Só há três países que podem se orgulhar de ter títulos mundiais
sub-17 e sub-20 no currículo. Um é o Brasil. Outro é a já
finada União Soviética. E o terceiro é Gana, que levou a última
edição do sub-20 e que já tem dois campeonatos sub-17. À
primeira vista, pode-se atribuir o sucesso graças apenas aos
jogadores com idade adulterada (mas olhemos para o nosso próprio
umbigo e lembremos também dos casos brasileiros). Fato é que há
muitos anos Gana desenvolve um trabalho que começa lá no chão de
terra, com crianças de todo o país, e que hoje resulta em uma
seleção principal de respeito, que chega forte como nunca a uma
Copa do Mundo.
Se você acompanha o futebol europeu, já conhece
Essien, volante do Chelsea, no auge da forma física e técnica.
Talvez também saiba quem são os meias Appiah, no Bologna, e
Muntari, do Internazionale. E o que eles têm em comum, além de
titulares da seleção principal, é a longa experiência com a
camisa ganesa. Os três já disputaram o Mundial Sub-20, Essien e
Appiah estiveram também no Sub-17. E isso não é apenas
coincidência.
Consciente da dificuldade dos clubes de Gana para
revelar jogadores, a federação espalhou escolinhas de futebol
por todo o país. De lá, tira os meninos mais talentosos, que
seguem com os professores e depois vão para os clubes locais. O
trabalho continua com a formação de seleções praticamente
permanentes nas categorias de base. Essien e Muntari, por
exemplo, jogam juntos desde o Mundial Sub-20 de 2001.
A mesma base que eliminou o Brasil do Mundial
Sub-17 de 2007 também foi a que conquistou o Sub-20 deste ano,
sobre o Brasil. Gana foi campeã e teve o artilheiro e Bola de
Ouro Dominic Adiyiah. Destacaram-se também o goleiro Agyei, o
lateral Inkoom, os meias Agyemang-Badu e Ayew e o atacante Osei.
E, adivinhe, todos já foram incorporados à seleção principal.
Vários deles devem ir à Copa, mas quase todos
ficarão no banco. A geração anterior, capitaneada por Essien,
ainda tem bola pra jogar. Mostrou isso na Copa de 2006, quando
caiu nas oitavas de final para o Brasil. Neste ano, foi até a
final da Copa Africana de Nações e caiu para o heptacampeão
Egito, ficando com o vice. Ao que parece, pode fazer ainda
melhor que 2006 em 2010. Para Gana, o futuro finalmente chegou.
Gana está no Grupo D, com Alemanha, Sérvia e Austrália
Curiosidades
- O sérvio Milovan Rajevac assumiu a seleção após a saída do
francês Claude Le Roy, que perdeu a Copa Africana das Nações em
2008, quando o torneio foi realizado em Gana.
- Ayew, um dos destaques da conquista do Mundial
Sub-20 em 2009, é filho do ídolo Abedi Pelé. O meia deve ser um
dos garotos aproveitados na Copa do Mundo de 2010.
A opinião dos especialistas
COMENTARISTA | PALPITE | OPINIÃO | |
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Lédio Carmona | Oitavas | "É uma incógnita. Pode ir às oitavas" |
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Alex Escobar | Oitavas | "Muita chance de passar às oitavas. Deve fazer barulho na primeira fase, mas na hora do vamos ver, vai ficar no caminho." |
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Décio Lopes | Quartas | "O melhor time da África, apontado por mais de 50% dos votos em uma enquete no site da Fifa. Jogadores 'rodados' na Europa, alguns talentosos, quase todos muito fortes e - como vimos em 2006 - batem sem piedade. 'Futebol bonito e ingênuo' dos africanos é mito do bom selvagem. Já era. Eles vêm para brigar, para pegar e para conseguir resultados. Gana, com Essien, Muntari, Appiah, Addo, Amoah e um sorteio legal, pode ir longe." |
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Blog Brasil Mundial FC | Oitavas | "Vai no embalo da festa africana até as oitavas, mas não tem time para ir mais longe" |
Por dentro do país
“Conseguiu a vaga sem muitos problemas. Não é um time tão talentoso, como o da Costa do Marfim, mas é consistente. Também tem jogadores experientes, como o meia Michel Essien e, dependendo do grupo, pode avançar até com facilidade para as oitavas. É melhor do que muitas equipes europeias."
Renato Ribeiro, correspondente da TV Globo na África