TIMES

Por Tiago Bontempo

Futebol no Japão

Vai começar a edição 2019 do maior torneio de clubes da Ásia, a AFC Champions League, ou simplesmente ACL. O Futebol no Japão preparou um guia com o que esperar de cada um dos 32 participantes. Será que o Japão fatura a taça pelo terceiro ano seguido? Será que o Catar levará o sucesso da Copa da Ásia também para seus clubes? Será 2019 o ano do Al Hilal, o campeão da Arábia Saudita que montou um timaço de estrelas internacionais?

O Japão, campeão das duas últimas edições (Urawa Reds em 2017 e Kashima Antlers em 2018), tem o Kawasaki Frontale reforçado por Leandro Damião, o Kashima Antlers que quer defender seu título, o Urawa Reds de Oswaldo de Oliveira e o azarão Sanfrecce Hiroshima. Só que os dois jogadores nipônicos em maior evidência na competição não jogam no Japão: Shoya Nakajima, do Al Duhail (Catar), e Keisuke Honda, do Melbourne Victory (Austrália). Os maiores favoritos, porém, vêm da China, com o Guangzhou Evergrande de Paulinho e Anderson Talisca e o Shanghai SIPG de Hulk, Oscar e Elkeson, sem falar na potência sul-coreana Jeonbuk Hyundai Motors.

No Oriente Médio, a meta é quebrar o domínio do lado oriental do continente, que venceu todas as últimas sete finais com times de Japão, China, Coreia do Sul e Austrália. O Catar foi o último do Oeste a ser campeão, com o Al Sadd em 2011, e coloca suas fichas no próprio Al Sadd de Xavi e no Al Duhail de Nakajima, dois times que formam a base da seleção campeã da Ásia em janeiro. A Arábia Saudita, que ano passado voltou a investir pesado em sua liga para trazer estrelas internacionais e aumentou para oito o número de estrangeiros por time, terá seus quatro grandes na competição (Al Hilal, Al Ahli Jeddah, Al Ittihad e Al Nassr), e a pressão é imensa principalmente para que o Al Hilal, que vem sempre batendo na trave, vença o torneio desta vez. O Irã pode até não ter condição de competir com seus vizinhos no aspecto financeiro, mas possui times mais equilibrados e pragmáticos, além de um nível maior dos jogadores locais. Persepolis e Esteghlal, o gigantes de Teerã, nunca podem ser descartados. Por fim, os Emirados Árabes Unidos já tiveram dias melhores, mas o Al Ain, finalista do último Mundial de Clubes, ainda sonha alto.

Regulamento
Cada equipe pode inscrever apenas quatro estrangeiros, e um deles precisa ser asiático (regra do 3+1). Na primeira fase, são oito grupos com quatro times cada. Os clubes do Oeste ficam nos grupos da A a D. Os clubes do Leste ficam nos grupos de E a H. Atenção: o primeiro critério de desempate é confronto direto, e não saldo de gols. Os dois primeiros de cada grupo avançam para as oitavas de final. Das oitavas até a final, sempre jogos de ida e volta. O campeão se classifica para o Mundial de Clubes da Fifa.

Calendário
1ª fase preliminar: 05/02
2ª fase preliminar: 12/02
Playoff: 19/02
Fase de grupos (seis rodadas): de 04/03 a 22/05
Oitavas de final: ida: de 17 a 19/06; volta: de 24 a 26/06
Quartas de final: ida: de 26 a 28/08; volta: de 16 a 18/09
Semifinais: ida: de 01 e 02/10; volta: de 22 e 23/10
Final: ida: 09/11; volta: 24/11

Premiação (em dólares):
Campeão: 4 milhões
Vice: 2 milhões
Semifinal: 250 mil
Quartas de final: 150 mil
Oitavas de final: 100 mil
Fase de grupos: 50 mil por vitória, 10 mil por empate

Nacionalidade dos técnicos:
Portugal (5), Japão (3), Alemanha (2), Austrália (2), Brasil (2), Coreia do Sul (2), Croácia (2), Argentina (1), Chile (1), China (1), Espanha (1), Geórgia (1), Holanda (1), Irã (1), Iraque (1), Itália (1), Montenegro (1), Romênia (1), Turquia (1), Uruguai (1), Uzbequistão (1)

As jovens estrelas do futebol asiático que estarão na ACL — Foto: Futebol no Japão

Grupo A: Al Wasl, Al Zawraa, Zob Ahan e Al Nassr — Foto: Futebol no Japão

Al Wasl (Emirados Árabes Unidos)

Cidade: Dubai (população: 3,1 milhões)
Como se classificou: 3º na Liga do Golfo Árabe
Participações: 4 (1992/93, 1994/95, 2008, 2018)
Melhor resultado: Semifinal (1992/93)
Estrangeiros: Fábio Lima (meia, Brasil), Ronaldo Mendes (meia, Brasil), Caio Canedo (atacante, Brasil)
Técnico: Laurentiu Reghecampf (Romênia)
Expectativa: ★★

Os Cheetahs vivem uma situação completamente diferente das duas temporadas anteriores, em que jogaram um futebol atraente e disputaram o título da Liga do Golfo Árabe. Praticamente tudo vem dando errado e hoje a realidade é fugir do rebaixamento. Nas últimas semanas o time começou a reagir e venceu três dos últimos quatro jogos, mas ainda está em décimo lugar entre 14 equipes. Com apenas dois atletas da seleção local, os volantes Ali Salmin e Khamis Esmaeel, o clube depende demais do seu trio de brasileiros. O capitão Caio Canedo (ex-Botafogo e Internacional) e o ídolo local Fábio Lima (ex-Atlético Goianiense) são os artilheiros do time, com nove e oito gols, respectivamente. Há também o meia Ronaldo Mendes (ex-Santos e Paraná). Ano passado o Al Wasl decidiu se focar no Emiradense e fez na ACL a pior campanha entre todos os 32 participantes da fase de grupos; foi o único a perder todos os seis jogos. Com o risco de queda na liga nacional, é bem possível que também desta vez o torneio continental não seja prioridade.

»» Apesar de ter apenas um título do Emiradense nas últimas duas décadas (em 2006/07), o Al Wasl era o maior campeão dos Emirados Árabes até os anos 1990, com seis conquistas entre 1981 e 1997 (hoje já foi ultrapassado pelo Al Ain, que tem 13 títulos). Foi eleito pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol) o maior clube dos EAU no século 20. E o maior artilheiro da história da liga nacional, Fahad Khamees, jogou a carreira toda no Al Wasl.

Al Zawraa (Iraque)

Cidade: Bagdá (população: 8 milhões)
Como se classificou: Campeão da Iraqi Premier League
Participações: 8 (1995, 1996/97, 1997/98, 2000/01, 2001/02, 2003, 2005, 2007)
Melhor resultado: Semifinal (1996/97)
Estrangeiros: Hussein Al Jwayed (lateral, Síria), Omar Mansouri (atacante, Marrocos), Shadrach Eghan (atacante, Gana)
Técnico: Hakeem Shaker (Iraque)
Expectativa: ★★

Pela primeira vez desde 2008, um time do Iraque disputa a fase de grupos da ACL. O Al Zawraa vem de duas participações consecutivas na AFC Cup - em 2017, caiu no primeiro mata-mata, e em 2018 ficou na fase de grupos. É o clube mais vencedor da história do país e conquistou no ano passado seu 14ª título da liga nacional. Na atual temporada, está em quarto lugar com 18 jogos disputados na Iraqi Premier League, mas vem de uma derrota por 4x0 para o Erbil e só ganhou uma vez nos últimos quatro jogos. Está de técnico novo; Hakeem Shaker, que já treinou as seleções de base e a principal do Iraque, assumiu a poucos dias do início da Liga dos Campeões após a saída de Ayoub Odisho, que foi para o rival Al Talaba. Os Al Nawaris (gaivotas), como são chamados, têm três jogadores que estiveram na Copa da Ásia em janeiro pelos Leões da Mesopotâmia: o volante Safaa Hadi, grande revelação do país, o goleiro Jalal Hassan e o atacante Alaa Abbas. Também tem o atacante Mohannad Abdul-Raheem, com bastante experiência na seleção.

»» Por questões de segurança, o Al Zawraa não vai mandar os jogos em Bagdá, mas em Karbala, que fica 100 quilômetros ao sul da capital, em uma nova arena com capacidade para 30 mil pessoas que foi inaugurada em 2016.

Zob Ahan (Irã)

Cidade: Fuladshahr (população: 88 mil)
Como se classificou: 2º na Liga do Golfo Persa; venceu nos playoffs o Al Kuwait (Kuwait) por 1x0 e o Al Gharafa (Catar) por 3x2
Participações: 7 (2004, 2010, 2011, 2012, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Vice-campeão (2010)
Estrangeiros: Marion (meia, Brasil), Christian Osaguona (atacante, Nigéria)
Técnico: Alireza Mansourian (Irã)
Expectativa: ★★

Passou por dois verdadeiros dramas nos playoffs da ACL. Jogando em casa, precisou de um gol na prorrogação para despachar o Al Kuwait, campeão do Kuwait. Fora de casa, começou perdendo por 2x0 para o Al Gharafa, quarto colocado na Qatar Stars League, e buscou a virada no segundo tempo. Uma classificação épica para chegar à fase de grupos pelo quarto ano consecutivo, mas um raro momento de glória em uma temporada que tem sido melancólica para o clube da província de Isfahan, que não vence um único jogo pela Liga do Golfo Persa desde agosto de 2018. Já são 13 partidas seguidas sem vitória. O time está em 14º lugar (antepenúltimo), com apenas 12 gols marcados em 18 jogos. O setor ofensivo sente falta de Morteza Tabrizi e do brasileiro Kiros, que se transferiram para Esteghlal e Sepahan, respectivamente. O Zob Ahan já trocou de técnico duas vezes na temporada e o atual comandante, Alireza Mansourian, está pressionado pois ainda não venceu nenhuma vez na liga desde que assumiu, em novembro passado. Para piorar, o arquirrival Sepahan está lá em cima, brigando pelo título. O elenco não tem nenhum jogador de seleção e só dois estrangeiros, entre eles o brasileiro Marion, que já jogou por Atlético-MG e América-MG e mais recentemente por CRB e Oeste-SP.

