Europeus e a Copa das Confederações: 2003 – A Copa de Foé

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada pela morte de Foé (Foto: Jean-Philippe Ksiazek/Getty Images)

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada pela morte de Foé
(Foto: Jean-Philippe Ksiazek/Getty Images)

A Copa das Confederações de 2003 ficou marcada como a primeira realizada na Europa e, também, primeira com dois representantes do citado continente. A França, palco da Copa do Mundo de 1998, sediou a competição que guarda uma lembrança trágica.

Durante a semifinal entre Camarões e Colômbia, o meio-campista africano Marc-Vivien Foé desabou em campo aos 27 minutos da etapa final. Ele sofreu um problema cardíaco e morreu ao chegar ao hospital. Tragicamente, Foé passou por esse problema no estádio Gerland do Lyon, clube que defendeu por duas temporadas.

Além da França, país-sede e campeã europeia, a seleção turca foi a outra representante do Velho Continente no torneio. Porém, há de se destacar que o time do técnico Şenol Güneş só chegou à Copa das Confederações após declínios de Alemanha (vice-campeã do mundo), Itália (vice-campeã europeia) e Espanha (melhor país do continente colocada no ranking da FIFA).

Confira nos próximos parágrafos como foi a Copa das Confederações 2003:

A EDIÇÃO

Jacques Santini substituiu Roger Lemerre na França (Foto: Pierre Andrieu/Getty Images)

Jacques Santini substituiu Roger Lemerre na França
(Foto: Pierre Andrieu/Getty Images)

As edições iniciais da Copa das Confederações mostravam repetição entre as seleções participantes. Com a chegada da FIFA e a expansão do número de equipes, houve uma mistura maior de times entre uma edição e outra. Das oito seleções participantes da edição de 2003, quatro haviam viajado até a Ásia na edição de 2001.

Uma dessas equipes era a França, país sede do evento, vencedora da Euro 2000 e campeã da Copa das Confederações anterior. Os Bleus agora seriam comandados por Jacques Santini – que substituiu Roger Lemerre – e contariam com muitos atletas campeões em 2001, mas sem Zinedine Zidane e com Thierry Henry.

Os outros três participantes repetidos eram Brasil, campeão do mundo em 2002, Japão, campeão asiático em 2000 e vice-campeão da Copa das Confederações em 2001, e Camarões, campeão africano em 2002.

No bloco dos times que não estiveram presentes em 2001, mas que jogariam em 2003, estavam os norte-americanos campeões da Copa Ouro de 2002, os neozelandeses vencedores da Copa da Oceania do mesmo ano e os estreantes vindos da Colômbia e da Turquia.

Os turcos, aliás, foram os únicos a ingressar na competição sem vencer algo. Itália e Alemanha, vice-campeãs da Europa e do Mundo, respectivamente, teriam direito a essa vaga, mas ambas rejeitaram, assim como a Espanha que era a melhor seleção do continente no ranking da FIFA.

Era um cenário até engraçado. Estavam reunidos os campeões da América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia, Oceania, África e do Mundo contra a Turquia, terceira colocada do Mundial de 2002.

CLASSIFICAÇÃO – FRANÇA

Os franceses poderiam lamentar a ausência de Zinedine Zidane, mas não poderiam, de jeito nenhum, reclamar da chave que caíram na Copa das Confederações. Japão, Colômbia e Nova Zelândia não eram adversários que colocavam medo, nem no elenco, nem na torcida que compareceria em peso nos jogos do time.

Apesar da ausência de Zidane, Jacques Santini levou uma equipe forte para o torneio. Fabien Barthez, Bixente Lizarazu, Robert Pirès, Marcel Desailly e Thierry Henry eram alguns dos remanescentes do título mundial de 1998. Junto deles estavam Sylvain Wiltord, peça importante do Arsenal, a dupla valiosa do Monaco, futuro vice-campeão europeu, Rothên e Giuly, além de Mexès, Cissé e outros jovens que começavam a despontar.

