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Workshop Extensão 2008 Areia - PB - CCA/UFPb - Universidade ...

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Realização:Apoio Financeiro:


Comissão OrganizadoraCoordenadores:Profa. DSc. Elizanilda Ramalho do Rêgo – Presidente do EventoMSc. Emmanuelle Rodrigues Araújo - CoordenadoraProf. Thiago Siqueira de Paiva Souza - TesoureiroProf. DSc. Rosilvado Gomes de Sá SobrinhoApoio:Profa. DSc. Márcia Verônica Miranda – Assessoria de ExtensãoComissão de Inscrição e DivulgaçãoEmmanuelle Rodrigues AraújoMatheus Serrano de MedeirosNaysa Flávia Ferreira do NascimentoMayana Ferreira NascimentoDenizia Ribeiro da SilvaDanielle Brígida Candeia RibeiroMoisés Paiva da R. MendesMarcelo Costa de MenezesAmaro Afonso Campos de AzeredoComissão de FinançasMoryb Jorge de Lima da Costa SapucayPedro Nóbrega Quintas ColaresElizabeth de Brito SilvaGabriela de Araújo FariasMaria Angélica Amorim BairralDiego Silva BatistaEmmanuelle Rodrigues AraújoComissão CientíficaEmmanuelle Rodrigues AraújoCamilla Mendes PedrozaDamiana Ferreira da SilvaRusthon Magno Cortez dos SantosEwerton José de Medeiros TorresTalita de Farias Sousa BarrosJuliana Pereira de CastroAvaliadoresElizanilda Ramalho do Rêgo - Profa. DSc. UF<strong>PB</strong>Mailson Monteiro do Rêgo - Prof. DSc. UF<strong>PB</strong>Fernando Finger – Prof. DSc. UFVEmmanuelle Rodrigues Araújo – MSc. em AgronomiaRosilvado G. de Sá Sobrinho - Prof. DSc. UF<strong>PB</strong>Juliana Pereira de Castro – MSc. em AgronomiaArtes GráficasEmmanuelle Rodrigues AraújoMatheus Serrano de Medeiros


Mini-cursosMini-curso: Fisiologia e Manejo Pós-colheita de Flores de Corte e VasoProf. DSc. Fernando Finger – UFVMini-curso: Produção de Orquídeas in vitroEquipe: Laboratório de Biotecnologia – UF<strong>PB</strong>Coordenador: Prof. DSc. Mailson Monteiro do RêgoCamilla Mendes Pedroza – Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Diego Silva Batista - Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Amaro Afonso Campos de Azeredo – Bolsista ITI-A/CNPq/UF<strong>PB</strong>Rusthon Magno Cortez dos Santos – Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Mini-curso: Produção de Pimentas OrnamentaisEquipe: Laboratório de Biotecnologia – UF<strong>PB</strong>Coordenadora: Profa. DSc. Elizanilda Ramalho do RêgoRusthon Magno Cortês dos Santos – Bolsita PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Denizia Ribeiro da Silva – Bolsista PROBEX/UF<strong>PB</strong>Damina Ferreira da Silva - Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Diego Silva Batista - Bolsita PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Moryb Jorge Lima da Costa Sapucay – Bolsista ITI-A/CNPq/UF<strong>PB</strong>Emmanuelle Rodrigues Araújo - MSc. em Agronomia - UF<strong>PB</strong>ViveirismoEquipe: LEV (Laboratório de Ecologia Vegetal) – UF<strong>PB</strong>Coordenador: Prof. DSc. Leonaldo Alves de AndradeKlerton Rodrigues Forte Xavier – MSc. em Agronomia - UF<strong>PB</strong>Pollyanna Freire Montenegro Agra – Mestranda em Agronomia - UF<strong>PB</strong>Vitor Serrano Gomes – Graduando em Ciências Biológicas - UF<strong>PB</strong>Marcelo Costa de Menezes – Graduando em Ciências Biológicas - UF<strong>PB</strong>Mini-curso: Produção de BiofertilizantesJosé Adeilson Medeiros do Nascimento – UF<strong>PB</strong>Vinícius Batista Campos – Mestrando em Manejo de Solo e Água – UF<strong>PB</strong>Coordenador: Prof. DSc. Lourival Ferreira CavalcanteMini-curso: Normas para Produção de Trabalhos CientíficosProf. DSc. Mário Luiz Farias Cavalcanti – UF<strong>PB</strong>Mini-curso: Metodologias ParticipativasEng a . Agrônoma Cláudia Medeiros Suassuna


SUMÁRIORESUMOS EXPANDIDOS ........................................................................................................................ 9 A 104A ANÁLISE SENSORIAL DA SORDA COMO FERRAMENTA DE RESGATE DOS PRODUTOSAGROINDUSTRIAIS REGIONAIS ........................................................................................................................ 9A TAPIOCA COMO PRODUTO AGROINDUSTRIAL E GERADOR DE RENDA PARA APOPULAÇÃO ......................................................................................................................................................... 13AS EXPERIÊNCIAS COM AS FEIRAS AGROECOLÓGICAS NOS MUNICÍPIOS PARAIBANOS DEAREIA, CAMPINA GRANDE E SOLÂNEA ....................................................................................................... 17CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE HELICONIA PSITTACORUM L. F. C.V.STRAWBERRIES & CREAM ............................................................................................................................... 20CITOGENÉTICA DE ALGUMAS ESPÉCIES DO GÊNERO EPIDENDRUM L. (ORCHIDACEAE:EPIDENDROIDEAE) ............................................................................................................................................. 25CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DE ALLAMANDA LINN.- APOCYNACEAE OCORRENTES NONORDESTE DO BRASIL ...................................................................................................................................... 30EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE CEIBA PENTANDRA (L.) GAERTN. EM DIFERENTESPROFUNDIDADES .............................................................................................................................................. 35ESPÉCIES DE LEGUMINOSAS ORNAMENTAIS DO MUNICÍPIO DE AREIA, PARAÍBA ......................... 39


MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DO URUCUM .............................................................................................. 43NÚMEROS CROMOSSÔMICOS EM ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIA CACTOIDEAE (CACTACEAE)OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASIL .................................................................................................... 46NÚMEROS CROMOSSÔMICOS EM ESPÉCIES DAS SUBFAMÍLIAS OPUNTIOIDEAE EPERESKIOIDEAE (CACTACEAE) OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASIL ........................................ 51PERFIL DOS CONSUMIDORES AREIENSES EM RELAÇÃO AOS PRODUTOS ORGÂNICOS ................. 56POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE PELTOPHORUM DUBIUM (SPRENG.) TAUB. ............... 61PRODUÇÃO DE FLORES: ATIVIDADE PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO RURAL NOBREJO PARAIBANO ............................................................................................................................................ 65PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS NA CADEIA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE AREIA-<strong>PB</strong> ........................... 69PRODUÇÃO DE PLÂNTULAS DE GIRASSOL (HELIANTHUS ANNUUS L.) IRRIGADAS COM ÁGUARESIDUÁRIA ........................................................................................................................................................ 72PROGRAMA DE RÁDIO “UNIVERSIDADE VIVA”: UMA PROPOSTA DE EXTENSÃOUNIVERSITÁRIA .................................................................................................................................................. 77PROPAGAÇÃO IN VITRO DE VIOLETA AFRICANA (Saintpaulia Ionatha WENDL) EM DIFERENTESAMBIENTES E CONCENTRAÇÕES DE SACAROSE ....................................................................................... 82VARIABILIDADE CROMOSSÔMICA EM ESPÉCIES DA TRIBO TIGRIDEAE (IRIDACEAE)


OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASIL .................................................................................................... 87VARIABILIDADE CROMOSSÔMICA NUMÉRICA EM CINCO ESPÉCIES DO GÊNEROEPIDENDRUM L. (ORCHIDACEAE: EPIDENDROIDEAE).............................................................................. 91VARIAÇÃO CROMOSSÔMICA NUMÉRICA DE ESPÉCIES DA TRIBO TRIMEZIEAE (IRIDACEAE) ..... 96VIVEIRISMO PARA AGRICULTORES FAMILIARES: UMA ALTERNATIVA PARA GERAÇÃO DEEMPREGO, RENDA E MELHORIA DA QUALIDADE AMBIENTAL ........................................................... 101ARTIGOS ................................................................................................................................................. 105 A 242CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE IXORA: EFEITO DE DIFERENTES SOLUÇOESCONSERVANTES E CONDIÇOES DE ARMAZENAMENTO ........................................................................ 105CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE UMA ESPÉCIE NOVA DO GÊNERO ZEPHYRANTHESHERB. NATIVA DO NORDESTE DO BRASIL ................................................................................................ 115DIFERENTES NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DA NECESSIDADE HÍDRICA COM ÀGUA RESIDUÁRIA EADUBAÇÃO ORGÂNICA EM CRISÂNTEMO ................................................................................................ 126EMERGÊNCIA E VIGOR DE PLÂNTULAS DE CEDRELA FISSILIS L. ........................................................ 144EMERGÊNCIA E VIGOR DE PLÂNTULAS DE STERCULIA FOETIDA L. A. ST. HIL ................................ 154INSERÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA NO BREJO PARAIBANO ........................................ 165LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES ORNAMENTAIS COMERCIALIZADAS NO BREJO PARAIBANO 178


PRODUÇÃO DO INHAME ADUBADO COM ESTERCO BOVINO E BIOFERTILIZANTE........................ 190QUALIDADE FISIOLÓGICA, ETIOLOGIA E PATOGENICIDADE DE FUNGOS ASSINALADOS EMSEMENTES DE AROEIRA PRODUZIDAS EM TRÊS MUNICÍPIOS DA PARAÍBA ................................... 201SUBSTRATOS E TEMPERATURAS PARA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE DALBERGIA NIGRA(VELL.) FR. ALL. ................................................................................................................................................ 219TRATAMENTOS TÉRMICO E QUÍMICO EM SEMENTES DE MULUNGU E EFEITOS SOBRE AQUALIDADE SANITÁRIA E FISIOLÓGICA ................................................................................................... 231MINI-CURSOS....................................................................................................................................... 243 A 307PRODUÇÃO DE PIMENTEIRAS ORNAMENTAIS........................................................................................ 243CURSO DE PRODUÇÃO DE ORQUÍDEAS IN VITRO.................................................................................... 251VIVEIRISMO – PARTE I ................................................................................................................................... 257VIVEIRISMO – PARTE II ................................................................................................................................. 269METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS – UMA CONSTRUÇÃO DE SABERES........................................... 282RELAÇÕES HÍDRICAS E FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA DE FLORES DE CORTE.................................. 294


A ANÁLISE SENSORIAL DA SORDA COMO FERRAMENTA DERESGATE DOS PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS REGIONAIS.Sabrina Kelly Nogueira Falcão Soares 1 ; Renê Lima Dantas 2 ; Gerlândio SuassunaGonçalves 3 ; Karjoene Cassimiro 4 ; Márcia Targino 51 Aluna de Graduação em Agronomia – DSER-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. Residência Acadêmica do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>. E-mail: sabrina_ufpb@yahoo.com.br2 Aluno de Graduação em Agronomia – DSER-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. Residência Acadêmica do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>. E-mail: agrodantas21@hotmail.com3 Aluno de Graduação em Agronomia – DSER-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. Residência Acadêmica do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>. E-mail: gsuassunag@hotmail.com4 Aluna de Graduação em Agronomia – DSER-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. Residência Acadêmica do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>. E-mail: karjoene@yahoo.com.br5 Professora do DSER-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. UF<strong>PB</strong>. E-mail: marciartargino@hotmail.comRESUMO: A Sorda no Brasil não é tão conhecida como outras bolachas regionais. Éum produto encontrado facilmente em feiras livres, mercadinhos e supermercados daregião nordeste. Na Paraíba é tida como um dos principais lanches da tarde. Trata-se deuma bolacha cuja massa é o resultado de uma mistura de farinha de trigo, rapadura,temperos, bicarbonato de sódio e amoníaco. Este trabalho objetiva-se avaliar aqualidade do produto frente ao consumidor, por meio de análise sensorial constando osseguintes elementos avaliativos: de preferência quanto à aparência, textura e sabor doproduto, além de incluir o poder de compra da sorda, cujas amostras foram provenientesde uma Agroindústria do Município de Campina Grande-<strong>PB</strong>. Analisando-se os fatoresde qualidade da sorda (aparência, textura, sabor) os resultados demonstram que o graude aceitação da sorda analisada é elevado, caracterizando-se num produto diferenciadocom poder de compra atrativo. Avaliando-se a cadeia produtiva na agroindústriaestudada, observou-se que a matéria-prima no processo de fabricação, a rapadura,constitui-se um componente que interfere no sabor e na cor, além da textura que éatribuída à concentração de bicarbonato.Palavras-chave: Sorda, Tecnologia Alimentar, ConsumidorINTRODUÇÃOA Sorda no Brasil não é tão conhecida como outras bolachas regionais. É umproduto encontrado facilmente em feiras livres, mercadinhos e supermercados da regiãoNordeste. Na Paraíba é tida como um dos principais lanches da tarde, quandoacompanhada de uma bebida quente, o cafezinho. O sertanejo e o brejeiro são osparaibanos que mais consomem a sorda, segundo relatos da literatura popular,certamente pela grande escala na fabricação do produto. A sorda é conhecida tambémcomo bolacha preta na região do brejo paraibano (GOUVEIA, 2007).Alguns historiadores relatam que a invenção é árabe, atribuindo aos mouros acriação, pois foram os primeiros povos a utilizarem a amônia e o bicarbonato em suasculinárias até certo ponto excêntricas. A arte, então, teria passado dos mouros para os9


portugueses, que levaram para suas colônias e talvez seja esta bolacha de bordo tãoutilizada pelos navegantes de Sagres, nas grandes travessias, justamente porque não sedeterioravam com facilidade (WIKIPEDIA, <strong>2008</strong>).A matéria-prima principal utilizada na fabricação da sorda é a rapadura, que porsua vez é adquirida por diversos fornecedores, os quais impedem uma padronização nafabricação do produto que oferece variáveis que interferem no flavor.É um produto representativo da alimentação regional fabricado poragroindústrias do tipo familiar, responsáveis por geração de emprego e renda. Noentanto, pouco se conhece sobre o seu processamento, distribuição e utilização, queassim como boa parte dos alimentos regionais vêm sendo substituída por outros“importados” pela globalização. Com a finalidade de difundir, como também resgatarprodutos alimentícios regionais, mais especificamente da tradição paraibana, avaliou-senesse trabalho as características sensoriais da sorda Perilima produzida na cidade deCampina Grande, <strong>PB</strong>.METODOLOGIAO estudo foi realizado com sordas “Perilima” adquiridas diretamente daindústria por ocasião de visitação para conhecimento do processo e da atividadeagroindustrial. As sordas foram levadas para o Laboratório de Tecnologia de ProdutosAgropecuários do Departamento de Solos e Engenharia Rural do Centro de CiênciasAgrárias, da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, onde 30 provadores escolhidos de formaaleatória, avaliaram as características de cor, textura e sabor do produto, como tambéma intenção de compra dos consumidores.A abordagem foi direcionada mediante a aplicação de questionário elaborado apartir do modelo descrito por Chitarra & Chitarra (2005) com adaptações.RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com os resultados obtidos e apresentados na figura 1, a cor das sordasfoi considerada moderada por 70% dos entrevistados, forte por 23% e fraca por 7%.Caracterização da Aparência quanto à cor da Sorda Marilima23%7%70%FracaModeradaForteFigura 1 – Avaliação do atributo cor das sordas Perilima10


A textura, representada na figura 2, foi avaliada como macia por 63% dosprovadores, fofa por 27%, arenosa por 7% e apenas 3% definiram como de baixaconsistência.Caracterização da textura da Sorda Marilima3%27%7%63%MacioArenosoFofoOutrosFigura 2 – Avaliação do atributo textura das sordas PerilimaA figura 3 representa os resultados obtidos com a avaliação do atributo sabor,observando-se que 4% dos provadores gostaram muitíssimo, 73% gostaram muito, 20%gostaram pouco, e apenas 3% não gostaram da sorda justificando por terem identificadoum amargor.Caracterização do sabor da Sorda Marilima20%3% 4%73%Gostei muitíssimoGostei muitoGostei poucoNão gosteiFigura 3 – Avaliação do atributo sabor das sordas PerilimaNa Figura 4 encontra-se representado os resutados obtidos da avaliação feitasobre a disponibilidade de compra da sorda pelo consumidor. Observa-se que 90% dosentrevistados afirmaram que adquiririam o produto contra 7% que não e 3% que nãotinham certeza quanto a compra.Avaliação do poder de compra da Sorda Marilima7% 3%90%SimFigura 4 – Avaliação da intenção de compra das sordas Perilima pelos consumidores11NãoTalvez


De acordo com os resultados obtidos as sordas Perilima têm boa aceitação demercado devido apresentar coloração escura moderada, textura macia e sabor doce eagradável. A cor e o sabor do produto são influenciados pelo tipo e quantidade derapadura e especiarias utilizadas, sofrendo também a cor influência da temperatura etempo de cozimento (fornos). A textura foi influenciada pela etapa de homogeneizaçãoda massa, considerando o tipo e durabilidade dessa etapa.Dentre os entrevistados, alguns identificaram sabor amargo nas sordas o quepode ser atribuído provavelmente, a um excesso de bicarbonato de sódio como tambéma rapadura utilizada.CONCLUSÃOAs sordas Perilima tiveram boa aceitação quanto as suas característicassensoriais, porém há necessidade de padronização da sua formulação que dependedentre outros fatores da firmação de contratos com fornecedores de matéria-prima eingredientes exclusivos.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós Colheita de frutas e hortaliças:fisiologia e manuseio. 2 ed. Lavras: UFLA, 2005, 785 p.GOUVÊA, Hilton. Do cabo da enxada para a sorda. JORNAL A UNIAO, 27 denovembro de 2007. Disponível em: < http://www.auniao.pb.gov.br>. Acesso em 26 deagosto de <strong>2008</strong>.WIKIPEDIA. Disponível em< wikipedia.org/wiki/sorda>. Acesso em 26 de agosto de<strong>2008</strong>.12


A TAPIOCA COMO PRODUTO AGROINDUSTRIAL E GERADORDE RENDA PARA A POPULAÇÃOLiege Gonzaga 1 ; Maria Alexandra Estrela 1 ; Irislânia B. da Silva 1 ; Manoel Ferreira deAquino 1 ; Soraya Henrique de Almeida¹; Rafhael Gomes¹; Márcia Targino 2 .1 Aluno (a) de graduação da UF<strong>PB</strong>, Campus II, <strong>Areia</strong>- <strong>PB</strong>, e-mail: liegegonzaga@hotmail.com.2 Professora Dra. UF<strong>PB</strong>, Campus II, <strong>Areia</strong>- <strong>PB</strong>, e-mail: marciatargino@hotmail.com.RESUMO: A tapioca é um produto obtido pela secagem, em tachos abertos, depequenos grânulos irregulares extraídos do amido de mandioca. É considerada umaiguaria tipicamente brasileira, de origem indígena, feita com o amido ou fécula extraídoda mandioca, também conhecida como polvilho, goma ou beiju. Este trabalho teve porobjetivo avaliar o processamento da tapioca e sua importância como comida de rua.Para tanto, foram realizadas pesquisas nos Municípios de Campina Grande, <strong>Areia</strong> e JoãoPessoa a partir de visitas in loco com entrevistas acompanhadas da aplicação dequestionários e registros fotográficos junto às tapioqueiras representantes daagroindústria de tapiocas regionais da cidade, durante os meses de junho de <strong>2008</strong>. Atapioca além de ser um produto de fácil acesso e saboroso, também faz parte de umaatividade informal para pessoas que não possuem uma formação profissional gerandorenda aos produtores de mandioca e casas de farinha, como também aos comerciantes.INTRODUÇÃOA tapioca é um produto de origem indígena que tem por matéria prima a gomade mandioca e tem se tornado fonte de renda para agricultores familiares edesempregados da zona urbana. Sua versatilidade permite a combinação de variadossabores desde os doces aos salgados. O consumo é feito por diferentes grupos deconsumidores de todas as idades de condições financeiras. A comercialização datapioca tem sido uma fonte de renda efetiva na melhoria da qualidade de vida dosprodutores.A tapioca é um produto obtido pela secagem, em tachos abertos, de pequenosgrânulos irregulares extraídos do amido de mandioca. É um alimento natural,normalmente consumido sob a forma de sobremesa ou mingau (ABAM, 2003). Étambém considerada uma iguaria tipicamente brasileira, de origem indígena, feita como amido ou fécula extraída da mandioca, também conhecida como polvilho, goma oubeiju, que ao ser espalhada numa chapa aquecida se coagula, e vira uma única massa(YAHOO, 2006).13


A goma de tapioca é obtida do processamento da mandioca em casas de farinha.O jeito de fabricar a goma e a farinha de mandioca ainda hoje é bem artesanal,parecido com o do período colonial. Casas de farinhas espalhadas pelo Norte, Nordestee em algumas regiões do Sudeste fazem nos meses de agosto período mais comum dafarinhada um processo que se resume assim: descascada, a mandioca é deixada demolho para ser, depois, espremida. Da parte sólida se faz a farinha. A goma que seacumula no fundo do tacho que recebeu o caldo servirá de matéria-prima para atapioca cujo nome, vem da língua tupi: typi-og, o que significa tirado do fundo.O cultivo da mandioca é de grande relevância econômica como principal fontede carboidratos para milhões de pessoas, essencialmente nos países emdesenvolvimento. A região Nordeste tradicionalmente caracteriza-se pelo sistema depolicultivo, ou seja, mistura de mandioca com outras espécies alimentares de ciclocurto, principalmente feijão, milho e amendoim.Após o processamento da mandioca e extração da goma, esta passa para oprocesso de armazenamento que é feito em bacias plásticas e sacos com posteriorcomercialização nos mercados, na maioria dos casos os sacos ficam aberto ao ar livre eo produto exposto.Ocorre em alguns mercados que a goma é armazenada em pequenos sacosplásticos para preservar a umidade no caso da goma molhada.A comercialização geralmente é feita no mercado interno para uso culinárioprincipalmente na forma de tapioca.OBJETIVOO presente trabalho teve por objetivo avaliar o processamento da tapioca e suaimportância como comida de rua - fonte geradora de renda familiar estendendo – setambém aos pequenos produtores rurais.METODOLOGIAA pesquisa foi realizada no Município de Campina Grande, <strong>Areia</strong> e João Pessoaa partir de visitas in loco com entrevistas acompanhadas da aplicação de questionários eregistros fotográficos junto as tapioqueiras representantes da agroindústria de tapiocasregionais da cidade, durante e o de junho de <strong>2008</strong>. As entrevistas foram aplicadas comauxílio de questionários abrangendo os tipos de tapioca produzidas, recheios, sabores, eformas de manuseio.RESULTADOS E DISCUSSÃOSão produzidos principalmente dois tipos de tapioca: Tapioca Simples ouComum e Tapioca Recheada;14


Para a confecção da tapioca ocorre um processo de transformação de ordembioquímica que é a destrinização do amido a partir do aquecimento da goma em chamadireta, modificando a consistência ao perder água por evaporação. Desde o plantio damandioca até a comercialização da tapioca dá oportunidade de envolver toda a famíliano processo produtivo e tem como objetivo o sustento e manutenção da mesma.GOMAPENEIRAÇÃOAQUECIMENTORECHEIOMOLDAGEMTAPIOCAFigura 1. Fluxograma do Processamento da tapioca a partir da goma de mandioca.A goma é peneirada e colocada em uma chapa ou utensílio raso de metalaquecida onde ocorre o processo de dextrinização do amido desenvolvendo o formato eas características ao produto. Posteriormente é adicionado um recheio no caso dastapiocas recheadas e acrescentado uma outra camada de goma que cobre o recheioseguido de uma viragem e então o produto final estará pronto para o consumo.Os manipuladores, em sua maioria não estão adequadamente vestidos nemfazem uso de utensílios higienizados, conforme recomendado pelas normas de higienealimentar. Mesmo assim o produto tem excelente aceitação, porém necessita seradequado a Boas Práticas de Manuseio, assim como padronizado, para que ocorramelhor aproveitamento da matéria-prima e melhor comercialização.CONCLUSÕESO consumidor da tapioca faz parte de um público diversificado por tratar-se deum produto regional saboroso e de fácil acesso, pois, devido a sua matéria-primaapresentar baixo custo, este produto também encontra-se com preço acessível a todos ospúblicos.A tapioca gera renda aos produtores de mandioca e casas de farinha, comotambém aos comerciantes, constituindo-se em numa atividade informal que tem15


possibilitado inserção social e financeira para pessoas que não possuem fonte de rendaregular.REFERÊNCIAS:Biscoito de polvilho. Disponível em:; Acesso em: 22 deAgosto de <strong>2008</strong>.Casa da tapioca. Disponível em: < http://www.acasadatapioca.com.br/>; Acesso em:22 de Agosto de <strong>2008</strong>.Culinária: Tapioca. Disponível em:; Acesso em: 22 deAgosto de <strong>2008</strong>.Mandioca. Disponível em: ; Acesso em: 22 deAgosto de <strong>2008</strong>.Tapioca nossa de cada dia. Disponível em:; Acesso em: 22 de Agosto de<strong>2008</strong>.Yahoo Respostas; Perguntas respondida; A tapioca é uma....?. Disponível em:;Acesso em: 22 de Agosto de <strong>2008</strong>.Vida Simples: Vai uma tapioca? Disponível em:; Acesso em:Acesso em: 22 de Agosto de <strong>2008</strong>.16


AS EXPERIÊNCIAS COM AS FEIRAS AGROECOLÓGICAS NOSMUNICÍPIOS PARAIBANOS DE AREIA, CAMPINA GRANDE ESOLÂNEAClaudete Maria da Silva 1 ; Sabrina Kelly Nogueira Falcão Soares 2 ; Elenice Silva deSouza 3 ; Rosivaldo Sá Sobrinho 41 Aluna de Graduação em Zootecnia – <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. E-mail: claudete_m_silva@hotmail.com2 Aluna de Graduação em Agronomia – <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. E-mail: sabrina_ufpb@yahoo.com.br3 Aluna de Graduação em Agronomia – <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. E-mail: elenicearcanjo@yahoo.com.br4 Professor do DCFC-<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. E-mail: rosivaldosobrinho@gmail.comResumo: A agroecologia constitui um enfoque alternativo no tocante aodesenvolvimento rural e ao estabelecimento de uma nova forma de ver e entender odesenvolvimento agrícola na perspectiva da sustentabilidade. Ela aparece como umconjunto de conhecimentos ambientais e sociais acerca da agricultura, cujo conteúdotrata-se não apenas da produção, mas também da sustentabilidade ecológica dosagroecossistemas. O objetivo deste trabalho configurou-se em analisar as experiênciascom as feiras Agroecológicas de três municípios paraibanos: <strong>Areia</strong>, Campina Grande eSolânea. A metodologia aplicada envolveu um acompanhamento direto frente aosprodutores por meio da realização de 30 entrevistas, a fim de investigar os aspectosrelacionados ao sistema de produção, assistência técnica e a comercialização dosprodutos. Observou-se neste estudo, que há uma sistematização na produção orgânicareferente aos insumos utilizados e assistência técnica, porém os resultadosdemonstraram que há uma deficiência na forma de comercialização dos produtosrelacionados à exposição e divulgação ao público em geral.Palavras-chave: Feira orgânica, Agroecologia, Agricultura familiar.INTRODUÇÃODe acordo com Fonseca (2000), Von Der Weid & Altieri (2002), os alimentosorgânicos nasceram como circuitos curtos de produtores e consumidores engajados e,no caso brasileiro, em forte articulação com o movimento agroecológico e comoalternativa à revolução verde.A Agroecologia vem se constituindo como um enfoque alternativo tanto para osestudos do desenvolvimento rural como para o estabelecimento de uma nova forma dever e entender o desenvolvimento agrícola ma perspectiva da sustentabilidade(CAPORAL & COSTABEBER, 2007).Nas duas últimas décadas, a produção ecológica no Brasil vem se desenvolvendoa passos largos, movida, em primeiro momento, pelo desejo de alguns técnicos eagricultores de encontrarem saídas paras as mazelas da agroquímica.17


As Feiras Agroecológicas apresentam as seguintes vantagens: geram renda paraas famílias agricultoras possibilitando melhoria na sua qualidade de vida; as famíliastambém comercializam a produção agroecológica na própria comunidade, constituindosecomo espaço interessante de geração de renda, diminuindo o custo com transporte eaumentando os canais de comunicação; as feiras Agroecológicas aproximam as famíliasagricultoras dos consumidores, garantem preços justos aos produtos da AgriculturaFamiliar, e permitem uma alimentação rica e saudável à população rural e urbana.A prática da agricultura orgânica implica cuidados com os solos, além de mantera diversidade de culturas, promove a produção de seus próprios insumos, comosementes, adubos e ainda utiliza métodos de controle e manejo natural, preservando oequilíbrio ambiental, contribuindo para o desenvolvimento da economia local,promovendo boas relações com os vizinhos, em geral, preservando a saúde da terra edos que nela vivem.METODOLOGIAA metodologia direcionou-se a aplicação de nove entrevistas frente aospequenos produtores, durante o mês de agosto de <strong>2008</strong>, tendo sido realizadas em trêsmunicípios, a saber, <strong>Areia</strong>, Solânea e Campina Grande que atuam com feirasagroecológicas. As entrevistas foram realizadas em um único dia, distribuídas pormunicípio.A abordagem aconteceu mediante a aplicação de um questionário de avaliaçãoque envolveu aspectos de assistência técnica, produção e comercialização dos produtosexpostos na feira. O questionário envolveu perguntas relacionadas às dificuldadespresentes no cotidiano do produtor e sua família no aspecto de produção; atuação ou nãoda assistência técnica local e comercialização dos produtos.RESULTADOS E DISCUSSÃOA feira agroecológica de <strong>Areia</strong> recebe o apoio técnico da EMATER - Empresade Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba, em parceria com a associaçãocomunitária ADAMA - Associação para o Desenvolvimento de Agronegócios de <strong>Areia</strong>e a ADESMAF - Associação para o Desenvolvimento Sustentável das ComunidadesSítios Macacos e Furnas. Atualmente a feira apresenta 20 pontos de comercializaçãochamadas pelos produtores de barracas.Os produtos mais comercializados incluem-se a banana, couve, alface,macaxeira, ovos, abóbora, chuchu, coco, coentro, cebola, frango caipira, farinha, batata,além de artesanatos e plantas ornamentais.Segundo os entrevistados, as principais dificuldades vivenciadas por elesrelacionam-se com o transporte, pois é um fator de alto custo e de difícil acesso paradeslocamento até a cidade, além dos aspectos de produção mediante a ocorrência depragas e da pouca disponibilidade de terra para plantação.A Feira Agroecológica de Campina Grande recebe o apoio da Associação deAgronegócios do Compartimento da Borborema e assistência técnica da EMATER, que18


por sua vez promove iniciativas de treinamento aos produtores e contemplação deprojetos, entre eles, sistemas de irrigação. Atualmente a feira atua com 30 barracas.As principais dificuldades, citadas pelos produtores entrevistados, envolveram oaspecto de estrutura no tocante ao transporte e manutenção das barracas e estímulo parao público adquirir seus produtos; atuação de pragas especificamente, na banana elaranja.A feira agroecológica de Solânea recebe apoio de algumas associações, como aALGIVA-Serviço em Comunidade, Programa Arribaçã e Associação de Agronegóciodo Compartimento da Borborema.As principais dificuldades citadas foram a ausência de uma estrutura organizadacom distribuição de barracas, haja vista que os produtores comercializam seus produtosexpostos nas ruas. Os produtos mais comercializados são alface, coentro, cenoura,beterraba, pimentão, couve, tomate e banana.CONCLUSÃOMediante os resultados expostos, as feiras agroecológicas visitadas apresentaramsemelhanças no tocante à assistência técnica, porém com dificuldades diferenciadasentre si, fundamentadas na estrutura, transporte e ocorrência de pragas e doenças nasculturas.Constatou-se que, a prática da feira agroecológica nos municípios visitados éuma atividade geradora de emprego e renda, haja vista o grande número de vendas dosprodutos expostos na feira, entre eles a banana, a macaxeira, a alface, a laranja, aabóbora e o frango caipira.A demanda pelos produtos orgânicos advém da qualidade apresentada, mediantea produção isenta do uso de agrotóxicos.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICACAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e Extensão Rural:contribuição para a Promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília:MDA/SAF/DATER, 2007.FONSECA, M. F. A. C. Cenário da produção e da comercialização dos alimentosorgânico. <strong>Workshop</strong> sobre produção orgânica de leite. Embrapa Gado de Leite: juizde Fora, 2000.WEID, J. M. VON DER; M. A. Perspectivas do Manejo de Recursos Naturais comBase Agroecológica para Agricultores de Baixa Renda no Século XXI, in Inovaçãonas Tradições da Agricultura Familiar, (orgs) D. M. de Albuquerque Lima & J.Wilkinson, 2002.19


CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DEHeliconia psittacorum L. f. c.v. Strawberries & CreamFrancisco Herverton Albuquerque Rocha 1 ; Winston Pessoa Felix 2 ; Vivian Loges 31 Mestrando em Agronomia/ PPMGP, <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco. Av. D. Manoel deMedeiros, Recife, PE, CEP 52171-900. herverton@gmail.com2 Mestrando em Agronomia/ PPMGP, <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco. Av. D. Manoel deMedeiros, Recife, PE, CEP 52171-900. winstonjpfelix@hotmail.com3 Professora Adjunta do Departamento de Agronomia, <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco. Av.D. Manoel de Medeiros, Recife, PE, CEP 52171-900. vloges@yahoo.comApoio financeiro: FACEPE, PROMATA e CNPq.RESUMO: O cultivo das espécies do gênero Heliconia está em expansão no Brasil. Oobjetivo deste trabalho foi caracterizar agronomicamente a H. psittacorum L. f. c.v.Strawberries & Cream. O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2003até julho de 2006, na Coleção de Germoplasma de Helicônias da <strong>Universidade</strong> FederalRural de Pernambuco, município de Camaragibe-PE, em um delineamento experimentalem blocos ao acaso com quatro repetições. A parcela foi constituída por um rizoma e oespaçamento foi de 1,5 m entre planta e 3,0 m entre fileiras. Observou-se 126,5perfilhos por touceira até os 742 DAP. Foram colhidas de 0,50 a 36,50 hastes florais portouceira por mês (HCM). O período de colheita, desde o surgimento até o ponto de corte(DCH) variou de 10 a 20,3 dias, sendo em média de 14,77 dias. A massa fresca dashastes variou de 0.03 a 0.04 kg com média de 0,03 kg. O diâmetro das hastes floraisvariou de 3,47 a 6,63 mm. 0 comprimento da haste floral variou de 65,9 a 101,7 cm. Ashastes florais desse genótipo apresentam a seguinte classificação quanto aos valoresmédios das características consideradas importantes para comercialização como flor decorte: são tardias, iniciando o florescimento 11 meses após o plantio; apresentaramelevada a média produção de perfilhos; a produção de hastes florais de apenas 37% donúmero de perfilhos totais emitidos; ciclo produtivo curto; diâmetro das hastes floraisgrosso; comprimento das hastes floral fino e médio; comprimento das inflorescênciasmédio; hastes florais leves.INTRODUÇÃOO Brasil conquistou um novo recorde nas exportações de flores e plantasornamentais, mantendo um desempenho que caracteriza o setor desde o início dadécada, superando os US$ 35 milhões (Junqueira & Peetz, 2007). Esta ascensão dafloricultura no país tem destaque por ser a um agronegócio gerador de renda, fixador demão-de-obra e adequado como cultura alternativa para pequenos produtores.As espécies do gênero Heliconia têm sido cultivadas de forma expressiva noBrasil, consolidando um mercado promissor para os produtores de flores e plantasornamentais Castro et al. (2007), sendo que algumas espécies têm se destacado devido àbeleza e elevada produção, favorecendo a comercialização. Pernambuco é o maior emprodução nacional de flores tropicais e o quinto em flores tradicionais. As helicônias20


envolvem as espécies mais importantes da floricultura tropical, com destaque para H.psittacorum L. f. c.v. Strawberries & Cream.H. psittacorum L. f. c.v. Strawberries & Cream, apresenta inflorescênciasatrativas. É necessária a caracterização agronômica deste genótipo para as condições decultivo de Pernambuco para avaliação da adequação como flor de corte e para opaisagismo. O objetivo deste trabalho foi caracterizar agronomicamente esta espécie dehelicônias.O experimento foi conduzido no período de dezembro de 2003 a julho de 2006no município de Camaragibe (Aldeia km 13)/PE, com 34°59’33’ de latitude, 8°1’19’’de longitude e 100 m de altitude. A temperatura média anual da região é de 25.1ºC e aprecipitação média mensal foi 171 mm, com máxima de 377 mm e mínima de 37 mmITEP (<strong>2008</strong>).Na área experimental com latossolo vermelho amarelo, foi feita a calagem comcalcário dolomítico seis meses antes do plantio. A adubação foi realizada segundoanálise de fertilidade do solo. Como suprimento de matéria orgânica foi aplicado estercobovino curtido (13 kg/m 2 de touceira), trimestralmente.O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso com quatrorepetições. O material, doado por produtores da região, faz parte da Coleção deGermoplasma de Helicônias que pertence à <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco(UFRPE).Os rizomas dos genótipos, após tratamento fitossanitário, foram plantados noespaçamento de 1,5 m entre rizomas na linha e 3,0 m entre as linhas em área a pleno sol.Aos 59 dias após o plantio (DAP) foram iniciadas as avaliações do número deperfilhos por touceira (NPT), realizadas, em média, a cada 15 dias sendo osapresentados na forma de perfilhamento acumulado (PA) por touceira aos 742 DAP. Osperfilhos foram etiquetados, identificando a avaliação em que foram emitidos. Atouceira foi mensurada com um esquadro obtendo a área de ocupação da touceira(AOT) e taxa de ocupação da parcela (TOP - %).Todas as inflorescências produzidas foram colhidas e analisadas duas vezes porsemana até julho de 2006, quanto aos seguintes caracteres: N- número de hastes floraisavaliadas; NHF – número de hastes florais colhidas por touceira; DEI – dias paraemissão da inflorescência a partir da formação do perfilho; DCH - dias para colheita dahaste floral, a partir da sua emissão; CICLO – soma de DEI e DCH; NFH - número defolhas presentes haste floral na emissão da inflorescência. No Laboratório deFloricultura da UFRPE foram avaliados os seguintes caracteres: MH (g) – massa dahaste floral, sem as folhas (em balança digital com três casas decimais); DH (mm) –diâmetro da haste floral, 20 cm abaixo da inflorescência; CH (cm) - comprimento dahaste, incluindo a inflorescência; CI (cm) - comprimento da inflorescência,considerando do ponteiro até a parte colorida do pedúnculo; e NBA – número debrácteas abertas.Os caracteres avaliados foram classificados da seguinte forma, segundometodologia adaptada de Costa et al. (2007): número de dias da emissão do perfilho atéa colheita da inflorescência (CICLO): curto (< 150 dias), médio (entre 150 e 240 dias),longo (>240 dias); massa fresca da haste floral (MH): leve ( 200 g); comprimento da haste (CH): curto (< 50 cm),médio (entre 50 e 150 cm), longo (> 150 cm); comprimento da inflorescência (CI):21


pequeno (< 10 cm), médio (entre 10 e 30cm), grande (entre 30,1 e 50 cm), muito grande(> 50cm).Os dados foram agrupados por mês e submetidos à estatística descritiva(programa SAEG, 1983).RESULTADOS E DISCUSSÃOObteve-se 126,5 perfilhos por touceira até os 742 DAP., com uma área deocupação da touceira aos 630 DAP foi de 281,33 m 2 , correspondendo a 63,30% da áreada parcela, ultrapassando muito o limite do canteiro.O início do florescimento foi em outubro, de 2004, 11 meses após o plantio(MAP). Foram colhidas de 0,50 a 36,50 hastes florais por touceira por mês (HCM). OHCM foi maior que 10 hastes florais no período de dezembro de 2004 a junho de 2005 edezembro de 2005 a abril de 2006 (13 a 19 e 25 a 29 MAP, respectivamente).As hastes florais produzidas apresentaram ciclo produtivo (CICLO), isto é, daemergência do perfilho a colheita da haste floral que variou de 103 a 198diasdependendo do período do ano em que houve a emergência do perfilho. Nos meses denovembro a dezembro de 2005 e fevereiro a abril de 2006 (12 a 17 e 24 a 29 MAP,respectivamente). As HCM apresentaram CICLO menor que 150 dias. O período decolheita, desde o surgimento até o ponto de corte (DCH) variou de 10 a 20,30 dias,sendo em média de 14,77 dias.O número de folhas da haste (NHF) pose ser sinalizador da emissão dainflorescência, uma vez que não são formadas folhas após o início do florescimento. Ashastes florais foram colhidas de plantas que apresentaram em média 4,64 a 7,50 folhascompletamente aberta. Isto sugere que para haver o florescimento, a planta deve emitircerto número de folhas em um determinado período. Foram colhidas inflorescências queapresentavam de 2 a 3 brácteas abertas.O ponto de corte deste genótipo pode variar conforme o mercado consumidor,permitindo que sejam colhidas com poucas ou muitas brácteas abertas. A massa frescadas hastes variou de 0.03 a 0.04 kg com média de 0,03 kg.O diâmetro das hastes florais variou de 3,47 a 6,63 mm. 0 comprimento da hastefloral variou de 65,89 a 101,75 cm. Os menores valores foram observados em hastesflorais colhidas nos meses iniciais da produção. Como as hastes são comercializadascom aproximadamente 90 cm, este genótipo apresentou hastes florais com valoresmédios acima de 85,53 cm nos meses de maior produção, de dezembro de 2005 a junhode 2006. O comprimento médio das inflorescências foi de 12,38 cm.H. psittacorum L. f. c.v. Strawberries & Cream apresentaram brácteas comcoloração rosa e amarela, com cerosidade e dispostas em um único plano, comdurabilidade entre 9 e 10 dias e produção de inflorescências durante todo ano. As hastesflorais desse genótipo apresentam a seguinte classificação quanto aos valores médiosdas características consideradas importantes para comercialização como flor de corte:são tardias, iniciando o florescimento 11 meses após o plantio; apresentaram elevada amédia produção de perfilhos; a produção de hastes florais de apenas 36,99% do númerode perfilhos totais emitidos; ciclo produtivo curto; diâmetro das hastes florais grosso;comprimento das hastes floral fino e médio; comprimento das inflorescências médio;hastes florais leves.22


Tabela 1: Perfilhamento acumulado por touceira de H. psittacorum L. f. c.v.Strawberries & Cream até 742 dias após o plantio (25 meses), área de ocupação datouceira (AOT) e taxa de ocupação da parcela (TOP - %) aos 630 DAP (22 meses),cultivadas a pleno sol. Coleção de Germoplasma de Helicônias da UFRPE, Camaragibe- PE, Brasil. 2003-2006.H. psittacorum L. f. c.v. Strawberries &CreamPerfilhamento acumulado por touceira 532,50AOT(m 2 ) 6,33% TOP 281,33Tabela 2: Características do florescimento e de hastes florais em H. psittacorum L. f.c.v. Strawberries & Cream aos 31 meses após o plantio. Coleção de Germoplasma deHelicônias da UFRPE, Camaragibe - PE, Brasil. 2003-2006.MAP N DEI DCH CICLOH. psittacorum L. f.396 125,1 14,77 140,1c.v. Strawberries & Cream.10DH CH CI NBAN - número de hastes florais avaliadas; DEI – dias para emissão da inflorescência a partir da formação do perfilho; DCH - dias paracolheita da haste floral, a partir da sua emissão; CICLO – soma de DEI e DCH; NFH - número de folhas presentes haste floral naemissão da inflorescência; MH (g) – massa da haste floral, sem as folhas; DH (mm) – diâmetro da haste floral; CH (cm) -comprimento da haste, incluindo a inflorescência; CI (cm) - comprimento da inflorescência; NBA – número de brácteas abertas.NFH5,61MH0,034,4985,5312,382,71Figura 1: H. psittacorum L. f. c.v. Strawberries & Cream (A), cultivada a pleno sol naColeção de Germoplasma de Helicônias da UFRPE, Camaragibe - PE, Brasil no períodode 2003 a 2006.AGRADECIMENTOSAo BNB-ETENE-FUNDECI, CAPES, CNPq, PROMATA-FACEPE pelosuporte financeiro, RECIFLORA pela doação do material propagativo e a UFRPE e atodos do Laboratório de Floricultura pela colaboração para realização dos trabalhos.23


REFERÊNCIASJUNQUEIRA, A.H.; PEETZ, M. S. Flores frescas de corte foram exportadasprincipalmente de São Paulo. Portal doAgronegócio.www.portaldoagronegocio.com.br/flores tropicais. Acesso em 10 desetembro de 2007CASTRO, CEF., GONÇALVES, C., MAY, A., Atualização da nomenclatura deespécies do gênero Heliconia (Heliconiaceae). Revista Brasileira de HorticulturaOrnamental, v. 13, p. 38-62, 2007ITEP – Instituto de Tecnologia de Pernambuco. <strong>2008</strong>. www.itep.br/lamepe. ASPCOSTA, A. S. da; LOGES, V.; CASTRO, A. C R; BEZERRA, G. J. S. de M.;VERONA, A. L.; SANTOS, V. F. dos. 2007. Variabilidade genética e correlações entrecaracteres de cultivares e híbridos de Heliconia psittacorum. v.2, n.3, p.187-192.www.agrariaufrpe.com24


CITOGENÉTICA DE ALGUMAS ESPÉCIES DO GÊNEROEpidendrum L. (ORCHIDACEAE: EPIDENDROIDEAE)Bruno César Querino de Souza 1 ; Felipe Nollet Medeiros de Assis 1 ; Marcela TarcianaCunha Silva Martins 1 ; Saulo Antonio Alves de Lima 1 ; Juliana Gomes de Brito 1 ; DiegoBatista de Oliveira Abreu 1 ; Leonardo Pessoa Felix 1 .1 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias, <strong>Universidade</strong>Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail: brunocesares@yahoo.com.brRESUMO: O gênero Epidendrum possui aproximadamente 800 espécies de distribuiçãoexclusivamente neotropical, sendo constituído geralmente por plantas de flores vistosas,variavelmente coloridas. É citologicamente pouco conhecido, com registro de númeroscromossômico para apenas 37 espécies. Este trabalho teve o objetivo de identificar avariabilidade cromossômica numérica em espécies do gênero Epidendrum ocorrentes noNordeste do Brasil. Foram estudadas um total de seis espécies coletadas na RegiãoNordeste, nos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia, além de uma espécie cultivada (E.denticulatum Barb. Rodr.). Destas, a contagem prévia de 2n=40 para E. tridactylum Lindl.,foi confirmada. Entretanto, as contagens prévias de 2n=40 para E. denticulatum Barb. Rodr.e 2n=40, 80 para E. nocturnum Jacq., divergiram de nossos dados, com 2n=38 e 2n=112,para estas duas espécies, respectivamente. As demais contagens foram inéditas, com 2n=40,para E. aff diforme Jacq., 2n=24 para E. fulgens Brongn. e 2n=112 para E. orchidiflorumSalzm. Esses dados suportam a hipótese de um número básico x=10 para o gênero eevolução por poliploidia, com disploidia ascendente observada em E. fulgens e descendenteem E. denticulatum.Palavras-chave: Citogénetica, Orchidaceae, EpidendrumINTRODUÇÃOA família Orchidaceae é provavelmente a maior do reino vegetal, estimando-se emtorno de 17.000 a 35.000 espécies distribuídas em 787 gêneros (Dressler, 1993). Apresentauma distribuição ampla, mas ocorrem principalmente nas regiões tropicais e subtropicais,sendo a maioria das espécies (cerca de 73%) epífitas (Benzing, 1998). O gêneroEpidendrum é um dos maiores da família Orchidaceae, sendo reconhecidas 43 espéciespara o Nordeste brasileiro, (Barros & Felix, 2006). O gênero é facilmente caracterizado porapresentar labelo soldado a coluna (Pabst & Dungs, 1975; Dressler, 1993; Silva & Silva,2004; Van Den Berg et al., 2005), a característica diagnóstica de mais fácil reconhecimentopara este grupo de plantas. Apresenta problemas taxonômicos que, em sua maioria, derivamdo grande número de espécies e da sua grande variabilidade intraespecífica (Pinheiro &Barros, 2002).Estudos citogenéticos têm sido tradicionalmente utilizados como uma ferramentaimportante para compreender relações taxonômicas e evolutivas, tanto em orquídeas (ver,25


por exemplo, Felix & Guerra, 2000, 2005) como em outros grupos de plantas, tantodicotiledôneas (Carvalho et al., 2002), como em monocotiledôneas (Vanzela, 2003). Aimportância da análise cromossômica se deve ao fato que este tipo de estudo proporciona acompreensão de muitos aspectos da filogenia, melhoramento genético, taxonomia eevolução cromossômica (Guerra, 2002). Nas orquídeas, o estudo da variabilidadecromossômica numérica permitiu identificar os números básicos nas orquídeas do cladoCymbidioide e das orquídeas terrestres (Felix & Guerra, 2000, 2005), o que possibilitoureconhecer várias linhagens monofiléticas nesses grupos.No gênero Epidendrum dados citogenéticos são escassos com registro de númeroscromossômico para apenas 4,6% das espécies conhecidas (Felix, 2001; Hagsater & Arenas,2005). Apresenta uma ampla variação numérica, desde 2n=24 em Epidendrum moseniiRchb. f. até 2n=240 em Epidendrum cinnabarinum Salzm. (Felix, 2001).Este trabalho objetiva identificar a variação cromossômica numérica em espécies dogênero Epidendrum na Região Nordeste do Brasil, com base principalmente na coleçãopreexistente no Centro de Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba.METODOLOGIAO trabalho foi realizado no laboratório de Citogenética Vegetal do Setor deBotânica do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias (<strong>CCA</strong>) da<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (UF<strong>PB</strong>).As análises cromossômicas foram baseadas fundamentalmente nas coleções oficiaisdo <strong>CCA</strong>, além de materiais provenientes de orquidários particulares. Os materiais foramcultivados no orquidário do <strong>CCA</strong> na UF<strong>PB</strong> e as exsicatas depositadas no Herbário EAN.Para as análises citológicas, foram utilizadas pontas das raízes pré-tratadas em 8-hidroxiquinoleina 0,02 M a cerca de 4 °C por 4 até 24 horas. Em seguida, as raízes foramfixadas em Carnoy 3:1 (etanol absoluto: ácido acético glacial) por 3 a 24 horas e estocadasem freezer a - 20 °C até posterior análise. Para as análises, as raízes foram inicialmentelavadas duas vezes em água destilada por 5 minutos, hidrolisadas em ácido clorídrico 5Npor 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45%, congeladas em nitrogênio liquido para aremoção da lamínula (Guerra & Sousa, 2002), secas ao ar e coradas convencionalmentecom Giemsa (Guerra, 1983). As melhores lâminas foram fotografadas em microscópioOlympus BX41, com máquina digital Olympus D-54.RESULTADOS E DISCUSSÃOTodas as seis espécies apresentaram cromossomos pequenos, com núcleosinterfásicos semi-reticulados e padrão de condensação profásico proximal. No grupoAmphyglottideae, os números foram bastante variáveis, com 2n=38 em E. denticulatum,2n=24 em E. fulgens e 2n= 112 em E. orchidiflorum, enquanto para o grupoSubumbellateae, E. nocturnum Jacq. apresentou 2n=112, enquanto em Epidendrum affdifforme, a contagem foi de 2n=40. Este mesmo número também ocorreu em E.tridactylum, anteriormente incluído no gênero Amblostoma (Pabst & Dungs, 1975).26


Em todas as espécies os cariótipos foram principalmente simétricos, compredomínio de cromossomos meta e submetacêntricos, exceto em E. denticulatum, onde ocariótipo foi ligeiramente bimodal, pela ocorrência de um par submetacêntrico maior. Nestemesmo grupo, E. fulgens Brongn., com 2n=24, também apresentou ligeira bimodalidade,por exibir o menor par cromossômico acrocêntrico. Foram observados de um a três satélitesem E. orchidiflorum e E. denticulatum (Fig. 2, 4), enquanto nas demais espécies não foipossível visualizar claramente qualquer constrição secundária ou satélites.Entre as espécies analisadas, foi confirmada a contagem prévia apenas para E.tridactylum, enquanto em E. denticulatum com 2n=38 e E. nocturnum, com 2n= 112, houvedivergência em relação aos dados da literatura. Neste caso, E. denticulatum apresentou2n=40 e E. nocturnum, 2n= 40, 80 (Tanaka & Kamemoto 1984). Contagens divergentes nafamília Orchidaceae, muitas vezes estão relacionadas a contagens errôneas, ou aidentificações equivocadas, levando muitas vezes à necessidade da exclusão de algunsnúmeros para que se tenha uma interpretação evolutiva mais coerente (ver, por exemplo,Felix & Guerra, 2000, 2005). No caso de E. nocturnum, uma espécie altamente polimórfica,a poliploidia parece ser um mecanismo importante na diversificação desse táxon, com2n=40 e 2n=80 em duas diferentes populações da Região Sudeste (Blumenschein, 1960). Jáa contagem de 2n=40 em E. denticulatum, realizada pelo mesmo autor, parece ser devida auma interpretação equivocada de metáfases mal condensadas com centrômero pouco visível(Fig. 2), podendo levar a contagem de um par cromossômico a mais.Para as demais espécies, todas as contagens foram inéditas e corroboram a idéia deque esse gênero, assim como outros membros da subtribo Laeliinae tenham número básicox=10 e evolução por poliploidia ou disploidia ascendente ou descendente (Felix, 2001).Figuras 1-6: Metáfases mitóticas em espécies de Epidendrum do Nordeste do Brasil. 1.Epidendrum. tridactylum, 2n=40; 2. E. denticulatum, 2n=38; 3. E. fulgens, 2n=24; 4, 5. E.orchidiflorum e E. nocturnum, 2n= ca. 112; 6. E. aff. difforme, 2n=40. Barra em 6 equivale a10 m.27


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARROS, F. & FELIX, L. P. Orchidaceae. In: Barbosa, M. R. V., Sothers, C., Mayo, S., Gamarra-Rojas C. F. L., Mesquita, A. C. Checklist das plantas do Nordeste brasileiro. Brasília: Ministériode Ciência e Tecnologia, 2006. 156p.BENZING, D. H. Vulnerabilities of tropical forests to climate change: the significance ofresident epiphytes. Climatic Change, 1998. p. 519-540.BLUMENSCHEIN, A. Número de cromossomas de algumas espécies de orquídeas. Citologia E,Genética Geral: 1960. p. 45-50.CARVALHO, R. & GUERRA, M. Cytogenetics of Manihot esculenta Crantz (cassava) and eightrelated species. Suécia: Hereditas, 2002. p. 159-168.DRESSLER, R. L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: DioscoridesPress, 1993. 314p.FELIX, L. P. & GUERRA, M. Cytogenetics and cytotaxonomy of some Brazilian species ofCymbidioid orchids. Genetics and Molecular Biology, Brasil, 2000. p. 957-978,FELIX, L. P, Citogenética e citotaxonomia de orquídeas do Brasil, com ênfase no gêneroHabenaria Willd. Lindleyana. <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2001.FELIX, L. P. & GUERRA, M. Basic chromosome number of terrestrial orchids. Plant Systematicsand Evolution, 2005. 254: 131-148.GUERRA-FILHO, M. S. O uso do Giemsa na citogenética vegetal - comparação entre a coloraçãoconvencional e o bandeamento. Ciência e Cultura, 1983. 35: 190-193.GUERRA, M. & SOUZA, M. J. Como observar cromossomos: Um guia de técnicas emcitogenética vegetal, animal e humana. Recife: Funcec, 2002. 131p.HÁGSATER E. & ARENAS M. A. S. Epidendrum L. – In: Pridgeon, A.M. et al (Eds), GeneraOrchidacearum. Vol. 4. Oxford Univ. Press, 2005. p. 236-251.PABST, G. F. J. & DUNGS, F. Orchidaceae Brasiliensis. Band 1. Hildesheim: Brücke-VerlagKurt Schmersow, 1975. 408p.PINHEIRO, F. & BARROS, F. Análise Morfométrica do Complexo Epidendrum secundumJacq. (Orchidaceae), no Brasil. In: 53 Congresso Nacional de Botânica, 2002, Recife. Livro deResumos do 53 Congresso Nacional de Botânica, 2002.SILVA, M. F. D. A. & SILVA, J. B. F. Orquídeas Nativas da Amazônia brasileira II, Belém:<strong>Universidade</strong> Federal Rural da Amazônia: Museu Paraense Emílio Goedi, 2004. 540p.28


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CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DE Allamanda LINN.-APOCYNACEAE OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASILJuliana G. de Brito 1 ; Juliana P. de Castro 1 ; Felipe N. M. de Assis 1 ; Bruno C.Q. deSouza 1 ; Saulo A. A. de Lima 1 ; Laura M. da S. Florentino 1 ; Leonardo P. Felix 1 .1 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail:juliana.g.brito@hotmail.comRESUMO: A família Apocynaceae compreende espécies distribuídas principalmentenas regiões tropicais e subtropicais, inclui espécies ornamentais, alimentícias,produtoras de madeiras e medicinais. O estudo cariológico da família é restrito a 10%das espécies e 30% dos gêneros, sendo ainda mais escassos os dados relativos àsespécies do Brasil. O objetivo deste trabalho foi estudar a variabilidade cromossômicaem espécies ornamentais do gênero Allamanda ocorrente no Nordeste do Brasil;visando contribuir para o conhecimento da evolução cromossômica do gênero. Omaterial foi coletado nos estados do Piauí, Paraíba, Alagoas e Bahia, com um total dequatro espécies analisadas, nas quais foi observada variação numérica intraespecíficaem A. blanchetti com 2n=18 e 36, e A. doniana com 2n=18 e 27, sugerindo a ocorrênciade citotipos tetraplóides e triplóides, respectivamente. Para as demais espécies não foiobservado a ocorrência de citotipos, com 2n=18 em A. cathartica e A. puberula. Foramconfirmados os registros prévios de 2n=18 para o citotipo diplóide de A. blanchetti epara A. cathartica. Os registros são inéditos para A. doniana e A. puberula.Palavras-chave: Números cromossômicos, Allamanda, Poliploidia.INTRODUÇÃOA família Apocynaceae possui hábito variável, desde ervas, subarbustos,arbustos, até árvores ou lianas, lactescentes, de folhas opostas, menos freqüentementealternas ou verticiladas. Possui distribuição principalmente tropical e subtropical, compoucos representantes de clima temperado, com um total de 415 gêneros e 4555espécies (Stevens, 2001), dos quais 90 gêneros e 850 espécies ocorrem no Brasil (Souzae Lorenzi, 2005). Nesta família estão incluídas espécies fornededoras de madeira de boaqualidade como perobas e quatambus, espécies medicinais como Catharanthus roseus eornamentais como Nerium oleander, Thevetia peruviana e Plumeria rubra e espécies dogênero Allamanda (Rapini. A., 2000).Estudos cromossômicos têm sido utilizados na determinação das relaçõesfilogenéticas e evolutivas em diferentes grupos de plantas, como, por exemplo, nafamília Vellozziaceae (Melo et al., 1997) e em Habenaria na família Orchidaceae (Felix& Guerra, 1998). As análises citogenéticas mais freqüentes na citotaxonomia vegetalclássica inclui basicamente número, morfologia cromossômica e análise docomportamento meiótico, sendo a variação numérica o parâmetro citotaxonômico maisamplamente utilizado em plantas (Guerra, 2000). A citogenética também se constitui deuma importante ferramenta para estudos em melhoramento genético em diversas30


espécies de plantas frutíferas e ornamentais. O conhecimento do número e morfologiacromossômica possibilita a indicação de citotipos viáveis para esse tipo deprocedimento (Silva, 2006).Para o Brasil, são raros os registros cromossômicos para a família Apocynaceae,sendo reportados registros cariológicos apenas para algumas espécies de Allamanda,Odontadenia e Tabernaemontana, (Van Der Lan & Arends, 1985), não sendoconhecido nenhum trabalho voltado para o estudo das Apocynaceae da região Nordeste.O objetivo deste trabalho foi estudar a variabilidade cromossômica em espécies dogênero Allamanda ocorrentes no Nordeste do Brasil; visando identificar a variabilidadecromossômica em diferentes espécies desse gênero.METODOLOGIAAs coletas foram realizadas nos estados do Piauí, Alagoas, Bahia e,principalmente na Paraíba. De todas as espécies estudas foram confeccionadas exsicatasencontram-se depositadas no acervo do Herbário Prof. Jayme Coelho de Moraes (EAN).Foram utilizadas pontas de raízes jovens pré-tratadas 8-hidroxiquinoleína 0,002M a cerca de 4º C por 4- 24 horas, ou em colchicina 0,2 % nas mesmas condições detempo e temperatura. Em seguida, as raízes foram fixadas em Carnoy 3:1 (etanolabsoluto: ácido acético glacial) a temperatura ambiente por 4-24 horas e posteriormenteestocadas em freezer a - 20 o C até posterior análise (Guerra & Souza, 2002). As pontasde raízes foram inicialmente lavadas duas vezes por 10 minutos em água destilada,hidrolisadas em ácido clorídrico 5N por 20 minutos e novamente lavadas.Posteriormente, foram esmagadas em ácido acético 45%, congeladas em nitrogêniolíquido para remoção das lamínulas, secas ao ar e coradas em Giemsa a 2% e montadasem Entellan. As melhores células foram fotografadas com câmera digital Olympus D-54adaptadas ao microscópio Olympus BX 41 e digitalizados no programa Corel Photo-Paint 12 e Image tool (Donald et al. 2002).RESULTADOS E DISCUSSÃONo presente trabalho os números cromossômicos variaram de 2n=18 a 36, comcromossomos principalmente metacêntricos a submetacêntricos e núcleos interfásicossemi-reticulados.Allamanda doniana Müll. Arg apresentou 2n=27 em duas populações do Piauí(Figura 1-a), enquanto as populações de Santa Rita, Mamanguape e <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, foramdiplóides, com 2n=18 (Figura 1b). Já em A. blanchetti A. DC., todos os indivíduosanalisados de uma população de Sapé, Paraíba, apresentaram 2n=18 (Figura 1-c),enquanto nas populações de Alcantil, Barra de Santa Rosa e Picuí, <strong>PB</strong>, todos osindivíduos tiveram 2n=36 (Figura 1-d). Em ambas as espécies foram observadossatélites ligados a constrições secundárias proximais geralmente distendidas,especialmente em cromossomos prometafásicos. Entretanto, o número de constrições esatélites foi variável, sendo observados dois satélites nos citotipos com 2n=18, três nas31


populações com 2n=27 e quatro, naquelas com 2n=36, sugerindo que essas populaçõessejam respectivamente, diplóides, triplóides e tetraplóides. Constrições secundáriascorrespondem às regiões organizadoras de nucléolo e muitas vezes variações emdiferentes citotipos podem ser indicadoras do nível de ploidia. Em diferentes gêneros deCruciferae, por exemplo, espécies com diferentes números cromossômicos tiveram seunível de ploidia reconhecido com base no número de constrições secundárias e RONSativas (Cheng & Heneen, 1995). Já em A. cathartica e A. puberula A. DC., 2n=18 foiobservado em todas as populações estudadas (Figura 1e-f), ambas com apenas um parde satélites. Dentre as espécies analisadas, as contagens prévias de 2n=18 para A.cathartica L. e A. blanchetti foram confirmadas, divergindo apenas a contagem de2n=36 observada nos citotipos tetraplóides desta espécie. Os dados cariotípicos relativosao gênero Allamanda indicam claramente que a poliploidia parece exercer um papelfundamental na especiação do gênero. Este fenômeno tem sido referido como oprincipal mecanismo de evolução cariotípica em vegetais (Sttebins, 1971; Guerra,<strong>2008</strong>), tendo sido previamente registrado em outros membros família, como em Carissamacrocarpa (Eckl.) A. DC. e Catharantus roseous (L.) G. Don (Van Der Lan &Arends, 1985). Em A. doniana, as duas populações triplóides analisadas, eramaparentemente cultivadas e exibiam flores claramente maiores quando comparadasaquelas do citotipo diplóide. Um fato curioso, é que apesar do nível de ploidia ímpar, asplantas produziram frutos normais, sugerindo a ocorrência de agamospermia. Já em A.blanchetti, todas as populações tetraplóides estavam sempre associadas à vegetaçãonatural de caatinga, enquanto a única população diplóide ocorreu em vegetação mesófila(Sapé, Paraíba). A poliploidia tem sido muitas vezes relacionada a ambientesecologicamente estressantes ou instáveis como em campos cultivados (Stebbins, 1971)ou em inselbergues (Felix & Guerra, 2000). Neste caso, é provável que o citotipotetraplóide seja ecologicamente mais bem adaptado aos rigores do clima semi-árido.Todavia, uma análise de um maior número de populações será necessária para inferircom maior segurança este tipo de relação ecológica.32


FELIX, L. P.; GUERRA, M. 1998. Cytogenetics studies on species of Habenaria(Orchidoideae: Orchidaceae) occurring in the Northeast of Brazil. Lindleyana, v. 13, n.4, p. 224-230,.FELIX, L.P. & GUERRA, M. 2000. Cytogenetics and cytotaxonomy of some Brazilianspecies of Cymbidioide orchids. Genetics and Molecular Biology. v. 23, p. 957-978.GUERRA, M. 2000. Chromosome Number Variation and evolution im Monocots.Monocots: Sistematics and evolution. CSIRO: Melbourne.GUERRA, M. & SOUZA, M. J. 2002. Como observar cromossomos: um guia detécnicas em citogenética vegetal, animal e humana. Ribeirão Preto, Ed. FUNPEC.131p.GUERRA, M. <strong>2008</strong>. Chromosome numbers in plant cytotaxonomy concepts andimplications. Cytogenet Genome Research. 120:339–350 p.MELO, N.F., et alli. 1997. Cytogenetics and cytotaxonomy of Velloziaceae. PlantSystematics and Evolution. V. 204, p. 257-273.RAPINI, A. 2005. Sistemática: Estudos em Asclepiadaceae (Apocynaceae) da Cadeiado Espinhaço em Minas Gerais. Tese de doutorado. <strong>Universidade</strong> de São Paulo. 283 p.SILVA, E. E. 2006. Morfologia, germinação, caracterização físico química enúmero de cromossomos de frutíferas nativas no Nordeste do Brasil. Tese demestrado.SOUZA, V. C.; LORENZI, F. 2005. Botânica sistemática: guia ilustrado paraidentificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II.Nova Odessa: Instituto Plantarum. 640p.STEBBINS, G. L. 1971. Chromosomal evolution in higher plants. London: EdwardArnold. 216p.STEVENS, P. F. (2001 onwards). Angiosperrm Phtlogeny Website. Version 7, May2006. Disponível em: http:// www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/. Acessado emAugust de, <strong>2008</strong>.VAN DER LAN, F.M.; ARENDS J.C. 1985. Cytotaxonomy of the Apocynaceae.Genetica 68: 3-35.34


EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Ceiba pentandra (L.) GAERTN.EM DIFERENTES PROFUNDIDADESFelipy Rafael Marinho Pereira 1 ; Roberta Sales Guedes 2 ; Edna Ursulino Alves 3 ; EdilmaPereira Gonçalves 4 ; Sueli dos Santos Silva 5 ; Pablo Radamés Cabral de França 5 ; Maciode Farias Moura 6 ;1 UFCG - Centro de Saúde e Tecnologia Rural-Campus de Patos - Caixa Postal 64–Patos, <strong>PB</strong>, 58700-970;e-mail: felipymarinho@hotmail.com2 Bióloga, mestranda em Agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>; e-mail:roberta_biologa09@yahoo.com.br3 Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta do Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail:ednaursulino@cca.ufpb.br;4 Prof. Adjunta, UFRPE – PE; e-mail: edilmapg@hotmail.com5 Alunos de graduação em agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.6 Dr. em Agronomia, Prof. Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.RESUMO: A Ceiba pentandra (L.) Gaertn pertence à família Bombacaceae,denominada samaúma, muito usada como ornamental. Com o objetivo de verificar oefeito da profundidade de semeadura na emergência e no vigor de plântulas desamaúma, foi realizado o experimento em delineamento inteiramente ao acaso, comquatro repetições de 25 sementes. Os tratamentos consistiram em diferentesprofundidades: 0, 1, 2, 3, 4 e 5 cm. Avaliou-se a emergência e o índice de velocidade deemergência (IVE). A profundidade de semeadura de 2,4 proporcionou às plântulasmelhor resposta para a porcentagem de emergência (88,64%). A profundidade de 2,5 foiresponsável pelos maiores percentuais de IVE. Profundidades menores ou superiores a2,5 cm são inadequadas para semeadura de C. pentandra.Palavras-chave: samaúma, sementes florestais, vigor, profundidades, plantaornamental.INTRODUÇÃOA samaúma (Ceiba pentandra L. Gaertn.) é uma árvore que alcança 50 m dealtura e 2,1 m de diâmetro, exibindo enormes sapopemas, até vários metros de altura.As flores são alvas, com 2,5-3,5 cm de comprimento, tomentosas, dispostas emfascículos densos que se inserem ao longo do eixo da inflorescência (Rizzini, 1971) edevido estas características a espécie pode ser empregada com sucesso em paisagismo,pois a árvore, pois durante o florescimento torna-se ornamental (Lorenzi, 1992).Estudos básicos sobre o desenvolvimento inicial da samaúma em diferentesprofundidades de semeadura se fazem necessários, tendo em vista que as Regras paraAnálise de Sementes (Brasil, 1992) não lhe fazem referência e existem poucasinformações na literatura. Em qualquer cultivo a profundidade e a posição de semeadura35


devem ser adequadas para garantir a germinação das sementes, a emergência e odesenvolvimento das plântulas (Martins et al., 1999).MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Centrode Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>, em <strong>2008</strong>. Foramutilizadas sementes de samaúma colhidas manualmente em 10 plantas matrizes no iníciodo processo de deiscência dos frutos, no município de <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>. Depois de colhidas,as sementes foram beneficiadas por meio de debulha manual e mantidas em laboratório,à sombra, para secagem natural por cinco dias e em seguida submetidas a testes deemergência e vigor.Teste de emergência - Para a avaliação do efeito da posição e profundidade desemeadura na emergência e vigor de plântulas, quatro repetições de 25 sementes foramsemeadas em bandejas plásticas com dimensões de 0,40 x 0,40 x 0,11m, contendo comosubstrato areia lavada e esterilizada em autoclave. Os tratamentos consistiram emdiferentes profundidades de semeadura no substrato: 0, 1, 2, 3, 4 e 5 cm.As avaliações do número de plântulas emergidas foram realizadas diariamente,seguindo-se preferencialmente o mesmo horário. O teste foi conduzido em casa devegetação, sem controle de temperatura e umidade, durante 15 dias. As irrigações foramfeitas diariamente até se verificar o início da drenagem natural; Índice de velocidade degerminação (IVE) - Foi determinado mediante contagem diária do número de plântulasemersas durante 15 dias e o índice determinado de acordo com a fórmula proposta porMaguire (1962); Delineamento experimental - foi inteiramente ao acaso, com quatrorepetições de 25 sementes. Os dados foram submetidos à análise de variância e asprofundidades foram submetidas à análise de regressão polinomial.RESULTADOS E DISCUSSÃOO sucesso na germinação da semente e o estabelecimento inicial da plântula nocampo pode está relacionado, principalmente, a alguns fatores como o contato dasemente com o solo mineral, deslocamento do ponto de semeadura, semeadura muitoprofunda, alagamento ou excesso de umidade, seca e perdas de sementes e plântulaspara insetos e pássaros (Dougherty, 1990).A profundidade de semeadura de 2,4 proporcionou às plântulas melhor respostapara a porcentagem de emergência (89%). O aumento da barreira física proporcionadopelas camadas mais profundas, a partir dos 2,5 cm foi, provavelmente, determinantepara a redução da emergência e velocidade de emergência das plântulas. Tillmann et al.(1994) afirmaram que em profundidades excessivas ocorre impedimento à emergênciada plântula por ausência de energia suficiente para tal.36


Os dados referentes ao vigor determinado pelo índice de velocidade deemergência encontram-se na Figura 2. Observa-se que a profundidade de 2,5 foiresponsável pelos maiores percentuais de IVE. Estes resultados correlacionam-se comos obtidos para os percentuais de emergência.37


A semeadura na profundidade correta proporciona rápida germinação evelocidade de emergência das plântulas, as quais se tornam menos vulneráveis ascondições adversas do meio por emergirem mais rápido no solo e passarem menostempo nos estágios iniciais de desenvolvimento. O aumento da profundidade semeadurareduziu significativamente a velocidade de emergência de plântulas de Bidens pilosa L.(Muniz Filho et al., 2004).CONCLUSÕESProfundidades menores ou superiores a 2,5 cm são inadequadas para semeadurade C. pentandra.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise desementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.DOUGHERTY, P.M. A field investigation of the factors which control germination andestablishment of loblolly pine seeds. Georgia: Forestry Commission. v.7, 1990. 5p.LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantasarbóreas nativas do Brasil. 2.ed. Nova Odessa: Plantarum. 1992. 352p.MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedlingemergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p.176-177, 1962.MARTINS, C.C.; NAKAGAWA, J.; BOVI, M.L.A. Efeito da posição da semente nosubstrato e no crescimento inicial das plântulas de palmito-vermelho (Euterpeespiritosantensis Fernandes - Palmae). Revista Brasileira de Sementes, Londrina,v.21, n.1, p. 164-173, 1999.MUNIZ FILHO, A.; CARNEIRO, P.T.; CAVALCANTI, M.L.F.; ALBUQUERUQE,R.C. Capacidade de emergência de picão-preto em diferentes profundidades desemeadura. Revista de Biologia e Ciência da Terra, Campina Grande, v.4, n.1, 2004.RIZZINI, C. T. Árvores e madeiras úteis do Brasil: Manual de dendrologia brasileira.São Paulo: Edgard Blücher, 1971. 126p.TILLMANN, M.A.A.; PIANA, Z.; CAVARIANI, C.; MINAMI, K. Efeito daprofundidade de semeadura na emergência de plântulas de tomate (Lycopersiconesculentum Mill.). Scientia Agricola, Piracicaba, v.51, n.2, p.260-263, 1994.38