»» O Zob Ahan é um clube que costuma estar nas cabeças no futebol iraniano. Tem quatro títulos da copa nacional e chegou na final da ACL em 2010, mas nunca venceu a Liga do Golfo Persa. Ano passado foi vice pela quarta vez. E ainda tem pouca torcida. A média de público em 2017/18 foi de apenas 2.807 (em comparação, o rival Sepahan teve 12.357). Em 2018/19, a média melhorou um pouco, mesmo com a campanha ruim, e subiu para 3.313 (o Sepahan, lutando pelo título, está com 21.214).

Al Nassr (Arábia Saudita)

Cidade: Riad (população: 7 milhões)
Como se classificou: 3º na Saudi Pro League; venceu no playoff o AGMK (Uzbequistão) por 4x0
Participações: 5 (1995, 1996/97, 2011, 2015, 2016)
Melhor resultado: Vice-campeão (1995)
Estrangeiros: Brad Jones (goleiro, Austrália), Maicon (zagueiro, Brasil), Giuliano (meia, Brasil), Abderrazak Hamdallah (atacante, Marrocos)
Técnico: Rui Vitória (Portugal)
Expectativa: ★★★½

Um dos mais populares clubes da Arábia Saudita, o Al Nassr não é um frequentador assíduo da ACL e não tem o melhor dos históricos no torneio, tendo sido eliminado na fase de grupos nas duas participações anteriores. A seu favor, o time está em ótima fase, com cinco vitórias seguidas e só uma derrota nos últimos 15 jogos somando todas as competições. É o único que tem feito frente ao Al Hilal na liga saudita, na qual está em segundo lugar, seis pontos atrás do rival. Tem como destaques o marroquino Abderrazak Hamdallah, artilheiro do time na Pro League com 15 gols, o brasileiro Giuliano (ex-Grêmio e Internacional), com convocações recentes para a seleção brasileira, o armador Yahia Al Shehri, a dupla de zaga Maicon (ex-São Paulo) e Omar Hawsawi e o goleiro australiano Brad Jones. O clube deixou de fora do elenco da ACL nomes como o zagueiro Bruno Uvini (ex-São Paulo) e o meia Petros (ex-Corinthians e São Paulo), além do meia da seleção marroquina Nordin Amrabat e do atacante da seleção nigeriana Ahmed Musa.

»» Al Nassr significa "vitória" em árabe. Outros nomes comuns em times do Oriente Médio são Al Ahli (nacional), Al Hilal (crescente), Al Ittihad, Al Wahda/Wehda (todos são "união") e Al Shabab (juventude).

Grupo B: Al Ittihad, Al Wahda, Lokomotiv Tashkent e Al Rayyan — Foto: Futebol no Japão

Al Ittihad (Arábia Saudita)

Cidade: Jidá (população: 4 milhões)
Como se classificou: Campeão da Copa do Rei (9º na Saudi Pro League)
Participações: 12 (2000/01, 2001/02, 2004, 2005, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2014, 2016)
Melhor resultado: Campeão (2004, 2005)
Estrangeiros: Matthew Jurman (zagueiro, Austrália), Sékou Sanogo (volante, Costa do Marfim), Carlos Villanueva (meia, Chile), Romarinho (atacante, Brasil)
Técnico: José Luis Sierra (Chile)
Expectativa: ★★

Um dos maiores e mais tradicionais - e também um dos mais instáveis - clubes sauditas, o Tigre faz uma temporada desastrosa, correndo risco de ser rebaixado no Campeonato Saudita pela primeira vez na história. Está no Z-3 desde a primeira rodada, ocupa agora a penúltima colocação (15º), venceu apenas três vezes em 22 jogos e já trocou de técnico três vezes nesta temporada. Mandou embora o croata Slaven Bilic ao perder em casa para o Al Hilal por 2x0 no dia 21/02 e trouxe de volta o chileno José Luis Sierra, que havia sido dispensado em maio do ano passado em prol do argentino Ramón Díaz, que foi demitido quatro meses depois. Uma verdadeira bagunça. Tem como destaque o chileno Carlos Villanueva, eleito melhor jogador da temporada passada na Arábia Saudita, mas que não tem jogado seu melhor futebol. Os únicos que têm balançado as redes por lá são o ídolo local Fahad Al Muwallad, com oito gols, e o ex-Corinthians Romarinho, com cinco. Com um enorme contingente estrangeiro, vários deles tiveram que ser cortados do elenco da ACL: o goleiro Marcelo Grohe (ex-Grêmio), o zagueiro marroquino Manuel da Costa (ex-Istanbul Basaksehir), o volante marroquino Karim El Ahmadi (ex-Feyenoord), o ponta cabo-verdiano Garry Rodrigues (ex-Galatasaray) e o centroavante sérvio Aleksandar Prijovic (ex-PAOK). O Al Ittihad vive o pior momento de sua história, mas não caiu em um grupo tão difícil na ACL, o que pode ser uma oportunidade de recuperar moral e confiança. De qualquer forma, a prioridade certamente será sobreviver na liga local.

»» O Al Ittihad, assim como o Al Nassr, havia se classificado para a ACL do ano passado por ter terminado entre os quatro primeiros na liga saudita em 2016/17, mas os dois clubes não puderam disputar a competição por causa de irregularidades financeiras que os impediram de obter a licença da confederação asiática para jogos internacionais. Detalhes que todos os clubes logo abaixo na tabela também não cumpriam os requisitos da AFC, por isso a Arábia Saudita teve apenas dois representantes ao invés de quatro. E você aí achando que o futebol brasileiro é uma bagunça...

Al Wahda (Emirados Árabes Unidos)

Cidade: Abu Dhabi (população: 1,2 milhão)
Como se classificou: 2º na Liga do Golfo Árabe
Participações: 11 (1999/2000, 2001/02, 2004, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2015, 2017, 2018)
Melhor resultado: Semifinal (2007)
Estrangeiros: Rim Chang-woo (lateral, Coreia do Sul), Leonardo (meia, Brasil), Sebastian Tagliabúe (atacante, Argentina), Yahya Alghassani (atacante, Tanzânia)
Técnico: Henk ten Cate (Holanda)
Expectativa: ★★½

O vice-campeonato emiradense em 2017/18 foi o melhor resultado do clube em quatro anos, mas 2018/19 não tem sido uma temporada tão boa. O Al Wahda está apenas em quinto lugar na Liga do Golfo Árabe, 16 pontos atrás do líder Al Sharjah e praticamente fora da disputa pelo título. Trocou de técnico em novembro, e o novo comandante, Henk ten Cate, vem alternando vitórias e derrotas. O ponto forte da equipe é o ataque, o segundo mais eficiente do Emiradense graças aos seus três estrangeiros. O argentino Sebastian Tagliabúe tem 15 gols, o brasileiro Leonardo (revelado pelo Matsubara-PR, mas jogou fora do Brasil durante toda a carreira) tem dez e o marroquino Mourad Batna (não inscrito na ACL) tem oito. O ídolo local é o veterano atacante Ismail Matar, o segundo com mais partidas (130) e o quarto com mais gols (36) na história da seleção dos EAU. Aos 35 anos, ele veste a 10 e é o capitão do time. Apesar de ter muitas assistências (6), ele não tem nenhum gol na atual temporada. A expectativa para a ACL não é das maiores, e o histórico recente também não ajuda. Nas últimas seis participações, foram cinco eliminações na fase de grupos e uma ainda antes, no playoff.

»» Tite, atual treinador da Seleção Brasileira, já trabalhou no Al Wahda, em 2010. Mas ele não ficou nem dois meses lá e só dirigiu o clube emiradense em cinco jogos, com três vitórias e dois empates. Na época, Tite retornou ao Brasil às pressas para acertar sua segunda passagem pelo Corinthians, que havia acabado de demitir Adilson Batista. O treinador teve que pagar do próprio bolso a multa rescisória do contrato com o Al Wahda, para só depois ser ressarcido nos salários que receberia no Timão.

Lokomotiv Tashkent (Uzbequistão)

Cidade: Tashkent (população: 2,4 milhões)
Como se classificou: Campeão da Uzbekistan Super League
Participações: 6 (2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Quartas de final (2016)
Estrangeiros: Igor Jelic (volante, Sérvia), Jovan Djokic (volante, Sérvia), Arslanmurat Amanov (meia, Turcomenistão), Filip Rajevac (atacante, Sérvia)
Técnico: Andrei Fyodorov (Uzbequistão)
Expectativa: ★★★

A Locomotiva de Tashkent continua imbatível no cenário doméstico. Apesar de ter ficado em segundo lugar na temporada regular da liga uzbeque ano passado, atrás do Pakhtakor, superou o rival na fase final e comemorou seu terceiro título consecutivo. Vai para a sétima participação seguida na ACL, mas tem o retrospecto ruim de só ter passado da fase de grupos uma vez. Para piorar, o clube perdeu vários nomes importantes nesta janela. A começar por um de seus jogadores mais famosos, o meia Sardor Rashidov, que se transferiu para a Europa e agora defende o Nacional de Portugal. O veterano goleiro Ignatiy Nesterov foi para o saudita Ohod Al Medina. O volante Ikromjon Alibaev foi contratado pelo FC Seoul. O artilheiro e capitão Marat Bikmaev agora é do Pakhtakor. Todos eles estavam na Copa da Ásia pelo Uzbequistão. Pelo menos o zagueiro selecionável Anzur Ismailov permaneceu. Entre os reforços, vieram o lateral Oleg Zoteev, o volante Azizbek Haydarov e o centroavante Filip Rajevac, todos do Bunyodkor, o lateral Davron Khashimov, do Navbahor, o volante Jovan Djokic, do AGMK e, a contratação mais intrigante de todas, o meia Arslanmurat Amanov, capitão da seleção do Turcomenistão que fez gol contra o Japão na Copa da Ásia. Ele já jogava na liga uzbeque, pelo Buxoro. Mesmo com todas essas mudanças, o início da temporada 2019 foi positivo, com vitória na Supercopa por 2x1 contra o AGMK.