Apesar dessa volúpia de jogadores conhecidos, a França penou para vencer pelo marcador mínimo em sua estreia contra a debutante Colômbia. A vitória no estádio Gerland veio após pênalti duvidoso – suposto toque de mão de Ruben Velasquez – convertido por Thierry Henry.

Na segunda rodada, reedição da final anterior contra o Japão. Santini, assim como Lemerre em 2001, mexeu bastante no time entre a primeira e a segunda rodada e o volante Olivier Dacourt foi o único titular nas duas partidas. Mas diferente do que foi visto dois anos antes, desta vez a França não sofreu grandes problemas com as mexidas e venceu por 2×1, gols de Pirès e Govou – Nakamura fez o gol japonês.

Com o triunfo sobre a seleção nipônica, os franceses foram para o duelo contra a Nova Zelândia na última rodada com a classificação garantida. Santini voltou a mesclar o time titular e saiu com o resultado mais largo de toda competição: 5×0 com show de Ludovic Giuly, homem responsável por vestir a camisa 10 na competição.

CLASSIFICAÇÃO – TURQUIA

Após chamar a atenção do mundo na Copa de 2002, a Turquia chegou à França para a disputa da Copa das Confederações toda remendada. Hakan Sukür, grande ídolo do país, se lesionou antes da disputa do torneio. O mesmo aconteceu com Hasan Sas e İlhan Mansız. A responsabilidade caiu sobre os ombros de Nihat, vice-artilheiro do Campeonato Espanhol vestindo a camisa do vice-campeão Real Sociedad.

Em sua chave, os turcos bateriam de frente com Brasil, Camarões e Estados Unidos e seriam justamente os estadunidenses os adversários da estreia. Na tensa partida realizada no Geoffrey-Guichard em Saint-Étienne, o atacante Tuncay Sanli, na época, com 21 anos, foi decisivo na vitória de virada por 2×1. Ele sofreu o pênalti convertido Okan Yilmaz e ainda marcou o gol que selou o triunfo turco na estreia.

Curiosamente, no ano anterior a Turquia havia perdido na estreia na Copa do Mundo para o Brasil pelo mesmo placar e com circunstâncias semelhantes.

Na segunda rodada veio o primeiro tropeço turco. A vitória camaronesa pelo marcador mínimo, gol de Geremi cobrando pênalti nos acréscimos, significava que a seleção africana se qualificaria com uma rodada de antecedência. Além disso, a vitória do Brasil sobre os EUA tornava o duelo da rodada final decisiva para turcos e brasileiros. O empate classificava a Turquia, mas uma nova derrota os deixaria fora do torneio.

Na saída para o intervalo a eliminação parecia iminente. Os turcos tomaram sufoco do Brasil e levaram sorte de ter sofrido apenas um gol. Na etapa final, o gol de Karadeniz, com menos de dez minutos, foi o divisor de águas na partida. O Brasil teve de se expor e conseguiu ceder um contra-ataque aos 36 minutos com pelo menos nove jogadores no campo de ataque. Não deu outra, gol de Yilmaz. Alex até empatou nos acréscimos, mas era tarde para evitar a eliminação brasileira.

SEMIFINAL

Jogadores franceses homenagearam Foé após gol (Foto: Martin Bureau/Getty Images)

Jogadores franceses homenagearam Foé após gol
(Foto: Martin Bureau/Getty Images)

Quisera eu dizer que as semifinais da Copa das Confederações de 2003 foram marcadas pelo primeiro duelo europeu na história do torneio. Horas antes de a bola rolar para França e Turquia no Stade de France, Camarões derrotava a Colômbia na outra semifinal. Apesar de ganhar a vaga para a decisão, os africanos perderam uma vida: Marc-Vivien Foé faleceu dentro de campo, vítima de um problema cardíaco.

O jogo entre turcos e franceses começou com outro clima. Não parecia um ambiente esportivo, afinal, horas antes alguém havia falecido fazendo o que eles estariam fazendo nos 90 minutos seguintes: jogando futebol.

Mesmo assim, houve jogo… Embora não parecesse isso para a defesa turca. O ataque francês deitou e rolou e fez diversas linhas de passe dentro da grande área adversária. Não à toa, no primeiro gol, a bola passou pelos pés de dois jogadores antes de chegar a Henry, quase embaixo da trave, para marcar.