ESPÉCIES DE LEGUMINOSAS ORNAMENTAIS DO MUNICÍPIODE AREIA, PARAÍBALaura M. da S. Florentino¹; Diego B. de O. Abreu¹; Bruno C. Q. de Souza 1 ; Marcela T.C. S. Martins 1 ; Felipe N. M. de Assis¹; Saulo A. A. de Lima¹; Marlene F. Mata¹;Leonardo P. Felix¹1 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail:laura_navy@hotmail.comRESUMO: A família Fabaceae compreende 19325 espécies distribuídas principalmentenos mais variados ambientes, em diferentes altitudes e latitudes, nas regiões tropicais esubtropicais. Entre as espécies cultivadas como ornamentais, muitas delas são exóticas.Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamento preliminar das espécies deLeguminosae com potencial de utilização como plantas ornamentais no município de<strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>. As coletas foram realizadas neste município, entre os anos de 1944 a <strong>2008</strong>,foram levantadas um total de 26 gêneros e 36 espécies de leguminosas ornamentais nomunicípio de <strong>Areia</strong>, distribuídas pelas subfamílias Mimosoideae, com nove espécies,Caesalpinioideae, com 14 espécies e Papilionoideae, com 13 espécies. Dentre asespécies estudadas, 17 foram consideradas exóticas e 19 foram nativas, porémcultivadas como ornamentais, enquanto 17 foram consideradas potencialmenteutilizáveis como ornamentais, mas não são efetivamente cultivadas. Esses dados,claramente indicam a necessidade de ampliar o conhecimento da flora paraibana,especialmente nos últimos fragmentos de matas de brejo.Palavras-chave: Leguminosas, Ornamentais, Nativas e ExóticasINTRODUÇÃOA família Fabaceae ou Leguminoseae, possui distribuição cosmopolita incluindocerca de 727gêneros e aproximadamente 19325 espécies, das quais 178 gêneros e 1550espécies ocorrem no Brasil (Souza & Lorenzi, 2005). A família é subdividida em 3subfamílias: Papilionoidae ou Faboideae, Caesalpinoideae e Mimosoideae, emboraalguns autores prefiram reconhecer essas subfamílias como três famílias distintas:Fabaceae, Caesalpinaceae e Mimosaceae (Cronquist, 1988). Caracteriza-se porapresentar folhas alternas, geralmente compostas com estípulas, freqüentemente comnectários, flores hermafroditas, actinomorfas ou zigomorfas, fruto do tipo legume ououtros, mas derivados desse tipo. São plantas de hábito muito variado, desde grandesárvores das matas tropicais a arbustos, subarbustos, ervas anuais ou perenes, além detrepadeiras, vivendo nos mais variados ambientes em diferentes altitudes e latitudes. Éuma das maiores famílias de angiospermas e também uma das principais do ponto devista econômico, principalmente pela importância para a agricultura, além de suautilização como ornamentais na arborização urbana.39


Entre as espécies cultivadas como ornamentais, muitas delas são exóticas,especialmente dos gêneros Cassia, Senna, Arachis, entre outras. Embora sendo umpaís com cerca de 10% da diversidade da família, relativamente poucas espécies nativassão cultivadas como ornamentais, destacando-se entre elas o pau-brasil (Caesalpiniaechinata) e a canafístula (Cassia grandis), esta última considerada espontânea. Para aRegião Nordeste, muitas espécies são potencialmente utilizáveis, mas poucas sãoefetivamente cultivadas. Este trabalho tem como objetivo realizar um levantamentopreliminar das espécies de Leguminosae com potencial de utilização como plantasornamentais no município de <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, comparando na medida do possível, aocorrência de exóticas cultivadas e espécies nativas não cultivadas.METODOLOGIAEste trabalho teve como base o acervo do Herbário Prof. Jayme Coelho deMoraes (EAN), a partir de coletas realizadas no município de <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, entre os anosde 1944 a <strong>2008</strong>. As espécies previamente identificadas foram confirmadas com oauxílio da literatura especializada, porém baseada fundamentalmente em Bentham(1859, 1876) e Lewis (1987). Adicionalmente, as identificações foram comparadas comfotografias disponibilizadas no site do Missouri Botanical Garden(http://www.tropicos.org/) para confirmação.RESULTADOS E DISCUSSÃOA Tabela 1 sumariza todas as espécies Leguminosae exóticas e nativas utilizadasou com potencial de uso como ornamental, a indicação de proveniência e outrasutilizações econômicas. Foram levantadas um total de 26 gêneros e 36 espécies deleguminosas ornamentais no município de <strong>Areia</strong>, distribuídas pelas subfamíliasMimosoideae, com nove espécies, Caesalpinioideae, com 14 espécies e Papilionoideae,com 13 espécies. Dentre estas, os gêneros Clotaralia, com quatro espécies, Cassia eCaesalpinia, com três, Anadeanthera, Leucena e Senna, com duas, foram os maisdiversificados entre as Leguminosas ornamentais.40


Tabela 1: Espécies de Leguminosas ornamentais nativas e exóticas cultivadas domunicípio de <strong>Areia</strong>, Paraíba.Subfamília/Espécie Nativa Introduzida Importância econômicaMimosoideaeAdenanthera pavonina L.xOrnamental, madeireiro, medicinal,alimentaçãoA. colubrina var cebil (Griseb.) Altschul xOrnamental, forrageiro, madeireiro,medicinal, alimentaçãoAlbizia lebbeck (L.) Benth.xOrnamental, forrageira, medicinal,madeireiroEnterolobium contortisiliquum Vell x OrnamentalPterogyne nitens Tul. x Ornamental, madeireiroInga laurina (Sw.) Willd. x Reflorestamento, ornamental, comestívelOrnamental, forrageira, alimentação, produtoLeucaena leucocephala (Lam.) de Wit.xquímicoL. glauca Benth. x Ornamental, alimentaçãoMimosa somnians Hirb. e Bonpl. x OrnamentalCaesalpinoideaeBauhinia monandra Kurz x OrnamentalDelonix regia (Hook) Raf. x Ornamental, alimentaçãoBrownea grandiceps Jacq. x Produto químico, ornamentalTamarindus indica L.xMedicinal, madeireiro, ornamental,alimentação, fibraCaesalpinia echinata Lam. x Ornamental, madeireiroC. pyramidalis Tul. x OrnamentalC. ferrea C. Mart. x OrnamentalCassia grandis L. x Ornamental, medicinal, madeireiroC. ferruginea (Schrad.) DC x OrnamentalC. bicapsularis (Linn) x OrnamentalParkinsonia aculeata L. x OrnamentalSchizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake. x Ornamental, madeireiroSenna alata (L.) Roxb.xOrnamental, medicinal, produto tóxico,invasoraS. poliphylla (Jacq) H.S. Irwin & Barneby x OrnamentalPapilionoideaeTipuana tipu (Benth.) KuntzexProduto químico, ornamental, forragem,medicinal, madeireiroDalbergia nigra (Fr. All.) Benth. x OrnamentalCentrosema virginianum (L.) Benth. x OrnamentalClitorira fairchildiana Howard. x OrnamentalCrotalaria nuda Tul. x OrnamentalC. clausseni Benth. x OrnamentalC. lanceolata E. May. x OrnamentalC. juncea L. x Ornamental, forragemDioclea lasiocarpa Mart. x OrnamentalD. violacea Mart. x Forragem, ornamentalLochocarpus neuroscapha Benth. x Ornamental, produto tóxico, medicinalMachaerium angustifolium Vog. x OrnamentalBowdichia virgilioides (Vogel) Benth x Ornamental, medicinal41


Dentre as espécies estudadas, 17 foram consideradas exóticas e 19 foramnativas, mas cultivadas como ornamentais, enquanto 17 foram consideradaspotencialmente utilizáveis como ornamentais, mas não são efetivamente cultivadas. OBrasil possui reconhecidamente uma flora mega-diversa e o município de <strong>Areia</strong>localizado na encosta oriental do Planalto da Borborema, apesar de possuir umafitofisionomia bastante alterada, possui um potencial ainda desconhecido de utilizaçãode sua flora e as leguminosas ornamentais nativas demonstram claramente essepotencial. Para a flora do brejo paraibano tem sido descritas várias novas espécies,como Mimosa coelho-de-moraesii (Pickel, 1959); Erythroxyllum pauferrense e E.simonis (Plowman, 1986) e mais uma nova espécie de orquídea, Zygostahesaderaldoana (Toscano de Brito et al., <strong>2008</strong>). Esses dados, claramente indicam anecessidade de ampliar o conhecimento da flora paraibana, especialmente nos últimosfragmentos de matas de brejo.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBentham, G. 1859. Leguminosae. Papilionaceae. In: Martius, C.F.P.; Endlicher, A.C. &Urban, J. (eds.). Flora Brasiliensis, v. 15(1): 350 p.Cronquist, A. 1988. Evolution and Classification of Flowering Plants. New York.Columbia University Press.Lewis, G. P., 1987. Legumes of Bahia. Kew, Kew Royal Botanical Gardens.Lorenzi, H.; Souza V.C. .2005 :Botânica Sistemática: Guia Ilustrado para Identificaçãodas Angiospermas da Flora Brasileira baseado em APG. Nova Odessa, SP, p.291-328.Pickel & Handro, 1959. Mimosa coelhodemoraesii Arq. Bot. Estado São Paulo, N.S.3(4): 205. 1958. Holótipo: Brasil, Paraíba, Esperança, leg. J. Coelho de Moraes s.n.,28.VIII.Plowman, T.C. 1986. Four new species of Erythroxylum (Erythroxylaceae) fromnortheastern Brazil. Brittonia 38(3): 189-200.Toscano-de-Brito, A. L.; Felix, L. P.; Dornelas, G. V. <strong>2008</strong> Zygostates aderaldoana - ANew Species in the Ornithocephalus Group of Subtribe Oncidiinae (Orchidaceae) fromParaíba, Northeast Brazil. Selbyana, v. 29: p. 125-127.42


MICROPROPAGAÇÃO IN VITRO DO URUCUMJuliana Alves da Costa Ribeiro 1,2 ; Danilo Coutinho de Almeida Cavalcante 1 ;Carolina Pereira Costa 1 ; Sarah Guimarães de Lima 1 ; Rómulo Marino Llamoca-Zárate 11 Laboratório de Biologia Molecular de Plantas – CCEN/UF<strong>PB</strong>, Cidade Universitária – s/nº CEP 58059-900, João Pessoa, <strong>PB</strong>; 2 ju.adcr@gmail.comRESUMO: O urucum pode ser utilizado como planta ornamental, devido à beleza desuas flores e frutos. Neste trabalho foram testados diferentes meios nutritivos eexplantes para a micropagação in vitro do cultivar casca verde. O meio básico contendocarvão ativado apresentou 77 % de germinação. Os ápices e segmentos nodaisapresentaram, taxa de regeneração de 73,8% e 73,7%, respectivamente, quandoinoculados no meio básico contendo ZEA a 1,0 mg/L. O meio de enraizamento indúsioa regeneração média de 5,4 raízes por explante.Palavras-chave: Urucum, Micropropagação, Cultura de Tecidos.INTRODUÇÃOO urucum (Bixa orellana L.) é uma planta pertencente à família Bixaceae,originária da região amazônica, mas disseminada em todo mundo por ter grandeimportância econômica, principalmente relacionada com a presença de pigmentos notegumento de suas sementes, dentre os quais, o mais importante é a bixina. O corante dourucum não é tóxico, reduz os níveis de colesterol e triglicérides, e contém altos teoresde proteínas e de aminoácidos essenciais, por isso é bastante utilizado na indústria têxtil,farmacêutica, e principalmente na alimentícia, substituindo os corantes artificiais(Franco et al, 2002), além disso, no Brasil, é comumente utilizado como plantaornamental, devido à beleza de suas flores e frutos (Custódio et al. 2002).Segundo Franco et al. (2002), o urucuzeiro é um arbusto com altura que variaentre 2 a 9 m, possui folhas codiformes alongadas, inflorescências que contêm de 10 a80 flores de cor rosa claro, contendo 5 pétalas orbiculares na base, hermafroditas, comestames numerosos e anteras ovais. O fruto é tipo cápsula, possui de 2 a 3 carpelos,dentro dos quais se encontram em média 40 sementes, e é coberto por espinhosflexíveis. O cultivar casca verde do urucum tem, em média, 2,14 metros de altura, 24cápsulas por cacho, 148 cachos por planta, cápsulas grandes e bastante pilosas, e 2,94%de teor de bixina.As flores do urucum apresentam protandria, fenômeno no qual a parte masculinada flor amadurece antes da feminina, evitando a autofecundação, por isso o urucumapresenta grande variabilidade genética, principalmente quanto ao número de sementespor cápsulas e com a cor e o teor de pigmentos contidos nos tegumentos das sementes(Carvalho et al. 2005)Para a produção do urucum em escala comercial, a propagação via semente nãoé recomendada, devido à desuniformidade das plantas, alta variabilidade genética e à43


aixa taxa de germinação, em torno de 30% (Harder et al., 2007), que ocorre por causada dormência imposta pelo espessamento do tegumento interno das sementes (Lima etal. 2007). Por estas razões, este trabalho teve como objetivo testar diferentes tipos demeios de cultura e explantes para a micropagação in vitro do cultivar casca verde dourucum.METODOLOGIAPara o nosso estudo foram utilizadas sementes maduras provenientes do cultivarcasca verde do urucum. Para a desfintestação, as sementes foram imersas em álcooletílico 70 % por 1 minuto, seguida em solução de hipoclorito de cálcio 2,5 % por 20minutos, e lavadas 5 vezes com água destilada estéril. Após isso, foram mantidasimersas em água destilada estéril por 24 horas. Os embriões foram retiradosassepticamente das sementes e inoculados em placas de petri contendo os meios degerminação A e B, compostos pelo meio básico - sais MS, vitaminas B5, sacarose a 3%,ágar a 8% e pH 5,7± 0,1 - sendo o meio A acrescido de 1g/L de carvão ativado e omeio B sem carvão ativado. Cada placa continha 10 embriões.Após 20 dias de incubação, foram retirados das plântulas diferentes explantes etransferidos para os meios de regeneração da parte aérea compostos pelo meio básicosuplementado de combinações de reguladores de crescimento: explantes nodais e ápicescaulinares (ZEA a 0,5 e 1,0 mg/L), hipocótilo (ZEA a 0,5 e AIA a 0,05 mg/L), esegmentos de folhas jovens e de cotilédones (BAP a 0,5; 1,0; 2,0 mg/L). O tempo decultivo foi de 28 dias.Os brotos regenerados foram isolados assepticamente do explante original etransferidos para o meio de alongamento, composto apenas pelo meio básico, emantidos por 30 dias. Após esse tempo, foram transferidos para o meio deenraizamento, composto do meio básico acrescido de IBA a 1mg/L. Todas as culturas invitro foram mantidas na sala de cultura do Laboratório de Biologia Molecular dePlantas, sob temperatura de aproximadamente 26 + 1 o C e fotoperíodo de 16 h.RESULTADOS E DISCUSSÃOO meio A meio apresentou maior taxa de germinação, 77%, enquanto o meio Bapenas 34%. Esta diferença ocorreu devido à presença do carvão ativado que, segundoCosta et al. (2006), tem a propriedade de adsorver compostos fenólicos liberados pelostecidos vegetais cultivados, evitando a oxidação dos explantes e a modificação do meiode cultivo causada pelo acúmulo de polifenóis e produtos de oxidação.Dentre os explantes utilizados, os ápices caulinares e os segmentos nodaisapresentaram melhores respostas de regeneração, 73,8% e 73,7% respectivamente,quando inoculados no meio acrescido de ZEA a 1,0 mg/L. A freqüência de regeneraçãodos segmentos de hipocótilos foi 13%, e os segmentos de folhas e de cotilédones nãoresponderam aos tratamentos. O meio de enraizamento se mostrou eficaz, tendo médiade 5,4 raízes por explante.44


AGRADECIMENTOS: PIBIC/UF<strong>PB</strong>/CNPQREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCARVALHO, J. F. R. P.; CARVALHO, C. R.; OTONI, W. C. 2005. Regeneração invitro do urucum (Bixa orellana L.) a partir de deferentes tipos de explantes. RevistaÁrvore, v. 29, nº 6 , p. 887-895.COSTA, F. H. S; et al. 2006. Efeito da interação entre carvão ativado e N 6 -benzilaminopurina na propagação in vitro de bananeira, cv. Grand naine (AAA). RevistaBrasileira de fruticultura. nº2, v.28, p280-283.CUSTÓDIO, C. C. et al. 2002. Germinação de sementes de urucum (Bixa orellana L.).Revista Brasileira de Sementes. Vol. 24, nº1, p.197-202.FRÁGUAS, C. B. et al. Propagação in vitro de espécies ornamentais. Boletim deExtensão da <strong>Universidade</strong> Federal de Lavras. nº 99. Disponível em: Acesso em 14 nov. <strong>2008</strong>FRANCO, C. F. O. et al. Urucuzeiro: agronegócio de corantes naturais. 1 ed. JoãoPessoa: Emepa, 2002, 120p.HARDER, M. N. C. et al. . Caracterização de alteração de sementes de urucum (Bixaorellana) observadas ao microscópio eletrônico de transmissão e varredura submetidasÀ irradiação gama para quebra de dormência. In: XIII Encontro Científico dos PósGraduandos no CENA/USP, 2007, Piracicaba - SP. Anais do XIII Encontro Científicodos Pós Graduandos no CENA/USP. Piracicaba - SP: CENA/USP, 2007.LIMA, R. V; LOPES, J. C; COELHO, R. I. 2007. Germinação de sementes de urucumem diferentes temperaturas e substratos. Revista Ciência e Agrotecnologia. v. 32, nº4, p1219-1224.45


NÚMEROS CROMOSSÔMICOS EM ESPÉCIES DA SUBFAMÍLIACACTOIDEAE (CACTACEAE) OCORRENTES NO NORDESTEDO BRASILJuliana Pereira de Castro 1 ; Lânia Isis Ferreira Alves 1 ; Marcela Tarciana CunhaSilva Martins 1 ; Felipe Nollet Medeiros de Assis 1 ; Juliana Gomes de Brito 1 ; Bruno CésarQuerino de Souza 1 ; Leonardo Pessoa Felix 11 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail:julipcastro@hotmail.comRESUMO: A família Cactaceae tem número básico x=11, mas no Brasil é freqüente aocorrência de gêneros sem registro de números cromossômicos, boa parte delesendêmicos do Nordeste. O objetivo deste trabalho foi avaliar comparativamente avariação cariológica em espécies da subfamília Cactoideae (Cactaceae) da regiãoNordeste. Foram utilizadas pontas de raízes pré-tratadas com hidroxiquinoleína 0,2 mMa 4 o C por 20 horas, fixadas em Carnoy 3:1 por 3 a 24 horas e estocadas em freezer atéposterior análise. A maioria das espécies foi diplóide com 2n=22 em Arrojadoarhodantha, A. penicillata, Arrojadoa sp., Pilosocereus chrysostele, P. gounellei e P.pachycladus, Cereus jamacaru., Melocactus sp. Por outro lado, Rhipsalis cf. teres,Melocactus bahiensis e M. ernestii, foram tetraploides, com 2n=44. Foram confirmadasas contagens prévias de 2n=22 em C. jamacaru e de 2n=44 em Melocactus bahiensis eM. ernestii, não sendo, entretanto, confirmadas as contagens reportadas anteriormentepara Rhipsalis teres. As demais contagens são todas inéditas, mas não divergiram dopadrão cariotípico anteriormente reportado para a família Cactaceae. Todas as espécies,independente do nível de ploidia, apresentaram cariótipo simétrico, com cromossomosrelativamente pequenos, variando de metacêntricos a submetacêntricos. Os dadosobtidos no presente trabalho suportam as hipóteses anteriores de que a famíliaCactaceae teria número básico x=11 e evolução por poliploidia.Palavras-chave: Cactaceae, Citogenética e Variação cromossômicaINTRODUÇÃOA família Cactaceae possui importância econômica, principalmente pelo valorornamental e forrageiro de muitas de suas espécies. Compreende aproximadamente 120gêneros e 1438 espécies (Edwards et al., 2005), das quais 40 gêneros e 200 espécies sãocitadas para o Brasil, com aproximadamente ¾ de suas espécies consideradas endêmicas(Souza & Lorenzi, 2005). Para a região Nordeste, são reconhecidos 24 gêneros e 88espécies, sendo os gêneros Melocactus e Pilosocereus os mais representativos, com umtotal de 17 e 16 espécies, respectivamente (Zappi et al., 2006). A família é subdivididaem quatro subfamílias: Pereskioideae, Opuntioideae, Cactoideae e Mahiuenioideae, estaúltima proposta para abrigar o gênero Mahiuenia (Weber) Schumann, antes subordinado46


à subfamília Pereskioideae (Wallace, 1995) Destas, Cactoideae é a subfamília queabriga o maior número de espécies da família.Análises citogenéticas em espécies da família Cactaceae relatam o númerobásico x= 11, podendo haver vários níveis de ploidia em alguns gêneros (Pinkava et al.,1985; Segura et al., 2007). Das contagens cromossômicas para espécies de Cactaceae,aproximadamente 30% apresentam poliploidia, principalmente em Opuntinoideae eCactoideae sendo a maior porcentagem encontrada na primeira. Opuntia é o gêneromais estudado formando uma série poliplóide que inclui desde espécies diplóides com2n= 2x= 22, até octoplóides com 2n= 8x= 88. Cactoideae por sua vez possui o maiornúmero de espécies da família, sendo a poliploidia encontrada nos gêneros Mammillariae Echinocereus. Em Pereskioideae todas as contagens prévias relatam númerocromossômico diplóide (Pinkava et al., 1985).Apesar de ser bem representada no Brasil, a família é citologicamente poucoestudada, especialmente em relação aos táxons do Nordeste brasileiro, o que nãopermite avaliar os processos de diferenciação cariotípica envolvidos na evolução dafamília nessa região. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva identificar a variaçãocromossômica em alguns representantes da subfamília Cactoideae (Cactaceae) doNordeste do Brasil, visando identificar padrões de evolução cariotípica para asubfamília.MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados exclusivamente materiais coletados no campo provenientes devários estados da região Nordeste do Brasil. Foram preparadas exsicatas que seencontram depositadas no Herbário Jayme Coelho de Moraes (EAN).Nas análises citológicas foram utilizadas pontas de raízes pré-tratadas com 8-hidroxiquinoleína 0,2 mM a 4 o C por 20 horas, fixadas em Carnoy 3:1 (etanolabsoluto/ácido acético glacial) por 3-24 horas e estocados a -20°C no próprio fixador.Para o preparo das lâminas foi utilizada a metodologia recomendada por Guerra e Souza(2002) para a coloração convencional. As pontas de raízes foram hidrolisadas em HCl5N à temperatura ambiente por 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45%,congeladas em nitrogênio líquido para remoção da lamínula, secas ao ar, coradas comGiemsa a 2% e montadas em Entellan. As melhores células foram fotografadas comuma câmara digital Olympus D-540 adaptada a um microscópio Olympus CX40. Asmedições foram realizadas com o auxílio do programa Image Tool (Donald et al., 2007).RESULTADOS E DISCUSSÃONo gênero Arrojadoa, foram analisadas três espécies, Arrojadoa rhodantha (Fig.1A), A. penicillatae (Fig. 1B) e Arrojadoa sp. (Figura 1C), todas com 2n=22. As duasprimeiras apresentam cromossomos com tamanhos similares variando de 1,75 a 3,02µm, predominantemente metacêntricos a submetacêntricos, enquanto em Arrojadoa sp.os cromossomos foram menores e mediram 1,5 a 2 µm. Foram observados um a doissatélites em A. rodantha e Arrojadoa sp. (Figs. 1B,C). Essas mesmas característicascariotípicas também foram observadas nas três espécies de Pilosocereus. Neste gênero,todas as espécies apresentaram 2n=22, e cromossomos medindo 1,38 a 2,42 µm em P.47


chrysostele (Fig. 1D), 2,52 a 4,70 µm em P. gounellei (Fig. 1E) e 3,26 a 5,01 µm em P.pachycladus (Fig. 1F). Nesta última, observou-se em dois pares cromossômicos umaregião de condensação tardia localizada na porção terminal dos braços curtos,provavelmente correspondente a quatro constrições secundárias acompanhadas ou nãode satélites (Fig. 1F). No gênero Melocactus, M. bahiensis e M. ernestii forampoliplóides, com 2n=44, enquanto Melocactus sp. foi diplóide com 2n=22. Estasespécies apresentaram cariótipos formados por cromossomos metacêntricos asubmetacêntricos, medindo 1,05 a 2,74 µm em M. bahiensis (Fig. 1G), 1,40 a 3,21 µmem M. ernestii (Fig. 1H) e 1,52 a 3,53µm em Melocactus sp. (Fig. 1I). Quatro pequenossatélites foram observados nas regiões terminais dos braços curtos de M. ernestii (Fig.1H). Em Cereus jamacaru, o cariótipo apresentou 2n=22, cromossomos pequenos,predominantemente metacêntricos a submetacêntricos, medindo 0,90 a 1,93 µm, semsatélites claramente visíveis (Fig. 1J). Em Rhipsalis cf. teres, com 2n=ca.44 (Fig. 1L),apesar de várias tentativas, não foi possível obter uma boa condensação e espalhamentocromossômico o que impossibilitou uma análise mais detalhada do cariótipo destaespécie.Figura 1.Metáfase e núcleos interfásicos de espécies da subfamília Cactoideaeocorrente no Nordeste do Brasil. A. Arrojadoa penicillata; B. A. rhodantha; C.Arrojadoa sp.; D. Pilosocereus chrysostele; E. P. gounellei e F. P. pachycladus, com2n=22; G. Melocactus bahiensis; H. M. ernestii com 2n=44 e I. Melocactus sp. com2n=22. J. Cereus Jamacaru (2n=22); L. Rhipsalis cf. teres (2n=ca.44). Barra em Lcorresponde a 10 m. Setas correspondem a satélites.48


Dos gêneros analisados no presente trabalho, não são conhecidos registroscromossômicos prévios para o gênero Arrojadoa, nem para Pilosocereus crysostele e P.gounellei. As demais espécies tiveram pelo menos uma das contagens cromossômicasprévias confirmadas. Rhipsalis cf. teres apresentou cariótipo com 2n=ca.44, divergindoda única contagem prévia (2n=22) para esta espécie (Peev, 1976). Nossa contagem de2n=22 para Pilosocereus pachicladus de Esperança, Paraíba, diverge da única contagemde 2n=44 feita para esta espécie (Pitrez, 2006) para uma população de Pocinhosproveniente da mesma microrregião. Entretanto, coincide com a contagem de 2n=22para P. lanuginosus (L.) Byles & Rowley, uma espécie do norte da América do Sul(Baker, 2002).A poliploidia é provavelmente a alteração citogenética mais importante naespeciação e na evolução vegetal (Stebbins, 1971) e parece ser o mecanismo maisimportante na evolução das Cactaceae. Nessa família, os poliplóides são maisfrequentes nas subfamílias Opuntiodeae e Cactoideae, onde é freqüente a ocorrência depolpiploidia intraespecífica. No presente estudo, a ocorrência de P. pachicladus com2n=22, divergindo da contagem prévia de 2n=44 para uma outra população próxima,confirma a importância da poiploidia para a subfamília Cactoideae.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBAKER, M. A. Chromosome numbers and their significance in some Opuntioideae andCactoideae (Cactaceae) of Mainland Ecuador and Peru. Haseltonia 9: 69-77. 2002.DONALD C., BRENT D. S., MCDAVID W. D., GREER D. B. (2002) UTHSCSAImageTool (IT) - Version 3.0 . Acessadoem 24 de jul. de 2007.EDWARDS, E. J.; NYFFELER, R.; DONOGHUE , M. J. Basal Cactus Phylogeny:Implications of Pereskia (Cactaceae) Paraphyly for the Transition to the Cactus LifeForm. American Journal of Botany 92(7): 1177–1188. 2005.GUERRA M., SOUZA M. J. (2002) Como Observar os Cromossomos: Um Guia deTécnicas em Citogenética Vegetal, Animal e Humana. In: Guerra M., Souza M. J. (eds.)Como analisar os cromossomos mitóticos. FUNPEC, São Paulo, pp.23-38.PEEV,D. 1976. In IO<strong>PB</strong> Chromosome number reports LIV. Taxon. 25:631-649.PINKAVA, D. J.; BAKER, M. A.; PARFITT, B. D.; MOHLENBROCK, M. W.;Chromosome numbers in some cacti of Western North America – V SystematicBotany 10(4): 471-483.1985.PITREZ S. R. Floristica, Fitossociologia e Citogenética de Angiospermas Ocorrentesem Inselbergues. Tese de Doutorado. <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba. 123p. 200649


SEGURA, S.; SCHEINVAR, L.; OLALDE, G.; LEBLANE, O.; FILARDO, S.;MURATALLA, A.; GALLEGOS, C.; FLORES, C. Genome sizes and ploidy levels inMexican cactus pear species Opuntia(Tourn.) Mill. Series Streptacanthae Britton etRose, Leucotrichae DC., Heliabravoanae Scheinvar and Robustae Britton et RoseGenet Resour Crop Evol. 54: 1033-1041, 2007.SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado paraidentificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II.Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2005. 640p.STEBBINS, G. L. Chromosomal evolution in higher plants. London: Edward Arnold,1971. 216p.WALLACE, R. S. Molecular systematic study of the Cactaceae: using chloroplast DNAvariation to elucidate cactus phylogeny. Bradleya, Milborne Port, 13: 1-12. 1995.ZAPPI, D.; ROCHA, E. A.; TAYLOR, N. Cactaceae. IN: BARBOSA, M. R. V.;SOTHERS, C.; MAYO, S.; GAMARRA-ROJAS, C. F. L.; MESQUITA, A. C.Checklist das Plantas do Nordeste Brasileiro: Angiospermas e Gymnospermas –Brasília: Ministério de Ciência e Tecnologia, 2006. 156.50


NÚMEROS CROMOSSÔMICOS EM ESPÉCIES DASSUBFAMÍLIAS OPUNTIOIDEAE E PERESKIOIDEAE(CACTACEAE) OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASILMarcela Tarciana Cunha Silva Martins 1 ; Juliana Pereira de Castro 1 ; Lânia Isis FerreiraAlves 1 ; Felipe Nollet Medeiros de Assis 1 ; Juliana Gomes de Brito 1 ; Bruno CésarQuerino de Souza 1 ; Leonardo Pessoa Felix 11 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail:julipcastro@hotmail.comRESUMO: Este trabalho teve por objetivo identificar a variação cromossômica deOpuntioideae e Pereskioideae (Cactaceae) ocorrente no Nordeste do Brasil, visandoidentificar os mecanismos responsáveis pela evolução cromossômica da subfamílianesta região. Foram utilizadas pontas de raízes pré-tratadas com hidroxiquinoleína 0,2mM a 4 o C por 20 horas, fixadas em Carnoy 3:1 por 3 a 24 horas e estocadas em freezeraté posterior análise. Foram estudadas oito espécies: Nopalea cochenillifera cv.alagoensis com 2n=22 e com 2n=44, Opuntia ficus-indica (2n=88), O. littoralis(2n=44), O. inamoena (2n=44) e O. palmadora (2n=22); Brasiliopuntia brasiliensis(2n=22), Pereskia grandiflora (2n=22).e P. bahiensis (2n=22). Foram confirmadas ascontagens prévias para B. brasiliensis, N. cochenillifera, P. grandiflora e P. bahiensis.Entretanto, as contagens reportadas anteriormente para Opuntia ficus-indica, O.inamoena e O. littoralis não foram confirmadas no presente trabalho, mas nãodivergiram do padrão cariotípico anteriormente reportado para a família Cactaceae. Osnúmeros observados no presente trabalho sugerem que assim como os demais gênerosde Cactaceae, as subfamílias Opuntioideae e Pereskioideae, apresentam número básicox=11, com evolução por polipolidia apenas na primeira.Palavras-chave: Cactaceae, Citogenética e Variação cromossômicaINTRODUÇÃOA família Cactaceae um dos grupos de angiospermas predominantes nafisionomia da região semi-árida nordestina, é um grupo muito apreciado comoornamental, atraindo inúmeros colecionadores por todo o mundo (SOUZA &LORENZI, <strong>2008</strong>). Segundo Wallace (1995) a família é subdividida em quatrosubfamílias: Opuntioideae, Cactoideae, Pereskioideae e Maihuenioideae, sendo as duasprimeiras as que possuem maior diversidade, enquanto a última foi criada recentementepara acomodar o gênero Maihuenia, anteriormente incluído na subfamíliaPereskioideae.De modo geral, a característica citogenética mais utilizada é o númerocromossômico, permitindo gerar informações importantes sobre as relações deparentesco e evolução cromossômica dentro de um grupo (STEBBINS, 1971). De51


acordo com Reyes-Valdés et al. (2000) é conhecido registro cromossômico numéricopara aproximadamente 537 espécies de Cactaceae, o que corresponde a 28,2% do totalda família. Desses registros, a maior parte pertence à subfamília Opuntiodeae, compredomínio de diplóides ou poliplóides vinculados a um número básico x=11 em váriosníveis de ploidia (PINKAVA et al., 1985; SEGURA et al., 2007). Nas Cactaceae,ocorrem séries poliplóides que incluem desde citotipos diplóides até octoplóides, comono gênero Opuntia com registros de 2n=2x=22 até 2n=8x=88 (SEGURA et al., 2007).O presente trabalho objetiva identificar a variação cromossômica das subfamíliasOpuntioideae e Pereskioideae (Cactaceae) ocorrente no Nordeste do Brasil, visandoidentificar os mecanismos responsáveis pela evolução cromossômica das subfamílias.MATERIAL E MÉTODOSForam utilizados exclusivamente materiais coletados no campo provenientes devários estados da região Nordeste do Brasil, com exsicatas depositadas no HerbárioJayme Coelho de Moraes (EAN).Nas análises citológicas foram utilizadas pontas de raízes pré-tratadas com 8-hidroxiquinoleína 0,2 mM a 4 o C por 20 horas, fixadas em Carnoy 3:1 (etanolabsoluto/ácido acético glacial) por 3-24 horas e estocados a -20°C no próprio fixador.Para o preparo das lâminas foi utilizada a metodologia recomendada por Guerra e Souza(2002) para a coloração convencional. As pontas de raízes foram hidrolisadas em HCl5N à temperatura ambiente por 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45%,congeladas em nitrogênio líquido para remoção da lamínula, secas ao ar, coradas comGiemsa a 2% e montadas em Entellan. As melhores células foram fotografadas comuma câmara digital Olympus D-540 adaptada a um microscópio Olympus CX40. Asmedições foram realizadas com o auxílio do programa Image Tool (DONALD et al.,2007).RESULTADOS E DISCUSSÃONas amostras analisadas de Nopalea cochenillifera, o conjuntocromossômico mostrou-se composto por 2n=22, com cromossomos pequenos, medindo1,14 a 2,19 µm, com um a dois pequenos satélites distendidos (Fig. 1A). Nesta espécie,foi também analisada uma cultivar conhecida com N. cochenilifera cv. alagoense, queapresentou nos meristemas das raízes, além das células diplóides normais, 20% decélulas tetraplóides com 2n=44 (Fig. 1B). Nessa cultivar, os cladódios foram claramentemaiores que nas demais plantas da espécie. No gênero Opuntia, apenas O. palmadorafoi diplóide e apresentou 2n=22 (Fig. 1F), enquanto as demais foram poliplóides. O.fícus-indica cv. redonda, foi octoplóide com 2n=8x=88 (Fig. 1C), enquanto O. litorallis(Fig. 1D) e O. inamoena (Fig. 1E), foram tetraplóides com 2n=4x=44. Nestas espécies,obteve-se boa condensação cromossômica apenas para O. litorallis e O. inamoena quemediram respectivamente 1,3 a 2,01 µm e 1,19 a 1,72 µm, sem satélites foramobservados em nenhuma das quatro espécies estudadas. Brasilopuntia brasiliensis teve52


um cariótipo com 2n=22 e cromossomos ligeiramente maiores que nas espéciesanteriores, medindo 1,9 a 2,7 µm (Fig. 1G).Ambas as espécies de Pereskia apresentaram 2n=22, cariótipos relativamentesimétricos, formado por cromossomos pequenos, metacêntricos a submetacêntricos,com um par satelitado em ambas as espécies (Figura 1H e 1I). Foram ligeiramentemaiores em P. bahiensis (2,7 a 4,0 µm), e menores em P. grandiflora (1,6 a 3,5 µm),nesta, mais fracamente corados e cariótipo ligeiramente mais assimétrico (Fig. 1I).Das espécies analisadas no presente trabalho, não há registro cromossômicoprévio, apenas para Opuntia palmadora. Nossa contagem de 2n=44 para Opuntiainamoena e Opuntia littoralis, divergiram dos registros anteriores de 2n=66 e 2n=33,respectivamente (MOORE, 1977).A observação de poliploidia em 20% das células em divisão no meristema daraiz de N. cochenilifera, indica a ocorrência de polimixia para esta espécie, que podeestá relacionada ao registro de poliploidia intraespecífica previamente reportada para asCactaceae, especialmente em Opuntia (SEGURA et al., 2007) e Hylocereus (TEL-ZURet al., 2004). Neste último, híbridos interespecíficos foram viáveis em níveis diplóides,triplóides, pentaplóides, hexaplóides e aneuplóides e não exibiram diferençasdetectáveis por GISH, sugerindo semelhança nos genomas de diferentes espécies (TEL-ZUR et al., 2004). A cultivar Alagoense de N. cochenilifera difere das demais palmasdoces por apresentar cladódios maiores.Nas Cactaceae, os poliplóides são comumente encontrados nas subfamíliasOpuntioideae e Cactoideae, mas surpreendentemente não há registros de poliploidia emPereskioideae, o que suporta a idéia de que esse grupo é primitivo, provavelmenteantigo e por isso, tem cariótipo mais estável. Nossos dados corroboram todas ashipóteses de evolução por poliploidia na família Cactaceae com base em x=11,cariótipos formados por cromossomos pequenos, predominantemente metacêntricos esubmetacêntricos, o que torna o grupo citologicamente homogêneo em termos denúmero e morfologia cromossômica.53


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARAKAKI, M.; SOLTIS, D. E.; SPERANZA, P. New chromosome counts and evidence ofpolyploidy in Haageocereus and related genera in tribe Trichocereeae and other tribes ofCactaceae Brittonia, 59(3), pp. 290–297, 2007.DONALD C., BRENT D. S., MCDAVID W. D., GREER D. B. (2002) UTHSCSA ImageTool(IT) - Version 3.0 . Acessado em 24 de jul. de2007.GUERRA M., SOUZA M. J. (2002) Como Observar os Cromossomos: Um Guia de Técnicasem Citogenética Vegetal, Animal e Humana. In: Guerra M., Souza M. J. (eds.) Como analisaros cromossomos mitóticos. FUNPEC, São Paulo, pp.23-38.MOORE R. J. Index to plant chromosome number 1972. Regnum Veg. 91: 1–108, 1974.PINKAVA, D. J.; BAKER, M. A.; PARFITT, B. D.; MOHLENBROCK, M. W.; Chromosomenumbers in some cacti of Western North America – V Systematic Botany 10(4): 471-483.1985.REYES-VALDÉS, M. H. R.; MARTÍNEZ, M. G.; OSUNA, H. T. G. N. NúmeroCromossómico y Apareamiento Meiótico en Turbinicarpus valdezianus (MÖLLER) Glass &Foster (Cactaceae). Acta Botánica Mexicana, n.11, p.17-25, 2000.SEGURA, S.; SCHEINVAR, L.; OLALDE, G.; LEBLANE, O.; FILARDO, S.;MURATALLA, A.; GALLEGOS, C.; FLORES, C. Genome sizes and ploidy levels in Mexicancactus pear species Opuntia(Tourn.) Mill. Series Streptacanthae Britton et Rose, LeucotrichaeDC., Heliabravoanae Scheinvar and Robustae Britton et Rose Genet Resour Crop Evol. 54:1033-1041, 2007.SOUZA, V. C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação dasfamílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. 2. Ed. Nova Odessa, SP:Instituto Plantarum, <strong>2008</strong>. 704p.STEBBINS, G. L. Chromosomal evolution in higher plants. London: Edward Arnold, 1971.216p.TEL-ZUR, N.; ABBO, S.; BAR-ZVI, D.; MIZRAHI, Y. Genetic Relationships amongHylocereus and Selenicereus Vine Cacti(Cactaceae): Evidence from Hybridization andCytological Studies. Annals of Botany 94: 527–534, 2004.WALLACE, R. S. Molecular systematic study of the Cactaceae: using chloroplast DNAvariation to elucidate cactus phylogeny. Bradleya, Milborne Port, 13: 1-12. 1995.55


PERFIL DOS CONSUMIDORES AREIENSES EM RELAÇÃO AOSPRODUTOS ORGÂNICOSAntunes Romeu Lima do Nascimento 1* ; Marcio Francisco da Silva 1 ; Gabriela de AraújoFarias 1 ; Djail Santos 2 ; Alexandre Paiva da Silva 3 ; Fillipe Silveira Marini 41 Alunos de Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias (<strong>CCA</strong>), UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>,*antunesromeu@yahoo.com.br, 2 Prof. do Depto. de Solos e Engenharia Rural, <strong>CCA</strong>, UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>,3 Prof. do Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar (CCTA) da <strong>Universidade</strong> Federal de CampinaGrande (UFCG), campus Pombal-<strong>PB</strong>, 4 D.Sc. PRODOC/ CAPES/ PPGMSA/ <strong>CCA</strong>/ UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>RESUMO: Este trabalho teve por objetivo avaliar o perfil de consumidores domunicípio de <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong> em relação aos produtos orgânicos. Para isso foram aplicados149 questionários, contendo 13 perguntas, em diferentes locais de comercialização defrutas e hortaliças na cidade (feira livre e supermercados). A escolha dos entrevistadosfoi feita de forma aleatória e os questionários aplicados durante o horário comercial,entre os dias 9 e 10 de novembro de 2007. Foram coletadas informações quanto ao nívelsócio-econômico e o grau de escolaridade dos consumidores (idade, renda mensal,gênero, escolaridade), bem como sobre o conhecimento e consumo de produtosorgânicos. Os resultados revelaram que 36% dos entrevistados consideram o produtoorgânico como aquele “produzido sem agrotóxicos”; 29% considera como aquele“produzido sem agrotóxicos e preservando o meio ambiente”, e 16% como um “produtonão-industrializado”. Em relação ao consumo observou-se que 58% dos entrevistadosconsomem produtos orgânicos regularmente, principalmente frutas e verduras; 41%destes consomem eventualmente; 35% diariamente; 18% semanalmente e 6%mensalmente. Os motivos que determinam o consumo de produtos orgânicos são os dealimentos “mais saudáveis” (49%), “sem agrotóxicos” (22%), “de melhor sabor” (12%)e a “preocupação com o meio ambiente” (9%). Cerca de 70 % dos entrevistados sedeclararam dispostos a pagar um preço maior pelo produto orgânico, havendo, porém,baixa oferta do produto e expectativas e aceitação qanto a criação de uma feiraagroecológica no município.Palavras chaves: consumidor, produto orgânico, feira agroecológica.INTRODUÇÃODiante dos efeitos negativos provocados pela agricultura convencional sobre ohomem, os alimentos e o meio ambiente têm crescido o interesse pelos métodosalternativos de produção, entre eles o sistema orgânico. No Brasil, a produção orgânicaganhou força graças à atuação de organizações não-governamentais a partir dos anos 70.Considera-se orgânico àquele produto de origem vegetal e/ou animal oriundo deum sistema orgânico de produção, no qual está proibida a utilização de fertilizantessintéticos, defensivos agrícolas e organismos geneticamente modificados. O sistema56


prevê ainda a adoção de práticas agrícolas racionais apoiadas nas questões econômicas,ecológicas e sociais.A agricultura orgânica é praticada em quase todos os paises, sendo considerada aatividade agrícola de maior crescimento no mundo, fato que se deve a preocupaçãomundial com o meio ambiente, a busca de alimentos mais saudáveis e com melhorqualidade nutricional, caracterizando a atividade como importante nicho de mercado(Souza & Resende, 2006).Segundo Willer & Yussefi (2006), a área plantada com produtos orgânicos emtermos mundiais, no ano de 2006, foi de aproximadamente 31 milhões de hectares. NoBrasil, a área cultivada com produtos orgânicos em 2006 foi de 888 mil hectares,conferindo ao País o 6º lugar no ranking mundial (Willer & Yussefi, 2006).O Brasil desponta como um País com grande potencial para expansão daagricultura orgânica devido a sua grande biodiversidade, disponibilidade de áreasagricultáveis e recursos hídricos, bem como adequação das condições edafoclimáticas.Atualmente, cerca de 70 % da produção orgânica nacional é destinada à exportação,especialmente para a Europa, Estados Unidos e Japão, existindo também grandepotencial para expansão do mercado interno, principalmente através de feiras livres,lojas especializadas e supermercados.O conhecimento sobre o número e o perfil de consumidores de alimentosorgânicos no Brasil ainda é escasso, havendo, porém, estimativas de que principalmentenas regiões metropolitanas a procura seja em torno de 35% superior em relação à oferta.Nota-se assim a necessidade de trabalhos que busquem conhecer as característicasdesses consumidores, identificando os prováveis motivos que contribuem para a comprade alimentos diferenciados. Segundo Darolt (2002), o conhecimento do perfil dosconsumidores torna-se importante, pois além de contribuir para orientar a produção,permite direcionar o marketing e a comercialização, além de dar uma idéia daimportância desse segmento de consumo tanto no mercado regional, quanto local.O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de consumidores na cidade de <strong>Areia</strong> –<strong>PB</strong> em relação ao conhecimento e consumo de produtos orgânicos.METODOLOGIAA coleta de dados desta pesquisa foi realizada na cidade de <strong>Areia</strong>, microrregiãodo Brejo Paraibano, estado da Paraíba, entre os dias 9 e 10 de novembro de 2007.Foram aplicados 149 questionários representando uma amostra de 0,6 % da populaçãoda cidade, estimada em aproximadamente 25 mil habitantes (IBGE, 2007).A coleta de dados foi feita através de um questionário de entrevistas, aplicadosem quatro locais distintos destinados a comercialização de frutas e verduras. Os locaisde aplicação dos questionários constaram de: feiras livres (61 questionários) e trêssupermercados (88 questionários).Os questionários foram aplicados durante o horário comercial (das 08:00 h às17:00h) e os consumidores foram escolhidos aleatoriamente, entre as pessoas quecompravam diferentes produtos nestes locais, de modo a garantir a representatividade daamostra.A estrutura do questionário aplicado constava de 13 perguntas fechadas e semiabertas,envolvendo as seguintes informações gerais (TABELA 1): idade, profissão,57


enda mensal, gênero e escolaridade. Além dessas informações os consumidores foramquestionados sobre os seguintes aspectos: conhecimento do entrevistado sobre produtoorgânico, tipos de produtos orgânicos consumidos, freqüência de consumo, razões parao consumo, e dificuldades encontradas para a compra de produtos orgânicos.Perfil dos EntrevistadosSexo Total Porcentagem Escolaridade Total PorcentagemHomem 61 41% Não informou 2 1%Mulher 88 59% Não estudou 14 9%Total 149 100% 1º Grau 74 50%Renda Total Porcentagem 2º Grau 41 28%Renda nãoinformada10 7% Superior 18 12%1-3 SM 115 77% Idade Total Porcentagem3-6 SMIdade não14 9%informada1 1%6-9 SM 6 4% < 20 19 13%9-12 SM 4 3% 20-40 76 51%> 12 SM 0 0% 41-60 44 30%>60 9 6%TABELA 1. Perfil sócio-econômico e nível de escolaridade dos entrevistadosOs resultados obtidos foram tabulados e estimados os percentuais deentrevistados dentro dos critérios estabelecidos, buscando-se, sempre que possível,relacionar os dados de consumo de produtos orgânicos com os aspectos sócioeconômicosdos entrevistados.RESULTADOS E DISCUSSÃOQuando questionados sobre o conceito de produto orgânico, observou-se que 44% dos entrevistados responderam SIM e 56 % responderam NÃO. Em geral, as pessoasque têm ensino superior, que não declararam a renda, renda entre 6 a 9 salários mínimose renda entre 9 a 12 salários mínimos foram os que apresentaram maior convicção dedeterem o conhecimento sobre o conceito. O menor percentual de entrevistados quedesconhecem o que vem a ser um produto orgânico detinham renda entre 1 e 3 saláriosmínimos, não tinham estudado e/ou tinham grau de escolaridade até o 1º grau.Sobre a apropriação do conceito de produto orgânico constatou-se que osentrevistados consideram o produto orgânico como sendo: a) aquele “produzido semagrotóxicos” (36%); b) “produzido sem agrotóxicos e preservando o meio ambiente”(29%); c) “produto não-industrializado” (16%). Observaram-se ainda conceitos bastanteconflitantes como, por exemplo, “produzido com agrotóxicos” e “com aditivos decrescimento”, os quais juntos perfizeram 6 % dos entrevistados.Quanto à diferenciação de um produto orgânico, convencional e hidropônicoapenas 18 % responderam que saberiam diferenciá-los, sendo o maior percentual dessesentrevistados pertencentes aos grupos de renda entre 9 e 12 salários mínimos, comensino superior e idade entre 20 e 40 e 41 e 60 anos. Quanto ao consumo de produtos58


orgânicos verificou-se que 58 % dos entrevistados consomem regularmente o produto;41% destes consomem produtos orgânicos eventualmente, 35 % diariamente, 18 %semanalmente e 6 % mensalmente.As principais razões que determinam o consumo de produtos orgânicos pelosentrevistados foram em ordem decrescente: a) “mais saudáveis” (49 %); b) “semagrotóxicos” (22 %); c) “melhor sabor” (12 %); d) “preocupação com o meio ambiente”(9 %). Entre os produtos orgânicos preferidos e mais consumidos destacam-se asverduras (44 % dos entrevistados) e as frutas (29 % dos entrevistados), havendo naopinião dos consumidores dificuldades relacionadas com a indisponibilidade nomercado (34%), oferta insuficiente (22%) e irregular 20%. As principais razõesmencionadas pelos consumidores para não consumir produtos orgânicos são além dabaixa oferta no mercado (45 % dos entrevistados), a desconfiança quanto a procedênciados produtos (29 % dos entrevistados).FIGURA 1. Perfl dos consumidores de <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, em relação as produtos orgânicosA formação dos preços é uma questão bastate inressante e um critériodeterminante na procura e consumo dos produtos orgânicos. Neste trabalho, quandointerrogados sobre a possibilidade de pagar mais caro pelos produtos orgânicosconstatou-se que 71 % dos entrevistados se declararam dispostos a pagar uma valormaior do que o do produto convencional. Nesse caso, quanto ao acrescimo no preço doproduto orgânico em relação ao cnvencional 59 % dos entrevistados pagariam umacréscimo de 5 % a 10%; 20 % aceitariam um acréscimo superior a 40 %; 16%pagariam um acréscimo de 10% a 20% e 5 % pagariam um acréscimo de 20 a30%.Quando questionados sobre a criação de uma feira agroecológica no municípioobservou-se boa aceitação da idéia: 57% disseram ótimo, 35% bom, 4% regular, 1%ruim e 3% péssimo.59


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASDAROLT, Moacir Roberto. Comercialização O papel do consumidor no mercado deprodutos orgânicos. In: ______. Agricultura orgânica: inventando o futuro. Londrina:IAPAR, 2002. Cap. 24 p 210-218.INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA E GEOGRAFIA (IBGE).Disponível em: . Acesso em 11 de março de <strong>2008</strong>.SOUZA, Jacimar Luis de; RESENDE, Patrícia. Evolução da Agricultura Orgânica. In:______. Manual de horticultura orgânica. 2 ed. Viçosa – MG: Aprenda Fácil, 2006.Cap. 11, p. 715-726.WILLER, Helga & MINOU, Yussefi. The World of Organic Agriculture. Statisticsand Emerging Trends 2006. Disponível em: . Acesso em 11 de março de <strong>2008</strong>.WILLER, Helga & MINOU, Yussefi. Ökologische Agrarkultur weltweit OrganicAgriculture World-Wide. Disponível em:. Acesso em 11 de março de <strong>2008</strong>.60


POTENCIAL FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE Peltophorumdubium (SPRENG.) TAUB.Edna Ursulino Alves 1 ; Roberta Sales Guedes 2 ; Sueli dos Santos Silva 3 ; Edilma PereiraGonçalves 4 ; Macio de Farias Moura 5 ; Jeandson Silva Viana 4 ; Paulo AlexandreFernande Rodrigues de Melo 3 ; Lamartine Soares Bezerra de Oliveira 31 Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta do Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail:ednaursulino@cca.ufpb.br;2 Bióloga, mestranda em Agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>; e-mail:roberta_biologa09@yahoo.com.br3 Alunos de graduação em agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.4 Profes. Adjuntos, UFRPE – PE; e-mail: edilmapg@hotmail.com5 Dr. em Agronomia, Prof. Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.RESUMO: Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. é uma Caesalpiniaceae, conhecidacomo canafístula. Sua madeira tem múltiplos usos em programas de reflorestamento ecomo árvore ornamental, e é também considerada uma espécie em extinção, fazendo-senecessário estudos, que auxiliem sua preservação. Objetivou-se definir substratos etemperaturas para condução de testes de germinação e vigor com sementes de P.dubium. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente ao acaso com ostratamentos distribuídos em esquema fatorial 4 x 6, com os fatores temperaturas (25, 30,35ºC constantes e 20-30ºC alternadas) e substratos (rolo de papel “germitest”, sobrepapel mata borrão, areia, vermiculita, bioplant® e plantmax®), em quatro repetições de25 sementes. Foram analisadas as características: porcentagem e índice de velocidade degerminação. Os substratos areia e rolo de papel foram os mais apropriados paraavaliação da qualidade fisiológica das sementes.Palavras-chave: canafístula, substrato, temperatura, planta ornamental.INTRODUÇÃOPeltophorum dubium (Spreng.) Taub., conhecida como canafístula é umaespécie arbórea pertencente à família Caesalpinaceae. A espécie pode ser empregadacom sucesso em paisagismo, pois a árvore, além de ornamental quando emflorescimento, proporciona ótima sombra quando isolada. Suas flores são amarelas eencontram-se em vistosas panículas terminais, sendo indicada para a arborização depraças, parques e rodovias (Donadio & Demattê, 2000).61


Dessa forma, objetiva-se avaliar o efeito dos substratos e temperaturas naavaliação do potencial fisiológico de sementes de P. dubium.MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido no Laboratório de Análises de Sementes do Centrode Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>). Foramutilizadas sementes de P. dubium colhidas manualmente em 10 plantas matrizes noinício do processo de deiscência dos frutos, nos município de <strong>Areia</strong> – <strong>PB</strong>, as quaisforam beneficiadas manualmente. Antes de serem postas para germinar, superou-se adormência das sementes com ácido sulfúrico por 10 minutos, segundo recomenda Piroliet al. (2005). Em seguida foram submetidas aos seguintes testes:Teste de germinação - foi instalado nos substratos papel “germitest” na forma de rolo,sobre papel mata borrão, areia, vermiculita, plantmax ® e bioplant ® , nas temperaturasconstantes de 25, 30 e 35°C e alternadas de 20-30ºC, em quatro repetições com 25sementes, sendo semeadas em caixas gerbox. Os substratos foram umedecidos comágua destilada segundo recomenda Brasil (1992). As contagens foram feitasdiariamente, do 4º até o 10º dia de teste, computando-se o número de plântulasemergidas; Índice de velocidade de germinação (IVG) - realizado conjuntamente como teste de germinação, onde se computou, diariamente, o número de plântulas comexposição dos cotilédones, e o índice foi calculado de acordo com a fórmulaapresentada por Maguire (1962); Análise estatística - foi realizada em delineamentoexperimental inteiramente ao acaso em esquema fatorial 4 x 6 (4 temperaturas e 6substratos), sendo submetidos os dados à análise de variância e as médias comparadaspelo teste de Scott - Knott, a 5% de probabilidade.RESULTADOS E DISCUSSÃOAs médias de porcentagem de germinação de sementes de P. dubium encontramsena Tabela 1, na qual se verifica interações significativas entre substrato etemperatura, indicando que existe pelo menos uma combinação ideal entre estes doisfatores, que otimiza a porcentagem de germinação. Observa-se que as mais altasporcentagens de germinação das sementes de P. dubium foram obtidas nos substratosareia independente da temperatura utilizada, seguida dos substratos vermiculita e rolo depapel na temperatura de 30ºC e rolo de papel na temperatura de 35ºC. No substrato nãose verifica germinação, provavelmente por este não permitir um maior contato comsemente, o que diminui o umedecimento adequado da semente.Andrade et al., (2006) determinaram para germinação sementes de Dalbergianigra (Vell.) Fr. All. ex Benth. as temperaturas de 25°C e 20–30°C, nos substratos sobrevermiculita e rolo de papel, não recomendando portanto o substrato sobre papel mataborrão.As associações dos substratos sobre papel ou entre vermiculita com a62


temperatura de 30°C foram as que proporcionaram a maior germinação em sementes deMimosa caesalpiniaefolia Benth. (Novembre et al., 2007).Tabela 1 - Germinação (%) de sementes de Peltophorum dubium (Spreng.) Taub., submetidas adiferentes temperaturas e substratos.SubstratosTemperatura ºC20-30 25 30 35<strong>Areia</strong> 94 a A 87 a A 93 a A 91 a AVermiculita 84 b B 80 a B 96 a A 49 c CBioplant® 51 d A 37 c B 61 b A 57 c APlantmax® 60 c B 52 b B 56 b B 72 b ASobre Papel 0 e A 0 d A 0 c A 0 d ARolo de papel 92 a A 81 a B 91 a A 87 a AMédias seguidas de mesma minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% de probabilidadepelo teste de Scott Knott.Os resultados referentes ao índice de velocidade de germinação (IVG) desementes de P. dubium submetidas a diferentes substratos e temperaturas estão na Tabela2, onde se verifica que os maiores índices ocorreram nas interações do substrato rolo depapel com temperatura 20-30ºC; rolo de papel e areia na temperatura de 30° e o substratorolo de papel com a temperatura 35ºC. Para a temperatura de 25°C não houve interaçãoentre os tratamentos.Tabela 2 - Índice de velocidade de germinação (IVG) de plântulas de Peltophorum dubium(Spreng.) Taub., submetidas a diferentes temperaturas e substratos.SubstratosTemperatura ºC20-30 25 30 35<strong>Areia</strong> 5,42 b B 4,26 a C 5,69 a A 4,36 b CVermiculita 4,40 c B 3,90 b C 5,07 b A 2,19 d DBioplant ® 1,62 d C 1,36 d D 2,32 c A 1,85 e BPlantmax ® 1,99 d D 2,56 c B 2,01 d C 2,83 c ASobre Papel 0,00 e A 0,00 e A 0,00 e A 0,00 f ARolo de papel 5,61 a A 3,99 b B 5,73 a A 5,56 a AMédias seguidas de mesma minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% de probabilidadepelo teste de Scott Knott.CONCLUSÕESPara germinação das sementes de P. dubium recomendam-se os substratos areiaou rolo de papel, nas temperaturas de 20-30°C, 30 e 35°C.63


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANDRADE, A.C.S.; PEREIRA, T.S.; FERNANDES, M.J.; CRUZ, A.P.M.;CARVALHO, A.S.R. Substrato, temperatura de germinação e desenvolvimento pósseminalde sementes de Dalbergia nigra. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,v.41, n.3, p.517-523, 2006.BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise desementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.DONADIO, N.M.M.; DEMATTÊ, M.E.S.P. Morfologia de frutos, sementes e plântulasde canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) e jacarandá-da-bahia (Dalbergianigra (Ver.) Fr.Ar. ex Benth.) - Fabaceae. Revista Brasileira de Sementes, Londrina,v.22, n.1, p.64-73, 2000.MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedingemergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p.76-177, 1962.MARCOS FILHO, J. Germinação de sementes. In: SEMANA DE ATUALIZAÇÃOEM SEMENTES, 1., 1986, Campinas. Anais... Campinas: Fundação Cargill, 1986.p.11-39.NOVEMBRE, A.D.L.C.; FARIA, T.C.; PINTO, D.H.V.; CHAMMA, H.M.C.P. Testede germinação de sementes de sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniaefolia Benth. –Fabaceae - Mimosoideae). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 29, n.3, p.42-45, 2007.PACHECO, M.V.; MATOS, V.P.; FERREIRA, R.L.C.; FELICIANO, A.L.P.; PINTO,K.M.S. Efeito de temperaturas e substratos na germinação de sementes deMyracrodruon urundeuva Fr. All. (Anacardiaceae). Revista Árvore, Viçosa, v.30, n.3,p.359-367, 2006.PIROLI, E.L. et al. Germinação de sementes de canafístula Peltophorum dubium(Spreng.) Taub. tratadas para superação da dormência. Colloquium Agrariae, local v.1,n.1, p.13-18, 2005.POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. Brasília: AGIPLAN, 1985. 289p.64


PRODUÇÃO DE FLORES: ATIVIDADE PROMOTORA DODESENVOLVIMENTO RURAL NO BREJO PARAIBANOSoraya Henrique de Almeida¹; Ana Fábia Lima de Souza¹; Jocélia G. da Silva¹; ShirleyHenrique do Nascimento¹; Samara Sibelle Vieira Alves 3 ; Márcia Roseane Targino deOliveira 2 ; Raunira da Costa Araújo 21 Aluna de graduação da UF<strong>PB</strong>, Campus II, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, e-mail: sorayaacacia@hotamail.com2 Professora Dr. UF<strong>PB</strong>, Campus II, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, e-mail: marciatargino@hotmail.comRESUMO: A floricultura é um agronegócio que envolve milhares de micro e pequenasempresas, produtores rurais e agricultores familiares organizados em associações ecooperativas. É nesta visão que foi fundada no sítio Avarzeado, zona rural do municípiode Pilões, a COFEP uma Cooperativa de Mulheres com a proposta de produzir flores decorte temperadas, começando com crisântemos, tendo havido nos últimos anosdiversificação de espécies como gérbera, gladíolo, gipsofila, rosas e folhagens. Dianteda importância social e econômica do setor de floricultura no agronegócio brasileiro epelas informações sobre a floricultura no Estado da Paraíba, os objetivos do trabalhoforam fazer um estudo de caso da Cooperativa dos Floricultores do Estado da Paraíbaenvolvendo seus aspectos sociais, econômicos e culturais. A metodologia utilizada foide caráter exploratório e de natureza quantitativa e qualitativa, realizada a partir deentrevistas, acompanhadas da aplicação de questionários e registros fotográficos,conduzida no período de maio a julho de <strong>2008</strong>. Os resultados permitem concluir que aCOFEP à partir do agronegócio flores dos Municípios de Pilões e <strong>Areia</strong>- <strong>PB</strong> é umexemplo de sustentabilidade e geração de renda a partir da agricultura familiar;derrubou fronteiras e preconceitos, apostando na viabilidade do empreendimento,gerando empregos diretos e indiretos, beneficiando a mão-de-obra familiar, garantindo apermanência dessas pessoas nos seus locais de origem com uma melhor qualidade devida.INTRODUÇÃOA floricultura é uma atividade que pode ser caracterizada como um agronegócioque envolve milhares de micro e pequenas empresas, produtores rurais e agricultoresfamiliares organizados em associações e cooperativas (SEBRAE, 2006). A balançacomercial da floricultura brasileira em 2006 acumulou saldo de 21,09 milhões com umaequivalência de 29% sobre os valores exportados. Esses indicadores apontam para umacontinuidade do movimento de estabilidade da produção de flores e plantas ornamentaisno Brasil (SEBRAE, 2006).Segundo o Ministério da Agricultura (2006) induzir o desenvolvimento dafloricultura, estimulando e fortalecendo o associativismo e cooperativismo nos diversossegmentos componentes da cadeia produtiva, é valorizar a criação de novos parâmetros.65


Atualmente destaca-se no cenário nacional, a floricultura do Nordeste, como umdos pólos de expansão da floricultura no país, devido principalmente a localizaçãoprivilegiada em relação aos principais países importadores, além de possuir condiçõesedafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento de uma grande diversidade de espécies(PROFLORES, 2004). É nesta visão e em meio a uma crise canavieira que assolou aregião do Brejo Paraibano, que surgiu a Cooperativa de Floricultores do Estado daParaíba (COFEP), uma Cooperativa de Mulheres que aposta no agronegócio de flores.Inseridas na região rural, no Sítio Avarzeado município de Pilões e Sítio Almecegamunicípio de <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong> com produção de flores temperadas de corte como crisântemo,gérberas, gladíolo, gipsofila, rosas e folhagem.OBJETIVOAvaliar a Cooperativa de Flores do Estado da Paraíba (COFEP) quanto aosaspectos sócio-econômicos e culturais, considerando a evolução da atividade e seuscooperados desde a sua fundação até os dias atuais.METODOLOGIAA pesquisa realizada na COFEP teve caráter exploratório e natureza quantitativarelacionada à estrutura da mesma e ao mercado; e qualitativa abordando aspectos sócioeconômicose culturais, realizada a partir de visitas in loco com entrevistasacompanhadas da aplicação de questionários e registros fotográficos junto aoscooperados da COFEP, durante os meses de maio, junho e julho de <strong>2008</strong>. As entrevistasforam aplicadas com auxílio de questionários elaborados abrangendo três aspectos:questões relativas à estrutura da COFEP, como empresa; aos aspectos sócio-econômicose aos aspectos de mercado.RESULTADOS E DISCUSSÃO.A produção de flores da COFEP iniciou-se com 3 ha de terras pertencentes àdiocese de Guarabira, <strong>PB</strong> onde foram implantadas 18 estufas destinadas a produção deplantas ornamentais temperadas. A Cooperativa iniciou suas atividades exclusivamentecom mulheres passando a ter a atuação masculina recentemente. Conforme representadono Gráfico 1 os percentuais de participação do gênero feminino correspondem a 60%contra 5% do gênero masculino.66


Figura 1. Percentual de Colaboradores da COFEP distribuídos por gêneroO quadro 1 apresenta o perfil sócio-econômico e cultural dos que fazem aCOFEP mostrando a evolução que ocorreu durante esses 09 anos da atividade. A faixaetária atuante encontra-se entre 18 e 50 anos e é baixo o índice de analfabetos, chegandoinclusive, a ter um dos seus membros com nível superior objetivando melhorar aadministração da empresa. A melhoria da qualidade de vida das cooperadas,proporcionada por essa atividade, torna-se visível também, pela mudança registrada nostipos de habitações, visto que, na sua fundação as moradias eram de taipa e hoje todassão construções de alvenaria, mesmo com cerca de 70% dos cooperados residindo naspropriedades rurais da região.Quadro 1- Perfil sócio-econômico e cultural dos Cooperados da COFEP referente aosanos de 1999 (A) e <strong>2008</strong> (B)N° deCoop.1999Gênero Idade Grau de escolaridade Renda HabitaçãoM FAnalf. Alf. Nívelsuperior10 00 10 20-50 07 03 00 1 saláriomín.<strong>2008</strong>N° de Gênero Idade Grau de escolaridade RendaCoop. M FSalárioTaipa Alvenaria09 01HabitaçãoAnal. Alf. NívelTaipa Alvenariasuperior38 05 32 18-50 02 35 1 2 00 3567


Durante a realização das entrevistas foram repassadas informações sobrediversas ações de capacitação que foram desenvolvidas ao longo desses anos, na buscade melhorar os conhecimentos na atividade proposta como: cursos de alfabetização dascooperadas e seus familiares; manejo e condução do cultivo de flores; conservação domeio ambiente e iniciação à internet, voltado para os filhos das cooperadas. Hoje acooperativa proporciona renda de até dois salários mínimos por cooperadas, sendoconsiderada a segunda base de geração de renda direta e indireta da cidade de Pilões-<strong>PB</strong>, superada apenas pela Prefeitura Municipal.As “Flores do Brejo”, é a marca atual das flores produzidas, que teve suamodificação a partir da ampliação das unidades produtoras. Segundo Paiva (2007) essaé a história de sucesso da COFEP reconhecida como exemplo de inclusão social,geração de renda e combate à pobreza rural.CONCLUSÕES O agronegócio flores dos Municípios de Pilões e <strong>Areia</strong>- <strong>PB</strong> é um exemplo desustentabilidade e geração de renda a partir da agricultura familiar; A COFEP derruba fronteira e preconceitos apontando a viabilidade doempreendimento, gerando empregos diretos (cooperados) e indiretos (distribuidores)beneficiando a mão-de-obra familiar, garantindo a permanência destes no seu local deorigem.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASPAIVA, K. Pioneiras no cultivo dessa planta, as integrantes da Cooperativa dosFloricultores do Estado da Paraíba (COFEP) desejam transformar o município no pólode Disponível em: www.finep.gov.br; Acesso em: 22 Jul. <strong>2008</strong>.PROFLORES. Programa de desenvolvimento de flores e plantas ornamentais.Disponível em:. Acesso em: 18 Jul. <strong>2008</strong>.SEBRAE. Disponível em: Acesso em: 18 jul <strong>2008</strong>.SEBRAE/PA. Perfil da cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais da mesorregiãometropolitana de Bel.68


PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS NA CADEIA PÚBLICA DOMUNICÍPIO DE AREIA-<strong>PB</strong>Tito Lívio de Alencar Araújo 1* ; Nilson Érito Timóteo dos Santos Junior 1 ; Gabriela deAraújo Farias 1 ; Diego Palmeira Maia 1 ; Djail Santos 2 ; Fillipe Silveira Marini 31 Alunos de Graduação em Agronomia, Centro de Ciências Agrárias (<strong>CCA</strong>), <strong>Universidade</strong> Federal daParaíba (UF<strong>PB</strong>), <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, *titolivioalencar@yahoo.com.br, 2 Prof. do Depto. de Solos e EngenhariaRural, <strong>CCA</strong>, UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, 3 D.Sc. PRODOC/CAPES/PPGMSA/<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>RESUMO: O objetivo deste trabalho foi de desenvolver atividades sócio-educativascom detentos na Cadeia Municipal de <strong>Areia</strong> na intenção de produzir hortaliças orgânicaspara o consumo dos mesmos. A proposta do projeto foi dialogada com as entidadesparcerias do projeto, sendo demonstradas as vantagens e a importância da produçãocoletiva de hortaliças orgânicas pelos detentos, sendo selecionados três detentos acontribuírem na ação. O projeto vem proporcionando melhoria na vida dos detentos.Este trabalho garante a redução da pena, oferece uma melhoria de qualidade na estadiado cumprimento da pena na cadeia dos detentos quanto à ociosidade de tempo e, devidoàs condições referentes à dieta alimentar, pode melhorar a qualidade do alimentoservido nas refeições.Palavras-chaves: extensão, produção orgânica, segurança alimentarINTRODUÇÃOA extensão universitária é uma ação da universidade não necessariamenteagrícola, pode abordar qualquer assunto relevante ao ensino e ser desenvolvida,também, fora do campus universitário (Almeida, 1998).Segundo Castro et al. (2005), um extensionista deve possuir as seguintescaracterísticas principais: educador e comunicador. Este deve apresentar-se como umagente de mudanças e ser um assessor técnico de produtos.De acordo Ehlers (1999), a oposição à sedimentação do padrão químico, motomecânicoe genético da agricultura moderna que surgiu nas décadas de 20 e 30impulsionou o aparecimento de “movimentos rebeldes” que valorizavam o potencialbiológico e vegetativo dos processos produtivos. Com isso, esses movimentos buscaramuma agricultura de forma não-convencional que preservasse o meio ambiente e gerassesustentabilidade as gerações futuras. Entre os movimentos surgiu a agricultura orgânica,que é um sistema de produção comprometido com a saúde, a ética e a cidadania do serhumano (Penteado, 2003).O projeto ‘Hortas Sócio-Educativas para a Cadeia Pública do Município de<strong>Areia</strong>’, em parceria com a Prefeitura Municipal e a Comarca de <strong>Areia</strong>, tenta buscarbenefícios para os presidiários que participam desta ação. Os presidiários participantes


da ação detêm redução na suas sentenças, e assim, conseguem aumentar seusconhecimentos pelas aulas ministradas e pelo suporte técnico as atividadesdesenvolvidas dos alunos de graduação que contemplam desde a marcação da área, dopreparo de canteiros, do plantio e dos tratos culturais de hortaliças.Tendo em vista a intencionalidade social da ação extensionista, o objetivo dotrabalho foi desenvolver atividades sócio-educativas com detentos na cadeia pública de<strong>Areia</strong> motivando a produção de hortaliças orgânicas para o consumo dos mesmos.MATERIAL E MÉTODOSO projeto foi instalado no município de <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong> e a implantação da horta foirealizada na área externa da Cadeia Pública Municipal. Para isso, foi convocada umareunião com representantes da Prefeitura Municipal de <strong>Areia</strong>, o Juiz de Direito daComarca de <strong>Areia</strong> e a equipe do projeto.A proposta do projeto foi dialogada com os representantes das entidadesparceiras, sendo demonstradas as vantagens e a importância da produção coletiva dehortaliças pelos detentos. Solicitou-se, então, ao diretor da Cadeia Pública a seleção depossíveis detentos que tivessem o perfil adequado para a participação do projeto. Foramselecionados três detentos aptos a participarem do trabalho.Após a seleção, foi realizada por meio de encontros práticos na própria cadeiapública, a capacitação técnica dos detentos. Os indicadores que levaram aoestabelecimento da área a ser trabalhada, foram principalmente a ocupação de uma áreaque embora apresentasse solo de boa fertilidade e disponibilidade de água, encontravaseimprodutiva.A definição sobre quais culturas a serem implantadas foi previamenteestabelecida pela equipe do projeto. Foram selecionadas as seguintes culturas: alface,coentro, cebolinha, cenoura, rabanete, couve, pimentão e quiabo. Os materiais utilizadosforam, respectivamente, pá, enxada, enxadeco, carro-de-mão, regadores e baldes. Oscanteiros foram dimensionados em 1,0 x 3,0m e 1,0 x 2,0m conforme a disponibilidadede terreno.Inicialmente priorizou-se a limpeza do terreno, onde os restos culturais foramarmazenados para fins de compostagem. Em seguida, os canteiros e as sementeirasforam demarcados com piquetes e barbantes de sisal e construídos em degraus,seguindo a topografia acidentada do terreno, de maneira a receber insolação durante amaior parte do dia e posicionados para dificultar o escoamento superficial das águas,minimizando a ocorrência de erosão.A semeadura, o transplante das mudas, os tratos culturais diários (capinas,irrigação etc.) e a colheita foram realizados pelos detentos, com acompanhamento daequipe do projeto.


