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Por Tiago Bontempo

Futebol no Japão

Não tem mais Honda e Kagawa. Chegou a vez da geração de Nakajima e Doan liderar os Samurais Azuis. Sem surpresas, o Japão anunciou hoje os 23 convocados para a Copa da Ásia 2019, que acontece nos Emirados Árabes Unidos de 05/01 a 01/02. Hajime Moriyasu chamou apenas jogadores que ele já havia convocado antes, deixando de fora alguns nomes que deveriam estar entre os principais deste ciclo, como o goleiro Kosuke Nakamura, o zagueiro Gen Shoji e o volante Ryota Oshima. Titulares da Copa do Mundo como Kagawa e Inui, que vêm jogando pouco por seus clubes, também foram omitidos, assim como outros medalhões como Okazaki e Kawashima. Hasebe e Gotoku Sakai se aposentaram da seleção. Honda, continua em atividade na Austrália e assumiu o cargo de técnico do Camboja ao mesmo tempo, também está fora de consideração. Aliás, apenas nove atletas que foram ao Mundial da Rússia continuam no grupo hoje. Se comparar ao plantel da Copa da Ásia 2015, são só quatro remanescentes: Higashiguchi, Nagatomo, Yoshida e Shibasaki. É a renovação colocada em prática.

Único país com quatro títulos da Copa da Ásia (1992, 2000, 2004 e 2011), o Japão se tornou protagonista no seu continente a partir dos anos 90 e hoje sempre chega entre os favoritos. O objetivo é claro: "Quero ser campeão asiático", declarou Moriyasu. O momento também é bom e o time encontrou uma nova e eficiente forma de jogar assim que o novo treinador assumiu, após a Copa do Mundo. Em cinco amistosos desde então, os Samurais ainda estão invictos (3x0 Costa Rica, 3x0 Panamá, 4x3 Uruguai, 1x1 Venezuela e 4x0 Quirguistão). Confira a análise posição por posição do elenco japonês:

GOLEIROS

Não tinha muito mistério aqui. Moriyasu só convocou três goleiros até agora, e todos os três continuam no grupo para a copa continental. Gonda é o que vive melhor fase e teve atuações decisivas no segundo semestre para salvar o Sagan Tosu do rebaixamento. Tem a maior porcentagem de chutes defendidos na J-League este ano (73,4%). Higashiguchi é o mais experiente, foi regular durante todo o ano pelo seu clube e, na seleção, escolhido para os amistosos mais difíceis, contra Costa Rica e Uruguai. Moriyasu tem revezado os goleiros, mas o camisa 1 do Gamba Osaka é o favorito ao posto de titular. Daniel Schmidt, que estreou com o Hinomaru no mês passado, deve ficar como terceira opção. Com 1,97 de altura, é o jogador mais alto da história da seleção nipônica. Filho de pai americano e mãe japonesa, ele nasceu nos EUA, mas cresceu no Japão e tem a nacionalidade japonesa. No início do ano ele não era nem titular no Vegalta Sendai, mas está em boa fase e pegou o lugar do promissor Kosuke Nakamura, do Kashiwa Reysol, que passou boa parte da temporada se recuperando de duas concussões que sofreu em sequência.

LATERAIS

Hiroki Sakai e Nagatomo ainda são titulares absolutos e não tem ninguém para fazer sombra a eles. Nagatomo, aliás, passou por uma cirurgia no pulmão e era dado como desfalque certo na Copa da Ásia, mas ele se recuperou mais rápido que o previsto. Muroya não foi bem nos amistosos e seu ano no FC Tokyo é apenas mediano. Sasaki fez um bom primeiro semestre no Sanfrecce Hiroshima, mas caiu no segundo junto com o resto do time. Também não impressionou na seleção até agora. Há opções melhores dentro da J-League, como Daigo Nishi, do Kashima Antlers, e Ryosuke Yamanaka, do Yokohama F-Marinos.