Durante a comemoração, Henry ergueu o dedo ao céu em homenagem a Foé. Outros jogadores repetiram o gesto no momento.

No segundo gol, a dificuldade defensiva foi novamente notada e Robert Pirès, melhor jogador da Copa das Confederações de 2001, anotou seu segundo gol na edição de 2003.

A Turquia esboçou uma reação e descontou com Karadeniz, mas a defesa voltou a falhar e com dificuldades de afastar a bola da própria área, veio o terceiro gol marcado por Sylvain Wiltord.

Na etapa final, os turcos tiveram tudo para empatar e forçar o inesperado tempo extra. Tuncay deixou o placar em 3×2 antes dos cinco minutos. Mais tarde, Ibrahim Uzulmez foi puxado por Dacourt dentro da área e o pênalti foi marcado. Okan Yilmaz, artilheiro do Campeonato Turco daquela temporada, jogou para fora e a França ficou com a vaga na final da Copa das Confederações.

DISPUTA DO 3º LUGAR

Assim como na Ásia em 2002, a Turquia teve de se contentar com a disputa do terceiro lugar. O adversário em questão seria a Colômbia que fazia boa campanha, perdedora de apenas dois jogos: para França e Camarões, seleções que fariam a final da competição.

Como aconteceu em boa parte da Copa das Confederações, Tuncay Sanli foi decisivo e contribuiu demais no triunfo turco. Ele foi o autor do primeiro gol, que saiu antes dos dois minutos, e deu o passe para Yilmaz anotar o segundo tento aos 40 do 2º tempo, quando o marcador ainda apontava 1×1.

Aquela foi a primeira e única participação turca na Copa das Confederações, mas eles fecharam o torneio em grande estilo. Como se não bastassem as boas exibições perante Brasil e França, últimos campeões mundiais, a Turquia levou o terceiro lugar nas costas.

A FINAL

Song se juntou a Desailly na entrega do troféu (Foto: Jean-Philippe Kziazek/Getty Images)

Song se juntou a Desailly na entrega do troféu
(Foto: Jean-Philippe Kziazek/Getty Images)

O cenário se repetiria para os Bleus: final de Copa das Confederações, franceses com maior poderio ofensivo e adversário com extrema força defensiva. A única coisa em comum que mudava de lado era o palco da partida. Em 2001, a França deu de cara com Yokohama parada para apoiar o Japão, desta vez, os camaroneses teriam de passar por essa situação no Stade de France.

As duas seleções estavam invictas no torneio com o “porém” dos franceses estarem com 100% de aproveitamento. A diferença, como citado anteriormente, era visto nos setores de cada equipe. A França havia balançado as redes 11 vezes em quatro jogos, enquanto Camarões foi mais econômico e fez três gols com a mesma quantidade de partidas do adversário.

Antes do início da partida, várias homenagens a Foé. As duas equipes entraram com uma foto do jogador e o treinador da seleção camaronesa, Winnie Schäfer, vestiu a camisa 17 que era ostentada por Foé durante o torneio.

Com a bola rolando, a França foi superior durante boa parte da etapa inicial. Thierry Henry era o mais acionado, principalmente pelo lado esquerdo ofensivo onde encontrava muito espaço. Sem aproveitar suas chances, os franceses passaram sustos no final do primeiro tempo, quando Barthez foi obrigado a trabalhar em duas bolas cruzadas.

Os passes longos atravessando a grande área voltaram a causar grandes sustos na França e Samuel Eto’o chegou a perder um gol inacreditável no princípio da etapa final. Com 22 anos na época, parecia que o camaronês ainda não conhecia muito bem o caminho das redes.

Com as duas seleções desperdiçando diversas chances claras, fomos obrigados a acompanhar mais alguns minutos de jogo na prorrogação. Com pouco mais de dez minutos e algumas chances francesas, veio o gol de ouro. Henry deu uma joelhada na bola e tirou Kameni do lance, dando o gol do bicampeonato.