»» O goleiro Ignatiy Nesterov tornou-se em janeiro o primeiro jogador na história a participar de cinco Copas da Ásia. Entretanto, ele envolveu-se em um escândalo ao ser reprovado em um teste antidoping por ingerir um remédio para perda de peso sem avisar o médico quando estava com a seleção. Enquanto a AFC não anuncia a punição, que pode ir de seis meses a um ano afastado dos gramados, o futuro do goleiro é incerto. Ele acabou de se transferir para o Ohod, da Arábia Saudita, mas pode ter o contrato cancelado antes mesmo da estreia no novo time. Aos 35 anos, até a aposentadoria é uma possibilidade.

Al Rayyan (Catar)

Cidade: Al Rayyan (população: 600 mil)
Como se classificou: 3º na Qatar Stars League; venceu no playoff o Saipa (Irã) por 3x1
Participações: 12 (1985/86, 1991, 1996/97, 1997/98, 2005, 2007, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018)
Melhor resultado: 3º lugar (1991)
Estrangeiros: Gonzalo Viera (zagueiro, Uruguai), Koh Myong-jin (volante, Coreia do Sul), Gelmin Rivas (atacante, Venezuela), Lucca (atacante, Brasil)
Técnico: Bülent Uygun (Turquia)
Expectativa: ★★★

O time que tem o brasileiro naturalizado catariano Rodrigo Tabata, aos 38 anos, como capitão e camisa 10, é um frequentador assíduo da ACL. Porém, tirando a longínqua campanha de 1991, quando ficou em terceiro lugar, o Al Rayyan nunca conseguiu passar da primeira fase. É um dos maiores campeões da liga do Catar, com oito títulos, mas apenas um conquistado neste século (2015/16). Não tem sido capaz de competir com as maiores forças do país e a história se repetiu na atual temporada. Está em quarto lugar e já fora da briga pelo título. Vem de duas acachapantes derrotas seguidas: 4x0 para o líder Al Sadd e 3x0 para o oitavo colocado Al Shahaniya. Sem nenhum convocado para a seleção do Catar que ganhou a Copa da Ásia, o time depende muito dos estrangeiros. E tem sofrido para fazer gols. Marcou apenas 25 em 18 rodadas, enquanto o líder Al Sadd fez 83. O artilheiro da equipe é um meia, Rodrigo Tabata, que tem seis gols. O também naturalizado Sebastian Soria, nascido no Uruguai, tem quatro. Lucca, ex-Corinthians, tem cinco. O venezuelano Gelmin Rivas chegou do Al Hilal em fevereiro para reforçar o ataque, e já marcou quatro vezes nos quatro primeiros jogos (contando dois no playoff da ACL).

»» O elenco do Al Rayyan tem nada menos que nove naturalizados: o goleiro Oumar Barry (nascido na Guiné), o lateral Mohammed Alaaeldin (Egito), o zagueiro Dame Traoré (França), os volantes Ahmed Abdul Maqsoud (Egito) e Mohammed Sayyar (Bahrein), os meias Al Dokali Al Seyed (Líbia), Daniel Goumou (Guiné) e Rodrigo Tabata (Brasil) e o atacante Sebastian Soria (Uruguai).

Grupo C: Al Duhail, Al Hilal, Al Ain e Esteghlal — Foto: Futebol no Japão

Al Duhail (Catar)

Cidade: Doha (população: 1,6 milhão)
Como se classificou: Campeão da Qatar Stars League e da Copa Emir do Catar
Participações: 7 (2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Quartas de final (2013, 2015, 2018)
Estrangeiros: Mehdi Benatia (zagueiro, Marrocos), Shoya Nakajima (meia, Japão), Edmílson Junior (meia, Brasil), Youssef El Arabi (atacante, Marrocos)
Técnico: Rui Faria (Portugal)
Expectativa: ★★★★

Um dos gigantes e bilionários clubes do Catar, presidido pelo xeique Abdullah Al Thani, membro da família real e que também é dono do Málaga (Espanha), o Al Duhail fez barulho na última janela de transferências e trouxe dois reforços de peso. Vieram Shoya Nakajima, do Portimonense, por 35 milhões de euros, e Mehdi Benatia, da Juventus, por 8 milhões. O elenco ainda tem o goleador marroquino Youssef El Arabi, o brasileiro radicado na Bélgica Edmílson Junior e quatro titulares do Catar campeão da Copa da Ásia: o zagueiro Bassam Al Rawi, os volantes Assim Madibo e Karim Boudiaf e o jovem astro Almoez Ali, artilheiro e eleito melhor jogador do torneio continental de seleções. O clube tem dominado o futebol do Catar nos últimos anos. Desde que estreou na primeira divisão, foi campeão em seis de oito temporadas disputadas. Em 2017/18, faturou a Stars League de forma invicta e ganhou também a copa nacional. Porém, em 2018/19 tropeçou algumas vezes e no momento está em segundo lugar, quatro pontos atrás do Al Sadd, restando quatro rodadas para o fim. O Al Duhail vem de quatro participações consecutivas na Liga dos Campeões sempre passando pela fase de grupos. E a ambição da equipe será posta à prova em uma chave que tem mais dois candidatos ao título. Se tem um "grupo da morte" nesta ACL, é o Grupo C.

»» Ano passado, o Al Duhail era o time de melhor campanha até as quartas de final, o único com vitórias em todos os jogos. Derrotou o Persepolis na ida por 1x0 em Doha e começou fazendo gol também no jogo de volta em Teerã, mas levou três no segundo tempo e foi eliminado de forma dramática por um 3x2 no placar agregado.

Al Hilal (Arábia Saudita)

Cidade: Riad (população: 7 milhões)
Como se classificou: Campeão da Saudi Pro League
Participações: 22 (1986, 1987, 1989/90, 1991, 1997/98, 1998/99, 1999/2000, 2000/01, 2002/03, 2004, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (1991, 1999/2000)
Estrangeiros: Milos Degenek (zagueiro, Austrália), Carlos Eduardo (meia, Brasil), Bafétimbi Gomis (atacante, França), Sebastian Giovinco (atacante, Itália)
Técnico: Zoran Mamic (Croácia)
Expectativa: ★★★★★

O principal desafiante a retomar a coroa continental para o Oriente Médio quer deixar de ser o "time do quase" no continente e superar as decepções dos anos anteriores. A torcida ainda não engoliu as derrotas nas finais da ACL em 2014 (Western Sydney Wanderers) e 2017 (Urawa Reds), quando o Al Hilal era amplamente favorito. Apesar da crise que enfrentou ano passado, quando caiu na fase de grupos, a equipe conquistou o bicampeonato nacional por um ponto de diferença. Em 2018/19, o clube literalmente abriu os cofres para montar um super-time cheio de estrelas internacionais e caminha a passos largos rumo ao tri, com uma campanha de 17V 4E 1D restando oito rodadas para o fim. Só a lista de estrangeiros não inscritos na Champions League já causaria inveja a qualquer rival no continente: o goleiro omani Ali Al Habsi, o zagueiro espanhol Alberto Botía (ex-Olympiacos), o meia emiradense Omar Abdulrahman (emprestado pelo Al Ain, rompeu os ligamentos do joelho no fim do ano passado), o meia peruano André Carrillo (ex-Watford) e o atacante espanhol Jonathan Soriano (ex-Beijing Guoan). Entre os que de fato vão jogar, o brasileiro Carlos Eduardo (ex-Porto) é quem comanda o setor ofensivo, municiando o artilheiro francês Bafétimbi Gomis (ex-Galatasaray), vice-artilheiro do Saudita com 17 gols. O ataque ainda ganhou o reforço de peso do italiano Sebastian Giovinco, vindo do Toronto FC. Como se não fosse o bastante, o elenco ainda tem alguns dos melhores jogadores da seleção da Arábia Saudita, como os meias Salem Al Dawsari, Salman Al Faraj, Nawaf Al Abed, Abdullah Otayf e os laterais Yasser Al Shahrani e Mohammed Al Breik, além de ter contratado o meia Hattan Bahebri, do Al Shabab, no mês passado. O objetivo máximo, a obsessão dos Blues é a ACL. O clube investiu demais e chega para vencer o torneio. Qualquer resultado diferente de título será considerado fracasso.

»» Entre todos os 32 participantes desta ACL, o Al Hilal é o que está na maior série de aparições consecutivas: vai disputar o torneio pela 11ª vez em 11 anos. A única vez nesse período que não passou da primeira fase foi em 2018.

Al Ain (Emirados Árabes Unidos)

Cidade: Al Ain (população: 760 mil)
Como se classificou: Campeão da Liga do Golfo Árabe e da Copa do Presidente
Participações: 16 (1985/86, 1998/99, 2000/01, 2002/03, 2004, 2005, 2006, 2007, 2010, 2011, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (2002/03)
Estrangeiros: Tsukasa Shiotani (zagueiro, Japão), Tongo Doumbia (volante, Mali), Caio (meia, Brasil), Marcus Berg (atacante, Suécia)
Técnico: Juan Carlos Garrido (Espanha)
Expectativa: ★★★½

Entre as principais ligas no Oriente Médio, a dos Emirados Árabes é a que mais tem regredido em termos de investimento e qualidade dos times. O Al Ain é o único que parece forte o bastante para ir longe na ACL, e mesmo assim não vive uma fase tão boa. É verdade que Em 2017/18 conquistou o inédito double, com seu 13º título da liga e o sétimo da copa nacional. Ainda fez ótima participação no Mundial de Clubes em dezembro, perdendo só na final para o Real Madrid. Mas o técnico Zoran Mamic foi embora para o saudita Al Hilal em janeiro e desde então o Al Ain não tem acompanhado o ritmo do Sharjah, que lidera o Emiradense com oito pontos a mais e ainda está invicto restando nove rodadas para acabar. Na segunda colocação, o Al Ain só conquistou sete dos últimos 15 pontos possíveis. O elenco tem vários nomes da seleção local, como o goleiro Khalid Eisa, os zagueiros Ismail Ahmed e Mohamed Ahmad e os meio-campistas Amer Abdulrahman, Mohamed Abdulrahman (que não são parentes) e Bandar Al Ahbabi. Apenas jogadores esforçados, nenhum craque para os padrões locais. Quem tem feito a diferença é o brasileiro Caio (ex-Kashima Antlers), que já assinou com o Benfica para a próxima temporada, além do sueco Marcus Berg, artilheiro do time com dez gols, e do coringa japonês Tsukasa Shiotani, que é zagueiro de origem, mas tem jogado como lateral ou volante e sempre aparece bem no apoio ao ataque. O novo reforço é o português Rúben Ribeiro, que defendeu o Sporting de Portugal até o fim de 2017/18, mas desde então estava sem clube.

