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Por Daniel Borges — Brasília, DF

Weslei Lourenço

Você pode até procurar, mas vai ser difícil encontrar um técnico de time profissional no Brasil mais novo que Hugo Almeida. Com 24 anos, o treinador do Capital, equipe que disputa a segunda divisão do Campeonato Brasiliense, comanda à beira do campo diversos jogadores mais velhos do que ele, incluindo o atacante Jobson, ex-Botafogo e Atlético-MG.

- No início, a diferença de idade atrapalhava um pouco. Mas depois que me adaptei à função, todos seguem as orientações que passo. Não temos problemas com relação a isso – conta o jovem treinador.

Realmente a diferença de idade entre comandante e atletas não atrapalha a campanha da equipe. Sob o comando de Hugo Almeida, o Capital foi uma das surpresas da Série B do Candangão e garantiu uma vaga na semifinal da competição.

Nos próximos dois fins de semana o time encara o Planaltina (veja abaixo as datas e horários dos jogos). O vitorioso do confronto garante uma vaga na primeira divisão de 2019 – competição que o Capital não disputa desde 2014.

Sob o comando de Hugo Almeida, Capital garantiu uma vaga na semifinal da Série B do Candangão — Foto: Weslei Lourenço

Chefe do Jobson

O jovem técnico do Capital está sendo um dos responsáveis pelo retorno de Jobson ao futebol. Após sofrer uma punição de três anos afastado dos gramados, o atacante foi contratado pelo Brasiliense. Mas como a equipe foi eliminada da Série D antes da chegada do veterano atacante de 30 anos, a solução foi emprestar o jogador para a disputa da segunda divisão do Candangão.

- A relação com o Jobson foi algo que me surpreendeu. Eu era acostumado, quando era mais novo, a ir ver os jogos dele aqui em Brasília e pedir autógrafo para ele. Depois que a gente o vê brilhando nos times grandes, a gente cria uma imagem de ser um cara marrento, difícil de lidar. Mas ele é um cara gente boa, brincalhão, tranquilo e na dele. É um cara muito legal.

Hugo Almeida comanda Jobson no Capital — Foto: Weslei Lourenço

Porém, Hugo não lida somente com o experiente atacante. Boa parte da equipe é mais velha do que ele.

- Com o passar do tempo, os atletas se acostumaram. Eles nunca faltaram com respeito e todos eles têm confiança em mim. São cerca de 10 atletas mais velhos do que eu no elenco e nenhum deles me desobedece. O máximo que acontece é me questionarem em algumas opções, mas eu explico os motivos da decisão, todos me escutam e concordam.

Não é só o treinador que é jovem no Capital. A comissão técnica também é. A maioria dos profissionais que trabalham ao lado do técnico são estudantes universitários ou profissionais recém-formados. Dos

- Eu me formei em educação física no final de 2016. E a nossa comissão técnica também é formada por boa parte de recém-formados ou por quem está perto de se formar na faculdade - contou Hugo Almeida.

Comissão técnica do Capital em ação na Série B do Candangão — Foto: Carolina Martins

Jovem professor

Nascido em 1994, Hugo está no comando do time profissional do Capital desde a Série B do Campeonato Brasiliense do ano passado. Porém, a carreira como treinador começou em 2016, quando assumiu a equipe da Universidade de Brasília (UnB).

- Eu cheguei a me profissionalizar como atleta, mas resolvi abandonar a carreira em 2013, com 19 anos. Passei em educação física na UnB e resolvi me dedicar somente aos estudos. Mas em 2016, já próximo de me formar, entrei para o time da universidade. Fiquei só seis meses como atleta, pois o técnico do time saiu e me ofereceram a oportunidade de assumir o comando do time.

De lá para cá, a equipe universitária cresceu, começou a ganhar campeonatos e a se destacar. O que fez Hugo buscar cursos para se aprimorar na profissão.

- Fiz cursos de análise de desempenho, parte tática, parte física, de liderança de grupos, de coaching. Quando eu vi que estava ficando uma coisa séria, busquei o curso de treinador da CBF. Tirei a licença C, o primeiro nível, em setembro de 2017. Agora já estou focando a licença B, em outubro, na Granja. Mandei meu currículo e estou esperando a aprovação da CBF.

Hugo Almeida no curso da CBF — Foto: Acervo pessoal/Hugo Almeida

Por conta do bom desempenho da equipe da UnB, surgiu a parceria com o Capital. Em 2017, o time disputou o campeonato somente com atletas universitários. Já para 2018, o Capital se reforçou, fez uma mescla com atletas profissionais, universitários e do juniores e se transformou na surpresa da competição.

- Em 2017, o presidente do Capital ficou sabendo do nosso projeto e fez a parceria para disputarmos a segunda divisão com a camisa do clube. Disputamos só com jogadores universitários. Jogamos cinco jogos, perdemos quatro e vencemos um. Para esse ano, a gente montou um projeto. Fizemos uma mescla entre atletas universitários, profissionais e do juniores. E agora, estamos colhendo os frutos.

O próximo desafio de Hugo e a sua jovem comissão técnica é neste sábado, no primeiro duelo da semifinal da Série B do Candangão contra o Planaltina. A bola rola a partir das 15h30 (de Brasília), no estádio Bezerrão, no Gama. A partida da volta está marcada para o dia 22 de setembro, também às 15h30, no estádio Diogão, em Formosa-GO.

Com 24 anos, Hugo Almeida é um dos técnicos mais jovens do Brasil — Foto: Weslei Lourenço

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