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Por Tiago Bontempo

Futebol no Japão

1993 é um ano histórico para o futebol japonês. O ano em que a J.League foi criada e, com um grande investimento e organização exemplar, atraiu a atenção de todo o mundo, marcando a transição do amadorismo para o profissionalismo. Nestas três décadas, a liga japonesa ficou conhecida por ser equilibrada, quase sempre decidida na última rodada e raramente com o favorito terminando com o título. Kawasaki Frontale e Yokohama F-Marinos têm monopolizado as conquistas nos últimos anos e continuam como favoritos agora, mas ambos perderam nomes importantes nesta janela de transferências, diminuindo a distância para os outros candidatos a levantar a salva de prata e dando esperança a equipes como Sanfrecce Hiroshima, Cerezo Osaka, Kashima Antlers e FC Tokyo. A temporada 2023 promete ser bastante disputada e a novidade é que terá apenas um rebaixado (que cai direto). Serão três promovidos da J2 (dois automaticamente e um via playoffs) e, a partir de 2024, o padrão será ter 20 clubes em cada uma das três divisões da J.League.

Outra novidade importante é que finalmente não há mais restrição de público, de cantos e gritos das torcidas. Ainda é obrigatório o uso de máscaras, mas espera-se que, depois de três anos com estádios esvaziados por causa da pandemia, o público volte ao mesmo patamar de antes. Ter 50 mil na Supercopa já foi um bom sinal.

O Brasil continua disparado como principal origem dos jogadores estrangeiros. Até a data de hoje (15/02), são 45 brasileiros entre os 91 estrangeiros inscritos. Cada clube pode contratar quantos atletas quiser de outras nacionalidades, mas apenas cinco podem ser relacionados para um jogo. Jogadores de países parceiros da J.League como Tailândia e Vietnã não entram nessa cota.

Número de jogadores estrangeiros inscritos (total = 90):
45 - Brasil
13 - Coreia do Sul
3 - Holanda, Nigéria
2 - Austrália, Dinamarca, Espanha, Noruega, Tailândia
1 - Alemanha, Bélgica, Chipre, Croácia, Eslovênia, Israel, Montenegro, Nova Zelândia, Peru, Polônia, Quênia, Suécia, Suíça, Suriname, Tunísia, Vietnã

Calendário:
1ª rodada: 17 e 18/02
34ª (última) rodada: 03/12

Transmissão:
Japão: DAZN
Brasil: YouTube

Nível de expectativa:
★★★★★ Favorito (Yokohama FM, Kawasaki)
★★★★ Sonha com título (Hiroshima, C-Osaka, Kashima, Tokyo)
★★★ Corre por fora / Metade de cima da tabela (Urawa, Kashiwa, Nagoya, Kobe, G-Osaka)
★★ Zona intermediária / Risco de queda (Sapporo, Tosu, Fukuoka)
★ Candidato ao rebaixamento (Shonan, Kyoto, Niigata, Yokohama FC)

Mapa da J.League 2023 - o Japão tem seis regiões representadas na J1: Hokkaido (Consadole Sapporo), Kanto (Kashima Antlers, Urawa Reds, Kashiwa Reysol, FC Tokyo, Kawasaki Frontale, Yokohama F-Marinos, Yokohama FC e Shonan Bellmare), Chubu (Albirex Niigata e Nagoya Grampus), Kansai (Kyoto Sanga, Gamba Osaka, Cerezo Osaka e Vissel Kobe), Chugoku (Sanfrecce Hiroshima) e Kyushu (Avispa Fukuoka e Sagan Tosu) — Foto: @Offsi_STATS

Você sabia? No Japão, os times são listados não por ordem alfabética, mas por ordem geográfica. Por exemplo, na imagem de capa deste guia, a primeira foto é do Hokkaido Consadole Sapporo, o clube localizado mais ao norte do país, enquanto a última é do Sagan Tosu, o que está mais ao sul.

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YOKOHAMA F-MARINOS - Campeão desfalcado

Yokohama F-Marinos [yokorrama êfu marínossu] - Província: Kanagawa - Cidade: Yokohama - Mascote: Marin — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: Campeão
Melhor colocação na J1: Campeão (1995, 2003, 2004, 2019, 2022)
Estádios: Nissan Stadium (71.822) e Nippatsu Mitsuzawa (15.444)
Técnico: Kevin Muscat [Austrália] (desde 07/2021)
Expectativa: ★★★★★

Como se não fosse o bastante ter perdido o melhor jogador da temporada anterior, o atual campeão da J.League perdeu nesta janela os MVPs dos últimos dois títulos. Além de Tomoki Iwata, que se juntou ao antigo chefe Ange Postecoglou na legião nipônica do Celtic, Teruhito Nakagawa também foi embora (de forma surpreendente, já que ele era um dos mais identificados com o clube). Outro choque foi a saída do goleiro eleito para o Best Eleven de 2022, Yohei Takaoka, a caminho da MLS. Com contratações apenas para compor elenco, o time claramente perdeu força, mas vale lembrar que a principal razão do título de 2022 foi o coletivo e a forma como Kevin Muscat rodava o elenco mantendo atuações constantes e sem desgastar tanto os jogadores. Por não depender tanto de um ou outro nome individual, pode ser que as baixas não sejam tão sentidas.

O principal reforço é Takumi Kamijima, zagueiro revelado pelo Kashiwa Reysol (que inclusive disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior com apenas 16 anos em 2014), mas que é um tipo bem diferente de Iwata, forte no jogo físico e aéreo e com menos técnica - deve disputar posição com Hatanaka, enquanto o canhoto Eduardo compete com Tsunoda pela esquerda (com vantagem para o japonês, que foi titular na Supercopa). Outro recém-chegado que pode ganhar espaço é Kenta Inoue, destaque na J2 pelo Oita Trinita; é o principal reforço para o meio-campo e tem características similares a Mizunuma - joga na ponta direita, é habilidoso e especialista em cruzamentos. Hiroki Iikura retorna do Vissel Kobe como contratação de emergência, mas no momento o titular no gol é Powell Obinna Obi, que estava na sombra de Takaoka e agora terá sua grande chance.

O ataque, que foi o mais goleador da última J.League, com 70 gols, perdeu Léo Ceará, o que não será um problema se Anderson Lopes continuar saudável e em boa forma - cada um fez 11 gols na última J1, ou seja, sem ter que revezar agora a expectativa para Lopes é disputar de fato a artilharia, enquanto os novos concorrentes a centroavante ainda ganham experiência - Asahi Uenaka como um atacante mais balanceado, que também pode atuar mais atrás, e Yuhi Murakami como novato vindo do futebol universitário. Com Mizunuma e Élber nas pontas e Nishimura vindo de trás, há poder de fogo suficiente para continuar entre os times mais ofensivos da liga e boas opções para o segundo tempo, como os brasileiros Marcos Júnior e Yan Matheus e também Ryo Miyaichi, que está em processo final de recuperação da lesão nos ligamentos do joelho que sofreu em julho passado, quando estava na seleção.

O destaque: Takuma Nishimura (meia/atacante, 22/10/1996) - Atacante de origem, reencontrou seu melhor futebol após a passagem frustrante pela Europa jogando mais recuado, como um armador central. Tem ido tão bem que até deixou Marcos Júnior no banco e para muitos torcedores era sério candidato a MVP ano passado.

Fique de olho: Joel Chima Fujita (volante, 16/02/2002) - Combinando técnica com força física, é um protótipo de meio-campista completo, que defende e ataca e cobre a maior parte do campo. Vem se destacando especialmente pela visão de jogo e distribuição na saída de bola. É visto como um futuro jogador de seleção japonesa, então quanto mais tempo o Marinos conseguir segurá-lo, melhor.

A promessa: Takuto Kimura (volante, 16/05/2000) - O maior ídolo da história do clube antes de Shunsuke Nakamura também era um Kimura vindo da Universidade Meiji. Porém, diferente de Kazushi, que era um camisa 10 famoso pelas cobranças de falta, Takuto é um jogador mais defensivo, que jogava como lateral direito e se converteu em volante no segundo ano da faculdade. Formado na base do próprio Marinos, pode se tornar um herdeiro do capitão Kida a longo prazo.

»» O Yokohama F-Marinos é o único time que foi campeão da J.League em quatro décadas diferentes. Apenas o Kashima Antlers pode igualar esse feito, caso conquiste um título nesta década.

Saíram:
Hirotsugu Nakabayashi (goleiro, 1986) - Nankatsu SC
Tomoki Tagawa (goleiro, 2002) - Kataller Toyama [empréstimo]
Yohei Takaoka (goleiro, 1996) - Vancouver Whitecaps-CAN
Ko Ikeda (lateral, 2001) - Esperanza SC [estava emprestado ao FC Maruyasu Okazaki]
Tomoki Iwata (lateral/zagueiro/volante, 1997) - Celtic-ESC [empréstimo]
Yusuke Nishida (lateral, 2003) - Nagano Parceiro [empréstimo]
Shunsuke Hirai (zagueiro, 2002) - Rayluck Shiga FC [empréstimo; estava emprestado ao ReinMeer Aomori]
Eitaro Matsuda (meia, 2001) - Albirex Niigata [empréstimo renovado]
Jun Amano (meia, 1991) - Jeonbuk Hyundai Motors-COR [empréstimo; estava emprestado ao Ulsan Hyundai-COR]
Keita Ueda (meia, 2002) - Tochigi SC [empréstimo renovado]
Naoki Tsubaki (meia, 2000) - JEF United Ichihara Chiba [estava emprestado ao Mito HollyHock]
Ryonosuke Kabayama (meia, 2002) - Sagan Tosu [estava emprestado ao Montedio Yamagata]
Takuto Minami (meia, 2002) - Iwate Grulla Morioka [empréstimo renovado]
Teruhito Nakagawa (meia, 1992) - FC Tokyo
Léo Ceará (atacante, 1995) - Cerezo Osaka
Takumi Tsukui (atacante, 2002) - Azul Claro Numazu [empréstimo; estava emprestado ao ReinMeer Aomori]
Talla Ndao (atacante, 1999) - FC Osaka [estava emprestado ao FC Maruyasu Okazaki]
Yushi Yamaya (atacante, 2000) - Geylang International FC-SIN [estava emprestado ao Yokohama FC]

Chegaram:
Fuma Shirasaka (goleiro, 1996) - Kagoshima United [retorno de empréstimo]
Jun Ichimori (goleiro, 1991) - Gamba Osaka [empréstimo]
Hiroki Iikura (goleiro, 1986) - Vissel Kobe
Takumi Kamijima (zagueiro, 1997) - Kashiwa Reysol
Takuto Kimura (volante, 2000) - Universidade Meiji
Keigo Sakakibara (meia, 2000) - ReinMeer Aomori [retorno de empréstimo]
Kenta Inoue (meia, 1998) - Oita Trinita
Asahi Uenaka (atacante, 2001) - V-Varen Nagasaki
Yuhi Murakami (atacante, 2000) - Universidade Kanto Gakuin

Time-base do Yokohama F-Marinos em 2023 — Foto: Futebol no Japão

KAWASAKI FRONTALE - Bom o bastante para buscar o penta?

Kawasaki Frontale [kauassáki furontáre] - Província: Kanagawa - Cidade: Kawasaki - Mascote: Warun-ta — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: Campeão (2017, 2018, 2020, 2021)
Estádio: Todoroki Stadium (26.827)
Técnico: Toru Oniki (desde 01/2017)
Expectativa: ★★★★★

O Kawasaki Frontale ficou a apenas dois pontos de conquistar o penta da J.League em 2022, mesmo estando longe de jogar o futebol encantador dos dois títulos anteriores. O Golfinho continua com seu estilo ofensivo e dominante, mas vem para 2023 com mais dúvidas do que certezas. A começar pelo ataque, que não terá os dois centroavantes mais experientes no início da campanha. Leandro Damião passou por uma cirurgia no tornozelo direito em dezembro, antes de se juntar ao elenco na pré-temporada, e Yu Kobayashi sofreu uma fratura na quinta falange proximal do pé esquerdo. Ambos só devem estar recuperados de meados para o fim de março ou no início de abril. Será que Taisei Miyashiro poderá substitui-los à altura e finalmente vai desabrochar seu talento? Será que Akihiro Ienaga, que vem de uma temporada digna de MVP, mas que já está com 36 anos, ainda consegue manter o nível?

O que mais preocupa mesmo é a defesa. Além das várias lesões, a síndrome de levar gols nos minutos finais voltou em 2022 e foi determinante na perda do título. A saída do capitão Shogo Taniguchi, que foi experimentar jogar no exterior pela primeira vez depois de uma positiva Copa do Mundo no Catar, só aumenta a lista de preocupações. Até porque seu substituto, Takuma Ominami, vinha jogando mais como ala do que como zagueiro pelo Kashiwa Reysol, com um desempenho apenas razoável, enquanto Taniguchi foi um dos melhores zagueiros da temporada passada, no mesmo nível do MVP Tomoki Iwata. Sem dúvida um "downgrade" no setor. A defesa do Frontale foi a segunda que menos cedeu chances de gol, mas acabou como a 10ª menos vazada. O que reflete as atuações abaixo da média do goleiro Jung Sung-ryong, que sempre foi titular incontestável, mas agora tem em Naoto Kamifukumoto uma sombra de verdade que pode lhe tirar a titularidade a qualquer momento.

Uma boa notícia é que todos os quatro brasileiros continuam, principalmente Marcinho, o que mais brilhou ano passado, após boatos de interesse do futebol egípcio. Yusuke Segawa é um nome interessante para compor elenco, apesar de que a última temporada realmente boa dele foi em 2019. Pelo histórico do Kawasaki, vale observar de perto as novas joias, como o centroavante Shin Yamada, o ponta de dribles ousados Toya Myogan e o meio-campista Yuto Ozeki, que se inspira em ninguém menos que Kengo Nakamura, maior ídolo da história do clube. O Golfinho não está mais forte, mas continua entre os favoritos e é comandado pelo melhor técnico japonês da atualidade. Será que, no ano do coelho, Toru Oniki vai tirar um da cartola?

O destaque: Yasuto Wakizaka (meia, 11/06/1995) - Líder de assistências da liga em 2022, com nove, além de cinco gols anotados, Wakizaka é especialista em passes e bolas paradas. Sucessor natural de Kengo Nakamura (tanto na posição quanto no número da camisa), vive o melhor momento da carreira e é o dono do meio-campo do Golfinho.

Fique de olho: Taisei Miyashiro (atacante, 26/05/2000) - Considerado uma grande promessa desde muito jovem, fez toda a base no Frontale e era convocado para a seleção desde o sub-15. Ele tem evoluído e ano passado foi o artilheiro do Sagan Tosu com oito gols. Com as lesões de Damião e Kobayashi, deverá ter sua grande chance.

A promessa: Shin Yamada (atacante, 30/05/2000) - Jogou na base do Frontale do sub-13 até o sub-18, formou-se na faculdade e agora está de volta ao Golfinho para iniciar a carreira profissional. Um centroavante com arrancadas explosivas, ele marcou em janeiro o gol do título da Toin Yokohama e foi eleito MVP do torneio universitário.

»» Na tradicional eleição dos mascotes mais populares que acontece todo ano e tem o resultado divulgado no intervalo da Supercopa (e que infelizmente não vai acontecer mais a partir de 2024), o Kawasaki Frontale resolveu inscrever na competição um mascote secundário: Warun-ta, que seria uma espécie de "versão malvada" do mascote principal, Fron-ta. De certa forma parecido com Mario e Wario nos jogos da Nintendo.

Saíram:
Kenta Tanno (goleiro, 1986) - Iwate Grulla Morioka
Zain Issaka (lateral, 1997) - Montedio Yamagata [estava emprestado ao Yokohama FC]
Kaito Kamiya (zagueiro, 1997) - Ventforet Kofu [empréstimo; estava emprestado ao Fujieda MYFC]
Shogo Taniguchi (zagueiro, 1991) - Al Rayyan-CAT
Taiyo Igarashi (meia, 2003) - Renofa Yamaguchi [empréstimo]
Ten Miyagi (meia, 2001) - V-Varen Nagasaki [empréstimo]
Kei Chinen (atacante, 1995) - Kashima Antlers

Chegaram:
Naoto Kamifukumoto (goleiro, 1989) - Kyoto Sanga
Kota Takai (zagueiro, 2004) - promovido da base
Takuma Ominami (zagueiro, 1997) - Kashiwa Reysol
Yuto Matsunagane (zagueiro, 2004) - promovido da base
Toya Myogan (meia, 2004) - Colégio Riseisha
Yuto Ozeki (meia, 2005) - promovido da base
Shin Yamada (atacante, 2000) - Universidade Toin Yokohama
Taisei Miyashiro (atacante, 2000) - Sagan Tosu [retorno de empréstimo]
Yusuke Segawa (atacante, 1994) - Shonan Bellmare

Time-base do Kawasaki Frontale em 2023 — Foto: Futebol no Japão

SANFRECCE HIROSHIMA - Em busca da flechada certeira

Sanfrecce Hiroshima [sanfurêtche riroxima] - Província: Hiroshima - Cidade: Hiroshima - Mascote: Sancce — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: Campeão (2012, 2013, 2015)
Estádio: Edion Stadium (35.909)
Técnico: Michael Skibbe [Alemanha] (desde 01/2022)
Expectativa: ★★★★

E pensar que o Sanfrecce Hiroshima só contratou Michael Skibbe, que chegou sob certa desconfiança, porque não conseguiu acertar com Tomohiro Katanosaka, que preferiu o Gamba Osaka (e foi um desastre lá). O alemão superou todas as expectativas e foi eleito técnico do ano depois de levar o Sanfrecce ao terceiro lugar na J1 e à final das duas copas nacionais (ganhou a Levain). Agora a expectativa é ir um pouco além e disputar o título da J.League que o clube não conquista desde 2015, quando o treinador ainda era Hajime Moriyasu. Mas não é como se Skibbe tivesse feito uma revolução. Ele manteve o padrão tático e fez apenas o time jogar com mais intensidade e eficiência, tendo como referência Gakuto Notsuda, que voltou de empréstimo, e Makoto Mitsuta, novato vindo do futebol universitário - ambos brilharam entre os melhores jogadores de 2022 e deram aquela revigorada que a equipe tanto precisava. O camisa 10 Tsukasa Morishima também brilhou e, contando ainda com o "super-reserva" Takumu Kawamura, que muitas vezes saía do banco e resolvia (e que agora deve ganhar mais oportunidades), o meio-campo esbanjava talento e dinamismo.

