Matthew Booth chama atenção com seus 1,98m
Toda vez que Matthew Booth pega na bola, a torcida da África do Sul faz um grande barulho, semelhante ao de uma vaia. A princípio poderia parecer perseguição, já que o zagueiro não é exatamente muito técnico. Ou, pior, racismo, porque Booth é o único branco entre os 11 titulares da África do Sul e praticamente todos os torcedores são negros.
Mas o que parece apupo, na verdade, é apoio. A arquibancada
grita, simplesmente, o nome de Booth. Mas o faz de forma
contínua, até que ele se livre da bola, o que dá a nítida
impressão de uma vaia. Mas Booth adora.
- Isso já é tradição aqui na África do Sul, a
torcida sempre escolhe um jogador e fica gritando o nome dele
durante as partidas. Já fizeram isso com Lucas Radebe e Mark
Fish, que foram ídolos na seleção. Então pra mim é uma grande
honra - explicou Booth ao GLOBOESPORTE.COM, sem saber, ao certo,
por que foi o escolhido pela torcida.
- Talvez seja pelo meu estilo de jogo, sempre
sério, ou então porque os torcedores me acham um cara legal -
arriscou.
Mas fora o próprio nome, outro provável motivo é o
tipo físico de Booth. Além de ser branco, ele destoa de seus
companheiros também pelo tamanho - é o jogador mais alto do time
e da Copa
das Confederações, com 1,98m. Esta foi, aliás, a
principal razão para que Booth ganhasse a vaga de titular.
Em março, depois que a África do Sul perdeu um amistoso por 2 a
0 para Portugal, Joel Santana percebeu que precisava reforçar o
jogo aéreo de sua equipe. Bancou a escalação de Booth, que pouco
jogou na última temporada, por problemas físicos, e recebeu
críticas da imprensa por isso.
Joel conta que ao chegar à África do Sul também estranhou o
barulho da torcida sempre que Booth participava do jogo.
- Eu não entendi nada na primeira vez em que ouvi
esses gritos, porque tinha a impressão de que a torcida adorava
o Booth. Só depois me explicaram que era uma homenagem - afirmou
o técnico.
O zagueiro também é famoso por ser casado com a
modelo e ex-miss África do Sul Sonia Bonneventia, com quem tem
dois filhos. Eles formam um casal multirracial, algo ainda raro
no país mesmo com o fim do Apartheid, em 1994.
Na quinta-feira, Booth tentará repetir um dos
maiores feitos da história do futebol sul-africano. Em 2000, o
time olímpico do país derrotou o Brasil por 3 a 1 em Sidney.
Curiosamente, a dupla de zaga titular era a mesma que enfrenta o
Brasil na semifinal da Copa das Confederações - Booth e Mokoena.
- Foi algo típico da África do Sul: ganhamos do
Brasil, que tinha Ronaldinho e Alex, mas perdemos da Eslováquia
e do Japão e não nos classificamos. Mas sem dúvida é uma vitória
que vou guardar pra sempre - relembrou o zagueiro.