chico<br />
dando-me conselhos. Acordei. O Chico estava sentado na<br />
minha cama. Sentei-me também. Via-o ali e ele falou-me por<br />
mais um minuto e despediu-se. Bati-lhe no ombro e falei:<br />
Deus lhe pague, Chico!<br />
Ele saiu pela porta de meu quarto, que estava fechada.<br />
Levantei-me e relatei o fato aos meus familiares e, depois, a<br />
alguns amigos. Todos diziam: foi sonho! - Não - dizia eu - o<br />
Chico visitou-me e com aquele seu carinho aconselhou-me,<br />
esclarecendo muitas dúvidas.<br />
Um mês depois, eu, meus familiares e amigos, sabendo<br />
que Chico estava em Pedro Leopoldo, fomos visitá-lo.<br />
Quando o encontrei, disse-lhe: Chico, quero lhe agradecer e,<br />
antes de terminar a frase, ele falou: A visita que lhe fiz em<br />
sonho. Você se lembra do que lhe disse.<br />
Todos ficaram pasmos.<br />
Chico, Deus lhe pague, por mim e por todos nós.<br />
245
246<br />
MARIO BOARI TAMASSIA<br />
Escritor, Jornalista, Compositor, Educador, Orador e<br />
destacado Parapsicólogo do país.<br />
Se se trata de conhecer o Chico Xavier-homem, importa<br />
que se destaque a sua impressionante coragem moral e<br />
espiritual. Em nenhum momento, vemo-lo tergiversar,<br />
recuar, no plano em que domina, o espiritual, não se curva<br />
diante da calúnia, da traição e de quaisquer outros processos<br />
esquivos do adversário. Muitas vezes deverá ter sofrido<br />
abandono e a incompreensão. Continuou impávido, mais<br />
corajoso do que Hércules, ele, justamente, que talvez não<br />
seja capaz de matar uma mosca.<br />
É, sobretudo, na humildade que reside a sela força e é<br />
com ela que esgrime. A estocada do seu florete derrama<br />
perfume e inocula no corpo do adversário plasma de amor.<br />
Querem-no, os da galeria, ovacionando-o, que dê marradas<br />
ou destile verrinas, mas ele logo obtempera: "Antes de tudo,<br />
pedimos licença para dizer que temos aprendido com os<br />
Bons Espíritas que as titulações exteriores não nos afastam<br />
das obrigações de amparo mútuo em nome do Cristo de<br />
Deus".
247<br />
CARLOS TORRES PASTORINO<br />
Filósofo e professor de Língua e Literatura Grega,<br />
Língua e Literatura Latina da Universidade de Brasília; autor<br />
de grande produção literária e espiritualista, entre seus livros<br />
destacamos o mundialmente conhecido "Minutos de<br />
Sabedoria", presidente da Escola de Sabedoria de Brasília.<br />
"Foi em 1952, em Pedro Leopoldo, que pela primeira vez<br />
encontrei Chico Xavier, um homem que teve influência<br />
decisiva em toda minha vida espiritual. Proveniente do clero<br />
católico, onde encontrara muitos espíritos de escol, a figura e<br />
o espiritualismo desse modesto Chico Xavier sombreou a<br />
todos, pois descobri nele uma autenticidade absoluta. Às<br />
noites, na cidadezinha de então, passeávamos a conversar<br />
sobre os mais variados temas do espírito, as lições hauridas<br />
jamais me saíram da memória, quando, por exemplo,<br />
descrevia a constituição do universo, pelo qual viajava em<br />
espírito, percorrendo diversas galáxias e penetrando os<br />
segredos de sua formação e do desenvolvimento do<br />
maquinismo perfeito que nos rege.<br />
Suas palavras permanecem gravadas em anotações que,<br />
ao chegar ao hotel, eu fazia cuidadosamente, a fim de não<br />
olvidar as impressões que ele sentira. Falavam-me à alma<br />
seus ensinamentos, profundos e dados com imensa<br />
humildade e serra qualquer pretensão de sabedoria. Contoume<br />
particularidades de diversos planos, tanto do astral<br />
quanto do mental, aqueles com quem conversava haurindo<br />
conhecimentos úteis à vida prática, as lições dos mentores<br />
espirituais que encontrará e traçando, para minha vida, um<br />
roteiro definido e perfeito de obediência às tarefas que me<br />
seriam cometidas. Desde essa época, considero Chico um
luminar, cuja luz me guia através de todos os percalços<br />
humanos.<br />
Jamais esquecerei sua palavra, quando disse de minha<br />
intenção de fazer nova tradução do original grego dos<br />
Evangelhos: "Pastorino, antes disso, procure traduzir o<br />
Evangelho em sua vida, pois essa tradução será muito mais<br />
útil a você e aos outros". Por essa razão, só dez anos mais<br />
tarde, depois de tentar por em prática seu ensinamento, é que<br />
me dispus a iniciar o trabalho.<br />
Nenhum outro ser humano teve sobre mim tanta<br />
influência quanto Chico Xavier, e faço, de tudo o que dele<br />
ouço e leio, uma norma de vida, embora com imperfeições;<br />
mas dos primeiros degraus em que me encontro, olho para<br />
ele, que já está quase no patamar superior, como um modelo<br />
fulgurante, apesar de muito difícil de ser imitado. Eis o que,<br />
em cerca de trinta linhas, pude dizer. Mas Chico bem que<br />
merece um livro inteiro, e talvez ainda um dia aconteça essa<br />
obra. "<br />
248
249<br />
CORA CORALINA<br />
Poetisa, Escritora, Romancista e Historiadora de elevado<br />
conceito nas letras pátrias.<br />
"Seu nome é uma Bandeira branca de Paz e de<br />
Esperança, que se estende, das cidades dos pequenos e tristes<br />
arruados da nossa terra.<br />
A certeza do depois numa justiça a todos os injustiçados<br />
do mundo.<br />
Quando tudo na vida tende a aridez e egoísmo, sua<br />
palavra de Mestre é óleo que suavisa. O caminho de sua casa<br />
é palmilhado pelos cansados de esperas e ali o verbo<br />
confiante e fraterno levanta e soergue. E o renascer de vidas<br />
novas. Cada um traz a sua carga de angústias que a caridade<br />
do Apóstolo contemporâneo, reanima, confirma na fé e<br />
fortalece.<br />
O triste, inseguro e vacilante, levanta e segue confiante.<br />
Volta renovado e espera.<br />
Francisco Cândido Xavier é o Homem que feito a<br />
Imagem e Semelhança do Criador (Gênesis), honra essa<br />
imagem e dignifica essa semelhança, na aridez e na<br />
discriminação da vida, ele planta a certeza da volta e os<br />
júbilos da salvação.<br />
Semeador da Boa Nova.<br />
Semeia sempre no coração calcinado de todos os<br />
esmorecidos que o procuram, sedentos dessa Fome Viva.<br />
Senhor, que esse homem predestinado se encontre<br />
sempre no caminho de todos os vencidos que estendem as<br />
mãos na humildade de um pedido. "
250<br />
ALFREDO NETO<br />
Jornalista, Escritor, Professor e distinto literato<br />
brasileiro.<br />
De fama mundialmente difundida, Chico Xavier, o<br />
médium que espalha humildade, nos recebe fraterno com<br />
palavras delicadas - sua maneira constante de ir ter com as<br />
pessoas.<br />
Homem terrenamente irrepreensivo, mensageiro do além,<br />
contato direto com o distante de nós. Ele conforta os que<br />
sofrem o desespero; é um homem como outro homem<br />
comum, que brinca com cachorrinho e cuida de plantas.<br />
Como, em pleno século XX uma doação de vida nestes<br />
termos? Ainda hoje se fala em "negar-se" e "entregar-se"<br />
para outros? Fenômeno? Astral estranho? De outro mundo?<br />
Enviado de Deus?Amigo inseparável dos que nos<br />
deixaram?Sem muitas questões, Chico Xavier é só GENTE,<br />
sincero, amigo e transparentemente ele é a PAZ.<br />
Como chamá-lo religioso? Chico na sua universalidade<br />
transcende as trilhas da norma e, "doutrina" é muito pouco<br />
para definir sua espiritualidade e fortaleza de coração.<br />
Astronomicamente ele 'transporta as letras para o papel,<br />
assim como uma força enérgica, rápida e concisa,<br />
psicografando eletricamente mensagens de Emmanuel,<br />
André Luiz, e muitos outros.<br />
Diante de tanta riqueza espiritual, tamanha simplicidade<br />
de coração e da amizade do maior médium do Brasil, a<br />
reportagem da Revista "Destaque" através do Jornalista<br />
Alfredo Neto transpõe para você leitor, todo o amor e a<br />
fragrância inteira dos encontros com Chico Xavier.
