Ex-seleção alemã jogou Copa e parou aos 29 por amor a clube; hoje está na TV e no mundo dos negócios

André Donke, do ESPN.com.br
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Marcell Jansen, hoje aos 31 anos, é um homem de negócios
Marcell Jansen, hoje aos 31 anos, é um homem de negócios

Bem fisicamente, Marcell Jansen disse em julho de 2015 que não iria mais aos gramados. A ‘primeira morte' de um jogador de futebol chegou cedo para o ex-lateral esquerdo/meia. Afinal, 29 anos é uma idade muito baixa para se pendurar as chuteiras, sobretudo para alguém com um currículo gabaritado como poucos.

Formado no Borussia Mönchengladbach, clube de sua cidade e do coração, ele passou pelo Bayern de Munique e seleção alemã. Foi campeão nacional pelo time bávaro e jogou uma Copa do Mundo em casa com a camisa de seu país.

Tantas emoções que se somariam a outra tão intensa quanto. Em Hamburgo, a última parada de sua carreira, aprendeu a amar a cidade, os torcedores e o clube. Um amor tão grande que o impediu de continuar jogando, apesar de estar em condições e na idade que para muitos é o auge de um esportista.

"Eu não posso repentinamente beijar outro escudo", disse à época do anúncio de sua aposentadoria.

Aposentadoria?

"Aposentadoria é a palavra errada sobre minha condição de trabalho atual", disse Jansen, hoje com 31 anos, em entrevista por email ao ESPN.com.br. "Desde o fim da minha carreira como jogador profissional eu nunca tive mais do que dez dias seguidos de férias".

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Jansen criou grande vínculo com o Hamburgo e a cidade
Jansen criou grande vínculo com o Hamburgo e a cidade

A versatilidade de um atleta que podia desempenhar uma função defensiva ou ofensiva foi mostrada no momento de trocar a chuteira e o uniforme pelo sapato, terno e gravata. Seja na sala de reunião ou diante das câmeras.

Passados menos de dois anos desde que jogou para valer pela última vez, Jansen virou apresentador de um programa na emissora Sky, da Alemanha, no qual entrevista jogadores de futebol buscando mais o lado humano, longe da fama. Junto a isso, se arriscou em diferentes áreas no mundo business, e ainda é envolvido em diferentes projetos de cunho social.

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Muita coisa aconteceu na vida de Jansen desde julho de 2015, e ele falou sobre essa transição de carreira ao ESPN.com.br. Confira a entrevista completa abaixo:

ESPN.com.br: O que mudou na sua vida desde a aposentadoria no futebol?

Marcell Jansen: Desde o fim da minha carreira como jogador profissional eu nunca tive mais do que dez dias seguidos de férias. Não é uma aposentadoria, e na verdade eu também nunca quis ter. Desde então eu vivo com um novo e trabalhoso ritmo, cuido com paixão e ambição de meus novos negócios e me sinto muito bem com isso. 

ESPN.com.br: Você continua trabalhando na Sky? Como funciona o projeto de desenvolver um novo formato de futebol?

MJ: Nosso formato "Jogo em casa" foi muito bem recebido pelos fãs. Eu sigo acreditando que é uma ideia empolgante, ainda tenho uma boa relação com muitos jogadores, sou próximo deles e nós mostramos as pessoas por trás da ‘faixada' profissional. Nossos convidados, entre eles, por exemplo, foi Yan Sommer (goleiro do Borussia Mönchengladbach), se abrem na conversa e apresentam percepções interessantes. Essas conversas foram pessoais, mas não privadas.

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Jansen jogou a Copa de 2006
Jansen jogou a Copa do Mundo de 2006, que foi realizada na Alemanha

ESPN.com.br: Você mantém sua empresa, a MJ GmbH, e projetos, como o City Jumper (exposição de marcas em carros que circulam por Hamburgo), Gymjunky (loja online de roupas fitness), entre outros? Você continua desenvolvendo novas ideias e projetos? Quanto tempo diariamente você gasta com este trabalho?