ZAGUEIROS

Yoshida, o novo capitão após a aposentadoria de Hasebe, é o único titular garantido entre os zagueiros. Makino é o favorito a formar a dupla de zaga com ele por ser mais experiente e vir de uma ótima temporada na J-League. Tomiyasu, porém, tem crescido demais este ano, foi bem nos amistosos e, mesmo sendo o mais novo do elenco, também tem chances de jogar. Miura é uma daquelas convocações difíceis de entender. Zagueiro mediano dentro da J-League, já cometeu um erro bisonho pela seleção, mas continua sendo chamado por ser considerado um nome de potencial. Quem acabou ficando de fora foi Gen Shoji, titular na Copa 2018 e para muitos o melhor zagueiro da J1 tecnicamente, mas que ficou um tempo lesionado e não foi convocado nenhuma vez por Moriyasu. A possível transferência dele para a Europa em janeiro também pode ter pesado.

VOLANTES

Aoyama entra naquela vaga de "jogador de confiança" do técnico. Ele pode não ser a melhor opção disponível (Shibasaki e Oshima, por exemplo, são melhores que ele na maioria dos quesitos) e, aos 32 anos, seu ciclo na seleção está perto do fim, mas ele está no elenco por razões de "Sanfrecce" e tem sido até capitão quando joga. Mas espera-se que o titular na função de segundo volante seja Shibasaki, um dos mais talentosos dessa geração e que fez uma ótima Copa do Mundo. Wataru Endo, que já teve momentos de brilho nesta temporada pelo Sint-Truiden, e Morita, uma das revelações do ano na J-League, disputam a posição de volante de contenção. Os dois têm bom passe e podem cobrir as laterais se necessário.

MEIAS

Doan e Nakajima são os principais nomes desta geração e se tornaram titulares indiscutíveis com Moriyasu. São os craques que conduzem o ataque e que podem fazer a diferença. Como suplentes, Junya Ito é velocista, joga pela ponta direita e foi o maior driblador da J-League este ano, com 160 dribles. Haraguchi tornou-se uma espécie de faz-tudo: puxa contra-ataques, dribla, passa, defende... e atua em qualquer posição no ataque. Herdou de Okazaki aquele espírito de nunca se entregar e se doar ao máximo em campo, e talvez por isso todos os técnicos adoram ele.

ATACANTES

Osako pode não ser um exímio finalizador, mas nenhum outro japonês faz o pivô tão bem quanto ele. Prender a bola na frente, tabelar, puxar a marcação dos zagueiros, abrir espaços para os companheiros... há muitas qualidades no jogo dele. É o centroavante titular. Kitagawa, o "novo Okazaki" do Shimizu S-Pulse, fica como opção e é uma das promessas para o futuro na posição. Minamino tem feito a função de segundo atacante, muitas vezes recuado como um meia central, mas sempre entrando na área para buscar a finalização. É o artilheiro da era Moriyasu com quatro gols. Graças às boas atuações dele, Kagawa não está fazendo falta. Daichi Kamada, que vive um momento brilhante na Europa pelo Sint-Truiden, seria o substituto ideal aqui, mas Moriyasu optou por chamar um dos seus discípulos preferidos para fechar a lista: Asano, que não está em boa fase e fez apenas um gol o ano inteiro. Aliás, o momento ruim dele vem desde o final de 2016. O "Jaguar" tem a velocidade como principal arma, mas não é bom finalizador.

Time-base do Japão para a Copa da Ásia (numeração ainda não confirmada) — Foto: Futebol no Japão

Calendário:
09/01 - 9h - Japão x Turcomenistão (Abu Dhabi)
13/01 - 11h30 - Omã x Japão (Abu Dhabi)
17/01 - 11h30 - Japão x Uzbequistão (Al Ain)
20~22/01 - Oitavas de final
24~25/01 - Quartas de final
28~29/01 - Semifinais
01/02 - 12h - Final (Abu Dhabi)

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