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Com dois concorrentes, Brasil recebe comitiva da Fifa em vistoria da Copa do Mundo Feminina de 2027

Especialistas analisam impactos e os ganhos que o país vai ter caso seja escolhido

Fifa divulgou que outras duas candidaturas concorrem com o Brasil: um conjunto formado por Alemanha, Bélgica e Holanda, e com a dupla Estados Unidos e México (VCG/VCG/Getty Images)

Fifa divulgou que outras duas candidaturas concorrem com o Brasil: um conjunto formado por Alemanha, Bélgica e Holanda, e com a dupla Estados Unidos e México (VCG/VCG/Getty Images)

Antonio Souza
Antonio Souza

Repórter da Home e Esportes

Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 10h05.

O Brasil recebeu nesta terça-feira, 20, uma comitiva da Fifa, com a intenção de vistoriar alguns dos locais que poderão receber uma eventual candidatura para os jogos da Copa do Mundo Feminina de 2027. Dez cidades foram escolhidas como sedes, mas somente Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Salvador serão visitadas. As outras seis são Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Cuiabá, Fortaleza e Manaus.

Na última quarta-feira, 14, a Fifa divulgou que outras duas candidaturas concorrem com o Brasil: um conjunto formado por Alemanha, Bélgica e Holanda, e com a dupla Estados Unidos e México.

De acordo com a própria Fifa, alguns quesitos serão decisivos no processo de avaliação, com prioridade para os setores de infraestrutura, serviços, comercial e sustentabilidade e direitos humanos. O melhor será definido por meio de um sistema de pontuação, que vai avaliar cada um dos critérios.

A comitiva da Fifa vai contar com 16 pessoas, e entre elas destacam-se a diretora de Competição da Copa do Mundo Feminina, Rhiannon Ceirwen Martin, a diretora de Futebol Feminino da FIFA, Sarai-Paea Bareman, o líder do Comitê de candidatura, David Cardoso Simões, e o membro do Comitê Organizador das competições da Fifa, Wen Sun.

A candidatura escolhida tem previsão para ser anunciada no dia 17 de maio deste ano, por meio de uma votação aberta no Congresso da Fifa em Bangkok, na Tailândia.

Muitos pontos positivos são considerados trunfos a favor da candidatura brasileira, tais como a ótima experiência com a Copa do Mundo masculina disputada aqui, em 2014, e a estrutura com as novas arenas. Além disso, e talvez o que pode pesar favoravelmente, é que a América do Sul nunca sediou a competição feminina.

Especialistas analisam impactos e os ganhos que o país teria caso seja escolhido

"Vejo o Brasil com um potencial enorme em receber a competição, visto que temos experiência suficiente não apenas na execução de grandes eventos, mas também em oferecer a melhor estrutura possível de equipamentos, instalações, montagens e mão-de-obra. Além disso, somos referência em futebol feminino, e a escolha do Brasil seria a coroação de toda essa evolução dos últimos anos no país", explica Tatiana Fasolari, Tatiana Fasolari, Diretora Executiva da Fast Engenharia, empresa que tem experiência em grandes eventos realizados no Brasil e em quase toda a América do Sul, como os Jogos Olímpicos Rio 2016, a Copa do Mundo FIFA 2014, o GP de Fórmula 1 de São Paulo, os Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires 2018, os Jogos Pan-Americanos Lima 2019, os Jogos Sul-Americanos Assunção 2022, e Jogos Pan-Americanos Santiago 2023.

"Para nós, que estamos na luta pela valorização do futebol feminino há tanto tempo, a realização de uma Copa do Mundo no nosso país seria uma conquista. Mesmo com preconceito e falta de apoio, as mulheres vem se esforçando e, aos poucos, têm conquistado seu espaço no futebol que, infelizmente, ainda é um ambiente machista. A luta de todas nós está gerando resultados junto à sociedade, aos clubes, às entidades, às marcas e às emissoras, e receber uma competição como essa por aqui, com certeza elevaria o nível de competitvidade e impactaria na profissionalização das equipes", pontua a Dra. Flávia Magalhães, uma das primeiras médicas brasileiras a trabalhar no futebol e que esteve com a Seleção Sub-17 na Copa do Mundo Feminina de 2022, na Índia.

