Uma das principais lideranças indígenas pela defesa da Amazônia e pelos direitos dos povos nativos é o Cacique Raoni
Não se sabe ao certo quando ele nasceu. Estima-se que tenha sido em 1930, num vilarejo chamado Krajmopyjakare, lugar que hoje se chama Kapôt, no coração do Mato Grosso
O povo Caiapó, do qual faz parte, é nômade, por isso passou a infância em deslocamento
Aos 15 anos de idade começou a instalar o labret (também conhecido como botoque): um adorno de madeira no lábio inferior que sinaliza os guerreiros e porta-vozes do povo
O primeiro contato de Raoni com o Homem branco foi em 1954, com os irmãos Villas-Boas
Com eles aprendeu a falar português e tomou conhecimento do capitalismo exploratório que poderia destruir sua morada e o seu povo. Começou o ativismo
Em 1978, sua luta chamou atenção de Jean-Pierre Dutilleux, diretor belga que, ao lado do cineasta brasileiro Luiz Carlos Saldanha, produziu um documentário sobre Raoni
O longa foi indicado ao Oscar, levando a luta pela Amazônia e proteção dos povos indígenas a conhecimento internacional
Em 1984, Raoni negociou a demarcação de territórios indígenas com o então Ministro do Interior, Mario Andreazza
Sua voz ganhou ainda mais potência após encontro com o músico Sting, ex-guitarrista do The Police, no Parque Indígena do Xingu
Em 1989, se juntou ao músico em uma turnê por 17 países para divulgar a mensagem de preservação das florestas
A partir dos anos 2000, o Cacique Raoni também lutou ativamente contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará
Afastado dos olhos públicos desde então, Raoni voltou em 2019, 30 anos após a viagem que realizou com Sting
Ele percorreu países da Europa em busca de apoio à luta pela preservação da Amazônia. Ele se reuniu com Emmanuel Macron, papa Francisco e o Rei da Bélgica
O então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reagiu em discurso na ONU dizendo que o cacique é usado como “peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”
Eu não represento eles [indígenas do país], mas eu falo em defesa dos índios brasileiros, os primeiros habitantes daqui. Por eles é que eu brigo. Por eles é que eu defendo a terra, a floresta, o meio ambiente, e defendo o costume deles.
Resposta de Cacique Raoni à fala de Bolsonaro, em entrevista à Folha em 2019
Caciques de vários povos se manifestaram em defesa de Raoni e a favor de sua premiação com o Nobel da Paz 2020
Outra pessoa que ganhou exposição pela defesa da Amazônia é a ativista Greta Thunberg. Conheça sua história:
Danielle Brant, Rubens Valente, Bruno Santos, Rodrigo Vargas e Guilherme Genestreti
IMAGENS
Bruno Santos, Sofia Fernandes, Eugênio Novaes, Luiz Novaes, Jorge Araújo e Arquivo/Folhapress Johannes Eisele, Thomas Samson, Alberto Pizzoli, Evaristo Sa e Carl de Souza/AFP Paulo Whitaker/Reuters BBC America/Giphy Planalto/Youtube