»» O Al Ain é o único clube dos EAU que já conquistou a Liga dos Campeões da Ásia, em 2002/03. O time vem de cinco participações consecutivas sempre avançando na fase de grupos. Nesse período, chegou uma vez na final (2016) e uma na semifinal (2014).

Esteghlal (Irã)

Cidade: Teerã (população: 8 milhões)
Como se classificou: Campeão da Copa Hazfi (3º na Liga do Golfo Persa)
Participações: 15 (1970, 1971, 1990/91, 1991, 1998/99, 2001/02, 2002/03, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (1970 e 1990/91)
Estrangeiros: Ayanda Patosi (meia, África do Sul), Humam Tariq (meia, Iraque), Esmael Gonçalves (Guiné-Bissau), Godwin Mensha (atacante, Nigéria)
Técnico: Winfried Schafer (Alemanha)
Expectativa: ★★★★

Único clube iraniano em atividade que já foi campeão asiático e também o que tem mais participações na ACL, é um dos gigantes do país ao lado do arquirrival Persepolis. Conquistou ano passado a Copa Hazfi pela sétima vez - é o maior vencedor da copa iraniana. Está em boa forma na Liga do Golfo Persa na atual temporada. Vem de três vitórias seguidas e, apesar da quarta colocação, está só quatro pontos atrás do líder Persepolis. Tem o segundo melhor ataque e a melhor defesa da liga. Contratou em janeiro o artilheiro do Campeonato Uzbeque, o guineense Esmael Gonçalves, e também o meia sul-africano Ayanda Patosi, do Cape Town City. Em fevereiro chegou o nigeriano Godwin Mensha, vindo do Persepolis. O bom momento da equipe coincide com a chegada dos três africanos. Aliás, todos eles marcaram no último jogo, vitória por 3x1 sobre o Foolad. A forte defesa tem jogadores de seleção como o zagueiro Pejman Montazeri, o lateral Vouria Ghafouri e o volante Rouzbeh Cheshmi, com a experiência do veterano goleiro de 38 anos e capitão Mehdi Ramati. O time também tem uma grande promessa do futebol iraniano, o atacante Allahyar Sayyadmanesh, de apenas 17 anos. Ele fez três gols na última Copa do Mundo Sub-17, em que o Irã chegou até as quartas de final, e vem tendo as primeiras chances como titular no Esteghlal.

»» O Esteghlal foi fundado em 1945 por militares como um clube que tinha como principal atividade o ciclismo, por isso os círculos no escudo. Era chamado "Taj", que significa "coroa", e identificado com a antiga monarquia do país. Após a Revolução Islâmica de 1979, o nome mudou para Esteghlal, que significa "independência" em persa.

Grupo D: Persepolis, Al Sadd, Al Ahli Jeddah e Pakhtakor — Foto: Futebol no Japão

Persepolis (Irã)

Cidade: Teerã (população: 8 milhões)
Como se classificou: Campeão da Liga do Golfo Persa
Participações: 13 (1969, 1988/89, 1996/97, 1997/98, 1999/2000, 2000/01, 2002/03, 2009, 2011, 2012, 2015, 2017, 2018)
Melhor resultado: Vice-campeão (2018)
Estrangeiros: Bozidar Radosevic (goleiro, Croácia), Bashar Resan (meia, Iraque), Mario Budimir (atacante, Croácia)
Técnico: Branko Ivankovic (Croácia)
Expectativa: ★★★★

Clube mais popular do Irã e possivelmente de toda a Ásia, ano passado o Persepolis chegou pela primeira vez em uma final de Liga dos Campeões, mas não foi páreo para o Kashima Antlers. No cenário nacional, conquistou o segundo título consecutivo na Liga do Golfo Persa e aumentou a vantagem para o Esteghlal como maior campeão iraniano de todos os tempos, com 11 conquistas, contra oito do rival. Na temporada 2018/19, é o atual líder faltando cinco rodadas para o fim, mas pode ser ultrapassado no saldo de gols pelo Sepahan, que tem um jogo a menos. É um time de poucos gols a favor e contra - tem apenas 23 marcados e oito sofridos em 20 jogos. Seu ponto forte é a defesa, que tem Alireza Beiranvand e Jalal Hosseini, eleitos melhor goleiro e melhor zagueiro do último Iraniano - dois ídolos do Team Melli. Mas também tem bons nomes no ataque, liderado por Ali Alipour, artilheiro na temporada passada e também na atual, e pela revelação iraquiana Bashar Resan. Ainda contratou em janeiro o croata Mario Budimir, do Dinamo Zagreb, e o selecionável Mehdi Torabi, do Saipa. Nas últimas quatro participações na ACL, o Persepolis sempre passou de fase. A torcida não vai esperar menos do que chegar na final novamente.

»» O segundo jogo da decisão da ACL 2018, o empate em 0x0 entre Persepolis e Kashima Antlers, igualou o maior público da história do torneio. A súmula da partida registrou a presença de exatamente 100 mil pessoas, que é a lotação máxima do Azadi Stadium. Todas as outras vezes em que a ACL teve público de 100 mil foi em jogo do Persepolis.

Al Sadd (Catar)

Cidade: Doha (população: 1,6 milhão)
Como se classificou: 2º na Qatar Stars League
Participações: 17 (1988/89, 1989/90, 1990/91, 1999/2000, 2002/03, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (1988/89 e 2011)
Estrangeiros: Gabi (volante, Espanha), Jung Woo-young (volante, Coreia do Sul), Xavi Hernández (meia, Espanha), Baghdad Bounedjah (atacante, Argélia)
Técnico: Jesualdo Ferreira (Portugal)
Expectativa: ★★★★½

O clube mais vencedor do futebol catari voltou a ser temido no continente. Depois de dois anos seguidos caindo na fase preliminar da ACL, esteve a um passo de chegar à decisão em 2018 - foi eliminado pelo Persepolis na semifinal - e faz uma temporada perto da perfeição em 2018/19. Lidera a Stars League com 87% de aproveitamento e um ataque que fez 83 gols em 18 jogos (média de 4,6 por jogo). São 14 vitórias por três ou mais gols de diferença. Veja só os três últimos resultados do time: 8x1 Qatar SC, 4x0 Al Rayyan e 6x2 Al Khor. Quem tem brilhado até mais que as estrelas espanholas Xavi e Gabi é o argelino Baghdad Bounedjah, artilheiro da liga com incríveis 34 gols em 18 jogos; contando só o ano passado, ele fez 59 gols, mais até que Lionel Messi (51) e Cristiano Ronaldo (49). O "Al Zaeem" ("o chefe" em árabe) é a base da seleção do Catar, com nove convocados para o elenco que sagrou-se campeão da Copa da Ásia, incluindo vários titulares: o goleiro Saad Al Sheeb, os laterais Pedro Corrêa e Abdelkarim Hassan, o volante Boualem Khoukhi, o meia Hassan Al Haydos e o atacante Akram Afif, este que é considerado o principal talento da nova geração catari e ocupa a vice-artilharia da liga local, com 22 gols.

»» Nas últimas 13 temporadas da ACL, só uma vez o campeão veio do lado Oeste do continente. O título do Al Sadd em 2011 foi uma das maiores zebras da história do torneio. O clube catari conseguiu a proeza de levantar a taça com apenas quatro vitórias no tempo normal em 12 jogos disputados, culminando com a vitória nos pênaltis sobre o então favoritíssimo Jeonbuk na grande final.

Al Ahli Jeddah (Arábia Saudita)

Cidade: Jidá (população: 4 milhões)
Como se classificou: 2º na Saudi Pro League
Participações: 11 (1985/86, 2002/03, 2005, 2008, 2010, 2012, 2013, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Vice-campeão (1985/86, 2012)
Estrangeiros: Paulo Díaz (zagueiro, Chile), Nicolae Stanciu (meia, Romênia), Djaniny (atacante, Cabo Verde), Omar Al Somah (atacante, Síria)
Técnico: Jorge Fossati (Uruguai)
Expectativa: ★★★

Nos últimos quatro anos, foi sempre campeão ou vice na Saudi Pro League, além de ter avançado na fase de grupos em cinco das últimas seis participações na ACL, com um vice em 2012 e quartas de final em 2013 e 2017. Mas na temporada 2018/19 tem caído de produção e está apenas em quinto lugar no Saudita, 18 pontos atrás do líder Al Hilal, com oito rodadas restantes. A meta realista agora é só tentar ficar entre os três primeiros. O time tem dois dos artilheiros da liga nacional, o sírio Omar Al Somah, com 15 gols, e o cabo-verdiano Djaniny, com 13. Porém, o ataque tem sido criticado por desperdiçar muitas chances e a defesa tem falhado além da conta. Os principais jogadores locais são o goleiro Mohamed Al Owais, titular dos Falcões Verdes na Copa da Ásia, o zagueiro Motaz Hawsawi, que está lesionado, e os meias Taisir Al Jassim, Housain Al Mohgawi e Abdulfattah Asiri. A lista de estrangeiros que não foram inscritos na ACL é extensa: o zagueiro espanhol Alexis (ex-Alavés); o zagueiro brasileiro Aderllan Santos (ex-Vitória); o lateral egípcio Mohamed Abdel Shafi, que tem sido o capitão do time; o volante chileno Claudio Baeza (ex-Colo-Colo) e o volante brasileiro Souza (ex-Vasco, Grêmio e São Paulo), que está lesionado. O Al Ahli é mais um saudita que acabou de trocar de técnico. Mandou embora no início de fevereiro o argentino Paulo Guede e trouxe o uruguaio Jorge Fossati, que tem no currículo o título da ACL com o Al Sadd em 2011. O novo treinador, no entanto, não começou bem e tem duas derrotas e um empate desde que assumiu. Na ACL, corre por fora no Grupo D.

