Russos têm abertura dos sonhos com goleada por 5 x 0 sobre a Arábia Saudita

Os russos vinham de uma reta final de preparação pouco animadora. Há nove meses não venciam uma partida e o futebol apresentado era pouco convincente. Tudo isso ficou para trás após os primeiros 90 minutos de bola rolando na Copa do Mundo em que eles são os anfitriões. Após breve cerimônia de abertura, a seleção da casa aplicou uma goleada de 5 x 0 sobre a Arábia Saudita no estádio Luzhniki, em Moscou, diante de 78.011 torcedores. Com o resultado, assumiu a liderança do Grupo A da competição, com três gols e cinco de saldo. Nesta sexta (15.06), a partir das 9h, Uruguai x Egito encerram a primeira rodada da chave, em Ecaterimburgo.

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"Estou grato pela forma como nossa equipe cumpriu todos os objetivos nessa estreia, pela maneira profissional com que jogaram e pela forma relaxada como souberam resistir à pressão da estreia em casa"

Stanislav Cherchesov, técnico da Rússia

"Estou grato pela forma como nossa equipe cumpriu todos os objetivos nessa estreia, pela maneira profissional com que todos jogaram e pela forma relaxada como souberam resistir à pressão de fazer a estreia em casa", afirmou Stanislav Cherchesov, técnico da Rússia, na coletiva após a partida. O próximo compromisso do time da casa será no dia 19, em São Petersburgo, diante do Egito. "Será um jogo diferente, numa cidade diferente e num estádio diferente. Nós temos de nos preparar meticulosamente", completou o treinador.

A Arábia Saudita, por sua vez, tentará a reabilitação no dia 20, em Rostov, contra o Uruguai. "Sofremos uma grande e inesperada derrota. A Rússia jogou bem, mas não não parecíamos em boa forma. Não acredito que eles fizeram qualquer coisa para nos surpreender. Avalio que uma performance ruim de nossa parte explica melhor o resultado. Temos de mudar a estratégia e pensar no próximo jogo. Eu tenho plena confiança nesse jogadores", afirmou o técnico Juan Antonio Pizzi.

As estatísticas do jogo ajudam a tecer a diferença entre os dois lados. Mesmo tomando a goleada, a Arábia Saudita teve 60% de posse de bola, mas não conseguiu concluir nenhum chute a gol nos 90 minutos. A bola ficava no meio de campo e não chegava aos atacantes em condições de conclusão. Do outro lado, a Rússia teve sete chutes a gol e conseguiu converter cinco, um aproveitamento de 71%.

O destaque foi Denis Cheryshev, de 27 anos. O meia até então não havia marcado sequer um gol em jogos internacionais pela seleção russa. Nem titular era. Foi chamado a campo ainda no primeiro tempo porque um dos protagonistas da equipe, Alan Dzagoev, se contundiu. Cheryshev mais do que aproveitou a chance. Primeiro, limpou dois defensores de uma vez só com uma ajeitada de bola em cavadinha e bateu forte, de esquerda, para anotar o segundo gol russo, aos 43 minutos da primeira etapa. Já no fim do segundo tempo, anotou o quarto gol aos 46 com um chute de três dedos, de perna esquerda, da entrada da área.

Cheryshev foi eleito o nome do jogo pela FIFA. Saiu do banco para marcar dois gols. Foto: Getty Images

"Eu não podia nem sonhar com algo assim. Eu já estava me sentindo muito feliz só por estar no grupo. Aquele segundo gol foi um reflexo dos treinamentos que fizemos. Eu busquei estar lá para ajudar o Dzyuba e, quando ele ganhou de cabeça, eu só chutei. Nem tive tempo de pensar", afirmou o meia.

Antes de Cheryshev se destacar a ponto de ser escolhido pela FIFA o melhor em campo, coube ao volante Iury Gazinsky a honra de ser o primeiro atleta a marcar um gol na Copa do Mundo da Rússia. Aos 12 minutos, ele aproveitou um cruzamento da esquerda e conferiu de cabeça para vencer pela primeira vez o goleiro Abdullah Almuaiouf. Os outros dois gols do jogo foram marcados na segunda etapa, pelo atacante Dzyuba, aos 26, e pelo meia Golovin, de falta, no último lance da partida, aos 49 minutos.

Clima de festa

Os arredores do estádio já viviam o clima da abertura horas antes do apito inicial. Torcedores trajados em várias cores - não apenas as dos times que entraram em campo-, bandeiras, rostos pintados, perucas e animação compunham o cenário. Nem as muitas ruas fechadas com grades e o fechamento de estações de metrô desanimaram as milhares de pessoas que acompanharam a estreia da seleção anfitriã.

Antes da partida, na entrada de um dos portões de acesso ao complexo do Luzhniki, a empolgação e o otimismo eram o lema do auxiliar administrativo Mohammed Alnakhli, da Arábia Saudita. “Acho que vamos ganhar, talvez 2 x 1”, apostou. Para ele, é uma oportunidade única estar numa abertura de um dos maiores eventos esportivos do mundo. “É incrível de verdade. Muitos países estão aqui e você pode ver várias culturas. Essa é minha primeira vez em uma Copa do Mundo. Estou muito animado”.

Festa árabe foi grande antes do jogo e da goleada. Foto: Rafael Brais/rededoesporte.gov.br

O analista financeiro Ricardo Bellon está na Rússia para ver a primeira fase da Copa. Paranaense e morando em São Paulo, destacou o momento que o Mundial proporciona para o esporte e para os torcedores de vários cantos do globo terrestre. “É único. A cada quatro anos ter a oportunidade de ver um evento que envolve o mundo inteiro é coisa que a gente não vê em nenhum outro esporte. É mais forte até que as Olimpíadas. Todas as pessoas deveriam ver isso uma vez vida”.

O rosto pintado e a bandeira em volta do corpo eram apenas detalhes perto do patriotismo do funcionário público russo George Yakolvlev. “Bem-vindos à Rússia todas as pessoas de todo o mundo”, disse ele, antes mesmo da primeira pergunta. “Nós sediamos essa Copa e achamos que todas as pessoas vão amar a Rússia, amar Moscou e amar todas as cidades da Rússia”, apostou. Sobre estar na partida inaugural do Mundial, Yakovlev disse ter sido algo pensado e, mesmo sabendo das limitações de sua seleção, ressaltou sua confiança e amor no time. “Todos dizem que nosso time não é tão bom, mas amo nosso time, amo a Rússia, sou patriota”

Ministro

O ministro do Esporte, Leandro Cruz, prestigiou a abertura da Copa do Mundo ao lado do embaixador brasileiro em Moscou, Antonio Salgado, e do secretário de Estado do Desporto de Portugal, João Paulo Rebelo.

rededoesporte.gov.br, com informações de Rafael Brais e Pedro Ramos