Mas faltava um goleador na frente. Júnior Santos não conseguiu ser esse artilheiro, nem Douglas Vieira. Durante a temporada passada chegaram o suíço Nassim Ben Khalifa e o cipriota Pieros Sotiriou, que também não engrenaram ainda. Os três últimos ainda contribuíam de alguma forma, mesmo sem os gols, então continuam no elenco. Espera-se um pouco mais de Sotiriou, que jogou pouco na J1, ainda tem a desculpa de não ter se adaptado e foi o herói do título da Copa Levain, com dois gols nos acréscimos na vitória de virada sobre o Cerezo Osaka por 2x1. E o fato de ele comemorar os gols com a pose do arqueiro só reforça a identificação com o clube. Ainda há o promissor Shun Ayukawa, que perdeu a maior parte da campanha passada lesionado e oferece características diferentes, com mais movimentação. Resolvendo esse problema do centroavante, o Sanfrecce pode se tornar um sério candidato ao título, pois o resto do time já está bem arrumado.

Outra questão é a ala direita, que perdeu o "rei dos sprints" Tomoya Fujii e não veio um substituto direto para a posição. O polivalente Yoshifumi Kashiwa, que vinha jogando na ala esquerda, pode atuar por ali, mas ele já está com 35 anos e sem tanta energia como alguns anos atrás. Takaaki Shichi, que está acostumado a jogar como lateral, deve ser o novo ala esquerdo. É possível que Skibbe precise improvisar no setor. A defesa será a mesma com o trio Shiotani-Araki-Sasaki, mas os novatos vindo do futebol universitário, Shuto Nakano e Taichi Yamasaki, podem ganhar minutos. Yudai Tanaka foi avaliado pela diretoria como "o melhor goleiro da J2", mas por enquanto ele só compete para ser o reserva imediato de Keisuke Osako, que é titular absoluto.

O destaque: Gakuto Notsuda (volante, 06/06/1994) - Nascido em Hiroshima, era desde muito novo uma grande joia do Sanfrecce, mas o tempo passava, ele era emprestado para lá e para cá e seu futebol não evoluía. Porém, tudo mudou em 2021, quando jogou pela primeira vez a J2, emprestado ao Ventforet Kofu. No ano seguinte, de volta a Hiroshima para sua terceira passagem no clube, ele havia se tornado outro jogador. Mais recuado, virou um maestro no meio-campo, ditando o ritmo do jogo e iniciando as jogadas. Fundamental com seus passes e lançamentos, foi também o segundo jogador com mais desarmes na liga ano passado (104).

Fique de olho: Makoto Mitsuta (atacante, 20/07/1999) - Um dos melhores novatos da última temporada, poderia ter sido até candidato a MVP segundo torcedores do Sanfrecce. Foram nove gols e oito assistências no primeiro ano da carreira na J1. Ele tem velocidade, drible, chute forte, poder de decisão, é bom nas bolas paradas e ajuda a defesa. Praticamente um protótipo de craque. Este ano, ele passa a vestir a camisa 11, número do lendário Hisato Sato, e lidera o ranking do clube de uniformes vendidos.

A promessa: Shuto Nakano (zagueiro, 27/06/2000) - Capitão da Universidade Toin Yokohama que se sagrou campeã nacional no Ano-Novo, ele já estreou pelo Sanfrecce ano passado, como "estagiário", atuando como ala direito na rodada de abertura contra o Sagan Tosu. A ala pode ser uma opção no início, mas ele é um zagueiro com técnica que oferece boa saída de bola e lançamentos. Pode ser um substituto para o capitão Sho Sasaki a longo prazo.

»» Enquanto a maioria dos times japoneses faz a pré-temporada no sul do país, nas ilhas de Kyushu e Okinawa (onde o inverno é mais ameno), o Sanfrecce ficou duas semanas treinando na Turquia, onde fez vários jogos-treino contra times europeus:
1x1 Górnik Zabrze (Polônia)
1x0 CSKA Sofia (Bulgária)
1x2 LASK Linz (Áustria)
0x0 FK Mladost Lucani (Sérvia)
3x2 Kasimpasa SK (Turquia)

»» O Sanfrecce Hiroshima começa a temporada ainda sem saber se vai disputar a próxima Liga dos Campeões da Ásia. Isso porque a final da edição 2022 só vai acontecer em maio e, caso o Urawa Reds seja campeão, ficará com a quarta vaga japonesa na edição seguinte, no lugar do Hiroshima, entrando na fase de playoff. O Sanfrecce só entrará na ACL 2023-24 se o Urawa for derrotado na final.

»» Na imagem acima, o mascote usa o número 320 porque em japonês o número pode ser lido como "san-fu-re", ou seja, "Sanfre".

Saíram:
Tomoya Fujii (lateral/meia, 1998) - Kashima Antlers
Osamu Henry Iyoha (zagueiro, 1998) - Kyoto Sanga [empréstimo; estava emprestado ao Roasso Kumamoto]
Yuki Nogami (zagueiro, 1991) - Nagoya Grampus
Yuta Imazu (zagueiro, 1995) - V-Varen Nagasaki
Kodai Dohi (volante, 2001) - Ventforet Kofu [empréstimo; estava emprestado ao Mito HollyHock]
Motoki Ohara (meia, 2000) - contratado do Ehime FC e imediatamente emprestado ao Mito HollyHock
Taishi Semba (meia, 1999) - Fagiano Okayama [empréstimo renovado]
Yuya Asano (meia, 1997) - Hokkaido Consadole Sapporo
Júnior Santos (atacante, 1994) - Fortaleza [estava emprestado ao Botafogo]
Ryo Nagai (atacante, 1991) - Fagiano Okayama [em definitivo]

Chegaram:
Yudai Tanaka (goleiro, 1995) - Blaublitz Akita
Takaaki Shichi (lateral, 1993) - Avispa Fukuoka
Shuto Nakano (zagueiro, 2000) - Universidade Toin Yokohama
Taichi Yamasaki (zagueiro, 2001) - Universidade Juntendo
Hiroya Matsumoto (volante, 2000) - Zweigen Kanazawa [retorno de empréstimo]
Sota Koshimichi (meia, 2004) - promovido da base

Time-base do Sanfrecce Hiroshima em 2023 — Foto: Futebol no Japão

CEREZO OSAKA - Hora do pupilo de Levir Culpi brilhar?

Cerezo Osaka [ceresso ôssaka] - Província: Osaka - Cidade: Osaka - Mascote: Noble Valiente Hache Lobito de Cerezo, mais conhecido como Lobby — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: 3º (2010, 2017)
Estádio: Yodoko Sakura Stadium (24.481)
Técnico: Akio Kogiku (desde 08/2021)
Expectativa: ★★★★

Akio Kogiku nunca jogou futebol profissionalmente, mas trabalha no Cerezo Osaka desde 1998, ano em que se formou na universidade. Como olheiro, foi ele quem descobriu Shinji Kagawa. Desde 2005 na comissão técnica do time principal, ele foi assistente de Levir Culpi em três das quatro passagens do brasileiro pela Cerejeira. Talvez nenhum outro conheça tão bem o clube quanto Kogiku, que só ganhou a primeira chance como técnico em 2021, após a última saída de Levir. Ele assumiu em um momento difícil, mas aproveitou a oportunidade e aos poucos os resultados vieram, com um respeitável quinto lugar em 2022. Kogiku, porém, não joga o futebol ofensivo típico de Levir. O seu Cerezo é mais reativo, aquele time cascudo que não joga bonito, mas que sempre dá trabalho aos favoritos - inclusive, ganhou os dois jogos contra o Frontale e empatou os dois contra o F-Marinos ano passado.

Enquanto os principais candidatos ao título perderam força em relação ao ano passado, o Cerezo não se desfez de nenhum titular e ainda fortaleceu o elenco com pelo menos três nomes que podem entrar direto no onze inicial. A maior novidade é Shinji Kagawa, que foi embora ainda muito jovem em 2010 e agora retorna como um veterano consagrado. Também comemorada foi a chegada de Léo Ceará, que alcançou dígitos duplos em ambas as temporadas que passou no Yokohama F-Marinos, mesmo sendo titular só em metade dos jogos, e busca mais protagonismo em Osaka. Ele pode se tornar o homem-gol que faltava - o artilheiro em 2022 foi Mutsuki Kato, com apenas seis gols. Jordy Croux, um destaque do Avispa Fukuoka que se sobressai nos cruzamentos e pode se encaixar como uma luva no esquema do Cerezo, é mais um grande reforço. Capixaba, um ponta que pode atuar pelos dois lados, vem para ser o substituto direto do "super-reserva" Jean Patrick, apesar de que os estilos são um pouco diferentes e Capixaba é mais um driblador do que um velocista. O ataque ainda tem o prata da casa e candidato a centroavante da seleção olímpica Shota Fujio, que passou os últimos dois anos ganhando experiência na J2, com oito gols marcados pelo Mito HollyHock e 10 pelo Tokushima Vortis. A defesa não deve ter mudanças. Para o gol, veio Yang Han-been, que tem experiência e era titular no FC Seul, mas a princípio deve só disputar um lugar no banco, já que Kim Jin-hyeon, mesmo com seus 35 anos, ainda é titular absoluto.

Um dos trunfos do Cerezo é ter muitas opções no elenco. Em condições de serem titulares, são pelo menos três zagueiros (Jonjic, Nishio e Toriumi), três laterais (Matsuda, Yamanaka e Maikuma) e três volantes (Okuno, Harakawa e Suzuki), com forte competição também no ataque. Outro trunfo são as jovens promessas. Além dos já conhecidos da seleção olímpica como Nishio, Fujio e Kitano, há muitos novatos com potencial, como Rui Osako, Nelson Ishiwatari, Kosei Okazawa, Reiya Sanada e Shinnosuke Kinoshita. Único time de Kansai que ficou na parte de cima da tabela ano passado, agora o Cerezo quer ir um pouco mais longe e conquistar, no mínimo, uma vaga na ACL. E quem sabe, se tudo der certo, conquistar a J.League pela primeira vez em sua história.

O destaque: Hiroshi Kiyotake (meia, 12/11/1989) - Mesmo sem repetir o brilho de quando era convocado para a seleção, ainda é o nome mais importante e influente do elenco. Destaca-se na visão de jogo e nas bolas paradas. Pode atuar como um típico camisa 10, pelas pontas ou como segundo atacante. O problema é que sofre com frequentes lesões e inclusive será desfalque no início da campanha.

Fique de olho: Shinji Kagawa (meia, 17/03/1989) - A maior notícia da pré-temporada foi o retorno do grande ídolo depois de 12 anos e meio no futebol europeu. Fica o questionamento quanto à sua condição física; afinal, ele jogou pouco e sem tanto destaque nos dois últimos clubes (Sint-Truiden e PAOK) e ainda passou por uma cirurgia no tornozelo esquerdo novembro passado. Mas de volta em casa ele terá todo o apoio e motivação que poderia querer para voltar a jogar em alto nível.

A promessa: Rui Osako (volante, 13/10/2004) - Um dos destaques do último torneio colegial, foi o capitão da escola Kamimura Gakuen, que chegou à semifinal. Com boa visão de jogo, qualidade nos passes e na bola parada, lembra o estilo de Yasuhito Endo, que por acaso também é natural da província de Kagoshima.

A promessa (2): Nelson Ishiwatari (volante, 10/05/2005) - Estreou pelo time adulto em maio do ano passado, pela Copa Levain, com apenas 16 anos. Agora promovido em definitivo, é um talento que muitos em Osaka esperam que seja o próximo ídolo do clube, assim como o foram Shinji Kagawa, Yoichiro Kakitani e Takumi Minamino. "Movimentação, cobertura, força, altura... Ele tem tudo que você pode querer de um volante", elogiou o técnico Kogiku.

»» Kosei Okazawa está de volta após cinco meses emprestado ao Red Bull Bragantino. O meia, que usou a camisa 10 no Massa Bruta, foi o artilheiro e destaque do time na Copa São Paulo de Futebol Júnior, com três gols e uma assistência.

Saíram:
Shu Mogi (goleiro, 1999) - FC Gifu [estava emprestado ao FC Imabari]
Naoto Arai (lateral, 1996) - Albirex Niigata [estava emprestado ao Tokushima Vortis]
Takaya Yoshinare (lateral, 2001) - FC Osaka [em definitivo]
Yusuke Maruhashi (lateral, 1990) - BG Pathum United-TAI [empréstimo]
Tiago Pagnussat (zagueiro, 1990) - Ceará [estava emprestado ao Nagoya Grampus]
Chaowat Veerachat (volante, 1996) - fim de empréstimo com o BG Pathum United-TAI
Nagi Matsumoto (volante, 2001) - Ventforet Kofu [empréstimo renovado]
Jean Patric (meia, 1997) - Vissel Kobe
Jun Nishikawa (meia, 2002) - Sagan Tosu [empréstimo renovado]
Motohiko Nakajima (meia, 1999) - Vegalta Sendai [empréstimo renovado]
Adam Taggart (atacante, 1993) - Perth Glory-AUS
Bruno Mendes (atacante, 1994) - fim de empréstimo com o Deportivo Maldonado-URU
Hiroto Yamada (atacante, 2000) - Vegalta Sendai [empréstimo]
Ryuji Sawakami (atacante, 1993) - Gainare Tottori [empréstimo renovado]

Chegaram:
Yang Han-been (goleiro, 1991) - FC Seoul-COR
Nelson Ishiwatari (volante, 2005) - promovido da base
Rui Osako (volante, 2004) - Colégio Kamimura Gakuen
Jordy Croux (meia, 1994) - Avispa Fukuoka
Kosei Okazawa (meia, 2003) - Red Bull Bragantino [retorno de empréstimo]
Reiya Sanada (meia, 2004) - Colégio Higashiyama
Shinji Kagawa (meia, 1989) - Sint-Truiden-BEL
Capixaba (atacante, 1997) - Juventude
Léo Ceará (atacante, 1995) - Yokohama F-Marinos
Shinnosuke Kinoshita (atacante, 2004) - promovido da base
Shota Fujio (atacante, 2001) - Tokushima Vortis [retorno de empréstimo]

Time-base do Cerezo Osaka em 2023: Kogiku costuma usar um 4-4-2 onde pode escalar uma dupla de frente mais convencional com Léo Ceará e Mutsuki Kato; Kiyotake e Kagawa podem entrar na função de segundo atacante ou como meias centrais, mudando a formação para o 4-2-3-1 — Foto: Futebol no Japão

KASHIMA ANTLERS - Para voltar a disputar títulos

Kashima Antlers [káxima antorázu] - Província: Ibaraki - Cidade: Kashima - Mascote: Anton — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: Campeão (1996, 1998, 2000, 2001, 2007, 2008, 2009, 2016)
Estádio: Kashima Soccer Stadium (38.669)
Técnico: Daiki Iwamasa (desde 08/2022)
Expectativa: ★★★★

O Kashima Antlers completou quatro anos sem título, o maior jejum da história do clube. Para quem foi campeão em sete das primeiras 17 temporadas da J.League, levantar a salva de prata apenas uma vez na última década foi frustrante. O quarto lugar dos dois últimos anos não é um resultado aceitável para um clube que se acostumou a levantar taças. Para o Antlers, a meta é sempre ser campeão. Depois do fracasso com o suíço René Weiler em 2022 e ainda relutante em voltar a tentar um treinador brasileiro (até porque os últimos não foram tão bem), a diretoria deu um voto de confiança no local Daiki Iwamasa, que começa a carreira de técnico e renovou o contrato para 2023 mesmo vindo de um segundo turno bem abaixo da expectativa, tanto em termos de conteúdo quanto de resultados. Além disso, nos jogos-treino e amistosos desta pré-temporada, derrotas para times da J2 (3x6 Tokushima Vortis, 1x5 Fagiano Okayama, 0x3 Machida Zelvia e 0x2 Mito HollyHock) deixaram um alerta de que ainda há muita coisa para ser arrumada.

O maior motivo para otimismo em Ibaraki é que os favoritos Frontale e F-Marinos não são mais tão favoritos assim. E o Antlers foi um dos times que mais se reformulou, com muitas opções novas para defesa e ataque. Zagueiro tem sido o ponto fraco da equipe e espera-se que o retorno de Gen Shoji e Naomichi Ueda, uma das melhores duplas de zaga que o Kashima já teve, resolva o problema. É verdade que Shoji vem de passagem ruim pelo Gamba Osaka e Ueda era reserva em um Nîmes que lutava contra o rebaixamento na segundona francesa, mas quem sabe eles não recuperem a antiga forma e entrosamento voltando a atuar juntos. Tomoya Fujii vinha se destacando como um incansável ala direito que corria sem parar no Sanfrecce Hiroshima; ele pode jogar no Kashima como um ponta ou um lateral ofensivo, como alternativa ao mais defensivo Keigo Tsunemoto (agora famoso como "o cara que parou Mitoma"). No gol, a disputa está em aberto. No fim da temporada passada, Iwamasa sacou o veterano Kwon Sun-tae em prol do jovem Yuya Oki, mas duas rodadas depois mudou de ideia e terminou o ano com outro jovem arqueiro, Tomoki Hayakawa, como titular.