Dentre as várias perguntas e respostas inseridas na<br />
Revista Destaque, destacaremos uma que achamos oportuna,<br />
pois completará o artigo a seguir do sacerdote Sebastião<br />
Scarzelli, que muito orientou Chico Xavier.<br />
C.X. - Quando meu pai se casou pela segunda vez,<br />
aquela que veio para nós como sendo uma segunda mãe, era<br />
uma criatura de sentimentos muito nobres e generosos,<br />
católica também, por formação, a minha segunda mãe me<br />
aproximou de um padre que está sempre em minha<br />
lembrança.<br />
Trata-se do sacerdote Sebastião Scarzelli, desencarnado<br />
na cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina. Talvez<br />
com mais de 90 anos de idade, já na condição de monsenhor<br />
Sebastião Scarzelli, esse sacerdote, a pedido de minha<br />
segunda mãe, me confessou várias vezes, me ditou diversas<br />
penitências e diversos deveres de natureza religiosa, às vezes<br />
um tanto quanto difíceis para uma criança de 8 a 11 anos de<br />
idade. Ele notava que o meu comportamento era de uma<br />
pessoa lúcida, mas acompanhada de inteligências que ele não<br />
podia, na condição de sacerdote, classificar com justiça<br />
absoluta. Quando eu completei 10 anos em 1921, ele foi para<br />
mim de uma bondade enorme, aconselhando-me a procurar<br />
no trabalho, numa condição de vida, através da qual eu<br />
pudesse crescer no interior de Minas Gerais, sem que<br />
parentes e amigos chegassem a lembrar a minha internação<br />
em sanatório.<br />
Ele me reconhecia como pessoa lúcida na minha idade de<br />
10 anos, mas, me via expressando inteligências estranhas a<br />
meu modo de ser e me recomendou que esperasse o tempo,<br />
para que com a ajuda de Deus pudesse a minha condição<br />
mental ser clareada suficientemente e para que eu não viesse<br />
251
a entrar em qualquer processo de perturbação mental. O Pe.<br />
Sebastião Scarzelli foi um verdadeiro benfeitor. Quando<br />
pediu para mim um emprego na Cia. de Fiação e Tecelagem<br />
Cachoeira Grande em Pedro Leopoldo, no ano de 1921, onde<br />
comecei o meu serviço profissional, ali trabalhando durante<br />
4 anos. Foi um trabalho que me livrou de uma condição<br />
difícil de vez que no ponto em que me cediam os meus<br />
conflitos, qualquer pessoa poderia pensar que se tratava de<br />
um criança mentalmente alienada, o que o Padre reconhecia<br />
não ser verdadeiro.<br />
252
253<br />
O CONFESSOR DE CHICO <strong>XAVIER</strong><br />
Monsenhor Sebastião Scarzelli, Educador eminente.<br />
Orador sacro e venerando apóstolo da Igreja Católica<br />
Apostólica Romana no Brasil.<br />
Monsenhor Sebastião Scarzelli,<br />
o confessor de Chico Xavier
O venerando sacerdote Monsenhor Sebastião Scarzelli,<br />
residente na cidade de Joinville, Santa Catarina, que<br />
completou noventa anos de batismo e setenta de sacerdócio,<br />
foi confessor do querido e famoso médium-psicógrafo<br />
Francisco Candido Xavier. A propósito, o sr. Waldemar Luz,<br />
tendo tomado conhecimento do fato pela biografia de Chico<br />
Xavier, escrita por Fred Jorge, entrevistou o virtuoso<br />
sacerdote, conforme se aprecia em artigo no jornal daquela<br />
cidade, "A Notícia ".<br />
Como essa entrevista merece ser conhecida e divulgada,<br />
transcrevemos a seguir aa palavras do respeitável sacerdote,<br />
dignas do maior crédito por procederem de um culto e<br />
amado ancião, professor universitário, e que se expressa com<br />
franqueza, isenção de ânimo e lealdade daqueles que<br />
evoluídos por uma longa, laboriosa e útil existência, já<br />
cumpriram a sus: missão terrena e aguardam, com a<br />
serenidade dos justos, a hora que o Altíssimo o chamar.<br />
As interrogações do sr. Waldemar Luz, assim se<br />
expressou Monsenhor Scarzelli:<br />
- "Conheci muito bem Chico Xavier, quando vigário de<br />
Matozinhos, Minas Gerais. Era, então, em Pedro Leopoldo,<br />
município vizinho, balconista de um senhor Felizardo,<br />
comerciante abastado, e homem bastante estimado. A família<br />
de Chico era de bons costumes. Seu pai vendia bilhetes de<br />
loteria. Tinha predileção pelas boas palestras. Conheci<br />
também outros irmãos menores de Chico e sua segunda mãe.<br />
Constantemente procurava conversar, na venda do senhor<br />
José Felizardo com o seu pequeno empregado, por estimar<br />
vê-lo<br />
Seria impossível que a qualidade e a quantidade de meio<br />
século de incessante produção mediúnica, como a de<br />
254
Francisco Cândido Xavier, deixassem de suscitar, em toda<br />
parte, curiosidade e interesse crescentes, principalmente<br />
quando obras de sua intermediação, vertidas para o idioma<br />
internacional e para outras línguas, começam a ser mais<br />
conhecidas no mundo todo sempre preocupado no balcão do<br />
meu amigo, atendendo gentilmente a freguesia "... "Certa vez<br />
fui procurado pelo pai do menino, dizendo-me que Chico<br />
tinha algo na cabeça, certas visões que pareciam ser coisa do<br />
demônio. Pedi-lhe calma, informando-lhe que seu filho tinha<br />
grande devoção por Nossa Senhora, e, por isso, era<br />
defendido das influências demoníacas. Procurando ouvir de<br />
Chico o que o perturbava, informou-me que, nas comunhões<br />
que assistia nas missas notava certo resplendor nas hóstias<br />
dadas nos comungantes. Procurei, então, acalmá-lo dizendo<br />
que, pela sua devoção à Nossa Senhora, deveria continuar<br />
rezando para a cura das visões"...<br />
- "Na minha opinião acho que Chico não mente<br />
subjetivamente, porque o julgo de boa formação moral e, no<br />
seu postulado, mantém-se com muita dignidade, pelo que<br />
peço a Deus que jamais penetre ele no campo comercialista.<br />
A referência feita ao meu nome na sua biografia é certa e,<br />
por isso, tenho grande satisfação, lembrando-me do tempo<br />
que convivi com a gente boa e piedosa daquele município,<br />
onde conto, felizmente, com muitos e dedicados amigos.<br />
Como vigário de Matozinhos, tive ali como em Pedro<br />