»» O sírio Omar Al Somah é um dos astros da liga saudita. Já foi artilheiro da liga por três anos seguidos (2014/15, 2015/16 e 2016/17) e está na disputa pela chuteira de ouro este ano também. Na rodada passada, ele fez um golaço digno de concorrer ao Prêmio Puskas ao marcar de bicicleta no Dérbi de Jidá contra o Al Ittihad.

Pakhtakor (Uzbequistão)

Cidade: Tashkent (população: 2,4 milhões)
Como se classificou: 2º na Uzbekistan Super League; venceu nos playoffs o Al Quwa Al Jawiya (Iraque) por 2x1 e o Al Nasr Dubai (EAU) por 2x1
Participações: 15 (1999/2000, 2002/03, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2015, 2016, 2018)
Melhor resultado: Semifinal (2002/03, 2004)
Estrangeiros: Marko Simic (zagueiro, Montenegro), Dragan Ceran (meia, Sérvia)
Técnico: Shota Arveladze (Geórgia)
Expectativa: ★★★

O "time do povo", o mais popular e maior campeão do Uzbequistão, vem de uma temporada em que foi vice tanto na liga quanto na copa nacional. Em 2018, caiu no playoff da ACL, mas desta vez superou duas fases preliminares e retorna à fase de grupos após dois anos de fora. O Pakhtakor já chegou duas vezes na semifinal e uma nas quartas de final, mas desde que caiu nas oitavas em 2010 nunca mais passou da primeira fase. Os dois artilheiros do ano passado foram embora, o guineense Esmael Gonçalves para o Esteghlal, do Irã, e o brasileiro Tiago Bezerra para o Al Khor, do Catar. Por outro lado, o clube trouxe vários nomes da seleção uzbeque. Três estiveram na última Copa da Ásia: o volante Odiljon Hamrobekov (ex-Nasaf), o meia Dostonbek Khamdamov (ex-Anzhi, Rússia) e o atacante Marat Bikmaev (ex-Lokomotiv); além de outros dois com convocações recentes: o lateral Akramjon Komilov (Bunydkor) e o atacante Igor Sergeev (Al Dhafra, EAU).

»» O Pakhtakor tem na comissão técnica o ex-atacante holandês Pieter Huistra, que jogou no Sanfrecce Hiroshima em 1995 e 1996. Em 2016 ele treinou o Iwaki FC na oitava divisão japonesa (Liga Provincial de Fukushima Divisão 2), onde foi campeão com 100% de aproveitamento e promovido. O Iwaki é um clube que almeja chegar à J-League e tem subido de divisão ano após ano. Em 2019, o clube do Nordeste do Japão vai disputar a quinta divisão (Liga Regional de Tohoku Divisão 1).

Grupo E: Gyeongnam FC, Johor Darul Ta'zim, Kashima Antlers e Shandong Luneng Taishan — Foto: Futebol no Japão

Gyeongnam FC (Coreia do Sul)

Cidade: Changwon (população: 1 milhão)
Como se classificou: 2º na K-League
Participações: Estreante
Melhor resultado: --
Estrangeiros: Jordon Mutch (volante, Inglaterra), Luc Castaignos (atacante, Holanda), Negueba (atacante, Brasil), Takahiro Kunimoto (atacante, Japão)
Técnico: Kim Jong-boo (Coreia do Sul)
Expectativa: ★★★

A surpresa de 2018 na Coreia do Sul, vinha da segunda divisão e fez uma campanha impressionante no retorno à elite, jogando um futebol ofensivo que superou todas as expectativas. Só ficou atrás do campeão Jeonbuk e, com o vice-campeonato, teve a melhor temporada da história do clube. O problema de um clube pequeno quando faz muito sucesso é segurar seus jogadores. E vários destaques já foram embora. A principal perda é o brasileiro Marcão (ex-Ituano), MVP e artilheiro da K-League 2018, vendido para o chinês Hebei China Fortune. Também foram embora o volante e capitão Choi Young-jun, eleito para o best eleven da K1, para o Jeonbuk, e o zagueiro Park Ji-su, para o Guangzhou Evergrande. Para repor as perdas, vieram o atacante holandês Luc Castaignos (ex-Sporting), o volante inglês Jordon Mutch (ex-Vancouver Whitecaps) e o zagueiro coreano Lee Kwang-seon (ex-Jeju United), além do veterano e ex-seleção Kwak Tae-Hwi (ex-FC Seoul). Castaignos chega como grande contratação, mas ele marcou apenas três gols na soma das últimas três temporadas no futebol europeu (três pelo Vitesse e nenhum pelo Sporting). Preocupante para quem vai substituir um atacante que marcou 26 gols em 31 jogos ano passado.

»» Takahiro Kunimoto é um dos raros japoneses no futebol coreano. Começou a se destacar muito jovem, quando fez um gol pelo Urawa Reds na Copa do Imperador com apenas 16 anos, mas não vingou em Saitama e teve uma passagem ruim pelo Avispa Fukuoka. Com problemas de comportamento, acabou "sumindo do mapa". Está no Gyeongnam desde 2018 e tem sido a revelação da equipe, fazendo várias funções no ataque.

Johor Darul Ta'zim (Malásia)

Cidade: Johor Bahru (população: 500 mil)
Como se classificou: Campeão da Superliga da Malásia
Participações: 5 (1996/97, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Fase preliminar (1996/97, 2015, 2016, 2017, 2018)
Estrangeiros: Maurício (zagueiro, Brasil), Hariss Harun (volante, Cingapura), Diogo (atacante, Brasil), Gonzalo Cabrera (atacante, Argentina)
Técnico: Luciano Figueroa (Argentina)
Expectativa:

Pela primeira vez desde 1989/90 a Malásia terá um representante na fase de grupos da Liga dos Campeões. Principalmente por causa do coeficiente da AFC, que colocou a Superliga da Malásia acima da Premier League de Hong Kong e garantiu uma vaga direta na fase de grupos ao clube de Johor Bahru. O JDT tem reinado absoluto em seu país. Conquistou em 2018 o pentacampeonato nacional com uma campanha arrasadora, com apenas uma derrota e 88% de aproveitamento. Ganhou também a Supercopa em fevereiro - 1x0 em cima do Perak. Na ACL, porém, a história é diferente. O time vinha de quatro eliminações consecutivas na fase preliminar; em três delas foi derrotado por três gols de diferença. Agora que finalmente chegou ao grande palco, a missão é não fazer feio e tentar pelo menos uma vitória. Os "Tigres do Sul" são a base da seleção local e tiveram sete convocados para o time que foi vice-campeão na Copa AFF Suzuki de 2018. Aposta em brasileiros - teve como grande contratação o atacante Diogo, ex-Palmeiras e Portuguesa, que marcou incríveis 132 gols na soma de quatro temporadas na Tailândia pelo Buriram - e principalmente argentinos como Gonzalo Cabrera e Luciano Figueroa, que até ano passado era jogador e agora comanda a equipe do banco de reservas.

»» O JDT foi o primeiro clube malaio a vencer um torneio continental, com o título da AFC Cup (uma espécie de Copa Sul-Americana ou Liga Europa da Ásia em termos de importância) em 2015, derrotando na final o FC Istiklol do Tadjiquistão.

Kashima Antlers (Japão)

Cidade: Kashima (população: 67 mil)
Como se classificou: 3º na J-League; venceu no playoff o Newcastle Jets (Austrália) por 4x1
Participações: 11 (1997/98, 1999/2000, 2001/02, 2002/03, 2008, 2009, 2010, 2011, 2015, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (2018)
Estrangeiros: Kwon Sun-tae (goleiro, Coreia do Sul), Jung Seung-hyun (zagueiro, Coreia do Sul), Léo Silva (volante, Brasil), Serginho (atacante, Brasil)
Técnico: Go Oiwa (Japão)
Expectativa: ★★★★

Conquistou ano passado a ACL pela primeira vez e aproveitou o bom momento para arrancar até a terceira colocação da J-League e garantir a chance de defender seu título. Venceu com autoridade o Newcastle Jets no playoff e chega como favorito não só a avançar no grupo (tem um ótimo retrospecto de ter passado da primeira fase em seis das últimas sete tentativas) como também ao título da competição. Tem bons jogadores em todas as posições, como o goleiro Kwon Sun-tae, tricampeão da Ásia, o lateral ex-seleção japonesa e ídolo local Atsuto Uchida, o zagueiro da seleção coreana Jung Seung-hyun, os volantes Léo Silva e Misao, os meias Hiroki Abe e Yasushi Endo, os atacantes Yuma Suzuki e Serginho... É sem dúvidas um dos mais fortes da Ásia. Apesar disso, o time tem problemas. O técnico Go Oiwa segue contestado e o setor defensivo preocupa - perdeu o lateral Daigo Nishi (Vissel Kobe) e o zagueiro Gen Shoji (Toulouse) e não trouxe reposição. Só há opções com pouca experiência para formar a dupla de zaga com Jung. Um reforço de mais peso pode pintar em breve em Ibaraki.

»» Em toda a sua história, o Kashima Antlers só teve jogadores estrangeiros de Brasil e Coreia do Sul. Até hoje, foram 54 brasileiros e cinco sul-coreanos.