O meio-campo perdeu o capitão Kento Misao, mas trouxe o promissor Kaishu Sano como reposição. É possível escalar um meio-campo mais técnico, com Diego Pituca e Yuta Higuchi, ou, dependendo da situação, um trio de volantes com Sano reforçando a marcação e dando mais liberdade ao camisa 10 Ryotaro Araki. O ataque, que procura desesperadamente por um parceiro para o astro Yuma Suzuki, foi a posição que mais ganhou reforços. Kei Chinen, o principal candidato a novo centroavante, vem de um período razoável no Kawasaki Frontale. Yuki Kakita, depois de incríveis seis anos emprestado (e sempre fazendo gols por Zweigen Kanazawa, Tokushima Vortis e Sagan Tosu), finalmente terá uma chance onde foi revelado. Itsuki Someno é outro prata da casa que retorna, mas com apenas quatro gols na bagagem após um ano emprestado ao Tokyo Verdy. Shu Morooka é uma promessa do futebol universitário e o nigeriano Blessing Eleke, indicação de Weiler, ainda não mostrou a que veio.

O destaque: Yuma Suzuki (atacante, 26/04/1996) - Fez um primeiro semestre absurdo em 2022, digno de MVP. Mas caiu de rendimento no segundo, assim como o resto do time. Além de carregar o ataque nas costas, tem uma personalidade oposta aos padrões japoneses. Parece até brasileiro. Ele catimba, simula, reclama, é falastrão... e geralmente decide. É amado pelos antleristas e odiado pelos rivais.

Fique de olho: Ryotaro Araki (meia, 29/01/2002) - Depois de ter sido eleito melhor jogador jovem de 2021, passou praticamente em branco em 2022, tanto por lesões quanto por não ter impressionado o então técnico René Weiler. Agora recuperado, está na hora de fazer jus à camisa 10 e mostrar por que é a maior joia do Kashima e um dos maiores talentos da geração Paris-2024. Pode atuar como meia central, com o time armado em função dele, ou na ponta esquerda.

A promessa: Keisuke Tsukui (zagueiro, 21/05/2004) - Avaliado pela Soccer Digest como "um zagueiro que nem parece do Kashima, no bom sentido" porque ele se destaca pelo posicionamento e leitura de jogo ao invés do instinto e do espírito de luta, como seus companheiros Ueda e Sekigawa, por exemplo. Ano passado, sofreu uma grave lesão que o tirou do Inter-High, o torneio colegial de verão, mas se destacou no torneio de inverno, mesmo com a eliminação da sua escola já na segunda partida. Conta-se que ele, como capitão que não perdeu uma única disputa pela bola, deu uma senhora bronca nos colegas após a derrota.

»» Havia boatos de que o motivo de Yuma Suzuki nunca ser convocado para a seleção japonesa era as críticas que ele fez nas redes sociais ao técnico Hajime Moriyasu. O próprio Suzuki, entretanto, revelou em entrevista ano passado que recebeu vários convites para jogar na seleção, mas recusou todos. "Quero me dedicar apenas ao clube", ele declarou.

Saíram:
Taiki Yamada (goleiro, 2002) - Fagiano Okayama [empréstimo]
Daiki Sugioka (lateral/zagueiro, 1998) - Shonan Bellmare [em definitivo]
Itsuki Oda (lateral, 1998) - Avispa Fukuoka
Bueno (zagueiro, 1995) - fim de contrato
Naoki Hayashi (zagueiro, 1998) - Tokyo Verdy [empréstimo]
Kento Misao (volante, 1996) - Santa Clara-POR
Yoshihiro Shimoda (volante, 2004) - promovido da base e imediatamente emprestado ao Iwaki FC
Ryuji Izumi (meia, 1993) - Nagoya Grampus
Everaldo (atacante, 19991) - Bahia

Chegaram:
Park Eui-jeong (goleiro, 2004) - Escola Técnica Hanyang-COR
Tomoya Fujii (lateral/meia, 1998) - Sanfrecce Hiroshima
Gen Shoji (zagueiro, 1992) - Gamba Osaka
Keisuke Tsukui (zagueiro, 2004) - Colégio Shohei
Naomichi Ueda (zagueiro, 1994) - Nîmes-FRA
Kaishu Sano (volante, 2000) - Machida Zelvia
Naoki Suto (meia, 2002) - Zweigen Kanazawa [retorno de empréstimo]
Itsuki Someno (atacante, 2001) - Tokyo Verdy [retorno de empréstimo]
Kei Chinen (atacante, 1995) - Kawasaki Frontale
Shu Morooka (atacante, 2000) - Universidade Internacional Tóquio
Yuki Kakita (atacante, 1997) - Sagan Tosu [retorno de empréstimo]

Time-base do Kashima Antlers em 2023 — Foto: Futebol no Japão

FC TOKYO - O que falta para ser campeão?

FC Tokyo [êfu xi tôquio] - Província: Tóquio - Cidade: Tóquio - Mascote: Tokyo Dorompa — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: 2º (2019)
Estádio: Ajinomoto Stadium (47.894)
Técnico: Albert Puig [Espanha] (desde 01/2022)
Expectativa: ★★★★

Quando o FC Tokyo foi comprado pouco antes da temporada passada pela gigante de mídia digital e produtora de jogos Mixi, a expectativa da torcida foi às alturas, imaginando que logo viriam grandes investimentos, contratações e títulos. O primeiro ano sob o novo dono, com o time comandado pelo catalão Albert Puig, ex-diretor da base do Barcelona, foi apenas razoável, com algumas atuações bem promissoras, outra vexatórias, e sem nunca ficar acima do quinto lugar e brigar de fato por algo maior. Ainda há muito o que melhorar no estilo de jogo barcelonesco (pelo menos o uniforme combina) que Puig implantou, principalmente quando a defesa é pressionada e quando enfrenta adversários mais retrancados. Mas o elenco tem qualidade em todos os setores e recebeu reforços que podem contribuir desde o início direto como titulares.

A contratação de mais impacto (e a mais surpreendente) foi a de Teruhito Nakagawa, MVP da J.League em 2019 e que teve grande contribuição também no último título do Yokohama F-Marinos. Talvez ele não tenha energia para começar sempre jogando, mas é sem dúvida um upgrade no setor. Kei Koizumi é outro que pode ajudar a subir a equipe de patamar. Sua visão de jogo e capacidade de distribuição de passes seriam úteis a qualquer outro time na liga; ele tem treinado como segundo volante, ao invés de mais recuado (posição que tende a continuar com Keigo Higashi), e compete com Shuto Abe, outro destaque do time, para compor o meio-campo com a joia Kuryu Matsuki. No ataque, Diego Oliveira segue como principal candidato a centroavante; no Japão desde 2016, ele teve em 2022 seu ano menos produtivo nesse período, com apenas quatro gols (apesar de ter ido bem como garçom, com cinco assistências, e da elogiada contribuição defensiva), e terá a concorrência do compatriota Pedro Perotti, autor de seis gols pela Chapecoense na Série B 2022, e quem sabe também do novato Naoki Kumata - Puig já mostrou que gosta de escalar jovens quando há talento suficiente. Com Leandro passando por altos e baixos, Adailton é o brasileiro que tem jogado melhor e muitas vezes é decisivo com suas arrancadas individuais, combinando força, velocidade e precisão. Quando o jogo coletivo não está dando certo, a estratégia de "lançar para o Adailton correr" até que tem sido eficiente.

A defesa não teve muitas mudanças. Jakub Slowik é incontestável no gol. O veterano e ainda selecionável "super saiyajin" Yuto Nagatomo, apesar de ser lateral esquerdo, tem atuado mais pela direita porque nenhum outro jogador se firmou na posição e também para dar espaço ao desenvolvimento de Kashif Bangnagande na esquerda, que pode se tornar uma importante arma com sua velocidade e cruzamentos. A experiente dupla de zaga Masato Morishige e Yasuki Kimoto geralmente é segura (apesar de eventuais apagões), mas o problema mesmo é quando um deles se machuca, até porque o brasileiro Henrique Trevisan vem de um ano quase sem jogar por causa de lesões.

O destaque: Jakub Slowik (goleiro, 31/08/1991) - Goleiro com mais clean sheets na temporada passada (14), o polonês manteve a boa forma que mostrou em Sendai e continuou entre os melhores da liga na posição em seu primeiro ano em Tóquio. Não costuma jogar adiantado e nem tem o jogo com os pés como característica, mas embaixo das traves sempre passa segurança.

Fique de olho: Kuryu Matsuki (meia, 30/04/2003) - Considerado a próxima estrela do futebol japonês, teve uma impressionante temporada de estreia em que foi titular desde a primeira rodada e se estabeleceu como um dos melhores e mais regulares do time - foi o segundo com mais participações em jogadas de ataque, só atrás de Adailton. Com muita energia e qualidade no passe, só precisa ser mais decisivo, pois seus números de gols (2) e assistências (3) podem melhorar.

A promessa: Naoki Kumata (atacante, 02/08/2004) - Um centroavante que é forte fisicamente, mas também tem um toque refinado. Tem feito gol de tudo quanto é jeito, especialmente com sua poderosa canhota, além de ter marcado recentemente golaços de bicicleta e de voleio. Muito bem avaliado pelos treinadores da base do Tokyo, espera-se que ele ganhe minutos já desde o início da trajetória como profissional.

»» O Estádio Nacional de Tóquio, mais conhecido como "Kokuritsu", não é a casa de nenhum clube da J.League, mas o FC Tokyo vai mandar dois jogos lá, contra o Kawasaki Frontale, pela 13ª rodada (12/05) e contra o Vissel Kobe, pela 25º rodada (26/08).

Saíram:
Akihiro Hayashi (goleiro, 1987) - Vegalta Sendai
Go Hatano (goleiro, 1998) - V-Varen Nagasaki [empréstimo]
Shuto Okaniwa (lateral, 1999) - Omiya Ardija [empréstimo renovado]
Makoto Okazaki (zagueiro, 1998) - Roasso Kumamoto
Rio Omori (zagueiro, 2002) - Omiya Ardija [empréstimo; estava emprestado ao FC Ryukyu]
Sodai Hasukawa (zagueiro, 1998) - Ventforet Kofu [empréstimo; estava emprestado ao Iwate Grulla Morioka]
Arthur Silva (volante, 1995) - Kataller Toyama [empréstimo renovado]
Hirotaka Mita (volante, 1990) - Yokohama FC
Manato Shinada (volante, 1999) - Ventforet Kofu [empréstimo]
Yuki Kajiura (volante, 2004) - Zweigen Kanazawa [empréstimo]
Kazuya Konno (meia, 1997) - Avispa Fukuoka
Kojiro Yasuda (meia, 2003) - Tochigi SC [empréstimo]
Takuya Uchida (meia, 1998) - Nagoya Grampus [empréstimo renovado]
Yojiro Takahagi (meia, 1986) - Tochigi SC [em definitivo]
Keita Yamashita (atacante, 1996) - Shonan Bellmare [empréstimo]
Luiz Phellype (atacante, 1993) - fim de empréstimo com o Sporting-POR

Chegaram:
Taishi Brandon Nozawa (goleiro, 2002) - Iwate Grulla Morioka [retorno de empréstimo]
Shuhei Tokumoto (lateral, 1995) - Fagiano Okayama
Kanta Doi (zagueiro, 2004) - promovido da base
Renta Higashi (zagueiro, 2004) - promovido da base
Kei Koizumi (volante, 1995) - Sagan Tosu
Tsubasa Terayama (volante, 2000) - Universidade Juntendo
Hisatoshi Nishido (meia, 2001) - Universidade Waseda
Kota Tawaratsumida (meia, 2004) - promovido da base
Teruhito Nakagawa (meia, 1992) - Yokohama F-Marinos
Yuta Arai (meia, 2004) - Colégio Shohei
Leon Nozawa (atacante, 2003) - SC Sagamihara [retorno de empréstimo]
Naoki Kumata (atacante, 2004) - promovido da base
Pedro Perotti (atacante, 1997) - Chapecoense [empréstimo]

Time-base do FC Tokyo em 2023 — Foto: Futebol no Japão

URAWA REDS - Olho na Ásia e na J.League

Urawa Reds [uráua rêdzu] - Província: Saitama - Cidade: Saitama - Mascote: Redia — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: Campeão (2006)
Estádio: Saitama Stadium 2002 (62.010)
Técnico: Maciej Skorza [Polônia] (desde 01/2023)
Expectativa: ★★★½

O projeto era ser campeão em 2022. Não deu certo. Na verdade, passou muito longe disso, com o time beirando até a zona de rebaixamento no primeiro turno. Mas ter chegado à final da Liga dos Campeões da Ásia (com um dos jogos mais emocionantes da história do clube na semifinal contra o Jeonbuk) mostrou que o Urawa Reds não está tão fora da rota assim. Só que o fraco desempenho na liga fez a diretoria não renovar com o espanhol Ricardo Rodríguez e ir atrás de um novo comandante. Maciej Skorza (pronuncia-se "matiei scôrdja") chegou com um histórico de ter vencido quatro vezes o Campeonato Polonês (incluindo em 2021-22 pelo Legia Warsaw) para tentar conquistar em Saitama seu quinto título nacional. O apoio da torcida mais fanática do Japão pode ser crucial ainda mais agora que não há mais restrição de público nos estádios japoneses. O elenco é bom e supostamente deveria ter disputado o título ano passado, mas o setor ofensivo ficou desfalcado com as saídas de três jogadores importantes: Yusuke Matsuo, que foi realizar o sonho de atuar na Europa; Kasper Junker, que vinha de temporada discreta apesar de ser adorado pela torcida; e Ataru Esaka, que surpreendentemente se transferiu para a Coreia do Sul.

O Urawa de Rodríguez tinha muita posse de bola, mas frequentemente sofria para fazer gols com a bola rolando e 40% dos seus gols na última J1 vieram de bola parada. O ataque não seria um problema tão grande se a contratação de Giorgos Giakoumakis tivesse se concretizado. O grego foi artilheiro do Campeonato Escocês pelo Celtic e quase se mudou para Saitama, mas no fim das contas se transferiu para o Atlanta United na MLS. Bryan Linssen fica, então, como primeira opção para ser o centroavante, mas ele praticamente não foi visto em ação ainda com a camisa dos Reds, pois se lesionou logo depois de ser contratado. Toshiki Takahashi, artilheiro do Roasso Kumamoto na J2, disputa a posição com ele, enquanto Shinzo Koroki, um ídolo da torcida com seus 36 anos, deve fazer aparições esporádicas antes de pendurar as chuteiras. Yoshio Koizumi tem talento para fazer a equipe não sentir falta de Esaka (Koizumi vinha até deixando Esaka no banco) e terá a companhia dos habilidosos David Moberg e Tomoaki Okubo no meio-campo, com uma sólida dupla de volantes mais atrás formada pelo experiente e preciso Ken Iwao (quem diria que um veterano vindo do modesto Tokushima se encaixaria tão bem) e pelo jovem Atsuki Ito, que tem evoluído cada vez mais.

A defesa tem tudo para continuar como um ponto forte. O selecionável Hiroki Sakai é incontestável na lateral direita, enquanto Takuya Ogiwara, uma joia local que volta de empréstimo, compete na esquerda com Ayumu Ohata, uma promessa que ainda não alcançou seu potencial. Na zaga, a saída de Takuya Iwanami era certa e ele até deixou a pré-temporada para ir negociar com o Al Sadd, mas não se acertou com os cataris e acabou voltando para o Urawa. No entanto, pode perder a titularidade, pois o Reds já tinha contratado seu substituto: O norueguês Marius Høibråten, que foi bicampeão nacional pelo Bodø/Glimt e formará a primeira dupla de zaga escandinava da história da J.League ao lado do dinamarquês Alexander Scholz, que é um pilar da equipe. Outro pilar é o goleiro Shusaku Nishikawa, que mesmo veterano continua em alto nível e não tem dado espaço para a joia Zion Suzuki, que vem atuando apenas nas copas e pela seleção olímpica.

O destaque: Alexander Scholz (zagueiro, 24/10/1992) - Ele já foi MVP do Campeonato Dinamarquês e tem mostrado sua classe também no Japão como um dos melhores zagueiros da J1. Além de dar segurança à defesa, tem uma ótima saída de bola e ainda faz muitos gols de pênalti. Curiosidade: apesar de nascido na Dinamarca, seus pais são alemães.

Fique de olho: Atsuki Ito (volante, 11/08/1998) - São poucos os jogadores capazes de se formar na base do Urawa e se manterem no time profissional. Atsuki Ito é um deles (mesmo que só tenha conseguido depois de se graduar na universidade) e evoluiu bastante ano passado, no que foi sua segunda temporada na J.League. Já é um nome imprescindível ao time, como aquele meio-campista que vai de área a área, se dedica à marcação e ainda tem bons números ofensivos: foram quatro gols e três assistências na J1 passada.

A promessa: Yota Horiuchi (volante, 08/07/2004) - Entrou no sub-18 do Urawa no ensino médio e chamou a atenção desde o primeiro ano. No segundo, virou titular. No terceiro, passou a usar a camisa 10 e a braçadeira de capitão. Nobuyasu Ikeda, que era treinador da base e agora está na comissão técnica de Skorza, comparou Horiuchi a Keita Suzuki: "Acho que ele é um símbolo do Urawa. Tem liderança e é aquele jogador para carregar o piano no meio do campo. Estou animado para ver como ele vai se desenvolver." O próprio Horiuchi tem Wataru Endo, ex-Urawa e hoje no Stuttgart, como modelo.