RESULTADOS E DISCUSSÃOA produção de hortaliças na Cadeia Pública do Município de <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong> melhorouas expectativas dos detentos em relação ao manejo de hortas e conservação do meioambiente. Este trabalho proporcionou a garantia da redução da pena, já que para cadatrês dias trabalhados tem-se uma redução da pena em um dia. A ação ofereceu umasaída quanto à ociosidade na estadia do cumprimento da pena na cadeia e devido àscondições de vida referentes à dieta alimentar, pode melhorar a qualidade do alimentoservido nas refeições.Em virtude da aceitação dos detentos nas ações do projeto e os resultadosobservados, há uma necessidade da continuidade do projeto por um período de tempomaior, além do estabelecido inicialmente para a execução do projeto. Este projetoproporcionou um compromisso sério da comunidade apenada de seguir com a proposta.Condicionou os detentos a pensarem e refletirem sobre aspectos em respeito àcidadania, a preservação do meio ambiente e a segurança alimentar na produção dehortaliças orgânicas.O projeto proporcionou melhoria na vida dos detentos. Este trabalho garantiu aredução da pena, ofereceu uma melhora na qualidade na estadia do cumprimento dapena na cadeia dos detentos quanto à ociosidade de tempo e devido às condiçõesreferentes à dieta alimentar, pode melhorar a qualidade do alimento servido nasrefeições.REFERÊNCIASALMEIDA, J.A. Pesquisa em extensão rural: uma manual de metodologia. Brasília:MEC/ABEAS, 1989. 182p.CASTRO, C.E.P.; BULISANI, E.A.; PETTAN, K.B.; GARBONELL, S.A.M.; MAIA,M.S.D. Pontes para o futuro. CONSEP. Campinas, 2005. 149p.EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2.ed. Guaíba: Agropecuária, 1999. 157p.PENTEADO, S.R. Introdução à agricultura. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. 235p.UPNMOOR, M.S.I. Agricultura orgânica: produção vegetal. Guaíba: Agropecuária,2003. 62p.


PRODUÇÃO DE PLÂNTULAS DE GIRASSOL (Helianthus annuusL.) IRRIGADAS COM ÁGUA RESIDUÁRIALeandro Oliveira de Andrade 1 ; Reginaldo Gomes Nobre 2 ; Frederico Antonio LoureiroSoares 2 ; Hans Raj Gheyi 3 ; Elka Costa Santos Nascimento 4 ; Geórgia Roberta Gomes deFigueiredo 51 Doutorando em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG. E-mail: leandro.ufcg@hotmail.com;2 Doutor em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG;3 Professor, Doutor/UAEAg/CTRN/UFCG;4 Graduanda em Eng. Agrícola e Ambiental, UFCG;5 Graduanda em Agronomi, UF<strong>PB</strong>.INTRODUÇÃOO girassol (Helianthus annuus L.), pertencente à família Asteraceae, é umaoleaginosa que apresenta características agronômicas importantes, como maiorresistência à seca, ao frio e ao calor que a maioria das espécies normalmente cultivadasno Brasil (Leite et al., 2007).Conforme Ayers & Westcot (1999) em todo o mundo vem aumentando anecessidade de se utilizar irrigação com água de qualidade inferior na agricultura, o quetorna o uso de águas residuais uma fonte imperdível para a expansão das áreas irrigadas,em geral.Em regiões áridas e semi-áridas, a água se tornou um fator limitante para odesenvolvimento urbano, industrial e agrícola. Pesquisadores e entidades gestoras derecursos hídricos procuram, continuadamente, novas fontes de recursos paracomplementar disponibilidade hídrica ainda disponível. Nestas regiões, onde adisponibilidade limitada de água constitui obstáculo importante ao desenvolvimento, éinevitável que exista crescente tendência para o reuso planejado de águas na agricultura,como forma de dinamizar a produção pelo uso de novas técnicas e recursos (LucasFilho et al., 2002).Realizou-se então este trabalho objetivando avaliar a utilização de águasresiduárias de origem urbana na germinação de sementes e no vigor de plântulas degirassol cultivar EMBRAPA 122 – V2000.METODOLOGIAO experimento foi conduzido em instalações não protegidas pertencentes à<strong>Universidade</strong> Federal de Campina Grande, no período de 04-09-<strong>2008</strong> a 14-09-<strong>2008</strong>. Emtubetes plásticos, capacidade de 285 mL, preenchidos com uma mistura composta por50% de substrato comercial e 50% de material de solo tipo franco argiloso, plantou-sesemente de girassol da variedade EMBRAPA 122 – V2000. A semeadura foi realizada,utilizando-se uma semente por tubete, na profundidade de 5 cm.72


Usou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com dozerepetições, e avaliou-se o efeito de dois tipos de água (água de abastecimento – AA eágua residuária – AR, proveniente do córrego de Monte Santo que corta a áreaexperimental, totalizando 24 parcelas, sendo cada constituída por dois tubetes, num totalde 48 unidades experimentais. Os resultados obtidos foram submetidos à análise devariância e as águas comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.Todos os tubetes foram previamente levados à capacidade de campo com a águado respectivo tratamento, antes da semeadura, e a partir daí as irrigações foi feitas, duasvezes ao dia, no início da manhã e no final da tarde, para que os tubetes permanecessemem capacidade de campo.Aos 15 dias após a semeadura (DAS), avaliou-se a percentagem de germinação, oíndice de velocidade de emergência, números de dias para germinar, altura de plântulas,número de folhas, diâmetro do caule e comprimento de raiz. Ainda procedeu-se aavaliação da fitomassa fresca da parte aérea, de raiz e total, fitomassa seca da parteaérea, de raiz e total e a relação raiz parte aérea.RESULTADOS E DISCUSSÃOA germinação em todos os tratamentos foi de 100% o que indica a boa qualidadedas sementes utilizadas.Houve efeito significativo (p < 0,01) entre os tipos de águas para as variáveis:número de folhas (NF), diâmetro de caule (DC) e comprimento de raiz (CR), onde o NFe DC das plântulas irrigadas com água residuária (AR) foram superiores ao dasplântulasirrigadas com água de abastecimento (AA) em 19,04 e 12,45%,respectivamente (Tabela 1). Lucas Filho et al. (2002), trabalhando também com acultura do girassol observaram DC superior para as plantas do tratamento de irrigaçãoutilizando esgoto tratado quando comparado ao uso água de poço e adição de nutrientes.Augusto et al. (2003), trabalhando com mudas florestais de copaíba irrigadas com águade abastecimento com adição de fertilizantes minerais e água residuária de esgoto,observaram uma ausência de efeito significativo para a variável DC porém comtendências de plantas de diâmetros superiores no tratamento de água residuária.As médias relativas à variável comprimento de raiz (CR) foi maior no tratamentoAA , superando o tratamento AR em 9,79% (Tabela 1). Uma probabilidade a serconsiderada é da salinidade mais alta da água residuária, comparada à água deabastecimento local, ter dificultado o crescimento e desenvolvimento radicular.Filho et al. (2002) não observaram qualquer efeito entre os tratamentos de água deesgoto tratado e água de poço, na cultura do girassol, posto que a emergência foisimultaneamente em ambos os tratamentos, conforme ocorreu também nesteexperimento.Com base na análise de variância (Tabela 2), verifica-se efeito significativo dostratamentos para as variáveis fitomassa fresca e seca da parte aérea, fitomassa seca deraiz e relação raiz/parte aérea. Observa-se que as plântulas irrigadas com água residuáriativeram uma FFPA e FSPA superior as irrigadas com água de abastecimento em 50,67 e17,49%, respectivamente (Tabela 2). Segundo Lucas Filho et al. (2002) a maiordisponibilidade de nutrientes no solo, devido à utilização de águas residuárias, pode73


levar a um melhor desenvolvimento da planta, com maior produção de matéria seca. E,desde que o teor dos diferentes nutrientes disponíveis no solo esteja equilibrado emfunção das necessidades da planta, a maior produção de matéria seca poderá conduzir àmaior produtividade. Alguns autores estudando o efeito de águas residuárias sobre aprodução de fitomassa da parte aérea em alface (Souza et al., 2003) e gergelim (Souzaet al., 2002) obtiveram também incremento da massa foliar quando comparada àsplantas irrigadas por água não residuárias.QuantoàFSR(Tabela 2) observa-se que as plântulas submetidas a irrigação com água deabastecimento foram 1,66% superiores as da água residuária. Com base nos resultadosque as plantas quando irrigadas com água residuária tenderam a investir mais naformação da massa da parte aérea.As plântulas submetidas ao tratamento de água de abastecimento apresentaramrelação R/PA 10,44% superior às irrigadas com água residuária. Este fato pode,provavelmente, ser explicado pelo fato das plântulas irrigadas com água residuáriaterem oportunidade de absorver mais nutrientes, provenientes da água, e comoconseqüência mostrar resultado de um maior desenvolvimento da parte aérea.Diferentemente, Augusto et al. (2007) realizando estudos com Eucalyptus grandis Hill.submetido a águas residuárias provenientes de um sistema biológico de tratamento deesgotos domésticos, verificaram que a relação R/PA foi favorecida no tratamento comágua residuária.CONCLUSÕESA germinação de sementes de girassol não é afetada pela irrigação com águaresiduária de origem doméstica.As plântulas irrigadas com água residuária apresentaram vigor e crescimento inicialmaiores.A parte aérea das plântulas de girassol foi favorecida pelo uso de água residuária.O suprimento de água e nutrientes para a cultura do girassol na fase inicial pode serrealizado por meio da utilização de água residuária não tratada.REFERÊNCIASAYERS, R. S.; WESTCOT, D. W. (trad.) A qualidade da água na agricultura. CampinaGrande: UF<strong>PB</strong>, 1999, 218p. (Estudos FAO Irrigação e Drenagem, 29 revisado).AUGUSTO, D. C. C.; GUERRINI, I. A.; ENGEL, V. L.; ROUSSEAU, G. X.Utilização de águas residuárias de esgotos domésticos tratados através de um sistemabiológico na produção de plântulasde Croton floribundus Spreng. (capixingui) eCopaifera langsdorffii Desf. (copaíba). Revista. Árvore. Viçosa, MG, v.27, n.3, p.335-342, 2003.74


AUGUSTO, D. C. C.; GUERRINI, I. A.; ENGEL, V. L.; ROUSSEAU, G. X.Utilização de águas residuárias provenientes do tratamento biológico de esgotosdomésticos na produção de plântulasde Eucalyptus grandis Hill. Ex. Maiden. Revista.Árvore. Viçosa, MG, v.31, n.4, p.745-751, 2007.LEITE, R. M. V. B. C.; CASTRO, C.; BRIGHENTI, A. M.; OLIVEIRA, F. A.;CARVALHO, C. G. P.; OLIVEIRA, A. C. B. Indicações para o cultivo de girassol nosEstados do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás eRoraima. Comunicado Técnico 78. Fev. Londrina, PR. 2007. 4p.LUCAS FILHO, M.; PEREIRA, M. G.; SILVA, D. A.; ANDRADE NETO, C. O.; MELO,H. N. de S.; SILVA, G. B. Águas residuárias – alternativa de reuso na cultura do girassol(Helianthus annuus L.). In. SIMPÓSIO ÍTALO BRASILEIRO DE ENGENHARIASANITÁRIA E AMBIENTAL, 6, 2002. Vitória, ES. Anais. V.1. 7p.RODGERS, C. S.; ANDERSON, R. C. Plant growth inhibition by soluble salts insewage sludge-amended mine spoils. Journal Environmental Quality, Madison, v.24,p.627-630, 1995.SOUZA, J. T.; DANTAS, J. P.; LIMA, S. M. S.; CEBALLO, B. S. O.; FIGUEREDO,A. M. F. Tratamento e utilização de esgotos sanitários na irrigação da cultura da alface(Lactuca sativa L.). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIASANITÁRIA E AMBIENTAL, 22, 2003. Joinville - Santa Catarina. Anais. 7p.SOUSA, J. T. de; DANTAS, J. P; FIDELES FILHO, LEITE, V. D; HENRIQUE I. N.Desempenho da cultura do gergelim irrigado com esgotos sanitários tratados. In:SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL.<strong>Universidade</strong> do Minho, Braga, 2002, Braga, Portugal, 2002. Anais. p.1-8.Tabela 01. Resumos da análise de variância para as variáveis índice de velocidade deemergência (IVE), número de dias para germinar (NDG), altura de plântula (AP), número defolhas (NF), diâmetro de caule (DC) e comprimento de raiz (CR). (Summary of analysis ofvariance of emergence speed rate (ESR), number of days to germinate (NDG), seedling height(SH), number of leaves (NL), stem diameter (SD) and root length (RL).)Fonte de VariaçãoGLQuadrados médioIVE NDG AP 1 NF DC CRTratamento 1 0,007 ns 0,727 ns 0,055 ns 11,636** 1,173** 30,022**Resíduo 20 0,003 0,680 0,109 0,309 0,179 4,521CV 16,53 12,51 12,53 8,05 12,16 9,37ÁguaMédiasAbastecimento (AA) 0,324a 6,409a 2,590a 6,182a 3,248a 23,864bResiduária (AR) 0,289a 6,773a 2,690a 7,636b 3,710b 21,527adms 0,045 0,733 0,294 0,0495 0,376 1,891( ** ) Efeito significativo a p


Tabela 02. Resumos da análise de variância para as variáveis fitomassa fresca de parte aérea(FFPA), fitomassa fresca de raiz (FFR), fitomassa fresca total (FFT), fitomassa seca da parteaérea (FSPA), fitomassa seca de raiz (FSR), fitomassa seca total (FST) e relação raiz/ parteaérea (R/PA). (Summary of analysis of variance of fresh weight of aerial part (FWAP) and rootpart (FWRP), total fresh weight (TFW), dry weight of aerial part (DWAP) and root part(DWRP), total dry weight (TDW) and root/ aerialpart relation (RAPR).)Fonte de Variação GLQuadrados médiosFFPA FFR 1 FFT FSPA 1 FSR 2 FSAA R/PA 1Tratamento 1 7,932 ** 0,106 ns 3,401 ns 0,030 ** 0,002 ** 0,005 ns 0,073 **Resíduo 20 0,251 0,042 0,832 0,004 0,001 0,005 0,004CV 16,85 15,50 19,22 12,99 1,48 13,38 5,18ÁguaMédias (g)Abastecimento 2,370b 1,385a 4,352a 0,423b 1,043a 0,515a 1,217a(AA)Residuária (AR) 3,571a 1,247a 5,138a 0,497a 1,026b 0,546a 1,102bdms 0,445 0,181 0,811 0,053 0,014 0,063 0,053( ** ) Efeito significativo a p


PROGRAMA DE RÁDIO “UNIVERSIDADE VIVA”: UMAPROPOSTA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIAFrancisco das Chagas de Lima Gomes 11 Geógrafo, Mestre em Manejo de solo e água, Professor adjunto DSER/<strong>CCA</strong>/<strong>Universidade</strong> Federal daParaíba – E-mail: chagaslgomes@ cca. Ufpb. BrRESUMO: Tendo em vista a necessidade de se estimular , promover e fazer com que asinformações do <strong>CCA</strong> fossem disseminadas aos habitantes do município de <strong>Areia</strong> e seuentorno, e ciente que o rádio é uma ferramenta que promove a informação, com grandepoder de fortalecimento de culturas locais realizamos através deste meio decomunicação como forma de ação, e na vivência harmoniosa entre os fatos técnicos ecientíficos e o saber popular procuramos diminuir a distância entre a UF<strong>PB</strong> e apopulação da região. O trabalho utiliza a rádio Jardim AM para as transmissões doprograma, de forma semanal, para que o habitante do meio rural e urbano da região semantenha bem informado das noticias agropecuárias .No conteúdo do roteiro doprograma são destaques temas relacionados com notícias, e informes do <strong>CCA</strong>, agendarural, cotação dos produtos agrícolas, meio ambiente, previsão do tempo, além deentrevistas, relacionadas com informações técnicas e inovações tecnológicas, bem comoos produtos e serviços prestados e/ou disponíveis no <strong>CCA</strong> e na UF<strong>PB</strong>. Na avaliação darepercussão da audiência do programa, a pesquisa mostrou que o número de pessoas queescutam rádio é bastante significativo (83%). No que diz respeito ao programa preferidopelos entrevistados, o estilo musical (67%) é o preferido, e com relação à aceitação doconteúdo do programa <strong>Universidade</strong> viva, 63% estão satisfeitos, já na estrutura doprograma os quadros que tem maior importância é a previsão do tempo (43%), e asnotícias (34%).Palavras-chave: Programa de rádio, Rádio Jardim AM, Informação.INTRODUÇÃOA promoção da difusão da comunicação rural e a pratica da extensão rural, é osomatório das ações de modelos difusionistas, que enfrentam serias dificuldades naimplantação de mudanças na concepção de modernidade da agricultura na organizaçãodos movimentos sociais. Tal concepção é baseada Na persuasão com a intenção de levaroutras pessoas a adotarem o ponto de vista de quem fala, ou seja, tentar mudar a condutado indivíduo. Não leva em conta que os conhecimentos, os valores, os comportamentos,as idéias e os conceitos são fruto das experiências adquiridas pelo homem na sua açãosobre a natureza e sobre a sua realidade física e social (Friedrich, 1988).Sabemos que o rádio é um dos meios de comunicação de grande disseminaçãoentre as camadas mais populares, porém de alcance limitado, mas que ainda é


considerado uma das forças motriz da comunicação. Evandro Nóbrega (1975) mostraque a UF<strong>PB</strong> vem se conscientizando, da importância e da utilidade da Informaçãoligada ao Conhecimento.Na busca de consolidar e estabelecer que as informações adquiridas no Centrode Ciências Agrárias sejam disseminadas aos habitantes dos municípios da região de<strong>Areia</strong> e seu entorno, o programa <strong>Universidade</strong> viva concretizou assim, o objetivo para oqual a nossa Instituição foi criada. Vasquez (1977), afirma que o conhecimento só existena prática, e o conhecimento de objetos, de uma realidade que já perdeu, ou está em viasde perder, a sua existência imediata, para ser uma realidade mediada pelo homem.MATERIAL E MÉTODOSNa sua versão atual, o programa é levado ao ar uma vez por semana na RádioJardim AM de <strong>Areia</strong>, na sintonia de 1.550 kHz, no horário de 17h00min as 18h00minhoras todas as quintas-feiras com duração de uma hora, constando da abertura, noticiaagropecuária da semana e informes do <strong>CCA</strong>, dicas e informações gerais e do campo,agenda rural, cotação dos produtos agrícolas, reportagens especiais e momento eco, eentrevistas, relacionadas com informações técnicas, e previsão do tempo. A edição doroteiro e apresentação do programa <strong>Universidade</strong> viva ficam cargo do ProfessorCoordenador e Orientador do projeto, e do aluno bolsista, e colaboradores do<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>, alunos dos cursos e Agronomia e Zootecnia da UF<strong>PB</strong>.Para a busca de informações são utilizadas: Internet (web), UF<strong>PB</strong>/<strong>Areia</strong>, Jornaisdiários, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Prefeituras e secretarias municipais,Emater-Pb, Empasa-<strong>PB</strong>, Emepa-<strong>PB</strong>, Senar-<strong>PB</strong>, Sebrae-<strong>PB</strong>, Conab, Agrolink, MAPA,CNA, IBGE, revistas agrícolas mensais, boletins meteorológicos.Na primeira versão, o programa <strong>Universidade</strong> viva foi levado ao ar no ano de2007, a estrutura do programa na sua concepção de apresentação, foi baseada emnoticias, dica de plantio, previsão do tempo, entrevistas, e participação do ouvinte portelefone, carta e e-mail, agenda rural. O horário de vinculação foi das 17h00 minutos as18h00 minutos, transmitidos nas quartas-feiras. O mesmo teve inicio no dia 01 deagosto e término em 19 de dezembro de 2007, perfazendo um total de 21 programas.RESULTADOS E DISCUSSÃOTendo a necessidade de analisar a repercussão das informações agropecuárias,identificou os fatores positivos e negativos no decorrer das informações sobre dadosrelacionados aos horários e dias da semana de transmissão do programa; estrutura doprograma; conteúdo das informações. Nos resultados obtidos pela pesquisa o númerode pessoas que escutam rádio é bastante significativo (83%).No que diz respeito ao programa preferido pelos entrevistados, o estilo musical éo preferido(67%), e com relação a estrutura do programa <strong>Universidade</strong> viva, 63% estãosatisfeitos, e o quadro do programa que tem maior importância na estrutura é a previsãodo tempo(43%), e as notícias(34%).


Observa-se no mapa do Estado da Paraíba (figura 01) que de acordo comconteúdo do projeto que visou atingir principalmente a população rural e urbana domunicípio de <strong>Areia</strong> e municípios vizinhos. Segundo o censo do IBGE (2007), apopulação do município de <strong>Areia</strong> é de 24.992 habitantes. Considerando, de formapessimista, que 10% desta população tenhamos escutado a rádio Jardim AM, no horáriodo programa tivemos um público de aproximadamente 2.499 pessoas, somando-se aestas tivemos ainda, em função da posição geográfica e a altitude do município,algumas outras tantas milhares de pessoas a mais das cidades circunvizinhas; além dopúblico universitário, do Centro de Ciências Agrárias, e estudantes do cursinhocomunitário.A partir destas observações levanta o questionamento da necessidade dedesenvolver atividades de comunicação rural na região do agreste paraibano, e cientede que a comunicação é uma forma de se alavancar a conquista e a promoção dainformação, acreditamos poder através desta forma de ação, impulsionar uma vivênciaharmoniosa entre os fatos técnicos e científicos juntando-se ao saber popular,diminuindo a distância entre atores e o meio rural, favorecendo um maior intercâmbioentre o público jovem e o antigo, o saber popular e o científico.O programa de rádio <strong>Universidade</strong> viva, possibilita estimular, dinamizar e fazercom que as informações adquiridas nas diversas instituições que compõe o setor ruralno estado, possam ser disseminadas aos paraibanos localizados no agreste paraibanoonde o sinal da rádio Jardim AM alcançar, principalmente ao homem do campo,fazendo uma comunicação presente nos cantos e recantos do dessa mesorregiãoparaibanas, concretizando assim, o fortalecimento deste setor.A transmissão das informações, de forma semanal, para que o homem do campoe o meio rural possam se mantiver situado e informado sobre as notícias que foramdestaque durante a semana, das novidades no campo, agenda rural, troca de informaçõescom técnicos no que diz respeito às inovações tecnológicas, despertar no público jovem


o interesse pelas ciências agrárias, bem como pelos produtos e serviços prestados aeconomia rural, promover o resgate do saber popular comparando-o ao científico,promover uma maior integração entre diversas instituições e as comunidades, emsíntese, mostrar a importância deste setor para a população.Os meios de comunicação desempenham papel fundamental na sociedadecontemporânea, pela sua indiscutível influência sobre os diversos segmentos dapopulação. O impacto do rádio como veículo de comunicação além do interesse políticoem sua utilização reiteram o seu potencial e a sua influência.Partindo desse pressuposto de que o alcance da radio Jardim AM 1550 kHzsituada na cidade de <strong>Areia</strong>, chega a quase a todas as cidades das mesorregião do agreste.E que agricultura ainda constitui a principal atividade econômica do Estado, mesmodiante de baixa produtividade, não abastecendo ao consumo interno em sua totalidade,tendo como causas variam praticas inadequada falta de políticas publica relacionada aosetor agrícola, como também perdas advindas de fenômenos naturais. E em meio a tudoisso ocorre o processo de reordena mento agrário, um amparo maior por parte dasorganizações sociais, maior ênfase do governo e maior demanda de produtos pormercados vem impulsionando o crescimento da agricultura em algumas mesorregiõesdo Estado.CONCLUSÃOO programa de rádio <strong>Universidade</strong> viva favorece na divulgação das atividadeseducativas ligadas ao meio ao científico, comparando-o com o saber popular, epromovendo a integração da comunidade universitária do <strong>CCA</strong> com a população dacidade de <strong>Areia</strong>, além de mostrar a importância da <strong>Universidade</strong> como fomentadoracontínua do conhecimento e do desenvolvimento da população local.REFERÊNCIASBRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Cidades. Disponível em:


VASQUEZ, Adolfo Sánchez. Filosofia da Práxis. Tradução de Luiz Fernando Cardoso,2ª. Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977.


PROPAGAÇÃO IN VITRO DE VIOLETA AFRICANA (Saintpauliaionatha Wendl) EM DIFERENTES AMBIENTES ECONCENTRAÇÕES DE SACAROSEPollyanna Freire Montenegro Agra 1 ; Núbia Pereira da Costa 2 ; Juliana Pereira deCastro 1 ; Klerton Rodrigues Forte Xavier 1 ; Américo Perazzo Neto 3 ; Leonaldo Alves deAndrade 11 Programa de Pós-graduação em Agronomia, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, Brasil(polly_montenegro@hotmail.com);2 Bolsista FAPESQ/ CNPq, DF, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; 3 Prof. DF, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>;RESUMO: A sacarose é utilizada pelos microrganismos como fonte de energia paraseu desenvolvimento e como constituinte celular. Para a maioria das bactérias, atemperatura e a atmosfera de incubação são os principais fatores físicos que devemmerecer cuidado no estabelecimento das condições ótimas de crescimento in vitro. Como presente trabalho objetivou-se testar formas alternativas das condições de cultivo invitro da violeta africana (Saintpaulia ionatha Wendl), como também avaliar o efeito dediferentes concentrações de sacarose na contaminação in vitro, como forma de reduziros custos na produção de mudas obtidas por micropropagação. Para tanto folhas destaespécie foram desinfestadas e cultivadas em meio MS suplementado com 0,5 mg.L -1 deBAP (6-Benzilaminopurina), 7 g.L -1 de Agar e sacarose nas concentrações 0,0; 10,0 e20 mg.L -1 . Após inoculação os tubos contendo os explantes, foram postos nos diferentesambientes: 1- sala com luz artificial e temperatura controlada; 2- sala com luz artificial etemperatura ambiente; 3- sala com luz natural e temperatura ambiente e 4- telado. Odelineamento experimental foi inteiramente casualizado, em fatorial 4x3 (quatroambientes de cultivo e três concentrações de sacarose) com cinco repetiçõesprovenientes da média de 10 tubos. A menor contaminação de explantes, 6%, foiverificada na concentração 0,0 mg.L -1 de sacarose no ambiente sala com luz natural etemperatura ambiente, e a maior contaminação ocorreu na mesma concentração desacarose e no ambiente telado com 44%. Nas concentrações utilizadas, a sacarose não semostrou estatísticamente eficiente no controle da contaminação in vitro de explantes deSaintpaulia ionatha.Palavras-chave: Propagação Vegetativa , Sacarose e Violeta AfricanaINTRODUÇÃOA violeta africana (Saintpaulia ionatha) é uma espécie florífera perene, dafamília Gesneriaceae, que engloba 125 gêneros e mais de 2000 espécies conhecidas(TOMBOLATO, 1993). É uma espécie originária das montanhas de Usambra, naÁfrica, considerada herbácea, com folhas ovais, de coloração verde-escura e texturaaveludada com flores de diversas cores. É considerada uma das mais populares floresenvasadas para interior (FRÁGUAS et al., 2002).82


Para a propagação da violeta, a estaquia é tradicionalmente o método maisusado, pela facilidade de realização e de enraizamento das folhas. É iniciado pelaretirada do limbo foliar de plantas matrizes em boas condições de sanidade edesenvolvimento, conservadas em estufa ou túnel plástico (TOMBOLATO, 1993).Segundo Bianchine e Pantano (1991) a propagação da violeta é feita através da divisãode touceiras velhas, estaquia de folhas, utilizando areia úmida como substrato.A propagação in vitro é realizada com sucesso utilizando explantes do limbofoliar, pecíolos, pétalas e anteras. A qualidade da muda produzida nesse processo émuito superior à propagação tradicional. Enquanto na forma tradicional podem serobtidas quatro mudas a partir de uma folha num período de cinco meses, na cultura detecidos está em torno de 200 mudas, para qualquer cultivar (TOMBOLATO, 1993).A qualidade da muda produzida in vitro é visivelmente muito superior uma vezque as plantas possuem uma coloração mais acentuada, com um brilho intenso e comum melhor desenvolvimento da roseta (TOMBOLATO e COSTA, 1998). O processo dedesenvolvimento in vitro para essa cultura já está bem definido não existindo inclusive,dificuldade na etapa de aclimatização, que é a etapa em que as plantas passam para acondição “ex vitro” no vaso de cultivo. As técnicas de cultivo in vitro são utilizadasapenas por grandes empresas produtoras de flores, ficando o pequeno produtor longedas tecnologias, devido principalmente aos custos de produção das mudas produzidaspor esse método.Existe atualmente uma tendência em desmistificar a cultura de tecidos tornado-auma tecnologia mais acessível. Neste sentido, alguns estudos vêm sendo desenvolvidoscom espécies ornamentais como em orquídeas do gênero Cattleya, onde Dignart et al(2005) compararam o cultivo in vitro em condições de sala de crescimento e casa devegetação e concluíram que existem alternativas para o cultivo de orquídeas dessaespécie de forma menos onerosa e que garante a produtividade obtida em sistemasconvencionais de cultivo.Com o presente trabalho objetivou-se testar formas alternativas das condições decultivo in vitro da violeta africana (Saintpaulia ionatha Wendl), como também avaliar oefeito de diferentes concentrações de sacarose na contaminação in vitro, como forma dereduzir os custos na produção de mudas obtidas por micropropagação.MATERIAL E MÉTODOSOs experimentos foram conduzidos junto ao Laboratório de Biotecnologia doCentro de Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba e em telado anexo aolaboratório.Folhas de 10 plantas matrizes adultas de violeta produzidas através damicropropagação foram utilizadas como fonte de explantes e desinfestadas em álcool70% por 1 minuto e posteriormente imersas em Hipoclorito de sódio (NaHClO) a 0,5%por 20 minutos e após, foram lavadas em água estéril. Os explantes foram cultivadas emmeio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) suplementado com 0,5 mg.L -1 de BAP (6-Benzilaminopurina), 7 g.L -1 de Agar e sacarose nas concentrações 0,0; 10,0 e 20 mg.L -1 .Após inoculação os tubos contendo os explantes, foram postos nos diferentesambientes: 1- sala com luz artificial e temperatura controlada; 2- sala com luz artificial e83


temperatura ambiente; 3- sala com luz natural e temperatura ambiente e 4- telado comoilustrados na Figura 1. As avaliações foram realizadas aos 7 dias de cultivo. Odelineamento experimental foi inteiramente casualizado, em fatorial 4x3 (quatroambientes de cultivo e três concentrações de sacarose) com cinco repetiçõesprovenientes da média de 10 tubos.Os dados obtidos foram transformados, em arco seno raiz de x/100 e submetidosà análise de variância, com níveis de significância de 1% a 5%. As médias foramcomparadas pelo teste de Tukey de acordo com Ferreira (1996), utilizando o softwareestatístico (SAEG 5.0).ABCFigura 1. Ambientes de incubação: a) sala com luz artificial etemperatura controlada; b) sala com luz artificial e temperaturaambiente; c) sala com luz natural e temperatura ambiente e d)telado.DRESULTADOSOs dados referentes a contaminação de explantes de violeta aos sete dias decultivo são apresentados na Tabela 1. Verificou-se diferença estatística apenas naconcentração 0 mg.L -1 de sacarose, com menor contaminação, 6%, verificada para oambiente sala com luz natural e temperatura ambiente; a maior contaminação ocorreuno ambiente telado com 44%, não diferindo estatisticamente da contaminaçãoobservada nos ambientes: sala com luz artificial e temperatura controlada e sala com luzartificial e temperatura ambiente. Essas diferenças se devem provavelmente àsamplitudes de temperaturas observadas nos dois ambientes de cultivo (Tabela 2),favorecendo um maior desenvolvimento de fungos e bactérias nos mesmos, comotambém, a uma maior incidência de luz que provavelmente favoreceu odesenvolvimento de contaminantes que se desenvolvem melhor nessas condições.A contaminação em todos os ambientes nas concentrações de 10 mgL -1 e 20mgL -1 de sacarose não diferiram estatisticamente (Tabela 1), indicando que os diferentes84


ambientes não tem influência na contaminação quando os meios são acrescidos desacarose.TABELA 1. Contaminação em explantes de violeta africana (Saintpaulia ionatha)cultivados em diferentes ambientes e três concentrações de sacarose e avaliados aos setedias. <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>. <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, 2006.AmbientesContaminação (%)Concentrações de sacaroseSacarose 0 mgL -1 Sacarose 10mgL -1 mgL -1Sacarose 20Sala de com luz artificial temperatura controlada 24 ab 36 a 28 aSala com luz artificial e temperatura ambiente 36 a 26 a 24 aSala com luz natural temperatura ambiente 6 b 40 a 34 aTelado 44 a 44 a 42 aMédias seguidas de mesma letra na coluna não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.TABELA 2. Resumo das temperaturas de cada ambiente (mínimas, máximas e médias),no período de julho a outubro de 2006. UFBB/<strong>CCA</strong>, <strong>Areia</strong>. <strong>PB</strong>, 2006.AMBIENTE 1* AMBIENTE 2* AMBIENTE 3* AMBIENTE 4*TEMP.MÍNIM.TEMP.MÀX.TEMP.MÈDIATEMP.MÍNIM.TEMP.MÀX.TEMP.MÈDIATEMP.MÍNIM.TEMP.MÀX.TEMP.MÈDIATEMP.MÍNIM.TEMP.MÀX.TEMP.MÈDIA24,0°C 26,3°C 25,2°C 23,9°C 29,2°C 26,5°C 22,3°C 26,5°C 24,4°C 20,8°C 34,0°C 27,4°C*AMBIENTE 1= Sala iluminada com luz artificial e temperatura conbtrolada.*AMBIENTE 2= Sala iluminada com luz artificial e temperatura ambiente.*AMBIENTE 3= Sala iluminada com luz natural e temperatura ambiente.*AMBIENTE 4= Telado com cobertura plástica e sombrite 50%REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBIANCHINI, F.; PANTANO, A.C. Tudo verde, Guia de Plantas e Flores. SãoPaulo:Melhoramentos, 1991. 135 p.DIGNART S. L.; CASTRO, E. M.; BRAGA, F. T.; PASQUAL, M. Cultivo de Cattleiawalkeriana Gardn (Orcchidaceae) em casa de vegetaçao. Horticultura BrasileiraV.23, n.2, p.616, agosto 2005.FERREIRA, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 2. ed. Maceió:EDUFAL. 1996. 606p.FRÁGUAS, C. B.; PASQUAL, M.; DUTRA, L. F.; CHAGAS, E. A. Desenvolvimentoin vitro de pläntulas de bromélias: sacarose e concentrações do meio MS. RevistaCientífica Rural, Bagé, v. 7, n.2, p.55-63, 2002.MURASHIGE, T.; SKOOG, F. A revised medium for rapid grow and biossays withte bacco tissue cultures. Physiologia Plantarum, Copenhagem, v.15, p.473-97, 1962.85


TOMBOLATO, A.F.G. Cultivo comercial de violeta-africana. Campinas: IAC, 1993.TOMBOLATO, A. F. C.; COSTA, A. M. M. Micropropagação de Plantas Ornamentais.Boletim técnico 174. Campinas, IAC, 1998.86


VARIABILIDADE CROMOSSÔMICA EM ESPÉCIES DA TRIBOTIGRIDEAE (IRIDACEAE) OCORRENTES NO NORDESTE DOBRASILLânia Isis F. Alves 1 ; Marcela Tarciana C. S. Martins 1 ; Juliana Pereira de Castro 1 ; SauloA. A. Alves 1 ; Juliana Gomes de Brito 1 ; Laura M. da S. Florentino 1 ; Leonardo PessoaFelix 11 Laboratório de Citogenética Vegetal, Setor Botânica, Departamento de Fitotecnia, Centro de CiênciasAgrárias, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus III, 58.397.000, <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, Brasil. e-mail:laniaisis@yahoo.com.brResumo: Foram analisados citologicamente espécies dos gêneros Alophia, Eleutherinee Cipura, através de coloração convencional, com Giemsa, pertecentes, a triboTigrideae da subfamília Iridoideae (Iridaceae). Todas as espécies apresentaram núcleosinterfásicos semi-reticulados, com cariótipos assimétricos e bimodal. Observa-se nessasespécies a ocorrência de um ou mais raramente dois pares acrocêntricos grandes com osdemais metacentricos pequenos, exceto Eleutherine bulbosa, que tem um par maiorheteromorifico. Foram confirmadas as contagens prévias para C. paludosa (2n=14), C.xanthomelas (2n=4x=28), E. bulbosa e A. drummondii (2n=28). O registro de2n=14+1B em Alophia sp. é inédito no gênero. A poliploidia, bem como alteraçõescariotípicas estruturais, com número básico x=7, inclusive com manutenção de parescromossômicos heterozigotos que parecem influenciar positivamente na adaptabilidadedessas espécies, sendo estes os principais mecanismos envolvidos no processo deevolução cariotípica da tribo.Palavras-chave: Poliploidia , heteromorfimo e evolução cariotípica.INTRODUÇÃOA Tribo Tigredieae pertence à familia Iridaceae, sendo constituída por cerca de20 gêneros. São ervas perenes, com sistema caulinar do tipo bulbo, folhas plicadas eflores bisexuais, com muitas espécies cultivadas como ornamentais.A família Iridaceae é relativamente bem estudada em termos citológicos,principalmente as espécies do velho mundo, sendo conhecidos registros numéricos paracerca de 1330 espécies, o que corresponde a aproximadamente 75% do total de espéciesda família. Dentre estas, são conhecidos os registros de números cromossômicos paraEleutherine bulbosa (Guerra 1991), C. paludosa (Beltrão e Guerra 1990), C.xanthomlas (Goldblatt e Herinch 1987) e T. sincorona (Kenton e Heywood 1984). Osdemais trabalhos são pontuais e geralmente restritos a estudos detalhados de cariótiposem táxons citologicamente atraentes como em Gelasine azurea Herb. (Kenton e Rudall1987) e E. bulbosa (Guerra, 1991). Essa escassez de dados constitui uma lacunaimportante para o conhecimento da variação cromossômica nos representantes87


asileiros dessa família e na compreensão dos mecanismos de evolução cariotípicaocorrentes nesse grupo de plantas.O presente trabalho objetiva identificar os mecanismos de evolução cromossômicaem diferentes grupos da Tribo Tigrideae (Iridaceae) ocorrentes no Nordeste do Brasil.Para tanto, realizou-se a contagem cromossômica e a descrição do cariótipo em cincoespécies pertencentes aos gêneros Eleutherine, Cipura e Alophia. Para um melhordetalhamento do cariótipo, foram montados cariogramas para cinco espécies ecalculada suas respectivas assimetrias cariotípicas.MATERIAL E MÉTODOSTodas as espécies foram coletadas no campo de seis estados da Região Nordeste,com exsicatas incorporadas ao acervo do Herbário EAN da UF<strong>PB</strong>. Para as análisescitológicas foram utilizadas pontas de raízes pré-tratadas com 8-hidroxiquinoleína 0,2mM a 4 o C por 20 horas, fixadas em Carnoy 3:1 (etanol absoluto/ácido acético glacial)por 3-24 horas e estocados em a - 20°C no próprio fixador até posterior análise. Acontagem do número, medição e análise da morfologia cromossômica foram realizadasatravés da coloração convencional com Giemsa. As pontas de raízes foram hidrolisadasem HCl 5N à temperatura ambiente por 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45% ejuntamente com as lâminas, congeladas em nitrogênio líquido para remoção dalamínula, secas ao ar, coradas Giemsa 2% e montadas em Entellan (Guerra & Souza,2002). As melhores células foram fotografadas em câmera digital Olympus D-540adaptada a um microscópio Olympus CX40.Todas as medições foram realizadas com o auxílio do programa Image Tool(Donald et al., 2007). A assimetria cariotípica foi avaliada de acordo com classificaçãode Stebbins (1971).RESULTADOS E DISCUSSÃOTodas as espécies desta tribo apresentam bimodalidade acentuada, cariótipoclaramente assimétrico, com cromossomos meta a submetacêntricos, e poucosacrocêntricos. Em Alophia drummondii observou-se 2n=28, com um a dois satéliteslocalizados nos terminais de um dos pares acrocêntricos maiores (Fig. 1a). Nessaespécie não foi possível a visualização dos centrômeros, principalmente noscromossomos menores. A outra espécie estudada, Alophia sp., apresentou com2n=14+1B (Fig. 1b), e cromossomos medindo 5.61 a 1.97 m e fórmula cariotipia(10M+4SM)+1B (Fig. 2A), com um par de satélites distendidos localizado no paracrocêntrico grande, sendo essa espécie incluída na categoria 3c de Stebbins . Ocromossomo supranumerário foi de menor tamanho e claramente heteropicnótico emrelação aos demais cromossomos do complemento.Essas diferenças cariotípicas entre populações tão disjuntas de A. drumondiisugere que, além da poliploidia, alterações cariotípicas estruturais estão envolvidas noprocesso de evolução cariotípica desse táxon. A presença de um par cromossômicomuito pequeno no cariótipo da população cearense de A. drumondii sugere quealterações estruturais com redução na quantidade de DNA neste par cromossômico88


poderão está em curso na evolução cariotípica desta espécie. Nosso registro de2n=14+1B para Alophia sp. confirma o número básico x=7 para o gênero, também éobservado em outros gêneros da tribo Tigrideae (Goldblatt e Takei 1997).Para Cipura paludosa, observou-se um cariótipo com 2n=14, medindo 9.48 a2.21 µm (Fig. 1c) e fórmula cariotípica 6M+8SM, com dois satélites localizados nomenor par submetacêntrico, onde foi observado em todas as populações desta espécieheteromorfismo para os pares I e II, devido a uma diferença no tamanho dos braçoslongos (Fig. 2C). Este cariótipo foi considerado assimétrico e incluído na categoria 3cde Stebbins. Já C. xanthomelas, apresentou cariótipo tetraplóide com 2n=4x=28,cromossomos meta e submetacêntricos, medindo 6.02 a 2.64 m (Fig. 1d), sem satélitesclaramente visíveis. Eleutherine bulbosa apresentou 2n=12 (Fig. 1e) e cariótipoformado por 11M+1A devido à ocorrência de heteromorfismo para o par maiorformado por um cromossomo metacêntrico e outro acrocêntrico. A espécie apresentoucromossomos medindo 6.80 a 1.36 µm, sendo incluída na categoria 3c de Stebbins. Aocorrência de alterações estruturais no cariótipo de E. bulbosa suporta a hipótese de quecariótipos mais simétricos seriam primitivos (Stebbins 1971).89


REFERENCIA BIBLIOGRÁFICASBELTRÃO, G. T. A.; GUERRA, M. (Citogenética de angiospermas coletadas emPernambuco - III. Ciência e Cultura. São Paulo. 839-845, 1990.DONALD, C.; BRENT, D. S.; MCDAVID, W. D.; GREER, D. B. UTHSCSAImageTool (IT) - Version 3.0 . Acessadoem 24 de jul. de 2007.GOLDBLATT P., HENRICH J. E. Notes on Cipura (Iridaceae) in South and CentralAmerica, and a new species from Venezuela. Ann. Missouri Bot. Gard. 74: 333–340,1987.GOLDBLATT, P.; TAKEI, M. Chromosome Cytology of Iridaceae: Patterns ofvariation, determination of ancestral base numbers, and modes of karyotype change.Ann. Missouri Bot. Gard. 84:285-304, 1997.GUERRA, M. Cis-acting regulation of the NOR cistrons in Eleutherine bulbosa(Iridaceae). Gênica 83:235-241, 1991.GUERRA M.; SOUZA M. J. Como Observar os Cromossomos: Um Guia de Técnicasem Citogenética Vegetal, Animal e Humana. FUNPEC, São Paulo, pp.23-38, 2002.KENTON, A.; HEYWOOD, C. A. Cytological studies in South American Iridaceae.Pl. Syst. Evol. 146: 87-104, 1984.KENTON, A.; RUDALL, P. An Unusual Case of Complex-heterozygosity in Gelasineazurea (Iridaceae), and ITS Implications for Reproductive Biology. Evololutionarytrends in Plants. 1:95-103, 1987.STEBBINS, G. L. Chromosomal evolution in higher plants. In: Stebbins G. L. (eds.)Chromosome Changes, Genetic Recombination, and Speciation. Edward Arnold(Publishers) Ltd.,London, UK, pp.73-122, 1971.90


VARIABILIDADE CROMOSSÔMICA NUMÉRICA EM CINCOESPÉCIES DO GÊNERO Epidendrum L. (ORCHIDACEAE:EPIDENDROIDEAE)Felipe Nollet Medeiros de Assis 1 ; Juliana Pereira de Castro 1 ; Lânia Isis Ferreira deCastro 1 ; Bruno César Querino de Souza 1 ; Saulo Antônio Alves de Lima 1 ; Diego Batistade Oliveira Abreu 11 Laboratório de Citogenética Vegetal, Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>, Paraíba, Brasil. E-mail:nollet_4@hotmail.comRESUMO: Epidendrum L. é um dos maiores e mais variáveis gêneros da famíliaOrchidaceae, cujas espécies são apreciadas pelo seu valor ornamental e potencial parahibridização. Através de técnicas convencionais de citogenética, foram realizadascontagem e caracterização cromossômica de cinco espécies do gênero. Epidendrumpaniculatum E. viviparum e E. difforme apresentaram 2n = 40 cromossomos, E.secundum apresentou 2n = ca. 86 e E. denticulatum, 2n = 38. Constata-se que aevolução cromossômica neste grupo envolveu diferentes eventos de poliploidia,aneuploidia e disploidia ascendente e descendente, e consequentemente imprimiu emalguns grupos uma alta variabilidade cromossômica estrutural e numérica, como ocomplexo E. secundum, que aliada à grande diversidade morfológica vem dificultando oentendimento de seu posicionamento taxonômico, bem como de suas relaçõesfilogenéticas.Palavras-chave: Epidendrum, Citogenética e Citotaxonomia,INTRODUÇÃOEpidendrum é um dos maiores gêneros neotropicais da família Orchidaceae, comcerca de 1500 espécies (Pinheiro e Barros, 2007, Chase et al, 2003). É um dos gênerosmais variáveis, apresentando diversas dúvidas quanto ao seu posicionamentotaxonômico e delimitação de suas espécies. Possui alto valor horticultural, sendo muitoutilizado na produção de híbridos em um tradicional, crescente e promissor mercado deplantas ornamentais. Caracteriza-se, dentre outras coisas, por apresentar caulescilíndricos, raramente pseudobulbosos, folhas geralmente dísticas, inflorescênciasvariáveis, flores ressupinadas ou não, labelo fundido com a base da coluna e antera comduas ou quatro políneas sésseis (Hágsater e Arenas, 2005). Trata-se de um gênerocomplexo em termos taxonômicos e citogenéticos, em virtude da ocorrência de númeroscromossômicos discrepantes e alta variabilidade cromossômica numérica (Felix, 2001),da sua grande riqueza em espécies e da falta de revisões taxonômicas para o gênero. Emtermos cariológicos são conhecidos os números cromossômicos para apenas 4,6% desuas espécies, mesmo assim com uma alta freqüência de poliploidias e disploidias, oque também dificulta uma indicação segura de suas linhas de evolução cromossômica.As espécies são amplamente distribuídas na América do Sul, com um alto grau91


de polimorfismos inter e intraespecíficos. Apesar dos esforços para a compreensão dasrelações filogenéticas entre estes táxons, ainda não há um tratamento taxonômicoformal para o grupo, principalmente por causa da escassez de informações citogenéticase moleculares na literatura.Uma ampliação no conhecimento citogenético desse grupo irá contribuir paraesclarecer suas relações taxonômicas, evolução cromossômica e filogenética, bem comoesses dados serão úteis em programas de melhoramento, para obtenção de híbridoscomercialmente mais valorizados. O objetivo da presente pesquisa foi caracterizarcitologicamente algumas espécies do gênero Epidendrum.MATERIAL E MÉTODOSForam utilizadas cinco espécies previamente cultivadas no Orquidário da<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (UF<strong>PB</strong>) – Campus II, Centro de Ciências Agrárias(<strong>CCA</strong>), e material proveniente de coletas no campo, doações de orquidófilos e deorquidários oficiais, especialmente do Instituto de Botânica de São Paulo. As plantascoletadas e obtidas por doação foram mantidas em cultivo no orquidário do <strong>CCA</strong> –Departamento de Botânica.A análise convencional do cariótipo foi realizada segundo a técnica deesmagamento seguido de coloração. Pontas de raízes jovens coletadas foram prétratadascom 8-HQ (8-hidroxiquinoleína) e posteriormente fixadas em Carnoy 3:1(etanol: ácido acético glacial) por 3 a 24 horas e estocadas em freezer a −20ºC para asanálises microscópicas. Após a estocagem, as raízes foram lavadas, hidrolisadas emHCl 5N à temperatura ambiente por 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45%,congeladas em nitrogênio líquido para remoção da lamínula, secas ao ar, coradas comGiemsa a 2% e montadas em Entellan. As melhores células foram fotografadas emfotomicroscópio com câmara digital D-540 Olympus®.RESULTADOS E DISCUSSÃOTodas as espécies analisadas apresentaram núcleos interfásicos semi-reticuladose padrão de condensação profásico proximal. Os cromossomos são, na maioria dasespécies, pequenos e numerosos, e o número cromossômico básico é consistentemente x= 10 (Hagsater e Arenas, 2005) em sua maioria.Em Epidendrum paniculatum Ruiz & Pav., pertencente ao grupo Paniculatae, ocariótipo apresentou-se simétrico, com número cromossômico diplóide 2n = 40 (Fig.1.a.), confirmando as contagens anteriores. Os cromossomos são pequenos, variando deacrocêntricos, submetacêntricos e metacêntricos, porém em alguns cromossomos aposição do centrômero não foi bem definida.E. viviparum, pertencente ao grupo Subumbellatae, sem contagenscromossômicas anteriores, apresentou 2n = 40 (Fig. 1.b.), com cariótipo simétrico ecromossomos variando de submetacêntricos a metacêntricos. Em E. difforme Jacq.(grupo Subumbellatae) observou-se 2n = 40 com cariótipo simétrico, cromossomospequenos variando de metacêntricos a submetacêntricos, porém com pequena variação92


de tamanho e morfologia cromossômica pouco definida (Fig. 1.c.), o que impossibilitouuma caracterização mais detalhada do cariótipo.Epidendrum denticulatum Barb. Rodr. (grupo Amphyglottidae) apresentou 2n =38 cromossomos (Fig. 1.d.), cariótipo ligeiramente bimodal, com um par decromossomos claramente maior que os demais, com ocorrência de cromossomosacrocêntricos, metacêntricos e submetacêntricos. Este par cromossômico maioraparentemente suporta a hipótese de que o cariótipo originou-se a partir de um estoqueancestral com x = 10 e evolução por poliploida seguida de disploidia descendente,provavelmente por fusão cêntrica. Os resultados apresentados aqui divergem decontagens anteriores, que registram números cromossômicos de 2n = 40, 44 e 56 paraesta espécie (Hagsater & Arenas, 2005).Epidendrum secundum Jacq., pertencente ao grupo Amphyglottidae, apresentoucariótipo simétrico com 2n = ca. 86 cromossomos (Fig. 1.e.), com morfologia poucodefinida, aparentando serem metacêntricos a submetacêntricos. O citotipo analisadoneste estudo possivelmente é um tetraplóide, confirmando a ocorrência de vários níveisde ploidia no complexo. Vários dados cariológicos inéditos para esse grupo de plantastem demonstrado a corrência de vários citotipos, como 2n = 68 (Felix, 2001), 28, 40, 48,52 e 80 (F. Pinheiro, comunicação pessoal); sendo difícil identificar claramente asalterações cariotípicas atuantes nesse complexo. E. secundum é uma das espécies maisvariáveis do gênero, sendo formalmente reconhecida como um grupo de espéciesaltamente polimórfica (Pinheiro e Barros, 2007) e certamente o grupo mais controversodo gênero.É possível perceber que a evolução cromossômica no gênero Epidendrum éaltamente diversificada, com eventos de poliploidia em diversos níveis, disploidias porfissão e fusão cêntrica, e possivelmente aneuploidias, resultando em um táxon altamentepolimórfico inter e intraespecífico. Como resultado, a ocorrência de grupos e complexoscom altos níveis de descontinuidades morfológicas e variabilidade cromossômicadificulta tanto a delimitação clara de suas relações filogenéticas, como das direções emque estes eventos citológicos ocorreram.93


Figura 1. Metáfases mitóticas de cinco espécies do gênero Epidendrum. a.Epidendrum paniculatum; b. Epidendrum viviparum; c. Epidendrum difforme; d.Epidendrum denticulatum; e. Epidendrum secundum; f. Núcleos interfásicos emEpidendrum difforme. Barra em f equivale a 10 m.94


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASPINHEIRO, F. & BARROS, F. Epidendrum secundum Jacq. e E. denticulatum Barb.Rodr. (Orchidaceae): caracteres úteis para a sua delimitação. Hoehnea 34(4), 2007.p.563-570.CHASE, M. W., CAMERON, K. M., BARRETT, R. L. & FREUDENSTEIN, J.V.DNA data and Orchidaceae systematics: a new phylogenetic classification. In: K.W.Dixon, S.P.Kell, R.L.Barrett & P.J. Cribb (eds). Orchid conservation. Natural HistoryPublications, Sabah. 2003, p. 69-89.HÁGSATER E. & ARENAS M.A.S.. Epidendrum L. – In: Pridgeon, A.M. et al (Eds),Genera Orchidacearum. Vol. 4. Oxford Univ. Press, 2005. p. 236-251.FELIX, L.P. Citogenética e citotaxonomia de orquídeas do Brasil, com ênfase nogênero Habenaria Willd. Lindleyana. <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco,Recife, 2001.95


VARIAÇÃO CROMOSSÔMICA NUMÉRICA DE ESPÉCIES DATRIBO TRIMEZIEAE (IRIDACEAE)Saulo A. A. Lima 1 ; Lânia Isis F. Alves 1 ; Marcela Tarciana C. S. Martins 1 ; Juliana P. deCastro 1 ; Juliana Gomes de Brito 1 ; Bruno César Querino de Souza 1 ; Leonardo PessoaFelix 11 Laboratório de Citogenética Vegetal, Setor Botânica, Departamento de Fitotecnia, Centro de CiênciasAgrárias, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus III, 58.397.000, <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, Brasil. e-mail:laniaisis@yahoo.com.brRESUMO: Foram estudadas citogeneticamente sete espécies da Tribo Trimezieae(Iridaceae), através de coloração convencional, com Giemsa, pertecentes aos gênerosNeomaria e Trimezia. Todas as espécies apresentaram núcleos interfásicos semireticuladoscom cariótipos simétricos. Os números cromossômicos variaram entre osgêneros, dentro de um mesmo gênero e entre diferentes populações de uma mesmaespécie. Foram confirmadas as contagens prévias para N. northiana (2n=18). Contudo,as contagens de 2n=18 para N. caerulea, 2n=54 e 2n=ca. 82 para T. martinicensis e2n=52, ca.104 para T. fosteriana, foram divergentes em relação aos dados prévios. Osregistros de 2n=18 para N. humilis, e N. glauca, 2n=28 para N. cf. paradoxa, sãoinéditos. São discutidos os mecanismos de diferenciação cariotípica envolvidos naevolução cromossômica das espécies estudadas.Palavras-chave: Número cromossômico – evolução cariotípica – poliploidia.INTRODUÇÃOA tribo Trimezieae pertence a subfamília Iridoideae (Iridaceae), sendo constituídapelos os gêneros Neomarica, Trimezia e Peseudotrimezia exclusivos do Novo Mundo,este último de ocorrência exclusiva do Brasil, (Goldblatt et al, 1998). Várias espéciessão cultivadas como ornamentais, tanto como plantas de vasos ou de canteiros.Citologicamente são pouco conhecidas, merecendo destaque os trabalhos de Goldblatt(1982), Goldblatt & Takei (1997) que revisaram os números cromossômicos paraalguns gêneros neotropicais, além de Kenton & Heywood (1984) que analisaramalgumas espécies sul-americanas. Os demais trabalhos são pontuais e geralmenterestritos a estudos dos cariótipos detalhados em táxons citologicamente atraentes comoem Gelasine azurea Herb. (Kenton & Rudall, 1987) e Eleutherine bulbosa (Guerra,1991). Essa escassez de dados constitui uma lacuna importante para o conhecimento davariação cromossômica nos representantes brasileiros desta tribo e na compreensão dosmecanismos de evolução cariotípica ocorrentes nesse grupo de plantas.O presente trabalho objetivou caracterizar citologicamente as espécies da TriboTrimezieae (Iridaceae) ocorrentes no Nordeste do Brasil, viando contribuir para oentendimento dos mecanismos de evolução cromossômica. Além disso, espera-secontribuir com dados cariológicos que possam ser utilizados em programas demelhoramento voltados para este grupo de plantas.96


MATERIAL E MÉTODOSTodas as espécies nativas foram coletadas no campo de seis estados da RegiãoNordeste, exceto Neomarica cf. glauca, proveniente do estado de Minas Gerais, daRegião Sudeste. Todo o material foi cultivado no jardim experimental do Laboratóriode Citogenética Vegetal do Centro de Ciências Agrárias, com exsicatas depositadas noHerbário EAN da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba. Para as análises citológicas foramutilizadas pontas de raízes pré-tratadas com 8-hidroxiquinoleína 0,2 mM a 4 o C por 20horas, fixadas em Carnoy 3:1 (etanol absoluto/ácido acético glacial) por 3-24 horas eestocados em a - 20°C no próprio fixador até posterior análise. A contagem do número,medição e análise da morfologia cromossômica foram realizadas através da coloraçãoconvencional com Giemsa. As pontas de raízes foram hidrolisadas em HCl 5N àtemperatura ambiente por 20 minutos, esmagadas em ácido acético 45% e juntamentecom as lâminas, congeladas em nitrogênio líquido para remoção da lamínula, secas aoar, coradas com Giemsa 2% e montadas em Entellan (Guerra & Souza, 2002). Asmelhores células foram fotografadas em câmera digital Olympus D-540 adaptada a ummicroscópio Olympus CX40.Para a identificação do número cromossômico, pelo menos 5 metáfases foramexaminadas por população, das quais as três melhores foram utilizadas para asmedições cromossômicas. Todas as medições foram realizadas com o auxílio doprograma Image Tool (Donald et al., 2007).RESULTADOS E DISCUSSÃOTodas as espécies apresentaram núcleos interfásicos semi-reticulados (Fig. 1c,i)com poucas diferenças interespecíficas quanto à densidade da cromatina, ao tamanhodos cromocentros, e ao padrão de condensação profásico que foi uniforme comcariótipos simétricos para todos os taxa.Para o gênero Neomarica, N. caerulea, N. humilis, N. northiana e N. glauca,tiveram 2n=18 para as quatro primeiras, enquanto em N. cf. paradoxa o númerodiplóide foi 2n=28. Embora não tenha sido possível visualizar claramente a posição docentrômero em N. glauca e N. cf. paradoxa devido aos cromossomos apresentarem-seexcessivamente condensados, aparentemente ambas apresentam cariótiposrelativamente simétricos, com um a dois satélites visíveis (Figs 1c,e). Nas espécies com2n=18, foram observadas pequenas diferenças na fórmula cariotípica e no tamanhocromossômico, sempre com o predomínio de cromossomos meta a submetacênticos e aocorrência de um par acrocêntrico em N. caerulea e N. humilis (Figs. 1a, b). Ostamanhos cromossômicos variaram de 3.35 a 5.64 µm em N. caerulea, 3.74 a 6.67 µmem N. humilis, 4.57 a 7.33 µm em N. northiana (Fig. 1d) e 3.10 a 4.46 m em N.glauca. Em N. northiana foi observado um ligeiro heteromorfismo para o braço curtodo par I. Para N. caerulea não foram conseguidas metáfases que permitissem umaprecisa medição cromossômica. Neomarica cf. paradoxa (2n=28) com 1.37 a 2.45 m(Fig. 1e) com um a dois satélites, divergiu das demais espécies no número e porapresentar cromossomos pequenos e mais numerosos.97


A variação cromossômica numérica previamente reportada na literatura e os nossospróprios dados suportam x=9 ou 8 como prováveis números básicos para Neomarica(Goldblatt et al., 1998). Estas espécies, assim como algumas outras espécies deNeomarica de campos rupestres do Sudeste e Nordeste do Brasil apresentam sistemasubterrâneo do tipo cormo, e haviam sido previamente incluídas no gênero Trimezia(Ravenna, 1981). Nossos dados cromossômicos, bem como a ocorrência desse tipo decaule subterrâneo em N. paradoxa, sugerem que a inclusão desta e de outras espéciesdesse grupo em Neomarica deverão ser revistas.Para o gênero Trimezia, as duas espécies analisadas apresentaram cariótipossimétricos, formados por cromossomos pequenos, com tamanho cromossômico médiovariando de 2.69 m para os indivíduos cultivados de T. fosteriana provenientes deRecife a 1.19 m para o citotipo de T. martinicensis de Brejo da Madre de Deus, ambasno estado de Pernambuco. T. fosteriana apresentou 2n=52 com um par de satélites econstrição secundaria terminal, em um acesso cultivado de Recife, Pernambuco e2n=ca.104 em outro acesso cultivado proveniente de João Pessoa, Paraíba. Em T.martinicesis o cariótipo apresentou 2n=54 em todos os indivíduos de uma únicapopulação silvestre de Brejo da Madre de Deus, com constrição secundaria proximal e2n=ca.82 em uma outra população silvestre de <strong>Areia</strong>, Paraíba, esta última comcromossomos claramente maiores e sem constrições secundarias visíveis. No presentetrabalho foram observadas variações cromossômicas numéricas intraespecíficas nasduas espécies estudadas de Trimezia. Em T. fosteriana, uma espécie frequentementecultivada, as duas contagens com 2n=52 e 2n=4x=ca.104 em indivíduos cultivados daParaíba e Pernambuco, divergem do registro prévio para esta espécie de 2n=26(Goldblatt & Takei, 1997). A ocorrência de ciclos de poliploidia, seguidos pordisploidias ascendentes ou descendentes dificulta a determinação do número básicopara o grupo.98


Figura 1. Metáfases mitóticas de espécies da Tribo Trimezieae: (a) Neomarica caerulea com 2n=18 comum a um a dois satélites (seta); (b) N. humilis com 2n=18 e satélites (setas); (c) N. northiana com 2n=18 eum par de satélites; (d) N. cf. glauca com 2n=18; (e) N. cf. paradoxa com 2n=28 e dois satélites (setas); (f)Trimezia fosteriana acesso de Pernambuco (2n=52) com um par de satélites terminal (setas); (g) T cf.fosteriana acesso da Paraíba (2n=4x=ca104); (h) T. martinincensis população de Pernambuco (2n=54) comum par de satélites distendido (seta); (i) T. cf. martinincensis população da Paraíba (2n=2x=ca.82); Barra emi corresponde a 10m.99


Referencia BibliográficasDONALD, C.; BRENT, D. S.; MCDAVID, W. D.; GREER, D. B. UTHSCSAImageTool (IT) - Version 3.0 . Acessadoem 24 de jul. de 2007.GOLDBLATT, P.; MANNIG, J. C.; RUDALL, P. The families and Genera of VascularPlant. In: Goldblatt P., Mannig J. C., Rudall P. (eds.) Iridaceae. Sprenger, Verlag,Viena. pp. 295-333, 1998.GOLDBLATT, P. Chromosome Cytology in Relation to Suprageneric Systematics ofNeotropical Iridaceae. Systematic Botaniy. Missouri Botanical Garden: St. Louis,Missouri, 1982.GOLDBLATT, P.; TAKEI, M. Chromosome Cytology of Iridaceae: Patterns ofvariation, determination of ancestral base numbers, and modes of karyotype change.Ann. Missouri Bot. Gard. 84:285-304, 1997.GUERRA, M. Cis-acting regulation of the NOR cistrons in Eleutherine bulbosa(Iridaceae). Gênica 83:235-241, 1991.GUERRA M.; SOUZA M. J. Como Observar os Cromossomos: Um Guia de Técnicasem Citogenética Vegetal, Animal e Humana. FUNPEC, São Paulo, pp.23-38, 2002.KENTON, A.; HEYWOOD, C. A. Cytological studies in South American Iridaceae.Pl. Syst. Evol. 146: 87-104, 1984.KENTON, A.; RUDALL, P. An Unusual Case of Complex-heterozygosity in Gelasineazurea (Iridaceae), and ITS Implications for Reproductive Biology. Evololutionarytrends in Plants. 1:95-103, 1987.RAVENNA, P. The tribe Trimezieae of the Iridaceae. Wrightia, 7:12, 1981.100


VIVEIRISMO PARA AGRICULTORES FAMILIARES: UMAALTERNATIVA PARA GERAÇÃO DE EMPREGO, RENDA EMELHORIA DA QUALIDADE AMBIENTALJobson Targino Dias 1 ; Maria Aparecida de Moura 1 ; Leonaldo Alves de Andrade 2 ;Edilson Guedes da Costa 3 ; Heriverta Virginio Ferreira 1 ; Carlos Felipe Teodoro deOliveira 11 Estudantes de Graduação em Ciências Biológicas (<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba).jobsontargino@yahoo.com.br2 Professor Associado da UF<strong>PB</strong>-<strong>CCA</strong>- Laboratório de Ecologia Vegetal. landrade@cca.ufpb.br.3 Agrônomo do viveiro florestal da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, <strong>Areia</strong>.RESUMO: Tendo em vista o processo de devastação acelerado da vegetação, fazem-senecessárias atitudes urgentes que visem à recuperação das áreas destruídas em todo opaís e até no mundo, e é através do viveirismo, que as mudanças desse quadropreocupante podem mudar. O viveirismo é uma atividade que envolve a coleta, obeneficiamento e o armazenamento de sementes florestais, bem como todas as etapasnecessárias para produzir e conduzir mudas florestais, deste modo, se apresenta comouma importante vertente de transformação dessa realidade. Dessa forma objetivou-secom este trabalho difundir o viveirismo para agricultores familiares como umaprofissão, capaz de gerar trabalho, renda e melhoraria da qualidade do meio biofísico.Foram realizadas reuniões nas comunidades, o qual tinha por finalidade de motivá-los aparticiparem dos cursos de capacitação em viveirismo, sendo o mesmo dividido em doismódulos, o primeiro Coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes florestais jáo segundo Formação de viveiros e produção de mudas. Os itens abordados em ambos osmódulos, são de extrema importância para que sejam formados bons viveiristas, emboraseja necessária muita dedicação, aprendizado e formação técnica à altura da qualidadeque o mercado demanda. Desse modo foram capacitadas em viveirismo 347 pessoas noperíodo de agosto a novembro de 2007.Palavras-chaves: viveirismo, agricultores, meio ambiente, inclusão social.INTRODUÇÃOO Brasil tem sido apontado como um dos países com maior taxa dedesmatamento. Dentre os biomas brasileiros atingidos por este problema, a florestaatlântica se destaca tanto pela sua importância quanto pela intensidade das açõesantrópicas ali desenvolvidas. Estima-se que apenas 6% da cobertura original daquelafloresta ainda persistem, sendo que na região nordeste este valor é de apenas 2%(THOMAS et al, 1998; IUCNWWF, 1982). Essas ações de degradação do meioambiente são causadas principalmente pelo homem visando interesse econômico.A devastação florestal está preocupando a população e ambientalistas em todo omundo, causando grandes impactos ambientais, interferindo diretamente na fauna,101


destruindo as espécies da flora, contribuindo para a poluição da água, do ar,alimentando e gerando um elenco de problemas entre o quais o reconhecimento doefeito estufa. Segundo MACEDO (1993), a solução para os problemas ambientais e agarantia de sobrevivência para todos os seres vivos e o futuro da humanidade, éprocurar manter uma relação de equilibro entre sociedade e natureza. Mudançascoletivas e individuais, hábitos de exploração e gestão dos recursos naturais, sãoimprescindíveis para isto.O viveirismo é uma atividade capaz de contribuir para a transformação dessarealidade, com a produção de mudas, a reposição florestal, a coleta, beneficiamento e oarmazenamento de sementes florestais, assim como todas as etapas necessárias paraproduzir e conduzir mudas florestais (YAMZOE & BOAS, 2003). Além dos benefíciosambientais proporcionados o viveirismo, é também caracterizado como uma atividadecapaz de promover melhoria na qualidade de vida gerando emprego e renda para seusbeneficiários.OBJETIVOSPromover e difundir o viveirismo para agricultores familiares como umaprofissão, capaz de gerar trabalho, renda e melhoraria da qualidade do meio biofísico.METODOLOGIADe inicio, foram realizadas reuniões nas comunidades visando discutir osproblemas e desequilíbrios ecológicos existentes no contexto regional e local. Foidivulgado o trabalho de viveirismo, estimulando os agricultores a participarem de todasas etapas do projeto, tornando-se agentes ativos destas ações.Os cursos de capacitação em viveirismo como atividade geradora de trabalho,renda e inclusão social, foram ministrados em dois módulos, e cada módulo foioferecido a quatro turmas, sendo que o conteúdo do Módulo I: Coleta Beneficiamento eArmazenamento de Sementes Florestais e do Módulo II: Formação de Viveiros eProdução de Mudas. Estes cursos foram ministrados nos finais de semana, com oobjetivo de facilitar a participação dos agricultores e não atrapalhar as suas atividadesno campo.Os cursos tinham início às 8:00 horas e encerravam se às 17:00 horas. Aprincípio era feita a apresentação da equipe colaboradora com intuito de integrar osagricultores e a equipe, em seguida tinha início a exposição teórica, que tratava dasituação atual no quis respeito ao meio ambiente, apontando as poucas florestas queabinda existem no Nordeste e na Paraíba. À tarde eram realizadas as práticas, onde osparticipantes se dirigiam aos Laboratórios de Ecologia Vegetal e de Tecnologia deSementes, onde puderam observar os diferentes tipos frutos e sementes, embalagens erecipientes de armazenamentos, a câmara fria de armazenamento de sementes,recipientes e embalagens utilizadas para produção de mudas, as estruturas físicas do102


viveiro florestal, além de receber informações técnicas sobre a utilização dosequipamentos, e ainda realizar práticas no viveiro florestal do <strong>CCA</strong> .Módulo I: Coleta, Beneficiamento e Armazenamento de Sementes FlorestaisNa produção de mudas um importante fator que deve ser levado emconsideração que é a qualidade das sementes florestais. Sementes de boa qualidade sãoimportantes para que as mudas sejam vigorosas e tenham bom desenvolvimentoposterior no campo.Durante o Módulo I, foi abordado o conteúdo relacionado sobre tipos de frutos esementes, coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes florestais.Módulo II: Formação de Viveiros e Produção de Mudas FlorestaisA formação de viveiros e a produção de mudas de espécies florestais é uma dasatividades voltadas para atender a programas de reflorestamento com finalidade derecuperar ecossistemas degradados, recompor florestas e a vegetação de um modo geral.O viveirismo é uma atividade geradora de trabalho e renda, viabilizando assim ainclusão social. Para que se produzam mudas são necessários conhecimentos técnicosque assegurem os resultados esperados. Estes conhecimentos vão desde a implantaçãode viveiros até a preparação das mudas. Durante o Módulo II, foi abordado o seguinteconteúdo: viveiros florestais, estrutura de um viveiro, substratos utilizados na produçãode mudas, recipientes utilizados na produção de mudas e métodos de produção demudas.RESULTADOS E DISCUSSÃOTodos os itens abordados em ambos os módulos, são importantes para que sejamformados bons viveiristas deste modo faz-se necessário seguir todas as técnicassilviculturais, exigindo muita dedicação, aprendizado e formação técnica à altura daqualidade que o mercado demanda. Foi com este objetivo de despertar o interesse peloviveirismo, que o setor de Silvicultura, através do Laboratório de Ecologia Vegetal do<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, ofereceu os cursos, no qual foram capacitadas 347 pessoas em viveirismo.CONSIDERAÇÕES FINAISOs cursos ministrados motivaram os participantes para desenvolver oviveirismo, proporcionando-lhes fundamentos teóricos práticos relacionados àquelaprática.103


