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por Leonardo Miranda

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Você já deve ter ouvido falar que as grandes “sensações” dessa Copa do Mundo serão Bélgica e Chile. O primeiro pela “geração belga” que está espalhada na Premier League e promete ser a melhor do país quarto-colocado em 86; o segundo pelo estilo ofensivo e intenso de Jorge Sampaoli, mais flexível do que seu mentor e ex-técnico chileno Marcelo Bielsa.

 

Sem sombra de dúvidas, as duas seleções prometem. Se no papel podem fazer frente a grandes – Felipão vive dizendo em entrevistas que o adversário mais difícil de 2002 foi a Bélgica, pois “eles não tinham nada a perder” – Bélgica e Chile tentam buscar, dentro de campo, ser mais que uma sensação. O objetivo é fazer história.

 

Marc Wilmots, cujo gol anulado há 12 anos atrás ainda gera discussões, é o técnico da Bélgica líder nas Eliminatórias com desenho e proposta de jogo bem definidos: 4-1-4-1 reativo, baseando o jogo nas rápidas transições pelo meio e abusando da profundidade de Hazard, Mirallas e De Bruyne.

 

O time prefere sempre a velocidade. Hazard não fica preso na esquerda e tem total liberdade para circular pelo meio, tabelar com Fellaini e achar um passe agudo para De Bruyne, que é mais incisivo. Quando o jogador do Chelsea faz esse movimento, Vertonghen apoia pelo lado para dar opção pelo flanco.

 


 

Os laterais Vertonghen e Alderweireld possuem funções mais defensivas, mas não deixam de apoiar. Witsel joga mais recuado na Bélgica do que seu clube e faz a contenção no meio, mas também inicia a saída de bola: quando o adversário está recompondo, ele lança Lukaku ou Mirallas, que já fazem a diagonal para o gol.

 

Mirallas, pela direita, vai para a área no ataque e abusa da velocidade, assim como Lukaku, que não fica na referência: abre pelos lados para receber a bola e partir em velocidade. O time joga com intensidade e setores compactados, mas não costuma cadenciar o jogo. Por isso, a estratégia é pressionar no seu campo para contragolpear ou confiar na liberdade de Hazard.

 


  

Se o futebol chileno avançou muito com Bielsa, apesar dos fracassos em competições, com Sampaoli ganhou força e a flexibilidade que faltava com o agora técnico do Marselha. O futebol praticado impressionou pelo pressing intenso, a postura avançada e a velocidade nas ações ofensivas, que procuram o passe diagonal e as inversões sempre.

 

Para essa Copa, Sampaoli avisou: vai usar o sistema de acordo com o adversário. Difícil prever, mas entre o 3-3-1-3 e o 3-4-1-2, o último sistema deve ser visto contra a Holanda, para aproveitar a fase de Valdívia atuando como falso 9 municiando as diagonais de Vargas e Sanchez e o apoio sufocante de Mena e Isla. Vidal, peça importante, dá qualidade no passe e força na chegada.

 

O time não muda a forma de jogo: intensidade, postura avançada e velocidade nas transições. O problema está nos passes: como as movimentações são muito intensas, sempre para frente, o Chile tende a acelerar demais o jogo e oferece espaços atrás.

 


 

Contra Espanha e Austrália, que atuam com homens pelas bordas, o 4-3-1-2 deve aparecer. Curiosamente, foi o sistema de maior equilíbrio em 2014, por Aranguíz e Vidal, municiando Valdívia para a saída de bola, partindo para concluir a gol e tabelando com o ataque. A forma de ataque muda um pouco: um lateral apoia de cada vez, Valdívia tem liberdade e o ataque inverte.

 

A postura intensa e avançada continua, mas a compactação dos setores melhora - a trinca de volantes fecha no adversário com a posse para sufocar e ganham o auxílio do atacante por aquele lado. Valdívia e o outro atacante ficam para o contragolpe. Esse sistema não sofre tanto nos contragolpes e cria mais jogo pelo meio, mas conclui menos a gol quando Paredes não está.

 


 

Sampaoli pode ainda resgatar o 3-1-3-3 com um 9 ou Valdívia na referência, colocar o 4-3-3 com Paredes e Vidal mais adiantado ou surpreender, criar um fato novo. Se o Chile surpreende pela intensidade, corre riscos nos encaixes individuais que a filosofia de Bielsa prega.

 

Nadar e morrer na praia é o que Chile e Bélgica não querem. Entre expectativas altas e virtudes e defeitos dos dois times, as duas querem provar que são mais do que apenas uma sensação. Quem sabe com uma semifinal?

 

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