Na festa do título, Desailly convidou o capitão camaronês, Rigobert Song, para erguer o troféu. Com essa cena tocante, fechamos a Copa das Confederações de 2003 marcada pela perda de Marc Vivien Foé.

Europeus e a Copa das Confederações: 2001 – França faz a trinca

A França se tornou a segunda seleção europeia a conquistar a Copa das Confederações

A França se tornou a segunda seleção europeia a conquistar a Copa das Confederações

Vagamos agora para a edição de 2001 da Copa das Confederações, a primeira que pôde ser chamada de “evento teste” para a Copa do Mundo, isso porque Coreia do Sul e Japão sediaram os dois torneios. O representante da Europa naquele ano foi a França que chegou, não só com a chancela de campeão continental em 2000, como também de campeão mundial em 1998. Aliás, os franceses poderiam ter disputado o torneio em 1999 como vencedores da Copa do Mundo do ano anterior, mas recusaram o convite.

A Copa das Confederações 2001 seguiu os moldes das duas edições anteriores com dois grupos de quatro equipes com os dois primeiros colocados de cada chave se cruzando nas semifinais.

Confira como foi a participação francesa nos parágrafos abaixo:

A EDIÇÃO

Roger Lemerre era o técnico da França em 2001

Roger Lemerre era o técnico da França em 2001

Diferentemente do que foi visto em outras edições, a Copa das Confederações de 2001 tinha um europeu como favorito destacado: a França. Apesar de ser estreante no torneio, a seleção de Roger Lemerre carregava nas costas os troféus do Mundo e da Europa, enquanto o Brasil, teoricamente, segunda força do torneio, vinha em má fase e já estava com seu segundo técnico após a saída de Zagallo ao término da Copa de 1998.

Apesar do favoritismo, a lista final de Lemerre para o torneio não contava com alguns nomes conhecidos do futebol francês como Fabien Barthez e Thierry Henry. Além disso, Zinedine Zidane estava fora e a camisa 10 ficou com Éric Carrière, histórico jogador do Nantes, mas de passagem curta pela seleção. Ainda assim, os Bleus estavam fortes com a presença de atletas como Patrick Vieira, Marcel Desailly, Youri Djorkaeff, Robert Pirès e Sylvain Wiltord.

Além da França, outras três seleções debutariam em 2001 na Copa das Confederações. Uma delas era a Coreia do Sul que foi um dos países-sede do evento. A outra estreante era a seleção camaronesa de Samuel Eto’o, campeã da Copa Africana de Nações de 2000. Para fechar o quadro de calouros, vinha o Canadá, vencedor da Copa Ouro de 2000, torneio marcado pela precoce eliminação de México e Estados Unidos nas quartas-de-final.

Falando na seleção mexicana, ela acumularia em 2001 a quarta participação no evento, se tornando o país que mais vezes disputou a Copa das Confederações até aquela edição. O Brasil de Émerson Leão – e de Leomar – era um dos “cascudos” do torneio, chegando a sua terceira participação. A Austrália, campeã da Oceania, e o Japão, outro dos países-sede e campeão da Ásia, fechavam a lista de participantes.

CLASSIFICAÇÃO

Steve Marlet desencantou na estreia da França na competição

Steve Marlet desencantou na estreia da França na competição

Na escolha das chaves, os quatro calouros foram divididos: enquanto canadenses e camaroneses ficaram ao lado de brasileiros e japoneses no grupo B, a França de Lemerre, junto com a Coreia de Sul, dividiu o grupo A com o atual campeão México e com a Austrália, que voltou ao torneio após ficar de fora em 1999, sendo que foi vice-campeã em 1997.

No dia 30 de maio, os franceses foram até Daegu abrir a Copa das Confederações de 2001. O desafio não inspirava facilidade: a Coreia do Sul, empurrada por mais de 60 mil torcedores que foram ao estádio apoiar sua seleção.

Nessas horas, não é exagero nenhum dizer que “torcida não ganha jogo”. Apresentando um futebol vistoso e imponente, a França foi para o intervalo com 3×0 de vantagem e com um pênalti desperdiçado. Na etapa final, Wiltord e Djorkaeff, que iniciaram a partida no banco, fecharam o placar em 5×0.

