Com o calendário apertado, a seleção brasileira feminina de futebol tem pela frente, neste ano, a Copa do Mundo e os Jogos Pan-Americanos, ambos no Canadá. Com Marta como principal jogadora da equipe, o país tem boas perspectivas para o Mundial, embora a sensação que fique no elenco é de que ele não soube aproveitar o seu melhor momento e caiu de qualidade desde os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim.

"A queda é um fato. Estamos agora em oitavo no ranking da Fifa. O que deu errado? Bom, do meu ponto de vista, nós alcançamos um alto padrão em 2004, 2007 e 2008, quando fomos vice na Olimpíada de Atenas, na Copa do Mundo da China e nos Jogos de Pequim, respectivamente. Daí para frente, mantivemos um elenco junto, mas algumas novas jogadoras vieram, e outras penduraram as chuteiras. Não fomos capazes de repor da melhor maneira as jogadoras que saíram. Então, precisamos iniciar uma nova geração", declarou a atleta para o site oficial da Fifa.

Apesar da queda no desempenho, Marta não culpa suas colegas, e sim aponta a CBF como uma entidade que não criou nenhum projeto sólido e em longo prazo para a modalidade e não soube aproveitar uma geração com tanto potencial.

"Nós perdemos muito tempo e não conseguimos tirar total vantagem da geração que apareceu em 2004. Deveria haver um projeto mais consistente, de longo prazo, para desenvolver jogadoras promissoras a um nível alto o suficiente para que elas substituíssem as que estivessem saindo. Então, começamos do zero de novo. E precisamos ser cuidadosos agora também, porque jogadoras veteranas como eu, Cristiane, Formiga e Andréia não ficaremos para sempre. Só com trabalho duro poderemos manter a seleção forte", disse a jogadora de 28 anos.

Sem total confiança para a Copa do Mundo no Canadá, Marta acredita que a equipe pode conseguir bons resultados com muito esforço. A jogadora também elogiou Vadão, que assumiu a seleção em abril de 2014.

"Acho que temos habilidade para ir bem, brigar com pesos pesados como Alemanha, Estados Unidos, França, Suécia, Japão, Canadá, Inglaterra... Dito isso, nossa condição atual não reflete isso. Se quisermos nos comparar com os times do Brasil no passado, teremos que provar em campo. É uma hora crucial agora. O técnico Vadão está fazendo um trabalho muito bom, dando chance a todas as garotas", afirmou.

Campeonato nacional

Questionada sobre a prática do futebol feminino no Brasil, Marta destacou as dificuldades das atletas em conseguirem visibilidade, mesmo após o início do Campeonato Brasileiro.

"Temos um campeonato no Brasil agora, mas ainda não é muito competitivo e nem mesmo popular. Há alguns anos atrás, não tínhamos nem mesmo isso, e os técnicos da seleção tinham grandes dificuldades em encontrar jogadoras de qualidade, porque ele não tinha a chance de vê-las atuando", comentou.