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Por Alexandre Lozetti

Jornalista. Repórter. Fascinado por esporte. Apaixonado por futebol


A Eslováquia é fortíssima candidata a praticar o futebol mais feio da Eurocopa. Sim, beleza é relativa e pode se materializar em diversas formas, ainda mais neste esporte, mas o plano do técnico Stefan Tarkovic é bastante claro e pouco ambicioso: bloco de marcação baixo, protegendo sua própria área como um tesouro, agressividade para roubar a bola e contra-ataque.

Hamsik à frente dos companheiros no treino da Eslováquia — Foto: REUTERS/Evgenia Novozhenina

Essa estratégia poderia até ser executada com brilhantismo. Há muitos exemplos. O problema é que os eslovacos não têm peças para fazê-lo. São jogadores experientes com a seleção, alguns até veteranos, mas sem tanta qualidade. Na falta de um centroavante confiável, por exemplo, Tarkovic deve improvisar.

Outra questão ronda seu principal atleta. O meia-atacante Marek Hamsík disputou apenas seis jogos em 2021. No fim do ano passado, trocou o Dalian Pro, da China, pelo IFK Gotemburgo, da Suécia. Com o nível inferior das competições de clube e os problemas físicos recentes, sua influência na seleção passa a ser uma interrogação.

  • COMO JOGA

Formação-base da Eslováquia para a Eurocopa — Foto: ge.globo

Hamsík e Ondrej Duda são jogadores semelhantes, de mobilidade e gosto pela chegada à área. Mas nenhum deles é a referência que oferece profundidade, segura zagueiros e ganha disputas físicas contra adversários. Mesmo assim, existe a possibilidade de serem escalados juntos, nas funções de 10 e 9.

Se o treinador optar por um centroavante mais “raiz”, a melhor opção parece ser Robert Bozenik, de 21 anos, recém-transferido para o Feyenoord e voraz leitor de biografias esportivas – as de Zlatan Ibrahimovic e Nowak Djokovic estão entre suas favoritas.

O problema de jogar com Hamsík e Duda é a dificuldade de segurar a bola no campo de ataque para permitir o avanço do resto da equipe.

A Eslováquia não vai brigar pela posse de bola. Pelo contrário. Ela se sente confortável no jogo reativo. Nas eliminatórias da Copa do Mundo, em março, quando precisou ter posse e iniciativa diante dos ainda mais frágeis Chipre e Malta, obteve dois frustrantes empates – a mídia local atribui o fracasso à ausência de Hamsik.

Apesar das dificuldades que se anunciam, a Eslováquia tem bons valores individuais, como o goleiro Martin Dubravka, titular do Newcastle, e o zagueiro Milan Skriniar, campeão italiano pela Internazionale, sem falar num base de meio-campo bem entrosada com Juraj Kucka e Róbert Mak.

  • O TÉCNICO

Tarkovic era auxiliar da comissão técnica da seleção eslovaca desde 2013 e foi efetivado no lugar de Pavel Hapal demitido por causa da falta de resultados. Além disso, espera-se uma mudança de geração para os próximos anos e ninguém garante que Tarkovic é o mais indicado para comandá-la.

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