Leopoldo, distante daquela cidade poucos quilômetros, uma<br />
saudosa permanência, acompanhando e, às vezes, dirigindo,<br />
importantes campanhas de assistência social. Chico foi e é<br />
meu amigo. E nesta oportunidade envio uma saudação<br />
afetuosa àquela população, com o testemunho do meu apreço<br />
e estima".<br />
255
Monsenhor foi para Joinvile em 1930, tendo sido Vigário<br />
Geral da diocese durante trinta e cinco anos. Diplomado pela<br />
Escola Superior de Guerra, sócio fundadora Academia<br />
Joinvilense de Letras, é presidente honorário dos Professores<br />
Universitários e há longos anos professor no Colégio Normal<br />
Santos Anjos, Joinvile, que por suas organizações políticas,<br />
estudantis e religiosas, prestou-lhe imponente e popular<br />
homenagem natalícia, e tivemos a oportunidade de ouvir<br />
nessa ocasião a sua palavra lúcida e serena, embora<br />
comovida, lembrando ao padre moderno que sacerdócio e<br />
sacrifício são palavras sinônimas".<br />
256
257<br />
OBREIROS DO BEM<br />
Órgão de comunicação da Associação Espírita Obreiros<br />
do Bem.<br />
Chico Xavier... Um nome apenas... Acima de tudo uma<br />
alma que não conhece limitações nas obras do Amor.<br />
Alguém que atravessava pântanos para visitar Espíritos em<br />
redenção, em casebres mal sustidos, na velha Pedro<br />
Leopoldo... Alguém que sabe lançar mão do humorismo<br />
sadio, do trocadilho fino, da palavra grave, jamais exigindo<br />
de quem quer que seja devolução em favores ou especiais<br />
considerações... Alguém que não se limita a cumprir com a<br />
obrigação assumida perante a própria consciência, mas que o<br />
faz com indizível dose de alegria cristã e devotamento<br />
indelimitável!<br />
Cinqüenta anos de ininterrupta doação à causa do<br />
Amor... Quem lhe ouve a voz abemolada, suave, naqueles<br />
lábios que se abrem docemente para nos fazer ouvir pétalas<br />
de rosa transformadas em som, não se esquece de dizer, para<br />
o resto da existência terrestre, que Chico lhe terá trazido a<br />
palavra certa, na hora exata. Cinqüenta anos de mediunidade<br />
que tem no livro urna das facetas em que se exprime...<br />
Imaginemos as horas não dormidas, transformadas em<br />
cascatas de ouro e prata no milagre do entendimento.<br />
Chico é bem o exemplo de um Espírito que veio de<br />
muito acima, e que, justamente por caracterizado pela<br />
vontade espontânea de se apagar a si mesmo, é quem mais<br />
alto proclama as verdades de Deus, neste rincão sagrado que<br />
o Brasil personifica.<br />
Cinqüenta anos de liderança insubstituível, de<br />
diretividade incomparável e insuperável... Cinqüenta anos
que, em outros cinqüenta ou cem, a não ser por ele mesmo,<br />
não poderão ser alcançados. Chico Xavier colocou a<br />
mediunidade de onde todos devem prosseguir, segundo as<br />
próprias tarefas, sem as precipitações que estigmatizam o<br />
nosso tempo, fora do critério quantitativo, dentro do sistema<br />
do lugar devido para a boa obra executada.<br />
258
259<br />
SILVIO SANTOS<br />
Trechos da entrevista de Chico Xavier no programa<br />
Silvio Santos, em 8-12-1974.<br />
SS - Chico Xavier, a pessoa desenganada pela medicina,<br />
ela pode curar-se através do espiritismo?<br />
CX - Através da oração e da confiança em Deus, a<br />
pessoa pode ser curada, com os recursos de qualquer setor<br />
religioso, nós não podemos esquecer as curas, que se<br />
processam em Lourdes, nos templos católicos, nos templos<br />
evangélicos e no espiritismo cristão, isso pode também<br />
acontecer, porque o poder do amor vem de Deus, através da<br />
criatura, e onde a criatura confia em Deus, aí está a presença<br />
de Deus, aliviando, curando, melhorando, redimindo.<br />
SS - Chico Xavier, para evitar-se que o mau espírito<br />
traga problemas a uma casa ou a uma pessoa, o que é<br />
possível fazer-se?<br />
CX - A vivência segundo o amor que Jesus nos ensinou,<br />
é sempre o melhor processo para remover as chamadas más<br />
influências, e hábito também da oração que devemos cultivar<br />
muito vivos em nossos lares.<br />
SS - Chico Xavier, dizem que determinadas pessoas<br />
poderiam se quisessem receber espíritos, o que acontece<br />
quando uma pessoa não quer se aprofundar e não quer<br />
receber esses espíritos?<br />
CX - Essa pessoa não pode e nem deve ser violentada no<br />
seu livre arbítrio para escolher o seu caminho de fé, por isso<br />
mesmo, as leis de Deus determinam que a criatura seja<br />
respeitada e que siga o caminho religioso que lhe pareça<br />
mais compatível com o grau de evolução em que se
encontra. Não podemos esquecer que a bênção do Criador,<br />
alcança todas as criaturas.<br />
260
261<br />
FRED JORGE<br />
Escritor, Jornalista, Compositor, Poeta, Radialista e<br />
nome destacado na literatura e nas artes.<br />
...Chico um deus. É um ser humano como qualquer<br />
outro. Apenas tem sua humildade, sua bondade e sua<br />
paciência: É uma alma imensa de irmão! Um forte desejo de<br />
ajudar o próximo!<br />
Ele é na verdade um verdadeiro distribuidor de bênçãos.<br />
Por trás dele estão aqueles que nos procuram ajudar., Não há<br />
nenhuma fantasia ou mentira no que foi aqui escrito. E<br />
apenas a verdade como eu a senti. Como sentem todos<br />
aqueles que se aproximam do homem modesto que vive em<br />
Uberaba. Uma verdade, não mentiras. Uma verdade sem<br />
retoques.<br />
Enfim, a história de uma criança que cresceu e continua<br />
sendo criança por dentro. E um dia vai morrer criança,<br />
porque ainda tem na alma a mesma pureza que tinha no<br />
alvorecer de sua vida. Quando criança, foi um predestinado.<br />
Trabalhava como faxineiro em toda parte onde procurava<br />
emprego. Em casa, no bar, na repartição pública... Limpar...<br />
era essa a missão que lhe davam!<br />
Será que não há um sinal nisso? Será que ele não nasceu<br />
para limpar o nosso mundo das mazelas e das tormentas que<br />
o afligem?