Um detalhe curioso da goleada francesa sobre a seleção sul-coreana é que Steve Marlet e Patrick Vieira, autores dos dois gols iniciais da partida, tiveram aqueles tentos como os primeiros de ambos com a camisa azul da França. Marlet não teve vida longa na seleção, mas Vieira, como todos sabem, é uma lenda do futebol no país.

Na segunda rodada, Roger Lemerre optou por trocar os onze jogadores titulares para o duelo contra a Austrália que, surpreendentemente, venceu o México na rodada inicial. A opção se mostrou infeliz e a França, mostrando previsível desentrosamento, foi dominada e derrotada por 1×0 pelos australianos. A seleção da Oceania confirmou a classificação antecipadamente.

Como a Coreia do Sul venceu e eliminou o México, a terceira rodada do grupo A seria decisiva. Duas seleções estavam com seus caminhos traçados, outras duas buscavam desenhar uma nova rota, sendo que elas não se enfrentariam. A França, pelo saldo de gols construído ainda na rodada de abertura, se garantia na semifinal com uma simples vitória, claro, caso a Coreia não aplicasse uma goleada sem proporções para cima da Austrália.

Por fim, o jogo cheio de gols acabou sendo o realizado em Ulsan entre França e México. Os Bleus meteram 4×0 nos mexicanos e confirmaram a classificação com nove gols marcados em três jogos, o melhor ataque da competição.

A Coreia do Sul até chegou a vencer a seleção australiana pelo placar mínimo, mas ficou sem a vaga, porém, orgulhando seu torcedor que veria aquele mesmo time terminar em quarto na Copa do Mundo do ano seguinte.

SEMIFINAL

No mundo dos sonhos, Brasil e França reeditariam a final da Copa do Mundo em Yokohama, na decisão da Copa das Confederações, isso tudo apesar das ausências de Zidane, Ronaldo, Rivaldo e outros. Porém, a fase da seleção brasileira era tão tenebrosa que a classificação foi garantida apenas na rodada final.

Durante a fase de grupos, o time de Émerson Leão balançou as redes somente no jogo de estreia, na vitória por 2×0 sobre Camarões. Depois disso, foram dois empates sem gols com Japão e Canadá, confirmando, assim, a segunda colocação do seu grupo e tendo de bater de frente com a França.

Apesar de ser o confronto mais desejado para a final, era nítido que o time de Lemerre era franco favorito e isso foi visto em campo. Os franceses dominaram a partida toda, mas só foram eficazes nas conclusões oriundas de bolas paradas. Pirès e Desailly aproveitaram jogadas assim para balançar as redes duas vezes a favor da França. A única chance brasileira foi convertida em gol, que foi na cobrança de falta de Ramon.

Apesar do 2×1 demonstrar uma partida apertada, o resultado e a atuação dos dois times mostrou o contrário. A superioridade francesa foi tão gritante que a sensação, até mesmo dos brasileiros, é de que ficou barato. Não teve como Émerson Leão continuar como técnico da seleção e foi demitido logo em seguida.

Na final, a França encontraria a seleção japonesa e toda nação nipônica que iria invadir Yokohama.

O ADVERSÁRIO

A decisão do dia 10 de junho seria 50,1% francesa. Apesar do adversário dos Bleus ser o Japão e a partida ser disputada em Yokohama, o técnico da seleção asiática era um francês. Philippe Troussier comandava o Japão desde 1998 e já possuía algum cartaz em seu país após boa participação com a África do Sul na Copa do Mundo da França.

Mesmo com a base da seleção sendo do futebol local, Troussier levou dois nomes que atuavam na Europa: Akinori Nishizawa, atacante do Espanyol – atuou por outros dois clubes do Velho Continente e pouco jogou – e Hidetoshi Nakata, também atacante e que ajudou a Roma a conquistar o Campeonato Italiano na temporada 2000/01.

Durante a Copa das Confederações, o Japão demonstrou muita consistência defensiva e ofensividade, chegando à decisão com três vitórias e um empate. Nos quatro jogos, foram seis gols marcados e nenhum sofrido e Nakata, grande nome do time, foi decisivo na semifinal frente à Austrália ao marcar o gol da classificação.