Shandong Luneng Taishan (China)

Cidade: Jinan (população: 8,7 milhões)
Como se classificou: 3º na Superliga Chinesa; venceu no playoff o Hanoi FC (Vietnã) por 4x1
Participações: 9 (2000/01, 2005, 2007, 2009, 2010, 2011, 2014, 2015, 2016)
Melhor resultado: Quartas de final (2000/01, 2005, 2016)
Estrangeiros: Gil (zagueiro, Brasil), Marouane Fellaini (meia, Bélgica), Graziano Pellè (atacante, Itália)
Técnico: Li Xiaopeng (China)
Expectativa: ★★★★

Depois de duas temporadas inconstantes na CSL, com um 14º em 2016 e um sexto lugar em 2017, o Shandong Luneng repetiu a terceira colocação de 2015 e volta a disputar a ACL. Apesar de ter perdido o artilheiro Diego Tardelli, autor de 20 gols e 10 assistências em 29 jogos contando toda a temporada passada e que se transferiu para o Grêmio, o clube fez uma das principais contratações do mercado chinês ao trazer o belga Marouane Fellaini do Manchester United por 12 milhões de euros. Juntando-se ao italiano Graziano Pellè, vice-artilheiro da equipe com 16 gols e 11 assistências em 32 jogos no ano anterior, e ao consistente zagueiro brasileiro Gil, o Shandong tem um trio estrangeiro de impor respeito. E ainda teve que cortar da ACL o ex-Palmeiras Roger Guedes. Entre os jogadores locais, quatro estiveram na Copa da Ásia em janeiro pelo Team Dragon: o goleiro Wang Dalei, o lateral Liu Yang e os volantes Hao Junmin e Jin Jingdao, este último eleito entre os 11 melhores do Chinês 2018, junto com o lateral Wang Tong. O zagueiro Dai Lin e o meia Wu Xinghan também aparecem entre os destaques individuais. Comandado pelo ídolo local Li Xiaopeng, que passou no Shandong toda a carreira de jogador, o time tem tudo para brigar pelo título chinês e chegar ao mata-mata na ACL.

»» O "Taishan" no nome do clube significa "Monte Tai" - uma montanha sagrada na província de Shandong que tem sido local de peregrinação religiosa por mais de três mil anos e é listada como patrimônio mundial pela Unesco.

Grupo F: Guangzhou Evergrande, Daegu FC, Melbourne Victory e Sanfrecce Hiroshima — Foto: Futebol no Japão

Guangzhou Evergrande (China)

Cidade: Cantão (população: 14 milhões)
Como se classificou: 2º na Superliga Chinesa
Participações: 7 (2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (2013, 2015)
Estrangeiros: Park Ji-su (zagueiro, Coreia do Sul), Tyias Browning (zagueiro, Inglaterra), Paulinho (volante, Brasil), Anderson Talisca (meia, Brasil)
Técnico: Fabio Cannavaro (Itália)
Expectativa: ★★★★★

O gigante de Cantão vai para a oitava participação seguida na Liga dos Campeões tentando se recuperar de um frustrante 2018 em que foi eliminado sem perder nenhum jogo ao cair nas oitavas de final para o modesto Tianjin Quanjian no critério dos gols fora de casa, além de ficar com o vice na liga nacional após sete conquistas consecutivas. Também perdeu seu principal jogador dos últimos anos, Ricardo Goulart (que não teve um 2018 tão bom quanto os anos anteriores), emprestado ao Palmeiras. Mas ainda está entre os principais candidatos ao título continental. Tem um meio-campo de peso com Paulinho, contratado em definitivo do Barcelona por 42 milhões de euros, e Anderson Talisca. Reforçou a zaga com o inglês Tyias Browning, que estava no time B do Everton, e com Park Ji-su, vindo do vice-campeão da K-League Gyeongnam FC. O Guangzhou ainda é a base da seleção chinesa. Teve sete convocados para a Copa da Ásia, e mais dois que ficaram de fora por lesão. Ficou também com quatro nomes no best eleven do Chinês 2018: Paulinho, os zagueiros Feng Xiaoting e Zhang Linpeng e o lateral Lu Xuepeng.

»» Segundo o site Transfermarkt, o Guangzhou Evergrande tem o elenco mais caro da ACL, estimado em quase 74 milhões de euros, valor concentrado em Paulinho (38 milhões) e Talisca (25 milhões). Os dois brasileiros juntos já valeriam mais que os elencos de 30 dos 32 participantes do torneio. Só não superam (por pouco) o Shanghai SIPG, que tem um plantel estimado em 64 milhões.

Daegu FC (Coreia do Sul)

Cidade: Daegu (população: 2,5 milhões)
Como se classificou: Campeão da FA Cup Coreana (7º na K-League)
Participações: Estreante
Melhor resultado: --
Estrangeiros: Tsubasa Nishi (meia, Japão), Cesinha (atacante, Brasil), Edgar (atacante, Brasil), Dário Júnior (atacante, Brasil)
Técnico: André Gaspar (Brasil)
Expectativa: ★★½

Passou três temporadas na segunda divisão coreana, de 2014 a 2016, e começou 2018 como um dos candidatos ao descenso. Ficou o primeiro turno inteiro na zona de rebaixamento, mas surpreendeu com uma arrancada no segundo semestre que levantou a equipe para sétimo lugar na liga, além de conquistar a FA Cup com um 5x1 no placar agregado sobre o Ulsan. Foi o primeiro título e a melhor temporada da história do clube, que agora estreia na ACL. O trunfo do Daegu foi ter mantido seus principais jogadores. A estrela é o goleiro Jo Hyeun-woo, que brilhou na Copa do Mundo e foi eleito melhor de sua posição nos dois últimos anos na liga coreana. O brasileiro Cesinha (ex-Atlético-MG e Bragantino), que está no clube há três anos, é o nome do setor ofensivo. Ele foi líder de assistências da K-League ano passado, com 11, e MVP da copa nacional. Olho no trio de ataque brasuca com Cesinha, o centroavante Edgar Silva (ex-Vasco e com passagens por Portugal, EAU, Turquia, Catar e Tailândia) e o novo reforço Dário Júnior (vindo do Neftchi Baku, do Azerbaijão). O técnico André Gaspar (ex-Bragantino) é o único treinador brasileiro na K1 nos últimos cinco anos. O plantel também tem o meia japonês Tsubasa Nishi, que nunca jogou profissionalmente no Japão e passou por vários clubes da Polônia e um da Eslováquia antes de ir para a Coreia do Sul. Com poucos recursos, o Daegu chega como azarão no Grupo F e aposta principalmente em jovens - o elenco tem a menor média de idade na ACL (24 anos).

»» O Daegu FC mandava seus jogos no Daegu Stadium, uma das sedes da Copa de 2002, com capacidade para 66 mil pessoas. A partir deste ano, porém, o time vai jogar no recém-construído DGB Daegu Bank Park, uma arena exclusiva para futebol com capacidade para 12 mil pessoas. Considerando que a média de público do Daegu em 2018 foi de 3.518 torcedores por jogo, a mudança deve ajudar a criar um ambiente melhor nas partidas.

Melbourne Victory (Austrália)

Cidade: Melbourne (população: 5 milhões)
Como se classificou: Campeão da A-League (4º na temporada regular)
Participações: 6 (2008, 2010, 2011, 2014, 2016, 2018)
Melhor resultado: Oitavas de final (2016)
Estrangeiros: Raúl Baena (volante, Espanha), Keisuke Honda (meia, Japão), Kosta Barbarouses (meia, Nova Zelândia), Ola Toivonen (atacante, Suécia)
Técnico: Kevin Muscat (Austrália)
Expectativa: ★★★

Sagrou-se em 2017/18 campeão australiano pela quarta vez ao derrotar na grande final o Newcastle Jets por 1x0. Em 2018/19, tem mostrando um ataque eficiente, mas vem alternando entre segundo e terceiro lugar na classificação e já perdeu duas vezes em casa para o líder Perth Glory. O artilheiro do time ano passado, Besart Berisha, foi embora para o Sanfrecce Hiroshima, mas o sueco Ola Toivonen, contratado do Toulouse, tem sido um substituto mais do que à altura e já fez 10 gols em 14 jogos na A-League, só atrás do neozelandês Barbarouses, que marcou 11. Keisuke Honda, o principal reforço para a temporada, também tem ido bem; apesar de ter perdido vários jogos por lesão, o japonês tem sido decisivo quando está em campo, com seis gols e quatro assistências em 12 partidas. O grupo de estrangeiros ainda tem o espanhol Raúl Baena, vindo da segunda divisão espanhola (Granada). Sobrou para o zagueiro alemão Georg Niedermeier, que acabou cortado do elenco da Champions League. Em um grupo no qual o único favorito é o Guangzhou, o "Big V" tem totais condições de brigar por uma das vagas na fase seguinte. O problema é que o histórico na competição não é nada bom, com cinco eliminações na fase de grupos em seis participações. Só em 2016 o time conseguiu chegar até as oitavas, onde caiu diante do eventual campeão Jeonbuk.

»» O Melbourne Victory é o clube mais popular da Austrália. Tem a maior média de público da A-League (atualmente na casa dos 22 mil) e é o time com o maior número de sócios (26 mil).

Sanfrecce Hiroshima (Japão)

Cidade: Hiroshima (população: 1,1 milhão)
Como se classificou: 2º na J-League; venceu no playoff o Chiangrai United (Tailândia) nos pênaltis
Participações: 5 (1969, 2010, 2013, 2014, 2016)
Melhor resultado: 3º lugar (1969)
Estrangeiros: Emil Salomonsson (lateral, Suécia), Besart Berisha (atacante, Albânia/Kosovo), Douglas Vieira (atacante, Brasil), Patric (atacante, Brasil)
Técnico: Hiroshi Jofuku (Japão)
Expectativa: ★★★

Após dois anos de ausência, os Arqueiros estão de volta à ACL. E com mais desconfiança do que nunca. Não só pelo quase vexame na fase preliminar, em que só derrotou o tailandês Chiangrai United nos pênaltis, mas pelo histórico recente na competição. Para o Sanfrecce, a ACL tem sido muito mais um fardo do que uma chance de glória continental. O clube não tem tido pudor em deixar a Liga dos Campeões em segundo plano. Jogar com time misto, poupando jogadores para a J-League, tem sido a norma. Tanto que, das quatro participações mais recentes, em três o time caiu na fase de grupos. E na única vez em que avançou, foi eliminado nas oitavas. O momento da equipe também não inspira confiança. A temporada 2018 terminou com nenhuma vitória nos últimos nove jogos, e 2019 começou com três empates. É verdade que há muitos lesionados no elenco, mas Jofuku terá que se reinventar e encontrar uma forma de depender menos de Patric no ataque para ter um ano positivo.