262<br />
FERNANDO WORM<br />
Escritor, Jornalista, Poeta, Orador, Historiador e distinto<br />
Entrevistador. Nascido no Estado do Rio Grande do Sul.<br />
Um cuidadoso exame abrangendo o conjunto de livros<br />
psicografados por Francisco Cândido Xavier, em estudo<br />
comparativo com os seis livros básicos de Allan Kardec,<br />
comprova de forma inequívoca esta comprovável verdade: a<br />
obra do médium Xavier, muito antes de ser apenas extensiva<br />
confirmação de tudo quanto se contém na codificação<br />
kardecista, no fundo e na forma se constitui num<br />
extraordinário trabalho de uma equipe espiritual cujo claro e<br />
evidente objetivo é a complementação da Terceira<br />
Revelação, tal como foi prometida por Cristo. (Evangelho de<br />
João, cap XIV, VV, 15 a 17 e 26).<br />
A transcendente tarefa do sábio de Lião, iniciada com a<br />
publicação de O Livro dos Espíritos em 1857, vem<br />
encontrarem Parnaso de Além-Túmulo seu prosseguimento<br />
natural, inclusive e sobretudo no que concerne a novos<br />
matizes e revelações condizentes com a época e as condições<br />
evolutivas que a humanidade terrestre vive ao longo deste<br />
final do Segundo Milênio.
263<br />
ELIAS BARBOSA<br />
Médico, Psiquiatra, Escritor, Poeta e Catedrático da<br />
Faculdade Superior de Medicina do Triangulo Mineiro, em<br />
Uberaba, Minas.<br />
Se as obras trazidas ao mundo pelas mãos de Xavier são<br />
fruto de osmose imaginária da cultura com a inteligência,<br />
como não exigir das pessoas cultas que façam o mesmo? Por<br />
outro lado, dispondo de elementos tão vastos para senhorear<br />
o campo da letras, com inequívocas possibilidades de extrair<br />
dele os mais ricos filões da fortuna material, por que<br />
permaneceria Xavier na mesma vida simples, sem aceitar<br />
quaisquer proventos dos livros de que é, aliás, co-autor, na<br />
condição de médium, quando poderia faturar milhares de<br />
cruzeiros, anualmente, por direitos autorais? Estas são as<br />
perguntas das muitas que o caso Chico Xavier nos suscita ao<br />
raciocínio, mas fiquemos por aqui e entreguemos nosso<br />
despretensioso volume aos leitores interessados na vida<br />
eterna de nossos espíritos eternos.
264<br />
GILBERTO CAMPISTA GUARINO<br />
Jornalista, Escritor, Poeta e Professor emérito.<br />
Centro Espírita Luiz Gonzaga. Cidade de Pedro<br />
Leopoldo, Minas Gerais. Chico apressava-se para a reunião<br />
da noite, dentro em pouco. Nesse ínterim, já haviam chegado<br />
a Belo Horizonte duas senhoras muito distintas, travando<br />
relacionamento na classe médica da capital. Um médico<br />
havia que, por seu lindo caráter, seu conhecimento e sua<br />
cultura, chamava a atenção de todos. Era o Dr. Melo<br />
Teixeira. Ele, as duas senhoras e um terceiro médico<br />
resolveram excursionar por Belo Horizonte. Conversando<br />
animadamente, o automóvel rodou até Pedro Leopoldo. Uma<br />
das senhoras, ouvindo pronunciado o nome da cidade,<br />
perguntou se não era, porventura, a terra de Chico Xavier...<br />
O interpelado disse que, naqueles mesmos minutos iria ter<br />
início a sessão, no Luiz Gonzaga. Para lá se foram. (Observe<br />
o leitor o desfecho que, habilmente, a Espiritualidade<br />
preparava...) Chegaram, entraram e o Dr. Melo Teixeira<br />
dirigiu-se a Chico, que não o conhecia. Apresentaram-se, em<br />
termos gerais, só declinando o nome o conhecido médico, os<br />
demais referidos como amigos. Chico, como de costume,<br />
após dizer-se honrado pela visita ilustre (o Dr. Melo<br />
declinara sua condição de catedrático de Psiquiatria, crítico<br />
literário), indicou os lugares para todos, lugares esses que se<br />
constituíam em vários bancos e toscos caixotes, sob um teto<br />
de palha e sobre um chão de tijolos, faceando grande mesa,<br />
coberta porto toalha branca, trazendo o nome LUIZ<br />
GONZAGA. O Dr. Melo Teixeira tomou assento à esquerda<br />
de Chico; referiu-se, para a direita, mostrando um lugar para<br />
a esposa do médico (Chico desconhecia inteiramente os
lances do episódio); mais adiante, fulano e beltrano; cicrano,<br />
ainda à frente. Após o receituário, o médium grafou<br />
inúmeras mensagens, sob o desconfiado olhar diante do<br />
visitante que se traia surpreso diante de tal velocidade. O<br />
papel era de padaria, havendo diversos lápis com ponta<br />
muito bem feita. Chico pegava um lápis... deixava-o; pegava<br />
outro... deixava-o... enquanto alguém ia virando as folhas já<br />
psicografadas.<br />
Terminada a reunião, após a leitura de mensagens e<br />
receitas, Chico parou, virou-se e disse, timidamente, ao Dr..<br />
“– Dr. Melo o senhor vai me perdoar, mas houve uma<br />
confusão muito grande, que eu não pude compreender...”<br />
“– Eu tenho aqui um soneto de Hermes Fontes,dirigindo<br />
a sua viúva, que ele diz estar presente aqui, e ser aquela<br />
senhora.” (Apontou para aquela que ele, Chico, dissera ser a<br />
esposa do doutor Melo)<br />
“Tinha a impressão”, diz César Burnier, “que uma pedra<br />
havia caído num imenso reservatório de água: as lagrimas<br />
jorraram dos olhos da infeliz senhora, comovendo a todos, e<br />