O interesse dos agricultores pôde ser constatado através da participação dosmesmos, tanto nos cursos quanto nas reuniões e demais mentas relacionados com estetrabalho.A aquisição e o desenvolvimento das habilidades de viveirismo ficaramevidentes quando da parte prática dos cursos, executados pelos participantes.A execução deste projeto representou uma oportunidade de troca de experiência,aprendizado e assimilação de conhecimentos multidisciplinares tanto para osparticipantes quanto para a equipe técnica.REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICASIUCN/WORLD WILDLIFE FUND. 1982. Tropical forest compaign fact sheet. nº 14.Brail.MACEDO, A. C. Produção de mudas em viveiros florestais. Secretaria do Estado eMeio Ambiente Fundação Florestal: São Paulo. 21p. 1993.YAMZOE, G. BÔAS, O.V. Manual de pequenos viveiros florestais. São Paulo:Paginas & Letras Editora e Gráfica, 93 p., 2003.THOMAS W. W.; CARVALHO, A. M. V.; AMORIM, A.. M; GARRISON, J.;ARBELÁ, A. L. 1998. Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brasil.Biodiversity and conservation.104


CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE IXORA: EFEITO DEDIFERENTES SOLUÇOES CONSERVANTES E CONDIÇOES DEARMAZENAMENTOLeirson Rodrigues da Silva 1 ; Juliana Pereira de Castro 2 ; Emmanuelle RodriguesAraújo 3 ; Silvanda de Melo Silva 4 ; Mônica Danielly de Mello Oliveira 51 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia (<strong>Universidade</strong> Federal Rural do Semi-Árido),Departamento de Ciências Vegetais, Mossoró, RN, e-mail: leirsonrodrigues@yahoo.com.br2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Centro deCiências Agrárias, Campus II, <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, e-mail: julipcastro@hotmail.com3 Mestre em Agronomia, Bolsista de Extensão CNPq (EXP – 3), Laboratório de Biotecnologia,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Campus II, <strong>Areia</strong>, Paraíba, e-mail:manucg@gmail.com4 Professor Adjunto, Ph.D, Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais, Centro de CiênciasAgrárias, Campus II, <strong>Areia</strong>, Paraíba, e-mail: silvasil@cca.ufpb.br5 Doutoranda do Programa de Agronomia da UFERSARESUMO: A Ixora (Ixora coccínea L.) é uma espécie que vem buscando sua inserçãodentro do mercado consumidor. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dediferentes soluções conservantes e condições de armazenamento na qualidade de hastesflorais de Ixora vermelha. As flores foram colhidas pela manhã, no ponto de colheitacomercial e transportadas para o laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita, emantidas a 10ºC durante três dias, onde em seguida foram armazenadas sob condiçõesambiente (24±2ºC e 85±2%UR), sob os seguintes tratamentos: 0,2 mL/L de hipocloritode sódio + picotes da base das hastes; 0,1 g/L de Nitrato de Prata + picotes da base dashastes; 30 g/L de sacarose em água destilada fervida com picotes da hastes; 30 g/L desacarose em água destilada fervida sem picotes da hastes e água destilada sem corte(controle), e substituídas a cada três dias. A aparência geral e murchamento foramavaliadas, mediante o grupamento da qualidade das hastes, relativo ao período dearmazenamento, em escala variando de 1 a 9, tomando como referência o número dedias, a partir da colheita, onde as flores não apresentavam abscisão ou morte de pétalas.As flores de Ixoras vermelhas apresentaram longevidade em vaso de aproximadamentequatro dias, tendo, portanto, potencial para utilização como flor de vaso. Ocondicionamento das flores sob refrigeração de 10°C resultou em manutenção daqualidade floral, retardando o murchamento de pétalas. O corte periódico da base dashastes foi efetivo na melhoria da durabilidade das flores, resultando em maiorlongevidade.Palavras-chave: pós-colheita; aparência geral; longevidade; qualidade.105


ABSTRACT: Ixora Conservation Postharvest: Effect of Different PreservativeSolutions and Storage Conditions. The Ixora (Ixora coccínea L.) is a species thatcomes inside searching its insertion of the consuming market. The objective this workwas to evaluate the effect of different preservative solutions and storage conditions inthe quality floral connecting rods red Ixora. The flowers had been harvested per themorning, in the point commercial harvest and carried to the laboratory from Physiologyand Postharvest Technology, kept 10ºC during three days, where after that had beenstored under conditions surrounding (24±2ºC and 85±2%UR), under the followingtreatments: 0,2 mL/L sodium hypochlorite + picots the base connecting rods; 0,1 g/Lsilver nitrate + picots the base connecting rods; 30 g/L sucrose in water distilled boiledwith picots of the connecting rods; 30 g/L sucrose in water distilled boiled withoutpicots of the connecting rods and distilled water blunt (control), and substituted to eachthree days. The general appearance and murchamento had been evaluated, by meansgrouping of the quality connecting rods, relative to period storage, in scale varying 1 the9, taking as reference the number days, from the harvest, where the flowers did notpresent abscission or death petals. The red Ixoras flowers had approximately presentedlongevity in vase of four days, having had, therefore, potential for use vase flower. Theconditioning of the 10 o C resulted in maintenance the flowers under refrigerationquality, delaying the wilting petals. The periodic base the connecting rods was effectivein the improvement durability flowers, resulting in bigger longevity.Key words: postharvest; general appearance; longevity; quality.INTRODUÇÃOA Ixora (Ixora coccínea L.), vulgarmente conhecida como Ixora, ixora-coral ouequisósea, é um arbusto que pode atingir aproximadamente 1,5-2,5m de altura comramagem densa e florescimento vistoso. Esta é uma espécie nativa das Índias Orientais,pertencente à família Rubiaceae e possui os sinônimos Ixora bandhuca Roxbg e Ixoragrandiflora ker-Gaw. Esta espécie foi introduzida no Brasil em 1809, onde a plantarapidamente se adaptou, passando a ocupar lugar de destaque nos jardins das regiõesNorte e Nordeste, sobretudo, em razão de permanecer florida por quase a metade do ano(LORENZI et al., 1995).A aplicação conjunta ou separada de tratamentos com produtos químicos nomanejo pós-colheita é uma alternativa para ampliar a longevidade e o período decomercialização de flores de corte, sobretudo em condições onde o acesso à refrigeraçãoé limitada. As soluções conservantes para flores devem possuir composição tal quebloqueie o desenvolvimento microbiano ou a síntese do etileno. Um dos componentesfundamentais destas soluções conservantes são os açúcares, estes entram nestacomposição pelo fato de repor os carboidratos consumidos durante a respiração(HARDENBURG et al., 1986). O Nitrato de prata (AgNO 3 ), por sua vez, é um dos sais106


de prata mais comuns, usados em soluções conservantes comerciais, apresenta efeitogermicida e age como inibidor da ação do etileno (ROGERS, 1973; BEYER JR., 1976;HARDENBURG et al., 1986), possibilitando um possível aumento na longevidade dasflores (PAULL, 1987).O armazenamento é considerado uma das etapas mais importantes paramanutenção do equilíbrio entre mercado distribuidor e consumidor de flores de corte(TAGLIACOZZO & CASTRO, 2002). Pelo fato das plantas ornamentais,particularmente flores de corte, ter uma vida útil muito limitada; as flores se deterioramrapidamente como ocorre com frutas e hortaliças por causa de processos fisiológicoscatabólicos que ocorrem mais intensamente após a colheita (HARDENBURG et al.,1988); portanto, exigem técnicas de conservação que contribuam para manter aqualidade floral pós-colheita.Desta forma, o objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito de diferentessoluções conservantes e condições de armazenamento na qualidade de hastes florais deIxora vermelha.MATERIAL E MÉTODOSIxoras vermelhas (Ixora coccínea L.) foram colhidas de um jardim particular nacidade de Campina Grande-<strong>PB</strong>, localizada na microrregião da Borborema. As floresforam colhidas pela manhã, no ponto de colheita comercial e transportadas para olaboratório de Biologia e Tecnologia Pós-colheita, do Departamento de CiênciasFundamentais e Sociais (DCFS), do Centro de Ciências Agrárias - <strong>CCA</strong>/ UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong> -<strong>PB</strong>.Realizou-se inicialmente a eliminação da folhagem basal e corte da base da hastefloral sob água, sendo estas uniformizadas com aproximadamente 30 cm decomprimento e uniformizadas quanto ao estádio comercial (Flores totalmente abertas oupróximas da abertura total) (Figura 1).107


Figura 1. Ponto de colheita comercial de Ixora coccínea utilizadosno experimento (<strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, 2006).Os tratamentos empregados foram: 0,2 mL/L de hipoclorito de sódio + picote dabase das hastes; 0,1 g/L de nitrato de prata + picotes da base das hastes; 30 g/L desacarose em água destilada fervida com picote da haste; 30 g/L de sacarose em águadestilada fervida sem picote da haste e água destilada sem corte (controle), armazenadassob refrigeração de 10°C por três dias e depois expostas às condições ambiente 24 ± 2 o Ce 85 ± 2% UR. (Fig. 2).108


a) b)c) d) e) f)Figura 2. a) Tratamentos de conservação de hastes de ixoria; b) Controle:0=águdestilada sem corte (controle); c) Tratamento 1: 0,2 mL/L de hipoclorito de sódio+ picote das base das hastes; d) Tratamento 2: 0,1 g/L de Nitrato de Prata + picotes dabase das hastes; e) Tratamento 3: 30 g/L de sacarose em água destilada fervida compicote da haste; f) Tratamento 4: 30 g/L de sacarose em água destilada fervida sempicote da haste (<strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, 2006).As avaliações foram realizadas diariamente, durante 20 dias, até a inviabilizaçãopara comercialização ou senescência das flores. Foram realizadas as seguintesavaliações: Aparência Geral (1-9), onde: 1 - Inaceitável; 3 - Ruim; 5 - Regular; 7 - Bom;9 - Excelente e Murchamento das flores (1-9): avaliado através de um índice demurchamento que variou de 1 a 9, conforme a intensidade, sendo 9 - sem murchamentoaté início do enrolamento das pétalas; 7 – até 30% das pétalas murchas; 5 – de 31% até60% das pétalas murchas; 3 – 61% das pétalas murchas e 7 – mais de 61% das pétalasmurchas. O grau 4 indicava o limite de aceitação da flor quando era observada perda do109


valor ornamental e comercial. As soluções eram substituídas a cada três dias, onde ashastes recebiam cortes da base, na região obstruída.O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com 5tratamentos, 3 repetições, sendo três hastes por cada vaso. Os dados foram submetidos àanálise de variância (ANOVA), e as médias dos fatores qualitativos foram comparadaspelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Nos fatores quantitativos, foramfeitas análises de regressão.RESULTADOS E DISCUSSÃOA resposta das flores às concentrações das soluções de condicionamento comprodutos químicos não diferiu significativamente do controle. A aparência geral dasflores de Ixoras vermelhas foi de quatro dias de armazenamento quando mantidas sobrefrigeração, nos tratamentos de condicionamento com 0,2 mL/L de hipoclorito de sódio+ picotes da base das hastes; 0,1 g/L de nitrato de prata + picotes da base das hastes ; 30g/L de sacarose em água destilada fervida com picote da haste; 30 g/L de sacarose emágua destilada fervida sem picote da haste e água destilada sem corte (controle). Emtodos os tratamentos foi observado o aparecimento de necrose na base das hastes epétalas, e início de murchamento das hastes após o sexto dia da colheita. Ichimura eSuto (1999) observaram que a sacarose aplicada na forma de solução decondicionamento ou em solução de vaso reduziu a longevidade de flores de ervilha,causando rachaduras nas pétalas, decréscimo na absorção de água e aumento daprodução de etileno.Neste experimento a aplicação de soluções conservantes não resultou naextensão da qualidade das flores sob condições ambiente da mesma forma que emorquídeas do gênero Oncidium (YOUNG & ONG, 1979), em ciclame (KOHL, 1975) eestátice (DOI & REID, 1995). Evidenciou-se, assim, que as hastes que receberam ocorte na base apresentaram, nos primeiros dias após a colheita, maior absorção de águapelas hastes e hidratação das flores, e aumento da capacidade de retenção de água pelostecidos florais até a saturação, seguido por um período de decréscimo da massa frescaem virtude da senescência (ROGERS, 1973).Na avaliação dos dados da senescência das flores observa-se que durante oarmazenamento sob refrigeração não houve diferença entre os tratamentos, quandocomparadas com a conservação sob condições ambiente. Estes resultados sãoexplicados pelo retardamento dos processos fisiológicos a baixa temperatura. Aoavaliar-se o efeito das soluções conservantes sobre o processo de senescência (Figura3), observou-se que a solução de sacarose foi a que mais acelerou o processo,110


possivelmente porque a sacarose serviu de alimento para microorganismos, que sedesenvolveram na água, já que nela não havia nenhum produto bactericida ou fungicida.Este resultado contraria CASTRO (1987), que constatou que as concentrações desacarose de 8 a 16% promoveram um aumento na durabilidade comercial emaproximadamente três vezes em relação ao controle (água destilada sem corte).Figura 3. Aparência geral (1-9) em ixoras vermelhas mantidas sobrefrigeração de 10°C e depois expostas às condições ambiente de 24 +2 o C e 85 + 2% UR.O resultado da análise do parâmetro murchamento está representado na Figura 4.Observa-se que a senescência das folhas se manifestou através de uma seqüência deeventos ao longo do tempo: primeiro ocorreu o murchamento, seguido doamarelecimento e terminando com a necrose foliar. O surgimento de tais sintomasparecem estar ligados a temperatura de armazenamento, pois notou-se um efeitosignificativo do fator temperatura na velocidade de surgimento da senescência, paratodas as soluções testadas. A temperatura de 10°C atrasou o surgimento de murcha. Taisresultados podem ser explicados pelo fato de, sob menor temperatura, ter havido maiorredução da mobilização de reservas e como conseqüência a ação de seus metabólitos. Omurchamento das flores foi o sintoma mais evidente da senescência, não havendo até os111


quatro dias após a colheita murchamento das pétalas e das folhas, o que foi inicialmenteobservado para todos os tratamentos. No oitavo dia de armazenamento, as floresapresentavam-se inviáveis para comercialização, apresentando cerca de 60 % de florescom murchamento a partir do nono dia de armazenamento; entretanto, a partir dodécimo dia as flores mantidas nestes tratamentos tenderam a apresentar menorlongevidade até o período final do armazenamento. Portanto, no décimo quinto dia dearmazenamento, observou-se uma percentual de 90% de flores com murchamentoacentuado, tornando-as totalmente inaceitáveis pra comercialização.Figura 4. Murchamento (1-9) em ixoras vermelhas mantidas sobrefrigeração de 10°C e depois expostas às condições ambiente de 24 +2 o C e 85 + 2% UR.CONCLUSÕESAs flores de Ixoras vermelhas apresentaram longevidade em vaso deaproximadamente quatro dias, tendo, portanto, potencial para utilização como flor devaso. O condicionamento das flores sob refrigeração de 10°C resultou em manutençãoda qualidade floral, retardando o murchamento de pétalas e folhas.112


O corte periódico da base das hastes foi efetivo na melhoria da hidratação dasflores, resultando em maior longevidade. O condicionamento das flores sob condiçõesambiente nas diferentes soluções conservantes não foi efetivo na manutenção daqualidade floral.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBEYER JUNIOR, E. Silver ion; a potent antiethylene agent in cucumber and tomato.HortScience, Alexandria, v.11, n.3, p.195-196, 1976.CASTRO, C.E.F. de, LUCHESI, A.A., CASTRO, J.V. et al. Manutenção da qualidadepós-colheita de cravo ‘Scania Red Sim’. I. Efeito da sacarose e da 6-Benzil-Aminopurina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FLORICULTURA E PLANTASORNAMENTAIS, 6, 1987, Campinas, Anais... Campinas, 1987, p.144-157.DOI, M.; REID, M. S. Sucrose improves the postharvest life of cut flowers of a hybridLimonium. HortScience, Alexandria, v. 30, p. 1058-1060, 1995.HARDENBURG, R.E.; WATADA, A.E.; WANG, C.Y. Almacenamiento commercialdefrutas, legumes y existencias de floriesterias y viveros. Costa Rica: IICA, 1988. p.91-121.ICHIMURA, K.; SUTO, K. Effects of the time of sucrose treatment on vase life, solublecarbohydrate concentrations and ethylene production in cut sweet pea flowers. PlantGrowth Regulation, Amsterdam, v. 28, n. 2, p. 117-122, 1999.KOHL, H. C. Cyclamen as cut flowers. California: Flower Nurs, 60 p. 1975.LORENZI, H; SOUZA, H.M. Plantas Ornamentais no Brasil: Arbustivas, Herbáceas eTrepadeiras, Nova Odessa, S.P., Ed. Plantarum, p.637, 1995.113


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CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE UMA ESPÉCIE NOVADO GÊNERO ZEPHYRANTHES HERB. NATIVA DO NORDESTEDO BRASILWinston J. P. Felix 1 ; Leonardo P. Felix 2 ; Natoniel F. de Melo 3 ;Julie H. A. Dutilh 4 ; Reginaldo de Carvalho 11 <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco, Programa de Pós-Graduação em Agronomia (MelhoramentoGenético Vegetal) - R. Dom Manoel de Medeiros, s/n - Dois Irmãos, PE - Recife, Brasil, CEP.52171-900.2 <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Departamento de Fitotecnia, 58397-000,<strong>Areia</strong> <strong>PB</strong>, Brasil.3 Embrapa Semi-árido, BR 428, Km 152, Caixa Postal 23, 56302- 970 Petrolina PE, Brasil4 <strong>Universidade</strong> Estadual de Campinas, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Caixa Postal6109, 13084-971, Campinas SP, Brasil. Autor para correspondência: winstonpessoa@yahoo.com.br.RESUMO: O gênero Zephyranthes Herb. é um grupo taxonômicamente complexo ecariologicamente variável, compreendendo cerca de 65 espécies de distribuiçãopredominantemente neotropical. O presente trabalho aborda uma caracterizaçãocromossômica de espécie autóctone do gênero Zephyranthes com grande potencialhorticultural, obtidas em populações do Nordeste do Brasil. Todos os indivíduos dasespécies, Zephyranthes sp1, apresentaram núcleo interfásico reticulado e complementocromossômico bimodal. Foram observados um único citotipo para todas as populaçõescom 2n=44+1B, não havendo a ocorrência de polimorfismo acentuado, ocorrendoapenas à existência de um cromossomo B metacêntrico bem caracteristico. Apresentadoainda comprimento cromossômico total de 236,82µm, comprimento cromossômicomédio de 5,26µm, razão do maior para o menor cromossomo de 5,08 vezes e um índicecentromérico equivalente a 34,31%, com assimetria intracromossomica de 0,44 eintercromossomica de 0,45. A espécie foi incluída na categoria 2B da classificação deStebbins (1971), corresponde também a cariótipos relativamente simétricos.Palavra chave: Zephyranthes, ornamental, assimetria cromossômica e cromossomosB.ABSTRACT: Characterization citogenetic of one new specie in Zephyranthes Herb.From Northeast Brazil. The genus Zephyranthes Herb. with about 65 species ofpredominantly neotropical distribution, is a complex and taxonômic karyologic variablegroup. The present work is an stud of the characterization chromosome of autochthonyspecie of general Zephyranthes with great potential ornamental, obtained in populationsof the Northeast of Brazil. All species have bimodal karyotype interphasic and nucleusreticuled. An only cytotype were observed for all the populations with 2n=44+1B, nothaving the occurrence of accentuated polymorphism, just happening to the existence of aB chromosome very characteristic metacentric. Still presented length total chromosomeof 236,82 m, length medium chromosome of 5,26 m, the largest's reason for the smallestchromosome of 5,08 times and an index equivalent centromeres to 34,31%, com115


asymmetry chromosome de 0,44 e chromosome de 0,45. The species was included in thecategory 2B of the classification of Stebbins (1971), it also corresponds relatively thekaryotype symmetrical.Key word: Zephyranthes, ornamental, asymmetry chromosome and Bchromosomes.INTRODUÇÃOO gênero Zephyranthes compreende cerca de 65 espécies de distribuiçãoprincipalmente neotropical (Huthchinson 1959; Judd et al. 1999). Destas, 50 são nativasda América Tropical e Subtropical (Meerrow & Snijman, 1998), sendo 36 delasreferidas para o Brasil. Muitas espécies tem um grande potencial como ornamental,sendo conhecidos vulgarmente como “lírios do campo, lírio da chuva, lírio do Zéphiro.O grande potencial ornamental do gênero é destacado por (Dutilh, 2005a,b) e muitas desuas espécies podem ser utilizadas no paisagismo, para a formação de maciços sobre ogramado, bordaduras, em canteiros ou vasos, adaptando-se muito bem a jardins depedra. De acordo com a variedade e o clima em que está inserido, pode florescerdurante a primavera, o verão e ou o outono, normalmente após dias fortes de chuva(Lorenzi & Souza, 1999). Além da sua beleza natural, apresenta fácil dispersão, grandenumero de sementes férteis, duas formas de propagação (sexuada e assexuada). Alémdisso, algumas espécies são utilizadas tratamento fitoterápicos (Kai et al., 2006), oupodem ser utilizadas como doadoras de genes de resistência para Afídeos, e Homóptera,insetos do tipo sugador (Pang et al., 2004).O gênero é incluído na família Amaryllidaceae, é bastante realcionado a algumasespécies de Habranthus Herb. (Meerow et al., 2007), sendo este último considradomuitas vezes como sinônimo de Zephyranthes (J. L. Dutilh, comunicação pessoal).Contudo, para alguns autores, Zephyranthes possui flores e estames eretos, enquanto emHabranthus as flores e estames são declinados. Esta divisão, porém, nunca se mostrounatural principalmente por apresentarem uma grande variação nas suas característicasmorfológica e anatômica, que muitas vezes se sobrepõem (Arroyo, 1981; Meerow et al.,2000).Zephyranthes é um gênero cariologicamente variável, com números desde2n=10 em Zephyranthes seubertii E. P. Hume (Daviña, 2001), até 2n=ca. 200, em umhíbrido horticultural interespecífico (Flory & Smith, 1980). Apresenta registrocromossômico para aproximadamente cinqüenta espécies, a maioria com ocorrência devariações cromossômicas numéricas decorrentes de eventos de poliploidia, aneuploidiae disploidia, além de registros de cromossomos Bs (Greizerstein & Naranjo, 1987). Agrande variabilidade cariológica no gênero tem sugerido a existência de três numerobásicos primários: x = 5, 6, 7 (Naranjo, 1974; Daviña & Fernandez, 1989). A maioriadas espécies apresenta cariótipos formados por um ou poucos pares metacêntricoslongos e os demais menores, com centrômeros medianos, submedianos, subterminais eterminais (Flory, 1977). Para muitos autores as formulas cariotípicas básicas constituemimportantes dados para a sistemática e filogenia de plantas (Ver, por exemplo, Bennett116


& Leitch, 2005). Pode representar uma característica plesiomórfica em um determinadoclado ou pode ter surgido independentemente em várias linhagens e, nesse caso não éfilogeneticamente informativa (Guerra, <strong>2008</strong>).Apesar de ser freqüente a ocorrência de variação cromossômica numéricaintraespecifica em espécies desse gênero (Daviña, 2001), são raros os estudosenvolvendo diversas populações naturais. Em Z. sylvatica, uma espécie frequente nosemi-árido do nordeste, foram observados três diferentes citotipos em uma únicapopulação de Pernambuco (Felix et al., <strong>2008</strong>). Contudo, não são conhecidos registroscariológicos para outras populações de Zephyranthes do Nordeste do Brasil, comotambém há indicação de ocorrência de uma espécie nova para a ciência, o que sugere apossibilidade de contagens inéditas para o gênero.A indicação dos índices de assimetria cariotípica é um instrumento importantepara compreender as alterações estruturais envolvidas na formação de determinadoscariótipos (Stebbins, 1971; Paszko, 2006). Zephyranthes é representado na RegiãoNordeste por uma única espécie, Z. sylvatica, além de Habranthus bahiensis (Dutilh,2006). Além dessas, outra espécie é frequentemente avistada em flor, logo após asprimeiras chuvas em várias localidades do estado da Paraíba e provavelmente constituium novo táxon para a ciência (J. A. Dutilh, comunicação pessoal). Para H. bahiensis,não são conhecidos registros cariológicos prévios e para Z. sylvatica, foi realizadorecentemente um estudo cariológico detalhado para uma população de Petrlina,Pernambuco. Este trabalho consiste no estudo de quatro populações de Zephyranhtes sp.nv. ocorrentes em diferentes municípios do Estado da Paraíba, visando identificarpossíveis variantes relacionadas ao número ou a morfologia cromossômica.MATERIAL E MÉTODOSForam estudados um número variável de indivíduos de quatro populações deZephyranthes sp. nv., dos Municípios de Guarabira (20), <strong>Areia</strong> (20), Esperança (5) ePocinhos (10), todos no Estado da Paraíba (Figura 1). Trata-se provavelmente de umnovo táxon, caracterizado por apresentar folhas lineares, flores eretas de coloraçãovariável, desde rosa-escuro a brancas (Fig.2 A-C). Todo o material foi cultivado emvasos plásticos no jardim experimental do laboratório de citogenética vegetal do Centrode Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba. Materiais testemunhos foramherborizados e incorporados ao acervo do Herbário Prof. Jayme Coelho de Moraes(EAN) do Centro de Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, comduplicatas enviadas para a <strong>Universidade</strong> Federal Rural de Pernambuco e para a<strong>Universidade</strong> Estadual de Campinas.Para as analises citológicas foram utilizadas pontas de raízes jovens pré-tratadasdurante 4-8h com 8-hidroxiquinoleína 0,002 M, posteriormente fixadas em Carnoy 3:1(etanol: ácido acético glacial) durante 3 a 24 horas e estocadas em freezer até posterioranálise. As raízes foram inicialmente lavadas duas vezes por 5 minutos em águadestilada à temperatura ambiente, hidrolisadas por 20 minutos em ácido clorídrico 5N,esmagadas em ácido acético 45%, congeladas em nitrogênio líquido para remoção dalamínula e coradas convencionalmente com Giemsa 2% (Guerra & Souza, 2003). Para117


contagem e identificação da morfologia cromossômica, apenas as células fechadas, ecromossomos com centrômero claramente visível, foram consideradas, contadas e tiradaas medias dos tamanhos.Para identificar a posição do centrômero foi adotada a terminologia sugerida porGuerra (1986): Metacêntrico (M), Submetacêntrico (Sm), Acrocêntrico (A) eTelocêntrico (T), definida numericamente pela razão de braços (r), obtida a partir darelação entre o braço longo (l) e o braço curto (c) e pelo índice centromérico (ic). Aassimetria do cariótipo foi estimada, a partir da classificação de Stebbins (1971), e dosíndices de Romero Zarco (1986) com base em medições de três células bem espalhadas.Foram tomadas medidas do comprimento cromossômico total (TCL), comprimentocromossômico médio (CL), calculado o índice centromerico médio (CI) e a razão entreo maior e o menor cromossomo (R).RESULTADOS E DISCUSSÃOA espécie apresentou núcleo interfásico reticulado e cariótipo formado por umconjunto de cromossomos metacêntricos a submetacêntricos e por um número menor decromossomos acrocêntricos, além de um cromossomo supranumerário. Todos osindivíduos das 4 populações, apresentaram cariótipo com 2n = 44 + 1B, formado porcinco pares metacêntricos, 12 submetacêntricos, cinco acrocêntricos e um cromossomosupranumerário metacêntrico menor (Figura 3 a-h). Os cromossomos metacêntricosmediram em média 10 a 3µm, enquanto os submetacêntricos variaram de 7 a 4µ, osacrocêntricos, de 5 a 3µm e o cromssomo B, mediu em media 2µm. Os indivíduos dessetáxon apresentaram comprimento cromossômico total de 236,82 a 231,77µm,comprimento cromossômico médio de 5,65 a 5,14µm, razão do maior para o menorcromossomo de 5,08 a 5,05 vezes e um índice centromérico equivalente a 34,31 a33,89%, assimetria intracromossomica de 0,44 a 0,41 e intercromossomica de 0,45 a0,44. A espécie foi incluída na categoria 2B da classificação de Stebbins (1971), o quecorresponde a cariótipos relativamente simétricos.Zephyranthes é um gênero notavelmente variável em termos de númeroscromossômicos, com registros variando desde 2n=10 em Z. seubert da Argentina(Daviña & Fernandez, 1989) a 2n=110 em Z. concolor do México (Palomino &Santiago, 1988) e atingindo 2n=ca.200 em um híbrido natural cultivado (Flory, 1980).Todavia, a maioria das espécies apresenta 2n=12 ou números próximos, em espéciesreconhecidas como Habranthus, ou 2n=24, ou múltiplos deste em espécies reconhecidascomo Zephyranthes (Oliveira, 2006). Não é conhecido nenhum registro recente de2n=44 para qualquer espécie de Zephyranthes ou Habranthus. Todavia, cromossomosBs já foram amplamente referidos para outras espécies de Zephyranthes, como em Z.grandiflora, com 2n=67+1B (Greizerstein & Naranjo, 1987), ou em Z. sylvatica (Felixet al., <strong>2008</strong>); neste último caso, com cromossomos Bs observados em apenas algunsindivíduos da população analisada. Diferentemente, na presente amostra, o cromossomosupranumerário ocorreu em todos os indivíduos das quatro populações estudadas.Cromossomos supranumerários são relativamente frequentes em vegetais, poréma origem desses cromossomos dificilmente pode ser identificada. Entre as prováveisorigens dos cromossomos Bs estaria sua derivação através dos cromossomos As, que118


sofreriam hrterocromatinização e por isso seriam geneticamente não funcionais(Camacho, 2000). Em Z. sylvatica, com ocorrência de um cromossomo B ocasional, nãofoi identificada nenhuma heterocromatina neste cromossomo supranumerário (Felix,dados não publicados), embora seu aparecimento apena em alguns indivíduos indique ainexistência de genes essenciais. Em Zephyranthes sp. nv., cromossomo B ocorreu emtodos os indivíduos analisados e não apresentou comportamento heteropicnótico, o quenão sugere sua heterocromatinização. Por outro lado, é provável que este cromossomoapresente algum valor adaptativo pelo fato de ser universalmente distribuído em todosos indivíduos estudados.Zephyranthes, assim como outros membros de Amaryllidaceae apresentacariótipos relativamente simétricos, com uma variação gradativa do tamanho e damorfologia cromossômica. Em Zephyranthes sp. nv., o cariótipo foi relativamentesimétrico, aparentemente correspondente a um nível tetraplóide com base em x=11, esteprovavelmente um número básico secundário com base em x=5, conforme jápreviamente observado em Z. seubertii com n=5 (Daviña & Fernandez, 1989). Aocontrário do que foi observado no citotipo tripolóide de Z. syvatica com trincasheteromórficas(Felix et al., <strong>2008</strong>), Zephyranthes sp. nv. apresentou parescromossômicos decrescendo gradativamente de tamanho, dos maiores metacêntricospara os menores acrocêntricos, sugerindo uma origem antiga e uma maior estabilidadecariotípica. Neste caso, apesar de ser uma espécie ainda inédita para a ciência eportadora de cromossomo B, Zephyranthes sp. nv. parece ser uma espéciecitogeneticamente madura, sem qualquer variação numérica ou estrutural detectável emnenhum dos indivíduos amostrados. Cariótipos simétricos são considerados um caráterplesiomórfico, sendo característicos de clados basais em diversos grupos de plantas,como no gênero Lapeirousia (Goldblatt & Takei, 1993) ou na tribo Tigrideae da famíliaIridaceae (Alves, 2007). Em Eleutherine bulbosa, por exemplo, a forte assimetria e oheteromorfismo cromossômico das populações do Nordeste do Brasil foramconsiderados características derivadas quando comparada às populações da AméricaCentral com cariótipo mais simétrico (Guerra, 1988).Com cariótipo simétrico estável e número cromossômico elevado, Zephyranthessp. nv., provavelmente, é uma espécie paleopoliplóide com genoma claramenteadaptado aos ambientes sob estresse hídrico da vegetação de Caatinga. Citotipospoliplóides adaptados a ambientes xéricos terrestres ou rupestres, têm sido observadosem espécies de orquídeas dos gêneros Oncidium e Epidendrum (Felix & Guerra, 2000)e na família Bromeliaceae (Gitaí et al., 2005). Todavia, outros grupos de plantas, comona família Convolvulaceae (Pitrez et al. <strong>2008</strong>) e até mesmo em Zephyranthes sylvatica(Felix et al., <strong>2008</strong>). Um estudo mais detalhado da assimetria cariotípica em algunsgrupos de plantas permite uma compreensão clara do sentido da evolução cariotípica(Guerra, <strong>2008</strong>). Por trata-se de uma espécie amplamente distribuída no semiárido doNordeste, em densas populações facilmente visualizadas nas primeiras pancadas dechuvas. É facilmente cultivável e provavelmente poderá ser utilizada em programas demelhoramento votados para a resistência à ambientes com estresse hídrico espécie deuso ornamental.119


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Figura 3. Metáfases Mitóticas e cariótipos de Zephyranthes sp1. Metáfase mitóticacom 2n=44+1B (a-h), e respectivos cariótipos. Setas representam cromossomos B.Barras 10 µm.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICASALVES, L. I. F. Citogenética de Espécies de Iridaceae Ocorrentes no Nordeste doBrasil. Dissertação de Mestrado, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba. <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, 2007,106p.BENNETT, M. D.; LEITCH, I.J. Nuclear DNA amounts in angiosperms: progress,problems and prospects. Annals of Botany. London. v. 95, p.45–90, 2005.CAMACHO, J. P. M.; SHARBEL, T. F.; BEUKEBOOM, L. W. B-chromosomeevolution. The Royal Society, London, v.355, p.163-178, 2000.DAVIÑA, J. R. Estudios citogeneticos en algunos generos argentinos deAmaryllidaceae. 2001. 183f. Tese (Doctor en Ciencias Biológicas ) - <strong>Universidade</strong>Nacional de Cordoba, Cordoba, AG.DAVIÑA, J. R.; FERNÁNDEZ, A. karyotype and meiotic behavior in Zephyranthes(Amaryllidaceae) from South America. Cytologia, Tokyo, v.54, p.269-274. 1989.DUTILH, J. H. A. Ornamental bulbous plants of Brazil. Acta Horticulturae, V.683,p.37-42, 2005a.DUTILH, J. H. A. Amaryllidaceae. In: WANDERLEY, M.G.L. et al. Florafanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP: RiMa, p. 244-256, 2005b.DUTILH, J. H. A. Amarylidaceae. In: BARBOSA, M. R.; SOTHES, C.; MAYO, S.;GAMARRA-ROJAS, C.F.L.; MESQUITA, A. C. Checklist das plantas do NordesteBrasileiro: Angiospermas e Gymnospermas. (Eds): Ministério de Ciência e Tecnologia.Brasilia, 2006. 156p.FELIX, W.J.P.; DUTILH, J. H. A.; MELO, N. F. DE.; ALMEIDA, A.; FELIX, L. P.Intrapopulational chromosome number variation in Zephyranthes sylvatica Baker(Amaryllidaceae: Hippeastreae) from northeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica,v.32, n.2, p.371-375, <strong>2008</strong>.122


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DIFERENTES NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DA NECESSIDADEHÍDRICA COM ÀGUA RESIDUÁRIA E ADUBAÇÃO ORGÂNICAEM CRISÂNTEMO 1Leandro Oliveira de Andrade 2 ; Frederico Antonio Loureiro Soares 3 ; Hans Raj Gheyi 4 ;Reginaldo Gomes Nobre 3 ; Elka Costa Santos Nascimento 51 Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor.1 Doutorando em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, CEP: 58109-970,Bodocongó, Campina Grande-<strong>PB</strong>. Fone: (83) 3310-1285. E-mail: leandro.ufcg@hotmail.com1 Doutor em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG. Fone: (83) 3310-1285. E-mail:fredalsoares@hotmail.com; rgomesnobre@yahoo.com.br;1 Professor/UAEAg/CTRN/UFCG. Fone: (83) 3310-1056. E-mail::hans@deag.ufcg.edu.br1 Graduanda em Eng. Agrícola e Ambiental, Fone: (83) 3310-1285. E-mail: elka_costa@hotmail.comRESUMO: A floricultura está em expansão no Brasil, podendo ser considerado oramo mais lucrativo da agricultura. Nesta atividade se destaca o cultivo de flores decorte e, entre elas, está o crisântemo que a cada ano disputa com as rosas as primeirascolocações das mais vendidas. Os testes de uso de águas residuárias domésticas nafloricultura, principalmente para as regiões como o Nordeste, carente de recursoshídricos são válidos. Outro reaproveitamento de recursos para a agricultura é o uso deadubos orgânicos que permite incrementos químicos e físicos no solo. Desta forma estetrabalho teve como objetivo estudar os efeitos da irrigação com diferentes reposições denecessidades hídricas da cultura utilizando efluente de origem doméstica e a adubaçãoorgânica no crescimento e desenvolvimento de crisântemos. O experimento foiconduzido em cultivo protegido em delineamento experimental de blocos casualizadosem esquema fatorial 4 x 2 + 2, com 4 repetições, sendo 4 condições de reposição danecessidade hídrica (RH) utilizando água residuária (100, 80, 60 e 40% da RH),combinados com 2 níveis de adubação orgânica (ausência e a presença) adicionados 2tratamentos testemunhas (plantas irrigadas com 100% da RH com água deabastecimento sob adubação orgânica e inorgânica). A fase de maior crescimento dasplantas em altura de planta, brotação lateral e número de folhas ocorreu aos 38, 59 e 17dias após transplantio, respectivamente, com água residuária apresentando-se superior,ao nível 80% de reposição. A adubação mineral superou a adubação orgânica em todasas variáveis analisadas.Palavras-chave: água residuária, flor de corte, esterco bovino.1 Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor.2 Doutorando em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, CEP: 58109-970,Bodocongó, Campina Grande-<strong>PB</strong>. Fone: (83) 3310-1285. E-mail: leandro.ufcg@hotmail.com3 Doutor em Eng. Agrícola, UAEAg/CTRN/UFCG. Fone: (83) 3310-1285. E-mail:fredalsoares@hotmail.com; rgomesnobre@yahoo.com.br;4 Professor/UAEAg/CTRN/UFCG. Fone: (83) 3310-1056. E-mail::hans@deag.ufcg.edu.br5 Graduanda em Eng. Agrícola e Ambiental, Fone: (83) 3310-1285. E-mail: elka_costa@hotmail.com126


ABSTRACT: Different Levels of Water Necessity Applications Using Wastewaterand Organic Manure on Growth and Development of Chrysanthemum. Nowadaysthe floriculture is in full expansion in Brazil, and may be considered the most lucrativebranch of agriculture. In this activity, the crop of cut flowers is oen of the mostimportant and the chrysanthemum disputes with the roses ranking of the most soldflowers. The tests of use of domestic wastewater in cut flowers growing are valid,because it does not generate an eatable product, mainly for the regions similar to theBrazilian northeast, devoid of water. Other resource recycling in agriculture is the use oforganic manures, which may improve also chemical and physical properties of the soiland the production. This work had as objective to study the effect of the irrigation withdifferent levels of application of wastewater necessity and the use of organic manure inthe growth and development of chrysanthemum. The experiment was carried out undergreenhouse at the UFCG. The experimental design was in randomized blocks in afactorial scheme of 4 x 2 + 2, with 4 repetitions, tested 4 levels of wastewater necessityreplacement (100, 80, 60 and 40%) in combination with 2 organic manuring rates -absence and presence of cattle manure, with 2 controls (plants irrigated with supplywater at 100% of the water necessity under organic and mineral fertilization,separately). The highest growth phase in terms of plant height, lateral shoot and numberof leaves occurred on 38, 59 and 17 days after transplanting, respectively, obtainingbetter results under wastewater use, specially with the 80% reposition. The mineralfertilizing was better than the organic one in all analyzed variables.Key-words: wastewater, cut flower, cattle manure.INTRODUÇÃODentre os segmentos produtivos agroindustriais de destaque nos cenários nacional einternacional, a floricultura mostra-se como um dos mais dinâmicos e promissores (Fernandeset al., 2007). No Brasil o setor da floricultura aparece como uma das melhores alternativaspara quem busca investimento na agricultura. Isso porque demanda pouca área e o ciclo deprodução, dependendo da cultura, é geralmente curto, o que permite giro rápido do capital(Matsunaga, 1995).A distribuição da área cultivada, em 2006, com flores e plantas ornamentais era de50,4% para mudas; 13,2% para flores envasadas; 28,8% para flores de corte; 3,1% parafolhagens em vasos; 2,6% para folhagens de corte e 1,9% para outros produtos dafloricultura.Como planta ornamental de grande destaque o cultivo do crisântemo em 2003, noestado de São Paulo, líder em floricultura no território nacional, se destacava comosegunda espécie mais plantada em área no estado, 430 ha, representando mais de 12%de toda a área ocupada com cultivo de flores, perdendo somente para a cultura de rosasque ocupava 984 ha, aproximadamente 28% da área total de cultivo (Francisco et al.,2003).Outro dado interessante e que dentre as plantas mais vendidas nos três maioresmercados nacionais, o crisântemo encontra-se em posição de destaque,:como terceiro127


lugar na CEASA de Campinas, quinto no Veiling de Holambra e sétimo na CEAGESPde São Paulo (Junqueira & Peetz, 2004).A utilização de efluentes domésticos na agricultura cresceu consideravelmente nosúltimos anos em muitos países (Sandri, 2003), posto que a água vem-se tornando umadas maiores preocupações mundial dada uma possível crise mundial de abastecimento(Postel et al., 1996). Em virtude desta preocupação, que atinge inclusive várias regiõesdo Brasil, associada aos problemas de qualidade da mesma, torna-se uma alternativapotencial de racionalização desse bem natural a reutilização da água para vários usos,inclusive a irrigação agrícola, que representa aproximadamente 70% do consumohídrico no mundo.Segundo Van der Hoek et al. (2002), as maiores vantagens do aproveitamento daágua residuária, são: conservação da água disponível, sua grande disponibilidade,possibilitar o aporte e a reciclagem de nutrientes.A utilização de adubos orgânicos de origem animal torna-se prática útil e econômicapara os pequenos e médios produtores de hortaliças, grupo de culturas onde está inseridaa floricultura, de vez que enseja melhoria na fertilidade e na conservação do solo(Galvão et al., 1999). Neste sentido, Filgueira (2000) afirma que as hortaliças reagembem a este tipo de adubação, tanto em produtividade como em qualidade dos produtosobtidos, sendo o esterco bovino a fonte mais utilizada pelos olericultores, devendo serempregado especialmente em solos pobres em matéria orgânica.O esterco bovino é um dos resíduos gerados na agropecuária que contémquantidades variáveis de nutrientes e que pode ser usado na agricultura, na substituiçãoou complementação da adubação química (Damatto Júnior et al., 2006).O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da irrigação utilizando águaresiduária de origem doméstica em diferentes níveis de reposição da necessidade hídricae o uso de adubação orgânica no crescimento e desenvolvimento de crisântemo.MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido em casa de vegetação do tipo capela, construída emestrutura e alvenaria e ferro, com orientação no sentido leste oeste, com uma áreaexperimental de 72 m 2 ; pertencente à Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola(UAEAg), da <strong>Universidade</strong> Federal de Campina Grande (UFCG), no período de 28-04-<strong>2008</strong> a 11-09-<strong>2008</strong>.Os tratamentos corresponderam a 4 níveis de reposição de necessidades hídricas dacultura com água residuária, sendo elas de 100 (RH 1 ), 80 (RH 2 ), 60 (RH 3 ) e 40%(RH 4 )combinado com 2 níveis de adubação orgânica (ausência e a presença de estercobovino curtido, a 2%, com base na massa fresca) e 2 tratamentos testemunhas (umutilizando 100% da RH com água de abastecimento sob adubação orgânica e outro comadubação inorgânica). Cada unidade experimental foi formada por um recipiente com umaplanta. O delineamento experimental adotado foi em blocos casualizados em esquemafatorial 4 x 2 + 2, com 4 repetições.O material de solo utilizado foi proveniente de um Latossolo, franco argiloso, a análisequímica do solo seguindo-se metodologias contidas em EMBRAPA (1997) foi realizado noLaboratório de Irrigação e Salinidade da UFCG, cujos resultados estão apresentado na Tabela 1.128


No experimento foram utilizados 40 vasos plásticos, com capacidade para 6 L,portando 04 furos no fundo, para drenagem, os quais foram preenchidos com 200g debrita, número zero, cobrindo todo o fundo, e solo, com e sem adição de 2%, em base depeso, de esterco bovino curtido. Todos os vasos foram pesados e mantidos com um pesode 7 kg.Em vaso preenchido, foi determinada a quantidade de água para deixar o solo emcapacidade de campo, como descrito por Daker (1988) que consistiu em colocar o vasono interior de uma bacia com um volume conhecido, e aguardar a subida da água no solo,por capilaridade, repetindo este procedimento até a formação de uma lâmina de água de 1mm na superfície do solo e assim mediu-se o volume restante na bacia. Logo em seguidao vaso ficou erguido por um arco de PVC de 10 cm, dentro de um balde com maiorcapacidade e o conjunto foi embalado com um saco preto, para que não houvesse efeitoda evaporação, por 24 horas e pesado numa seqüência de vezes até que o pesoestabilizasse. Após este procedimento foi medido o volume, drenado do vaso. Sendoassim, a quantidade de água para atingir a capacidade de campo, conhecida a partir daícomo sendo 1,1 L.As sementes da variedade Dobrado Sortido de Crisântemo (Dendranthemagrandiflora Tzvelev.) da empresa Feltrin Sementes, foram plantadas em 100 tubetes,tamanho padrão, preenchidos com substrato comercial TOPSTRATO HORTALIÇAS ® ,em número de três por tubete, e irrigadas, com água de abastecimento, três vezes ao dia,07, 12 e 17 horas. A emergência das plântulas iniciou-se no 4º dia após o plantio (DAP)e as mudas foram transplantadas no 21º DAP, com cerca de 6 cm de altura e 5 pares defolhas verdadeiras, conforme indicado pelo fabricante das sementes.Com a finalidade de auxiliar a sustentação das plantas, e facilitar os tratos fitossanitáriose avaliações semanais, foi fixado, dentro dos vasos, a partir do 15º dias após transplantio(DAT), um tutor padrão, medindo 1,20 m, onde nos quais foram amarradas, com fitilhos depapel de filtro, as caules principais das plantas que necessitavam, em virtude detombamento por peso.Foram feitas pulverizações para o controle curativo de mosca branca (Bemisia tabaci raçaB), da larva Minadora (Lyriomyza huidobrensis) e controle preventivo de Thrips (Thrips palmi),do ácaro rajado (Tetranychus urticae) utilizando os respectivos produtos comerciaisrecomendados, com aplicação às 18 horas, utilizando o equipamento de proteção individual(EPI). Também foi praticada vistoria constante, a catação manual e retirada de plantas daninhas,evidenciando a utilização de Manejo Integrado de Pragas e não simplesmente de controlequímico. Além do controle químico curativo e preventivo, também foi feito o processo decontrole mecânico, a retirada manual de folhas apresentando sintomas, como mais umaferramenta do Manejo Integrado de Doenças.As adubações das testemunhas inorgânicas, de fundação e de cobertura, foramrealizadas seguindo as recomendações de Novais et al. (1991).A água utilizada para irrigação foi proveniente do Riacho Bodocongó, que passa aolado da casa de vegetação da UFCG. Este riacho é composto de águas residuáriasexclusivamente oriundas de esgotos domésticos.A irrigação foi baseada na diferença entre o volume médio aplicado e o volumemédio drenado nos lisímetros. Os lisímetros utilizados eram compreendidos de baldesde 8 L de capacidade com um aro de PVC de 10 cm de altura, no fundo, que suportava o129


vaso do experimento, com plástico preto ao redor para conter o volume de evaporaçãodo balde.O turno de rega adotado foi de 2 dias, do início ao fim do experimento, comirrigação dos lisímetros sempre às 17 horas, na véspera da irrigação, e coleta dasdrenagens às 7 horas, para que os volumes fossem fielmente adequados às condiçõesclimáticas em que se encontravam as plantas.A partir dos 3 DAT e a cada 07 dias até o término das avaliações do experimento(101 DAT) foram feitas as avaliações das variáveis: altura de planta (AP), diâmetro decaule (DC), brotações laterais (BL) e número de folhas (NF), porém serão apresentadosdados apenas dos 45 e 101 DAT, pois aos 45 DAT foi quando colocou-se a cortinanegra, plástica, de cobertura durante 6 semanas exatas, a partir das 17 até as 7 hs do diaseguinte conforme metodologia utilizada por Bellé et al. (2007) e Fernandes et al.(2007), com a finalidade de induzir o aparecimento de botões florais, em virtude docrisântemo ser considerado uma planta de dias curtos. Escolheu-se a outra data (101DAT) por se tratar do termino da fase vegetativa.Os efeitos isolados das quatro reposições da necessidade hídrica e da utilização deadubo orgânico no final do ciclo vegetativo do crisântemo sobre o crescimento dasplantas foram analisados por meio de análises de variância simples com testes ‘F’(Zimmermann, 2004). Para ‘reposição da necessidade hídrica’ foram realizadas análisesde regressão polinomial, obtendo-se equações de regressão e se utilizando modeloslinear e quadrático (Ferreira, 2000), devido à natureza quantitativa. Para os ‘adubos eos tratamentos testemunha’, por serem de natureza qualitativa, se aplicou o teste deTukey (p < 0,05) para comparação das médias (Santos et al., 1998). A fim de se explicara evolução do crescimento e desenvolvimento das plantas submetidas aos tratamentosavaliados, usou-se o modelo de regressão não linear do tipo ‘sigmóide’ ou ‘logístico’(Souza, 1998).RESULTADOS E DISCUSSÃOHouve efeito significativo para o fator reposição da necessidade hídrica (RH) aos 45dias após transplantio (DAT) para as variáveis altura de planta (AP), brotação lateral enúmero de folhas e aos 101 DAT para altura de plantas (AP) (Tabela 2). Para o fatoradubo orgânico e a interação ( RH x A) não houve efeito significativo a 5% deprobabilidade em nenhuma das variáveis nas épocas avaliadas.O modelo de regressão que melhor se ajustou para o efeito da reposição hídrica naaltura de planta, para as datas de avaliação, foi quadrático (Figura 1). Segundo o modelode regressão, aos 45 DAT, no intervalo inicial de 20% de diferença entre os niveis deRH, houve um incremento de 65,91%. No intervalo seguinte, entre as disponibilidadesde 60 e 80% RH, apresentou acréscimo de 29,07%, sendo que entre 80 e 100% RH,decresceu 7,78%. Na avaliação da altura de planta aos 101 DAT, a altura das plantas foicrescente até 100% da reposição da necessidade hídrica, com incrementos de 73,84,111,70 e 113,57%, para a RH de 60, 80 e 100% RH, respectivamente, quandocomparado com 40% da RH, este aumento progressivo provavelmente indica que asplantas entraram na fase de produção, que se evidenciou, em um indivíduo aos 89 DAT.Resende et al. (1981) relataram que plantas submetidas a tensões hídricas reduzem a130


turgescência e, conseqüentemente, a expansão celular, o que promove redução noalongamento do caule e da folha. Para Babalola (1980), a translocação defotoassimilados para as raízes é comprometida em condições de déficit hídrico, afetandodiretamente o crescimento das plantas.Na comparação dos fatores versus a testemunha 1 (Água de abastecimento xAdubação orgânica) não se observou diferença significativa, indicando que não ocorreuefeito de água residuária quando comparada com água de abastecimento. Para os fatoresversus a testemunha 2 (Água de abastecimento x Adubação inorgânica) observou-sediferença aos 45 e 101 DAT (Tabela 02).Aos 45 e 101 DAT a testemunha 2 obteve, respectivamente, 35,74 e 34,21% maisaltura de planta que os fatores avaliados, indicando que os fatores não supriram anecessidade da planta em termos de nutrientes, ou pelo menos, numa determinada fase(Figura 2).Medeiros et al. (2007), testando a viabilidade de quatro lâminas de águas residuáriasde origem urbana na produção de gérberas, observaram que a variável altura de planta,no caso comprimento de caule, que o efeito da lamina foi significativa, e o modelo quemais se ajustou foi o quadrático, assim como neste trabalho, indicando aumento navariável à medida em que houve incremento da lamina de irrigação aplicada. JáRuppenthal & Castro (2005), avaliando o efeito da aplicação de composto de lixourbano no solo sobre a nutrição do gladíolo, outra flor de corte, concluíram que osvalores médios de altura de planta não foram influenciados por nenhuma das dosagensde compostos de lixo, em nenhuma das épocas consideradas., A quantidade de água reposta para a planta influenciou linearmente a brotaçãolateral aos 45 DAT (Figura 1). Segundo o modelo de regressão houve um incremento nabrotação lateral BL aos 45 DAT de 16,29% por aumento de 20% da RH, em relação aotratamento de 40% RH, o que dará uma brotação lateral de 48,87% a mais quando serepõe 100% da necessidade hídrica, ou se considerar um incremento unitário esteacréscimo será de 0,81%.Foi observado que o efeito do adubo químico, só aconteceu no início do crescimento(45 DAT), na fase de maior crescimento da planta, pois a testemunha 2 obteve 31,39% desuperioridade em números de brotações laterais comparados com os fatores avaliados. Estecomportamento se manifestou, provavelmente, porque a água residuária não trouxebenefícios para a cultura posto que os tratamentos com água residuária e adubação orgânicanão diferiram estatisticamente quando comparados a testemunha 1 (Figura 02).Para o número de folhas as avaliações foram feitas só até os 45 DAT, o que, segundo ofabricante das sementes, deveria ser 50% do ciclo da cultura e por ficar inviável a contagemapós esta data pela enorme quantidade de folhas. De acordo com os estudos de Nascimento etal. (2004) sobre o efeito da variação de níveis de água disponível no solo, sobre o crescimentoe produção de vagens e grãos verdes de feijão caupi observaram reduções deaproximadamente 11, 23 e 35% para a número de folhas, respectivamente, para os níveis de80, 60 e 40% RH, quando comparados à 100% de água disponível no solo.Houve efeito linear da reposição hídrica no solo no número de folhas com um incremento de13,06% por aumento de 20% da necessidade de água da cultura reposta, em relação ao tratamentode 40% RH, o que dará um NF de 39,19% a mais quando se encontra com reposição de 100% daNH (Figura 1).131


Larcher (1986) afirma que, pela deficiência de água, ocorre perda progressiva daturgescência protoplasmática e aumento na concentração de solutos, surgindo, então, osdéficits funcionais e, na seqüência, as estruturas protoplasmáticas são danificadas.Segundo ainda este mesmo autor, há redução da perda de água, pela redução dasuperfície de transpiração da planta, para evitar a sua dessecação, parece ser uma dasmedidas comportamentais, entre outras, de resistência ao déficit hídrico, refletindo-se nasua morfologia. Esta ocorrência também foi constatada para esta cultivar em estudo,principalmente, nos tratamentos sob níveis de 60 e 40% de água disponível no solo.Ruppenthal & Castro (2005), estudando o efeito da aplicação de composto de lixourbano no solo sobre a nutrição do gladíolo, uma flor ornamental, observaram que osvalores de diâmetro médio de caule, não foram influenciados significativamente pelostratamentos de doses de compostos de lixo orgânicos associados ou não à adubaçãoquímica.Dentre os efeitos encontrados pela comparação das 4 condições hídricas (40, 60, 80 e100% da RH), em todas as datas de avaliação da variável altura de planta, que a reposiçãomelhor foi a de 80% da RH (Figura 03). Em ordem decrescente de incremento na AP,conclui-se que a de 80% RH é seguida 100, 60 e 40% RH. Comparando somente as duasmelhores condições hídricas, 80 e 100% RH, observamos através da regressão que asdiferenças entre elas se mantêm do início ao fim do experimento, onde começa em 15,89% etermina com 3,52% de diferença com 80% RH se sobressaindo. Das diferenças de AP obtidasentre 80 – 60% RH e 80 – 40% RH, a menor diferença de superioridade para a primeira foi de18,89%, na primeira avaliação (3 DAT), e a maior foi de 27,24% na avaliação dos 66 DAT,sendo esta diferença durante todo o experimento, em média, de 25%.A diferença de altura entre as plantas irrigadas com as maiores e menores porcentagensde reposições de necessidades hídricas é decorrente da insuficiência hídrica que provocadecréscimo na turgescência celular, diminuindo o crescimento por alongamento o que éconfirmado por Taiz & Zeiger (2004).Estes resultados são concordantes com os de Leite et al. (1999), quando relataram que osefeitos de déficits hídricos ocorridos na fase vegetativa do feijão caupi reduziram os componentesde crescimento, porém na fase reprodutiva, pré-floração e enchimento de grãos, seus efeitos forammais acentuados.O intervalo compreendido entre os 53 e 59 DAT mostrou que tanto as plantasirrigadas com água de abastecimento com adubação orgânica (testemunha 1) quanto acom adubação mineral (testemunha 2) obtiveram seus crescimentos máximos, em termode altura de planta, de 4,48 e 7,91 cm, respectivamente. Já o tratamento com águaresiduária na ausência de adubação obteve este crescimento máximo no intervalocompreendido entre os 67 e 73 DAT e na presença de adubação um valor de 7,25 cm,no período entre 60 e 66 DAT. Ainda pode-se observar na Figura 03, que comparandotodos os picos de crescimento, variando água e/ou adubação, a testemunha 2 atingiu umpico maior de altura superando em 43,43, 33,50 e 8,36%, a testemunha 1, os tratamentoscom água residuária sem e com adubação, respectivamente. Comparando-se astestemunhas somente, com a finalidade de testar o efeito das adubações, baseado nasavaliações de AP, pode-se verificar que aos 80 DAT foi encontrada a maior diferençanos valores de AP, com 38,21%, de superioridade do adubo químico. Vale salientartambém que em todas as avaliações a aplicação do adubo químico resultou nas maiores132


alturas de planta quando comparado ao adubo orgânico, com uma média desuperioridade durante todo o experimento de 31,77% (Figura 03).Avaliando somente as águas com mesmo tipo de adubação, a água de abastecimentofoi melhor até os 31 DAT, porém após esta data, prevaleceu até o final do experimento (101DAT), o reflexo do benefício do uso da água residuária, que foi gradativamente crescendo,do início ao fim, com máximo acréscimo de 30,73% na altura das plantas.Já os valores médios de AP em alface, membro da família dos crisântemos,apresentados em experimento de Sandri et al. (2007), onde utilizaram água residuária nairrigação, apresentaram efeitos significativos aos 25 DAT, entre o efluente e a água dedepósito utilizada, sendo mais benéfica a utilização da água residuária na quasetotalidade das datas de avaliação.Para verificar o efeito somente da utilização da matéria orgânica comparou-se os doistratamentos de irrigação utilizando água residuária, com e sem adubação orgânica,observou-se incremento crescente com o uso da matéria orgânica, a partir dos 45 DAT,chegando ao máximo de superioridade, comparando à sua ausência, de 16,34%. Este fatopode ter ocorrido, provavelmente, porque inicialmente a planta absorve poucos nutrientes econforme a planta necessita acelerar o crescimento a marcha de absorção de nutrientes vaigradativamente aumentando até alcançar a fase reprodutiva onde tende a se estabilizar,conforme pode ser observado a partir dos 80 DAT, aproximadamente.Pereira et al. (1997) analisando o fator conteúdo de água no solo, isoladamente,observaram que o maior consumo de água pelas plantas, nos níveis mais altos de águadisponível, não resultou em maior crescimento ou desenvolvimento, reforçando adedução de que a disponibilidade de água do solo para crescimento, deve ser menor que80% da RH pois, segundo Sousa & Beltrão (1997) o excesso de água influência adeficiência total ou parcial de oxigênio no solo, podendo causar efeitos no metabolismoe, dependendo do estádio da cultura e duração do encharcamento, afetar o rendimento.Os efeitos verificados através da comparação das porcentagens de restituição de águaestudadas, ou seja, 40, 60, 80 e 100% RH da necessidade da cultura, reparou-se que, para ocaso da variável diâmetro de caule (Figura 04), a de 80% RH foi a que apresentou osmaiores valores desde a data inicial de avaliação até 66 DAT seguida pela disponibilidadede 100% da reposição, que apresentou comportamento crescente até 101 DAT, passandode 33,51 a 54,20%, incrementando assim o diâmetro das plantas de crisântemo destetratamento.Comparando somente estas duas melhores condições hídricas encontradas, 80 e100% RH, as diferenças vão variando em termos percentuais, entre elas, ondeencontramos 80% RH excedendo 1,98, 2,13, 2,22, 2,24, 2,18, 2,01, 1,75, 1,38, 0,94 e0,45%, aos 3, 10, 17, 24, 31, 38, 45, 52, 59, e 66 DAT, respectivamente, onde seinvertem e 100% de reposição da necessidade hídrica passa a assumir as vantagens empercentagens superiores de 0,04, 0,47, 0,76, 0,83 e 0,57%, aos 73, 80, 87, 94 e 101DAT, respectivamente. O tratamento de reposição da necessidade em 40% pode serconsiderado como o que menos contribuiu para os valores do diâmetro, e suasdiferenças comparando-os aos dos maiores incrementos dentro das datas da pesquisaforam desde 2,56%, aos 3 DAT, comparando-o com 80% RH até 8,39%, aos 87 DAT,quando comparado ao de 100% RH. Com 80% RH, o maior diâmetro foi obtido aos 66DAT, sendo 1,54% maior que o de 100% RH, e aos 101 DAT, ocorreu o contrário, com133


as plantas em condições de 100% RH apresentando um incremento no diâmetro docaule de 1,07% sobre as de 80% AD.O incremento do diâmetro, constatado em função das restituições hídricas, veio confirmarfatos semelhantes relatados por Sobrinho et al. (2007), em seu experimento utilizando a culturado algodoeiro, ao afirmarem que o diâmetro das plantas diminuiu a medida que diminuía asuprementação hídrica, como decorrência natural das condições hídricas desfavoráveis para adivisão e alongamento celular, afetando assim sobretudo o câmbio caulinar (Raven et al., 2001,Taiz & Zeiger, 2004).Para a totalidade dos dados comparados, estes valores máximos são decrescentes atéo final das avaliações, não ocorrendo oscilações de valores, em nenhum dos 4tratamentos comparados, o que quer dizer que após o pico de crescimento,independentemente do tratamento, o aumento do diâmetro é decrescente para todos osintervalos de tempo entre as medições posteriores, podendo ser percebido na Figura 04.Este fato demonstra que, provavelmente, a cultura do crisântemo responde àdisponibilidade de nutrientes de uma forma padronizada, assim como a maioria dasculturas melhoradas para produção, apresentando um pico de crescimento inicial comangulação grande.Ainda pode-se observar que, comparando todos os picos de crescimento, otratamento de água residuária com adubação orgânica atingiu o maior diâmetro decaule, superando as duas testemunhas em 0,025 e 0,010 cm, respectivamente, à adubadacom esterco bovino e com adubo mineral.Comparando-se as testemunhas somente, verificar-se que no intervalo entre 60 e 66DAT foi encontrada a maior diferença de DC, 11,70%, evidenciando a superioridade doadubo químico para o crescimento desta variável. Ainda é valido ressaltar que, também,em todas as avaliações a aplicação do adubo químico resultou nos maiores DC quandocomparado ao adubo orgânico, com uma média de superioridade, em todo oexperimento, de exatamente 10%.Na avaliação exclusiva das águas de irrigação, ou seja, comparando somente tratamentoscom mesmo tipo de adubação, observou-se que a água de abastecimento foi melhor naprimeira e segunda avaliação e depois somente apareceu como melhor nas três últimasavaliações. Resumidamente observou-se uma melhor apresentação em valores máximos o daágua residuária, pois o somatório desta contribuição foi de 68,49% nos valores de DCenquanto o somatório desta mesma contribuição trazida pelo uso da outra água foi de 24,71%,salientando que a contribuição mínima da água residuária foi de 3,05% enquanto o da águaboa foi de 0,12%, com diferença entre estes mínimos acréscimos de 2,93%.Dentre os efeitos encontrados pela comparação das 4 disponibilidades de águaestudadas (40, 60, 80 e 100% da reposição da necessidade hídrica da cultura) observouseque a variável brotação lateral (BL) das plantas mantidas em 100% RH, foi a melhor,nas avaliações iniciais, e a partir dos 45 DAT até o término foi superada pela de 80% dereposição da necessidade (Figura 05).Comparando os intervalos entre as avaliações, os maiores valores encontrados paraBL foram obtidos no último intervalo (entre 95 e 101 DAT) para 100% RH, exceto paraa condição de água residuária com adubo orgânico, que obteve o máximo de incrementoem BL segundo o modelo de regressão, no período entre 67 e 73 DAT.Para a testemunha com matéria orgânica a maior porcentagem comparada ao períodoanterior, foi de 5,61% de incremento, já para a testemunha inorgânica e tratamentos na134


ausência de adubação foram respectivamente 7,29 e 6,36% na mesma data. Estudandosomente os tratamentos com o mesmo tipo de adubação, objetivando testar apenas o efeitodas águas na BL (Figura 05) que a água de abastecimento foi melhor até a avaliação de 24DAT, porém após esta data, prevaleceu até o término (101 DAT) o uso da água residuária,com máxima BL de 38,99% de acréscimo no número de brotação lateral. O máximo debenefício causado pelo uso da água de abastecimento foi de 28,49%, o que significa 10,5% amenos do que o benefício máximo do uso da água residuária.Testando somente o efeito das adubações, baseado nas avaliações de BL, pode-severificar na Figura 05 que aos 17 DAT foi encontrado a maior diferença entre os aduboscom 29,68%, de superioridade do adubo químico quando comparado ao adubo orgânico.Vale salientar também que em todas as avaliações a aplicação do adubo químicoresultou números superiores de BL, com média superior durante todo o experimento de27,21%, ressaltando também que a diferença entre o efeito dos adubos foi diminuindo àmedida que a planta crescia, chegando ao valor de 25,02% de superioridade; 4,66pontos percentuais a menos do que a primeira avaliação onde a superioridade entre elesse apresentou maior.O crescimento das brotações no sentido lateral foi mais positivamente satisfatório naausência do adubo orgânico, porém, a partir do dia 52 DAT, o incremento crescentecom o uso da matéria orgânica, até o 73 DAT, chegando ao máximo de superioridade,comparando à ausência, de 13,98%. A partir de 80 DAT foi percebida uma queda noefeito do adubo orgânico, que se iniciou com 13,52% e terminou com 1,98%, masmesmo assim mostrando superioridade.135


TABELAS E FIGURASTabela 01. Característica química do solo no início do experimento. UFCG, CampinaGrande, <strong>2008</strong>. (Chemical characteristics of the soil in the begining of the experiment.UFCG. Campina Grande, <strong>2008</strong>.)CaracterísticasValorCálcio (cmol c kg -1 ) 1,05Magnésio (cmol c kg -1 ) 1,71Sódio (cmol c kg -1 ) 0,04Potássio (cmol c kg -1 ) 0,34Hidrogênio (cmol c kg -1 ) 0,89Alumínio (cmol c kg -1 ) 0,15Soma de bases (cmol c kg -1 ) 3,14Capacidade de troca de cátions (cmol c kg -1 ) 4,18Percentagem de sódio trocável 0,96Fósforo assimilável (mg 100 g -1 ) 1,17pH (1:2,5) 6,54Condutividade elétrica da suspensão solo-água (dS m -1 ) 0,15Carbono Orgânico (g kg -1 ) 0,36Matéria Orgânica (g kg -1 ) 0,62Nitrogênio (g kg -1 ) 0,06Cloreto (mmol c L -1 ) 4,20Carbonato (mmol c L -1 ) 0,00Bicarbonato (mmol c L -1 ) 2,48Sulfato (mmol c L -1 )AusenteCálcio (mmol c L -1 ) 0,62Magnésio (mmol c L -1 ) 6,65Potássio (mmol c L -1 ) 0,88pH do extrato de saturação 5,98Condutividade elétrica do extrato de saturação (dS m -1 ) 0,51Percentagem de saturação (%) 23,43Relação de adsorção de sódio, (mmol L -1 ) 0,5Complexo sortivoExtrato de saturação136


Tabela 02. Resumos de ANAVA para a altura de planta (AP), brotação lateral (BL), diâmetro docaule (DC) aos 45 e 101 dias após transplantio (DAT) e número de folha (NF) aos 45 DAT.(Summary of the ANOVA for plant height (AP), lateral shoot (BL), stem diameter(DC) at 45 and101 days after transplanting (DAT) and number of leaves (NF) at 45 DAT.)Causa de variação GLQuadrados médio (1)AP BL DC NF45 101 45 101 45 101 45Dias após transplantioReposição Hídrica (RH) 3 3,981** 12,41** 1,41** 0,87 ns 0,00190 ns 0,0005 ns 9,061**Reg Linear 8,91** 30,75** 2,95** - - - 25,881**Reg Quadrática 2,74** 5,90** 0,68 ns - - - 1,234 nsDesvio Reg 0,31 ns 0,57 ns 0,61 ns - - - 0,067 nsAdubo Orgânico (A) 1 0,018 ns 1,00 ns 0,04 ns 0,10 ns 0,00150 ns 0,0003 ns 0,557 nsInteração (RH x A) 3 0,29 ns 1,16 ns 0,04 ns 0,45 ns 0,00090 ns 0,00613 ns 0,572 nsTratamentos 8 1,61** 5,23** 0,64 ns 0,68 ns 0,00190 ns 0,00253 ns 5,035 nsFator vs Test 1 1 0,01 ns 0,11 ns 0,74 ns 1,40 ns 0,00006 ns 0,00023 ns 11,327**Fator vs Test 2 1 5,69** 11,61** 2,93** 2,15 ns 0,00028 ns 0,0016 ns 37,090**** e * significativos a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente, ns não significativo. (1) Dados Transformados emRaiz de X.Altura de planta (cm)40302010080604045 DATY = - 21,0188 + 1,1666**X - 0,0068**X 2R 2 = 0,96101 DAT20 Y = - 51,209 + 2,6948**X - 0,0148**X 2R 2 = 0,98040 60 80 100Reposição hídrica (%)Brotação lateral252015105030025020015010050045 DATY = 9,3125 + 0,1125**XR 2 = 0,7045 DATY = 135,325 + 1,1963**XR 2 = 0,9740 60 80 100Reposição hídrica (%)Figura 01. Altura do crisântemo aos 45 e 101 DAT, brotação lateral e número de folhas aos45 DAT em função da reposição da necessidade hídrica de crisântemo. (Height ofchrysanthemum at 45 and 101 DAT, lateral shoot and number of leaves at 45 DAT as afunction of water necessity replacement of the chrysanthemum).N o folhas137


45 DAT45 DATAltura de planta403020100Fatores Test 2101 DATBrotação lateral3020100Fatores Test 245 DATAltura de planta1007550250Fatores Test 2Número de folhas4003002001000Fatores Test 1 Test 2Figura 02. Comportamento dos fatores avaliados vs testemunhas para a altura de planta,brotação lateral e número de folhas de crisântemo Behaviour of evaluated factors vscontrol for plant height, lateral shoot and number of leaves of chrysanthemum).907560453015040% de reposição hídricaY = EXP(1,1901+0,0441**X-0,00021**X 2 )R 2 = 0,999075604530150Água residuária sem matéria orgânicaY = EXP(1,7329+0,0438**X-0,000197**X 2 )R 2 = 0,99Alltura de planta (cm)9075604530150907560453015060% de reposição hídricaY = EXP(1,4591+0,0488**X-0,00024**X 2 )R 2 = 0,9980% de reposição hídricaY = EXP(1,7275+0,0477**X-0,00022**X 2 )R 2 = 0,99Alltura de planta (cm)90756045301509075604530150Água residuária com matéria orgânicaY = EXP(1,3711+0,0543**X-0,000248**X 2 )R 2 = 0,99Água de abastecimento com matéria orgânicaY = EXP(1,6152+0,0434**X-0,0002**X 2 )R 2 = 0,99907560453015100% de reposição hídricaY = EXP(1,5502+0,0491**X-0,00022**X 2 )R 2 = 0,9903 10 17 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DAT9075604530150Água de abastecimento com adubo mineralY = EXP(1,7366+0,0527**X-0,00026**X 2 )R 2 = 0,993 10 17 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DATFigura 03. Evolução de altura de planta (AP), de crisântemo para os diversos tratamentosem função dos dias após o transplantio (DAT). (Evolution of plant height (AP) ofchrysanthemum for different treatments as a function of days after transplanting (DAT)).138


