Medalhista do boxe treina com homens e sonha com apartamento

Marcelo Gomes, de Londres (Inglaterra), com redação do ESPN.com.br
Em Julho deste ano, o 'Histórias do Esporte' mostrou a preparação de Adriana Araújo; veja reportagem
O boxe brasileiro tinha apenas uma medalha na história dos Jogos Olímpicos com Servílio de Oliveira na Cidade do México-1968, mas em Londres, e logo na estreia das lutas femininas na competição, uma pugilista da Bahia garantiu presença no pódio: Adriana dos Santos Araújo. Ao vencer a representante do Marrocos, nesta segunda de manhã, Adriana se garantiu nas semifinais. Na quarta-feira, pode até perder para a favorita russa que terá o bronze garantido. Se vencer, disputará o ouro na decisão.

Aos 30 anos, a lutadora do peso leve (até 60kg) já conquistou por sete vezes o título nacional e é pentacampeão pan-americana. A história de Adriana Araújo é mais uma daquelas que nos acostumamos a ver dentro do esporte: ela nasceu e vive até hoje em Brotas, um dos subúrbios mais violentos de Salvador. O pai morreu quando ainda era criança, e a mãe faleceu há poucos anos por causa de um câncer. Mora com as duas irmãs e ainda tem um irmão.

Quem a criou para o boxe foi Luis Dórea, ex-técnico dos campeões mundiais Acelino 'Popó' Freitas e Valdemir 'Sertão' Pereira e famoso também por treinar atletas do MMA. É o "paizão" da pugilista.

Adriana tem como sparrings apenas homens, e por duas razões: além do esporte não ser muito difundido entre as mulheres, as que têm não costumam não aguentar a mão pesada da baiana.
Reuters
Adriana Araújo se prepara para luta em Londres: pupila de Luis Dórea, ex-Popó e atual MMA
Adriana Araújo se prepara para luta em Londres: pupila de Luis Dórea, ex-Popó e atual MMA
A naturalidade da boxeadora, por sinal, já causou problemas mais graves: mesmo com quase metade da seleção brasileira sendo da Bahia e com preferência por trabalhar em Salvador, a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) mantém seu centro de treinamento em São Paulo, o que já fez Adriana Araújo e outros pugilistas do Estado entrarem em depressão por ficarem muito tempo longe da família.

Com a medalha olímpica garantida, o que Adriana Araújo pretende realizar é outro sonho: comprar um apartamento para morar com as irmãs e sair do perigoso subúrbio de Brotas. Ela acredita que merecia mais reconhecimento das autoridades brasileiras e cita o caso da venezuelana Karlha Magliocco, que ficou com o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara e, como recompensa, ganhou do governo um carro e uma casa.
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