enchendo de espanto o recinto singelo e desataviado. O<br />
Doutor Melo, atônito, quase desconcertado, olhou para todos<br />
os lados e disse:<br />
“Deixe-me ver o soneto, Chico...”<br />
“Leu-o, primeiramente, em silencio. À medida que o<br />
fazia, todos pressentíamos em seu semblante indescritíveis<br />
emoções. A testa vincada, tinha lívido o rosto... Súbito, ele,<br />
que era um homem honesto e leal ao extremo, vira-se para o<br />
publico, que era reduzido, e confessa, fortemente chocado, o<br />
que se segue:<br />
- Meus amigos... Se eu andasse atrás de um prova<br />
definitiva, comprobatória mesmo do mediunismo, jamais a<br />
265
encontraria como a encontrei aqui, neste instante. Ela veio as<br />
minhas mãos, sem esforço algum. Eu não conhecia Chico<br />
Xavier; Chico Xavier não me conhecia, e muito menos sabia<br />
que a ilustre senhora que aqui se encontra e viúva do grande<br />
poeta Hermes Fontes. Vou ler o soneto, e quero dizer ainda<br />
aos amigos que, neste soneto, Hermes Fontes faz referencias<br />
ao seu auto-extermínio, motivado por inúmeros problemas,<br />
envolvendo o desalento familiar. Preciso notar ainda: EU<br />
CONHEÇO TODA A OBRA DE HERMES FONTES, e a<br />
conheço muito bem. O estilo e cem por cento do poeta<br />
inesquecível. Todas as características poéticas estão<br />
profundamente assinaladas na peça. Este soneto só poderia<br />
ter sido produzido pelo Espírito do nosso querido Hermes.<br />
Vou lê-lo para cumprir dever de honra.<br />
E a voz ecoou, comovida no pequeno recinto:<br />
(-Para X que esta na sala-)<br />
“Não condeno o teu dia de ventura,<br />
Dessa ventura que eu antegozei<br />
Em meus sonhos lindíssimos de rei,<br />
Que em prazeres as magoas transfigura.<br />
Eras a luz suave, terna e pura,<br />
A encantadora estrela que eu amei,<br />
Sonho divino, que idealizei<br />
Em meu mundo de sombras e de amargura.<br />
A teu lado busquei amparo e um ninho,<br />
Tomando, ávido a mão que me estendeste,<br />
Num grande e abençoado afeto irmão,<br />
266
267<br />
E deixaste-me, só, no meu caminho...<br />
Mas há neste a alma, que não compreendeste,<br />
Uma fonte sublime de perdão.”<br />
Se o leitor acompanhou atentamente os leves traços<br />
fonte-anos que nestas paginas ficaram, mais anteriormente,<br />
decerto recorda-se do “Buena-Dicha”: “Para amar – procurei<br />
o bem, no afeto (AO TEU LADO BUSQUEI AMPARO E<br />
UM NINHO) (TOMANDO, ÁVIDO, A MÃO QUE ME<br />
ESTENDESTE NUM GRANDE E ABENÇOADO AFETO<br />
IRMÃO!!!) Para sofrer - levei a cruz e o Andor...POR SUA<br />
PARTE/MENTIU-ME O AMOR. TUDO MENTIU....<br />
EXCETO / A DOCE MÃE DOS IMORTAIS, A DOR!”<br />
Impossível negar!... Ninguém o negaria... Mas, porque,<br />
então o silencio e o olvido de tantos e tantos anos em tomo<br />
de tão emocionante acontecimento?!... Talvez para que,<br />
neste cinqüentenário de amizade e respeito, de AMOR... que<br />
não mentiu, o soneto de Hermes Fontes brotasse dos<br />
alfarrábios de César Burnier, fazendo com que nossos<br />
próprios sentimentos fremissem de jubilo, tremessem de<br />
alegria. Mais de 30 anos no olvido, até que...<br />
..."um dia”, torna a falar César, “em 1968, fui a uma<br />
sessão de materialização, que não se realizou, porque a nossa<br />
querida médium, sofrendo interferência espiritual na barca<br />
que atravessava a baia de Guanabara, dormiu a sono alto,<br />
atravessando de Niterói para o Rio inúmeras vezes. No<br />
entanto, levara comigo um pequeno gravador, mas em bom<br />
funcionamento. No meio da conversa, estimada senhora de<br />
chofre, me diz:<br />
- O Sr. Sabe...<br />
- Sim...
- Vi um soneto uma única vez, e, encantada com sua<br />
beleza, decorei-o, quando o Sr. Leopoldo Cirne para mim o<br />
leu, de imediato, como se tivesse tirado uma fotografia<br />
mental dos versos. E dele jamais me esqueci: até hoje o<br />
guardo.<br />
Como se estivéssemos em ambiente espírita, franco e<br />
interessado nas coisas do “outro mundo”, perguntei-lhe que<br />
soneto era aquele, afinal. Ela insistiu em não deixar seu<br />
nome ligado ao episodio, mas arrematou:<br />
“É de fato, o soneto...<br />
“Pois não”...<br />
“... O soneto era de Hermes Fontes.<br />
“De Hermes Fontes?”, perguntou eu...<br />
“Sim, de Hermes Fontes...<br />
“Gosto muito de Hermes Fontes. De que trata o soneto?<br />
“Ele foi recebido em Pedro Leopoldo, na presença do<br />
Doutor Melo...<br />
“Melo Teixeira?!, cortei-lhe aos saltos, a voz...<br />
“Sim... conhece-o?...<br />
“Prossiga por favor...<br />
“É um soneto dedicado a viúva do poeta...<br />
“Não e possível, interrompi eu, novamente, Minha<br />
filha... este soneto esta desaparecido há anos e anos...<br />
Ninguém lhe tem a copia. A Ultima vez que o vi, há muito<br />
tempo estava já puído, dentro da carteira do Doutor Melo<br />
Teixeira. Ele desencarnou e o soneto se perdeu.. pelo amor<br />
de Deus... vamos a copa... a senhora precisa recitar para mim<br />
este soneto... vou gravá-lo”<br />
E assim foi. O soneto surgiu. De 1968 para cá, esteve<br />
perdido nas Bibliotecas de César Burnier. Até que,<br />
novamente, veio a tona: Uma fita, um rolo antigo, gravado<br />
268
ainda em 50 ciclos, a tessitura vocal ligeiramente<br />