A DECISÃO

Pirès foi eleito craque da Copa das Confederações

Pirès foi eleito craque da Copa das Confederações

Pela segunda vez consecutiva, a França seria uma das protagonistas do duelo que envolvia o ataque mais positivo e a defesa menos vazada. Foi assim contra o Brasil que não havia sofrido gols até aquele jogo.

Quis o destino que o único tento que o Japão sofresse na Copa das Confederações saísse em um erro fatal de um dos jogadores mais experientes daquele elenco: Yoshikatsu Kawaguchi. Foi em uma saída de gol desnecessária do goleiro japonês que Patrick Vieira marcou, por cobertura, o gol do título francês.

Apesar da falha, Kawaguchi não tem muito do que se lamentar, afinal, assim como em partidas anteriores, a França desandou a perder gols e nem teve sua meta ameaçada.

Com isso, os franceses se tornaram, ao lado do Brasil, os únicos a vencer os torneios Mundial, Continental e Confederações em seguida. E a conclusão desse feito foi obtida sem Zidane, mas com o brilhantismo de Vieira e a afirmação de Robert Pirès, eleito craque da competição.

*Fotos: Getty Images

Europeus e a Copa das Confederações: 1999 – Vexame alemão

confederations cup 1999 logoNa terceira parte da série especial de aquecimento para a Copa das Confederações 2013, chegamos à primeira edição do torneio que não foi realizada na Arábia Saudita. Em 1999, o México foi o responsável por sediar a competição.

Assim como nas duas edições anteriores, a Europa foi representada por apenas uma seleção, daquela vez, pela campeã continental, a Alemanha, que se recusou a disputar o torneio dois anos antes. Recusa também houve do lado da então campeã mundial França, que teria direito de participar do torneio.

Como você poderá ver nos parágrafos seguintes, a participação germânica não foi nada boa, muito pelo contrário.

Confira nas próximas linhas a terceira parte do especial Copa das Confederações:

A EDIÇÃO

Ribbeck teve passagem pouco marcante pela seleção

Ribbeck teve passagem pouco marcante pela seleção

Com o passar dos anos, a Copa das Confederações foi ganhando os moldes que observamos nos dias atuais. O torneio, que foi nomeado como Copa do Rei Fahd em suas duas primeiras edições e foi realizada na Arábia Saudita nas três primeiras, ganhou a chancela FIFA a partir da terceira e na quarta, que é a edição destacada de hoje, recebeu nova sede: o México. Pela terceira vez em quatro campeonatos, a seleção da América do Norte disputaria a Copa das Confederações.

Em 1999, no quesito número de participações, os mexicanos só perderam para a Arábia Saudita que, apesar de não ser mais sede, conseguiu cavar seu espaço na competição ao conquistar a Copa da Ásia de 1996. É importante lembrar que os Emirados Árabes Unidos participaram da edição de 1997, justamente, por terem sido vice-campeões da citada edição da Copa da Ásia.

O Brasil, atual campeão da Copa das Confederações, participou da competição no lugar da França que, como vencedora da Copa do Mundo, recusou o convite de disputar o torneio e deu lugar a seleção brasileira, vice-campeã mundial.

Os Estados Unidos, segundo colocado da Copa Ouro, encerrava o quadro de “veteranos” da Copa das Confederações de 1999, segunda participação norte-americana.

Entre os novatos, encontrava-se a Nova Zelândia, campeã da Copa da Oceania, o Egito, campeão africano, a Bolívia, vice-campeã da Copa América – o campeão Brasil chegou como vencedor da Copa do Mundo -, além da Alemanha, personagem principal desta matéria.

Os germânicos poderiam estar na sua segunda participação, afinal de contas, teriam direito de participar da edição de 1997 como campeões da Eurocopa do ano anterior. Com a recusa, a República Tcheca, vice-campeã, participou e levou o terceiro lugar da Copa das Confederações daquele ano.