»» O Urawa Reds se classificou para a final da AFC Champions League no dia 25 de agosto de 2022, mas a final vai acontecer apenas em 29 de abril (ida) e 6 de maio (volta) de 2023. A princípio, a grande decisão seria no final de fevereiro, mas coincidiu que o Saisuta (apelido do Saitama Stadium 2002) não estaria disponível nessa época porque seria o período de renovação do gramado. Além disso, o Reds estaria em início de temporada e fora da melhor forma física para disputar um jogo tão importante, enquanto o adversário do Oriente Médio (a ser definido) estaria em reta final de temporada e em melhores condições físicas. A torcida do Urawa não aceitou que o jogo fosse transferido para o Kokuritsu (Estádio Nacional de Tóquio), protestou fortemente e, no fim das contas, a AFC decidiu adiar a final em dois meses.

Saíram:
Ryo Ishii (goleiro, 2000) - ThespaKusatsu Gunma [estava emprestado ao YSCC Yokohama]
Ryuya Fukushima (lateral, 2002) - Kochi United [empréstimo; estava emprestado ao SC Sagamihara]
Yuta Miyamoto (lateral, 1999) - KMSK Deinze-BEL [empréstimo]
Kota Kudo (zagueiro, 2003) - Fujieda MYFC [empréstimo]
Yudai Fujiwara (zagueiro, 2002) - Machida Zelvia [empréstimo; estava emprestado ao SC Sagamihara]
Daiki Kaneko (volante, 1998) - Kyoto Sanga [em definitivo]
Ataru Esaka (meia, 1992) - Ulsan Hyundai-COR
Hidetoshi Takeda (meia, 2001) - Mito HollyHock [empréstimo; estava emprestado ao Omiya Ardija]
Yusuke Matsuo (meia, 1997) - Westerlo-BEL [empréstimo]
Kasper Junker (atacante, 1994) - Nagoya Grampus [empréstimo]
Kenyu Sugimoto (atacante, 1992) - Júbilo Iwata [em definitivo]
Rei Kihara (atacante, 2003) - Nagano Parceiro [empréstimo]

Chegaram:
Shun Yoshida (goleiro, 1996) - Oita Trinita
Takuya Ogiwara (lateral, 1999) - Kyoto Sanga [retorno de empréstimo]
Marius Høibråten (zagueiro, 1995) - Bodø/Glimt-NOR
Ken Iwao (volante, 1988) - Tokushima Vortis [em definitivo]
Yota Horiuchi (volante, 2004) - promovido da base
Shinzo Koroki (atacante, 1986) - Hokkaido Consadole Sapporo [retorno de empréstimo]
Toshiki Takahashi (atacante, 1998) - Roasso Kumamoto

Time-base do Urawa Reds em 2023 — Foto: Futebol no Japão

KASHIWA REYSOL - Para que a mágica de Nelsinho se repita

Kashiwa Reysol [kaxíua reissôru] - Província: Chiba - Cidade: Kashiwa - Mascote: Rey-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2022:
Melhor colocação na J1: Campeão (2011)
Estádio: Sankyo Frontier Kashiwa Stadium (15.109)
Técnico: Nelsinho Baptista [Brasil] (desde 01/2019)
Expectativa: ★★★

De candidato ao rebaixamento a postulante a vaga na ACL, o Kashiwa Reysol foi uma das surpresas de 2022. Nelsinho Baptista, reforçando ainda mais o status de ídolo máximo do clube, teve sucesso em reconstruir a equipe protegendo melhor a defesa e contando com jogadores que fizeram a diferença na frente como Matheus Sávio e Mao Hosoya. Se o Reysol deste ano for o mesmo do primeiro semestre do ano passado, coisas boas virão. Mas se for o mesmo do segundo semestre, há motivos para preocupação. A defesa perdeu nada menos que três titulares, incluindo seu melhor zagueiro, Yuji Takahashi (Shimizu S-Pulse), além de Takumi Kamijima (Yokohama F-Marinos) e Takuma Ominami (Kawasaki Frontale). Taiyo Koga, o capitão, continua, mas ele não é o mais seguro dos defensores e pode ficar exposto em uma defesa com dois zagueiros. Yugo Tatsuta, seu novo parceiro, pode melhorar a saída de bola e o jogo aéreo, mas também não é conhecido pela segurança. Se um deles não corresponder, o jovem Hayato Tanaka está de prontidão. Eiichi Katayama é aquele coringa que faz várias funções, como lateral, zaga e ala, mas a princípio cobre a lateral direita que tem sido "terra de ninguém".

Um reforço que pode contribuir bastante é Diego Jara, que em seis anos de Japão jogou seu melhor futebol ano passado pelo Sagan Tosu e tem a versatilidade de poder ser zagueiro pela esquerda, lateral e ala. No gol, Tatsuya Morita traz experiência e mais competição para o titular e promessa da seleção olímpica Masato Sasaki. Tomoki Takamine é um recém-chegado que tem tudo para se firmar, seja como primeiro volante ou como zagueiro em linha de três. O meio-campo agora tem Keiya Sento para reviver a fantástica dupla que formou com Tomoya Koyamatsu no Kyoto Sanga (Sento vem de um ano discreto no Nagoya Grampus, mas ao lado do antigo colega pode recuperar a melhor forma), além de Kota Yamada, uma promessa do Yokohama F-Marinos que só se desenvolveu na J2, especialmente no Montedio Yamagata, com 13 gols e 10 assistências na soma dos dois últimos anos. Yamada fez boa pré-temporada e pode ganhar um lugar entre os titulares.

O ataque tem muitas opções. Mao Hosoya, eleito melhor jogador jovem de 2022 (e certamente no radar de clubes europeus), a princípio é titular como referência na frente, mas também pode atuar ao lado de um centroavante de ofício, como o recém-chegado holandês Jay-Roy Grot (sem parentesco com o Groot de Guardiões da Galáxia), que jogou pelas categorias de base da seleção da Holanda, é elegível para ser convocado pelo Suriname e era vice-artilheiro do Campeonato Dinamarquês na pausa de inverno. Grot foi contratado por cerca de 2 milhões de dólares, mesmo valor que o Reysol comprou Pedro Raul do Botafogo e vendeu ao Vasco. Ainda há Yuki Muto como aquele jogador que entra no segundo tempo para mudar a partida (e ele tem sido bastante eficiente como um "super-reserva"). Outra boa opção, mas que não estará disponível no início, é o brasileiro Douglas, que jogou pouco ano passado porque operou o menisco do joelho esquerdo em maio e precisou passar por nova cirurgia em novembro. Vale observar também as novas promessas; o Kashiwa tem nada menos que cinco novatos, além de outros cinco que começaram a carreira ano passado. Nelsinho, que vai para sua 11ª temporada no clube (foram seis anos na primeira passagem), já mostrou que não tem medo de colocar a garotada em campo e, conhecendo o histórico da base, uma das melhores do país, dá para esperar coisa boa.

O destaque: Matheus Sávio (meia, 15/04/1997) - Depois de três temporadas sem se firmar no futebol japonês, o brasileiro teve um 2022 brilhante. Esteve entre os melhores jogadores do campeonato no primeiro semestre (lembrou até o Leandro Domingues de 2011) e foi a principal razão para o excelente início de campanha do Reysol. Caiu de rendimento no segundo turno e o time caiu junto com ele. Se o camisa 10, que ano passado liderou a J.League no quesito chances criadas (91), voltar a mostrar seu melhor futebol, as chances de o Kashiwa ir mais longe aumentam.

Fique de olho: Masato Sasaki (goleiro, 01/05/2002) - Muito se fala de Leo Kokubo (Benfica) e Zion Suzuki (Urawa) como goleiro do futuro do Japão, mas no momento o que mais se destaca na geração Paris-2024 é Sasaki, que tomou conta da posição quando Kim Seung-gyu se transferiu para a Arábia Saudita e vem correspondendo à confiança de Nelsinho. Ainda tem muito o que evoluir, mas parece estar no caminho certo.

A promessa: Riku Ochiai (meia, 23/05/1999) - É o mais velho entre os cinco novatos do Reysol, pois passou um ano como "rounin" ao terminar o ensino médio sem ser promovido para o profissional e nem entrar na faculdade. Ele chegou a jogar como amador na liga regional de Kanto pelo Vonds Ichihara em 2018, mas em seguida foi para a universidade e, agora formado, enfim começa a carreira na J.League. Era um talento que sempre foi bem avaliado no Reysol, clube onde atuou em todas as categorias de base e sempre com a camisa 10.

»» Grot é apenas o quinto jogador europeu da história do Kashiwa Reysol, que sempre contratou principalmente brasileiros. Os outros quatro foram o búlgaro Hristo Stoichkov (1998-99), o romeno Pavel Badea (1999), o sérvio Sasa Drakulic (2000) e Ippey Shinozuka (2021), que apesar de ter nascido no Japão, tem cidadania russa por causa da mãe (o Japão não reconhece dupla nacionalidade).

Saíram:
Haruhiko Takimoto (goleiro, 1997) - FC Imabari [em definitivo]
Kazushige Kirihata (goleiro, 1987) - aposentou-se [estava emprestado ao FC Gifu]
Kengo Kitazume (lateral, 1992) - Shimizu S-Pulse
Takuma Otake (lateral, 2002) - Ehime FC [empréstimo]
Takuma Ominami (zagueiro, 1997) - Kawasaki Frontale
Takumi Kamijima (zagueiro, 1997) - Yokohama F-Marinos
Yuji Takahashi (zagueiro, 1993) - Shimizu S-Pulse
Yuta Someya (zagueiro, 1986) - aposentou-se
Dodi (volante, 1996) - Santos
Hidekazu Otani (volante, 1984) - aposentou-se
Ippey Shinozuka (meia, 1995) - fim de contrato [estava emprestado ao Albirex Niigata]
Yuto Yamada (meia, 2000) - Tochigi SC [empréstimo]
Kaito Mori (atacante, 2000) - Tokushima Vortis [empréstimo]
Pedro Raul (atacante, 1996) - Vasco [estava emprestado ao Goiás]
Rodrigo Angelotti (atacante, 1998) - Omiya Ardija [empréstimo]

Chegaram:
Tatsuya Morita (goleiro, 1990) - Sagan Tosu
Diego Jara (lateral/zagueiro, 1995) - Sagan Tosu
Eiichi Katayama (lateral, 1991) - Shimizu S-Pulse
Yugo Tatsuta (zagueiro, 1998) - Shimizu S-Pulse
Kazuki Kumasawa (volante, 2001) - Universidade Ryutsu Keizai
Tomoki Takamine (volante, 1997) - Hokkaido Consadole Sapporo
Faruzan Sana Mohamado (meia, 2004) - promovido da base
Keiya Sento (meia, 1994) - Nagoya Grampus
Kota Yamada (meia, 1999) - Montedio Yamagata
Riku Ochiai (meia, 1999) - Universidade Internacional Tóquio
Jay-Roy Grot (atacante, 1998) - Viborg-DIN
Ota Yamamoto (atacante, 2004) - promovido da base
William Owie (atacante, 2004) - Colégio Nippon Taiiku Kashiwa

Time-base do Kashiwa Reysol em 2023: Nelsinho escalou o time no 4-3-3 no último amistoso de pré-temporada, com apenas um volante (Takamine), com a dupla Sento-Koyamatsu juntos e com Hosoya no comando do ataque. Como o treinador brasileiro muda com frequência o sistema tático, é bem possível que teremos mudanças durante a temporada, como uma linha de três zagueiros, um meio-campo mais defensivo com Takamine ao lado de Shiihashi e uma linha de frente com dois atacantes, já que há muitas opções no setor — Foto: Futebol no Japão

NAGOYA GRAMPUS - A cobrança será maior

Nagoya Grampus [nagôia gurámpas] - Província: Aichi - Cidades: Nagoya e Toyota - Mascote: Grampus-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2021:
Melhor colocação na J1: Campeão (2010)
Estádio: Toyota Stadium (43.739)
Técnico: Kenta Hasegawa (desde 01/2022)
Expectativa: ★★★

O oitavo lugar de 2022 foi um resultado frustrante dada a qualidade do elenco do Nagoya Grampus, ainda mais porque na maior parte do ano a Orca ficou na metade de baixo da tabela. A mudança para um sistema de três zagueiros no final da temporada deu um novo gás e agora Kenta Hasegawa vai para seu segundo ano no comando, mas seu emprego estará em risco se o futebol e, principalmente, os resultados não melhorarem. Afinal, o Grampus tem em Mitchell Langerak um dos melhores goleiros da liga (e que injustamente não foi convocado para disputar a Copa do Mundo pela Austrália), tem em Shinnosuke Nakatani um zagueiro quase do nível de seleção e em Haruya Fujii uma promessa em evolução; tem em Sho Inagaki um dos melhores volantes e que foi o líder de desarmes da J1 2022 (105); e tem em Mateus Castro um camisa 10 que poderia até almejar o prêmio de MVP.

Mateus faz de tudo e carrega nas costas o ataque do Nagoya, mas falta um companheiro mais eficiente para o ajudar, ainda mais agora que Yuki Soma foi se aventurar em Portugal. Enquanto Noriyoshi Sakai foi decepcionante e Leonardo (também conhecido como Naldinho) jogou poucos minutos desde que chegou do futebol chinês, o veterano Kensuke Nagai tem sido o único atacante que de alguma forma correspondeu, por isso a chegada de Kasper Junker é tão importante. O dinamarquês teve um início explosivo no Urawa, mas não manteve o ritmo nos meses seguintes e acabou emprestado pelo clube de Saitama. Espera-se que ele tenha mais sorte que os centroavantes estrangeiros anteriores - as trajetórias tanto de Jô quanto de Jakub Świerczok começaram muito bem, mas terminaram de forma desastrosa, com o brasileiro abandonando o contrato e o polonês banido por ter sido pego no anti-dopping. A saída de Soma também preocupa e há uma grande dúvida de quem ocupará a ala esquerda agora. Takuya Uchida já chegou a fazer essa função. O novo brasileiro, Thales Castro, também pode atuar por ali, assim como a joia Hidemasa Koda, que também tem sido testado na posição.

O meio-campo perdeu dois titulares, mas foram baixas que já eram esperadas. Léo Silva já está com 37 anos e perto de se aposentar, enquanto Keiya Sento nunca cumpriu as expectativas. Takuji Yonemoto, de volta de empréstimo, e Riku Yamada, um destaque do Ventforet Kofu campeão da Copa do Imperador, podem fazer a função mais defensiva no meio, enquanto Ryuji Izumi é aquele meia polivalente que não brilha, mas cumpre a função tática. Na defesa, que é o ponto forte, Yuki Nogami não é exatamente um upgrade, mas tem bastante rodagem e pode ser uma boa para compor elenco. Se manter a força da defesa e resolver os problemas do ataque, pelo menos potencial o Nagoya tem de sobra para ir mais longe.

O destaque: Mateus Castro (meia, 11/09/1994) - Nenhum outro jogador tem feito tanto a diferença para seu time na J1. Particularmente, o lado direito do Grampus tem funcionado bem com a saída de bola passando por Nakatani e Morishita até chegar em Mateus. Habilidoso, com um chute potente e preciso nas bolas paradas (é o único que marcou gol de falta em todas as últimas quatro temporadas da J1), ele já vai para sua nona temporada no futebol japonês e se estabeleceu entre os melhores brasileiros da J.League.

Fique de olho: Thales Castro (meia, 29/06/2001) - Paranaense que começou a carreira no PSTC, chegou ao Japão por uma rota nada comum: foi para jogar e estudar no Colégio Syugakukan, de Kumamoto. Após se formar no ensino médio, foi contratado pelo Roasso Kumamoto e contribuiu na campanha do acesso na J3 em 2021. Ano passado, assinou com o Nagoya, mas continuou no Kumamoto, por empréstimo; sofreu com várias lesões e pouco entrou em campo na J2. Agora vai estrear na J1. Como já fala japonês, será que ele vai se naturalizar no futuro?

A promessa: Ei Gyotoku (zagueiro, 17/12/2004) - Considerado o principal zagueiro do futebol colegial no último ano, era o capitão da famosa escola Shizuoka Gakuen (Shizugaku). Com 1,85 m de altura, é forte no jogo aéreo, mas também possui técnica com a bola no pé. É convocado para as seleções de base desde os 15 anos.

»» O Nagoya Grampus terá um novo emblema a partir de 2024, que será desenhado com a participação de até 50 torcedores selecionados.