prejudicada, mas... lá estava... e aqui, por vez primeiro,<br />
ficou.<br />
Hermes Fontes terá, logicamente, acompanhado todo o<br />
episódio. As personalidades se fundem. A vida não cessa.<br />
269
270<br />
MARIO DONATO<br />
No dia 12 de agosto de 1944, o famoso escritor Mario<br />
Donato publicou um artigo no "Estado de São Paulo" sobre<br />
as mensagens psicografadas por Chico Xavier, onde em<br />
certos trechos declara:<br />
"Não posso admitir que um homem, por mais ilustrado<br />
que seja, consiga pastichar, tão magnificamente, autores<br />
como Humberto de Campos, Antero de Quental, Augusto<br />
dos Anjos, etc...<br />
Opto pela explicação sobrenatural, que não satisfaz a<br />
minha consciência é verdade, mas apazigua a minha<br />
humaníssima vaidade de literato. Pode lá um homem avultar<br />
tantos palmos, por suas próprias forças, sobre a cabeça dos<br />
demais? Pode lá plagiar, velozmente como o faz Chico,<br />
Humberto, Antero e outros do mesmo naipe, a quem não se<br />
pasticha, senão depois de larga experiência literária e<br />
trabalhosa noite de insônia? Não, absolutamente. É milagre.<br />
Coisas assim não podem ser senão milagre, puro milagre. Há<br />
qualquer intervenção sobre-humana no fato; não porque o<br />
diz o Chico Xavier, mas porque assim o exige a nossa<br />
arrogância.<br />
Positivamente não aceito a autoria de Chico Xavier, e<br />
aceito a de Humberto de Campos, como a de Antero... e<br />
qualquer outro que, do lado de lá, tenha o mau gosto de<br />
praticar literatura. E creio que esta e a atitude mais humana,<br />
a mais condizente com a nossa falta de humildade. É<br />
milagre, e o milagre, não explicando nada, explica tudo. "<br />
E conclui euforicamente:<br />
"Pois se não admitirmos que o caso é milagroso, temos<br />
que levar o Chico Xavier à Academia Brasileira de Letras e,
naturalmente, estamos mais dispostos a reconhecer-lhe<br />
amizades no céu que direitos literários ao Petit Trianon.<br />
Ou se aceita Humberto subsistindo no outro mundo ou se<br />
aceita Chico Xavier valendo por Humberto e mais meia<br />
dúzia de cérebros arquiprivilegiados. "<br />
271
272<br />
SALOMÃO J HADDAD<br />
Entrevista feita pela Folha Espírita, quando da passagem<br />
do casal Haddad pelo Brasil. Fundador do Ellon College na<br />
Carolina do Norte recepcionistas de Chico Xavier nos<br />
Estados Unidos.<br />
F. E.: Na sua opinião foram proveitosas as viagens de<br />
Chico a América do Norte?<br />
S.J. Hadad: E lógico que foram. Em nosso século de<br />
tantas facilidades de transporte e comunicação e muito<br />
natural que um dos representantes mais legítimos do<br />
Espiritismo em todo o mundo, como é o Chico, cuidasse<br />
também dos seus irmãos do Norte. A América precisa muito<br />
de Kardec. E estas viagens permitiram o anuncio de um<br />
trabalho que tem que se estender bastante ainda, mas que já<br />
se constitui em uma semente pequenina...<br />
F. E.: Como se deu a fundação do Christian Spirit<br />
Center?<br />
S.J. Haddad: Chico Xavier e o Dr. Waldo Vieira, em sua<br />
primeira viagem, em 1965, tinham como meta principal<br />
lançar o livro Ideal Espírita, em inglês e nos chamaram para<br />
as responsabilidades desta tarefa nos Estados Unidos. Em<br />
nova York, depois de uma semana de esforço com o livro,<br />
Waldo nos transmitiu o parecer dos espíritos de que<br />
deveríamos fundar um núcleo espírita, especialmente com a<br />
finalidade de divulgação do Espiritismo na América. Nasceu,<br />
assim, o Christian Spirit Center. Colocamos a palavra<br />
Christian para frisar bem a idéia cristã da Doutrina.<br />
F.E.: Phyllis, quando foi a estada do Chico em Ellon<br />
College? Phyllis: Tivemos o privilegio de tê-lo em nossa
casa, em 1966; quando da segunda viagem, por três semanas<br />
consecutivas. Foram dias maravilhosos.<br />
Chico recebia lições de inglês, três vezes ao dia. E à<br />
noite trabalhava até 2 horas da manhã, diariamente<br />
psicografando e escrevendo cartas.<br />
Houve um fato muito interessante: Chico esgotou o<br />
estoque de selo dos correios. O pessoal de lá queria saber<br />
quem era esse homem, porque viram que se tratava de uma<br />
pessoa diferente.<br />
273
274<br />
SALVADOR GENTILE<br />
Advogado, Escritor, Jornalista e Poeta<br />
Na verdade, Francisco Cândido Xavier não precisa de<br />
apologistas, de pregoeiros das suas virtudes pessoais a<br />
incensar-lhe a figura inconfundível. A sua obra fala por si<br />
mesma, revelando o médium disciplinado e perseverante,<br />
humilde e desprendido, que sabe se fazer instrumento dócil<br />
dos Espíritos, de tal forma que possibilitou a eles, os Amigos<br />
da Vida Maior, nos transmitirem, por suas mãos operosas,<br />
cerca de cento e cinqüenta livros, onde o mundo espiritual e<br />
os problemas do espírito nos foram amplamente devassados,<br />
para que possamos tomar consciência de nós mesmos.<br />
Não apenas nós, mas muitas gerações de Espíritos que<br />
virão a reencarnar na Terra, ficaremos a dever a esse<br />
trabalhador infatigável, pela obra que vem realizando e que,<br />
certamente, iluminará os séculos porvindouros.
