EXTERIOR

Viagem a Jerusalém: uma cidade solene, plural e única


""No ano que vem em Jerusalém"". Essa expressão comum entre os judeus tem um forte significado de desejar saúde, paz e prosperidade e a intenção de um reencontro, se possível, em Jerusalém, para celebrarem juntos, mais uma vez, a Páscoa Judaica (Pessach). Para os judeus, a Páscoa tem início no dia da primeira lua cheia da primavera no Hemisfério Norte, este ano ocorreu na terça-feira, dia 11 de abril, e as comemorações que começaram nesse dia vão até o Domingo de Páscoa, explica o presidente do Centro Cultural Brasil-Israel em Sorocaba, Vanderlei Martinez.

Nesta época, milhares de pessoas visitam Jerusalém (mais ainda do que em outros períodos do ano), misturando-se aos habitantes da Cidade Nova e da Cidade Velha, esta, principalmente, lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. As três religiões monoteístas entrelam-se no cotidano da cidade. ""Jerusalém é a capital mundial espiritual do povo judeu, a cidade onde tudo começou. Uma cidade solene, que respira acontecimentos bíblicos e mais de três mil anos de história. A capital do Estado de Israel, embora em Tel-Aviv estejam os órgãos oficiais do governo"", informa Martinez. Para os cristãos, é o local onde Jesus Cristo viveu, pregou, morreu e ressuscitou.


Passado e presente


A atmosfera de Jerusalém é única e induz à reflexão, apesar da multidão que circula diariamente pelas suas ruas e vielas. pelos espaços religiosos e históricos, expondo uma diversidade cultural que não se vê em nenhum outro lugar do mundo. São camadas e camadas de história sob seu solo. A Cidade Velha tornou-se Patrimônio da Humanidade em 1981, mas a moderna Jerusalém (Cidade Nova) tem se expandido para além das muralhas. Os habitantes das duas cidades interagem harmoniosamente, apesar do estilo de vida distinto, segundo Martinez.


Jerusalém estimula os sentidos, transporta as pessoas para tempos imemoriais, numa mescla de passado e presente.
Localizada nas montanhas da Judeia, entre o mar Mediterrâneo e o Mar Morto. ""Ali, as regras são ditadas pela religião"", ressalta Martinez. Por isso, o acesso e as horas de visita aos espaços sagrados são regulados pelos grupos religiosos e é solicitado aos visitantes que demonstrem respeito e sensibilidade pelos respectivos costumes locais.


O Muro das Lamentações é onde os judeus fazem suas orações e pedidos, muitos deles escritos em pequenos pedaços de papel que são colocados nas frestas das pedras. O Domo da Rocha é outro símbolo de Jerusalém, sendo o monumento islâmico mais antigo e sagrado da cidade. A crença islâmica professa que Maomé subiu aos céus a partir desse local, destaca o Ministério do Turismo de Israel.
O Monte das Oliveiras é outra referência singular da Cidade Velha. Dali têm-se uma visão panorâmica do aglomerado de casas, ruas e vielas por tràs das muralhas. No Monte das Oliveiras está um dos vários cemitérios judaicos.


A passagem pela Via Crúcis (Via Dolorosa) é entremeada de preces e lágrimas e uma longa fila se forma para visitar a Igreja do Santo Sepulcro. Flutuar nas águas do Mar Morto é viver uma experiência sensorial sem precedentes. E, para conhecer a complexa história de Jerusalém, a recomendação do Ministério do Turismo de Israel é visitar (sem pressa) o Museu de Davi.


Sistema de segurança



Martinez destaca que Jerusalém é uma cidade hospitaleira e a segurança é feita por militares reservistas que vigiam os espaços públicos e religiosos, os meios de transporte, entre outros locais, o tempo todo. Eles estão a serviço das forças de defesa de Israel e usam porcos com coletes (e não cães como no Brasil)) que os identificam como guardiães. ""Os porcos são considerados animais sujos; então eles usam para afastar possíveis atos de terroristas extremistas muçulmanos, porque esses homens têm medo de serem contaminados pela carne do porco"", detalha Martinez.
Atualmente há 120 judeus morando em Sorocaba, 80 mil em São Paulo, 120 mil no Brasil e cerca de 13 milhões em 80 países, completa o presidente do Centro Cultural Brasil-Israel em Sorocaba, Vanderlei Martinez.


Uma viagem inesquecível à Terra Santa



Conhecer Jerusalém era um sonho antigo para a bancária aposentada Elza Maria Ribeiro e que ela concretizou numa viagem à Terra Santa em novembro de 2014. Depois de 13 horas de voo de São Paulo até Dubai (onde ficou dois dias e achou linda), teve de encarar outro voo de 6 horas até Amã (capital da Jordânia) e muitos quilômetros de estrada, até chegar a Jerusalém. Uma viagem que exige ""muita fé e condicionamento físico para fazer todos os passeios previstos, as caminhadas sobre as pedras, as subidas e descidas de escadas e montanhas, mas vale a pena. Alguns locais, como o Monte das Oliveiras e a Igreja do Santo Sepulcro proporcionam uma paz tão grande como nunca tinha sentido na vida"".


Espaços sagrados


Elza conta que a visita ao Santo Sepulcro exige paciência. Ficou três horas numa fila imensa formada por pessoas de várias partes do mundo, muitas em orações e com lágrimas nos olhos; outras em silêncio. No Muro das Lamentações mais emoções. Ali, muitos peregrinos fazem orações, agradecimentos e pedidos e deixam papéis escritos entre as pedras. No Monte das Oliveiras, Elza também sentiu "uma paz tão grande", depois de escalar pedras e pedras para chegar ao topo da montanha e poder apreciar a Cidade Velha do alto. Do Jordão trouxe uma garrafinha com água captada no rio e diz ter se arrependido de não ter entrado no Mar Morto, apesar de chegar bem pertinho a ponto de colocar as mãos na água. Elza também fez questão de trazer na bagagem um pouquinho da terra de Jerusalém, incenso sagrado, água benta e azeite de oliva. Todos num vidrinho comprado numa das muitas lojas instaladas nas vielas da Cidade Velha. "É uma viagem inesquecível"", afirma.