»» A única vez em que o Hiroshima foi longe no torneio continental data de 1969, quando ainda era amador e representava a companha Toyo (atual Mazda). Começou a fase de grupos perdendo do Maccabi Tel Aviv, de Israel (2x3), mas em seguida venceu o Persepolis, do Irã (1x0), o Kowloon Motor Bus, de Hong Kong (1x0), e o Perak FA, da Malásia (2x0). Avançou para a semifinal, onde perdeu para o Yangzee FC, da Coreia do Sul (0x2). Na decisão do terceiro lugar, derrotou o Mysore State, da Índia (2x0). Todo o torneio aconteceu em um intervalo de 15 dias, sediado em Bangcoc, na Tailândia, e reuniu dez clubes.

Grupo G: Urawa Reds, Beijing Guoan, Jeonbuk Hyundai Motors, Buriram United — Foto: Futebol no Japão

Urawa Reds (Japão)

Cidade: Saitama (população: 1,2 milhão)
Como se classificou: Campeão da Copa do Imperador (5º na J-League)
Participações: 6 (2007, 2008, 2013, 2015, 2016, 2017)
Melhor resultado: Campeão (2007, 2017)
Estrangeiros: Maurício Antônio (zagueiro, Brasil), Ewerton (meia, Brasil), Quenten Martinus (meia, Curaçao), Andrew Nabbout (atacante, Austrália)
Técnico: Oswaldo de Oliveira (Brasil)
Expectativa: ★★★★

Único japonês com dois títulos da ACL, o Urawa Reds está de volta após ter ficado de fora ano passado e não poder ter defendido o título de 2017. É um dos que melhor contratou na janela japonesa, com nomes de peso na liga local como o lateral Ryosuke Yamanaka, o zagueiro Daisuke Suzuki e o atacante Kenyu Sugimoto. Todos com experiência de seleção. Chegou também o meia brasileiro Ewerton, vindo de boas temporadas em Portugal pelo Portimonense. O time terminou o ano passado em boa forma, mas não foi bem nas primeiras partidas de 2019, sem nenhum gol marcado na Supercopa (derrota para o Kawasaki Frontale por 1x0) e nas duas primeiras rodadas da J-League (0x0 Vegalta Sendai e 0x2 Consadole Sapporo). Tem um dos melhores elencos do Japão, com uma defesa forte e várias opções principalmente para o ataque, mas a nova dupla de frente, Koroki e Sugimoto, ainda não funcionou. É um dos representantes nipônicos que valoriza a ACL, mas se a torcida tivesse que escolher entre um título este ano, certamente seria a J-League, que o clube não vence desde 2006. A pressão vai ser maior por um bom desempenho na liga nacional do que na continental.

»» O Urawa é o time mais popular do Japão, e conhecido também por ter a torcida mais fanática. Em 2018 o clube teve média de 35.502 torcedores por jogo - pelo 13º ano consecutivo, ficou com a melhor média de público da J-League.

Beijing Guoan (China)

Cidade: Pequim (população: 21 milhões)
Como se classificou: Campeão da Copa da China (4º na Superliga Chinesa)
Participações: 7 (2008, 2009, 2010, 2012, 2013, 2014, 2015)
Melhor resultado: Oitavas de final (2010, 2013, 2015)
Estrangeiros: Kim Min-jae (zagueiro, Coreia do Sul), Renato Augusto (meia, Brasil), Jonathan Viera (meia, Espanha), Cédric Bakambu (atacante, RD do Congo)
Técnico: Roger Schmidt (Alemanha)
Expectativa: ★★★★

Após três anos de ausência, o clube da capital chinesa voltou ao torneio continental. Em 2018, os "Guardas Imperiais" encerraram um período de quatro anos de jejum ao conquistar a Copa da China, derrotando na final o Shandong Luneng no critério dos gols fora de casa. Chegaram a liderar a CSL da 12ª até a 21ª rodada, mas o rendimento caiu na última parte da temporada. Agora a missão é fazer frente a Evergrande e SIPG na liga até o final e ir longe na ACL - em sete tentativas, o Guoan nunca passou das oitavas e caiu na fase de grupos quatro vezes. O time tem uma baixa no ataque, o espanhol Jonathan Soriano, que se mudou para a Arábia Saudita e vai defender o Al Hilal. Para o lugar dele, veio apenas a promessa Zhang Yuning, atacante de 22 anos que pertencia ao West Bromwich e passou por Werder Bremen e ADO Den Haag por empréstimo. A grande contratação é o zagueiro de 22 anos Kim Min-jae, eleito entre os 11 melhores na K-League pelo campeão Jeonbuk e destaque da Coreia do Sul na Copa da Ásia.

»» Em todas as vezes que chegou até as oitavas de final da ACL, o Beijing Guoan caiu diante de um coreano. Foi eliminado pelo Suwon Bluewings em 2010 (0x2, jogo único), pelo FC Seoul em 2013 (0x0 em casa e 1x3 fora) e pelo Jeonbuk em 2015 (1x1 fora e 0x1 em casa). No total, jogou 17 vezes contra coreanos e só tem duas vitórias.

Jeonbuk Hyundai Motors (Coreia do Sul)

Cidade: Jeonju (população: 651 mil)
Como se classificou: Campeão da K-League Classic
Participações: 11 (2004, 2006, 2007, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2018)
Melhor resultado: Campeão (2006, 2016)
Estrangeiros: Adriano Michael Jackson (atacante, Brasil), Bernie Ibni-Isei (atacante, Austrália), Ricardo Lopes (atacante, Brasil), Tiago Alves (atacante, Brasil)
Técnico: José Morais (Portugal)
Expectativa: ★★★★★

O futebol coreano enfrenta um momento ruim, com clubes tradicionais em decadência. O FC Seoul quase foi rebaixado. Os campeões da ACL Pohang Steelers e Suwon Bluewings ficaram pelo meio da tabela e o Seongnam FC estava na segunda divisão. Mas pelo menos o Jeonbuk continua firme e forte. Em 2018, foi mais uma vez campeão nacional com um pé nas costas (21 pontos de vantagem para o segundo colocado Gyeongnam), com seis rodadas de antecedência, antes mesmo da fase final em que a liga se divide em dois grupos. No entanto, o sucesso doméstico acabou ofuscado por uma dramática e frustrante eliminação nas quartas de final da ACL para o Suwon, nos pênaltis. Outro baque foi a saída de Cho Kang-hee, técnico que ficou mais de uma década no clube e transformou o Jeonbuk de um time mediano a maior potência do país. Cho vai treinar o Dalian Yifang na China, mesmo país onde vai atuar o zagueiro revelação Kim Min-jae, que assinou com o Beijing Guoan. Duas perdas imensas, que até colocam em cheque o status da equipe como força dominante na Coreia. Mas a diretoria contratou bem e no papel o elenco ainda está muito acima da concorrência. Vieram o zagueiro Kim Min-hyeok (ex-Sagan Tosu), o meia Moon Seon-min (ex-Incheon United, esteve com a seleção na última Copa do Mundo), o meia Han Seung-gyu (ex-Ulsan), revelação de 2018, e o velocista australiano Bernie Ibini-Insei. Eles se juntam a um elenco estrelado que tem dois laterais convocados para a Copa da Ásia, Lee Yong e Kim Jin-su, o zagueiro Hong Jeong-ho, com experiência de Bundesliga, o promissor goleiro de 21 anos Song Bum-keun e três atacantes com mais de dez gols na temporada anterior da K1: Ricardo Lopes (13), Lee Dong-gook (13) e Kim Shin-wook (11). É o time a ser batido no Grupo G.

»» O português José Morais é o novo comandante do Jeonbuk. Ele é mais conhecido por ter sido assistente de José Mourinho na Inter de Milão, no Real Madrid e no Chelsea. Só que seus resultados não foram bons nos últimos clubes em que treinou. Ano passado, ele foi rebaixado com o Barnsley na Inglaterra e não passou mais que três meses no Karpaty Lviv, na Ucrânia. Ao ser apresentado no Jeonbuk, Morais foi ousado e disse que sua meta não é apenas ganhar a ACL, e sim a tríplice coroa.

Buriram United (Tailândia)

Cidade: Buriram (população: 1,5 milhões)
Como se classificou: Campeão da Thai League
Participações: 7 (2009, 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2018)
Melhor resultado: Quartas de final (2013)
Estrangeiros: Andrés Túñez (zagueiro, Venezuela), Xuan Truong Luong (volante, Vietnã), Modigo Maiga (atacante, Mali), Pedro Júnior (atacante, Brasil)
Técnico: Bozidar Bandovic (Montenegro)
Expectativa: ★★

Conquistou em 2018 seu sétimo título tailandês na década, com 83,5% de aproveitamento, o melhor ataque, a melhor defesa e 16 pontos a mais que o segundo colocado Bangkok United. O brasileiro Diogo, artilheiro da liga com 34 gols e líder de assistências da equipe com nove, se transferiu para o Johor Darul Ta'zim na Malásia; para o lugar dele, o clube contratou o malinês Modibo Maiga, que já jogou por Sochaux e West Ham e passou as últimas três temporadas nos Emirados Árabes (Ajman Club e Al Ittihad Kalba) e Arábia Saudita (Al Nassr). Trouxe também o atacante Pedro Júnior, que já atuou em diversos clubes do Japão, e o ex-seleção japonesa Hajime Hosogai, que estava no Kashiwa Reysol e tem experiência de seis temporadas na Bundesliga. Hosogai, porém, está lesionado e não foi inscrito na Champions League. O "Castelo do Trovão" começou 2019 com o título da Supercopa ao derrotar o Chiangrai United por 3x1, mas empatou nas duas primeiras rodadas da liga. Teve cinco convocados para a seleção tailandesa na Copa da Ásia, mas apenas dois titulares, o zagueiro Pansa Hemviboon e o promissor atacante Supachai Jaided, de 20 anos. O Buriram caiu em um grupo extremamente complicado na ACL e vai ser difícil repetir a campanha de 2018, quando chegou até as oitavas de final e caiu justamente para o Jeonbuk. É um time que costuma dar trabalho, mas, em sete participações, só passou pela fase de grupos duas vezes.

