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Partida entre as Alemanhas separadas pelo Muro faz 40 anos

A Alemanha Oriental (RDA) havia proibido qualquer gesto de amizade com os jogadores da Alemanha Federal, na qual Franz Beckenbauer brilhava

Foto de 22 de junho de 1974: o capitão da seleção da Alemanha Ocidental (RFA), Franz Beckenbauer, cumprimenta seu colega da seleção da Alemanha Oriental (RDA), Bernd Bransch  (AFP)

Foto de 22 de junho de 1974: o capitão da seleção da Alemanha Ocidental (RFA), Franz Beckenbauer, cumprimenta seu colega da seleção da Alemanha Oriental (RDA), Bernd Bransch (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2014 às 10h39.

Há 40 anos, no dia 22 de junho de 1974, jogaram pela primeira e última vez em uma Copa do Mundo as equipes nacionais das duas Alemanhas, separadas pelo Muro, com uma vitória histórica (1-0) da RDA sobre a RFA.

As duas equipes disputaram em Hamburgo a terceira partida da primeira fase da competição, organizada naquele ano pela Alemanha Ocidental (RFA). E se o interesse esportivo era pequeno, já que as duas seleções estavam classificadas para a fase seguinte, o contexto político deu uma dimensão planetária à disputa.

A Alemanha Oriental (RDA) havia proibido qualquer gesto de amizade com os jogadores da Alemanha Federal, na qual Franz Beckenbauer brilhava.

Não era o primeiro confronto entre as duas Alemanhas. Elas já haviam se encontrado, sobretudo nos Jogos Olímpicos, mas nunca em uma Copa do Mundo.

A partida, tensa, foi decidida aos 78 minutos, graças a um gol de Jürgen Sparwasser, jogador do Magdeburg, único clube da RDA a conquistar um título europeu, a Recopa de 1974, contra o Milan na final.

"Não, não me incomoda falar deste gol, é um pedaço da história contemporânea", afirmou o jogador à agência esportiva SID, filial da AFP.

Depois de receber um passe de 40 metros quando entrava na área, Sparwasser se viu cercado por três zagueiros. Nada mais, nada menos que Beckenbauer, Schwarzenbeck e Vogts. "Não tinha nenhum chance", lembra.

Depois de controlar a bola e se livrar em alta velocidade dos zagueiros, chutou direto para o gol de outro mito, Sepp Maier.

Agradecidos

"Merecemos vencer", insiste o jogador, que aos 66 anos trabalha no centro de formação do Eintracht Francfort (oeste), clube da Bundesliga.

A alegria não durou na equipe da Alemanha Oriental. Na época, a segunda fase se dividia em dois grandes grupos e a RDA foi batida por Brasil (1-0) e Holanda (2-0), para finalmente empatar (1-1) com a Argentina.

Situação contrária viveu a RFA. A derrota a fez reagir e, depois de fazer várias mudanças, a equipe acumulou vitórias contra Iugoslávia (2-0), Suécia (4-2) e Polônia (1-0), antes de bater na final a Holanda de Johann Cruyff (2-1) e levantar a 'sua' Copa do Mundo.

"Deveríamos ter jogado em um grupo mais difícil (se tivessem vencido). Então temos que agradecer a RDA", reconheceu mais tarde Beckenbauer.

Se oficialmente o confronto Leste-Oeste deveria estar cercado de hostilidade, os jogadores das duas equipes não respeitaram as ordens e se encontraram nos vestiários para trocar as camisas.

"Paul Breitner me pediu para trocar e fizemos isso", lembra Sparwassar, que tem relações excelentes com o ex-jogador do Bayern de Munique, assim como com Günther Netzer e Sepp Maier.

Depois da competição e apesar de seu gol histórico, Sparwasser não se converteu em um herói do esporte da Alemanha Oriental.

Continuou com uma brilhante carreira no Magdebourg até 1979 e na década de 80 rejeitou treinar o clube, como havia pedido o regime socialista. Um ano antes da queda do Muro, aproveitando uma reunião de ex-jogadores de seu clube em Sarrebruck, decidiu passar à Alemanha Ocidental.

Mas Sparwasser acredita que tem seu lugar na história como o jogador da RDA que derrotou a poderosa RFA: "Se em meu túmulo alguém encontrar a inscrição 'Hamburgo 1974', saberá quem repousa ali".

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