Honda não está oficialmente aposentado, mas segue sem clube desde que deixou o Suduva, da Lituânia, no fim do ano passado e tem se dedicado apenas ao cargo de técnico no Camboja. Ienaga, por outro lado, reviveu a carreira depois dos 30 anos. O Kawasaki Frontale o contratou em 2017 depois de uma ótima passagem pelo Omiya Ardija (incluindo um ano na J2) e não foi por acaso que o Golfinho apagou a fama de "eterno vice" e começou a empilhar troféus a partir desse ano. Ienaga tem sido um jogador-chave nesse período, um dos destaques nas conquistas da J.League em 2017, 2018, 2020 e 2021.

Em 2018, aos 32 anos, Ienaga chegou ao auge e foi eleito MVP do campeonato. Hoje, aos 36, ele continua jogando no mesmo nível e é o melhor jogador do Kawasaki em 2022, com grandes atuações principalmente nesta reta final de temporada. É como se ele ainda não sentisse o peso da idade - nas últimas 11 rodadas, foi sempre titular e só duas vezes foi substituído, ambas nos acréscimos. Neste sábado, o meia foi protagonista da goleada sobre o Sanfrecce Hiroshima por 4x0, com dois gols e atuação de melhor em campo. Jogo que era um confronto direto na disputa pelo título, mas que foi vencido de forma esmagadora pelo Frontale. O atual campeão ultrapassou o Sanfrecce na tabela, subiu para a vice-liderança e está só três pontos atrás do líder Yokohama F-Marinos. Frontale e Marinos ainda têm sete jogos a disputar, o Sanfrecce só tem mais cinco.

Quem vê Ienaga em ação pode ter uma sensação de nostalgia, porque ele é um daqueles raros armadores à moda antiga e que parece ser adepto da filosofia do mestre Didi: "Quem corre é a bola". Quando a bola chega nele, é como se o jogo ficassem mais devagar. Mas ele quase sempre encontra a melhor solução. Sua posição é a ponta direita, mas ele sempre aparece na esquerda, pelo centro, na grande área... Ienaga tem a maior porcentagem de passes certos entre todos os meias ofensivos na J1 (88,4%) e não cansa de tirar gritos de empolgação dos torcedores com jogadas de efeito e lances inesperados. É aquele jogador que faz valer o preço do ingresso. Não fosse pela idade, certamente já teria voltado para a seleção.

"Acho que ele tem mudado este ano. Ele tem dado mais instruções, conversando com aqueles ao seu redor. Ele tem um forte desejo de melhorar a equipe e de vencer, e para isso ele primeiro tem que se mostrar. Antes ele era do tipo que dava as costas, mas agora ele está dizendo o que é necessário", avaliou o técnico Toru Oniki. "Ele não se contenta em ganhar, ele pede qualidade, como se dissesse 'isto é Frontale'. Como jogador de linha mais velho, a mensagem que ele passa é 'não podemos ficar satisfeitos só com isso'".

Contra o Sanfrecce, Ienaga fez dois gols, ultrapassou Marcinho, que tem nove, e se tornou o artilheiro do Kawasaki nesta J1, com dez (o artilheiro do campeonato, Thiago Santana, do Shimizu S-Pulse, tem 11). Mais um gol e ele iguala o recorde da carreira. Se continuar nesse ritmo e o Frontale for campeão, Ienaga seria um forte candidato a MVP. Até hoje, o único a ganhar esse prêmio duas vezes foi Shunsuke Nakamura (2000 e 2013).

Assistência mais bonita que o gol. Que tal o passe de calcanhar de Ryohei Shirasaki que deixou Thiago Santana na cara do gol para abrir o placar para o Shimizu S-Pulse? Foi o 11º gol do centroavante brasileiro, que se isolou na artilharia da J1...

Shuichi Gonda é o goleiro em melhor forma na J.League. Primeira opção de Moriyasu para o gol da seleção japonesa, Gonda tem sido o principal jogador do Shimizu S-Pulse ao lado de Thiago Santana e teve mais uma ótima atuação nesta rodada. Só não conseguiu evitar o empate no último minuto...

O Gamba Osaka não jogou bem e teve uma única finalização certa nos 90 minutos contra o FC Tokyo em casa, mas o empate em 0x0 foi suficiente para tirar o time do Z-3. Pior para o Avispa Fukuoka, que completou oito jogos sem vencer na J1 (além de uma eliminação na Copa do Imperador para o Ventforet Kofu, da J2) e entrou na zona de perigo...

O Consadole Sapporo comeu a bola em um arrasador 4x0 sobre o lanterna Júbilo Iwata. O técnico Mihailo Petrovic não exagerou quando disse na entrevista pós-jogo que "nós poderíamos ter feito uns dez gols", tamanho foi o domínio e a quantidade de chances para a Coruja de Hokkaido, que fica mais aliviada longe do Z-3. Takuro Kaneko (9) foi o destaque da partida, ao lado dos brasileiros Gabriel Xavier e Lucas Fernandes. Vale mencionar também a cobrança de falta perfeita do zagueiro Akito Fukumori. Já o Júbilo, afundado na lanterna, está em situação crítica, sem qualquer sinal de melhora desde a troca de treinador. Já tinha torcedor até chorando no setor visitante do Sapporo Dome.