A Alemanha vivia um momento de transição naquela época. Apesar do título europeu em 1996, a participação na Copa do Mundo de 1998 foi decepcionante e ficava nítida a necessidade de renovação. Visando isso, o experiente, porém, pouco vencedor – como técnico, mas sim como assistente – Erich Ribbeck assumiu a seleção e passou a mesclar o elenco com jovens como Enke, Ballack, Ricken e Baumann com veteranos do naipe de Lehmann, Marschall e Lotthar Matthäus – com 38 anos na época.

CLASSIFICAÇÃO

Michael Preetz foi o responsável pela primeira vitória alemã em Copas das Confederações

Michael Preetz foi o responsável pela primeira vitória alemã em Copas das Confederações

O grupo alemão não era exatamente forte, também não era fraco, principalmente se fossemos comparar com a chave alternativa. O grupo A contava com México, Bolívia, Egito e Arábia Saudita, definitivamente, adversários mais acessíveis que Brasil, Nova Zelândia e EUA, seleções do grupo da Alemanha.

Para complicar e trazer mais nervosismo para a cabeça germânica, a estreia seria diante do Brasil de Vanderlei Luxemburgo. O que aliviava um pouco era, com todo respeito, a bizarrice que foi a convocação brasileira da época com jogadores do naipe de Odvan, Evanílson, Beto, Roni, Warley e outros. Em compensação, Luxa convocou atletas como Dida, Flávio Conceição, Serginho, Émerson e Zé Roberto, que viviam ótimos momentos nas carreiras. Além destes, Alex e Ronaldinho Gaúcho, ambos jovens, começaram a desempenhar papeis de destaque na seleção justamente na Copa das Confederações.

Por uma hora, alemães e brasileiros protagonizaram um duelo equilibrado no Jalisco de Guadalajara, porém, depois do primeiro gol, a porteira foi escancarada e sacramentada com a goleada do Brasil por 4×0. Ronaldinho e Alex foram os grandes nomes do jogo e três dos quatro gols saíram dos pés deles.

Apesar do massacre sofrido na estreia, Ribbeck não fez grandes mexidas para o duelo diante da Nova Zelândia. O confronto já seria decisivo, pois as duas seleções perderam na estreia e quem saísse de campo sem os três pontos estaria muito próximo da eliminação. Sabendo disso, os alemães trataram de definir a partida em menos de 40 minutos com grande participação de Michael Preetz. O histórico atacante do Hertha Berlin – e que hoje é dirigente neste mesmo clube – anotou o primeiro gol e deu o passe para Matthäus marcar o segundo, sacramentando a primeira vitória alemã na Copa das Confederações.

Na rodada decisiva diante dos Estados Unidos, o saldo de gols fez diferença. Com saldo zerado, os norte-americanos jogavam pelo empate contra os alemães, que tinham saldo -2. Porém, a Alemanha voltou a decepcionar e saiu de campo derrotada por 2×0, com dois belos gols anotados por Ben Olsen e Joe Max Moore.

A precoce eliminação na Copa das Confederações foi apenas o início da derrocada de Erich Ribbeck que, após vexame na Eurocopa do ano seguinte, foi demitido com um dos piores aproveitamentos de um técnico na história da seleção alemã. Desde então, Ribbeck nunca mais treinou um time.

DECISÕES

Sem europeus nas fases finais desde a inclusão de seleções do continente na Copa das Confederações, as semifinais da competição ganharam rosto americano. Das quatro seleções semifinalistas, duas eram da América do Norte e um da América do Sul. A Arábia Saudita era a única intrusa nesse grupo.

Na semifinal 100% americana, clássico entre México e EUA, decidido por Blanco na prorrogação. No outro duelo, massacre brasileiro, 8×2 para cima dos árabes. Na final disputada no estádio Azteca, jogo eletrizante entre México x Brasil. Os mexicanos abriram 2×0 antes do intervalo, cederam o empate, mas abriram 4×2 antes dos 30 minutos da etapa derradeira. Zé Roberto descontou, mas não pôde evitar a conquista do título no lado do México em uma das piores participações europeias na história da Copa das Confederações.

*Imagens: Getty Images

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