275<br />
ORIENTADOR<br />
Mensário Espírita da cidade de Passo Fundo - Rio<br />
Grande do Sul.<br />
Impossível condensar essa vívida saga, que é a existência<br />
consagrada de Francisco Cândido Xavier, mas foi esse<br />
testemunho sobre-humano de vivência evangélica a primeira<br />
e grande lição que a Sabedoria do Alto silenciosamente nos<br />
ofereceu, como um celeste desafio, na escola bendita de<br />
Pedro Leopoldo... Bem escreveu o grande Manuel Bernardes<br />
que não há modo de ensinar "reais forte e suave que o<br />
exemplo: persuade sem retórica, reduz sem porfia, convence<br />
sem debate"<br />
GARCIA JUNIOR<br />
Escritor e Historiador Brasileiro. Crônica inserida na<br />
secção de "Contrastes e Confrontos", em edição do Correio<br />
da Noite, de 18 de julho de 1944.<br />
"...outros escritores desaparecidos deste mundo, mas que,<br />
graças, então, à habilidade e até mesmo certa inteligência do<br />
moço mineiro, continuam a andar tão vivos nas páginas que<br />
ele alinhava publicamente, para quem quiser ver, como<br />
qualquer um de nós outros que, aqui em baixo, ainda<br />
esprememos diariamente o miolo do crânio para ter com que<br />
comprara noite miolo de pão! Ora, admiti que fosse a<br />
hipótese de o Chico Xavier poder imitar de modo mais<br />
amplo a Pedro Rabelo, que se atreveu a copiar a forma de<br />
estilo de Machado de Assis, mas tão-somente em meia dúzia<br />
de páginas, então, convenhamos, o caso muda de figura. E<br />
muda, sobretudo, porque, ao contrário do incorrigível
oêmio que se deu ao trabalho de escrever à maneira do<br />
criador de "Quincas Borba" à la manière de... como tinha<br />
feito alguém na França - o nosso Chico Xavier, dada a obra<br />
já produzida, está desde já a merecer a glorificação de<br />
gênio...<br />
De resto, subsiste uma circunstância que mais servirá<br />
ainda para exaltá-lo aos que insistem teimosamente na idéia<br />
do pasticho: é que o Chico Xavier trabalha a sua obra diante<br />
de quem quer que o deseje ver: basta apenas que lhe ponham<br />
à frente dos olhos algumas laudas de papel e um lápis, tal<br />
como o viu Agripino Grieco, faz alguns anos, lá mesmo em<br />
Pedro Leopoldo!... Acresce outro detalhe sobremaneira<br />
relevante: se se trata de um pastichador (extraordinário, que<br />
é esse Chico Xavier!), como pode, ele escrever à maneira<br />
não só do saudoso autor de "Carvalhos e Roseiras"; como<br />
também dentro do estilo inimitável de Augusto dos Anjos,<br />
de Eça de Queirós? Será que ele guarda o próprio Diabo<br />
dentro do corpo? Entretanto, como mudaria certamente o<br />
quadro, se todos nós - crédulos ou incrédulos - nos<br />
dispuséssemos a pensar um segundo acerca das coisas<br />
sobrenaturais! Se refletíssemos, por exemplo, sobre aqueles<br />
dois versos famosos que nos foram deixados pelo imortal<br />
cantor dos "Lusíadas", e que retratam a dúvida que o<br />
atormentava:<br />
"Uma verdade que nas coisas anda.<br />
Que mora no visível e no invisível. "<br />
... Como quer que seja, o que se não pode porem dúvida<br />
é que, se o Chico Xavier tivesse realmente capacidade para<br />
produziras duas dezenas de obras que já saíram de suas mãos<br />
de médium, bem que ele não precisara ser o moço humilde<br />
que começou a vida como caixeiro de armazém e que só há<br />
276
pouco é um modesto funcionário da Secretaria de<br />
Agricultura de Minas Gerais... Bastaria que o Chico Xavier<br />
viesse aqui para o Rio, mudasse o seu indumento de pobre,<br />
para uns bons ternos de cavalheiro abastado, e entrasse a<br />
freqüentar as rodas intelectuais. Com talento para produzir o<br />
que já lhe passou pelo lápis, psicograficamente, ele hoje<br />
poderia ufanar-se de ser um dos maiores escritores do<br />
Brasil..."<br />
277<br />
MIGUEL TIMPONI<br />
Advogado, Professor e literato eminente. Encerrando<br />
nesta apresentação de depoimentos, gostaríamos de juntar a<br />
opinião do ilustre jurista, que na ocasião da defesa a FEB e<br />
Chico Xavier, no rumoroso processo movido pelos herdeiros<br />
de Humberto de Campos no ano de 1944, argumentava:<br />
"De qualquer modo, porém, se admitirmos que Francisco<br />
Cândido Xavier, moço de instrução primária, tem capacidade<br />
para imitar os versos de Castro Alves, reconhecer<br />
deveríamos que ele é igual a Castro Alves. E como pode<br />
também imitar os versos de Guerra Junqueiro, Augusto dos<br />
Anjos, Antero de Quental e de muitos outros, é também<br />
igual a cada um deles. Mas, nesse caso, não é propriamente<br />
igual a cada um deles; é superior a todos eles!..."
278<br />
MENSAGENS PSICOGRAFADAS<br />
DO ESPÍRITO EMMANUEL<br />
Felicidade<br />
Queres felicidade<br />
E te cansas por isso.<br />
Trabalhas. Ninguém te nota.<br />
Server. Ninguém te vê<br />
Sai de ti, entretanto,<br />
E busca ouvir os outros.<br />
Ama e terás amor,<br />
Dando e que se recebe.<br />
Felicidade existe<br />
Se a pusermos nos outros.<br />
Temos, sempre o que damos,<br />
Isso é das Leis de Deus.
279<br />
Perfume de Deus<br />
Derramou-se o perfume<br />
Das Alturas Celestes.<br />
Os homens o puseram<br />
Em vasos numerosos;<br />
Uns esguios de ouro,<br />
Outros de barro ou prata.<br />
Tantas formas diversas,<br />
Mas o aroma era o mesmo.<br />
Esta – é a historia do amor,<br />
O perfume de Deus
280<br />
Convivência<br />
Não te afastes dos outro<br />
Porque tenhas sofrido.<br />
Sem nossos semelhantes,<br />
Não sabemos quem somos.<br />
Cada pessoa é um teste<br />
Que nos situa em prova.<br />
Em nossas reações,<br />
Vemos a própria imagem.<br />
Ama, serve, perdoa<br />
E Estarás progredindo.<br />
Deus nos envia os outros<br />
Para ver como estamos
281<br />
Aceita<br />
Aceita a própria vida<br />
Buscando melhorá-la.<br />
Abraça os que te cercam,<br />
Doando-lhes auxilio.<br />
Nada exijas. Trabalha.<br />
Não condenes. Constrói.<br />
Se a provação chegou,<br />
Acata-lhe os ensinos.<br />
Se fiel a ti mesmo,<br />
Serve, segue e não temas.<br />
Se te aceitas como és<br />
Deus te fará feliz.
282<br />
Segue com Deus<br />
Nunca te desanimes<br />
Seja qual a prova.<br />
Mais recursos na vida?<br />
Trabalha e obterá.<br />
Dor e tribulação?<br />
A prece te alivia.<br />
Incompreensão e ofensa?<br />
Perdoa, ajuda e esquece.<br />
Caíste em algum erro?<br />
Ergue-te e recomeça.<br />
Nada te faltará.<br />
Se te entregas a Deus.
283<br />
Jamais Só<br />
Se alguém te deixa a sós<br />
Abençoa esse alguém.<br />
Nem todos passarão<br />
Pelos mesmos caminhos.<br />
Ás vezes, quem partiu<br />
Sofre o que desconheces.<br />
Não sabes em que provas<br />
Estará quem mais amas.<br />
Se a sombra te envolveu,<br />
Outras luzes virão.<br />
Nunca estarás a sós,<br />
Confiando-te a Deus
284<br />
Marcha no Bem<br />
Por nada te desgarres<br />
Do trabalho no bem.<br />
Se algum te injuriou,<br />
Silencia e prossegue.<br />
Se a doença te aflige,<br />
Serve quanto possível.<br />
Há quem pare na queixa,<br />
Mas, um dia verá.<br />
Que os irmãos em serviço,<br />
Prosseguindo com Deus,<br />
Muito dificilmente<br />
Hão de ser alcançados.