“A realização da Copa do Mundo Feminina tende a ser mais fácil do que a masculina, não devido à comparação do tamanho da competição, mas sim à infraestrutura consolidada pelo país após sediar a Copa de 2014. Isso torna a tarefa mais simples, uma vez que o país já possui todas as ferramentas necessárias para a organização de um grande evento. A abordagem para a realização de uma Copa do Mundo passou por melhorias em vários aspectos, incluindo a qualidade da infraestrutura, a capacidade de cativar os torcedores e as condições de hospedagem. Nesse sentido, o Brasil destaca-se por ter recentemente organizado tanto uma Copa do Mundo quanto uma Olimpíada, e reúne todos esses requisitos, posicionando-se como um forte candidato para sediar o torneio. Comparado à maioria dos países do mundo, com exceção daqueles que também sediaram eventos nos anos seguintes aos nossos, o Brasil demonstra estar mais qualificado”, endossa Sergio Schildt, presidente da Recoma, uma das maiores empresas especializadas em infraestrutura esportiva da América Latina.

"Caso o Brasil conquiste o direito de realizar a Copa do Mundo de 2027, a modalidade receberá uma atenção ainda maior da mídia. Muitas empresas começarão a realizar investimentos no futebol feminino, e aquelas que já investem devem aumentar os seus recursos. Teremos uma atenção especial por parte do Governo. Será um período de avanço acelerado da modalidade no país", afirma Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.

“Receber uma Copa do Mundo da FIFA depois de 13 anos, já contando com o know-how de uma grande operação, estrutura de estádios que precisará de poucas adaptações e rede hoteleira adequada, pode ser uma ótima aposta caso os custos sejam bem geridos e os aspectos de retorno para o país e cidades-sede bem metrificados para que possam ser atingidos. Também vale reiterar a importância e rota de crescimento do futebol e esporte feminino no Brasil. Os concorrentes pela vaga são fortes e acredito que o hype do futebol nos EUA, que terá acabado de sediar a versão masculina do torneio em 2026, colocam a candidatura conjunta com México como favorita”, analisa Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

"Torço para que o Brasil seja o país sede escolhido. Seria uma parte muito importante do processo de evolução da modalidade por aqui. Tudo cresce: interesse, audiência, número de praticantes, conexão com marcas patrocinadoras. Os custos seriam muito diferentes da Copa de 2014, porque estádios já existem e a curva de aprendizado foi cumprida. Seria um salto importante e definitivo para o nosso Futebol Feminino", opina Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let's Goal.

"A Copa do Mundo, como evento, tem um potencial enorme de transformação. O futebol feminino no Brasil já passa por um processo grande de evolução e ter o evento no país aceleraria ainda mais esse processo, gerando mais conexões com público, marcas e investidores. Mais meninas praticando, mais empresas investindo e mais torcedores vibrando. A Copa mostra na prática que o produto é bom, rentável e pode deixar um legado significativo pro país. Torço pra que tenhamos essa oportunidade aqui e isso impulsione ainda mais a modalidade", aponta Bruno Brum, CMO da Agência End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.

"Sediar a Copa do Mundo feminina fará com que tenhamos a atenção do mundo inteiro para o país do futebol. Só isso já seria um ganho enorme de visibilidade para nossas atletas e um facilitador para novos patrocinadores. Mas, além disso, será fantástico porque proporcionará aos brasileiros e brasileiras um salto no consumo e na cultura, naturalizando ainda mais a modalidade, com o prazer de ver de perto o melhor do futebol feminino mundial", acrescenta Liana Bazanela, diretora executiva de marketing do Sport Club Internacional.

“Trazer a Copa para o Brasil certamente seria um grande avanço, um impulso muito grande para consolidação da modalidade no Brasil para que atraia cada vez mais investidores, patrocinadores para financiar. O financiamento da modalidade é muito importante, se cobra muito que os clubes invistam mas tem que ter receita, não pode só sair o dinheiro. Tem que entrar também e isso depende dos patrocinadores mas a Copa do Mundo certamente daria todo esse impulso e eu torço para que possa acontecer. Também temos que frisar, a CBF tem investido muito, as redes de TV, o público em geral vem se mostrando muito mais simpático, passando a conhecer mais as jogadoras, passando a comentar, tudo isso é importante”, observa o presidente Marcelo Paz, do Fortaleza.

"Salvador, e consequentemente a Casa de Apostas Arena Fonte Nova, possuem todas as condições de receber eventos e competições deste tamanho. Além da ótima experiência com a Copa do Mundo de 2014, aprendemos e evoluímos em todos os setores que serão analisados pela Fifa. Além de toda essa preparação, respiramos futebol e vimos o futebol feminino crescer tecnicamente e também fora de campo", diz Anderson Nunes, especialista em marketing esportivo e Head de Negócios da Casa de Apostas, que deteve os naming rights da Fonte Nova.

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