VÍDEO: Pane contra a Holanda tira o Brasil de Dunga da Copa; relembre a campanha

Julio Gomes, com redação do ESPN.com.br
Do longínquo amistoso de estreia contra a Noruega, em agosto de 2006, ao frio africano no dia do desembarque em Johanesburgo, em 27 de maio de 2010, Dunga colecionara tantos inimigos quanto bons resultados. Era com estes na manga que o treinador acreditava piamente em seu projeto e na volta para casa com o hexacampeonato. Não deu.

O ESPN.com.br resgata agora a campanha da seleção brasileira na Copa do Mundo, desde a estreia gelada contra a Coreia do Norte até a eliminação contra a Holanda. Clicando nas notícias abaixo, o fã do esporte vai relembrar como foi o Mundial da África, em texto e fotos. Um pouco mais abaixo, nesta mesma notícia, clique e assista em vídeo à retrospectiva da fracassada campanha da seleção brasileira. Mais abaixo, siga lendo sobre o caminho do time de Dunga, que acabou em tristeza em Port Elizabeth no dia 2 de julho.


Clique no player acima e relembre a campanha do Brasil


O Brasil chegou à Copa do Mundo como o grande favorito ao lado da Espanha, que acabaria tornando-se campeã. A primeira colocação nas disputadas eliminatórias sul-americanas e os títulos da Copa América e da Copa das Confederações mostravam que Dunga, apesar de algumas escolhas questionáveis, havia encontrado um grupo unido e vitorioso. E foi neste grupo que o técnico confiou.

As maiores críticas no dia da convocação ficavam por conta das ausências de Ronaldinho Gaúcho, Neymar e Paulo Henrique Ganso - estes últimos dois, revelações do Santos, melhor time do primeiro semestre de 2010, mas que não haviam sido testados por Dunga. O técnico não quis arriscar. Confiou em jogadores como Julio Baptista e Kleberson, que vinham de temporadas ruins, mas haviam feito parte da trajetória de quatro anos do técnico no comando.

Enquanto o Brasil fazia amistosos pelo continente africano e passava sem maiores problemas pela primeira fase da Copa do Mundo, explodia uma crise fácil de prever entre Dunga e jornalistas. O técnico blindou a seleção, acabou com as zonas mistas e "comprou briga" com a TV Globo, sempre acostumada a regalias e acessos privilegiados aos jogadores nos Mundiais passados. O jeito duro (grosseiro, até) do treinador e os treinos fechados na África, no entanto, fizeram com que a guerra se ampliasse a uma fatia maior da imprensa.

O auge veio após a vitória contra a Costa do Marfim, quando Dunga murmurou palavrões dirigidos a um jornalista da Globo. Depois disso, o técnico veio a público e pediu desculpas "aos torcedores" por sua atitude. O clima melhorou, mas faltavam já poucos dias para a eliminação.

Em campo, Dunga montou uma seleção com defesa forte. Júlio César, Maicon, Lúcio e Juan eram jogadores testados e aprovados - a exceção ficou para a lateral-esquerda, com o questionado e errático Michel Bastos. No meio, o veterano Gilberto Silva e o explosivo Felipe Melo. Kaká atuou no sacrifício, foi expulso em uma partida e não conseguiu fazer uma grande Copa.

Elano merece um parágrafo à parte. Com função tática importantíssima, o meia foi bem nos dois primeiros jogos e se lesionou após entrada feia do marfinense Tioté. Os médicos da seleção demoraram para perceber que a lesão era mais grave do que parecia e, quando exames de imagem mostraram um edema ósseo, já se sabia que Elano não atuaria mais na Copa. Seu substituto no meio foi o ótimo lateral Daniel Alves, que não conseguiu render do mesmo jeito fora de posição.

Na frente, Luis Fabiano e Robinho, atacantes disciplinados taticamente e que não chegaram a explodir na África. Com os dois e Kaká entre os titulares, o Brasil havia vencido simplesmente todos os jogos na Era Dunga. Até que chegou a partida contra a Holanda, em Port Elizabeth.

No primeiro tempo, a seleção fazia sua melhor partida. Marcou com Robinho e teve chances para ampliar. No segundo tempo, no entanto, o time entrou em pane após sofrer o gol de empate, em falha de Júlio César, e não soube reagir diante do cenário adverso. "O Brasil estava enlouquecido em campo, eles perderam o controle", diria depois da partida o meia holandês Sneijder, autor dos dois gols que decretaram a eliminação.

Felipe Melo, o vilão brasileiro na Copa, leva o cartão vermelho contra a Holanda

Felipe Melo, o vilão brasileiro na Copa, leva o cartão vermelho contra a Holanda
Crédito da imagem: Reuters

Tal enlouquecimento foi notado de forma clara na entrada absurda de Felipe Melo em Robben, que decretou a expulsão do volante. "Não sou o vilão", disse um corajoso Felipe Melo depois do jogo. Atrás dele, na zona mista, os jogadores iam embora cabisbaixos, com rostos inchados e olhos cheios de lágrimas. "Entendemos  tristeza dos torcedores, mas ninguém está tão triste como nós, jogadores", resumiu Kaká.