Saíram:
Tsubasa Shibuya (goleiro, 1995) - Ventforet Kofu
Kazuya Miyahara (lateral, 1996) - Tokyo Verdy
Shumpei Naruse (lateral, 2001) - Montedio Yamagata [empréstimo; estava emprestado ao Fagiano Okayama]
Yutaka Yoshida (lateral, 1990) - Shimizu S-Pulse
Akira Yoshida (zagueiro, 2001) - Tochigi City [estava emprestado ao FC Maruyasu Okazaki]
Tiago Pagnussat (zagueiro, 1990) - fim de empréstimo com o Cerezo Osaka
Léo Silva (volante, 1985) - Moto Club
Ryota Nagaki (volante, 1988) - fim de empréstimo com o Shonan Bellmare
Hiroyuki Abe (meia, 1989) - Shonan Bellmare [em definitivo]
Keiya Sento (meia, 1994) - Kashiwa Reysol
Yuki Soma (meia, 1997) - Casa Pia-POR [empréstimo]
Yoichiro Kakitani (atacante, 1990) - Tokushima Vortis

Chegaram:
Daiki Mitsui (goleiro, 2001) - Azul Claro Numazu [retorno de empréstimo]
Ei Gyotoku (zagueiro, 2004) - Colégio Shizuoka Gakuen
Yuki Nogami (zagueiro, 1991) - Sanfrecce Hiroshima
Riku Yamada (volante, 1998) - Ventforet Kofu
Takuji Yonemoto (volante, 1990) - Shonan Bellmare [retorno de empréstimo]
Ryuji Izumi (meia, 1993) - Kashima Antlers
Takuya Uchida (meia, 1998) - FC Tokyo [empréstimo renovado]
Thales Castro (meia, 2001) - Roasso Kumamoto [retorno de empréstimo]
Kasper Junker (atacante, 1994) - Urawa Reds [empréstimo]

Time-base do Nagoya Grampus em 2023 — Foto: Futebol no Japão

VISSEL KOBE - Procurando o melhor ponto do bife

Vissel Kobe [vísseru kôbe] - Província: Hyogo - Cidade: Kobe - Mascote: Movi — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 13º
Melhor colocação na J1: 3º (2021)
Estádio: Noevir Stadium Kobe (28.962)
Técnico: Takayuki Yoshida (desde 06/2022)
Expectativa: ★★★

Muitos apostavam que o Vissel Kobe, que tinha começado 2022 entre os candidatos ao título, acabaria rebaixado após o péssimo início de campanha. O time passou quase todo o ano na zona de rebaixamento, mas escapou com uma arrancada no final. Takayuki Yoshida, em sua terceira passagem como técnico do clube, fez mais uma vez o papel do "bombeiro" e apagou o incêndio fazendo o time jogar de forma mais simples e direta, com um esquema híbrido de 4-4-2 e 4-3-3 e apostando nos ataques rápidos pelas pontas com Koya Yuruki pela esquerda e Nanasei Iino pela direita para municiar o centroavante Yuya Osako. Deu certo e as cinco vitórias seguidas na reta final evitaram o que seria um vexame épico e o Boi terminou em um confortável 13ª lugar. Yoshida agora busca a estabilidade que dificilmente um técnico tem no Vissel (nos últimos seis anos, só em 2021 o treinador não foi trocado durante a temporada). A cobrança, a princípio, pode até não ser tão grande quanto ano passado, mas o elenco tem qualidade suficiente para muito mais que uma campanha de meio de tabela.

É verdade que não veio nenhum reforço para ser titular além de Matheus Thuler, que estava emprestado pelo Flamengo e agora acertou em definitivo com o Vissel - o clube japonês pagou 1 milhão de dólares para ter 50% dos direitos do jogador. Pelo mesmo valor, veio o também brasileiro Jean Patric, que no vizinho Cerezo Osaka era aquele ponta velocista que entrava no segundo tempo para mudar o jogo. Mitsuki Saito, um volante talentoso, mas que não deu certo na passagem pela Rússia (em grande parte por causa de uma lesão) e nem na bagunça do Gamba Osaka, é um que pode ganhar minutos dependendo da forma de Iniesta, que já está com 38 anos, sofre cada vez mais com problemas físicos e pode até se aposentar em breve.

Por outro lado, o Kobe não depende mais tanto de seu craque espanhol e pode concentrar as responsabilidades nos vários veteranos ex-seleção japonesa como Osako, Yoshinori Muto, Hotaru Yamaguchi e Gotoku Sakai. Osako e o montenegrino Stefan Mugosa, que ainda não mostrou a que veio, teriam condições até de disputar a artilharia. Yuruki está no auge da forma e se tornou um diferencial do time. Na defesa, Thuler e Ryuho Kikuchi podem formar uma boa dupla e Iino e Sakai são laterais acima da média. O problema está embaixo das traves; Maekawa é o mais inseguro entre os goleiros titulares da J1 e deve manter a posição por enquanto, já que a transferência de Hugo Souza, do Flamengo, foi abortada de última hora e o plano B Phelipe Megliolaro, que não disputa uma partida oficial desde outubro de 2021, quando estava emprestado pelo Grêmio ao FC Dallas, só chegou no fim da pré-temporada.

O destaque: Ryuho Kikuchi (zagueiro, 09/12/1996) - Esteve entre os melhores zagueiros da J1 nos últimos dois anos. Apesar de ter cometido mais falhas do que deveria no primeiro turno de 2022, no geral teve muito mais jogos com atuações positivas e foi importante na recuperação do time na reta final. Como ele ainda não tem uma convocação para a seleção é um mistério, mas talvez Moriyasu não seja fã do seu estilo de jogo mais agressivo e ousado, que lembra até Marcus Tulio Tanaka.

Fique de olho: Koya Yuruki (meia, 03/07/1995) - Já teve certo destaque na passagem pelo Urawa Reds, mas em Kobe viveu o melhor ano da carreira em 2022. Atuando pela ponta esquerda, tem sido um dos jogadores mais decisivos do Vissel e fechou o ano passado com oito gols e dez assistências somando todas as competições. Em um elenco cheio de nomes famosos, o titular com menos grife é o que tem ido melhor no ataque.

A promessa: Juzo Ura (meia, 21/05/2004) - Jogou pela base do Sagan Tosu e pela renomada escola Higashi Fukuoka e agora começa a carreira profissional no Vissel. Tem a velocidade como ponto forte e é capaz de correr 50 metros em seis segundos. Tem melhorado no aspecto físico e na marcação. Por causa de uma lesão, acabou não jogando o último torneio colegial, onde sua escola foi derrotada ainda na eliminatória na província, mas é visto como um nome de bom potencial.

»» O meia Shuhei Kawasaki foi contratado pelo Vissel Kobe, que tem a empresa Kawasaki como patrocinadora nas costas do uniforme. Assim, a camisa do jogador terá "Kawasaki" escrito duas vezes nas costas.

Saíram:
Genta Ito (goleiro, 2000) - FC Imabari [estava emprestado ao ThespaKusatsu Gunma]
Hiroki Iikura (goleiro, 1986) - Yokohama F-Marinos
Nagisa Sakurauchi (lateral, 1989) - FC Imabari
Tomoaki Makino (zagueiro, 1987) - aposentou-se
Yuki Kobayashi (zagueiro, 2000) - Celtic-ESC
Tatsunori Sakurai (volante, 2002) - Tokushima Vortis [empréstimo renovado]
Yuki Kobayashi (volante, 1992) - Hokkaido Consadole Sapporo
Shion Inoue (meia, 1997) - Yokohama FC
Yuta Goke (meia, 1999) - Vegalta Sendai
Bojan Krkic (atacante, 1990) - fim de contrato
Noriaki Fujimoto (atacante, 1989) - Kagoshima United
Yutaro Oda (atacante, 2001) - Heart of Midlothian-ESC [empréstimo]

Chegaram:
Phelipe Megliolaro (goleiro, 1999) - Grêmio
Yuki Honda (lateral/zagueiro, 1991) - Kyoto Sanga
Matheus Thuler (zagueiro, 1999) - Flamengo [em definitivo]
Shogo Terasaka (zagueiro, 2004) - promovido da base
Mitsuki Saito (volante, 1999) - Shonan Bellmare [empréstimo; estava emprestado ao Gamba Osaka]
Shuto Adachi (volante, 2004) - promovido da base
Haruya Ide (meia, 1994) - Tokyo Verdy
Jean Patric (meia, 1997) - Cerezo Osaka
Juzo Ura (meia, 2004) - Colégio Higashi Fukuoka
Shuhei Kawasaki (meia, 2001) - Portimonense-POR [empréstimo]
Toya Izumi (meia, 2000) - Universidade Biwako Seikei Sport College
Niina Tominaga (atacante, 2004) - promovido da base

Time-base do Vissel Kobe em 2023 — Foto: Futebol no Japão

GAMBA OSAKA - Vem aí o tiqui-taca de Suita

Gamba Osaka [gámba ôssaka] - Província: Osaka - Cidade: Suita - Mascote: Gamba Boy — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 15º
Melhor colocação na J1: Campeão (2005, 2014)
Estádio: Panasonic Stadium Suita (39.694)
Técnico: Dani Poyatos [Espanha] (desde 01/2023)
Expectativa: ★★★

O Gamba Osaka é um dos clubes mais vencedores da era profissional do futebol japonês, mas vive um período de vacas magras e vem flertando com o rebaixamento nos últimos anos, em uma combinação de mal planejamento, estrelas que não rendem, promessas que não vingam e o puro e simples azar. Depois do fracasso do projeto "Katanosoccer" e de ter escapado por pouco da queda, a ideia agora é tentar algo diferente com Dani Poyatos, que será o primeiro técnico espanhol da história do clube. Poyatos já conhece o Japão, pois treinou o Tokushima Vortis nos últimos dois anos, mas os resultados não impressionaram: rebaixado na J1 em 2021 e oitavo lugar na J2 em 2022, quando quebrou o recorde de empates da liga (23).

Mais do que resultados, o Gamba decidiu investir em uma filosofia. O novo comandante adota um estilo de jogo focado em posse de bola, para controlar sempre o jogo e dar poucas chances de gol ao adversário. O Tokushima de Poyatos teve ano passado a melhor defesa da J2 (junto com o Albirex Niigata) porque não deixava o adversário ter a bola e chutar a gol - o que tem sido o maior problema do Gamba, time que mais cede finalizações na J1. Por outro lado, o domínio que o Vortis tinha não se transformava em gols, pois a equipe rodava muito a bola e finalizava pouco. Em suma, o Gamba chega como maior incógnita nesta J.League, aquele time que poderia disputar as primeiras posições se tudo der certo, assim como não seria surpresa se continuasse a sofrer na parte de baixo da tabela.

Pelo menos a movimentação no mercado aumentou um pouco o otimismo. Riku Handa é uma grande promessa da atual geração olímpica. Kosei Tani é o mais talentoso entre os goleiros da última geração olímpica e seu retorno deixa o Gamba com dois arqueiros melhores que a maioria dos titulares da J1. Handa e Tani, aliás, são nomes com potencial para a seleção principal japonesa. Naohiro Sugiyama brilhou pelo Roasso Kumamoto na última J2, com nove gols e quatro assistências. A manutenção dos brasileiros Dawhan e Juan Alano também foi comemorada. E ainda vieram dois estrangeiros de origens incomuns: Neta Lavi, o primeiro jogador israelense da história da J.League, defende a seleção do seu país e tem experiência na Champions League. Issam Jebali, o primeiro tunisiano da história do Gamba, foi titular por sua seleção na última Copa do Mundo e até já fez gol em Suita, no amistoso contra o Japão pouco antes do Mundial do Catar.

O destaque: Masaaki Higashiguchi (goleiro, 12/05/1986) - Apesar de ter perdido o primeiro turno da temporada passada lesionado, voltou a tempo de salvar o Gamba com excelentes atuações na reta final e terminou com a melhor média de defesas por jogo (4,2) e a melhor porcentagem de chutes defendidos (76,9%) da J1 (considerando apenas os goleiros titulares). Não só em 2022, foi destaque do time também nos anos anteriores e já vai para a décima temporada defendendo o Azul e Preto.

Fique de olho: Takashi Usami (atacante, 06/05/1992) - O fato de ele ter sofrido uma lesão séria no tendão de Aquiles logo no início da campanha em 2022 comprometeu todo o resto do ano. Usami é o mais talentoso do elenco e aquele que pode subir o time de patamar quando em boa forma. Resta ver se ele vai transformar a frustração dos últimos anos em motivação para voltar a brilhar ou continuar em decadência assim como Yoichiro Kakitani, que teve trajetória parecida no rival Cerezo Osaka.

A promessa: Riku Handa (lateral, 01/01/2002) - Uma das principais promessas da geração Paris-2024 para a lateral direita, vinha se destacando pelo Montedio Yamagata na J2 e havia rumores até de interesse de clubes europeus. Por ter começado a carreira jogando na zaga, ele tem a marcação como ponto forte, mas também evoluiu no apoio ao ataque - nas últimas duas temporadas, teve três gols e oito assistências.

»» Maldição do estádio? O Gamba Osaka não conquista um título desde a Copa do Imperador de 2015. A partir de 2016, quando o Panasonic Stadium Suita foi inaugurado, são cinco vices (um na J.League, um na Copa do Imperador, um na Copa da Liga e dois na Supercopa) e nenhum troféu. Nesse período, apenas em 2018 e 2019 o time somou mais pontos em casa do que fora. Aliás, o "Suitão" também é conhecido como um estádio azarado para a seleção japonesa, que teve lá os maiores vexames da era Moriyasu, como a goleada por 1x4 para a Venezuela, os 0x3 contra a Tunísia (ambos amistosos) e a derrota para Omã (0x1) na fase final das Eliminatórias.

Saíram:
Jun Ichimori (goleiro, 1991) - Yokohama F-Marinos [empréstimo]
Taichi Kato (goleiro, 1997) - fim de contrato
Gen Shoji (zagueiro, 1992) - Kashima Antlers
Ju Se-jong (volante, 1990) - Daejon Hana Citizen-COR [em definitivo]
Mitsuki Saito (volante, 1999) - fim de empréstimo com o Shonan Bellmare
Kosuke Onose (meia, 1993) - Shonan Bellmare
Ren Shibamoto (meia, 1999) - FC Tiamo Hirakata [estava emprestado ao Fujieda MYFC]
Ryuta Takahashi (meia, 2004) - contratado do Colégio Shizuoka Gakuen e imediatamente emprestado ao Nara Club
Wellington Silva (meia, 1993) - fim de contrato
Harumi Minamino (atacante, 2004) - promovido da base e imediatamente emprestado ao Tegevajaro Miyazaki
Isa Sakamoto (atacante, 2003) - Fagiano Okayama [empréstimo]
Leandro Pereira (atacante, 1991) - Persepolis-IRN
Patric (atacante, 1987) - Kyoto Sanga
Shoji Toyama (atacante, 2002) - Mito HollyHock [empréstimo renovado]

Chegaram:
Kosei Tani (goleiro, 2000) - Shonan Bellmare [retorno de empréstimo]
Riku Handa (lateral, 2002) - Montedio Yamagata
Yusei Egawa (lateral/zagueiro, 2000) - V-Varen Nagasaki
Yota Sato (zagueiro, 1998) - Vegalta Sendai [retorno de empréstimo]
Dawhan (volante, 1996) - Santa Rita-AL [em definitivo]
Neta Lavi (volante, 1996) - Maccabi Haifa-ISR
Naohiro Sugiyama (meia, 1998) - Roasso Kumamoto
Dai Tsukamoto (atacante, 2001) - Zweigen Kanazawa [retorno de empréstimo]
Issam Jebali (atacante, 1991) - Odense BK-DIN

Time-base do Gamba Osaka em 2023: Poyatos usava o 4-3-3 em Tokushima e deve manter o esquema em Osaka; Usami é o jogador-chave e existe a possibilidade de ele ser escalado no meio-campo ao invés de na ponta — Foto: Futebol no Japão

HOKKAIDO CONSADOLE SAPPORO - Vai continuar na mediocridade?

Hokkaido Consadole Sapporo [rokkaidô consadôre sappôro] - Província: Hokkaido - Cidade: Sapporo - Mascote: Dole-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 10º
Melhor colocação na J1: 4º (2018)
Estádios: Sapporo Dome (38.794) e Atsubetsu Park (17.493)
Técnico: Mihailo Petrovic [Sérvia] (desde 01/2018)
Expectativa: ★★

Este será o sexto ano sob o comando de Mihailo Petrovic, o sérvio que transformou o Hokkaido Consadole Sapporo de time ioiô a frequentador assíduo do meio de tabela na J1. Nos últimos quatro anos, a colocação final foi 10º, 12º, 10º e 10º. Petrovic é um visionário e ao mesmo tempo um sonhador, a ponto de ser até irresponsável. Admirador do futebol total holandês, o sérvio implantou no Consadole o mesmo sistema que usou no Sanfrecce Hiroshima e no Urawa Reds, conhecido como "Estilo Mischa". Em resumo, é um futebol de alto risco. Quando tudo dá certo, o time joga como se fosse um candidato ao título, com exibições que empolgariam qualquer amante do futebol-arte. Quando as coisas não dão certo, tudo desmorona e o adversário vence com mais facilidade do que se estivesse enfrentando um oponente da J2. "Jogou bem, mas não venceu" é algo que acontece com frequência. Pelo volume ofensivo, números de posse de bola (só atrás de Frontale e Marinos) e chances criadas, a Coruja de Hokkaido deveria estar melhor posicionada na tabela. Mas a inconsistência e os erros da defesa, que joga exposta, são problemas que Petrovic parece não ter intenção de corrigir.

Talvez a maior dúvida é: quem será o centroavante? Shinzo Koroki, o usual titular, foi embora. Na falta de um goleador confiável, Petrovic muitas vezes preferia jogar sem um típico nove e escalar ali meias como Gabriel Xavier (que também deixou o clube) ou Yoshiaki Komai (que sofreu uma ruptura parcial nos ligamentos do joelho em outubro passado e ainda está se recuperando). Kim Gun-hee vinha sendo usado apenas como reserva, mas foi eficiente nos poucos minutos que teve e pode finalmente aparecer no onze inicial. Taika Nakashima e Shingo Omori ainda são promessas e o esloveno Milan Tucic tem só três gols marcados em duas temporadas em Sapporo. Se nenhum deles der certo, podemos ver Tsuyoshi Ogashiwa, que é um atacante de mais movimentação, ou até o volante Takuma Arano escalados ali. O setor ofensivo tem bons nomes como Takuro Kaneko e Ryota Aoki, além do tailandês Supachok, que mesmo atuando apenas 93 minutos ano passado, sempre como substituto, anotou três assistências, e se reforçou com Yuya Asano (irmão do Asano da seleção), que perdeu espaço no Hiroshima. Mas o destaque do ataque mesmo é o brasileiro Lucas Fernandes, que atua como ala e tem sido fundamental com dribles, cruzamentos e puxando as jogadas de ataque. É um dos melhores brasileiros no futebol japonês e vai para a quinta temporada em Sapporo.