MJ: Há um ano e meio eu desenvolvo e realizo juntamente à minha equipe projetos nas áreas de esporte, estilo de vida, saúde e digital. Eu vejo meu presente e futuro como empresário e por esta razão fundei a MJ Beteiligungs GmbH. Um projeto digital, eu espero, começará no verão, e um conceito de comida, que eu desenvolvi junto a um cozinheiro célebre alemão, está para começar.

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Jansen defendeu o Bayern de Munique
Jansen defendeu o Bayern de Munique

ESPN.com.br: Você é bastante engajado com trabalho social. De quais projetos você faz parte atualmente?

MJ: Eu sou o rosto do Hamburger Weg, o projeto de responsabilidade social corporativa do Hamburgo. Nós nos envolvemos profissionalmente e de forma sustentável com a juventude de Hamburgo. Criamos alternativas para participação e promovemos a interação social entre todas as esferas nacionalidades. O esporte tem um maravilhoso papel de conexão. Além disso, eu apoio a escola web-individual em Bochum. Aqui jovens pessoas, que por diferentes razões não podem fazer parte na escola regular, têm a oportunidade de se preparar para a conclusão do ensino escolar. É uma escola particular que depende de patrocínio. Eu dou o apoio nesta busca.

ESPN.com.br: Você se arrepende de ter se aposentado aos 29 anos?

MJ: De forma alguma. Eu sou meu próprio chefe, eu quero construir algo, tenho muito o que fazer todos os dias, eu aprendo e sou um empresário independente. Aposentadoria é a palavra errada sobre minha condição de trabalho atual.

ESPN.com.br: Você deseja manter a relação profissional com o futebol? Quais são seus objetivos para o futuro?

MJ: Depois de 12 anos de futebol profissional mantém-se naturalmente o contato. Eu encontro muitos colegas nos jogos da seleção ou por meio da minha atividade como especialista pela Sky. No meu período como profissional eu fiz algumas amizades, que eu carrego até hoje. O sucesso que eu vivenciei no campo, eu quero alcançar também no mundo dos negócios. Essa é a minha ambição que me guia todos os dias.

ESPN.com.br: Qual foi o momento mais marcante da sua carreira como jogador de futebol?

MJ: O momento mais bonito da minha carreira foi a Copa do Mundo de 2006, em meu próprio país, os "Sommermärchen" ("Os Contos de Verão", em alemão. Um documentário foi feito com este nome sobre o Mundial de 2006). Jogamos em Stuttgart contra Portugal pelo terceiro lugar, meu oponente foi Cristiano Ronaldo.

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Jansen, no começo de carreira pelo Mönchengladbach
Jansen, no começo de carreira pelo Mönchengladbach

ESPN.com.br: Porque sua conexão com o Hamburgo tornou-se tão forte? Você era um torcedor quando criança? Sua família torce pelo time?

MJ: Eu nasci em Mönchengladbach, eu fui e sou um torcedor do Borussia Mönchengladbach. Mas Hamburgo tornou-se a cidade que eu adotei, eu joguei por sete anos pelo HSV. Ao longo deste tempo, eu me liguei ao clube, à cidade e às pessoas.

ESPN.com.br: Você vive em Hamburgo atualmente? Você mantém contato com as pessoas ou visita o clube?

MJ: Eu vivo em Hamburgo e gosto demais disso. Naturalmente, eu conheço alguns jogadores do clube e nós ainda temos contato. Meu escritório é em Hamburgo, e a Renovatio, uma loja de produtos ortopédicos da qual faço parte, acabou de se expandir a Hamburgo. Eu também tenho contato com alguns jogadores do time. Eu sempre vou ao estádio para torcer pela equipe, afinal de contas, eu também sou um torcedor do Hamburgo.

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