»» O Buriram teve a maior média de público do Campeonato Tailandês em 2018: 13.000 pessoas por jogo. Em dezembro, quando o uniforme da atual temporada foi lançado, 40 mil foram vendidos só no primeiro dia, com uma enorme fila na frente da loja do clube.

Grupo H: Sydney FC, Kawasaki Frontale, Shanghai SIPG e Ulsan Hyundai — Foto: Futebol no Japão

Sydney FC (Austrália)

Cidade: Sydney (população: 5 milhões)
Como se classificou: 1º lugar na temporada regular da A-League
Participações: 4 (2007, 2011, 2016, 2018)
Melhor resultado: Oitavas de final (2016)
Estrangeiros: Milos Ninkovic (meia, Sérvia), Siem de Jong (meia, Holanda), Adam Le Fondre (atacante, Inglaterra), Reza Ghoochannejhad (atacante, Irã)
Técnico: Steve Corica (Austrália)
Expectativa: ★★★

Depois do título do Western Sydney Wanderers em 2014 (que já foi uma baita zebra), nenhum australiano fez uma grande campanha na ACL. Desde então, somando todos as participações dos clubes do país, já são quatro eliminações na fase preliminar, sete na fase de grupos e duas nas oitavas. O Sydney FC é um dos que nunca ultrapassou a barreira do primeiro mata-mata, e vai ter que se superar este ano para avançar em um grupo com três adversários mais fortes. Os Sky Blues estão em meio de temporada e, sem o MVP de 2017/18, o polonês Adrian Mierzejewski, vendido para a China (Changchun Yatai), e sem o técnico Graham Arnold, que assumiu a seleção da Austrália, não fazem uma campanha tão boa quanto no ano passado. Estão seis pontos atrás do líder Perth Glory e quatro à frente do Melbourne Victory. O time perdeu em outubro a final da FFA Cup para o Adelaide United por 2x1. O elenco tem o atual artilheiro da A-League, o inglês Adam Le Fondre, com 14 gols. O ataque tem sido questionado pela ineficiência, mas se reforçou com o iraniano Reza Ghoochannejhad, que estava no Apoel, do Chipre. O sérvio Milos Ninkovic tem liderado a equipe em assistências e o holandês Siem de Jong tem sido importante quando não está lesionado. No fim, não houve espaço para o zagueiro holandês Jop van der Linden, que não foi inscrito na ACL. Entre os locais, olho em Rhyan Grant, lateral dos Socceroos, no volante Joshua Brillante e em Alex Brosque, que já defendeu o Shimizu S-Pulse.

»» Nesta temporada, o Sydney FC tem mandado seus jogos no Jubilee Oval, arena com capacidade para 20 mil pessoas que é usado principalmente para rugby, pois o Sydney Football Stadium, que comporta 45 mil torcedores, tinha uma infraestrutura considerada ultrapassada e seria reconstruído. Seria. A justiça impediu o andamento da obra, alegando que havia irregularidades no planejamento do projeto. A ideia era ter o estádio reconstruído até junho de 2020, mas a data pode ser adiada se o impasse não for resolvido logo.

Kawasaki Frontale (Japão)

Cidade: Kawasaki (população: 1,5 milhão)
Como se classificou: Campeão da J-League
Participações: 6 (2007, 2009, 2010, 2014, 2017, 2018)
Melhor resultado: Quartas de final (2007, 2009, 2017)
Estrangeiros: Jung Sung-Ryong (goleiro, Coreia do Sul), Maguinho (lateral, Brasil), Jesiel (zagueiro, Brasil), Leandro Damião (atacante, Brasil)
Técnico: Toru Oniki (Japão)
Expectativa: ★★★★

É no papel o mais forte time japonês considerando apenas os 11 titulares e o principal candidato ao título na J-League, mas neste guia ganhou apenas quatro estrelas, junto com Kashima e Urawa. O motivo? O fato do clube ter deixado a ACL claramente em segundo plano em participações anteriores, poupando jogadores com frequência e com uma pífia campanha sem nenhuma vitória ano passado. É verdade que em 2017 o Frontale esteve muito perto de chegar na semifinal, mas há uma certa desconfiança que este ano também Toru Oniki pode guardar o que tem de melhor para a J-League. As atenções estarão voltadas principalmente para Leandro Damião, a grande contratação da equipe. Ele será municiado por ninguém menos que os três últimos MVPs da liga japonesa: Akihiro Ienaga (2018), Yu Kobayashi (2017) e Kengo Nakamura (2016), sem falar nos volantes Morita e Oshima, que são jogadores de seleção, e nos bons laterais Maguinho e Kurumaya. A defesa, com a dupla de zaga Nara e Taniguchi e o goleiro Jung Sung-ryong, foi a menos vazada da última J-League. Após dois títulos nacionais, há uma certa pressão para que o Kawasaki vá bem também na ACL. O objetivo mínimo é passar de fase, mas é possível ir bem mais longe caso jogue com força total.

»» O Kawasaki Frontale é o único na liga japonesa ao lado do Vissel Kobe que tem sempre esgotado os ingressos para os seus jogos com antecedência. O Todoroki Stadium comporta apenas 26 mil pessoas, e o clube precisou fazer um sorteio para vender os carnês da temporada 2019.

Shanghai SIPG (China)

Cidade: Xangai (população: 24 milhões)
Como se classificou: Campeão da Superliga Chinesa
Participações: 3 (2016, 2017, 2018)
Melhor resultado: Semifinal (2017)
Estrangeiros: Odil Akhmedov (volante, Uzbequistão), Oscar (meia, Brasil), Elkeson (atacante, Brasil), Hulk (atacante, Brasil)
Técnico: Vítor Pereira (Portugal)
Expectativa: ★★★★★

Foram vários anos batendo na trave, mas em 2018 o Shanghai SIPG finalmente quebrou o domínio do Guangzhou Evergrande e conquistou a CSL pela primeira vez. Com 27 gols em 29 jogos, Wu Lei se tornou o primeiro artilheiro chinês da Superliga desde 2007, e ainda foi eleito melhor jogador da competição. O sucesso deu ao atacante a chance tentar voos mais altos e lhe rendeu uma transferência para o Espanyol em La Liga. O problema é que o SIPG não trouxe ninguém para substituir sua estrela. Aliás, é o segundo ano em que o clube não faz nenhuma contratação e prefere apostar na estabilidade com os jogadores que já estão lá. Até porque ainda não existe outro jogador chinês capaz de suceder Wu Lei. Uma perda enorme, mas o clube de Xangai ainda tem talento de sobra no elenco, com Hulk, Oscar e Elkeson, um dos melhores e mais entrosados trios estrangeiros da liga chinesa, sem falar no capitão da seleção uzbeque Odil Akhmedov e nomes do Team Dragon como o goleiro Yan Junling e o zagueiro Shi Ke. As Águias Vermelhas almejam nada menos do que o título continental.

»» De acordo com as casas de apostas, o Shanghai SIPG é o time mais cotado a vencer a ACL este ano, seguido de Guangzhou Evergrande, Jeonbuk e Al Hilal.

Ulsan Hyundai (Coreia do Sul)

Cidade: Ulsan (população: 1,1 milhão)
Como se classificou: 3º na K-League; venceu no playoff o Perak (Malásia) por 5x1
Participações: 7 (1997/98, 2006, 2009, 2012, 2014, 2017, 2018)
Melhor resultado: Campeão (2012)
Estrangeiros: Dave Bulthuis (zagueiro, Holanda), Mix Diskerud (meia, Estados Unidos), Júnior Negão (atacante, Brasil)
Técnico: Kim Do-hoon (Coreia do Sul)
Expectativa: ★★★★

Desde que levantou a taça da Ásia em 2012, o "Horang-i" (tigre em coreano) passou por um período de declínio, mas aos poucos tem se recuperado. Vai para a terceira participação consecutiva na ACL e espera no mínimo igualar a campanha de 2018, quando eliminou o Kawasaki na fase de grupos e chegou às oitavas de final. O time perdeu a joia Han Seung-gyu, a revelação do ano passado na Coreia, vendido para o Jeonbuk. Também foi embora o zagueiro austríaco Richard Windbichler, que havia sido eleito para o best eleven da liga coreana, mas preferiu não renovar o contrato; para o lugar dele veio o holandês Dave Bulthuis (ex-Heerenveen). Chegou também o zagueiro Yun Young-sun, que já defendeu na seleção. A grande contratação é o meia Kim Bo-kyung, que já jogou na Inglaterra (Cardiff e Wigan) e em vários clubes japoneses (Cerezo, Oita, Matsumoto e Kashiwa). A esperança de gols é o brasileiro Júnior Negão (ex-América-MG, Tombense e América-RN), que na K-League 2018 marcou 22 vezes e foi até escolhido para a seleção do campeonato. O setor ofensivo também tem o veterano Lee Keun-ho (ex-seleção coreana) e o meia da seleção norte-americana Mix Diskerud. A temporada começa com clima de otimismo; o Ulsan tem experiência em todas as posições é o principal candidato a ameaçar o reinado do Jeonbuk na Coreia do Sul.

»» Na coletiva de imprensa que reuniu os técnicos de todos os 12 clubes da primeira divisão da K-League, eles foram perguntados quem poderia desafiar o Jeonbuk este ano. Dez responderam Ulsan. Só dois responderam diferente: o treinador do Suwon escolheu seu próprio time e o comandante do Daeugu, o brasileiro André Gaspar, disse "qualquer um" pode desafiá-los.

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