A caminho da Copa!

O evento teste da SSL Gold Cup teve Robert Scheidt no comando do time brasileiro, composto por Martine Grael, Kahena Kunze, André Fonseca e João Signorini, entre outros

O evento teste da SSL Gold Cup teve Robert Scheidt no comando do time brasileiro, composto por Martine Grael, Kahena Kunze, André Fonseca e João Signorini, entre outros

A Copa do Mundo de futebol...

em veleiros!

Por Roberto Negraes

O Brasil terminou como vice-campeão no teste para a futura SSL Gold Cup, a “Copa do Mundo da Vela” a ser realizada em 2022

Depois de vencer sete regatas classificatórias seguidas, a equipe brasileira, que contou com um verdadeiro dream team e foi apelidada pelo desempenho como Brazilian storm (tempestade brasileira), terminou em segundo lugar a disputa final do segundo evento teste da SSL Gold Cup, perdendo por apenas 14 segundos para o barco da Croácia.

Estiveram na raia os dois primeiros colocados de dois grupos de quatro equipes. No grupo 1, competiram Brasil, Hungria, Omã e Israel (classificaram-se Brasil, invicto, e a Hungria). No grupo 2 estiveram Croácia, Suíça, Argentina e Estônia (classificados Croácia e Suíça). A final, realizada no último domingo, dia 3 de outubro, teve um duelo à parte entre o barco brasileiro e o da Croácia, com a vitória final da equipe croata, ambos terminando mais de um minuto sobre os demais. A classificação definitiva ficou assim: 1º) Croácia; 2º) Brasil; 3º) Hungria; 4º) Suíça.

Os países participantes usam o mesmo uniforme dos times de futebol. Os brasileiros e brasileiras da nossa equipe usaram o tradicional traje "canarinho", até com numeração. A seleção brasileira teve como comandante e camisa 10 Robert Scheidt, cinco vezes medalhista olímpico, e contou com as bicampeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze, além de outros experientes tripulantes: André Fonseca, João Signorini, Henrique Haddad, Gabriel Borges, Juninho Jesus, Alfredo Rover e Henry Boening.

“Este primeiro evento da seleção brasileira de vela foi muito importante para entendermos os pontos fracos da equipe e trabalhar nas soluções”, afirmou o gerente da equipe, Bruno Prada, que fez uma parceria vitoriosa como proeiro de Scheidt na classe Star, na qual a dupla obteve as medalhas olímpicas de prata e de bronze.

Ao todo, são três eventos testes. O primeiro foi vencido pela seleção da África do Sul, com Tailândia em 2º lugar; Malásia em 3º; Ucrânia em 4º; Turquia em 5º; Taiti em  6º; França em 7º; e México em 8º.

No terceiro evento teste, marcado para o período entre 11 e 17 de outubro, a disputa será entre Espanha, Dinamarca, Polônia, Suécia, Áustria, Eslovênia, Peru e Sérvia.

No próximo ano, quando acontecerá a SSL Gold Cup para valer, os brasileiros terão o direito de iniciar já nas quartas de final, pelos regulamentos da competição e pela força da equipe, uma das grandes atrações do evento.

Como surgiu a SSL Gold Cup

Apresentação dos primeiros 20 capitães de equipes participantes da SSL Gold Cup (o brasileiro Robert Scheidt é o quarto a partir da esquerda, na segunda fila), em abril de 20219. Foto: Marc Rouiller

Apresentação dos primeiros 20 capitães de equipes participantes da SSL Gold Cup (o brasileiro Robert Scheidt é o quarto a partir da esquerda, na segunda fila), em abril de 20219. Foto: Marc Rouiller

A SSL Gold Cup foi criada pela Star Sailors League – SSL, entidade semelhante à ATP, que, assim como sua congênere do tênis, tem um ranking e um circuito internacional anual composto de quatro Grand Slams e com as finais baseadas no Masters de tênis, com o campeão dos campeões sendo sagrado ao final do circuito. As regatas são disputadas em barcos da classe Star e há premiações em dinheiro.

A SSL Gold Cup terá cada veleiro representando uma nação, aos moldes da Copa do Mundo de Futebol. Haverá cinco rodadas eliminatórias, realizadas no Lago Neuchâtel e disputadas por 16 equipes divididas em quatro chaves.

Os participantes com classificação mais baixa no ranking de nações da SSL começarão a competição em primeiro lugar, e para beneficiar os países emergentes, haverá uma cota de países por zona (Europa; África/América; Oceania/Ásia) em cada rodada até as quartas de final.

As regatas são realizadas no formato barla-sota e os veleiros são monocascos de 47 pés idênticos.

Os dois primeiros colocados de cada chave se enfrentarão a seguir, no esquema mata-mata, e os vencedores disputarão as finais. Já estão inscritos 56 países para a disputa.

“Temos uma equipe boa no papel, que precisa velejar bem junta. O mais importante foi reunir o time e dividir as funções no barco. Formar uma tripulação unida. Nem todo mundo já velejou nesse barco. Mas é um evento bem bacana, um novo conceito de competição que prioriza a emoção, tanto para o público quanto para os atletas, preservando-se o espírito e a tradição da vela”, comentou Robert Scheidt.

A copa do mundo da vela ocorrerá a cada dois anos. Velejadores da elite mundial competem nos eventos da SSL, de forma que a SSL Gold Cup atraiu alguns dos principais nomes de regatas de volta ao mundo e da Copa América, entre os quais mais de 70 atletas olímpicos, com 17 medalhas de ouro, 16 de prata e 18 de bronze. Esses atletas formarão o núcleo de suas seleções nacionais na SSL Gold Cup. Ou seja, os melhores do mundo estarão “em campo” em busca do título mundial.

O Barco

A SSL Gold Cup, tanto nos testes atuais quanto no primeiro campeonato mundial no próximo ano, será disputada por veleiros monocascos one design (idênticos) de 47 pés absolutamente iguais, com spinnaker (vela balão) assimétrico, quilha fixa (não inclinada) e sem lastro de água. Todas as embarcações, sem exceção, são obrigatoriamente fornecidas pela organização do evento. As tripulações são compostas por nove tripulantes, todos da nacionalidade da nação que representam.

Para assegurar igualdade entre as equipes, os velejadores só poderão conhecer e treinar com os barcos no SSL Training Center, em Grandson, na Suíça. Contudo, será oferecido maior tempo de treinamento para equipes de países emergentes com menos tradição de vela.

Segundo a organização, entre as principais características fundamentais desses 47 pés estão a capacidade de manobras em variadas condições de vento; o alto nível de exigência de habilidade física e estratégica dos velejadores; desempenho de barco grande e combinado com a capacidade de manobra de um veleiro pequeno; equilíbrio do potencial de velocidade, tornando as disputas emocionantes para o público assistir às regatas, que terão, inclusive, transmissão pela TV.

Assista, abaixo, à final entre Brasil e Croácia (a partir de 1:22:34).