A defesa, que é o ponto fraco, perdeu um nome importante em Tomoki Takamine, que era o principal volante e ainda atuava na zaga. Yuki Kobayashi, um meio-campista ex-seleção que atua mais recuado, tem boa leitura e sabe cadenciar o jogo, é o tipo de jogador que costuma se encaixar bem no Estilo Mischa (como era Aoyama no Sanfrecce e Kashiwagi no Reds). O trio de zaga tem Shunta Tanaka e Daihachi Okamura estabelecidos como titulares, mas Akito Fukumori é uma espada de dois gumes que tem caído de rendimento; sua eficiência na bola parada e nos cruzamentos é incomparável, mas os erros defensivos se acumulam com cada vez mais frequência. Seiya Baba, zagueiro da seleção olímpica, pode ganhar espaço no setor e se tornar o "novo Takamine". No gol, o retorno de Gu Sung-yun, que terminou de cumprir o serviço militar obrigatório na Coreia do Sul, é mais do que bem-vindo, apesar de que Takanori Sugeno tem dando conta do recado.

O destaque: Takanori Sugeno (goleiro, 03/05/1984) - É verdade que ele não tem nem garantia de ser titular por causa do retorno de Gu Sung-yun (que inclusive deixou o próprio Sugeno no banco em 2018 e 2019), mas o veterano arqueiro vem de uma temporada monumental, em que cansou de fazer defesas difíceis e salvou a equipe em vários jogos. Apesar das eventuais falhas e da pouca estatura (1,79 m), sua agilidade, reflexos e capacidade de fazer milagres costumam compensar.

Fique de olho: Takuro Kaneko (meia, 30/07/1997) - Depois de uma fantástica temporada 2021 que fez até os torcedores pedirem sua convocação para a seleção, veio um 2022 frustrante com pouquíssimas atuações de destaque. Um dos mais habilidosos dribladores da liga, é aquele jogador que pode decidir no lance individual e que é difícil de parar em um contra-ataque. Quando está em forma, é uma arma poderosa para o Consadole.

A promessa: Shingo Omori (atacante, 09/02/2001) - Já era considerado um nome promissor desde quando estudava no Colégio Higashi Fukuoka. Na Universidade Juntendo, se desenvolveu ainda mais e destacou-se desde o primeiro ano, apesar das lesões que o atrapalharam no terceiro e quarto anos. É um centroavante que consegue segurar a bola na frente e fazer o pivô e almeja um lugar na seleção olímpica.

»» Em janeiro de 2014, o Consadole Sapporo anunciou a contratação de Hikaru Matsuyama, um jogador que não existe na vida real, mas desde então sempre aparece no site oficial do clube na lista de jogadores do elenco, com a camisa 36. Ele é um personagem da série Captain Tsubasa (Super Campeões) que, na história, nasceu em Hokkaido e se tornou profissional no Consadole. A participação dele no time de verdade é parte do "Projeto Hikaru Matsuyama", que visa arrecadar fundos para desenvolver jovens jogadores na região.

Saíram:
Kojiro Nakano (goleiro, 1999) - Zweigen Kanazawa [empréstimo]
Taiyo Hama (zagueiro, 1998) - BTOP Thank Kuriyama [estava emprestado ao Kataller Toyama]
Sora Igawa (volante, 2000) - Fagiano Okayama [empréstimo]
Tomoki Takamine (volante, 1997) - Kashiwa Reysol
Gabriel Xavier (meia, 1993) - fim de contrato
Riku Danzaki (meia, 2000) - Motherwell-ESC [estava emprestado ao Brisbane Roar-AUS]
Douglas Oliveira (atacante, 1995) - Iwate Grulla Morioka [empréstimo]
Ren Fujimura (atacante, 1999) - Iwate Grulla Morioka
Shinzo Koroki (atacante, 1986) - fim de empréstimo com o Urawa Reds
Yuto Iwasaki (atacante, 1998) - Sagan Tosu [em definitivo]

Chegaram:
Gu Sung-yun (goleiro, 1994) - Gimcheon Sangmu-COR
Seiya Baba (zagueiro, 2001) - Tokyo Verdy
Yuki Kobayashi (volante, 1992) - Vissel Kobe
Supachok Sarachat (meia, 1998) - Buriram United-TAI [em definitivo]
Yuya Asano (meia, 1997) - Sanfrecce Hiroshima
Shingo Omori (atacante, 2001) - Universidade Juntendo

Time-base do Hokkaido Consadole Sapporo em 2023: o Estilo Mischa é uma formação 3-4-2-1 que pode atuar de forma bastante agressiva formando uma linha de cinco homens de frente com o avanço dos dois alas ao mesmo tempo e os zagueiros extremos apoiando como laterais — Foto: Futebol no Japão

SAGAN TOSU - Surpreender é nossa especialidade

Sagan Tosu [sagán tôssu] - Província: Saga - Cidade: Tosu - Mascote: Wintosu — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 11º
Melhor colocação na J1: 5º (2012, 2014)
Estádio: Ekimae Real Estate Stadium (24.130)
Técnico: Kenta Kawai (desde 01/2022)
Expectativa: ★★

Apesar do 11º lugar na edição passada, o Sagan Tosu vem de um ano bastante positivo, em que passou a maior parte do tempo na parte de cima da tabela. Para quem havia perdido vários jogadores importantes e teve que reconstruir o time, um resultado satisfatório. Infelizmente, perder seus melhores jogadores para clubes maiores em toda janela tem sido a sina do representante da província de Saga. Desta vez também as baixas não foram poucas, como o defensor Diego Jara (Kashiwa), o volante Kei Koizumi (Tokyo) e os atacantes Taisei Miyashiro (Kawasaki) e Yuki Kakita (Kashima). Mais uma vez, o futuro do Tosu vai depender da qualidade do seu scouting, que sempre encontra bons nomes nas ligas inferiores e em universidades; da sua base, que já está entre as melhores do país; e do seu técnico, que tem tirado o melhor até de atletas que vinham encostados em seus clubes anteriores.

So Kawahara, vindo de um excelente ano no Roasso Kumamoto, tem tudo para ser o substituto ideal de Koizumi, que era o pilar do meio-campo. A defesa foi o setor que mais se reforçou. Kosuke Yamazaki, um zagueiro que sempre foi sólido no Ehime FC e no Montedio Yamagata, vai estrear na J1 e pode ganhar chances no onze inicial, apesar de que Wataru Harada e Hwang Seok-ho estão bem estabelecidos como titulares e espera-se que a joia local Shinya Nakano tenha mais espaço para crescer com a saída de Diego. O queniano Anthony "Teddy" Akumu, que é volante (e joga pela seleção de seu país nessa função), mas foi registrado na J.League como defensor, pode se tornar opção para o centro da zaga. Novatos como Kiriya Sakamoto, Dai Hirase e Koma Osato são vistos mais como nomes para o futuro, mas Kenta Kawai já mostrou que não faz cerimônia ao lançar as jovens promessas. Aliás, olho em Yoshiki Narahara que é um diamante bruto entre os vários que subiram da base. Ryonosuke Kabayama, que não teve o contrato renovado com o Yokohama F-Marinos, e Jun Nishikawa, que continua emprestado pelo Cerezo Osaka, têm motivação extra para provar que não serão apenas promessas que não vingaram. O ataque, que não tem mais as duas primeiras opções de centroavante, aposta agora em Cayman Togashi, que havia começado a carreira de forma promissora no Yokohama F-Marinos, depois passou pelo FC Tokyo e andava meio "sumido" na J2, mas em 2022 ele teve sua melhor temporada até agora, com 11 gols pelo Vegalta Sendai, e agora ganha nova chance na elite. E também em Ayumu Yokoyama, que foi o artilheiro do Matsumoto Yamaga na J3, com 11 gols, e vem sendo comparado a Daizen Maeda pelo estilo velocista.

O Tosu já tinha um futebol interessante antes de Kenta Kawai e evoluiu ainda mais com a chegada do treinador que era quase um desconhecido, pois só tinha passado pelo modesto Ehime FC, sem grandes resultados. Agora tem jogado cada vez mais com a bola no pé, inclusive com grande participação do seu "goleiro-linha", e é um daqueles times "encardidos" que sempre complica a vida dos favoritos, muitas vezes jogando um futebol ofensivo e não só se defendendo e esperando contra-ataques. O preparo físico também é um diferencial - em 2022, o Sagan liderou a J1 em distância percorrida (120,5 km) e número de sprints por jogo (207,6). Ter que se reconstruir todo ano e nunca ter sido rebaixado é um feito notável. Mas pelo menos o clube parece estar pensando mais a longo prazo. "Na temporada passada colocamos o alicerce. Foi apenas o primeiro passo", disse o diretor esportivo e ex-lateral Yuzo Kobayashi.

O destaque: Park Il-gyu (goleiro, 22/12/1989) - Desde que chegou ao Sagan Tosu, aprimorou seu estilo de goleiro moderno, que joga adiantado e usa bastante os pés, e tornou-se um dos melhores da J1 na posição. Ano passado, ele se naturalizou japonês (nascido em Saitama, ele tinha a nacionalidade sul-coreana por ser descendente de coreanos). Curiosamente, ele mudou o número da camisa para 71 (17, que é considerado o número da torcida do Sagan Tosu e não é usado pelos jogadores, ao contrário).

Fique de olho: So Kawahara (volante, 13/03/1998) - Começou a carreira no Roasso Kumamoto após se formar na Universidade Fukuoka e imediatamente se tornou um dos melhores meio-campistas da J3 e depois da J2. É aquele volante que defende e ataca, que se dedica à marcação, mas tem técnica e leitura de jogo para iniciar as jogadas ofensivas. Ano passado, além de aparecer entre os primeiros na maioria dos atributos defensivos, foi o líder de assistências da J2, com 12.

A promessa: Yoshiki Narahara (meia, 07/04/2004) - Uma joia da base do Sagan Tosu, que defende desde o sub-12. Atuando pelas pontas, vinha brilhando ao lado de Taichi Fukui, que foi contratado pelo time B do Bayern de Munique. Ano passado eles foram campeões da Copa Príncipe Takamado Sub-18 e ambos marcaram gol na final contra o Kawasaki Frontale. Narahara se destacava no sub-18 desde que estava no primeiro ano do ensino médio. Tem reforçado o treinamento muscular e a alimentação para corrigir seu ponto fraco, que é o porte físico.

»» O recém-chegado Anthony Akumu é mais um daqueles casos de nomes que soam estranhos em japonês: "akumu" significa "pesadelo". A torcida só espera que o queniano seja um pesadelo para os adversários.

Saíram:
Keisuke Fukaya (goleiro, 1998) - fim de contrato
Tatsuya Morita (goleiro, 1990) - Kashiwa Reysol
Yosei Itahashi (goleiro, 2001) - aposentou-se [estava emprestado ao Ehime FC]
Bak Keon-woo (lateral, 2001) - fim de empréstimo com o Pohang Steelers-COR
Diego Jara (lateral/zagueiro, 1995) - Kashiwa Reysol
Kyo Sato (lateral/meia, 2000) - Kyoto Sanga
Daisuke Matsumoto (zagueiro, 1998) - Renofa Yamaguchi [empréstimo; estava emprestado ao Zweigen Kanazawa]
Ryotaro Takeuchi (zagueiro, 2004) - promovido da base e imediatamente emprestado ao Criaçao Shinjuku
Taiga Son (zagueiro, 1999) - Zweigen Kanazawa [empréstimo renovado]
Kei Koizumi (volante, 1995) - FC Tokyo
Ryunosuke Sagara (meia, 2002) - Vegalta Sendai [empréstimo]
Taichi Fukui (meia, 2004) - Bayern de Munique B-ALE
Yosuke Yuzawa (meia, 1990) - J-Lease FC
Ismael Dunga (atacante, 1993) - fim de contrato [estava emprestado ao Kamatamare Sanuki]
Kaisei Ishii (atacante, 2000) - Yokohama FC [em definitivo]
Reoto Kodama (atacante, 2002) - Suzuka Point Getters [empréstimo; estava emprestado ao Renofa Yamaguchi]
Ryo Wada (atacante, 1995) - MIO Biwako Shiga [empréstimo renovado]
Shunta Araki (atacante, 1999) - Machida Zelvia [empréstimo]
Taisei Miyashiro (atacante, 2000) - fim de empréstimo com o Kawasaki Frontale
Yuki Kakita (atacante, 1997) - fim de empréstimo com o Kashima Antlers
Yukihito Kajiya (atacante, 2000) - Blaublitz Akita [empréstimo]

Chegaram:
Kei Uchiyama (goleiro, 1993) - Fujieda MYFC
Koh Bong-jo (goleiro, 2002) - Universidade Yong-in-COR
Dai Hirase (zagueiro, 2001) - Universidade Waseda
Anthony Akumu (zagueiro, 1992) - Kaizer Chiefs-RSA
Kiriya Sakamoto (zagueiro, 2003) - Montedio Yamagata [empréstimo]
Koma Osato (zagueiro, 2004) - promovido da base
Kosuke Yamazaki (zagueiro, 1995) - Montedio Yamagata
Shunya Sakai (volante, 2004) - promovido da base
So Kawahara (volante, 1998) - Roasso Kumamoto
Jun Nishikawa (meia, 2002) - Cerezo Osaka [empréstimo renovado]
Ryonosuke Kabayama (meia, 2002) - Yokohama F-Marinos [estava emprestado ao Montedio Yamagata]
Yoshiki Narahara (meia, 2004) - promovido da base
Ayumu Yokoyama (atacante, 2003) - Matsumoto Yamaga
Cayman Togashi (atacante, 1993) - Vegalta Sendai
Ouji Kawanami (atacante, 2001) - Universidade Kanto Gakuin
Yuta Fujihara (atacante, 1999) - Montedio Yamagata [retorno de empréstimo]
Yuto Iwasaki (atacante, 1998) - Hokkaido Consadole Sapporo [em definitivo]

Time-base do Sagan Tosu em 2023: Kenta Kawai usa uma formação híbrida que alterna entre linha de três e de quatro na defesa. Assim, os zagueiros extremos, Wataru Harada pela direita e Shinya Nakano pela esquerda, podem se tornar laterais, enquanto os alas Yoichi Naganuma e Yuto Iwasaki podem se tornar pontas, dependendo da situação de jogo — Foto: Futebol no Japão

AVISPA FUKUOKA - A Vespa procura um novo veneno

Avispa Fukuoka [abísupa fukuôka] - Província: Fukuoka - Cidade: Fukuoka - Mascote: Avie-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 14º
Melhor colocação na J1: 8º (2021)
Estádio: Best Denki Stadium (21.562)
Técnico: Shigetoshi Hasebe (desde 01/2020)
Expectativa: ★★

Apesar de ter quebrado a maldição de ser rebaixado depois de um acesso, sempre em ciclos de cinco anos, a Vespa de Kyushu vem de um 2022 mais difícil que o esperado, correndo risco de descenso até o fim. Disputar a elite por três anos consecutivos é algo inédito para o clube neste século e pelo menos a princípio a meta realista é apenas a permanência, até porque o time, no papel, não está mais forte que ano passado. O principal motivo para a queda de rendimento na última campanha foi a saída de Emil Salomonsson; os cruzamentos e as bolas paradas do sueco eram a principal arma do Avispa, que não teve reposição à altura. De forma preocupante, os dois melhores no atributo cruzamento que restaram, além de serem líderes de assistências da equipe, foram embora nesta janela para clubes com mais poder financeiro: Jordy Croux para o Cerezo Osaka e Takaaki Shichi para o Sanfrecce Hiroshima. E não dá para dizer que os substitutos vêm jogando em um nível mais alto.

Kazuya Konno tem o drible como característica (ele tinha o apelido "Messi de Tóquio") e suas jogadas individuais podem dar aquela fagulha que muitas vezes falta ao ataque do Avispa, mas ele era apenas um "super-reserva" no FC Tokyo. Masashi Kamekawa retorna para a segunda passagem em Fukuoka, onde jogou (e bem) de 2015 a 2017, mas passou os últimos quatro anos na J2 e vinha jogando mais na zaga do que na lateral. Pelo menos essa polivalência pode ser útil para o sistema de Hasebe, que usou uma formação com três zagueiros em algumas partidas do último semestre. Itsuki Oda, uma antiga promessa do Kashima Antlers que não vingou, é outra opção para a lateral. O reforço que mais animou veio de última hora: Yosuke Ideguchi, que não teve espaço no Celtic (aliás, ninguém entendeu o que ele foi fazer lá desde o início) e vai jogar pela primeira vez em um clube de sua cidade natal, emprestado por um ano. Revelado pelo Gamba Osaka, ele já foi o melhor jogador jovem da liga em 2016, fez um golaço no jogo da classificação da seleção japonesa para a Copa de 2018 e, ainda com 26 anos, dá para ter esperança que ele pode reviver a carreira.