1,21,00,80,60,40,20,040% de reposição hídricaY = (0,6056+0,0077**X-0,000038**X 2 ) 2R 2 = 0,951,21,00,80,60,40,20,0Água residuária sem matéria orgânicaY = (0,6835+0,0056**X-0,000021**X 2 ) 2R 2 = 0,87Diâmetro do caule (cm)1,21,00,80,60,40,20,01,21,00,80,60,40,20,060% de reposição hídricaY = (0,5794+0,0092**X-0,000051**X 2 ) 2R 2 = 0,9180% de reposição hídricaY = (0,6244+0,0078**X-0,00004**X 2 ) 2R 2 = 0,90Diâmetro do caule (cm)1,21,00,80,60,40,20,01,21,00,80,60,40,20,0Água residuária com matéria orgânicaY = (0,6000+0,0090**X-0,000055**X 2 ) 2R 2 = 0,89Água de abastecimento com matéria orgânicaY = (0,6379+0,0057**X-0,000022**X 2 ) 2R 2 = 0,861,21,00,80,60,40,2100% de reposição hídricaY = (0,6406+0,0073**X-0,000038**X 2 ) 2R 2 = 0,880,03 10 17 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DAT1,21,00,80,60,40,20,0Água de abastecimento com adubo mineralY = (0,6414+0,0072**X-0,000032**X 2 ) 2R 2 = 0,923 10 17 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DATFigura 04. Diâmetro do caule (DC) de crisântemo sob diferentes tratamentos em funçãodas datas de avaliação. (Stem diameter (SD) of chrysanthemum observedunder different treatments during the evaluation.)139


604540% de reposição hídricaY = EXP(1,0348+0,0373**X-0,000094**X 2 )R 2 = 0,986045Água residuária sem matéria orgânicaY = EXP(1,6114+0,0292**X-0,000057**X 2 )R 2 = 0,983030151500604560% de reposição hídricaY = EXP(1,2912+0,0339**X-0,000075**X 2 )R 2 = 0,986045Água de abastecimento com matéria orgânicaY = EXP(1,5057+0,022**X-0,000003**X 2 )R 2 = 0,983030Brotação lateral15060453080% de reposição hídricaY = EXP(1,6476+0,0318**X-0,000086**X 2 )R 2 = 0,98Brotação lateral150604530Água residuária com matéria orgânicaY = EXP(0,7311+0,0569**X-0,000243**X 2 )R 2 = 0,981515006045100% de reposição hídricaY = EXP(1,1895+0,0424**X-0,000145**X 2 )R 2 = 0,996045Água de abastecimento com adubo mineralY = EXP(1,8742+0,021**X-0,000001**X 2 )R 2 = 0,9830301515017 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DAT017 24 31 38 45 52 59 66 73 80 87 94 101DATFigura 05. Evolução de brotação lateral (BL), em crisântemo sob diversos tratamentosem função das datas de avaliação.(Evolution of lateral shoot (BL) inchrysanthemum under different treatments during the evaluation dates.)CONCLUSÕESA utilização de 80% da reposição da necessidade hídrica das plantas apresentouresultados de melhor crescimento e desenvolvimento do crisântemo.A utilização de matéria orgânica como adubo não superou a utilização de adubomineral, por outro lado a utilização de água residuária na irrigação é benéfica paraaumentar a brotação lateral.A fase de maior crescimento da planta em termos de altura de planta, brotaçãolateral, e número de folhas se deu aos 38, 59 e 17 DAT, respectivamente.Para a altura de planta e brotação lateral a utilização de matéria orgânica trazmaiores incrementos do que sua ausência.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBABALOLA, O. Water relations of three cowpea cultivars [Vigna unguiculata (L.)Walp]. Plant and Soil, v.56, p.59-69, 1980.BELLÉ, R. A., ROGGIA, S., KUSS, R. C. R. Ácido giberélico e dia curto interrompido emcrisântemo de corte (Dendranthema grandiflora, Tzvelev., “Gompier Chá”). Ciência Rural,Santa Maria v.37, n.2, p. 357-362. mar-abr, 2007.140


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EMERGÊNCIA E VIGOR DE PLÂNTULAS DE Cedrela fissilis L.Sueli da Silva Santos 1 ; Macio Farias de Moura 2 ; Roberta Sales Guedes 3 ; Edna UrsulinoAlves 4 ; Edilma Pereira Gonçalves 5 ; Cosmo Rufino de Lima 6 ; Pedro Nóbrega QuintasColares 6 ; Matheus Serrano de Medeiros 6 .1 Aluna de graduação em Agronomia, UF<strong>PB</strong>-<strong>CCA</strong>, Depto. de Fitotecnia, Rua Dom Adauto, 59, CidadeUniversitária, <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>, Brasil; e-mail: suelidasilvasantos@yahoo.com.br2 Dr. em Agronomia, Prof. Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail: maciof@yahoo.com.br3Bióloga, mestranda em Agronomia, Produção e Tecnologia de Sementes, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>; Cx. Postal: 02, CEP: 58397 - 000, <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>; e-mail: roberta_biologa09@yahoo.com.br4Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta do Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail:ednaursulino@cca.ufpb.br5Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta, UFRPE – UAG, Garanhuns – PE; e-mail: edilmapg@hotmail.com6Alunos de graduação em agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.RESUMO: O cedro (Cedrela fissilis L.) é uma espécie pertencente à família Meliaceae,assume grande importância econômica e ornamental. Com o objetivo de verificar oefeito da posição e profundidade de semeadura na emergência e no vigor das plântulasde C. fissilis, foi realizado o experimento em delineamento inteiramente casualizado,com quatro repetições de 25 sementes. Os tratamentos consistiram em diferentesposições das sementes no substrato: I) hilo voltado para baixo, formando um ângulo de180º em relação a um eixo imaginário perpendicular ao nível do substrato; II) hiloinclinado, formando um ângulo de 90º em relação ao eixo imaginário. As profundidadestestadas foram: 0, 1, 2, 3, 4 e 5 cm. Avaliou-se a emergência, o índice de velocidade deemergência (IVE) e primeira contagem de emergência. A profundidade de semeadura de2,2 cm na posição do hilo voltado para baixo, proporcionou às plântulas melhor respostapara a porcentagem de emergência (66,18%). A profundidade de 2,17 e a posição dohilo voltado para baixo foram responsáveis pelos maiores índices de velocidade deemergência (0,77). A posição mais adequada para semeadura de sementes de C. fissilis écom o hilo voltado para baixo. Profundidades menores ou superiores a 2 cm sãoinadequadas para semeadura de C. fissilis.Palavras-chave: cedro, emergência, posições, profundidades, planta ornamental.144


ABSTRACT: Emergence and vigor of Cedrela fissilis L. of seedlings. The cedar(Cedrela fissilis L.) it is a species belonging to the family Meliaceae, it assumes greateconomical and ornamental importance. With the objective of verifying the effect of theposition and depth of sowing in the emergence and in the vigor of C. fissilis seedlings,the experiment was accomplished with delineation entirely randomized, with fourrepetitions of 25 seeds. The treatments consisted of different positions of seeds insubstrates: I - Hilum apt, forming an angle of 90 o in relation to the imaginary axis; II)Hilum bound down, forming an angle of 180° in relation to the imaginary axis. Thetested depths were: 0, 1, 2, 3, 4 and 5 cm. Evaluated the emergence, index of emergencespeed (IVE) and first county of emergence. The depth of sowing of 2.2 cm in theposition of the hilum bound down provided to seedlings better answer for thepercentage of emergence (67%). The depth of 2.17 and the position of the hilum aptwere responsible for the largest index of emergence speed (0,77). The most appropriateposition for sowing of seeds of C. fissilis is with the hilum apt. Depths smaller orsuperior to 2 cm are inadequate for sowing of C. fissilis.Key words: cedar, emergence, position, depth, ornamental plant.INTRODUÇÃOO cedro (Cedrela fissilis L.) é uma espécie rara, conhecida popularmente comocedrinho, cedro-amarelo ou cedro verdadeiro, que ocorre em diversas formaçõesflorestais brasileiras e praticamente em toda América tropical. Essa árvore frondosaproduz uma das madeiras mais apreciadas no comércio, tanto brasileiro quantointernacional, por ter coloração semelhante ao mogno e, entre as madeiras leves, é umadas que possibilita o uso mais diversificado, sendo superada apenas pela madeira dopinheiro-do-paraná (Carvalho, 1994).O C. fissilis tem se destacado por ser uma espécie ornamental, também pode serempregada em projetos paisagísticos e arborização urbana (Lorenzi, 1992). É umaespécie importante para recuperação florestal de áreas degradadas e de matas ciliares,onde não ocorrem inundações (Durigan, 2002).Dentre os fatores que influenciam o processo germinativo devem serconsiderados, além da qualidade da semente, a intensidade de dormência, a velocidadede germinação que pode ser influenciada pelo vigor da semente, a temperatura eumidade do substrato, a posição e profundidade de semeadura, entre outros (UrbenFilho & Souza, 1993).Estudos básicos sobre o desenvolvimento inicial da C. fissilis em diferentesposições e profundidades de semeadura se fazem necessários, tendo em vista que asRegras para Análise de Sementes (Brasil, 1992) não lhe fazem referência e existem145


poucas informações na literatura. Em qualquer cultivo a profundidade e a posição desemeadura devem ser adequadas para garantir a germinação das sementes, a emergênciae o desenvolvimento das plântulas (Martins & Carvalho, 1993; Martins et al., 1999).A rapidez e uniformidade, seguida por imediata emergência das plântulas sãocaracterísticas desejáveis na formação de mudas, pois quanto mais tempo à plântulapermanece nos estádios iniciais de desenvolvimento mais tempo fica sujeita àscondições adversas do ambiente (Martins et al., 1999). A germinação lenta, por sua vezpode contribuir para o aumento dos custos de produção, sendo necessário um maiornúmero de sementes e um maior tempo de permanência na sementeira para a obtençãode determinado estande.A profundidade de semeadura é específica para cada espécie e, quando adequadapropicia germinação e emergência de plântulas uniformes (Sousa et al., 2007).Profundidade de semeadura excessiva pode impedir que a plântula ainda frágil emerja àsuperfície do solo. Conforme Marcos Filho (2005) a semeadura muito profunda podemtambém aumentar o período de suscetibilidade a patógenos. Contudo, se a semeadura éreduzida, predispõe as sementes a qualquer alteração ambiental, como excesso oudéficit hídrico ou térmico, as quais podem dar origem a plântulas pequenas e fracas(Tillmann et al., 1994) ou podem facilitar o ataque de predadores, danos decorrentes dairrigação, ou ainda, a exposição da radícula, causando sua destruição (Jeller & Perez,1997).Assim, a profundidade ideal de semeadura é aquela que garante uma germinaçãohomogênea das sementes, rápida emergência das plântulas e produção de mudasvigorosas (Schmidt, 1974). Nesse sentido, em termos práticos, sementes pequenasdevem ser espalhadas na superfície do substrato; sementes médias devem ser cobertaspor uma camada de espessura aproximada ao seu diâmetro (Hartmann & Kester, 1983).Igualmente a profundidade, também há posições de semeadura que são ideais paraa germinação, a emergência e o desenvolvimento das plântulas (Martins & Carvalho,1993). A posição da semente no substrato pode reduzir a germinação e/ou afetarnegativamente o desenvolvimento inicial da plântula, como foi verificado em Euterpeespiritosantensis Fernandes (Martins et al., 1999) e Oenocarpus mapora Karsten(Nascimento et al., 2002). A posição da semente pode também favorecer positivamentea germinação, como foi observado em Astrocaryum aculeatum Meyer (Elias et al.,2006), Euterpe oleraceae Mart. (Silva & Silva et al., 2007), Zizyphus joazeiro Mart.(Alves et al., <strong>2008</strong>). Ou ainda a posição da semente pode não influenciar o processogerminativo, como se verifica na emergência de plântulas de Moringa oleifera Lam.(Sousa et al., 2007).Objetivou-se verificar o efeito da posição e profundidade de semeadura naemergência e no vigor das plântulas de C. fissilis.146


MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do Centrode Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>, entre fevereiro emarço de <strong>2008</strong>. Foram utilizadas sementes de C. fissilis colhidas manualmente em 10plantas matrizes no início do processo de deiscência dos frutos, no município de <strong>Areia</strong> -<strong>PB</strong>. Depois de colhidas, as sementes foram beneficiadas por meio de debulha manual emantidas em laboratório, à sombra, para secagem natural por cinco dias e, em seguidasubmetidas a testes de vigor.Teste de emergênciaPara a avaliação do efeito da posição e profundidade de semeadura naemergência e vigor de plântulas, quatro repetições de 25 sementes foram semeadas embandejas plásticas com dimensões de 0,40 x 0,40 x 0,11m, contendo como substratoareia lavada e esterilizada em autoclave.Os tratamentos consistiram em diferentes posições: I - sementes semeadas com ohilo inclinado, formando um ângulo de 90º em relação ao eixo imaginário – HI; II -sementes semeadas com o hilo voltado para o baixo, formando um ângulo de 180º emrelação ao eixo imaginário - HB das sementes no substrato, nas profundidades de 0, 1, 2,3, 4 e 5 cm.As avaliações do número de plântulas emergidas foram realizadas diariamente,seguindo-se preferencialmente o mesmo horário. O teste foi conduzido em casa devegetação, sem controle de temperatura e umidade, durante 30 dias. As irrigações foramfeitas diariamente até se verificar o início da drenagem natural.Primeira contagem de germinaçãoCorrespondente à percentagem acumulada de plântulas normais germinadas até12 dias após o início do teste.Índice de velocidade de germinação (IVE)Foi determinado mediante contagem diária do número de plântulas emersasdurante 30 dias e o índice determinado de acordo com a fórmula proposta por Maguire(1962).147


RESULTADOS E DISCUSSÃOO sucesso na germinação da semente e o estabelecimento inicial da plântula nocampo pode está relacionado, principalmente, a alguns fatores como o contato dasemente com o solo mineral, deslocamento do ponto de semeadura, semeadura muitoprofunda, alagamento ou excesso de umidade, seca e perdas de sementes e plântulaspara insetos e pássaros (Dougherty, 1990).A profundidade de 2 cm proporcionou às plântulas de C. fissilis melhor respostapara a porcentagem de emergência, quando as sementes foram semeadas com o hilovoltado para baixo (HB), verificando-se um percentual de 66% de emergência. Assementes semeadas com o hilo inclinado (HI) foram responsáveis por 32 % de plântulasemergidas, na profundidade de 2 cm (Figura 1). Estes resultados permitem inferir queapesar das sementes de C. fissilis alcançarem maior percentual de emergência naprofundidade de 2 cm, a posição HB é mais recomendada para potencializar acapacidade germinativa dessas sementes.Emergência (%)100806040HI HBy HI = 7,75 + 22,818x – 5,2321x 2 R 2 = 0,68y HB = - 15,143 + 45,986x – 10,357x 2 R 2 = 0,742000 1 2 3 4 5Profundidades de semeadura (cm)Figura 1. Emergência (%) de plântulas de Cedrela fissilis L. em função de diferentesprofundidades e posição de semeadura.A profundidade ideal de semeadura em campo para Peltophorum dubim (Spreng)Taubert foi de 1cm (Perez et al., 1999). Em sementes de Astrocaryum aculeatum Mayerobservou-se que o maior percentual de emergência foi obtido na posição do porogerminativo voltado para o lado (Elias et al., 2006). Profundidade superior a 2 cm é148


inadequada para a semeadura de Oenocarpus minor Mart. (Silva & Silva, 2006). Parasementes de Moringa oleifera Lam., recomendou-se a profundidade de 2cm (Sousa etal., 2007).Profundidades iguais ou superiores a 3 cm foram inadequadas para semeadura deEuterpe oleracea Mart. (Silva & Silva et al., 2007). Já para Amburana cearensis(Allemão) A.C. Smith. Profundidades superiores a 3 cm prejudicaram a emergência dasplântulas (Guedes et al., <strong>2008</strong>). A percentagem de emergência de plântulas de Zizyphusjoazeiro Mart. cresceu à medida que se aumentou a profundidade de semeadura,atingindo o máximo de 88% em 1,6 cm (Alves et al., <strong>2008</strong>).Os dados da primeira contagem de emergência das plântulas originadas desementes com o hilo inclinado (HI) não se ajustaram a modelos de regressão, obtendopercentuais médios de 2% de emergência. Com as sementes postas para germinar com ohilo voltado para baixo (HB) observa-se que o percentual máximo de emergência naprimeira contagem encontra-se naquelas semeadas a 1 cm de profundidade. A partir de1 cm de profundidade, o percentual decresceu drasticamente, tornando-se nulo aos 5 cm.HIHBPrimeira contagem de emergência (%)50403020100y HI = 2,00y HB = 38,821+ 14,446x + 1,2321x 2 R 2 = 0,820 1 2 3 4 5Profundidades de semeadura (cm)Figura 2. Primeira contagem de emergência (%) de plântulas de Cedrela fissilis L. emfunção de diferentes profundidades e posição de semeadura.Esses resultados devem-se, provavelmente, a um maior consumo das reservasdas sementes para conversão em energia para que as plântulas conseguissem romper oimpedimento físico constituído pelo substrato. Tais resultados estão de acordoMendonça et al. (2007) quando relataram que, nas maiores profundidades desemeadura, as sementes de Annona muricata L. devem ter sofrido um desgastefisiológico maior até a emergência, podendo, nestes casos, dar origem a plântulas maisdebilitadas e, conseqüentemente, com menor capacidade de sobrevivência no períodosubseqüente. Alves et al. (<strong>2008</strong>) relataram que para a primeira contagem de emergência149


de plântulas de Zizyphus joazeiro Mart. houve uma redução de 12,4% na porcentagemde emergência, a cada centímetro de aumento na profundidade de semeadura.Laime (<strong>2008</strong>) averiguou que com o aumento das profundidades de semeadurahouve uma diminuição significativa nos percentuais de plântulas de Inga ingoides(Rich.) Willd. emergidas na primeira contagem, atingindo valores nulos de emergênciaapós 4 cm de profundidade quando as sementes foram semeadas com o hilo para o lado(HL),.Os resultados referentes ao índice de velocidade de emergência (IVE) desementes de C. fissilis submetidas a diferentes profundidade e posição de semeaduraencontram-se na Figura 3, onde se verifica que os maiores valores ocorreram naprofundidade de 2,2 cm quando as sementes foram semeadas com o hilo para baixo,verificando-se um valor de 0,77 (Figura 3).Provavelmente, isto ocorreu em função, dos carboidratos armazenados noscotilédones terem sido suficientes para suprir as necessidades metabólicas das sementesde C. fissilis para vencer as barreiras impostas pelo solo à emersão, diminuindo,portanto a velocidade de emergência. Tillmann et al. (1994) afirmaram que emprofundidades excessivas ocorre impedimento à emergência da plântula por ausência deenergia suficiente para tal.De acordo com Martins et al. (1999), a semeadura na posição corretaproporciona rápida germinação e velocidade de emergência das plântulas, as quais setornam menos vulneráveis as condições adversas do meio por emergirem mais rápidono solo e passarem menos tempo nos estágios iniciais de desenvolvimento.HIHB10,8y HI = 0,108 + 0,2133x – 0,0512x 2 R 2 = 0,61y HB = 0,2021 + 0,5235x – 0,1202x 2 R 2 = 0,69IVE0,60,40,200 1 2 3 4 5Profundidades de semeadura (cm)Figura 3. Índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas de Cedrela fissilis L.em função de diferentes profundidades e posição de semeadura.O índice de velocidade de emergência das plântulas de Euterpe espiritosantensisFernandes foi maior quando as sementes foram postas para germinar com o hilo para150


cima (Martins et al., 1999). Plântulas de Oenocarpus mapora Karsten, tiveram reduçãodo IVE quando originadas de unidades de dispersão posicionada com o hilo para baixo(Nascimento et al., 2002). O aumento da profundidade semeadura reduziusignificativamente a velocidade de emergência de plântulas de Bidens pilosa L. (MunizFilho et al., 2004). Para sementes de Moringa oleifera Lam. o IVE foi favorecidoquando semeadas com o ápice voltado para cima ou deitada (Sousa et al., 2007). Aposição do hilo voltado para baixo beneficiou a emergência de plântulas de Amburanacearensis (Allemão) A.C. (Guedes et al., <strong>2008</strong>).CONCLUSÕESAs sementes de Cedrela fissilis L. devem ser posta para germinar a profundidade de2 cm.A posição hilo para baixo (HB) proporciona máxima germinação e vigor àssementes de Cedrela fissilis L.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALVES, E.U.; BRUNO, R.L.A.; ALVES, A.U.; ALVES, A.U.; CARDOSO, E.A.;DORNELAS, C.S.M.; GALINDO, E.A.; BRAGA JÚNIOR, J.M. Profundidades desemeadura para emergência de plântulas de juazeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.38,n.4, p.1158-1161, <strong>2008</strong>.BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise desementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p.CARVALHO, P.E.R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais,potencialidades e uso da madeira. Brasília: EMBRAPA – CNPF; EMBRAPA – SPI,1994. 640p.DOUGHERTY, P.M. A field investigation of the factors which control germination andestablishment of loblolly pine seeds. Georgia: Forestry Commission. v.7, 1990. 5p.DURIGAN, G.; FIGLIOLIA, M.B.; KAWABATA, M.; GARRIDO, M.A. de O.;BAITELLO, J.B. Sementes e mudas de árvores tropicais. São Paulo: Páginas &Letras, 2ª Ed. 2002.ELIAS, M.E.A.; FERREIRA, S.A.N.; GENTIL, D.F.O. Emergência de plântulas detucumã (Astrocaryum aculeatum) em função da posição de semeadura. ActaAmazonica, Manaus, v.36, n.3, p.385-388, 2006.151


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EMERGÊNCIA E VIGOR DE PLÂNTULAS DE Sterculia foetida L.A. St. Hil.Liege Alves Gonzaga 1 ; Edna Ursulino Alves 2 ; Maria Solange dos Santos Gomes 1 ;Roberta Sales Guedes 3 ; Pedro Nóbrega Quintas Colares 11 Alunos de graduação em Agronomia, Dpto. Fitotecinia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; liegegonzaga@hotmail.com2 Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta do Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail:ednaursulino@cca.ufpb.br3 Bióloga, mestranda em Agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>; e-mail:roberta_biologa09@yahoo.com.brRESUMO: Sterculia foetida L. A. St. Hil. é uma espécie conhecida popularmente comochichá que foi introduzida no Brasil como árvore ornamental. Com o objetivo de estudara influência da posição e profundidade de semeadura sobre a emergência e vigor de S.foetida, instalou-se testes de emergência em areia, sob ambiente protegido. Ostratamentos foram representados pelas posições (semente com o hilo voltado para baixo,para cima e para o lado) e profundidades de semeadura (1, 2, 3, 4 e 5 cm) das sementesem relação ao substrato. Cada um dos tratamentos constou de 4 repetições de 25sementes, tendo sido avaliados pelo seguintes testes: emergência, primeira contagem,índice de velocidade de emergência. A profundidade de semeadura ideal é entre 1 a 2 cmcom as sementes com o hilo voltado para lado.Palavras-chave: chichá, vigor, sementes florestais.ABSTRACT: Emergency and vigor of Sterculia foetida L. A. St. Hil. seedlings.Sterculia foetida L. A. St. Hil. is a species known popularly as chicha which wasintroduced in Brazil as ornamental tree. This study was conducted with the objective ofdetermining the effect of the position and depth of the sowing S. foetida seeds, theysettled emergency tests in sand, under protected atmosphere. The treatments, representedby the position and depth of sowing of the seeds in relation to the substratum, they werethe following ones: seed with the hilum returned down, upward and to the side. Each oneof the treatments consisted of 4 repetitions of 25 seeds, having been appraised for theemergency test and for the tests of vigor of the first count, emergency speed. The resultsshowed that for the chicha, the sowing depth to be among 1 to 2 cm and, the positionthat gave the best results that whose seeds were with the hilum was returned down.Key-word: chicha, vigor, seeds forest154


INTRODUÇÃOChichá (Sterculia foetida L.) foi introduzida no Brasil como árvore ornamental ede sombra, e atualmente tem sido indicada para recomposição de áreas degradadas(Santos et al., 2004).O insucesso na germinação da semente e estabelecimento inicial da muda nocampo está relacionado, principalmente, a alguns fatores como o contato da sementecom o solo mineral, deslocamento do ponto de semeadura, semeadura muito profunda,excesso ou escassez de umidade e, perdas de sementes e plântulas para insetos epássaros (Dougherty, 1990).O tipo de germinação das sementes também tem uma influência muito grandesobre a rapidez e a uniformidade da germinação, uma vez que o tipo epigeal requer arealização de movimento rotatório por parte dos cotilédones dentro do solo. Tendo querealizar o movimento rotatório descrito é possível que existam posições que facilitem oudificultem a emergência das plântulas (Carvalho & Nakagawa, 2000).A posição da semente no substrato também pode reduzir a germinação e/ou, afetarnegativamente o desenvolvimento inicial da plântula, como foi verificado em Euterpeespiritosantensis Fernandes (Martins et al., 1999), Oenocarpus mapora Karsten(Nascimento et al., 2002) e Astrocaryum aculeatum Meyer (Elias et al., 2006). Aposição da semente pode também favorecer positivamente a germinação, como foiobservado em Astrocaryum aculeatum Meyer (Elias et al., 2006), Euterpe oleraceaeMart. (Silva & Silva et al., 2007), Zizyphus joazeiro Mart. (Alves et al., <strong>2008</strong>). Ou aindaa posição da semente pode não influenciar o processo germinativo, como se verifica naemergência de plântulas de Moringa oleifera Lam. (Sousa et al., 2007).Quanto à profundidade de semeadura, a ideal é aquela que garanta germinaçãorápida e homogênea das sementes, rápida emergência das plântulas e produção de mudasvigorosas (Schmidt, 1974). Nesse sentido, Chapman & Allan (1989) relataram que aprofundidade recomendada para semeadura é de 2,5 a 3,0 vezes a maior dimensão dasemente, enquanto Hartmann & Kester (1983) sugeriram que, em termos práticos,sementes pequenas devem ser espalhadas na superfície do substrato; sementes médiascobertas por uma camada de espessura aproximada de seu diâmetro e sementes grandes,a uma profundidade de duas a três vezes o seu diâmetro.As profundidades de 1 e 2 cm foram consideradas por Afonso Júnior et al. (1993)como ideais para produção de mudas de Artocarpus integrifolia L., enquanto Fonseca etal. (1994) observaram que as diferentes profundidades de semeadura (0 a 4 cm) afetaramapenas a velocidade de germinação de sementes de Hancornia speciosa Gomes,sugerindo que a semeadura deva ser realizada próxima a zero centímetro.155


Conforme Carneiro (1995), a semeadura não deve ser muito profunda, pois opeso do material sobre a semente constitui um fator físico inibidor da emergência deplântulas, no entanto, quando muito superficial, as sementes recebem intenso calor dosol, não absorvendo umidade em quantidade adequada à germinação. Já para Amburanacearensis (Allemão) A.C. Smith. Profundidades superiores a 3 cm prejudicaram aemergência das plântulas (Guedes et al., <strong>2008</strong>). A percentagem de emergência deplântulas de Zizyphus joazeiro Mart. cresceu à medida que se aumentou a profundidadede semeadura, atingindo o máximo de 88% em 1,6 cm (Alves et al., <strong>2008</strong>).Devido à importância e à escassez de estudos sobre a fisiologia e ecologia destaespécie, o presente trabalho teve como objetivo estudar a influência da posição eprofundidade de semeadura sobre a emergência e crescimento inicial de plântulas deSterculia foetida.MATERIAL E MÉTODOSO trabalho foi conduzido em casa de vegetação do Centro de Ciências Agráriasda <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>), em <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>, com sementes deSterculia chicha A. St. Hil., colhidas manualmente embaixo das árvores matrizeslocalizadas em parques na cidade de Campina Grande - <strong>PB</strong>. Após a colheita os frutosforam beneficiados manualmente para retirada das sementes, que foram postas parasecar a sombra por cinco dias.Teste de emergênciaLogo após o beneficiamento as sementes foram semeadas em bandejas plásticasperfuradas, com dimensões de 0,40 x 0,40 x 0,11m, contendo como substrato areialavada e previamente esterilizada em autoclave.Os tratamentos consistiram em diferentes posições: I - sementes semeadas com ohilo inclinado, formando um ângulo de 90º em relação ao eixo imaginário – HI; II -sementes semeadas com o hilo voltado para o baixo, formando um ângulo de 180º emrelação ao eixo imaginário - HB das sementes no substrato; III - sementes semeadas como hilo voltado para cima, formando um ângulo de 0º em relação ao eixo imaginário –HC, nas profundidades de 0, 1, 2, 3, 4 e 5 cm.156


Para cada tratamento utilizou-se quatro repetições de 25 sementes e, após asemeadura, as mesmas permaneceram sobre uma bancada de alvenaria, em ambienteprotegido e, sob as condições normais de temperatura, fotoperíodo e umidade relativa doar. Para avaliação do efeito dos tratamentos determinou-se o número total de plântulasque emergiram. As contagens do número de plântulas emersas iniciou-se aos três e seestendeu até os 11 dias após a semeadura;Primeira contagem de emergênciaCorrespondente à porcentagem acumulada de plântulas normais até sexto diaapós o início do teste;Índice de velocidade de emergência (IVE)Realizou-se contagens diárias, durante 11 dias, das plântulas normais e, o índicecalculado conforme a fórmula proposta por MAGUIRE (1962);Análise estatísticaO experimento foi instalado em delineamento experimental inteiramente aoacaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 3 x 5, onde o primeiro fatorrepresenta as posições e o segundo as profundidades de semeadura. Os dados foramsubmetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5% deprobabilidade, com a análise de regressão polinomial.RESULTADOS E DISCUSSÃODe acordo com os dados contidos na Figura 1 verificou-se que, com exceção daposição com o hilo apontando para o lado, as demais posições não foram satisfatórias àemergência das plântulas. As sementes cujo hilo ficou direcionado para o ladoexpressaram emergência máxima (88%) na profundidade de 1,18 cm, enquanto paraaquelas com hilo direcionado para cima e para baixo obteve-se um porcentual médio deemergência de 30 e 29%, respectivamente.157


Sendo assim, verifica-se que a melhor posição de semeadura para as sementes deSterculia foetida é aquela cujo hilo ficou direcionado para lado numa profundidademáxima de dois centímetros, pois proporcionou uma porcentagem de emergência deplântulas elevada, provavelmente devido ao fato de as sementes terem encontrado menosresistências para o desenvolvimento das estruturas essências das plântulas. Napier(1985) enfatizou que semeaduras profundas dificultam a emergência das plântulas eaumentam o período de suscetibilidade a patógenos. Por outro lado, semeaduras rasaspodem facilitar o ataque de predadores ou danos decorrentes da irrigação, ou ainda, aexposição da radícula, causando sua destruição. Passos & Ferreira (1991) enfatizaramainda que a profundidade ideal de semeadura é a que garante uma germinaçãohomogênea das sementes, rápida emergência das plântulas e produção de mudasvigorosas. De forma semelhante, Silva et al. (2006) também verificaram queprofundidades de semeadura entre 0 e 2 cm proporcionaram maiores porcentagens deemergência de plântulas de Oenocarpus minor Mart.Para Euterpe espiritosantensis Fernandes (Martins et al., 1999) e Citrus limoniaOsbeck (Robles et al., 2000) as posições de semeadura não afetaram a germinação desuas sementes. Resultados diferentes foram obtidos por Nascimento et al. (2002) aoobservarem que a semeadura de sementes de Oenocarpus mapora Karsten com porogerminativo voltado para baixo prejudicou emergência das mesmas.158


De forma semelhante, Elias et al. (2006) também observaram maioresporcentagens de emergência de plântulas de Astrocaryum aculeatum Meyer semeadas asemeadura foi com o poro germinativo voltado para o lado quando comparadas aquelascujo poro germinativo foi direcionado para cima.Quanto ao índice de velocidade de emergência, a semeadura com o hilo paracima proporcionou valor máximo (0,52) na profundidade de 3,48 cm, enquanto nassementes com o hilo para o lado verificou-se que na profundidade de 5,37 cm ocorreu osmaiores valores (0,45). No entanto, para as sementes com hilo para baixo houveestabilidade nas diferentes posições, com valor médio de 0,90 (Figura 2).O índice de velocidade de emergência das plântulas de Euterpe espiritosantensisFernandes foi maior quando as sementes foram postas para germinar com o hilo paracima (Martins et al., 1999). Plântulas de Oenocarpus mapora Karsten, tiveram reduçãodo IVE quando originadas de unidades de dispersão posicionada com o hilo para baixo(Nascimento et al., 2002). O aumento da profundidade semeadura reduziusignificativamente a velocidade de emergência de plântulas de Bidens pilosa L. (MunizFilho et al., 2004). Para sementes de Moringa oleifera Lam. o IVE foi favorecidoquando semeadas com o ápice voltado para cima ou deitada (Sousa et al., 2007). A159


posição do hilo voltado para baixo beneficiou a emergência de plântulas de Amburanacearensis (Allemão) A.C. (Guedes et al., <strong>2008</strong>).Para a porcentagem de emergência de plântulas por ocasião da primeiracontagem, verificou-se redução quando as sementes foram posicionadas com o hilo paracima. Quanto as sementes o com hilo voltado para o lado e para baixo verificou-se umaemergência média de 41 e 22%, respectivamente, uma vez que os dados não seajustaram a modelos de regressão (Figura 3). SILVA et al. (2006) também observaramque as sementes de Oenocarpus minor Mart. germinaram de forma mais rápida euniforme na profundidade de 0 cm.Provavelmente isto ocorreu em virtude de nas maiores profundidades existirmaior concentração de CO 2 que afeta tanto a porcentagem quanto a velocidade degerminação. Por outro lado, acredita-se que a redução da velocidade de germinação estáassociada com as flutuações das temperaturas diurnas e noturnas, que favorecem,principalmente, as semeaduras nas menores profundidades.A posição de semeadura também influenciou o vigor de sementes de Oenocarpusmapora Karsten, onde registrou-se um maior tempo médio de emergência naquelas comporo germinativo voltado para baixo ( Nascimento et al., 2002). Em contrapartida, para160


Astrocaryum aculeatum Meyer, as posições de semeadura (poro germinativo voltadopara baixo, lado e inclinado) não influenciaram o vigor de suas sementes, avaliado pelotempo médio de emergência (Elias et al., 2006).Tais resultados estão de acordo Mendonça et al. (2007) quando relataram que,nas maiores profundidades de semeadura, as sementes de Annona muricata L. devem tersofrido um desgaste fisiológico maior até a emergência, podendo, nestes casos, darorigem a plântulas mais debilitadas e, conseqüentemente, com menor capacidade desobrevivência no período subseqüente. Alves et al. (<strong>2008</strong>) relataram que para a primeiracontagem de emergência de plântulas de Zizyphus joazeiro Mart. houve uma redução de12,4% na porcentagem de emergência, a cada centímetro de aumento na profundidade desemeadura.Laime (<strong>2008</strong>) averiguou que com o aumento das profundidades de semeadurahouve uma diminuição significativa nos percentuais de plântulas de Inga ingoides(Rich.) Willd. emergidas na primeira contagem, atingindo valores nulos de emergênciaapós 4 cm de profundidade quando as sementes foram semeadas com o hilo para o lado(HL).CONCLUSÃOAs profundidades de semeadura entre 1 e 2 cm são ideais para emergência ecrescimento inicial de plântulas em casa-de-vegetação e, a melhor posição parasemeadura das sementes foi aquela com o hilo voltado para o lado.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAFONSO, Junior S. 1993. Efeitos de diferentes profundidades, posições de semeadura,níveis de luminosidade, tamanhos de recipientes e diferentes substratos na produção demudas de jaqueira (Artocarpus integrifólia L.). Monografia de graduação. <strong>Universidade</strong>Federal da Paraíba, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>. 80 p.ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.A.; ALVES, A.U.; ALVES, A.U.; CARDOSO, E.A.;DORNELAS, C.S.M.; GALINDO, E.A.; BRAGA JÚNIOR, J.M. Profundidades desemeadura para emergência de plântulas de juazeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.38,n.4, p.1158-1161, <strong>2008</strong>.161


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INSERÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA INFORMÁTICA NO BREJOPARAIBANOLuana de Fátima Damasceno dos Santos 1 ; Márcia Verônica Costa Miranda 21Graduanda em Zootecnia pela UF<strong>PB</strong>. Contato: luana_jppb@yahoo.com.br²Professora efetiva de Informática do <strong>CCA</strong>. Doutora em Engenharia Elétrica. Contato:miranda@cca.ufpb.brRESUMO: O uso de avançados recursos tecnológicos está limitado a uma pequenacamada da população, contribuindo para a concentração de poder e renda e,conseqüentemente, acentuando as diferenças sociais. É essencial que as diretrizes depolíticas públicas possam promover um processo de disseminação e produção dainformação e do conhecimento, colaborando assim para uma inclusão social maiseqüitativa, além da promoção natural de inserção da comunidade no mercado detrabalho, auxiliando na criação de emprego e renda. Este artigo relata a experiência deações de extensão universitária voltadas para a inserção social da comunidade através dainclusão digital. A Inclusão digital é um instrumento poderoso para a inserção social econstrução da inteligência coletiva, cujo objetivo é a inserção dos cidadãos no mundodigital, possibilitando-lhes a oportunidade de aumentar suas chances no mercado detrabalho.Palavras-Chave: Educação, Inclusão social, Mercado de Trabalho.ABSTRACT: The use of modern technological tools is limited to few people in oursociety, increasing the social differences. It is essential that the guidelines for publicpolicies to promote a process of education and information dissemination, contributingto a social inclusion a little more equal, as well as the introduction of people of thecommunity in their first job. This article treats the experience of the college extensionactivities with community by digital inclusion. The Digital Inclusion is a powerful toolfor social inclusion and spread the collective intelligence, which goal is the citizensintegration in the digital world, allowing them the opportunity to increase your chancesin the job market.Key words: Education, Social Inclusion, Job Market.INTRODUÇÃOA <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba – Centro de Ciências Agrárias (<strong>CCA</strong>) tembuscado desenvolver ações que contribuam para o desenvolvimento do Nordeste e, emparticular, o estado da Paraíba. Tal fato é demonstrado através de várias linhas depesquisas e projetos de extensão universitária que foram e estão sendo implementadascom o objetivo de encontrar novas alternativas de desenvolvimento para o meio rural165


paraibano, bem como procurar meios para solucionar os reais problemas que afetam osmeios de vida e a sustentabilidade dos recursos naturais dessa região.Dentre os projetos de extensão, tratamos, mais especificamente, dos cursos deTecnologia de Informação e Comunicação (TIC) que provêem formas de inclusão socialda comunidade do município de <strong>Areia</strong>, no brejo Paraibano, através do oferecimento decursos de informática e outras tecnologias digitais que auxiliem as pessoas na suasustentabilidade e desenvolvimento. Esta cidade foi escolhida por que, além de fazerparte a comunidade onde o Centro de Ciências Agrárias da UF<strong>PB</strong> está inserido, possuium grande valor cultural e sócio-econômico para a sua região, pois possui engenhospara produção de mel, açúcar e derivados, contribuindo para a geração de renda, e é umlocal central e atrativo às cidades de seu entorno no fornecimento de cultura, artes eeducação de uma maneira geral.A inclusão social é uma ação que combate às diferenças sociais existentes nascomunidaes, voltadas para pessoas de diferentes níveis educacionais, classes sociais,portadoras de deficiência física, idosas ou minorias raciais, entre outras, que não têmacesso às oportunidades de sustentabilidade, visando oferecer-lhes oportunidades departiciparem da distribuição de renda do país, dentro de um sistema que beneficie atodos e não somente uma camada da sociedade (Castells, 2001).Investir na formação do cidadão comum, como um agente de transformaçãosocial, pode ser o ponto de partida para a melhoria da qualidade de vida dascomunidades de baixa renda. Por acreditar nessa possibilidade, trabalhamos de forma adesenvolver projetos cujos focos estão voltados para a inclusão social da comunidadeatravés da tecnologia da informação. É essencial que as diretrizes definidas por umaPolítica Pública de Inclusão Digital possam promover um processo de disseminação eprodução da informação e do conhecimento, contribuindo para uma inclusão social maiseqüitativa, além da promoção natural de inserção no mercado de trabalho, auxiliando nacriação de emprego e renda. Nesse sentido, é importante que o termo Inclusão Digitaltenha um sentido ampliado, para que o cidadão não seja apenas alfabetizadodigitalmente, ou se torne um simples consumidor de informações, mas que possatambém produzir conteúdo, se aperfeiçoar profissionalmente e exercer a sua cidadania.Cientes dessa necessidade, desde o segundo semestre de 2004, estão sendodesenvolvidos e executados projetos de inclusão digital no Departamento de CiênciasFundamentais e Sociais - <strong>CCA</strong>, junto à comunidade da cidade de <strong>Areia</strong> e cidadescircunvizinhas, cujo objetivo visa contribuir para a desconcentração de poder e renda e,conseqüentemente, diminuição das diferenças sociais através da formação eminformática e tecnologias da informação.Por meio de suas ações e programas de extensão e pesquisas voltados para ointeresse da comunidade e sociedade como um todo, a UF<strong>PB</strong>, mais especificamente oCentro de Ciências Agrárias, acumula um acervo de experiências e competências noenfretamento da pobreza e da exclusão social e digital. Neste sentido, encontra-se nopensamento atual desta <strong>Universidade</strong> difundir conhecimentos e preencher lacunassociais, apresentando uma constante preocupação com o “conhecimento digital” dacomunidade. Dessa forma, existem, em execução, projetos de extensão que objetivamimplantar cursos de extensão em TIC’s (Tecnologia da Informação e Comunicação), noCampus Universitário, na cidade de <strong>Areia</strong> e circunvizinhas. Esta preocupação com a166


inclusão social, através da inclusão digital, visa ajudar a fortalecer e ampliar ainda maisas ações já em curso, que contribuirão para despertar o interesse, nesta nova tecnologia,de outros alunos e professores de outros municípios, principalmente no entorno dacidade de <strong>Areia</strong> e os agricultores familiares e assentados paraibanos.Os objetivos principais do projeto de inclusão digital, descrito neste artigo,visam a melhoria das condições de vida da comunidade do brejo paraibano,minimizando, assim, a falta de treinamento, atualização e possibilidade de inserção nomercado de trabalho. Esta possibilidade faz-nos trabalhar constantemente na busca dealternativas para aumentar o alcance do trabalho de extensão que tem sido feita ate omomento. Devido à importância social deste projeto, foram elaboradas pesquisas deprospecção de demandas sobre o interesse desta comunidade em cursos de TICs, atravésda aplicação de questionários, com jovens, adultos, professores de escolas públicas,dentre outros. Baseado neste levantamento, foram e são planejados e executados oscursos de tecnologia da informação que são ministrados durante o período letivo.INCLUSÃO DIGITAL – VISÃO GERALInclusão Digital é a denominação dada, genericamente, aos esforçosdesenvolvidos por governos, organizações do terceiro setor e empresas no sentidode possibilitar às pessoas para obter os conhecimentos necessários para utilizar,com um mínimo de proficiência, os recursos das Tecnologias de Informação e daComunicação existente, dispor de acesso físico regular a esses recursos. A inclusãodigital deve favorecer a apropriação da tecnologia de forma consciente, que torne oindivíduo capaz de decidir quando, como e para que utilizá-la.A idéia de transformar a inclusão digital em uma política pública consolidaalguns pontos de vista, onde um reconhecimento de que a exclusão digital amplia amiséria e dificulta o desenvolvimento humano local e nacional. A exclusão digital, aquitratada, diz respeito às extensas camadas da sociedade que ficaram à margem dofenômeno da tecnologia da informação e da expansão das redes digitais, visando terseus trabalhos voltados para os desprivilegiados, excluídos digitalmente, que não têmacesso aos recursos tecnológicos e, consequentemente, possuem sérias carências deinformações, de aprendizagem, entre outros.Conforme Pellanda (2005), a importância da inclusão digital pode serfundamentada através da vivência atual da era digital, na qual a Informática não serefere às questões meramente técnicas, que visam aumentar o conforto das pessoas efacilitar as operações do trabalho e da vida cotidiana. Segundo a autora, a tecnologia deinclusão digital se dirige à ampliação do ser humano, de suas capacidades epotencialidades, na qual a tecnologia das máquinas são fios que se integram e expandemo humano. É no contexto de uma sociedade da informação, que inclua todos oscidadãos, que se destaca a expressão “inclusão digital”.No Brasil, apenas 12,46% da população tem acesso a computadores, 11,4% deanalfabetos entre os maiores de 10 anos e com 50,7% da população, recebendo até doissalários mínimos (IBGE, 2001). Quanto ao acesso à Internet, os dados são ainda maisalarmantes: somente 8,31% dos brasileiros estão conectados à rede mundial. Destespoucos incluídos digitais, cerca de 97%, concentra-se na área urbana, acentuando ainda167


mais esse desnível da utilização de informática e deixando as zonas rurais praticamenteà margem do cenário digital. Já em outros dados obtidos, através de pesquisa doCETIC.BR de 2007, 80,3% dos domicílios brasileiros não têm computador, 54,3 % dapopulação brasileira nunca utilizou computador, 85,3 % da população brasileira não têmacesso a Internet, 66,7 % da população brasileira nunca acessou internet. Pode-severificar que, com o avanço das tecnologias e recursos digitais, as comunidades carentesnecessitam de informações e fontes de aprendizagem para a superação de desigualdades,de agregação de valor e, sobretudo, de hierarquização social.IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO SOCIAL E O PAPEL DA UNIVERSIDADEA educação digital está diretamente ligada às transformações sociais, políticas,econômicas e, até mesmo, transformações culturais do indivíduo. Existe um consensode que o domínio das novas tecnologias não apenas abre oportunidades no mercado detrabalho e de geração de renda, mas possibilita o acesso a fontes de informação e aespaços de sociabilidade que propiciam a busca coletiva de soluções para os problemasenfrentados pelas comunidades. Na era da globalização, o uso do computador éfundamental, e estar preparado para usá-lo é essencial.O uso dos recursos tecnológicos de informática e comunicação está limitado auma pequena camada da população, o que acaba contribuindo para a concentração depoder e renda e, conseqüentemente, acentuando as diferenças sociais. É importante queo termo Inclusão Digital tenha um sentido ampliado, para que o cidadão não seja apenasalfabetizado digitalmente, ou se torne um simples consumidor de informações, mas quepossa também produzir conteúdo, se aperfeiçoar profissionalmente e exercer a suacidadania. Neste sentido, foi realizada uma prospecção das demandas por TIC’s(Tecnologia da Informação e Comunicação) no município de <strong>Areia</strong> e seu entorno paraserem avaliados o total de pessoas interessadas bem como os tipos de cursos a seremministrados, que satisfizessem a carência destas comunidades. Este levantamentoajudou a fortalecer e ampliar ainda mais as ações já em curso e incentivar o surgimentode outras iniciativas, que contribuirão para despertar o interesse de outros alunos eprofessores de outros municípios, principalmente no entorno da cidade de <strong>Areia</strong>, umavez que a cidade mais próxima, Campina Grande, com condições de ofertar cursos deTICs situa-se a mais de 50 km de distância, dificultando o acesso, deslocamento epermanência dos discentes e docentes e, principalmente, os agricultores familiares eassentados paraibanos.O projeto para inserção social baseada em TICs visa, assim, fornecer oconhecimento em informática aos cidadãos da comunidade na qual o <strong>CCA</strong> está inserido,além de funcionários e professores da <strong>Universidade</strong>, bem como seus dependentes, paraque estes venham a ter a oportunidade de aprender a utilizá-la. Além disto, procura-secontribuir para uma postura crítica frente a sua realidade concreta, bem como odesenvolvimento de uma conduta de luta permanente pela construção de uma cidadania.Assim, já há algum tempo, estão sendo organizados, no <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, diversos núcleosde ensino direcionados à integração da sociedade através da tecnologia da informação.O Projeto de inclusão digital encara a educação digital como uma maneira bemsimples de passar as informações necessárias para a sociedade, analisando e168


promovendo cada conhecimento que o aluno tem sobre o termo informática,propiciando um melhor conhecimento, provendo mais uma alternativa para enfrentar omercado de trabalho. Uma conseqüência do aprendizado em informática é a satisfaçãopessoal, o aumento da auto-estima, além do fato da Internet ter se mostrado umimportante meio de integração social. Em geral, os programas de inclusão digital têmadotado como indicadores de info-inclusão, a fim de medir o êxito de suas iniciativas, onúmero de acessos feitos, os conteúdos mais buscados, a faixa etária, a escolaridade e osexo dos usuários. Tais dados são necessários para definição do perfil, do programa deinformatização e dos usuários.O trabalho aqui executado pretende sinalizar uma mudança de mentalidade emrelação aos modernos mecanismos de comunicação e trabalho, ou seja, a melhoria dascondições de vida da comunidade do brejo paraibano, minimizando a falta detreinamento, atualização e possibilidade de inserção no mercado de trabalho. Alémdisto, visamos a melhoria da condição de vida da comunidade do brejo paraibano,minimizando assim a falta de treinamento, atualização e possibilitando a inserção nomercado de trabalho. Esta possibilidade faz-nos trabalhar constantemente na busca dealternativas para aumentar o alcance do trabalho de extensão que tem sido feito até omomento.METODOLOGIANa área de Informática, foram atendidas mais de 250 pessoas com cursos deextensão universitária, no <strong>CCA</strong> da UF<strong>PB</strong>.O curso de informática comunitária, dentro do projeto de Inclusão digital, éministrado por extensionistas, alunos da graduação da própria Instituição, e professoresda UF<strong>PB</strong>, que transmitem seus conhecimentos sobre Informática para a comunidadeque necessita e, principalmente, querem aprender. Este curso oferece, em cada períododo ano letivo, 60 vagas no <strong>CCA</strong> - UF<strong>PB</strong>, distribuídas em 2 turnos, um pela manhã eoutro à tarde. A expectativa dos alunos nos revelou-nos a grande empolgação queestavam para adquirir conhecimentos sobre essa nova tecnologia.O procedimento utilizado consistiu, inicialmente, da realização de contatostelefônicos com as Prefeituras e Secretarias de Educação de cada uma destas cidades,como base de planejamento das viagens de demanda a serem realizadas, e verificar adisponibilidade e cooperação para a implantação do projeto de oferta de cursos deextensão de Tecnológica Inovadora para a capacitação de recursos humanos. Nestascidades, foram realizadas várias visitas, com duas equipes e coordenadores, para arealização de entrevistas, prioritariamente cidadãos com idade adequada para inserir-seno mercado de trabalho.São ministradas aulas teóricas e práticas, com trabalhos sendo executadosdiretamente no computador, no Laboratório de Informática Aplicada, onde existemcomputadores individuais à disposição dos alunos para as aulas nos períodos normais epara as aulas em horário extra, quando os alunos requisitavam. A Figura 1 ilustra oambiente em sala de aula de uma das turmas do curso de Informática com a participaçãoda comunidade do entorno da cidade de <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, no brejo paraibano.169


Figura 1 – Aulas práticas no Laboratório de Informática, onde são ministradas as aulaspráticas e teóricas. (Teoretical and Pratical classes are been held in the ComputerLaboratory- <strong>CCA</strong>).As aulas práticas têm como uma finalidade principal passar para os alunos osconteúdos de uma forma bastante simples, aliando-as sempre com as aulas teóricas,havendo assim uma melhor compreensão do conteúdo e melhor aprendizagem dosalunos. Foram utilizados vários artifícios para uma melhor compreensão dos assuntosabordados, tais como comparar equipamentos do computador com o próprio corpohumano e suas respectivas funções, objetivando uma forma de fácil entendimento,estando no cotidiano dos próprios alunos. Além do exposto, foram construídosexercícios e apostilas didáticas, favorecendo também as aulas teóricas, ajudando ummelhor entendimento de cada conteúdo ministrado. Estas apostilas possuem o conteúdo,relativo a cada curso escolhido, que o aluno possa entender os conteúdos ministradosem salas de aulas.Para analisar os resultados obtidos nas aulas de informática, foram realizadosalguns testes e exercícios práticos, para avaliar o aprendizado do uso do computadorcom o aluno e seu acompanhamento em relação aos exercícios aplicados nas aulas.RESULTADOS E DISCUSSÃOA pesquisa, relativa ao levantamento da demanda de cursos em TICs, foirealizada tendo como base o questionário sobre cursos TICs possíveis de seremrealizados na UF<strong>PB</strong> e de maior interesse da população da região do brejo paraibano quecircunda o Centro de Ciências Agrárias, em Anexo. Os questionários foram aplicados amais de 3000 pessoas, nas cidades de <strong>Areia</strong>, Remígio, Arara e Algodão de Jandaíra.Os cursos, a serem oferecidos, atendem a uma imensa demandada comunidade,avaliada segundo prospecção realizada anteriormente. As aulas teóricas são ministradasutilizando-se um projetor digital, e consistem de assuntos planejados para cada cursoministrado e escolhido pelo aluno durante a sua inscrição. As metodologias dos cursosoferecidos, em atendimento às demandas levantadas através da aplicação dequestionários junto às pessoas das comunidadesOs cursos solicitados pela comunidade abrangem desde conhecimentos emMicroinformática básica e Avançada, como também o aprendizado em softwares deanálises estatísticas (SAEG e GENES), linguagens de programação (Látex, Delphi e170


Fortran) e cursos gráficos e desenho e de manipulação/construção de páginas de Internet(CorelDraw, PhotoShop, Construção Páginas de Internet) e manutenção básicas decomputadores, como visto na tabela 1, logo abaixo..Segundo o levantamento realizado, os cursos mais demandados foram:Tabela 1 – Cursos mais demandados decorrentes das entrevistasCurso Demandado No. de demandantesMicroinformática básica 19%Microinformática Avançada 16%SAEG 5%GENES 5%CorelDraw 6%PhotoShop 12%Construção Pág.Internet 11%Manutenção Computadores 12%Eletrônica Básica 7%Latex 2%Delphi 3%Fortran 2%DESCRIÇÃO DO(S) CURSO(S) DEMANDADO(S) E SEUS DEMANDANTES(retirar a parte referente a este tópico da metodologia)1. Microinformática Básica: O curso consistirá na transmissão dos conceitosbásicos de informática para utilização prática profissional e cotidiana. O público deinteresse são estudantes de 2º. Grau das cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos,alunos de graduação do <strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seusdependentes.2. Microinformática Avançada: O curso consistirá na transmissão dos conceitosavançados de informática para utilização prática profissional e cotidiana. O público deinteresse são estudantes de 2º. Grau das cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos,alunos de graduação do <strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seusdependentes.3. SAEG: O Curso consiste na aplicação do software SAEG (Sistema de AnálisesEstatísticas e Genéticas) para analisar dados. O público de interesse são alunos degraduação e pós-graduação do <strong>CCA</strong>, professores da UF<strong>PB</strong>, bem como seusdependentes.4. GENES: O Curso consiste na aplicação do software GENES para analisardados. O público de interesse são alunos de graduação e pós-graduação do <strong>CCA</strong>,professores da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.5. CorelDraw: O curso consistirá da aplicação do software CorelDraw paramanipulação e construção de imagens e figuras. O público de interesse são estudantes171


de 2º. Grau das cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos, alunos de graduação do<strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.6. Photoshop: O curso consistirá da aplicação do software Photoshop paramanipulação de imagens e fotografias. O público de interesse são estudantes de 2º. Graudas cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos, alunos de graduação do <strong>CCA</strong>,professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.7. Construção de Páginas de Internet: O curso consistirá em apresentar aosalunos subsídios para a construção de sites da Internet. O público de interesse sãoestudantes de 2º. Grau das cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos, alunos degraduação do <strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.8. Manutenção de computadores: O curso consistirá na exposição de montar eentender o funcionamento dos componentes de um computador, bem como identificaros principais problemas que ocorrem com a máquina. O público de interesse sãoestudantes de 2º. Grau das cidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos, alunos degraduação do <strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.9. Latex: O curso consistirá no ensino e utilização do editor de texto Látex,conotação científica. O público de interesse são alunos de graduação e pós-graduaçãodo <strong>CCA</strong>, professores da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.10. Programação Delphi: O curso consistirá em capacitar o aluno no uso doambiente de programação Delphi. O público de interesse são estudantes de 2º. Grau dascidades visitadas, cidadãos acima de 18 anos, alunos de graduação e pós-graduação do<strong>CCA</strong>, professores e funcionários da UF<strong>PB</strong>, bem como seus dependentes.11. Programação Fortran: O curso consistirá no desenvolvimento de programasde computador baseados na linguagem Fortran. O público de interesse são cidadãosacima de 18 anos, alunos de graduação e pós-graduação do <strong>CCA</strong>, professores da UF<strong>PB</strong>,bem como seus dependentes.Analisando os resultados obtidos através das entrevistas dos alunos dos cursos,foi pesquisado se o cidadão tinha ou não experiência com o uso do computador e, emcaso afirmativo, em que nível de utilização. O total pesquisado da preferência na área deinformática foram obtidos os seguintes resultados: 20% nunca utilizaram o computador,22% Word, 26% Internet, 15% Power Point, 14% Excel, 3% outros como vistos naFigura 2.Figura 2- Dados obtidos das entrevistas realizados sobre a experiência na área deinformática172


Experiência na aréa de Informática - Total15%14%26%3%20%0%22%A - NãoB (Total) - Simb1 - Wordb2 - Internetb3 - Power Pointb4 - Excelb5 - OutrosNo início de cada curso ministrado, foi realizada uma avaliação, entre os alunos,com o objetivo de conhecer suas opiniões e perspectivas em relação ao computador. Osresultados obtidos através desta pesquisa foram os seguintes, para cada questãorespondida:a) Você já usou o computador para realizar alguma tarefa?61,90% dos alunos responderam que não utilizaram o computador para alguma tarefa,enquanto que 38,09% dos alunos responderam que já utilizaram computador paraalguma tarefa, Esse percentual pode ser justificado, já que a grande maioria dos alunosnão teve ainda a oportunidade de se manusear um computador.b) Qual o interesse em fazer o curso de informática?O principal interesse é de aprimoramento dos conhecimentos sobre o curso deinformática, onde o curso é de grande importância para os trabalhos cotidianos e para173


futuramente ingressarem no mercado de trabalho com mais facilidade com osconhecimentos adquiridos no curso de microinformática, sendo representado por66,66% dos alunos.c) Qual sua expectativa em relação ao curso?Os alunos responderam em sua maioria que a principal expectativa esperada é omaior conhecimento com o mundo da tecnologia sendo representado por 80,95% dosalunos, como visto no curso, o conhecimento com o computador e as suas noções.As dificuldades encontradas durante o processo de execução das aulasministradas do curso de informática ocorreram devido à grande heterogeneidade dosgrupos de alunos. Entretanto, as dúvidas surgidas, como são naturalmente freqüentes,foram esclarecidas com exercícios práticos, contribuindo para aperfeiçoar a nossametodologia de ensino, e até mesmo na forma de compreensão dos alunos, que cadaaula ministrada observou-se um interesse crescente.Constatamos que escolas e outros estabelecimentos possuem quadros deprofessores e funcionários ainda inaptos na utilização de um computador. Algumasescolas públicas recebem equipamentos computacionais do governo e, em alguns casos,não chegam a ser instalados, por não possuírem pessoas aptas para utilizá-los e, assim,transmitir informações para os demais da comunidade que necessitam dessaaprendizagem. Essa falta de treinamento chega a provocar um grande prejuízo para todaa sociedade, pois a informática esta diretamente ligada com o mercado de trabalho.Os pontos positivos observados durante o curso de informática foram à presençamarcante de pessoas da com mais experiência de vida, considerados como trabalhadoresidosos, com mais de 50 anos, onde este grupo apresenta as maiores taxas de crescimentono mercado de trabalho. Além da importância demográfica, trata-se de um grupo que,na sua formação escolar, ainda não teve acesso ao mundo digital, mas que precisaenfrentar o processo de modernização acelerada dos meios de produção, seja no seuambiente de trabalho, para se manter empregado, seja para não ficar restrito às poucasáreas, aonde a modernização ainda não chegou. Finalmente, trata-se de um grupo que,por sua idade e proximidade da saída do mercado de trabalho, geralmente não é maisconsiderado para medidas de atualização profissional.174


Um dos principais objetivos do projeto, que foi alcançado, foi o grande interesseda comunidade carente com a Tecnologia da Informação, ou seja, a transmissão deconhecimentos sobre informática de maneira bem simples e eficiente, tanto para suautilização no mercado de trabalho quanto para uso particular e pessoal, e é por isso queesse curso vem abrangendo para toda a comunidade.Com o término do curso de informática do <strong>CCA</strong>, observamos algumasmudanças, tratando-se do conhecimento dos alunos em relação ao curso. Foi verificadoque a procura por vagas, em cada curso ministrado, é muito grande, superando todas asexpectativas, bem com a baixa evasão dos alunos inscritos, confirmando o interesse dosalunos com a tecnologia da informação.CONCLUSÃOO projeto de extensão universitária que trata da inserção social através dainclusão digital no <strong>CCA</strong> da UF<strong>PB</strong> foi implantado através da ministração de cursos deinformática, com 4 turmas anuais, compostas por pessoas da comunidade da cidade de<strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, e do seu entorno. É importante ressaltar que, com poucos recursos, podemosbeneficiar muitas pessoas, tanto no seu bem estar social, como na sua vida sócio–econômica. Diante desse fato, podemos oferecer treinamento para tantas outras pessoasde uma comunidade carente, que procuram por oportunidades e não encontram, ondeprocuramos oferecer recursos para que o indivíduo possa usufruir e aprender a utilizarnovas tecnologias no seu dia-a-dia.O projeto tem sido avaliado como extremamente positivo para a vidaprofissional e acadêmica dos alunos que dele participam, tendo em vista a participação ereciprocidade demonstrada por eles no processo ensino-aprendizagem. Além disto,constatamos que, no cenário atual, em vista do papel desempenhado pelos processosinformativos, o acesso às TICs pode contribuir para o aumento da empregabilidade,melhorar a capacitação individual dos sujeitos, além de contribuir para odesenvolvimento e a coesão de grupos sociais.A maior parte dos usuários entrevistados já concluiu ou está cursando o segundograu. Como a relação informação-cidadania depende da capacidade crítica e reflexivado sujeito, este projeto tem investido, centralmente, na instrumentalização dos cidadãos.Isso significa que, para a obtenção de competências que facultem ao usuário ascondições necessárias para que o mesmo possa produzir, ler e usar conteúdosinformacionais, deverá ser promovido um trabalho maciço e intenso dirigido àsdemandas e dificuldades observadas. Para tanto, os conteúdos e a programaçãotrabalhados visam às experiências, vocações e necessidades locais e em sua relação comoutros contextos, mais amplos. Ademais, é importante ressaltar a oportunidade geradapor estes cursos na inserção de uma grande camada da população no mercado detrabalho, propiciando uma forma de geração de renda para suas famílias e de abrirespaços competitivos na geração de empregos. Encerro com Turkle, 1984: “A175


tecnologia catalisa mudanças não somente no que nós fazemos, mas em como nóspensamos.”REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASARAÚJO, Eliany Alvarenga. Informação: recurso para a ação política do cidadão.Encontros Bibli: Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n.9, jun. 1999.CASTELLS Manuel, da <strong>Universidade</strong> da Califórnia, Berkeley, A galáxia da Internet. 1ªEdição. São Paulo. 2001. p. 9.IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por Amostrade Domicílio. 2000. URL: http://www.ibge.gob.br/Inclusão social: http://pt.wikipedia.org/wiki/Inclus%C3%A3o_social acesso:11/11/<strong>2008</strong> às 09:27hs.JOLY, Maria Cristina Rodrigues Azevedo; SILVEIRA, Márcia Adriana. Avaliaçãopreliminar do questionário de informática educacional (QIE) em formato eletrônico.Psicol. Estud., Maringá, v. 8, n. 1, 2003. Disponível em:. Acesso em: 13 Fev 2007. Pré-publicação.Dói: 10.1590/S1413-73722003000100011SCIELO. Disponível em:


ANEXOUNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBACENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIASCAMPUS II- AREIAFORMULÁRIO PARA AVALIAÇÃO DE DEMANDA DE CURSOS DE TICs(TECNOLOGIA DE INFORMÁTICA E COMUNICAÇÃO)Nome:Endereço:Cidade:Telefone (ou contato):Estado:Estado civil:1. Grau de escolaridade (assinale com um X): 1º. Grau incompleto 2º. Grau completo Pós-graduação incompleto 1º. Grau completo Superior incompleto Pós-graduação completo 2º. Grau incompleto Superior completo2. Cursos de interesse (assinale com um X): Microinformática Básica CorelDraw Manutenção de computadores(Windows, Word, Internet) Microinformática Avançada Photoshop Latex(PowerPointer, Excel) SAEG Construção de Páginas Programação Delphide Internet GENES Eletrônica Básica Programação Fortran3. Horário Preferencial (assinale com um X): Manhã Tarde Noite4. Tem experiência na área de informática ou teve algum tipo de contato com ocomputador (assinale com um X)? Não Sim. Que programa utilizou? Word Internet Power Pointer Excel Outros: ______________________________________5. Você trabalha ou tem alguma ocupação, qual? Não Sim. Qual? _________________________177


LEVANTAMENTO DAS ESPÉCIES ORNAMENTAISCOMERCIALIZADAS NO BREJO PARAIBANOIrinaldo Lima do Nascimento 2 ; Dayane Cristine de Souza Oliveira 2 ; Edna UrsulinoAlves 1 ; Eduardo Maciel Oliveira Laime 21 Professora de Graduação e Pós-graduação 2 Graduando do curso de Agronomia, Departamento deFitotecnia, Centro de Ciências Agrárias, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, 58397-000, <strong>Areia</strong>,Paraíba, Brasil. E-mail: iririlima@hotmail.comRESUMO: O trabalho objetivou definir por meio de uma demarcação territorial quaisespécies são cultivadas e comercializadas em grandes escalas, provenientes de cultivosgerados pela associação e desenvolvimento sustentável de Macaços e Furmas, nasproximidades do município de <strong>Areia</strong>, com meios e métodos simples, e disponíveis aosmoradores. A cooperativa baseia-se nas idéias Rochdaleana de 1844 em diante,contendo os princípios a respeito da estrutura e do funcionamento da cooperativa deconsumo, demonstrando a vontade de cuidar de seu próprio aperfeiçoamento moral eintelectual. Surgiu a idéia de comercialização das espécies ornamentais que poderiamser de fácil acesso, fácil manejo e que correspondesse a vendas promissoras, tudo deforma organizada, foram feitos estudos voltados ao assunto e com isso aprimoramentointelectual básico e necessário para a comercialização de várias espécies de plantasornamentais, cada uma com suas necessidades e cuidados específicos, bemadministrados pelas pessoas associadas à cooperativa. Hoje esta cooperativa conseguegerar lucros e renda para os associados através da comercialização de tais espécies.Palavras-chave: cooperativa, ornamentais, cultivo, comercialização.ABSTRAT: The study aimed to establish by means of a territorial demarcation whichspecies are cultivated and sold in large excalas, provinientes generated by thecombination of cultures and sustainable development of monkeys and Furmas, near thecity of Sand, with simple means and methods, and available to residents. Thecooperative is based on ideas rochdaleana of 1844 onwards, containing the principlesconcerning the structure and functioning of cooperative consumption, showing awillingness to take care of their own moral and intellectual aperfeicoamento. Emergedthe idea of marketing of ornamental species that could be easily accessible, easy tohandle and which corresponds to sales promising, all in an organized way, were made tothe studies focused on that issue and improve intellectual basic and necessary for themarketing of several species of ornamental plants, each with its specific needs and care,and administered by persons associated with the cooperative. Today the cooperative cangenerate profits and income for members through the marketing of such species.


INTRODUÇÃOO mercado mundial de flores e plantas ornamentais encontra-se em plena fase deexpansão. Inicialmente a produção estava concentrada em alguns países europeus comoHolanda, Itália e Dinamarca, sendo o Japão, na Ásia, outro grande produtor, fato esseinfluenciado principalmente pela questão cultural que estimulava o consumo internodesses países. No Brasil a floricultura começou em escala comercial na década de 50com imigrantes portugueses (Moto,2000). Na década de 60 entraram neste mercado osimigrantes japoneses e finalmente os imigrantes holandeses, que no início da década de70 deram um impulso maior à comercialização, implantando um sistema de distribuiçãopelo país inteiro. Até 1988 o mercado teve um crescimento vegetativo e uma atuaçãocomercial baseada em centros regionais de comercialização tais como os CEASAS eempresas de distribuição que atendiam a todo o país. A partir de 1989 surge, o VeilingHolambra que representa uma transformação substancial no mercado e acabainfluenciando o comportamento e as práticas do setor. Desde então o mercado internoapresentou taxas de crescimento de até 20% ao ano (Castro, 1998). O Brasil devido àestabilidade de sua economia após o plano real e por ser um dos países em crescimentoque apresenta taxas de investimentos externos das maiores do mundo, vem se firmandocomo um mercado interno em amplo desenvolvimento e bastante atrativo para novosinvestimentos. Atualmente a produção nacional é voltada basicamente para o mercadointerno.Segundo Bongers (2000), a floricultura brasileira possui uma ampla variação decultivares que podem ser facilmente produzidas devido á grande extensão territorial dopaís, o que inclui as mais variadas diferenciações climáticas, esta produção de flores eplantas ornamentais constitui uma atividade altamente promissora, porém, para que essaatividade traga benefícios satisfatórios para o produtor, é necessário o uso detecnologias avançadas que promovam o desempenho satisfatório de flores, o que indicamudas de qualidade(Broek, 2005) para isso são feitas análises laboratoriais paraverificar quais qualidades seriam essas. Desde o substrato utilizado até a formação daflor propriamente dita, toda uma estrutura adaptativa deve ser organizada, levando emconsideração a qualidade genética e fitossanitária das mudas em um curto espaço detempo atendendo assim as necessidades dos produtores e das associações cooperativasque necessitam de informações referentes ao assunto (Brasil, 2005).A formação de associações agrícolas ocorreu pela necessidade de promoverorganizações, com a finalidade de discutir problemas de comercialização e aumento deprodutividade, além da procura de possíveis soluções que viessem a ser resolvidas pelavontade e aprimoramento moral e intelectual dos moradores. Desta necessidade, que ascomunidades de baixa renda necessitam de desenvolver uma produção precisa equalificada, com insumos e implementos voltados para a sua realidade, de forma digna,e que venha a promover renda, foi que surgiu a idéia das cooperativas agrícolas deproduzirem flores, onde as características básicas de produção podem ser facilmenteorientadas com organizações que promovam conhecimento técnico sobre o assunto. Afloricultura incrementa, com suas características de pouca mão de obra e insumosfacilmente adquiridos, alem de um comércio disponível para absorver essa produção,uma aquisição de capital para que a produz (Censu Agropecuário, 2002). O uso deplantas ornamentais no comercio vem crescendo a cada dia, pessoas se dedicam à


compra de tais produtos, os quais alegram ambientes, refinam, e embelezam de talforma que é quase certo que em muitas casas tenha pelo menos uma planta natural,ornamental enfeitando algum espaço (Aki, 2005).A maioria das plantas ornamentais tem o órgão de propagação sexuada, a flor,como a grande parca que á torna ornamental, essas estruturas costumam ser diferentes,exóticas e raras, com uma vasta variação de cores dependendo da espécie a ser tratada,assim como com cheiro diferenciado, outro atrativo para o comercio de ornamentais(Lorenzi & Gonçalves, 2000). Outras, porém são consideradas ornamentais porpossuírem folhas bonitas, muitas delas possuem mais de uma cor variando entre tons deverde claro e verde escuro, ou estruturas botânicas que apresentem porções irregularesde seus tecidos, como a Caladium humboldtii, vulgarmente conhecidas como tioron, acoloração da folha quando diferente do clássico verde também pode torna uma espécieornamental, uma estrutura que chama a atenção são as bordaduras perfeitas como a cigaglaziouvi que possui as margens da folha dividida em pequenos lobos agudos ediferenciados perpendicularmente à uma tangente traçada ao longo da margem, tiposdistintos também fazem o gosto do público com estruturas diferenciadas como ascactáceas que possuem espinhos ao invés de folhas. Porém o que mais chama a atençãodas pessoas é a flor, das mais variadas, com arcabouços dos mais belos e modificadaspossíveis, podemos citar o labelo das orquídeas um tipo especial de pétala que possuiformas, textura e coloração diferentes das outras duas pétalas (Goethe, 1790)As estruturas de propagação de uma flor são órgãos que variam de planta paraplanta, por não serem capazes de saírem em busca de parceiros para reproduçãosexuada, as plantas investiram em atrair animais polinizadores ou se especializaram emusar recursos abióticos para a transferência do pólen. Todo esse esforço adaptativoproporcionou o desenvolvimento de uma vasta gama de cores, formas e estruturas, queterminaram por serem refletidas na ampla terminologia para estruturas florais. O tipo deflor mais comum compreende quatro nós, cada qual com vários apêndices no mesmonível. Da base para o ápice o primeiro tem partes muito similares às folhas, chamadasde sépalas, que geralmente guarnecem o botão floral em suas etapas iniciais. O segundoverticilo é também formado por apêndices foliáceos, agora mais modificado, chamadosde pétalas. Em seguida, um ou mais verticilos de apêndices bastante modificadoschamados estames, cada qual portando uma estrutura chamada antera, dentro das quaisos grãos de pólen são formados. Tal estrutura recebe o nome de androceu. O ultimoverticilo é composto por estruturas denominadas carpelos, dentro das quais os óvulossão produzidos normalmente fundidos a uma estrutura chamada pistilo. O pistilo sedivide em três estruturas bem definidas chamadas de ovário, estilete e estigma.(Freeman, 1970)Percebe-se que há flores das mais variadas formas e estilos possíveis, o quedeixa claro a grande diversidade de opções e variedades que podem se adaptar ascondições climáticas e estruturais oferecidas para o comercio de plantas ornamentais,auxiliando de forma sustentável as famílias de baixa renda, que necessitem fazer uso dasalternativas oferecidas pelo meio ambiente. Diante do exposto o trabalho teve comoobjetivo a demarcação territorial das espécies cultivadas e comercializadas naassociação e desenvolvimento sustentável de Macacos e Furnas, proximidades domunicípio de <strong>Areia</strong>.