285<br />
Serve e Prossegue<br />
Nada te desanimes<br />
Nunca sem esperança.<br />
Terás visto em caminho<br />
Tempestade de dor.<br />
Perdestes bens do mundo<br />
Que supunhas sem termo.<br />
Julgas-te em abandono,<br />
Inútil, triste e só.<br />
Entretanto, não pares,<br />
Serve, luta e prossegue...<br />
Na frente, encontrarás<br />
Novas benções de Deus
286<br />
Servir Sempre<br />
Deus nos concede a todos<br />
A benção de servir.<br />
Se não podes curar,<br />
Podes ser a esperança.<br />
Não dispões do dinheiro.<br />
Não serás o milagre;<br />
Tens, contudo, o sorriso.<br />
Recorda a noite espessa<br />
E o valor de uma vela.<br />
Semeia o bem que possas.<br />
O poder vem de Deus.
287<br />
Identidade<br />
O que falas nem sempre<br />
Pode mostra-te o ser.<br />
Tudo aquilo que tens<br />
Não se revela aos outros.<br />
Quantos sabes, por vezes,<br />
É uma riqueza estanque.<br />
O nome, quase sempre,<br />
É só retrato a cores.<br />
Observa o que crias<br />
Do que sejas ou tenhas.<br />
Tão-só no bem que faças<br />
E o que vales com Deus.
288<br />
Erros<br />
Compadece-te sempre;<br />
- Assim pede o Senhor.<br />
Quem nunca escorregou<br />
Talvez caia amanhã.<br />
Esse que chora espera<br />
Coração que o entenda.<br />
Outro sonhava o bem<br />
Mas ficou preso ao mal.<br />
O perdão aparece<br />
Àqueles que perdoam.<br />
Todos estamos juntos<br />
Na Justiça de Deus.
289<br />
Serve sem Apego<br />
Usa, sem algemar-te,<br />
Os bens de que desfrutes.<br />
Medita nas riquezas<br />
Que já se dispersaram.<br />
Antigas obras de arte<br />
Valorizam museus.<br />
Títulos de ascendentes<br />
São brasões sem calor.<br />
Do que sejas ou tenhas,<br />
Faze o melhor que possas.<br />
Serve sem apegar-te.<br />
Tudo pertence a Deus.
290<br />
Alguém Sempre<br />
Se a sombra te surgiu<br />
Em forma de pesar...<br />
Não permitas que a dor<br />
Permaneça contigo.<br />
Repõe no pensamento<br />
As bênçãos que possues.<br />
Nada te desespere,<br />
Fita o Céu e caminha.<br />
Entrega-te ao trabalho<br />
E renova-te nele.<br />
Alguém te guarda sempre,<br />
Alguém te apóia: Deus.
291<br />
Alegra-te e Confia<br />
Contempla o mundo em torno...<br />
Tudo pede alegria.<br />
Cada flor é um sorriso<br />
Da beleza imortal.<br />
O Sol conta que a luz<br />
Reina acima das trevas.<br />
A noite mostra a vida<br />
No alfabeto dos astros.<br />
Até o pó que pisas<br />
É berçário do pão.<br />
Rejubila-te e serve,<br />
Deus faz sempre o melhor.
292<br />
Ânimo<br />
Age em favor dos outros,<br />
Sem que isso te arrase.<br />
Lamentações que faças<br />
Enfraquece a quem ama.<br />
Esse tem duras provas<br />
E precisa escorar-se.<br />
Outro te pede auxílio<br />
Para fortalecer-se.<br />
Suporta qualquer sombra<br />
Sem que a fé se te perca.<br />
Nada te desanime,<br />
Serve e confia em Deus.
293<br />
Gentileza<br />
A hora mais difícil<br />
Não te impede a bondade.<br />
Nem sempre dirás “sim”.<br />
Ao que se te proponha.<br />
Mas um “não” pode ser<br />
Trajado de veludo.<br />
Não recuses doar<br />
Uma palavra boa.<br />
Olha o teu cão, ai ver-te,<br />
Mostrando a cauda em festa.<br />
Um sorriso em teu rosto<br />
É notícia de Deus.
294<br />
Prossegue Trabalhando<br />
Às vezes, o problema<br />
Parece insuperável.<br />
Contudo, não receies,<br />
Insiste para o bem.<br />
Promessas que escutaste<br />
Sumiram-se no vento<br />
Recursos que esperavas<br />
Falharam sem motivos.<br />
Entretanto, não pares,<br />
Prossegue trabalhando.<br />
Ora, serve e terás<br />
A solução com Deus.
295<br />
Se queres Paz<br />
Mesmo que alguém te fira,<br />
Não acuses. Esquece.<br />
Quem prejudica a outrem,<br />
Prejudica a si mesmo.<br />
A memória do ingrato<br />
É uma ferida aberta.<br />
A culpa e a enfermidade<br />
Caminham sempre juntas.<br />
Basta a quem faz o mal<br />
Simplesmente viver.<br />
Se procuras a paz,<br />
Serve e entrega-te a Deus
296<br />
Prece da Benção<br />
Nos momentos alegres<br />
Deus te abençoe.<br />
Ante as provas do mundo,<br />
Deus te abençoe.<br />
Se caíste em erro,<br />
Deus te abençoe.<br />
Antes ofensas alheias<br />
Deus te abençoe.<br />
Se procuras por paz,<br />
Deus te abençoe.<br />
Haja o que houver<br />
Deus te abençoe.
297<br />
DADOS PESSOAIS<br />
Nome: Francisco Cândido Xavier<br />
Filiação:<br />
João Cândido Xavier<br />
Maria João de Deus<br />
Nascimento: 2 de abril de 1910<br />
Cidade: Pedro Leopoldo<br />
Residência Atual: Uberaba – MG<br />
MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA<br />
1.a Manifestação Mediúnica: 8 de julho de 1927<br />
1 Entidade Comunicante: Um Espírito Amigo<br />
Assunto: Deveres Espíritas<br />
N.° de Páginas Psicografadas: 17<br />
Local: Centro Espírita Luiz Gonzaga Cidade<br />
Pedro Leopoldo - MG
298<br />
50 ANOS DE MEDIUNIDADE PSICOGRÁFICA<br />
Livros Psicografadas: 153<br />
Autores Espirituais: 572<br />
Edições Nacionais: 573<br />
Tiragem: 4 801.500<br />
Páginas Psicografadas: 28.658<br />
Em parceria com Waldo Vieira: 17<br />
Autoria de Emmanuel: 38<br />
Edições Nacionais de Emmanuel: 160<br />
Tiragem das obras de Emmanuel: 1.342 500<br />
Autoria de André Luiz: 17<br />
Edições Nacionais André Luiz: 117<br />
Tiragem das obras André Luiz: 1.232.000<br />
OBRAS TRADUZIDAS<br />
Castelhano: 16<br />
Esperanto: 9 + 1 ed. bilíngüe Francês: 1<br />
Grego: 1<br />
Inglês: 2 + 1 ed. biling<br />
Japonês: 1<br />
Tcheco:3<br />
total 35<br />
TRANSCRITAS: Braille: 22<br />
FIM