A consequência da derrota foi a saída imediata de Dunga, que se refugiou com a família no Rio Grande do Sul e pouco falou durante o resto do ano. A CBF tentou trazer Muricy Ramalho, mas acabou acertando mesmo com Mano Menezes, que renovou a seleção e fez convocações cheias de jogadores jovens.

No último jogo do Brasil em 2010, no entanto, Mano já teve uma experiência amarga, nunca sofrida por Dunga em quatro anos com a seleção principal: perdeu para a Argentina.

Jogos sob comando de Dunga em 2010:
02/03 - Brasil 2 x 0 Irlanda - Amistoso (Andrews, contra, Robinho)
02/06 - Brasil 3 x 0 Zimbábue - Amistoso (Michel Bastos, Robinho, Elano)
07/06 - Brasil 5 x 1 Tanzânia - Amistoso (Robinho 2, Ramires 2, Kaká)
15/06 - Brasil 2 x 1 Coréia do Norte - Copa do Mundo (Maicon, Elano)
20/06 - Brasil 3 x 1 Costa do Marfim - Copa do Mundo (Luis Fabiano 2, Elano)
25/06 - Brasil 0 x 0 Portugal - Copa do Mundo
28/06 - Brasil 3 x 0 Chile - Copa do Mundo (Juan, Luis Fabiano, Robinho)
02/07 - Brasil 1 x 2 Holanda - Copa do Mundo (Robinho)

Jogos sob o comando de Mano Menezes:

10/08 - Brasil 2 x 0 Estados Unidos - Amistoso (Neymar, Pato)
07/10 - Brasil 3 x 0 Irã - Amistoso (Daniel Alves, Pato, Nilmar)
11/10 - Brasil 2 x 0 Ucrânia - Amistoso (Daniel Alves, Pato)
17/11 - Brasil 0 x 1 Argentina - Amistoso

Os convocados para a Copa do Mundo:

Goleiros - Júlio Cesar (Inter de Milão), Gomes (Tottenham) e Doni (Roma)
Laterais direitos - Maicon (Inter de Milão) e Daniel Alves (Barcelona)
Laterais esquerdos - Gilberto (Cruzeiro) e Michel Bastos (Lyon)
Zagueiros - Lúcio (Inter de Milão), Juan (Roma), Luisão (Benfica) e Thiago Silva (Milan)
Volantes - Gilberto Silva (Panathinaikos), Felipe Melo (Juventus), Ramires (Benfica), Josué (Wolfsburg) e Kleberson (Flamengo)
Meias - Elano (Galatasaray), Kaká (Real Madrid) e Julio Baptista (Roma)
Atacantes - Luis Fabiano (Sevilla), Robinho (Santos), Nilmar (Villarreal) e Grafite (Wolfsburg)

O último jogo de Dunga:

BRASIL 1 x 2 HOLANDA
Data: 2 de julho de 2010
Competição: Copa do Mundo
Local: Estádio Nelson Mandela Bay (Port Elizabeth - África do Sul)
Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão/Japan)
Cartões Amarelos: Michel Bastos (Brasil); John Heitinga, Gregory Van der Viel, Nigel De Jong e André Ooijer (Holanda)
Cartão Vermelho: Felipe Melo (Brasil)
Gols:
BRASIL: Robinho
HOLANDA: Sneijder (2)

BRASIL: Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto Silva, Daniel Alves, Felipe Mello e Kaká; Robinho e Luís Fabiano (Nilmar)
Técnico: Dunga

HOLANDA: Maarten Stekelenburg; Gregory Van der Wiel, John Heitinga, André Ooijer e Giovanni Van Bronckhorst; Nigel De Jong, Wesley Sneijder e Mark Van Bommel; Arjen Robben, Robin Van Persie (Klaas Jan Huntelaar) e Dirk Kuyt.
Técnico: Bert Van Marwijk

O último jogo da seleção em 2010:


BRASIL 0 x 1 ARGENTINA
Data: 17 de novembro de 2010
Competição: Amistoso
Local: Khalifa Stadium - Doha (Catar)
Árbitro: Abdullah Balideh (Catar)
Cartões Amarelos: Javier Mascherano e Lionel Messi (Argentina)
Gol:
ARGENTINA: Lionel Messi

BRASIL: Victor; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e André Santos; Lucas, Ramires (Jucilei), Elias e Ronaldinho Gaúcho (Douglas); Robinho e Neymar (André)
Técnico: Mano Menezes

ARGENTINA: Sergio Romero; Javier Zanetti, Nicolás Pareja, Nicolás Burdisso e Gabriel Heinze; Ever Banega, Javier Mascherano e Javier Pastore (Andrés D'Alessandro); Lionel Messi, Ángel Di María e Gonzalo Higuaín (Ezequiel Lavezzi).
Técnico: Sergio Batista

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