MATERIAL E MÉTODOSDemarcação territorialO trabalho foi realizado na comunidade de furnas e macacos, cerca de 50quilômetros do município de <strong>Areia</strong> - Paraíba, na ADSMF (Associação deDesenvolvimento Sustentável de Macacos e Furnas), esta comunidade possuiaproximadamente 30 pessoas que se reúnem uma vez por mês e participam ativamentenas decisões e deveres a serem estabelecidos e cumpridos, esta idéia de cooperativismosurgiu há três anos onde percebeu-se a necessidade que os moradores tinham de umaorganização que pudesse promover emprego para estas pessoas. A comunidade surgiucom a carência de melhorias na renda dos associados, porém a primeira espécieexplorada, o crisântemo, não se adaptou bem ao meio, o que estimulou muitos adesistirem, mas para os que persistirem surgiu a conceito de cultivo de mais de umaespécie.O trabalho constou da verificação detalhada, em um terreno deaproximadamente dois hectares, de todas as espécies ornamentais cultivadas, foramobservados primeiramente dois telados de plástico de forma ordenada no sentido nortesul,Segundo a vise-presidente da associação, em uma estufa maior, recém produzidanas proximidades do terreno demarcado, esta sendo iniciada uma seleção das espéciesque são mais procuradas no comércio para cultivo exclusivo.Preparo das mudasAs mudas são produzidas por processos de enxertia do tipo inglês simples, efenda cheia assim com em alguns casos por borbulhia ou por propagação de partesadversas como a folha para a violeta, o tipo de substrato utilizado é a terra vegetal +esterco bovino curtido + areia, os recipientes variam de pequenos jarrinhos de plástico,a grandes jarros de cimento, ainda o uso de garrafas peti cortadas a uma altura de 20 cm,perfuradas embaixo e sacos plásticos pretos, estas passavam o tempo necessário ao seucrescimento em tais recipientes, porém em alguns casos verificou o acoplamento dasraízes de algumas mudas, as matrizes são plantadas no chão para que possam sedesenvolver mais facilmente. As mudas são irrigadas por regadores, com uma aplicaçãode água por dia. Toda uma técnica é promovida para que a planta não se desgastefacilmente, são feitas podas constantes nas partes necessárias, estimulando sempre afloração nas épocas certas para as com flores ornamentais assim como podas quepromovam um crescimento vegetativo para as com folhas ornamentais. O cultivo tendea levar uma linha totalmente orgânica, excluído qualquer cuidado com pragas e doenças,que levem ao uso de algum tipo de agroquímico.ComercializaçãoAs plantas são vendidas a maioria no estágio de muda, contudo, algumas jáapresentando flores como as roseiras, porém outras são vendidas já no estádio (ou


estágio) já adulto. As pessoas associadas também fazem uso de plantas consideradasnão ornamentais para a produção de artesanato como a bananeira de onde se utilizada asua palha. As plantas são vendidas na feira de produtos orgânicos do município de <strong>Areia</strong>as Sextas-feiras e Sábados, estas ficam expostas em barracas de madeiras ao público.RESULTADOS E DISCUSSÕESEntre as espécies demarcadas, as que apresentaram uma maior significânciacomercial, são citadas seguindo uma ordem alfabética, nesta citação são encontrados osrespectivos nomes científicos, nomes vulgares, família, origem, ciclo de vida, métodosmais indicados de propagação, e algumas características fisiológicas de maiorimportância para a comercialização. As plantas ornamentais mais procuradas costumamserem as avencas, mini-cactos, orquídeas de chão e roseiras, o que normalmente lhesoferece uma renda de aproximadamente R$ 40 reais por dia de feira. As espéciescultivadas se apresentavam distribuídas conforme suas condições climáticas, algumasespécies de cactáceas, roseiras, avencas e orquídeas de chão, além de outras comojasmim, lírio e cravos eram cultivada dentro de telados, assim como outras cultivas apleno sol, todas distribuídas conforme o tipo e o gênero, algumas em canteiros demadeiras outras apenas no chão.AlecrimPossui outros nomes como rosmarino e erva da recordação seu nome cientifico éRosmarinus Officinalis da família das Labiadas, sua origem provem remonta às praiasdo Mediterrâneo, esta espécie é um arbusto rústico e persistente, atinge até 2 metros dealtura, com folhas resinosas, coriáceas, lineares e verde-escuras. O caule, quadrado,torna-se lenhoso a partir do segundo ano, gosta de locais ensolarados, solo drenado epermeável, vai bem mesmo aos pedregosos. Esta espécie vegetal é bastante procurada, oque facilita seu comércio, muito cultivada em jardins de casas.AvencasO gênero Adiantum reúne muitas espécies e variedades. Dentre as avencas maisconhecidas e cultivadas, destacamos: Cabelo-de-vênus (Adiantum capillusveneris),Cabelo-de-anjo (Adiantum microphyla), Avencão (Adiantum macrophylla), Avencasuíça (Adiantum radianum). O plantio de avencas no jardim exige muito cuidado naescolha do local, pois deve atender às três principais exigências da planta: calor,umidade e luz indireta. Outro detalhe importante: as avencas não suportam ventosdiretos e excessivos. O local ideal, portanto, são os cantinhos úmidos e com sombra,mas com boa luminosidade. O cultivo de avencas requer cuidados especiais devido asuas estruturas serem frágeis, quem pretende cultivar avencas no interior da casa ou doapartamento pode colocá-las em vasos de barro ou, de preferência, de xaxim, garantindoque o recipiente tenha um bom sistema de drenagem, ou seja, o excesso de água precisaser eliminado com facilidade, pois é quase fatal para a planta. No caso dos xaxins, é


importante observar sempre a quantidade de água usada nas regas, pois eles tendem areter muita umidade.BegôniasBegônias são plantas essencialmente do género Begonia, família Begoniaceae.São plantas de folhagem característica, e ocasionalmente flores atraentes. As begóniasprovêm principalmente da América tropical, de florestas húmidas ou nichos dehumidade das savanas, com muitas espécies epífitas ou rupícolas, embora a maioria sejaterrestre. Foi verificado tubérculos subterrâneos nas os quais servem para mante-lasvivas por muitos anos, embora a parte aérea normalmente pereça no fim de cada cicloanual. Assim chamadas "begônias tuberosas" são apreciadas por serem plantasduradouras, que podem ser armazenadas em forma de tubérculos fora da terra durantealgum tempo para rebrotar na época apropriada. As especiesaveriguas se propagam pormeio de rizomas. As folhas das begónias são, sem dúvida, o seu maior atrativo, deforma reniforme, incomum, e extremamente coloridas, são muito visadas para canteirossombreados (onde normalmente as espécies mais apropriadas têm folhagem verde -escura). As especies cultivadas na cooperativa são a B. boverii, B. tuberosa entre outras.Bico de papagaioTambém designada pelos nomes de rabo-de-arara, papagaio, cardeal, flor-donatal,ou estrela-do-natal é uma planta originária do México, onde é espontânea. O seunome científico é Euphorbia pulcherrima, que significa “a mais bela (pulcherrima) daseufórbias”. É uma planta muito utilizada para fins decorativos, especialmente na épocado Natal, devido às suas folhas semelhantes a pétalas de flores vermelhas. Como é umaplanta de dia curto, floresce exactamente no solstício de Inverno que coincide com oNatal (no hemisfério norte – o que explicaria porque essa planta não é tão identificadacom o Natal no Brasil). Efectivamente, aquilo que muitas pessoas julgam ser flores sãoapenas brácteas modificadas que envolvem as pseudo-umbelas onde estão as pequenasflores, envolvidas por uma camada de tecido verde e uma glândula amarela que nasceapenas num dos lados da flor. Na cooperativa estudada esta especie possui um índice devenda baixo por ser facilmente encontrada nas regiões próximas do minicípio.Brinco de princesaTem como cientifico é Fuchsia hybrida, outros nomes populares são fúcsia,agrado, lágrima, esta espécie pertence a família das Onagraceae, esta espécie éoriginaria da America do sul, e possui um ciclo de vida perene, entre as espéciesverificadas, muitas variedades, sendo que tanto pétalas, quanto sépalas podem ser decores e de formas diferentes. As flores podem aparecer cedo e a comercialização podeser feita nos estágios de mudas. As cores mais comuns são vermelho, rosa, azul, violetae branco, com diversas combinações, sem mesclas de ramagem pendente, mas comvariações, com plantas mais eretas e outras mais pendentes. Segundo a vice-presidente


da cooperativa esta espécie requer boa iluminação, de preferência sob luz difusa oumeia-sombra, no entanto muitas variedades vão bem sob sol pleno.BroméliaA palavra bromélia diz respeito a uma grande família que congrega mais de 50gêneros com cerca de 3 mil espécies no total. Bromeliaceae é a denominação científicadessa numerosa família característica das Américas, principalmente a do Sul. Asbromélias possuem a mesma forma de crescimento: acaule, as folhas formam rosetasverticais ou achatadas que podem formar uma espécie de copo central para retenção daágua que as nutrirá.As espécies cultivadas na cooperativa abrangem as de ocorrênciaterrestre como a bromélia gigante, sua comercialização se dá quando a planta ainda seencontra nos estágios iniciais de crescimento devido ao grande porte da planta. Suadiversidade e área de ocorrência e grande às regiões climáticas onde as broméliaspodem se adaptar: desde o litoral até a floresta de altitude, passando por climas secosaos mais úmidos sempre é possível encontra as bromélias, especialmente no Brasil eAmérica do sul.CactosOs Cactos que são utilizados como ornamentais são os mini-cactos, geralmentepequenas coroas de frade, que como nome cientifico Melocactus macrodiscus ocorre doMéxico até o Peru e, também, no Brasil. Seu nome foi inspirado no fato de apresentaruma estrutura rosada, formada por pequenas cerdas e minúsculos espinhos, no alto daplanta, como se fosse uma coroa. De dentro dessa estrutura é que saem as flores. osmini-cactos apresentam menor resistência à exposição direta dos raios solares. Nestecaso, é melhor colocá-los em áreas claras e arejadas, mas longe da luz solar direta.Deve-se ter cuidado com o excesso de umidade e contra ventos fortes.Comigo-neguem-podeTem nome cientifico de Dieffembachia amoena da família das Araceae, suasorigens provem da América central, é uma planta perene Rodeada de superstições,indicada para quem quer afastar o mau-olhado. Diz-se que absorve as energias negativasdas pessoas mal intencionadas. Sua folhagem muito ornamental é composta de folhasgrandes e brilhantes, com manchas rajadas brancas ou amarelas. Se bem adaptada,produz flores discretas e no verão. Deve ser cultivada a meia-sombra ou sombra, emsolo rico em matéria orgânica e com regas regulares. Ficam muito bem em vasos emambientes internos ou em bordaduras e maciços, protegidas por muros e árvores. Deveseatentar para crianças pequenas e animais domésticos, pois é uma planta bastantetóxica. Multiplica-se por estaquia.Copo-de-leite


Conhecida também como lírio-do-nilo, cala-branca, jarra, jarro, seu nomecientífico é Zantedeschia aethiopica, da família das Araceae, originaria da Africana,possui ciclo de vida perene, sua folhagem é verde brilhante e muito ornamental. Asflores são firmes e duráveis, grandes e de coloração branca. A seleção e o cruzamentocom outras espécies de Zantedeschia têm obtido copos-de-leite de outras cores além dabranca, como o amarelo, o vermelho, o rosa, o laranja e o roxo. Esta planta aprecia solosricos em matéria orgânica e brejosos, isto é, permanentemente úmidos, sem, no entantoficar abaixo da água. Seu porte varia entre 0,6-1,0 metros de altura. Deve se cultivada apleno sol ou meia-sombra. Multiplica-se por divisão das touceiras após a floração.CravoTraz nome cientifico de Dianthus caryophyllus, proveniente da família dasCaryophyllaceae esta espécie é originaria da Europa tem flores dobradas com as bordasrecortadas, disponível nas cores branca, rosa, vermelha e amarela, com diversastonalidades e mesclas. Tem grande importância como flor de corte, mas há muitasvariedades para o jardim. Pode compor belos maciços e bordaduras. O cultivo se dá apleno sol ou meia-sombra, em solo com estrume composto de terra de jardim e terravegetal, drenável. Exige ainda regas regulares. Multiplica-se por estacas (cravosperenes).Flor da redençãoTem como nome cientifico Etlingera elatior, pertencente à família dasZingiberaceae, originaria da Indonésia floresce entre a primavera e o verão, esta planta éHerbácea rizomatosa, perene, de clima quente e úmido e de pleno sol. Seu cultivo sedeu isoladamente, em solos sempre molhados, pois esta espécie necessita de muita águano seu desenvolvimento, sua propagação se deu por touceiras, mas pode ocorrer porsementes. Sua venda é feita quando esta se encontra já num estágio adulto, acomercialização esta planta é moderadamente procurada na região.GérberaTem nome cientifico Gerbera jamesonii; G. viridifolia, da família dasasteraceae, sua origem é da África do Sul e África Oriental, seu ciclo de vida é perene,demora de 18 a 24 meses para flor de corte, sua flor é em forma de roseta basal, vilosasna região inferior, lobada ou partida, em condições adequadas pode florir durante todo oano, é adaptável a vários tipos de solo, com preferência para solos bem drenados, é umacultura mesotérmica exigente em luminosidade, sua propagação se da por sementes.


Iris da praiaApresenta nome cientifico Neomarica gracilis, pertencente à família dasIridaceae sua área de ocorrência está em regiões restritas do Brasil. Esta espécie florescena primavera e no verão, na cooperativa a propagação se dá por touceiras onde seconsegue várias mudas, esta espécie possui como características porte Herbáceorizomatoso e entouceirado. Suas flores abrem-se pela manhã a duram apenas um dia.Pode ser cultivada em conjuntos a meia-sombra ou em alinhamentos junto a muros eparedes. O solo deve ser bem drenado. Sua comercialização nas feiras de produtosorgânicos é moderadamente boa.Jasmim da índiaConhecida também como arbusto-milagroso, Madagascar seu nome cientifico éQuisqualis indica; Celastrus nutans da família da Combretaceae, originaria da Ásia ecom ciclo de vida perene. O Jasmin-da-Índia tem a característica interessante deproduzir flores que mudam de cor. Elas nascem brancas e com o tempo se tornamvermelhas. É amplamente utilizado no paisagismo devido a sua versatilidade e beleza.Pode formar maciço ou ser conduzido como trepadeira. Suporta podas, que devem serrealizadas sempre após o florescimento. Deve ser cultivado a pleno sol, em solo fértil,com adubações orgânicas ricas em Fósforo a cada seis meses. Pode ser propagada porestaquia, mergulhia e por alporquia.Jasmim laranjaConhecida também com dama-da-noite, murta-de-cheiro, murta, murta-da-índia,murta-dos-jardins, seu nome cientifico é Murraya paniculata; Chalcas paniculata,Murraya exotica, Chalcas exotica, pertencente à família Rustaceae, originaria da Índia eMalásia, Sul e Sudeste da Ásia, possui ciclo de vida perene. O Jasmim-Laranja é umarbusto grande ou arvoreta, que pode alcançar até 7 metros de altura. Suas folhas sãopinadas, com 3 a 7 folíolos pequenos, elípticos, lisos, perenes, brilhantes e de coloraçãoverde-escura. Durante todo o ano produz inflorescências terminais, com flores decoloração branca ou branca-creme, com perfume que lembra flor-de-laranjeira. Devidoà suas folhas pequenas e floração decorativa é excelente para a arte do bonsai.Possui uma facilidade de propagação muito grande, portanto pode tornar-se invasiva.Deve ser cultivada à sol pleno ou meia-sombra, em solo fértil, drenável, enriquecidocom matéria orgânica rica em Fósforo e com regas periódicas principalmente noprimeiro ano após o plantio. Podas de formação e desfolhamento na primaveraestimulam a renovação da folhagem e adensamento da planta. Aprecia o clima tropical,subtropical e mediterrâneo, tolerando o frio moderado, porém não toleram geadas fortes.Multiplica-se por sementes e por estaquia dos ramos semi-lenhosos.


Lírio do brejoTem nome cientifico de Convallaria majalis, mas também pode ser conhecidavulgarmente como conválária, lírio-convalaria, lírio-de-maio, lírio-do-vale, esta espéciepertence à família rustaceae e possui sua origem na Europa e Ásia, seu ciclo de vida éperene, O lírio-do-brejo é apropriado para canteiros e bordaduras em locais sombreados,da mesma forma que torna-se uma excelente forração onde a grama não vegeta porconta da umidade e da sombra. É uma planta muito rústica e exige pouquíssimamanutenção depois de bem estabelecida. Pode ser plantadas em vasos, jardineiras oucomo flor de corte, para a confecção de buquês. As variedades observadas foram;'Rosear' (de flores rosadas), 'Aureo-variegatum' (de folhas verde-amarelas), 'Prolificans'(de flores dobradas) e 'Fortunei' (de porte maior).Orquídea de chãoTraz nome cientifico de Spathoglottis plicata, espécie asiática de hábitoterrestre, Em regiões de clima temperado, onde a relva é predominante, assim como nasáreas de savana e campos ruprestes, as orquídeas são basicamente plantas terrestres,com raízes subterrâneas bem desenvolvidas, às vezes com a formação de tubérculos. Emflorestas tropicais, também existe muitas espécies terrestres, estas se mantêm emdesenvolvimento o ano inteiro. A grande quantidade de matéria orgânica disponível nosolo da floresta favorece o surgimento de algumas poucas espécies saprófitas.MorangoApresenta nome cientifico de Fragaria vesca pôr possui varias espécies ehíbridos importantes como, por exemplo, Fragaria daltoniana, Fragaria iinumae,Fragaria nilgerrensis, entre outros, pertence à família das rosáceae, sua origem é daEuropa e América, seu ciclo de vida é anual, O morangueiro apresenta folhas compostaspor três folíolos verdes, pilosos e de margens denteadas. Suas flores são simples,hermafroditas e geralmente brancas, mas podem ser rosadas. Após a polinização,realizada principalmente por abelhas, elas dão origem ao que chamamos de morango,que é um receptáculo floral desenvolvido, o que chama muita atenção para acomercialização. A utilização do morangueiro como planta ornamental vem dafacilidade de se produzir em locais pequenos como em jarros. PimentaCientificamente conhecida como Capsicum sp, da família solanaceae, comorigem na América e ciclo de vida perene, As pimentas são cultivadas principalmentecom fins alimentares, medicinais, condimentares e ornamentais. Elas apresentam caulelenhoso ou semi-lenhoso, ramificado, ereto ou recurvado, e folhas lanceoladas, verdes ebrilhantes, com nervuras bem marcadas. O porte é variável, sendo que algumascultivares são anãs, as mais indicadas como ornamentais. As flores são em sua maioriabrancas, mas algumas variedades apresentam flores arroxeadas. O fruto é uma baga detamanho variável, que pode ter formato esférico, cônico, campanulado, entre outros eapresentar diversas cores, como verde, branco, amarelo, vermelho, laranja, preto,marrom ou violeta.


Pingo de ouroTambém conhecida vulgarmente como duranta, violeteira-dourada, violeteira,seu nome cientifico é Duranta repens aurea, da familia das Verbenaceae, é originariado Brasil e seu ciclo de vida é perene, Este arbusto de folhas douradas surgiu através deuma mutação da violeteira. O pingo-de-ouro, ao contrário de outros arbustostradicionais, tem um crescimento muito rápido, o que aliado à sua coloração exuberanteforam os grandes responsáveis pela sua larga utilização, contudo deve ser cultivadas àpleno sol, em solo fértil e enriquecido com matéria orgânica, com regas regulares. Não étolerante à seca. Tolera o frio e as geadas. Multiplica-se por estaquia e mais raramentepor sementes, já que estas podem originar pingos-de-ouro e violeteiras. Requer podas deformação e manutenção freqüentes.RoseirasSeu nome científico é Rosa x grandiflora Hort, porem existe outras variedadescultivadas é da família das rosaceae, é não tem uma origem definida, São arbustosperenes de crescimento ereto, de 1,5 a 2 m de altura, espinhentos, com maior número defores por hastes individuais. Mais longas do que as das roseiras floribundas, de períodode florescimento mais longo e mais apropriado para corte de flores, é cultivada comoplanta em conjuntos, em canteiros de terra fértil, permeável e irrigada a intervalos. É aprincipal e a mais antiga fornecedora de flores de corte em uso comercial no país.CONCLUSÃOCom o adjunto da organização e da sociedade proporcionada pela cooperativaADSMF, a Comunidade de furnas e Macacos, atualmente consegue promoverbenefícios e bem estar social aos moradores associados, proveniente da comercializaçãode espécies ornamentais. A cooperativa dispõe de uma ampla variedade de plantasornamentais que são cultivadas e trabalhadas para gerar tais benefícios, entre as espéciescitadas, existem 40 avencas, 25 cactáceas, 15 orquídeas de chão e mais de 40 roseiras,das mais variadas em termos de cor e tamanho, todas cultivadas com seus cuidadosnecessários. Além dessas variedades citadas, existem outras com valor ornamental dequalidade porém pouco procurado pelos moradores da região como Hortência(Hidrangea macrophylla) e algumas suculentas.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAKI, A. Sete Caminhos Para Transformar Suas Flores em Dinheiro. Heliza, São Paulo,2005.BRASIL, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC,


Alice Web. Disponível em: http://www.mdic.gov.br. Acesso em: 23 jul. 2005.BONGERS, F.J.G. Informativo IBRAFLOR. Holambra, 2000.1-10 p.BROEK, Luciano V. D., et al. Conflitos de Canal na Comercialização de FloresemHolambra – SP, Ribeirão Preto, 2005.CASTRO, C.E.F. Cadeia produtiva de flores e plantas ornamentais. Revista Brasileirade Horticultura Ornamental. Campinas, v.4, 1998. 46 pCENSO AGROPECUÁRIO 1995-1996. Tabulação especial. Rio de Janeiro: IBGE,2002.FREEMAN, T.P 1970.The developmental anatomy of opuntia basilaris II. Apicalmerstems, leaves, areolas, glochids. Am .J.Bot. 57:616-622.GOETHE, J.W. 1790. Versuch die Metamorphose der pflanzen zu Erklâren. Ettinger,Gotha.GOLÇALCES, Eduardo G; LORENZI, Harri. Morfologia Vegetal, Organografia edicionário Ilustrado de Morfologia das Plantas Vasculares. São Paulo 2000.Motos, Jaime Ramos, Apostila “Flores de Corte. Flortec – Consultoria e TreinamentoSão Paulo, 2000.http://www.jardineiro.net/br/index.phpF:\jasmim laranja.htmF:\Plantas Ornamentais.htmAsplantas.com.br


PRODUÇÃO DO INHAME ADUBADO COM ESTERCO BOVINO EBIOFERTILIZANTEFrancisco Assis de Oliveira 1 ; Ademar Pereira de Oliveira 1 ; Jandiê Araújo da Silva 2 ;Arnaldo Nonato Pereira de Oliveira 3 ; Damiana Ferreira da Silva 3 ; Natália Vital daSilva 3 ; Rodolfo Ravaneda Santos 41 UF<strong>PB</strong> - Centro de Ciências Agrárias, Caixa Postal 02, CEP 58397-000, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, Bolsistas emprodutividade em pesquisa CNPq, E-mail: oliveira@cca.ufpb.br.2 UF<strong>PB</strong> – Programa de Pós-Graduação em Agronomia, CEP 58397-000, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>;3 UF<strong>PB</strong> - Graduação em Agronomia, CEP 58397-000, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, Bolsistas iniciação Científica CNPq;4 UF<strong>PB</strong> - Graduação em Agronomia, CEP 58397-000, <strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>.RESUMO: Objetiva-se com este trabalho avaliar o comportamento do inhame(Dioscorea cayennensis), adubado com esterco bovino e biofertilizante. O delineamentoexperimental foi de blocos casualizados, em parcelas subdivididas, com três repetições.Nas parcelas testou-se doze tratamentos com seis doses de esterco bovino combinadasfatorialmente com a presença e ausência de biofertilizante, nas subparcelas, aplicou-sebiofertilizante no solo e via foliar. A dose de 18,3 t ha -1 de esterco bovino na presençade biofertilizante aplicado na folha, proporcionou peso máximo médio comercial de 2,5kg. Na ausência de biofertilizante, e na sua presença fornecido no solo, os pesos médiosaumentaram de forma linear com a elevação das doses de esterco bovino. As máximasprodutividades totais de túberas em função das doses de esterco bovino na presença debiofertilizante aplicado na folha, no solo e na sua ausência, foram obtidas nas dosesestimadas de esterco bovino de 18,9; 21 e 18 t ha -1 , respectivamente. Doses estimadasde esterco bovino de 19,5; 26 e 21 t ha -1 , na presença de biofertilizante aplicado nafolha, no solo e na sua ausência, foram responsáveis, respectivamente, pelas máximasprodutividades comerciais de túberas de 25, 23 e 21 t ha -1 , enquanto que no tratamentocom adubação convencional, a produtividade média foi de 22 t ha -1 de túberas. Aprodutividade de túberas aumentou de forma linear com elevação das doses de estercobovino na presença de biofertilizante, com produtividade máxima de 7,8 t ha -1 . Naausência de biofertilizante obteve-se produtividade média de 5,5 em função das dosesde esterco bovino.Palavras-chave: Dioscorea cayennensis, adubação orgânica, produção.ABSTRACT: Production of the yam fertilized with bovine manure andbiofertilizer. Aiming with this work (study) to evaluate the behavior of the yam(Dioscorea cayennensis), fertilized with bovine manure and biofertilizer. Theexperimental sketching was randomized blocks, in divided plots, with three repetitions.In the plots, twelve treatments were tested witch six doses of factorially combinedbovine manure witch the presence and absence of biofertilizer in the soil and through190


leaf. The dose of 18,3 t ha -1 of bovine manure in the biofertilizer applied in the leaf,provided commercial medium maximum weight of 2,5 kg. In the biofertilizer absence,and in its presence provided in soil, the medium weight increased in a linear way withthe increase of bovine manure doses. The total maximum productivity of tubers infunction of the bovine manure doses in the presence of biofertilizer applied in the leaf,in the soil and in its absence, were obtained in the estimated doses of bovine manure18,9; 21 and 18 t ha -1 , respectively. Estimated doses of bovine manure 19,5; 26 and 21 tha -1 , in the biofertilizer presence applied in the leaf, in the soil and in its absence, wereresponsible, respectively, by maximum commercial productivity of tubers of 25, 23 and21 t ha -1 , while in the treatment with conventional fertilization, the medium productivityincreased in a linear way with the increase of bovine manure doses in the biofertilizerpresence, with maximum productivity of 7,8 t ha -1 . In the biofertilizer absence obtainedmedium productivity of 5,5 in function of the bovine manure doses.Keywords: Dioscorea cayennensis, organic fertilization, production.INTRODUÇÃOO inhame (Dioscorea cayennensis L), conhecido também por cará-da-costa,cará-inhame, inhame da costa ou simplesmente cará, alcança no Nordeste do Brasilgrande importância sócio-econômica, principalmente nos Estados de Pernambuco eParaíba, considerados os maiores produtores a nível nacional. Essa espécie devemerecer especial atenção por ser uma planta tropical de grande potencial que poderácontribuir na solução do problema da demanda reprimida de alimentos, sobretudo, nasregiões em desenvolvimento, nas quais o inhame já apresenta grande importância sócioeconômica,sendo amplamente utilizado na alimentação de todas as classes sociais(Santos, 1996).O inhame desenvolve-se bem em zonas com precipitações pluviométricas emtorno de 1300 mm anuais, e apresenta alta importância socioeconômica para a RegiãoNordeste do Brasil se destacando nos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia eMaranhão, considerados os maiores produtores dessa cultura, constituindo-se num bomnegócio agrícola e fonte de renda para os pequenos e médios agricultores familiares(Santos & Macêdo, 2002). Também é um alimento de alto valor energético, pois seconstitui uma excelente fonte de minerais, carboidratos e vitaminas do complexo B,contendo apreciáveis teores de vitamina B1, vitamina B2, vitamina B5, além de encerrarteores de vitamina A e vitamina C (Santos, 1996; Matias & Macêdo, 1998).No Brasil, a cultura do inhame vem apresentando nos últimos anos, nívelconsiderado de evolução, assumindo uma nova dimensão na cadeia alimentar emarcando participação no desenvolvimento da agricultura familiar. Mesmo assim, aexpansão do seu cultivo é ainda limitada, principalmente em função da escassez edisponibilidade de informações técnico-científica que venha propiciar asustentatibilidade e a eficiência competitiva dessa cultura no País. Nesse contexto,atenção especial deve ser dada, fundamentalmente nos avanços tecnológicos que sãocapazes de promover incrementos de produtividade, maior rentabilidade dos sistemas de191


produção e melhoria das condições sócio-econômicas das regiões produtoras, maisdivisas para os estados, além da agricultura familiar dar um salto de qualidade.No estado da Paraíba, a cultura do inhame ocorre com maior freqüência nameso-região da Mata Paraibana, onde há predominância de solos arenosos de baixafertilidade. Seu cultivo vem sendo praticado para atender a crescente demanda nosmercados interno e externo. Porém o rendimento médio ainda apresenta-se baixo(12.000 kg ha -1 ), o que pode ser atribuindo à baixa fertilidade natural do solo e à praticade agricultura tradicional (Melo & Matias, 1998), contribuindo para redução anual daárea de cultivo (Santos & Macedo, 2002).O inhame explorado tecnicamente pode provocar grande impacto sócioeconômicoao setor agrícola nacional, particularmente no Nordeste brasileiro. Issoporque o desenvolvimento de novas tecnologias em complementação às atualmentedisponíveis, contribuirá inquestionavelmente para a melhoria da produtividade e daqualidade do inhame, possibilitando, assim, a oferta de um produto de qualidade paraatender as exigências dos mercados consumidores. Nessa perspectiva pode-se esperarincremento significativo no volume das exportações e um melhor retorno econômico,tornando um negócio promissor para o inhame no Brasil.Com relação à geração de emprego e renda, por ocasião da condução da cultura,principalmente na colheita o inhame absorve elevada ocupação produtiva, isso porque,ela permite duas colheitas/ano, uma em julho ou agosto (inhame capado) e outro emnovembro ou dezembro (inhame maduro). Essa atividade é extremamente importantepara a fixação do homem no campo. Para cada tonelada de inhame colhido significamais de três empregos gerados (Santos, 1996).É reconhecido, que o uso intensivo de adubos químicos na agricultura tempromovido diversos problemas de ordem ambiental. Assim, com o intuito de reduziresses problemas, vem sendo estudadas alternativas para a produção de culturas maisnutritivas e mais saudáveis. Nesse sentido, destaca-se o uso de fertilizantes orgânicos,utilizando-se insumos naturais de origem animal ou vegetal, no estado sólido ou líquido,tanto por meio da sua incorporação ao solo, como da sua transformação para usoposterior, como é o caso de biofertilizantes, em pulverizações foliares ou aplicaçõesdiretas no solo (Bettiol et al., 1997), uma vez que seu emprego garante a nutriçãomineral equilibrada das plantas e o controle, em geral, eficiente, das pragas e doenças(Khatounian, 2001).Nas áreas produtoras de inhame, é constante a prática da adubação orgânicapelos produtores, sendo o esterco bovino a fonte mais utilizada, isso porque seu efeitosobre a produção ou rendimento dessa cultura, está diretamente relacionado com amelhoria da textura do solo, aumento da capacidade de troca das bases e com osuprimento de nutriente, isso porque, a lenta decomposição da matéria orgânicapromove um fornecimento contínuo de elementos essenciais, em especial o nitrogênio.Entretanto, altas produções somente podem ser obtidas quando é empregada emquantidades adequadas (Kemmler, 1974).Alguns autores têm relatados efeitos positivos do esterco bovino em elevar aprodução e qualidade do inhame em doses variando de 10 a 15 t ha -1 (Matias &Almeida, 1985; Soares et al., 1998; Freitas Neto, 1999; Oliveira et al., 2002). Porém aliteratura não faz referência do uso de biofertilizantes na cultura do inhame.192


OBJETIVOObjetiva-se com este trabalho avaliar comportamento do inhame em sistemaorgânico de fertilização, visando definir um manejo alternativo de nutrientes a cultura,como forma de oferecer ao pequeno produtor tecnologia para produzir inhameorganicamente e reduzir custo de produção.MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi executado no assentamento Andreza, em área de produtor deinhame. Para tanto, foi instalada uma unidade experimental para avaliar doses de estercobovino, na presença e ausência de biofertilizante, aplicado no solo e via foliar. Foiutilizado um Latossolo Vermelho Amarealos, com as seguintes características químicas:pH = 6,2; P = 11,44 mg dm -3 ; K = 46 mg dm -3 ; Al +3 = 0,00 cmol c dm -3 ; Ca 2+ = 2,3 cmol cdm -3 ; Mg 2 + = 0,5 cmol c dm -3 ; Na + = 0,08 cmol c dm -3 ; H + + Al +3 = 3,30 cmol c dm -3 ; SB =3,00; CTC = 6,30 e matéria orgânica = 17,29 g kg -1 .O biofertilizante foi preparado por meio da fermentação contendo esterco bovinofresco e água na proporção de 50% (volume/volume = v/v), por um período de trintadias, em recipiente plástico, na ausência de ar, conforme Santos (1992).Foi empregado o delineamento experimental de blocos casualizados, emparcelas subdivididas, com três repetições. Nas parcelas foram testados dozetratamentos formados por seis doses de esterco bovino (0, 5, 10, 15,20 e 25 t ha -1 ),combinadas fatorialmente com a presença e ausência do biofertilizante e nassubparcelas, duas formas de aplicação de biofertilizante (no solo e via foliar), alémdisso, foi avaliado um tratamento adicional com adubação convencional, conformerecomendação laboratorial. As parcelas foram compostas por 40 e as subparcelas por 20plantas, espaçadas de 1,20 x 0,60 m.O preparo do solo constou de aração e gradagem com o objetivo de propiciarcondições favoráveis para o plantio e desenvolvimento dos túberas, e em seguida foramconfeccionados os leirões. A adubação constou do fornecimento das doses de estercobovino, descritas no delineamento experimental, fornecidas quinze dias antes do plantio,aliada a presença e ausência do biofertilizante. Nos tratamentos que receberambiofertilizante, o mesmo foi aplicado na concentração de 20% (quatro litros debiofertilizantes por 20 litros de água) e fornecido no solo e via foliar, aos 60, 90, 120,180 e 210 dias de plantio. No tratamento adicional, a adubação constou da aplicação dematéria orgânica e 60 kg ha 1 de N, 100 kg ha 1 de P 2 O 5 e 60 kg ha 1 de K 2 O.No plantio foram empregadas túberas-sementes com peso médio deaproximadamente 250 g, da cultivar Da Costa, espaçados de 1,20 x 0,60 m e enterrados10 cm de profundidade do topo do leirão. Durante a condução das unidadesexperimentais foram executadas capinas manuais com o auxilio de enxadas, visandomanter a área livre de plantas daninhas. Por ocasião das capinas, foram realizadas,também amontoas, com o objetivo de manter os leilões bem formados e proteger ostúberas contra o efeito dos raios solares. Nas unidades experimentais conduzidas emregime de cultivo irrigado, nos períodos de ausência de chuvas, foram efetuadas193


irrigações pelo sistema de aspersão convencional, procurando manter a cultura comdisponibilidade de umidade suficiente para o seu desenvolvimento normal. Para aorientação do crescimento das plantas, foi adotado o sistema de tutoramento tradicional,com um tutor (vara), medindo aproximadamente 1,80 m de altura.A colheita foi realizada aos sete meses do plantio, época em que as túberasencontravam-se imaturas, caracterizada pelo término da floração e secamento das flores,denominada de colheita precoce ou “capação”.O peso médio de túberas comerciais foi determinado mediante a relação entre aprodução da área útil da parcela e o número de plantas avaliadas, expresso em kg.As produções total e comercial de túberas foram determinadas nas colheitas aossete (túberas imaturas) e aos nove meses (túberas maduras) em cada tratamento. Orendimento total corresponde ao peso de todas as túberas colhidas em cada época,enquanto que a produção de túberas comerciais corresponde ao peso das túberas compeso variando de 1,5 a 2,0 kg (Silva, 2002), sendo os dados transformados em t ha -1 .A produção de túberas-semente, foi obtida a partir das plantas colhidas aos setemeses, ou seja, submetidas ao processo de “capação”, caracterizado pela separação detúberas da planta, através de um corte no ponto de ligamento com a parte aérea, eenterrio para a emissão de novas túberas denominadas “mamas” ou “túberas-semente”.Aos sessenta dias da capação, as túberas-sementes foram colhidas e pesadas, obtendo-sea produção, em função dos tratamentos, expresso em t ha -1 .Os dados referentes ao comprimento e diâmetro de túberas comerciais, pesomédio, produções de túberas total e comercial e produção de túberas-sementes, foramsubmetidos à análise de variância para um delineamento de blocos casualizados,utilizando-se o teste F, para a comparação de quadrados médios, e os teores de umidade,matéria seca, cinzas e amido nas túberas se submeteram a análise de variância para umdelineamento inteiramente casualizado, e as médias comparadas pelo teste F, ao nível de5% de probabilidade. Também foram realizadas análises de regressão polinomial paracomparar os efeitos das doses de esterco bovino na presença e ausência debiofertilizantes sobre as características avaliadas, testando-se os modelos linear,quadrático e cúbico, sendo escolhido para explicar os resultados o modelo significativoe que apresentou o maior valor para o coeficiente de determinação (R 2 ).RESULTADOS E DISCUSSÃOHouve efeito significativo entre todos os tratamentos e das interações, para todasas características avaliadas, porém na produtividade de túberas-semente, houve efeito dainteração entre doses de esterco bovino e biofertilizante, mas não foi verificadadiferença entre as formas de fornecimento do biofertilizante (solo e foliar), a 5% deprobabilidade pelo teste F. Nos desdobramentos das suas interações, as médias para opeso médio de túberas, nos tratamentos esterco bovino na ausência de biofertilizante, ena sua presença no solo, as médias se ajustaram a modelos linear de regressão, enquantoque no tratamento biofertilizante na folha, as médias se ajustaram a modelo quadráticode regressão. Para as produtividades total e comercial de túberas todas as médias seajustaram a modelos quadráticos de regressão, e para a produtividade de túberassemente,apenas as médias do tratamento esterco e biofertilizante se ajustaram a modelo194


linear de regressão. Nos modelos quadráticos, para explicar os resultados foramrealizadas derivadas das equações.A dose de 18,3 t ha -1 de esterco bovino na presença de biofertilizante aplicado nafolha, foi responsável pelo máximo peso médio de túberas comerciais de 2,5 kg. Naausência de biofertilizante, e na sua presença fornecido no solo, os pesos médiosaumentou de forma linear com a elevação das doses de esterco bovino com pesosmáximos de 2,3 kg, obtido na dose de 30 t ha -1 de esterco bovino, enquanto que notratamento com adubação convencional produziu túberas com peso médio de 2,12 kg(Figura 1).Todos os tratamentos com adubação orgânica foram superiores ao tratamentocom adubação convencional, com destaque para a adubação com 18,3 t ha -1 de estercobovino e biofertilizante aplicado na folha, o qual proporcionou a formação de túberascomerciais com peso médio superior em 15%, os demais tratamentos orgânicos foramsuperiores em 8%.Peso médio (kg)32,521,51y 3 = Sem bio = 1,3433 + 0,0317xR 2 = 0,84y 2 = Solo = 1,6938+ 0,0212xR 2 = 0,56y 4 = N, P, K = 2,12y 1 = Folha = 1,7482 + 0,0844x - 0,0023x 2R 2 = 0,770 6 12 18 24 30Esterco bovino (t ha -1 )Figura 1. Peso médio de túberas comerciais em função de doses deesterco bovino na presença de biofertilizante aplicado na folha (y 1 ), nosolo (y 2 ), ausência de biofertilizante (y 3 ) e da adubação convencional(y 4 ). <strong>Areia</strong>, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.As máximas produtividades total de túberas em função das doses de estercobovino na presença de biofertilizante aplicado na folha (26,5 t ha -1 ), no solo (25,7 t ha -1 )e na sua ausência (25,4 t ha -1 ) foram obtidas nas doses estimadas de esterco bovino de195


18,9, 21 e 18 t ha -1 , respectivamente. No tratamento com adubação convencional, aprodutividade média foi de 24 t ha -1 de túberas (Figura 2).Produtividade total de túberas (t ha -1 )30252015105y 1 = Bio na foliar =16,679 + 1,0327x - 0,0273x 2R 2 = 0,86y 4 = N, P e K = 24y 2 = Bio no solo =12,571+ 1,25x - 0,0298x 2R 2 = 0,92y 3 = Sem bio = 7,8571 + 1,9762x - 0,0556x 2R 2 = 0,950 6 12 18 24 30Esterco bovino (t ha -1 )Figura 2. Produtividade total de túberas em função de doses deesterco bovino na presença de biofertilizante aplicado na folha (y 1 ),no solo (y 2 ), ausência de biofertilizante (y 3 ) e da adubaçãoconvencional (y 4 ). <strong>Areia</strong>, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.As doses estimadas de esterco bovino de 19,5; 26 e 21 t ha -1 , na presença debiofertilizante aplicado na folha, no solo e na sua ausência, foram responsáveis,respectivamente, pelas máximas produtividades comerciais de túberas de 25, 23 e 21 tha -1 , enquanto que no tratamento com adubação convencional, a produtividade médiafoi de 22 t ha -1 de túberas (Figura 3).A exemplo do peso médio de túberas, para a produtividade de túberascomerciais, o tratamento com esterco bovino e biofertilizante aplicado na folha foisuperior em 2, 4 e 3 t ha -1 em relação aos tratamentos com esterco bovino ebiofertilizante aplicado no solo, na sua ausência, e em relação à produtividade média detúberas comerciais, respectivamente. Também o tratamento de esterco bovino ebiofertilizante aplicado no solo foi superior em 1,0 t ha -1 em relação à produtividademédia de túberas comerciais obtida com adubação convencional. Esses resultadosindicam que o uso de esterco bovino e biofertilizante na fertilização do inhame, pode seruma alternativa economicamente e ecologicamente viável para os produtores dessacultura.196


Produtividade comercial de túberas (t ha -1 )302520151050y 1 = folha = 10,607 + 1,4887x - 0,0382x 2R 2 y 4 = N, P, K = 22= 0,95y 2 = solo = 9,5 +1,0917x - 0,0208x 2R 2 = 0,90y 3 = sem bio = 6,2607 + 1,587x - 0,0419x 2R 2 = 0,860 6 12 18 24 30Esterco bovino (t ha -1 )Figura 3. Produtividade comercial de túberas em função de doses deesterco bovino na presença de biofertilizante aplicado na folha (y 1 ), nosolo (y 2 ), ausência de biofertilizante (y 3 ) e da adubação convencional(y 4 ). <strong>Areia</strong>, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.A produtividade de túberas-semente aumentou de forma linear com elevaçãodoses de esterco bovino na presença do biofertilizante, com produtividade máxima de7,8 t ha -1 . Na ausência do biofertilizante obteve-se produtividade média de 5,5 t ha -1 , emfunção das doses de esterco bovino, e na adubação convencional a produtividade médiade túberas-semente foi de 4,9 t ha -1 (Figura 4). A combinação entre o esterco bovino e obiofertilizante proporcionou incremento de 2,3 t ha -1 de túberas-sementes em relação àausência do biofertilizante.Como não houve diferença entre as forma de aplicação do biofertilizante (solo evia foliar), o produtor pode fornecê-lo no solo quando cultivar o inhame no sistema desequeiro, em função das fortes chuvas, e foliar no sistema de cultivo irrigado.Os resultados positivos e superiores obtidos com o uso de biofertilizante podemser explicados pelo fato de que aplicação de fertilizantes orgânicos na forma líquidaproporciona maior deslocamento dos nutrientes necessários para as plantas (Souza &Resende, 2003), por possuir na sua composição, nutrientes mais facilmente disponíveis,197


quando comparados a outros adubos orgânicos e pode promover melhoria daspropriedades químicas do solo, isso porque o fornecimento de biofertilizante no soloeleva os teores de P, Ca, Mg e K (Vargas, 1990). Pinheiro & Barreto (2000) relatam quea fertilização com biofertilizante associado ao esterco bovino, proporciona maioresproduções comerciais nas hortaliças pepino, berinjela, tomate, alface e pimentão. Embatata-doce, Oliveira et al. (2007) obtiveram incremento na produtividade de raízes emse pregando esterco bovino e biofertilizante na sua adubação.Produtividade de túberas-semente (t ha -1 )98765432y 1 = com bio = 4,461 + 0,117xR 2 = 0,77y 3 = N, P, K = 4,9 t ha -1y 2 = sem bio = 3,7605 + 0,0579xR 2 = 0,830 6 12 18 24 30Esterco bovino (t ha -1 )Figura 4. Produtividades de túberas-semente em função de doses deesterco bovino na presença (y 1 ), ausência de biofertilizante (y 2 ) e emfunção da adubação convencional (y 3 ). <strong>Areia</strong>, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.CONCLUSÕES1. Todos os tratamentos com adubação orgânica foram superiores ao tratamento comadubação convencional;2. A adubação com média de 19 t ha -1 de esterco bovino e biofertilizante aplicado nafolha, é a forma de fertilização orgânica mais recomendada para incrementar aprodutividade comercial de túberas;3. A adubação com esterco bovino e biofertilizante pode se transformar num grandealiado para produção do inhame mais economicamente e ecologicamente viável.198


AGRADECIMENTOSOs autores agradecem ao Banco do Nordeste do Brasil/BNB/ETENEFUNDECI,pelo financiamento da pesquisa.REFERÊNCIASBETTIOL, W.; TRATCH, R.; GALVÃO, J. A. H. Controle de doenças de plantas combiofertilizantes. Jaguariúna: EMBRAPA-CNPMA, 1997. 22P. (EMBRAPA-CNPMA,Circular Técnica, 02).FREITAS NETO, P.A. Produtividade e composição mineral de inhame (D.cayennensis) em função da fertilização organomineral e épocas de colheita. <strong>Areia</strong>,1999. 72 f. (Tese mestrado). UF<strong>PB</strong>, <strong>Areia</strong>.KEMMLER, G. Modern aspects of wheat manuring. International Potash Institute,1974. 66 p. (Bulletin, 1).KHATOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu:Agroecologica. 2001, 348 p.MATIAS, E.C.; ALMEIDA, A.M. de. Efeitos de fontes de matéria orgânica nacultura do inhame. João Pessoa: EMEPA- <strong>PB</strong>, 1985.OLIVEIRA, A.P.; FREITAS NETO, P.A.; SANTOS, E.S. Qualidade do cará-da-costaem função de épocas de colheita e da adubação orgânica. Horticultura Brasileira,Brasília, v. 20, n. 1, p.115-118, 2002.OLIVEIRA, AP; BARBOSA, AHD; CAVALCANTE, LF; PEREIRA, WE;OLIVEIRA, ANP. Produção da batata-doce adubada com esterco bovino ebiofertilizante. Ciência e Agrotecnologia 31: 1722-1728, 2007.PINHEIRO, S; B ARRETO, SB. “Mb-4” – Agricultura Sustentável, Trofobiose eBiofertilizantes. MIBASA, Alagoas. 273 p. 2000.SANTOS, E.S. Inhame (Dioscorea spp.): aspectos básicos da cultura. João Pessoa:EMEPA-<strong>PB</strong>, SEBRAE. 158 p. 1996.199


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QUALIDADE FISIOLÓGICA, ETIOLOGIA E PATOGENICIDADEDE FUNGOS ASSINALADOS EM SEMENTES DE AROEIRAPRODUZIDAS EM TRÊS MUNICÍPIOS DA PARAÍBA 1Emmanuelle Rodrigues Araújo 2 ; Egberto Araújo 3 ; Elizanilda Ramalho do Rêgo 4 ;Edilma Pereira Gonçalves 5 ; Edna Ursulino Alves 61 Parte da Dissertação de Mestrado do primeiro autor2 Bióloga, M.Sc. em Agronomia, Bolsista de Extensão CNPq (EXT-3), Centro de Ciências Agrárias,<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba – UF<strong>PB</strong>, Campus II, <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, Laboratório de Biotecnologia, CEP:58.397-000. E-mail: manucg@gmail.com;3 Agrônomo, Dr. em Agronomia, Prof. Deptº. de Fitotecnia, UF<strong>PB</strong>. E-mail: egberto@cca.ufpb.br;4 Bióloga, Dr. em Genética e Melhoramento, Prof. Deptº. de Ciências Fundamentais e Sociais, UF<strong>PB</strong>. E-mail: elizanilda@cca.ufpb.br;5 Agrônoma, Dr. em Agronomia, Prof. Deptº de , UFRPE. E-mail: edilmapg@hotmail.com;6 Agrônoma, Dr. em Agronomia, Prof. Deptº de Fitotecnia, UF<strong>PB</strong>. E-mail: edna@cca.ufpb.brRESUMO: O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade fisiológica e determinar aetiologia e patogenicidade de fungos assinalados em sementes de aroeira coletadas nosmunicípios de Gurinhém, Soledade e Boa Vista na Paraíba. Foram realizadas análisesfisiológicas da determinação do teor de água e dos testes de germinação (primeiracontagem, índice de velocidade de germinação, emergência, índice de velocidade deemergência) e envelhecimento acelerado, além da micoflora e teste de patogenicidade.O teor de água foi de 8,7 e 9,6%. As sementes procedentes do município de Boa Vistatêm melhor qualidade fisiológica. Os componentes da micoflora foram comuns as trêslocalidades de coleta, diferindo apenas quanto aos valores de incidência. O prétratamentocom hipoclorito de sódio a 1% reduziu a incidência desses microorganismos.Aspergillus sp., A. niger e Penicillium foram os fungos que inoculados nas sementescausaram apodrecimento destas; Alternaria alternata causou manchas foliares quandoinoculado em plântulas com 20 dias após semeadura. Os demais fungos, Botrytis sp.,Thielaviopsis sp. e Drechslera sp. não afetaram as sementes e as plântulas inoculadas.Palavras-chave: Astronium urundeuva, sementes, testes de vigor, micoflora.ABSTRACT: Physiological Quality and Pathogenicity of Fungi from AroeiraSeeds Produced in Paraiba State. The present work evaluated the physiologicalquality (seed water content, seed germination, first counting of germination,germination velocity index, emergence, emergence velocity index, and of acceleratedseed aging) and to determine the incidence (by the blotter test) and pathogenicity offungi from seeds sampled in the municipalities of Gurinhém, Soledade, and Boa Vistain Paraíba State. The study was conducted in Departamento de Fitotecnia/<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>,<strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>, Brazil. Seed water content ranged from 8.7 to 9.6%. The seed samples fromthe municipality of Boa Vista showed the greatest values for all evaluated physiological


variables. The seed mycoflora was constituted by the fungi Aspergillus niger,Aspergillus sp., Alternaria alternata, Botrytis sp., Drechslera sp., Penicillium sp., andTrichoderma sp. A reduced fungal incidence was observed in the seeds which werepretreated in a 1% sodium hypochlorite solution. In the inoculated seeds by Aspergilussp., A. niger, and Penicillium were observed rotting and the development of rotting ordeformed seedlings. Disease symptoms characterized by small leaflet spots wereobserved in the developing seedling inoculated with Alternaria alternata.Key-words: Astronium urundeuva, seeds, vigor tests, mycoflora.INTRODUÇÃOA Caatinga, ecossistema do semi-árido da região do Nordeste do Brasil,apresenta uma flora com grande diversidade de espécies vegetais, porém, devido acontínua devastação que tem sofrido, verifica-se perdas significativas de alguns de seuscomponentes. Assim, muitas espécies vegetais estão sendo consideradas ameaçadas deextinção, pois pelo número reduzido dessas plantas, a obtenção de sementes têm sidodificultosa (Gonzaga et al., 2003).Programas têm sido implantados visando o reflorestamento ou repovoamento deáreas devastadas do semi-árido nordestino. Um exemplo é o que se verifica no Centrode Ciências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (UF<strong>PB</strong>), <strong>Areia</strong> – <strong>PB</strong>, no qual oLEV (Laboratório de Ecologia Vegetal) por meio de convênios com instituições oficiaise privadas mantém um programa de produção e distribuição de mudas de espécies daflora do semi-árido.A aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão) é uma das espécies contempladaneste programa do LEV sendo de ampla distribuição no nosso país, essa espécie,característica da flora do semi-árido, é uma planta que responde bem as exigênciasregionais para fins de reflorestamento e de reestruturação de agroecossistemas,ornamental, além de apresentar um grande potencial fornecedor de madeira (Carvalho,1994). É propagada por sementes e, sendo, assim, interessante em se avaliar algumascaracterísticas fisiológicas e sanitárias desta estrutura de propagação. Dubois (1970)enfatiza que uma das principais causas da perda ou baixa de viabilidade das sementes éa falta de informação sobre a qualidade sanitária e fisiológica destas. Desta forma, asustentabilidade de plantios, sejam eles agronômicos, ou agroflorestais, podem sercomprometidos devido à baixa qualidade fisiológica e sanitária das sementes. E ainda ofato de que as sementes são via de transmissão de patógenos que podem prejudicarposteriormente as plântulas ou as plantas em desenvolvimento, comprometendo assim ainstalação de povoamentos florestais que se está estabelecendo.


O presente trabalho, realizado com sementes de aroeira (Myracrodruonurundeuva) teve os seguintes objetivos: 1) avaliar a qualidade fisiológica, considerandoas localidades de origem; 2) determinar a micoflora associada às sementes; e, 3) avaliaro potencial dos fungos assinalados com relação aos efeitos causados as sementes eplântulas, e quanto a transmissibilidade por essa via.MATERIAL E MÉTODOSOrigem e procedimentos de coleta de sementesAs sementes de aroeira foram procedentes de três municípios do Estado daParaíba, sendo coletadas durante os meses de novembro a dezembro de 2006, nosmunicípios de Gurinhém, Soledade e Boa Vista. Para a efetivação de coletas nasárvores, as inflorescências maduras e secas foram envoltas por sacos plásticos, sendoentão efetuada a separação destas do restante do ramo por meio de corte realizado porfacas ou tesouras de podas. As amostras acondicionadas em sacos plásticos foramremetidas ao Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias da UF<strong>PB</strong>,<strong>Areia</strong> – <strong>PB</strong>, sendo realizada a separação das sementes das inflorescências e oacondicionamento destas em sacos plásticos. As sementes devidamente acondicionadasforam mantidas em armazenamento em câmara fria, a 3°C e 24% de umidade relativa,antes da realização das análises.Análise das sementesAs análises para avaliação da qualidade fisiológica de sementes foram adaptadaspara aroeira a partir de prescrições das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992).Teor de águaRealizado pelo método de estufa a 105 + 3°C durante 24 horas, utilizando-sequatro repetições de 20g de sementes para cada amostra/localidade. Os resultados foramexpressos em porcentagem.Germinação de sementesPara cada amostra/localidade foram empregadas quatro repetições de 25sementes, e distribuídas sob papel tipo germitest (papel-filtro), previamente umedecido,na proporção de 2,5 vezes o peso do papel. Em seguida os rolos de papel foramcolocados em câmara de germinação tipo BOD, sob temperatura de 30°C e regime deluz constante durante 10 dias, sendo realizadas observações diárias para a contagem deplântulas germinadas. Foram consideradas germinadas as sementes que originaramplântulas normais, com todas as estruturas essenciais perfeitas e, conseqüentemente,com capacidade de produzirem plantas normais.


Índice de velocidade de germinação (IVG)Ao final do teste de germinação, com o registro das contagens diárias do númerode plântulas normais, pôde-se calcular o índice de velocidade de germinação, através doemprego da fórmula proposta por Maguire (Vieira & Carvalho, 1994).IVG = índice de velocidade de germinação;G 1 , G 2 e G n = número de plântulas normais, computadas na primeira, segunda e naúltima contagem;N 1 , N 2 e N n = número de dias de semeadura à primeira, segunda e última contagem.EmergênciaA qualidade das sementes das amostras/localidades foram avaliadas em númerode plântulas pelo teste de emergência, este conduzido em casa de vegetação. Assementes foram semeadas em copos plásticos descartáveis de 50ml, contendo umsubstrato constituído por areia estéril. Foi semeada uma semente por copo e, poramostra/localidade, 100 sementes divididas em quatro repetições de 25.Índice de velocidade de emergência (IVE)O teste de velocidade de emergência, de modo semelhante ao IVG, foideterminado a partir dos resultados diários de plântulas emergentes e calculado com amesma fórmula Maguire (Vieira & Carvalho, 1999).Envelhecimento AceleradoEste teste foi conduzido utilizando-se caixas de plástico tipo “gerbox” (11,0 x11,00 x 3,5cm), possuindo em seu interior, uma bandeja de tela de alumínio, onde assementes, após serem pesadas (aproximadamente 0,500g), foram distribuídas demaneira a formarem camadas simples sobre a superfície da tela.No interior das caixas gerbox, foram acondicionados 40 mL de água destiladaesterilizada. Em seguida, as caixas foram tampadas e mantidas em incubadora por cincoperíodos de envelhecimento: 0h (sem envelhecimento), 24, 48, 72 e 96h à umatemperatura de 40°CApós cada período de envelhecimento, quatro repetições de 200 sementes portratamento foram colocadas para germinar, conforme descrito para o teste degerminação (Piña-Rodrigues & Vieira, 1988). A avaliação foi realizada diariamente, apartir do 3° dia após a semeadura até o 10° dia, computando-se a percentagem deplântulas normais. Antes e após cada período de envelhecimento, foi avaliado o teor deágua das sementes, visando à avaliação da uniformidade das condições do teste.


MicofloraFoi determinada empregando-se o método do papel de filtro ou “blotter test”(Neergard, 1977), de duas maneiras: com e sem o pré-tratamento das sementes. Paracada amostra/localidade, para as duas formas de uso “blotter test”, foram utilizadas 200sementes divididas em quatro repetições de 50 sementes.O pré-tratamento consistiu na imersão das sementes em uma solução dehipoclorito de sódio (NaClO) a 1% durante três minutos, sendo em seguida lavadas duasvezes em água destilada esterilizada. Da outra forma, as sementes foram apenas imersasem água destilada esterilizada por três minutos, em seguida, lavada duas vezes em águadestilada esterilizada. Em seguida as sementes foram dispostas em placas de Petri (20sementes por placa) sobre duas folhas de papel filtro (papel germitest) previamenteumedecidas com água destilada esterilizada até a saturação e transferidas para umacâmara de incubação, com temperatura de 25 + 2°C durante oito dias.A identificação dos fungos foi realizada sob microscópio óptico, através dasobservações de estruturas como micélio e conídios, confrontando-as com as descriçõesda literatura micológica e fitopatológica. (Barnett e Hunter, 1972; Booth, 1977; Silveira,1981; Sing et al., 1991; Menezes e Oliveira, 1993). A incidência consistiu napercentagem de sementes afetadas por cada fungo identificado.Teste de patogenicidadeA partir das colônias fúngicas desenvolvidas nas sementes e devidamenteidentificadas, fez-se, em câmara de fluxo laminar VECO FL, o isolamento e cultivo dosfungos plantando-se fragmentos miceliais (discos de aproximadamente 5 mm dediâmetro) no centro da superfície do meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar)esterilizado contido em placas de Petri. Nas culturas fúngicas que desenvolveram-sesem contaminação de outros microrganismos (fungos, bactérias, leveduras) foramadicionados 20ml de água destilada esterilizada, procedendo-se em seguida a raspagemdas colônias, com auxílio da alça de platina esterilizada e agitação manual. Assuspensões de esporos assim obtidas foram filtradas em gases estéreis e coletadas emum Backer (100ml). A concentração do inoculo ajustada para 10 6 conídios/mL,determinada em um hemacitômetro (Câmara de Neubauer).Os testes de patogenicidade foram realizados das seguintes maneiras: 1)suspensão de esporos, seguido do plantio das sementes (Figura 1a) em copos plásticos,contendo substrato de areia esterelizada em autoclave; 2) inoculação de plântulas com10 e 20 dias após a emergência, que foram plantadas da mesma forma que o anterior(Figuras 1b e 1c respectivamente). Um grupo de plântulas, para cada idade, antes dainoculação tiveram os folíolos e folhas feridas, para a constatação do desenvolvimentode doenças, por meio de estilete esterilizado. As plântulas oriundas das sementesinoculadas foram observadas diariamente até o 10° dia, enquanto as plântulasinoculadas aos 10 e 20 dias de idade, foram observadas até completarem 45 dias após aemergência.


Delineamento experimental e análises estatísticasO delineamento experimental para os ensaios referentes a qualidade fisiológicadas amostras (teor de umidade, germinação, primeira contagem, índice de velocidade degerminação, emergência e índice de velocidade de emergência) foi o inteiramentecasualizado, com quatro repetições de 25 sementes, sendo os valores obtidos empercentagem.Para a análise da micoflora, o delineamento foi inteiramente casualizado emesquema fatorial 3x2 (locais de coleta x pré-tratamento) com quatro repetições de 50sementes, para efetivação da análise estatística. Os dados de incidência foramtransformados em arc.sen. X + 0,5.A comparação entre as médias foi obtida por meio do teste de Tukey ao nível de5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando o Sistema para AnálisesEstatísticas ESTAT (V. 2.0), e o programa Genes (Cruz, 2001).RESULTADOS E DISCUSSÃOTeor de Água nas Sementes (Grau de umidade)O teor de água das sementes apresentou uma variação relativamente pequena,entre 8,7 e 9,6%. Esse fato é importante para a execução dos testes, considerando-se quea uniformização do teor de água das sementes é imprescindível para padronização dasavaliações e obtenção de resultados consistentes (Marcos filho et al., 1987; Loeffler etal., 1988; Krzyzanowski & França neto, 1991; Hampton et al., 1994; Marcos Filho,1999). O teor de água elevado pode favorecer o desempenho das sementes nos testes.No envelhecimento acelerado, se as sementes apresentarem teores de água iniciaismuito distintos, há variação acentuada na velocidade de umedecimento, econseqüentemente, diferenças na intensidade de deterioração. As sementes estiveramcom teor de água elevado podem germinar mais rapidamente. Como os teores de águados lotes analisados não tiveram uma grande variação, pôde-se compará-los entre si.Germinação de sementesConstataram-se diferenças significativas para todas as variáveis de qualidadefisiológica das sementes de aroeira (Tabelas 1 e 2). Descriminando-se os resultados porlocalidades, as sementes que foram oriundas do município de Boa Vista apresentaramos valores mais elevados, diferindo significativamente dos demais municípios. Emseguida, os valores obtidos com as sementes coletadas em Soledade superam as deGurinhém.A aroeira é uma planta característica da caatinga. Os municípios de Boa Vista eSoledade estão situados em microrregiões onde a Caatinga é predominante, enquantoGurinhém está na microrregião do Brejo, que apresenta maior umidade. Portanto, para


os dois primeiros municípios, Boa Vista e Soledade, que são do semi-árido, a aroeirapode encontrar condições mais favoráveis à produção de semente com qualidadesuperior as produzidas na microrregião do Brejo (Gurinhém), que não apresentacaracterística de semi-árido e de caatinga.Envelhecimento aceleradoPara este teste, na análise de variância foram observados efeitos significativos delocalidade, tempos de envelhecimento e interação localidade x tempo deenvelhecimento.Na Figura 2 pode-se verificar que o estresse de temperatura e umidade impostopelo teste de envelhecimento acelerado fez reduzir acentuadamente a germinação dassementes de todos os lotes. Para todos os períodos de condicionamento, a amostraproveniente de Boa Vista foi a que apresentou os maiores valores de germinação,seguindo a tendência dos testes anteriormente descritos (germinação, IVG, emergência eIVE). Pode-se dizer que este município produziu sementes mais vigorosas. Em estudoscom Eucalyptus citriodora Hook, Aguiar et al. (1987) verificaram que 24 horas deenvelhecimento a 42°C foram insuficientes para ocasionar diminuição de germinaçãodas sementes dessa espécie florestal. Para sementes de monjoleiro (Acacia polyphylla),o período de 48 horas foi recomendado para a aplicação do teste de envelhecimentoacelerado, pois neste período foi detectada redução significativa do vigor das sementes(Araújo Neto, 2001).O teor de umidade das sementes de aroeira submetidas ao teste deenvelhecimento acelerado (Tabela 4) demonstra que quanto maior a exposição dassementes à alta temperatura (40°C) e maior o tempo de condicionamento, maior o teorde umidade, independente da procedência das sementes.Micoflora das sementes de aroeiraFoi constatada uma micoflora constituída pelos fungos: Botrytis sp., Alternariaalternata., Aspergillus niger, Aspergillus sp., Penicillium sp., Thielaviopsis sp. eDrechslera sp., todos estes detectados nas amostras/localidades, havendo diferençassignificativas de incidência, por localidade de origem das sementes e de pré-tratamento(Tabela 5).De acordo com Botelho (2006) em sementes de aroeira tem sido constatada umamicoflora constituída por: A. alternata, Aspergillus sp., Penicillium sp., Drechslera sp.,além de Cladosporium sp., Phoma sp. e Fusarium sp.Para os fungos de armazenamento, A. niger, Aspergillus sp. e Penicillium sp., osmaiores valores de incidência foram nas sementes sem pré-tratamento (Tabela 6),exceto para o município de Soledade que não houve diferença estatística. Para estassementes, comparando-se as localidades de origem, verifica-se que não houvediferenças significativas, com relação ao Aspergillus sp. e Penicillium sp., porém quantoap A. niger, a incidência nas sementes oriundas de Gurinhém foi superior as deSoledade e Boa Vista. As sementes com e sem pré-tratamento provenientes de


Gurinhém e Boa Vista foram, respectivamente, as que apresentaram os maiores e osmenores valores de incidência dos fungos de armazenamento.Para A. alternata os maiores valores de incidência ocorreram nas sementesoriundas dos municípios de Gurinhém e Boa Vista. Enquanto que para Botrytis sp. eDrechslera sp. foram significativas as diferenças entre os municípios (Tabela 7). Paraestes fungos, porém, nas sementes submetidas ao pré-tratamento foram as queapresentaram menores incidências.Quanto aos fungos A. alternata, Botrytis sp., Drechslera sp. e Thiellaviopsis sp.(Tabela 7), a diferença de incidência entre municípios de origem não foi significativa,no entanto, nas sementes que foram submetidas ao pré-tratamento, a incidência destesfoi significativamente maior do que nas sementes pré-tratadas.O fungo Thiellaviopsis sp. foi o que apresentou menores valores de incidência,entre 0,71 e 1,45% de sementes afetadas. Por outro lado os maiores valores absolutosforam observados com relação à Drechslera sp., entre 5,01 e 8,07%.Teste de patogenicidadeA maioria das sementes que foram inoculadas com A. niger, Aspergillus sp. ePenicillium sp., aparentemente não foram afetadas por estes microrganismos. Comrelação às plântulas aos 20 dias após semeadura, apenas algumas das que foram feridasnos folíolos com estilete e inoculadas com o fungo A. alternata, chegaram adesenvolver sintomas de doenças caracterizadas por manchas necróticas escuras, quepouco evoluíram durante o período de observação (45 dias), com dimensões de 1 a 3mm de diâmetro. As plantas inoculadas com os outros fungos não apresentaramsintomas de doença (Figura 3).Aspergillus e Penicillium que afetam sementes são considerados (classificados)fungos típicos de armazenamento, uma vez que sob essas condições, podem causarapodrecimentos das sementes, assim como não germinar ou originar plântulas anormaise inviáveis (Dhingra, 1985; Wetzel, 1987; Machado, 1988). A ocorrência destes fungosdeve então ser levada em consideração pelos produtores de mudas, pois, constatandoincidências elevadas dos mesmos nas sementes, corre-se o risco de perda do materialpropagativo da planta.Os demais fungos assinalados nas sementes de aroeira, neste trabalho, sãoconsiderados de campo, podendo causar danos em plantas em desenvolvimento. Osfungos do gênero Drechslera causam sérios problemas em algumas espécies degramíneas, como é caso do milho (Zea mays L.), arroz (Oryza sativa), cevada (Hordeumsativum), sorgo (Sorghum bicolor) e trigo (Triticum aestivum) (Artigiani Filho &Bedendo, 1995); também já foram observados em sementes de espécies florestais, comocanafístula (Cássia ferruginea), timbaúva (Enterolobium contortisiliquum), coração-denego(Albizia lebbeck) e pata-de-vaca (Bauhinia forficata) (Carneiro, 1986; Santos etal., 2001) e aroeira (Netto et al., 1995). Espécies de Botrytis são transmitidas porsementes e os problemas causados se refletem mais nas inflorescências emdesenvolvimento, como por exemplo, o que se verifica na mamoneira (Ricinus


communis L.) (Milani et al., 2005), enquanto os fungos do gênero Thiellaviopsis sãorelatados ocasionando apodrecimentos.Fungos dos gêneros Altenaria também foram assinalados em sementes dearoeira por Medeiros et al. (1992) e em mudas de espécies florestais por Carneiro(1986), Santos et al. (2001) e A. alternata foi observado ocorrendo em plantas dearoeira, no município de Boa Vista-<strong>PB</strong>, causando queima foliar (Araújo, E.Comunicação pessoal). De acordo com o que foi observado no presente trabalho, daocorrência de mancha necrótica em folíolos de algumas plântulas inoculadas com A.alternata, têm-se então, um indicativo de que esta espécie fúngica pode ser transmitidapor sementes de aroeira.TABELA 1. Análise de variância para os testes de qualidade fisiológica de sementes dearoeira coletadas em três localidades da Paraíba, em condições delaboratório e de casa de vegetação. <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.FV G.LSoma de Quadrados¹G PC IVG E IVELocalidade 2 10770,66** 961.75** 76,76** 10976,00** 47,41**Resíduo 9 252,00 20.30 2,00 400,00 1,42CV(%) 10.11 16.54 8,97 10,75 10,16** = Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.¹ G = Germinação; PC = Primeira Contagem; IVG = Índice de velocidade de germinação; E =Emergência; IVE = Índice de velocidade de emergência.TABELA 2. Qualidade fisiológica de sementes de aroeira, coletadas em três municípiosdo Estado da Paraíba. <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.Localidade ¹TA (%) G (%) PC (%) IVG E (%) IVEGurinhém 8,7 18 c 12 c 1,97 c 26 c 1,59 cSoledade 9,6 48 b 27 b 5,66 b 60 b 3,70 bBoa Vista 9,2 91 a 43 a 8,13 a 100 a 6,44 aMédias seguidas das mesmas letras na vertical não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste deTukey.¹ TA = Teor de água; G = Germinação; PC = Primeira Contagem; IVG = Índice de velocidade degerminação; E = Emergência; IVE = Índice de velocidade de emergência.TABELA 3. Dados médios do teor de umidade de sementes de aroeira em diferentestempos no teste de envelhecimento acelerado (40°C). <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.Períodos de permanência na câmaraLocalidade Condição inicial 24 48 72 96Gurinhém 10,79 31,49 39,09 41,83 56,14Soledade 9,77 34,04 36,65 38,39 46,53Boa Vista 11,22 30,99 33,67 52,31 79,36


TABELA 4. Resumo da análise de variância da incidência de fungos das sementes dearoeira coletadas em três localidades da Paraíba. <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.FVGLQuadrados médiosBOT¹ ALT ASP NIG PEN THI DRELocalidade 2 0,68 NS 2,53* 33,29** 16,55** 13,41** 1,05 NS 4,80**Prétratamento1 36,92** 37,74** 227,79** 29,17** 33,57** 1,90* 58,76**Local. xPré-trat.2 1,45 NS 1,11 NS 10,55** 8,95** 3,87* 0,14 NS 0,30 NSResíduo 54 0,79 0,745 0,54 0,88 1,24 0,39 0,95CV (%) 52,05 38,75 20,52 52,72 56,42 62,70 15,30NS, * e ** = Não significativo, significativo 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F.¹BOT = Botritis sp.; ALT = Alternaria alternata; ASP = Aspergillus sp.; NIG = Aspergillus niger; PEN =Penicillium sp.; THI = Thielaviopsis sp.; DRE = Drechslera sp.TABELA 5. Incidência (%) de fungos de armazenamento em sementes de aroeira come sem pré-tratamento coletadas em Gurinhém, Soledade e Boa Vista,municípios do Estado da Paraíba. <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.Local de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoAspergillus sp.Gurinhém 6,9 a A 2,4 a BSoledade 6,4 a A 1,8 ab BBoa Vista 3,3 b A 1,0 b BLocal de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoAspergillus nigerGurinhém 4,3 a A 1,36 a BSoledade 1,61 b A 1,04 b BBoa Vista 1,61 b A 0,87 b ALocal de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoPenicillium sp.Gurinhém 3,81 a A 1,69 a BSoledade 3,0 a A 1,13 ab BBoa Vista 1,36 b A 0,87 b BMédias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas e nas colunasnão diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.


