Aécio diz que doações legais a tucanos são diferentes de ‘assalto’

 

 O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), reagiu ontem à citação de doações da UTC a tucanos por ministros petistas argumentando que não se pode confundir ações legais para campanhas políticas com o que chamou de “assalto” que o PT patrocinou aos cofres públicos. Ministros que participaram de reunião com a presidente Dilma na manhã de ontem afirmaram que Aécio recebeu da UTC de Ricardo Pessoa R$ 4,5 milhões, mas isso estaria sendo ignorado pela LavaJato. O tucano disse que são situações diferentes.

AILTON DE FREITAS/15-6-2015

Defesa e ataque. Aloysio Nunes e Aécio Neves receberam doações da UTC

— Nada tínhamos a oferecer a essas empresas achacadas a não ser a alforria desse grupo político, que vinculou as obras da Petrobras com o financiamento ao partido e aos seus dirigentes — rebateu o senador Aécio Neves, informando que amanhã partidos de oposição vão se reunir para ver que providências serão tomadas.

Aécio disse que a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa comprova o que já se sabia na campanha de 2014:

— Repito aqui hoje: eu não perdi a eleição para a presidente Dilma ou para o PT. Perdi a eleição para uma organização criminosa.

O senador Aloysio Nunes ( PSDB-SP), mencionado na lista de Ricardo Pessoa como um dos políticos que receberam recursos da empreiteira UTC, defendeu- se dizendo que, à época, sem mandato, não tinha qualquer condição de influenciar decisões da Petrobras que favorecessem a empreiteira. O delator, segundo a revista “Veja”, disse aos investigadores que o parlamentar foi o destinatário também de R$ 200 mil, esses repassados em dinheiro, de forma clandestina.

TUCANO CITA AMIZADE

No comunicado divulgado ontem, o senador confirma o recebimento de R$ 300 mil, que, segundo ele, foram recursos solicitados a João Santana, diretor da construtora Constran, de quem é “amigo há 40 anos”. Ainda segundo a nota, a UTC havia se associado à Constran e, por isso, a doação aparece em nome da empresa de Pessoa.

Os valores, destacou o senador, estão registrados nas contas de campanha. Foram depositados em duas parcelas: R$ 200 mil, em 16 de julho de 2010; e R$ 200 mil, em 18 de agosto do mesmo ano.

O senador Aloysio Nunes não se referiu, na nota, ao fato de Pessoa ter mencionado aos investigadores um repasse de R$ 200 mil em dinheiro, segundo noticiou a “Veja”.

“O que deve guiar a análise desta lista para estabelecer as distinções é indagar quais desses políticos teriam reais condições de influenciar decisões da Petrobras que favorecessem a UTC”, disse o senador no comunicado.