O Fukuoka de Hasebe prioriza a defesa e tem sido o time com menos posse de bola na J1. O futebol não é bonito, mas não falta aplicação e entrega, tanto que às vezes atacantes como Lukian ou Hisashi Jogo são escalados mais recuados e se sacrificam pela equipe (aliás, mais um ou outro reforço para jogar nas pontas iria bem). A defesa liderada pelo capitão Hiroyuki Mae e pelo bom goleiro Masaaki Murakami foi só a terceira menos vazada ano passado. Mas o grande problema é o ataque, que foi o pior da última J1, com apenas 29 gols marcados. Para tentar encontrar um novo veneno, a Vespa foi atrás de um dos melhores atacantes jovens da J2, Ryoga Sato. A esperança de um 2023 positivo é que ele forme uma boa dupla com Yuya Yamagishi na frente.

O destaque: Yuya Yamagishi (atacante, 29/08/1993) - Tem a versatilidade de juntar os atributos de um centroavante, como o pivô e o jogo aéreo, com a dedicação para fazer a pressão na linha de frente e ajudar na defesa. Em meio aos vários atacantes estrangeiros do elenco com mais "nome", Yamagishi carregou nas costas o ataque da Vespa em 2022 e pode-se dizer que foi o único que correspondeu no setor, além de ter sido o artilheiro do time com 10 gols - a primeira vez desde o argentino Pedro Troglio, em 1996, que alguém do Avispa chegou a dois dígitos na J1. Yamagishi recusou até uma oferta do Gamba Osaka para permanecer em Fukuoka.

Fique de olho: Ryoga Sato (atacante, 20/02/1999) - Nascido na cidade de Fukuoka, estudou na famosa escola Higashi Fukuoka, mas só começou a carreira profissional depois de se destacar pela Universidade Meiji, em Tóquio. Foram dois anos no Tokyo Verdy e dois dígitos (13 gols) em cada temporada na J2. De volta para a terra natal, terá a merecida primeira chance na J1. Não é muito alto nem forte fisicamente (1,78 m e 65 kg), mas tem boa técnica, leitura de jogo, velocidade e faro de gol.

A promessa: Reiju Tsuruno (atacante, 26/01/2001) - O técnico Hasebe pediu a contratação de um atacante com as características de Daiya Tono, que brilhou no Avispa em 2020 (e hoje está no Kawasaki Frontale): leve, ágil e habilidoso. A resposta veio com a chegada de Reiju Tsuruno, que também tem o estilo comparado a Kyogo Furuhashi. Nascido na província vizinha de Kumamoto e formado na Universidade Fukuoka, é praticamente um nome "da casa".

»» O Avispa Fukuoka tem o elenco com a segunda maior média de idade da J1 (27,1 anos) e há apenas dois jogadores com idade olímpica: Reiji Tsuruno (2001) e Kimiya Moriyama (2002). Ninguém subiu da base pelo segundo ano seguido - o último foi o próprio Moriyama, em 2021, que por enquanto jogou só as copas nacionais e ainda nem estreou na J.League.

»» Reparou que este ano tem muitos jogadores que escolheram o número de camisa 99? É que até ano passado a J.League só permitia números de 1 a 50, mas a partir deste ano podem ser usados os números de 1 a 99.

Saíram:
Rikihiro Sugiyama (goleiro, 1987) - aposentou-se
Kaito Kuwahara (lateral, 2000) - Suzuka Point Getters [estava emprestado ao Renofa Yamaguchi]
Naoki Wako (lateral, 1989) - aposentou-se
Takaaki Shichi (lateral, 1993) - Sanfrecce Hiroshima
Yuta Kumamoto (zagueiro, 1995) - Montedio Yamagata
Jordy Croux (meia, 1994) - Cerezo Osaka
Yuji Kitajima (meia, 2000) - Tokyo Verdy [empréstimo]
Daiki Watari (atacante, 1993) - Tokushima Vortis
John Mary (atacante, 1993) – Çaikur Rizespor-TUR
Juanma Delgado (atacante, 1990) - V-Varen Nagasaki
Toshiki Toya (atacante, 1997) - Kochi United

Chegaram:
Daiki Sakata (goleiro, 1994) - Iwaki FC
Itsuki Oda (lateral, 1998) - Kashima Antlers
Masashi Kamekawa (lateral/zagueiro, 1993) - Yokohama FC
Yosuke Ideguchi (volante, 1996) - Celtic-ESC [empréstimo]
Kazuya Konno (meia, 1997) - FC Tokyo
Reiju Tsuruno (atacante, 2001) - Universidade Fukuoka
Ryoga Sato (atacante, 1999) - Tokyo Verdy

Time-base do Avispa Fukuoka em 2023: Shigetoshi Hasebe costuma escalar sempre um 4-4-2, mas é possível também um retorno do sistema com três zagueiros, pois foi jogando assim que o Avispa escapou do rebaixamento nas últimas rodadas em 2022 — Foto: Futebol no Japão

SHONAN BELLMARE - O Rei dos Mares não pode naufragar

Shonan Bellmare [xônan berumáre] - Província: Kanagawa - Cidade: Hiratsuka - Mascote: Rei Bell Primeiro — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 12º
Melhor colocação na J1: 5º (1994)
Estádio: Lemon Gas Stadium Hiratsuka (15.380)
Técnico: Satoshi Yamaguchi (desde 09/2021)
Expectativa:

O Rei dos Mares sobreviveu a mais um ano entre os principais candidatos ao rebaixamento e ainda terminou 2022 em boa forma, cinco pontos acima do Z-3 e em um comemorado 12º lugar (a melhor colocação desde 2015!), o que valeu uma renovação de contrato a Satoshi Yamaguchi, ex-zagueiro que atuou vários anos por Gamba Osaka e JEF United e que ainda está na primeira experiência como técnico. O Bellmare é aquele time que não tem pudor em recuar as linhas e se fechar na retranca, pensando primeiro em anular o ataque adversário para depois tentar algo na frente. Com poucos recursos financeiros, especialmente se comparado aos vizinhos de Kanagawa e Kanto, o Shonan tenta superar os adversários no preparo físico - é um dos times que mais corre na J1. E a defesa até que tem funcionado bem, com apenas 39 gols sofridos em 34 rodadas. Muitos times sofrem para criar chances de gol contra eles.

Por isso, a torcida em Hiratsuka ficou preocupada quando o Gamba Osaka chamou de volta Kosei Tani, goleiro da seleção japonesa que passou os últimos três anos se desenvolvendo no Shonan. Mas a diretoria trouxe um substituto à altura com o sul-coreano Song Bum-keun, também jogador de seleção. A defesa vem praticamente sem mudanças e deve continuar dura de ser batida. O problema é como marcar gols. O ataque depende demais de Shuto Machino, que costuma fazer o pivô na frente e jogar ao lado de um atacante mais móvel. Havia boatos de que o Kashima Antlers estava interessado em Machino, então a permanência do centroavante é a maior vitória do Shonan nesta janela. Caso ele mantenha as boas atuações e seja negociado no meio do ano (até a Europa é uma possibilidade), o time ficaria em apuros. Keita Yamashita é uma nova opção para o setor e ele foi bem pelo Sagan Tosu em 2021, mas ano passado pouco foi visto em ação pelo FC Tokyo.

Já o meio-campo teve dois bons reforços: o experiente Ryota Nagaki, de volta para sua terceira passagem no clube após um curto empréstimo ao Nagoya Grampus, e Kosuke Onose, um ponta direita que pode deixar a equipe mais ofensiva se for mesmo escalado na sua posição habitual - é possível que ele jogue mais adiantado ou para o meio, enquanto o mais defensivo Hirokazu Ishihara tem a confiança do treinador para a ala direita.

O destaque: Shuto Machino (atacante, 30/09/1999) - O "Ninja" (ele é nascido em Iga, cidade conhecida como berço do ninjutsu) foi uma das surpresas de 2022, com 13 gols na J1 que foram decisivos para a permanência do Shonan na elite. Além de ter sido vice-artilheiro da J1, foi artilheiro da Copa E-1 pela seleção japonesa B e graças a isso ganhou um lugar entre os convocados para a Copa do Mundo.

Fique de olho: Song Bum-keun (goleiro, 15/10/1997) - Seu nome se pronuncia "son bom-gun". Titular pelo poderoso Jeonbuk Motors desde que começou a carreira, foi campeão sul-coreano em quatro das últimas cinco temporadas e esteve na última Copa do Mundo como goleiro reserva. Em seu país, a transferência para o Japão surpreendeu muitos torcedores, mas pode ser um forma de dar um novo rumo à carreira. "Ele é um excelente goleiro, acredito que queria uma experiência internacional. A família queria", resumiu o perfil K League Brazil.

A promessa: Toru Shibata (lateral, 18/02/2001) - Jogou na base do Shonan enquanto estava no ensino médio e era capitão do time sub-18, mas o clube não o promoveu e o recomendou ir para a faculdade. Frustrado, Shibata chegou a dizer: "Não quero ir para esse clube nunca mais", mas em Waseda ele entendeu o que precisava fazer para se tornar um profissional e logo a mágoa que sentia pelo Bellmare se transformou em amor. Em abril do ano passado, ele sofreu uma lesão nos ligamentos do joelho e ficou fora de todas as competições no quarto ano de faculdade. Ainda assim, o Shonan ofereceu um contrato profissional a ele. Quando voltou ao Shonan, pediram para ele escrever um ideograma em um papel em branco. Ele escreveu o kanji de "ai" (amor).

»» Este ano o Shonan Bellmare completa seis temporadas consecutivas na J1, igualando o seu recorde que é da época em que o clube estreou na J.League, ainda como Bellmare Hiratsuka, de 1994 a 1999.

Saíram:
Daiki Hotta (goleiro, 1994) - Fagiano Okayama [em definitivo]
Kosei Tani (goleiro, 2000) - fim de empréstimo com o Gamba Osaka
Kota Sanada (goleiro, 1999) - Veertien Mie [empréstimo; estava emprestado ao Tokyo Musashino United
Hayato Fukushima (zagueiro, 2000) - Tochigi SC [empréstimo]
Kodai Minoda (zagueiro, 1999) - Vanraure Hachinohe [empréstimo; estava emprestado ao SC Sagamihara]
Taisei Ishii (zagueiro, 2003) - Veertien Mie [empréstimo]
Mitsuki Saito (volante, 1999) - Vissel Kobe [empréstimo; estava emprestado ao Gamba Osaka]
Sosuke Shibata (volante, 2001) - Kataller Toyama [empréstimo renovado]
Takuji Yonemoto (volante, 1990) - fim de empréstimo com o Nagoya Grampus
Asahi Yokokawa (meia, 2002) - Albirex Niigata Singapore [estava emprestado ao Tokyo Musashino United]
Hikaru Arai (meia, 1999) - FC Imabari [estava emprestado ao Fukushima United]
Naoki Hara (meia, 2003) - FC Tiamo Hirakata
Ryo Takahashi (meia, 1993) - Fagiano Okayama
Sho Hiramatsu (meia, 1998) - FC Ryukyu [empréstimo; estava emprestado ao Zweigen Kanazawa]
Shota Kobayashi (meia, 1991) - Fukushima United
Ryo Nemoto (atacante, 2000) - Tochigi SC [empréstimo renovado]
Wellington Tanque (atacante, 1988) - fim de contrato
Yusuke Segawa (atacante, 1994) - Kawasaki Frontale

Chegaram:
Hiroki Mawatari (goleiro, 1994) - Fagiano Okayama [em definitivo]
Song Bum-keun (goleiro, 1997) - Jeonbuk Hyundai Motors-COR
Arata Yoshida (lateral, 2000) - Universidade Rissho
Daiki Sugioka (lateral/zagueiro, 1998) - Kashima Antlers [em definitivo]
Toru Shibata (lateral, 2001) - Universidade Waseda
Ryota Nagaki (volante, 1988) - Nagoya Grampus [retorno de empréstimo]
Hiroyuki Abe (meia, 1989) - Nagoya Grampus [em definitivo]
Kosuke Onose (meia, 1993) - Gamba Osaka
Keita Yamashita (atacante, 1996) - FC Tokyo [empréstimo]

Time-base do Shonan Bellmare em 2023: Satoshi Yamaguchi costuma priorizar uma formação 3-5-2, mas é possível escalar só um homem de frente e recuar um dos atacantes para o meio, compondo um 3-4-2-1. A utilização de Onose, que é mais ofensivo que Ishihara, pode dar uma nova dinâmica à equipe — Foto: Futebol no Japão

KYOTO SANGA - Em busca de um novo 'Kami'

Kyoto Sanga [quiôto sanga] - Província: Kyoto - Cidade: Kyoto - Mascote: Pursa-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 16º
Melhor colocação na J1: 5º (2002)
Estádio: Sanga Stadium by Kyocera (21.623)
Técnico: Cho Kwi-jae [Coreia do Sul] (desde 01/2021)
Expectativa:

O Kyoto Sanga escapou do rebaixamento por muito pouco ano passado. Além de contar com a ajuda do regulamento, que permitiu empatar em casa em jogo único contra o Roasso Kumamoto, sensação da J2, um chute que Peter Utaka bloqueou com o rosto e uma bola na trave nos acréscimos mantiveram o clube da antiga capital na elite. Para continuar na primeira divisão, a aposta é em prosseguir com o trabalho de Cho Kwi-jae, que vai para o terceiro ano no comando. No geral, o time mudou pouco e está bem consolidado principalmente no meio-campo, com o trio Kawasaki-Fukuoka-Takeda, além da zaga com a dupla Inoue-Asada. Shirai e Matsuda também costumam ser presença garantida no onze inicial. O entrosamento e o jogo coletivo são os pontos fortes.

Porém, o temor de que o Sanga poderia acabar como o único rebaixado desta temporada é real. O time não está mais forte que ano passado e perdeu nada menos que seu melhor jogador de 2022, o goleiro Naoto Kamifukumoto, que surpreendeu ao se transferiu para o Kawasaki Frontale - não é exagero dizer que o Kyoto hoje estaria na J2 se não fosse por Kamifukumoto, pois teve a terceira defesa menos vazada mesmo sendo a quarta que mais cedeu chutes a gol. Warner Hahn, que nasceu na Holanda e passou a maior parte da carreira lá, atuava na Suécia e costuma ser titular na seleção do Suriname, vem para tentar repor o vazio deixado por "Kami". Mas a disputa no gol está em aberto e o neozelandês Michael Woud, assim como o cria da casa Tomoya Wakahara, podem ganhar chances, até porque Hahn se juntou ao elenco no fim da pré-temporada. A defesa se reforçou com o experiente Yuto Misao (irmão de Kento Misao, hoje no português Santa Clara), que substitui o habilidoso Takuya Ogiwara, outra baixa importante, e com o jovem Osamu Henry Iyoha. Apesar de pertencer ao Sanfrecce Hiroshima, Iyoha nunca jogou pela J1 e vinha sendo sempre emprestado a clubes da J2 e J3; ano passado, pelo Roasso Kumamoto, foi o ano em que mais brilhou na carreira até agora.

Mas o problema mesmo é o ataque, onde só Utaka resolvia - e parou de resolver no segundo turno, quando fez só um gol (até por isso ele não renovou). A esperança de novo homem-gol está no brasileiro Patric, ídolo do Gamba Osaka que foi decisivo para a permanência do time de Suita na J1 (ele foi o jogador com mais duelos aéreos vencidos na J1, com 213, enquanto o segundo colocado, o zagueiro Hayato Araki, do Hiroshima, teve 139), mas que já está com 35 anos e dificilmente resolverá tudo sozinho. Kosuke Kinoshita, autor de 12 gols pelo Mito HollyHock na última J2, e Kazunari Ichimi, outro ex-Gamba e que tem como único momento de brilho na carreira a passagem justamente pelo Kyoto, quando marcou 17 vezes na J2 2019, são opções para o setor, que também tem Ryogo Yamasaki, um centroavante que se sacrifica pelo time e é bom no jogo aéreo e no pivô, mas que raramente faz gol. No meio-campo, quem pode aparecer bem é Taiki Hirato, uma joia revelada pela base do Kashima Antlers que não vingou em Ibaraki, mas que sempre fez ótimas temporadas na J2 pelo Machida Zelvia.

O destaque: Shogo Asada (zagueiro, 06/07/1998) - É um prata da casa que está no clube desde que subiu da base e já atuou nas três divisões da J.League (jogou a J3 emprestado ao Kamatamare Sanuki). Ano passado estreou na J1 e foi o mais consistente dos defensores, forte especialmente no jogo aéreo. Terá mais responsabilidade com a saída de Kamifukumoto.

Fique de olho: Sota Kawasaki (volante, 30/07/2001) - Aos 21 anos, será o capitão mais jovem da história do clube, função que no passado já foi de Hajime Moriyasu e Kazuyoshi Miura. Membro da atual seleção olímpica, Kawasaki vem se destacando desde que subiu da base do Sanga como um volante incansável na marcação.

A promessa: Yudai Kimura (atacante, 28/02/2001) - Fez algumas partidas ano passado como "estagiário" e marcou na Copa Levain seu primeiro gol como profissional. Com 1,84 m, tem a bola aérea e a força física como características, mas joga também pelas pontas e não só como centroavante. Tem passagem pelas categorias de base do Tokyo Verdy e do Vissel Kobe. Em setembro passado foi convocado pela primeira vez para uma seleção de base.

»» O mascote do Kyoto Sanga foi inspirado não só na fênix, mas também em uma ave parecida da mitologia chinesa chamada fenghuang (houou em japonês; daí veio o pokémon Ho-Oh). A fenghuang é muito usada em ornamentos e inclusive há uma no topo do Kinkakuji, o "pavilhão dourado" que é um dos templos mais famosos da cidade de Kyoto.