TABELA 6. Médias em porcentagem da incidência fúngica em sementes de aroeiracom e sem pré-tratamento. <strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, <strong>2008</strong>.Local de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoAlternaria alternataGurinhém 3,20 a A 2,10 a BSoledade 2,75 a A 1,20 b BBoa Vista 3,11 a A 1,04 b BLocal de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoBotrystis sp.Gurinhém 2,53 a A 0,87 a BSoledade 1,79 a A 1,04 a BBoa Vista 2,93 a A 0,87 a BLocal de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoDrechslera sp.Gurinhém 7,16 a A 5,34 a BSoledade 6,92 a A 5,01 a BBoa Vista 8,07 a A 5,81 a BLocal de coleta Sem pré-tratamento Com pré-tratamentoThiellaviopsis sp.Gurinhém 1,45 a A 1,04 a ASoledade 1,20 a A 0,71 a ABoa Vista 0,87 a A 0,71 a AMédias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas e nas colunasnão diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.


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SUBSTRATOS E TEMPERATURAS PARA GERMINAÇÃO DESEMENTES DE Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All.Roberta Sales Guedes 1 ; Edna Ursulino Alves 2 ; Edilma Pereira Gonçalves 3 ; Pablo RadamésCabral de França 4 ; Macio de Farias Moura 5 ; Sueli da Silva Santos 4 ; Lamartine SoaresBezerra de Oliveira 4 ; Paulo Alexandre Fernande Rodrigues de Melo 4 .1 Bióloga, mestranda em Agronomia, Produção e Tecnologia de Sementes, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>;Cx. Postal: 02, CEP: 58397 - 000, <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>; e-mail: roberta_biologa09@yahoo.com.br2 Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta do Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>; e-mail:ednaursulino@cca.ufpb.br;3 Dra. em Agronomia, Prof a . Adjunta, UFRPE – UAG, Garanhuns – PE; e-mail: edilmapg@hotmail.com4 Alunos de graduação em agronomia, Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.5 Dr. em Agronomia, Prof. Depto. de Fitotecnia, <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>.RESUMO: Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All., conhecida popularmente como jacarandá-dabahia,é uma espécie bastante conhecida pela exploração da sua madeira. Foi realizado umexperimento no Laboratório de Análises de Sementes (<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>), com o objetivo dedeterminar metodologia adequada para a condução de testes de germinação e vigor comsementes de D. nigra. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramentecasualizado, em esquema fatorial 2 x 7, sendo 2 temperaturas (25°C e 20-30ºC) e 7substratos (entre areia, entre vermiculita, bioplant®, plantmax®, entre e sobre papel mataborrão e papel “germitest”na forma de rolo), com quatro repetições de 25 sementes. Ostestes empregados foram: germinação (%), primeira contagem de germinação (%), índicede velocidade de germinação (IVG). As melhores combinações para condução de testes degerminação e vigor com sementes de D. nigra foram: A temperatura de 25°C e ossubstratos entre vermiculita, sobre papel mata-borrão e papel “germitest” na forma de rolo,na forma de rolo; A temperatura de 20-30ºC os substratos bioplant® e o plantmax®.Palavras-chave: jacarandá-da-bahia, vigor, substrato, temperatura, sementes florestais.ABSTRACT: SUBSTRATES AND TEMPERATURES FOR GERMINATION OFDalbergia nigra (Vell.) Fr. All. SEEDS. Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All., knownpopularly as jacarandá-da-bahia, it is a plenty species known by the exploration of yourwood. The experiment was realized Laboratory of Analysis of Seeds (<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>), withthe objective of determining appropriate methodology for conduction of germination testsand vigor with seeds of D. nigra. The experiment was carried out in design entirelyrandomized in factorial outline 2 x 7, being 2 temperatures (25°C and 20-30ºC) and 7substrates (between sand, between vermiculita, bioplant®, plantmax®, among and on paperblotting paper and paper “germitest”), with four repetitions of 25 seeds. The following219


parameters were analyzed: germination (%), first germination count (%), germination speedindex (GSI), length and mass evaporate of seedlings. The best combinations for conductionof germination tests and vigor with seeds of D. nigra were: The temperature of 25°C andthe substrate between vermiculite, on paper blotting paper and paper “germitest” in rollform; The temperature of 20-30ºC the substrate bioplant® and plantmax®.Key-words: jacarandá-da-bahia, vigor, substrate, temperature, forest seeds.INTRODUÇÃODalbergia nigra (Vell.) Fr. All., conhecida popularmente como jacarandá-da-bahia,jacarandá-preto ou caviúna, é uma Fabaceae que ocorre em Minas Gerais, São Paulo eMato Grosso do Sul, principalmente no cerrado, possuindo madeira moderadamente dura,pesada, decorativa e de grande durabilidade natural (Lorenzi, 1992; Carvalho, 1994). É umaárvore ornamental, largamente empregada em paisagismo, por sua folhagem delicada eforma aberta da copa (Donadio & Demattê, 2000).A exploração indiscriminada dessa espécie, em virtude da madeira de ótimaqualidade, além da devastação de seu ambiente natural, ocasionou sua inclusão na lista deespécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Brasil, 1992b). A necessidade depreservação da espécie, bem como de plantios visando reflorestamento, tem despertadointeresse pela cultura e estudos por parte de técnicos e pesquisadores (Carvalho, 1994).O estudo de métodos adequados em análises de sementes para as espécies florestaistem merecido atenção no meio científico, visando informações sobre as condições ideais degerminação de muitas espécies. A análise é realizada por meio de um conjunto deprocedimentos, padronizados pelas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992a), ebusca avaliar a qualidade quanto à composição do lote e capacidade germinativa para finsde semeadura. Tal padronização visa uniformizar os resultados, permitindo a comparaçãoentre diferentes laboratórios. A padronização desses métodos deve ser constantementereavaliada mediante aplicação de testes de referência, de testes alternativos e dadeterminação de novas metodologias.O substrato e a temperatura são dois importantes fatores que afetam ocomportamento germinativo das sementes durante o teste de germinação (Carvalho &Nakagawa, 2000). O substrato influencia diretamente a germinação, em função de suaestrutura, aeração, capacidade de retenção de água, grau de infestação de patógenos, dentreoutros, podendo favorecer ou prejudicar a germinação das sementes. Constitui o suportefísico no qual a semente é colocada e tem a função de manter as condições adequadas para220


agerminação e o desenvolvimento das plântulas (Figliolia et al., 1993). Portanto, a escolhado tipo de substrato deve ser feita em função das exigências da semente em relação ao seuformato e tamanho (Brasil, 1992).A temperatura afeta a porcentagem, velocidade e uniformidade de germinação e estárelacionada com os processos bioquímicos (Carvalho & Nakagawa, 2000). As sementesapresentam comportamento variável em diferentes temperaturas, não havendo umatemperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies. Em geral, atemperatura é chamada ótima quando ocorre a máxima germinação, no menor tempo. Afaixa de 20 a 30ºC mostra-se adequada para a germinação de grande número de espéciessubtropicais e tropicais, uma vez que estas são temperaturas encontradas em suas regiões deorigem, na época propícia para a germinação natural (Borges & Rena, 1993; Andrade et al.,2000).Para sementes de Cnidosculus phyllacanthus Pax e K. Hoffm. recomenda-se ossubstratos areia, vermiculita, papel “germitest” e papel filtro combinado com a temperaturade 20-30°C (Silva & Aguiar, 2004). Para condução do teste de germinação de sementes deDalbergia nigra (Vell.) Fr. All. ex Benth. foram nas temperaturas de 25°C e 20–30°C, nossubstratos sobre vermiculita e rolo de papel (Andrade et al., 2006). O substrato rolo depapel na temperatura de 30°C mostrou-se mais adequado para condução de testes degerminação e vigor em sementes de Cereus jamacaru DC. (Guedes et al., 2007). Ascondições adequadas para testes de germinação em sementes de Bixa orellana L. é autilização dos substratos areia, vermiculita e rolo de papel associados às temperaturas de25, 30 e 20-30ºC (Lima et al., 2007).A temperatura de 30°C e o substrato papel germitest proporcionaram condições ideaisde germinação para sementes de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert (Oliveira et al.,<strong>2008</strong>). O teste de germinação de sementes de Jatropha curcas L. deve ser realizado natemperatura alternada 20-30°C, em substrato areia ou papel (Martins et al., <strong>2008</strong>). Pivetta etal. (<strong>2008</strong>) mencionam que para as condições ideais para germinação das sementes deArchontophoenix cunninghamii H. Wendl. & Drude é a utilização das temperaturas de 25 e30ºC, juntamente com o substrato vermiculita.Apesar da grande diversidade de espécies nativas do Brasil, poucas estão incluídasnas Regras para Análises de Sementes, e, para as sementes de Dalbergia nigra, ainda nãoestão estabelecidos os critérios para a realização do teste de germinação. Assim, o objetivodo trabalho foi avaliar os substratos e as temperaturas para a germinação de sementes de D.nigra, visando à determinação de procedimentos para o teste de germinação dessassementes.221


MATERIAL E MÉTODOSA pesquisa foi conduzida no Laboratório de Análises de Sementes (LAS) Centro deCiências Agrárias da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba (<strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>) em <strong>Areia</strong> - <strong>PB</strong>. Para aobtenção das sementes foram coletados frutos de Dalbergia nigra, diretamente de árvoreslocalizadas no <strong>CCA</strong> – UF<strong>PB</strong>, os quais foram acondicionados em sacos plásticos econduzidos ao LAS para beneficiamento mediante debulha manual das vagens. Após obeneficiamento as sementes foram avaliadas as seguintes características:Teste de germinaçãoPara a instalação do teste de germinação utilizaram-se quatro subamostras de 25sementes para cada tratamento, as quais foram distribuídas em caixas plásticastransparentes do tipo “gerbox” com dimensões de 11 x 11 x 3 cm, nos seguintes substratos:entre e sobre o papel mata- borrão, papel “germitest” na forma de rolo, entre vermiculita,entre areia, Bioplant® e Plantmax®. Ambos os substratos foram previamente autoclavadose umedecidos com água destilada. Os substratos de papel foram umedecidos com águadestilada na quantidade equivalente a três vezes o seu peso seco e os demais substratosumedecidos segundo recomenda Brasil (1992). Os substratos supracitados foram testadosnas temperaturas de 25ºC e 20-30ºC, segundo metodologia recomendada por Andrade et al.(2006). As contagens foram feitas diariamente, considerando germinadas as sementes queapresentavam a parte aérea com cerca de 1 cm de comprimento e os resultados foramexpressos em percentagem;Primeira contagem de geminaçãoO referido teste foi conduzido conjuntamente com o de germinação, onde secomputou de sementes germinadas logo após a sua germinação (seis dias), sendo os dadosexpressos em percentagem;Índice de velocidade de germinação (IVG)Realizado conjuntamente com o teste de germinação, onde se computou o númerode sementes germinadas diariamente, e o índice foi calculado de acordo com a fórmulaapresentada por Maguire (1962);222


Análise estatísticaA análise de variância do experimento foi realizada segundo o delineamentoexperimental inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 2x 7 (duas temperaturas e sete substratos), com quatro repetições de 25 sementes cada. Osdados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott -Knott, a 5% de probabilidade.RESULTADOS E DISCUSSÃOAs médias de porcentagem de germinação de sementes de Dalbergia nigraencontram-se na Tabela 1, na qual se verifica interações significativas entre substrato etemperatura, indicando que existe pelo menos uma combinação ideal entre estes doisfatores, que otimiza a porcentagem de germinação. A interação significativa entretemperatura e substrato foi relatada por Figliolia et al. (1993), explicando que a capacidadede retenção de água e a quantidade de luz que o substrato permite chegar à semente podemser responsáveis por diferentes respostas das sementes a mesma temperatura, como ocorreucom as sementes de D. nigra, neste experimento.Estes resultados corroboram aqueles obtidos com sementes de Parkia discolorBenth. (Ramos & Varela, 2003), Cnidosculus phyllacanthus Pax & K. Hoffm. (Silva &Aguiar, 2004), Myracrodruon urundeuva fr. All. (Pacheco et al., 2006), Apeiba tibourbouAubl. (Pacheco et al., 2007), Bixa orellana L. (Lima et al., 2007), Jatropha curcas L.(Martins et al., <strong>2008</strong>), Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert (Oliveira et al., <strong>2008</strong>) eDypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf. (Luz et al., <strong>2008</strong>), onde ocorreram interaçõessignificativas entre substratos e temperaturas e são diferentes dos resultados de Andrade etal. (1999) com sementes de Euterpe edulis Mart., de Lima et al. (2006) com sementes deCaesalpinia ferrea Mart. ex Tul., Pivetta et al. (<strong>2008</strong>) com sementes de Archontophoenixcunninghamii H. Wendl. & Drude e de Rodrigues et al. (<strong>2008</strong>) com sementes de Prunusselowii Koehne, onde não ocorreram interações significativas entre substratos etemperaturas.De acordo com os dados da Tabela 1 observa-se que as mais altas porcentagens degerminação das sementes de D. nigra foram obtidas nos substratos entre vermiculita, sobrepapel mata-borrão e rolo de papel na temperatura de 25 o C. Já na temperatura de 20-30ºC ossubstratos que proporcionaram o melhor comportamento germinativo foram o bioplant® e223


oplantmax®. De acordo com Figliolia et al. (1993), na vermiculita, o contato entre assementes e o substrato é bem maior e isto pode ser a explicação dos percentuais elevados degerminação no substrato entre vermiculita, na temperatura de 25°C.Na Tabela 1 também se constata que não houve diferenças significativas entre astemperaturas, contudo verifica-se que a temperatura de 25°C foi responsável pelas maioresmédias da percentagem de germinação em praticamente todos os substratos testados,sobressaindo-se em relação à temperatura de 20-30°C. Estes dados demonstram anecessidade de temperaturas constantes e mais baixas para a germinação de sementes destaespécie, uma vez que as plantas matrizes se encontravam em região de Mata Atlântica, quese caracteriza pelo clima frio e úmido, sem grandes oscilações de temperaturas. ConformeProbert (1992) a temperatura ótima para a germinação de sementes está diretamenteassociada às características ecológicas da espécie. O fato de ocorrer germinação em ambosos regimes de temperatura evidencia uma adaptação às flutuações térmicas naturais doambiente. No entanto, preferem condições de sub-bosque, nas quais predominamamplitudes térmicas menores.Andrade et al., (2006) determinaram para germinação sementes de Dalbergia nigra(Vell.) Fr. All. ex Benth. as temperaturas de 25°C e 20–30°C, nos substratos sobrevermiculita e rolo de papel, não recomendando portanto o substrato sobre papel mataborrão,não corroborando com o que é observado nos dados do presente trabalho, em que assementes atingiram ótimos percentuais de germinação quando semeadas neste substrato, natemperatura de 25°C. De acordo com Sousa et al. (2006) o papel mata-borrão também foium dos substratos mais indicados para avaliação da qualidade fisiológica das sementes deCelosia cristata L.As associações dos substratos sobre papel ou entre vermiculita com a temperatura de30°C foram as que proporcionaram a maior germinação em sementes de Mimosacaesalpiniaefolia Benth. (Novembre et al., 2007). Para as sementes de Bixa orellana L. agerminação foi prejudicada quando semeadas no substrato plantmax® na temperatura de20-30°C (Lima et al., 2007).224


Tabela 1 - Germinação (%) de sementes de Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All.,submetidas a diferentes temperaturas e substratos.SubstratoTemperatura25 (ºC) 20-30 (ºC)Entre <strong>Areia</strong> 73 b A 65 b AEntre Vermiculita 82 a A 64 b ABioplant® 73 b A 82 a APlantmax® 70 b A 79 a ASobre Papel 84 a A 60 b AEntre Papel 77 b A 66 b ARolo de papel 86 a A 69 b AMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% deprobabilidade pelo teste de Scott - Knott.Os dados referentes ao vigor, determinado pela primeira contagem de germinação desementes de estão relacionados na Tabela 2. À semelhança da percentagem de germinação,os maiores percentuais de plântulas na primeira contagem também foram obtidos desementes oriundas dos substratos entre vermiculita, sobre papel mata-borrão e rolo de papel“germitest” na temperatura de 25 o C e dos substratos bioplant® e o plantmax® associada àtemperatura de 20-30ºC.Tabela 2 – Primeira contagem de germinação (%) de sementes de Dalbergia nigra(Vell.) Fr. All., submetidas a diferentes temperaturas e substratos.SubstratoTemperatura25 (ºC) 20-30 (ºC)Entre <strong>Areia</strong> 25 b A 18 b AEntre Vermiculita 37 a A 15 b ABioplant® 22 c A 24 a APlantmax® 20 c A 23 a ASobre Papel 38 a A 14 b AEntre Papel 28 b A 13 b ARolo de papel 40 a A 16 b AMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% deprobabilidade pelo teste de Scott - Knott.Para a primeira contagem de germinação de sementes de Apeiba tibourbou Aubl. nãohouve diferença significativa na germinação (Pacheco et al., 2007). As temperaturas de 25,30 e 35ºC e o substrato sobre vermiculita, proporcionaram as maiores porcentagens degerminação de sementes de Eruca sativa Mill. por ocasião da primeira contagem (Ferreiraet al., <strong>2008</strong>). A combinação que promoveu a germinação do maior número de sementes na225


primeira contagem da espécie Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert foi a utilização datemperatura de 30°C e o substrato rolo de papel (Oliveira et al., <strong>2008</strong>).Os resultados referentes ao índice de velocidade de germinação (IVG) de sementesde D. nigra submetidas a diferentes substratos e temperaturas estão na Tabela 2, onde severifica que os maiores índices ocorreram nos substratos bioplant® e o plantmax® quandoas sementes foram submetidas à temperatura 20-30ºC. Para a temperatura de 25°C nãohouve diferenças estatísticas entre os índices de velocidade de germinação, no entanto demodo geral esta temperatura foi responsável pelos maiores índices de velocidade degerminação das sementes de D. nigra, quando comparadas aquelas submetidas a temperaturaalternada de 20-30°.Os substratos entre e sobre areia nas temperaturas de 25 e 27ºC proporcionarammaiores IVG de sementes de Myracrodruon urundeuva fr. All. (Pacheco et al., 2006). Osubstrato papel mata-borrão promoveu os maiores IVG de sementes de Apeiba tibourbouAubl. (Pacheco et al., 2007). Para sementes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. 30°C é atemperatura mais favorável para aumentar a velocidade de germinação, com a distribuiçãodas sementes sobre o papel mata-borrão ou entre a vermiculita (Novembre et al., 2007).Tabela 3 - Índice de velocidade de germinação (IVG) de plântulas de Dalbergia nigra(Vell.) Fr. All., submetidas a diferentes temperaturas e substratos.SubstratoTemperatura25 (ºC) 20-30 (ºC)Entre <strong>Areia</strong> 1,52 a A 1,43 b AEntre Vermiculita 1,50 a A 1,30 b ABioplant® 1,60 a A 1,76 a APlantmax® 1,53 a A 1,67 a ASobre Papel 1,59 a A 0,96 c AEntre Papel 1,57 a A 0,96 c ARolo de papel 1,82 a A 1,38 c AMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem a 5% deprobabilidade pelo teste de Scott - Knott.Para sementes de Melocactus bahiensis Britton & Rose os maiores valores develocidade de germinação foram obtidos na temperatura de 25ºC (Lone et al., 2007). Osmaiores valores do IVG de sementes de Eruca sativa Mill. foram obtidos quando seutilizaram os substratos sobre vermiculita, nas temperaturas de 25, 30 e 35 ºC, e papelmata-borrão, nas temperaturas de 25 e 30 ºC (Ferreira et al., <strong>2008</strong>). Pivetta et al. (<strong>2008</strong>)226


mencionam as temperaturas de 25 e 30 ºC, juntamente com o substrato vermiculita, comosendo responsáveis pelos maiores IVG de sementes de Archontophoenix cunninghamii H.Wendl. & Drude.CONCLUSÕESSão condições ideais para conduções do teste de germinação e vigor de sementes deDalbergia nigra:A temperatura de 25°C e os substratos entre vermiculita, sobre papel mata-borrão erolo de papel, na forma de rolo.A temperatura de 20-30ºC os substratos bioplant® e o plantmax®.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASANDRADE, A.C.S.; LOUREIRO, M.B.; SOUZA, A.D.O.; RAMOS, F.N.; CRUZ, A.P.M.Reavaliação do efeito do substrato e da temperatura na germinação de sementes depalmiteiro (Euterpe edulis Mart.). Revista Árvore, Viçosa, v.23, n.3, p.279-283, 1999.ANDRADE, A.C.S.; PEREIRA, T.S. Efeito do substrato e da temperatura na germinação eno vigor de sementes de cedro - Cedrela odorata L. (Meliaceae). Revista Brasileira deSementes, Brasília, v. 16, n. 1, p. 34-40, 1994.ANDRADE, A.C.S.; PEREIRA, T.S.; FERNANDES, M.J.; CRUZ, A.P.M.; CARVALHO,A.S.R. Substrato, temperatura de germinação e desenvolvimento pós-seminal de sementesde Dalbergia nigra. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.41, n.3, p.517-523,2006.ANDRADE, A.C.S.; SOUZA, A.F.; RAMOS, F.N.; PEREIRA, T.S.; CRUZ, A.P.M.Germinação de sementes de jenipapo: temperatura, substrato e morfologia dodesenvolvimento pós-seminal. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.15, n.3,p.609-615, 2000.BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑARODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. Sementes florestais tropicais. Brasília:ABRATES, 1993. p.83-136.BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes.Brasília, 1992a. 365p.227


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TRATAMENTOS TÉRMICO E QUÍMICO EM SEMENTES DEMULUNGU E EFEITOS SOBRE A QUALIDADE SANITÁRIA EFISIOLÓGICAMônica Danielly de Mello Oliveira¹; Luciana Cordeiro do Nascimento¹; Edna UrsulinoAlves¹; Edilma Pereira Gonçalves¹; João José da Silva Neto¹; Roberta Sales Guedes¹;Emmanuelle R. Araújo¹; Juliana P. de Castro¹¹<strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba/<strong>CCA</strong>/Campus II, Departamento de Fitotecnia, Centrode Ciências Agrárias, <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Campus II, CEP 58397-000,<strong>Areia</strong>, <strong>PB</strong>, e-mail: monicadmportella@hotmail.comRESUMO: Erythrina velutina Willd. é planta uma Fabaceae, popularmente conhecidacomo mulungu, destaca-se como planta ornamental, principalmente quando em períodode floração, isto tem estimulado seu uso no paisagismo, principalmente na arborizaçãode ruas, jardins. A transmissão de patógenos por sementes pode inviabilizar agerminação e alterar qualidade fisiológica das mesmas, além de dar origem a plântulasdoentes, dessa forma o tratamento de sementes se torna o aliado na manutenção daqualidade e prevenção contra os prejuízos causados por patógenos. O trabalho tevecomo objetivo avaliar o efeito da termoterapia e do tratamento químico no controle defungos associados a sementes de mulungu, de três localidades do Estado da Paraíba. Aanálise sanitária foi realizada pelo “Blotter test” e a qualidade fisiológica das sementesfoi avaliada pela germinação, primeira contagem e massa seca. O tratamento térmicoutilizado foi por imersão em água aquecida a 60°C por 0, 5, 10 e 20 minutos. Otratamento químico foi feito com o fungicida Captan ® TS. Utilizaram-se 100 sementespor tratamento, as quais foram incubadas, por sete dias, a temperatura de 22 ± 2ºC efotoperíodo de 12 horas. A avaliação qualitativa e quantitativa dos fungos associados àssementes foi realizada com auxílio de microscópio estereoscópico e expressa emporcentagem. Nas amostras examinadas, constatou-se a incidência de Aspergillus niger,Aspergillus flavus, Aspergillus sp., Penicillium sp., Cladosporium sp., Rhizopus sp.,Fusarium sp e Botritis sp. Os resultados mostraram que os tratamentos térmico equímico reduziram significativamente a germinação e a primeira contagem dassementes das duas localidades nas condições estudadas.Palavras-chave: Erythrina velutina Willd., termoterapia, sanidade, fisiologia.ABSTRACT: Thermal and chemical treatments in mulungu seeds and effects on thephysiological quality of seeds. Erythrina velutina Willd. is a Fabaceae, popularly known asmulungu. Of the several species spread around the world about twelve are found in Brazil.Mainly in the Brazilian northeast the bark is used due to its sudorific, sedative and topical


anesthetic properties. The presence of fungi in seed germination can reduce, causing the deathof seedlings or transmit diseases to adult plants. The work has as objetive to test thethermotherapy and chemical treatment in the control of fungi associated with the mulungu seedsof three districts in the state of Paraiba. The sanity was carried by “Blotter test” andphysiological quality of seeds was evaluated by germination, first-germination counting and drymass. The heat treatment used was hot water at 60°C for 5, 10 and 20 minutes. The chemicaltreatment was done with the fungicide Captan ® TS. It was used by treatment 100 seeds, whichwere incubated for seven days, the temperature of 22 ± 2 ° C and photoperiod of 12 hours. Thequalitative and quantitative evaluate of the fungi associated with seed was done with the help ofstereomicroscope and expressed as a percentage. In the samples examined, it was the incidenceof fungi Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Aspergillus sp., Penicillium spp., Cladosporiumsp., Rhizopus sp., Fusarium sp and Botritis sp. The results show that the heat and chemicaltreatments reduced significantly the germination and first count of the locations studied.Keywords: Erythrina velutina Willd., thermotherapy, seeds pathology, physiology.INTRODUÇÃOAs leguminosas de porte arbóreo vêm sendo amplamente utilizadas em trabalhosde recuperação de áreas degradadas por apresentarem sistema radicular profundo,crescimento rápido, tolerância à acidez do solo e estresse de temperatura, como tambémpor contribuírem com deposição de matéria orgânica de baixa relação C/N (Franco etal., 1992, Silva et al., 2007).Erythrina velutina Willd. é também conhecido como mulungu, suinã, bico-de-papagaio,canivete, corticeira e sananduva, pertencente à família Fabaceae (Leguminosae -Papilionidae) é uma árvore de grande resistência à seca, apresentando rusticidade erápido crescimento, podendo ser usada para recuperação de áreas degradadas (Lorenzi& Matos, 2002). É uma espécie nativa da flora brasileira que tem sido utilizada namedicina popular em algumas regiões do nordeste brasileiro (Virtuoso et al., 2005),além dessas utilidades, mulungú destaca-se também como planta ornamental,principalmente quando em flor, isto tem estimulado seu uso no paisagismo,principalmente na arborização de ruas, jardins e alamedas (Lorenzi, 1992).A demanda crescente de sementes de espécies florestais nativas para restauraçãode florestas, recuperação de áreas degradas e instalação de áreas comerciais. O sistemade produção de mudas de espécies florestais tem se mostrado uma atividadefundamental no processo produtivo, para o qual devem ser destinados cuidados nagerminação, na redução de choques de transplante e no procedimento de condução dasmudas, visando um melhor aproveitamento de seu potencial. Porém, essa produçãoapresenta uma série de restrições, principalmente de origem sanitária, devido ao grande


número de patógenos associados às sementes e, posteriormente às mudas resultantes. Oestudo da associação de fungos com espécies florestais pode fornecer subsídios paramodelos epidemiológicos, desde o armazenamento de sementes até a produção demudas (Santos et al., 2001).Face à busca de sementes florestais para reflorestamento, com finspreservacionistas ou não, o intercâmbio de sementes entre regiões tem sido ampliadonos últimos anos e poderá se constituir em um meio relevante de disseminação depatógenos. Isto ocorre devido as sementes serem infectadas, superficialmente ouinternamente por fungos, bactérias, vírus e outros organismos (Santos & Parisi, 2004),servindo como meio de transmissão ou dispersão desses e, constituindo, desta forma,em um dos principais meios de disseminação de patógenos de plantas. E, através dassementes, raças fisiológicas de importantes patógenos são comumente introduzidas emum campo de cultura (Santos, 2004).A presença de fungos pode reduzir a capacidade germinativa de um lote desementes e apresentar problemas na interpretação dos resultados dos testes degerminação conduzidos em condições de laboratório. Alguns lotes poderão sereliminados por não atingirem índices satisfatórios de germinação, diminuindo a ofertade sementes (Castellani et al., 1996). Esses aspectos são de grande importância,principalmente para as sementes florestais, uma vez que determinadas espéciesapresentam periodicidade de produção de sementes, com grande quantidade desementes em um ano e pequena quantidade no ano seguinte. Torna-se necessário, assim,conhecer os agentes e as conseqüências decorrentes da contaminação pormicrorganismos (Castellani et a., 1996).Desta forma, a presente pesquisa teve por objetivo avaliar o efeito dostratamentos térmico e químico na qualidade sanitária e fisiológica de sementes demulungu provindas de três municípios paraibanos.MATERIAL E MÉTODOSOs ensaios foram conduzidos nos Laboratórios de Fitopatologia e de Produção eTecnologia de Sementes da <strong>Universidade</strong> Federal da Paraíba, Centro de CiênciasAgrárias. Utilizaram-se sementes de mulungu provenientes dos municípios paraibanosde <strong>Areia</strong>, Remígio e Pocinhos. A viabilidade das sementes foi determinada por meio doteste de germinação (Brasil, 1992). O tratamento térmico empregado foi por imersão emágua aquecida à temperatura de 60°C por 5, 10 e 20 minutos. As sementes foramacondicionadas em sacos de filó, os quais foram identificados de acordo com os


tratamentos e dispostos aleatoriamente em banho-maria com água aquecida natemperatura e tempos de tratamento pré-determinados. Previamente ao tratamentotérmico, as sementes foram embebidas em água não aquecida, durante uma hora, paraeliminação de bolsões de ar entre os tecidos mortos superficiai, facilitando a conduçãodo calor nos tecidos das sementes. O tratamento químico foi feito através de embebiçãodas sementes em calda fúngica (Captan ® TS – 150 g p.c. ou 122,50g i.a./100kg - ¹ desemente). Após os tratamentos, as sementes foram postas para secar sobre papel toalha atemperatura ambiente.Análise sanitáriaA qualidade sanitária das sementes foi avaliada pelo teste de incubação em papelfiltro (Blotter test), enquanto a qualidade fisiológica pelos testes de germinação,primeira contagem e condutividade elétrica, conforme as Regras para Análise deSementes (Brasil, 1992). Utilizaram-se 100 sementes (dez repetições de 10 sementes)para cada tratamento. As sementes foram distribuídas em placas de Petri, contendo duasfolhas de papel de filtro (80 g/m2) previamente esterilizadas e umedecidas com águadestilada esterilizada (ADE).As placas foram incubadas à temperatura de 20°C ± 2°C e fotoperíodo de 12horas. As avaliações quantitativas e qualitativas dos fungos associados às sementesforam realizadas após sete dias de incubação, examinando-se, individualmente, assementes ao microscópio estereoscópico. Em alguns casos, a identificação foiconfirmada pela visualização das estruturas morfológicas dos fungos ao microscópioóptico (Coutinho et al., 2007).Teste fisiológicoPara o teste de germinação foram utilizadas 100 sementes (quatro repetições de25 sementes) para cada tratamento, distribuídas em papel “germitest” previamenteesterilizado e colocadas para germinar em câmara de germinação com temperaturaconstante de 30°C. O substrato foi umedecido com água destilada na quantidadeequivalente a três vezes o peso do papel seco. As contagens foram realizadasdiariamente até 21º dia após a semeadura, sendo consideradas germinadas as sementesque originaram plântulas normais, segundo critério estabelecido por Brasil (1992),sendo o resultado expresso em percentagem.


A primeira contagem de germinação foi realizada conjuntamente com o teste degerminação e correspondeu ao número de plântulas normais computadas no primeirodia de avaliação da germinação (10º dia), sendo os dados expressos em porcentagem.As contagens do número de sementes emergidas iniciaram-se aos seis eestenderam-se até os 15 dias após a semeadura, considerando-se como critério deavaliação, as plântulas que apresentavam os hipocótilos, sendo os resultados expressosem porcentagem. Realizaram-se contagens diárias das plântulas normais durante operíodo de avaliação.Para avaliação da massa seca, as plântulas consideradas normais foram postaspara secar em estufa regulada a 80ºC por 24 horas e, decorrido esse período, pesadas embalança analítica (Nakagawa, 1999).O delineamento experimental utilizado nos testes de qualidade fisiológica foiinteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 × 5, três localidades e cincotratamentos. As médias da qualidade fisiológica foram comparadas pelo teste de Tukeya 5% de probabilidade.RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados referentes à incidência dos fungos em sementes de mulungusubmetidas ao tratamentos térmico por diferentes períodos de tempo, e químico das trêslocalidades da Paraíba, são apresentados na Tabela 1.Nos experimentos realizados em laboratório, nas sementes de mulungu foiverificada a presença de vários gêneros fúngicos. Com relação às amostras de sementestratadas e não tratadas foram detectados fungos dos gêneros Aspergillus flavus,Aspergillus niger, Aspergillus spp., Penicillium spp., Rhyzopus sp., Cladosporium spp.,Botritis sp. e Fusarium spp. Notou-se a presença de fungos mesmo utilizando-sefungicida. Houve apenas ausência de fungos no tratamento termoterápico (10’ e 20’) dolote de sementes oriundas de Pocinhos.Vale ressaltar que os gêneros Aspergillus sp. e Penicillium sp., considerados osprincipais fungos de armazenamento (Santos, 2004), foram os de maior incidência namaioria dos tratamentos utilizados nas sementes dos lotes dos municípios estudadosdetectando-se Fusarium sp., em apenas o tratamento fungicida (lote <strong>Areia</strong>), comincidência de 1%. Estes fungos caracterizam-se por deteriorar sementes durante oarmazenamento, reduzir o poder germinativo e prejudicar o desenvolvimento da planta.


Os gêneros Aspergillus flavus, Botritis sp. e Cladosporium spp., foramencontrados em menor freqüência nas sementes em todos os tratamentos, com 3% e 1%de incidência, respectivamente.Os fungos de armazenamento, denominados saprófitas, são oportunistas porquepodem, sob condições favoráveis, invadir os tecidos de sementes germinadas econtribuir para a perda da viabilidade das sementes. Fungos do gênero Rhizopus sp., oqual foi considerado saprofítico por Mariotto et al. (1987), assim como Fusarium spp. eCladosporium spp., também foram detectados no presente trabalho. O lote de sementesproveniente de Remígio, no tratamento testemunha, apresentou incidência de 9% deRhizopus sp. sendo encontrado ainda nos lotes <strong>Areia</strong> e Pocinhos em menor incidência(Tabela 1).Em estudos sobre a patologia de sementes de espécies florestais do cerrado Faiadet al (2004) constataram a maior ocorrência de Aspergillus spp., Fusarium spp.,Penicillium spp., Pestalotia sp. e Rhizopus sp. sendo estes responsáveis pordescoloração das sementes e redução da germinação. Avaliando a qualidade sanitáriade sementes de seis cultivares de mamoneira (Ricinus communis L.), Zarela et al. (2004)observaram incidência de Fusarium na cultivar IAC 80, com 96,5%, seguido da cultivarIAC Guarani e Cafelista, com 95,5% e 95%, respectivamente.Levando-se em consideração as testemunhas dos lotes avaliados, observou-seque o tratamento térmico e químico não foi eficaz no controle de fungos.Os resultados referentes aos testes de germinação e primeira contagem degerminação de sementes de mulungu submetidas aos tratamentos são apresentados nasTabelas 2 e 3.Observa-se na avaliação de germinação e de primeira contagem (Tabelas 2 e 3)que à medida que se aumentou o tempo de tratamento térmico diminuiu a porcentagemde plântulas normais, culminando com a perda quase total da capacidade germinativadas sementes no tempo de 20 minutos, nos lotes de sementes provenientes de <strong>Areia</strong> eRemígio. Dos lotes estudados o que apresentou maior percentagem de germinação foiPocinhos, com 98% das sementes germinadas.Resultados semelhantes foram observados por Coutinho et al. (2007), quandoavaliaram a qualidade sanitária e fisiológica de sementes de milho submetidas atermoterapia no controle de Acremonium strictum e F. verticillioides.Usando termoterapia em sementes de feijoeiro para erradicação de Xanthomonasaxonopodis pv. phaseoli var. fuscans, Tedesco et al. (2004) observaram que atermoterapia não afetou o percentual de germinação.Ao estudar a qualidade fisiológica de sementes de feijoeiro tratadas comtermoterapia para erradicação de Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens


(Cff), Estefani et al. (2007) constataram a redução significativa da germinação e dovigor. O tratamento reduziu ainda, o número de células de Cff em sementes inoculadas eeliminou a bactéria em sementes naturalmente infectadas.Segundo Machado (2000), a termoterapia é mais danosa ao vigor à medida que asemente apresenta qualidade fisiológica inferior. Sementes mais vigorosas são maistolerantes a temperaturas mais altas do que as sementes com vigor comprometido. Defato, durante a avaliação dos experimentos observou-se que algumas plântulas oriundasde sementes submetidas ao mesmo tratamento apresentavam um comportamentodiferenciado com relação ao crescimento, sendo muito maiores, enquanto outrasmostravam defeitos tanto na radícula quanto no caulículo.Observou-se que o tratamento químico com o fungicida Captan ® tambéminfluenciou negativamente a germinação e primeira contagem das sementes demulungu. Ao contrário do observado por Ramos et al. (<strong>2008</strong>), que ao utilizar tratamentoquímico em sementes de milho super-doce, constataram que houve favorecimento nagerminação e vigor das sementes, sendo as combinações Captan + Thiabendazol +Thiram PS eficiente para controle dos fungos F. moniliforme, Cephalosporium sp. ePenicillium sp.Apesar de ter diminuído o percentual de germinação, as plântulas submetidasaos tratamentos térmico e químico obtiveram uma maior massa seca (Tabela 4). Comdestaque para o lote de sementes de <strong>Areia</strong> nos tratamentos com fungicida e termoterapiadurante cinco minutos. Foi observada diferença significativa entre esse e os demaistratamentos.A termoterapia de sementes, visando ao controle de patógenos, baseia-se nodiferencial dos pontos térmicos letais de sementes e patógenos, sendo que o sucessodeste método será maior sempre que esses pontos estiverem bem distanciados um dooutro (Machado, 2000). De acordo com Estefani et al. (2007) do ponto de vistaambiental, é um método não poluente ou sem efeito residual e deve ser recomendadopara erradicação de patógenos. Porém, a termoterapia apresenta inconveniente de nãoser simples quando aplicada a grandes quantidades de sementes para plantio.Os resultados mostraram que os tratamentos térmico e químico não sãopromissores no controle dos fungos detectados nas sementes de mulungu nos lotesestudados, pois estes afetaram a qualidade fisiológica das mesmas. Portanto, serãonecessários mais estudos para a viabilização do emprego deste método em sementesnativas do semi-árido.


Tabela 1. Percentagem de fungos associados em sementes de mulungu (Erythrinavelutina Willd.), oriundas de três municípios da Paraíba (<strong>Areia</strong>, Pocinhos eRemígio) detectados pelo “Blotter test”, submetidas à termoterapia (60º) equimioterapia.Local/TratamentosAspergillus.flavusAspergillusnigerAspergillussp.Fungos (%)Penicilliumsp.Rhyzopus sp.Cladosporiumsp.RT1 - 1 4 1 9 - - -RT2 - 2 1 1 - - - -RT3 - - 10 7 - - - -RT4 - 1 3 - 3 - - -RT5 3 - 7 5 - - - -AT1 - 1 3 3 1 1 1 -AT2 - - 2 3 - - - 1AT3 - - 5 1 2 - - -AT4 - - 6 6 - - - -AT5 - - 7 4 - - - -PT1 - - 8 - 4 - - -PT2 - - - 1 2 - - -PT3 - - - 1 - - - -PT4 - - - - - - - -PT5 - - - - - - - -Localidade – R: Remígio; A: <strong>Areia</strong>; P: Pocinhos. Tratamentos – T1: testemunha; T2:fungicida; T3: termoterapia 5’; T4: termoterapia 10’; T5: termoterapia 20’.Botritis sp.Fusarium sp.Tabela 2. Germinação de sementes de mulungu (Erythrina velutina Willd.)oriundas de três municípios da Paraíba (<strong>Areia</strong>, Pocinhos e Remígio), submetidas àtermoterapia e a quimioterapiaTratamentoMunicípios<strong>Areia</strong> Pocinhos RemígioTestemunha 96 a A 98 a A 84 a BFungicida Captan ® TS 21 b A 23 b A 23 b A5’ em 60ºC 20 b A 17 b A 13 c A10’ em 60ºC 15 bc AB 19 b A 11 c B20’ em 60ºC 9 c B 22 b A 10 c BMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferema 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.


Tabela 3. Primeira contagem de sementes de mulungu (Erythrina velutina Willd.)oriundas de três municípios da Paraíba (<strong>Areia</strong>, Pocinhos e Remígio), submetidas àtermoterapia e a quimioterapiaTratamentoMunicípios<strong>Areia</strong> Pocinhos RemígioTestemunha 82 a B 90 a A 75 a BFungicida Captan ® TS 21 b A 21 b A 23 b A5’ em 60ºC 17 bc A 16 b A 13 c A10’ em 60ºC 12 cd A 18 b A 14 c A20’ em 60ºC 6 d B 22 b A 8 c BMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferema 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.Tabela 4. Massa seca de plântulas de mulungu (Erythrina velutina Willd.) oriundasde três municípios da Paraíba (<strong>Areia</strong>, Pocinhos e Remígio), submetidas àtermoterapia e a quimioterapiaTratamentoMunicípios<strong>Areia</strong> Pocinhos RemígioTestemunha 0,11 c A 0,08 b A 0,08 c AFungicida Captan ® TS 2,17 a A 1,88 a A 1,99 a A5´ em 60ºC 2,13 a A 1,42 a B 0,85 b C10´ em 60ºC 1,07 b B 1,68 a A 0,83 b B20´ em 60ºC 0,32 c B 1,64 a A 0,70 b BMédias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferema 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise deSementes. Brasília, 1992, 365p.CASTELLANI. E.E.; SILVA, A.; BARRETO, M.; AGUIAR, I.B. Influência dotratamento químico na população de fungos e na germinação de sementes de Bauhiniavariegata L. var variegata. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v.18, n.1, p.41-44,1996.


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I WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANOProdução de PimenteirasOrnamentaisResponsáveis:Prof. DSc. Elizanilda Ramalho do Rêgo-<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>Rusthon Magno Cortês dos Santos – Bolsita PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Denizia Ribeiro da Silva – Bolsistas PROBEX/UF<strong>PB</strong>Damina Ferreira da Silva - Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Diego Silva Batista - Bolsita PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Moryb Jorge Lima da Costa Sapucay – Bolsista ITI-A/CNPq/UF<strong>PB</strong>Emmanuelle Rodrigues Araújo - MSc. em Agronomia – UF<strong>PB</strong>Lânia Isis Ferreira Alves – MSc. em Agronomia – UF<strong>PB</strong>Dezembro/<strong>2008</strong><strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>


INTRODUÇÃOO gênero Capsicum, pertencente à família Solanaceae, compreende as pimentase pimentões cultivados e seus parentes silvestres, sendo ambos originários do continenteamericano. A associação dos humanos com as pimentas começou de 10.000 a 12.000anos atrás, sendo que no México há indícios de utilização de pimentas a nove mil anos.O seu cultivo é uma característica das tribos indígenas brasileiras desde a época dodescobrimento do Brasil. Com a imensa variabilidade de pimentas nativas, certamentepode-se supor que diversas tribos cultivavam e colhiam pimentas e o plantio, continuaaté hoje como entre os índios mundurucus, da bacia do rio Tapajós.As pimentas foram, provavelmente, os primeiros temperos utilizados pelosíndios para dar cor, aroma, pungência e sabor aos alimentos. Além de tornar carnes ecereais mais atraentes, as pimentas tinham outras funções importantes, pois ajudavam aconservar os alimentos protegendo-os da ação de fungos e bactérias. Com a chegada dosportugueses e espanhóis à América e ao Brasil no século XV, as pimentas e pimentõesforam disseminados pelo mundo e hoje fazem parte da culinária típica de vários países.Além de atuarem como conservantes, são ricos em vitamina C (seis vezes mais do que alaranja), Vitamina A e outras substâncias benéficas ao organismo, prevenindo algumasdoenças, como o câncer, para aliviar dor causada pro artrite, como linimento para agarganta, pomada para herpes e diversos outros usos.As culturas de pimenta e pimentão são hoje parte fundamental do agronegóciobrasileiro, ocupando cerca de 12.000 ha, e com produção de mais de 280.000 toneladasde frutos por ano, tanto para consumo fresco como processado, envolvendo recursos naordem de 1,5 milhão de dólares somente na comercialização de sementes.A produção de pimenta para uso como condimento de diversos produtosalimentícios industrializados cresceu significativamente nos últimos anos. Existeintenso comércio internacional de pimenta-vermelha, seca em pó, com ou sem sementese com diversos níveis de pungência. Esses produtos são utilizados no preparo dealimentos, no processamento de conservas, indústria de embutidos e na produção deornamentais.As cultivares ornamentais de pimenta merecem destaque entre as plantascultivadas para este propósito, pois são plantas de fácil propagação e cultivo, com a fasevegetativa relativamente curta e com grande valor estético.


SUBSTRATO E SEMENTESAs pimenteiras, em geral são semeadas em um local e após o surgimento dasprimeiras folhas definitivas as plantas jovens são transplantadas para o campo ou para ovaso.O uso de sementes de qualidade e boa procedência é fundamental para se obterplantas uniformes, sadias e produtivas. Verifique se a fonte fornecedora dedica cuidadosespeciais às suas matrizes, como plantas livres de doenças (principalmente as causadaspor vírus), de boa aparência e cujas flores tenham sido isoladas para evitar polinizaçãocruzada com outras variedades, preservando a pureza genética da variedade que sedeseja cultivar. Verificar também a data em que essas sementes foram colhidas, pois asmesmas mantêm seu poder de germinação por uma média de tempo de dois a três anos atemperatura ambiente, ou mais se acondicionadas sob refrigeração a 5°C.A qualidade do solo para plantio é de extrema importância e deve ser leve,profundo, rico em matéria orgânica, bem drenado e com pH entre 5,5 e 6,0. Algunsautores indicam um pH entre 7,0 e 8,5. Ao se cultivar em vasos, todas essascaracterísticas devem ser reproduzidas.Nas sementeiras o substrato deve ser preparado de modo a absorver a maiorquantidade de água possível para que possa se manter úmido por muito tempo, mas aomesmo tempo deve proporcionar uma boa drenagem, para não ficar encharcado.Também deve ser bem leve, para que as pequenas raízes possam se desenvolver semresistência. Nessa fase recomenda-se a utilização do substrato comercial pela facilidadede manuseio no transplantio.Ao serem transplantadas ao local definitivo, as mudas entrarão na fase decrescimento, que antecede a de produção. Nesta fase elas necessitarão de um substratorico em nutrientes, mas que seja leve e preserve meios para uma boa drenagem. Pode-seusar uma mistura básica de 1 parte de terra, 1 parte de areia e 1 parte de húmus. Masessas proporções podem variar, dependendo da espécie e variedade de pimentacultivada. Assim, de acordo com a ocasião, podemos modificar as características dosolo apenas modificando as proporções entre os três ingredientes: quanto maior aproporção de areia, mais drenado será o substrato, mas também se torna mais pobre emnutrientes. Quanto maior a quantidade de húmus, o mesmo ficará mais solto e mais ricoem matéria orgânica, mas podem faltar alguns componentes minerais essenciais à


planta. Quanto maior a proporção de terra argilosa, maior a quantidade de elementosminerais, com maior retenção de água, mas o exagero pode levar à compactação eencharcamento do substrato, facilitando o aparecimento de doenças e pragas. Tambémse pode utilizar o substrato comercial, pois o mesmo apresenta todas as característicasideais para o desenvolvimento das plantas e apresenta-se isento de sementes de ervasdaninhas e patógenos com a desvantagem de ter um custo maior em relação ao outro.PLANTIOAtualmente, em plantio de olerícolas, existe uma quase unanimidade dautilização de bandejas de poliestireno expandido (isopor) ou de outras matériasplásticas. Essas bandejas facilitam o manejo, transporte, irrigação, adubação, etc.O tempo de germinação pode variar bastante dependendo da variedade depimenta. As variedades silvestres demoram muito, em alguns casos até cem dias após asemeadura. Mas a média de tempo para a maioria das pimentas fica entre dez equatorze dias.As sementes são muito pequenas e as mudas são delicadas quando novas,necessitando de cuidados e proteção, por isso é necessário que elas sejam plantadas emum lugar mais adequado como por exemplo bandejas de isopor ou tubetes. Elas podemficar à meia sombra até que possuam de 6 a 8 folhas definitivas. Depois detransplantadas, pode-se aumentar a quantidade de sol gradativamente, até que fiquem apleno sol.A profundidade ideal para a semente é 0,5 cm. Se for mais rasa, a semente podeficar exposta e desidratar. Se for mais profunda, ela gastará muito de suas reservasenergéticas para romper a camada de terra.A freqüência entre as regas vai depender do clima e do substrato utilizado.Tempo seco com temperaturas elevadas e substratos que retém pouca água requeremmaior freqüência na irrigação, que deve ser feita antes que o substrato seque totalmente.Inicialmente pode-se testar a superfície com as costas dos dedos para sentir a umidade.Se estiver seco, é hora de molhar. Com o tempo virá a prática e se saberá quando regar.Deve-se prestar atenção para manter a terra úmida sem encharcá-la, o que poderia


impedir a semente de respirar e causar a sua morte, como também propiciar o ataque defungos e doenças.TRANSPLANTIOAs plantas podem ser transplantadas quando tiverem de 6 a 8 folhas definitivasou com 6-8 semanas da semeadura. O transplantio deverá ser realizado à tardinha,quando a temperatura está mais amena e a planta terá a noite inteira para se recuperar.Um estresse hídrico de um ou dois é recomendado para que as mudas não sofram muitoquando do transplantio.As raízes devem ficar com a maior quantidade de terra e expostas ao ar o menortempo possível caso contrario as mesmas poderão morrer e as plantas vão sofrer atéconseguir se readaptar. As mudas serão colocadas no vaso onde terá uma cova comtamanho suficiente para que a muda tenha seu sistema radicular bem arrumado logoapós deve-se fazer uma pequena preção ao redor na muda objetivando a retirada do arao redor das raízes da muda logo após o transplantio deve-se regar as plantas para quedurante a noite elas logo recomecem a absorver água e restabeleçam suas ligações como solo.ADUBAÇÃOOs adubos podem ser classificados de acordo com sua origem como orgânicosou inorgânicos, os orgânicos são provenientes de matéria de origem vegetal ou animal,como farinhas de osso, sangue, carne; torta de mamona, húmus de minhoca, estercos degado, de aves, etc. Já os adubos inorgânicos são extraídos de rochas ou fabricados emindústria.Todos os nutrientes são importantes porem alguns são exigidos em maiorquantidade e menor quantidade pela planta são conhecidos como macro emicronutrientes, respectivamente. Os macronutrientes são N (nitrogênio), P (fósforo) eK (potássio), tão importantes que levaram ao desenvolvimento de fórmulas balanceadas,conhecidas no comércio como NPK. Essas fórmulas podem variar de acordo com aconcentração de cada elemento. Por exemplo, NPK 10-10-10 significa 10 partes denitrogênio, 10 de fósforo e 10 de potássio Essas proporções variam de acordo com sua


finalidade, na fase de crescimento a planta necessita de mais nitrogênio, enquanto nafase de floração necessita de mais fósforo, esses adubos geralmente são granulados esua aplicação é feita na borda do vaso com uma colher de chá e é repetida uma vez acada mês. Para os micronutrientes a adubação é feita por via foliar e dependendo doproduto que esta sendo utilizado o intervalo entre as aplicações poderá ser maior oumenor, geralmente a aplicação é semanal.IRRIGAÇÃONas fases iniciais que vão do plantio ate o transplantio a irrigação pode ser dotipo nebulização, e quando as plantas forem transplantadas para o vaso definitivo omelhor a ser feito é a irrigação direta no vaso com o objetivo de reduzir a umidade do arpara desfavorecer o desenvolvimento dos microrganismos que possam causar doenças.Nas épocas quentes a irrigação deve ser realizada duas vezes por dia e deve-se ter ocuidado de não encharcar os vasos, pois a pimenteiras são sensíveis ao encharcamento.Nas épocas frias pode-se fazer apenas uma irrigação ao dia.PRAGAS E DOENÇASAs principais pragas observadas em pimenteiras na região de <strong>Areia</strong> sãovaquinhas, mosca branca e pulgão, e as principais doenças são viroses e murchabacteriana. As pragas devem ser controladas imediatamente depois de sua presença serobservada, pois além de serem vetores de doenças causam danos a estética da plantadanificando assim o produto final, e as doenças quando for identificada sua presença emuma planta a mesma deverá ser eliminada imediatamente para evitar que seja fonte deinoculo ou contaminação.Vaquinha - é um besourinho de coloração verde com 5 a 6 mm de comprimento, decabeça castanha, trazendo em cada élitro três manchas amareladas. A fêmea faz apostura no solo, donde eclodem as larvas que, completamente desenvolvidas, medemcerca de 10 mm de comprimento, de coloração branca. O inseto adulto, ao se alimentardas folhas, pode produzir sérios danos, principalmente às plantas nas fases desementeira ou recém-transplantadas para o campo.


Pulgão - Medem cerca de 3 a 4 mm de comprimento. Vivem nos ramos novos e folhassugando seiva, podem causar sérios prejuízos à planta. Ao sugarem a parte final dosramos, provoca seu murchamento e morte, o que força a planta a gerar brotos laterais. Écomum o pulgão atacar flores e frutos em formação, prejudicando a produtividade geralda cultura.Os pulgões, principalmente da espécie Myzus persicae, transmitem o vírus domosaico do pimentão com uma simples picada de prova.Mosca branca – Os adultos da mosca-branca são de coloração amarelo-pálida. Medemde 1 a 2 mm. O ovo, de coloração amarela, apresenta formato de pêra e mede cerca de0,2 a 0,3 mm. São depositados pelas fêmeas, de maneira irregular, na parte inferior dafolha. Por sucção direta ao sugar a seiva das plantas, com a introdução do estilete notecido vegetal, os insetos (adultos e ninfas) provocam alterações no desenvolvimentovegetativo e reprodutivo da planta, debilitando-a e reduzindo a produtividade equalidade dos frutos além de serem vetores de doenças.Vírus - Plantas atacadas por vírus ficam raquíticas, com as folhas amareladas edeformadas. Alguns vírus atacam também os frutos, causando neles manchas edeformações.Murcha bacteriana - É a principal doença vascular de plantas em todo mundo, sendocausada por Ralstonia solanacearum, bactéria habitante natural do solo, onde podesobreviver por mais de 10 anos. Ocorre em todas as regiões do Brasil, causando maioresproblemas principalmente nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ondepredominam temperaturas e umidades elevadas.COMERCIALIZAÇÀO E PÓS-PRODUÇÃOAs pimenteiras ornamentais estão prontas para a comercializaçào quando osprimeiros frutos começam a amadurecer, podendo esta fase demorar de três a seis mesesapós a semeadura, dependendo da variedade utilizada na comercialização.Após a fase de reprodução a pimenteira ornamental tem uma vida útil, aquidenominada de pós-produção e esta é altamente dependente do tipo de cultivar plantada.


Em trabalhos desenvolvidos no centro de ciências Agrárias da UF<strong>PB</strong>, testandoseis diferentes cultivares de pimenteiras ornamentais foi possível verificar uma variaçãona pós-produção de 12 a 31 dias em temperatura ambiente e com regas não regulares.BIBLIOGRAFIABOSLAND, P., VOTAVA, E.J. Peppers: vegetable and spice capsicums. CABIPUBLISHING, 2003.BUSO, G.S.C. et al. Espécies silvestres do gênero Capsicum coletadas na MataAtlântica Brasileira e sua relação genética com espécies cultivadas de pimenta:uma primeira abordagem genética utilizando marcadores moleculares. Brasília:Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2001. 22p. (Boletim de pesquisa edesenvolvimento, 7).http://br.geocities.com/c.caminha/substratos.html?1184728612920INTERNATIONAL PLANT GENETIC RESOURCES INSTITUTE. IPGRI.Descriptors for Capsicum. Rome, IBPGR, 1995. 49p.RÊGO, E. R.; FINGER, F.L; CRUZ, C. D. & RÊGO, M.M.;. Caracterização, diversidadee estimação de parâmetros genéticos em pimenteiras (Capsicum spp.). Anais do IIEncontro Nacional do Agronegócio Pimentas (Capsicum spp.), 2006.REIFSCHNEIDER, F.J.B., org. Capsicum. Pimentas e pimentões no Brasil. Brasília:Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia/Embrapa Hortaliças, 2000.113p.SAPUCAY, M. J RÊGO, E.R.; RÊGO, M.M.; SANTOS, R.M.C.; SILVA, D.F.;SILVA, D.R.; SILVA JÚNIOR, S.J. SILVA, E.A.; SILVA, E.B.Avaliaçào e seleção depimenteiras ornamentais (Capsicum spp.) produzidas em estufa para disponibilizaçãoaos pequenos agricultores da Reserva Mata-do Pau Ferro, Anais do X Encontro deExtensão da <strong>Universidade</strong> federal da Paraíba, <strong>2008</strong>.


I WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANOCurso de Produção deOrquídeas In VitroResponsáveis:Prof. Dr. Maílson Monteiro do Rêgo – <strong>CCA</strong>/UF<strong>PB</strong>Camilla Mendes Pedroza – Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Diego Silva Batista - Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Amaro Afonso Campos de Azeredo – Bolsista ITI-A/CNPq/UF<strong>PB</strong>Rusthon Magno Cortez dos Santos - Bolsista PIBIC/CNPq/UF<strong>PB</strong>Emmanuelle Rodrigues Araújo – MSc. em Agronomia – UF<strong>PB</strong>Lânia Issis Ferreira Alves – MSc. em Agronomia – UF<strong>PB</strong>Dezembro/<strong>2008</strong><strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>


1. INTRODUÇÃOA cultura de tecidos vegetais consiste basicamente em um meio paradesenvolver células ou tecidos em condições artificiais, assépticas e controladas. Nesteambiente, as células, os tecidos ou órgãos, crescem de maneira organizada, regenerandouma planta, ou de maneira desorganizada, ocorrendo a formação de calos.O termo cultura de tecidos segue em associação com a expressão in vitro, sendoesta, bastante utiliza atualmente nos programas de melhoramento genético. O sucessodessa técnica depende de poucos fatores, entre eles a composição nutricional e osreguladores de crescimentos são os mais significativos, pois são eles que promovem odesenvolvimento das plantas.2. ORGANIZAÇÃO DE UM LABORATÓRIO DE CULTURA DE TECIDOS DEPLANTASAs atividades da cultura de tecidos são desenvolvidas em condições assépticas,com temperatura e iluminação controladas. A assepsia é importante porque os fungos eas bactérias encontram no meio nutritivo um ambiente apropriado para o seudesenvolvimento, matando assim a cultura. Uma das formas de garantir a assepsia deum laboratório é com a divisão das atividades, separando-as, e também com a limitaçãoda circulação de pessoas nas áreas de maior assepsia.2.1 Estrutura do laboratório:Para garantir que as atividades desenvolvidas no laboratório tenham resultadoseficazes, elas têm que ser separadas, para melhor segurança. As divisões necessárias sãoas seguintes:2.1.1. Sala de limpeza – é onde ocorre o descarte dos meios de cultura, lavagem devidrarias, utilização da autoclave, etc.2.1.2. Sala de preparo – local onde ocorre o preparo dos meios de cultura, e adestinação do material vegetal a ser utilizado.2.1.3. Sala de transferência – local onde ocorre a manipulação e assepsia do materialvegetal. Nesta sala encontra-se a capela de fluxo laminar.


2.1.4. Sala de cultura – é o local onde as culturas são mantidas até serem retiradas dosfrascos.2.2. Equipamentos e utensílios de um laboratório:2.2.1. Autoclave – utilizada na esterilização de meios de cultura, água, vidrarias e outrosmateriais.2.2.2. Destilador – aparelho utilizado para eliminação de sais presentes na água.2.2.3. Deionizador – aparelho que realiza juntamente com o destilador a tarefa de retiraros sais da água.2.2.4. Forno de microondas – aparelho utilizado para fundir o Agar ou outros agentessolidificantes.2.2.5. Estufa de secagem – é um tipo de forno que produz calor seco, que é eficiente nasecagem rápida de materiais não líquidos.2.2.6. Refrigerador doméstico – aparelho utilizado para manutenção de soluçõesestoquee reagentes.2.2.7. Balança – utilizada para pesagem de macronutrientes.2.2.8. Medidor de pH – aparelho utilizado para ajuste do pH dos meios de cultura.2.2.9. Capela de fluxo laminar – é nesta capela onde são realizadas as inoculações, ostransplantes, pois ela evita a entrada do ar externo contaminado.2.2.10. Frascos de cultura – são utilizados para conservar o meio de cultura, pois criamum ambiente estéril para a sua manutenção.2.2.11. Vidrarias de laboratório – incluem todas as vidrarias típicas, sendo elasutilizadas para o preparo de meios de cultura.3. MEIOS NUTRITIVOSOs meios de cultivo são combinações de sais minerais (macro emicronutrientes), carboidratos, vitaminas e reguladores de crescimento. A composiçãodo meio é bastante variável em função da espécie vegetal e da origem do explante.Sendo constituído de água, sais inorgânicos, fontes de carbono e energia, vitaminas ereguladores de crescimento, além de componentes adicionais como Agar e carvãoativado.


4. TÉCNICAS BÁSICAS4.1. Cultura de embriões – é uma técnica utilizada na superação da dormência desementes; no estudo dos aspectos nutricionais e fisiológicos do desenvolvimentoembrionário; no teste da viabilidade das sementes; na recuperação de híbridos decruzamentos incompatíveis; e como fonte de explantes com tecido de elevadatotipotência.4.2. Micropropagação - é uma técnica de propagação clonal em massa de certogenótipo por processos in vitro. É um procedimento de importância na agricultura,dando enfoque na produção em larga escala de plantas praticamente livres de patógenos.Existem diferentes rotas morfogenéticas para obtenção de plantas in vitro: O desenvolvimento desorganizado: formação de calos, que se originam a partirda proliferação desordenada de tecidos ou órgãos cultivados in vitro. O desenvolvimento organizado: formação da planta inteira, sendo que váriasetapas são seguidas para se chegar a isso.5. MORFOGÊNESEÉ um processo de integração entre o crescimento qualitativo e quantitativo, queocorre através da divisão e da especialização celular. Quando observada em uma plantaintacta, a morfogênese é mediada pela ação dos meristemas e seus produtos, masquando observada in vitro, a mediação ocorre através dos fitorreguladores presentes nomeio.6. ORGANOGÊNESEÉ um processo utilizado em todas as culturas onde o crescimento é organizado epode ser continuamente mantido. Para a micropropagação, as culturas de órgãos maisimportantes são: Cultura de meristemas – compreende o isolamento e a inoculação do domoapical sem os primórdios foliares. É uma técnica utilizada para estudos defitorreguladores na iniciação foliar, no florescimento, na micropropagação e napropagação de plantas livres de patógenos. Cultura de ápices caulinares – compreende o estabelecimento in vitro debrotações apicais juntamente com os primórdios foliares, produzindo múltiplasbrotações.


Cultura de segmentos nodais – estes segmentos são constituídos de gemaslaterais isoladas, segmentos de caule com uma ou múltiplas gemas. Sendo quecada gema se desenvolve e forma uma única brotação. Cultura de embriões – esta cultura compreende o isolamento e crescimento deembriões zigóticos extraídos de sementes, visando a obtenção de plantas viáveise formação de brotos.7. PROCEDIMENTOS7.1. Preparo e esterilização do meio de cultura – para o preparo do meio de cultura, assoluções-estoque devem estar em concentrações mais elevadas para facilitar oprocedimento. Mistura-se água deionizada com todas as soluções-estoque, juntamentecom as vitaminas e a sacarose; em seguida verifica-se o pH da solução, sendo este +5,7; avoluma-se a solução; acrescenta-se o Agar e verte no forno microondas o meio;distribui-se o meio nos recipientes e os leva para a autoclave, onde será esterilizadofisicamente por 20 minutos a 120°C.7.2. Desinfestação dos explantes – para este procedimento são utilizados compostos abase de cloro, ácidos ou bases concentradas, juntamente com algumas gotas de umdetergente a base de cloro para melhorar o contato com os tecidos. A concentração, osprincípios ativos e o tempo de exposição são fatores que variam muito, dependendo dasensibilidade do tecido a ser desinfetado, portanto utiliza-se a maneira de inversãoproporcional da concentração com o tempo de exposição. Depois de desinfestado omaterial vegetal em soluções germicidas, este é lavado em água destilada, deionizada eautoclavada, estando pronta para a inoculação.7.3 Isolamento do explante – este procedimento deve ser realizado somente em capelade fluxo laminar, pois nela, o explante fica livre da ação de patógenos. Nesta parte, temque se tomar cuidado com o manuseio. Todos os instrumentos devem estar esterilizadospara evitar a contaminação.7.4 Incubação – as condições de incubação variam muito. Logo nos primeiros dias deisolamento, o escuro total ou intensidades de luz reduzidas são úteis para diminuir oefeito da oxidação fenólica, como também para evitar o estresse nos explantes, quequando estavam na planta, não eram expostos a luz.7.5 Transplantio e aclimatação – esta etapa envolve a transferência da planta in vitropara a casa de vegetação, sendo submetido à aclimatação e endurecimento. Esta é a


parte crítica da micropropagação, pois a planta passa de um ambiente asséptico, rico emnutrientes, e heterotrófico, para um ambiente autotrófico, que sofre o ataque demicrorganismos, e ainda necessita de incrementação na absorção de sais.8. REFERÊNCIAS:TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. Cultura de Tecidos e TransformaçãoGenética de Plantas, 1ª Ed. Brasília: Embrapa-SPI/Embrapa-CNPH, 1998. 509p.GUERRA, M.P.; NODARI, R.O. Apostila de Biotecnologia 1 – cultura de tecidosvegetal. Santa Catarina: Steinmacher, 2006. 41p.


I WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANOViveirismo – Parte IResponsável:Prof. DSc. Leonaldo Alves de Andrade-<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong><strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>Dezembro/<strong>2008</strong>


1. INTRODUÇÃOAs florestas vêm sendo devastadas há séculos em todo o planeta. Segundo oInstituto de Recursos Mundiais (WRI), dos 62.200.000 km 2 de florestas que cobriam asuperfície da terra, apenas 33.400.000 km 2 ainda subsistem parcialmente. O Brasil temsido apontado como um dos países onde o desmatamento é acentuado, mas muitas vezessomos levados a acreditar que a questão se restringe apenas à Amazônia, pois é paraaquela região que a imprensa se volta. Porém, este é um problema de todos nós! Amaioria dos estados nordestinos já perdeu a maior parte de sua cobertura florestalnativa, cuja devastação continua crescendo, para atender à demanda social de produtosflorestais.Historicamente tem-se assistido em nosso País, a exploração dos recursosautóctones de forma irracional, especialmente por empresas que avançam com osmonocultivos, com a pecuária, ou mesmo com a expansão dos centros urbanos. Aabertura de estradas e a execução de grandes projetos agrominerais e hidroelétricos,além da comercialização em larga escala de diversas espécies de interesse econômico,são atividades que igualmente respondem pela devastação florestal.Tudo isso vem afetando, de maneira gradativa e crescente, a vida na terra egerando problemas ambientais de diferentes magnitudes. As mudanças climáticasconstituem o exemplo mais conhecido, mas não podemos esquecer a desertificação, amorte dos rios e escassez de água, dentre tantos outros problemas ambientais queatualmente enfrentamos.A solução para todos esses problemas exigem mudanças coletivas de posturas,hábitos e estratégias de exploração e gestão dos recursos naturais. A Silviculturaconservacionista é parte da solução desses problemas, seja pela lista de produtos queoferece, seja pela funções ambientais que a vegetação desempenha. Os plantiosflorestais, particularmente com espécies nativas, em pequena ou média escalarepresentam uma mudança de rumo.O Viveirismo, como atividade que envolve a coleta, o beneficiamento e oarmazenamento de sementes florestais, bem como todas as etapas necessárias paraproduzir e conduzir mudas florestais, se apresenta como uma importante vertente de


transformação dessa realidade. Mais do que benefícios ambientais, o viveirismo é umaatividade capaz de promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas.Com este objetivo, o Setor de Silvicultura, através do Laboratório de EcologiaVegetal do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, vem oferecendo cursos de viveirismo numa perspectivateórico-prática, voltados a realidade dos agricultores familiares nordestinos. Esperamosassim estar colaborando para a melhoria do meio em que vivemos e, mais ainda,esperamos despertar o interesse pelo viveirismo como atividade geradora de emprego erenda, capaz, de promover a inclusão social, valorizar as pessoas e o meio em quevivem. Este é o nosso propósito!2. COLETA DE SEMENTES FLORESTAIS2.1 Tipos de Sementes FlorestaisAs sementes florestais são muito diferentes entre si. Existem sementes dediferentes formas e tamanhos, pequenas, médias e grandes. Algumas são aladas, muitassão protegidas por estruturas endurecidas que dificultam a germinação. Outras ainda sãomuito delicadas e precisam de cuidados especiais para garantir a sua viabilidade na horada germinação.De um modo geral, no que se referem à capacidade de suportar a desidratação eserem armazenadas, as sementes florestais são classificadas em dois grandes grupos,que vias de regras, informa como e quando utilizar estas sementes, são elas: asortodoxas e as recalcitrantes.- Sementes Ortodoxas: são aquelas que podem ser secadas e armazenadas sem perdersua capacidade de germinar. Este tipo de semente se mantém viáveis após dessecaçãoaté um grau de umidade em torno de 5% e podem ser armazenadas sob baixastemperaturas por um longo período de tempo. Como exemplos desse grupo temos:sabiá, tamboril, jucá, cumarú, jatobá, leucena, moringa, etc.


- Sementes Recalcitrantes: São aquelas que perdem rapidamente sua viabilidadequando desidratadas, pois são sensíveis à dessecação, que não sobrevivem com baixosníveis de umidade, o que impede o seu armazenamento por longo prazo. Este tipo desemente possui umidade superior a 55% e uma vez colhidas, devem ser semeadas omais rapidamente possível ou armazenadas em condições especiais. Como exemplosdesse grupo temos: feijão bravo, pitomba, mangaba, jabuticaba, jambo, etc.- Sementes Intermediárias: São aquelas que apresentam um comportamento dearmazenamento intermediário ao ortodoxo e ao recalcitrante e toleram a desidratação até 7,0% a10% de umidade, mais não toleram baixas temperaturas durante período de tempo prolongado.2.2. Seleção de Áreas e de Matrizes para a Coleta de Sementes- Seleção das Áreas de Coleta:Inicialmente devem-se localizar os remanescentes (áreas de florestas) de modoque haja representatividade geográfica. Ou seja, devemos selecionar diversas matas ouáreas com vegetação, situadas em vários municípios ou em uma região mais ampla.Deve haver, portanto, uma boa distância entre os locais de coleta para que a diversidadeou riqueza genética não seja perdida. Nunca devemos coletar sementes de um só local.- Seleção de Árvores Matrizes:Na escolha das matrizes deve-se selecionar as plantas com melhor aparênciapossível. Isto inclui os indivíduos dentro do padrão da espécie, isto é, as plantasvigorosas, com copas bem formadas, caules bem característicos, livres de pragas edoenças. Não podemos esquecer que as sementes herdam boa parte das característicasdas plantas-mães e transmitem essas características para as mudas.Assim, sementes coletadas em árvores selecionadas, darão origem à mudas deboa qualidade. Características importantes devem ser tomadas na seleção de matrizes:


- Porte: as matrizes devem apresentar porte compatível com a espécie. Em se tratandode madeiras nobres, o ideal é que sejam árvores de grande porte, não muito antigas eainda em fase de crescimento.- Forma da copa: toda espécie tem uma forma própria de copa, também chamada dearquitetura de copa. Assim, as matrizes devem apresentar uma copa bem formada, bemdistribuída e proporcional à altura da árvore. Isto favorece a exposição ao sol econsequentemente uma maior uniformidade na produção de sementes;- Vigor e Sanidade: estas características estão relacionadas com a resistência natural apragas e doenças, com a nutrição e outros aspectos essências à vida vegetal. Ou seja,uma árvore sadia (livre de pragas, parasitas e doenças), bem desenvolvida, com tronco egalhos bem formados, com folhas na coloração típica da espécie, denota vigor esanidade.Após a seleção das matrizes, com as característica desejadas, recomenda-se realizara classificação botânica, etiquetação, enumeração e elaboração de um mapa delocalização desta matriz, para que com isto possamos garantir a coleta de sementes naépoca seguinte.2.3. Maturação das SementesA coleta das sementes deve ser realizada somente quando estas atingirem a idadede maturidade fisiológica, que coincide com o máximo poder germinativo e vigor. Emmuitas espécies isto se nota por mudanças na coloração dos frutos e, em outras, quandoos frutos se abrem ou se soltam das plantas.Os melhores indicadores da época de coleta de sementes no campo são acoloração dos frutos, a resistência à liberação das sementes, a presença de rachaduras, aqueda natural, a abertura pelo toque e a presença de animais que se alimentam dessesfrutos ou de sementes. Como exemplos podemos citar o Jenipapo, que quando maduromuda de coloração, ocorre queda natural do mesmo, e a presença de animal pode sernotada sempre,


2.4. Métodos de Coleta de SementesEm geral, as sementes florestais são coletadas diretamente nas matrizes ou porcatação sob as árvores.A coleta direta nas matrizes depende de uma série de características tais como:altura das árvores, disponibilidade de pessoal habilitado para subir nas mesmas, eequipamentos, bem como dos tipos de frutos e sementes.O tipo de frutos, de sementes e de dispersão é determinante para o sucesso dacoleta. Frutos com sementes pequenas, sementes aladas e que são dispersas a grandesdistâncias ou predadas por animais devem ser coletados diretamente na planta tão logocomplete a maturidade fisiológica. Espécies como a pitomba, o cedro, o pau d’arco, asapucaia, o feijão bravo, são exemplos daquelas que se devem coletar os frutosdiretamente nas plantas e proceder ao beneficiamento das sementes.Algumas dicas podem ajudar a identificar o momento certo da coleta, tais comoa liberação de sementes de um mesmo galho ou de um mesmo cacho pode indicar queas demais estão aptas a serem colhidas. Uma análise do aspecto e da coloração dealgumas sementes também ajuda. Geralmente as sementes maduras se tornam maisescuras, amarronzadas e bem mais rígidas do que as imaturas.Para se coletar sementes diretamente nas copas das árvores necessita-se deferramentas e ou equipamentos de segurança. Em geral, são usados cinturões desegurança, peias, esporões, escadas, tesouras, podões e facões, havendo casos em que seusa até espingardas para derrubar galhos carregados de frutos.A coleta diretamente nas matrizes é o melhor método, pois assegura que assementes são novas, o que deve proporcionar maior germinação, além de permitir aobtenção de sementes mais puras, livres de patógenos, tais como fungos e insetos que asatacam quando atingem o solo.A coleta de sementes no chão é recomendada quando não é possível coletá-lasnas matrizes ou quando estas já foram liberadas. Há espécies que as sementes seencontram dentro de frutos secos, muito resistentes e que por isso podem ser colhidospor catação sob as matrizes, sem problemas e com menor esforços.3. LIMPEZA E BENEFICIAMENTO DE SEMENTES FLORESTAISO beneficiamento é o conjunto de operações que se estende desde a coleta até o


armazenamento e que visa à extração, limpeza, secagem e a proteção das sementes,deixando-as em condições de serem armazenadas, conservando a sua viabilidade.Esta é uma etapa de grande importância no trato com sementes florestais. Umbeneficiamento correto mantém a qualidade das sementes e aumentam de formaexpressiva as chances de sucesso em um programa de produção de mudas.3.1. Separação das Sementes dos FrutosA forma de remoção das sementes dos frutos depende do tipo de fruto:- Frutos carnosos: estes frutos devem ficar imersos em água de 12 a 24 horas. Depoiscom o auxílio de uma peneira, os frutos são amassados, lavando-se as sementes que sãoretiradas, separadas dos restos de frutos e secadas a pleno sol ou a sombra. Nesseprocesso também podem ser usados despolpadores.- Frutos secos: estes frutos dividem-se em deiscentes (abrem naturalmente) eindeiscentes (não se abrem naturalmente). No primeiro caso, os frutos devem sercolhidos antes que se inicie a liberação das sementes e postos para secar ao sol ou emsecadores. Se esperarmos que a dispersão ocorra, grande parte das sementes pode serperdida, principalmente se estas forem pequenas ou providas de mecanismos quepossibilitem sua deslocação pelo vento (asas). Para os frutos indeiscentes, exige-se forçafísica e ferramentas para liberar as sementes. O problema neste caso é encontrar meiospara extrair as sementes sem danificá-las.3.2. SecagemApós a coleta dos frutos, é importante submetê-los a um processo de secagem,para os que apresentam dispersão natural liberem as sementes e para os que sãoindeiscentes (não se abrem naturalmente) haja a facilitação da posterior abertura manualdos mesmos.A secagem também é fundamental para a boa conservação das sementes, porémé preciso tomar cuidados para não matá-las. Sementes pequenas, delgadas ou muito


finas exigem cuidados especiais. Portanto, a secagem deve ser lenta, de preferência emlocal bem arejado, ventilado e à meia sombra. Apenas as sementes maiores ou comproteção dura e resistente suportam secagem por vários dias diretamente ao sol. Quandonão se conhece bem o comportamento das sementes é melhor secá-las à sombra,lentamente, até que estas alcancem a umidade ideal para armazenamento.As sementes florestais podem ser armazenadas com umidade em torno de 10%,na prática, isso pode ser determinado apertando algumas sementes com a unha, comuma faca ou outro instrumento cortante. Quando a umidade ideal é alcançada assementes se tornam rígidas e geralmente se quebram a ser forçado o corte.Na secagem ao sol, os frutos ou as sementes deverão ser colocados sobre lonas,terreiros cimentados, bandejas ou tablados em camadas de 3 a 10 cm, conforme aespécie. Como já foi explicado anteriormente, apenas as sementes ortodoxas podem sersubmetidas à secagem. As recalcitrantes morrem se forem secas, por isso devem sersemeadas logo que colhidas. Este tipo de semente deve, no máximo, ser limpo e deixadoà sombra por algumas horas até perderem o excesso de umidade superficial e, emseguida devem ser semeadas, ou armazenadas em condições especiais.3.3. Separação das ImpurezasA separação das impurezas ou limpeza das sementes consiste na retirada demateriais indesejáveis, que devem ser removidos a fim de facilitar o armazenamento, asemeadura e aumentar a qualidade e a longevidade das sementes.Para a limpeza se utiliza peneiras ou catação manual dos corpos estranhosmisturados às sementes, tais como restos de galhos, folhas e sementes de outrasespécies.4. ARMAZENAMENTO DE SEMENTES FLORESTAISO armazenamento consiste na acomodação das sementes coletadas ebeneficiadas, em condições tais que assegurem o seu poder germinativo por um maiortempo possível. A capacidade que as sementes têm de conservar o poder germinativochama-se de longevidade.


Quanto à longevidade as sementes florestais são classificadas em:- Microbióticas: são aquelas que podem ser armazenadas por até três anos, semperder o poder germinativo;- Mesobióticas: são aquelas que podem ser armazenadas por até 15 anos semperder o poder germinativo;- Macrobióticas: são aquelas que podem ser armazenadas por mais de 15 anossem perder o poder germinativo;O período de armazenamento das sementes florestais depende dos objetivos e doplanejamento das atividades para uso futuro das mesmas. Normalmente se consideracurto, quando não ultrapassa seis meses; médio, quando vai até cinco anos e longo,quando ultrapassa esse período.De um modo geral, pode-se dizer que o armazenamento visa diminuir avelocidade de deterioração das sementes e para isso pode-se recorrer desde os métodosmais simples aos mais sofisticados como, por exemplo, ambientes com temperatura eumidade controladas, embalagens de diversos tipos e congelamento.4.1. Condições de Armazenamento de Sementes FlorestaisEm condições ambientais as sementes tendem a perder o poder germinativo nomenor espaço de tempo. Para a maioria das espécies isso varia de alguns dias a algunsmeses e, em casos raros, pode chegar a um ou dois anos.Para aumentar a longevidade das sementes, recorre-se a condições especiais dearmazenamento, o que é quase sempre conseguido controlando-se a temperatura e aumidade relativa do ar. A grande maioria das sementes das espécies florestais conservasemelhor em ambientes secos e frios.Dessa maneira o sucesso ou o fracasso na conservação das sementes vai


depender da escolha correta do ambiente para armazená-las. Portanto, os ambientesmais recomendados para isto são as câmaras de sementes.Estas câmaras são classificadas em:- Câmaras frias e úmidas: apresentam temperatura variando de 5 a 10 ºC e umidaderelativa de 40 a 90%. Este tipo de câmara é indicado para sementes recalcitrantes;- Câmaras secas: neste tipo a temperatura varia de 10 a 15 ºC e umidade relativa de40a50%. Conservam bem sementes ortodoxas, porém não por muito tempo.- Câmaras frias e secas: com temperatura variando de 4 a 10 ºC e umidade relativa de40 a 50% é o tipo de câmara que apresenta condições para armazenamento por períodosmaiores.O armazenamento por tempo indeterminado exige condições especiais, embaixíssimas temperaturas, utilizando uma técnica chamada de crio conservação.4.2. Embalagens para o Armazenamento de Sementes FlorestaisAs embalagens destinadas ao armazenamento de sementes florestais sãoclassificadas de acordo com a sua permeabilidade ao vapor de água, nas seguintescategorias:- Embalagens porosas ou permeáveis: são aquelas que permitem a troca de umidadeentre as sementes e o ambiente. Quando as sementes são armazenadas em condições dealta umidade relativa do ar, o teor de umidade das sementes será aumentado, acelerandoo processo de deterioração. Essas embalagens são utilizadas para armazenamento emcâmaras secas, em função das sementes apresentarem baixo teor de umidade. Ex: Sacosde tecido, sacos de papel comum.


- Embalagens semipermeáveis: apresentam certa resistência à penetração de umidade,mas não impedem completamente a passagem desta. São mais eficientes na conservaçãodo que as embalagens porosas. Ex: Sacos de plástico transparente comum, sacos depapel laminado.- Embalagens impermeáveis: são aquelas que não permitem a troca de umidade entreas sementes e o meio ambiente. Por não permitir a variação no teor de umidade econservam as sementes por mais tempo. Ex: Latas, vasilhames de zinco, garrafas erecipientes de vidro.De um modo geral recomenda-se que, na ausência de condições especiais paraarmazenamento de sementes, dêem preferência às embalagens impermeáveis e ascoloquem em lugares que não recebam sol. Os locais mais frios e escuros são melhores,não esquecendo de que as embalagens devem estar bem fechadas, para não permitir apassagem de ar entre as sementes e o meio. Assim elas se conservam por mais tempo.Outro fator importante que se deve ser levado em consideração, o qual podecomprometer todos os processos de armazenamento, e o ataques de pragas, pragas degrãos armazenados.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBIANCHETTI, A. Produção e tecnologia de sementes de essências florestais.Curitiba, PR, URPFCS/EMBRAPA, 1981. 22p. (Documentos, 2).DAVIDE, A. C; FARIS, J. M. S; BOTELHO, S.A. Propagação de espécies florestais.Lavras: UFLA, 1995, 41p.FLORIANO, E.P. Armazenamento de sementes florestais. 1° Ed. Santa Rosa, 2004,10p.


GALVÃO, A. P. M. (Org.) Reflorestamento de propriedades rurais para finsconservacionistas. EMBRAPA, Brasília. 2000. 351p.IBAMA. Sementes florestais: colheita, beneficiamento e armazenamento. Brasília:IBAMA/PNUD, 1998, 26p.SCHUMACHER, M. V; HOPPE, J.M; FARIAS, J.A. Manual de instrução paracoleta , beneficiamento, armazenamento e análise de sementes florestais. AFUBRA,2004, 26p.


I WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANOViveirismo – Parte IIResponsável:Prof. DSc. Leonaldo Alves de Andrade-<strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong><strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>Dezembro/<strong>2008</strong>


1. INTRODUÇÃOO desequilíbrio ambiental causado pela ação do homem vem se agravando acada dia em nosso planeta. O desmatamento, a extinção de espécies, a erosão dos solos,a escassez de água e a desertificação, constituem exemplos dessa problemática.Parte da solução dos problemas ambientais passa pela recomposição davegetação, mas isto exige a formação de uma consciência conservacionista, além decapacitação técnica e recursos financeiros. A formação de recursos humanos emviveirismo constitui uma parte muito importante desse processo, pois as ações dereflorestamento e ou de recomposição da vegetação degradada, depende da produção desementes e mudas de boa qualidade e, sobretudo da conscientização coletiva a esserespeito.A produção de mudas florestais envolve uma série de atividades ecológica eeconomicamente viáveis que, se implementadas de forma correta, faz do viveirismouma fonte de trabalho e renda, contribuindo assim para a inclusão social e para melhoriada qualidade do meio ambiente.Vastas áreas da Região Nordeste do Brasil têm forte vocação florestal, como é ocaso do brejo paraibano, cujo relevo acidentado impõe restrições ao uso dos solos.Também nos domínios do semi-árido, o plantio e a manutenção de árvores deveria seruma regra, haja vista a necessidade de proteger o solo e tornar as condições climáticasmais favoráveis à vida. Não obstante essas características, o viveirismo e a silviculturasão atividade ainda muito pouco desenvolvidas na região, o que impões a necessidadede estímulos e formação de recursos humanos para desenvolvê-las.Evidentemente, a profissão de viveirista, como as demais, exige dedicação,aprendizado e formação técnica à altura da qualidade que o mercado exige. Com oobjetivo de despertar o interesse regional pelo viveirismo o Setor de Silvicultura,através do Laboratório de Ecologia Vegetal do <strong>CCA</strong>-UF<strong>PB</strong>, com o apoio do CNPq,preparou este curso sobre Formação de Viveiros e Produção de Mudas Florestais,voltado para agricultores familiares.Esperamos assim estar colaborando para a melhoria o meio ambiente e, maisainda, queremos despertar o interesse pelo viveirismo como atividade capaz de


promover a inclusão social, a partir da geradora de emprego e renda. Este é o nossopropósito!2. VIVEIROS FLORESTAISUm viveiro florestal é uma área dotada da infra-estrutura adequada e necessáriapara atender a todas as etapas do processo de produção de mudas. Esse processoenvolve desde a coleta, o beneficiamento e o armazenamento de sementes, até asemeadura, a condução das mudas e o seu envio para o campo.Na instalação de um viveiro florestal, é indispensável buscar os meios maissimples, para que os custos se minimizem ao máximo, possibilitando a viabilidade domesmo, sem que haja perdas na qualidade das mudas produzidas.2.1 Tipos de Viveiros FlorestaisConforme sejam os objetivos de sua instalação, os viveiros de produção demudas florestais são classificados em duas categorias: temporários ou provisórios epermanentes ou fixos.- Viveiros Florestais Temporários ou Provisórios:São viveiros de pequenas dimensões localizados na área de plantação, destinadosa produção de mudas em um curto período de tempo, com a finalidade de produzirexcedentes florestais para reflorestamento, principalmente de áreas que se encontramem torno de lagos, leitos de rios, hidrelétricas, em fim áreas de difícil acesso. Osviveiros destinados a atender a programas ou projetos com período determinadotambém se enquadram nesta categoria.Esse tipo de viveiro dispensa instalações mais sofisticadas, barateando assim oscustos de produção. Depois que as mudas forem plantadas no campo não há anecessidade de manter a estrutura do viveiro.


- Viveiros Florestais Permanentes ou Fixos:São viveiros institucionais ou empresariais, que possuem ampla infra-estrutura etêm caráter permanente. Ou seja, são construídos e equipados para produzir por tempoindeterminado, geralmente por décadas. Com o avanço da tecnologia, os viveirosflorestais permanentes têm ganhado preferência para a atividade de produção de mudas.Uma das justificativas para isto é o nível tecnológico empregado na produção de mudasque é cada vez maior. O uso de tubetes de plástico rígido é o maior exemplo dessatecnologia que possibilita a produção de mudas, em série e com alto padrão dequalidade.Quase sempre convém produzir as mudas em um viveiro permanente, mesmoque este seja distante das áreas de plantio, do que construir viveiros temporários, malestruturados, em locais mais próximos. A qualidade das mudas produzidas, adisponibilidade de pessoal técnico qualificado e a infra-estrutura de produção,geralmente compensam os custos de transporte.2.2. Localização dos Viveiros FlorestaisUm dos aspectos mais importantes na instalação de um viveiro é sua localização.Viveiros bem localizados apresentam vantagens e facilidades funcionais que podemfazer a diferença entre a continuidade ou a interrupção das atividades de produção.Primeiro é preciso que no local das instalações exista água em quantidade e comqualidade para a demanda que se estar implantando.A área dever ser bem drenada para evitar o encharcamento e permitir o trânsitode pessoas, veículos, e implementos durante o ano inteiro. Quando possível, deve-se darpreferência a áreas ainda não trabalhadas, porque locais cultivados por muito tempo sãomais susceptíveis focos de pragas e doenças.Além desses aspectos, são igualmente importantes a distância dos mercadosconsumidores, as vias de acesso, a disponibilidade de energia elétrica e mão-de-obrapara tocar as atividades do viveiro.


3. ESTRUTURA DE UM VIVEIROOs viveiros geralmente possuem uma estrutura básica constituída de galpão,depósito ou armazém, sistema de irrigação, escritório e outras unidades de apoio.Viveiros mais tecnificados geralmente dispõem de câmaras de sementes e equipamentosespecíficos como mesas vibratórias, estufas, telados, câmaras de nebulização, dentreoutras.Com a modernização dos processos produtivos, os viveiros foram adquirindocomplexidade. Os viveiros que usam exclusivamente tubetes e produzem grandesquantidades de mudas geralmente são setorizados, apresentando os seguintescompartimentos:- Berçário ou área de semeio: local onde os tubetes recebem o substrato,passam por mesas vibratórias, recebem as sementes, são regados e deixados emcondições favoráveis à germinação;- Área de Desenvolvimento: é o setor para o qual as mudas são transferidaslogo após a germinação. Ali recebem água e nutrientes em quantidades suficientes paraacelerar o seu crescimento;- Área de rustificação: ao atingirem o tamanho de ir para o campo, as mudasdevem passar por um processo de adaptação às condições naturais, que são muito maisinóspitas do que aquelas a que foram submetidas até então. A área de rustificação é olocal onde as mudas são submetidas a estresse hídrico (falta de água), a irrigação édiminuída, o fornecimento de nutrientes é cortado. Ali as mudas são preparadasfisiologicamente para serem levadas para o campo. Em outras palavras, na área derustificação as mudas são “castigadas” para se acostumarem com as dificuldades davida.- Área de Espera: uma vez rustificadas, as mudas estão em condições de ir parao campo. Na prática, nem sempre isso acontece no momento certo. Portanto, os viveiroscostumam possuir uma área onde essas mudas são colocadas até serem levadas para oplantio, esse local é a área de espera.


3.1. Dimensionamento de um ViveiroEste é um aspecto também muito importante para se evitar problemas futuros.Viveiros sub-dimensionados (pequenos), limitam a produção e atrasam ou impedemplanejamentos. Por outro lado, viveiros muito grandes implicam em despesas demanutenção e cuidados em geral.O ideal é ter área cercada suficiente para atender à demanda do momento e áreaem reserva para atender a possíveis demandas eventuais.Sabendo-se a quantidade de mudas que se quer produzir, ou a área que sepretende reflorestar, por exemplo, é possível estimar a área de um viveiro. Quando aprodução é feita em sacos de polietileno pode-se tomar como referência a relação de 55mudas por metro quadrado de canteiro. Se o alvo for revegetar uma determinada área, arelação de produção deve ser 50m 2 de canteiros para cada hectare a ser reflorestado.Além da área ocupada pelos canteiros, há necessidade de vias de deslocamentode pessoas com ferramentas e ou veículos. Esta é a área de circulação e deve serestimada em cerca de 40% da área de canteiros, para que o viveiro permita um bomfluxo de pessoas e serviços.3.2. Os CanteirosCanteiros são os leitos de solo ou alvenaria onde os recipientes com as mudassão dispostos e organizados de modo a proporcionar as melhores condições dedesenvolvimento às plantas.O dimensionamento correto dos canteiros é muito importante para afuncionalidade de um viveiro. O tamanho, a distribuição e a organização dos canteirosinterferem no rendimento da produção e na qualidade das mudas. Canteiros malinstalados ou mal dimensionados podem prejudicar a disponibilidade de luz para asmudas, dificultar as capinas, a irrigação e os tratos culturais.Em geral, os canteiros não devem ter mais de 1,2 m de largura, devendo manter60 cm de distancia entre si. Quanto ao comprimento, recomenda-se que se façam ajustes


com o sistema de irrigação. Portanto, o comprimento dos canteiros deve ser de 24m ou umnúmero que seja múltiplo de seis, para não haver problemas na instalação do sistema deirrigação e nem dificultar a circulação de pessoal entre eles. Canteiros muito compridosimplicam em dificuldades de circulação de pessoal em torno deles, o que obriga ostrabalhadores a percorrerem grandes distancias dentro do viveiro durante o dia,implicando em perda de tempo e cansaço físico. Os canteiros devem ser montados nadireção leste-oeste para que a luz incida em proporções iguais a todas as mudas.Seguindo essas medidas um conjunto de 60 canteiros cobre um terreno de 90 mde comprimento por 24 m de largura.Se a produção de muda for por meio de repicagem, os canteiros de semeaduradevem ser um pouco menores, chegando a no máximo 10 m de comprimento comlargura de 1 m. Para mudas a serem plantadas com raiz nua eles podem ser de 0,9 m delargura com até 96 m de comprimento.3.3. Preparo de CanteirosOs canteiros permanentes são feitos em alvenaria de tijolos ou pedras. Podem terfundo de solo ou cimentado e as laterais que não ultrapassem a metade da altura dosrecipientes. Os canteiros em solo são feitos manual ou mecanicamente, usandomaquinas tracionadas por tratores de pneus. Neste caso o que se faz, na verdade é asistematização ou o aplainamento da área onde os recipientes vão ser organizados emblocos, seguindo orientações técnicas que devem obedecer a posição do terreno e odesenho do viveiro.Quando o método de plantio for direto, ou seja, as sementes forem plantadasdiretamente nas embalagens, no caso saco plástico, os canteiros devem ser marcados porpiquetes ligados por fios de arame, para facilitar a colocação dos recipientes.No caso de uso de tubetes, o canteiro pode ser formado por bandejas de isoporou polietileno ou ainda por telas dispostas a uma altura entre 80 cm a 100 cm esustentadas por suportes fixos no solo. Para as bandejas de isopor ou polietileno, a


suspensão deve ser feita por tijolos ou blocos de madeira a uma altura de 10 cm,evitando que as raízes que passam dos tubetes toquem o solo.Um dos fatores que também contribui para a uniformização das mudas é oencanteiramento correto. A distribuição dos recipientes nos canteiros deve ser da formamais horizontal possível, de modo que a boca, ou parte superior dos recipientes, fiqueno mesmo nível.Quando se trata da produção de mudas em tubetes, as caixas de isopor oupolietileno devem também ser colocadas em nível e evitar, ao máximo, espaços entre asbandejas. Esses espaços servem como abrigo para pragas, que posteriormente possamprejudicar as mudas e ainda facilitam o surgimento de ervas daninhas.3.4. Uso de SementeirasÉ muito comum o uso de sementeiras em viveiros florestais. As sementeiras sãoleitos onde as sementes são postas para germinar e daí as mudas serão posteriormentetransplantadas para os recipientes. Esta prática é usada apenas em viveiros que usamsacos de polietileno como recipientes de produção e se justifica porque as sementesflorestais quase sempre não apresentam índice de germinação elevado, o que acabaacarretando desuniformidade nas mudas e aumento de mão-de-obra, quando se optapelo semeio direto nos recipientes.O uso de sementeiras garante maior uniformidade nas mudas, reduzsignificativamente o número de embalagens cegas (vazias) e contorna o problema dadeficiência de mudas, causada pelos baixos índices de germinação das sementes.4. SUBSTRATOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE MUDASNa produção de mudas um dos aspectos mais importantes é a natureza e aqualidade dos substratos. Substratos são os materiais usados para encher os recipientes eefetuar o semeio ou transplantar as mudas. Os substratos devem proporcionar odesenvolvimento adequado das mudas, fornecendo nutrientes, retendo água e ar, emquantidades adequadas.


Os substratos para produção de mudas devem ser constituídos por material defácil manejo (poroso, não pegajoso), devem permitir a aeração, ser o mais amorfopossível e aceitar umedecimento sem compactação (apresentar a uma boa drenagem),em resumo, apresentar boas características físicas e químicas favoráveis ao crescimentodas plantas.Os substratos devem ser adequados também aos tipos de recipientes usados. Parasacos plásticos, geralmente se usa uma mistura de terra de subsolo (70%) maiscomposto orgânico ou esterco curtido (30%), ou seja, como esses recipientes nãoapresentam rigidez, é preciso que o material tenha uma consistência suficiente paraconferir estabilidade da mesma no manuseio das mudas.Quando se usa tubetes, deve-se dar preferência a substratos mais soltos(amorfos), pois esses recipientes são geralmente de pequeno volume o que exigematerial mais fértil e com baixo poder de compactação (endurecimento). No mercadoexistem formulações prontas, algumas delas têm a seguinte composição:a) vermiculita (30%), terra de subsolo (10%) e matéria orgânica (60%);b) terra de subsolo (40%), areia (40%) e esterco curtido (20%);c) vermiculita (40%) mais terra de subsolo (20%) e casca de arroz calcinada(40%).A areia é um substrato que apresenta uma baixa retenção de água e é deficienteem nutrientes, por isso deve ser utilizada mediante uma mistura com outros substratos,para melhorar a estrutura de outros materiais (melhorar a drenagem). A vermiculitatambém é um substrato inerte, sendo necessário o fornecimento e o balanceamento denutrientes essenciais, por meio de adubações periódicas.O humos é um pó fino, granulado, escuro, sem cheiro e solto, sendo a matériaorgânica no estágio mais avançado de decomposição. É rico em elementos essenciais ànutrição das plantas, como nitrogênio, fósforo, magnésio, enxofre e potássio, contendobactérias fixadoras de nitrogênio. Na formulação de substratos é indispensável a


presença de substâncias orgânicas, sendo que estas tem um papel de destaque, uma vezque melhoram a aeração, são grandes fornecedores de nutrientes, aumentam acapacidade de retenção de água, sendo estas características indispensáveis a produçãode mudas.De modo geral, o substrato resulta de diversas combinações, desde que sigamum padrão exigido pela espécie para seu desenvolvimento. Na formulação de umsubstrato é de fundamental importância a disponibilidade regional do material e agarantia de sua exploração permanente.5. RECIPIENTES UTILIZADOS NA PRODUÇÃO DE MUDASNa produção de mudas um dos fatores que determina o tempo de permanênciadas mudas no viveiro é o recipiente. Mudas que permanecerão mais tempo em viveiro,devem ser produzidas em recipientes maiores, ou em recipientes que permitam odesenvolvimento do sistema radicular sem prejuízos para as mudas. As pesquisasdesenvolvidas priorizam a máxima proteção e a mínima exposição do sistema radicular,indicando a escolha de um recipiente e um substrato adequado, porém o recipiente deveapresentar tamanho e forma adequado para que os gastos no processo de produção demudas sejam baixos.A função do recipiente é conter um substrato que permita um bom crescimento enutrição das raízes, protegendo-as de danos mecânico e perda de água, promover umbom desenvolvimento no sistema radicular, garantindo a sobrevivência das mudas nocampo.O mercado disponibiliza vários tipos de recipientes, mas os sacos plásticospretos (polietileno) têm sido os mais procurados para a produção de mudas de espéciesarbóreas, porque são mais acessíveis no mercado e também são comercializados por ummenor preço, uma outra vantagem neste tipo de recipiente está voltada para suafacilidade de manuseio aumentando o rendimento do trabalho no caso de uma produçãoem grande escala de mudas.Avanços significativos foram experimentados na produção de mudas, com autilização de tubetes. Os tubetes são cones de plástico, com canaletas internas (estrias)


que servem para orientar as raízes. O uso de tubetes tem ganhado preferência sobre autilização do saco plástico, sobretudo quando se produz mudas em grande escala.Vantagens ou razões técnicas do uso de tubetes:a) Estrutura do viveiro suspensa, com substrato estéril, evitando a ocorrência denematóides;b) As embalagens “cegas” retornam para novo semeio, não ficando presas aoscanteiros;c) O sistema radicular permanece protegido durante todo o processo produtivo edurante o transporte;d) A “poda” das raízes é feita pela luz (foto-tropismo negativo do sistemaradicular), aumentando a produção de radicelas de alimentação;e) O sistema radicular apresenta formação vertical e alinhada (goetropismopositivo);f) As estrias internas dos tubetes permitem o alinhamento do sistema radicular,evitando entrelaçamentos e favorecendo o pegamento no campo;g) Utilização de pequenas quantidades de susbstrato para a produção de mudas equalidade superior às produzidas nas embalagens tradicionais;h) Redução em cerca de 90% dos níveis de perda, comparando-se aos processostradicionais;i) Redução drástica da quantidade de mão-de-obra necessária à execução dasoperações, dada à pouca exigência de esforço físico;j) Redução dos custos de transporte em até sete vezes;k) Redução em até cinco vezes da mão-de-obra exigida no plantio;l) Padronização das mudas e aumento da capacidade de competição no campo;m) Reutilização das embalagens por muitas vezes, evitando poluição ambiental.6. MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE PRODUÇÃO DE MUDASDois métodos são utilizados na reprodução de mudas: o sexuado (quando seusa sementes) e o assexuado (quando são utilizadas partes vegetativas, principalmente ocaule).Mediante alguns fatores como clima, mão-de-obra disponível, qualidade equantidade de sementes, a produção de mudas usando sementes pode ser feita pelosseguintes meios: canteiros para posterior repicagem, canteiros para plantio com raiz nuaou em recipiente, semeadura direta no recipiente.


6.1 Semeadura em Canteiros para Posterior RepicagemA semeadura em canteiros, para posterior repicagem das mudas para asembalagens definitivas, constituiu uma das práticas mais difundidas no inicio dasatividades de reflorestamento. Atualmente essa técnica é utilizada nos seguintes casos:- Quando não se conhece a capacidade de germinação das sementes;- Quando as sementes apresentam dormência e não se conhece o tratamento desuperação da mesma;- No caso das sementes serem muito pequenas;- Quando as sementes apresentarem uma irregularidade e baixa porcentagem degerminação.Essa é uma pratica de plantio que requer cuidados especiais, no manuseio dasmudas, para evitar danos no sistema radicular, principalmente deformações que podemresultar em perdas imediatas no viveiro ou posteriormente no campo, comprometendo ocrescimento e desenvolvimento das árvores.6.2 Semeadura Direta nos RecipientesAtualmente é uma das técnicas de plantio mais utilizadas. Esse tipo de plantiodeve ser realizado quando se tem um conhecimento prévio da capacidade germinativadas sementes. O número de sementes plantadas por recipientes depende diretamente dovigor das mesmas, que é o indicador do seu potencial germinativo. As principaisvantagens desse método é a eliminação do uso de sementeiras; a dispensa da utilizaçãode materiais para sombreamento das mudas recém-transplantadas; a redução do tempode produção das mudas; a diminuição das perdas de mudas e a redução de custos.


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCOSTA, M.A. S. Silvicultura Geral. Lisboa: Litexa Editora, 1993. 257p.MACEDO, A.C. Revegetação de matas ciliares e de proteção ambiental. Secretariado Meio Ambiente – Fundação Florestal. São Paulo-SP. 1993.MARTINEZ, A. A. Folder sobre minhocultura. Campinas: CAT; Secretaria deAgricultura, 1991.MORAIS, D. A. A. Princípios Básicos para a formação e recuperação de florestasnativas. Brasília: MA/SDR/PNCF, 1998. 55p.PAIVA, H. N.; GOMES, J.M.. Cadernos didáticos: Viveiros Florestais, 2ª Ed.Viçosa: UFV, 2000. 69p.SIMÕES, J. W. Métodos de produção de mudas de eucalipto. Piracicaba, ESALQ,1968. 71p. (Tese D.S.).YAMZOE, G.; BÔAS, O. V. Manual de pequenos viveiros florestais, São Paulo:Paginas & Letras Editora e Gráfica, 2003. 93 p.


WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANOMetodologias Participativas –uma construção de saberesResponsável:Cláudia Medeiros Suassuna<strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>Dezembro/<strong>2008</strong>


Objetivo:Despertar o interesse dos agentes de desenvolvimento/extensionistas quetrabalham no campo com agricultores/as familiares, a refletir sobre o uso demetodologias participativas em trabalhos de intervenção no meio rural.IntroduçãoAqui coloco um pouco da minha experiência profissional e do meu trabalho dedissertação quanto ao tema, para contribuir como subsídio ao <strong>Workshop</strong> de ExtensãoRural do Campus de <strong>Areia</strong>/<strong>PB</strong>.Dessa forma, partimos do pressuposto que é preciso que as açõesdesenvolvidas no meio rural sejam construídas por um processo fundamentado naproblematização que, segundo FREIRE (1977a), “é o processo pelo qual, na relaçãosujeito-objeto, o sujeito se torna capaz de perceber, em termos críticos, a unidadedialética entre ele e o objeto” (p. 139). Por isso não há conscientização fora da unidadeteoria-prática, reflexão-ação. Somente com homens e mulheres atuantes nas suas açõese conhecedores da sua realidade é possível agir de forma consciente, através do diálogo,para uma transformação cultural, onde as pessoas sejam vistas como participantes doprocesso transformador.Métodos, técnicas e metodologias: conceitos e diferençasA preocupação em descobrir, responder, explicar a natureza vem desde osprimórdios da humanidade, vários métodos foram utilizados para tal, as tentativas deexplicar os acontecimentos através do conhecimento mítico, sobrenatural, doconhecimento religioso, do conhecimento filosófico. Assim com o passar do tempomuitas modificações foram feitas nos métodos existentes.Segundo KAPLAN (1975:21), metodologia é “o estudo – descrição, explicaçãoe justificação dos métodos e não os próprios métodos”. Portanto, “o objetivo da


metodologia é o de ajudar-nos a compreender, nos mais amplos termos, não os produtosda pesquisa, mas o próprio processo” (KAPLAN, 1975:26). Para o autor os métodos,“incluem procedimentos como os de formação de conceitos e hipóteses, oda observação e o da medida, da realização de experimentos, construçãode modelos e de teorias, da elaboração de explicações e da predição”(KAPLAN, 1975:25).De forma mais crítica, PINTO (1987) entende método como o caminho a serconstruído na direção de algo; ele não é um caminho pré-construído na direção de algo,por isso mesmo que ele é uma “prática”, esse algo é o objeto do método que se introduzna própria natureza do método.“E tem que ser tomada em consideração, a natureza desse objeto que sequer conhecer, que se quer transformar, que se quer produzir (...) muitasvezes, nem sequer o pesquisador está consciente, ou seja, de sua visão deconhecimento, de sua visão de realidade” (PINTO, 1987:73).método comoSeguindo a linha de Pinto, LAKATOS (1991:83) sistematizou o conceito de“um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maiorsegurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentosválidos e verdadeiros-, traçando o caminho a ser seguido, detectandoerros e auxiliando as decisões do cientista”.Por sua vez, KAPLAN (1975) define técnica como “procedimentos específicosutilizados por uma dada ciência ou utilizados em contextos particulares”.ALENCAR e GOMES (1998) referem-se à questão metodológica como omodo do pesquisador proceder para encontrar o que ele acredita que pode serconhecido. Nesse sentido, não é qualquer metodologia que será adequada.São diversas as formas de avançar no conhecimento de um fenômeno, pela suadescrição, pela sua medição, pela análise do contexto, dentre tantas outras. Exemplodisso são os métodos quantitativos e qualitativos de investigação.A investigação científica, na perspectiva quantitativa caracteriza-se pelaexperimentação, esta requer a remoção dos fenômenos pesquisados do ambiente naturale o seu exame realizado de forma controlável, medindo, quantificando a relação causaefeito.Contrário a essa perspectiva tem-se a investigação científica através daperspectiva qualitativa. Esta compreende um conjunto de diferentes técnicas


interpretativas que visam descrever e decodificar os componentes de um sistemacomplexo de significados. De acordo com HAGUETTE (1992), os métodos qualitativosenfatizam as especificidades de um fenômeno em termos de suas origens e de sua razãode ser.Assim, surge diferentes enfoques na busca de alternativas metodológicas para ainvestigação. Nesse sentido, as metodologias participativas, que são caminhos na buscade alternativas de intervenção, principalmente no desenvolvimento rural, tem na suaproposta a semelhança da abordagem participativa de pesquisa. Segundo THIOLLENT(1992:87) a concepção participativa de desenvolvimento rural sugere que a concepçãode pesquisa que lhe é associada seja também participativa.As práticas metodológicas participativas pretendem estimular a participaçãodas pessoas na sua realidade. Para isso, utiliza métodos e técnicas que visam facilitar aparticipação da população de forma crítica e consciente. Mas a sua utilização foiderivada de um longo processo de mudanças em alguns setores da sociedade. Asredefinições na estrutura interna de algumas entidades, a exemplo das ONGs, nas suasformas de intervenção, muitas vezes contribuíram para a supervalorização de“metodologias e métodos” (KLAUSMYER e RAMALHO, 1995).Os métodos utilizados nas metodologias participativas procuram problematizara realidade local, remetendo os problemas identificados a realidades mais amplas,respeitando os valores da cultura local.Mas, atualmente tem ocorrido uma grande popularização no uso demetodologias participativas e algumas vezes, estas são utilizadas por organizaçõesgovernamentais e não-governamentais mais por um ‘modismo’, do que pelos seusprincípios. Dessa maneira, há a capacidade de verbalmente dá outro sentido, para ametodologia, muitas vezes, desconstruindo os seus princípios. Por esta razão autilização de metodologias participativas não só depende das técnicas em si, mas deuma integração, das técnicas, dos princípios e de grupos mediadores comprometidos.Origem, caracterização e usos das metodologias participativasFoi no berço das Ciências Agrárias que os profissionais sentiram a necessidadede melhorar sua forma de intervenção sobre a realidade vivida pela população rural.


Diante desta necessidade, surgiram as abordagens participativas de intervenção narealidade rural e esta nova abordagem passou a orientar as estratégias de diagnósticosrurais que, segundo CHAMBERS (1994a), dos Diagnósticos Rápidos Rurais se inicia odesenvolvimento dos métodos de diagnósticos rurais participativos.De acordo com CHAMBERS (1992), eles eram o resultado do reconhecimento,por parte dos profissionais das agrárias, de que as populações rurais têm conhecimento arespeito de muitos problemas que afetavam as suas vidas.Existe uma diversidade de metodologias participativas que permitem a gruposou organizações discutirem os problemas e definirem suas atividades de forma coerentee organizada (KLAUSMEYER e RAMALHO, 1995). Valarezo (1995), citado porFARIA (2000), apresenta uma listagem com 32 métodos com enfoques participativos,desde a década de 70 1 .Apresentamos uma síntese do processo histórico da difusão das metodologiasparticipativas que pode ser visualizada no Quadro 1.1 “AEA – Agroecosystems Analysis; BA – Beneficiary Assessement; DELTA – Development EducationLeadership Teams; D&D – Diagnosis and Desing; DRP – Diagnóstico Rural Participativo; DRPP –Diagnóstico Rural Participativo y Planeamento; DRR – Diagnóstico Rural Rápido; GRAAP – Groupe derecherche et d’appui pour l’autopromotion paysanne; IAP – Investigación Acción Participativa; IESA –Investigación y Extensión en Recherche Participative; IPA – Investigacón Participativa Agrícola; MARP –Méthode Accéléré de Recherche Participative; PALM – Participatory Analysis and Learning Methods; PD– Process Documentation; PRM – Participatory Research Methods; PTD – Participatory TechnologyDevelopment; RA – Rapid Appraisal; RAAKS – Rapid Assessement of Agricultural Knowledge Systems;RAP – Rapid Assessement Procedure; RAT – Rapid Assessement Techniques; RCA – RapidCatchment Analysis; REA – Rapid Ethnographic Assessement; RFSA – Rapid Food SecurityAssessement; RMA – Rapid Multi-perspective Appraisal; ROA – Rapid Organizational Assessement; SB– Samuhik Brahman (Joint trek); TD – Teatro para el Desarrollo; TFD – Training for Transformation; PAC– Planeaminto Andino Comunitário; ERP – Evaluación Rural Paticipativa; RRSA – Rapid Rural SystemsAppraisal e RCC – Manual de Revitalización Cultural Comunitária” (FARIA, 2000:13).


Quadro 1 – Histórico da difusão das metodologias participativasDécadaFatos1960 Declínio do modelo clássico de pesquisa agrícola (transferência detecnologia) começa a preocupar os investigadores, dando assim umimpulso para se encontrarem alternativas. Uso de questionários demorados, formais e estanques com poucaparticipação.1970 Desenvolvimento da abordagem “investigação-sistemas” e “investigaçãodesenvolvimento”nos centros de pesquisa agrícola. Sob a direção de Chambers, os investigadores iniciam um seminário anualsobre métodos rápidos de investigação Qualitativa, “Rapid RuralAppraisal (RRA), Diagnóstico Rápido Rural (DRR)”.1980 Experiências e publicações sobre o tema Conferência internacional sobre RRA, na Tailândia Publicações (universidades, ONGs e outros) Incorporação do termo participação e participativo no DRR, tornando-se oDiagnóstico Rural participativo (DRP).1990 Expansão do método DRP. Vários seminários de difusão.Fonte: Adaptado do texto Diagnóstico Participativo (ELLSWORTH et al., 1995).De acordo com KLAUSMEYER e RAMALHO (1995:9), através dos seustrabalhos definiram alguns princípios fundamentais dos métodos participativos, estesprincípios elaborados a partir de uma análise de metodologias desenvolvidas no âmbitoda cooperação internacional. São eles:


Flexibilidade – Não existe um esquema rígido para os métodos participativos. Estessão aplicados, condicionados pela situação, dentro de determinados contextos e sedesenvolvem a partir daí; Transparência – O sentido e a finalidade de qualquer atividade precisam sercompreendidos por todos os participantes; Interdisciplinariedade – Os assessores devem ter diferentes especializaçõesprofissionais para garantirem um enfoque e um tratamento da situação de suaproblemática a partir de distintos pontos de vista; Aprendizagem recíproca – Os beneficiários e aqueles que estão na posição externa(assessores) aprendem conjunto e reciprocamente. O assessor necessita aprender aouvir. Dessa maneira, o saber da população não é só valorizado, mas tambémintegrado; Juntar qualidade e quantidade – Procedimentos qualitativos complementam o longotempo de orientação unilateral que se baseava puramente em resultados quantitativos.Com isso é, mas difícil demonstrar resultados imediatos; Orientação segundo o grupo – O apoio a processos de formação de grupos,estimulando a criação de organizações de base; Deslocamento do poder de decisão – O controle e a competência de decisão deverãoestar em grande medida com os beneficiários; “From extracting to empowerment” – Da coleta de informações ao empoderamento[tradução nossa] – Nesta perspectiva as populações não devem desempenhar apenaso papel de fornecedor de informações e de receptores passivos de realizações. Elesdevem ser capacitados para guiarem a própria história; Presença in loco – A avaliação e a assessoria devem ocorrer in loco, para que possaaprofundar na realidade de um projeto; Procedimento interativo – Manter discussão conjunta depois de cada etapa deresultados e, manter um monitoramento; Democratização – Os beneficiários participam desde o princípio, começando com aidentificação das carências e dos problemas; Documentação – A análise, a discussão e os resultados precisam ser registrados; O papel do assessor – Os profissionais externos devem apenas agir como umfacilitador dos processos que transcorrem na comunidade.


Dessa forma, esses princípios devem sempre estar explícitos aos gruposmediadores que utilizam as metodologias participativas, pois têm como objetivoincentivar as comunidades a descobrirem seus próprios problemas e buscar meios pararesolvê-los sem que isto seja feito por imposição dos próprios mediadores.Portanto, compreendemos que não basta apenas nos apropriarmos demetodologias participativas para promover o desenvolvimento. Elas são ferramentas detrabalho, mas por si só não garantem as mudanças. Pois, elas incorporam a ideologiados grupos que as utilizam em sua prática.Assim, as ações de desenvolvimento planejadas para o meio rural têm passadopor vários desafios em processos de intervenção participativa, entre grupos mediadorese comunidade local, ou seja, processos onde se levem em consideração as várias formasde conhecimento do outro. Nesse contexto, as metodologias participativas mostram-secomo caminho importante para a formação da cultura democrática no meio rural.Desse modo, deve-se ter o devido cuidado na utilização de metodologiasparticipativas, pois não se deve focalizar a técnica em si, mas também os valoresculturais no sentido de evitar que as populações rurais “simplesmente tomem partenaquilo que outro define para elas como sendo bom, como sendo válido, como sendonecessário" (PINTO, 1987:77). Pois, na medida do processo de execução,“se você quiser manipular a metodologia, você manipula tranqüilamente.Mas, se você tem um compromisso você não manipula e vai ter umresultado verdadeiro dentro daquele processo de trabalho” (OLIVEIRA eSCHWEIGERT, 1995:242).De fato, se os grupos que utilizam metodologias participativas, não tiveremcompromissos éticos na sua intervenção, podem fazer uso das técnicas, mas semaplicabilidade dos princípios das mesmas.Diagnóstico rural participativoFaremos um aprofundamento do Diagnóstico Rural Participativo, hoje dentrodo conjunto de metodologias participativas, este método, tem sido amplamentedivulgado e utilizado em projetos de desenvolvimentoO Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é uma derivação do DiagnósticoRural Rápido (DRR), mas se diferencia deste por trazer uma forte ênfase na participação


da população nas análises das informações e no planejamento. Na década de 80 houvecríticas a respeito, por exemplo, questionou-se sobre a rapidez dos resultados dosdiagnósticos, com isso, os técnicos e os agentes de desenvolvimento começaram a darmais enfoque ao aspecto participativo do método do que ao fator tempo. Assim, a partirdos anos 90, o DRP passa a ter como particularidade o foco sobre os interesses dascomunidades locais e o fortalecimento das capacidades de decisões.Nesse sentido, o método participativo é definido como,“uma família de enfoques e métodos dirigidos a habilitar a populaçãorural a compartilhar, aumentar e analisar seu conhecimento sobre sua vidae condições, para planejar e agir” (CHAMBERS, 1994a:953).O DRP surgiu com base na pesquisa-ação 2e na proposta de capacitar ascomunidades para a mudança de sua realidade. Para SCHONHUTH (1994), o elementocentral da metodologia é a aprendizagem com e através das pessoas da comunidade eseu desenvolvimento sustentável.Sua concepção aponta também para a idéia de um planejamentodescentralizado e de um processo democrático de tomada de decisões que valorizem adiversidade social, a participação popular e o ‘empowerment’ 3(CHAMBERS, 1994b).da comunidadeSegundo CHAMBERS e GUITJ (1995) significa reconhecer as pessoas locais– tanto homens como mulheres – como analistas, planejadores e organizadores ativos. ODRP passa a ser mais que um simples exercício de coleta de dados. Tem como objetivohabilitar a população rural a fazer a sua própria investigação, para planejar e seapropriar do resultado. Em um Diagnóstico Rural Participativo, o conhecimento estáarticulado e gerado em várias formas participativas, com a utilização de: entrevistas,investigações, mapeamentos e diagramas, história de vida, calendários sazonais. Aapresentação e análises são realizadas pela própria população rural (CHAMBERS,1992).2 A pesquisa-ação possui muito das idéias de Paulo Freire. É definida como “um tipo de pesquisa socialcom base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com aresolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos dasituação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT,1992:14).3 Termo utilizado pelos americanos, numa tradução para o português seria ‘reforço de poder’, muito usadocomo empoderamento.


Uma série de técnicas tem sido combinadas em seqüências muito diversas ecom um surpreendente leque de ação,“estes métodos apontam vantagens devido a sua natureza flexível em vezde rígida; visual em vez de verbal; baseados em análise de grupo em vezde individual e na comparação mais do que na medição” (CHAMBERS eGUITJ, 1995:6).De acordo com SCHONHUTH (1994), os princípios éticos do DRP requeremuma atitude diferente do pesquisador externo, do mediador, em relação a sua prática,que é aprender com os indivíduos, respeitar as pessoas com as quais trabalha, seinteressar pelo que as pessoas sabem, dizem, mostram e fazem. Como também, naorientação aos próprios resultados, na capacidade de escutar, na modéstia do seu próprioconhecimento, nos métodos que constróem no compartilhar o conhecimento dacomunidade, ampliando-os e analisando-os.O DRP tem uma perspectiva ampla, utiliza técnicas flexíveis e informais, erequer uma ativa participação de quem está envolvido. Por isso, tem condições depromover práticas democráticas.Assim, para essas coletas de informações, o DRP é composto por técnicas quese aplicam junto às famílias. As técnicas permitem a plena participação de todas aspessoas envolvidas no diagnóstico e não apenas os(as) técnicos(as) ou pessoasalfabetizadas ou mais esclarecidas. As técnicas mais comumente empregadas são:- Mapeamento: através dessa técnica as famílias desenham um croqui do assentamento,apresentando detalhes de toda área ocupada;- Caminhadas Transversais: consiste em percorrer transversalmente o local,acompanhado das famílias, onde se busca identificar a diversidade de ecossistemas,solo, uso da terra, entre outros aspectos, através da percepção das famílias residentes;- Entra e sai: é uma técnica para a coleta de informações de dados econômicoadministrativosdas famílias, permite uma avaliação do que entra e sai doassentamento, explicitando os fornecedores e canais de comercialização;- Calendário Sazonal: consiste na construção de um esquema onde possa representar ademanda de força de trabalho ao longo de um ano agrícola, permite avaliar asatividades desenvolvidas e a demanda de força de trabalho;- Rotina Diária: é uma técnica complementar ao calendário sazonal, permitindovisualizar a distribuição do trabalho da família ao longo do dia;


- Diagrama de Venn (jogo das bolas): essa técnica consiste na apresentação gráfica,em forma de círculos, por parte das famílias, com o objetivo de avaliar quais asentidades ou instituições que têm significados para elas em relação ao assentamento;- Matriz de Realidade/Desejo: consiste na elaboração de uma matriz onde são cruzadasas informações sobre os problemas, suas causas e possíveis soluções apresentadaspelas famílias;- Eleição de prioridades: Consiste na apresentação de todas as demandas existentes porparte das famílias, com o objetivo de elegê-las em ordem de prioridade.BibliografiaALENCAR, E., GOMES, M.A.O. Metodologia de pesquisa social e diagnósticoparticipativo. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998.CHAMBERS, R. Participatory rural appraisal: past, present and future. Trees andPeople Newsletter, Rome, n. 15/16, p. 4-9, fev. 1992.CHAMBERS, R. The origins and practice of participatory rural appraisal. WordDevelopment, v. 22, n. 7, p. 953-969, 1994a.CHAMBERS, R., GUITJ, I. DRP: después de cinco años, en qué estamos ahora?Bosques, Arboles y Comunidades Rurales, Ecuador, n. 26, p. 4-15, 1995.FARIA, A.A.C. O uso do Diagnóstico Rural Participativo em processos dedesenvolvimento local: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural)– <strong>Universidade</strong> Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2000.


FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 2.ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1977a.HAGUETTE, T.M.F. Metodologias qualitativas na Sociologia. 3.ed. Petrópolis:Vozes, 1992.KAPLAN, A. A tarefa da metodologia. In: Conquista na pesquisa: metodologia paraas ciências do comportamento. São Paulo: EDUSP, 1975.KLAUSMEYER, A., RAMALHO, L. Introdução a metodologias participativas: umguia prático. Recife: SACTES-DED, 1995. p. 223-245.OLIVEIRA, R., SCHWEIGERT, H. ONGs e metodologias de trabalho: reflexões deprimeira mão. In: KLAUSMEYER, A., RAMALHO, L. Introdução a metodologiasparticipativas: um guia prático. Recife: SACTES-DED, 1995. p. 223-245.PINTO, J.B. Planejamento participativo: rito ou prática de classe? Revista de Cultura,Rio de Janeiro, v. 81, n. 1, p. 71-89, 1987.LAKATOS, E.M. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Atlas,1991.THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez/AutoresAssociados, 1992.


I WORKSHOP DE EXTENSÃO, INCLUSÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTOI ENCONTRO DE PLANTAS ORNAMENTAIS DO BREJO PARAIBANORelações hídricas e fisiologiapós-colheita de flores de corteResponsáveis:Fernando Luiz Finger e José Geraldo BarbosaProfessores do Departamento de Fitotecnia/UFV36571-000, Viçosa, MGE-mail: ffinger@ufv.brDezembro/<strong>2008</strong><strong>Areia</strong>-<strong>PB</strong>


1. INTRODUÇÃOA comercialização de flores tropicais para corte representa uma importanteatividade do setor agrícola nacional e mundial. Segundo Goletti (2003) a importância depráticas adequadas de conservação pós-colheita aumentou de importância nos países emdesenvolvimento, visto que a participação da mão-de-obra no setor agrícola vemdeclinando rapidamente nas últimas décadas.Flores são órgãos de natureza essencialmente efêmera têm a longevidade afetadapor diversos fatores endógenos e exógenos na pré e pós-colheita. As condições decultivo pré-colheita ou de pré-produção das plantas, o estádio de desenvolvimento daflor na colheita, polinização e tratamentos pós-colheita, determinam em grande parte, aextensão da vida útil das flores de corte ou mesmo quando comercializadas como plantaem vaso.O objetivo desta revisão é avaliar os fatores fisiológicos que afetam a qualidade,conservação e a longevidade das flores de corte durante o transporte, armazenamento,comercialização e utilização final do produto.2. RELAÇÕES HÍDRICASNas flores de corte, o murchamento e a senescência das pétalas podem estarassociados à deficiência na absorção de água pelas hastes. A obstrução física dos vasosxilemáticos pode ser por microrganismos, pela deposição de pectina e fenóis ou porembolismo, reduzindo a condutância hidráulica na haste (Van Doorn, 1997; De Pescale& Viggiani, 1998).O corte periódico da base das hastes de flores de zínia e de ave-do-paraíso, acada 12 horas ou dois dias, respectivamente, melhora significativamente a manutenção ea absorção de água pelas flores (Figuras 1 e 2). As flores de zínia que foram cortadastiveram menor queda na matéria fresca durante o armazenamento, o que indica queessas flores mantiveram melhor equilíbrio entre absorção e transpiração (Figura 1). Nasflores de ave-do-paraíso, o melhor suprimento de água é evidenciado pelo melhorequilíbrio no teor relativo de água das sépalas ao longo da pós-colheita (Figura 2). Nestemesmo experimento com ave-do-paraíso observou-se, também, que o corte periódico dabase das hastes prolongou a longevidade das flores e elevou o número de floretesabertos em 1,5 e 1,7 vezes, respectivamente, em relação ao tratamento controle. Embora


em menor escala que as flores de ave-do-paraíso, em zínia também houve efeitopositivo do corte da base da haste sobre a longevidade das flores.105100Matéria fresca (%)959085O y = -0,0012x 2 + 0,037x + 100,4 R 2 = 0,98y = -0,0015x 2 + 0,0094x + 99,7 R 2 = 0,97800 50 100 150Horas após a colheitaFigura 1. Porcentagem de matéria fresca em hastes de zínias (Zinnia elegans) cortadas() e não-cortadas () a cada 12 horas na base das hastes. Fonte: Carneiro et al. (2002).


9694Teor relativo de água (%)929088Y = 93,9Y = 98,3 – 2,85T + 0,163 T 2286800 2 4 6 8 10D ia sFigura 2. Mudanças no teor relativo de água em sépalas de ave-do-paraíso, nas hastescortadas a cada 2 dias ( ) e no controle () em vaso a 25 o C e 60% de umidade relativa.Fonte: Campanha et al. (1997).O pH da água exerce influência sobre a capacidade de absorção de água pelasflores cortadas, visto que a água é mais rapidamente absorvida em pHs ácidos do quealcalino. Sun et al. (2001) observaram que o tratamento de flores cortadas de Eucalyptusficifolia mantidas continuamente em solução de vaso contendo 2% de sacarose, 200 mgL -1 de citrato de hidroxiquinolina (HQC) e pH da água ajustado para 4 pela adição deácido cítrico, foi eficiente em manter a absorção de água e massa fresca das flores peloperíodo de cinco dias após a colheita. Neste mesmo trabalho, observou-se que autilização de pH 4 na solução de vaso foi o que promoveu maior elevação da massafresca das flores, ou seja, maior absorção pós-colheita de água pelas hastes.3. FISIOLOGIA DA SENESCÊNCIA3.1. EtilenoA senescência das pétalas e flores é mediada por um conjunto de processosfisiológicos que culminam com a morte a abscisão. Dentre as mudanças bioquímicas


que ocorrem nas flores destacam-se a elevação da atividade de enzimas hidrolíticas,degradação do amido e da clorofila, perda da compartimentalização celular, produçãoclimatérica de etileno e da respiração nas flores climatéricas, presente em cravos eorquídeas (Van Altvorst & Bovy, 1995; Woltering et al., 1994).O etileno é o regulador de crescimento que induz a expressão de diversos genesdurante a senescência das pétalas e flores. Em flores tropicais sensíveis à ação doetileno, o regulador de crescimento induz o murchamento e o secamento das pétalas,seguido geralmente da abscisão. As orquídeas dos gêneros Cattleya, Cymbidium,Dendrobium e Phalaenopis são altamente sensíveis ao etileno, e pequenas quantidadesdo gás presente na atmosfera de armazenamento (0,1 a 1,0 µL/L) são suficientes parainduzir respostas fisiológicas, caso o tempo de exposição seja suficientemente grande.Dois sistemas de regulação da produção de etileno atuam sobre a mesma rotabiossintética; o sistema I é responsável pela produção de níveis baixos de etileno, e estápresente em frutos e flores com comportamento climatérico e não-climatérico darespiração e nos tecidos vegetativos das plantas. O sistema I é responsável pelo etilenopresente na fase que antecede o início do climatério das flores climatéricas. O sistemaII, por sua vez, é responsável pela produção massiva de etileno que acompanha asenescência das flores e frutos climatéricos. Este sistema de produção é tambémdenominado de autocatalítico, visto que o etileno é responsável pela indução da suaprópria síntese (Abeles et al., 1992). A elevação da atividade da sintase do ACC e daoxidase do ACC pelo sistema II de produção se deve ao aumento da taxa de transcriçãodos respectivos RNA mensageiros, estimulado pela ação do etileno.Em flores de orquídeas e cravos, a polinização das flores estimula a síntese deACC e de etileno, via aumento da expressão da sintase do ACC e oxidase do ACC. Apolinização estimula a produção de etileno nas flores de Dendrobium após 12 horas dapolinização, atingindo máximo de evolução após 30 horas (Figura 3). A manutenção dasflores em solução contendo 0,5 mM de AOA inibe a produção de etileno nas florespolinizadas e não polinizadas, semelhante a produção de etileno observada para asflores controle não polinizadas (Figura 3).Auxina induz a produção de ACC e de etileno em plantas superiores viaestímulo da expressão da sintase do ACC. Em orquídeas Phalaenopsis a síndrome depós-polinização da produção de ACC é induzida, primeiramente, pela ação da auxina


presente no pólen, sendo responsável pelo estímulo inicial da produção de etileno dasflores (Nadeau et al., 1993).1612Etileno (nl/flor/h)840 20 40 60 80HorasFigura 3. Produção de etileno em flores de Dendrobium não polinizadas (),polinizadas (), não polinizadas e tratadas com 0,5 mM de AOA () e florespolinizadas e tratadas com 0,5 mM de AOA (). Fonte: Porat et al. (1994b).A enzima sintase do ACC é dependente de piridoxal fosfato como cofator,sendo, portanto, inibida por ácido aminooxiacético (AOA), aminoetoxivinilglicina(AVG) ou rizobiotoxinas análogas (Van Altvorst & Bovy, 1995). Geralmente ostratamentos com inibidores da síntese de etileno têm-se demonstrado menos efetivos ede custo mais elevado que os tratamentos com inibidores da ação no prolongamento davida de vaso das flores. A maior efetividade dos inibidores da ação é decorrente dobloqueio da ação do etileno proveniente do próprio tecido e também daquele de origemexógena, como o etileno produzido por outras plantas ou presente na atmosfera oriundada combustão de hidrocarbonetos.A inibição da ação do etileno dá-se pelo bloqueio da interação do etileno com oreceptor do hormônio. Diversas substâncias têm ação antietileno, sendo o íon Ag + , 2,5-norbarnadiene, 1-metilciclopropeno (1-MCP) e dióxido de carbono os mais efetivos.


Estas substâncias podem ser utilizadas comercialmente para impedir a ação do etilenoem flores de corte ou em plantas cultivadas em vaso visando prolongar a vida de vasoou de pós-produção.Flores de ave-do-paraíso e gladíolo são insensíveis ao etileno, portanto outrosfatores afetam a longevidade, em especial o suprimento de sacarose, relações hídricas edoenças.3.2. RespiraçãoA respiração, para a maioria dos produtos hortícolas é o fator mais importante dadeterioração dos órgãos destacados e a intensidade da atividade respiratória reflete avelocidade de deterioração dos produtos.A respiração afeta diretamente diversos aspectos do metabolismo dos produtoshortícolas:a. Responsável pela redução, e em alguns casos extremos como em flores, a depleçãodas reservas de carbono (amido, açúcares solúveis e ácidos orgânicos). Em frutos ehortaliças, o consumo das reservas orgânicas reduz o sabor do produto.b. O calor produzido pela respiração ou também chamado de calor vital, é importantepara estabelecer a capacidade de refrigeração das câmaras frigoríficas durante oarmazenamento.c. A dissipação do calor produzido pela respiração dá-se via transpiração, reduzindoassim a vida útil de prateleira dos produtos hortícolas.Todos os produtos hortícolas continuam respirando após a colheita, havendoconstante troca de elementos entre o tecido vivo e o ambiente, conforme pode serdefinida pela equação geral da respiração:C 6 H 12 O 6 + 6O 2 → 6CO 2 + 6H 2 O + 686 kcalPortanto, a oxidação completa de uma molécula de glicose consome 6O 2 e liberapara o ambiente 6CO 2 e 6H 2 O, possibilitando à geração de 686 kcal, cuja parte éliberada na forma de calor a parte armazenada como ATP. A respiração é um processopouco eficiente de conservação de energia, apenas 42 % do potencial da energiaproduzida pela oxidação completa da glicose é armazenada na forma de ATP (Kader,1987). O restante da energia será liberada na forma de calor para ambiente circundante,


isto determina em parte o método de resfriamento, o tipo de embalagem e a altura daspilhas no armazenamento dos produtos hortícolas.A respiração obedece ao fator Q 10 , ou seja, para cada 10 o C de elevação datemperatura de armazenamento ocorre duplicação da respiração, de acordo com a lei deVan´t Hoff:Q 10 = (R 2 /R 1 ) 10/(t 2 – t 1 )Onde: R 2 e R 1 correspondem à taxa respiratória na temperatura mais elevada e inferior,respectivamente e t 2 e t 1 as respectivas temperaturas nas quais as taxas respiratóriasforam determinadas. Há grande variação no fator Q 10 dos produtos hortícolas em funçãoda espécie, cultivar e temperatura de armazenamento, porém de maneira geral eles seaproximam do valor 2 dentro do limite de 0 e 40 o C.A respiração em esporinha apresenta com fatores Q 10 que variam de 1,11 a 2,89(Tabela 1), semelhante aos encontrados em hortaliças e frutos. Porém as taxasrespiratórias nesta flor são extremamente elevadas comparadas a maioria das hortaliçase frutos, atingindo valores de 1854 ml CO 2 kg -1 h -1 a 30 o C (Tabela 1). Respirações destamagnitude são responsáveis pelo elevado grau de depleção das reservas de carboidratosarmazenados nas estruturas florais.Tabela 1. Evolução da taxa respiratória e do fator Q 10 da respiração em inflorescênciasde esporinha (Consolida ajacis) armazenadas entre 5 e 40 o C.Temperatura(ºC)Taxa respiratória(ml CO 2 kg -1 h -1 ) Fator Q 105 403 -10 488 1,4715 830 2,8920 875 1,1125 1103 1,5730 1854 2,8235 1038 -40 1073 1,07Fonte: Finger et al. (2006).


Neste mesmo trabalho, Finger et al. (2006) observaram que houve umacorrelação inversa entre a elevação da temperatura e a longevidade da esporinha emvaso, com redução estimada de 11,9 dias a 5 o C para 4,06 dias a 30 o C, onde foi detectadaa maior taxa respiratória da flor (Tabela 1).4. TRATAMENTOS PÓS-COLHEITA4.1. Soluções de ‘pulsing’, vaso e pulverização com preservativos floraisA expressão ‘pulsing’ refere-se ao tratamento pós-colheita de condicionamentode curta duração, máximo de 24 a 48 horas, onde são aplicadas soluções de açúcares,ácidos orgânicos, inibidores da síntese ou ação do etileno e/ou bactericidas, realizadoimediatamente após a colheita ou após o armazenamento frigorificado das flores efolhagens de corte. Estas mesmas substâncias poderiam ser utilizadas na solução devaso, porém deve-se reduzir a concentração dos componentes para ser efetiva. Autilização de preservativos florais em solução de vaso é problemática uma vez quemuitas substâncias são altamente tóxicas, como AgNO 3 ou tiosulfato de prata (STS), ousubstâncias que são utilizadas como substratos para o crescimento de microrganismos, aexemplo da sacarose e glicose. O manuseio dos preservativos florais exige cuidadosadicionais com a segurança ambiental tanto por parte de produtores, comerciantes econsumidores.Para a maioria das flores cortadas, o nível de açúcares nas pétalas érelativamente elevado por ocasião do murchamento e senescência das flores, logo nãohá aparente escassez de carboidratos por parte dos órgãos florais para manter arespiração vital das pétalas. Porém, a aplicação exógena de açúcar, após a colheita,eleva a longevidade de muitas destas flores, contradizendo desta forma a afirmativa deque os carboidratos estão presentes em quantidade suficientes. Por outro lado, deve-selevar em consideração que embora aparentemente haja elevado conteúdo decarboidratos nas pétalas, por ocasião do murchamento, estes açúcares podem estarcompartimentalizados na célula e, portanto, não disponíveis ao mitocôndrio (Van Door,2001).Em flores de ave-do-paraíso, o ‘pulsing’ com sacarose nas concentrações entre10 e 40% aplicados por 24 horas elevaram a longevidade e o número de floretes abertos(Figura 4). O condicionamento das flores com solução de 40% de sacarose elevou a


longevidade em 55% e aumentou em 1,7 vezes o número final de floretes abertos,quando comparado às flores não pulsadas com sacarose.15Longevidade (Dias)141312111090,0R 2 = 0.98**R 2 = 0.97**0 10 20 30 40Sacarose (%)3,33,02,72,42,11,80,0Número de floretes abertosFigura 4. Efeito do ‘pulsing’ com sacarose (0, 10, 20, 30 e 40%) por 24 horas sobre alongevidade () e número de floretes abertos (Ο) em flores de ave-do-paraíso.Equações de regressão, longevidade: Y = 8,90 + 0,12X; número de floretes abertos: Y =1,84X + 0,031X ( ** Significante P≤ 0,01). Fonte: Finger et al. (1999).4.2. Tratamento com 1-MCPO 1-MCP é um ciclopropeno que desponta como uma substância revolucionáriano tratamento de dos produtos hortícolas visando bloquear of efeitos danosos da ação doetileno. Este inibidor competitivo da ação do etileno tem elevada afinidade pelo receptordo etileno, cerca de 10 vezes maior que a observada para o etileno (Blankship & Dole,2003). Desta forma, o 1-MCP é efetivo em bloquear a ação do etileno mesmo quandoutilizado em concentrações extremamente baixas, porém a dose ótima varia com afisiologia e genética da flor, concentração, temperatura, tempo e momento de aplicação.Porat et al. (1995) avaliaram a influência da polinização sobre o aumento dasensibilidade ao etileno e a influência do tratamento com 1-MCP e do STS sobre a


senescência da orquídea Phalaenopsis. As flores tiveram a sensibilidade ao etilenoaumentada após quatro horas da polinização, e houve estímulo da produçãoautocatalítica de etileno entre nove e dez horas após a polinização (Figura 5). Oaumento da produção de etileno, em Phalaenopsis, é disparado pela maior sensibilidadedas pétalas ao etileno, produzido pela polinização da flor. O pré-tratamento das florescom 250 nL/L de 1-MCP por seis horas ou pela manutenção destas em solução de vasocontendo 0,5 mM de STS inibiu a produção autocatalítica de etileno das florespolinizadas (Figura 5), bloqueando efetivamente a ação do hormônio. Nesta flor, apolinização acelerou a senescência das flores, reduzindo a longevidade de 13 para 2 diase o pré-tratamento das flores polinizadas com 1-MCP ou a manutenção das flores emvaso com 0,5 mM de STS elevou o número de dias necessários para o murchamento de50% das pétalas, comparado com as flores polinizadas. Nos tratamentos testados, o 1-MCP foi mais eficiente que o STS em prolongar a longevidade das flores dePhalaenopsis, embora o efeito do 1-MCP e do STS em inibir a produção climatérica deetileno foi semelhante (Figura 5).5. CARBOIDRATOSEm diversas espécies de flores de corte a vida de vaso é aumentada quandoaçúcares exógenos são supridos às hastes, aplicados tanto na forma de ‘pulsing’ oucontinuamente como componente das soluções de vaso. Geralmente, os açúcares sãofornecidos na forma de sacarose ou glicose, cujas concentrações variam em função daespécie, do modo e do tempo de aplicação.Para a maioria das flores cortadas, o nível de açúcares nas pétalas érelativamente elevado por ocasião do murchamento e senescência das flores, logo nãohá aparente escassez de carboidratos por parte dos órgãos florais para manter arespiração vital das pétalas. Porém, a aplicação exógena de açúcar, após a colheita,eleva a longevidade de muitas destas flores, contradizendo desta forma a afirmativa deque os carboidratos estão presentes em quantidade suficientes. Por outro lado, deve-selevar em consideração que embora aparentemente haja elevado conteúdo decarboidratos nas pétalas, por ocasião do murchamento, estes açúcares podem estarcompartimentalizados na célula e, portanto, não disponíveis ao mitocôndrio (VanDoorn, 2001).


807060Etileno (nl flor -1 h -1 )504030201000 20 40 60 80Tempo (dias)Figura 5. Efeito dos inibidores da ação do etileno STS e 1-MCP sobre a produção deetileno após a polinização de flores de Phalaenopsis. Flores não-polinizadas (),polinizadas (), flores pré-tratadas com 250 nL/L de 1-MCP por 6 horas e polinizadas() ou polinizadas e mantidas em vaso com 0,5 mM de STS (). Valores médios dequatro repetições ± erro padrão da média. Fonte: Porat et al. (1995).6. CONCLUSÕESAs flores podem ter comportamento climatérico ou não climatérico da respiraçãoe produção de etileno durante a senescência das flores. Além disso, as flores têmelevada sensibilidade ao etileno, cuja síntese pelo tecido é estimulada por estresses,como o causado pela polinização, dano mecânico e possivelmente hídrico. Estecomportamento da orquídea requer pré-tratamentos com inibidores da síntese e ação doetileno antes do transporte e comercialização das flores de corte. O 1-MCP e o STS sãoconsiderados os inibidores da ação do etileno mais efetivos no controle da senescênciade orquídeas, porém, a influência das citocininas e giberelinas, e possíveis interações,destes hormônios, com inibidores da ação do etileno não foram avaliados na maioria dasflores tropicais de corte. A respiração da maioria das espécies de flores é extremamenteelevada, e apresenta uma correlação inversa com a longevidade das flores de corte.


7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASABELES, F.B.; MORGAN, P.W.; SALTVEIT, M.E., 1992. Ethylene in plant biology.2 nd ed. San Diego: Academic Press, 1992, 414p.CARNEIRO, T.F.; FINGER, F.L.; DOS SANTOS V.R., NEVES, L.L.M.; BARBOSA,J.G. Influência da sacarose e do corte da base da haste na longevidade deinflorescências de Zinnia elegans. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 37:1065-1070,2002.BLANKENSHIP, S.M.; DOLE, J.M. 1-Methylcyclopropeno: a review. PostharvestBiology and Technology, 28:1-25, 2003.CAMPANHA, M.M.; FINGER, F.L.; CECON, P.R.; BARBOSA, J.G. Water relationsof cut bird-of-paradise (Strelitzia reginae Ait.) inflorescences. Revista Brasileira deHorticultura Ornamental, 3:27-31, 1997.DE PASCALE, S.; VIGGIANI, S., Water relations and gas exchanges of cut Godetiaflowers during vase life. Advances in Horticultural Science, 12:153-157, 1998.FINGER, F.L.; CAMPANHA, M.M.; BARBOSA J.G.; FONTES, P.C.R., Influence ofethephon, silver thiosulfate and sucrose pulsing on bird-of-paradise vase life.Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 11:119-122, 1999.FINGER, F.L.; SANTOS, V.R.; MORAES, P.J.; BARBOSA, J.G. Pulsing with sucroseand silver thiosulfate extended the vase life of Consolida ajacis. Acta Horticulturae,543:63-67, 2001.FINGER, F.L.; SANTOS, V.R.; BARBOSA, J.G.; BARROS, R.S. Influência datemperatura na respiração, produção de etileno e longevidade de inflorescências deesporinha. Bragantia, 65:363-368, 2006.GOLETTI, F. Current status and future challenges for the postharvest sector indeveloping countries. Acta Horticulturae, 628:41-48, 2003.KADER, A.A. Respiration and gas exchange of vegetables. In: Weichmann, J. (Ed.).Postharvest physiology of vegetables. New York, Marcel Dekker, Inc. p. 25-43,1987.NADEAU, J.A.; BUI, A.Q.; ZHANG, X.; O’NEILL, S.D. Interorgan regulation of postpollinationevents in orchid flowers. In: Pech, J.C., Latché, A., Balagué, C. (Ed.).Cellular and molecular aspects of the plant hormone ethylene. Dordrecht: KluwerAcademic Publishers, p.304-309, 1993.


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