Saíram:
Naoto Kamifukumoto (goleiro, 1989) - Kawasaki Frontale
Kazuma Nagai (lateral/zagueiro, 1998) - Mito HollyHock
Takuya Ogiwara (lateral, 1999) - fim de empréstimo com o Urawa Reds
Yuki Honda (lateral/zagueiro, 1991) - Vissel Kobe
Kazuki Tanaka (meia, 2000) - JEF United Ichihara Chiba [empréstimo]
Keita Nakano (meia, 2002) - Tokushima Vortis
Kosuke Taketomi (meia, 1990) - Ventforet Kofu
Genki Omae (atacante, 1989) - Nankatsu SC
Peter Utaka (atacante, 1984) - Ventforet Kofu

Chegaram:
Warner Hahn (goleiro, 1992) - IFK Göteborg-SUE
Kyo Sato (lateral/meia, 2000) - Sagan Tosu [em definitivo]
Shinnosuke Fukuda (lateral, 2000) - Universidade Meiji
Yuta Ueda (lateral, 2004) - promovido da base
Yuto Misao (lateral/zagueiro, 1991) - Oita Trinita
Osamu Henry Iyoha (zagueiro, 1998) - Sanfrecce Hiroshima [empréstimo; estava emprestado ao Roasso Kumamoto]
Daiki Kaneko (volante, 1998) - Urawa Reds [em definitivo]
Taiki Hirato (meia, 1997) - Machida Zelvia
Teppei Yachida (meia, 2001) - Tochigi SC [retorno de empréstimo]
Kazunari Ichimi (atacante, 1997) - Tokushima Vortis
Kosuke Kinoshita (atacante, 1994) - Mito HollyHock
Patric (atacante, 1987) - Gamba Osaka
Paulinho Bóia (atacante, 1998) - FC Metalist Kharkiv-UCR [empréstimo renovado]
Sora Hiraga (atacante, 2005) - promovido da base
Yudai Kimura (atacante, 2001) - Universidade Kwansei Gakuin

Time-base do Kyoto Sanga em 2023: Cho Kwi-jae tem usado o 4-3-3 como formação padrão. O 3-4-2-1 que ele sempre usava nos tempos de Shonan Bellmare fica como alternativa, ainda mais porque Yuto Misao tem a versatilidade de ser tanto lateral quanto um terceiro zagueiro — Foto: Futebol no Japão

ALBIREX NIIGATA - O Cisne quer voltar a cantar de galo na J1

Albirex Niigata [arubirêkkussu niígata] - Província: Niigata - Cidade: Niigata - Mascote: Albi-kun — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: Campeão na J2 (promovido)
Melhor colocação na J1: 6º (2007)
Estádio: Denka Big Swan Stadium (41.684)
Técnico: Rikizo Matsuhashi (desde 01/2022)
Expectativa: ★

Finalmente de volta após seis anos na segunda divisão, o Albirex Niigata quer que este retorno seja para ficar - afinal, antes da queda foram 14 anos consecutivos na elite. Para isso, o clube aposta na continuação de uma filosofia que vem desde a contratação do espanhol Albert Puig (hoje no FC Tokyo), que dirigiu o clube de 2020 a 2021. O responsável pelo acesso foi Rikizo Matsuhashi, ex-jogador do Nissan e do Yokohama Marinos que já tem 20 anos de experiência como treinador de base e assistente (foi auxiliar de Postecoglou no F-Marinos), herdou o cargo de Puig e começou a carreira como técnico na J.League ano passado. Com seu estilo de controlar o jogo através da posse de bola (é do Albi a maior média de posse de bola entre todas as divisões da J.League em 2022: 60,3%), o acesso veio sem maiores sofrimentos, apesar de o time ter demorado para engrenar. Melhor ataque e melhor defesa da última J2, os gols vinham não só de jogadas trabalhadas, mas também de contra-ataques rápidos, com bolas roubadas no campo de ataque.

O problema é que na J1 os adversários não vão deixar o Albirex ter tanto a bola, além de que a maioria do elenco tem pouca experiência na J1, então pode levar um tempo até a equipe se adaptar e encontrar a melhor forma de jogar. A maior questão está na pouco testada defesa, que agora será bem mais exigida e poderá sofrer em caso de lesões - o volante Takahiro Ko, por exemplo, é uma peça-chave e não tem um substituto com as mesmas características de defender e atacar ao mesmo tempo. Pelo menos o entrosamento é um ponto forte, já que todos os titulares foram mantidos. Os reforços são poucos, mas vão aumentar o poderio ofensivo que já era bom. Shusuke Ota é um meia polivalente que pode atuar pelas duas pontas ou centralizado e vem de duas ótimas temporadas no Machida Zelvia com um total de 20 gols e 13 assistências. Os novos brasileiros são Gustavo Nescau, uma promessa para centroavante, e Danilo Gomes, um ponta canhoto que costuma levar perigo (mas que ainda precisa melhorar nas tomadas de decisão e vem de uma Série B pela Ponta Preta sem nenhum gol ou assistência em 14 jogos, além de alguns meses sem jogar por causa de uma lesão na coxa).

O Albi não terá no início da campanha Yoshiaki Takagi, que ainda se recupera de uma lesão nos ligamentos do joelho que sofreu setembro passado, mas Ryotaro Ito, um dos melhores jogadores da última J2, com nove gols e 12 assistências, pode dar conta do recado tranquilamente. A confiança é grande que o objetivo de permanência será alcançado e que é possível fazer bem mais que apenas lutar para não cair.

O destaque: Ryotaro Ito (meia, 06/02/1998) - Natural de Osaka, passou pela base do Cerezo Osaka e começou a carreira no Urawa Reds depois de se formar no Colégio Okayama Sakuyo. Embora avaliado como uma grande promessa, não teve espaço em Saitama e só começou a se destacar quando foi emprestado ao Mito HollyHock. Em 2022 chegou em Niigata e se tornou uma estrela do time, fazendo a torcida esquecer rapidamente o ídolo Shion Homma, que foi para a Bélgica. Um armador com boa visão de jogo, passe, drible e precisão nas bolas paradas, terá agora na J1 o maior desafio da carreira.

Fique de olho: Shunsuke Mito (meia, 28/09/2002) - Nome de craque ele já tem. Membro das seleções de base desde o sub-15, é o principal driblador do Albirex, aquele que decide no lance individual. Baixinho (1,64 m), tem muita agilidade, excelente domínio e um chute forte (é destro, mas chuta também com a esquerda). No Albi, herdou a camisa 14 do ídolo Tatsuya Tanaka (que é uma lenda também do Urawa Reds).

A promessa: Gustavo Nescau (atacante, 12/03/2000) - Como o Albirex não trouxe nenhum reforço da base ou de colégios e universidades, a promessa da vez é um brasileiro. No Marília, Gustavo Nescau foi artilheiro da Copa Paulista 2020 e artilheiro do time no Campeonato Paulista da Série A3 em 2021. No Cuiabá, atuou pouco pelo time profissional, mas foi vice-artilheiro do Brasileiro de Aspirantes (sub-23) de 2022 e ainda marcou o gol do título contra o Red Bull Bragantino. Será que ele vai fazer no Japão a comemoração "bebendo Nescau"?

»» Niigata é um dos poucos lugares do Japão em que o futebol é mais popular que o beisebol. Em todas as últimas cinco temporadas que disputou na J2, o Albirex teve a maior média de público. Em 2022 foram 14.954 torcedores por jogo (mesmo com as restrições de público por causa da pandemia), número maior que a média da J1, que foi de 14.328. O clube chegou a ter a maior média da J1 em 2004 (37.689) e 2005 (40.114), época em que estreou na elite.

»» História de superação: Fumiya Hayakawa teve que largar o futebol em 2016, quando tinha 22 anos, para tratar uma leucemia. Tudo indicava que era o fim precoce de uma carreira promissora (ele chegou a jogar nas seleções de base e inclusive marcou três gols na Copa do Mundo Sub-17 de 2011), mas ele deu a volta por cima e, três anos depois, ganhou um novo contrato com o Albirex e voltou a atuar profissionalmente. Convertido de lateral em zagueiro, não é titular, mas tem o posto de vice-capitão e é adorado pela torcida por ser um exemplo de vida.

Saíram:
Kazuki Fujita (goleiro, 2001) - Tochigi SC [empréstimo renovado]
Ryo Endo (zagueiro, 1998) - Iwaki FC [empréstimo renovado]
Ippey Shinozuka (meia, 1995) - fim de empréstimo com o Kashiwa Reysol
Ken Yamura (atacante, 1997) - Fujieda MYFC [empréstimo]
Alexandre Guedes (atacante, 1994) - Paços Ferreira-POR

Chegaram:
Naoto Arai (lateral, 1996) - Cerezo Osaka [estava emprestado ao Tokushima Vortis]
Danilo Gomes (meia, 1999) - Ponte Preta
Eitaro Matsuda (meia, 2001) - Yokohama F-Marinos [empréstimo renovado]
Shusuke Ota (meia, 1996) - Machida Zelvia
Gustavo Nescau (atacante, 2000) - Cuiabá [estava emprestado ao Botafogo-SP]

Time-base do Albirex Niigata em 2023: com praticamente o mesmo elenco que foi campeão da J2 e reforços pontuais para o ataque, o Cisne quer fazer bonito na J1 — Foto: Futebol no Japão

YOKOHAMA FC - Para não precisar reviver de novo

Yokohama FC [yokorrama êfu xi] - Província: Kanagawa - Cidade: Yokohama - Mascote: Fulimaru — Foto: Futebol no Japão

Em 2022: 2º na J2 (promovido)
Melhor colocação na J1: 15º (2020)
Estádio: Nippatsu Mitsuzawa (15.444)
Técnico: Shuhei Yomoda (desde 01/2022)
Expectativa:

O histórico não é empolgante. Membro da J.League desde 2001, o Fulie só participou três vezes da J1 e em duas foi rebaixado como lanterna. Porém, é fato que o desempenho tem melhorado nos últimos anos e mesmo na última queda, em 2021, o time passou longe de ser um saco de pancadas. E subiu de volta imediatamente com uma campanha sólida e quase sem sustos. O momento é de otimismo e há motivos para a torcida acreditar que eles não serão os "premiados" com a única vaga de rebaixamento.

O primeiro é o treinador Shuhei Yomoda que, apesar de ter sido auxiliar na maior parte da carreira, fez um bom trabalho quando dirigiu o Consadole Sapporo, sendo promovido em 2016 se mantendo na elite no ano seguinte, e também foi bem no ano de estreia pelo Yokohama FC. Por ter sido auxiliar de Mihailo Petrovic no Consa, ele adotou o "Estilo Mischa" no Fulie, que se difere por ser um pouco mais direto. Na J2 2022, por exemplo, o Yokohama FC teve só a nona maior média de posse de bola (52,4%), mas foi o primeiro em aproveitamento de finalizações (12,6%).

A movimentação no mercado foi outro motivo para deixar a torcida otimista. O elenco só teve uma baixa considerável (o ala direito Zain Issaka, que o Kawasaki Frontale cedeu para o Montedio Yamagata) e trouxe reforços que podem se tornar titulares em pelo menos metade do onze inicial. No Brasil, eles foram buscar dois destaques da Série B: Caprini, um ponta veloz, driblador e que cria oportunidades de gol, e Yuri Lara, um volante especializado em marcação e desarmes. Para o meio-campo, chegaram vários nomes com boa técnica e toque de bola, como Mizuki Arai, surpreendentemente de volta da Europa depois de apenas um semestre, o polivalente e já experiente Hirotaka Mita, a joia de Kumamoto Koki Sakamoto, e o talentoso, mas pouco aproveitado em Kobe Shion Inoue. Destaques da J2 como o nipo-nigeriano Boniface Nduka e o expert em cruzamentos Kento Hashimoto (não confundir com o xará mais famoso que defende o Huesca-ESP) também brigam, a princípio, por titularidade. O que talvez não seja o caso do vietnamita Nguyen Cong Phuong, um ícone em seu país, mas que coleciona passagens apagadas pelo exterior (Bélgica, Coreia do Sul e até o Japão - defendeu o Mito HollyHock na J2 em 2016).

O destaque: Koki Ogawa (atacante, 08/08/1997) - Começou a carreira como grande promessa do Júbilo Iwata e das seleções de base, perdeu o rumo depois de uma grave lesão no joelho e reviveu a carreira em 2022, quando se transferiu para o Fulie e foi artilheiro e MVP da J2, com 26 gols em 41 jogos (mais gols do que em todos os anos de carreira somados). Não disputa a J1 desde 2019 e tem apenas um gol marcado na elite da J.League em três temporadas e meia pelo Júbilo, mas agora terá a chance de mostrar o quanto evoluiu.

Fique de olho: Koki Sakamoto (meia, 19/01/1999) - Joia do Roasso Kumamoto (quando criança, jogou em uma escolinha chamada Sorriso Kumamoto), brilhou pelo time de Kyushu ano passado na campanha que quase terminou em acesso, com cinco gols e cinco assistências. Um ponta baixinho (1,66 m) e habilidoso que tem subido de divisão a todo ano desde que começou a carreira em 2021, na J3.

A promessa: Shawn van Eerden (zagueiro, 16/04/2004) - Nascido em Kanagawa, tem pai canadense e mãe japonesa. Seu nome completo é Shawn Tyler Nozawa van Eerden. Com 1,92 m, tem o jogo aéreo como ponto forte. Acabou de ser promovido do time sub-18 do Fulie e foi convocado em 2022 para a seleção japonesa sub-18.

»» Shunsuke Nakamura, que pendurou as chuteiras ao fim da temporada passada, começa agora a carreira de treinador e está na comissão técnica do Yokohama FC como um dos auxiliares de Shuhei Yomoda. Aliás, o clube também contratou um "treinador de bolas paradas": o irlandês Gerry Peyton, que já foi treinador de goleiros do Arsenal, do Júbilo Iwata, do Vissel Kobe e assistente no Shimizu S-Pulse.

»» O Yokohama FC recebeu um refugiado ucraniano que está treinando com seu time sub-18. É Jaroslav Shtonda, goleiro de 19 anos que ficou 10 meses sem poder treinar por causa da guerra e foi morar com uma tia em Yokohama. Em entrevista à TV japonesa, ele disse que sonha em se tornar um jogador profissional no Japão e defender a seleção da Ucrânia em uma Copa do Mundo.

Saíram:
Issei Ouchi (goleiro, 2000) - Kagoshima United [empréstimo; estava emprestado ao Nagano Parceiro]
Masashi Kamekawa (lateral/zagueiro, 1993) - Avispa Fukuoka
Yuya Takagi (lateral, 1998) - Fagiano Okayama [estava emprestado ao ThespaKusatsu Gunma]
Zain Issaka (lateral, 1997) - fim de empréstimo com o Kawasaki Frontale
Daiki Nakashio (zagueiro, 1997) - ThespaKusatsu Gunma [estava emprestado ao Giravanz Kitakyushu]
Kyowaan Hoshi (zagueiro, 1997) - Blaublitz Akita [estava emprestado ao Iwaki FC]
Hideto Takahashi (volante, 1987) - fim de contrato
Reo Yasunaga (volante, 2000) - Mito HollyHock [em definitivo]
Ryo Tabei (volante, 1999) - Fagiano Okayama [empréstimo]
Kosuke Saito (meia, 1997) - Tokyo Verdy
Rhayner (meia, 1990) - fim de empréstimo com o Tombense-MG
Riku Furuyado (meia, 2001) - Kochi United [estava emprestado ao YSCC Yokohama]
Shunsuke Nakamura (meia, 1978) - aposentou-se
Takuya Matsuura (meia, 1988) - fim de contrato
Kazuma Watanabe (atacante, 1986) - fim de contrato
Kazuyoshi Miura (atacante, 1967) - Oliveirense-POR [empréstimo; estava emprestado ao Suzuka Point Getters]
Kléber (atacante, 1990) - fim de contrato
Yuki Kusano (atacante, 1996) - Mito HollyHock [estava emprestado ao FC Ryukyu]
Yushi Yamaya (atacante, 2000) - fim de empréstimo com o Yokohama F-Marinos

Chegaram:
Kengo Nagai (goleiro, 1994) - Shimizu S-Pulse [empréstimo]
Masaki Endo (goleiro, 2001) - Universidade Meiji
Kento Hashimoto (lateral, 1999) - Renofa Yamaguchi [empréstimo]
Kotaro Hayashi (lateral, 2000) - Universidade Meiji
Tomoki Kondo (lateral, 2001) - Universidade Nihon
Boniface Nduka (zagueiro, 1996) - Tokyo Verdy
Kyohei Yoshino (zagueiro/volante, 1994) - Vegalta Sendai
Shawn van Eerden (zagueiro, 2004) - promovido da base
Hirotaka Mita (volante, 1990) - FC Tokyo
Koshiro Uda (volante, 2004) - Colégio Kokoku
Yuri Lara (volante, 1994) - Vasco
Caprini (meia, 1997) - Londrina
Hayase Takashio (meia, 2004) - promovido da base
Kazuma Takai (meia, 1994) - Renofa Yamaguchi
Koki Sakamoto (meia, 1999) - Roasso Kumamoto
Mizuki Arai (meia, 1997) - Tokyo Verdy [estava emprestado ao Gil Vicente-POR]
Shion Inoue (meia, 1997) - Vissel Kobe
Yuto Shimizu (meia, 2004) - promovido da base
Kaisei Ishii (atacante, 2000) - Sagan Tosu [em definitivo]
Nguyen Cong Phuong (atacante, 1995) - Hoang Anh Gia Lai-VIE

Time-base do Yokohama FC em 2023: Shuhei Yomoda aposta no sistema que aprendeu com Mihailo Petrovic, mas com um futebol mais direto que o "Estilo Mischa" — Foto: Futebol no Japão

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